Arvo Pärt (1935): Für Anna Maria – Música completa para piano – Jeroen van Veen

Arvo Pärt (1935): Für Anna Maria – Música completa para piano – Jeroen van Veen

– Repost de 10 de Janeiro de 2016 –

Arvo Pärt não é o compositor mais fã de obras para piano, ou teclas no geral, como vocês podem perceber. Em um álbum duplo, Jeroen van Veen conseguiu compilar todas as obras para o instrumento, e ainda teve que repetir algumas (risos).

Mesmo sendo poucas, são obras deliciosas. Für Alina vocês já conheciam, assim como Fratres, Pari Intervallo e Spiegel im Spiegel. Aqui todas essas obras estão para piano solo ou para dois pianos (no caso de Fratres, Pari Intervallo, Spiegel im Spiegel e Hymn To a Great City, obras que Jeroen toca com sua mulher, Sandra Van Veen).

A grande maioria das obras de Arvo Pärt são para vozes, ou possuem vozes, seja coro ou solistas, em algum momento. Mesmo assim, quando Pärt resolve fazer obras puramente instrumentais, ele sabe caprichar, como acontece por exemplo em Tabula Rasa.

O que Jeroen faz neste álbum duplo é interessante. No primeiro disco são apenas obras para piano da terceira fase de composição de Arvo Pärt (discuti sobre essas fases aqui). A que todos nós louvamos e adoramos. No segundo disco temos obras da primeira fase, e podemos perceber a influência de Schönberg em alguns momentos da música. Apesar disso, o segundo CD acaba com Für Alina, como se quisesse aliviar os ouvidos dos ouvintes da tensão característica do dodecafonismo que transparece em algumas das músicas da primeira fase de Pärt.

Arvo Pärt (1935): Für Anna Maria – complete piano music – Jeroen van Veen

CD 1

01 Für Alina (1976) [20:18]

02 Variations for the Healing of Arinushka (1977) [5:56]

03 Ukuaru valss (1973, rev. 2010) [2:54]

04 Für Anna Maria (2006) [1:21]

05 Für Alina (1976) [2:41]

06 Pari intervallo* (1976, rev. 2008) [5:26]

07 Hymn to a Great City* (1984, rev. 2004) [5:08]

10 Fratres* (1977, rev. 1980) [11:52]

11 Spiegel im Spiegel *(1978) [9:10]

08 Für Anna Maria (2006) [1:07]

09 Für Alina (1976) [3:15]

CD 2

Vier leichte Tanzstücke ‘musik für kindertheater’ (1956-57) [7:38]

01 I. Der gestiefelte Kater
02 II. Rotkäppchen und der Wolf
03 III. Schmetterlinge
04 IV. Tanz der Entenküken

Sonatina No. 1 (1959) [7:15]
05 I. Allegro
06 II. Larghetto
07 III. Allegro

Sonatina No. 2 (1959) [5:42]
08 I. Allegro energico
09 II. Largo
10 III. Allegro

Partita Op. 2 (1958) [7:18]
11 I. Toccatina
12 II. Fughetta
13 III. Larghetto
14 IV. Ostinato

15 Für Alina (1976) [23:06]

Jeroen van Veen, piano
*Sandra van Veen, segundo piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Jeroen van Veen: Nome de rockeiro e cabelo de cientista, mas acabou que ele é um pianista.
Jeroen van Veen: nome de rockeiro e cabelo de cientista, mas acabou que ele é um pianista.

Luke

Arvo Pärt (1935): Cello concerto ‘Pro et contra’, Perpetuum mobile, Symphonies Nos. 1-3

Arvo Pärt (1935): Cello concerto ‘Pro et contra’, Perpetuum mobile, Symphonies Nos. 1-3

Nos próximos dias, se tudo der certo, estaremos recebendo mais um colega no PQP Bach. Começamos a conversar em função de algo realmente preocupante: não quase Pärt em nosso acervo. Neste CD temos o curto Concerto para Violoncelo do compositor, a já antiga Perpetuum Mobile e três Sinfonias. A Nº 1, de 1964, foi escrita em dois movimentos e é poderosa com espetacular uso da percussão e uma fuga no final. A Nº 2 é bizarra com seus patinhos, flautinhas e trompinhas. A Nº 3 é esplêndida, uma espécie de virada no estilo do compositor, que seria completada em Tabula Rasa. Se vai baixar este CD pensando no Pärt contemplativo, esqueça. Aqui é porrada e humor. Coisas de gênio.

Arvo Pärt (1935):
Cello concerto ‘Pro et contra’, Perpetuum mobile, Symphonies Nos. 1-
3

Concerto for Violoncello and Orchestra ‘Pro et contra’:
01. I. Maestoso (05:04)
02. II. Largo (00:32)
03. III. Allegro (03:23)

04. Perpetuum Mobile, op.10 (04:20)

Symphony No.1 ‘Polyphonic’:
05. I. Canons (09:50)
06. II. Prelude and Fugue (06:34)

Symphony No.2:
07. I. First Movement (05:24)
08. II. Second Movement (02:27)
09. III. Third Movement (06:07)

Symphony No.3:
10. I. First Movement (06:19)
11. II. Second Movement (06:24)
12. III. Third Movement (08:31)

Frans Helmerson, cello
Bamberger Symphoniker
Neeme Järvi

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Alguém disse aí que eu não tenho humor?
Alguém disse aí que eu não tenho humor?

PQP

Arvo Pärt (1935): Collage & Pro et Contra

Arvo Pärt (1935): Collage & Pro et Contra

  • Repost de 24 de Janeiro de 2016

Vamos brincar de trava língua? Paavo Järvi rege Arvo Pärt também mas nem tão bem quanto Neeme Järvi rege. Tentem dizer isso bem rápido.
Pois é, hoje trago dois álbuns bem semelhantes, ambos focam nas obras de primeira e segunda fase de Arvo Pärt, enquanto suas interpretações também são bastante semelhantes, mas como disse no trava língua, Neeme, que é pai de Paavo, se sai um pouco melhor. Aqui, o filho não superou o pai.


No último post tive a ideia de trazer mais duas interpretações de Collage über Bach pra vocês, assim vocês podem compará-las. Mas não só por isso trago esses álbuns hoje, temos muitas obras pouco conhecidas, a maioria instrumentais, muitas sendo da primeira ou da segunda fase de Arvo Pärt. Mas no álbum COLLAGE temos algumas obras da terceira fase que vocês já conhecem: Summa e Fratres. E a antes inédita aqui no blog, Festina Lente. Neste monte de coisa tem duas obras pouco conhecidas que nem eu conhecia que no caso são Meie aedWenn Bach Bienen gezuechtet haette (eita, que nome grande).

