Dois erros seguidos – no link e com a gravação – fizeram-me por esta postagem atrás de tapumes e republicá-la só depois de conferir várias vezes se tudo estava certo. Peço desculpas aos leitores-ouvintes, enquanto agradeço pela gentileza dos que souberam apontar os problemas com a civilidade que tanto apreciamos.
Juro que lhes queria trazer essa gravação para mostrar-lhes a tremenda musicalidade de Gidon Kremer a serviço do concerto de Beethoven na companhia dum conjunto quase camerístico, a Academy of St. Martin-in-the-Fields, sob o comando daquele que sempre deixa tudo melífluo e redondinho, o Neville Marriner. Só que a cadenza de Schnittke, esse fascinante espantalho, é meu verdadeiro, e ademais confesso motivo para trazer-lhes hoje Kremer e Marriner.
Nota-se, pelo incomum anúncio da cadenza tanto no título da postagem quanto na própria capa do CD, que ela não é tão só uma vinheta inserida para o virtuose demonstrar um tanto boçalmente suas malandragens. Essa nota de advertência, como se uma tarja preta fosse sobre entorpecentes, ou um tapa-sexo a cobrir as vergonhas do bom-gosto, a exercer marotamente o efeito contrário sobre aqueles atraídos por tudo que é maldito, tornou-se necessária pelo escândalo que ela causou, quando de sua primeira audição. À parte de algum interesse meio constrangido, devido mais à projeção de Schnittke como o mais conhecido compositor soviético pós-Shostakovich e como notório dissidente do regime que caminhava para o colapso, essa estranha criatura foi execrada, odiada e esculachada a ponto de “pichação!” ser uma das coisas mais gentis que se escreveu sobre ela. Encomendada ao compositor pelo próprio Kremer, foi aqui gravada uma vez e, salvo um que outro estrebucho ou gravação, abandonada ao oblívio.
A vida é curta, a Arte é longa e, ainda bem, aberta. O poliestilismo de Schnittke aqui está, cru e escarrado, sem dúvidas incongruente com a serenidade clássica do Beethoven que envolve suas cadenze, e recheada de citações explícitas de várias obras. Na minha desimportante opinião, ela comenta e transforma o concerto duma maneira sensacional, o que justifica a inclusão desta gravação em nosso repositório pequepiano. Se a odiarem, como ademais quase todo o resto do planeta, restar-lhes-á ao menos o passatempo de, ao passar o pente fino na pelagem da besta schnittkeana, identificar as obras nela citadas e mencioná-las nos comentários.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61 Composto em 1806 Publicado em 1808 Dedicado a Stephan von Breuning
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghett0
3 – Rondo: Allegro
Gidon Kremer, violino
Academy of St. Martin-in-the-Fields Neville Marriner, regência
A quem ouvir a cadenza e desejar a morte de Alfred Schnittke, lamento informar que seu desejo é redundante, porque ele já empacotou em 1998, e que seu epitáfio é, provavelmente, o maior de todos os tempos.
Por um descuido, acabei esquecendo do terceiro volume desta caixa, então aqui está ele. E são exatamente as Sonatas de op. 10, vejam só. Ah, os registros destas gravações foram feitos ao vivo.
Bom proveito.
1. Piano Sonata No.5 In C Minor, Op.10 No.1-1. Allegro Molto E Con Brio
2. Piano Sonata No.5 In C Minor, Op.10 No.1-2. Adagio Molto
3. Piano Sonata No.5 In C Minor, Op.10 No.1-3. Finale (Prestissimo)
4. Piano Sonata No.6 In F, Op.10 No.2-1. Allegro0
5. Piano Sonata No.6 In F, Op.10 No.2-2. Allegretto
6. Piano Sonata No.6 In F, Op.10 No.2-3. Presto
7. Piano Sonata No.7 In D, Op.10 No.3-1. Presto
8. Piano Sonata No.7 In D, Op.10 No.3-2. Largo E Mesto
9. Piano Sonata No.7 In D, Op.10 No.3-3. Menuetto (Allegro)
10. Piano Sonata No.7 In D, Op.10 No.3-4. Rondo (Allegro)
O disco desta postagem não se cansa de me dar alegrias. Ao ouvi-lo não é difícil crer que Mozart sentia um grande prazer no convívio com outros músicos com os quais podia compartilhar sua imensa genialidade musical. Uma desta pessoas certamente foi Johann Christian Bach, o Bach de Londres. Os relatos de como os dois passavam tempo ao piano são bem conhecidos, tais como este deixado por Nannerl, irmã de Mozart:
“Herr Johann Christian Bach, music master of the queen, took Wolfgang between his knees. He would play a few measures; then Wolfgang would continue. In this manner they played entire sonatas. Unless you saw it with your own eyes, you would swear that just one person was playing.”
Håvard Gimse
A própria Nannerl certamente era outra destas pessoas com quem o convívio musical era prazeroso. Foi para tocarem juntos que este concerto para dois pianos foi composto. A orquestração tem seus débitos para com a música de J. C. Bach, mas a alegria e maestria da parte para os solistas testemunham esta camaradagem e cumplicidade existente entre os irmãos. Esta cumplicidade e alegria foi devidamente revivida nesta linda gravação pelos dois pianistas noruegueses Håvard Gimse e Vebjørn Anvik.
Vebjørn Anvik
Eu cheguei ao álbum seguindo a trilha do nome do violista Lars Anders Tomter, o qual eu conhecia por um lindo disco com sonatas para viola (ou clarinete) de Brahms. Foi então que me dei conta do nome da regente, Iona Brown. Ela foi uma violinista que fez carreira na orquestra de Neville Marriner, a Academy of St. Martin-in-the-Fields. Começou nas fileiras de violinos, chegou a primeiro violino e solista e também direção da orquestra.
Lars Anders Tomter
Quem viveu a transição dos LPs para Cds deve lembrar-se da gravação dos Concerti Grossi, Op. 6, de Handel, pela Academy of St. Martin-in-the-Fields, surpreendentemente dirigida por outra pessoa que não fosse Neville Marriner.
Iona Brown assumiu a Orquestra de Câmera da Noruega em 1981 com grande sucesso. Este disco é uma boa prova disto. Esta gravação da Sinfonia Concertante, na qual ela atua como solista e também regente foi escolhida pela revista Gramophone com a melhor, em uma lista de fazer inveja… Veja aqui.
Wolfie e Nannerl
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para dois pianos e orquestra em mi bemol maior, K 365
Allegro
Andante
Allegro
Sinfonia Concertante para violino, viola e orquestra em mi bemol maior, K 364
Veredito da Gramophone sobre a gravação da Sinfonia Concertante: Top Choice
Superbly matched soloists and lithe ensemble playing in a joyous performance mingling subtlety of detail with a natural Mozartian flow. The Andante is profoundly moving in its subtlety and restraint.
O sétimo CD traz a Sonata ‘Apassionata’, com certeza uma das favoritas de muita gente, inclusive deste que vos escreve. Ou seja, apreciem sem moderação.
E uma experiência muito interessante encarar uma integral destas sonatas, já cansamos de falar disso por aqui. Podemos não gostar de uma ou outra, mas o conjunto da obra é o que vale, não acham? Ninguém aqui é louco de admitir que o genial Beethoven nunca compôs bobagens sem nexo. Faz parte do próprio processo criativo de qualquer um. Inclusive de Beethoven.
