The Island Of St. Hylarion – Music of Cyprus (1413-1422) (Ensemble Project Ars Nova — PAN)

The Island Of St. Hylarion – Music of Cyprus (1413-1422) (Ensemble Project Ars Nova — PAN)

Belíssimo e delicado disco da música antiga da ilha de Chipre. As sonoridades do Chipre dos inícios do século XV, recuperadas a partir de um manuscrito anônimo encontrado em uma biblioteca de Turim são absolutamente incríveis. A ilha foi invadida por Ricardo Coração de Leão em 1198 e, então, houve também a introdução da música polifônica na ilha. São impressionantes a pureza dos sons das vielas de roda, dos alaúdes, dos trompetes e dos três gêneros de vozes do CD – contratenor, tenor e mezzo-soprano. A variedade e qualidade da música cipriota – sob seus invasores ocidentais… – é surpreendente. Obrigatório para quem gosta de música antiga.

The Island Of St. Hylarion – Music of Cyprus (1413-1422)

1. Rondeau: Contre dolour (voice, harp)
2. Canonic rondeau: Tousjours (lute, harp, 2 vielles, corno muto)
3. Ballade: Aspre fortune (2 voices, vielle)
4. Ballade: Qui de fortune (2 vielles, lute)
5. Virelai: Je prens d’amour (voice, 2 vielles)
6. Bonne e belle (lute)
7. Rondeau: Qui n’a le cuer (2 voices)
8. Ballade: J’ai mon cuer (2 vielles)
9. Ballade: J’ai maintes fois (lute, harp)
10. Ballade: Moult fort me plaist (voice, 2 vielles, lute)
11. Danse d’Abroz (vielle, lute)
12. Ballade: Pymalion qui moult subtilz estoit (voice, lute, harp)
13. Motet: De magne Pater
Ballade: Si doucement (lute, harp, 2 vielles)
14. Antiphon: Anna parens matris (voices)
Motet: Alma parens natal / O Maria stella maris (3 voices, slide trumpet)
15. Antiphon: O Virgo virginum
Motet: O sacra virgo virginum / Tu nati nata suscipe (voices)
16. Antiphon: Hodie Christus natus est
Motet: Hodi peur nascitur / Homo mortalis firmiter (voices)

(1-13 Anonymous, from a Cyprus Manuscript
14-16 from the famous cycle of Cypriot “O” antiphons. )

Performers:
Michael Collver (countertenor, corno muto)
John Fleagle (tenor, harp)
Shira Kammen (vielle)
Laurie Monahan (mezzosoprano)
Crawford Young (lute)
Peter Becker (tenor)
Karen Clark-Young (mezzosoprano)
Randall Cook (vielle)
Steven Lundahl (slide trumpet)
Margaret Raines (mezzosoprano)

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La Serenissima no Chipre: ops! (1474/89)

PQP

.: interlúdio :. Pat Metheny Group: Offramp (1981)

.: interlúdio :. Pat Metheny Group: Offramp (1981)

IM-PER-DÍ-VEL !!!!

Por incrível que pareça, nunca tínhamos postado este álbum antes. É um dos discos de jazz de que mais gosto. Na verdade, gosto dele desde a capa com um sugestivo, imenso e nada casual Turn Left. Se seus pontos altos são Au Lait e James, não podemos esquecer a merecida popularidade da sensacional bossanovista Are you Going with Me?, um dos poucos casos modernos onde a qualidade acompanhou as grandes vendas.

A guitarra sintetizada, marca registrada do Metheny dos primeiros anos está em todo o disco desde Barcarola e é decisiva em Are you Going with Me?. O pianista Lyle Mays dá tons aveludados a Au Lait, que traz Nana Vasconcelos percutindo, apitando e falando “Você é linda” e “Eu te amo tanto, tanto, tanto”, além de outras coisas. Poucos sabem que James é uma homenagem ao cantor e compositor James Taylor. Tema lindo, perfeito, relaxante, com novo show de Mays. Offramp é altamente melódico, mas, mesmo assim, nota-se aqui e ali a presença de um guitarrista que tem como mestres Ornette Coleman e o free jazz.

CD da ECM. Eu me entrego: Manfred Eicher, ich liebe dich.

Pat Metheny Group – Offramp

1. Barcarole [3:15]
(Metheny/Mays/Vasconcelos)
2. Are You Going With Me? [8:47]
(Metheny/Mays)
3. Au Lait [8:28]
(Metheny/Mays)
4. Eighteen [5:05]
(Metheny/Mays/Vasconcelos)
5. Offramp* [5:55]
(Metheny/Mays)
6. James [6:41]
(Metheny/Mays)
7. The Bat Part 2 [3:50]
(Metheny/Mays)

Pat Metheny – guitar synthesizer, guitar, synclavier guitar
Lyle Mays – piano, synthesizer, autoharp, organ, synclavier
Steve Rodby – acoustic & electric bass
Dan Gottlieb – drums
Nana Vansconcelos – percussion, voice, berimbau

Recorded October 1981 at Power Station, New York
Engineers: Jan Erik Kongshaug, *Gragg Lunsford
Assistant Engineer: Barry Bongiovi
Mixed at Talent Studio, Oslo
Mixing Engineer: Jan Erik Kongshaug
Produced by Manfred Eicher

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A turma de Offramp

PQP

Dmitri Shostakovich (1906–1975): Sinfonias 2, 3, 12 & 13 “Babi Yar” (Andris Nelsons & Boston Symphony Orchestra)

Dmitri Shostakovich (1906–1975): Sinfonias 2, 3, 12 & 13 “Babi Yar” (Andris Nelsons & Boston Symphony Orchestra)

Estava escrito que o último álbum da integral de Nelsons e da Boston seria “estranho”, pois juntaria as três piores sinfonias de Shosta com uma indiscutível obra-prima.  Pois a Nº 2 e a 3 são irrevelantes, a 12 é um escorregão — nada contra um compositor escrever uma Sinfonia chamada O Ano de 1917 e dedicá-la À Memória de Lênin, até pelo contrário, o problema é que a música é ruim mesmo! — e então sim, chega a sob todos os aspectos notável Sinfonia Nº 13, Babi Yar. A gravação de Nelsons para a 13ª trai um enorme trabalho. Ele se esmerou mesmo! É difícil bater esta versão.

A Sinfonia Nº 13, Op. 113, para baixo solista, coro de baixos e grande orquestra foi composto por Dmitri Shostakovich em 1962. Consiste em cinco movimentos, cada um deles um cenário de um poema de Yevgeny Yevtushenko que descreve aspectos da história e da vida soviética. Embora a sinfonia seja comumente referida pelo apelido de Babi Yar, tal subtítulo não é utilizado na partitura manuscrita de Shostakovich. A Sinfonia foi concluída em 20 de julho de 1962 e apresentada pela primeira vez em Moscou em 18 de dezembro daquele ano. Kirill Kondrashin conduziu a estreia depois que Yevgeny Mravinsky amarelou.

A sinfonia consiste em cinco movimentos e é uma das mais perturbadoras, profundas e originais das muitas obras para orquestra de Dmitri Shostakovich. Ela lembra e lamenta um ato hediondo de assassinato em massa. Entre 1941 e 1943, durante a ocupação nazi da Ucrânia soviética, estima-se que mais de 100 mil pessoas, a maioria delas judeus, foram mortas por soldados nazistas, com a ajuda de membros da população local, numa ravina nos arredores de a capital ucraniana de Kiev, conhecida como “Babi yar” em russo e “Babyn yar” em ucraniano. Nos dois dias de 29 e 30 de setembro de 1941, cerca de 34 mil judeus foram massacrados. Desde que os fatos horríveis do massacre se tornaram conhecidos, o nome da ravina tornou-se sinónimo de anti-semitismo e racismo de todos os tipos.

Em “Babi Yar”, um poema de apenas noventa e dois versos, Yevtushenko transforma uma visita que fez ao local – que na altura não tinha sequer um monumento – numa denúncia eloquente e emocional do anti-semitismo na Rússia e noutros lugares. Adotando seu ponto de vista preferido na primeira pessoa, o poeta compara-se às vítimas de Babi Yar e a outros mártires judeus, incluindo Alfred Dreyfus e Anne Frank. “Estou tão velho hoje / Como todo o povo judeu. Agora pareço ser judeu.” Mas o que mais surpreendeu os leitores de Yevtushenko foi a acusação do poema de que os russos, e mesmo os cidadãos da URSS teoricamente socialista, anti-racista e igualitária, eram eles próprios culpados, até certo ponto, do virulento anti-semitismo praticado pelos nazis.

Oh você, meu querido povo russo!
Você é um povo internacional que conheço profundamente.
Mas muitas vezes aqueles com mãos sujas
mancharam ruidosamente o seu nome virtuoso.

Embora a maioria dos intelectuais russos conhecesse demasiado bem a longa e feia história do anti-semitismo nos impérios russo e soviético, poucos se atreveram a abordar este tema explosivo por escrito. Assim que leu o poema de Yevtushenko, Shostakovich decidiu musicá-lo. Embora o compositor, tal como o poeta, não fosse judeu, há muito que simpatizava com a difícil situação dos judeus na Rússia. Ele tinha experimentado em primeira mão o intenso anti-semitismo do regime soviético, especialmente durante os anos de Stalin, quando alguns dos seus amigos mais próximos foram vítimas de violenta perseguição e prisão devido à sua identidade judaica. No início de 1948, Solomon Mikhoels, renomada estrela do teatro iídiche soviético, principal figura cultural judaica do país e sogro do amigo íntimo de Shostakovich, o compositor Mieczyslaw Weinberg, foi assassinado por ordem de Stalin, o que foi feito de forma a parecer como um acidente de trânsito.

Naquele mesmo ano, Shostakovich musicou vários poemas folclóricos judaicos no comovente ciclo Da Poesia Folclórica Judaica , mas julgou o material tão politicamente sensível que a estreia foi feita apenas em 1955, após a morte de Stalin. Outras composições que incorporam referências à música e temas judaicos são o Concerto para violino nº 1 e o Quarteto de cordas nº 4, ambos compostos no final da década de 1940 e também impedidos de serem executados até depois da morte de Stalin. Para Shostakovich, os judeus tornaram-se um símbolo poderoso do seu próprio estatuto como artista/outsider tentando permanecer fiel a si mesmo enquanto vivia numa sociedade intolerante e repressiva.

No início, Shostakovich pretendia musicar apenas Babi Yar”. No final de abril de 1962, ele completou um “poema sinfônico” para baixo solo, baixo coro e orquestra baseado no poema. Mas Shostakovich ficou tão satisfeito com o resultado, e tão apaixonado pelo projeto, que acabou decidindo expandir a obra para uma sinfonia de cinco movimentos, cada movimento baseado em um poema de Yevtushenko. Numa carta ao seu amigo íntimo Isaak Glikman, professor do Conservatório de Leningrado, Shostakovich escreveu: “O que me atrai na poesia [de Yevtushenko] é a sua humanidade inegável. Toda a conversa sobre como ele é “descolado”, “um poeta boudoir”, é causada principalmente pela inveja. Ele é consideravelmente mais talentoso do que muitos de seus colegas que ocupam posições respeitáveis.”

Quatro dos poemas de Yevtushenko (“Babi Yar”, “Humor”, “Na Loja” e “Uma Carreira”) já haviam sido publicados. Para o quarto movimento, Yevtushenko concordou com o pedido de Shostakovich para um novo poema e produziu “Medos”. Embora “Babi Yar” seja o único dos poemas que aborda o anti-semitismo, os outros tratam claramente de outros problemas da URSS: a sua incapacidade de tolerar críticas (“Humor”), os fardos suportados por mulheres numa economia de escassez (“Na Loja”), o legado do terror stalinista (“Medos”) e a hipocrisia dos burocratas (“Uma Carreira”).

Como recordou numa entrevista de 1992, Yevtushenko ficou lisonjeado e surpreendido com a atenção do mais famoso compositor soviético, então no auge da sua fama e influência. “Não nos conhecíamos naquela época. Ele me telefonou e pediu, como ele disse, minha ‘gentil permissão’ para escrever música para ‘Babi Yar’. Fiquei surpreso com sua ligação e respondi: ‘Mas é claro, por favor.’ Ele respondeu alegremente: ‘Maravilhoso. A música já está escrita. Venha e ouça.’”