A interpretação de Collage über Bach de Neeme Järvi é sensacional. Lembro que quando eu a ouvi pela primeira vez no carro de uma amiga que estava me dando uma carona eu senti como se a ouvisse pela primeira vez. Paavo chega quase no mesmo ponto em sua interpretação, mas não leva o prêmio.

Por algum motivo eu consegui até gostar das duas primeiras sinfonias nestes álbuns, principalmente nas interpretações de Neeme. Talvez eu esteja me tornando mais radical nos meus gostos auditivos. De qualquer forma, elas nunca serão melhores que a terceira sinfonia, que postei semana passada (assim como PQP já havia feito). A terceira sinfonia consegue ser melhor até mesmo que a quarta, que foi composta em 2008, a chamada Los Angeles. Quando eu a trarei para que vocês possam ouvir me perguntam? No futuro meus caros, no futuro…

Arvo Pärt (1935): Collage & Pro et Contra

COLLAGE

Collage sur B-A-C-H
01 I. Tocatta. Preciso
02 II. Sarabande. Lento
03 III. Ricercar. Deciso

04 Summa, for strings

05 Wenn Bach Bienen gezuechtet haette

06 Fratres, for string orchestra and percussion

Symphony No. 2
07 I
08 II
09 III

10 Festina Lente, for string orchestra and harp ad libitum

11 Credo, for piano solo, mixed choir and orchestra*

Philharmonia Orchestra
Neeme Järvi, conductor
Boris Berman, piano*

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

PRO ET CONTRA

Pro et Contra*
01 I. Maestoso
02 II. Largo
03 III. Allegro

Symphony No. 1
04 I. Satz: Kanon
05 II. Satz: Präludium und Fuge

Collage über B A C H
06 I. Tocatta. Preciso
07 II. Sarabande. Lento
08 III. Ricercar. Deciso

09 Perpetuum mobile

Meie aed**
10 I. Allegro
11 II. Andantino cantabilell
12 III. Allegro
13 IV. Moderato-Allegro

Symphony No. 2
14 I. Satz: 104-120
15 II. Satz: 112
16 III. Satz: 48-60

Estonian National Symphony Orchestra
Paavo Järvi, conductor
Truls Mørk, cello*
Ellerhein Girls’ Choir**
Tiia-Ester Loitme, director**

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Em pé, da esquerda para direita: Paavo Järvi e Arvo Pärt. Sentados: Nora Pärt, Neeme Järvi (pai de Paavo) e Liilia Järvi.
Em pé, da esquerda para direita: Paavo Järvi e Arvo Pärt. Sentados: Nora Pärt, Neeme Järvi (pai de Paavo) e Liilia Järvi.

Luke

Arvo Pärt (1935): Da Pacem

Arvo Pärt (1935): Da Pacem

– Repost de 3 de Janeiro de 2016 –

Como prometido, aqui está. Outra interpretação de Salve Regina, que, como eu havia dito, é melhor que a interpretação feita por Tõnu Kaljuste. Além dessa obra, existem outras coisinhas legais aqui. A obra inicial que dá título ao álbum, Da Pacem Domine, é tremendamente linda, não é a toa que são vários os álbuns com obras de Arvo Pärt em que ela está inserida. An Den Wassern zu Babel, cuja tradução é Pelos Rios da Babilônia, nos lembra em alguns momentos – principalmente durante o solo do baixo – o cantochão tradicional e a influência árabe que eu já tinha discutido anteriormente.

Um certo alguém pela internet pegou umas cenas do filme Sátántangó de Béla Tarr, juntou com Salve Regina de Arvo Pärt e fez um belíssimo vídeo que transmite toda a espiritualidade da música. E, talvez, não só desta música em específico, como também o espirito geral da música de Arvo Pärt…

Arvo Pärt (1935): Da Pacem

01 Da Pacem Domine

02 Salve Regina

Zwei slawische Psalmen:

03 I. Psalm 117
04 II. Psalm 131

05 Magnificat

06 An Den Wassern zu Babel
Tiit Kogerman, tenor
Aarne Talvik, baixo

07 Dopo la vittoria

08 Nunc dimittis

09 Littlemore Tractus

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Christopher Bowers-Broadbent, orgão (faixas 2, 6, 9)
Kaia Urb, soprano (5, 6, 8)
Paul Hillier, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Pärt e Hillier: Não olha pro lado que quem ta passando é o bonde.
Pärt e Hillier: Não olha pro lado que quem ta passando é o bonde.

Luke

Arvo Pärt (1935): Orient & Occident

Arvo Pärt (1935): Orient & Occident

– Repost de 20 de Dezembro de 2015 –

Oriente e Ocidente. O que há de comum e diferente entre esses polos de civilização do mundo moderno? Hoje os historiadores repensam bastante a sinuosa relação entre o mundo ocidental e o mundo oriental ao longo da história. Por exemplo, hoje se pensa bastante sobre como que os povos que viriam a fundar o que foram os gregos clássicos vieram do oriente, e como que em alguns aspectos, como, por exemplo, na alimentação, os gregos são mais próximos dos povos do oriente médio e oriente próximo do que de outros povos europeus, digamos os franceses.

Podemos pensar essa longa relação por muitos âmbitos. Mas, como vocês leitores já podem prever, vamos pensar no âmbito musical. Herdamos dos árabes alguns instrumentos musicais ancestrais dos nossos modernos violinos, violões e flautas. Deles recebemos também o canto plano e uniforme, que viria a se tornar o conhecido cantochão (ou canto gregoriano) durante a idade média, justamente no Império Bizantino, que durante a Idade Média foi a ponte entre o oriente e o ocidente. Não é a toa que o cantochão viria a ser chamado de canto gregoriano, pois foi o Papa Gregório I, no século VI, que estabeleceu tal tipo de canto como a música padrão. Na teoria por motivos religiosos, mas na prática por motivos políticos.

Os árabes possuem uma “cor” em sua cultura que podemos identificar na arte que eles produzem. Essa “cor”, obviamente, difere da nossa. Se eu fosse pensar como um estruturalista eu conseguiria definir essa cor em um par de oposição. Por exemplo, se o ocidente fosse azul, o oriente seria vermelho. Se o ocidente fosse branco o oriente seria preto. Entre outras oposições possíveis de cores. Esse ethos (pensando esse conceito de forma sociológica) que por um exercício de imaginação pode ser imaginado como uma cor (como eu fiz aqui) pode ser identificado no tipo de música dos árabes, e não só no canto, mas, também, nas cordas.