Vamos lá, o tempo urge, e já estamos quase lá . Faltam apenas mais três CDs fora este
079. Piano Sonata No.25 In G, Op.79-1. Presto Alla Tedesca
080. Piano Sonata No.25 In G, Op.79-2. Andante
081. Piano Sonata No.25 In G, Op.79-3. Vivace
082. Piano Sonata No.24 In F Sharp, Op.78 For Therese-1. Adagio Cantabile-Allegro Ma Non Troppo
083. Piano Sonata No.24 In F Sharp, Op.78 For Therese-2. Allegro Vivace
084. Piano Sonata No.27 In E Minor, Op.90-1. Mit Lebhaftigkeit Und Durchaus Mit Empfindung Und Ausdruck
085. Piano Sonata No.27 In E Minor, Op.90-2. Nicht Zu Geschwind Und Sehr Singbar Vorgetragen
086. Beethoven Piano Sonata No.23 in F minor, Op.57 -Appassionata-1. Allegro assai
087. Piano Sonata No.23 In F Minor, Op.57 -Appassionata-2. Andante Con Moto
088. Piano Sonata No.23 In F Minor, Op.57 -Appassionata-3. Allegro Ma Non Troppo
Acho que foi o colega René Denom que falou que quando encontra uma integral das sonatas para Piano de Beethoven que ainda não conhece, começa ouvindo a ‘Sonata Waldstein’: se ele gostar daquela interpretação possivelmente gostará das outras. É seu parâmetro de análise. Eu diria que meu parâmetro seria a ‘Patétique’. Questão de gosto e de escolha pessoal. É como aquela discussão sobre qual disco você levaria para uma ilha deserta. Cada um faz uma lista pessoal.
Se eu levaria esta integral de Alfred Brendel? Ou o LP onde ouvi esta “Waldenstein” pela primeira vez? Como comentei em postagem anterior, Brendel foi fundamental na minha escolha de parâmetros, mas não diria que seja meu pianista favorito, outros nomes se destacariam, pelos mais diversos motivos que não cabe colocar aqui. Digamos que falo em nome do conjunto da obra.
Temos neste sétimo CD uma das melhores ‘Sonatas a Waldstein’ que já tive a oportunidade de ouvir, porém a mais ‘estranha’, principalmente em seu Rondó final. Ouçam e tirem suas conclusões.
Estamos entrando na reta final desta integral, e creio que neste CD temos alguns dos melhores momentos dela. Espero que apreciem. Eu gostei muito.
1. Piano Sonata No.21 In C, Op.53 -Waldstein-1. Allegro Con Bio
2. Piano Sonata No.21 In C, Op.53 -Waldstein-2. Introduzione (Adagio Molto)
3. Piano Sonata No.21 In C, Op.53 -Waldstein-3. Rondo (Allegretto Moderato-Prestissimo)
4. Piano Sonata No.22 In F, Op.54-1. In Tempo D’un Menuetto
5. Piano Sonata No.22 In F, Op.54-2. Allegretto
6. Piano Sonata No.28 In A, Op.101-1. Etwas Lebhaft Und Mit Der Innigsten Empfindung (Allegretto Ma Non Troppo)
7. Piano Sonata No.28 in A, Op.101-2. Lebhaft, marschmäßig (Vivace alla marcia)
8. Piano Sonata No.28 In A, Op.101-3. Langsam Und Sehnsuchtsvoll (Adagio Ma Non Troppo, Con Affetto)
9. Piano Sonata No.28 In A, Op.101-4. Geschwind, Doch Nicht Zu Sehr Und Mit Entschlossen- Heit (Allegro)
10. Andante Favori In F, WoO 57
Sim, mais uma gravação do concerto para violino – fazer o quê, se eu o amo tanto quanto aquele quarto concerto? Cresci ouvindo as maravilhosas gravações de Oistrakh, enquanto conhecia outras não menos belas, como as de Ferras, Menuhin e Stern. Quando chegou Heifetz, a concorrência pareceu liquidada, e eu quase perfurei o CD daquela gravação com Munch de tanto que a escutei. Com o tempo, percebi que não havia concorrência, e sim alternativas ao que propôs o maior de todos os violinistas, e me permiti apreciar outras versões: Kremer, Mintz, Mutter. Aí vi que a turma da interpretação historicamente informada tinha feito uma gravação, mas não conhecia o violinista e, por mais que gostasse de Frans Brüggen regendo Bach e tivesse sua “Die Schöpfung” de Haydn sem parar em meu toca-discos laser, tinha dificuldades de imaginá-lo a conduzir aquela peça que aprendera a ouvir nos andamentos frenéticos do ídolo Jascha. Só muito tempo depois, depois de descobrir a maestria de Brüggen como acompanhador e suas estimulantes leituras para as sinfonias de Beethoven, e de escutar os ótimos registros de Thomas Zehetmair nas sonatas e partitas de J. S. Bach, que enfim me permiti experimentar aquele Op. 61 que deixara por tanto tempo de lado, e…
O que lhes posso dizer foi que me senti um completo idiota por não a ter escutado antes. Chamá-la de impecável, apesar de ser verdade, seria apenas parte dela. Há a um só tempo um senso de concisão e uma serenidade que não consigo comparar a qualquer outra, um acompanhamento tão preciso que faz a Orchestra of the 18th Century soar não como um conjunto, mas sim como um colorido órgão, e uma precisão de entonação e de graça rítmica que fazem Zehetmair me ser inconfundível. Há brilho nas cadenze – outra vez adaptadas daquelas, anabólicas e com tímpanos, que Beethoven escreveu para o arranjo pianístico deste concerto – e vários achados, como a transição do Larghetto para o faceiro rondó final. Escutem-na e, depois, venham juntar-se ao coro a me chamar de completo idiota, de idiota completo.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Romance no. 2 para violino e orquestra em Fá maior, Op. 50 Composto em 1798 Publicado em 1805
1 – Adagio cantabile
Romance no. 1 para violino e orquestra em Sol maior, Op. 40 Composto em 1802 Publicado em 1803
2 – Adagio cantabile
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61 Composto em 1806 Publicado em 1808 Dedicado a Stephan von Breuning
3 – Allegro ma non troppo
4 – Larghett0
5 – Rondo: Allegro
Thomas Zehetmair, violino Orchestra of the 18th Century Frans Brüggen, regência
Que coisa mais linda esta série que finalizamos hoje! O Ébène fecha sua integral de quartetos de Beethoven com o maravilhoso Op. 132, aqui interpretado — surpreendentemente — com lentidão digna de Celibidache. Parece há uma competição entre os quartetos: quem toca o Molto Adagio mais lentamente? Acho que o Ébène tem a liderança provisória com mais de um minuto de vantagem. Beethoven escreveu este movimento depois de se recuperar de uma doença grave que ele temia ser fatal porque havia sofrido com uma desordem intestinal durante todo o inverno de 1824. Ele escreveu na partitura: “Heiliger Dankgesang eines Genesenen et die Gottheit, in der lydischen Tonart ” (“Canção sagrada de ação de graças de um convalescente à Deidade, no modo lídio”). Após ouvir este Op. 132 por mais de quarenta anos, ele permanece assustadoramente bonito para mim. Ainda sou fascinado por sua construção e ainda me emociono com a oração do terceiro movimento, mesmo sendo ateu. Seus cinco movimentos em conjunto só se tornam mais intrigantes com o tempo.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 3, Op. 18 e 15, Op. 132 (Ébène/Paris)
1 String Quartet No. 3 in D Major, Op. 18 No. 3: I. Allegro 7:40
2 String Quartet No. 3 in D Major, Op. 18 No. 3: II. Andante con moto 8:19
3 String Quartet No. 3 in D Major, Op. 18 No. 3: III. Allegro 2:51
4 String Quartet No. 3 in D Major, Op. 18 No. 3: IV. Presto 6:17
5 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: I. Assai sostenuto – Allegro 9:55
6 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: II. Allegro ma non tanto 8:35
7 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: III. Molto adagio 20:59
8 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: IV. Alla marcia, assai vivace 2:12
9 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: V. Finale (Allegro appassionato) 6:40
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
Estes tempos de Pandemia e de isolamento social que estamos vivendo estão ajudando a mudar alguns conceitos e costumes, dizem. Pode até ser, não aconteceu comigo, ainda. O uso da vírgula é intencional, pois ainda estamos no meio do burburinho. O futuro irá nos julgar.