A Décima Terceira Sinfonia de Shostakovich não emprega a forma sinfônica convencional. Na verdade, se a obra pode realmente ser chamada de sinfonia é uma questão que críticos e musicólogos têm debatido há muito tempo, especialmente porque não faz uso da forma sonata em nenhum dos seus cinco movimentos. Como a musicóloga russa Marina Sabinina mostrou em seu excelente livro sobre as sinfonias de Shostakovich, a forma rondó domina a maior parte da estrutura musical. Esta peça altamente dramática – e até cinematográfica – aproxima-se, na sua forma, de um oratório ou cantata e demonstra a longa experiência do compositor na escrita para vozes, para palco e cinema. Talvez surpreendentemente, Shostakovich não faz uso de um motivo melódico unificador ligando as seções. O uso de vozes exclusivamente masculinas (solo e coral) em um estilo principalmente declamatório-recitativo liga a Décima Terceira Sinfonia às tradições da música folclórica, litúrgica e operística russa, e especialmente ao exemplo do herói pessoal de Shostakovich, Modest Mussorgsky, em tais obras como Canções e Danças da Morte e Boris Godunov. O resultado é uma textura musical e emocional de escuridão, profundidade, realismo e intensidade aterrorizantes.

Enormes e imponentes, carregados de pressentimentos e tristezas, os compassos de abertura soam como um vento frio soprando em um cemitério, mergulhando-nos imediatamente em um mundo de terrível sofrimento e injustiça. O uso frequente de sinos (ouvidos no primeiro e no último compassos) cria uma atmosfera quase religiosa, de réquiem. E, no entanto, há numerosos momentos alegres e sarcásticos, especialmente em “Humor” e “A Career”, que lembram o estilo fortemente irônico de “riso através das lágrimas” da ópera Lady Macbeth do distrito de Mtsensk . Como também é o caso de muitos dos quartetos de cordas posteriores de Shostakovich, a Sinfonia termina suave e liricamente, num espírito etéreo de arrependimento e perdão.

A estreia amplamente divulgada da Décima Terceira Sinfonia em Moscou, em 18 de dezembro de 1962, foi um evento seminal na história da cultura soviética. Durante os meses anteriores à estreia, Yevtushenko foi sujeito a duras críticas oficiais; até o líder soviético Nikita Khrushchev denunciou “Babi Yar” pelos seus sentimentos anti-soviéticos. Shostakovich foi convocado para uma reunião por funcionários do Partido descontentes com o tom perigosamente crítico dos textos e instados a cancelar a próxima apresentação. Mas desta vez, o compositor, por vezes maleável, recusou-se a ceder e Khrushchev permitiu que a estreia prosseguisse, em grande parte porque temia críticas vindas do estrangeiro, uma vez que muitos correspondentes e diplomatas estrangeiros estariam presentes. “Se depois da apresentação da Sinfonia o público vaiar e cuspir em mim, não tente me defender. Vou suportar tudo”, disse Shostakovich a Isaak Glikman de antemão.

Kirill Kondrashin, que dirigiu, mais tarde chamou a estreia de “um triunfo que quase causou uma manifestação política. No final do primeiro movimento o público começou a aplaudir e gritar histericamente. A atmosfera já estava tensa o suficiente e eu acenei para eles se acalmarem. Começamos a tocar o segundo movimento imediatamente, para não colocar Shostakovich em uma posição incômoda.” Embora tenha havido uma longa e estrondosa ovação de pé no salão no final da apresentação, a imprensa moscovita não publicou uma única palavra sobre a estreia, tendo sido ordenada pelo regime a permanecer em silêncio.

A polêmica também não terminou aí. Várias semanas após a estreia, Yevtushenko finalmente cedeu à intensa pressão oficial ao publicar uma versão alterada do texto de “Babi Yar” – aparentemente sem consultar primeiro Shostakovich. A nova versão suavizou o foco original mais acentuado nas vítimas do anti-semitismo, adicionando 40 novas linhas. A versão revisada substitui a identificação do poeta com velhos e crianças assassinados pelo patriotismo soviético convencional e pelo orgulho pela vitória sobre o fascismo. Como parecia certo que futuras apresentações e publicação da Sinfonia Nº 13 seriam proibidas, a menos que fossem feitas alterações correspondentes no texto das partes vocais, na partitura Shostakovich substituiu relutantemente oito versos da versão original de “Babi Yar” por oito do revisado. A mudança mais significativa ocorreu no início do texto. Os versos originais, cantados pelo solista do baixo (“Aqui pereço crucificado, na cruz, / e até hoje carrego as cicatrizes dos pregos”) foram substituídos por “Aqui jazem russos e ucranianos / Juntos na mesma terra”.

Esta versão foi apresentada em 10 e 11 de fevereiro de 1963 e publicada pela Muzyka State Publishers em 1984 no volume nove das Obras Coletadas Soviéticas oficiais de Shostakovich, embora a prática atual de publicação, gravação e performance restaure as linhas originais.

Dmitri Shostakovich (1906–1975): Sinfonias 2, 3, 12 & 13 (Andris Nelsons & Boston Symphony Orchestra)

CD1
Symphony No. 2 in B major op. 14 “To October”
Largo – Allegro molto – [12:07]
Chorus: My shli, my prosily raboty i khlyeba [07:18]
Tanglewood Festival Chorus
Chorus Master: James Burton

Symphony No. 3 in E flat major op. 20 “1st of May”
Allegretto – Più mosso – Allegro [10:49]
Andante [06:07] IG 1
Allegro – Andante – Largo – [12:24]
Moderato: V pervoye Pervoye maya [05:43]
Tanglewood Festival Chorus
Chorus Master: James Burton

CD2
Symphony No. 12 in D minor op. 112 “The Year 1917”
1. Revolutionary Petrograd: Moderato – Allegro – [15:08]
2. Razliv: Allegro – L’istesso tempo – Adagio – [14:03]
3. Aurora: L’istesso tempo – Allegro – [04:44]
4. The Dawn of Humanity: L’istesso tempo – Allegretto – Moderato [11:09]

CD3
Symphony No. 13 in B flat minor op. 113 “Babi Yar”
1. Babiy Yar (Babi Yar): Adagio [16:28]
2. Yumor (Humour): Allegretto [08:48] IG 2
3. V magazine (In the Store): Adagio – [14:02]
4. Strakhi (Fears): Largo [14:21]
5. Kar’year (Career): Allegretto [14:09]

Matthias Goerne, bass-baritone
Tenors and Basses of the
Tanglewood Festival Chorus
Chorus Master: James Burton
New England Conservatory Symphonic Choir
Chorus Master: Erica J. Washburn

Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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Foto do massacre de Babi Yar

PQP

Schubert (1797 – 1828): Lieder – Uma Antologia – Dietrich Fischer-Dieskau & Gerald Moore ֎

Schubert (1797 – 1828): Lieder – Uma Antologia – Dietrich Fischer-Dieskau & Gerald Moore ֎

Franz Schubert

Coleção de Canções

Dietrich Fischer-Dieskau, barítono

Gerald Moore, piano

 

No dia 12 de maio de 1955 três pessoas se reuniram no Sala 3 da Abbey Road Studios (naqueles dias era EMI Studio 3), o menor dos espaços do famosíssimo estúdio de gravações londrino, ideal para música de câmera e recitais. Eles gravaram sete canções (Lieder) naquele dia, algumas delas estão na antologia dessa postagem. O cantor Dietrich Fischer-Dieskau estava no seu primor, aos 30 anos; o pianista Gerald Moore já era referência na arte de acompanhamento (sua autobiografia intitula-se ‘Am I too loud?’); o terceiro personagem era o produtor musical Walter Legge, que amava música e especialmente Lieder. Essa dedicação a este gênero musical me encanta e espero que chegue também a tocar você.

DFD e Gerald Moore formam uma dupla espetacular quando o repertório é Lieder e eles gravaram uma imensidade, algumas coisas mais do que uma vez. Em 1955 gravaram canções e o ciclo Winterreise, de Schubert, para a EMI, que depois gravariam novamente para a Deutsche Grammophon.

Esta antologia reúne 30 canções que estão espalhadas em três LPs de quatro gravados para a EMI entre 1955 e 1959. Selecionei essas canções dos LPs nos quais DFD é acompanhado por Gerald Moore. No disco de número três o acompanhante é o menos conhecido, mas muito competente Karl Engel e o repertório formado de algumas canções mais longas.

As canções que escolhi são exemplares da arte de Schubert, muito representativas. O som não é espetacular, mas a beleza da voz e o entrosamento do cantor e seu acompanhante de longe compensam qualquer restrição que você possa fazer.

Se você tem alguma familiaridade com esse repertório, reconhecerá cada uma das canções. Caso contrário você terá um porto seguro para iniciar suas futuras navegações. Espero que a postagem motive maiores explorações nesse repertório e você verá que essas figurinhas carimbadas reaparecerão muitas vezes nos discos e nos programas dos artistas desse gênero.

Quanto a música, deixe-me dizer que não falo alemão, mas isso nunca foi um impedimento para apreciar os Lieder e como ouço essas canções há bastante tempo, mesmo eu acabei aprendendo algumas coisas. Ou seja, aprecio a musicalidade que elas exalam, a maneira como a voz expressa os sentimentos e como se combina com o som do piano, criando um argumento musical, um universo sonoro que narra as histórias, mesmo que você não as perceba literalmente. De qualquer forma, aqui vão algumas dicas…

Heimkehr vom Feld im Abendrot, Ignaz Raffalt

Alguns temas são recorrentes, como vaguear (Wanderer), água (Wasser, Meer), noite (Nacht), primavera (Frühling). Há um bocado de sofrência (dois ciclos são impregnados disso) e algumas imagens perpassam muitas canções. A noite é sempre profunda (tiefer Nacht), o protagonista está sempre em busca de paz (ruh) ou felicidade (Glück). O céu tem a Lua (Mond) e estrelas (Sterne).

Há canções onde a letra é formada por estrofes e a música vai se repetindo de novo e de novo e formam uma boa parte delas. Veja alguns nomes: Der Wanderer na den Mond, Der Wanderer, Der Einsame (O Solitário), Fruhlingssehnsucht, Fruhlingsglaube, Im Frühling, Im Abendrot, Die Sterne.

Wanderer do David

Há na coleção duas canções com nomes de mulheres: An Sylvia e Alinde. ‘Para Silvia’ tem por letra uma tradução para o alemão de um texto de Shakespeare, Who is Sylvia, da peça Dois Cavalheiros de Verona.

Muitas canções da antologia foram compostas no fim da (curta) vida de Schubert, como indicam os altos números do catálogo D (Deutsch), mas ele era um mestre completo na arte da canção mesmo quando muito novo, como nos atestam o inquieto Rastlose Liebe D. 138 e Nahe des Geliebten D. 162, ambos com poesia de Goethe.

Temos também oito canções do Schwanengesang, um conjunto de canções que foi publicado como um ciclo logo após a morte de Schubert, com canções sobre letras de diferentes poetas. Entre elas as belíssimas Die Taubenpost, Standchen e Abschied, que resolvi deixar no fim da fila.

Há duas baladas – canções cuja letra narra uma história ou um fragmento de história, com estilo folclórico, fantasmagórica ou com tema medieval. São elas Der Zwerg e Erlkönig, que tem letra de Goethe. Essas canções são verdadeiras provas de fogo para os intérpretes, que têm pouco tempo para dar o recado, inclusive fazendo diversos personages – o narrador, o anão, a rainha, o cavaleiro, a criança e o Rei dos Elfos… Não menos dramáticas são Der Kreuzzug, Kriegers Ahnung e Heimweh. Deixo com você a tarefa de decifrá-las.

