J. S. Bach (1685-1750): Concertos para 2, 3 e 4 pianos (Eschenbach, Oppitz, Frantz, Schmidt)

J. S. Bach (1685-1750): Concertos para 2, 3 e 4 pianos (Eschenbach, Oppitz, Frantz, Schmidt)

338 ANOS DE PAPAI BACH!!

Como perguntou o querido René Denon aos demais pqpianos hoje: Deus faz aniversário? Uma boa questão, e a resposta varia de acordo com a religião de cada um. Para nós, que somos devotos de Johann Sebastian Bach, a resposta é sim, e é justamente hoje, 21 de março, que comemoramos a chegada do filho mais notório de Eisenach neste planetinha azul…

Dando prosseguimento às comemorações aqui no blog, um disquinho algo curioso: os concertos para 2, 3 e 4 pianos de Bach tocado por três grandes nomes da música alemã – Christoph Eschenbach (que também rege a Filarmônica de Hamburgo), Justus Frantz e o jovem talento Gerhard Oppitz – e um, digamos, pianista bissexto. Mas não um qualquer! Trata-se de Helmut Schmidt, que, na época dessas gravações (fevereiro de 1985), era “apenas” membro do parlamento e ex-chanceler da Alemanha, sucedendo ninguém menos do que Willy Brandt.

E a verdade é que Schmidt não faz feio (reforçando uma opinião já esboçada quando de sua gravação dos concertos de Mozart, ao lado de parte da turma desse disco). São gravações simpáticas, leves, que jogam luz sobre um repertório que não está entre os mais tocados do velho mestre. Um disco despretensioso, que não decepciona.

O encarte traz um trecho de um discurso proferido por Schmidt em Hamburgo por ocasião do 300º aniversário de Bach:

“Há dez anos, durante uma visita à Feira de Leipzig, nós escutamos uma cantata de Bach executada na Thomaskirche. A igreja estava lotada até o último assento. Nós ficamos calmamente observando aquele lugar. Nosso olhar caiu então sobre uma longa rosa vermelha caída sobre o chão. Um exame mais detido mostrou que ela repousava sobre uma placa memorial. Sua simplicidade, sem adornos, trazia o nome e as datas de Johann Sebastian Bach. Eu fui tomado por uma indescritível sensação. Ali em sua Thomaskirche, ouvindo sua música, eu tomei consciência de tudo que, ao longo de toda minha vida, me fez ser grato pela música de Bach.

A música é um fenômeno cultural internacional, trans-nacional. Viver sem música – esse poderia ser o destino de uma geração que afunda em meio a um mar de ruídos. A cultura musical é algo que deve ser sempre preservado e recriado. Devemos, por isso, assegurar que se cante e que se toque música em nossos lares e escolas, para que as novas gerações aprendam a encontrar a alegria que a música oferece a elas.”

Alles Gute zum Geburtstag, Herr Bach!

Karlheinz

Helmut Schmidt e sua esposa Loki visitando Justus Frantz

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Johann Sebastian Bach (1685-1750)

Concerto para 4 pianos e cordas em lá menor, BWV 1065
1. I – (sem indicação de tempo)
2. II – Largo
3. III – Allegro

Solistas: Christoph Eschenbach, Justus Frantz, Gerhard Oppitz, Helmut Schmidt

Concerto para 2 pianos e cordas em dó maior, BWV 1061
4. I – (sem indicação de tempo)
5. II – Adagio ovvero Largo
6. III – Fuga

Solistas: Christoph Eschenbach, Justus Frantz

Concerto para 2 pianos e cordas em dó menor, BWV 1060
7. I – Allegro
8. II – Adagio
9. III – Allegro

Solistas: Justus Frantz, Christoph Eschenbach

Concerto para 3 pianos e cordas em ré menor, BWV 1063
10. I – (sem indicação de tempo)
11. II – Alla Siciliana
12. III – Allegro

Solistas: Christoph Eschenbach, Gerhard Oppitz, Justus Frantz

Orquestra Filarmônica de Hamburgo
Christoph Eschenbach, regência

J.S. Bach (1685-1750) pelo Grande Órgão e Fanfarra da catedral de Nôtre Dame (1962)

Eu não diria que este é um grande disco, mas sim que é suficientemente significativo para ser compartilhado e ouvido nesta semana de paixão/passio/passamento não só de Jesus, segundo a tradição tantas vezes e tão brilhantemente musicada por J.S. Bach, como também desse edifício de tantos sentidos atribuídos que é a catedral de Nôtre Dame de Paris.

Lançado na França em 1962 – bem antes, portanto, da ascensão do movimento de interpretação historicamente informada – o Bach de Pierre Cochereau e Armand Birnbaum soa às vezes estupidamente bombástico, às vezes efetivamente impressionante ou sinceramente comovente (caso, em especial, dos dois solos do trompetista Maurice André – faixas A03 e B03). Obviamente não cabe aí nem pensar no adjetivo “autêntico” –

… mas tampouco caberia usar a palavra “autêntico” para a própria Nôtre Dame – tantas vezes “depenada” e reformada que talvez o que conhecemos se deva mais ao arquiteto Eugène Viollet-le-Duc, em meados do século XIX, que aos seus criadores originais dos séculos XII e XIII.

O fato é que as reformas arquitetônicas e realizações musicais ditas inautênticas são elas mesmas parte da História tanto quanto as ditas autênticas… Dificilmente alguém que vai a Paris deixaria de visitar a Nôtre Dame por “inautêntica” – então talvez ainda valha a pena ouvir este disco, no mínimo para ouvirmos como certos músicos de destaque numa das principais “capitais culturais” do mundo eram capazes de interpretar o barroco de Bach em meados do século XX…

E não fiquem com vergonha se chegarem a gostar: ego, Ranulfus Monacus, vos absolvo!

“Grandes Órgão e Fanfarras na Notre Dame: Johann Sebastian Bach”

Regente da Fanfarra: Armand Birnbaum
Trompete solo: Maurice André (1933-2012)
Órgão: Pierre Cochereau (1924-1984)

Gravação PHILIPS (vinil)
França: 1962. Brasil: 1970

FAIXAS (títulos em português conforme a capa do disco)

A01 Jesus bleibet meine Freude (da Cantata 147)
……(Jesus, alegria dos homens)
A02 Wir glauben all’ an einem Gott (BWV 680)
……(Nós todos cremos todos em um só Deus)
A03 Herzlich tut mich verlangen (BWV 727)
……(Ardentemente eu aspiro a um fim feliz)
A04 Nun freut euch, lieben Christen g’mein (BWV 388)
……(Rejubilai-vos, cristãos amados)
A05 Gottes Sohn ist kommen (BWV 318)
……(O filho de Deus chegou)
A06 Ach Herr lass dein lieb Engelein (Johannespassion BVW 245)
……(Coral final da Paixão segundo São João)

B01 Sinfonie der Kantate Nr 29 “Wir danken Dir, Gott)
……(Sinfonia da Cantata nº 29 “Nós vos agradecemos, Deus”)
B02 Aus tiefer Not ruf’ ich zu Dir
……(Do fundo de minha desgraça venho a vós, Senhor)
B03 Erbarm’ dich mein, o Herre Gott (BWV 305)
……(Tende piedade de mim, oh Senhor Deus)

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Ranulfus

J. S. Bach (1685-1750): Integral das Sonatas para Flauta (Larrieu, Puyana, Kuijken, 1967)

cover LP 1967Parece piada: ausente há anos por força das circunstâncias, o monge Ranulfus vinha acalentando o plano de reaparecer neste feriadão postando uma de suas joias mais queridas: esta integral das Sonatas para Flauta de Bach Pai. E aí… eis que na véspera nos aparece o Grão Mestre PQP com outra integral (esta aqui). Que fazer?

Ora, quod abundat non nocet – sobretudo contra a hipobachemia tão bem definida ontem pelo Grão Mestre. Em vez de um ribeirão (Bach) os senhores ganham dois num feriado só: muito mais material, seja para meramente desfrutar, seja para comparar: afinal, vive la diférence!

A propósito, já no repertório há uma diferença curiosa entre a integral postada ontem e esta aqui: aquela contém a Sonata BWV 1039; esta contém no lugar a Sonata BWV 1013 para flauta solo – com o quê resta a pergunta: serão as duas realmente integrais?

Mas vamos à substância:

J.S. Bach: INTEGRAL DAS SONATAS PARA FLAUTA
Flauta – Maxence Larrieu
Cravo – Rafael Puyana
Viola da Gamba – Wieland Kuijken

SONATA EM SOL MENOR PARA FLAUTA E CRAVO, BWV 1020
01 (Allegro)
02 Adagio
03 Allegro

SONATA EM SI MENOR PARA FLAUTA E CRAVO, BWV 1030
04 Andante
05 Largo e dolce
06 Presto – Allegro

SONATA EM MI BEMOL MAIOR PARA FLAUTA E CRAVO, BWV 1031
07 Allegro moderato
08 Siciliano
09 Allegro

SONATA EM LA MAIOR PARA FLAUTA E CRAVO, BWV 1032
10 Vivace
11 Largo e dolce
12 Allegro

SONATA EM LA MENOR PARA FLAUTA SOLO, BWV 1013
13 Allemande
14 Corrente
15 Sarabande
16 Bourré anglaise

SONATA EM DO MAIOR PARA FLAUTA E BAIXO CONTÍNUO, BWV 1033
17 Andante – Presto
18 Allegro
19 Adagio
20 Menuetto I-II

SONATA EM MI MENOR PARA FLAUTA E BAIXO CONTÍNUO, BWV 1034
21 Adagio ma non tanto
22 Allegro
23 Andante
24 Allegro

SONATA EM MI MAIOR PARA FLAUTA E BAIXO CONTÍNUO, BWV 1035
25 Adagio ma non tanto
26 Allegro
27 Siciliano
28 Allegro assai

Gravação: 1967 – Philips [438809]
Arquivos presentes extraídos da edição em CD de 1993

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Ranulfus

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Arte da Fuga, BWV 1080

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Arte da Fuga, BWV 1080

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Obs. de PQP, hoje: Muitos dizem que A Arte da Fuga é uma música tão abstrata e complexa que serve melhor ao leitor de sua partitura do que ao ouvinte. Eu até concordo, mas esta gravação faz música de A Arte da Fuga. E sem perder a erudição e a complexidade. Uma coisa de louco! Mas deixemos a palavra ao Carlinus.