1. Piano Sonata No. 16 in G Major, Op. 31 No. 1-1. Allegro vivace
2. Piano Sonata No.16 In G, Op.31 No.1-2. Adagio Grazioso
3. Piano Sonata No.16 In G, Op.31 No.1-3. Rondo (Allegretto)
4. Piano Sonata No.17 In D Minor, Op.31 No.2 -Tempest-1. Largo-Allegro
5. Piano Sonata No.17 In D Minor, Op.31 No.2 -Tempest-2. Adagio
6. Piano Sonata No.17 In D Minor, Op.31 No.2 -Tempest-3. Allegretto
7. Piano Sonata No.18 In E Flat, Op.31 No.3 -The Hunt-1. Allegro
8. Piano Sonata No.18 In E Flat, Op.31 No.3 -The Hunt-2. Scherzo (Allegretto Vivace)
9. Piano Sonata No.18 In E Flat, Op.31 No.3 -The Hunt-3. Menuetto (Moderato E Grazioso)
10. Piano Sonata No.18 In E Flat, Op.31 No.3 -The Hunt-4. Presto Con Fuoco
Depois de amar as maravilhosas gravações de Leonidas Kavakos para as sonatas de Lud Van, iniciou-se uma espera que admito ter sido ansiosa em demasia por este seu concerto de Beethoven com os bávaros da Rádio. Fruto de sua atuação como artista-em-residência da Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks, doravante denominada SOBR, ela foi tão boa que rendeu, além do Op. 61, um delicioso registro do septeto Op. 20, que atesta o deleite que foi para alemães e grego fazer música no período. A SOBR, conjunto lapidado durante décadas por regentes do calibre de Jochum, Kubelík e Maazel, era então conduzida havia dezesseis anos pelo gigante Mariss Jansons, um grande formador de conjuntos, o que é facilmente percebido na resposta que ela dá a Kavakos em sua dupla tarefa de solista e regente. Os leitores-ouvintes que amam este concerto certamente perceberão que se trata de uma de suas mais longas interpretações em toda discografia, graças à escolha de andamentos muito comedidos que valorizam, assim como nas sonatas supracitadas, o belíssimo timbre de Kavakos, que saboreia sem pressa todos os fraseados. Acusaram-no de parir um concerto romantizado, no que eu o defendo: eu o achei muito clássico no respeito à partitura e na discrição dos contrastes dinâmicos, com toques românticos no uso do rubato e, como perceberão também, em várias notas longas, prolongadas ad libitum. As cadências foram adaptadas pelo solista a partir daquelas escrita por Beethoven para a versão pianística do concerto. A cadência principal, no primeiro movimento, chega a destoar da serenidade prevalecente com seu virtuosismo desenfreado, uma exibição quase boçal de técnica, como se Kavakos quisesse botar suas asinhas de mestre dos truques de fora depois de tantos minutos cantando com o arco. As demais são mais sossegadas e afeitas ao estilo da obra, e serão surpresas muito interessantes para aqueles que amam este concerto e o conhecem de cor. Trata-se dum registro a ser ouvido dentro do mesmo espírito daqueles últimos, visionários quartetos do Op. 130 em diante: sem pressa, sem comparações, e sem distratores mundanos.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61 Composto em 1806 Publicado em 1808 Dedicado a Stephan von Breuning
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghett0
3 – Rondo: Allegro
Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks Leonidas Kavakos, violino e regência
Os três quartetos Razumovsky, Op. 59, são obras que Ludwig van Beethoven escreveu em 1806, como resultado de uma encomenda do embaixador russo em Viena, o conde Andreas Razumovsky. Neste Disco, estão os dois primeiros e o terceiro está aqui. O único pedido específico feito pelo conde Razumovsky era que as músicas folclóricas russas fossem apresentadas de maneira significativa na música. Beethoven atendeu a esse pedido em dois dos três quartetos, mas com melodias que são, como ele disse, temas russos “reais ou imitados”. Com a publicação dos quartetos Op. 59, Beethoven transformou o gênero do quarteto de cordas para fora do cenário de “câmara” para um palco maior. Cada um dos quartetos Op. 59 se destaca como um trabalho individual monumental, tanto em termos de tamanho literal quanto de alcance dramático.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 7 e 8, Op. 59, 1 e 2
[10:43] 01. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 7 in F Major, Op. 59 No. 1, “Razumovsky”: I. Allegro
[09:01] 02. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 7 in F Major, Op. 59 No. 1, “Razumovsky”: II. Allegretto vivace e sempre scherzando
[14:12] 03. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 7 in F Major, Op. 59 No. 1, “Razumovsky”: III. Adagio molto e mesto
[08:05] 04. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 7 in F Major, Op. 59 No. 1, “Razumovsky”: IV. Allegro (Russian Theme)
[09:58] 05. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 8 in E Minor, Op. 59 No. 2, “Razumovsky”: I. Allegro (SHRM 96/24)
[13:14] 06. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 8 in E Minor, Op. 59 No. 2, “Razumovsky”: II. Molto adagio
[06:59] 07. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 8 in E Minor, Op. 59 No. 2, “Razumovsky”: III. Allegretto
[05:42] 08. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 8 in E Minor, Op. 59 No. 2, “Razumovsky”: IV. Finale – Presto
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
Ah, a ‘Sonata ao Luar’ … muito romance já se iniciou ao som dessa obra prima, muitos suspiros, muitas emoções. Um amigo me ensinou os primeiros acordes no violão, mas parei por ali. Não tinha a técnica muito apurada para seguir em frente com o desafio. Sempre fui preguiçoso nos estudos.
Provavelmente quem me apresentou a esta obra foi Arthur Rubinstein, naquele antigo programa dominical na Globo chamado ‘Concertos para a Juventude”. Posteriormente adquiri esse LP do Brendel em algum sebo em Curitiba. Não lembro, já se passaram mais de três décadas ou quatro décadas … o tempo passa, o tempo voa. A situação financeira em casa na minha infância não permitia gastos com discos, o dinheiro era contadinho. Eu contava então com a cumplicidade da Rádio local, que tocava música clássica no final da tarde de domingo. Nomes como Wilhelm Kempff, Arthur Rubinstein, Herbert von Karajan, Karl Böhm, o então jovem Maurizio Pollini, Luciano Pavarotti, todos estes nomes estranhos começaram a se tornar familiares graças a estes programas. Creio que muitos de nós devemos muito a estas rádios.
046. Piano Sonata No.12 In A Flat, Op.26-1. Andante Con Variazioni
047. Piano Sonata No.12 In A Flat, Op.26-2. Scherzo (Allegro Molto)
048. Piano Sonata No.12 In A Flat, Op.26-3. Marcia Funebre Sulla Morte D’un Eroe
049. Piano Sonata No.12 In A Flat, Op.26-4. Allegro
050. Piano Sonata No.13 In E Flat, Op.27 No.1-1. Andante-Allegro-Tempo I
051. Piano Sonata No.13 In E Flat, Op.27 No.1-2. Allegro Molto E Vivace
052. Piano Sonata No.13 In E Flat, Op.27 No.1-3. Adagio Con Espressione
053. Piano Sonata No.13 In E Flat, Op.27 No.1-4. Allegro Vivace-Tempo I-Presto
054. Piano Sonata No.14 In C Sharp Minor, Op.27 No.2 -Moonlight-1. Adagio Sostenuto
055. Piano Sonata No.14 In C Sharp Minor, Op.27 No.2 -Moonlight-2. Allegretto
056. Piano Sonata No.14 In C Sharp Minor, Op.27 No.2 -Moonlight-3. Presto
057. Piano Sonata No.19 In G Minor, Op.49 No.1-1. Andante
058. Piano Sonata No.19 In G Minor, Op.49 No.1-2. Rondo (Allegro)
Disso, e de muito mais, chamaram a delicada Op. 60, porque acharam que ela fora menos, e muito menor, do que esperavam duma sinfonia de Beethoven que viesse em seguida do portento da “Eroica”. A posteridade, por já conhecer a sinfonia seguinte, a impetuosa joia em Dó menor, considerou a Quarta uma obra menor, um bombom, uma bagatela entre duas obras de fôlego. A comparação atribuída a Schumann (“uma donzela grega entre dois gigantes nórdicos”) não contribuiu, infelizmente, para lhe melhorar a reputação entre um público a que, pelo jeito, apetecessem mais os colossos. Uma pena: essa sinfonia é um primor de concisão, um exercício radical de economia de meios que não tem tempo para, como sua predecessora, se deter em fugatos, e flui inexoravelmente, com um pulso crescente que se faz sentir inclusive em seu movimento lento, e até o moto perpétuo final. Se lhe tivessem ao menos arranjado um apelido grudento como “Sinfonia Solar” ou “a Radiante”, talvez ela fosse ouvida como merece. No entanto, como nem os editores se impressionaram com essa joia, e o próprio compositor perdeu-se no seu propósito, prometendo-a para um dedicatário, mas estreando-a pela orquestra dum outro, em mais um atrapalhado pregão de produtos beethovenianos, acabou por faltar-lhe uma alcunha à altura. “Pequena Notável”? Chamemo-la assim, e que alguma entre a dúzia de gravações que lhes alcanço a seguir possa fazer os leitores-ouvintes lhe darem o devido valor.
Sinfonia no. 4 em Si bemol maior, Op. 60 Composta em 1806 Publicada em 1812 Dedicada ao conde Franz von Oppersdorff
Aqui, só alegrias. Dois quartetos da época classicista de Beethoven e o último, quando ele já estava transformando o romantismo em algo muito pessoal. O Op. 18, publicado em 1801, são dois livros de três quartetos cada. São os primeiros seis quartetos de cordas de Beethoven. Eles foram compostos entre 1798 e 1800 por encomenda do príncipe Joseph Franz Maximilian Lobkowitz, que era o empregador de um amigo de Beethoven, o violinista Karl Amenda. Pensa-se que demonstrem seu domínio total do quarteto de cordas clássico desenvolvido por Joseph Haydn e Wolfgang Amadeus Mozart. Já o Op. 135 foi escrito em outubro de 1826 e foi o último grande trabalho que ele completou, o último dos últimos quartetos e a última grande obra de Beethoven. O 135 foi estreado pelo quarteto Schuppanzigh em março de 1828, um ano após a morte do compositor. O trabalho é menor em tempo do que os outros quartetos tardios. Sob os acordes lentos introdutórios do último movimento, Beethoven escreveu no manuscrito “Muß es sein?” (Deve ser?) Ao qual ele responde, com o tema principal mais rápido do movimento, “Es muß sein ” (Deve ser!). Todo o movimento é intitulado ” Der schwer gefaßte Entschluß ” (“A decisão difícil”).
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 4, Op. 18, Nº 5, Op. 18 e Nº 16, Op. 135
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827): Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4:
1 Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4: I. Allegro ma non tanto
2 Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4: II. Scherzo (Andante scherzoso quasi allegretto)
3 Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4: III. Menuetto (Allegretto)
4 Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4: IV. Allegro
Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5:
5 Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5: I. Allegro
6 Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5: II. Menuetto
7 Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5: III. Andante cantabile
8 Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5: IV. Allegro
Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135:
9 Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135: I. Allegretto
10 Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135: II. Vivace
11 Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135: III. Lento assai, cantate et tranquillo
12 Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135: IV. Grave ma non troppo tratto – Allegro
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
A gente nunca esquece da primeira ‘Patética’, né? Claro que falo da Sonata de Beethoven, mas também poderia estar falando da famosa Sinfonia de Tchaikovsky, com a qual também tenho uma relação muito forte, porém isso é papo para outra ocasião.
BEETHOVEN com letra maiúscula, coisa de gênio essa sonata, não acham? E a cara do Brendel aí na foto diz tudo: o que vocês acharam? Sim, poderia ter sido mais intensa, mas acho que ficou boa.
Divirtam-se, pois vem bem mais por aí.
033. Piano Sonata No.8 In C Minor, Op.13 -Pathétique-1. Grave-Allegro Di Molto E Con Brio
034. Piano Sonata No.8 In C Minor, Op.13 -Pathétique-2. Adagio Cantabile0
035. Piano Sonata No.8 In C Minor, Op.13 -Pathétique-3. Rondo (Allegro)
036. Piano Sonata No. 9 in E Major, Op. 14 No. 1-1. Allegro
037. Piano Sonata No.9 In E, Op.14 No.1-2. Allegretto
038. Piano Sonata No.9 In E, Op.14 No.1-3. Rondo (Allegro Comodo)
039. Piano Sonata No.10 In G, Op.14 No.2-1. Allegro
040. Piano Sonata No.10 In G, Op.14 No.2-2. Andante
041. Piano Sonata No.10 In G, Op.14 No.2-3. Scherzo (Allegro Assai)
042. Piano Sonata No.11 In B Flat, Op.22-1. Allegro Con Brio
043. Piano Sonata No.11 In B Flat, Op.22-2. Adagio Con Molto Espressione
044. Piano Sonata No.11 In B Flat, Op.22-3. Menuetto
045. Piano Sonata No.11 In B Flat, Op.22-4. Rondo (Allegretto)
Acho que é a história natural do melômano: começas pelo que te é mais próximo, e depois expandes teus horizontes (ou não). Eu, que comecei torturando a família com um piano velho em casa, derretia em gozo com a literatura pianística que escutava na rádio e reescutava em fitas cassete (googleiem, garotada!) que da rádio gravava, e com o que conseguia nas esporádicas compras na loja de Shylock Simpson (porque minha adolescência, ahimè!, foi em cruzados). Enquanto isso, calculava a quantidade de encarnações que levaria para coordenar meus incapazes dedos a ponto de tocar aquela segunda Rapsódia Húngara de Liszt como Horowitz, ou desembrutecê-los a ponto fazer o piano cantar em pianíssimo com acompanhamento em pianissíssimo como Rubinstein fazia nos noturnos de Chopin.