E tem ainda a música, a maravilhosa música que era amadrinhada com Schubert e que a arte de pessoas como Dietrich Fischer-Dieskau (100 anos em 2025) e Gerald Moore nos revelam, em uma linda cançãozinha, An die Musik, uma ode à música…

Franz Schubert (1797 – 1828)

  1. Der Wanderer an den Mond D870 (Johann Gabriel Seidl)
  2. Der Einsame, D800 (Karl Lappe)
  3. Nachtviolen, D752 (Johann Mayrhofer)
  4. Frühlingssehnsucht – Schwanengesang, D. 957: No. 3 (Ludwig Rellstab)
  5. Geheimes, D. 719 (Johann Wolfgang von Goethe)
  6. Rastlose Liebe, D138 (Johann Wolfgang von Goethe)
  7. Liebesbotschaft – Schwanengesang, D. 957: No. 1 (Ludwig Rellstab)
  8. Im Abendrot, D799 (Joseph von Eichendorff)
  9. Die Sterne, D939 (Karl Gottfried von Leitner)
  10. An die Musik D547 (Franz von Schober)
  11. Wehmut, D. 772 (Matthäus Casimir von Collin)
  12. Kriegers Ahnung – Schwanengesang, D. 957: No. 2 (Ludwig Rellstab)
  13. Der Kreuzzug, D932 (Karl Gottfried von Leitner)
  14. Totengräbers Heimweh, D842 (Jacob Nicolaus Craigher de Jachelutta)
  15. Der Zwerg, D. 771 (Matthäus Casimir von Collin)
  16. Der Wanderer, D. 489 (Georg Lübeck)
  17. Frühlingsglaube, D. 686 (Johann Ludwig Uhland)
  18. Die Taubenpost – Schwanengesang, D. 957: No. 14 (Johann Gabriel Seidl)
  19. An Sylvia, D. 891 (Eduard von Bauernfeld, de William Shakespeare)
  20. Im Frühling, D. 882 (Ernst Schulze)
  21. Auf der Bruck, D853 (Ernst Schulze)
  22. Ständchen ‘Leise flehen meine Lieder’ – Schwanengesang, D957: No. 4 (Ludwig Rellstab)
  23. Alinde, D.904 (Johann Friedrich Rochlitz)
  24. Nähe des Geliebten, D162 (Johann Wolfgang von Goethe)
  25. Normans Gesang, D846 (Adam Storck, de Sir Walter Scott)
  26. In Der Ferne – Schwanengesang, D957: 6 (Ludwig Rellstab)
  27. Aufenthalt – Schwanengesang, D957: No. 5 (Ludwig Rellstab)
  28. Erlkönig, D328 (Johann Wolfgang von Goethe)
  29. Nachtstück, D.672 (Johann Mayrhofer)
  30. Abschied – Schwanengesang, D. 957: No. 7 (Ludwig Rellstab)

Dietrich Fischer-Dieskau, barítono

Gerald Moore, piano

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MP3 | 320 KBPS | 219 MB

A primeira canção, que conta a história do Wanderer e da Lua é linda, remete à poesia chinesa do Li Po. Na terceira, a voz do DFD é reduzida a quase um fiapo, mas vai em frente… siga a deixa e ouça as outras.

Aproveite!

René Denon

DFD & Gerald Moore na Liedgrosssaal do PQP Bach Corporation em Niterói

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Zbigniew Preisner (1955): Requiem for my friend (Preisner)

Faço coro aqui ao patrão PQP: a primeira obra de Preisner composta especificamente para as salas de concerto resulta num CD médio. A primeira parte é mais interessante, com seu conjunto instrumental e vocal enxuto e um sabor quase folclórico, particularmente no Lux Aeterna, meu movimento favorito. A segunda parte, “Life”, que dá a sensação de ter sido composta apenas para completar o CD, usa recursos maiores e também me pareceu  uma trilha sonora sem filme [Vassily]

É um CD médio. Não me impressionou muito. Parece uma trilha sonora sem filme.

Requiem for My Friend, for solo voices, string quartet, double bass, organ & percussion

1. Officium
2. Kyrie Eleison
3. Dies Irae
4. Offertorium
5. Sanctus
6. Agnus Dei
7. Lux Aeterna
8. Lacrimosaa
9. Epitaphium
10. The Beginning: Meeting
11. Discovering The World
12. Love
13. Destiny: Kai Kairos
14. Apocalypse: Ascende Huc
15. Veni Et Vidi
16. Qui Erat Et Qui Est
17. Lacrimosa-Day Of Tears
18. Postscriptum: Prayer

Piotr Janosik
Jacek Kaspszyk
Leszek Mozdzer
Elzbieta Towarnicka
Piotr Kusiewicz
Lukasz Syrnicki
Arkadiusz Kubica
Marek Mós
Roman Rewakowicz
Jacek Kaspszyk
Elzbieta Towarnicka

Warsaw Chamber Choir
Sinfonia Varsovia
Zbigniew Preisner

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PQP

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Violin Concertos Nos. 1 and 2 (Kulka / Chee-Yun / Wit)

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Violin Concertos Nos. 1 and 2 (Kulka / Chee-Yun / Wit)

Dois concertos parrudos em um movimento do grande Penderecki! Nem todos os concertos para violino soam de forma semelhante. Você tem aqueles que expressam o lirismo romântico (Tchaikovsky, Brahms), aqueles que têm um toque de estranheza (Sibelius), as clássicos (Mozart), os barrocos (Vivaldi, Bach) e aqueles que apresentam harmonias modernas e selvagens (Bartók, Stravinsky). Basicamente, todos eles têm sons e atmosferas distintas. Os concertos para violino de Penderecki também possuem qualidades únicas. Estreados em 1977 (Nº 1) e 1995 (Nº 2, “Metamorphosen”). Ambos com duração de cerca de quarenta minutos, eles têm um único movimento em vez dos habituais três. Aqui, eles são tocados por Konstanty Kulka (n.º 1) e Chee-Yunn (n.º 2) com a PNRSO (Katowice), conduzida por Antoni Wit. Pendê é um dos mais importantes compositores dos últimos tempos, uma figura musical de efetivamente internacional. Suas obras estão gradualmente sendo ouvidas em todo o mundo graças a gravações como esta, que é excelente. Os Concertos são modernos e — tal como a música de Pendê se tornou a partir de 1980 — melódicos, embora com um caráter expressionista. Esta versão é intensa, sombriamente romântica e bastante bela, com sons que realçam os lindos cenários orquestrais e as falas dos solistas.

Krzysztof Penderecki (1933-2020): Violin Concertos Nos. 1 and 2 (Kulka / Chee-Yun / Wit)

Penderecki, Krzysztof
Concerto for Violin and Orchestra No. 1
1 Concerto for Violin and Orchestra No. 1 39:16
Concerto for Violin and Orchestra No. 2, “Metamorphosen”
2 Concerto for Violin and Orchestra No. 2, “Metamorphosen’ 38:16

Total Playing Time: 01:17:32

Composer(s): Krzysztof Penderecki
Conductor(s): Antoni Wit
Orchestra(s): Polish National Radio Symphony Orchestra
Artist(s): Chee-Yun; Konstanty Andrzej Kulka

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Quem nunca teve um celular da Nokia?

PQP

W. A. Mozart (1756-1791) – Concertos para Piano Nº 5 a 14 (Brendel/Marriner/St Martin in the Fields)

Alfred Brendel (nasc. 5 jan. 1931) hoje completa 93 anos e vamos aproveitar a data para completar uma série de postagens que vinha lá de 2007, primórdios deste blog e época em que o veterano pianista dava seus últimos concertos e recitais antes de se aposentar. Depois eu, Pleyel, reativei os links em 2019 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) adicionando algumas opiniões e imagens.

E depois de todo esse tempo, finalmente adicionamos esse lote com quase metade dos concertos do gênio de Salzburgo (aqui estamos excluindo da conta os concertos nº 1 a 4, exercícios infantis nos quais Mozart fez arranjos de música de outros autores). Provavelmente, pensarão vocês, se esses concertos demoraram tanto para aparecer é porque não importam tanto assim. E é verdade que a maior parte das apresentações ao vivo e discos se dedicam à metade final dos concertos para piano de Mozart. Mas no meio de alguns concertos um tanto burocráticos (para o meu gosto, do 5º ao 8º e o 13º), há algumas pérolas aqui. A tarefa de identificar as pérolas depende um pouco do gosto do freguês, mas há uma certa unanimidade sobre o fato de que o concerto divisor de águas, o “nada será como antes” desse grupo é o Concerto nº 9, de apelido “Jeunehomme” (que é mais ou menos o equivalente masculino de “mademoiselle” – senhorita -, ou seja, a forma educada de se chamar com um homem jovem em francês). Esse apelido foi usado por séculos, e é apropriado pois Mozart tinha apenas 21 anos quando o compôs! Mas recentemente descobriram que o concerto provavelmente se referia a Victoire Jenamy, jovem e admirada pianista da época, filha de um amigo de Mozart. Mais um caso de silenciamento do papel de mulheres na História.

Além do nº 9, meu coração bate mais forte pelo 10º, para dois pianos, pelo 11º, pelo 12º e pelo 14º, por motivos bem diferentes referentes a cada um deles. O 10º tem melodias e ritmos que lembram a Marselhesa, hino da França composto poucos anos depois. Os de nº 11 a 13 são os primeiros após a chegada de Mozart em Viena, onde ele teve contato com novas orquestras, com novos amigos e com antigas partituras de mestres como J.S. Bach, de modo que esses três concertos têm uma discreta inclinação para o contraponto bachiano.

Neste blog, além das integrais já postadas com Mitsuko Uchida e com Lili Kraus, destaco ainda as grandes gravações do 12º com Maurizio Pollini e a do 14º com Maria João Pires, que vocês conseguem encontrar pelo mecanismo de busca no alto da tela. Mas o austríaco Brendel e os ingleses da Academy of Saint Martin in the Fields não fazem feio frente a essa concorrência não, pelo contrário, são leituras que apontam para vários detalhes nessas obras que às vezes as outras gravações não apontaram, ou ao menos não do mesmo jeito. A suavidade, os detalhes e a leveza do toque de Brendel, nunca pesado ou sério, nem sempre me agrada quando ele toca Beethoven ou Schubert, mas com Mozart, se a memória não me falha, é sempre excelente.

W. A. Mozart (1756-1791):
Concertos para Piano e Orquestra Nº 5 a 14
Rondós para Piano e Orquestra KV 382 e 386

Alfred Brendel- piano
Neville Marriner – conductor
Academy of Saint Martin in the Fields

Recorded in London, 1970-1984

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Pleyel

Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Jobim, Krieger, Levy, Lorenzo Fernandez, Mignone, Nepomuceno, Pereira, Villa-Lobos: Danças Brasileiras (Minczuk)

Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Jobim, Krieger, Levy, Lorenzo Fernandez, Mignone, Nepomuceno, Pereira, Villa-Lobos: Danças Brasileiras (Minczuk)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Disco imperdível não apenas por ser brasileiro, mas pelo excelente repertório, pela qualidade da Osesp e pelo trabalho extraordinário do maestro Roberto Minczuk. Este panorama de Danças Brasileiras encontra seu ponto alto em Batuque, de Nepomuceno, na Congada de Mignone, no Batuque de Lorenzo Fernández, na bartokiana Passacalha de Edino Krieger, n`A Chegada Dos Candangos de Tom Jobim e em Mourão, de Clóvis Pereira e Guerra Peixe. Mas o restante não é esquecível. Gravado em 2003, este álbum é muito divertido, oferecendo músicas que são tocadas ocasionalmente, mas que raramente são reunidas para produzir uma hora de ritmos.  Algumas peças são desconhecidas. Por exemplo, A Chegada dos Candangos é um trecho da Sinfonia da Alvorada, uma das obras orquestrais negligenciadas de Tom Jobim.

Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Jobim, Krieger, Levy, Lorenzo Fernandez, Mignone, Nepomuceno, Pereira, Villa-Lobos: Danças Brasileiras (Minczuk)

1 Garatuja – Prelúdio
Composed By – Alberto Nepomuceno
8:55
2 Batuque
Composed By – Alberto Nepomuceno
3:39
3 Samba
Composed By – Alexandre Levy (2)
7:03
4 Dança Frenética
Composed By – Heitor Villa-Lobos
5:34
5 Congada
Composed By – Francisco Mignone
5:49
6 Batuque
Composed By – Oscar Lorenzo Fernández
3:54
Três Danças Para Orquestra
Composed By – Mozart Camargo Guarnieri
(8:48)
7 Dança Selvagem (Savage Dance) [No. 2] 1:43
8 Dança Negra (Negro Dance) [No. 3] 4:42
9 Dança Brasileira (Brazilian Dance) [No. 1] 2:13
10 Passacalha para o Novo Milênio
Composed By – Edino Krieger
7:07
11 A Chegada Dos Candangos
Composed By – Antonio Carlos Jobim
4:01
12 Mourão
Composed By – Clóvis Pereira, César Guerra Peixe
3:03

Conductor – Roberto Minczuk
Orchestra – Osesp — São Paulo Symphony Orchestra

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Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): String Quartets Nos. 1 – 3 / Souvenir de Florence (Borodin Quartet, Yuri Yurov, Mikhail Milman)

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): String Quartets Nos. 1 – 3 / Souvenir de Florence (Borodin Quartet, Yuri Yurov, Mikhail Milman)

Esta bela coleção demonstra que Tchaikovsky foi um compositor essencialmente sinfônico, o que não chega a ser uma grande descoberta. As obras são boas e interessantes, mas em alguns momentos elas gritam por massa orquestral, não obstante todo o esforço e a (altíssima) qualidade do Borodin. E há uma falha grave neste CD: os engenheiros da Teldec concentraram-se nos violinos e esqueceram que um quarteto é um conjunto equilibrado e, portanto, viola e violoncelo não são apenas acompanhamento. Tal preconceito prejudica o resultado final e suprime a rica interação pela qual Borodin é conhecido. Por exemplo, na fuga do segundo quarteto, último movimento, o violoncelo é quase inaudível, pois os microfones só querem saber dos violinos. O resultado disso tem seu preço quando a acústica reverberante satura os microfones em alguns disparos poderosos. Ah, o sexteto Souvenir De Florence, tocado por russos, é outra história. Muito melhor.

