BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) -Piano Concerto nº 5, ‘Emperor’ – Fleisher, Szell, Cleveland Orchestra

 

A Postagem original desta série foi feita lá em fevereiro de 2016, que foi um ano complicado, meu sogro e meu irmão mais velho estavam com sérios problemas de saúde, então nem me focava muito no PQPBach. Infelizmente os dois vieram a falecer com poucos meses de diferença. A música foi uma grande aliada nesse período. O ato de preparar as postagens era um momento para relaxar e esquecer os problemas. 

Depois de uma semana longe do meu computador (apenas conferindo emails), semana longa, diga-se de passagem, complicada, tensa, quente, etc., sento novamente em frente ao computador para poder preparar esta última postagem desta histórica gravação.
Como falei, está fazendo muito calor cá para as bandas do sul, com temperatura média de 30º C, ultrapassando fácil, fácil, os 40 º C de sensação térmica. Um inferno tropical.
Mas vamos ao que viemos. O Concerto Imperador dispensa maiores comentários, não temo em dizer que é uma das mais belas obras já produzidas pelo ser humano. E nas mãos desta trinca Fleischer / Szell / Cleveland Orchestra,  torna-se quase imbatível.
Ah, antes que me esqueça, mudam-se os nomes no Concerto triplo. Temos então Isaac Stern, Istomin, Rose & Eugene Ormandy e sua Orquestra da Filadélfia.

01 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 1. Allegro
02 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 2. Adagio Un Poco Mosso
03 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 3. Rondo- Allegro

Leon Fleischer – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

04 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 1. Allegro
05 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 2. Largo
06 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 3. Rondo Alla Polacca

Isaac Stern – Violin
Eugene Istomin – Piano
Leonard Rose – Cello
Philadelphia Orchestra
Eugene Ormandy – Conductor

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FDP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Variações para piano, Opp. 34, 35 & 76, WoO 78-80 – Buchbinder

Depois de compor uma dúzia de séries de variações para piano antes da virada de século, Beethoven retornou esparsamente ao gênero nas décadas seguintes. Deixara, afinal, de ser um aspirante a compositor-virtuose, para o qual os cavalos de batalha mais óbvios eram, além dos concertos, as variações sobre temas em voga na época. Quando voltou a escrevê-las, já era um compositor conhecido e, desgraçadamente, sua surdez progredira a ponto de considerar deixar os palcos e contemplar o suicídio – como deixa claro e pungente no chamado “Testamento de Heiligenstadt”, escrito no mesmo 1802 em que compôs as variações Opp. 34 e 35.

Seu retorno ao gênero, além de atender às crescentes necessidades pecuniárias, parece justificar-se pela busca de horizontes que a sonata-forma – cujas costuras ele já vinha inovativamente arrebentando em obras com as do Op. 31 – não contemplava tão facilmente. Diferentemente das variações da juventude, quase que puramente figurativas, as séries da década de buscam transformações rítmicas e harmônicas inspiradas pelos temas, ou por seus pequenos cacoetes. As variações Op. 34, por exemplo, sobre um tema em Fá maior, são todas em tonalidades diferentes, num ciclo de terças descendentes, até retornar ao Fá maior. No Op. 35, indubitavelmente a melhor série de variações que escreveu antes das visionárias “Diabelli”, Beethoven lança mão dum tema de baixo que aparentemente lhe era muito querido: além de usá-lo no finale da música para o balé Die Geschöpfe des Prometheus (Op. 43), ele está numa de suas doze contradanças (WoO 14) e retornaria no finale de sua revolucionária sinfonia no. 3, a Eroica, por cuja alcunha essas variações acabaram conhecidas. Mais adequado, no entanto, seria chamá-las de “Variações Prometheus”, como o próprio compositor sugeriu ao editor, uma vez que o balé tinha sido publicado no ano anterior, e a Eroica, publicada somente três anos depois, encontrava-se apenas no começo de sua prolongada gestação.

Completam o disco as relativamente convencionais variações Op. 76, baseada na “Marcha Turca” da música incidental para a peça Die Ruinen von Athen (Op. 113) e outras três séries de variações. A duas primeiras, que abrem a gravação, baseiam-se sobre temas ingleses (o hino God Save the King e a canção patriótica Rule, Britannia!) e possivelmente direcionavam-se a seu crescente séquito de fãs nas ilhas britânicas – e os dois temas, curiosamente, seriam utilizados novamente em sua espalhafatosa Wellingtons Sieg, Op. 91, que lhe foi uma usina de dinheiro.

A série restante, com trinta e duas variações, todas muito curtas e virtuosísticas sobre um tema em Dó menor, é uma das poucas obras significativas que Beethoven publicou sem atribuir um número de Opus – algo que fez sem titubear, por exemplo, com as muito menos inspiradas variações do Op. 76. Um compêndio de truques pianísticos, foram um sucesso instantâneo entre pianistas profissionais e diletantes, o que talvez contribuiu para que o compositor as encarasse com algum desdém. Algumas fontes bem confiáveis (nada do atochador Schindler, portanto) contam que Beethoven as ouviu executadas pela filha de Johann Streicher, conhecido fabricante de pianos e, talvez enfastiado com a interpretação da jovem amadora e impedido pelas circunstâncias de lhe dirigir qualquer resmungo, perguntou:

– De quem é isso?
– Suas – responderam-lhe.
– Minhas? Essas tolices são minhas?
– … sim.
– Oh, Beethoven… que JUMENTO tu eras…

ooOoo

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Sete variações para piano sobre “God Save the King”, em Dó maior, WoO 78

2 – Cinco variações para piano sobre “Rule, Britannia!”, em Ré maior, WoO 79

3 – Trinta e duas variações para piano sobre um tema original, em Dó menor, WoO 80

4 – Seis variações para piano sobre um tema original, em Fá maior, Op. 34

5 – Quinze variações e uma fuga para piano sobre um tema original, em Mi bemol maior, Op. 35, “Variações Eroica”

6 – Seis variações para piano sobre um tema original, em Ré maior, Op. 76

Rudolf Buchbinder, piano

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Procuramos muito uma imagem de Buchbinder com a qual pudéssemos fazer gracinhas. Fracassamos: o bicho é um titã da fotogenia. Que homem, amigos – que homem!

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Andrew Lloyd Webber (1948): Jesus Christ Superstar (uma Paixão contemporânea?)

Andrew Lloyd Webber (1948): Jesus Christ Superstar (uma Paixão contemporânea?)

Jesus Christ Superstar 1974 - capaHoje, 14.03.2014, estreia em São Paulo a segunda montagem brasileira desta chamada ‘rock opera’ – passados 45 anos de sua composição, 43 da estreia mundial, 42 da primeira montagem brasileira, e 40 da gravação apresentada aqui, regida por André Previn, como trilha de filme dirigido por Norman Jewison.

Achei um bom momento para revalidar o link desta postagem feita originalmente em 21.04.2011 – acrescentando um vídeo sobre a atual montagem brasileira (cujo protagonista – segredo aqui entre nós! – é parente de um membro da nossa equipe). SEGUE O TEXTO ORIGINAL DA POSTAGEM:

.  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .
Eu devia ter 17 anos e viajei a São Paulo especialmente para ouver a São Mateus no Teatro São Pedro (tudo em família…)

Ainda não tinha o menor preparo para avaliar a regência do Eleazar de Carvalho – só lembro que achei atroz a pronúncia do alemão do evangelista estadunidense que ele havia trazido. E que na volta do intervalo meu vizinho de cadeira, um senhor português pelo menos 40 anos mais velho, puxou papo e, me tratando de “o senhor”, acabou perguntando se eu já havia visto Jesus Christ Superstar, que havia entrado há pouco nos cinemas, quatro anos depois de estrear no palcos de Londres rotulada como ópera em rock.

Devo ter feito uma espécie de cara de nojo, pois meu vizinho se apressou em dizer que também tinha ido ver com muita resistência, mas havia sido conquistado e saído do cinema encantado. O resultado foi que, de volta a Curitiba, fui quase que envergonhadamente ao Cine Condor – e saí também eu debaixo de uma espécie de sortilégio que me levou ao cinema mais quatro vezes em duas semanas.

Achei tão bom assim? Não, o ponto não era “ser bom” – o que também não quer dizer que achei ruim! Acho que primeiro de tudo foi uma experiência estética – musical e cênica – diferente de tudo o que eu já tinha ouvisto. Segundo, era uma maneira totalmente diferente – uma maneira minha contemporânea – de se relacionar com o material mítico cristão, de que quase cada minuto da minha formação havia sido impregnada.

É evidente que hoje percebo que o material temático é bastante limitado para 1 h 36 min de música – o que pode ser visto tanto como insuficiência quanto como virtude -, e que ao lado de trechos onde a linguagem blues-rock soa forte e autêntica há alguns de um “popismo” quase constrangedor… Seja como for, confesso que, no mínimo pelo papel que desempenhou em minha própria descoberta do mundo, não consigo deixar de ter estima pela obra.

E aqui me apresso a esclarecer que não empreguei o adjetivo “contemporâneo”, no título da postagem, como sinônimo de “experimental” com referência à linguagem musical – sentido em que Paixão segundo São Lucas de Penderecki, do ano anterior, seria muito mais legitimamente “uma Paixão contemporânea”.

No entanto Penderecki coloca em uma nova linguagem musical apenas palavras e sentimentos ortodoxamente católicos, que poderiam ter sido sentidos de modo idêntico mil anos antes, enquanto que o libreto de Tim Rice tenta se aproximar do material mítico cristão de uma forma questionadora, embora não sem uma tentativa de compreensão compassiva – ou seja: de uma forma tensa, complexa, de certa forma comparável à que Saramago apresentará depois no seu Evangelho segundo Jesus Cristo – e é nisso que eu vejo sua contemporaneidade – no meu ver ainda não esgotada neste 42.º ano da obra.

Pra terminar quero contar por quê não escolhi a gravação da versão de palco original de Londres, feita em 1970, e sim esta regida por André Previn, que é a trilha do filme de Norman Jewison lançado em 1974: foi sobretudo pra não abrir mão do timbre e da força interpretativa inesquecíveis com que Carl Anderson abre a obra, em seu papel de Judas –

… o que na época gerou polêmicas de todos os lados: conservadores atacavam a obra como demoníaca por apresentar um Judas tão atraente e razoável, militantes a taxavam de racista por atribuir o papel de Judas a um negro (mesmo não sendo o único no elenco). E confesso a vocês que o fato de incomodar pra todos os lados tende a ser visto por mim como uma virtude artística em si.

Mas agora é com vocês, aí vai!

Cena do filme de Norman Jewison


Andrew Lloyd Webber (1948): JESUS CHRIST SUPERSTAR (1969)
Versão regida por André Previn em 1973-74
para a versão filmada por Norman Jewison

(mais informações no arquivo)
DISC 1:
01. Overture
02. Heaven On Their Minds
03. What’s The Buzz
04. Strange Thing Mystifying
05. Then We Are Decided
06. Everything’s Alright
07. This Jesus Must Die
08. Hosanna
09. Simon Zealotes
10. Poor Jerusalem
11. Pilate’s Dream
12. The Temple
13. I Don’t Know How To Love Him
14. Damned For All Time / Blood Money

DISC 2:
01. The Last Supper
02. Gethsemane (I Only Wanted To Say)
03. The Arrest
04. Peter’s Denial
05. Pilate And Christ
06. King Herod’s Song
07. Could We Start Again, Please?
08. Judas’ Death
09. Trial Before Pilate
10. Superstar
11. The Crucifixion
12. John Nineteen: Forty-One

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Link alternativo: BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

ENQUANTO BAIXA, ASSISTA O MAKING-OF DA ATUAL MONTAGEM BRASILEIRA. Contém observações sobre a música que me surpreenderam!

Ranulfus
Publicado originalmente em 21.04.2011

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano nº 5, “Imperador”

O Concerto nº 5 (de 1811) é apelidado Imperador justamente por ser uma das obras orquestrais mais grandiosas da fase heróica de Beethoven, junto com as Sinfonias nº 3 (1803), 5 e 6 (1808) e a ópera Fidelio com suas quatro Aberturas (1805 a 1814).

Karl Böhm (1894-1981) foi um maestro austríaco que conheceu, em Viena e Salzburgo, as gerações contemporâneas de Brahms e Bruckner, e carregou a tocha do romantismo germânico sem os exageros de Karajan. Realizou gravações famosas de Beethoven com a Filarmônica de Viena e a Staatskapelle Dresden. Sua Pastoral foi escolhida por meu colega Das Chucruten como a gravação romântica por excelência desta sinfonia.

Pollini não precisa de apresentações, os frequentadores do blog acompanharam suas gravações de Beethoven, de Chopin e muitos outros. Ele já foi incensado dezenas de vezes pelos elogios de PQP e FDP, como nesta postagem abaixo, de 2008.

Como colaboração à Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini trago para os nossos leitores / ouvintes um grande momento. Maurizio Pollini tocando o Concerto Imperador acompanhado pelo grande Karl Böhm.