E eis que o PQP Bach chega às 2000 postagens. Isso mesmo! 2000 postagens. (Estávamos em 2010, senhores… Hoje temos 5000). Não é brincadeira. Iria postar Shostakovich, mas acredito que não postar o grande patriarca do blog, que empresta o nome ao espaço, seria uma grande heresia, um verdadeiro sacrilégio. Por isso, resolvi postar A arte da fuga, uma daquelas peças que nos deixa boquiabertos. Esta peça é para ouvir e chorar. Simplesmente, indescritível. É como se Bach pegasse todas as suas composições e dissesse: “Em suma, a síntese de tudo aquilo que produzi está em A Arte da Fuga”. Alguns dados objetivos da peça: “A Arte da Fuga (Die Kunst der Fuge, em alemão), BWV 1080, é uma peça inacabada do compositor alemão Johann Sebastian Bach. A composição da obra provavelmente se iniciou em 1742. A primeira versão de Bach que continha 12 fugas e dois cânones foi copiada em 1745. Este manuscrito tinha um título ligeiramente diferente, acrescentado posteriormente por seu genro, Altnickol: Die Kunst der Fuga. A segunda versão da obra foi publicada depois de sua morte em 1750, contendo 14 fugas e quatro cânones. A obra demonstra o completo domínio de Bach da mais complexa forma de expressão musical da música clássica européia, conhecida como contraponto. A obra é composta de combinações engenhosas e particularmente elaboradas de temas relativamente simples desenvolvidos como composições da mais alta musicalidade. A Arte da Fuga se situa entre os pontos mais altos a que chegou a música européia devido à complexidade única de sua forma e estrutura”. Boa apreciação!

Alguns dados extraídos DAQUI

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – A arte da Fuga, BWV 1080

DISCO 01

01. Contrapunctus 1 BWV 1080-1
02. Contrapunctus 2 BWV 1080-2
03. Contrapunctus 3 BWV 1080-3
04. Contrapunctus 4 BWV 1080-4
05. Contrapunctus 5 BWV 1080-5
06. Contrapunctus 6 a 4 in Stylo Francese BWV 1080-6
07. Contrapunctus 7 a 4 per et Diminut[ionem] BWV 1080-7
08. Contrapunctus 8 a 3 BWV 1080-8
09. Contrapunctus 9 a 4 alla Duodecima BWV 1080-9
10. Contrapunctus 10 a 4 alla Decima BWV 1080-10

DISCO 02

01. Contrapunctus 11 a 4 BWV 1080-11
02. Contrapunctus inversus a 4 BWV 1080-12.1
03. Contrapunctus inversus 12 a 4 BWV 1080-12.2
04. Contrapunctus inversus a 3 BWV 1080-13.1
05. Contrapunctus a 3 BWV 1080-13.2
06. Fuga a 3 Soggetti BWV 1080-19
07. Canon alla Ottava BWV 1080-15
08. Canon alla Decima Contrap[p]unto alla Terza BWV 1080-16
09. Canon alla Duodecima in Contrap[p]unto alla Quinta BWV 1080-17
10. Canon per Augmentationem in Contrario Motu BWV 1080-14
11. Fuga a 2 Clav. BWV 1080-18.1 [13.1bis]
12. Alio modo Fuga a 2 Clav. 1080-18.2 [13.2bis]

Sergio Vartolo & Maddalena Vartolo, cravos

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Bach Alfabeto

Carlinus

J.S.Bach: a São Mateus por Karl Richter (1958) – Passio Secundum Matthæum

15d6s8pS.Mateus, Richter, 1958

REPOSTAGEM

Já faz várias semanas que o Avicenna preparou cuidadosamente os arquivos para esta postagem, convidando-me honrosamente a mais uma parceria no texto… e eu venho vergonhosamente adiando mais do que seria aceitável!

A razão é que tanto eu quanto o Avicenna não acharíamos graça em fazer esta postagem em particular sem um texto consideravelmente substancioso acompanhando-a – e já contei pra vocês que a saúde vem me impedindo de me jogar muito a fundo em atividades de tecelagem verbal.

Mas a vontade também é forte, e aí decidi que não deixaria a coisa passar deste penúltimo domingo de inverno. Aí vai, então: não é pra ser um tratado, mas também não deixará de tocar em duas ou três áreas que nos instigam em especial.

A ABORDAGEM DE KARL RICHTER (1926-1981) A J.S.BACH (1685-1750): É lugar-comum dizer que Richter foi um dos últimos a empregar uma abordagem “romântica” em Bach, numa época em Harnoncourt e tantos outros já haviam partido para a abordagem “histórica”, que se caracteriza basicamente por: (a) uso de instrumentos construídos na época, ou construídos hoje segundo modelos da época; (b) sobretudo nas obras sacras, emprego das vozes de contratenores homens no lugar da de contraltos mulheres, e de meninos antes da mudança de voz no lugar de sopranos mulheres; (c) tamanho menor dos grupos instrumentais e corais; (d) tempos mais acelerados (i.é, velocidade), articulação e agógica mais dinâmicas (jogo de ligado x destacado, fraseado, irregularidades expressivas no tempo etc).

Richter de fato não usou nada disso: usou instrumentos modernos, mulheres solistas, grupos consideravelmente volumosos… porém seus tempos não são só lentos: são sobretudo rigorosamente regulares – como de metrônomo ou relógio do princípio ao fim de cada trecho.

Isso me faz perguntar sobre a adequação de chamar “romântica” a sua abordagem… se o que talvez mais caracterize o romantismo seja o rubato, ou seja: um determinado tipo de irregularização expressiva do tempo. Em Richter inexistem tanto a “inegalité” e a agógica barrocas quanto o rubato, e nesse sentido eu chamaria sua abordagem de “classicista”, não de romântica.

Mas além disso Richter era filho de pastor luterano, e sua formação se deu fundamentalmente no espaço eclesiástico – diferente de regentes como um Klemperer, de quem também se diz ter abordado a São Mateus “romanticamente”. Minha impressão é que Richter foi mostrar no teatro o que se fazia nas igrejas… e isso embasaria o clima litúrgico e devocional que parecemos encontrar aqui, em contraste com abordagens mais teatrais, operísticas e/ou “de concerto”.

ALGUNS DESTAQUES DA REALIZAÇÃO E DA OBRA: Antes de mais nada, o coro – ou melhor: os coros (a obra inteira é composta para 2 coros a quatro vozes, 2 orquestras e 2 conjuntos de solistas, que se respondiam da frente e dos fundos da igreja, e ainda uma nona voz coral: um grupo de meninos em uníssono, que intervém somente nas faixas 1 e 35). Impressionam nesta realização a textura veludosa, a precisão e a qualidade expressiva das massas corais, quer nos COROS (peças livres) quer nos CORAIS (nome para “hinos” na tradição luterana).

Segundo, a participação do que foi talvez o melhor barítono do século 20: Dietrich Fischer-Dieskau (28.05.1925-18.05.2012). Destaque para os dois pares recitativo-e-ária que são as faixas 65-66 e 74-75. Para mim só essas quatro faixas já justificariam a preservação desta gravação e nossa atenção a ela!

Falar das diferentes árias maravilhosas da São Mateus é um assunto infinito em que não quero entrar – mas por afinidades pessoais não quero deixar de chamar atenção para o dueto soprano-alto com coro quase no final da primeira parte (faixa 33), e para a ária Aus Liebe (‘É por amor…’ – faixa 58) – esta especificamente porque para mim é um inegável CHORO – quero dizer no sentido musical brasileiro da palavra – com os volteios sentimentais da flauta apoiados (?) em acordes flutuantes de 2 oboés e um corne inglês mais ou menos na mesma tessitura de um cavaquinho, sem baixo nenhum. Como diria o filho do véio: IM-PER-DÍ-VEL!

SOBRE A RELAÇÃO COM O TEXTO: Hoje o interesse pela música de Bach é mais freqüente entre pessoas intelectualizadas… e justo entre essas não é freqüente conseguirem levar a sério o enredo e os sentidos teológicos que essa música se propõe a ilustrar. Surge daí com freqüência uma proposta de audição assim: “a composição musical é maravilhosa, mas os textos são uma baboseira superada que é melhor a gente nem ficar sabendo”.

Por um lado considero perfeitamente válido que para apreciar esta música ninguém precise acreditar que estaria condenado a assar no inferno pela eternidade caso Jesus não tivesse se disposto a sofrer para apaziguar um Deus-Pai capaz de determinar isso… Mas por outro lado acho que há uma inegável perda de experiência estética quando não nos dispomos a experimentar como é sentir isso – no mínimo do mesmo modo como nos dispomos a sentir os terrores e esperanças dos gregos ou dos indianos diante dos seus deuses e heróis, quando vamos conhecer a Ilíada ou o Mahabhárata.

Para mim o bonito dos tempos pós-modernos é justamente isso: o convívio entre múltiplas formas diferentes de experimentar a mesma coisa, formas muitas vezes incompatíves mas que nem por isso precisam incorrer na infantilidade de lutar para suprimir umas às outras. No caso: há gente que irá ouvir só pela música; alguns pela música e pelo mito entendido como fantasia; outros pelo mito entendido como verdade sagrada; outros ainda por nostalgia em relação aos seus queridos passados que cultivavam essa forma de religiosidade – etc. etc. etc.

Minha forma pessoal, se alguém se interessar em saber, eu classificaria como um tanto antropológica: entendo como essência do mythos cristão a admissão, por parte do ser humano, de um descompasso ou insuficiência de sua parte frente a uma ordem maior – e quem diz que isso se refere a um velho barbudo que diz que você não pode pensar no que tem por baixo da saia ou calça da/do coleguinha da escola, ou duvidar de que a mãe de Jesus era virgem ou coisas assim? A realidade da destruição ambiental do planeta, ou das crianças lançadas à fome por conta de disputas de poder-pelo-poder, não são amostras de que o ser humano realmente pisa na bola frente àquilo que ele mesmo é capaz de conceber como o bom e o desejável? E será assim tão ridículo dispor-se a deixar ressoar em cada um de nós o que é o sofrimento de um outro que tem raiz em atos nossos? E ainda: aspirar por que essa compreensão respeitosa do sofrimento do outro, e admissão de culpa, gere um desejo de superação das nossas insuficiências em questão – um desejo tal que se torne força capacitadora de uma tal superação?…

Essa é, no humilde ver de Ranulfus, uma tradução antropológica do mythos cristão – e não tenho dúvidas de que era com esse magma de emoções que Bach trabalhava, independente de se com pura intuição ou com maior ou menor dose de consciência. E quem se dispõe a empreender uma viagem através de imagens simbólicas desse drama fundamental da admissão de culpa e aspiração por redenção, com certeza irá extrair de Bach uma experiência estética ainda muito mais profunda que aquele que diz “a música é divina, os textos são pura baboseira”.

Foi assim que eu entendi o impulso que o colega Avicenna teve de não postar esta obra sem colocar à disposição o texto com tradução em português (mesmo se não há nenhuma poeticamente satisfatória!), bem como os títulos das faixas em português: contribuições para uma experiência mais integral desses “Autos de Mysterio” que são as Paixões de Bach –

… experiência para quê a atitude menos teatral e mais litúrgico-devocional adotada por Karl Richter talvez possa ser uma contribuição, apesar de todas as suas infidelidades musicológicas.