O cantochão, como já sabemos, foi utilizado com maestria por Arvo Pärt. Nas cordas percebemos um pouco desse ethos (ou “cor”) árabe anteriormente, mas com a música Orient & Occident presente neste álbum, tudo fica mais claro. Arvo Pärt usa o efeito chamado de “Maqam árabe” nas cordas, e contrapõe com os vibratos dramáticos que os compositores ocidentais davam às cordas no ocidente (principalmente durante o romantismo, diga-se de passagem). Ou seja, ele faz uma brincadeira estruturalista, e contrapõe o estilo ocidental com o oriental, numa bela dança; podemos ir de um continente ao outro, de uma cultura à outra, em poucas notas. Se deixarem sua imaginação os levarem, vocês poderão viajar das salas de concerto do século XIX tipicamente italianas ou alemãs com centenas daqueles homens brancos caucasianos suando nas roupas formais; para as mesquitas escuras, mas coloridas, inundadas de fumaça provinda dos narguilés das ruas inundadas de homens barbudos e taciturnos.

Orient & Occident é a “pantera cor de rosa” do álbum. Mas as outras também são jóias valiosíssimas.

Em Como Cierva Sendieta, ainda podemos sentir um pouco da orientalidade, mas de forma muito mais sutil, digamos que de uma forma bizantina, ou andaluzina (lembrando que os árabes ocuparam a península ibérica do século VIII ao XII).  É a obra mais longa do álbum, e é também a obra que o finaliza. Temos também Ein Wallfahrtslied (ou Canção do Peregrino), aqui não em um arranjo para barítono solo como havíamos escutado anteriormente, mas para coro misto. É a obra que abre o álbum.

Aproveitem.

Arvo Pärt (1935): Ein Wallfahrtslied, Orient & Occident, Como Cierva Sendieta

01 Ein Wallfahrtslied – Pilgrim’s Song

Swedish Radio Symphony Orchestra
Swedish Radio Symphony Choir
Tõnu Kaljuste, regente

02 Orient & Occident

Swedish Radio Symphony Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente

03 Como Cierva Sendieta I
04 Como Cierva Sendieta II
05 Como Cierva Sendieta III
06 Como Cierva Sendieta IV
07 Como Cierva Sendieta V

Swedish Radio Symphony Orchestra
Swedish Radio Symphony Choir
Tõnu Kaljuste, regente
Helena Olsson, soprano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Meio aqui, meio lá...
Meio aqui, meio lá…

Luke

Arvo Pärt (1935): In Principio

Arvo Pärt (1935): In Principio

  • Repost de 22 de Novembro de 2015

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

Ele estava no princípio com Deus.

Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.

Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.

Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.

Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.

Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;

Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

João 1:1-14

Não só os cristãos que ficam encantados com essas palavras, Stephen King em A Coisa, e agora eu, escrevendo sobre esse ótimo álbum com essa obra que se inspira nestas palavras sagradas, faço referência à esse evangelho e não teria outra forma de começar a não ser por esse belíssimo texto. Não sei exatamente o que me inspira nele, há algo de poético, de épico e de fantástico que me faz ter uma enorme reverência por estes versos, entre outros da Bíblia Sagrada, mesmo não sendo mais cristão.

Arvo Pärt aqui está um pouco diferente daquele compositor calmo que transparece em Für Alina. Vemos aqui um pouco daquela força arrasadora do primeiro movimento de Tabula Rasa, embora em outra forma dessa vez, na forma de um poderoso coro e uma orquestra, no caso da obra In Principio. Também sentimos essa força na belíssima e hipnotizante Mein Weg, obra que transparece em sua tonalidade um pouco de influência da música oriental… mas isso é uma outra história, e como bem sabem, deve ser contada em outro momento…

Arvo Pärt (1935): In Principio

01 In principio – I. In principio erat Verbum
02 In principio – II. Fuit homo missus a Deo
03 In principio – III. Erat lux vera
04 In principio – IV. Quotquot autem acceperunt sum
05 In principio – V. Et Verbum caro factum est

06 La Sindone

07 Cecilia, vergine romana

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Estonian National Symphony Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente

08 Da pacem Domine

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Tallinn Chamber Choir
Tõnu Kaljuste, regente

09 Mein Weg

10 Fur Lennart in memoriam

Tallinn Chamber Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Vai maluco, passa esse celular que aqui é curintia hexa campeão.
Vai maluco, arranja uma grana ai que aqui é curintia hexa campeão.

Luke

John Adams (1947): John’s Book of Alleged Dances – Arvo Pärt (1935): Missa Syllabica – Kronos Quartet: 25 anos [1/10]

John Adams (1947): John’s Book of Alleged Dances – Arvo Pärt (1935): Missa Syllabica – Kronos Quartet: 25 anos [1/10]

????????????????????????????

  • Repost de 31 de Dezembro de 2015

Eu não sei se eu já deixei isso explícito, ou se vocês já perceberam, mas de todas as fases da música erudita, a música contemporânea é a que mais me fascina. E é aquela a qual vou me dedicar a polinizar neste blog, principalmente.

Claro – vocês como ouvintes devem saber – a música contemporânea pode ser dita como a mais difícil de ser ouvida. Mas, mesmo sendo difícil de ser ouvida, quando conseguimos ela é deliciosamente apaixonante, mais até do que o romantismo é capaz. Apaixonante não em um sentido romântico, mas num sentido envolvente e libertador. Por exemplo, quando eu só ouvia música popular, mesmo variando estilos (rock, reggae, pop, MPB, etc.) eu sentia uma limitação que não conseguia resolver. Quando descobri que música clássica não era tão difícil de apreciar mesmo com a duração enorme de algumas de suas obras ou pela complexidade a que eu não estava acostumado, fiquei tremendamente apaixonado. E ainda estou. Mas claro, assim como nem só do popular vive um homem, nem só de barroco, clássico e romântico se pode viver também. Assim fui conhecendo alguns compositores contemporâneos que num primeiro contato eu “vomitei”. Mas ao conhecer as obras certas e dando mais algumas chances eu aprendi a gostar daquele prato tão diferente ao meu paladar. Claro que ainda estou preso nas estruturas tradicionais; os compositores contemporâneos que mais gosto ainda usam melodia, harmonia e outras características de forma não tão radical como por exemplo, os serialistas integrais, que eu odeio. Mudanças radicais não costumam funcionar bem. Como bem disse Tancredi em Il Gattopardo: “as coisas devem mudar para que continuem as mesmas”.