Piotr Ilitch Tchaikovski (1840-1893): String Quartets Nos. 1 – 3 / Souvenir de Florence (Borodin Quartet, Yuri Yurov, Mikhail Milman)

String Quartet No. 1 In D Major, Op. 11 (28:52)
1-1 Moderato E Semplice 10:45
1-2 Andante Cantabile 7:21
1-3 Scherzo: Allegro Non Tanto E Con Fuoco 3:59
1-4 Finale: Allegro Giusto 6:47

String Quartet In B Flat Major (13:22)
1-5 Adagio Misterioso – Allegro Con Moto – Adagio Misterioso 13:22

Souvenir De Florence, String Sextet In D Minor, Op. 70 (34:26)
1-6 Allegro Con Spirito 10:37
1-7 Adagio Cantabile E Con Moto 10:46
1-8 Allegretto Moderato 6:03
1-9 Allegro Vivace 7:00

String Quartet No. 2 In F Major, Op. 22 (35:31)
2-1 Adagio – Moderato Assai 11:42
2-2 Scherzo: Allegro Giusto 5:14
2-3 Andante Ma Non Tanto 12:44
2-4 Finale: Allegro Con Moto 5:52

String Quartet No. 3 In E Flar Minor, Op. 30 (38:16)
2-5 Andante Sostenuto 17:07
2-6 Allegretto Vivo E Scherzando 3:44
2-7 Andante Funebre E Dolorosa, Ma Con Moto 11:37
2-8 Finale: Allegro Non Troppo E Risoluto 5:48

Viola – Dmitri Shebalin, Yuri Yurov (faixas: 1-6 a 1-9)
Violin – Andrei Abramenkov, Mikhail Kopelman
Violoncelo – Mikhail Milman (faixas: 1-6 a 1-9), Valentin Berlinsky

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Tchai, o sinfônico.

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.: interlúdio :. Lonnie Smith – Mama Wailer (1971)

A carreira de Lonnie Smith começou na banda do guitarrista George Benson, depois a partir de 1968 ele tornou-se band leader. Embora também tocasse outros teclados como o clavinet, seu instrumento principal sempre foi o órgão hammond. No meio dos anos 1970, quando o o som do hammond havia saído de moda, Smith também saiu um pouco de cena, mas participou da produção de alguns hits de outros artistas nos tempos da discoteca. Nos anos 1990, quando surge o movimento acid jazz, o som do órgão eletrônico já tinha deixado de ser ultrapassado para se tornar vintage, exótico e interessante. Assim, Smith voltou a se apresentar como líder e gravou outros álbuns com artistas como Norah Jones e Iggy Pop.

Em Mama Wailer, ouvimos Lonnie Smith em 1971, logo antes do seu som sair de moda. Acompanhado de gente muito talentosa, ele passa por alguns momentos meio “latin jazz” nas duas primeiras faixas, toca uma melodia da Carole King (então na crista da onda) e o lado B do LP era uma longa jam sobre um tema de outro compositor então muito famoso: Sly Stone.

The album’s centerpiece is surely “Stand,” one of the bold social statements from Sly And The Family Stone’s monumental album of the same name (Epic – 1969). Originally, Lonnie’s version took up a full side of an LP. But he made every minute count (…). In a great tribute to the song’s author, Sly Stone, Lonnie Smith treats us to a summer day in the ghetto. He gives the main theme a nervous beat, then grinds the funk to a slow burn for the solos – which find the organist weaving in and out of spots featuring Grover Washington’s tenor and Jimmy Ponder’s guitar. Then, just as suddenly, a sort of chase ensues, driven by Ron Carter’s hot-as-asphalt electric bass (astute listeners might recognize how Smith revisited this section in his own “Jimi Meets Miles” from 1994’s Foxy Lady). Grover yields to a scorching solo that wends into a stoned groove from Ponder’s guitar and finally segues into the kaleidoscopic finale of Smith’s solo. A masterpiece of social groove. (aqui)

Billy Cobham

Além dos solos de órgão, guitarra e sax, o disco tem o brilhante duo rítmico de Ron Carter no baixo e Billy Cobham na bateria, dois incansáveis músicos que estão (muito) ativos até hoje. Carter é nada menos do que o baixista mais gravado na história, com participação em mais de dois mil álbuns e menção no Guinness Book. E Cobham, se não tem esse recorde, tem uma invejável discografia como líder e em grupos como os de John McLaughlin (Mahavishnu), Freddie Hubbard, Milt Jackson e muitos outros. Cobham faz oitenta anos em 2024, assim como Chico Buarque. É claro que teremos merecidas homenagens nos próximos meses: na lupa de busca lá no alto, procurem por #billycobham80

Lonnie Smith – Mama Wailer
1. Mama Wailer (6:15) – written by Lonnie Smith
2. Hola Muncea (6:25) – written by Lonnie Smith
3. I Feel The Earth Move (5:00) – written by Carole King
4. Stand (17:20) – written by Sylvester Stewart

Clavinet, Organ – Lonnie Smith
Guitar – George Davis, Jimmy Ponder, Robert Lowe
Percussion – Airto Moreira, Richard Pratt, William King
Tenor Saxophone – Dave Hubbard, Marvin Cabell
Tenor Saxophone, Flute – Grover Washington
Trumpet, Flugelhorn – Danny Moore
Bass, Electric Bass – Ron Carter (1, 2, 4); Chuck Rainey (3)
Drums – Billy Cobham
Recorded at Van Gelder Studios< New Jerseym USA, July 1971

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Grover Washington Jr, outra estrela presente no disco

Pleyel

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824-1896): Quinteto de cordas em Fá maior, WAB 112 e Intermezzo em Ré menor, WAB 113 (Melos)

BRUCKNER 200 ANOS! Anton Bruckner (1824-1896): Quinteto de cordas em Fá maior, WAB 112 e Intermezzo em Ré menor, WAB 113 (Melos)

Bruckner era um compositor eminentemente religioso. Tornou-se conhecido pelas esplêndidas sinfonias, missas e motetos que compôs. Mas também enveredou pela música de câmara. Escreveu 4 peças – um Quarteto de cordas em dó menor, um Quinteto em fá maior, o Intermezzo em sol maior e a Abendklänge. Neste CD temos o Quinteto em fá maior e o Intermezzo. O Quinteto foi composto em 1879 a pedido do regente e violinista austríaco José Hellmesberger. O Intermezzo foi composto também no mesmo ano de 1879. Fiquei muito feliz de ouvir este CD com algumas das poucas obras de câmara deste compositor tão preferencialmente sinfônico. Em 1879, Bruckner tinha escrito a versão final da Quinta Sinfonia, estava prestes a revisar (ah, como ele revisava e revisava) o finale da Quarta e começava a Sexta. A maior parte do Quinteto “soa” como Bruckner, mas existem momentos incomuns. É uma obra romântica muito bem escrita, de caráter sinceramente íntimo, cujo Adagio expressa uma rara (em Bruckner) e maravilhosa felicidade. Um excelente CD!

Anton Bruckner (1824-1896) – Quinteto de cordas em Fá maior, WAB 112 e Intermezzo em Ré menor, WAB 113

Quinteto de cordas em Fá maior, WAB 112
01. GemaBigt
02. Scherzo. Schnell-Langsamer-Schnell
03. Adagio
04. Finale. Lebhaft bewegt-Langsamer

Intermezzo em Ré menor, WAB 113
05. Intermezzo em Ré menor

Melos String Quartet Stuttgart

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Bruckner em 1880
Bruckner em 1880

PQP

Mendelssohn / Schumann: Concertos para Violino (Capuçon / Harding)

Nem com a maior boa vontade do mundo, alguém poderia classificar o Concerto Para Violino de Schumann como sendo um dos principais do gênero. Só em 1937 é que ele foi acrescentado à lista dos seus Concertos, uma vez que a sua viúva, Clara, juntamente com Brahms e Joachim, se recusaram a incluí-la entre as obras do compositor. Aqui, o esplêndido Renaud Capucon, com a excelente Orquestra de Câmara Mahler dirigida por Daniel Harding, pretende converter-nos a esta obra negligenciada. O primeiro movimento é pouco convincente, o segundo é ótimo, sublime até, conduzindo a um final que, novamente não é bem sucedido. Experimente, você vai ficar surpreso às vezes negativamente, mas ainda é a música de uma alma romântica que ainda tinha muito dentro de si. Lembrem-se de que Schumann ficou louco — como se dizia na época.

O Concerto de Mendelssohn, seguramente o mais gravado de todos os tempos, recebe outra execução linda que não chafurda nunca — refiro-me ao movimento lento onde certos executantes fazem algo bem brega. Aqui não, Capuçon vai direto ao ponto. Ela é uma música para sentar e fruir, o som é nítido e a orquestra toca demais.

Então você tem dois Concertos: um é um hit de todos os tempos, o outro é uma despedida.

Mendessohn / Schumann: Concertos para Violino (Capuçon / Harding)

Violin Concerto in E minor = E-moll = En Mi Mineur Op. 64
l Allegro Molto Appassionato 12:47
ll Andante – Allegretto Non Troppo 8:22
lll Allegro Molto Vivace 6:04

Violin Concerto In D Minor = D-moll = En Ré Mineur
l. In Kräftigem, Nicht Zu Schnellem Tempo 14:52
ll Langsam 6:16
lll Lebhaft, Doch Nicht Schnell 10:01

Conductor – Daniel Harding
Orchestra – Mahler Chamber Orchestra
Violin – Renaud Capuçon

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Ele não tem cara de técnico de futebol?

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Danze e musiche del Rinascimento Italiano (Piguet)

Danze e musiche del Rinascimento Italiano (Piguet)

Acho que eu já gostei mais da Música Antiga. Até os meus 40 anos, caçava discos com foco no Renascimento e que tais. Não sei o que houve. Talvez a tomada de poder pela Música Historicamente Informada tenha me acostumado aos sons mais antigos e agora eu queira música de verdade com eles e menos fius-fius e percussões naives. O fato é que este é um disco para o qual eu não estou mais preparado. O grupo de Zurich que interpreta as obras é muitíssimo bom. A Música Renascentista refere-se à música europeia escrita durante o período que abrange, aproximadamente, os anos de 1400 a 1600. A definição do início do período renascentista é complexa devido à falta de mudanças abruptas no pensamento musical do século XV. O processo pelo qual a música adquiriu características renascentistas foi gradual, não havendo um consenso entre os musicólogos, que têm demarcado seu começo tão cedo quanto 1300 até tão tarde quanto 1470. A música renascentista evoluiu a partir das bases da música medieval, e ao longo do período não se observam bruscas quebras de continuidade, mas sim uma prolongada e gradual transição de um predomínio absoluto da linha melódica horizontal em direção a novos parâmetros, marcados pela concepção da música em sucessivos acordes verticais encaixados dentro de compassos de ritmos invariáveis. Apesar de gradual, ao final do processo a mudança resultante é muito profunda. Assim, é impossível definir a música desta fase da história como um estilo unificado.

Danze e musiche del Rinascimento italiano

Giorgio Mainerio: Suite dal “Primo libro de balli”:
1. Pass’e mezzo della paganina
2. Putta nera ballo furlano
3. Tedesca 1
4. Tedesca 2
5. La lavandara gagliarda
6. Ungaresca
7. Giovanni Gabrieli: Canzon a 7
8. Giovanni Gabrieli: Canzon a 5
9. Giovanni Gabrieli: Canzon a 6
10. Giovanni Gastoldi: Capriccio a due voci
11. Vincenzo Galilei: Capriccio a due voci
12. Giovanni Gastoldi: Capriccio a due voci
13. Alessandro Orologio: Intrada a 5
14. Alessandro Orologio: Intrada a 5
15. Francesco Bendusi: Cortesa padana e frusta
16. Anonimo: Le forze d’Ercole e tripla
17. Vincenzo Ruffo: Capriccio ”Dormendo un giorno” (Verdelot)
18. Vincenzo Ruffo: Capriccio ”La gamba in basso e soprano”
19. Vincenzo Galilei: Contrappunto per due liuti
20. Francesco Canova da Milano – Johannes Matelart: Fantasia per due liuti
21. Luca Marenzio – Bassano: Tirsi morir volea
22. Sperindio Bartoldo: Petit fleur
23. Sperindio Bartoldo: Canzone francese

Performers:
Ensemble Ricercare di Zurigo – dir.Michel Piguet
Michel Piguet, Richard Erig, Renate Hildebrand,
Käte Wagner, Nils Ferber
(recorder, oboe, bassoon, crumhorn)
Anne van Royen, Anthony Bailes (lutes)
Jordi Savall, Adelheid Glatt (viole de gambe)
Martha Gmunder (spinet)
Dieter Dyk (percussions)

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Nego-me a dizer que pintura é esta. Mas digo que é do Renascimento Italiano.