Esse inexorável círculo vicioso de incompetência e frustração ao teclado, que foi de modo inapelável sepultado quando fui buscar uma profissão menos frustrante (no que também fracassei), abriu-me ao menos a porteira do conhecimento da música para piano e, posteriormente, para música COM piano – fosse em duos ou em conjuntos de câmara, e daí para a música de câmara e suas diversas combinações de instrumentos. Havia, no entanto, uma fronteira – aquela que não conseguia transpor de JEITO MANEIRA, a dos quartetos de cordas.
Por mais que tentasse, não conseguia escutá-los. Cheguei a pensar que fossem um gosto adquirido, feito chimarrão, dobradinha ou hákarl, mas não adiantava: não os compreendia. Aquelas cordas, que pareciam fanhosas ou estridentes se comparadas aos seus ricos naipes em orquestra, não me pareciam capazes de agradar. E já desistira do caso quando, na rádio, ouvi uma música irresistivelmente ebuliente. Contei suas partes: um violino, dois violinos, um violoncelo e uma viola. Eureka – um quarteto de cordas que me agradou! E não só isso, me deixou embevecido com sua energia maníaca e encerramento furioso – fui conferir, e o locutor me contou que aquele era o finale do Razumovsky no. 3, exatamente na primeira das gravações que lhes apresento agora.
Corri à loja, não à de Shylock Simpson, porque era careiro e cobrava em dólares, e ademais já quase não tinha mais lanches a sacrificar por gravações naquele mês. Meu destino era uma salinha subterrânea onde uma doce senhorinha, com a voz da Marge Simpson (talvez fosse parente de Shylock) e apropriadamente chamada Margarida, recebia-me com afeto e cafezinhos. Para lá me atirei porque lembrava-me de ter visto uma caixa de CDs com o nome de Beethoven e alguns cavalheiros japoneses a brandirem seus instrumentos. Acertei: era o Tokyo String Quartet, eles tocavam os Razumovsky e aquela caixa (saudades, RCA Victor Red Seal!) estava ao alcance de meu famélico orçamento.
Eu, que sempre temi que o feixe de laser do que chamada “toca-discos laser” acabasse por furar o CD, convenci-me do contrário, porque passei horas e dias a ouvir aquele fugato em loop e o CD aqui ainda está, tanto que eu o ripei para compartilhar com vocês. Depois de calejar os tímpanos com aquele movimento, aventurei-me nas outras faixas, enquanto aprendia que aqueles quartetos tinham o nome do embaixador russo, que para o agrado do tal Razumovsky tinham cada qual um tema russo (explícito em títulos de movimentos nos dois primeiros, e supostamente embutido no Andantino do terceiro), e que eram possivelmente os quartetos mais sinfônicos escritos até então – razão, talvez, deles terem me fisgado.
Adorei-os por muito tempo e, mesmo vindo a conhecer outras gravações, sempre guardei a melhor memória possível da leitura do Tokyo String Quartet. Bem mais tarde, quando eu já era um barbudo a pagar meus próprios boletos, veio à luz uma nova gravação dos mesmos quartetos com o mesmo conjunto, parcialmente renovado, e com dois daqueles cavalheiros nipônicos já bastante grisalhos. Um tanto cabreiro, gerei mais um boleto e levei-os para casa. Tudo muito diferente, melhor trabalhado, ataques menos agressivos, vibratos menos pungentes. Gostei tanto que, na dúvida entre qual das gravações eu lhes ofereceria, resolvi oferecer as duas, para que possam compará-las e que me façam saber o que acharam delas.
E o que acho hoje dos Razumovsky? Continuo a apreciá-los, e aquele fugato segue firme em minha lista de movimentos irresistíveis, mas hoje escuto mais os últimos quartetos de Beethoven. Talvez sejam meus próprios grisalhos – ou, então, seja a história natural do melômano.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Três quartetos para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 59, “Razumovsky” Compostos em 1806 Publicados em 1808 Dedicados ao conde Andrei Kirillovich Razumovsky
No. 1 em Fá maior
1 – Allegro
2 – Allegretto vivace e sempre scherzando
3 – Adagio molto e mesto – attacca
4 – “Thème Russe”: Allegro
No. 2 em Mi menor
5 – Allegro
6 – Molto adagio (si tratta questo pezzo con molto di sentimento)
7 – Allegretto – Maggiore: Thème russe
8 – Finale. Presto
No. 3 em Dó maior
9 – Andante con moto – Allegro vivace
10 – Andante con moto quasi allegretto
11 – Menuetto (Grazioso)
12 – Allegro molto
Mais um ótimo CD desta série, este com quartetos das fases inicial e “middle” de Beethoven. Para este concerto em Melbourne, foram escolhidas três obras bastante contrastantes que permitiram ao quarteto explorar a notável amplitude e profundidade da escrita para cordas de Beethoven. No Op. 18, nº 2, há notável energia em todos os detalhes da música. Os episódios contrastantes do segundo movimento receberam bastante acentuados pelo primeiro violino, Pierre Colombet, enquanto a jocosidade haydniana do final foi perfeitamente realizada, com um toque esplêndido do violoncelista Raphaël Merlin.
O Op. 95, conhecido como “Serioso” tem uma arquitetura incomum. Destaca-se a ferocidade da abertura e a mudança de humor do final e seu fim abrupto foram muito bem trabalhados.
Para finalizar, temos o conhecido e amado Quarteto “Harp”, Op. 74. Numa palavra: o Ébène nos dá uma soberba execução desta linda peça.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 2, Op. 18, Nº 2, Nº 11, Op. 95 e Nº 10, Op. 74
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827): Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2:
1 Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2: I. Allegro
2 Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2: II. Adagio cantabile – Allegro – Tempo I
3 Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2: III. Scherzo (Allegro)
4 Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2: IV. Allegro molto, quasi presto
Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”:
5 Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”: I. Allegro con brio
6 Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”: II. Allegretto ma non troppo
7 Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”: III. Allegro assai vivace, ma serioso
8 Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”: IV. Larghetto espressivo – Allegretto agitato – Allegro
Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”:
9 Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”: I. Poco adagio – Allegro
10 Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”: II. Adagio ma non troppo
11 Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”: III. Presto
12 Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”: IV. Allegretto con variazioni
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
“At present this is the only available set of Beethoven’s piano concertos on period instruments, although others are in progress. The lean sound of the small ensemble enables you to clearly hear countless details that are obscured on even the best modern orchestra recordings. Steven Lubin’s performances, and the different instruments he uses, are carefully attuned to the qualities of each individual concerto. His performances are triumphs of insight and expressiveness, and Hogwood makes sure the orchestra stays with him in every detail. My only major complaint about this set is that the wasted space on the third disc, which contains only the Emperor Concerto, should have been used for more Beethoven.” –Leslie Gerber
O comentário acima é do então editor da amazon.com quando do lançamento dessa caixa, que traz os Cinco Concertos de Beethoven interpretados em instrumentos de época. Claro que desde então diversas outras gravações foram lançadas. Talvez pela novidade, seja a que mais gosto. Novidade pelo fato de que foi o meu primeiro contato com estas obras interpretadas desta forma. Era algo totalmente diferente do que tinha ouvido até então: grande orquestra, piano de cauda novinho em folha, a massa orquestral encobrindo os detalhes da obra, como bem salientado acima.