Explico: há alguns meses, uma grande amiga do blog, Laís Vogel, me perguntou com aquele jeitinho que toda a baiana tem, se por acaso eu não teria esta gravação. Como grande admirador destes dois músicos, informei-lhe que obviamente possuía, e que se fosse de seu desejo, eu mandaria para ela. Claro que fã ardorosa de Pollini, e membra(?) fundadora da Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini ela pediu encarecidamente a gentileza. Bem, enviei este material para ela, e acabei esquecendo da tal da gravação, envolvido que estava com outras coisas.

Falar o que sobre o Concerto Imperador a não ser que o considero a maior obra já escrita para o repertório pianístico? Falar o que sobre Pollini que já não tenha sido falado aqui no blog, e  ardorosamente defendido pela Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini…? E Karl Böhm, um dos maiores regentes do século XX, imbatível no quesito Mozart?

Vamos deixar, portanto, que a música fale por si mesma.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor”

1. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 1. Allegro
2. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 2. Adagio un poco mosso
3. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 3. Rondo (Allegro)

Maurizio Pollini – Piano
Karl Böhm – Condutor
Wiener Philharmoniker

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#BTHVN250, por René Denon

FDP (2008), Pleyel (Repostagem, 2020)

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos nº 2 e 4 – Fleisher, Szell, Cleveland Orchestra

No apogeu de sua carreira, Leon Fleischer desenvolveu distonia focal, um distúrbio do movimento neurológico que o deixou incapaz de tocar com a mão direita por 30 anos. Fleisher foi forçado a se concentrar no ensino e na condução, além de poder tocar apenas o repertório para a mão esquerda. No entanto, após décadas de terapias malsucedidas, as injeções de Botox começaram a restaurar o uso da mão direita de no início dos anos 90.

Leon Fleischer, George Szell e a Cleveland Orchestra fizeram história naquele começo de década de 60. E venderam muito, deixando os executivos da Columbia muito felizes. E olha que na época a concorrência era acirrada no mundo fonográfico. Mas como grandes músicos que eram, deixaram sua marca.

01 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 1. Allegro Con Brio
02 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 2. Adagio
03 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 3. Rondo- Molto Allegro
04 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 1. Allegro Moderato
05 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 2. Andante Con Moto
06 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 3. Rondo- Vivace

Leon Fleicher – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Bagatelas, Opp. 33, 119 & 126 – Brendel

Ao que tudo indica, Beethoven foi o primeiro a usar o termo “bagatela” no sentido de uma pequena peça para piano, assim chamando as três coleções publicadas sob os Opp. 33, 119 e 126. Além delas, um bom número de “ninharias” descobertas entre seus papeis, depois de sua morte, foram a prensa com a mesma denominação – incluindo aquela celebérrima, em Lá menor, que todos conhecem como “Pour Elise”.

As peças do Op. 33 são, grosso modo, um balaio de gatos com rascunhos, esboços e estudos abandonados para peças mais importantes, algumas datadas de seus anos em Bonn. Elas foram provavelmente retocadas e publicadas com o único e bastante terreno intuito de ganhar dinheiro – um expediente recorrente na vida do compositor que, apesar da fama crescente, via-se constantemente premido pelas necessidades a ser cada vez menos criterioso quanto àquilo que enviava aos editores. Não que essas miniaturas não sejam interessantes – a no. 6, que contém a incomum indicação “com uma certa expressão falante”, é extremamente expressiva, à altura dos bons momentos do compositor.

As duas séries remanescentes, publicadas em sua maturidade, são bastante diferentes. As do Op. 119, chamadas por Beethoven de “Novas Bagatelas”, não eram exatamente novas: baseavam-se em material reaproveitado, tanto dos cadernos de rascunho dos primeiros anos em Viena quanto dum compêndio didático para o qual colaborara, no qual as peças são chamadas “Kleinigkeiten” (“ninharias”). De qualquer maneira, são muito melhor trabalhadas que suas predecessoras e mais coesas como conjunto. Além disso, a coleção contém algumas das peças mais sucintas jamais publicadas pelo compositor – inclusive a recordista (no. 10, “Allegramente”), com meros treze compassos e quase tantos segundos de duração. A última série, Op. 126, não contém qualquer material reaproveitado, demonstrando a habilidade de Beethoven nas pequenas formas, como um hábil miniaturista a repousar dos esforços transcendentes dedicados à Nona Sinfonia, a Missa Solemnis e as Variações Diabelli, concluídas na mesma época.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sete bagatelas para piano, Op. 33
Compiladas e retrabalhadas entre 1801-02
Publicadas em 1803

1 – Andante grazioso quasi allegretto
2 – Scherzo – Allegro
3 – Allegretto
4- Andante
5- Allegro ma non troppo
6 – Allegretto quasi andante
7 – Presto

Dois rondós para piano, Op. 51
Composto e publicado em 1797
8 – No. 1 em Dó maior

Bagatela para piano em Dó menor, WoO 53 (1796-7)
9 – Allegretto

Onze novas bagatelas para piano, Op. 119
Compostas entre 1820-1822
Nos. 7-11 publicadas no tratado de piano de F. Starke em 1821
Coleção completa publicada em 1823

10 – Allegretto
11 – Andante con moto
12 – A l’Allemande
13 – Andante cantabile
14 – Risoluto
15 – Andante — Allegretto
16 – Allegro, ma non troppo
17 – Moderato cantabile
18 – Vivace moderato
19 – Allegramente
20 – Andante, ma non troppo

Seis bagatelas para piano, Op. 126
Compostas em 1824
Publicadas em 1825

21 – Andante con moto, cantabile e compiacevole
22 – Allegro
23 – Andante, cantabile e grazioso
24 – Presto
25 – Quasi allegretto
26 – Presto – Andante amabile e con moto

Bagatela em Si bemol maior, WoO 60 (1818)
27 – Ziemlich lebhaft

Bagatela em Lá menor, WoO 59, “Für Elise” (1808-10)
28 – Poco moto

Alfred Brendel, piano

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Brendel encerrando a “Hammerklavier” é um dos meus momentos favoritos na vida

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704): Un Carnaval en Kremsier

Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704): Un Carnaval en Kremsier

Um bom, leve e divertido disco de danças com a música do grande Biber, um dos compositores mais talentosos do barroco.

Heinrich Ignaz Franz von Biber foi um compositor e violinista do período barroco. Pouco se sabe de sua educação, além de que pode ter estudado num colégio jesuíta em Opava, na Boêmia, e que possivelmente recebeu alguma educação musical de um organista local. Antes de 1668, Biber trabalhou na corte do Príncipe Johann Seyfried von Eggenberg, em Graz, e depois foi empregado pelo príncipe-bispo de Olomouc, Karl II von Liechtenstein-Kastelkorn , em Kroměříž. Biber tinha boa reputação, e suas habilidades no violino eram altamente apreciadas.

No verão de 1670, Karl II enviou Biber a Absam, perto de Innsbruck, para adquirir novos violinos, feitos pelo luthier Jacob Stainer, para a Kapelle, porém Biber nunca retornou e, em vez disso, começou a trabalhar para o Arcebispo de Salzburg, Maximilian Gandolph von Kuenburg. Como Karl e Maximilian eram amigos, o antigo empregador não tomou nenhuma atitude… Biber permaneceu em Salzburg pelo resto de sua vida.

Em 1684, foi nomeado Kapellmeister (mestre de capela) em Salzburg. Sua vasta produção musical foi recuperada e é interpretada até hoje. Biber serviu à nobreza com afinco, provavelmente sem participar de turnês. Foi inovador, trazendo para o repertório de violinos, inovações técnicas e estéticas. São relevantes as pitorescas e virtuosísticas Sonatas de Biber, com destaque para as Mystery Sonatas, que inclui novas técnicas e tonalidades incomuns.

Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704): Un Carnaval En Kremsier

Trombet-undt Musicalischer Taffeldienst A 4
1 Intrada 0:58
2 Sonata, Allamanda, Courante, Allamanda 4:55
3 Intrada 1:07
4 Gavotte, Gigue 2:41
5 Sonatina (Ciacona) 3:10

Arien A 4
6 Allegro – Adagio, Allamanda 2:12
7 Amoresca, Giga, Sonatina 3:33

Harmonia Romana
8 Sonata, Presto, Courante, Fuga 6:16
9 Passagio 3:19
10 Saltarello, Allemanda, Gigue 5:53

Balletti
11 (Intrada), Ballo (Trezza), Aria, Die Werber, (Aria), Allemanda 6:42
12 Ciacona 2:10

Arien A 4
13 Intrada (Allegro-Adagio), Aria, Aria, Gigue (Prestissimo) 5:03

Balletti
14 Aria 1ª (Barbaresca), Aria 2ª, Intrada – Aria 2ª 2:02
15 (Aria) 2, (Aria) 3 2:09
16 (Aria) 4, (Aria) 5 2:08
17 (Aria) 6, (Aria) 7 2:45
18 (Aria) 8, Campanas 3:27

Balletti Lamentabili A 4
19 Sonata 3:10
20 Allamanda 2:43
21 Sarabande 2:25
22 Gavotte 0:49
23 Gigue 3:25
24 Lamenti (Adagio) 1:30

Conductor – Gunar Letzbor
Orchestra – Ars Antiqua Austria

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Dança de casamento ao ar livre (1607, detallhe), de Pieter Brueghel, o Jovem

PQP

Antonio Vivaldi (1678-1741): Arie d’Opera dal fondo Foà 28 – Sandrine Piau; Paul Agnew; Modo Antiquo Ensemble, Federico Sardelli


Antonio Lucio Vivaldi
Veneza, 1678-Viena, 1741

Sandrine Piau, soprano
Ann Hallenberg, mezzosoprano
Paul Agnew, tenor
Guillemette Laurens, mezzosoprano

Modo Antiquo Ensemble
Federico Maria Sardelli

2005

Um CD de gravações de estreia mundial de músicas que não são ouvidas desde os dias de Vivaldi. O volume 28 da coleção Foà é a coleção pessoal de árias de ópera de Vivaldi e inclui variantes nas árias realizadas nas óperas.

As performances sob a direção elegante de Federico Maria Sardelli, que também contribui com um deslumbrante obbligato na gravação da ária final, são esplêndidas. Sandrine Piau e Ann Hallenberg carregam o maior peso de responsabilidade em árias, muitas das quais exigem pirotecnia vocal e um nível constantemente alto de realização técnica. Vivaldi incluiu apenas quatro árias para tenor em seu ‘kit de viagem’ e todas elas estão incluídas aqui. Paul Agnew enfrenta seus muitos desafios admiravelmente e as duas gravações de La verità in cimento estão entre as melhores peças desta seleção.

Dos quatro excelentes cantores, é Paul Agnew que lida com as coisas mais consistentemente ingratas e … ele negocia tudo com enorme desenvoltura. … A verdadeira maravilha é Sandrine Piau, que não só tem a música mais memorável… mas também mostra uma maneira deliciosamente fresca e uma veia rica de ornamentação eficaz. (extraído da internet)

Arie d’Opera – Modo Antiquo Ensemble
01. La Candace RV 704 – Certo timor ch’ho in petto
02. La Silvia RV 734 – E barbaro quel cor
03. La verita in cimento RV 739 – Mi Fe Reo L’Amor D’Un Figlio
04. RV 749.21 – Zeffiretti che sussurrate
05. La Candace RV 704 – Anima del cor mio
06. La Candace RV 704 – Usignoli che piangete
07. La verita in cimento RV 739 – Quando serve alla ragione
08. La Silvia RV 734 – Quell’augellin
09. La Silvia RV 734 – Mio cor s’io ti credessi
10. Tito Manlio RV 738-A – Dar la morte a te mia vita
11. Tieteberga RV 737 – L’innocenza sfortunata
12. Medea e Giasone RV 749.13 – Se fido rivedrÚ
13. La Silvia RV 734 – Sei tiranna se un ben fedel
14. Tito Manlio RV 738-A – D’improvviso riede il riso
15. La Candace RV 704 – Chi s’oppone a miei voleri
16. La Candace RV 704 – Lo Son Fra L’Onde

Arie d’Opera – Modo Antiquo Ensemble – 2005
Modo Antiquo Ensemble, Federico Maria Sardelli
Sandrine Piau, Ann Hallenberg
Paul Agnew, Guillemette Laurens

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XLD RIP | FLAC | 325 MB

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MP3 | 320 KBPS | 157 MB

powered by iTunes 12.8.2 | 1 h 05 min

Sandrine deslumbrada com a PQPBach Corp.

 

 

 

 

 

 

 

Por gentileza, quando tiver problemas para descompactar arquivos com mais de 256 caracteres, para Windows, tente o 7-ZIP, em https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ e para Mac, tente o Keka, em http://www.kekaosx.com/pt/, para descompactar, ambos gratuitos.

If you have trouble unzipping files longer than 256 characters, for Windows, please try 7-ZIP, at https://sourceforge.net/projects/sevenzip/ and for Mac, try Keka, at http://www.kekaosx.com/, to unzip, both at no cost.

Boa audição!