J.S. Bach: PASSIO SECUNDUM MATTHÆUM, BWV 244

1.ª das gravações dirigidas por Karl Richter: 1958, Herkules-Saal, München
Münchener Bach-Chor & Münchener Chorknaben (diretor do coro: Fritz Rothschuh)
Münchener Bach-Orchester
Tenor [Evangelista, árias]: Ernst Haefliger
Baixo [Jesus]: Kieth Engen
Soprano [árias]: Irmgard Seefried
Soprano [1.ª criada; esposa de Pilatos]: Antonia Fahberg
Contralto [árias, 2.ª criada]: Hertha Töpper
Baixo [árias]: Dietrich Fischer-Dieskau
Baixo [Judas, Pedro, Pilatos, Sumo Sacerdote]: Max Proebstl

LISTA DAS FAIXAS

Jesus ungido em Betânia (São Mateus 26: 1-13)
01 Vinde, filhas, auxilia-me no pranto (Kommt, ihr Töchter)
02 Quando Jesus terminou estas palavras (Da Jesus diese Rede vollendet hatte)
03 Amado Jesus (Herzliebster Jesu)
04 Então se reuniram em conselho (Da versammleten sich die Hohenpriester)
05 Que não seja em dia de festa (Ja nicht auf das Fest)
06 Estando Jesus em Betânia (Da nun Jesus war zu Bethanien)
07 Para que este desperdício (Wozu dienet dieser Unrat)
08 Os advertindo, Jesus os falou assim: (Da das Jesus merkete, sprach er zu ihnen)
09 Tu! Salvador bem amado! (Du lieber Heiland du)
10 Contrição e arrependimento (Buss’ und Reu’)

Última Ceia (São Mateus 26: 14-35):
11 Então um dos doze (Da ging hin der Zwölfen einer)
12 Sangra, querido coração! (Blute nur, du liebes Herz)
13 Então no dia dos primeiros ázimos (Aber am ersten Tage der süssen Brot)
14 Onde quer que façamos (Wo willst du, dass wir dir bereiten)
15 Ele os disse ide a cidade (Er sprach-Gehet hin & Rez (Ev)-Und sie wurden)
16 Sou eu. Deveria expiá-lo (Ich bin’s, ich sollte büssen)
17 Ele os respondeu (Er antwortete und sprach)
18 Apesar de que meu coração (Wiewohl mein Herz in Tränen schwimmt)
19 Quero entregar-te meu coração (Ich will dir mein Herze schenken)
20 E tendo proclamado o hino de ação de graças (Und da sie den Lobgesang gesprochen hatten)
21 Reconhece-me, meu Guardião (Erkenne mich, mein Hüter)
22 Porém Pedro, respondendo, lhe disse (Petrus aber antwortete)
23 Quero permanecer aqui junto de Ti (Ich will hier bei dir stehen)

No monte das Oliveiras (São Mateus 26: 36-56):
24 Então marchou Jesus com eles (Da kam Jesus mit ihnen zu einem Hofe)
25 Oh, dor! Como treme seu coração angustiado (O Schmerz & Chor-Was ist die Ursach’)
26 Quero velar ao lado do meu Jesus (Ich will bei meinem Jesu wachen & Chor-So schlafen unsre)
27 Avançou alguns passos (Und ging hin ein wenig)
28 O salvador cai de joelhos (Der Heiland fällt vor seinem Vater nieder)
29 Com prazer queria eu levar sua cruz (Gerne will ich mich bequemen)
30 E ao retornar até onde estavam seus (Und er kam zu seinen Jüngern)
31 Que se cumpra sempre a vontade de meu Senhor (Was mein Gott will, das g’scheh allzeit)
32 E retornando, os encontrou novamente (Und er kam und fand sie aber schlafend)
33 Assim meu Jesus é preso (So ist mein Jesus nun gefangen)
34 E eis que um dos que estavam com Jesus (Und siehe, einer aus denen)
35 Oh homem! Chora teu grande pecado (O Mensch, bewein dein Sünde gross)

Falso Testemunho (São Mateus 26: 57-63):
36 Ah! Meu bom Jesus já não está aqui! (Ach, nun ist mein Jesus hin!)
37 Os que prenderam a Jesus o conduziram (Die aber Jesum gegriffen hatten)
38 O mundo me julgou cruelmente (Mir hat die Welt trüglich gericht’t)
39 Apesar de tê-lo tentado com numerosos testemunhos falsos (Und wiewohl viel falsche Zeugen)
40 Meu Jesus guarda silêncio ante as calúnias (Mein Jesus schweigt zu falschen Lügen stille)
41 Paciência! Se línguas mentirosas me ofenderem (Geduld! Wenn mich falsche Zungen Stechen)

Jesus ante Caifás e Pilatos (São Mateus 26: 63-75; 27: 1-14):
42 O Sumo Pontífice o respondeu dizendo (Und der Hohepriester antwortete)
43 Então começaram a cuspir-lhe no rosto (Da speieten sie aus)
44 Quem te golpeia assim (Wer hat dich so geschlagen)
45 Pedro estava sentado fora (Petrus aber saß draussen)
46 Então se pôs a maldizer e a jurar (Da hub er an, sich zu verfluchen)
47 Tem piedade de mim, Meu Deus (Erbarme dich, mein Gott)
48 Ainda que me separe de Ti (Bin ich gleich von dir gewichen)
49 Pela manhã, todos os príncipes (Des Morgens abre)
50 Então ele lançou as moedas de prata no templo (Und er warf die Silberlinge)
51 Devolva-me o Meu Jesus! (Gebt mir meinen Jesum wieder!)
52 E depois de terem discutido (Sie hielten aber einen Rat)
53 Dirige teu caminho (Befiehl du deine Wege)

Entrega e Flagelação (São Mateus 27: 15-30):
54 Durante a festa era costume que o governador (Auf das Fest aber hatte der Landpfleger Gewohnheit)
55 Que incompreensível é este castigo! (Wie wunderbarlich ist doch diese Strafe!)
56 O governador replicou (Der Landpfleger sagte)
57 Ele fez o bem a todos (Er hat uns allen wohlgetan)
58 Por amor quer morrer meu Salvador (Aus Liebe will mein Heiland)
59 Porém eles, elevando a voz, gritavam (Sie schrieen aber noch mehr)
60 Piedade. Senhor! (Erbarm’ es Gott!)
61 Se as lágrimas do meu rosto (Können Tränen meiner Wangen)
62 Então os soldados do governador tomaram a Jesus (Da nahmen die Kriegsknechte)
63 Oh, cabeça lacerada e ferida (O Haupt voll Blut und Wunden)

A Crucificação (São Mateus 27: 31-54):
64 E depois de tê-lo humilhado (Und da sie ihn verspottet hatten)
65 Sim, ditosa a hora em que a carne e o sangue humanos (Ja! freilich will in uns das Fleisch und Blut)
66 Vem, doce cruz (Komm, süsses Kreuz)
67 E então chegaram ao lugar chamado Gólgota (Und da sie an die Stätte kamen)
68 Até os mesmos bandidos que haviam sido crucificados (Desgleichen schmäheten ihn auch die Mörder)
69 Ah, Gólgota (Ach, Golgatha)
70 Veja, Jesus estende sua mão (Sehet, Jesus hat die Hand)
71 E desde a hora sexta até a hora nona (Und von der sechsten Stunde)
72 Quando eu tiver que partir (Wenn ich einmal soll scheiden)
73 E eis que o véu do templo (Und siehe da)

O enterro (São Mateus 27: 55-66):
73b Estavam também ali, um pouco afastadas (Und es waren viel Weiber da)
74 Ao entardecer, quando refrescou (Am Abend, da es kühle war)
75 Purifica-te, Meu coração (Mache dich, mein Herze, rein)
76 José tomou o corpo e o envolveu em um lençol (Und Joseph nahm den Leib)
77 Agora o Senhor descansa (Nun ist der Herr zur Ruh gebracht)
78 Chorando nos prostramos ante teu sepulcro (Wir setzen uns mit Tränen nieder)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (Encarte incluso)
MP3 | 480 Mb | 3 h 20 min

• Tradução um pouco menos ruim que a do encarte:
http://www.bach-cantatas.com/Texts/BWV244-Por2.htm

Monge Ranulfus: texto & inspiração
Avicenna: digitalização, layout & mouse conductor

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Violin Concerto No.1 in A minor, BWV 1041 e Violin Concerto No.2 in E, BWV 1042 e Sofia Gubaidulina (1931-) – In tempus praesens – Concerto for violin and orchestra

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Violin Concerto No.1 in A minor, BWV 1041 e Violin Concerto No.2 in E, BWV 1042 e Sofia Gubaidulina (1931-) – In tempus praesens – Concerto for violin and orchestra

Um fabuloso CD com a minha musa Anne-Sophie Mutter. É um registro soberbo, magnífico. Talvez a minha admiração por Anne-Sophie Mutter e pela música de Bach exacerbe os conceitos que estou a emitir sobre o post. Acredito que aquele que escute este CD com atenção tem tudo para se impressionar. Surpreendente ainda é a peça de mais de 32 minutos da compositora russa Sofia Gubaidulina. Uma peça que nos transmite uma carga de dramaticidade e angústia notáveis. Arrebata. Entusiasma. Impressiona. Anne-Sophie consegue traduzir com beleza, suavidade, mas com uma tensão comovente as peças desse CD, principalmente a “Em praesens tempus”, de Sofia Gubaidulina. Gubaidulina presenteou a senhora Mutter com a peça. Gergiev conduz a obra à frente da Sinfônica de Londres. Os resenhistas da Amazon foram unânimes em dar 5 estrelas ao CD. Preste a atenção no concerto de Gubaidulina. Boa apreciação incontida!

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Violin Concerto No.1 in A minor, BWV 1041 e Violin Concerto No.2 in E, BWV 1042

Violin Concerto No.1 in A minor, BWV 1041
01. (Allegro Moderato)
02. Andante
03. Allegro assai

Violin Concerto No.2 in E, BWV 1042
04. Allegro
05. Adagio
06. Allegro assai

Trondheim Soloists
Anne-Sophie Mutter, violino e condução

Sofia Gubaidulina (1931-) – In tempus praesens – Concerto for violin and orchestra
07. In tempus praesens – Concerto for violin and orchestra

Anne-Sophie Mutter, violino
London Symphony Orchestra
Valery Gergiev, regente

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Anne Sophie Mutter chegando lá em casa.
Anne Sophie Mutter chegando lá em casa. (Contribuição de PQP para o post).

Carlinus

J.S.Bach (1685-1750): Cantatas 78 e 106 (Actus Mysticus, ou Tragicus) com Felix Prohaska

J.S.Bach (1685-1750): Cantatas 78 e 106 (Actus Mysticus, ou Tragicus) com Felix Prohaska

Publicado originalmente em 10.06.2010

Sim, claro que o nome atribuído tradicionalmente à Cantata 106 é Actus Tragicus, não Mysticus. Acontece que, não importa quem botou esse apelido, é uma baita traição às intenções de Bach.