É difícil definir o que é contemporâneo. Alguns dão o início lá em Stravinsky como primeiro compositor a se libertar inteiramente da sombra de Beethoven, colocando Arnold Schönberg e Claude Debussy como compositores de transição dessa sombra que cobre todo o século XIX. Enquanto outros só pensam em música contemporânea na música minimalista que surge nos anos 80 e outros movimentos que vêm depois do serialismo integral e das experiências pós-modernas dos anos 70 e 80. É difícil fazer essa definição, e não vou me arriscar aqui.

O Kronos Quartet, grupo formado há mais de vinte e cinco quarenta anos, são especialistas em música contemporânea. Claro que eles se embrenharam no repertório clássico também, mas o foco deles desde o início foi tocar a música produzida nos dias de hoje. E considero esse trabalho, que eles fazem tão bem, muito importante para a perpetuação e desenvolvimento da música como arte no mundo atual. Eu, como bom amante da música contemporânea que sou, não poderia deixar de postar essa coleção e honrar a esse grupo.

Neste álbum, o primeiro dessa coleção do aniversário de 25 anos completado em 1998 – (iihhh, já tem um tempinho ein tio?) – temos a melhor interpretação da Missa Syllabica de Arvo Pärt que já ouvi, juntamente com a pior de Psalom. E temos deliciosas obras recheadas de jams e ritmos dançantes do compositor estadunidense John Adams em John’s Book of Alleged Dances.

Semana que vem teremos Ken Benshoof (quem é esse cara?) e Astor Piazzolla no segundo volume da coleção.

Como hoje é véspera de ano novo, sugiro uma resolução para vocês: ouvir mais música erudita contemporânea em 2016.

25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 1/10]

John Adams (1947):

John’s Book of Alleged Dances:

01 Judah to Ocean
02 Toot Nipple
03 Dogjam
04 Pavane: She’s So Fine
05 Rag the Bone
06 Habanera
07 Stubble Crotchet
08 Hammer & Chisel
09 Alligator Escalator
10 Standchen: The Little Serenade
11 Judah to Ocean (Reprise)

Arvo Pärt (1935):

12 Fratres

13 Psalom

14 Summa

Missa Syllabica*:

15 Kyrie
16 Gloria
17 Credo
18 Sanctus
19 Agnus Dei
20 Ite, Missa Est

Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello

Ellen Hargis, soprano*
Suzanne Elder, alto*
Neal Rogers, tenor*
Paul Hillier, baritone*

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Os "fofuxos" em 1998.
Os “fofuxos” do Kronos Quartet (David Harrington, John Sherba, Joan Jeanrenaud e Hank Dutt), em 1998.

Luke

Arvo Pärt (1935): Alina

Arvo Pärt (1935): Alina

– Repost de 3 de Novembro de 2015 –

Vamos por partes. Já ouvimos aqui algumas das melhores obras para vozes de Arvo Pärt, e já ouvimos algumas de suas melhores obras orquestrais. Agora venho com mais esse álbum que possui talvez não as melhores, mas duas obras muito conhecidas e importantes para piano: Für Alina (para piano solo) e Spiegel im Spiegel (para cordas e piano).

Para que vocês apreciem melhor essas obras é necessário entender o porquê delas serem como são e o porquê de elas serem importantes.

Já havia dito no meu debut que Pärt possuía três fases na sua carreira de compositor. Essas fases são, primeiro, a de vanguarda (avant-garde); segundo: a fase experimental com collage, e a última, a minimalista. Na primeira fase o compositor era na maior parte um neoclássico, mas chegou a compor obras com estilo dodecafônico e serialista. Uma obra serialista dessa fase é Nekrolog. É uma fase que o compositor tem uma forte obsessão por fazer inovações. Acho que dessa fase pouca coisa é aproveitável, por isso vou focar nas obras das fases seguintes.

Na fase de transição, Pärt realiza uma série de experimentações e colagens em suas obras. Collage ou colagem é uma técnica de composição onde os compositores fazem uma mistura de obras de vários compositores dentro de uma obra sua, misturando desde Bach até Mahler. As vezes sai algo interessante, outras, nem tanto. Essa fase da carreira de Pärt é interessante, pois ele não apenas faz essas colagens em suas obras para seguir uma tendência, ele faz uso dessa técnica numa tentativa desesperada de encontrar a si mesmo enquanto compositor [crise de identidade]. Pärt nessa época de transição, desiste da sua obsessão de inovação e rejeita o serialismo e as regras impostas pelos movimentos avant-garde de sua época, e nisso tenta realizar obras que desafiem isso. O collage, por citar o passado, talvez tenha sido uma forma de fazer essa afronta.

É possível entender a transição de Pärt como um processo de liminaridade, um processo que constitui um rito de passagem que o antropólogo Victor Turner caracterizava por três fases: a separação de uma estrutura anterior, o limbo ou limiar entre duas estruturas, e a agregação a uma nova estrutura. Julgando que a época em que ele vivia essa crise era o auge da guerra fria, pode-se pensar em termos sociológicos como que os movimentos sociais na Estonia sob o regime comunista influenciavam diretamente os pensamentos do “indivíduo Arvo Pärt” na época. É justamente nessa época, final dos anos 60 e começo dos anos 70, que o compositor abandona o luteranismo para se juntar ao cristianismo ortodoxo. Ou seja, Pärt se separa de uma estrutura social anterior para se juntar à outra. Isso se reflete em sua música também, embora em um tempo diferente. A música que mais evidencia seu rito de passagem é Credo, uma obra onde ele cita Bach, usa de atonalidade e de textos sacros.

Talvez tenha sido pura coincidência, ou talvez tenha sido por sentimento mesmo, mas durante uma época em minha vida em que estava passando justamente por um processo de liminaridade no meu pensamento intelectual pessoal, eu senti que deveria ouvir essa música. Já tinha escutado antes, mas foi dessa vez que senti aquilo que Pärt sentia quando a compôs, ou melhor, me identifiquei com seus sentimentos, pois passava justamente pelo mesmo processo. Credo é um ótimo exemplo para entender esse limiar, pois a música começa estável, desmorona em uma atonalidade caótica desesperadora (eu realmente senti desespero ouvindo essa parte), e depois se solidifica novamente em esperança e beleza. O único “porém” dela é voltar ao “mesmo” digamos assim, e isso não configura um rito de passagem completo (nem mesmo uma superação das contradições anteriores), mas podemos entender isso como uma previsão de Pärt do que viria: ele voltaria à beleza, às regras de uma estrutura. [Neste sentido a visão de Turner, de que um processo de liminaridade põe em cheque a ideia de estrutura é equivocada, pois tal processo pode ser entendido como um processo comum da própria estrutura. Ou seja, Pärt abandona um grupinho, fica meio perdido, mas encontra uma outra turminha com quem possa andar no recreio.]

