BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior, Op. 58 – César Franck (1822-1890) – Variações Sinfônicas – Maurice Ravel (1875-1937) – Concerto em Sol – Moravec – Turnovský – Bělohlávek

Como mencionei ontem, amo tanto esse concerto que não o consigo mais apreciar criticamente. Abandono-me às suas belezas, seja na interpretação de Gilels – que, assim como minha declaração de amor ao Op. 58, vocês também ouviram ontem -, seja na de Maria João (que recomendo muito, e restaurei para vocês), ou nessas duas do mestre praguense, Ivan Moravec.

Moravec, de quem, num doloroso dever, fizemos o obituário aqui no PQP Bach, era um pianista de toque muito preciso e absolutamente obcecado pela qualidade do som dos pianos que tocava, tanto que viajava com sua maletinha de utilidades e passava quase tanto tempo com os técnicos quanto com os regentes. Apesar de sua merecida fama de perfeccionista – o que não o impedia de dar seus grunhidos ao teclado, que os mais atentos ouvirão -, estava muito mais para um exigente sacerdote do que para um almofadinha cheio de manias, e provocava muita admiração pela capacidade de, tanto nos ensaios quanto nas apresentações, repetir com tanta precisão as passagens que os takes resultantes eram indiferenciáveis, se não fossem numerados, e de não errar uma nota sequer. É claro que as qualidades de Moravec vão bem além de não errar: suas leituras de Beethoven transbordam riqueza timbrística, lirismo e – especialmente no maravilhoso movimento lento – expressividade. A primeira que lhes apresento foi a segunda a ser gravada, ao vivo e em 2003, com a então jovem Prague Philharmonia sob a regência de seu fundador, Jiří Bělohlávek, que depois seria titular da BBC Symphony Orchestra. Ela tem um caráter, diria, mais mozartiano, e é seguida de duas peças que dificilmente poderíamos imaginar pareadas a um concerto de Beethoven, mas que harmonizam muito bem com ele: as Variações Sinfônicas de César Franck (que nasceu no ano em que Ludwig começou a “Ode à Alegria”), na interpretação que me fez enfim gostar da obra, e o maravilhoso concerto de Maurice Ravel (nascido no ano em que Franck, então decano do Conservatório de Paris, completou Les Éolides), tocado duma maneira que Benedetti Michelangeli, que praticamente cooptou Moravec para ser seu aluno, certamente amaria ouvir. As cadenze do Op. 58 são do próprio Beethoven.

A segunda, de 1964, foi gravada em Viena, enquanto Moravec ainda podia viajar com bastante liberdade, sob a regência de Martin Turnovský, um compatriota que se exilaria do lado de lá da Cortina de Ferro depois da Primavera de Praga. É a versão mais idiomaticamente beethoveniana que conheço, tecnicamente impecável, expressão exuberante do controle absoluto do todo e de tudo, e um dos meus modelos de perfeição postos em disco. Deixo-a com vocês numa ripagem de LP, enquanto aguardo sentado que alguém no mercado fonográfico deixe um pouco de lado os decotões da Khatia e resolva fazer para a Humanidade o bem de remasterizá-lo e lançá-lo em mídia digital.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior, Op. 58
Composto entre 1804-1807
Publicado em 1808
Dedicado ao arquiduque Rudolph da Áustria

1 – Allegro moderato
2 – Andante con moto
3 – Rondo – Vivace

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)

Variações Sinfônicas em Fá sustenido menor para piano e orquestra, M. 46

4 – Poco allegro – L’istesso tempo – Poco più lento – Allegro — Allegretto quasi andante – Molto più lento – Allegro non troppo

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)

Concerto em Sol maior para piano e orquestra, M. 83

5 – Allegramente
6 – Adagio assai
7 – Presto

Ivan Moravec, piano
Prague Philharmonia
Jiří Bělohlávek, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior, Op. 58

1 – Allegro moderato
2 – Andante con moto
3 – Rondo – Vivace

Ivan Moravec, piano
Symphonieorchester des Wiener Musikvereins
Martin Turnovský,
regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Díky moc, Ivane! Jste ten nejlepší klavirísta!


Para quem ver Moravec em ação, eis o concerto Op. 58 aos cuidados dele e de
Frans Brüggen, com a Orquestra Filarmônica da Rádio Neerlandesa

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

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