Além disso, em junho de 2010 nosso blog já tem 4 outras versões da 106, então pra que postar mais esta? Ainda mais que o único arquivo que encontramos não é em mp3 de alta qualidade? Bem, acontece que um dia meu amigo Nahum – o mesmo da minha primeira postagem de órgão de Pachelbel – me escreveu dizendo que tem um amor especial por esta versão por ser a menos ‘operística’ que conhece; a menos com intenções de concerto e mais de ato propriamente religioso. Coincidiu que esta foi também a primeira 106 que ouvi, décadas atrás, e tendo a concordar.

Prohaska não é Harnoncourt mas foi um passo importante na direção. Já nos anos 50 começou a usar grupos menores e instrumentos mais autênticos do que, digamos, um Richter – embora tantas vezes tenha continuado exagerando nas lentidões e legatos. Mas como negar, por outro lado, que o gênio da musicologia que é Harnoncourt, na hora da realização às vezes exagera irritantemente no sentido oposto, o da saltitância? Enfim: eu acho que Prohaska merece respeito, vamos ver o que vocês vão achar.

No disco a Cantata 78 vinha primeiro, mas inverti. Dela prefiro mesmo outras gravações, esta me soa pesada e convencional… a não ser pelo segundo movimento, um dueto soprano-contralto que deve estar entre as páginas mais risonhas do pai do PQP, quase bandinha de festa popular… e pelo que andei vendo na net há quase uma seita de curtidores dessa peça justo nesta versão do Prohaska!

Mas a 106 é realmente muito especial
entre as cantatas de Bach, a começar por muito da sua grandeza se dever à – digamos – inexperiência: Bach tinha só 22-23 anos quando a compôs, e os jovens costumam ousar mais na invenção de formas pessoais para dizer o que querem. Mais tarde… sabem como é, a exigência de produzir rápido e muito, o leite das crianças… o jeito é recorrer a modelos de estrutura que já deram certo, ainda que preenchendo com conteúdos novos e genais.

E aqui nosso jovem ousou nada menos que… uma representação do momento da morte em primeira pessoa, inserida num rápido porém incisivo ensaio teológico.

Daí ser tão ridículo o apelido ‘tragicus’, pois toda a intenção a obra é afirmar que a morte não é tragédia e sim um encontro amoroso. Logo à frente está o texto completo com tradução interlinear pra vocês mesmo acompanharem e verem se não – mas ‘entrego’ antes alguns detalhes não tão óbvios.

Um, que a música é cheia de figurações do texto, p.ex: a sílaba alongada em ’so laaaaaaaange’ (’por taaaanto tempo’), ou os instrumentos que se calam para deixar soar a palavra stille (silêncio, quietude) – enquanto a instrumentação e tonalidade dita pastoral – fá maior, só flautas doces, violas da gamba e contínuo, sem violinos – visa ambientar esse pequeno estudo da morte num clima de (juro!) música de ninar.

Dois coros de escritura livre emolduram a ‘representação’: o inicial antecedido por uma ’sonatina’ instrumental, o final seguido por uma única cadência dos instrumentos que não é só um eco do amém, mas também uma espécie de conclusão da sonatina inicial, com um tom de brincadeira e ao mesmo tempo afirmação séria da unidade do conjunto.

De entremeio, dois ‘atos’ de solos e coros encadeados que correspondem de certa forma ao Velho e ao Novo Testamento: no primeiro afirma-se a morte como lei inescapável – mas ainda no meio dessa afirmação a alma humana (em forma de voz de soprano) começa a chamar pelo vencedor da morte: ‘vem, Senhor Jesus, vem!’ Tudo vai se calando, ficando só a voz e o pulsar do seu coração. O pulsar para… e a voz conclui a palavra ‘Je-su’ depois, ‘apoiada em nada’: nada menos que a afirmação da sua continuidade independente do corpo, que é precisamente o que a fé espera dessa invocação.

Mas parece que todas as tradições falam de um trajeto entre o momento da morte e o mundo definitivo do além (ver p.ex. no balé ‘300 anos de Zumbi’, de Gilberto Gil, que também já postei aqui): o ‘Novo Testamento’ se abre com a alma (que virou contralto) dizendo ‘estou enviando às tuas mãos o meu espírito, ao que Cristo – agora presente, não só invocado – responde ‘ainda hoje estarás comigo no paraíso’ – e de repente já é todo um grupo de contraltos que vai em frente cantando com uma… serenidade segura: ‘é com paz e alegria que eu viajo para lá’. E aí o coro final é louvor e afirmação de fé – mas sem se aventurar a oferecer nenhuma representação do estado final: afinal, na teologia aceita por Bach, ‘nem um olho viu, nem um ouvido ouviu o que Deus tem preparado para os seus’.

O antropólogo Gilbert Durand fala de três vertentes do imaginário humano; a do meio não importa agora, mas as duas extremas seriam a Heroica, de caráter diurno e derivada do esforço de conquista da posição vertical pela criança, e a Mística, de caráter noturno, derivada da busca da intimidade dos braços e do colo da mãe, anseio de descansar do esforço e riscos da existência separada reintegrando-se com o todo de onde se saiu. Quem sabe assim fique mais claro o porquê da minha traição ao título tradicional!

J.S. Bach: duas cantatas regidas por Felix Prohaska
01-04 Cantata 106, ‘Gottes Zeit ist die allerbeste Zeit’
06-12 Cantata 78, ‘Jesu, der du, meine Seele’

Coro e orquestra “The Bach Guild” (projeto N.York-Viena da Vanguard Records)
Tereza Stich-Randall, soprano – Dagmar Hermann, contralto
Anton Dermota, tenor – Hans Braun, baixo – Anton Heiller, órgão

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FAIXAS E TEXTO DA CANTATA 106

01 “SONATINA” INSTRUMENTAL

02 [MOVIMENTO ARTICULANDO 6 ELEMENTOS SUCESSIVOS OU SIMULTÂNEOS]

CORO
Gottes Zeit ist die allerbeste Zeit.
A hora de Deus é a melhor de todas.
In Ihm leben, weben und sind wir, solange Er will,
N’Ele vivemos, “tecemos” e estamos, enquanto Ele quer,
In Ihm sterben wir zur rechten Zeit, wenn Er will.
N’Ele morremos na hora certa: quando Ele quer.

TENOR SOLO
Mein Herr! (Ach, Herr!)
Meu Senhor! (Oh Senhor!)
Herr, lehre uns bedenken, dass wir sterben müssen,
Senhor, ensina-nos a considerar que temos que morrer,
auf dass wir klug werden.
para ganharmos juízo.

BAIXO SOLO
Bestelle dein Haus!
Encomenda tua morada!
Denn du wirst sterben und nicht lebendig bleiben.
Pois tu irás morrer, e não permanecer em vida.

CORO (FUGATO)
Es ist der alte Bund: Mensch, du musst sterben.
Esse é o antigo pacto: ó humano, tu tens que morrer.

SOPRANO SOLO
Ja, komm, ja komm, Herr Jesu, komm!
Sim, vem, sim vem Senhor Jesus! Vem!

HINO: INSTRUMENTAL (texto implícito para os ouvintes)
Ich hab’ mein’ Sach’ Gott heimgestellt …
Entreguei minha causa a Deus …

IV. [MOVIMENTO ARTICULANDO 3 ELEMENTOS]

CONTRALTO SOLO
In deine Hände befehl ich meinen Geist;
A tuas mãos envio o meu espírito;
Du hast mich erlöset, Herr, Du getreuer Gott!
Tu me libertaste, ó Senhor, Deus fidedigno que és.

BAIXO SOLO
Heute, heute wirst du mit mir im Paradies sein.
Hoje, ainda hoje, comigo no paraíso hás de estar.

HINO: CONTRALTOS EM UNÍSSONO
Mit Fried’ und Freud’ ich fahr dahin
Com paz e alegria eu viajo para lá
in Gottes Willen.
na vontade de Deus.
Getrost ist mir mein Herz und Sinn,
Confortados estão para mim o coração e tino,
sanft und stille.
em brandura e quietude.
Wie Gott mir verheissen hat:
Como Deus me prometeu:
der Tod ist mein Schlaf worden.
a morte se tornou meu sono.

V. CORO
Glorie, Lob, Ehr und Herrlichkeit
Glória, louvor, honra e majestade
Sei dir, Gott Vater und Sohn bereit,
sejam preparados para Ti, ó Deus ‘Pai e Filho
Dem heil’gen Geist mit Namen!
e Espírito Santo’ nomeado.
Die göttlich Kraft
O poder divino
mach uns sieghaft
nos faça vitoriosos
durch Jesum Christum – amen.
através de Jesus Cristo – amém.

Felix Prohaska

Ranulfus

Bach, Hindemith, C.Guarnieri, Fauré, Schubert e mais, na flauta & piano: dois recitais memoráveis

Duo Morozowicz 1 http://i30.tinypic.com/2vke3kg.jpgPublicado originalmente em 23.07.2010

Como vocês devem imaginar, escolhi vinis pelos quais tenho muito carinho para começar minha carreira de digitalizador amador – mas por estes dois o carinho é todo especial.

Tadeusz Morozowicz (pronunciado Morozóvitch) nasceu na Polônia em 1900, e em 1925 se instalou em Curitiba, onde dois anos depois fundaria o que se diz ter sido a segunda escola de balé do país.

Duo Morozowicz 2 http://i28.tinypic.com/6e3hv5.jpgNão sei se a escola foi mesmo a segunda, mas acho que Tadeusz realizou proeza maior: todos os três filhos foram leading figures da vida artística paranaense da segunda metade do século XX: Milena como coreógrafa, professora de dança, diretora de balé; Zbigniew Henrique como pianista, organista, compositor, professor formal e não formal com sua presença sempre questionadora e profunda; Norton, como flautista – aluno de ninguém menos que Aurèle Nicolet – e mais recentemente também como regente e diretor de festivais.

Henrique e Norton http://i27.tinypic.com/2w7274j.jpgAtuando em duo desde 1971, em 1975 Norton e Henrique resolveram transformar em disco um recital que haviam dado na Sala Cecília Meireles, no Rio. Gravadoras, como se sabe, sempre deram menos bola para qualidade que para a vendabilidade dos nomes; pouquíssimos músicos clássicos brasileiros eram gravados na época, sobretudo se não morassem no Rio. Sempre inventivo, Henrique lançou uma lista de venda antecipada – que tive o gosto de assinar -, e com isso levantou a verba para o primeiro destes discos. Com o segundo, três anos depois, não lembro os detalhes, mas também foi produção independente.

Quer dizer: a circulação destas gravações foi muito limitada até hoje – o que me parece um despropósito, dada a qualidade do material. Bom, pelo menos eu sinto assim. E é claro que, como frente a qualquer artista, pode-se discordar desta ou daquela opção – mas depois de ouvirem algumas vezes, duvido que vocês me digam que estou superestimando devido ao afeto por um professor marcante!

Ainda umas poucas observações: tenho certa preferência pela sonoridade do volume 2, onde Norton optou por menos vibrato e Henrique por menos staccato, mas isso não me impede de me deliciar com o volume 1, que começa com a singeleza das Pequenas Peças de Koechlin (que os franceses pronunciam Keklã, embora eu também já tenha ouvido Keshlã. Não conhecem? Bem, aluno de Fauré, professor de Poulenc e do português Lopes-Graça), passa pela consistência de Hindemith e pelo lirismo espantosamente ‘brasileiro’ da Fantasia de Fauré (para mim a faixa mais marcante), chegando a um final que, a despeito de minhas resistências a Bach no piano, me parece não menos que arrebatador.

Mas o ponto alto do conjunto me parecem ser as Variações de Schubert que ocupam todo um lado do volume 2 – e olhem que Schubert nem está entre meus compositores prediletos. Mas essa peça está, sim, entre as minhas prediletas, implantada que foi por ação desta dupla.

É preciso apontar ainda que em cada disco há uma seqüência de três pequenas peças de Henrique de Curitiba – ‘nome de compositor’ do pianista, adotado nos anos 50, ainda antes dos anos em Varsóvia, enquanto estudava com Koellreuter e Henry Jolles na Escola Livre de Música de São Paulo – junto com tantos nomes decisivos da nossa música, no geral bem mais velhos.

Renée Devrainne Frank foi a primeira professora de piano de Henrique. Nascida na França, emigrada para Curitiba com 9 anos, depois formada em Paris na escola de Alfred Cortot, Renée era casada com o flautista Jorge Frank e formava o Trio Paranaense com a cunhada cellista Charlotte Frank e a violinista Bianca Bianchi – tendo composto consideravelmente para as formações que esse grupo proporcionava. Pode-se dizer que sua peça gravada é puro Debussy fora de época, mas… sinceramente, dá para ignorar a beleza e a qualidade da escrita? Fico pensando em quantas donas Renée terão deixado obras de qualidade, Brasil e mundo afora, e permanecem desconhecidas – enquanto se lambem os sapatos de tantas nulidades promovidas pela indústria & mídia!

Enfim, achei que vocês gostariam de ter a seqüência dos dois discos fluindo juntos numa pasta só – espero não ter me enganado!

DUO MOROZOWICZ
Norton Morozowicz, flauta
Henrique Morozowicz, piano

VOLUME 1
Gravado ao vivo na Sala Cecília Meireles
Rio de Janeiro, 30.05.1975

Charles Koechlin (1867-1950): SEIS PEQUENAS PEÇAS
101 Beau soir (Noite bonita) 1:23
102 Danse (Dança) 0:51
103 Vieille chanson (Velha canção) 0:42
104 Danse printanière (Dança primaveril) 0:53
105 Andantino 1:23
106 Marche funèbre (Marcha Fúnebre) 2:30

Paul Hindemith (1895-1963): SONATA PARA FLAUTA E PIANO (1936)
107 Heiter bewegt (com movimento alegre) 4:51
108 Sehr langsam (muito lento) 4:30
109 Sehr lebhaft (muito vivo) 3:36
110 Marsch (marcha) 1:22

Gabriel Fauré (1845-1924):
111 FANTASIA op.79 5:45

Henrique de Curitiba (1934-2008):
112 TRÊS EPISÓDIOS 3:54

J.S. Bach (1685-1750): SONATA EM SOL MENOR, BWV 1020
113 Allegro 3:40
114 Adagio 2:42
115 Allegro 3:42

VOLUME 2
Gravado ao vivo no Teatro Guaíra
Curitiba, 22.08.1978

Pietro Locatelli (1693-1764): SONATA EM FA
201 Largo 2:31
202 Vivace 2:14
203 Cantabile 4:16
204 Allegro 1:57

Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993):
205 IMPROVISO n.º 3 para flauta solo (1949) 3:50

Henrique de Curitiba (1934-2008):
206 TRÊS PEÇAS CONSEQÜENTES para piano solo (1977) 6:19

Renée Devrainne Frank (1902-1979):
207 IMPROVISANDO (1970) 4:15

Franz Schubert (1797-1828):
208 Introdução e variações sobre ‘Ihr Blümlein alle’, op.160 18:34

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Ranulfus

Kodály e Bach por Aldo Parisot, uma lenda do cello

Kodaly e Bach por Aldo Parisot http://i27.tinypic.com/9a2x38.jpgPublicado originalmente em 09.07.2010 como “uma lenda viva do cello”. Parisot faleceu em 31.12.2018, com 100 anos de idade.

Como os filhos de Bach em relação ao pai, Zoltán Kodály corre o risco de ser tomado por um compositor menor devido à sombra do outro húngaro maior do século 20, o gigante Béla Bartók – mas ainda que não tivesse as outras obras de valor que tem, já seria um pecado considerá-lo “menor” devido a esta Sonata para Cello Solo.

Meu conhecimento do repertório do cello é limitado, mas ainda assim arrisco a aposta de que essa é a maior obra do século 20 para o instrumento. No mínimo porque acho difícil conceber outra maior, ou em que a ousadia de experimentação nas técnicas tanto de composição quanto de execução – e isso em 1915! – tenham tido um resultado musical tão convincente. Arrisco mais: arrisco que essa é uma das poucas obras do repertório cellístico que podem de fato figurar lado a lado com as 6 suítes de Bach (a quinta das quais também comparece neste disco).

Vi-ouvi essa peça ao vivo apenas uma vez. Foi nos anos 70. Eu era um adolescente começando a descobrir com avidez o repertório do meu próprio século, e fiquei embasbacado não só com o poder musical da obra como também com o seu grau de exigência física. Nunca esqueci do cellista levantando ao final, vitorioso porém inteiramente enxarcado de suor… e só muitos anos mais tarde fiquei sabendo que aquele cellista, só três anos mais novo que o Parisot aqui, também tinha entrado para o campo das lendas: János Starker.

(… nome que é uma boa deixa para uma pequena digressão sobre a pronúncia do húngaro: ‘á’ tem o som do nosso ‘a’ e é sempre longo. Sem acento o ‘a’ tem o som do nosso ‘ó’, porém breve – de modo que o nome do gigante é pronunciado bÊÊló bÓrtook (com a tônica nas maiúsculas; o dobramento das vogais indica apenas que são longas). E o nome do cellista é iÁÁ-nosh.

Acontece que os húngaros juram que todas as suas palavras, sem exceção, têm a primeira sílaba como tônica. Mas aí falei ‘kôdali’ para um húngaro, e ele me corrigiu: ‘kodÁÁi’. E eu falei “mas a tônica não é sempre na primeira sílaba?”, e ele “É sim, não está ouvindo? ‘kodÁÁi'”. Continuei ouvindo a tônica no A que ele me dizia ser apenas longo, não tônico, mas achei prudente não discutir com um descendente dos hunos… E de resto aprendi que, pelo menos nesse caso, o L na frente do Y desaparece, como se fosse em francês).

Bom, sobre as suítes de Bach não há necessidade de que eu escreva uma linha que seja, não é mesmo? Então vamos falar do cellista.

Vocês pensam que o Antonio Meneses, nascido no Recife em 1957, foi o primeiro membro da elite mundial do violoncelo a sair do Nordeste brasileiro? Pois o Aldo Parisot nasceu em 1918 em Natal, onde deu seu primeiro concerto com 12 anos.

Parisot com Villa-Lobos 1953 http://i30.tinypic.com/zlyg6g.jpgParisot e James Kim 2006 http://i27.tinypic.com/2w3ties.jpgSegundo a en.wikipedia, em 1941-42 era primeiro cellista da Sinfônica Brasileira, no Rio, quando um diplomata estadunidense lhe ofereceu bolsa para estudar nos EUA com seu ídolo Emanuel Feuermann – o qual porém cometeu a indelicadeza de morrer antes do início das aulas.

Ainda assim o pessoal insistiu (era época da famosa política de sedução dos EUA para que o Brasil entrasse na guerra), e em 1946 Parisot desembarcou em Yale para cursos em Música de Câmara e Teoria Musical – havendo imposto a condição de que ninguém pretendesse dar-lhe aulas de cello. Ah, detalhe: o professor do curso teórico se chamava Paul Hindemith.

Parisot nunca voltou a viver no Brasil. Solou com as principais orquestras dos EUA, estreeou peças dedicadas a ele por um belo punhado de compositores, passou a ensinar nas escolas Peabody, Mannes, Julliard, e em Yale desde 1958. Deu master classes regularmente no Canadá, Israel, Coréia, Taiwan. Dean Parisot, um de seus três filhos com a pintora Ellen James, é respeitado como diretor de cinema e tevê – e ele mesmo, Aldo, também pinta e faz exposições cujos proventos são direcionados a um fundo de bolsas para estudantes de cello.

Tudo isso podemos ler sobre esse cidadão brasileiro em inglês. A wikipedia em português lhe dedica 3 (três) linhas. (Fotos acima: Parisot com Villa-Lobos em 1953; Parisot com o jovem cellista premiado James Kim na Coréia, 2006?)

A presente gravação foi feita não antes de 1956, pois utiliza o ‘Stradivarius De Munck’ que Aldo adquiriu nesse ano, mas provavelmente antes de 58, pois o artigo da capa menciona seu posto de professor em Peabody, mas não em Yale (assumido em 58). Seu Bach é portanto anterior à restauração estilística iniciada nos anos 60. É possivelmente a realização mais introvertida e escura que conheço da Suíte em do menor – respeitável mas não propriamente sedutora. Aliás, parece que em geral, também no Kodály, Parisot parece mais interessado em viajar fundo na música que em mostrá-la com brilho sedutor, mas esse Kodály… não, não vou dizer nada, deixo com vocês!

Zoltán Kodály (1882-1967)
Sonata para cello solo, op.8
(1915)
A1 Allegro maestoso
A2 Adagio
A3 Allegro molto vivace

J.S. Bach (1685-1750)
Suíte em do menor para cello solo
(n.º 5)
B1 Prelude
B2 Allemande
B3 Courante
B4 Sarabande
B5 Gavotte I
B6 Gigue

Violoncello: Aldo Parisot (* Natal, RN, Brasil, 1918)
Instrumento: Stradivarius ‘De Munck’, de 1730
Gravação original Everest (EUA), prov. entre 1956 e 1958
LP brasileiro Fermata: 1971
Digitalizado por Ranulfus, jul.2010

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Ranulfus

Bach na Viola Brasileira (1971): cinco transcrições por A. Theodoro Nogueira (1913-2002) [link atualizado 2017]

capa-medAINDA PELOS 330 ANOS DE J.S.B.
Postagem original: julho de 2010
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Arquivos digitalizados a partir de um vinil original em mono, cujo estado de conservação deixa a desejar: valerá a pena postar?

Se os senhores têm sensibilidade, estou certo que dirão que sim. E que não economizarão qualificativos como “preciosidade” para esta raridade!