O som baixo do pianoforte pode ser um problema para quem não está acostumado. Claro que é uma questão de educar os ouvidos.
Disc: 1
1. Piano Concerto No.1 in C: I Allegro con brio
2. Piano Concerto No.1 in C: II Largo
3. Piano Concerto No.1 in C: III Rondo: Allegro
4. Piano Concerto No.2 in B flat: I Allegro con brio
5. Piano Concerto No.2 in B flat: II Adagio
6. Piano Concerto No.2 in B flat: III Rondo: Molto allegro
Disc: 2
1. Piano Concerto No.3 in c: I Allegro con brio
2. Piano Concerto No.3 in c: II Largo
3.Piano Concerto No.3 in c: III Rondo: Allegro
4. Piano Concerto No.4 in G: I Allegro moderato
5. Piano Concerto No.4 in G: II Andante con moto
6. Piano Concerto No.4 in G: III Rondo: Vivace
Disc: 3
1. Piano Concerto No.5 in E flat: I Allegro
2. Piano Concerto No.5 in E flat: II Adagio un poco mosso
3. Piano Concerto No.5 in E flat: III Rondo: Allegro
Steven Lubin – Pianoforte
The Academy of Ancient Music
Christopher Hogwood – Conductor
Prometo que é a última postagem com o Op. 58 que eu tanto amo (enquanto também prometo que é minha última declaração de amor a ele), mas eu simplesmente não poderia seguir adiante nesta série sem mencionar as interpretações dessa obra a nós legadas pela inesquecível Guiomar Novaes (1894-1979). Não cogitara publicá-las aqui, pois elas já tinham sido escopo de duas postagens, uma do monge Ranulfus, outra do patrão PQP. Verifiquei, entretanto, que elas já não levavam a qualquer arquivo funcionante, de modo que resolvi restaurá-las e, de lambujem, publicar outras duas versões da genial Narizinho, ambas gravadasvivo em New York, e que vieram a público depois das postagens dos colegas: com a Filarmônica local sob George Szell, e com a American Symphony Orchestra (cria de Leopold Stokowski) sob André Previn. Ranulfus comentou o quão impressionante é que uma mesma pianista consiga dar interpretações tão distintas e consistentemente magníficas de uma obra tão rica, o que reitero, em dobro, depois de ouvir os registros de Guiomar ao vivo, ambos com a mesma precisão e expressividade das gravações vienenses e com uma verve que, sinceramente, não ouvi em qualquer das versões em estúdio. Escutem e ardam em brasas de dor ao perceberem o quanto Guiomar nos faz falta!
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior, Op. 58 Composto entre 1804-1807 Publicado em 1808 Dedicado ao arquiduque Rudolph da Áustria
Fazia muito tempo que o PQP Bach não postava algo tão divertido como este Il Fasolo? Houve um tempo em que a EMI lançava a coleção REFLEXE, que tenho em discos de vinil. A REFLEXE consistia em uma sucessão de obras-primas — sublimes ou divertidas. Com o tempo, o pessoal da música antiga foi ficando mais sisudo, obscuro e impopular. Parece que a academia, com seu sem-gracismo, tinha tomado conta do campinho. Agora, a maravilhosa gravadora Alpha tem aparecido com uma série de discos que resgatam a alegria e a espontaneidade das ruas. Este Il Fasolo? é uma espetacular surpresa. Ouçam e comprovem.
Il Fasolo? — Música Italiana de Carnaval no Século XVII
1. La Barchetta passaggiera, bergamasca
2. Lamento di Madama Lucia, con la riposta di Cola
3. Chi non sà come amor, for voice & continuo
4. Son ruinato, appassionato
5. Sguardo lusinghiero, canzonetta
6. O dolorosa sorte, madrigal
7. Aria alla napolitana, jacarà
8. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Primo Interlocutore
9. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Madonna Gola
10. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Baccho
11. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Primo Interlocutore
12. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Choro: Mentre per bizzaria
13. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Ballo di trè Zoppi
14. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Sguazzata di Colasone
15. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Non pensar Clori crudel
16. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Morescha de Schiavi
17. Acceso mio core, ciaccona
Mais um baita disco. Vou ter que procurar sinônimos para meus elogios a fim de não cansar vocês, meus tesouros. O Ébène é sensacional e as obras… O que dizer? O Razumovsky Nº 3 era o quarteto de Beethoven preferido de meu pai. É lindo mesmo. O que são o segundo e quarto movimentos? E o Op. 130, ainda acompanhado pela Grosse fuge da qual jamais deveria ter se separado? Um disco incrível. O Op. 130 foi estreado lançado em março de 1826 pelo Quarteto Schuppanzigh e dedicado a Nikolai Galitzin em sua publicação em 1827, ano da morte de Beethoven.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nros. 9, Op. 59, Nº 3, 13. Op. 130 e Grosse fuge Op. 133
1. Beethoven: String Quartet No. 9 in C Major, Op. 59 No. 3, “Razumovsky”: I. Introduzione (Andante con moto – Allegro vivace) (11:15)
2. Beethoven: String Quartet No. 9 in C Major, Op. 59 No. 3, “Razumovsky”: II. Andante con moto quasi allegretto (9:26)
3. Beethoven: String Quartet No. 9 in C Major, Op. 59 No. 3, “Razumovsky”: III. Minuet. Grazioso – Trio (5:16)
4. Beethoven: String Quartet No. 9 in C Major, Op. 59 No. 3, “Razumovsky”: IV. Allegro molto (5:49)
5. Beethoven: String Quartet No. 13 in B-Flat Major, Op. 130: I. Adagio ma non troppo – Allegro (13:33)
6. Beethoven: String Quartet No. 13 in B-Flat Major, Op. 130: II. Presto (1:53)
7. Beethoven: String Quartet No. 13 in B-Flat Major, Op. 130: III. Andante con moto, ma non troppo. Poco scherzando (7:02)
8. Beethoven: String Quartet No. 13 in B-Flat Major, Op. 130: IV. Alla danza tedesca (Allegro assai) (3:12)
9. Beethoven: String Quartet No. 13 in B-Flat Major, Op. 130: V. Cavatina (Adagio molto espressivo) (8:37)
10. Beethoven: Grosse fuge in B-Flat Major, Op. 133 (16:21)
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
O primeiro disco de Konstantin Lifschitz que ouvi foi seu álbum de estreia, que trazia uma coleção de obras. Começando com a maravilhosa Abertura Francesa de Bach, prosseguia até peças de Scriabin e Medtner, passando por Papillons, de Schumann. O disco do selo Denon de 1994 foi seguido por um outro, gravado em junho de 1994 no Conservatório de Moscou com as Variações Goldberg, firmando assim as credenciais do jovem pianista como grande intérprete de Bach. Depois, silêncio… Não mais ouvi do Konstantin.
O primeiro CD há muito desapareceu de minhas prateleiras (ah, os amigos…), mas o outro, com as Variações do velho Bach, vez e outra frequenta minha vitrola.
Pois eis que chegou pela mala direta do PQP Bach recentemente uma penca de discos do Lifschitz tocando Bach. Ele então está aí, bem ativo. Inclusive, percebi que há uma integral das sonatas para piano do grande Ludovico, gravada ao vivo por ele. Mas isso vou deixar guardado, pois que tempo é largo, mas é finito.
Como queria logo dividir com os caros e insaciáveis seguidores do blog alguma coisa deste excelente pianista, escolhi da penca este que me pareceu muito apetitoso. E gostei tanto que tenho ouvido o mesmo, inteiro quando tempo permite, aos trechinhos quando o tempo escasseia. E é que mesmo com a quarentena e o enfurnamento, há coisas a serem feitas.
O que temos aqui? Um arranjo feito para piano da Oferenda Musical, que todo o mundo sabe (quem não sabe pode começar clicando aqui…) é resultado de uma longa e cansativa viagem que o velho Bach fez até Sanssouci, Potsdam, para pagar uma visita a Frederico, o Grande, e também ver seu filho Carl Philipp Emanuel. O monarca, que era cheio de truques e adorava colocar seus visitantes em uma saia justa (se bem que, no caso de Bach, seria uma peruca justa), desafiou Johann Sebastian a compor uma peça que nem o cão chupando manga conseguiria. Mas vai mexer com quem está quieto. Ouça o Ricercar a 6, na faixa 11 deste disco e começarás a entender o tamanho dos poderes do ‘maior de todos’.
Konstantin Lifschitz ainda acrescenta ao disco o Prelúdio e Fuga em mi bemol maior, BWV 552, apelidado ‘Santa Ana’, escrito originalmente para órgão. Os minutos finais, da fuga, são de tirar o folego. E assim, para baixar a adrenalina e lançar um olhar ao que aconteceu antes de Bach, ele completa o recital com três lindas tocatas de Frescobaldi. Ouçam e me contem vocês!
Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)
Oferenda Musical, BWV 1079 (arranjada para piano por K Lifschitz)
Ricercar a 3
Canon perpetuus super Thema Regium
Canon 1. a 2_ Canon cancrizans
Canon 2. a 2 Violini in uníssono
Canon 3. a 2 per Motum contrarium
Canon 4. a 2 per Augmentationem, contrario Motu
Canon 5. a 2_ Canon circularis per Tonos
Fuga canonica in Epidiapente
Canon a 2 Querendo invenietis
Canon perpetuus
Ricercar a 6
Canon a 4
Triosonate_ Largo
Triosonate_ Allegro
Triosonarte_ Andante
Triosonarte_ Allegro
Prelúdio e Fuga em mi bemol maior, BWV 552 ‘Santa Ana’
Prelúdio
Fuga
Girolamo Frescobaldi (1583 – 1643)
Toccata prima do ‘Primo libro d’Intavolatura di toccate di címbalo et organo’
Toccata quinta do ‘Secondo libro de toccate, canzone… di cembalo et organo’
Toccata seconda do ‘Secondo libro de toccate, canzone… di cembalo et organo’
Não é todo dia que se ouve uma estreia mundial de algo de Beethoven, nem que seja a reinvenção de algo que bem conhecemos e, como é o meu caso – porque eu ainda não declarei a vocês hoje meu amor a esse concerto! -, que também amamos.
Trata-se dum arranjo para piano e quinteto de cordas do próprio Beethoven para seu concerto Op. 58. A obra foi um imenso sucesso, de modo que era natural que fosse rapidamente adaptado a formações de câmara e publicado para vendas ao público, como era praxe da época para a divulgação de composições bem-sucedidas. O arranjo, no entanto, parece não ter sido destinado às prensas, e sim encomendado pelo príncipe Lobkowitz, mecenas de Ludwig, em cuja residência o concerto tivera sua estreia privada, alguns anos antes. Os originais, em estado deplorável, quase ilegíveis pela caligrafia e desorganização medonhas do compositor, serviram de base para a reconstrução que aqui escutarão. Habilmente realizada pelo musicólogo Hans-Werner Küthen e descrita com detalhes no encarte desta gravação, ela mostra que Beethoven não se limitou somente a dividir as partes da orquestra entre as cordas. Ele foi bastante além, e reescreveu trechos consideráveis da parte do piano, tornando-a mais complexa que a original e dando ao instrumento uma proeminência que não tem no concerto, que é notório pelo admirável equilibrio entre solista e orquestra. Para os que conhecem bem a obra, é divertido perceber as alterações, mais notáveis no primeiro movimento, e muito estimulante ouvir o que Robert Levin, também distinto musicólogo, numa leitura surpreendentemente anabólica do ademais sereno concerto, para o qual escreveu suas próprias cadenze. Completa a gravação o trio para piano, violino e violoncelo baseado na sinfonia no. 2, que vocês já ouviram numa versão bastante camerística, e que sob Levin e seus talentosos comparsas soa tremendamente sinfônica.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior, Op. 58 Arranjo para piano e quinteto de cordas do próprio compositor
Reconstruído por Hans-Werner Küthen Cadenze de Robert Levin
Original composto entre 1804-1807 Publicado em 1808 Dedicado ao arquiduque Rudolph da Áustria
Robert Levin, piano Lucy Howard e Peter Hanson, violinos Anette Isserlis e Alan George, violas David Watkin, violoncelo
Sinfonia no. 2 em Ré maior, Op. 36 (arranjo para piano, violino e violoncelo pelo próprio compositor) Composta entre 1801-02 Arranjo para trio publicado em 1803 Dedicada ao príncipe Karl von Lichnowsky
4 – Adagio molto – Allegro con brio
5 – Larghetto quasi andante
6 – Scherzo: Allegro
7 – Allegro molto
Robert Levin, piano Peter Hanson, violino David Watkin, violoncelo
Mais um maravilhoso CD desta série do Ébène, desta vez advindo de um registro colhido na querida Sala São Paulo. Da ultra sofisticada série de últimos quartetos de Beethoven, o Op. 127 é aquele de que menos gosto. Ele foi concluído em 1825 e é o primeiro dos quartetos tardios. Mas gosto demais do Op. 18, Nº 6, uma peça com o toque de Haydn. O primeiro movimento é poderoso, o Scherzo é surpreendente com suas alterações rítmicas e interrupções (o que ocorre também no movimento inicial). A introdução lenta do quarto movimento, ‘La Malinconia’, é cheia de mudanças ousadas de harmonia e textura. É uma das passagens mais famosas do Beethoven inicial e ele pede que seja tocada com a maior delicadeza. Um discaço! O que dizer o Quarteto Ébène? Olha, são estupendos!
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nros. 6, Op. 18 & 12, Op. 127 (Ébène)
1 String Quartet No. 6 in B-Flat Major, Op. 18 No. 6: I. Allegro con brio 6:24
2 String Quartet No. 6 in B-Flat Major, Op. 18 No. 6: II. Adagio ma non troppo 8:16
3 String Quartet No. 6 in B-Flat Major, Op. 18 No. 6: III. Scherzo (Allegro) 3:27
4 String Quartet No. 6 in B-Flat Major, Op. 18 No. 6: IV. La Malinconia 9:16
5 String Quartet No. 12 in E-Flat Major, Op. 127: I. Maestoso – Allegro 7:16
6 String Quartet No. 12 in E-Flat Major, Op. 127: II. Adagio ma non troppo e molto cantabile 17:01
7 String Quartet No. 12 in E-Flat Major, Op. 127: III. Scherzando vivace 8:22
8 String Quartet No. 12 in E-Flat Major, Op. 127: IV. Finale (Allegro) 6:51
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncello
Assim como azeitonas, alcachofras e, mais essencialmente e problemáticas, anchovas, a voz de Patricia Petibon é um gosto adquirido. Ela é uma coloratura alta (até E-flat), sua técnica é formidável, capaz de ter grande floridez e controle da respiração muito fina, ela canta principalmente sem vibrato, e o tom pode ser tão brilhante como diamante que pode irritar, embora em momentos dramáticos mais escuros, ela pode moderar o brilho. Ela se envolve completamente no que está cantando e, por isso, é muito comovente – a tristeza e o desespero de Jonathan em David et Jonathas, de Charpentier, são impressionantes, assim como a raiva lunática de Armide pela ópera de Lully (o que ela faz com a palavra “hate” é digno de Callas como Medéia). Todos os trechos de Rameau são habilmente manipulados, do silvestre ao bélico e vice-versa.
Ela também se diverte com a frivolidade e virtuosismo da obra quase inteiramente desconhecida de 15 minutos de Grandval (1676-1753), na qual o cantor tenta agradar sua platéia chamando por todos os vários estilos e temas de música de seu tempo: uma queixa de Orfeu, hinos a Baco, canções de amor fofas, árias de vingança, evocações para o inferno, um apelo a Netuno, um grito de guerra e assim por diante, tudo feito com paixão. A peça é um tour-de-force de mudança de humor – quase psicose, de fato – e Petibon me parece ser o único intérprete que eu quero ouvir cantar. Ela pode ser incrivelmente sedutora, lançando notas altas ou arrulhando como uma pomba. Ela deve ser dinamite no palco.
A maioria das músicas deste CD é rara e é quase o suficiente para querer ouvir, principalmente se o barroco francês é a sua xícara de chá. É maravilhosamente tocado por um grupo chamado Les Folies Françoises, liderado por Patrick Cohen-Akenine, com os sopros importantes presentes e tocados de maneira deslumbrante (os oboés amadeirados no primeiro número de Platee, o fagote em uma ária de Les fetes d’Hymen ), o cravo audível e comentando a voz o tempo todo, as cordas atacadas com verve, as trombetas e tambores nos trazendo de pé. Tente isso, você pode gostar. De fato, você pode adorar. – Robert Levine
Patricia Petibon – Airs baroques français Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764) 01. “Platée” (1749) – Air de Clarine: Soleil, fuis de ces lieux” 02. “Les fêtes de l’Hymen et de l’Amour” (1747) – Ariette de l’Amour: “Volez, plaisirs, célébrez ce beau jour 03. “Les fêtes de l’Hymen et de l’Amour” (1747) – “Entrée des Égyptien 04. “Les fêtes de l’Hymen et de l’Amour” (1747) – Ariette de l’Égyptienne: “L’amant que j’adore” 05. “Les fêtes de l’Hymen et de l’Amour” (1747) – Ariette de l’Égyptienne: “Amour, lance tes traits” 06. “Platée” – Air de la Folie: “Formons les plus brillants concerts… Aux langueurs d’Apollon” Marc-Antoine Charpentier (France, 1643-1704) 07. “David et Jonathas” (1688) – Jonathas: “A-t-on jamais souffert une plus rude peine?” Jean-Baptiste Lully (Italy, 1632-France, 1687) 08. Lully, “Armide” (1686) – Prélude. Armide: “Enfin, il est en ma puissance” 09. “Armide” – Armide: “Le perfide Renaud me fuit” Jean-Philippe Rameau (França, 1683-1764) 10. “Les Indes Galantes” (1735) – Air de Phani: “Viens, hymen” 11. “Les Indes Galantes” – Air de Zima: “Régnez, plaisirs et jeux” 12. “Les Indes Galantes” – Chaconne Nicolas Racot de Grandval (França, 1676-1753) 13 Rien du tout (1755), pour soprano, simphonie et basse continue
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Tanto tempo despendi em lhes falar que amo esse concerto – falei de novo! – que acabei sem lhes falar DO concerto em si. Pois ele foi composto com a intenção de, como todos seus pares, servir de veículo para o próprio compositor, que ainda era, com folgas, o melhor pianista de Viena. Ele teve duas estreias, em farta companhia musical: uma privada, na qual também estrearam a abertura “Coriolan” e a sinfonia no. 4, e uma pública, um concerto leviatânico com orquestra, coro e o compositor-pianista, que também incluiu partes da missa em Dó e nada menos que as premières das sinfonias nos. 5 e 6, da ária Ah, perfido! e da Fantasia Coral, o grand finale que reunia todas as forças usadas nas quatro horas de música. A bilheteria reverteria integralmente para o compositor, que foi financiado por seus mecenas para o aluguel do teatro e os cachês dos muitos músicos. Provavelmente lhe rendeu um bom dinheiro, mas a recepção foi morna, tanto porque estava congelantemente frio no teatro, quanto porque algumas peças tinham sido pouco ensaiadas, e também, de acordo com os relatos, a superdose de tão poderosa música tornava difícil apreciá-la criticamente. De qualquer forma, o concerto também marcou a despedida de Beethoven como solista – quando da estreia do concerto no. 5, três anos depois, sua surdez estava tão profunda que a parte de piano teve que ser delegada a outrem.
Sempre que escuto John O’Conor tocando Beethoven de modo tão distinto e convincente, fico a imaginar se o próprio Beethoven não se reconheceria no estilo do irlandês: enérgico e expressivo, cantante sempre que necessário, com certas liberdades agógicas que certamente o compositor também tomava sem ressalvas. Suas gravações dos concertos são tão boas quanto as das suas sonatas, embora padeçam – tanto quanto elas – da engenharia de som um tanto tacanha da Telarc. Completam a gravação, com a regência muito competente do alemão Andreas Delfs, um concerto no. 1 bastante pimpão e uma das minhas versões favoritas do no. 3, cujo Dó menor soa aqui mais radiante do que o costume.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra em Dó maior, Op. 15 Composto em 1795 Publicado em 1801 Dedicado à princesa Anna Louise Barbara Odescalchi
1 – Allegro con brio
2 – Largo
3 – Rondo. Allegro scherzando
Concerto para piano no. 3 em Dó menor, Op. 37 Composto entre 1800-1803 Publicado em 1804 Dedicado ao príncipe Louis Ferdinand da Prússia