PQP

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Concerto para Violino / Variações sobre um Tema Rococó (Oistrakh, Kondrashin / Rostropovich, Rozhdestvensky)

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Concerto para Violino / Variações sobre um Tema Rococó (Oistrakh, Kondrashin / Rostropovich, Rozhdestvensky)

Minha mulher é uma violinista russa e diz que o correto é falar Óistrach, com “ch” aspirado e “ó” discretinho. Tudo bem. Já a Mutter fala em crise dos violinistas. Ela afirma que hoje há melhores pianistas, violoncelistas, regentes, clarinetistas, flautistas, tudo!, mas não violinistas. Ela diz que todo mundo toca mais ou menos igual, sem ousadia. É uma multidão de gente correta, nada mais do que isso. Eu acho que James Ehnes supera a todos, mas isso sou eu, que não sou a maior influência musical nem dentro da minha casa. O fato é que o russo Oistrakh é mesmo um monumento. Mesmo através de uma gravação de 1957, nota-se que o cara é um deus. O som do Rococó de Rostrô —  gravado 6 anos depois — já é bem melhor. Só quero ver você encontrar registros mais satisfatórios do que estes da velha Melódia (parece que é assim que se diz). Ah, a música de Tchai… sim, é magnífica.

Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893): Concerto para Violino / Variações sobre um Tema Rococó (Oistrakh, Kondrashin / Rostropovich, Rozhdestvensky)

Violin Concerto In D Major Op. 35
1 Allegro Moderato 19:19
2 Canzonetta (Andante) 6:46
3 Finale (Allegro Vivacissimo) 9:49

Variations On A Rococo Theme Op. 33
4 Variations On A Rococo Theme For Cello And Orchestra Op. 33 18:47

Cello – Mstislav Rostropovich (tracks: 4)
Conductor – Gennadi Rozhdestvensky (tracks: 4), Kiril Kondrashin (tracks: 1, 2, 3)
Orchestra – Leningrad Philharmonic Orchestra (tracks: 4), USSR State Symphony Orchestra* (tracks: 1, 2, 3)
Violin – David Oistrach (tracks: 1, 2, 3)
Recorded in 1957, restored in 1971 (1,2,3) and 1963 (4)

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Da esquerda para a direita: Rostrô, Oistrakh e mais dois caras aí…

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JS Bach (1685 – 1750): A Arte da Fuga – Berliner Bach Akademie & Heribert Breuer ֎

JS Bach (1685 – 1750): A Arte da Fuga – Berliner Bach Akademie & Heribert Breuer ֎

BACH

A Arte da Fuga

Berliner Bach Akademie

Heribert Breuer

 

Lorenz Christoph Mizler foi, entre muitas coisas, médico, matemático e compositor. Ele estudou teologia em Leipzig nos primeiros anos da década de 1730 e também composição musical. De alguma forma acabou associando-se a Johann Sebastian Bach a quem chamava de bom amigo. Mizler posteriormente mudou-se para a Polônia e fixou-se em Varsóvia onde praticou medicina. Ele tinha grande interesse em teoria musical e fundou a Sociedade Correspondente de Ciências Musicais. Os sócios contribuíam enviando trabalhos musicais teóricos ou práticos.

Vários compositores conhecidos faziam parte da Sociedade. Telemann, Handel, Graun e o padroeiro do blog, que associou-se em 1747, quando contribuiu com as Variações Canônicas sobre ‘Vom Himmel hoch’. No ano seguinte enviou a Oferenda Musical e para 1749 planejava enviar a Arte da Fuga.

Não é surpresa então que essa obra soe um pouco acadêmica e se você conhece Bach como o compositor da Ária na Corda Sol ou Jesus, a Alegria dos Homens, vai ficar perplexo. Praticar a audição de A Arte da Fuga é um de meus passatempos favoritos.

Como não há indicação de qual instrumento ou quais instrumentos devem ser usados para se executar a música há muitas diferentes abordagens, inclusive a especulação de que a obra havia sido feita para ser ouvida na mente, um verdadeiro exercício intelectual. É claro que isso deixaria de fora toda a plebe ignara que não lê notação musical. De qualquer forma, com a abundância de gravações ninguém precisa privar-se de ter contato com essa criação genial de Bach. As mais abundantes são aquelas nas quais se usa um instrumento de tecla como um cravo, um piano ou um órgão ou aquelas nas quais se usa um quarteto de cordas. Outras combinações musicais mais exotéricas também podem ser usadas, tais como conjunto de sopros (metais ou madeiras), marimbas ou um conjunto de acordeão com viola da gamba e violino.

Eu gosto muito da gravação da postagem na qual reina a criatividade de Heribert Breuer, um organista, regente, compositor e arranjador alemão. Ele estudou em Heidelberg, Berlim e Colônia com Helmuth Rilling e outros professores.

No libreto ele conta como pensou muito no tipo de formação que usaria para orquestrar a Arte da Fuga: minha orquestração usaria quatro quartetos e um instrumento solo com teclado.

Meu conceito era do espectro tonal mais transparente possível, cujas cores deveriam formar um contrapeso à polifonia sempre presente da obra.

O primeiro contraponto é interpretado pelo clássico quarteto de cordas. Os ritmos marcantes do segundo contraponto exigem uma instrumentação que deixe clara sua relação com as raízes do ‘cool jazz’. Dois pianos, vibrafone e contrabaixo representam a ‘música contemporânea’. No terceiro contraponto temos mais contrastes: sua expressividade cromática e desenvolvimento dinâmico explícito exigem recursos românticos, representados aqui por um quarteto de sopros – oboé, clarinete, trompa e fagote. O quarto contraponto, com o qual termina a primeira parte, sugere um mundo pré-bachiano, no qual o cromatismo e os ritmos pulsantes são evitados. Este estilo Música Antiga é representado por duas flautas doces e duas violas da gamba. Os cânones são interpretados por cravo ou órgão (apenas órgão, no disco).

Deixo aqui parte de uma crítica, entre as mais amenas que encontrei, que ajuda a descrever o que segue:

What then follows is too complicated to describe here but is a combination of all instrumental premutations as the counterpoint becomes more complex. Breuer took 25 years to do it, so one can imagine the complexity of the result. It does make for satisfying listening and serves to remind us just how amazing the Art of Fugue is.  [O que se segue é muito complicado de descrever aqui, mas é uma combinação de todas as mutações instrumentais anteriores à medida que o contraponto se torna mais complexo. Breuer levou 25 anos para fazê-lo, então pode-se imaginar a complexidade do resultado. Ele faz uma audição satisfatória e serve para nos lembrar o quão incrível é a Arte da Fuga].

No livreto Heribert termina dizendo que gostaria que seu arranjo pudesse removesse dessa obra uma carga de abstração que tão comumente lhe é atribuída e que ajude a mostrar para os ouvintes a atemporalidade que reside bem no âmago da peça. Eu gostei do disco, a despeito das críticas e aguardo o vosso veredito: valeu o download?

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

The Art of Fugue

  1. Contrapunctus 1
  2. Contrapunctus 2
  3. Contrapunctus 3
  4. Contrapunctus 4
  5. Canon 1
  6. Contrapunctus 5
  7. Contrapunctus 6
  8. Contrapunctus 7
  9. Canon 2 [3]
  10. Contrapunctus 8
  11. Contrapunctus 9
  12. Contrapunctus 10
  13. Contrapunctus 11
  14. Canon 3 [2]
  15. Contrapunctus 12a
  16. Contrapunctus 12b
  17. Contrapunctus 13a
  18. Contrapunctus 13b
  19. Canon 4
  20. Contrapunctus 14

Berliner Bach Akademie

Heribert Breuer

Tempo Total: 70:49
Ano do lançamento: 2000

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MP3 | 320 KBPS | 219 MB

The orchestra is made up of members of the major Berlin orchestras, its personnel varying with the program. For the Art of Fugue project, the Leipzig String Quartet, piano duettists Aglaia Bätzner and Cristina Marton, and vibraphone player Edgar Guggeis joined as guests.

Nomes dos específicos músicos estão em um documento na pasta do download.

Certainly the Musica Contemporanea group, with its jaunty, bounce-along approach, sounds out of place.  [Uma crítica não muito favorável ao disco…]

Uma pena, eu gostei bastante do quarteto contemporâneo. Ouça lá no Contraponto 14, pouco depois do terceiro minuto, como eles dão o ar da graça…

Aproveite!

René Denon

C.P.E. Bach (1714-1788): Música de Câmara com Flauta Transversa (Helianthus Ensemble)

C.P.E. Bach (1714-1788): Música de Câmara com Flauta Transversa (Helianthus Ensemble)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um grande CD! O repertório é excelente e a interpretação não lhe fica abaixo. Eu sou uma natureza fiel, então fico com pena de dizer que esta interpretação é melhor do que aquela que me apresentou a este repertório de Quartetos de CPE. Afinal, quem me apresentou foi um de meus ídolos: Christopher Hogwood, que tocou estas peças fazendo sua parte ao piano forte. Só que… sim, esta interpretação é superior.

Durante os últimos anos da sua vida, CPE, à semelhança do pai, não se interessou por seguir a moda ou o mercado, tendo como principal objetivo deixar à posteridade uma herança musical significativa. Numa carta escrita em 1787, ele declarou que havia concluído seu “trabalho para o público e agora desejava abandonar a pena”, até porque o desejo de ver publicadas certas obras que “lhe trariam honra após sua morte” havia sido satisfeito pela a publicação em 1786 do Zwey Litaneien Wq204 e em 1787 da cantata Die Auferstehung und Himmelfahrt Jesu Wq240. Os três quartetos deste disco, escritos depois, em 1788, último ano da sua vida e aparentemente sem encomenda, podem assim ser considerados as pérolas da produção de câmara do compositor, e um dos melhores frutos de um período de criatividade em que foi capaz expressar precisamente o que ele queria sem restrições. A escolha dos instrumentos é particularmente interessante – aliás, praticamente única como gênero e altamente original em termos de timbre. Estes belos quartetos são a manifestação mais pura e individual do seu gênio criativo.

C.P.E. Bach (1714-1788): Música de Câmara com Flauta Transversa (Helianthus Ensemble)

Quartet In A Minor Wq93 (H537) (1788) For Obbligato Harpsichord, Transverse Flute & Viola
1 I. Andantino 5:35
2 II. Largo E Sostenuto 3:31
3 III. Allegro Assai 4:38

Quartet In D Wq94 (H538) (1788) For Obbligato Harpsichord, Transverse Flute & Viola
4 I. Allegretto 4:44
5 II. Adagio (Sehr Langsam Und Ausgehalten) 3:18
6 III. Allegro Di Molto 5:08

Duet In E Minor Wq140 (H598) For Transverse Flute & Violin (Edited By The Author In Musikalisches Vielerley, Hamburg 1770)
7 I. Andante 1:50
8 II. Allegro 3:46
9 III. Allegretto 2:41

Quartet In G Wq95 (H539) (1788) For Obbligato Harpsichord, Transverse Flute & Viola
10 I. Allegretto 4:37
11 II. Adagio 2:47
12 III. Presto 5:28

Trio Sonata In A Wq146 (H570/H542) (1731-47) For Transverse Flute, Violin, Cello & Harpsichord
13 I. Allegretto 7:33
14 II. Andante 2:48
15 III. Vivace 4:40

Composed By – Carl Philipp Emanuel Bach
Ensemble – Helianthus Ensemble
Flute – Laura Pontecorvo

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Laurinha Pontecorvo sorri para você dentro da Sala Côncava “Quasi una chiesa” da PQP Bach Corp. de Brescia.

PQP

Michael Praetorius (1571-1621): Dances from Terpsichore (1612) (Parley / Holman)

Michael Praetorius (1571-1621): Dances from Terpsichore (1612) (Parley / Holman)

Michael Praetorius (provavelmente 15 de fevereiro de 1571 – 15 de fevereiro de 1621) foi um compositor alemão, organista e ensaísta musical. Foi um dos mais versáteis compositores de sua época, sendo particularmente importante no desenvolvimento de formas musicais baseadas nos hinos protestantes.