E foi isso que ele fez. Depois de mais ou menos oito anos de silêncio criativo quase absoluto (com exceção apenas da Terceira Sinfonia, que já mostrara alguns sinais do estilo que viria), Pärt finalmente renasce com um estilo de música totalmente novo, mas por mais irônico que talvez seja (talvez não tão irônico, se pensarmos que de alguma forma – nos termos de Victor Turner – para completar o ritual de passagem, era necessário aderir a uma nova estrutura), um estilo que possui regras tão complexas quanto aquelas presentes no serialismo, como explica Tom Service pelo The Guardian:

“Pärt criou regras estritas para controlar como as vozes harmônicas se movem com as linhas melódicas em sua música, regras tão estritas quanto o serialismo; ironicamente, dada a sua rejeição às suas obsessões de inovação anteriores, o sucesso de sua linguagem musical depende exatamente daquela objetividade de pensamento que a composição serial demanda. Essa austeridade do processo faz com que o tintinnabuli de Pärt apresente um novo uso da atonalidade, até mesmo um novo tipo de tonalidade, e explica porquê sua musica soa ao mesmo tempo tão antiga e moderna, e porque ela encorpa uma expressividade genuína ao invés de uma repetição de convenções de segunda mão.”

Eu diria que a música de Arvo Pärt não soa antiga e moderna ao mesmo tempo por acaso. Como eu disse acima, Pärt se converteu ao cristianismo ortodoxo e é no leste europeu onde o antigo estilo de canto conhecido como canto gregoriano (ou cantochão), é ainda bastante preservado, justamente devido a presença do cristianismo ortodoxo. As obras para vozes de Pärt do período minimalista possuem clara influência do cantochão tanto no sentido estético quanto no estrutural da música. Não seria errado dizer que o cantochão é um estilo de canto minimalista se pensarmos apenas nas características e não na época; é com a Ars Nova, o renascimento e finalmente o barroco que as obras para vozes tomam proporções maiores do que vigorou pela maior parte da idade média. Mas claro que Pärt vai muito além, ele cria uma harmonia e um timbre únicos, e além disso, ele está se inspirando numa música antiga em um contexto moderno (ou pós-moderno), por isso a música soaria antiga e moderna ao mesmo tempo. [Seu novo estilo, o tintinnabuli (que é uma forma de minimalismo), é como uma superação da contradição entre suas duas fases anteriores: as regras exigentes da vanguarda, mais as experimentações com o passado.]

Für Alina, embora não seja para vozes, é a primeira obra que surge com essa inovação na sua técnica de composição após o hiato de vários anos do compositor. Quero que vocês tenham isso em mente quando ouvirem pela primeira vez Für Alina, que aquela nota grave que você ouve, seguida de notas mais agudas, foi a primeira nota que nasce depois de um silêncio de muitos anos, e elas nascem como uma ressurreição do compositor, então é necessária delicadeza e lentidão ao lidar com elas, como se o pianista e o ouvinte estivessem brincando com um vidro muito frágil e valioso. Se o pianista for delicado e o ouvinte não for, a magia se quebra e a obra se perde no vazio, se o ouvinte for delicado mas o pianista não for, o ouvinte vai sentir a magia da obra rachando e quebrando diante de seus ouvidos que esperavam delicadamente apreciar uma delicadeza que não ocorre. Do nascimento dessas pequenas e delicadas notas nasceriam outras raízes mais fortes dessa semente: Spiegel im Spiegel, Tabula Rasa, Frates, Cantus In Memory of Benjamin Britten, Summa e outras. Essas obras são as bases desse novo estilo de Pärt: minimalista, profundo e hipnotizante.

E tudo isso são só os primeiros galhos, o estilo minimalista de Pärt mesmo sendo “pouco” rende muito. Já podemos dizer que existe uma árvore razoavelmente grande de obras só da terceira fase. Torço para que esse velhinho de 80 anos viva pelo menos até os 100, e continue nos honrando com sua maravilhosa música profundamente tocante por muito tempo.

Arvo Pärt (1935): Alina

01 Spiegel im Spiegel

02 Für Alina

03 Spiegel im Spiegel

04 Für Alina

05 Spiegel im Spiegel

Vladimir Spivakov, violino
Sergej Bezrodny, piano
Dietmar Schwalke, violoncelo
Alexander Malter, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Nora Pärt: Quero saber direitinho quem é essa tal de Alina quando chegarmos em casa viu...
Nora Pärt: Quero saber direitinho quem é essa tal de Alina quando chegarmos em casa viu…

Luke D. Chevalier

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

  • Repost de 18 de Outubro de 2015 – Um ano desde que comecei a postar no PQP Bach!

Olá caros leitores do PQP Bach, faço minha estreia aqui nesse blog com o compositor contemporâneo de música erudita que mais gosto: Arvo Pärt. Possuo muitos cds com obras deste compositor que, como dito pelo nosso mestre P.Q.P, não recebeu ainda a devida atenção neste blog. Venho para preencher esta lacuna e para preencher outras que acredito que os senhores considerarão muito oportunas. Junto com o download está o livrete do CD, para que os senhores possam saber mais detalhadamente de outras informações que lhes forem de interesse.

Vou falar um pouco das minhas impressões pessoais sobre esse álbum. O que me levou a comprá-lo foi a obra My Heart in the Highlands, e não, não foi em A Grande Beleza onde eu a ouvi pela primeira vez, mas sim em um documentário sobre o estilo de composição atual de Arvo Pärt. Digo atual pois o compositor já teve três fases onde as obras são notavelmente distintas em seus respectivos estilos. A discussão sobre essas fases é uma outra história que deve ser contada em um outro momento. Neste álbum, com exceção de Solfeggio (que é da primeira fase, a de vanguarda), todas as outras obras são da terceira fase, a minimalista, chamada pelo compositor de tintinnabuli (que é a fase atual).