 

 

 

 

Avicenna

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – An die Hoffnung (Opp. 32 e 94) – Adelaide, Op. 46 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – Der Kuß, Op. 128 – Lieder Opp. 48, 83, 88 – Fischer-Dieskau – Demus

Além de desprezar Horowitz e odiar Glenn Gould, outro esporte muito comum entre os melômanos é falar mal das dúzias de canções que Beethoven nos legou. Dando-se-lhe o devido desconto por ter sido contemporâneo de Schubert,  gênio inconteste do Lied, e reconhecendo que muitas de suas canções juvenis só têm importância histórica, acho esse preconceito com Ludwig injustificado: a produção vocal de câmara do mestre tem muitas peças interessantes, além de algumas de excepcional valor, que começamos a lhes apresentar a seguir.

Como pianista virtuoso e aluno de instrumentistas, era natural que o campo da música instrumental fosse o habitat mais natural para as criações do turrão. Ademais, dominar a composição de música vocal foi-lhe um considerável desafio. Neefe, com quem teve as primeiras aulas formais em Bonn, compunha canções algo simplórias e certamente o estimulou em suas primeiras tentativas no gênero (tais como Schilderung eines Mädchens, composta aos 12 anos e inclusa neste disco). Albrechtsberger, seu professor em Viena, também escreveu prolificamente para a voz, e o próprio Ludwig, almejando fama e fortuna com óperas em italiano, instruiu-se com Antonio Salieri na arte de criar para vozes nesse idioma, afã que rendeu vários exercícios de declamação que chegaram aos nossos tempos.

Apesar da notoriedade que ganhou em Bonn com duas cantatas dedicadas a imperadores (às quais, naturalmente, algum dia chegaremos nessa série), Beethoven era muito reticente com a música vocal camerística. Apesar de muitos modelos sobre os quais se calcar, faltava-lhe inserção suficiente nos meios aristocráticos apreciadores de música vocal para que obras assim lhe valessem a pena, uma vez que seus patronos, quase unanimemente, prestigiavam a música instrumental. A chave para a consagração, pensava ele, era compor uma ópera, mas muitos anos passariam até que Fidelio, sua única obra completa no gênero, chegasse aos palcos depois de imensas amarguras para o compositor.

Havia, também, um motivo mais íntimo para a insegurança: a despeito de todo brio com que se portava à medida que sua fama crescia (frequentemente ilustrado pela anedota de que, ao encontrar Goethe no balneário de Teplice, teria se recusado a prestar reverência à realeza passante), Beethoven reconhecia a precariedade de sua educação formal. Comentava com desdém sua letra, que dizia ser “de uma lavadeira”, e pranteava o que chamava de “meus poucos modos”, que eram muito sentidos nas tentativas, invariavelmente frustradas, de corte às inúmeras jovens aristocráticas por quem se apaixonou. Embora também menosprezasse sua cultura literária, era um ávido leitor de grandes autores. Ainda mais que Schiller, uma paixão de vida toda que redundaria na Ode an die Freude que todos conhecemos, seu maior herói literário era Goethe, e seus planos de musicar obras do mestre de Weimar – incluindo, num arroubo de otimismo, o Fausto inteiro! – acabaram por realizar-se num bom número de canções e na bela cantata Meeresstille und Glückliche Fahrt, composta depois do encontro supracitado dos dois gênios.

Quem ouve as três canções do Op. 83, sobre poemas de Goethe, ou acompanha a inventividade e beleza com que Beethoven lamenta uma amada distante no Op. 94, que considero um dos mais belos ciclos em todo repertório de Lieder, certamente reverá seus conceitos acerca da produção vocal do mestre. Mais ainda, quem comparar as duas versões de An die Hoffnung (Opp. 32 e 94), um triste clamor pela esperança que lhes dá o título, perceberá que, entre a canção estrófica de acompanhamento arpejado de 1805 e a outra, completamente posta em música (Durchkomponiert), cheia de ousadias harmônicas e com um acompanhamento que só poderia ter sido escrito pelo inventor duma obra revolucionária para o piano, bem, quem as comparar terá inda outra prova de que a evolução artística de Beethoven é realmente a mais impressionante entre todos os criadores.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – An die Hoffnung, Op.32 (poema de Tiedge, 1ª versão)
2 – Adelaide, Op.46 (Matthison)

Seis Lieder, Op. 48 (Gellert)
3 – No. 1: Bitten
4 – No. 2: Die Liebe des Nächsten
5 – No. 3: Vom Tode
6 – No. 4: Die Ehre Gottes aus der Natur
7 – No. 5: Gottes Macht und Vorsehung
8 – No. 6: Busslied

Três canções, Op. 83 (Goethe)
9 – No. 1: Wonne der Wehmut
10 – No. 2: Sehnsucht
11 – No. 3: Mit einem gemalten Band

12 – Vita Felice, Op. 88
13 – An die Hoffnung, Op.94 (Tiedge, 2ª versão)

Lieder an die Ferne Geliebte, Op.98 (Jeitteles)
14 – No. 1: Auf dem Hugel Sitz’ ich, spahend
15 – No. 2: Wo die Berge so Blau
16 – No. 3: Leichte Segler in den Hohen
17 – No. 4: Diese Wolken in den Hohen
18 – No. 5: Es kehret der Maien, es bluhet die Au
19 – No. 6: Nimm Sie hin denn, diese Lieder

20 – Ariette (Der Kuss), op.128 (Weisse)
21 – Schilderung eines Mädchens, WoO 107
22 – Duas canções: Seufzer eines Ungeliebten – Gegenliebe, WoO 118 (Bürger)
23 – Ich liebe dich, so wie du mich (Zärtliche Liebe), WoO 123 (Herrosee)
24 – La Partenza, WoO 124 (Metastasio)
25 – Opferlied, WoO 126 (Matthison)
26 – Der Wachtelschlag, WoO 129 (Sauter)
27 – Als die Geliebte sich Trennen Wollte, WoO 132 (Hoffman, tradução de von Breuning)

Dietrich Fischer-Dieskau, barítono
Jörg Demus, piano

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Um Ludwig acaju, todo trabalhado na henna

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado – Livro I – Trevor Pinnock, cravo

J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado – Livro I – Trevor Pinnock, cravo

Bach

O Cravo Bem Temperado

Livro I

Trevor Pinnock

 

O que poderia ser apenas um tratado sobre as tonalidades, um caderno de exercícios, se viesse de uma mente menos genial, revela-se, nas mãos de um intérprete talentoso, uma genuína obra de arte.

O Cravo Bem Temperado é mais um monumento criado por Bach, que reunia preocupação com educação musical, talento criativo, profundo conhecimento musical e, sobretudo, uma genialidade artística grandiosa.

A primeira vez que ouvi alguns destes Prelúdios e Fugas foi em um velho LP com gravações de Wanda Landowska. O nome da obra me sugeria doce de abóbora, temperado com cravo. Pois é, minhas escolhas musicais já foram guiadas pelo estomago….

Depois ouvi András Schiff, Gulda e Gould, estes ao piano. Também a clássica gravação ao cravo de Kenneth Gilbert, com a famosa ilustração do Homem Vitruviano.

Mas hoje, as honras são para este músico completo, pioneiro dos instrumentos de época, Trevor Pinnock. Há pouco tempo fiz uma postagem de um antigo disco dele, na qual mencionava sua disposição de gravar o Cravo Bem Temperado. Pois aqui está o primeiro livro.

Uma palhinha, aqui.

Veja como ele se refere a esta música:

A minha jornada com o Cravo Bem Temperado tem sido de uma vida toda. O meu primeiro encontro com esta obra foi quando tinha uns 12 anos, quando alguém me deu um volume dourado e rosa, uma velha edição feita por Czerny, que agora sabemos ser notoriamente não confiável. Isto deu-me horas de descobertas. Alguns anos depois eu ouvi todos os prelúdios e fugas, interpretados ao piano, pelo rádio, e fui fisgado. Quando tinha uns vinte anos, gravei alguns prelúdios e fugas para uma transmissão de rádio e eu soube que algum dia eu tocaria todos eles. No entanto, a montanha parecia impossível de ser escalada e Bach, um duro e formidável mestre ao propor tarefas. Como eu poderia aprofundar-me na densidade de algumas destas fugas, sem mesmo considerar entende-las?
Assim, apesar de posteriormente tocar vários outros prelúdios e fugas, um plano de gravar todos os prelúdios e fugas foi repetidamente sendo adiado ao longo de dez anos, até recentemente, quando decidi que não mais poderia adiar. Agora eles serão uma parte central de mim pelo resto da minha vida.

O texto original em inglês pode ser encontrado aqui. Você poderá ouvir o próprio Trevor. Confira aqui.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

O Cravo Bem Temperado – Livro I

Trevor Pinnock, cravo

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FLAC | 692 MB

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MP3 | 320 KBPS | 285 MB

Assim, baixe logo o arquivo, recoste-se na confortável poltrona e aproveite!

Como diria um certo grande mestre: IM-PER-DÍ-VEL!!!!

René Denon

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos nº 1 & nº 3 – Leon Fleisher, Cleveland Orchestra, George Szell

 

FrontHoje trago para os senhores uma repostagem para continuar com minha contribuição às comemorações dos 250 anos do nascimento de Beethoven. E com uma turminha muito especial: Leon Fleischer e George Szell, nos áureos deste com a Orquestra de Cleveland. 

O norte-americano Leon Fleischer (californiano, para ser mais exato), foi um fenômeno do piano que apareceu nas paradas ali em meados dos anos 50. O rapaz foi aluno de Arthur Schabel, quiçá o maior intérprete de Beethoven da primeira metade do século XX. Participou de diversas gravações com George Szell e sua Cleveland Orchestra, incluindo aí uma turnê até na Rússia. Ah, com meros 16 anos de idade se apresentou com a New York Philharmonic sob a direção de Pierre Monteux. tem currículo o rapaz… mas continuarei a dar detalhes autobiográficos dele nas postagens que concluirão esta série. 

Não sei quantas versões tenho dos concertos para piano de Beethoven, nem quantas já ouvi. Tenho algumas versões favoritas, enquanto que outras se encontram naquela lista para se ouvir com mais atenção, pois tem alguma coisa que se destaca.

Talvez estas gravações de Leon Fleischer se encontrem nesta categoria, pois não as tenho há muito tempo. Claro que os nomes envolvidos chamam a atenção, ainda mais depois da formidável leitura que este mesmo trio, Fleischer / Szell / CO, fez dos concertos de Brahms. Confesso, portanto, que ouvi poucas vezes estes CDs, e deixo a seu cargo a responsabilidade de classificá-los.

Minhas postagens tem sido feitas a toque de caixa, devido a eterna falta de tempo. E aqui novamente não vai ser diferente. Um cd por dia, certo?

01 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Allegro Con Brio
02 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Largo
03 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Allegro Scherzando
04 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Allegro Con Brio
05 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Largo
06 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Allegro

Leon Fleischer – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

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FDP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Três sonatas para piano, Op. 31 – Gould

Um tremendo trio de sonatas, estas do Op. 31. Diria mesmo que, individualmente e em conjunto, são as primeiras obras-primas maduras de Beethoven e, acima de tudo, marcos de sua ruptura com as convenções do classicismo para a expressão de um estilo fortemente individual. Elas tiveram grande repercussão em seu tempo, ainda que um incidente tenha retardado seu lançamento: após decidir publicá-las em Zurique, Ludwig enfureceu-se ao descobrir que seu editor suíço tinha acrescentado alguns compassos ao final do Allegro de abertura da sonata em Sol maior, e organizou uma republicação em Viena. O incidente sugere, talvez, o estranhamento causado pelos dois golpes secos ao teclado com que Beethoven encerrou o movimento, induzindo o editor suíço a finalizá-lo duma maneira que lhe parecia mais satisfatória. Esses toques incomuns, alheios às convenções vigentes, são uma das marcas da genial sonata em Ré menor, cujos movimentos todos desfalecem, em vez de encerrarem com uma vigorosa reafirmação da tonalidade. Apesar dela ter sido apelidada de “Tempestade” – numa referência oblíqua à obra de Shakespeare, que o nunca confiável factotum Schindler atribuiu ao próprio Beethoven -, nada há nela de programático, e os contrastes entre os plácidos arpejos recorrentes e os episódios tumultuados que se intercalam a eles expressam tensão e resolução para bem além das normas da sonata-forma. A última obra da trinca é, pelo contrário, uma bem-humorada, diria mesmo risonha obra sem movimentos lentos, e talvez a menos convencional de todas do ponto de vista harmônico. Toda esta inconvencionalidade reunida sob o teto dum só número de Opus devem tê-las tornado atraentes para o mais excêntrico dos grandes pianistas, e Glenn Gould, que as aprendeu muito cedo, de fato sempre as manteve em seu repertório. Depois de anos a ouvir interpretações romantizadas que nunca me convenceram, este registro do canadense – tecnicamente impecável e sem sentimentalismos – soou-me como uma revelação. Considero-a sua melhor gravação de Beethoven, e espero que também a consigam apreciar.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Três sonatas para piano, Op. 31
Compostas em 1802
Publicadas em 1803

No. 1 em Sol maior
1 – Allegro vivace
2 – Adagio grazioso
3 – Rondo – Allegretto – Adagio – Presto

No. 2 em Ré menor, “Tempestade”
4 – Largo – Allegro
5-  Adagio
6 – Allegretto

No. 3 em Mi bemol maior
7 – Allegro
8 – Scherzo – Allegretto vivace
9 – Menuetto – Moderato e grazioso
10 – Presto con fuoco

Glenn Gould, piano

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Para quem não se contenta com odiar um só Gould, aqui vai uma dúzia para que se divirtam.

#BTHVN250, por René Denon
Vassily

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para piano nº 17, 30, 31, 32 (Richter-Haaser) #BTHVN250

Vimos aqui que com a crise social e econômica ligada à Revolução Francesa, a vida artística de Viena decaiu subitamente. Haydn foi morar em Londres (onde a riqueza era maior, as orquestras eram maiores e ele compôs suas sinfonias mais grandiosas), enquanto Mozart permaneceu em Viena e morreu pobre em 1791, aliás não era só ele: quase todos estavam pobres em Viena.

Pois bem. Em 1792, aparentemente a cena musical vienense melhorou, concluo isso pois Haydn foi chamado de volta. No caminho de Londres para o sul, ele passou por Bonn, onde se deparou com a partitura de uma cantata de Beethoven e convidou aquele  alemão de 21 anos para ser seu aluno em Viena. Outro provável motivo para Ludwig aceitar o convite era familiar: sua mãe morrera de tuberculose em 1787, o pai fora aposentado devido ao alcoolismo em 1789 (não foi um ano fácil pra ninguém!), nada mais o prendia ali. Ludwig, ao que parece, pretendia voltar à região do rio Reno após seus estudos em Viena, mas a vida nem sempre segue nossos planos. O pai morreria um mês após a chegada a Viena, os dois irmãos também se mudariam para a Áustria poucos anos depois…

Em carta de 29 de junho de 1800, Ludwig escreveu: “há momentos em que minha alma cultiva o desejo de estar com meus antigos amigos e ficar com eles algum tempo. Meu país, a bela região onde vi a luz do mundo, ainda é tão bonito e claro para mim como antes de deixá-los, enfim, considerarei como a grande fortuna de minha vida se puder vê-los novamente e cumprimentar nosso pai Reno. Quando esse dia virá, não posso te dizer com certeza. Mas quero dizer que me encontrarão maior: não falo do artista, mas também do homem, que lhes parecerá melhor; e se o bem-estar não crescer um pouco em nossa pátria, minha arte deverá se dedicar a melhorar a sorte dos mais pobres…” Em 1801, quinze meses depois, ele escrevia para o mesmo amigo de Bonn em um tom bem mais severo, de um homem que batalha com a surdez e outras doenças: “Não fosse minha surdez, já teria percorrido a metade do universo; é disso que eu precisava. Não há maior alegria para mim do que exercer e fazer brilhar minha arte em público […] Não creia que eu seria feliz perto de vocês. O que me tornaria mais feliz aí? Esses belos campos de minha pátria, o que eu encontraria lá? Nada além da esperança de melhora deste mal…. Oh! eu abraçaria o universo se me livrasse deste mal!”

Ludwig nunca mais voltaria a ver sua terra natal. Nisso, Beethoven se assemelha a Chopin, que também nunca voltou à sua Polônia após sair em exílio.  São artistas de dois lugares, com um pé aqui, o outro lá longe. Em Chopin, é mais evidente a oposição entre Mazurkas e Polonaises representando a terra natal e Norturnos e Barcarolle com uma sonoridade da Europa ocidental – oposição que ele transcende e une na Polonaise-Fantaisie. Em Beethoven, essas duas faces se combinam de maneira mais sutil.

Após toda essa introdução sobre o compositor alemão-austríaco e as complexidades inseridas na alma do mesmo homem, vamos pular para os músicos que, nesses últimos dois séculos, têm se dedicado à difícil tarefa de trazer à vida a música de Beethoven. Entre os intérpretes, é possível falar em uma linha de interpretação que foca no Beethoven mais alemão, sério, intelectual. E em uma outra escola que foca no Beethoven vienense, com seu desejo de brilhar nos palcos do Império Austro-Húngaro como o fez Mozart, com formas musicais derivadas de danças e às vezes até com humor. Pianistas como Brendel, Gulda, Badura-Skoda (um trio de austríacos), além de Kempff e Argerich tocam um Beethoven mais vienense, . Outros como Gilels, Richter, Arrau e Pollini tocam um Beethoven mais alemão. A Filarmônica de Viena, óbvio, é mais vienense, enquanto a de Berlim (sobretudo no século passado, com Karajan), mais alemã.

Qual interpretação escolher? Na dúvida, melhor ficar com as duas. O Beethoven de Kempff, menos intenso, mais poético, refinado, é maravilhoso em obras como as sonatas “quasi una fantasia” op. 27, assim como Martha Argerich é provavelmente a maior intérprete viva dos dois primeiros Concertos para Piano e Orquestra. Mas nas últimas sonatas, sempre prefiro ouvir os intérpretes com uma visão mais grandiosa, preocupados em juntar os detalhes e frases individuais em uma concepção elevada da obra, uma sucessão de notas formando um todo coerente. Aqueles que fazem menos absurda a comparação entre uma sonata instrumental e o idealismo germânico iluminista de Kant (1724-1804).

O pianista Hans Richter-Haaser (Dresden, 1912 – Braunschweig, 1980) tem uma alta reputação entre os admiradores do “Beethoven alemão”, com seções contrastantes (compare o “piano” e o “forte” do curto movimento central da sonata op. 110) e uma concepção monumental da mensagem do gênio de Bonn que talvez seja resumida pela palavra latina gravitas (seriedade, dignidade, nobreza).

Richter-Haaser (não confundir com o pianista russo de sobrenome alemão) fez uma série de gravações em Londres com Walter Legge, de 1959 a 1966, nos estúdios de Abbey Road, que eram absolutamente state of the art, como atestam os excelentemente produzidos discos dos Beatles, bem como as gravações ali realizadas por outros alemães como o pianista W. Gieseking e o ainda jovem maestro H. von Karajan. A partir dos anos 70, talvez por motivos mais mercadológicos ou políticos* do que estéticos, Richter-Haaser parou de gravar por grandes gravadoras, mas até hoje beethovenianos fanáticos colocam nas listas de melhores gravações da História as 19 sonatas que ele gravou, além dos Concertos e Fantasia Coral com Giulini e Böhm. Em 2019, finalmente, foram reeditadas essas sonatas que os colecionadores ouviam em vinil.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): As Três Últimas Sonatas para Piano
Sonata No. 17 em Ré menor, Op. 31 no. 2
Sonata No. 30 em Mi maior, Op. 109
Sonata No. 31 in Lá bemol maior, Op. 110
Sonata No. 32 in Dó menor, Op. 111

Piano: Hans Richter-Haaser (1912-1980)

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#BTHVN250, por René Denon

*Em 1964, houve um boicote de artistas aos estados do sul dos EUA, devido à segregação racial.  Em muitas salas de concerto, negros eram proibidos de entrar. Richter-Haaser furou o boicote, alegando que os músicos deveriam se distanciar dos problemas raciais e políticos. O sobrevivente do holocausto Artur Rubinstein respondeu: “Os músicos também são seres humanos e têm a mesma responsabilidade moral que todo mundo”. Que bola fora, Richter-Haaser! Você provavelmente não valia nada, mas eu gosto do seu piano.

Pleyel

Richard Strauss (1864-1949) – Also Sprach Zarathustra, Vier Letzte Lieder – Janowitz, Karajan, BPO

Com certeza um dos temas mais marcantes já compostos na história da música é o tema inicial de “Also Sprach Zarathustra”, do compositor  alemão Richard Strauss. Minha geração (nasci em 1965) teve a oportunidade de ouvi-la em diversas ocasiões, mas com certeza o tema ficou imortalizado com o clássico de Stanley Kubrick, “2001 Uma Odisséia no Espaço”, com certeza um dos filmes mais importantes da história do cinema. Sim, eu sei, estou exagerando nos superlativos. Mas com certeza é assim mesmo. Acredito que todos que acompanham esse Blog conhecem a obra, se não inteira, pelo menos seu primeiro movimento.

Esse poema sinfônico foi composto em 1896 e estreado naquele mesmo ano. É livremente baseado na obra prima do filósofo alemão Friedrich Nietszche. Mas isso todo mundo sabe.

Herbert von Karajan está em casa com este repertório. O conhecia perfeitamente e deve ter regido a obras inúmeras vezes. Para os interessados, no Youtube se encontra uma entrevista com um especialista em Strauss que relata o encontro do jovem maestro com o veterano compositor e também maestro, lá no começo da década de 40.  Sugiro assistirem.

A segunda parte do CD traz as “Vier letzte lieder”, as ‘Quatro Últimas Canções’. e como o próprio nome diz, foi a última obra composta por Strauss. Foi composta sobre poemas de Hermann Hesse. Sua estréia só ocorreu após a morte do compositor, e os intérpretes então foram a soprano Kirsten Flagstad dirigida por Wilhem Fürtwangler. A gravação mais famosa dessa obra provavelmente é de Elizabeth Schwarskopf com George Szell. Aqui Karajan chamou uma de suas sopranos favoritas, com quem gravou inúmeros discos, Gundula Janowitz.

P.S. Antes que eu esqueça, minha gravação não é a da capa aí acima, ou seja, sem o “Till Eulenspiegel” e sem o “Don Juan”, que trarei em outra ocasião.

Como diria nosso saudoso colega Carlinus, uma boa audição.

01. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Einleitung
02. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Von den Hinterweltlern
03. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Von der grossen Sehnsucht
04. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Von den Freuden und Leidenschaften
05. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Das Grablied
06. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Von der Wissenschaft
07. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Der Genesende
08. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Das Tanzlied
09. Also sprach Zarathustra, op. 30 ; Das Nachtwandlerlied
10. Vier letzte lieder AV150 I. Frühling10. Richard Strauss Vier letzte lieder AV150 I. Frühling
11. Vier letzte lieder AV150 II. September
12. Vier letzte lieder AV150 III. Beim Schlafengehen
13. Vier letzte lieder AV150 IV. Im Abendrot

Gundula Janowitz – Soprano
Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan – Conductor

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Karajan ao lado de Richard Strauss

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para violino e piano, Op. 30 – Kavakos – Pace

Kavakos de volta, a trinca do Op. 30 com ele e Pace é supimpa demais! Achei linda, sublime mesmo a delicadeza com que ele saboreia cada frase da sereníssima primeira sonata do grupo – e de tal maneira que, se já não era muito fácil, se torna impossível imaginar a obra encerrando com o feroz finale da Op. 47, a “Kreutzer”, originalmente composto para ela. Qualquer complacência, no entanto, se dissolve logo no Allegro da sonata seguinte, completamente desenvolvido sobre a célula rítmica do motivo inicial – expediente a que Beethoven recorreria, com o poderoso resultado que todos conhecemos, na abertura de sua quinta sinfonia, também em Dó menor. A gravação termina com uma ótima sonata em Sol maior, talvez a primeira entre as congêneres em que os dois instrumentistas sejam exigidos da mesma maneira. Enrico Pace não só se sai à altura do extraordinário Kavakos, como fica tudo tão arrumadinho que a gente só consegue torcer para que a “Kreutzer” chegue logo.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Três sonatas para violino e piano, Op. 30
Compostas entre 1801-02
Publicadas em 1803
Dedicadas a Alexander I, czar da Rússia

No. 1 em Lá maior
1 – Allegro
2 – Adagio molto espressivo
3 – Allegretto con variazioni

No. 2 em Dó menor
4 – Allegro con brio
5 – Adagio cantabile
6 – Scherzo: Allegro
7 – Finale: Allegro – Presto

No. 3 em Sol maior
8 – Allegro assai
9 – Tempo di minuetto, ma molto moderato e grazioso
10 – Allegro vivace

Leonidas Kavakos, violino
Enrico Pace, piano

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Como gostamos de Pace e também queremos ser amigos dele, vamos ilustrar a postagem com a foto de um seu excelente momento capilar.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – Johannes Passion – René Jacobs, RIAS Kammerchor, Akademie für Alte Musik Berlin

Não vou me extender em maiores considerações sobre essa obra, já temos postagens dela bem descritivas, inclusive a recém postada pelo colega René Denon. Pretendo apenas dar a minha colaboração para com a ocasião da Páscoa. Não sou cristão praticante, de vez em quando acompanho minha esposa nos cultos da Igreja Luterana, comunidade da qual ela faz parte. Mas a música de Bach ultrapassa essas barreiras, ela é atemporal.
Estou trazendo para os senhores uma belíssima gravação de René Jacobs, gravada recentemente. É tudo tão magnífico, belo, perfeito, que me faltam adjetivos para classificá-la. Ouçam com atenção, leiam o texto do booklet, imprescindível para quem quer se aprofundar mais na obra, e assistam ao vídeo do ensaio que disponibilizo junto aos links dos CDs. René Jacobs gravou essa obra anteriormente, como contratenor, e conhece muito bem a obra.
IM-PER-DÍ-VEL !!! Assim como outras gravações desta obra que já disponibilizamos aqui.

CD 1

01. JOHANNES-PASSION, BWV 245 – ERSTER TEIL. Nr. 1. Exordium “Herr, unser Herrscher”
02. Nr. 2a. Evangelist, Jesus “Jesus ging mit seinen Jüngern über den Bach Kidron” – Nr. 2b. Turba “Jesum von Nazareth!” – Nr. 2c. Evangelist, Jesus – Nr. 2d. Turba – Nr. 2e. Evangelist, Jesus
03. Nr. 3. Choral “O große Lieb, o Lieb ohn’ alle Maße”
04. Nr. 4. Evangelist, Jesus “Auf daß das Wort erfüllet würde”
05. Nr. 5. Choral “Dein Will gescheh, Herr Gott, zugleich”
06. Nr. 6. Evangelist “Die Schar aber und der Oberhauptmann”
07. Nr. 7. Arie (Alt) “Von den Stricken meiner Sünden”
08. Nr. 8. Evangelist “Simon Petrus aber folgete Jesu nach”
09. Nr. 9. Arie (Sopran) “Ich folge dir gleichfalls mit freudigen Schritten”
10. Nr. 10. Evangelist, Ancilla, Petrus, Jesus, Servus “Derselbige Jünger”
11. Nr. 11. Choral “Wer hat dich so geschlagen”
12. Nr. 12a. Evangelist “Und Hannas standte ihn gebunden” – Nr. 12b. Turba “Bist du nicht seiner Jünger einer” – Nr. 12c. Evangelist, Petrus, Servus
13. Nr. 13. Arie (Tenor) “Ach, mein Sinn, wo willst du endlich hin”
14. Nr. 14. Choral “Petrus, der nicht denkt zurück”
15. ZWEITER TEIL. Nr. 15. Choral “Christus, der uns selig macht”
16. Nr. 16a. Evangelist, Pilatus “Da führeten sie Jesum von Kaiphas vor das Richthaus” – Nr. 16b. Chorus – Nr. 16c. Evangelist, Pilatus – Nr. 16d. Turba – Nr. 16e. Evangelist, Pilatus, Jesus
17. Nr. 17. Choral “Ach großer König, groß zu allen Zeiten”
18. Nr. 18a. Evangelist, Pilatus, Jesus “Da sprach Pilatus zu ihm” – Nr. 18b. Turba “Nicht diesen, sondern Barrabam!” – Nr. 18c. Evangelist
19. Nr. 19. Arioso (Baß) “Betrachte, meine Seel, mit ängstlichem Vergnügen”
20. Nr. 20. Arie (Tenor) “Erwäge, wie sein blutgefärbter Rücken”
21. Nr. 21a. Evangelist “Und die Kriegsknechte flochten eine Krone von Dornen” – Nr. 21b. Turba – Nr. 21c. Evangelist, Pilatus – Nr. 21d. Turba “Kreuzige, kreuzige!” – Nr. 21e. Evangelist, Pilatus – Nr. 21f. Turba – Nr. 21g. Evangelist, Pilatus, Jesus
22. Nr. 22. Choral “Durch dein Gefängnis, Gottes Sohn”
23. Nr. 23a. Evangelist “Die Jüden aber schrieen und sprachen” – Nr. 23b. Turba – Nr. 23c. Evangelist, Pilatus – Nr. 23d. Turba – Nr. 23e. Evangelist – Nr. 23f. Turba – Nr. 23g. Evangelist
24. Nr. 24. Arie (Baß) – Chor “Eilt ihr angefochtnen Seelen – Wohin”

CD 2

01. Nr. 25a. Evangelist “Allda kreuzigten sie ihn” – Nr. 25b. Turba “Schreibe nicht der Jüden König” – Nr 25c. Evangelist, Pilatus
02. Nr. 26. Choral “In meines Herzens Grunde”
03. Nr. 27a. Evangelist “Die Kriegsknechte aber, da sie Jesum gekreuziget hatten” – Nr. 27b. Turba – Nr. 27c. Evangelist
04. Nr. 28. Choral “Er nahm alles wohl in acht”
05. Nr. 29. Evangelista, Jesus “Und von Stund an nahm sie der Jünger zu sich”
06. Nr. 30. Arie (Alt) “Es ist vollbracht!”
07. Nr. 31. Evangelist “Und neiget das Haupt und verschied”
08. Nr. 32. Arie (Baß) “Mein teurer Heiland, laß dich fragen” – Choral “Jesu, der du warest tot”
09. Nr. 33. Evangelist “Und siehe da, der Vorhang im Tempel zerriß”
10. Nr. 34. Arioso (Tenor) “Mein Herz, indem die ganze Welt”
11. Nr. 35. Arie (Sopran) “Zerfließe, mein Herze”
12. Nr. 36. Evangelist “Die Jüden aber, dieweil es der Rüsttag war”
13. Nr. 37. Choral “O hilf, Christe, Gottes Sohn”
14. Nr. 38. Evangelist “Darnach bat Pilatum Joseph von Arimathia”
15. Nr. 39. Conclusio “Ruht wohl, ihr heiligen Gebeine”
16. Nr. 40. Schlußchoral “Ach Herr, laß dein lieb Engelein”
17. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) I. Exordium “O Mensch, bewein dein Sünde groß” (Choralfantasie) (replaced Exordium from 1724 “Herr, unser Herscher” [nr. 1])
18. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) II. Arie (Baß) “Himmel reiße, Welt erbebe” – Choral “Jesu, deine Passion” (additionally inserted between nos. 11 & 12)
19. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) III. Arie (Tenor) “Zerschmettert mich, ihr Felsen und ihr Hügel” (replaced Arie from 1724 “Ach, mein Sinn” [nr. 13])
20. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) IV. Arie (Tenor) “Ach windet euch nicht so, geplagte Seelen” (replaced nr. 19 Arioso (Baß) nr. 20 Arie (Tenor) from 1724)
21. APPENDIX (Zusätze der Fassung von 1725) V. Schlußchoral “Christe, du Lamm Gottes” (replaced Schlußchoral from 1724 [nr. 40])

Sunhae Im – Soprano
Werner Güra – Tenor
Sebastian Kohlhepp – Contratenor
Johannes Weisser – Bass
RIAS Kammerchor
Akademie für Alte Musik Berlin
René Jacobs – Conductor

CD 1 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
CD 2 BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
VÍDEO COM ENSAIO – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Gottfried August Homilius (1714-1785): A Paixão Segundo Mateus

Gottfried August Homilius (1714-1785): A Paixão Segundo Mateus

Gottfried August Homilius foi um Konzertmeister, compositor e organista alemão. Gottfried August Homilius não tinha o talento de J. S. Bach nem de seus filhos. Então sua Mateus não se compara com esta aqui que postamos na última sexta-feira. Mas Gottfried August Homilius era bom. Ele é considerado um dos compositores de igrejas mais importantes da geração pós-Bach. Homilius nasceu em Rosenthal, na Saxônia, filho de um pastor luterano. Foi educado em Dresden. Ele estudou Direito na Universidade de Leipzig e órgão com APENAS Johann Sebastian Bach. Desde 1742, ele foi organista na Dresden Frauenkirche e, de 1755 até sua morte, cantor no Kreuzkirche em Dresden, com a responsabilidade associada do diretor de música na Kreuzkirche , na Sophienkirche e na Frauenkirche. Após a destruição do Kreuzkirche durante a Guerra dos Sete Anos, ele trabalhou principalmente na Frauenkirche.

Homilius compôs predominantemente música da igreja. Escreveu mais de 10 paixões. A Paixão Segundo  Mateus foi escrita em 1775 e é bem no estilo pré-clássico de CPE Bach. Mas Homilius é um sucessor digno da obra de JS Bach. Também escreveu um Oratório de Natal e um da Páscoa, mais de 60 motets, 150 cantatas, corais e prelúdios. Também compôs música para órgão. Suas composições vocais desfrutaram de grande popularidade até o século XIX, como testemunha o grande número de cópias ainda existentes.

Gottfried August Homilius (1714-1785): A Paixão Segundo Mateus

1-1-42 Part I (Compact Disc 1) 74:23
2-1-43 Part II (Compact Disc 2) 56:41

Alto Vocals – Ulla Groenewold
Bass Vocals – Hans-Georg Wimmer, Klaus Mertens
Chorus – Cappella Vocale Leverkusen
Chorus Master – Christoph Schoener
Composed By – Gottfried August Homilius
Concertmaster – Bernhard Forck
Conductor – René Jacobs
Ensemble – Akademie Für Alte Musik Berlin
Liner Notes – Henrike Koerth
Soprano Vocals – Ann Monoyios
Tenor Vocals – Gerd Türk

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PQP

Shostakovich / Kalējs / Escaich / Gubaidulina / Janáček / Ligeti / Garūta: Light & Dark

Para inaugurar o órgão da Elbphilharmonie de Hamburgo (Alemanha), a organista Iveta Apkalna escolheu obras dos últimos cem anos. Não sabemos o motivo, mas a música de concerto contemporânea tem vivido uma certa era de ouro nos três países bálticos –  Letônia, Lituânia e Estônia – terra de Iveta e de outros grandes intérpretes como Gidon Kremer, Paavo Järvi e Andris Nelsons, bem como compositores de destaque como Lepo Sumera (1950-2000), Lūcija Garūta (1902-1977) e Arvo Pärt (1935-).

Algumas das obras escolhidas por Iveta, como as do letão Kalejs e do tcheco Janáček, usam o som do órgão em um contexto religioso. Outras não têm qualquer conotação espiritual, como a obra de Shosta (parte de uma ópera) e os dois estudos de Ligeti, e finalmente, há a obra de Gubaidulina que, apesar de não ter função litúrgica, expressa a espiritualidade da compositora.

A relação de Ligeti com o órgão me lembra um pouco a de Mozart com o clarinete. São um punhado de peças, de duração não tão longa, mas que mostram um compositor no auge de seu talento e com perfeito domínio das potencialidades do instrumento. Daquelas obras que usam todas as teclas ou quase, do grave ao agudo, do pianissimo a sons ensurdecedores, e por isso são incontornáveis para os grandes solistas.

A  compositora russa Sofia Gubaidulina também soube utilizar de forma contrastante os sons mais agudos e os mais graves do rei dos instrumentos. A obra dela, que dá nome ao disco, é cheia de contrastes: claro e escuro, grave e agudo, sutileza e dissonância, profano e sagrado. Como Messiaen, Sofia Gubaidulina não escreveu música litúrgica (por exemplo, uma Missa ou um Réquiem), mas expressa sua religiosidade nos títulos de peças como Rejoice!, Seven Words, In Croce, De Profundis, Et exspecto, Misterio so, etc. Como observou Mike Silverton, essa conexão com a espiritualidade sugere uma resolução convencional que parece estar próxima mas vira a esquina, e assim sucessivamente.

Hoje, podemos comemorar a Páscoa da forma mais religiosa ou da forma mais secular, além de várias possibilidades e sincretismos no meio do caminho. Não era tão fácil assim para Sofia Gubaidulina na URSS, nos anos 1970, quando compôs a obra para órgão tocada por Iveta e também esta outra que já postamos no PQP. O Estado laico é uma conquista que não se deve naturalizar. Espero que este disco traga uma boa Páscoa para os ouvintes-leitores do PQPBach.

  1. Shostakovich: Lady Macbeth of the Mtsensk District, Op. 29: Passacaglia
  2. Aivars Kalējs: Prayer
  3. Escaich: Évocation I
  4. Escaich: Évocation II
  5. Escaich: Évocation III
  6. Gubaidulina: Light and Dark
  7. Janáček: Glagolitic Mass: Varhany sólo (Postludium)
  8. Ligeti: Two Etudes for Organ: I. Harmonies
  9. Ligeti: Two Etudes for Organ: II. Coulée
  10. Garūta: Meditation

Iveta Apkalna – órgão

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A Elbphilharmonie de Hamburgo: cheirando a nova

Pleyel

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para piano Opp. 27, 13 & 14 – Gould

Contrariando minha praxe, hoje não farei qualquer ressalva antes de publicar Gould. Já houve reações nervosas, hidrófobas até, a postagens anteriores com o mala-sem-alça canadense. As últimas publicações com o mais canoro dos pianistas que tocavam em cadeiras quebradas feitas pelo pai, no entanto, não suscitaram qualquer reação em qualquer sentido, pelo que deduzo que ou os leitores-ouvintes dominaram a arte de simplesmente ignorarem aquilo que não lhes apraz, poupando de reproches quem deles pense diferente, ou a distopia abocanhou o planeta dum jeito que hoje as pessoas já conseguem escutar Gould com indiferença – algo que, sinceramente, duvidava viver para ver.

Enquanto vocês decidem se meu convoluto parágrafo anterior é ou não é uma ressalva – se é que nele há cousa alguma que não seja retórica -, prossigo ao contar-lhes que gosto demais dessa gravação. Além duma ótima”Patética” e de leituras elétricas e bem-humoradas das sonatas-quase-sonatinas do Op. 14, Glenn sai-se extraordinariamente bem nas duas sonatas-quase-fantasias do Op. 27, que são o objeto principal desta publicação.

O termo “quase uma fantasia”, foi cunhado pelo próprio Beethoven, ensejou por muito tempo leituras açucaradas da segunda do par, aquela conhecida como “ao Luar” (que, para variar, é um título apócrifo), induzindo o diabetes e talvez mesmo a cetoacidose ao justificar que o turrão de Bonn, ao compor o Adagio sostenudo, fantasiava como que a devanear. Mais provável, no entanto, é que ele as pretendesse executadas ao modo das fantasias para piano, como aquelas de Mozart, e que suas partes fossem episódios, e não movimentos, duma peça ininterrupta. O fato do próprio compositor ter prescrito que os movimentos fossem executados “attacca”, – ou seja, sem interrupções – reforça a ideia, bem como a reticência na aplicação da sonata-forma, e o esquema tonal e desenvolvimento temático muito livres, especialmente na primeira dessas sonatas, que contém, em seu movimento derradeiro, uma recapitulação de temas ouvidos nos anteriores. Penso que Gould compreendeu muito bem esta proposta, e que sua interpretação não perde a meada ao longo da execução. Talvez sua relutância em usar o pedal choque um pouco os leitores-ouvintes acostumados a ouvir uma “Luar” iniciada com um Adagio sostenuto propriamente dito, e não o quase Andantino em que Gould o despacha, mas o resultado orna muito bem com os demais movimentos, particularmente com o tempestuoso Presto final, respeitando a concepção de, bem, uma quase-fantasia.

Sobre a “Luar” cabe, talvez, uma ressalva, já que ressalva não fiz lá no começo: ela foi gravada nas mesmas sessões que a “Patética” e a “Appassionata”, num projeto imposto pela Columbia para, imaginava ingenuamente, vender como água um LP somente com sonatas célebres e com apelidos, e para tentar extrair algum sumo do contrato com Gould, já que, diferentemente do assombroso sucesso de seu disco de estreia com as Variações Goldberg, seu projeto beethoveniano anterior, com as três últimas sonatas do mestre, fracassara nas vendas. Glenn, que odiava qualquer imposição, certamente brandiu suas melhores armas de sabotagem: além de uma “Patética” pouco patética, aliás quase nada sentimental (que é a mesma que os leitores-ouvintes encontrarão no link abaixo), despachou uma “Luar” sugar-free e – pior ainda – uma “Appassionata” totalmente desconstruída e tudo, mas tudo MESMO, menos apaixonada. Acho bom que vós outros, que agora me detestam por postar Gould, se comportem bem nos comentários, pois qualquer dia eu posto essa “Appassionata” e, bem: vocês verão só o que é me odiar.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Dó menor, Op. 13, “Patética”
Composta em 1798
Publicada em 1799
Dedicada ao príncipe Karl von Lichnowsky

1 – Grave – Allegro di molto e con brio
2 – Adagio cantabile
3 – Rondo: Allegro

Duas sonatas para piano, Op. 14
Compostas em 1798-1799
Publicadas em 1799
Dedicadas à baronesa Josefa von Braun

No. 1 em Mi maior
5 – Allegro
6 – Allegretto – Trio
7 – Rondo. Allegro comodo

No. 2 em Sol maior
8 – Allegro
9 – Andante
10 – Scherzo. Allegro assai

Duas sonatas para piano, Op. 27
Compostas em 1801

Publicadas separadamente em 1802

Sonata “quasi una fantasia” no. 1 em Mi bemol maior
Dedicada à princesa Josephine von Liechtenstein

11 – Andante – Allegro – Andante – attacca:
12 – Allegro molto e vivace – attacca:
13 – Adagio con espressione – attacca:
14 – Allegro vivace

Sonata “quasi una fantasia” no. 2 em Dó sustenido menor, “Ao Luar”
Dedicada à condessa Giulietta Guicciardi

15 – Adagio sostenuto
16 – Allegretto
17 – Presto agitato

Glenn Gould, piano

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Queria ver Gould vivo e blogueiro do PQP Bach. Aí vocês teriam saudades de mim. Humpf.
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Paixão Segundo São João, BWV 244 (Herreweghe, 2020) ֍

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Paixão Segundo São João, BWV 244 (Herreweghe, 2020) ֍

 Bach 

Johannes-Passion

Collegium Vocale Gent

Philippe Herreweghe

 

Em 1724 Johann Sebastian Bach estava em seu segundo ano como o Cantor da Igreja de São Nicolau, em Leipzig, e apresentou na Sexta-Feira Santa sua Passio secundum Johannem. Os acordes iniciais do coro de abertura devem ter realmente provocado grande impacto na congregação, não necessariamente positivo, uma vez que na reapresentação da obra no ano seguinte, o número foi substituído por um coral mais ‘ameno’. É possível que Bach tenha iniciado a composição desta obra magistral nos anos anteriores, em Weimar, e ele prosseguiu fazendo adaptações e mudanças nas quatro apresentações posteriores à estreia.

Esta é a terceira gravação desta Paixão feita por Herreweghe, sendo que na segunda delas ele usou a versão de 1725 e Herr, unser Herrscher… não foi gravado. Ainda bem que ele desta vez tenha escolhida a versão estabelecida que todos os outros maestros geralmente escolhem.

Em um artigo escrito para The New Yorker, Alex Ross dedica muita atenção a este número de abertura da obra e vale a pena a leitura, que pode ser feita aqui.

Ele trata da verdadeira obsessão que Bach tinha em copiar e estudar as partituras dos outros compositores e por isso, apesar de ter vivido toda a sua vida em uma área relativamente pequena, conhecia a música dos mais importantes compositores da Europa, e não apenas os seus contemporâneos.

Quando chegou a vez de compor sua Paixão, ele certamente conhecia obras de outros mestres, alguns do passado, como o pioneiro Johann Walther e posteriormente Heinrich Schutz, mas também de seus contemporâneos. Handel compôs música para uma Paixão segundo São João, com texto de J. G. Postel, quando tinha ainda 19 anos.

São João, Evangelista, pelo pintor francês Jean Bourdichon (1457-1521)

Segundo Geiringer, a parte principal do texto é bíblica, neste caso extraída de São João 18-19 (com curtas inserções de São Mateus). A narração é feita na forma recitativa por um tenor, o Evangelista. Personagens individuais, incluindo o Cristo, são cantados por solistas, as falas de grupos de pessoas e multidões pelo coro. Ariosos e árias inseridas entre as partes da narração expressam a reação do indivíduo aos eventos descritos, os corais as de toda a congregação. Afinal, esta música foi composta para fazer parte integrante do serviço daquele importantíssimo dia. Bach foi responsável pela seleção de corais e deve também ter providenciado o texto das árias. Ele seguiu o modelo do texto de autoria de Barthold Heinrich Brockes, de Hamburgo, Der für die Sünden dieser Welt gemarterte und sterbende Jesus (Jesus torturado e morto pelos pecados deste mundo), mas nunca literalmente. Interessante notar que os corais são relativamente simples. Eles oferecem uma oportunidade para a comunidade participar da execução da obra. Portanto, não se faça de rogado e cante junto estas partes…

Há várias maneiras para se ouvir esta maravilhosa música. Você pode simplesmente colocar a música para ouvir pelo prazer estético e deliciar-se com a beleza das árias, com a versatilidade, força e dinâmica dos coros, com a dramaticidade da narração e com a singeleza dos corais. E pronto…

Mas, se quiser, Bach oferece mais que isto. A obra tem uma construção extremamente bem planejada, buscando um equilíbrio e uma perfeita distribuição das diferentes intervenções, do narrador, dos personagens e das multidões. Também há equilíbrio na escolha dos tipos de solistas: tenor, soprano, contralto e baixo.

Ou seja, se sua abordagem é de busca de prazer pela estética da obra, poderá buscar mais do que só ouvir este ou aquele número (nada de errado com isso), mas procurar uma visão de todo o conjunto da obra.

Finalmente, não é por nada que Bach é chamado de o quinto evangelista. Ele nos convida a uma reflexão, um passo mais ousado na direção do que, na falta de palavra mais apropriada, chamaremos de espiritualidade. A obra expõe um dos aspectos talvez mais perturbadores da fé, que é a do sacrifício. E aqui, o sacrifício do Filho de Deus é apresentado em cores vivas. É este aspecto que fica evidente logo na abertura da obra e é por isso que ela é tão importante para o conjunto. Estamos diante de uma abertura que diz claramente que o que está por vir não é para os fracos de coração.

E está tudo lá: a traição com a captura do Senhor, com direito a Pedro decepando uma orelha do pobre Malchus. A atitude de Jesus se oferecendo para a captura, intervindo pela liberdade de seus discípulos.

A Negação de Pedro, de Theodoor Rombouts

Temos a negação de Pedro, que era muito humano, como nós o somos. Todos os meandros e delicadezas do interrogatório do acusado, com Pilatos tentando safar-se da enrascada de condenar um inocente. Os detalhes para que as palavras da antiga profecia fossem satisfeitas, como os soldados jogando dados para decidir com quem ficaria a túnica do Senhor. A escolha entre o nazareno e Barrabás é impressionante, assim como os gritos demandando a crucificação. Pilatos ainda diz duas impressionantes falas: o Ecce homo – Sehet, welch ein Mensch! – e o sutilíssimo Was ich geschrieben habe, das habe ich geschrieben. O que eu escrevi, eu escrevi! E é claro, o sacrifício precisa ser cumprido. Mas antes, aquele discípulo que ele amou ao lado de sua mãe e as outras Marias, recebe a incumbência de zelar por ela.

Ecce Homo, Caravaggio

Todas estas passagens são entremeadas pelas mais lindas árias, que cumprem o papel de refletir sobre os significativos momentos. Por exemplo, ao cumprir-se o calvário, com a morte do Senhor, e morte de cruz, ouvimos uma ária lancinante, cantada por um contralto: Es ist vollbracht! Esta é a primeira frase da ária, que repete a última fala de Jesus, ao entregar seu espírito. O sacrifício está completo, cumpriu-se. Para fazer contraponto a está atual interpretação da famosa ária, apresentada nesta postagem, você poderá ver, clicando aqui, como esta música tem atravessado os tempos sempre encantado e tocando os corações das pessoas. A gravação que está no Youtube apresenta a contralto inglesa Kathleen Ferrier, cantando em inglês.

Deposição da Cruz, van der Weyden

Temos ainda uma etapa, a deposição da cruz e o sepultamento. Palavras terríveis. E assim termina a Paixão, com Jesus sepultado. Afinal, só no Domingo de Páscoa ele ressurgirá, mas aí é outro Oratório, que você poderá ouvir se clicar aqui.

Como acontece nas grandes obras de arte, quanto mais nos aproximamos delas, mais minúcias e detalhes impressionantes descobrimos. No caso das obras musicais dependemos dos intérpretes e nos nossos dias, também das equipes de gravações que nos levam para mais perto destas maravilhas. Mas para não desperdiçarmos tamanhos tesouros, precisamos aplicar um certo esforço.

Apesar de já ter ouvido esta obra diversas vezes, a cada vez descubro algum novo detalhe que me impressiona ou que me inspira. Nesta gravação gostei muito do conjunto todo, mas chamo a atenção para o coro de abertura, tremendo, e para a ária de tenor que transmuta o sangue do dorso de Jesus nas cores de um arco-íris que do céu nos abençoa.

Independentemente da maneira que você escolha para ouvir esta maravilhosa gravação, que ela lhe toque o coração, de alguma maneira.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Johannes Passion

Parte 1

[1-7] Traição e Prisão
[8-14] Negação

Parte 2

[1-6] Interrogatório e Flagelação
[7-12] Condenação e Crucificação
[13-18] A Morte de Jesus
[19-26] Deposição e Sepultamento

Maximilian Schmitt, Evangelista

Krešimir Stražanac, Jesus

Dorothee Mields, soprano

Damien Guillon, contratenor

Robin Tritschler, tenor

Peter Kooij, baixo

Collegium Vocale Gent

Philippe Herreweghe, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 425 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 245 MB

Collegium Vocale Gent

Veja o que a Gramophone disse sobre esta gravação:

Contributing to the discerning unity of vision and character of this performance is how the instruments sit embedded at the heart of the vocal sound…This is indeed one of the most thoughtful, affecting and powerful St John Passions in recent years. It reveals the mature mastery of Herreweghe at his most perspicacious and consistent, with Collegium Vocale Gent paving the way with gold.

Então, tá esperando o que? Aproveite!

René Denon

Johann Sebastian Bach (1685-1750) – J. S. Bach – Julian Bream

Um gigante do violão é o adjetivo mínimo que conseguir encontrar para descrever Julian Bream. E este CD aqui é ainda mais obrigatório, é uma verdadeira aula de como tocar Bach neste instrumento tão peculiar e único. Lembro de ouvir o nome de Bream por um conhecido, que tinha o incrível dom de tirar estas músicas de ouvido, era autodidata, não sabia ler partitura. Ouvia os discos com muita atenção, e depois se dedicava durante horas, ou até mesmo dias, a repetir aquelas músicas. Aliás, este conhecido faleceu já há muito tempo, muito jovem, por sinal, começo dos anos 90, mas nunca esqueço de sua dedicação e paixão pela música.

Enfim, falar sobre Julian Bream é chover no molhado, portanto, sugiro que para quem não o conhece, procure informações na internet. Vale a pena.

01. Prelude Fugue and Allegro BWV 998 – I. Prelude
02. Prelude Fugue and Allegro BWV 998 – II. Fugue
03. Prelude Fugue and Allegro BWV 998 – III. Allegro
04. Suite BWV 996 – I. Prelude
05. Suite BWV 996 – II. Allemande
06. Suite BWV 996 – III. Courante
07. Suite BWV 996 – IV. Sarabande
08. Suite BWV 996 – V. Bourree
09. Suite BWV 996 – VI. Gigue
10. Parita No.2 BWV 1004 – Chaconne
11. Partita No.3 BWV 1006a – I. Prelude
12. Partita No.3 BWV 1006a – II. Loure
13. Partita No.3 BWV 1006a – III. Gavotte en Rondeau
14. Partita No.3 BWV 1006a – IV. Menuett I – Menuett II – Menuett I
15. Partita No.3 BWV 1006a – V. Bourree
16. Partita No.3 BWV 1006a – VI. Gigue

Julian Bream – Violão

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Christus am Ölberge, Op. 85 – Rilling


Subvertemos novamente a já pouquíssima ordem que há nesta série para publicar a singular composição de Beethoven que alude aos eventos celebrados pelos cristãos durante a semana santa: Christus am Ölberge (“Cristo no Monte das Oliveiras”), sua única experiência no gênero do oratório, que descreve a agonia de Jesus no Getsêmani.

Provavelmente idealizada e rascunhada durante sua tensa temporada em Heiligenstadt, foi  composta a toque de caixa no prazo de duas semanas, um ritmo que nada impressionaria Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus, que escreveu uma sinfonia em quatro dias, mas sem dúvidas frenético para os enrolados padrões de Beethoven. Muito se conjeturou se sua implosão psíquica, que culminou no célebre testamento, aproximou-o sentimentalmente do tema do sofrimento de Cristo na véspera de seu calvário. A pressa em terminar o oratório, no entanto, explica-se sem conjeturas: pretendia estreá-lo, junto com a sinfonia no. 2 e o concerto no. 3 para piano e orquestra, do qual também tocaria o solo, num megaconcerto com suas obras no mui respeitado Theater an der Wien, cuja renda líquida escorreria para seu estropiado bolso. Mais ainda, tentava cumprir uma promessa feita a ninguém menos que Emanuel Schikaneder – fundador do Theater, amigo de Wolfgangus, libretista de Die Zauberflöte e o primeiro Papageno (a promessa verdadeira era de uma ópera, mas Fidelio, de gestação complicadíssima, ainda estava longe de ser parida). Como o credor muito esperava, e o devedor era um grande procrastinador, Beethoven correu o que pôde, e ainda assim passou a manhã do dia do concerto escrevendo as partes de trombone do oratório que seria estreado à tarde, além de tocar o solo do concerto entre a memória e a improvisação, posto que ainda não a colocara no papel.

Christus am Ölberge teve uma acolhida apenas razoável pelo público, suficiente para que fosse levado ao palco algumas vezes nos anos subsequentes. A crítica dividiu-se em reconhecer-lhe bons momentos e apontar-lhe a falta de dramaticidade, defeito letal para um oratório, inda mais sobre um tema que, sozinho, já transpira drama. O próprio compositor constrangeu-se com a primeira execução e pôs-se imediatamente a revisar a obra, insatisfeito principalmente com seu fraco libreto, escrito por um seu conhecido, Franz Xaver Huber. Quando de sua publicação, que aconteceu oito anos depois e a levou a receber o enganoso número de Op. 85, o editor conseguiu-lhe um novo libretista que se dedicou a melhorar o texto. Mesmo com as emendas, Beethoven não ficou satisfeito: colheu suas moedas de prata e renegou o oratório, que foi caindo em oblívio e, hoje, e raramente escutado.

Meus ouvidos modernos e xucros tendem a concordar com os críticos e estranhar o estilo operístico e italianizado, certamente influenciado por Salieri, com quem Beethoven estudara recentemente composição e declamação em italiano com a ambição de enriquecer com uma ópera no idioma. A escolha de uma voz de tenor para representar Jesus, em lugar da tradicional opção por um baixo ou barítono, acaba por dar um brilho pouco apropriado a passagens que esperaríamos, pelo enredo, mais austeras, e o dueto entre Jesus e o serafim (soprano) chega às raias de soar como uma cena de amor. Em que pesem essas ressalvas, Christus am Ölberge é o que de mais pascal temos para lhes oferecer de Beethoven, e esperamos que a regência do indestrutível Helmuth Rilling – responsável não só por uma, mas duas séries de gravações de todas as cantatas de Johann Sebastian Bach – lhes ilumine suas virtudes enquanto disfarça seus achaques.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Christus am Ölberge, oratório para solistas, coro e orquestra, Op. 85
Composto em 1803
Publicado em 1811

 1 – Introduction
 2-  Jehovah, du mein Vater
 3 – Meine Seele ist erschuttert
 4 – Erzittre, Erde!
 5 – Preist des Erlosers Gute
 6 –  O Heil euch, ihr Erlosten
 7 –  Doch weh! Die frech entehren
8 – Verkundet, Seraph, mir dein Mund
 9 – Duo: So ruhe denn
 10 – Wilkommen, Tod!
 11 – Wir haben ihn gesehen
 12 – Die mich zu fangen augezogen
 13 – Hier ist er
 14 – Nicht ungestraft
 15 – In meinen Adern wuhlen
 16 – Auf, ergreifet den Verrater!
 17 – Welten singen Dank und Ehre

 18 – Preiset ihn, ihr Engelchore

Keith Lewis, tenor (Jesus)
Maria Venuti, soprano (
Serafim)
Michel Brodard, baixo (Pedro)
Gächinger Kantorei Stuttgart
Bach-Collegium Stuttgart
Helmuth Rilling, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

“Cristo no Monte das Oliveiras” (“Cristo nell’orto degli ulivi”), por Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610) – a fotografia em branco e preto é tudo o que nos resta da obra, destruída pelo bombardeio a Berlim na II Guerra Mundial.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Paixão Segundo Mateus, BWV 244 (Herreweghe, 1985)

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Paixão Segundo Mateus, BWV 244 (Herreweghe, 1985)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Esta foi a primeira gravação da Paixão Segundo Mateus que Herreweghe realizou. É de 1985, dos tempos do vinil. A segunda está neste link. Afirmo que a segunda gravação — do link recém colocado em negrito — é melhor, mas aqui temos um maior sabor de juventude e René Jacobs barbarizando.

A Paixão Segundo Mateus BWV 244 (em latim: Passio Domini nostri Jesu Christi secundum Evangelistam Matthaeum; em alemão: Matthäus-Passion), mais conhecida em países católicos como A Paixão Segundo Mateus, é um oratório de Johann Sebastian Bach, que representa o sofrimento e a morte de Cristo a partir do Evangelho de Mateus, com libreto de Picander (Christian Friedrich Henrici). Com uma duração de mais de duas horas e meia (em algumas interpretações, mais de três horas) é a obra mais extensa do compositor. Trata-se, sem dúvida alguma, de uma das obras mais importantes de Bach e uma das obras-primas da música ocidental. Esta e A Paixão Segundo João são as únicas Paixões autênticas do compositor conservadas em sua totalidade. A Paixão Segundo Mateus consta de duas grandes partes constituídas de 68 números, em que se alternam coros, corais, recitativos, ariosos e árias.

A obra foi escrita, provavelmente, em 1727. Apenas duas das quatro (ou cinco) composições sobre a Paixão de Cristo, que Bach escreveu, subsistiram integralmente; a outra é A Paixão Segundo João, como dissemos. A peça completa foi apresentada pela primeira vez na Sexta-feira da Paixão de 1727 ou na Sexta-feira da Paixão de 1729 na Thomaskirche (Igreja de São Tomás) em Leipzig, onde Bach era o Kantor. Ele a revisou em 1736, apresentando-a novamente em março desse mesmo ano, incluindo dessa vez dois órgãos na instrumentação.

A Paixão Segundo Mateus não foi ouvida fora de Leipzig até 1829, quando Felix Mendelssohn apresentou uma versão abreviada em Berlim e foi vivamente aclamado. A redescoberta da obra através de Mendelssohn expôs a música de Bach — principalmente suas grandes obras — à atenção pública e acadêmica que persiste até os dias atuais.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Paixão Segundo Mateus (Herreweghe, 1985)

Erster Teil
1-1 Chorus : Kommt, Ihr Töchter, Helft Mir Klagen
1-2 (Evangelista, Jesus) : Da Jesus Diese Rede Vollendet Hatte
1-3 Choral : Herzliebster Jesu, Was Hast Du Verbrochen
1-4a (Evangelista) : Da Versammleten Sich Die Hohenpriester
1-4b (Chori) : Ja Nicht Auf Das Fest
1-4c (Evangelista) : Da Nun Jesus War Zu Bethanien
1-4d (Chorus) : Wozu Dienet Dieser Unrat
1-4e (Evangelista, Jesus) : Da Das Jesus Merkete
1-5 Recitativo : Du Lieber Heiland Du
1-6 Aria (Alto) : Buß Und Reu
1-7 (Evangelista, Judas) : Da Ging Hin Der Zwölfen Einer,
1-8 Aria (Soprano) : Blute Nur, Du Liebes Herz
1-9a (Evangelista) : Aber Am Ersten Tage Der Süßen Brot
1-9b (Chorus) : Wo Willst Du, Daß Wir Dir Bereiten
1-9c (Evangelista, Jesus) : Er Sprach : Gehet Hin In Die Stadt
1-9d (Evangelista) : Und Sie Wurden Sehr Betrübt
1-9e (Chorus) : Herr, Bin Ich’s
1-10 Choral : Ich Bin’s, Ich Sollte Büßen
1-11 (Evangelista, Jesus) : Er Antwortete Und Sprach
1-12 Recitativo : Wiewohl Mein Herz In Tränen Schwimmt
1-13 Aria (Soprano) : Ich Will Dir Mein Herze Schenken
1-14 (Evangelista, Jesus) : Und Da Sie Den Lobgesang Gesprochen Hatte
1-15 Choral : Erkenne Mich, Mein Hütter
1-16 (Evangelista, Jesus, Petrus) : Petrus Aber Antwortete Und Sprach Zu Him
1-17 Choral : Ich Will Hier Bei Dir Stehen
1-18 (Evangelista, Jesus) : Da Kam Jesus Mit Ihnen Zu Einem Hofe
1-19 Recitativo : O Schmerz ! Hier Zittert Das Gequälte Herz
1-20 Aria (Tenore) : Ich Will Bei Meinem Jesu Wachen
1-21 (Evangelista, Jesus) : Und Ging Hin Ein Wenig
1-22 22 Recitativo : Der Heiland Fällt Vor Seinem Vater Nieder
1-23 Aria (Basso) : Gerne Will Ich Mich Bequemen
2-1 24 (Evangelista, Jesus) : Und Er Kam Zu Seinem Jüngern
2-2 25 Choral : Was Mein Gott Will, Das Gscheh Allzeit
2-3 26 (Evangelista, Jesus, Judas) : Und Er Kam Und Fand Sie Aber Schlafend
2-4a 27a Aria (Soprano, Alto E Choro): So Ist Mein Jesus Nun Gefangen
2-4b 27b (Chori) : Sind Blitze, Sind Donner In Wolken Verschwunden
2-5 28 (Evangelista, Jesus) : Und Siehe, Einer Aus Denen
2-6 29 Choral : O Mensch, Bewein Dein Sünde Groß