Ao nascer, foi registrado como Michael Schultze, o caçula de um pastor luterano, em Creuzburg, na Alemanha. Após freqüentar a escola em Torgau e Zerbst, estudou divindade na Universidade de Frankfurt. Praetorius serviu como organista na Marienkirche em Frankfurt antes de trabalhar na corte em Wolfenbütte como organista e (desde 1604) como mestre-de-capela. De 1613 a 1616, trabalhou na corte da Saxônia, em Dresden, onde teve contato com a música italiana mais atual, inclusive as obras policorais da Escola Veneziana. Seu desenvolvimento subseqüente da forma do “concerto coral”, especialmente a variedade policoral, resultou diretamente de sua familiaridade com a música de venezianos como Giovanni Gabrieli. Michael Praetorius foi sepultado numa cripta sob o órgão da Igreja de Santa Maria em Wolfenbütten, Alemanha.

Seu nome de família aparece de formas variadas, tais como Schultze, Schulte, Schultheiss, Schulz and Schulteis. Praetorius é a forma latinizada do nome de família.

Praetorius foi um compositor tremendamente prolífero, tendo suas obras mostrado influência dos contemporâneos Samuel Scheidt and Heinrich Schütz, bem como dos italianos. Suas obras incluem a Musae sioniae (1605-10), de 9 volumes, uma coleção de cerca de 1000 corais e arranjos de canções; muitas outras obras para a igreja luterana; e Terpsichore (1612), um compêndio de cerca de 300 danças instrumentais, que é sua obra mais conhecida, bem como a única obra secular sobrevivente. Seu tratado de 3 volumes Syntagma Musicum I e o Syntagma Musicum de Organographia II (1614-20) são textos detalhados de práticas musicais contemporâneas e instrumentos musicais, e são documentos importantes para a musicologia, organologia e o estudo de performances de época.

(Fonte: Wikipedia, com alterações)

Este é um excelente CD, mas, tal como os comentaristas da Amazon, senti enorme falta das trompas, etc. Sobram violinos em obras que não são apenas para eles. Mesmo assim, trata-se de um CD de indiscutível qualidade. Sim, eu sei que o grupo de Peter Holman é de cordas, mas isso não muda muita coisa, certo?

Michael Praetorius (1571-1621): Dances from Terpsichore (1612)

1. Passameze, for 5 part instrumental ensemble (283)
2. Gaillarde, for 5 part instrumental ensemble (284)
3. Gaillarde, for 5 part instrumental ensemble (285)
4. Bransles, for 5 part instrumental ensemble (1)
5. Est ce Mars, for 4 lutes
6. Courante de Mars, for 4 lutes
7. Ballet, for four lutes
8. Ballet, for four lutes
9. Un jour de la semaine, for 4 lutes
10. Allons aux noces, for 4 lutes
11. Gaillarde, for 4 lutes
12. Pavane de Spaigne, for 4 part instrumental ensemble (Terpsichore, 30)
13. Spagnoletta (Terpischore, 27)
14. La Sarabande, for ensemble (Terpischore, 34)
15. La Canarie (Terpischore, 31)
16. Branse Simple, for 5 part instrumental ensemble (4)
17. Ballet, for 4 part instrumental ensemble (268)
18. Ballet du Roy pour sonner apres (Terpischore, 269)
19. Ballo del Gran Duca (from Novus Partus)
20. Une jeune fillette (from Novus partus)
21. Bransles de Villages
22. Bransles de Villages, for 5 part instrumental ensemble (Terpsichore, 14)
23. Courante (Wilson’s Wild), for violin, 2 violas, bass violin & 4 lutes (Terpsichore, 151)
24. Courante (Light of Love), for violin, 2 violas, bass violin & lutes (Terpsichore, 152)
25. Courante (Grimstock), for violin, 2 violas, bass violin & 4 lutes (Terpsichore, 154)
26. Mrs Winters Jump, fo lute, P 55
27. Packington’s Pound, courante
28. I Care Not for These Ladies for voice, lute & bass viol
29. Ballet des Baccanales (278)
30. Terpsichore Dances: Ballet des Feus (279) / Ballet des Matelotz (280) / Ballet des Coqs (254)
31. Courante (Battaglia), for 4 and 5-part violin band, 4 lutes, 4 guitars & drum (283)

The Parley of Instruments
Renaissance Violin Band
Peter Holman

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This is the man
This is the man

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonias Nº 1 e 5 / Tenente Kijé / Marcha de “O Amor por Três Laranjas” (Gunzenhauser / Mogrelia)

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonias Nº 1 e 5 / Tenente Kijé / Marcha de “O Amor por Três Laranjas” (Gunzenhauser / Mogrelia)

Ora, ora, ora, uma repostagem? Não, meus caros amigos nada disso. A versão do Celibidache era a versão do Celibidache: lenta, tão lenta que não coube mais nada no CD. Aqui temos uma concepção diferente das Sinfonias Nº 1 e 5, bem dentro do habitual. Se ganhamos uma gravação boa, super-melodiosa e dentro dos padrões, perdemos algo da monumentalidade do Celi. E ganhamos uma versão completa do divertido “Tenente Kijé” e ainda a Marcha do “Amor por Três Laranjas”. Apesar da seriedade da Sinfonia Nº 5 parecer estranha ao resto do repertório, trata-se de um belo CD. A orquestra eslovaca que interpreta as obras mantém intacta a reputação do país de contar com conjuntos extraordinários.

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonias Nº 1 e 5 / Tenente Kijé / Marcha de “O Amor por Três Laranjas” (Gunzenhauser / Mogrelia)

1. Symphony No. 1 in D major, Op. 25, “Classical”: I. Allegro 4:16
2. Symphony No. 1 in D major, Op. 25, “Classical”: II. Larghetto 4:03
3. Symphony No. 1 in D major, Op. 25, “Classical”: III. Non troppo allegro 1:27
4. Symphony No. 1 in D major, Op. 25, “Classical”: IV. Molto vivace 4:21
Slovak Philharmonic Orchestra
Gunzenhauser, Stephen, Conductor

5. Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100: I. Andante 14:08
6. Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100: II. Allegro marcato 9:00
7. Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100: III. Adagio 13:33
8. Symphony No. 5 in B flat major, Op. 100: IV. Allegro giocoso 10:41
Slovak Philharmonic Orchestra
Gunzenhauser, Stephen, Conductor

9. Lieutenant Kije, Op. 60: I. The Birth of Kije 4:10
10. Lieutenant Kije, Op. 60: II. Romance 4:48
11. Lieutenant Kije, Op. 60: III. Kije’s Wedding 2:57
12. Lieutenant Kije, Op. 60: IV. Troika 3:04
Slovak State Philharmonic Orchestra, Kosice
Mogrelia, Andrew, Conductor

13. The Love for Three Oranges Suite, Op. 33bis: No. 3: March
Slovak State Philharmonic Orchestra, Kosice
Mogrelia, Andrew, Conductor

Total Playing Time: 01:18:03

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Nada mais russo

PQP

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Bach Goldberg Variations Reimagined (Podger, Kelly, Brecon Baroque)

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Bach Goldberg Variations Reimagined (Podger, Kelly, Brecon Baroque)

Não creio que haja necessidade de se falar mais nada sobre as Variações Goldberg, meus colegas já gastaram muita tinta de caneta para comentar essa obra tão peculiar, e ao mesmo tempo, tão importante para o desenvolvimento da música ocidental como a conhecemos hoje. A partir de um tema, uma belíssima ‘Aria’ Bach escreve 32 variações sobre esse tema. Coisa de gênio mesmo. Composta originalmente para teclado, no correr dos séculos já vimos várias gravações com os mais diversos instrumentos, desde quarteto de saxofones, passando por versões para dois pianos, quarteto de cordas, etc.

Hoje trago para os senhores o fenômeno chamado Rachel Podger nos brindando com uma ‘releitura”, ou como diz o próprio título do CD, as “Variações Goldberg Reimaginadas”. O responsável por esta releitura e adaptação tão ousada é o cravista e maestro Chad Kelly.

Para não me estender muito no texto sugiro a leitura do interessante texto do mesmo presente no livreto em anexo ao arquivo. Ali, Kelly explicar sua forma de trabalho para realizar tal empreitada. Porque, vamos combinar, tem se de ter uma certa dose de coragem para encarar um petardo no nível das Goldberg e ‘traduzi-la’ para o nosso século, transcrevendo-a para instrumentos de sopro e de cordas, e ao mesmo  tempo respeitando e obedecendo as normas e regras das interpretações historicamente informadas.

Rachel Podger e seu conjunto Brecon Baroque novamente nos brindam com uma interpretação impecável, como não poderia deixar de ser em se tratando desses músicos, inclusive nos fazendo esquecer do ‘exotismo’ do projeto. O que ouvimos são as Goldberg sim, mas com outra roupagem.

Esta é a minha última postagem do ano de 2023, e preciso pedir desculpas para os senhores por ter postado tão pouco neste ano, felizmente com a chegada de outros membros ao grupo do PQP Bach minha ausência nem foi tão sentida assim. A vida da gente é um nada no mundo, porém os diversos fatores que afetam nosso dia a dia acabam se refletindo naquilo que não entendemos tão importante, vindo portanto a deixa-los de lado. O que é uma pena, pois entendo o PQP Bach como uma terapia.

Queria também pedir desculpas aos colegas do blog, pedi o espaço do dia 25 de dezembro para postar um Oratório de Telemann, porém não achei a obra tão relevante quanto esta empreitada de Miss Podger e sua turma. Então por favor, entendam esta postagem como um presente de Natal, inclusive estou disponibilizando os arquivos em FLAC para os mais puristas e em MP3 para aqueles que não se importam com a qualidade do áudio, querem apenas degustar a obra.

Um Feliz Natal para todos, e um ano de 2024 pleno de alegrias e realizações.

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Bach Goldberg Variations Reimagined (Podger, Kelly, Brecon Baroque)

1 ARIA
2 VARIATION 1
3 VARIATION 2 / VARIATION 3 CANONE ALL’UNISONO / VARIATION 4 / VARIATION 5
4 VARIATION 6 CANONE ALLA SECONDA / VARIATION 7 AL TEMPO DI GIGA / VARIATION 8
5 VARIATION 9 CANONE ALLA TERZA / VARIATION 10 FUGHETTA
6 VARIATION 11 / VARIATION 12 CANONE ALLA QUARTA
7 VARIATION 13
8 VARIATION 14
9 VARIATION 15 CANONE ALLA QUINTA IN MOTO CONTRARIO, ANDANTE
10 VARIATION 16 OUVERTURE / VARIATION 17
11 VARIATION 18 CANONE ALLA SESTA
12 VARIATION 19
13 VARIATION 20
14 VARIATION 21 CANONE ALLA SETTIMA / VARIATION 22 ALLA BREVE
15 VARIATION 23 / VARIATION 24 CANONE ALL’OTTAVA
16 VARIATION 25 ADAGIO / VARIATION 26
17 VARIATION 27 CANONE ALLA NONA / VARIATION 28
18 VARIATION 29 / VARIATION 30 QUODLIBET / ARIA DA CAPO

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Rachel Podger posando para a foto na sede do PQPBach Inc. em Quixeramobim.

FDP

Handel (1685 – 1759): Messias (Highlights) & Bach (1685 – 1750): Oratório de Natal (Highlights) – solistas, coros, RSO Stuttgart & Sir Neville Marriner / ASMF & Sir Philip Ledge ֍

Handel (1685 – 1759): Messias (Highlights) & Bach (1685 – 1750): Oratório de Natal (Highlights) – solistas, coros, RSO Stuttgart & Sir Neville Marriner / ASMF & Sir Philip Ledge ֍

Handel: Messias & Bach: Oratório de Natal

Natal Barroco

 

Impossível evitar, o espírito de Natal está no ar. Meu vizinho colocou em sua casa tantas luzes com motivos natalinos que até a NASA já detectou o nosso bairro em seu mapa mundi de luminosidade. Fora isso, com as economias devidamente empregadas em bacalhau, a ceia deverá ser farta.  

De qualquer forma, Natal remete à família e eu penso um pouco na minha. O ano teve, como deve ter acontecido na sua, altos e baixos. Impossível ser diferente, está nos genes.

Aqui comemoramos o primeiro ano de aniversário de minha neta mais nova, que está em ótimo desenvolvimento, assim como sua irmãzinha, um ano mais velha. Essa já conta até 10, reconhece e nomeia todas as cores. Ela repete tudo o que ouve, haja cuidado com o que se diga perto dela.  

Uma querida cunhada está se despedindo da vida, uma nota de tristeza. Mas que vida cheia de amor e dedicação que tem sido essa. Força pedimos, confiança temos.  

Assim vamos exercitando ao máximo a prática de esticar o tempo para conseguir fazer tudo o que planejamos, como o catártico escrever desta postagem.  

Enfim, o que queremos para a noite de Natal? Eu quero estar rodeado de pessoas queridas, ouvir vozes e risos familiares. Ganhar abraços e beijos. Dar e receber aqueles telefonemas ou ZAP-mensagens que nos aproximam daquelas vozes que por alguma razão não podem estar ao pé de nós. Mas que no ano que vem, quem sabe?  