Voltando a “My Heart in the Highlands”, bem, a primeira vez que eu ouvi essa obra não foi apenas a melodia profundamente melancólica que me tocou, mas também os belos versos que por alguns minutos me arrebataram de tal forma que eu me senti “como um lobo solitário que vive nas montanhas geladas, mas que quando vai à cidade se torna um mero humano de coração apertado, coração apertado de saudades das montanhas geladas e dos cervos, que correm desesperados diante da calma taciturna do lobo que os caça”. Foi uma história mais ou menos assim que por breves momentos inundou minha mente, senti saudades de coisas que jamais vivi (coisa que sinto toda vez que experimento uma boa obra “impressionista”, seja música, cinema ou artes plásticas) e um dia irei passa-la de minha mente para o papel, mas até lá ainda me regojizarei com ela em minha mente.

Mas a grande surpresa do álbum com certeza foi o Stabat Mater de Pärt. A única vez que esse texto havia me tocado tão profundamente em forma de música havia sido com a versão de Antonio Vivaldi. Eu já ouvi a de Pergolesi, a de Dvorák, e de outros, mas só as de Vivaldi e de Pärt tocam meu coração tão profundamente, talvez seja a grande ausência de sinais de alegria ou euforia, mas puramente a presença de dor e melancólica melodia.

Outro destaque do álbum é The Deer’s Cry, por algum motivo essa obra me faz me sentir profundamente cristão (coisa que já fui). Adoro ouvi-la aos domingos. O coro e os solistas cantam sublimemente, como se estivessem inundados de fé, e a história por trás da composição do texto da obra torna tudo mais saboroso; segundo o livrete, o texto cujo nome original é Lorica foi composto por São Patrício em 433. Sabendo de uma emboscada para matar ele e seus seguidores, São Patrício guiou seus homens pela floresta enquanto cantavam essa música. Eles então foram transformados em cervos que foram guiados por 20 gamos. Graças a esse milagre São Patrício e seus homens foram salvos. Apesar do fato de que cantar numa floresta enquanto foge é uma péssima ideia para despistar perseguidores, a história é bonita.

Certa vez ao entrevistar Arvo Pärt, a cantora Björk (que se diz uma fã da música de Pärt) descreveu a música do compositor como uma música que dá espaço ao ouvinte, e eu concordo plenamente, só acrescento que esse espaço é para que você sinta profundamente os sentimentos que lhe inundam ao ouvir essas obras. Seja “My Heart in the Highlands”, seja o “Stabat Mater” ou “The Deer’s Cry”. Não é a toa que o ideal por trás desse estilo de composição de Pärt seja “o amor por cada nota“, é justamente um estilo que busca fazer o ouvinte “meditar” profundamente sobre aquilo que ele ouve e sente em sua mente. Podemos amar tudo aquilo que compreendemos, mas aquilo que não compreendemos nós tememos, e por não compreendermos e temermos podemos chegar a odiar. Por isso a música do compositor é simples eu suponho, para que você possa compreendê-la e então amá-la.

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

1. Veni creator (3:19)
2. The Deer’s Cry (4:38)
3. Psalom (5:05)
4. Most Holy Mother of God (4:34)
5. Solfeggio (4:46)
6. My heart’s in the highlands (8:40)
7. Peace upon you, Jerusalem (5:23)
8. Ein Wallfahrtslied (9:10)
9. Morning Star (3:17)
10. Stabat Mater (26:03)

Ars Nova Copenhagen
Paul Hillier
Theatre of Voices
Christopher Bowers-Broadbent, orgão
NYYD Quartet

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Estreia de Luke D. Chevalier no PQP
Estreia de Luke D. Chevalier no PQP

Luke D. Chevalier

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa – Gidon Kremer, Keith Jarrett, Alfred Schnittke

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa – Gidon Kremer, Keith Jarrett, Alfred Schnittke

coverReconheço que ao fazer uma postagem como esta estou adentrando em terras desconhecidas, e um tanto quanto temerosas. Não conheço a obra de Arvo Pärt, nem tenho alguma familiaridade com sua vida. Estou aqui apenas como o fornecedor do CD, que adquiri há alguns anos atrás, não me perguntem onde nem quando. O que me chamou a atenção foi a reunião de dois de meus ídolos, Gidon Kremer e Keith Jarrett para a interpretação de “Frates”, uma peça um tanto quanto minimalista, eu arriscaria dizer. Mas não quero me mover muito no meio desta areia movediça, por isso deixo maiores detalhes para o novo integrante da família PQPBach, Luke D. Chevalier.


Comentários de Luke D. Chevalier

Nos bastidores desse blog, existe uma discussão que não quer cessar: Pärt se pronuncia Piart ou Pért? Cada um apresenta seus argumentos para fundamentar suas “hipóteses”, digamos assim, mas nada que dê um fim à discussão. Essa discussão se soma às outras grandes questões deste blog que os senhores podem perceber nas postagens e nos comentários que vocês leitores fazem: Vivaldi pegava ou não pegava as menininhas do orfanato? E Brahms, comia ou não comia Clara Schumann? São questões que cada um toma seu lado. Eu, como bom sociólogo que sou, cito Max Weber e fingo exercer uma “neutralidade”.

Mas vamos ao álbum prezados leitores. Provavelmente essas são as melhores interpretações para essas obras que qualquer um poderia querer. Gidon Kremer assume o violino e faz muito bonito como lhe é de costume (a obra Tabula Rasa, pivô deste álbum, foi de certa forma uma recomendação do violinista para Pärt). O interessante do álbum é Alfred Schnittke tocando o piano preparado em Tabula Rasa; um compositor inovador tocando a música de outro compositor inovador de seu tempo. Pena que Schnittke já se foi, Pärt, para nossa alegria, ainda está ai. E falando de idas e vindas, o belíssimo Cantus… é justamente em homenagem à outro compositor que já se foi, Benjamin Britten. Pärt diz que se entristece com o fato de Britten ter morrido logo quando ele tinha percebido a beleza de sua música, e que assim não poderia mais se encontrar com ele. Sentimento parecido sofri eu ao ler este ano o livro “Ostra Feliz Não Faz Pérola” de Rubem Alves. Enquanto lia achava que o autor ainda estava vivo, mas quando descobri que ele havia falecido no ano anterior, 2014, fiquei muito triste, pois havia gostado tanto do livro que estava pensando em ir visitá-lo em Campinas.