Ascendino Theodoro Nogueira nasceu em 1913 em Santa Rita do Passa Quatro, mas viveu boa parte da vida em Araraquara, ambas no interior de São Paulo. Aluno de Camargo Guarnieri, deixou composições para as mais diversas combinações instrumentais e vocais, porém a obra maior de sua vida parece ter sido sua vasta pesquisa sobre a viola brasileira – origens, técnicas de execução etc. – tendo em vista o reconhecimento de sua nobreza e potencial para todos os tipos de música.

Foi nesse sentido que incluiu uma viola brasileira na instrumentação da sua Missa, que escreveu o Concertino para Viola Brasileira e Orquestra de Câmara (1963?) e os 7 Prelúdios nos Modos da Viola Brasileira, e que realizou as presentes cinco transcrições de peças de Bach para violino solo (Theodoro era também violinista de formação), havendo preparado para executá-las um aluno seu, também compositor, Geraldo Ribeiro.

O disco foi lançado em 1971, com um artigo de Theodoro na contracapa “Anotações para um estudo sobre a viola: origem do instrumento e sua difusão no Brasil” – cuja imagem escaneada está incluída na postagem.

Que possa valer como um tributo especial ao velho João Sebastião Ribeiro por ocasião dos seus 330 anos (cumpridos ontem, em 31.03.2015), da parte de um país cuja música, por mil caminhos, lhe deve tanto!

BACH NA VIOLA BRASILEIRA

Transcrições de A. Theodoro Nogueira
Execução: Geraldo Ribeiro
Gravação: Fermata, 1971

A1  Prelúdio (da Partita 3 para violino solo) 4:00
A2  Loure (da Partita 3 para violino solo) 3:46
A3  Gavota (da Partita 3 para violino solo) 3:25
A4  Fuga (da Sonata 1 para violino solo) 4:27
B    Chacona (da Partita 2 para violino solo) 12:14

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Ranulfus

Johann Sebastian Bach – Great Sacred Choral Works (Christmas Oratorio, BWV 248, St. Matthew Passion, BWV 244, St. John Passion, BWV 245, Mass in B minor, BWV 232, Magnificat in D major, 243/243a) (Link Revalidado)

Postagem feita originalmente em 25 de dezembro de 2011.

O momento dá ensejo às mais veneradas preces e congraçamentos. Final de Ano – ocasião para as solidariedades ausentes em outros momentos. Comida. Amplexos. Presentes. Compras. Consumismo. Mas, esta também é uma ocasião para reflexões pertinentes. Para o envidamento de desejos e expectativas. “Ah! no próximo ano vou emagrecer dez quilos!” “Quero praticar esporte com mais regularidade!” “Assistir a mais filmes”. “Ler mais literatura”. “Ouvir mais música!” “Ser mais consciencioso”. “Ouvir mais e falar menos!”. Todo início e final de ano vamos construindo tais argumentos. Eles são necessários. Ajudam-nos a a retificar perspectivas. A caminharmos com os olhos luminosos. Dispensando-nos dessa compreensão ficamos com os ressaibos da missão vital não cumprida. Afinal, “o nosso corpo é um feixe de nervos, fibras e células que se formam lentamente, onde se escondem os nossos pensamentos e onde a paixão oculta os seus sonhos” (Oscar Wilde). Mas, deixemos esta reflexão piegas e vamos à luminosidade do patrono desse espaço – Johann null

Sebastian Bach. Os componentes desse muito estimado blog resolveram “liberar geral”. Tomaram a ditosa decisão de presentear o visitantes desse espaço com um “pacotaço” de Natal. Não é que acreditemos no Natal. Somos, em sua maioria, cínicos e ateus. Não estamos nem aí para crenças e romantismos propalados. O nosso presente é uma contra-indicação ao espírito do momento. Sugerimos a música, pois esta tem o poder de nos limpar de maiores imperfeições – sejam elas morais ou de qualquer natureza. Por isso, vos dedico, em nome de todos os membros do PQP Bach, esta suntuosa caixa com obras sacras do “grande pai”. É o meu presente-rémedio a todos aqueles que desejarem ser enfeitados pela alegria e pela capacidade de se tornarem mais humanos. Daqueles que ansiarem por um 2012 sem desarmonias, deselegâncias e ausência de simplicidade. Sobre o post é importante dizer que à frente dos trabalhos temos um dos regentes de música sacra mais respeitados do mundo – Helmuth Rilling. Já ganhou diversos prêmios mundiais. Rilling já gravou todas as grandes obras de Bach. É um especialista na interpretação do compositor alemão. Este conjunto de 10 CDs é para ouvir de joelhos. É a confissão, a oração necessária para os grandes feitos. Farei um desafio: ouça estes 10 CDs antes do ano acabar e você terá um 2012 afortunado, cheio de alegria, ausente de subterfúgios, comportamentos mesquinhos; além do que será compensado pelos deuses da música a ser um ser humano melhor. Abraços e um feliz natal e ano novo musicais!

Johann Sebastian Bach – Great Sacred Choral Works (Christmas Oratorio, BWV 248, St. Matthew Passion, BWV 244, St. John Passion, BWV 245, Mass in B minor, BWV 232, Magnificat in D major, 243/243a)

DISCO 01

Weihnachts-Oratorium BWV 248
1. Part I. Chor: Jauchzet, frohlocket, auf, preiset die Tage
2. Rezitativ (Evangelist): Es begab sich aber zu der Zeit
3. Rezitativ (Alt): Nun wird mein liebster Brautigam
4. Arie (Alt): Bereite dich, Zion, mit zartlichen Trieben
5. Choral: Wie soll ich dich empfangen
6. Rezitativ (Evangelist): Und sie gebar ihren ersten Sohn
7. Choral und Rezitativ (Ba?): Er ist auf Erden kommen arm
8. Arie (Ba?): Gro?er Herr und starker Konig
9. Choral: Ach mein herzliebes Jesulein
10. Part II. Sinfonia
11. Rezitativ (Evangelist): Und es waren Hirten
12. Choral: Brich an, o schones Morgenlicht
13. Rezitativ (Evangelist): Und der Engel sprach zu ihnen
14. Rezitativ (Ba?): Was Gott dem Abraham verhei?en
15. Arie (Tenor): Frohe Hirten, eilt, ach eilet
16. Rezitativ (Evangelist): Und das habt zum Zeichen
17. Choral: Schaut hin, dort liegt im finstern Stall
18. Rezitativ (Ba?): So geht den hin
19. Arie (Alt): Schlafe, mein Liebster, genie?e der Ruh
20. Rezitativ (Evangelist): Und alsobald war da be idem Engel
21. Chor: Ehre sei Gott in der Hohe
22. Rezitativ (Ba?): So recht, ihr Engel, jauchzt und singet
23. Choral: Wir singen dir in deinem Heer
24. Part III. Chor: Herrscher des Himmels, erhore das Lallen
25. Rezitativ (Evangelist): Und da die Engel von ihnen gen Himmel fuhren
26. Chor: Lasset uns nun gehen gen Bethlehem
27. Rezitativ (Ba?): Er hat sein Volk getrost
28. Choral: Dies hat er alles uns getan
29. Duett (Sopran, Ba?): Herr, dein Mitleid, dein Erbarmen
30. Rezitativ (Evangelist): Und sie kamen eilend
31. Arie (Alt): Schlie?e, mein Herze, dies selige Wunder
32. Rezitativ (Alt): Ja, ja, mein Herz sol les bewahren
33. Choral: Ich will dich mit Flei? bewahren
34. Rezitativ (Evangelist): Und die Hirten kehrten wieder um

DISCO 02

Weihnachts-Oratorium BWV 248
1. Choral: Seid froh dieweil
2. Chor da capo: Herrscher des Himmels, erhore das Lallen
3. Part IV. Chor: Fallt mit Danken, fallt mit Loben
4. Rezitativ (Evangelist): Und da acht Tage um waren
5. Rezitativ (Ba?): Immanuel, o su?es Wort
6. Arie (Sopran): Flo?t, mein Heiland, flo?t dein Namen
7. Rezitativ (Ba?): Wohlan, dein Name soll allein
8. Arie (Tenor): Ich will nur dir zu Ehren leben
9. Choral: Jesus richte mein Beginnen
10. Part V. Chor: Ehre sei dir, Gott, gesungen
11. Rezitativ (Evangelist): Da Jesus geboren war zu Bethlehem
12. Chor: Wo ist der neugeborne Konig der Juden
13. Choral: Dein Glanz all Finsternis verzehrt
14. Arie (Ba?): Erleucht auch meine finstre Sinnen
15. Rezitativ (Evangelist): Da das der Konig Herodes horte
16. Rezitativ (Alt): Warum wollt ihr erschrecken
17. Rezitativ (Evangelist): Und lie? versammeln alle Hohenpriester
18. Terzett (Sopran, alt, tenor): Ach, wann wird die Zeit erscheinen
19. Rezitativ (Alt): Mein Liebster herrschet schon
20. Choral: Zwar ist solche Herzensstube
21. Part VI. Chor: Herr, wenn die stolzen Feinde schnauben
22. Rezitativ (Evangelist): Da berief Herodes die Weisen heimlich
23. Rezitativ (Sopran): Du Falscher, suche nur den Hern zu fallen
24. Arie (Sopran): Nur ein Wink von seinen Handen
25. Rezitativ (Evangelist): Als sie nun den Konig gehoret hatten
26. Choral: Ich steh an deiner Krippen hier
27. Rezitativ (Evangelist): Und Gott befahl ihnen im Traum
28. Rezitativ (Tenor): So geht! Genug, mein Schatz geht nicht von hier
29. Arie (Tenor): Nun mogt ihr stolzen Feinde schrecken
30. Rezitativ (Sopran, alt, tenor, ba?): Was will der Hollen Schrecken nun
31. Choral: Nun seid ihr wohl gerochen

DISCO 03

Matthaus-Passion BWV 244
1. Part I. Chor: Kommt, ihr Tochter, helft mir klagen
2. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Da Jesus diese Rede vollendet hatte
3. Choral: Herzallerliebester Jesu, was hast du verbrochen
4. Rezitativ (Evangelist): Da versammelten sich die Hohenpriester
5. Chor: Ja nicht auf das Fest
6. Rezitativ (Evangelist): Da nun Jesus war zu Bethanien
7. Chor: Wozu dienet dieser Unrat
8. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Da das Jesu merkete
9. Rezitativ (Alt): Du lieber Heiland du
10. Arie (Alt): Bu? und Reu
11. Rezitativ (Evangelist, Judas): Da ging hin der Zwolfen einer
12. Arie (Sopran): Blute nur, du liebes Herz
13. Rezitativ (Evangelist): Aber am ersten Tag der su?en Brot
14. Chor: Wo willst du, da? wir dir bereiten
15. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Er sprach: Gehet hin in die Stadt
16. Choral: Ich bin’s, ich sollte bu?en
17. Rezitativ (Evangelist, Jesus, Judas): Er antwortete und sprach
18. Rezitativ (Sopran): Wiewohl mein Herz in Tranen schwimmt
19. Arie (Sopran): Ich will dir mein Herze schenken
20. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Und da sie den Lobgesang gesprochen hatten
21. Choral: Erkenne ich, mein Huter
22. Rezitativ (Evangelist, Peter, Jesus): Petrus aber antwortete und sprach zu ihm
23. Choral: Ich will hier bei dir stehen
24. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Da kam Jesus mit ihnen zu einem Hofe
25. Rezitativ (Tenor): Oh Schmerz! Hier zittert das gequalte Herz
26. Arie (Tenor): Ich will bein meinem Jesu wachen

DISCO 04

Matthaus-Passion BWV 244 (cont.)
1. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Und ging hin ein wenig
2. Rezitativ (Bass): Der Heiland fallt vor seinem Vater nieder
3. Arie (Ba?): Gerne will ich mich bequemen
4. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Und er kam zu seinen Jungern
5. Choral: Was mein Gott will, das g’scheh allzeit
6. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Und er kam und fand sie aber schlafend
7. Duett (Sopran, alt): So ist mein Jesus nun gefangen
8. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Und siehe, einer aus denen
9. Choral: Oh Mensch, bewein dein Sunde gro?
10. Part II. Arie (Alt): Ach, nun ist mein Jesus hin
11. Rezitativ (Evangelist): Die aber Jesum gegriffen haben
12. Choral: Mir hat die Welt truglich gerichtet
13. Rezitativ (Evangelist, Zwei Zeugen, Hohepriester): Und wiewohl viele falsche Zeugen herzutraten
14. Rezitativ (Tenor): Mein Jeseus schweigt zu falschen Lugen stille
15. Arie (Tenor): Geduld! Wenn mich falsche Zungen stechen!
16. Rezitativ (Evangelist, Hohepriester, Jesus): Und der hohe Priester antwortete und sprach
17. Rezitativ (Evangelist): Da speieten sie aus
18. Choral: Wer hat dich so geschlagen
19. Rezitativ (Evangelist, Magd I/II, Petrus): Petrus aber sa? drau?en
20. Chor: Wahrlich du bist auch einer von denen
21. Arie (Alt): Erbarme dich, mein Gott
22. Choral: Bich ich gleich von dir gewichen
23. Rezitativ (Evangelist, Judas): Des Morgens aber hielten alle Hohenpriester
24. Rezitativ (Evangelist, Hohepriester): Und er warf die Silberlinge in den Tempel
25. Arie (Ba?): Gebt mir meinen Jesum wieder
26. Rezitativ (Evangelist, Pilatus, Jesus): Sie hielten aber einen Rat
27. Choral: Befiehl du deine Wege

DISCO 05

Matthaus-Passion BWV 244 (cont.)
1. Rezitativ (Evangelist, Pilatus, Pilati Weib): Auf das Fest aber hatte der Landpfleger eine Gewohnheit
2. Choral: Wie wunderbarlich ist doch diese Strafe
3. Rezitativ (Evangelist, Pilatus): Der Landpfleger sagte
4. Rezitativ (Sopran): Er hat uns allen wohlgetan
5. Arie (Sopran): Aus Liebe will mein Heiland sterben
6. Rezitativ (Evangelist): Sie schrien aber noch mehr
7. Rezitativ (Alt): Erbarm es Gott
8. Arie (Alt): Konnen Tranen meiner Wangen
9. Rezitativ (Evangelist): Da nahmen die Kriegsknechte
10. Choral: Haupt voll Blut und Wunden
11. Rezitativ (Evangelist): Und da sie ihn verspottet hatten
12. Rezitativ (Ba?): Ja freilich will in uns das Fleisch und Blut
13. Arie (Bass): Komm, su?es Kreuz, so will ich sagen
14. Rezitativ (Evangelist): Und da sie an die Statte kamen
15. Rezitativ (Evangelist): Desgleichen schmaheten ihn auch die Morder
16. Rezitativ (Alt): Ach Golgatha
17. Arie (Alt): Sehet, Jesus hat die Hand
18. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Und von der sechsten Stunde an
19. Choral: Wenn ich einmal soll scheiden
20. Rezitativ (Evangelist): Und siehe da, der Vorhang im Tempel zerri?
21. Rezitativ (Ba?): Am Abend, da es kuhle war
22. Arie (Ba?): Mache dich, mein Herze, rein
23. Rezitativ (Evangelist): Und Joseph nahm den Lein
24. Rezitativ: Nun ist der Herr zur Ruh gebracht
25. Chor: Wir setzen uns mit Tranen nieder

DISCO 06

Johannes-Passion BWV 245
1. Part I. Chor: Herr, unser Herrscher
2. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Jesus ging mit seinem Jungern
3. Choral: O gro?e Lieb
4. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Auf da? das Wort erfullet wurde
5. Choral: Dein Will gescheh, Herr Gott, zugleich
6. Rezitativ (Evangelist): Die Schar aber und der Oberhauptmann
7. Arie (Alt): Von der Stricken meiner Sunden
8. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Simon Petrus aber folgete Jesu nach
9. Arie (Sopran): Ich folge dir gleichfalls
10. Rezitativ (Evangelist, Magd, Petrus, Jesus): Derselbige Junger war dem Hohenpriester bekannt
11. Choral: Wer hat dich so geschlagen
12. Rezitativ (Evangelist): Und Hannas sandte ihn gebunden
13. Arie (Tenor): Ach, mein Sinn, wo willst du endlich hin
14. Choral: Petrus, der nicht denkt zuruck
15. Part II. Choral: Christus, der uns selig macht
16. Rezitativ (Evangelist, Pilatus): Da fuhreten sie Jesum von Kaiphas vor das Richthaus
17. Chor: Ach gro?er Konig, gro? zu allen Zeiten
18. Rezitativ (Evangelist, Pilatus, Jesus): Da sprach Pilatus zu ihn
19. Arioso (Ba?): Betrachte, mein Seel, mit angstlichem Vergnugen
20. Arie (Tenor): Erwage, wie sein blutgefarbter Rucken

DISCO 07

Johannes-Passion BWV 245 (cont.)
1. Rezitativ (Evangelist): Und die Kriegsknechte flochten eine Krone von Dornen
2. Choral: Durch dein Gefangnis, Gottes Sohn
3. Rezitativ (Evangelist): Die Juden aber schrieen und sprachen
4. Arie (Ba?): Eilt ihr angefochtnen Seelen – Wohin?
5. Rezitativ (Evangelist): Allda kreuzigten sie ihn
6. Choral: In meines Herzens Grunde
7. Rezitativ (Evangelist): Die Kriegsknechte aber, da sie Jesum gekreuziget hatten
8. Choral: Er nahm alles wohl in acht
9. Rezitativ (Evangelist, Jesus): Und von Stund an nahm sie der Junger zu sich
10. Arie (Alt): Es ist vollbracht!
11. Rezitativ (Evangelist): Und neiget das Haupt und verschied
12. Arie (Ba?): Mein teurer Heiland, la? dich fragen
13. Rezitativ (Evangelist): Und siehe da, der Vorhang im Tempel zerri?
14. Arioso (Tenor): Mein Herz! in dem die ganze Welt
15. Arie (Sopran): Zerflie?e, mein Herze
16. Rezitativ (Evangelist): Die Juden aber, dieweil es der Rusttag war
17. Choral: O hilf, Christe, Gottes Sohn
18. Rezitativ (Evangelist): Darnach bat Pilatum Joseph von Arimathia
19. Chor: Ruht wohl, ihr heiligen Gebeine
20. Choral: Ach Herr, lab dein lieb Engelein

DISCO 08

Messe h-moll BWV 232
1. KYRIE. Coro: Kyrie eleison
2. Duetto: Christe eleison
3. Coro: Kyrie eleison
4. GLORIA. Coro: Gloria in excelsis
5. Coro: Et in terra pax
6. Aria: Laudamus te
7. Coro: Gratias agimus tibi
8. Duetto: Domine Deus
9. Coro: Qui tollis peccata mundi
10. Aria: Qui sedes ad dextram Patris
11. Aria: Quoniam tu solus Sanctus
12. Coro: Cum Sancto Spiritu

DISCO 09

Messe h-moll BWV 232 (cont.)
1. CREDO. Coro: Credo in unum Deum
2. Coro: Credo in unum Deum, Patrem omnipotentem
3. Duetto: Et in unum Dominum
4. Coro: Et incarnatus est
5. Coro: Crucifixus
6. Coro: Et resurrexit
7. Aria: Et in Spiritum Sanctum
8. Coro: Confiteor
9. Coro: Et exspecto resurrectionem
10. SANCTUS. Coro: Sanctus
11. OSANNA. BENEDICTUS. AGNUS DEI. Coro I/II: Osanna in excelsis
12. Aria: Benedictus
13. Coro I/II: Osanna in excelsis
14. Aria: Agnus Dei
15. Coro: Dona nobis pacem

DISCO 10

Magnificat in D major BWV 243/243a; Schemelli-Liederbuch (Leipzig 1736)
1. Chorus: Magnificat
2. Aria (soprano II): Et exsultavit spiritus meus
3. Einlage A. Chorale: Vom Himmel hoch, da komm ich her
4. Aria (soprano I): Quia respexit humilitatem
5. Chorus: Omnes generationes
6. Aria (bass): Quia fecit mihi magna
7. Einlage B. Chorus: Freut euch und jubiliert
8. Aria (alto, tenor): Et misericordia
9. Chorus: Fecit potentiam
10. Einlage C. Chorus: Gloria in excelsis Deo
11. Aria (tenor): Deposuit potentes
12. Aria (alto): Esurientes implevit bonis
13. Einlage D. Duet: Virga Jesse floruit
14. Aria (soprano I,II,alto): Suscepit Israel
15. Chorus: Sicut locutus est
16. Chorus: Gloria Patri
17. Uns ist ein Kindlein heut geborn BWV 414
18. Auf, auf die rechte Zeit ist hier BWV 440
19. Ermuntre dich, mein schwacher Geist BWV 454
20. Ihr Gestirn, ihr hohlen Lufte BWV 366 & 476
21. Ich steh an deiner Krippen hier BWV 469
22. Ich freue mich in dir BWV 465
23. O Jesulein su? BWV 493
24. Beschrankt, ihr Weisen BWV 443
25. Gelobet seist Du, Jesu Christ BWV 314

Bach-Collegium Stuttgart
Gächinger Kantorei

Helmuth Rilling, regente
Arleen Auger – soprano
Julia Hamari – contralto
Peter Schreier, Adalbert Kraus – tenors
Wolfgang Schöne, Siegmund Nimsgern, Dietrich Fischer-Dieskau – basses

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Boas Festas a todos!

Carlinus

J. S. Bach (1685-1750) – 6 Partitas (Piano) – Vladimir Ashkenazy

O Grande Pai surge para embelezar e divinizar a nossa manhã de feriado – aqui, na Capital Federal, a chuva cai preguiçosa. Andei dando uma olhada e verifiquei que o PQP já postou estas mesmas Partitas do seu pai com Schiff, Nikolayeva e Angela Hewitt. PQP adora fazer laudatórios sobre o pai dele. Mas eu também faria caso tivesse um pai daquele. A seguir, uma sucinta explicação histórica a cerca dessas partitas tão especiais: “Em 1723, Bach já tinha estabelecido sua reputação de virtuoso tecladista quando ele foi apontado kantor da Igreja de São Tomás e diretor de música em Lípsia. Ele também era, igualmente, um compositor bem sucedido e muito hábil ao improvisar no órgão. Ele também já tinha provado que podia compor para vários estilos, de altamente complexas fugas à peças galantes como as suítes. Neste novo emprego, Bach pode ter querido impressionar os seus patrões, na ocasião, e mostrar que ele era mais do que capaz de manter a posição para qual fora chamado a assumir, pois para a comissão dos jurados na sua admissão ele apresentou uma série de trabalhos recentes que ele mesmo tinha preparado, noutrora, para alunos. Entre estes trabalhos, incluíam-se: “Invenções e Sinfonias” (1723), e “O Cravo Bem Temperado” (1722). O ocupante da cadeira que Bach iria assumir, até o último ano, era um compositor da mais alta reputação musical, Johann Kuhnau (1660-1722), este que tinha estabelecido as fundações da escola musical do cravo, na Alemanha. Bach já tinha também trabalhado com Kuhnau, em Halle, em 1716, examinando um órgão. Alem disto, o sobrinho de Kuhnau, Johann Andreas Kuhnau, era o copista das partes musicais das cantatas de Bach. Logo, era meio indicativo que Bach tinha que dar uma boa impressão aos seus novos empregadores e este legado da amizade entre os dois serviu para incentivar Bach a escrever as Seis Partitas. Era o outono de 1726, quando Bach finalmente publicou a primeira partita. Esta se seguiu com as: nº 2 e 3, em 1727, nº 4 em 1728, nº 5 e 6, em 1730. Em 1731 Bach juntou as seis e publicou mais uma vez como uma coletânea, pelo título de “Opus I”. Ele poderia capitalizar mais ainda em trabalhos já preparados e publicados anteriormente e com o dinheiro dos ganhos durante as primeiras publicações investir em futuras produções.

Daqui

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – 6 Partitas (Piano) – Vladimir Ashkenazy

DISCO 01

Partita No. 1 in B flat major. BWV 825
01. I. Praeludium
02. II. Allemande
03. III. Corrente
04. IV. Sarabande
05. V. Menuet I
06. V. Menuet II
07. VI. Giga

Partita No. 2 in C minor, BWV 826
08. I. sinfonia Garev adagio – Andante – Allegro
09. II. allemande
10. III. Courante
11. IV. Sarabende
12. V. Rondeaux
13. VI. Capriccio

Partita No. 3 in A minor. BWV 827
14. I. Fantasia
15. II. Allemande
16. III. Corrente
17. IV. Sarabande
18. V. Burlesca
19. VI. Scherzo
20. VII. Gigue

DISCO 02

Partita No. 4 in D major, BWV 828
01. I. Ouverture
02. II. Allemande
03. III. Courante
04. IV. Aria
05. V. Sarabande
06. VI. Menuet
07. VII. Gigue

Partita No. 5 in G major, BWB 829
08. I. Preambulum
09. II. Allemande
10. III. Corrente
11. IV. Sarabande
12. V. Tempo di Minuetto
13. VI. Passepied
14. VII. Gigue

Partita No. 6 in E minor, BWV 830
15. I. Toccata
16. II. Alemande
17. III. Corrente
18. IV. Air
19. V. Sarabanda
20. VI. Tempo di Gavotta
21. VII. Gigue

Vladimir Ashkenazy, piano

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Carlinus

J. S. Bach (1685-1750) – Os Concertos de Brandenburgo, Suites nos. 1-4 e Triple Concerto

PQP hoje cedo desferiu um golpe pesado. Sacou o Cravo Bem Temperado do seu pai. O argumento indireto do filho “destemperado” é que hoje não haveria concorrência contra esse patrimônio bachiano. Mas eu que não tenho nada a ver com isso, para provocar, lançarei os Concertos de Brandenburgo com Karl Richter, uma das gravações mais repultadas do século passado para estas obras de Bach. Como estou de saída e queria fazer uma grande postagem, apenas enxertarei o texto auxiliador da wikipédia: “Os Concertos de Brandeburgo ou Concertos de Brandenburgo (mais raramente Brandemburgo) (BWV 1046-1051, título original: Six Concerts avec plusieurs instruments, em alemão: Brandenburgische Konzerte) são uma coleção de seis peças musicais composta por Johann Sebastian Bach entre 1718 – 1721, dedicados e apresentados ao margrave de Brandenburg-Schwedt, Christian Ludwig em 1721. São amplamente considerados como expoentes do barroco na música, além de estar entre os clássicos mais populares. Estes trabalhos foram esquecidos na biblioteca do margrave até sua morte em 1734 quando foram vendidos por poucos centavos. Os concertos foram descobertos em arquivos de Brandemburgo no século XIX sendo publicados em 1850”. Esta interpretação dos Concertos de Brandenburgo com Karl Richter são uma das mais famosas e respeitadas que já foram feitas para esses concertos. Uma boa apreciação!

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Os Concertos de Brandenburgo, Suites nos. 1-4 e Triple Concerto

DISCO 01

01. Brandenburg Concerto No.1 in F, BWV 1046: 1. (Allegro)
02. Brandenburg Concerto No.1 in F, BWV 1046: 2. Adagio
03. Brandenburg Concerto No.1 in F, BWV 1046: 3. Allegro
04. Brandenburg Concerto No.1 in F, BWV 1046: 4. Menuet – Trio – Polonaise
05. Brandenburg Concerto No.2 in F, BWV 1047: 1. (Allegro)
06. Brandenburg Concerto No.2 in F, BWV 1047: 2. Andante
07. Brandenburg Concerto No.2 in F, BWV 1047: 3. Allegro assai
08. Brandenburg Concerto No.3 in G, BWV 1048: 1. (Allegro)
09. Brandenburg Concerto No.3 in G, BWV 1048: 2. Adagio (BWV 1019a)
10. Brandenburg Concerto No.3 in G, BWV 1048: 3. Allegro
11. Brandenburg Concerto No.4 in G, BWV 1049: 1. Allegro
12. Brandenburg Concerto No.4 in G, BWV 1049: 2. Andante
13. Brandenburg Concerto No.4 in G, BWV 1049: 3. Presto
14. Brandenburg Concerto No.5 in D, BWV 1050: 1. Allegro
15. Brandenburg Concerto No.5 in D, BWV 1050: 2. Affetuoso
16. Brandenburg Concerto No.5 in D, BWV 1050: 3. Allegro

DISCO 02

01. Brandenburg Concerto No.6 in B flat, BWV 1051: 1. Allegro moderato
02. Brandenburg Concerto No.6 in B flat, BWV 1051: 2. Adagio ma non tanto
03. Brandenburg Concerto No.6 in B flat, BWV 1051: 3. Allegro
04. Suite No.1 in C, BWV 1066: 1. Ouverture
05. Suite No.1 in C, BWV 1066: 2. Courante
06. Suite No.1 in C, BWV 1066: 3. Gavotte I-II
07. Suite No.1 in C, BWV 1066: 4. Forlane
08. Suite No.1 in C, BWV 1066: 5. Menuet I-II
09. Suite No.1 in C, BWV 1066: 6. Bourree I-II
10. Suite No.1 in C, BWV 1066: 7. Passepied I-II
11. Suite No.2 in B minor, BWV 1067: 1. Ouverture
12. Suite No.2 in B minor, BWV 1067: 2. Rondeau
13. Suite No.2 in B minor, BWV 1067: 3. Sarabande
14. Suite No.2 in B minor, BWV 1067: 4. Bourree I-II
15. Suite No.2 in B minor, BWV 1067: 5. Polonaise
16. Suite No.2 in B minor, BWV 1067: 6. Menuet
17. Suite No.2 in B minor, BWV 1067: 7. Badinerie

DISCO 03

01. Suite No.3 in D, BWV 1068: 1. Ouverture
02. Suite No.3 in D, BWV 1068: 2. Air
03. Suite No.3 in D, BWV 1068: 3. Gavotte I-II
04. Suite No.3 in D, BWV 1068: 4. Bourree
05. Suite No.3 in D, BWV 1068: 5. Gigue
06. Suite No.4 in D, BWV 1069: 1. Ouverture
07. Suite No.4 in D, BWV 1069: 2. Bourree I-II
08. Suite No.4 in D, BWV 1069: 3. Gavotte
09. Suite No.4 in D, BWV 1069: 4. Menuet I-II
10. Suite No.4 in D, BWV 1069: 5. Rejouissance
11. Triple Concerto BWV 1044: 1. Allegro
12. Triple Concerto BWV 1044: 2 Adagio ma non tanto e dolce
13. Triple Concerto BWV 1044: 3. Tempo di Allabreve

Münchener Bach-Orchester
Karl Richter, regente, cembalo
Aurèle Nicolet, flauta
Gerhart Hetzel, violino

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Scans

Carlinus

Edward Elgar (1857-1934) – Concerto para Cello e orquestra em Si menor, Op. 85 e Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suites No. 1 em Sol para cello solo, BWV 1007

Um baita CD. Acreditem. Das obras de Elgar, acredito que o seu concerto para violoncelo e orquestra sejam uma das mais conhecidas. É uma obra importante para o intrumento. Foi escrita em 1919, no interior da Inglaterra, na casa de campo do compositor. A obra é repleta por um sentimento de angústia e desilusão. A ênfase na tristeza é resultado das reflexões do compositor sobre o fim da I Guerra Mundial. Já a outra obra do post é de Bach – As Suítes Nos. 1 e 2. Estava há algum tempo com a intenção de postá-la. Estava a procurar uma boa interpretação. Após ouvir a interpretação com Jacqueline du Pré as minhas dúvidas foram exorcizadas. Não deixe de ouvir. A dupla Jacqueline du Pré/Barbirolli é maravilhosa. Boa apreciação!

Edward Elgar (1857-1934) – Concerto para Cello e orquestra em Si menor, Op. 85
01. I. Adagio – Moderato
02. II. Lento – Allegro molto
03. III. Adagio
04. IV. Allegro ma non troppo

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Suites No. 1 em Sol para cello solo, BWV 1007
05. I. Prélude
06. II. Allemande
07. III. Courante
08. IV. Sarabande
09. V. Menuetto I & II

Suites No. 2 em Ré menor para cello solo, BWV 1008
10. I. Prélude
11. II. Allemande
12. III. Courante
13. IV. Sarabande
14. V. Menuetto I & II
15. VI. Gigue

BBC Symphony Orchestra
Sir John Barbirolli, regente
Jacqueline du Pré, cello

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Carlinus