Para a postagem, escolhi um álbum tipicamente produzido para a ocasião. Metade do disco com números do Messias de Handel, cantado em alemão (pasmem!), mas regido pelo inglês Sir Neville Marriner. A outra metade tem números do Oratório de Natal do imenso João Sebastião Ribeiro, padroeiro do blog. Aqui, forças mistas, anglo-germânicas. São vozes conhecidas para os que já ouvem música há algum tempo e precisam ser ouvidas pelos que ainda estão se aventurando nessas águas. Tudo muito lindo.

Aleluia! 

 

George Frideric Handel (1685 – 1759)

Messiah – Der Messias HWV 56 (Highlights)

(sung in German)

  1. 2 Tröste dich, mein Volk … & Nr.3 Alle Tale macht hoch erhaben (Accompagnato & tenor arie)
  2. 4 Denn die Herrlichkeit Gottes (Chorus)
  3. 8 O du, der Wonne verkündet in Zion (Contralto aria)
  4. 11 Denn es ist uns ein Kind geboren (Chorus)
  5. 12 Pifa
  6. 14 Und alsbald war da bei dem Engel (Accompagnato sopran)
  7. 15 Ehre sei Gott in der Höhe (Chorus)
  8. 36 Warum denn rasen und toben die Heiden im Zorne (Bass aria)
  9. 39 Hallelujah! (Chorus)
  10. 40 Ich weiß, daß mein Erlöser lebet (Soprano aria)
  11. 47 Würdig ist das Lamm, das da starb (Chorus)

Lucia Popp (soprano)

Brigitte Fassbaender (contralto)

Robert Gambill (tenor)

Robert Holl (bass)

Südfunkchor  (Klaus Martin Ziegler)

Radio-Sinfonieorchester Stuttgart des SWR

Sir Neville Marriner

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Christmas Oratorio, BWV 248 (Highlights)

  1. 1 Jauchzet, frohlocket, auf, preiset die Tage (Chorus)
  2. 4 Bereite dich, Zion (Contralto aria)
  3. 5 Wie soll ich dich empfangen (Chorus)
  4. 8 Grosser Herr und starker König (Bass aria)
  5. 24 Herrscher des Himmels (Chorus da capo)
  6. 43 Ehre sei dir, Gott, gesungen (Chorus)
  7. 64 Nun seid ihr wohl gerochen (Bass aria)

Dame Janet Baker (mezzo-soprano)

Dietrich Fischer-Dieskau (bass-baritone)

Choir of King’s College Cambridge,

Academy of St Martin in the Fields

Philip Ledger

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MP3 | 320 KBPS | 202 MB

Que tudo corra bem na sua Noite de Natal!

Com carinho, do René Denon

.: interlúdio :. Vince Guaraldi Trio – A Charlie Brown Christmas

.: interlúdio :. Vince Guaraldi Trio – A Charlie Brown Christmas

Talvez em cima da hora – talvez algum leitor presenteado com um iPhone testando a conexão com seu blog favorito -, mas também lembrando de quem festeja com um almoço no dia 25, corro pra deixar aqui um dos mais populares discos de jazz de todos os tempos, The Charlie Brown Christmas. Falava em discos comerciais no post anterior? E o que dizer desse, que foi gravado sob encomenda para o especial da CBS, em 1965? Tanto que é uma das trilhas de tevê, e um dos álbuns temáticos de natal, mais vendidos de todos os tempos. Função à parte, o revezamento de trios que Vince Guaraldi propõe é excelente e funciona com perfeição, podendo inclusive ser servido à mesa.

Vince Guaraldi Trio – A Charlie Brown Christmas (192)
Vince Guaraldi: piano, arrangement
Fred Marshall/Monty Budwig: double bass
Jerry Granelli/Colin Bailey: drums

download – 57MB

01 O Tannenbaum – 5’08
02 What Child Is This? – 2’25
03 My Little Drum – 3’12
04 Linus and Lucy – 3’06
05 Christmas Time Is Here [Instrumental] – 6’05
06 Christmas Time Is Here [Vocal Version] – 2’47
07 Skating – 2’27
08 Hark! The Herald Angels Sing – 1’55
09 Christmas Is Coming – 3’25
10 Für Elise – 1’06
11 The Christmas Song – 3’17
12 Greensleeves – 5’26

Boa audição, e bom natal!

BlueDog

J. S. Bach (1685-1750): Oratório de Natal, BWV 248 (Failoni / Oberfrank)

J. S. Bach (1685-1750): Oratório de Natal, BWV 248 (Failoni / Oberfrank)

Sou um traidor. Avisei para o grupo do PQP Bach que não publicaria nada relativo ao Natal, só que a caixinha deste álbum triplo cruzou na minha frente e eu me perguntei: por que não, né? É uma boa gravação, mas que não se compara com esta aqui nem com outras postadas no passado e que estão com os links quebrados (como a de Herreweghe). Ou como a desta sensacional versão de Harnoncourt que está com os links válidos.

Então é Natal. O Natal do pior ano de minha vida, mas a gente sempre pensa que vai melhorar. E vai.

Tchau, 2023. Nunca mais retorne!

Solitários,
decidimos que o formigueiro,
pisoteado e destruído,

seja reconstruído.
Por cada um de nós,
solitariamente.

J. S. Bach (1685-1750): Oratório de Natal, BWV 248 (Failoni / Oberfrank)

Christmas Oratorio, BWV 248,

Disc 1
Part I: Jauchzet, frohlocket, auf, preiset die Tage
1 Jauchzet, frohlocket, auf, preiset die Tage! (Chorus) 07:13
2 Recitative: Es begab sich aber, zu der Zeit (Evangelist) 01:18
3 Recitative: Nun wird der Held aus Davids Stamm (Alto) 00:46
4 Aria: Bereite dich, Zion (Alto) 05:15
5 Chorale: Wie soll ich dich empfangen (Chorus) 01:16
6 Recitative: Und sie gebar ihren ersten Sohn (Evangelist) 00:22
7 Chorale and Recitative: Er ist auf Erden kommen arm (Soprano, Bass) 02:45
8 Aria: Grosser Herr und starker Konig (Bass) 04:51
9 Chorale: Ach, mein herzliebes Jesulein! (Chorus) 01:04

Christmas Oratorio, BWV 248, Part II: Und es waren Hirten in derselben Gegend
10 Sinfonia 05:54
11 Recitative: Und es waren Hirten in derselben Gegend (Evangelist) 00:41
12 Chorale: Brich an, du schönes Morgenlicht (Chorus) 01:16
13 Recitative: Und der Engel sprach zu ihnen (Evangelist, Angel) 00:43
14 Recitative: Was Gott dem Abraham verheissen (Bass) 00:40
15 Aria: Frohe Hirten, eilt, ach eilet (Tenor) 04:09
16 Recitative: Und das habt zum Zeichen (Evangelist) 00:22
17 Chorale: Schaut hin! dort liegt im finstern Stall (Chorus) 00:46
18 Recitative: So geht denn hin! ihr Hirten geht (Bass) 00:49
19 Aria: Schlafe, mein Liebster, geniesse der Ruh (Alto) 09:22
20 Recitative: Und alsobald war da bei dem Engel… (Evangelist) 00:15
21 Ehre sei Gott in der Hohe (Chorus) 02:31
22 Recitative: So recht; ihr Engel, jauchzt und singet (Bass) 00:24
23 Chorale: Wir singen dir in deinem Heer (Chorus) 01:19

Disc 2
Christmas Oratorio, BWV 248, Part III: Herrscher der Himmels, erhore das Lallen
1 Herrscher des Himmels, erhore das Lallen (Chorus) 02:00
2 Recitative: Und da die Engel von ihnen gen Himmel führen (Evangelist) 00:11
3 Lasset uns nun gehen gen Bethlehem… (Chorus) 00:45
4 Recitative: Er hat sein Volk getrost’ (Bass) 00:41
5 Chorale: Dies hat er alles uns getan (Chorus) 01:00
6 Aria (Duet): Herr, dein Mitleid, dein Erbarmen (Soprano, Bass) 08:26
7 Recitative: Und sie kamen eilend (Evangelist) 01:12
8 Aria: Schliesse, mein Herze, dies selige Wunder (Alto) 04:51
9 Recitative: Ja, ja! mein Herz soll es bewahren (Alto) 00:21
10 Chorale: Ich will dich mit Fleiss bewahren (Chorus) 01:05
11 Recitative: Und die Hirten kehrten wieder um (Evangelist) 00:24
12 Chorale: Seid froh dieweil (Chorus) 00:57
13 Herrscher des Himmels, erhore das Lallen (Chorus) 02:12

Christmas Oratorio, BWV 248, Part IV: Fallt mit Danken, fallt mit Loben
14 Fallt mit Danken, fallt mit Loben (Chorus) 05:05
15 Recitative: Und da acht Tage um waren (Evangelist) 00:37
16 Recitative and Chorale: Immanuel, o susses Wort! (Bass, Soprano) 02:22
17 Aria: Flosst mein Heiland, flosst dein Namen… (Soprano) 06:15
18 Recitative: Wohlan! dein Name soll allein… (Bass and Soprano) 01:26
19 Aria: Ich will nur dir zu Ehren leben (Tenor) 05:12
20 Chorale: Jesus richte mein Beginnen (Chorus) 01:35

Disc 3
Christmas Oratorio, BWV 248, Part V: Ehre sei dir, Gott, gesungen
1 Part 5. Am Sonntag nach Neujahr: Coro 06:35
2 Recitative: Da Jesus geboren war zu Bethlehem… (Evangelist) 00:26
3 Chor und Recitative: Wo ist der neugeborne Konig der Juden? (Alto) 01:46
4 Chorale: Dein Glanz all Finsternis verzehrt (Chorus) 01:08
5 Aria: Erleucht auch meine finstre Sinnen (Bass) 04:08
6 Recitative: Da das der Konig Herodes horte (Evangelist) 00:15
7 Recitative: Warum wollt ihr erschrecken? (Alto) 00:32
8 Recitative: Und liess versammeln alle Hohenpriester (Evangelist) 01:13
9 Aria (Terzetto): Ach, wenn wird die Zeit erscheinen? (Soprano, Alto, Tenor) 05:57
10 Recitative: Mein Liebster herrschet schon (Alto) 00:23
11 Chorale: Zwar ist solche Herzensstube (Chorus) 01:27

Christmas Oratorio, BWV 248, Part VI: Herr, wenn die stolzen Feinde schnauben
12 Herr, wenn die stolzen Feinde schnauben (Chorus) 04:51
13 Recitative: Da berief Herodes die Weisen heimlich (Evangelist, Herodes) 00:43
14 Recitative: Du Falscher, suche nur den Herrn zu fallen (Soprano) 00:47
15 Aria: Nur ein Wink von seinen Handen (Soprano) 04:32
16 Recitative: Als sie nun den Konig gehoret hatten (Evangelist) 01:05
17 Chorale: Ich steh an deiner Krippen hier (Chorus) 01:16
18 Recitative: Und Gott befahl ihnen im Traum (Evangelist) 00:21
19 Recitative: So geht! Genug, mein Schatz geht nicht von hier (Tenor) 01:49
20 Aria: Nun mogt ihr stolzen Feinde schrecken (Tenor) 04:25
21 Recitative: Was will der Hollen Schrecken nun (Soprano, Alto, Tenor, Bass) 00:31
22 Chorale: Nun seid ihr wohl gerochen (Chorus) 03:21

Total Playing Time: 02:28:09

Lyricist(s): Franck, Johann; Gerhardt, Paul; Henrici, Christian Friedrich; Luther, Martin; Rist, Johann; Runge, Christoph; Weissel, Georg; Werner, Georg
Conductor(s): Oberfrank, Géza
Orchestra(s): Budapest Failoni Chamber Orchestra
Choir(s): Hungarian Radio Choir
Artist(s): Kertesi, Ingrid; Mukk, Jozsef; Nemeth, Judit; Tóth, Janos

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Adoração dos Magos por Albrecht Dürer (1504)

PQP

.: interlúdio :. Sissoko Segal Parisien Perani: Les Égarés – 2023

.: interlúdio :. Sissoko Segal Parisien Perani: Les Égarés – 2023

Poucos sabem que em 1997 a Terra sofreu devido à sua superpopulação. O Professor John Robinson, sua esposa Maureen, seus filhos Judy, Penny e Will, além do Major Don West, foram selecionados para viajar pelo espaço até um planeta do sistema Alpha Centauri, a fim de estabelecer uma colônia, para que outras pessoas pudessem viver por lá.  A viagem foi realizada na espaçonave batizada como Júpiter 2. No entanto, o doutor Zachary Smith, agente de um governo inimigo (possivelmente a mando de algum filho da Putin) foi enviado para sabotar a missão. Ele foi bem-sucedido em reprogramar o robô B9 para destruir os equipamentos da nave oito horas após a decolagem, mas no processo se atrasou e ficou preso na espaçonave, que decolou com ele a bordo. Ao tentar desativar o robô, este se religou sozinho. Sem saber do perigo que criou para todos, o doutor Zachary Smith decidiu acordar a família Robinson, que estava em tubos de hibernação. Quando menos se esperava, o robô B9 iniciou a sua programação e destruiu o sistema de navegação, rádio e vários aparelhos importantes, antes de ser desativado. Com a espaçonave em sérias avarias e já muito distante da rota programada, todos a bordo tornaram-se ‘perdidos no espaço’ e lutam até hoje para encontrar o caminho de volta pra casa.