Enfim, já deu pra ver que tem muita coisa boa aqui. A única coisa ruim nesse álbum é a capa, mas como vocês perceberão ao longo das minhas próximas postagens com obras de Pärt, a ECM nunca foi criativa com elas, quando não são feias, são sem graça. Mas confesso que eu até gosto da simplicidade de algumas delas (não é o caso da capa deste álbum).

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa

01.Fratres

Gidon Kremer – Violino
Keith Jarrett – Piano

02.Cantus in Memory of Benjamin Britten

Staatsorchester Sttutgart
Dennis Russel Davis – Regente

03.Fratres

Os 12 violoncelistas da Berlin Philharmonic Orchestra

04.Tabula Rasa

Gidon Kremer, Violino
Tatjana Gridenko, Violino
Alfred Schnittke, Piano preparado

Lithuanian Chamber Orchestra
Saulus Sondeckis – Regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

O defeito do scanner até que caiu bem nessa foto.
O defeito do scanner até que caiu bem nessa foto.

Corigliano (1938), Beethoven (1770-1827), Pärt (1935): Credo (com Hélène Grimaud)

Corigliano (1938), Beethoven (1770-1827), Pärt (1935): Credo (com Hélène Grimaud)


IM-PER-DÍ-VEL !!!

Hélène Grimaud é uma mulher inteligente, claro. Bem, na verdade o que quero dizer é que este disco de Hélène Grimaud é inteligente. Não sei o que acontece com a maioria das pessoas que fazem os programas de discos e de concertos. Há pouca criatividade quando bastaria conhecer o repertório e pensar um pouquinho. Mas Hélène Grimaud, que além de inteligente é linda, não padece deste mal. Vejam bem.

No repertório deste CD, há vários tipos de correspondências, musicais ou não, que conferem unidade a esta aparentemente mistura eclética de obras. A Fantasia de John Corigliano, que abre o disco — e que nos chega através de um desempenho sensacional, cheio de poesia e mistério, de Grimaud –, baseia-se no Allegretto da Sétima de Beethoven. De forma análoga, o Credo de Pärt cita Bach. Além disso, a Fantasia Coral de Beethoven e o Credo são escritos para uma combinação incomum de piano, coro e orquestra, e em suas absolutamente diferentes formas procuram trazer a ordem a partir do caos. Credo é, enfim, um álbum conceitual muito atraente. Quase como a pianista.

Corigliano (1938), Beethoven (1770-1827), Pärt (1935): Credo (com Hélène Grimaud)

Fantasia on an Ostinato by John Corigliano
1. Fantasia on an Ostinato, for piano

Sonata for Piano no 17 in D minor, Op. 31 no 2 “Tempest” by Ludwig van Beethoven
2. Piano Sonata No. 17 in D minor (‘Tempest’), Op. 31/2: 1. Largo – Allegro
3. Piano Sonata No. 17 in D minor (‘Tempest’), Op. 31/2: 2. Adagio
4. Piano Sonata No. 17 in D minor (‘Tempest’), Op. 31/2: 3. Allegretto

Fantasia in C minor, Op. 80 “Choral Fantasy” by Ludwig van Beethoven
5. Fantasia for piano, chorus, and orchestra (‘Choral Fantasy’), Op. 80: Adagio
6. Fantasia for piano, chorus, and orchestra (‘Choral Fantasy’), Op. 80: Finale

Credo by Arvo Pärt
7. Credo, for piano, chorus & orchestra

Hélène Grimaud, piano
Swedish Radio Symphony Orchestra, Swedish Radio Chorus
Esa-Pekka Salonen

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Hélène (suspiro) Grimaud
Hélène (suspiro) Grimaud…

PQP

Arvo Pärt (1935) – Kanon Pokajanen; De Profundis; Passio [links mai.2017]

Álbuns originalmente postados em 24 de dezembro de 2011

A música de Arvo Pärt, para mim, não é coisa que se goste na primeira audição. É preciso um pouco mais de tempo (e de tentativas) para deglutí-la.
O compositor estoniano optou por fazer uma música muito mais timbrística que melódica, daí, por muitas vezes, me parecer que ela é estática demais e falta um tanto de movimento. Mas é inegável que os acordes são de uma beleza extrema, há inícios impactantes, meios transcendentes e finais geniais, embora o disco todo talvez se torne um pouco monótono (sei que os fãs incondicionais de Pärt, que são muitos, irão me crucificar…).
Apesar de qualquer coisa, de qualquer senão que eu tenha colocado, não posso deixar de dizer que suas composições são, inegavelmente, de extrema profundidade e, na sua lentidão característica, pedem e necessitam de silêncio, mais que isso, indicam o silêncio ao ouvinte. Talvez o problema resida em nós, que vivemos num mundo tão agitado que não conseguimos mais compreender obras silentes como a dele.

Ali também poder-se-á perceber a fé que o compositor professa: suas músicas são muito ligadas aos ritos da Igreja Ortodoxa, pela forma, andamento e combinação dos acordes, e pelo uso extremado de baixos profundos.
Novamente, como na postagem anterior deste que vos fala, não são músicas natalinas, mas peço que, ao ouví-las, tente se pôr no silêncio, dê-se um tempo longe da agitação do dia-a-dia e permita-se sentir dentro de uma daquelas maravilhosas catedrais ortodoxas, amplas, com uma leve névoa filtrando os raios solares que adentram pelos vitrais. Os cânticos de Pärt, então, te levarão a uma outra dimensão, sublime, mais próxima do céu.


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
Kanon

01. Ode I
02. Ode III
03. Ode IV
04. Ode V
05. Ode VI
06. Kondakion
07. Ikos
08. Ode VII
09. Ode VIII
10. Ode IX
11. Prayer after the canon

Tõnu Kaljuste, regente
Estonian Philharmonic Chamber Choir, 1998

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (127Mb)
… Mas o Luke de Chevalier, esse minino-bão, já postou esta obra com uma qualidade melhor. Ela está AQUI Clique aqui.