Zweiter Teil
2-7 30 Aria (Alto E Coro) : Ach, Nun Ist Mein Jesus Hin
2-8 31 (Evangelista) : Die Aber Jesum Gegriffen Hatten
2-9 32 Choral : Mir Hat Die Welt Trüblich Gericht’
2-10 33 (Evangelista, Pontifex, Testis I, II) : Un Wiewohl Viel Falsche Zeugen Herzutraten
2-11 34 Recitativo : Mein Jesus Schweigt Zu Falschen Lügen Stille
2-12 35 Aria (Tenore) : Geduld
2-13a 36a (Evangelista, Pontifex, Jesus) : Und Der Hohepriester Antwortete Und Sprach Zu Him
2-13b 36b (Chori) : Er Ist Des Todes Schuldig
2-13c 36c (Evangelista) : Da Speieten Sie Aus
2-13d 36d (Due Chori) : Weissage Uns, Christe
2-14 37 Choral : Wer Hat Dich So Geschlagen
2-15a 38a (Evangelista, Ancilla I, II, Petrus) : Petrus Aber Saß Draußen Im Palast
2-15b 38b (Chorus) : Wahrlich, Du Bist Auch Einer Von Denen
2-16 39 Aria (Alto) : Erbarme Dich
2-17 40 Choral : Bin Ich Gleich Von Dir Gewichen
2-18a 41a (Evangelista, Judas) : Des Morgens Aber Hielten Alle Hohepriester
2-18b 41b (Chori) : Was Gehet Uns Das An
2-18c 41c (Evangelista, Pontifex I, II) : Und Er Warf Die Silbberlinge In Den Tempel
2-19 42 Aria : Gebt Mir Meinem Jesum
2-20 43 (Evangelista, Pilatus, Jesus) : Sie Hielten Aber Einen Rat
2-21 44 Choral : Befiehl Du Deine Wege
2-22a 45a (Evangelista, Pilatus, Uxor Pilati, Chori) : Auf Das Fest Aber Hatte Der Landpfleger Gewohnheit
2-22b 45b (Due Chori) : Laß Ihn Kreuzigen
2-23 46 Choral : Wie Wunderbarlich Ist Doch Diese Strafe
2-24 47 (Evangelista, Pilatus) : Der Landpfleger Sagte
3-1 48 Recitativo : Er Hat Uns Allen Wohlgetan
3-2 49 Aria : Aus Liebe Will Mein Heiland Sterben
3-3a 50a (Evangelista) : Sie Schrieen Aber Noch Mehr
3-3b 50b (Due Chori) : Laß Ihn Kreuzigen
3-3c 50c (Evangelista, Pilatus) : Da Aber Pilatus Sahe
3-3d 50d (Chori) : Sein Blut Komme Über Uns
3-3e 50e (Evangelista) : Da Gab Er Ihnen Barrabam Los
3-4 51 Recitativo : Erbarm Es Gott
3-5 52 Aria : Können Tränen Meiner Wangen
3-6a 53a (Evangelista) : Da Nahmen Die Kriegsknechte
3-6b 53b (Chori) : Getrüßet Seist Du, Jüdenkönig
3-6c 53c (Evangelista) : Und Speieten Ihn An
3-7 54 Choral : O Haupt Voll Blut Und Wunden
3-8 55 (Evangelista) : Und Da Sie Ihn Verspottet Hatten
3-9 56 Recitativo :Ja Freilich Will In Uns Das Fleisch Und Blut
3-10 57 Aria Komm, Süßes Kreuz, So Will Ich Sagen
3-11a 58a (Evangelista) : Und Da Sie An Die Stätte Kamen
3-11b 58b (Chori) : Der Du Den Tempel Gottes Zerbrichst
3-11c 58c (Evangelista) : Desgleichen Auch Die Hohenpriester
3-11d 58d (Chori) : Andern Hat Er Geholfen
3-11e 58e (Evangelista) : Desgleichen Schmäheten Ihn Auch Die Mörder
3-12 59 Recitativo : Ach Golgatha
3-13 60 Aria : Sehet, Jesus Hat Die Hand
3-14a 61a (Evangelista, Jesus) : Und Von Der Schsten Stunde An
3-14b 61b (Chorus) : Der Rufet Dem Elias
3-14c 61c (Evangelista) : Und Bald Lief Einer Unter Ihnen
3-14d 61d (Chorus) : Halt ! Laß Sehen
3-14e 61e (Evangelista) : Aber Jesus Schriee Abermal
3-15 62 Choral : Wenn Ich Einmal Soll Scheiden
3-16a 63a (Evangelista) : Und Siehe Da, Der Vorhang Im Tempel Zerriß
3-16b 63b (Due Chori In Unisono) : Wahrlich, Dieser Ist Gottes Sohn Gewesen
3-16c 63c (Evangelista) : Und Es Waren Viel Weiber Da
3-17 64 Recitativo : Am Abend, Da Es Kühle War
3-18 65 Aria : Mache Dich, Mein Herze, Rein
3-19a 66a (Evangelista) : Und Joseph Nahm Den Leib
3-19b 66b (Due Chori) : Herr, Wir Haben Gedacht
3-19c 66c (Evangelista, Pilatus) : Pilatus Sprach Zu Ihnen
3-20 67 Recitativo : Nun Ist Der Herr Zur Ruh Gebracht
3-21 68 Chorus : Wir Setzen Uns Mit Tränen Nieder

Alto Vocals [Alto Solo, Testis 1] – René Jacobs
Baritone Vocals [Judas] – Renaud Machart
Baritone Vocals [Petrus, Pontifex 1] – Marc Meersman
Bass Vocals [Bass Solo, Pilatus, Pontifex 2] – Peter Kooy
Bass Vocals [Jesus] – Ulrik Cold
Choir – Chœur D’Enfants «In Dulci Jubilo»
Choir [Chorus 1] – Ensemble Vocal Européen De La Chapelle Royale
Choir [Chorus 2] – Collegium Vocale
Soprano Vocals [Ancilla 2] – Catherine Bignalet
Soprano Vocals [Soprano Solo, Ancilla 1, Uxor Pilati] – Barbara Schlick
Tenor Vocals [Evangelista] – Howard Crook
Tenor Vocals [Tenor Solo, Testis 2] – Hans Peter Blochwitz
Orchestra – La Chapelle Royale
Conductor – Philippe Herreweghe

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Rogier van der Weyden, A Descida da Cruz, c. 1435, Museu do Prado, Madrid

PQP

French Cello Concertos – Hee-Young Lim, London Symphony Orchestra, Scott Yoo

Trago mais uma jovem musicista sul coreana, Hee-Young Lim, em outro belo CD da Sony, lançado no final de 2018. Como o próprio nome diz, aqui teremos apenas obras compostas por franceses para o violoncelo. Uma proposta interessante, assim podemos sair um pouco do repertório tradicional.
Saint-Säens e seu Primeiro Concerto talvez seja a obra mais conhecida deste CD, claro que ao lado da indefectível ‘Meditation de Thais’, de Massenet. Lalo também está presente, com seu Concerto para Cello, e entrando no século XX, Darius Milhaud.
Os clientes da amazon foram unânimes em dar 5 estrelas a este CD. E ele tem várias qualidades, entre elas, é óbvio, a excelente solista Hee-Young Lim. Nascida em 1987, curiosamente seus pais não são músicos, ela já tem uma carreira consolidada, apesar deste aqui ser seu primeiro CD. Tem um considerável currículo, atuando como solista, líder dos violoncelos da Filarmônica de Rotterdam, nos tempos de Yannick Nézet-Séguin, além de dar aulas e masterclasses ao redor do planeta. Sugiro darem uma olhada no site da moça. Tem muitas informações interessantes ali. O endereço é https://heeyounglim.com/.
Espero que apreciem. Trata-se de um belo CD, muito bem gravado e interpretado. Tenho certeza de que ainda falaremos muito sobre essa musicista.

01. Concerto for Cello and Orchestra No. 1 in A Minor, Op. 33 I. Allegro non troppo
02. Concerto for Cello and Orchestra No. 1 in A Minor, Op. 33 II. Allegretto con moto
03. Concerto for Cello and Orchestra No. 1 in A Minor, Op. 33 III. Tempo I – Un peu moins vite – Molto allegro
04. Concerto for Cello and Orchestra in D Minor, Op. 37 – Prelude Lento – Allegro maestoso
05. Concerto for Cello and Orchestra in D Minor, Op. 37 – Intermezzo Andantino con moto – Allegro presto
06. Concerto for Cello and Orchestra in D Minor, Op. 37 – Introduction Andante – Allegro vivo
07. Cello Concerto No. 1, Op. 136 – Nonchalant
08. Cello Concerto No. 1, Op. 136 – Grave
09. Cello Concerto No. 1, Op. 136 – Joyeux
10. Les larmes de Jacqueline
11. Meditation From Thais

Hee-Young Lim
London Symphony Orchestra
Scott Yoo – Conductor

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Mozart (1756-1791): Concerto para Clarinete – Eric Hoeprich – Orchestra of the Eighteenth Century – Frans Brüggen

Mozart (1756-1791): Concerto para Clarinete – Eric Hoeprich – Orchestra of the Eighteenth Century – Frans Brüggen

Mozart

Concerto para Clarinete

Eric Hoeprich

Orchestra of the Eighteenth Century

Frans Brüggen

 

O viajante acomoda suas bagagens no quarto da estalagem, especialmente o portmanteau contendo seus preciosos instrumentos fabricados pelo master Lotz e as maravilhosas partituras manuscritas pelo amigo Wolfie. Retira o sobretudo de viajem, molha a garganta com uma cerveja e indaga ao estalajadeiro onde pode encontrar o responsável pelo teatro local.

Estamos no início da década de 90 e a cidade pode ser Lübeck, Riga ou Hanover. O viajante real que vive esta cena imaginada (mas plausível) é um músico virtuose e tem muito trabalho pela frente. Alugar o teatro, preparar o programa, encomendar os anúncios e entradas para o concerto, selecionar, preparar e ensaiar os músicos locais, ufa!

A. S.

Nosso personagem é um de três grandes experts em seus campos de atividade que confluíram pelos poderes e inspirações das musas na cidade de Viena, entre os anos 1780 e 1791, 1792, para criarem a maravilhosa música cujo resumo enche este disco e cujo legado permanece até hoje.

O mais famoso destes três é Mozart, que compôs muita música para o instrumento que estava sendo aperfeiçoado – o clarinete e o ‘basset clarinete’, assim como outros instrumentos de sopro de madeira.

O viajante da cena chamava-se Anton Stadler e chegara a Viena antes de Mozart e com seu irmão Johann impressionava a todos com sua técnica e destreza ao tocar instrumentos de sopro de madeira.

W. A. M.

Este músico inspirou Mozart compor entre outras coisas o Concerto, o Quinteto e o Trio com Clarinete.

O terceiro elemento do trio é Theodor Lotz, fabricante de instrumentos de sopros que produziu, inventou, adaptou os instrumentos de acordo com as demandas e inspirações dos outros dois.

As relações entre estes cavalheiros nem sempre devem ter sido tão harmoniosas quanto a música que acabaram produzindo e tudo indica que Stadler foi quem muito contribuiu para isto. Ele afirmava ter sido o inventor do ‘basset clarinete’ fabricado por Lotz. Este deixou em seu testamento a afirmação de que Stadler lhe ficara devendo por ‘2 neue erfundene Bassklarinet’. Erfundene quer dizer ‘inventados’.

Constanze Mozart também deixou dúvida sobre o caráter de Stadler. Em uma carta para um editor de música francês ela diz que ele deveria se informar com Stadler sobre vários manuscritos originais de Mozart, assim como cópias de trios para ‘corno di basseto’ ainda desconhecidos do público. Stadler teria afirmado que enquanto estava na Alemanha sua portmanteau fora roubada justamente com todas estas coisas que lá estavam. E Constanze continua afirmando que outras pessoas lhe informaram que o sobredito portmanteau acabara numa loja de penhores em troca de 73 ducados e que nele também estava alguns instrumentos.

Clarinete em si bemol de Theodor Lotz

Apesar disto tudo, as relações de Mozart com Stadler pareciam ótimas, a julgar pelo que percebe das cartas entre eles. Devem ter tocado juntos as peças que fecham este disco, o Adagio e a Música Fúnebre, em alguma cerimônia maçônica. Lembremos também da música que acompanha vários trechos da Flauta Mágica.

Joyce DiDonato

Em uma carta de Mozart para Constanze, ele reconta uma passagem de uma carta de Stadler, descrevendo seu enorme sucesso ao tocar as árias de ‘La Clemenza di Tito’, com ‘basset clarinete’ obbligato. Em fins de 1791, Mozart deu a Stadler o manuscrito do Concerto para Clarinete e dinheiro (500 florins) para que o mesmo viajasse para Praga, onde o concerto foi estreado em 16 de outubro de 1791. Difícil julgar os outros, ainda mais a uma distância temporal como esta, mas Mozart divertiu-se muito com Anton. Chamava-o ‘Stodla’, ‘Milagre Boêmio’, ‘Natschibinitschibi’ e lhe confiou o concerto. Stodla demorou quatro anos antes de retornar a Viena, sem o portmanteau…

Frans Brüggen
Eric Hoeprich

O libreto está junto aos arquivos e tem mais informações sobre os instrumentos, se você se interessa por isso. Foi muito bem escrito pelo solista do disco. No mais, desfrute deste lindo álbum que reúne o resumo da cooperação de três pessoas geniais, que com suas virtudes e defeitos colaboraram na criação de tão linda música. Uma nota especial para a belíssima voz da  mezzo-soprano Joyce DiDonato, pela maravilha de som produzido pela Orchestra of the Eighteenth Century, regida pelo lendário Frans Brüggen. Veja que esta é a segunda gravação do concerto por esta formação. Esta foi lançada pelo selo Glossa e foi gravada ao vivo.

Wolfagang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para clarinete, KV 622

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro

La Clemenza di Tito, KV 621 (Excertos)

  1. Abertura
  2. Ária: Parto, ma tu bem mio
  3. Ária: Non più di fiori

Duas Peças

  1. Adagio, KV 411
  2. Maurerische Trauermusik, KV 477

Eric Hoeprich, clarinete

Joyce DiDonato, mezzo-soprano

Orchestra of the Eighteenth Century

Frans Brüggen

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FLAC | 254 MB

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MP3 | 320 KBPS | 149 MB

Você ainda pode ver um pedacinho de um filme sobre estes três cavalheiros que se juntaram para termos esta tão maravilhosa música, se acessar este link. Não deixe de aproveitar o álbum! E mande um alô clicando no link de comentários ‘LEAVE A COMMENT’, logo abaixo do cabeçalho da postagem, anda, clica lá!!

René Denon