Creio que a maioria dos frequentadores do PQP Bach sabem do que estou falando, pois que, presumo, já navegam na constelação dos 50 anos. Alguns, como eu, certamente odiaram o Dr. Smith, um velhote cheio de trejeitos e de duvidosíssimo caráter. Sim a saudosíssima série Perdidos no Espaço. Talvez o primeiro espécime terráqueo pelo qual me apaixonei foi Will Robinson, depois, alguns personagens da Vila Sésamo. Muitos, assim também como eu, quiseram ser Will Robinson, viajar pelo espaço e ter um robô. Infernizei tanto que a minha avó me arranjou um. A tripulação da nave Júpiter 2 era composta por Dom Diego de La Vega, digo, pelo Professor John Robinson (Guy Williams, da série Zorro, outra delícia que assisto até hoje); sua esposa Maureen (June Lockhart); as filhas Judy e Penny (Marta Kristen e Angela Cartwright); pelo filho Will (Billy Mumy); pelo piloto, Major Don West (Mark Goddard) e pelo sacana Zachary Smith (o formidável ator Jonathan Harris), este último, com falas que permanecem indeléveis na memória dos fãs: “Meu jovem, nada tema, com Smith, não há problema”, ou o seu suspirante “Oh, Dor…”, e o seu insulto contra o robô: “uma lata velha enferrujada”. Irwin Allen, que já se enchia de grana até a tampa com Terra de Gigantes, Viagem ao Fundo do Mar e o maravilhoso Túnel do Tempo, foi o criador e produtor executivo da série, que teve três temporadas, sendo a primeira ainda em preto e branco. A trilha sonora da série, com o tema da inesquecível abertura, era de nada mesmo que o grande John Williams – que mais tarde voltaria a compor ‘para as estrelas’. No Brasil a série estreou em dezembro de 1966, mas só em SP. De 1970 a 1978 foi exibida pela Globo para o resto do país. A partir de 1990 foi exibida pela nefasta Record e hoje, dizem, numa tal Rede Brasil. A série não foi encerrada em 1968 devido a baixas de audiência, mas por contenção de despesas devido ao fracasso de outros projetos da produtora, a CBS. Certas coisas não se apagam da memória de infância. A voz dos dubladores, especialmente a voz irritante do Dr. Smith; a aventuras de Will Robinson; o robô, um botijão de gás com luzes natalinas na cabeça, que nos seus melhores momentos lançava raios dos seus ganchos – o que todos adoravam ver. Mais o alerta:”Perigo Will Robinson , perigo!”. Os efeitos sonoros, sobretudo aqueles à base de Teremim, também são inesquecíveis.

Mas porque diabos fui parar nas plagas estelares e nas tropelias do Dr. Smith? Acontece que precisava de um assunto para encher a linguiça dessa postagem e o nome do formidável disco que aqui trago é Les Égarés – Os Perdidos. Antes de tudo um ‘blend’ timbrístico especialíssimo e inusitado, com uma sonoridade que certamente a família Robinson só encontraria em alguma galáxia distante, até o presente momento: Sax Soprano, Violoncelo, Acordeon e Kora – o fantástico e belíssimo cordofone africano.

Na tripulação deste disco fenomenal temos o mais famoso nome do Kora, Ballaké Sissoko; mais Vincent Peirani ao acordeon; Vincent Segal ao celo e Emile Parisien ao saxofone soprano. Destaco, dentre as faixas de grande beleza, o tema Esperanza, de Marc Perrone, uma cúmbia irresistível que faria derreter as calotas polares de Marte. Diante dessa novidade timbrística que decerto irá surpreender e encantar a muitos, sugiro que nos libertemos de comparações e nos deixemos imergir e enlevar por esta beleza. Como se, tripulantes da nave da família Robinson, tenhamos aportado em um planeta sonoro, no qual a música fluísse dos troncos e folhagens de densas e deslumbrantes florestas, em cores sonoras e melodias inteiramente novas para nós. Nautas da música, boa sorte.

Sissoko Segal Parisien Perani: Les Égarés – 2023

1- Ta Nyé
2- Izao
3- Amenhotep
4- Orient Express – Joe Zawinul
5- La Chanson des Égarés
6- Esperanza – Marc Perrone
7- Dou
8- Nomad’s Sky
9- Time Bum
10- Banja

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Les Égarés, por sonorides nunca d’antes navegadas

Wellbach

George Frideric Händel (1685-1759): Un’Alma Innamorata (Francesca Aspromonte, Boris Begelman, Arsenale Sonoro)

Talvez este seja um dos mais belos CDs que postei nestes dezessete anos de PQPBach. A música de Handel é tão poderosa e intensa, mas ao mesmo tempo tão delicada e sutil !!! E quando o repertório são as  Cantatas em italiano, aí a coisa fica melhor ainda.

Assim a magnífica soprano Francesca Aspromonte nos apresenta o CD (em uma livre tradução):

“Un’alma innamorata” é um programa sobre… amor. Apenas mais um recital sobre o amor. Bem, não exatamente.
Desta vez, ninguém está tentando condenar o garotinho que atira flechas. Pobre Cupido… Ele não é nenhum tirano, nenhum deus cruel, nenhum sádico jogando dardos com carne humana. A culpa é nossa!
Através da série de eventos felizes e infelizes da vida, o amor é uma das experiências mais bonitas, mas complicadas que os humanos enfrentam.
E como lidar com isso? Gostamos de responsabilizar o próprio Amor, gostamos de responsabilizar o próprio Amor por nossos sentimentos, cantando árias incrivelmente bonitas, longos lamentos líricos, coloratura desesperada, raivosa… mas ainda argumentando que somos vítimas de um pequeno mestre do mal.
“O amor me fez fazer isso!”
Não. É hora de assumir a responsabilidade, hora de escolher se as paixões e Mágoas vão definir como vivemos nossa vida. Os amantes abandonados, rejeitados ou traídos protagonizando essas cantatas, em
uma formação totalmente Handel, na verdade nos levar ao longo do caminho e através de seus
cantando parece ouvi-los dizer: “Estou apaixonado… e eu tenho que lidar com isso”.

Como não poderia deixar de ser, temos aqui mais um impecável CD do selo Pentatone, em um registro magnífico e tremendamente bem interpretado.

Em anexo ao arquivo segue o booklet com todas as informações necessárias e as letras das canções.

Com certeza leva o selo de IM-PER-DÍ-VEL !!!

1. Handel: Mi palpita il cor, HWV 132c: Aria. Mi palpita il cor – Recitativo. Tormento e gelosia
2. Handel: Mi palpita il cor, HWV 132c: Aria. Ho tanti affani in petto
3. Handel: Mi palpita il cor, HWV 132c: Recitativo. Clori, di te mi lagno
4. Handel: Mi palpita il cor, HWV 132c: Aria. Se un dì m’adora
5. Handel: Violin Sonata in G Minor, HWV 364a: I. Larghetto
6. Handel: Violin Sonata in G Minor, HWV 364a: II. Allegro
7. Handel: Violin Sonata in G Minor, HWV 364a: III. Adagio
8. Handel: Violin Sonata in G Minor, HWV 364a: IV. Allegro
9. Handel: Un’alma innamorata, HWV 173: Recitativo. Un’alma innamorata
10. Handel: Un’alma innamorata, HWV 173: Aria. Quel povero core
11. Handel: Un’alma innamorata, HWV 173: Recitativo. E pur benché egli veda
12. Handel: Un’alma innamorata, HWV 173: Aria. Io godo, rido e spero
13. Handel: Un’alma innamorata, HWV 173: Recitativo. In quanto a me, ritrovo
14. Handel: Un’alma innamorata, HWV 173: Aria. Ben impari come s’ama
15. Handel: Sonata a tre in G Minor, Op. 2 No. 6, HWV 391: I. Andante
16. Handel: Sonata a tre in G Minor, Op. 2 No. 6, HWV 391: II. Allegro
17. Handel: Sonata a tre in G Minor, Op. 2 No. 6, HWV 391: III. Arioso
18. Handel: Sonata a tre in G Minor, Op. 2 No. 6, HWV 391: IV. Allegro
19. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Sonata
20. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Recitativo. Tu fedel, tu costante
21. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Aria. Cento belle ami, Fileno
22. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Recitativo. L’occhio nero vivace
23. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Aria. Se Licori, Filli ed io
24. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Recitativo. Ma, se non hai più d’un sol cuore
25. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Aria. Se non ti piace amarmi
26. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Recitativo. Ma il tuo genio incostante
27. Handel: Tu fedel, tu costante, HWV 171: Aria. Sì, crudel, ti lascierò
28. Handel: S’un dì m’appaga la mia crudele, HWV 223

Francesca Aspromonte – Soprano
Boris Begelman – Violin, Conductor
Arsenale Sonoro

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FDP

Berg / Chausson / Hindemith / Schoenberg: Infinite Voyage (Emerson String Quartet, Hannigan, Chamayou)

Berg / Chausson / Hindemith / Schoenberg: Infinite Voyage (Emerson String Quartet, Hannigan, Chamayou)

Após 47 anos como um dos principais quartetos de cordas do mundo, o Emerson deu seus últimos concertos neste mês de outubro de 2023. Uma pena. Este é seu último disco antes de se separarem e foi corajosamente construído em torno de um dos pilares do repertório do quarteto do século XX, uma obra que nunca tinham gravado antes. O Segundo Quarteto de Schoenberg é notável não apenas por incluir partes para soprano sobre poemas de Stefan George em seus dois movimentos finais, mas também como a peça em que ele deu seus primeiros e hesitantes passos no mundo desconhecido da atonalidade, embora em seus compassos finais a música retorne à segurança…

O Quarteto Op 3 de Alban Berg, concluído em 1910, dois anos depois do Segundo de seu professor Schoenberg, mas não publicado até 10 anos depois, é uma peça que funciona como complemento lógico, e os Emersons oferecem a ambas as obras performances calorosas e brilhantes, mais generosas do que muitas de suas anteriores. Barbara Hannigan é a soprano no Schoenberg, sua elegância precisa em cada frase é perfeitamente adaptada às linhas vocais intensamente expressivas, embora a gravação pareça colocar sua voz um pouco à frente.

Também há espaço no disco para mais algumas lindas raridades, ambas descobertas por Hannigan. Melancholie, de Hindemith, apresenta quatro poemas de Christian Morgenstern para soprano e quarteto. A obra foi composta durante os últimos anos da Primeira Guerra Mundial, quando a música de Hindemith estava muito mais próxima do mundo expressionista da Segunda Escola Vienense do que de seu próprio neoclassicismo posterior. Mas a verdadeira descoberta é Chanson Perpétuelle de Chausson, uma maravilha para soprano, quarteto e piano (Bertrand Chamayou aqui) sobre um poema de amor de Charles Cros, que, embora tenha menos de oito minutos de duração, parece encapsular todo um mundo de tragédia com intensidade operística.

Berg / Chausson / Hindemith / Schoenberg: Infinite Voyage (Emerson String Quartet, Hannigan, Chamayou)

Melancholie, Op. 13
Composed By – Paul Hindemith
1 Die Primeln Blühn Und Grüßen …
2 Nebelweben
3 Dunkler Tropfe
4 Traumwald

String Quartet, Op. 3
Composed By – Alban Berg
5 Langsam
6 Mäßige Viertel

7 Chanson Perpétuelle, Op. 37
Composed By – Ernest Chausson

String Quartet No. 2 In F Sharp Minor, Op. 10
Composed By – Arnold Schoenberg
8 Mäßig
9 Sehr Rasch
10 Litanei (Langsam)
11 Entrückung (Sehr Langsam)

Ensemble – Emerson String Quartet
Piano – Bertrand Chamayou (tracks: 7)
Soprano Vocals – Barbara Hannigan (tracks: 1 to 4, 7, 10, 11)

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O Quarteto de Cordas Emerson com Barbara Hannigan e Bertrand Chamayou (segundo a partir da direita).

PQP