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
De Profundis
01. De Profundis (Salmo 129)
02. Missa Sillabica: 1. Kyrie
03. Missa Sillabica: 1. Gloria
04. Missa Sillabica: 1. Credo
05. Missa Sillabica: 1. Sanctus
06. Missa Sillabica: 1. Agnus Dei
07. Missa Sillabica: 1. Ite missa est
08. Solfeggio
09. And one of the Pharisees
10. Cantate Domino (Salmo 95)
11. Summa (Credo)
12. Seven Magnificent Antiphons: 1. O Weisheit
13. Seven Magnificent Antiphons: 2. O Adonai
14. Seven Magnificent Antiphons: 3. O Spross
15. Seven Magnificent Antiphons: 4. O Schlüssel
16. Seven Magnificent Antiphons: 5. O Morgenstern
17. Seven Magnificent Antiphons: 6. O König
18. Seven Magnificent Antiphons: 7. O Immanuel
19. The Beatitudes
20. Magnificat

Paul Hiller, regente
Theatre of Voices Ensamble, 1996

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (103Mb)


Arvo Pärt (Estônia, 1935)
Passio Domini Nostri Jesu Christi Sedundum Joannen,

01. Passio Domini Nostri Jesu Christi Sedundum Joannen

Paul Hiller, regente
The Hilliard Ensemble, 1994

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (64Mb)

Boa audição.
Bisnaga.

Leos Janáček, Cartas Íntimas / Béla Bartók, Contrastes / Arvo Pärt, Missa de Berlim – Harmonia Mundi – 50 years of music exploration – CD 29 de 29

Um CD absolutamente notável fecha a coleção comemorativa da Harmonia Mundi.

Janácek, escreveu aos 73 anos (!) seu segundo Quarteto de Cordas para uma mulher. A dedicatória é a seguinte:

– Aqui pude encontrar lugar para colocar minhas mais belas melodias. Exprimirão o medo que sinto de você.

Cartas Íntimas é efetivamente um obra prima e uma de minhas mais antigas preferências. Eu a ouvia na esplêndida Rádio da UFRGS nos anos 70. O Melos Quartett realiza belíssima interpretação.

Depois temos Contrastes, de Bartók, que consegue ser ainda melhor. Em 1938, Bartók recebeu, por intermédio do violinista húngaro József Szigeti, um pedido de Benny Goodman, conhecido clarinetista de jazz, para compor uma peça para clarinete, violino e piano. Assim surgiu Contrastes, partitura de uma complexidade extrema que atemorizou desde logo Goodman (“Vou precisar de três mãos para a tocar, senhor Bartók!”). Estreou-se em Janeiro de 1939, em Nova Iorque, com interpretação de József Szigeti, Benny Goodman e o pianista Endre Petri. (*) Goodman tirou de letra.

Não vejo (ou ouço) grande coisa na peça de Pärt, talvez seja problema meu. Sua música estática e extática me irrita um pouco.

Obrigatório pelas duas primeiras peças!

MAIS UMA SÉRIE TERMINADA!

CD 29

Quatuor à cordes n°2 “Lettres intimes” – Leos Janáček 25’44
1. Andante. Con Moto. Allegro
2. Adagio. Vivace
3. Moderato. Andante. Adagio
4. Allegro. Andante. Adagio
Melos Quartett

Contrastes pour violon, clarinette et piano – Béla Bartók 17’15
5. No.1 Verbunkos
6. No.2 Piheno
7. No.3 Sebes
Ensemble Walter Boeykens

Berliner Messe – Arvo Pärt 23’20
8. Kyrie
9. Gloria
10. First Alleluia Verse
11. Second Alleluia Verse
12. Veni Sancte Spiritus
13. Credo
14. Sanctus
15. Agnus Dei
Theatre of Voices
Christopher Bowers-Broadbent, organ
Paul Hillier

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

PQP

(*) Detalhes retirados daqui.

Arto Pärt (1935) – Te Deum, Silouans Song, Magnificat e Berliner Messe

Sabem? Eu tento, tento mesmo, mas não consegui ainda desenvolver admiração por Arto Pärt e sua música estática e extática. O problema é justamente a junção destes adjetivos tão parecidos e iguais em som. Pois é a falta de movimento e o êxtase permanente que me enchem o saco. Há que ter céu e estrelas, mas também chão, sangue, vísceras, certo? Pärt parece não ser deste mundo. Li em algum lugar que quem gosta de Górecki, inevitavelmente ama Pärt. OK, sou a exceção, um ET.

Bem, mas os comentaristas dizem que este é o melhor CD com obras do compositor estoniano lançado até hoje. É um CD da ECM de 1993 que é multi, ultra e trans elogiado. Só que não é para mim. Eu acho sem graça. Mas saibam, dizem que são obras-primas!

Pärt – Te Deum, Silouans Song, Magnificat e Berliner Messe

1. Te Deum 28:45

2. Silouans Song 5:46

3. Magnificat 6:44

4. Berliner Messe – Kyrie 3:18
5. Berliner Messe – Gloria 3:43
6. Berliner Messe – Erster Alleluiavers 0:52
7. Berliner Messe – Zweiter Alleluiavers 1:10
8. Berliner Messe – Veni Sancte Spiritus 4:57
9. Berliner Messe – Credo 3:56
10. Berliner Messe – Sanctus 4:04
11. Berliner Messe – Agnus Dei 2:41

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Tallinn Chamber Orchestra
Tonu Karljuste

BAIXE AQUI (Parte 1) – DOWNLOAD HERE (Part 1)

BAIXE AQUI (Parte 2) – DOWNLOAD HERE (Part 2)

Arvo Pärt (1935-) – Tabula Rasa, Colagem sobre Bach e Sinfonia Nº3

Arto Pärt é um estoniano — talvez seja o único vivente nascido na Estônia que eu tenha ouvido falar — que compõe uma obra muito ligada ao passado. Não gosto muito de suas composições, algumas hipnoticamente repetitivas, outras sem movimento algum, feitas só de harmonias. Questão de gosto. Pärt, assim como Reich, devem muito de sua fama a Manfred Eicher, dono da gravadora ECM, que começou a divulgá-los nos anos 70 e 80. Pärt naturalizou-se austríaco e hoje vive em Berlim.

Temos aqui a obra mais famosa de Pärt, Tabula Rasa, que já foi pedida e repedida por nossos visitantes-ouvintes. É bonita e interessante. Desta forma, neste sonolento sábado de manhã, reabrimos nosso SAC, o qual já está fechado para que vocês não se acostumem…

Arvo PART: Tabula Rasa / Symphony No. 3

Tabula Rasa
1. Ludus 00:09:50
2. Silentium 00:14:42

Collage uber Bach
3. Toccata 00:02:47
4. Sarabande 00:03:08
5. Ricercare 00:01:44

Symphony No. 3
6. First Movement 00:06:29
7. Second Movement 00:06:10
8. Third Movement 00:07:43

Lesley Hatfield, violin
Rebecca Hirsch, violin
Ulster Orchestra
Takuo Yuasa, Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE