In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 4 de 11: Volumes 13, 14, 31 & 34 (A Grande Escola Russa/Rachmaninov/Dois Retratos da Rússia/Meu Tchaikovsky Preferido)

Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a quarta das onze partes de nossa eulogia ao gigante.


Partes:   I   |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII   |   IX   |   X   |   XI

– Mais de duzentos milhões de seres humanos falam russo. Só uns poucos tocam bem piano. Não deve ser difícil aprender russo.

Com essa voadora à queima-roupa, recebida como resposta à sua preocupação com o aprendizado do idioma do país ao qual acabara de chegar, Arthur Moreira Lima Júnior foi devidamente apresentado a Rudolf Rikhardovich Kerer (doravante Kehrer), para cuja classe fora designado durante os cinco anos de sua bolsa no Conservatório Pyotr Ilyich Tchaikovsky de Moscou, sob os auspícios do Ministério da Cultura da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, no ano da graça de 1963.

Ao mostrar-lhe a caixa de ferramentas, à maneira do que o famigerado beque Gum faria no Fluminense de quatro décadas depois, Kehrer apresentava o recém-chegado ao modus russicus. No entanto, e por mais dura que imaginássemos a adaptação do carioca bonachão ao planeta soviético, com todas cores tragicômicas das histórias de peixes fora d’água, nosso herói a tirou de letra. Safo, flexível e de ouvido afiado, Arthur Arthurovich transpôs com rapidez as temidas dificuldades de adaptação a território, cultura e idioma. Não tardou para que o novo moscovita estivesse, sob temperaturas dúzias de graus abaixo daquelas de seu habitat, a desfrutar muito a experiência mais decisiva de sua vida – e também, naturalmente, a jogar muita conversa fora po-russki.

Arthur Arthurovich e Rudolf Rikhardovich: sempre no limiar entre a lição e o entrevero.

Enquanto o Brasil marchava para suas décadas de sangue e chumbo, a União Soviética experimentava um minúsculo relaxamento de tensões. Ainda que todas paredes enxergassem, que qualquer moita tivesse muitos ouvidos, e que a Guerra Fria tivesse ebulido com a Crise dos Mísseis do ano anterior, os níveis de paranoia na Moscou de Khruschev eram baixos o suficiente para que a fauna humana vinda do exterior fosse recebida com curiosidade e acolhimento.  Ciente de sua posição privilegiada dentro dum regime que controlava todas as instâncias da sociedade, Arthur guardava para si suas críticas e, driblando sensores e censores, aproveitou o que o Regime de melhor tinha a lhe oferecer. O transporte público milagrosamente eficiente e a segurança agradaram-lhe tanto quanto o pervasivo senso de coletividade em tudo e de todos. Mesmo no mítico Conservatório, possivelmente o maior centro formador de músicos do seu tempo, o que em outras paragens seria um ambiente propício a canibalismo entre concorrentes era, na prática, imbuído tão só de camaradagem. Os colegas estudavam juntos, ajudavam-se, retroalimentavam-se, sem vislumbres da competitividade entre pianistas, que Arthur adorava comparar à dos jóqueis nos saudosos páreos da Gávea. Sua maior satisfação, por certo, era com formação holística oferecida aos estudantes. Muito além da Música e de sua História, eles eram instruídos num amplo escopo de disciplinas, da Economia à Política, com doses generosas da doutrina que fundamentava o onipresente Regime. As dezenas de salas do Conservatório vertiam música em todas as vozes e instrumentos, e de suas portas saíam figuras legendárias – gente do naipe de Gilels, de Rostropovich, de Oistrakh – a formarem, por trás delas, novas lendas.

Naquela usina de pianistas em que até os faxineiros assoviavam Rachmaninov, no cerne da então Capital de Todas as Rússias, ninguém o marcaria mais que Rudolf Kehrer. Admirado expoente da Grande Escola Russa, Kehrer incutiu-lhe com eficiência seus fundamentos e prática, que muito divergiam da Escola de Liszt – que fora professor do professor de dona Lúcia Branco – e da Escola Francesa de Mme. Marguerite Long. Os incontáveis arranca-rabos, que Arthur contaria às gargalhadas aos amigos pelo resto da vida, até que foram poucos, se levarmos em conta as culturas e temperamentos diametralmente opostos. Era óbvio ao mestre que o pupilo era uma gema rara, e o talentoso aprendiz sorvia as lições por todas suas terminações nervosas. O resultado não tardou: o pianismo do moço ficou russíssimo, mais russo que os próprios russos (e aqui citamos o crítico e tradutor Irineu Franco Perpétuo, “he outrusses the Russians”). Não perderei tempo tentando convencê-los disso com inda mais verborreia – apenas ouçam, por exemplo, a gravação do Concerto no. 3 de Rachmaninov que incluímos nessa postagem, uma das maiores que existem para essa obra icônica. Ou, talvez, esses Quadros de uma Exposição de Mussorgsky, gravados na Grande Sala do Conservatório de Moscou, seguidos dos Prelúdios de Chopin e de nada menos que OITO peças de bis (porque, sim, recitais mastodônticos são especialidades da Grande Escola Russa)…

 

… ou esse outro recital-maratona, com duas sonatas de Chopin, a integral de suas valsas, e mais alguns punhados de bis:

 

Quem ainda não se convenceu poderá mudar de ideia com esse incrível combo Schubert + Barber…

.

.. ou com essa gravação feita pelo próprio Kehrer da plateia, talvez o ponto alto do pianorrussismo de Arthur Arthurovich, com uma Rapsódia Espanhola antológica, a melhor que já ouvi:

Rudolf Rikhardovich, o Estoico, só sorriria uma vez para Arthur. Foi na mesma tarde em que, após concluir os cinco anos de estudos sob sua supervisão, o mais meridional de seus pupilos o recebeu em seu apartamento e lhe tocou a Sonata de Liszt – ao que o mestre, notório por nunca elogiar os alunos, por acreditar que a bajulação era danosa à formação de artistas, então tascou:

– Isso foi muito bonito.

E deve ter sido, pois Kehrer convidou Arthur para ser seu assistente na cátedra de piano. Por três anos, sempre o titular viajava, quem assumia suas classes era um carioca de Estácio que, em russo fluente, ensinava pianistas russos como tocar mais russamente que os próprios russos.

Isso é russo o bastante? Para Arthur, ainda não. Sempre mais atento à voz do povo que às academias, ele receberia sua certidão definitiva junto com outro sorriso difícil de conquistar: o daquela rubicunda babushka que, depois de mais um recital abarrotado, veio cumprimentá-lo com um singelo:

–  Artur ― nash!

“Arthur é nosso”. E é deles, sim – tanto quanto orgulhosamente nosso. ❤️

 


ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima


Volume 13: A GRANDE ESCOLA RUSSA

Aleksandr Nikolayevich SCRIABIN (1872-1915)

Das Três Peças para piano, Op. 2:
1 – No. 1: Estudo em Dó sustenido menor

Oito Estudos para piano, Op. 42
2 – No. 1 em Ré bemol Maior: Presto
3 – No. 2 em Fá sustenido menor
4 – No. 3 em Fá sustenido maior: Prestissimo
5 – No. 4 em Fá sustenido maior: Andante
6 – No. 5 em Dó sustenido menor: Affanato
7 – No. 6 em Ré bemol maior: Esaltado
8 – No. 7 em Fá menor: Agitato
9 – No. 8 em Mi bemol maior: Allegro

Dos Doze Estudos para piano, Op. 8:
10 – No. 5 em Mi maior: Brioso
11 – No. 11 em Si bemol menor: Andante
12 – No. 12 em Ré sustenido menor: Patetico

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986

Engenheiro de som: Georgi Harizanov
Produção: Nikola Mirchev
Piano Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)

 

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)

Dumka, Cena Rústica Russa em Dó menor, para piano, Op. 59
13 – Andantino cantabile

 

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)

Sonata para piano no. 2 em Ré menor, Op. 14
14 – Allegro non troppo
15 – Allegro moderato
16 – Andante
17 – Vivace

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Moscou, União Soviética, 1970.
Produtor: Valentin Skoblo
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)

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Volume 14: RACHMANINOV

Sergey Vasilyevich RACHMANINOV (1873-1943)

Concerto para piano e orquestra no. 3 em Ré menor, Op. 30
1 – Allegro ma non tanto
2 – Adagio
3 – Alla breve

Arthur Moreira Lima, piano
Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional da Polônia
Thomas Michalak, regência

Gravação: Katowice, Polônia, 1984
Produção: Thomas Frost
Engenheiro de som: Tom Lazarus
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)

Dos Dez Prelúdios para piano, Op. 23:
4 – No. 4 em Ré maior: Andante cantabile
5 – No. 5  em Sol menor: Alla marcia)

Dos Nove Études-Tableaux, Op. 39:
6 – no. 5 em Mi bemol menor: Appassionato

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986

Engenheiro de som: Georgi Harizanov
Produção: Nikola Mirchev
Piano Steinway & Sons, Hamburgo
Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)

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Volume 31 – DOIS RETRATOS DA RÚSSIA

Modest Petrovich MUSSORGSKY (1839-1881)

Quadros de uma Exposição, para piano
1 – Promenade [I]
2 – Gnomus
3 – [Promenade II] Moderato commodo assai e con delicatezza
4 – Il Vecchio Castello
5 – [Promenade III]. Moderato non tanto, pesamente
6 – Tuileries (Dispute d’enfants après jeux)
7 – Bydło
8 – [Promenade IV]. Tranquillo
9 – Balé dos Pintinhos nas Cascas
10 – Dois Judeus Poloneses: um rico, outro pobre (Samuel Goldenberg und Schmuÿle)
11 – Promenade [V]
12 – Limoges, le marché (La grande nouvelle)
13 – Catacombæ (Sepulcrum romanum) –  Cum mortuis in lingua mortua
14 – Baba-Yaga: A Cabana sobre Pernas de Galinha
15 – A Porta de Bogatyr na Antiga Capital de Kiev

 

Sergey PROKOFIEV
Transcrição livre para piano de Tatiana Nikolayeva (1924-1993)

Suíte do Conto Sinfônico Pedro e o Lobo, Op. 67
16 – Pedro (Tema com Variações)
17 – O Passarinho
18 – O Pato
19 – O Gato
20 – O Avô de Pedro
21 – O Lobo
22 – O Sexteto Final: Todas as Personagens

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Rosslyn Hill Chapel, Londres, Reino Unido, 1999
Engenheiro de som: Peter Nicholls
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

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Volume 34 – MEU TCHAIKOVSKY PREFERIDO

Pyotr TCHAIKOVSKY

As Estações do Ano, Suíte para piano, Op. 37a
1 – Janeiro: Junto à Lareira
2 – Fevereiro: Carnaval
3 – Março: O Canto da Cotovia
4 – Abril: Flor da Primavera
5 – Maio: Noites Brancas
6 – Junho: Barcarola
7 – Julho: O Canto do Ceifeiro
8 – Agosto: Colheita
9 – Setembro: Caça
10 – Outubro: O Canto do Outono
11 – Novembro: Troika
12 – Dezembro: Natal

Pyotr TCHAIKOVSKY
Transcrições de Arthur Moreira Lima (1940-2024)

Quatro Romances para piano
13 – Apenas Um Coração Solitário, Op. 6 No. 6
14 – Ode às Florestas, Op. 47 No. 5
15 – Janela Escancarada, Op. 63 No. 2
16 – Sozinho outra Vez, Op. 73 No. 6

Pyotr TCHAIKOVSKY

Das Seis Peças para piano, Op. 51
17 – No. 6: Valsa Sentimental

Arthur Moreira Lima, piano

Gravação: Rosslyn Hill Chapel, Londres, Reino Unido, 1999
Engenheiro de som: Peter Nicholls
Produção, edição e masterização: Rosana Martins Moreira Lima
Piano: Steinway & Sons, Hamburgo

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“4ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele falou sobre algumas filmagens raras que está encontrando em seu acervo, que incluem seu programa apresentado na Manchete na década de 1980. Depois relembrou o recital de Arnaldo Estrella a que assistiu em Moscou na década de 1960 e do contato que teve com ele nesta época. Mencionou um raro disco que gravou com obras de Chopin em 1969, o que acabou resultando em um convite de Arturo Michelangeli para ser um de seus alunos neste ano, e comentou o motivo que o levou a declinar. Também falou sobre russos célebres que conheceu na época, como Dimitri Shostakovich e Maya Plisetskaya. Depois relembrou recitais e concertos que tocou no Brasil após sua premiação no Concurso Chopin de 1965, incluindo o histórico recital em que tocou pela primeira vez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro músicas de Ernesto Nazareth em 1966, anos antes dos discos antológicos que viria a gravar com obras deste compositor. Nesse contexto, falou sobre o contato que teve com o grande pesquisador Mozart de Araújo. Também comentou sobre quando se tornou assistente de Rudolf Kehrer depois que se formou no Conservatório de Moscou, e relembrou outros concursos de que participou na época, como o Concurso de Montreal em 1968, e o Concurso de Leeds em 1969, no qual ficou classificado em 3º lugar, e falou sobre os problemas que houve nesta edição. Também mencionou as vantagens e desvantagens de se tocar o Concerto No. 2 de Chopin em concursos.”


BÔNUS:

Nossa homenagem a Arthur abre vastos parênteses para estender nossa gratidão a seu professor, Rudolf Kehrer (1923-2013), por tudo que compartilhou com nosso herói. Nascido em Tbilisi, capital da Geórgia, Kehrer teve sua trajetória interrompida pela Segunda Guerra Mundial, quando sua família, de origem alemã, foi deportada para o Cazaquistão. Proibido de tocar piano durante o seu exílio, e autorizado a tão-só dedilhar o acordeão, manteve a destreza tanto quanto pôde tocando um teclado falso feito de um pedaço de madeira. Foi somente após a morte de Stalin, em 1953, que conseguiu retomar seus estudos no ainda remoto Conservatório de Tashkent, no Uzbequistão. Em 1961, viu sua carreira de concertista ser enfim lançada após vencer o Concurso de Toda-União em Moscou – cujo vencedor anterior fora também um brilhante pianista de origem alemã, de nome Sviatoslav Richter, e para o qual obtivera, aos 37 anos, a autorização excepcional para competir com pianistas mais jovens. Ainda proibido de se apresentar no Ocidente, assumiu uma cátedra no Conservatório de Moscou e fez muitas gravações para o selo Melodiya que, por muito tempo, só circularam pela sovietosfera. Eu as desconhecia completamente, até encontrar essa enorme coletânea da Doremi. O que ouvi derrubou meu queixo. Apesar da capinha safada, que parece ter sido feita pelo Paint duma babushka, o som é bom, e Kehrer, melhor ainda. Ainda mais que uma máquina de vencer na vida (vide seus retratos, que seriam bastantes para ilustrar todos os verbetes duma Enciclopédia do Estoicismo), ele foi um pianista MONSTRUOSO, tão imenso quanto seu repertório. É ouvir para crer.


 

CD 1

Johannes BRAHMS (1833-1897)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Ré menor, Op. 15

Grande Orquestra Sinfônica da Rádio de Moscou
Gennady Rozhdestvensky, regência
Gravado em 1969

Sergei RACHMANINOFF
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Dó menor, Op. 18

Orquestra Filarmônica de Moscou
Kirill Kondrashin, regência
Gravado em 1963

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CD 2

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Concerto para piano e orquestra no. 21 em Dó maior, K. 467
Orquestra Filarmônica de Moscou
Viktor Dubrovsky, regência
Gravado em 1965

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra no.5 em Mi bemol maior, Op. 73
Orquestra Filarmônica de Moscou
Kirill Kondrashin, regência
Gravado em 1963

Franz LISZT (1811-1881)
Valsa Mephisto no. 1, S. 514
Gravada em 1961

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CD 3

Franz LISZT
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi bemol maior, S. 124
Orquestra Filarmônica de Moscou
Viktor Dubrovsky, regência
Gravado em 1965

Sergei PROKOFIEV (1891-1953)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Ré bemol maior, Op. 10
Orquestra Filarmônica de Moscou
Kirill Kondrashin, regência
Gravado em 1961

Georgy Aleksandrovich MUSHEL (1909-1989)
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Lá menor
Orquestra Filarmônica de Moscou
Kirill Kondrashin, regência
Gravado em 1963

Wilhelm Richard WAGNER (1813-1883)
Arranjo de Franz LISZT
Abertura de “Tannhäuser”, S.442 (1848)
Gravada em 1961

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CD4

Wolfgang Amadeus MOZART

Sonata para piano em Lá menor, K. 310
Gravada em 1975

Ludwig van BEETHOVEN
Sonata para piano no. 8 em Dó menor, Op. 13, “Patética”
Sonata para piano no. 14 em Dó sustenido menor, Op. 27 no. 2, “Ao Luar”
Gravadas em 1975

Georgy Vasilyevich SVIRIDOV (1915-1998)
Sonata para piano
Gravada em 1975

Franz LISZT
Estudo Transcendental no. 10 em Fá menor, S. 139 (1852)
Gravado em 1961
Années de Pèlerinage, Livro 2, S. 161 – No. 1, “Sposalizio”
Gravado em 1975

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CD 5

Georgy SVIRIDOV
Trio para violino, violoncelo e piano
Viktor Pikaizen, violino
Lev Evgrafov, violoncelo
Gravado em 1984

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Estudos Sinfônicos para piano, Op. 13
Gravados em 1978
Arabesque em Dó maior para piano, Op. 18 
Gravada em 1978

Rudolf Kehrer, piano

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Любимому мастеру — с любовью ♡

 

Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952, . Eis o volante Jair Florêncio de Santana, ou, simplesmente, Jair (1929-2014).

Vassily

SERGEI RACHMANINOFF (1873-1943) – Piano Concerto No.1 Preludes, Rhapsody on a Theme of Paganini – Anna Fedorova, Sinfonieorchester St. Gallen, Modestas Pitrenas

Estou planejando a postagem dessa integral de Rachmaninoff já há uns dois ou três anos. Já tive o texto pronto, mas acabei apagando. Felizmente os arquivos compactados continuaram guardados na nuvem.

Na  verdade, sobre os Concertos em si não há muito a se falar além do já foi falado. São obras fundamentais do repertório pianístico, tour-de-force para qualquer pianista, enfim.

Talvez eu seja o último romântico do grupo, o cara que dá a cara a tapa trazendo estes concertos novamente para o blog. Fazer o que, gosto muito deles, talvez tenha postado mais versões deles do que os de Beethoven ou Mozart. Talvez seja neste romantismo, mesmo tardio, que eu centralize minhas atenções, talvez seja a idade, recém cheguei aos meus sessenta anos, e ando meio avesso a modernidades, aliás nem sei se já as apreciei em algum momento. Por isso continuo fazendo mais do mesmo. Enquanto nossos ouvintes – leitores continuarem a baixar e ouvi-los continuarei postando.

Anna Fedorova é uma pianista ucraniana de grande talento, como poderão ouvir nestes cds. Sua paixão pela música está mais que implícita em suas interpretações, se joga de corpo e alma, e não teme essa exposição. Trarei os Concertos em sua ordem natural, incluindo aí a indefectível Rapsódia sobre um Tema de Paganini, uma das peças de mais díficil execução do repertório pianístico, o músico tem de estar muito bem preparado para encará-lo. E o Concerto de nº 1 é de uma beleza ímpar, mostrando já desde os seus primeiros acordos a que veio. O maestro Modestas Pitrenas, nascido na Lituânia em 1974, faz um belo trabalho frente a desconhecida Sinfonieorchester St. Gallen, porém esse seja o grande trunfo destas gravações. Desta forma podemos admirar mais detalhadamente a técnica, versatilidade e virtuosismo da solista, deixando a orquestra um pouco mais a vontade, sem grande pressão, talvez, sei lá.

Chega de enrolação, vamos ao que viemos. Trarei um CD por semana. Como comentei acima, nesta primeira postagem teremos o Primeiro Concerto e as Rapsódia sobre um tema de Paganini.

Piano Concerto No . 1 i n F sharp Minor, Op.1 (1890-1891/1917)
1 Vivace
2 Andante
3 Allegro vivace

Preludes (19o3/1910)
4 Prelude Op. 23 No. 1 in F sharp Minor (1902)
5 Prelude Op. 32 No. 12 in G sharp Minor (1910)
6 Prelude Op. 32 No. 5 in G Major (1910)
7 Prelude Op. 23 No. 2 in B flat Major (1902)

Rhapsody on a Theme of Paganini, Op.43 (1934)
8 Introduction – Variations 1-6
9 Variations 7-10
10 Variation 11
11 Variations 12-15
12 Variations 16-17
13 Variation 18
14 Variations 19-24

Anna Fedorova piano
Sinfonieorchester St. Gallen
Modestas Pitrenas conductor

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Piotr Illich Tchaikovsky (1840-1893): Piano Concerto Nº 1, Op. 23 / Serguei Rachmaninov (1873-1943): Concerto para Piano Nº 3, Op. 30 (Argerich, Chailly, Kondrashin)

Piotr Illich Tchaikovsky (1840-1893): Piano Concerto Nº 1, Op. 23 / Serguei Rachmaninov (1873-1943): Concerto para Piano Nº 3, Op. 30 (Argerich, Chailly, Kondrashin)

“So go ahead: live dangerously.”

Martha Argerich está impressionante nesta versão do Concerto nº 3 de Rachmaninov. Sai fogo dos seus dedos, e o piano parece que vai explodir a qualquer momento. Ricardo Chailly sofre para acompanhá-la. Com certeza uma das mais fortes e expressivas interpretações deste concerto, e, sem dúvida, uma das melhores gravações já feitas deste concerto. Como é ao vivo, experimentem ouvir com fone de ouvido, para captar os ruídos externos, tosses, ranger de cadeiras… é uma experiência muito interessante, e que dá um toque de realismo a esta gravação.

Isto é loucura em ação. A Terceira de Rachmaninoff, com Martha Argerich, é a mais rápida e fisicamente emocionante que você já ouviu. Ela foi gravada ao vivo, e os equilíbrios são um pouco estranhos. Também dá para perceber que Riccardo Chailly e sua orquestra estão se esforçando muito para acompanhá-la, enquanto antecipam o que ela fará em seguida — mas e daí? Isto é o mais perto que se pode chegar de uma experiência de combustão espontânea e sobreviver. A de Tchaikovsky é, se possível, ainda mais selvagem, com algumas notas perdidas. Mas com uma artista como Argerich, você simplesmente não pode julgar a execução nota por nota. Então, vá em frente: viva perigosamente. — David Hurwitz

Juntamente com o Rach 3 o cd também traz o belo Concerto nº 1 para Piano de Tchaikovsky, um dos favoritos deste que vos escreve. Já conhecia esta gravação do tempo do vinil, na verdade, ainda tenho esse LP. E sempre tive muito carinho por ele. O grande Kiril Kondrashin, já em seus últimos anos de vida, acompanha toda a impetuosidade de Martha Argerich.

Serguei Rachmaninov (1873-1943) – Piano Concerto nº3, in D Minor, op. 30

1. Piano Concerto No.3 in D minor, Op.30 – 1. Allegro ma non tanto
2. Piano Concerto No.3 in D minor, Op.30 – 2. Intermezzo (Adagio)
3. Piano Concerto No.3 in D minor, Op.30 – 3. Finale (Alla breve)

Martha Argerich – Piano
Riccardo Chailly – Conductor
Berlin Radio Symphony Orchestra

Piotr Illich Tchaikovsky (1840-1893) – Piano Concerto nº1, in B Flat Minor, op. 23

4. Piano Concerto No.1 in B flat minor, Op.23 – 1. Allegro non troppo e molto maestoso – Allegro con spirito
5. Piano Concerto No.1 in B flat minor, Op.23 – 2. Andantino semplice – Prestissimo
6. Piano Concerto No.1 in B flat minor, Op.23 – 3. Allegro con fuoco

Martha Argerich – Piano
Kiril Kondrashin – Conductor
Bavarian Radio Symphony Orchestra

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A Rainha Martha

FDP

In Memoriam Arthur Moreira Lima – Coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – Parte 1 de 11: Volumes 1, 3 & 12 (Clássicos Favoritos I, II & III)

Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos (e percebam que nem mencionei seu instrumento!), completaria hoje 85 anos. Para celebrar seu legado extraordinário e honrar sua memória, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de hoje até 30 de outubro, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a primeira das onze partes de nossa eulogia ao gigante.

Partes:     |   II   |   III   |   IV   |   V   |   VI   |   VII   |   VIII   |   IX   |   X   |   XI


Se me perguntassem qual minha primeira memória de Arthur Moreira Lima, eu provavelmente lhes diria que ela é tão remota quanto a que eu tenho de um pianista. Nasci sob o Terror e cresci entre os ventos da Abertura que traziam de volta quem partira em rabos de foguete. Em minha casa ouvia-se muita música – nenhuma que atraísse cassetetes, e quase sempre daquela prevalente em elevadores e consultórios odontológicos. Ainda assim, era música bastante para que a aparição de um pianista na tela da TV, daquelas de antenas finamente ajustadas com palha de aço, não fosse sumariamente rechaçada por uma mudança de canal para a novela da vez. E o pianista, bem, ele era sempre o mesmo: aquele tipo de perfil pontiagudo, olhos a um só tempo alheios e dardejantes, de postura algo gibosa ao teclado e a drapejar sua cabeleira enquanto debulhava com os dedos coisas que eu não imaginava possíveis a mim, menino telespectador. Ele tocava de tudo, e em todo lugar, e ante centenas, milhares, dezenas de milhares de pessoas, e sozinho, e com orquestras, e em toda e qualquer companhia. No programa que teve na TV aberta, inimaginável nesses nossos tristes tempos de Tigrinho, dividiu a ribalta com chorões e roqueiros, seresteiros e jazzistas; mostrou-me Ney Matogrosso pela primeira vez de cara limpa e apresentou-me o semideus Raphael Rabello, que toca, como Gardel canta para os argentinos, cada dia melhor. Entre um número e outro, com o maroto sotaque que nunca renegou seu berço, entrevistava seus convidados com muita descontração – tanta que promoveu o seguinte diálogo entre meus genitores:

– Esse é aquele pianista?
– É.
– Bem informal, hein?
– Sim.
– Nem parece pianista…

O programa saiu do ar sem-cerimoniosamente, e eu, exceto por um LP e outro que encontrava em briques, fiquei sem saber do madeixudo carismático, até o dia em que, exaurido por um plantão no pronto-socorro e disposto a tudo para ver algo que não fosse sangue ou pus, encontrei um palco montado no meio do maior parque de minha Dogville natal. Sobre ele, um piano, e ante este – sim, adivinharam! – o pianista que nem parecia pianista, e que, contrariando tudo o que se dizia dele – que não estudava, que não se levava a sério, que estava decadente – despachava com segurança os arpejos do Estudo Op. 10 no. 1 de Chopin sob o olhar tietante duns gatos-pingados aos quais me juntei, lá na fila do gargarejo. Emendou, em seguida, o “Revolucionário“, o “Tristesse“, o das teclas pretas, e foi esgotando o Op. 10, estudo a estudo, inteiros ou em parte, até que faltou somente…

– O número 2, Arthur.
– Hein?
– Faltou o número 2.
– Cê me odeia, né? – gargalhava – Mas certamente não tanto quanto eu odeio o número 2.

E atacou o temido Op. 10 no. 2, com aquelas escalas rapidíssimas todinhas com os dedos fracos da mão direita, enquanto resmungava das tendinites que ele lhe trouxera.

– Que mais cês querem?
– …
– Digam logo, que daqui a pouco vão me levar à força pro camarim.
– Piazzolla, então!

E nos deu um Adiós Nonino com a mesma eletricidade que pôs suas madeixas em riste na memorável capa do álbum que dedicou a Astor. Ao terminar, com o produtor já a olhar com ganas de arrancá-lo do palco, um dos gatos-pingados lhe alcançou um número de telefone:

– Volto hoje para o Rio – explicava-se, enquanto guardava o papelucho na casaca – mas não deixo de te ligar.
– A costela está assando desde que saí de casa. Eu e ela te aguardamos.
– E a cerveja?
– Ela também. Mais gelada que em Moscou.

E foi arrastado para as coxias, de onde voltou para tocar um Tchaikovsky furioso com a Sinfônica de Dogville. Nunca soube se ele, enfim, telefonou para o churrasqueiro. Imagino que sim. Afinal, aquele ex-menino prodígio, de nobre arte forjada no Brasil e burilada na França e na União Soviética, capaz de dialogar com bolcheviques e mencheviques, maragatos e chimangos, cronópios e famas, sempre foi também um perfeito exemplo do que em minha terra se chama de “pau de enchente” –  aquele tipo que, como os galhos de árvores levados pelas enxurradas, vai parando aqui e ali – e nunca perdeu qualquer oportunidade de falar, de ouvir e de aprender.

– Decadente.
– Quê?
– Sim. Olha aí: tá vendendo disco na Caras!
– Eita…

O brasileiro não é gentil com seus heróis, e desancaram o heroico Sr. Pau de Enchente quando ele lançou sua antologia pianística a preços módicos e acessível em qualquer banca de revistas. Onde outros viam dinheirismo e decadência, eu, seu desde sempre tiete, só via generosidade – a mesma que o fez tocar para aquelas centenas, aqueles milhares, aquelas dezenas de milhares de gentes, a brilhar na TV e matar de inveja tantos colegas de ofício, a implodir o Muro da Vergonha entre os assim chamados “erudito” e “popular’, e que o levaria, em seu caminhão-teatro feito Caravana Rolidei, a tocar para compatriotas que nunca tinham visto um piano na vida.

Eu nunca consegui lhe agradecer, que se dirá o bastante – se é que haveria gratidão suficiente para tanta dedicação aos ouvidos de seu país! Até tive oportunidades: afinal, tanto eu quanto Sr. De Enchente escolhemos a mesma ilha para passar nossos últimos anos. Por algum tempo, inclusive, compartimos a mesma praia em que, vez que outra, nossos percursos se cruzavam. Numa delas, ele jogava bola com uma criança que, com um pontapé somado ao vigor do Vento Sul, mandou a redondinha na minha direção. Eu, que tenho dois pés esquerdos, devolvi-a com uma vergonhosa rosca para os devidos donos. Já me conformava com a ideia de ir buscá-la ainda mais longe, quando, antes mesmo dela quicar no chão, aquele torcedor doente do Fluminense Football Club aparou a pelota com um golpe seco que orgulharia o Príncipe Etíope e, com um toque de letra digno de Super Ézio, devolveu-a à remetente.

– Valeu, meu bom!

Craque com as mãos e com os pés, o Pelé e o Garrincha do Piano Brasileiro, gênio da raça: também tocas cada dia melhor! Venero-te tanto que jamais te conseguirei ser crítico. Se os leitores-ouvintes o quiserem, que assim sejam – mas minha homenagem aqui, ela terá só carinho e saudade ❤️.

Em memória de Fluminense Moreira Lima (16 de julho de 1940, Rio de Janeiro – Florianópolis, 30 de outubro de 2024) em seu 85º aniversário.


 

ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO
Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes
Idealizada por Arthur Moreira Lima
Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima

Volume 1: CLÁSSICOS FAVORITOS I

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Transcrição de Myra Hess (1890-1965)
Da Cantata “Herz und Mund und Tat und Leben“, BWV 147:
1 – Coral: Jesus bleibet meine Freude

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Da Sonata para piano no. 11 em Lá maior, K. 331:
2 –  Alla Turca: Allegretto

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Bagatela em Lá menor, WoO 59, “Für Elise”
3 – Poco moto

Carl Maria Friedrich Ernst Freiherr von WEBER (1786-1826)
Da Sonata para piano no. 1 em Dó maior, Op. 24:
4 – Rondo: Presto (“Perpetuum mobile“)

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Das Fantasiestücke, Op. 12:
5 – No. 3: “Warum?”

Ferenc LISZT (1810-1886)
Dos Grandes Estudos de Paganini, S. 141:
6 – No. 3: La Campanella

Jules Émile Frédéric MASSENET (1842-1912)
De Thaïs, ópera em três atos:
7 – Méditation (transcrição do compositor)

Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)
Da Música Incidental para Ein Sommernachtstraum (“Sonho de uma Noite de Verão”), de William Shakespeare, Op. 61:
8 – No. 9: Marcha nupcial (transcrição do compositor)

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
Das Dezoito Peças para piano, Op. 72:
9 – No. 2: Berceuse

Sergei Vasilievich RACHMANINOFF (1873-1943)
Dos Morceaux de Fantaisie, Op. 3:
10 – No. 2: Prelúdio em Dó sustenido menor

Anton Grigorevich RUBINSTEIN (1829-1894)
Das Duas Melodias, Op. 3:
11 – No. 1: Melodia em Fá maior

Alexander Nikolayevich SCRIABIN (1872-1915)
Dos Doze Estudos, Op. 8:
12 – No. 12 em Ré sustenido menor, “Patético”

Achille Claude DEBUSSY (1862-1918)
Da Suite Bergamasque, L. 75:
13 – No. 3: Clair de Lune

Manuel DE FALLA y Matheu (1876-1946)
De El Amor Brujo, balé em um ato:
14 – Dança Ritual do Fogo (transcrição do compositor)

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Volume 3: CLÁSSICOS FAVORITOS II

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Transcrição de Ferruccio Busoni (1866-1924)

Da Toccata e Fuga em Ré menor para órgão, BWV 565:
1 – Toccata

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)
2 – Sonata em Mi Maior, L. 23 (K. 380)

Carl Philipp Emanuel BACH (1714-1788)
3 – Solfeggietto em Dó menor, H 220, Wq. 117:2

Georg Friedrich HÄNDEL
Da Suíte para Teclado no. 5 em Mi maior, HWV 430:
4 – No. 4: Ária com Variações, “The Harmonious Blacksmith”

Ludwig van BEETHOVEN
5 – Seis Escocesas, WoO 83

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
6 – Fantasia-Improviso em Dó sustenido menor, Op. 66

Gioachino Antonio ROSSINI (1792-1868)
Das Soirées Musicales:
7 – No. 8: La Danza (Tarantella Napolitana)

Felix MENDELSSOHN
Das Canções sem Palavras:
8 – Allegro non troppo (Op. 53 no. 2) – Allegretto grazioso (Op. 62 no. 6, Frühlingslied) – Presto (Op. 67 no. 4, La Fileuse)

Ferenc LISZT
Dos Liebesträume, Noturnos para piano, S. 541:
9 – No. 3 em Lá bemol maior

Edvard Hagerup GRIEG (1843-1907)
Do Peças Líricas, Livro III, Op. 43:
10 – No. 1: Papillon

Antonín Leopold DVOŘÁK (1841-1904)
Das Oito Humoresques, Op. 101:
11 – No. 7 em Sol bemol maior

Pyotr TCHAIKOVSKY
Das Estações, Op. 37a:
12 – No. 11: Novembro (Troika)

Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953)
Das Dez Peças para piano, Op. 12:
13 – No. 2: Gavota em Sol menor

Claude DEBUSSY
14 – La Plus que Lente, L. 121

Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)
Da Suíte Espanhola no. 1, Op. 47:
15 – No. 3: Sevilla

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Volume 12: CLÁSSICOS FAVORITOS III

Johann Sebastian BACH
Concerto em Ré menor, BWV 974 (transcrição do Concerto para oboé de Alessandro Marcello):
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Allegro

Ludwig van BEETHOVEN
Transcrição de Ferenc Liszt (S. 464)
Da Sinfonia no. 5 em Dó menor, Op. 67:
4 – Allegro con brio

Franz Peter SCHUBERT (1797-1828)
Dos Improvisos para piano, Op. 90 (D. 899):
5 – No. 2 em Mi bemol maior

Robert SCHUMANN
6 – Arabeske em Dó maior, Op. 18

Ferenc LISZT
Das Soirées de Vienne d’après Schubert, S. 427:
7 – No. 6: Valse-caprice

Claude DEBUSSY
Das Deux Arabesques, L. 66:
8 – No. 1 em Mi maior

Christian August SINDING (1856-1941)
Das Seis Peças, Op. 32:
9 – No. 3: Frühlingsrauschen

Manuel de FALLA
De La Vida Breve, ópera em dois atos:
10 – Dança Espanhola no. 1 (arranjo do compositor)

Pyotr TCHAIKOVSKY
Das Estações, Op. 37:
11 – No. 6: Junho (Barcarola)

Sergei RACHMANINOFF
Dos Études-Tableaux, Op. 39:
12 – No. 9 em Ré maior

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Arthur Moreira Lima, piano

Gravações realizadas na Saint Philip’s Church em Londres, Reino Unido, em 1998
Piano Steinway and Sons
Engenheiro de som: Peter Nichols
Direção Musical, produção, edição e masterização por Rosana Martins Moreira Lima



Fãs de Arthur encontram-se doravante INTIMADOS a ouvir o podcast “Conversa de Pianista”, do Instituto Piano Brasileiro, em que nosso ídolo conversa com o incrível Alexandre Dias, e que foi ao ar em 2020:

“1ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele falou sobre como o piano começou em sua vida, suas primeiras aulas em família, seus primeiros recitais quando criança prodígio, e suas aulas com a grande professora Lúcia Branco, que o levou a participar do I Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro do 1957. Também comentou sobre grandes pianistas a que assistiu nas décadas de 1940 e 1950. Foram mencionados alguns dos assuntos que serão conversados nos próximos episódios, com especial atenção para sua rica discografia, e também sua premiação em importantes concursos internacionais de piano, como o Concurso Chopin (1965), Concurso de Leeds (1969) e o Concurso Tchaikovsky (1970). Nossa homenagem e agradecimento ao grande pianista Arthur Moreira Lima, que em 2020 completa 80 anos”.

Quem apreciar a entrevista encontra-se também intimado a apoiar o Instituto Piano Brasileiro, desde o Brasil ou do Exterior.

Em mais uma homenagem a Fluminense Moreira Lima, oferecer-lhe-emos um álbum de figurinhas com os heróis da final da Copa Rio de 1952, que certamente fizeram Arthurzinho chorar de alegria. Eis o arqueiro Carlos José Castilho, o Castilho (1927-1987).

Vassily

Horowitz in Moscow: Scarlatti, Mozart, Rachmaninov, Scriabin, Schubert, Liszt, Schumann, Chopin, Moszkowski

Horowitz in Moscow: Scarlatti, Mozart, Rachmaninov, Scriabin, Schubert, Liszt, Schumann, Chopin, Moszkowski

Foi com grande surpresa que me dei conta de que esse disco não constava no acervo de mais de 8 mil posts da casa. Horowitz in Moscow documenta nada menos que o retorno do colossal pianista Vladimir Horowitz à União Soviética, sua terra natal, depois de 61 anos. 61 anos! Uma vida…

O recital aconteceu no dia 20 de abril de 1986, na Grande Sala do Conservatório Tchaikovsky, em Moscou, mesmo palco onde Horowitz havia se apresentado pela última vez na URSS, em 1925. O mestre, agora, tinha 82 anos e queria ver sua pátria-mãe Rússia mais uma vez antes de morrer.

O encarte do disco, lançado com o selo amarelo da Deutsche Grammophon, reproduz um texto de Charles Kuralt para a CBS News que capta um pouco da atmosfera em torno do recital:

“Um simples pôster apareceu numa manhã de primavera na parede amarelo-pálido do Conservatório de Música de Moscou. Ele dizia que um recital de piano seria dado por “Vladimir Horowitz (USA). Apenas um pôster, mas que disparou uma descarga elétrica de surpresa e alegria pela capital soviética. Aqueles que viram o pôster, ou que ouviram dizer sobre ele, sabiam que era um concerto para ser lembrado eternamente. E foi. 

Ah, você tinha que ter estado lá! Mas como? Menos de 400 ingressos foram colocados à venda para o público, e uma longa fila de russos amantes da música passaram a noite toda em pé para conseguí-los assim que a bilheteria abrisse. O resto dos 1800 lugares da bela Grande Sala do Conservatório estavam reservados para funcionários do governo e membros de corpos diplomáticos.

Chovia quando chegou a hora do concerto. 20 de abril de 1984, 4 da tarde, hora de Moscou. Centenas de pessoas se aglomeraram sob guarda-chuvas na rua do lado de fora do auditório. Eles sabiam que não iam conseguir escutar uma única nota; queriam apenas poder dizer que estavam presentes nesse dia. (…)”

 

“Na tarde da sexta-feira que antecedeu o concerto, Horowitz veio até a sala para ensaiar, em frente a uma platéia lotada de estudantes e professores de música. Ele checou meticulosamente a luz e o posicionamento do piano no palco, e brincou um pouco com os fotógrafos. Então, sensível à expectativa dos estudantes, começou a tocar seriamente. Um silêncio profundo se instalou na sala. O ensaio então virou um concerto, prelúdio para o recital formal. Muitos estudantes fecharam os olhos para se concentrar no que estavam ouvindo. Um membro da entourage de Horowitz, radiante, disse que aquele ensaio foi uma das melhores performances do pianista que ele ouviu na vida, um presságio maravilhoso para o concerto de domingo, que seria televisionado para a Europa e os Estados Unidos. Os alunos aplaudiram Horowitz por longos minutos e o seguiram até o pátio do Conservatório, cercando seu carro em uma explosão de amor e admiração. Apesar dos esforços de um cordão policial, a limusine levou quase meia hora para andar os cerca de 15 metros até a rua. Mesmo após o carro ter escapado da multidão, os estudantes permaneceram ali em pequenos grupos, discutindo maravilhados o que haviam escutado.

Na tarde do concerto oficial, dois dias mais tarde, muitos daqueles estudantes voltaram querendo mais. Sem ingressos, eles burlaram a segurança disposta ao redor do prédio e conseguiram escapulir até as galerias superiores, no início do concerto. O barulho que você consegue escutar no início da primeira sonata de Scarlatti é o som da polícia soviética tentando, em vão, retirar os estudantes do terraço. Eles, no entanto, permaneceram firmes, a polícia recuou e o concerto prosseguiu — com um grande número de estudantes ‘bicões’ presentes.

Horowitz e a esposa Wanda dando uma conferidinha num manuscrito de um certo Piotr Ilitch Tchaikovsky

O repertório é uma daquelas maravilhosas viagens horowitzianas, prestando reverência a mestres que habitaram as máximas alturas da literatura pianística, com uma inevitável queda para aquele pedaço do planeta que o viu nascer: Scarlatti, Mozart, Rachmaninov, Scriabin, Liszt (incluindo um d’après Schubert), Chopin, Schumann e Moszkowski.

Senhoras e senhores, sem mais delongas, o histórico retorno de Vladimir Horowitz a Moscou, em 1986. Веселитесь!

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Horowitz in Moscow

Domenico Scarlatti (1685-1757)

1 – Sonata in E major, K. 380 (L. 23)

Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Piano Sonata in C major, K. (330) (300 h)
2 – I. Allegro moderato
3 – II. Andante cantabile
4 – III. Allegreto

Sergei Rachmaninov (1873-1943)

5 – Prelude in G major, op. 32 nº 5
6 – Prelude in G sharp minor, op. 32 nº 12

Alexander Scriabin (1872-1915)

7 – Etude in C sharp minor, op. 2 nº 1
8 – Etude in D sharp minor, op. 8 nº 12

Franz Liszt (1811-1886)
d’après Franz Schubert (1797-1828)

9 – Soirées de Vienne – Valse-Caprice nº 6

Franz Liszt (1811-1886)

10 – Sonetto 104 del Petrarca

Frédéric Chopin (1810-1849)

11 – Mazurca in C sharp minor, op. 30 nº 4
12 – Mazurka in F minor, op. 7 nº 3

Robert Schumann (1810-1856)

13 – Träumerei (from Kinderszenen)

Moritz Moszkowski (1854-1925)

14 – Étincelles, op. 36 nº 6

Sergei Rachmaninov (1873-1943)

15 – Polka de W.R.

Vladimir Horowitz, piano
Gravado ao vivo na Grande Sala do Conservatório de Música de Moscou em 20 de abril de 1986.

PS: Você pode assistir ao concerto, com um filme mostrando os preparativos e o clima, aqui:

PPS: Você também pode ouvir uma digitalização de uma fita cassete mexicana do concerto aqui, uma daquelas coisas insólitas que só o Internet Archive faz por você.

Ganhando flores de ninguém menos que uma sobrinha-neta de Tchaikovsky

Karlheinz

Rachmaninoff (1873-1943): Preludes Op. 23, Cinq morceaux Op. 3 (Idil Biret)

folderEm 1894, o oficial de artilharia do exército francês Alfred Dreyfus foi levado a julgamento e condenado a prisão perpétua em um tribunal marcial a portas fechadas, acusado de alta traição num processo baseado em documentos falsos e provas forjadas. Depois, novos documentos apontam o verdadeiro culpado. Em um novo julgamento em 1899, contra todas as evidências, outro tribunal referenda a condenação anterior. Indignado, o escritor Émile Zola publica uma carta aberta ao presidente da República, provocando comoção popular. A carta – J’accuse! (Eu acuso!) – se tornou um clássico. Zola recebeu muitos apoios, mas também ameaças antisemitas e xenófobas (seu pai era italiano) e foi processado por difamação pelo Estado francês, se exilando por 11 meses.

Dreyfus foi solto por indulto presidencial e anos mais tarde, já em 1906, foi declarado inocente.*

O romancista Marcel Proust foi um dos melhores cronistas do caso Dreyfus:

“Aconteceu com o dreyfusismo (defensores da liberdade de Dreyfus) o mesmo que com o casamento de Saint-Loup com a filha de Odette, casamento que chocou muitos. Hoje, ao vermos todas as pessoas conhecidas frequentando a casa dos Saint-Loups, aprovamos tudo como se sua esposa fosse uma nobre viúva. O dreyfusismo é hoje integrado a uma série de coisas respeitáveis e habituais. Quanto a se perguntar o que ele valia em si próprio, ninguém pensava nisso, nem para inocentá-lo agora nem para condená-lo antigamente.” (O Tempo Redescoberto)

Em seu romance sobre a passagem do tempo, ele mostra que os gostos e os humores mudam com os anos, que o culpado de hoje é o herói de amanhã e que é um erro delimitar a sociedade em classes estanques:

“De certa maneira as manifestações sociais (muito inferiores aos movimentos artísticos, às crises políticas, à evolução que leva o gosto do público em direção ao teatro de ideias, depois à pintura impressionista, depois à música alemã e complexa, depois à música russa e simples, ou em direção às ideias sociais, às ideias de justiça, à reação religiosa, ao ataque patriótico) são o reflexo distante, rachado, incerto, nebuloso, mutável, desses movimentos. De forma que as pessoas não podem ser descritas em uma imobilidade estática.”
(Sodoma e Gomorra)

Da mesma forma, as estreias da 1ª Sinfonia e do 1º Concerto para Piano de Rachmaninoff foram completos fiascos, que levaram o compositor à depressão e à perda da sua autoestima. Alguns anos depois, em 1901, o 2º Concerto para Piano teve grande sucesso e sua autoestima voltou. Pouco depois vieram os 10 Prelúdios opus 23.

O som de sinos – típico das igrejas russas – era uma obsessão de Rachmaninoff, desde seu Prelúdio em dó # menor op.3, reaparecendo em quase todas suas obras para piano e até em The Bells (1913) para coro e orquestra.

Os críticos xingaram a música de Rach com os adjetivos mais feios da época: romântica demais, acessível, superficial, barata. Era música russa e simples, desse tipo que Proust menciona mais acima. Stravinsky o desprezava.

No entanto, o tempo passa e muitos dos vanguardistas da época hoje viraram nota de rodapé, quase não são ouvidos nas salas de concerto, enquanto a música de Rach ainda é tocada e tem seu público.

Em 1915 Rachmaninoff programou um recital de piano em homenagem a Scriabin (1872-1915), seu compatriota e colega de Conservatório. Os críticos, pra variar, detestaram: o pianista Rach não entendia o estilo de Scriabin e “Enquanto a música de Scriabin flutuava nas nuvens, Rach trouxe-a para a terra”. Essa oposição descreve bem os dois russos: o místico, leve Scriabin e o pesado e depressivo Rach.

Eu pessoalmente gosto da música de Rach para piano e tenho horror a sua escrita orquestral: aquelas cordas exageradamente emotivas dos concertos, aquelas sinfonias previsíveis… Mas há quem goste e, como diria Proust, as modas e os gostos mudam. Nunca diga nunca.

Sergei Rachmaminoff:
10 Preludes op. 23
1) F♯ minor (Largo)
2) B♭ major (Maestoso)
3) D minor (Tempo di minuetto)
4) D major (Andante cantabile)
5) G minor (Alla marcia)
6) E♭ major (Andante)
7) C minor (Allegro)
8) A♭ major (Allegro vivace)
9) E♭ minor (Presto)
10) G♭ major (Largo)

5 Morceaux de Fantaisie op. 3
11) Elegie in E♭ minor
12) Prelude in C♯ minor
13) Melody in E major
14) Polichinelle in F♯ minor
15) Serenade in B♭ minor

Idil Biret, piano

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Idil Biret tem mais de 3 milhões de CD's vendidos. A maioria provavelmente de Chopin e Rachmaninoff
Idil Biret tem mais de 3 milhões de CD’s vendidos. A maioria provavelmente de Chopin e Rachmaninoff

Pleyel e o piano russo, parte 1
*Qualquer semelhança com o Brasil é mera coincidência. Ou não. [postagem original de 2018, época do Vampirão na presidência…]

Peter Tchaikovsky (1840 – 1893) & Sergei Rachmaninov (1873 – 1943): Concertos para Piano No. 1 & No. 2 – Werner Haas (piano) – Orchestre National De L’opera De Monte Carlo & Radio-Sinfonie-Orchester Frankfurt – Eliahu Inbal ֎

Peter Tchaikovsky (1840 – 1893) & Sergei Rachmaninov (1873 – 1943): Concertos para Piano No. 1 & No. 2 – Werner Haas (piano) – Orchestre National De L’opera De Monte Carlo & Radio-Sinfonie-Orchester Frankfurt – Eliahu Inbal ֎

WARHORSES

Cavalos de Guerra! Eu sempre gostei dessa expressão, talvez por minha vadia juventude repleta de livros com histórias cheias de aventuras e de pouca televisão. Quando muito, uma seção na matiné do único cinema da cidade. Em música ela significa ‘algo (como uma obra de arte ou composição musical) que se tornou excessivamente familiar ou banal devido a muitas repetições no repertório usual’. E poucos concertos para piano se classificam tanto como esses dois, do disco da postagem, para a tal expressão. Ambos estão enumerados na curta lista (ah, que seria da nós sem as listas?) de melhores concertos para piano da Gramophone. Despertei sua curiosidade? Verifique quais são os outros concertos da tal lista aqui….

O Concerto No 1 de Tchaikovsky teve um início de carreira um pouco hesitante. Tchaikovsky o revisou três vezes, especialmente o início do concerto. Os acordes iniciais tocados pelo pianista, seguidos pela orquestra tocando o tema principal, eram originalmente arpeggios. Como já mencionei em outras postagens, agarrar a atenção do ouvinte logo de cara é muito importante para o sucesso da peça. O compositor também tinha a expectativa que a obra fosse interpretada pelo pianista e compositor Nikolai Rubinstein, mas este não recebeu muito bem a obra. De qualquer forma, o concerto tornou-se um exemplo de concerto romântico, quase encabeçando a lista (sim, temos uma segunda lista nesta postagem, agora a dos concertos românticos para piano).

O líder dessa lista é o segundo concerto do disco, o Concerto para Piano No. 2, de Rachmaninov. Você deve saber tudo a respeito dessa obra, especialmente de como foi composta após um período no qual o compositor amargou uma enorme depressão, da qual saiu com a ajuda de um psiquiatra que fazia uso da hipnose… Não perca tempo, leia tudo aqui.

A capa da fita cassette

O disco é um primor e faz parte de uma coleção lançada pela Philips em torno do período de surgimento dos CDs, e se chamava Concert Classics. A capa deste disco é típica da série, com a ilustração de Erik Kessels que usa uma colagem com recorte de uma foto.

Os dois concertos reunidos no disco (para a série) têm a interpretação do mesmo pianista – Werner Haas – e o mesmo regente – Eliahu Inbal – mas, foram gravados em momentos diferentes e fazem parte de específicos projetos.

O concerto de Tchaikovsky foi gravado em Monaco, em 1970, juntamente com seus outros dois irmãos menos famosos, os Concertos Nos. 2 e 3. Veja este projeto completo na postagem do FDP Bach, aqui. O concerto de Rachmaninov é de 1974, em Frankfurt, e lançado em um disco com a Rapsódia sobre um tema de Paganini. Esta gravação foi feita em som ‘quadrifônico’. Na verdade, o som do disco é mais uma evidência de como a Philips era uma grande gravadora, especialmente quando piano tomava parte do projeto.

Werner Haas

O pianista é famoso por suas interpretações das obras de Debussy e Ravel, gravadas pela Philips. Foi aluno de Walter Gieseking, mas infelizmente morreu cedo, aos 45 anos, em um acidente automobilístico. O regente Eliahu Inbal tem 88 anos e foi regente de diversas orquestras, incluindo a Orquestra da Rádio de Frankfurt, que aparece neste disco. Sua última atuação foi como regente da Taipei Symphony Orchestra. Após sua aposentadoria, Inbal foi nomeado maestro laureado desta orquestra, em 2023.

Peter Tchaikovsky (1840 – 1893)

Piano Concerto No.1 In B Flat Minor, Op. 23

  1. Allegro Non Troppo E Molto Maestoso – Allegro Con Spirito
  2. Andantino Simplice – Prestissiomo – Tempo I
  3. Allegro Con Fuoco

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Piano Concerto No.2 In C Minor, Op. 18

  1. Moderato
  2. Adagio Sostenuto
  3. Allegro Scherzando

Werner Haas, piano

Orchestre National De L’opera De Monte Carlo (Tchaikovsky)

Radio-Sinfonie-Orchester Frankfurt (Rachmaninov)

Eliahu Inbal

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 155 MB

PQP Bach Banho & Tosa em ação…
Eliahu Inbal

Sobre o RACH#2: Eliahu Inbal is one of the most underrated conductors around. It’s good to have so many old recordings of his again available and in this glorious sound as well. This one has definitely aged gracefully and survived the test of time. […] This is highly charged reading, truly emotional and never overblown. Haas is a true virtuoso, but has expressive power most of today’s Kissins and Lang Langs are missing. The piano sound is captured in its full glory

Beethoven (1770-1827): Algumas Sonatas para Piano – Rachmaninov (1873 – 1943): Concerto para Piano No. 1 – Richard Strauss (1864 – 1949): Burleske – Byron Janis (piano) ֎

Beethoven (1770-1827): Algumas Sonatas para Piano – Rachmaninov (1873 – 1943): Concerto para Piano No. 1 – Richard Strauss (1864 – 1949): Burleske – Byron Janis (piano) ֎

 

Homenagem ao pianista Byron JANIS (1928 – 2024)

Imagine ser um pianista virtuose no período no qual reinavam nomes como Gilels, Horowitz, Rubinstein, Richter. O pelotão de frente era espetacular, estelar… Pois isso foi o que viveu profissionalmente Byron Janis, que faleceu há alguns dias, em 14 de março de 2024, pouco antes de completar 96 anos.

Viver 96 anos é um feito reservado a poucos, ainda mais se pensarmos que esses anos decorreram entre 1928 e 2024, podemos imaginar quantas mudanças ele testemunhou.

Nascido na Pensilvânia, estreou como pianista aos 15 anos com a orquestra do maestro Toscanini e aos 18 anos tornou-se o mais novo aluno de Horowitz. Também nessa idade tornou-se o mais novo pianista a ser contratado pela RCA Victor.

Em 1960 foi o primeiro artista americano a participar de um pioneiro Intercâmbio Cultural entre os Estados Unidos e a então União Soviética.

A partir dos anos 1970 passou a sofrer de um tipo de artrite que lhe causava muitas dores, mesmo assim prosseguiu na carreira e essa condição só se tornou pública em 1985, quando deu um concerto na Casa Branca, na era Reagan. Desde então passou a ser o porta voz da Arthritis Foundation e também seu Embaixador para as Artes.

Eu conhecia suas gravações dos enormes concertos para piano, como os ultra-românticos Rach #2 e #3 e o espetacular Prkfv #3, originalmente gravados pelo selo Mercury, mas para essa postagem escolhi algumas gravações mais antigas, talvez menos conhecidas, mas de maneira alguma desinteressantes.

As Sonatas para piano de Beethoven estão supimpas e há de bônus um impromptu de Schubert que está delicioso.

Para representar sua arte como pianista com orquestra escolhi um disco com o primeiro concerto de Rachmaninov, que esbanja juventude e impetuosidade, acompanhado da Burleske, de Strauss, uma peça intrigante e aqui muito bem apresentada. Para garantir que tudo fosse nos trinques, essas peças veem acompanhadas pela Orquestra Sinfônica de Chicago regida pelo seu tiranossauro mor, Fritz Reiner!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1828 )

Piano Sonata No. 17 in D minor, Op. 31 No. 2 ‘Tempest’

  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto

Franz Schubert (1797 – 1828)

  1. Impromptu in E flat major, D899 No. 2

Byron Janis (piano)

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Ludwig van Beethoven (1770 – 1828 )

Piano Sonata No. 21 in C major, Op. 53 ‘Waldstein’

  1. Allegro con brio
  2. Introduzione – Adagio molto
  3. Rondo – Allegro comodo

Piano Sonata No. 30 in E major, Op. 109

  1. Vivace, ma non troppo
  2. Prestissimo
  3. Andante molto cantabile ed espressivo

Byron Janis (piano)

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Sergey Vassilievich Rachmaninov (1873-1943)

Piano Concerto No. 1 in F sharp minor, Op. 1

  1. Vivace
  2. Andante cantabile
  3. Allegro vivace

Richard Strauss (1864–1949)

Burleske for Piano and orchestra in D minor, AV85

  1. Burleske

Byron Janis (piano)

Chicago Symphony Orchestra

Fritz Reiner

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Maestro Reiner com o jovem Byron nos ensaios para a gravação do disco
Postagem com selo Jurássico!

In 1967, Janis accidentally discovered two previously unknown manuscripts of Chopin waltzes in France and later found two others while teaching at Yale University.

“In spite of adverse physical challenges throughout his career, he overcame them, and it did not diminish his artistry,” Maria Cooper Janis, 86, wrote. “Music is Byron’s soul, not a ticket to stardom, and his passion for and love of creating music informed every day of his life of 95 years.

Foi um bamba do teclado…

Aproveite!

René Denon

 

Rachmaninov (1873 – 1943): Os Concertos para Piano – Lukáš Vondráček, Prague SO & Tomáš Brauner / Earl Wild, Royal PO & Jascha Horenstein ֎

Rachmaninov (1873 – 1943): Os Concertos para Piano – Lukáš Vondráček, Prague SO & Tomáš Brauner / Earl Wild, Royal PO & Jascha Horenstein ֎

– RACH#2023 –

 

Os Concertos para Piano

Lukáš Vondráček, piano

Prague Symphony Orchestra

Tomáš Brauner

 

 

Os Concertos para Piano

Earl Wild, piano

Royal Philharmonic Orchestra

Jascha Horenstein

 

“O enorme sucesso popular que algumas poucas obras de Rachmaninov tiveram em sua vida provavelmente não durará, e os músicos nunca o consideraram com muito favor.”

Assim escreveu o ilustre crítico inglês Eric Blom na quinta edição do Grove’s Dictionary of Music and Musicians, expressando a sabedoria musicológica predominante da época: certamente a história varreria de lado essa estrela pop da sala de concertos.

Essa foi a cara que o Blom fez quando soube que abririamos a postagem com sua afirmação…

Blom was forthright in his opinions. Even more notoriously, he wrote that Rachmaninoff “did not have the individuality of Taneyev or Medtner. Technically he was highly gifted, but also severely limited. His music is … monotonous in texture … The enormous popular success some few of Rakhmaninov’s works had in his lifetime is not likely to last, and musicians never regarded it with much favour”. To this, Harold C. Schonberg, New York critic not immune to snobbery of his own, in his Lives of the Great Composers, responded with equally outspoken unfairness, “It is one of the most outrageously snobbish and even stupid statements ever to be found in a work that is supposed to be an objective reference”.

“É uma das declarações mais escandalosamente esnobes e até estúpidas já encontradas em uma obra que deveria ser uma referência objetiva”.

Pois agora, no final de 2023, ano que viu as comemorações tanto de 150 anos do nascimento quanto as homenagens feitas pelos 80 anos da morte de Rachmaninov, podemos afirmar que ‘o enorme sucesso popular’ que suas obras tiveram em vida perduraram até agora e a história ainda está considerando se tira a vassoura do armário para varrer a estrela pop da sala de concertos.

Serguei sorrindo ao ser fotografado com seu chapéu preferido

Veja alguns dos grandes e famosos pianistas que passaram o ano a tocar Rachmaninov: Yuja Wang, Daniil Trifonov, o jovem pianista Alim Beisembayev, acompanhado da Sinfonia of London, regida por John Wilson, e Mikhail Pletnev.

E nem só de Concertos para Piano viveu o artista, como se viu nesses concertos em POA e SP.

Veja também aqui: Cinco bambas do piano homenageando o compositor.

Fazia frio na América também

Se você quer mais, basta Googlar ‘Rachmaninov 2023’ e verá como no mundo todo homenagens não faltaram.

Para essa postagem escolhi dois álbuns com toda a obra para piano e orquestra de Rachmaninov. Um saído do forno, praticamente. O jovem pianista Lukáš Vondráček viu sua ocupadíssima agenda de concertos varrida pelo lockdown da Covid e teve, para nosso grande prazer, a oportunidade de, em parceria com a ótima orquestra de Praga, regida por Tomáš Brauner, gravar a integral dos Concertos para Piano do Sergei. O outro, um clássico: Earl Wild, um virtuose do piano como poucos, acompanhado por uma orquestra real, dirigida pelo improvável Rachmaninov-regente, Jascha Horenstein, mais conhecido por suas interpretações de Bruckner e Mahler. Essa gravação, pasmem, foi feita em Londres, no espaço de uma semana, no Walthamstow Town Hall, em maio de 1965, produzida para a Reader’s Digest pelo lendário Charles Gerhardt. A Royal Philharmonic era a orquestra fundada e dirigida por Beecham, que havia morrido há apenas quatro anos no momento desta gravação e estava em excelente forma. A orquestra, é claro! A edição da postagem leva o selo Chandos.

Sergei Vasilyevich Rachmaninoff

Piano Concerto No. 1 in F sharp minor Op. 1

  1. Vivace
  2. Andante
  3. Allegro vivace

Piano Concerto No. 4 in G minor Op. 40

  1. Allegro vivace
  2. Largo
  3. Allegro vivace

Rhapsody on a Theme of Paganini Op. 43

  1. Rhapsody on a Theme of Paganini Op. 43

Piano Concerto No. 2 in C minor Op. 18

  1. Moderato
  2. Adagio sostenuto
  3. Allegro scherzando

Piano Concerto No. 3 in D minor Op. 30

  1. Allegro ma non tanto
  2. Intermezzo. Adagio
  3. Finale. Alla breve

Lukáš Vondráček, piano

Prague Symphony Orchestra

Tomáš Brauner

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MP3 | 320 KBPS | 364 MB

Tomáš Brauner repassando o som com a PQP Bach Sinfonieta de Alegrete

Sergei Vasilyevich Rachmaninoff

Piano Concerto No 1 In F Sharp Minor Op. 1

  1. I – Vivace
  2. II – Andante
  3. III – Allegro Vivace

Piano Concerto No. 4 In G Minor Op. 40

  1. I – Allegro
  2. II – Largo
  3. III – Allegro Vivace

Rhapsody On A Theme Of Paganini Op. 43

  1. Rhapsody On A Theme Of Paganini Op. 43

Piano Concerto No. 2 In C Minor Op. 18

  1. I – Moderato
  2. II – Adagio Sostenuto
  3. III – Allegro Scherzando

Piano Concerto No. 3 In D Minor Op. 30

  1. I – Allegro
  2. II – Intermezzo
  3. III – Finale: Allegro

Earl Wild, piano

Royal Philharmonic Orchestra

Jascha Horenstein

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MP3 | 320 KBPS | 307 MB

Jascha Horenstein

“Chaque concerto est individualisé, le Premier flamboyant, athlétique (Vondráček m’y rappelle Sergio Fiorentino, mêmes tempos, mêmes accents, même furia débordante dans le Finale), le Deuxième lyrique et sombre jusque dans un Finale incendiaire, et le Troisième telle une immense rhapsodie où la poésie alterne avec des échappées épiques : soudain le piano devient un instrument au sein de l’orchestre, Vondráček et Brauner le pensent non plus comme un concerto, mais comme une symphonie.” “Cada concerto é individualizado, o Primeiro extravagante, atlético (Vondráček lembra-me Sergio Fiorentino, os mesmos tempos, os mesmos sotaques, a mesma fúria transbordante no Finale), o Segundo lírico e afunda-se num Final incendiário, e o Terceiro como uma imensa rapsódia onde a poesia se alterna com fugas épicas: de repente o piano torna-se um instrumento dentro da orquestra,  Vondráček e Brauner já não pensam nisso como um concerto, mas como uma sinfonia.”
Artalinna, June 2023

“Mais c’est dans la narration exaltée du Concerto No. 3 que le pianiste tchèque se montre à son meilleur, la prise de son restituant la moindre inflexion de ce contour sûr de ses effets. Sans conteste, le sommet du double album.” “Mas é na exaltada narração (interpretação) do Concerto No. 3 que o pianista checo mostra o seu melhor, a gravação sonora reproduz a menor inflexão deste contorno seguro dos seus efeitos. Sem dúvida, o ápice do álbum duplo.”
Diapason, October 2023

Lukáš Vondráček

Such is the luxuriance of sound revealed in these remasterings, it’s difficult to believe the recording date; and such is the quality of the piano playing that it’s easy to understand why Chandos should have wanted to go to such trouble. There aren’t so many Rachmaninov pianists who dare to throw caution to the wind to the extent that Earl Wild does in the outer movements of the First Concerto, fewer still who can keep their technical poise in the process. The improvisatory feel to the lyricism of the slow movement is no less remarkable. 

Wild’s panache is every bit as seductive in No 4, and the Paganini Rhapsody is a rare example of a performance faster than the composer’s own – devilishly driven in the early variations and with tension maintained through the following slower ones …

Earl Wild tentando avistar a turma do PQP Bach aplaudindo-o de pé…

Aproveite!

René Denon

Encontre os 7 erros…

Jenő Jandó (1952 – 2023): Uma Pequena Antologia ֎

Jenő Jandó (1952 – 2023): Uma Pequena Antologia ֎

“De muitas maneiras, Jenő Jandó definiu a abordagem que a Naxos tem para o seu catálogo: inovação, completude, qualidade, abrangência e disponibilidade. A isso pode-se acrescentar talvez a supremacia da obra sobre o ego do intérprete.”

Em 4 de julho de 2023 o mundo da música gravada perdeu um de seus mais prolíficos artistas – Jenő Jandó, pianista húngaro. Nascido em Pécs, em 1º de fevereiro de 1952, começou a carreira como a maioria dos pianistas, ganhando concursos e visibilidade. Atuou também como professor da Academia Franz Liszt de Budapest. O acervo de gravações deixado por Jenő Jandó merece as características listadas na página da Naxos – inovação, completude, qualidade, abrangência e disponibilidade.

Gravou para o selo Hungaroton, mas sua carreira de artista de disco se confunde com a do selo Naxos, para o qual deixou um enorme legado.

Para reverenciar tudo o que ele fez pelos amantes da música, especialmente os menos abastados, reuni nesta postagem quatro de seus discos, tentando dar alguma representatividade à sua extensa e bela obra.

Piano e Orquestra: Neste gênero Jenő Jandó deixou muitas gravações memoráveis, como a Integral dos Concertos para Piano de Mozart, que você encontrará aqui no PQP Bach. Há uma gravação da dobradinha com os concertos de Grieg e Schumann e outro disco espetacular com os Concertos de Bartók. Esse último também está aqui no blog. Como neste ano também reverenciamos o último dos românticos, decidi postar o Concerto No. 2 de Rachmaninov, que vem acompanhado da Rapsódia sobre um tema de Paganini. Música para milhões! Veja os louvores do Penguin Guide sobre esse disco, pela tradução feita pelo Chat PQP: As performances dessas obras por Jenő Jandó são muito recomendáveis. Ele tem a completa medida das idas e vindas, a fluência da fraseologia rachmaninoviana e o movimento lento é romanticamente expansivo, a reprise particularmente bela, assim como o final tem bastante energia e um sentimento lírico maduro. A Rapsódia é interpretada brilhantemente, tão boa quanto qualquer performance no catálogo.

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Concerto para Piano No. 2 em dó menor, Op. 18

  1. Moderato
  2. Adagio sostenuto
  3. Allegro scherzando

Rapsódia sobre um tema de Paganini, Op. 43

  1. Rapsódia

Jenő Jandó, piano

Budapest Symphony Orchestra

Giőrgy Lehel, regência

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FLAC | 191 MB

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

 

Piano Solo: Aqui a lista de gravações é imensa. Nomes como Beethoven, Mozart, Bach, Schubert, Haydn, Schumann, Liszt, Scarlatti estão por lá. De Beethoven, Mozart, Haydn e Schubert gravou as integrais das sonatas para piano e outras cositas… De Bach há gravações do Cravo Bem Temperado e das Variações Goldberg. De qualquer forma, para mim, a Integral das Sonatas para Piano de Beethoven merece uma referência, mesmo tendo seus montes e vales, como disse o Conde Vassily. Desta coleção escolhi o disco que foi lançado como o Volume 2, com três sonatas que têm apelidos: Waldstein, Tempest e Les Adieux. Mais uma vez, o Penguin Guide: Jenő Jandó oferece aqui três das famosas sonatas, interpretadas com muito prazer, e elas soam bem agradáveis devido à sua abordagem direta.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano No. 21 em dó maior, Op. 53 “Waldstein”

  1. Allegro con brio
  2. Introduzione: Molto Adagio
  3. Rondo: Allegretto Moderato

Sonata para Piano No. 17 em ré menor Op. 31 No. 2 “Tempest”

  1. Largo – Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto

Sonata para Piano No. 26 em mi bemol maior Op. 81a “Les Adieux”

  1. Adagio – Allegro (Les Adieux)
  2. Andante Espressivo (L’Absence)
  3. Vivacissimamente (Le Retour)

Jenő Jandó, piano

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MP3 | 320 KBPS | 146 MB

Alguns dias após está postagem ter ido ao ar, recebemos alguns comentários singelos. Entre eles, uma menção a esse disco, que decidi acrescentar à pequena antologia. Vale!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano No. 8 em dó menor, Op. 13 ‘Pathetique’

  1. Grave – Allegro di molto e con brio
  2. Adagio cantabile
  3. Rondo: Allegro

Sonata para Piano No. No. 14 em dó sustenido menor, Op. 27 No. 2 ‘Ao Luar’

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto agitato

Sonata para Piano No. No. 23 em fá menor, Op. 57 ‘Appassionata’

  1. Allegro assai
  2. Andante con moto
  3. Allegro ma non troppo – Presto

Jenő Jandó, piano

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MP3 | 320 KBPS | 128 MB

Música de Câmara: Jenő era ótimo músico camarístico e há vários discos primorosos nesse gênero. Sonatas para Violino e Piano com Takako Nishizaki, música para violoncelo e piano, de Kodaly, por exemplo, com a violoncelista Maria Kliegel, música para clarinete e piano com o clarinetista Kálmán Berkes. Para essa postagem escolhi uma gravação na qual ele faz parceria com o ótimo Quarteto Kodály, outra instituição da Naxos. Veja os comentários sobre a gravação dos Quintetos com Piano de Schumann e Brahms por esses titulares absolutos do time Naxos. Sobre o Quinteto de Brahms: “Essa ótima gravação da Naxos tem muito a oferecer, mesmo que não inclua a repetição da exposição do primeiro movimento. A execução é ousadamente espontânea e possui muita energia e sentimento expressivo. A abertura do final também possui um certo mistério e, de maneira geral, com uma gravação cheia de corpo e muita presença, isso causa uma forte impressão. Certamente, é uma pechincha.” Sobre o Quinteto de Schumann: “Uma performance fortemente caracterizada do belo Quinteto de Schumann, interpretado por Jenő Jandó e o Quarteto Kodály. Esta é uma interpretação vigorosa, romântica em espírito, e sua espontaneidade é bem transmitida por uma gravação vívida, feita em uma acústica atraente e ressonante.”

Robert Schumann (1810 – 1856)

Quinteto com Piano em mi bemol maior, Op. 44

  1. Allegro Brillante
  2. In Modo D’una Marcia. Un Poco Largamente
  3. Scherzo: Molto Vivace – Trio I – Trio II – L’istesso Tempo
  4. Allegro, Ma Non Troppo

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Quinteto com Piano em fá menor, Op. 34

  1. Allegro Non Troppo
  2. Andante, Un Poco Adagio
  3. Scherzo: Allegro – Trio
  4. Finale: Poco Sostenuto – Allegro Non Troppo – Presto, Non Troppo

Jenő Jandó, piano

Kodaly Quartet

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MP3 | 320 KBPS | 152 MB

 

Música Ligeira: Num outro aspecto da música gravada, decidi trazer esse disco com selo Hungaroton, com música mais leve e despretensiosa – típica do período austro-húngaro, que revela outro aspecto da produção deste verdadeiro maratonista do piano que foi Jenő Jandó. O disco contém peças de Rossini e Schubert arranjadas para piano por Liszt. Rossini era frequentador das soirées nas casas dos abastados Aguado e Rothschild, onde ele geralmente acompanhava trechos mais famosos de suas óperas ao piano. Eventualmente ele acabou compondo novas peças para essas ocasiões. Isso deu surgimento a árias e duetos que foram posteriormente publicadas em ciclos, com o nome Soirées musicales. Liszt gostava bastante dessas peças e acabou fazendo arranjos delas para piano, que é o que ouvimos aqui. Já as Soirées de Vienne foram feitas sobre melodias de Schubert e buscam entreter e encantar.

Arranjos de Ferenc Liszt (1811 – 1886)

Composições de Franz Schubert (1797 – 1828)

Soirées De Vienne

  1. 2 Poco Allegro

Arranjos de Ferenc Liszt

Composições de Gioacchino Rossini (1792 – 1868)

Soirées Musicales R.236: Part One

  1. 1 La Promessa (The Promise) – Canzonetta
  2. 5 Il Rimprovero (Reproach) – Canzonetta
  3. 7 La Partenza (Depart) – Canzonetta
  4. 11 L’Orgia (The Orgy) – Arietta
  5. 3 L’Invito (Invitation) – Bolero
  6. 6 La Pastorella Dell’Alpi (The Shepherdess Of The Alps) – Tirolese
  7. 7 La Gita In Gondola (By Gondola) – Barcarola
  8. 8 La Danza (Dance) – Tarantella Napoletana

Arranjos de Ferenc Liszt

Composições de Franz Schubert

Soirées De Vienne

  1. 7 Allegro Spiritoso

Arranjos de Ferenc Liszt

Composições de Gioacchino Rossini

Soirées Musicales R.236: Part Two

  1. 2 La Regata Veneziana (The Venice Regatta) – Notturno
  2. 8 La Pesca (Fishing) – Notturno
  3. 10 Serenata (Serenade) – Notturno
  4. 12 Li Marinari (The Sailors) – Duetto

Arranjos de Ferenc Liszt

Composições de Franz Schubert

Soirées De Vienne

  1. 8 Allegro Con Brio

Jenő Jandó, piano

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Aproveite e celebre a obra desse grande artista!

René Denon

Chopin / Rachmaninov: Sonatas para Piano Nº 2 + Berceuse + Barcarolle (Grimaud)

Chopin / Rachmaninov: Sonatas para Piano Nº 2 + Berceuse + Barcarolle (Grimaud)

Vi Pollini tocar a Sonata Nº 2, a da Marcha Fúnebre,
dias após a morte de Claudio Abbado. Ele dedicou a interpretação a seu amigo e o que aconteceu depois foi uma coisa do outro mundo. Claro que Grimaud não é culpada disso, mas aquele recital reverbera até hoje em meus ouvidos. O que ela faz está OK, mas Pollini é quem tem uma das gravações de referência, não ela. Hélène Grimaud é uma mulher de fortes ideais.  Como pianista, frequentemente divide o público. Este disco é bastante bom, apesar do Rachmaninov, embora eu realmente pudesse passar sem a vocalização semelhante a de Glenn Gould. Não sei por que os produtores de discos não mandam os artistas ficarem quietos na frente dos microfones. Limite-se a fazer cócegas nos marfins, Hélène. O ponto alto do CD são os Chopins, claro. Esqueça Rach.

Chopin / Rachmaninov: Sonatas para Piano Nº 2 + Berceuse + Barcarolle (Grimaud)

Frédéric Chopin Piano Sonata No. 2 In B Flat Minor, Op. 35 (25:20)
1 – Grave – Doppio Movimento 7:32
2 – Scherzo 6:43
3 – Marche Funèbre. Lento 9:24
4 – Finale. Presto 1:41

Sergei Rachmaninov* Piano Sonata No. 2 In B Minor, Op. 36 (23:13)
5 – Allegro Agitato 9:49
6 – Non Allegro – Lento 7:25
7 – L’istesso Tempo – Allegro Molto 5:59

8 Frédéric Chopin– Berceuse In D Flat Major, Op. 57 5:00

9 Frédéric Chopin– Barcarolle In F Sharp Major, Op. 60 8:33

Piano – Hélène Grimaud

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Cuidado! Ela é faca na bota!

PQP

Viva a Rainha! – As Idades de Marthinha: a Nona Década (2021-) [Martha Argerich, 82 anos]

1941-1950 | 1951-1960 | 1961-1970 | 1971-1980 | 1981-1990 | 1991-2000 | 2001-2010 | 2011-2020 | 2021-

Celebramos mais um aniversário da Rainha, e ela não dá sinais de arrefecer o radiador. Vá lá, volta e meia a assombrosa octogenária nos dá um susto, só para daí voltar com tudo – cancelando um concerto ou outro, naturalmente, como sói acontecer desde que Martha é Martha – e nos fazer sonhar com mais uma década todinha (a nona de sua vida, e a oitava como pianista) com ela a forrar nossos tímpanos de deleite.

Já é meu bem surrado costume cantar-lhe parabéns pelo cumple e celebrar a data gaiatamente, compartilhando presentes gravados pela própria aniversariante. Marthinha segue tão ativa fazendo música  quanto afastada dos estúdios, de modo que todos os novos registros de sua arte, como há já algumas décadas, provêm somente de apresentações ao vivo. Entre as adições à discografia marthinhiana lançadas desde o 5 de junho passado – as quais passo a lhes oferecer a seguir -, apenas uma foi gravada, conforme a promessa do título desta postagem, na nona década de vida da Rainha. Trata-se de um recital em duo com o violinista Renaud Capuçon, gravado no ano passado, em que ela nos serve algumas de suas especialidades: além de uma das sonatas de Schumann, que a mantém entre os poucos grandes intérpretes a prestigiá-las em
seu repertório, ela demonstra seguir afiada como sempre na realização das eletrizantes partes pianísticas da “Kreutzer” e da sonata de Franck.

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105
1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer”
4 – Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Finale. Presto

César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890)
Sonata em Lá maior para violino e piano
7 – Allegretto ben moderato
8 – Allegro
9 – Recitativo – Fantasia. Ben moderato
10 – Allegretto poco mosso

Renaud Capuçon, violino

Gravado ao vivo no Grand Théâtre de Provence em Aix-en Provence (França) em 22 de abril de 2022.

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Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

Neste interessante CD, Marc-André Hamelin interpreta gente como ele, ou seja, compositores-pianistas. OK, quase todos são, mas Hamelin se dedica aos grandíssimos virtuoses que, de vez em quando, achatam suas bundas numa cadeira para compor. O resultado é uma série de obras onde, em sua maioria, são exigidas habilidades demoníacas dos pianistas, o que não é problema para Hamelin, um pianista que parece ter e controlar uns 36 dedos sem se confundir. Há umas coisas decididamente bobas, outras lindas e outras em que a gente fica pensando: como ele consegue tocar essa coisa? Bem coloquemos as coisas em seus devidos lugares: o pianista canadense Marc-Andre Hamelin é um fenômeno, tendo uma série de gravações de tirar o fôlego. Ele se estabeleceu mais ou menos como o maior virtuose do planeta, e este disco só irá aumentar essa reputação — isto não significa que ele seja o melhor, claro. Hamelin faz parte de uma longa linhagem de compositores-pianistas. Alguns compuseram obras de dificuldade sobre-humana para exibir suas próprias proezas e fazer seus colegas se acovardarem, outros o fizeram para se apresentaram em público, ou seja, por razões financeiras (Rachmaninov e Medtner são bons exemplos). Este disco contém uma amostra representativa destes trabalhos, muitos dos quais não foram gravados anteriormente ou pelo menos são difíceis de encontrar. O CD também traz músicas de dois “gênios reclusos”: Charles-Valentin Alkan e Kaikhosru Shapurji Sorabji, ambos homens que produziram obras de desafios técnicos diabólicos enquanto se isolavam de quase todo contato humano e musical.

Marc-André Hamelin interpreta pianistas-compositores (Alkan, Busoni, Feinberg, Godowsky, Hamelin, Medtner, Rachmaninov, Scriabin, Sorabji)

1 Toccata In G Flat Major Op 13
Composed By – Leopold Godowsky
3:18

2 Poème Tragique Op 34
Composed By – Alexander Scriabin*
3:13

3 Etude No 9 (D’après Rossini)
Composed By – Marc-André Hamelin
3:48

4 Etude No 10 (D’après Chopin) (‘Pour Les Idées Noires’) 2:01

5 Schübler Chorale No 6 (transcription)
Composed By – Bach*
Transcription By – Samuel Feinberg*
3:29

6 Andante From Symphony No 94 (transcription)
Composed By – Haydn*
Transcription By – Charles-Valentin Alkan
5:48
Esquisses Op 63
Composed By – Charles-Valentin Alkan
7 No 46: Le Premier Billet Doux 1:05
8 No 47: Scherzetto 2:11

9 Fantasia Nach J S Bach
Composed By – Ferruccio Busoni
13:37

10 Moment Musical In E Flat Minor Op 16 No 2 (Revised Version 1940)
Composed By – Sergei Rachmaninov*
2:45

11 Etude-Tableau In E Flat Op 33 No 4 (Originally No 7)
Composed By – Sergei Rachmaninov*
1:37
Deux Poèmes Op 71
Composed By – Alexander Scriabin*
12 No 1: Fantastique 1:18
13 No 2: En Rêvant, Avec Une Grande Douceur 1:51

14 Berceuse Op 19a
Composed By – Samuel Feinberg*
4:53

15 Improvisation No 1 In B Flat Minor Op 31 No 1
Composed By – Nikolai Medtner
7:02

16 Pastiche On The Hindu Merchant’s Song From ‘Sadko’ By Rimsky-Korsakov
Composed By – Kaikhosru Shapurji Sorabji
4:05

17 Prelude And Fugue (Etude No 12)
Composed By – Marc-André Hamelin

Marc-André Hamelin, piano

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Hamelin aqui na Livraria Bamboletras. Quem dera…

PQP

Rachmaninoff (1873-1943): Rapsódia sobre um tema de Paganini / Falla (1876-1946): Noches en los jardines de España (Rubinstein, piano)

Na postagem de 4 dias atrás (recital de Shura Cherkassky) falei que, no início do século XX, ao piano romântico típico da Europa Oriental se opunha – trata-se aqui de um resumo esquemático, a realidade é sempre mais complexa – o piano francês de intérpretes que se identificavam com o estilo menos grandiloquente do “piano sem martelos” de Debussy. Mais ou menos vizinho e estilisticamente próximo desse grupo de compositores franceses, podemos colocar os nacionalistas espanhóis como Granados, Albéniz e Falla. Todos estes viveram algum período na França, assim como os pintores Picasso e Dalí e o escultor Miró também fizeram carreira e fortuna em Paris.

Nascido em Cádiz, na Andalusia, perto do estreito de Gibraltar e do Marrocos, Falla também viveu em Paris (1907-1914), Madrid (1914-1919) e Granada (1920-1939), antes de ir para a Argentina durante a 2ª Guerra e morrer naquele país. A Espanha que ele evoca nas suas Noites nos jardins de Espanha (1915) é sobretudo aquela da Andalusia, com clima quente, bem próxima da África em termos geográficos, embora também perto de Paris em termos estéticos.

Já a Rapsódia sobre um tema de Paganini, composta por Rachmaninoff em 1934, é a última obra para piano e orquestra do compositor russo. Posterior aos quatro concertos, essa Rapsódia é uma obra no esquema formal de tema e variações, com uma atmosfera romântica menos exagerada do que outras de Rach, mas compartilha com elas a parte difícil e impressionante para piano: um piano muitas vezes percussivo em alternância com momentos mais suaves.

Reiner e Rubinstein

A sinfônica de Chicago, naquela década de 1950, era uma das orquestras mais famosas do mundo. Com o húngaro Fritz Reiner, fizeram grandes gravações às quais os melômanos retornam até hoje (como este disco de música de Bartók tantas vezes reeditado). Há uma história não confirmada – um daqueles boatos ou causos – segundo a qual Reiner teria ficado insatisfeito com a performance de Rubinstein quando gravaram o 2º concerto de Rach, na mesma época em que gravaram a rapsódia, e por isso outras gravações já agendadas do pianista com Reiner em Chicago foram desmarcadas. Não faltaram, é claro, outras grandes orquestras maestros radicados nos EUA para gravarem com ele: na Philadelphia, com Ormandy, ele regravaria por volta de 1970 boa parte de seu repertório (Chopin, Brahms…) e também as Noches de Manuel de Falla. Mas prefiro a gravação desta última obra em 1958, quando o pianista era mais jovem (71 anos) e arriscava alguns fraseados que ele não exibiria quando na casa dos 80. Aqui ele é acompanhado por Enrique Jordá, maestro espanhol que esteve à frente da orquestra de San Francisco de 1954 a 63.

Reiner num dia de bom humor

Eram tempos em que os grandes maestros eram ricos, famosos e intocáveis, frequentemente praticando atos que hoje seriam considerados assédio moral, bullying ou machismo. Não sei afirmar se Reiner era um dos mais extravagantes e assediadores mas, olhando para a cara dele, eu não iria querê-lo como inimigo!

Serguei Rachmaninoff (1873-1943): Rapsódia sobre um tema de Paganini
1-26. Introduction, Theme, Variations I-XXIV
Manuel de Falla (1876-1946): Noches en los jardines de España
27-29. I. En el Generalife – II. Danza lejana/(attacca.) – III. En los jardines de la Sierra de Córdoba

Arthur Rubinstein, piano
Chicago Symphony Orchestra & Fritz Reiner (Rachmaninoff)
Chicago & San Francisco Symphony Orchestra & Enrique Jorda (Falla)

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Mural de Rubinstein em sua Łódź natal, por Eduardo Kobra.

Pleyel

Prokofiev: Concerto Nº 2 para Violino e Orq. / Rachmaninov: Danças Sinfônicas (Laurenceau / Sokhiev / Toulouse)

Prokofiev: Concerto Nº 2 para Violino e Orq. / Rachmaninov: Danças Sinfônicas (Laurenceau / Sokhiev / Toulouse)

Este é um daqueles discos tão bem interpretados — orquestra, solistas, regente — que nos convence de qualquer coisa. O trabalho de Sokhiev e seus pupilos é esplêndido, a captação do som é notável e até Rach fica parecendo muito bom. Falo sério!

O Concerto Nº 2 para Violino de Prokofiev é muito bonito — é uma de minhas músicas preferidas neste mundo –, dois belos movimentos rápidos circundam um sublime e apaixonado movimento central. Pouco antes de seu regresso definitivo à Rússia, em 1935, na mesma época em que trabalhava no balé Romeu e Julieta, Prokofiev compôs este maravilhoso Concerto. Trata-se de sua última obra composta no Ocidente.

Já a composição das Danças — pero no mucho — Sinfônicas permitiu a Serguei Rachmaninov um mergulho nas lembranças de sua antiga Rússia. Última de suas obras, as Danças são como um resumo de sua vida de compositor. De grande variedade rítmica e lirismo, a obra é plena de reminiscências dos cantos da Igreja Ortodoxa Russa e de citações de obras do próprio Rachmaninov, além de Rimsky-Korsakov, Stravinsky e outros.

Serguei Prokofiev — Violin Concerto No.2 In G Minor, Op. 63
Violin – Geneviève Laurenceau
1 – Allegro Moderato
2 – Andante Assai
3 – Allegro, Ben Marcato

Serguei Rachmaninov — Symphonic Dances, Op. 45
4 – Non Allegro
5 – Andante Con Moto (Tempo Di Valse)
6 – Lento Assai – Allegro Vivace – Lento Assai. Come Prima – Allegro Vivace

Geneviève Laurenceau, violin
Orchestre National Du Capitole De Toulouse
Tugan Sokhiev

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Geneviève Laurenceau posando para nosso blog na Cathédrale Athée du Son Moderne de Toulouse (propriedade da PQP Bach Corp.)

PQP

Rachmaninov (1873 – 1943): Études-Tableaux – Nikolai Lugansky, piano ֍

Rachmaninov (1873 – 1943): Études-Tableaux – Nikolai Lugansky, piano ֍

Rachmaninov

Études-Tableaux

Nikolai Lugansky

[2023]

 

Homenagem pelos 150 anos de nascimento de Rachmaninov

Enormous hands

The composer had possibly the largest hands in classical music, which is why some of his pieces are fiendishly difficult for less well-endowed performers. He could span 12 piano keys from the tip of his little finger to the tip of his thumb.

Essa condição de compositor e pianista resultou em muitas obras com piano – quatro concertos, a Rapsódia sobre um tema de Paganini e inúmeras obras para piano solo. Entre estas, várias coleções de peças curtas, como estudos e prelúdios. Aliás, o Prelúdio em dó sustenido menor, Op. 3, 2 foi um dos primeiros grandes sucessos de Rachmaninov.

Nesta postagem comemorativa temos uma gravação recente dos Études-Tableaux (reunidos em duas coleções: Op. 33 e Op. 39). São estudos, mas cada um alude a alguma imagem, cada um tem uma inspiração visual, porém não explicita. Algumas pistas, no entanto, foram deixadas quando Serge Koussevitzky pediu que Rachmaninov selecionasse algumas dessas peças para serem orquestradas por Ottorini Respighi. As peças orquestradas seriam publicadas por Koussevitzky que as estrearia regendo a Boston Symphony Orchestra. Rachmaninov escolheu cinco dos estudos e Respighi os orquestrou, rearranjando a ordem e seguindo fielmente as intenções de Rachmaninov, inclusive mantendo os nomes.

São eles: La foire (A feira), Op. 39 6(7); La mer et les mouettes (O mar e as gaivotas), Op. 39, 2; La chaperon rouge et le loup (Chapeuzinho vermelho e o lobo), Op. 39, 6; Marche funèbre, Op. 39, 7; Marche, Op. 39, 9.

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Études-Tableaux, Op. 33

  1. No. 1 in F Minor (Allegro non troppo)
  2. No. 2 in C Major (Allegro)
  3. No. 3 in C Minor (Grave)
  4. No. 4 in D Minor (Moderato)
  5. No. 5 in E-Flat Minor (Non allegro – Presto)
  6. No. 6 in E-Flat Major (Allegro con fuoco)
  7. No. 7 in G Minor (Moderato)
  8. No. 8 in C-Sharp Minor (Grave)

Etudes-Tableaux, Op. 39

  1. No. 1 in C Minor (Allegro agitato)
  2. No. 2 in A Minor (Lento assai)
  3. No. 3 in F-Sharp Minor (Allegro molto)
  4. No. 4 in B Minor (Allegro assai)
  5. No. 5 in E-Flat Minor (Appassionato)
  6. No. 6 in A Minor (Allegro)
  7. No. 7 in C Minor (Lento lugubre)
  8. No. 8 in D Minor (Allegro moderato)
  9. No. 9 in D Major (Allegro moderato. Tempo di marcia)

3 Pieces

  1. No. 1, Fragments
  2. No. 2, Oriental Sketch
  3. No. 3, Prelude in D Minor

Nikolai Lugansky (piano)

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FLAC | 199 MB

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MP3 | 320 KBPS | 170 MB

Nikolai pronto para autografar seu disco

A crítica ao disco feita pela Gramophone observa que essas coleções não foram criadas para serem tocadas como um ciclo e menciona excelentes interpretações de algumas dessas peças dispersas em recitais por grandes pianistas, como Sviatoslav Richter e Mikhail Pletnev entre tantos. No entanto, tê-los reunidos em uma só gravação por um expoente virtuoso como Nikolai Lugansky (esta é a segunda gravação dele destas peças) tem suas vantagens.

Aproveite!

René Denon

Rachmaninov (1873 – 1943): Peças para Piano – Andrei Gavrilov, piano ֎

Rachmaninov (1873 – 1943): Peças para Piano – Andrei Gavrilov, piano ֎

Rachmaninov

Peças para Piano

Ravel

Gaspard de la nuit

Andrei Gavrilov

 

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

150 anos de nascimento

Este ano de 2023 é particularmente pródigo em efemérides para o compositor, pianista e regente Sergei Rachmaninov. Em 28 de março são 80 anos desde a sua morte, em 1943. Em 1º. de abril são 150 anos desde o seu nascimento, em 1873.

Eu prefiro celebrar o nascimento de Sergei Rachmaninov fazendo algumas postagens de suas músicas com os intérpretes que eu gosto de ouvir. Começaremos com uma coleção de peças curtas – prelúdios, estudos, coisas assim. Para apresentar essas maravilhas da literatura para piano, escolhi um intérprete espetacular.

Capa do lp com o Gaspard de la nuit

Quais são os critérios para reconhecer um grande artista, digamos, um grande pianista? Precocidade? Demonstrar habilidades desde a mais tenra infância? Bem, Andrei Gavrilov começou a estudar piano com sua mãe (dele, lá) aos dois anos (!?!!).

Ser aceito nas instituições reconhecidas? Pois Gavrilov foi aceito na Escola Central de Música de Moscou aos 6 anos e posteriormente completou seus estudos no Conservatório de Moscou.

Ganhar prêmios importantes? Veja que ele ganhou o Concurso Internacional de Piano Tchaikovsky aos 18 anos! Foi aclamado neste mesmo ano no Festival de Salzburgo, substituindo ninguém menos do que Sviatoslav Richter.

Ter o reconhecimento de seus pares? O enorme, imenso Sviatoslav Richter foi um destes. As gravações das Suítes de Handel feitas por eles – alternadamente – são famosíssimas.

Andrei Gavrilov

Sim, Andrei Gavrilov é um pianista espetacular, mas também um bocado de drama e suspense fazem parte. Em 1979 ele era esperado para gravações em Berlim com o kaiser Karajan, mas não apareceu nem para os ensaios. De volta em Moscou caíra em desgraça, tivera o passaporte cancelado e estava praticamente em prisão domiciliar com agentes vigiando as portas. Essa situação perdurou até 1984, quando a intervenção de Mikhail Gorbachev ocorreu. Finalmente Gavrilov poderia se mover pelo mundo gravando e dando concertos. Gravou ótimos discos para a EMI e, posteriormente, também para o selo amarelo.

Lamentavelmente, em 1993 ele interrompeu sua carreira de apresentações e gravações. Assim como ocorre eventualmente com alguns artistas, a intensidade das atividades pesou demasiadamente. Este disco (a parte do Rachmaninov) foi gravado pela EMI em Moscou, em associação com a gravadora russa Melodia e foi lançado em 1984. As faixas bônus (o adendo Gaspard de la nuit, de Ravel) fez parte originalmente de um álbum de 1978.

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

  1. Prelúdio em si bemol maior, Op. 23, 2
  2. Prelúdio em fá sustenido menor, Op. 23, 1
  3. Étude-tableau em fá sustenido menor, Op. 39, 3
  4. Prelúdio em mi bemol maior, Op. 23, 6
  5. Prelúdio em sol sustenido menor, Op. 32, 12
  6. Prelúdio em sol menor, Op. 23, 5
  7. Élégie em mi bemol menor, Op. 3, 1
  8. Moment musical em si menor, Op. 16, 3
  9. Moment musical em mi menor, Op. 16, 4
  10. Moment musical em ré bemol maior, Op. 16, 5
  11. Moment musical em dó maior, Op. 16, 6
  12. Étude-tableau, Op. 39, 5

Maurice Ravel (1875 – 1937)

Gaspard de la nuit
  1. Ondine. Lent
  2. Le Gibet. Très lent
  3. Scarbo. Modéré

Andrei Gavrilov, piano

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O sorriso de Sergei

Apesar de seu enorme sucesso, inclusive financeiro, Rachmaninov raramente sorria ao ser fotografado. Muito alto e sempre sisudo, foi certa vez chamado por Stravinsky de ‘dois metros de melancolia russa’ ou algo assim. Sempre se perde um pouco na tradução, vocês sabem…

Apesar disso, ele morava em uma mansão em Beverly Hills e era apaixonado por carros e barcos de corrida. Foi o primeiro do bairro a comprar um automóvel.

Aproveite!

René Denon

 

Sergei Rachmaninoff (1873-1943): Sonata para Piano nº 2, Prelúdios, Etudes-Tableaux (Kocsis)

–150 anos de Rachmaninoff–

Sem alcançar a mesma quantidade de fãs de Martha Argerich ou Maurizio Pollini, o pianista húngaro Zoltán Kocsis foi respeitado por colegas e especialistas como um dos grandes intérpretes do repertório da virada do século XIX para o XX: foram muitas gravações de Debussy, Ravel, Rach, Bartók e Liszt pela Philips nas décadas de 1980 e 90. A partir de 1997 se dedicou mais à regência, fazendo gravações orquestrais também elogiadas até a sua morte precoce em 2016.

Nesse álbum dedicado ao piano solo de Rachmaninoff, Kocsis faz um recital com obras de vários tipos, ao contrário de outras gravações que contemplam, por exemplo, o conjunto dos Etudes-Tableaux (estudos-quadros, em francês, nome que aponta ao mesmo tempo para Chopin e para os chamados impressionistas). Com uma intensidade que lembra a de Horowitz, Kocsis leva a sério indicações como allegro assai (muito alegre, no Etude-Tableau Op. 39 nº 4) e allegro agitato (alegre agitado, no 1º movimento da Sonata).

Há outras interpretações possíveis: por exemplo as gravações de Rach pelo pianista inglês Steven Osborne – Etudes-Tableaux em 2017, Sonata nº 1 em 2020 – são mais calmas, suaves e contemplativas. Um dia elas ainda aparecerão por aqui. Mas o prato de hoje é o Rach de Kocsis, servido bem quente e com pimenta.

Estreada em 1913, a 2ª sonata de Rach foi depois revisada pelo compositor, que cortou algumas passagens, reduzindo a duração em alguns minutos e simplificando certas passagens difíceis. Mas Kocsis toca aqui a versão original, com todos os exageros desse compositor romântico tardio.

Sergei Rachmaninoff (1873-1943):
1. Prelude for piano No.20 in A major, Op. 32/9
2. Prelude for piano No.2 in F sharp minor, Op. 23/1
3. Etudes-Tableaux, for piano, Op. 39: No. 4 in B minor
4. Morceaux de fantaisie (5), for piano, Op. 3: 3. Mélodie
5. Prelude for piano No.21 in B minor, Op. 32/10
6. Prelude for piano No.8 in C minor, Op. 23/7
7. Prelude for piano No.17 in F minor, Op. 32/6
8. Etudes-Tableaux, for piano, Op. 33: No. 1 in F minor
9. Etudes-Tableaux, for piano, Op. 39: No. 7 in C minor
10. Prelude for piano No.13 in B flat major, Op. 32/2
11. Morceaux de fantaisie (5), for piano, Op. 3: 5. Sérénade
12. Piano Sonata No. 2 in B flat minor, Op. 36: I. Allegro agitato
13. Piano Sonata No. 2 in B flat minor, Op. 36: II. Non allegro – Lento
14. Piano Sonata No. 2 in B flat minor, Op. 36: III. Allegro molto

Zoltán Kocsis – piano
Recorded: 1994

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O Sergei…

Pleyel

J. S. Bach / Brahms / Chopin / Rachmaninov / Domenico Scarlatti / Schubert / Schumann: Yara Bernette – Encores – Semana do Dia Internacional da Mulher

Nota: esta postagem, assim como todas as demais com obras de Heitor Villa-Lobos, não contém links para arquivos de áudio com obras do gênio brasileiro, pelos motivos expostos AQUI


Uma semana de celebrações por conta do Dia da Mulher não poderia deixar de prestar reverência a um território específico de excelência no nosso panorama musical: o piano. A galeria de pianistas brasileiras é uma verdadeira constelação que atravessa gerações: Guiomar Novaes, Magda Tagliaferro, Cristina Ortiz, Eliane Rodrigues, Erika Ribeiro, Diana Kacso, Linda Bustani, Clara Sverner, Menininha Lobo, Mariinha Fleury, Anna Stella Chic, Eudóxia de Barros, Felicja Blumental (nascida na Polônia, naturalizada brasileira), Rosana Martins…

Entre elas, uma estrela brilha com particular intensidade, por conta de sua sonoridade singular: estamos falando de Yara Bernette (1920-2002), uma artista de carreira tão impecável quanto longeva: foram mais de 4.000 concertos e recitais, ao longo de quase sete décadas. Uma vida inteira dedicada ao instrumento.

O verbete dedicado a ela na Enciclopédia do Instituto do Piano Brasileiro, escrito por Marcia Pozzani, está bem completo e rico em informações – vale a leitura. Para atiçar um pouco a curiosidade, no entanto, deixo um trecho de uma crônica escrita por Tarsila do Amaral (recolhida no livro Tarsila Cronista, organizado por Aracy Amaral e publicado pela Edusp em 2001). Ela relata uma história contada para ela pela própria Yara, quando se vira em apuros ao estar sem uma partitura para um concerto no Canadá. É um delicioso relato do frisson causado pela pianista, que a levaria inclusive até a glória de ter o selo dourado da Deutsche Grammophon estampado na capa de seus discos:

       ” (…) Nisso bate alguém na porta. Aparece um velhinho simpático – o maior crítico musical do Canadá – com uma música na mão e diz: “Miss Bernette, desculpe incomodá-la justamente agora, mas estou curioso por saber se a ‘Chaconne’ que a senhora vai tocar é desta edição”. Yara Bernette diz ao anjo que os céus lhe enviaram: “Peço-lhe deixar aqui a música. No primeiro intervalo conversaremos”. Deu-se o milagre. E o mais interessante é que o crítico não costumava levar música aos concertos. Apenas abriu a primeira página, foi chamada para o palco. Nunca tocou tão bem como naquela noite. O crítico musical, A. A. Alldrick, que a salvara sem o saber, dedicou-lhe excepcionalmente dois artigos ao invés de um, como de costume, afirmando no Winnipeg Free Press: “O recital de Yara Bernette foi um acontecimento fascinante… Yara Bernette é obviamente uma artista do calibre de ‘uma entre mil’. 
       Ao terminar a narrativa a grande pianista me diz: “Desde então, sinto que existe na minha carreira artística uma proteção divina”.
       Mais tarde num de seus inúmeros concertos, dizia o crítico Irving Kolodin no New York Sun: “Miss Bernette, prendendo a atenção dos ouvintes, fez com que a versão da ‘Chaconne’ de Bach  por Busoni valesse a pena de ser ouvida. Isso acontece uma vez por temporada e essa vez coube a Miss Bernette na sua execução definitiva”.
       Na sua tournée pelo México, disse o crítico musical do Excelsior: “Há muito não ouvíamos uma pianista do seu calibre, e também há muito tempo nenhum outro pianista havia interessado tanto os críticos nem obtido tantos elogios”.
       O New York Post exclama: “Tirem os chapéus, senhores! Miss Bernette é a última e irresistível palavra”, enquanto o New York Sun comenta: “Talentos pianísticos deste calibre têm raros similares”. (…)”

Flavio de Carvalho, “Retrato de Yara Bernette”, óleo sobre tela, 1951

O disco que apresento nesse post – gravado em 1995, já nos últimos anos de vida de Yara, no auge de sua maturidade – evoca essas antigas turnês, já que reúne uma série de peças que ela costumava tocar como bis (ou encore, em francês) em seus concertos e recitais. São peças emblemáticas do repertório pianístico, que refletem as preferências da artista. As interpretações são puro deleite; é um disco a que retorno, de tempos em tempos, há muitos anos.

Lançado em comemoração pelos 75 anos da pianista, o álbum foi gravado em fevereiro de 1995 no Teatro Cultura Artística, no centro de São Paulo, em um dos Steinways que faziam parte do acervo da casa. Tragicamente, o piano queimou junto com o teatro no dantesco incêndio que o consumiu em 17 de agosto de 2008. São, portanto, memórias fonográficas de um tempo que um universo que já nos deixou.

Áudio da apresentação de Yara Bernette na TV Excelsior, em 1961, tocando Debussy e Chopin. Créditos, como de praxe, para o espetacular Instituto Piano Brasileiro

Viva Yara Bernette!

Karlheinz

 

1. Domenico Scarlatti (transcr. Carl Tausig) – Pastorale
2. Domenico Paradies – Sonata em Lá – Tocata
3. J. S. Bach (transcr. W. Kempff) – Sonata BWV 1.031 – Siciliano
4. Felix Mendelssohn – Rondó Capriccioso, op. 14
5. Felix Mendelssohn – Scherzo, op. 16 no. 2
6. Robert Schumann – Cenas Infantis, op. 15 no. 7 – Rêverie
7. Robert Schumann – Cenas da Floresta, op. 82 no. 7 – O pássaro profeta
8. Johannes Brahms – Intermezzo, op. 117 no. 2
9. Frederic Chopin – Mazurka, op. 7 no. 3
10. Frederic Chopin – Mazurka, op. 17 no. 4
11. Frederic Chopin – Mazurka, op. 24 no. 4
12. Frederic Chopin – Estudo póstumo no. 1
13. Frederic Chopin – Noturno, op. 48 no. 1
14. Frederic Chopin (transcr. Franz Liszt) – Canção polonesa, op. 74 no. 5 – Minhas alegrias
15. Claude Debussy – Segundo Caderno – Prelúdio no. 7 – La Terrasse des Audiences du Clair de Lune
16. Sergei Rachmaninoff – Prelúdio, op. 32 no. 5
17. Sergei Rachmaninoff – Prelúdio, op. 32 no. 10
18. Sergei Rachmaninoff – Prelúdio, op. 32 no. 12
19. Heitor Villa-Lobos – Suíte Prole do Bebê no. 1 – O Polichinelo

Yara Bernette, piano

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Rachmaninov (1873 – 1943) • Scriabin (1872 – 1915) • Ligeti (1923 – 2006) • Prokofiev (1891 – 1953): Yuja Wang – Recital de Berlim (2018) • PQP-Originals ֍

Rachmaninov (1873 – 1943) • Scriabin (1872 – 1915) • Ligeti (1923 – 2006) • Prokofiev (1891 – 1953): Yuja Wang – Recital de Berlim (2018) •  PQP-Originals ֍

Rachmaninov • Scriabin

Ligeti • Prokofiev

Peças para Piano

Yuja Wang

 

 

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

150 anos de nascimento

&

György Ligeti (1923 – 2006)

100 anos de nascimento

O pessoal do PQP Bach Pâtisserie Gourmet caprichou no bolo do Ligeti!

Mais uma postagem comemorativa, agora com dois homenageados! Para prestar essa homenagem trazemos a reedição de uma postagem feita pelo PQP Bach em 2020 – o Recital de Berlim de Yuja Wang (2018).

Yuja Wang é uma pianista sensacional e coloca aqui toda a sua arte a brilhar em um programa que demanda certa atenção do ouvinte, pois foge do óbvio.

Aqui está o texto da postagem original e o selo da série PQP-Originals:

 

Yuja Wang e Khatia Buniatishvili são livres para se vestirem como quiserem. É justo. Mas boa parte do público as conhece mais através das pernas de uma e dos seios e costas da outra do que por suas qualidades musicais. É injusto. Wang é efetivamente uma tremenda pianista, mas creio que o mesmo não se possa dizer de Buniatishvili, uma instrumentista que aposta apenas na emoção. Para comprovar o que digo, este CD da DG venceu vários prêmios de melhor disco eruditosolo de 2019. Isto é, Wang merece ser ouvida. O Ligeti e o Prokofiev dela são sensacionais. Já Rachmaninov e Scriabin são compositores tão estranhos a meu gosto que não vou falar. A 8ª Sonata de Prokofiev é notavelmente interpretada. Como Sviatoslav Richter, ela consegue integrar o poder e o lirismo que caracterizam os longos movimentos externos. Ao manter o Andante sognando estável, elegante e discreto, os toques expressivos de Wang tornam-se ainda mais significativos. Dos três Estudos de Ligeti, o Vertige é o melhor, e raramente soou tão suave e transparente.

Decidi fortalecer o pacote adicionando ao arquivo musical mais dois Estudos de Ligeti e uma outra Sonata para Piano de Scriabin, que fazem parte de um outro disco de Yuja Wang, chamado Sonatas e Estudos, postado também pelo PQP Bach, em 2016.

Assim temos um pacote com peças bastante representativas dos dois homenageados que certamente lhe abrirão o apetite por mais e umas sonatas para piano de dois conterrâneos e bem conhecidos de Rachmaninov. As Sonatas de Scriabin estão espetaculares e a interpretação da Sonata de Prokofiev foi elogiada pelo PQP Bach!

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

  1. Prelude Op. 23 No. 5 em sol menor
  2. Etude-Tableaux, Op. 39, No. 1 em dó menor
  3. Étude-Tableaux, Op. 33, No. 3 em dó menor
  4. Prelude Op. 32 No. 10 em si menor

Alexander Scriabin (1872 – 1915)

  1. Sonata para Piano No. 10, Op. 70

György Ligeti (1923 – 2006)

Études Pour Piano

  1. No. 3 “Touches bloquées”
  2. No. 9 “Vertige”
  3. No. 1 “Désordre”
  4. No. 4 “Fanfares” (Faixa Extra)
  5. No. 10 “Der Zauberlehrling” (Faixa Extra)

Alexander Scriabin (1872 – 1915)

Sonata para Piano No. 2 em sol sustenido menor “Sonate-Fantasie”

  1. Andante (Faixa Extra)
  2. Presto (Faixa Extra)

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Piano Sonata No. 8 in B flat major, Op. 84

  1. Andante dolce
  2. Andante sognando
  3. Vivace

Yuja Wang, piano

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As peças de Rachamaninov são dois famosos Prelúdios, peças com as quais ele ganhou a atenção do mundo musical bem no início da carreira, além de dois Estudos-Tableau. Ou seja, estudos, mas que também contam uma história. Eu sempre tomo como referência algumas das peças de Mussorgsky, que compõem a suíte Quadros de Uma Exposição.

Aproveite!

Luminosa!

As postagens originais:

Chopin · Scriabin · Liszt · Ligeti: Sonatas para Piano e Estudos

Rachmaninov / Scriabin / Ligeti / Prokofiev: The Berlin Recital (Yuja Wang)

PQP Bach Quizz: Qual ator você escolheria para fazer o papel de György Ligeti?

Brahms: Sonata Nº 1 para Violoncelo e Piano e Trio para Clarinete, Violoncelo e Piano / Rachmaninov: Sonata para Violoncelo e Piano (Wang, Ottensamer, Capuçon)

Mais um CD recente com obras de Brahms, e que CD, senhores !!! Sempre é bom sangue novo se aventurando por estas plagas.

Impossível ouvir esse CD sem um sorriso, esse repertório é único, quase perfeito, eu diria. Juntar as Sonatas para Violoncelo de Brahms e de Rachmaninov e o Trio para Clarinete do mesmo Brahms resultou em um CD lindíssimo, romântico até as veias. A parceria da pianista Yuja Wang com o violoncelista Gautier Capuçon novamente rendeu belos frutos, e temos aqui uma interpretação enxuta, correta, e principalmente em se tratando desse repertório, nada de excessos.

A Sonata nº1 de Brahms, para Violoncelo e Piano é uma de minhas obras favoritas desse compositor, e exige dos musicos muita concentração. Ela é intensa, dramática, por vezes temos a impressão de que o violoncelo está quase chorando, em um lamento. Ambos instrumentos tem voz própria, em uma espécie de diálogo, e nenhum deixa o outro ‘falando sozinho’. Já ouvi essa obra dezenas de vezes, e a cada audição descubro novos detalhes, nuances, nada ali é por acaso, como é característica na obra de Brahms.

A segunda obra que temos nesse CD é a Sonata para Violoncelo de Rachmaninov. Uma curiosidade aqui é que é a segunda vez que Capuçon grava essa obra, a primeira foi acompanhando sua então esposa, a pianista Gabriela Montero. E assim como no CD anterior da dupla Wang / Capuçon, onde interpretam Chopin e Franck, a química entre eles continua forte, seja no Brahms, seja no Rachmaninov. Com certeza são dois dos maiores intérpretes de seus instrumentos na atualidade.

O Trio para Clarinete dispensa apresentações, é uma das obras principais de Brahms, uma obra prima indiscutível. Tenho muitas boas lembranças relacionadas a essa obra. Uma delas é a de uma ensolarada tarde de um sábado ou domingo, em um verão de minha juventude, morando sozinho na selva de concreto paulistana. Nos fundos da casa que dividia com outra pessoa havia uma varanda, e dali eu tinha uma bela visão do Bairro da Aclimação. Eu tinha um belo panorama do bairro, e a lembrança que me vem é de estar ali sentado, em um final de tarde, ouvindo esse Trio e vendo a noite chegar, e as luzes irem se acendendo nas casas e prédios da vizinhança. Foi uma época difícil de minha vida, amores mal resolvidos e a vontade de largar tudo e voltar para a sombra familiar, o que acabou acontecendo. A sensação de solidão que me invadia nessa época era compensada pela música, principalmente a de Brahms. Hoje, passados trinta anos, posso dizer que foi um período de transição na minha vida, tomadas de decisão são difíceis quando temos pouco mais de vinte anos de idade, e as incertezas são muitas.  E a música de Brahms foi com certeza a trilha sonora daquela época.

Cello Sonata No. 1 In E Minor, Op. 38
Composed By – Johannes Brahms
1 I. Allegro Non Troppo
2 II. Allegretto Quasi Menuetto
3 III. Allegro. Piu Presto

Cello Sonata In G Minor, Op. 19
Composed By – Sergei Vasilyevich Rachmaninoff
4 I. Lento. Allegro Moderato
5 II. Allegro Scherzando
6 III. Andante
7 IV. Allegro Mosso

Clarinet Trio in A Minor, Op. 114
Composed By – Johannes Brahms
8 I. Allegro
9 II. Adagio
10 III. Andantino Grazioso
11 IV. Allegro

Yuja Wang – Piano
Gautier Capuçon – Cello
Andreas Ottensamer – Clarinet

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FDP

Vários Compositores: Murray Perahia – Dois álbuns incomuns! ֍

Vários Compositores: Murray Perahia – Dois álbuns incomuns! ֍

 

 

 

 

 

 

Entre 1973 e 1989 os colecionadores de LPs e, posteriormente CDs, especialmente aqueles que apreciavam música para piano, puderam colecionar uma série de ótimos discos, lançados pelo selo CBS Masterworks e, posteriormente Sony. Eram álbuns trazendo o solista Murray Perahia, que ficava melhor a cada disco, mas sempre em repertório bastante clássico: Schumann, Chopin, Schubert, Mozart (a série de Concertos para Piano, com a ASMF). Havia também Mendelssohn (incluindo os Concertos para Piano) e, um pouco depois, Beethoven. Algumas Sonatas para Piano e a série dos Concertos para Piano, acompanhado pela Orquestra do Concertgebouw, regida por seu titular – Bernard Haitink. Além desses, esporádico Bartók, um Quarteto com Piano de Brahms, com o Quarteto Amadeus, e a dobradinha de Concertos para Piano de Schumann e Grieg. Aqui, a Orquestra da Rádio Bávara regida por Sir Colin Davis.

Este fluxo de belezuras, que seguiria depois com mais outras maravilhas, como o disco das Baladas de Chopin, o das Sonatas para Piano de Mozart, e de algumas tantas parcerias, foi turbilhonado em 1990 e 1991 por dois discos fora da curva – não em qualidade técnica ou beleza sonora, mas sim na escolha do repertório. Em 1990 foi lançado o disco The Aldeburgh Recital, com as Variações em dó menor, de Beethoven, o Carnaval de Viena, de Schumann e … tá dam… Liszt e Rachmaninov. E em 1991, um disco com o Prelúdio, Coral e Fuga, de César Franck e mais Liszt. Muito bem, são estes os discos da postagem.

Depois, o fluxo retomou sua regularidade, com bons discos de parcerias. Aliás, quando se juntava em parceria era sempre de nível excelente – Sir Georg Solti e Radu Lupu, ao piano, acompanhou Dietrich Fischer-Dieskau em uma gravação do Winterreise, o remake do Concerto de Schumann, agora com Claudio Abbado regendo a Berliner Philharmoniker. Aí vieram os discos com música mais antiga. Primeiro o maravilhoso álbum com música de Handel e Scarlatti, depois Bach – Suítes Inglesas, Variações Goldberg, Concertos para Piano, Partitas! Ah, as Partitas! E, para não dizer que tenha deixado de lado os clássicos, um e outro disco de Beethoven (ainda na Sony), o espetacular disco dos Estudos de Chopin e o tremendo disco com música de Brahms – Variações sobre um tema de Handel. Houve a mudança de casa, as Suítes Francesas, de Bach, inaugurando o selo amarelo, e finalmente o disco com a Hammerklavier e a Ao Luar. A qualidade sempre muito alta, mas os hiatos passaram a ser grandes – houve o ferimento no dedo com as complicações que seguiram. Mas essa lengalenga toda é para enfatizar o quanto os dois discos desta postagem são estranhos no ninho. A música de César Franck, Rachmaninov e Liszt não mais voltaram a frequentar os discos de Murray Perahia. Como essas peças foram para aí? A resposta tem a ver com Vladimir Horowitz.

Murray Perahia tinha 17 anos quando Horowitz bateu na porta de sua casa e disse: Poderia falar com o Sr. Perahia? Murray respondeu: Vou chamar meu pai. Não, respondeu Volodya, eu quero falar com Murray Perahia. Eu sou o Sr. Horowitz. O jovem Perahia ainda não havia realmente entendido de quem se tratava. A casa ficava em Nova Iorque, no bairro do Bronx, com muitos judeus. Todo o mundo se chamava Horowitz lá, disse Perahia na entrevista em que contou esta história.

Murray Perahia ainda não havia se decidido completamente pela carreira de pianista e enrolou. Horowitz esperou mais treze anos para finalmente aproximar-se de Murray Perahia, ganhar a sua amizade e tornar-se seu professor. Neste tempo, ele já era famoso e tinha uma carreira estabelecida. Era o pouco que faltava para definitivamente estabelecer Perahia como o pianista especialíssimo que ele tem sido.

Sobre essa experiência, Murray disse: Nós exploramos o piano ‘virtuoso’. Quando se aprende as cores que o piano pode oferecer, se descobre também o escopo do que se pode alcançar ao tocar o piano.

Horowitz lhe disse: Se você quer ser mais do que um virtuoso, primeiro você precisa se tornar um virtuoso!

Creio que esses dois discos são resultado dessa experiência, de chegar lá e depois ir além…

The Aldeburgh Recital

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

32 Variações para piano em dó menor, WoO 80

Robert Schumann (1810 – 1856)

Carnaval de Viena, Op. 26

Franz Liszt (1811 – 1886)

Rapsódia Húngara No. 12

Consolação No. 3

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Etude-Tableaux Op. 33, No. 2 em dó maior

Etude-Tableaux Op. 39, No. 5 em mi bemol menor

Etude-Tableaux Op. 39, No. 6 em lá menor

Etude-Tableaux Op. 39, No. 9 em ré maior

Murray Perahia, piano

Faixas Extras

Consolação No. 3

(do álbum Horowitz em Moscou)

Etude-Tableaux Op. 33, No. 2 em dó maior

Etude-Tableaux Op. 39, No. 5 em mi bemol maior

Etude-Tableaux Op. 39, No. 5 em mi bemol menor

Etude-Tableaux Op. 39, No. 9 em ré maior

(do Álbum Horowitz plays Rachmaninov & Liszt)

Vladimir Horowitz, piano

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MP3 | 320 KBPS | 175 MB

Volodya avistando a turma do PQP Bach na plateia de um de seus concertos…

Murray Perahia plays Franck & Liszt

César Franck (1822 – 1890)

Prelúdio, Coral e Fuga

Franz Liszt (1811 – 1886)

Valsa Mefisto No. 1

Soneto No. 104 de Petrarca (Anos de Peregrinação – Itália)

Estudo de Concerto No. 1 ‘Waldesrauschen’

Estudo de Concerto No. 2 ‘Gnomenreigen’

À Beira de Uma Fonte (Anos de Peregrinação – Suíça)

Rapsódia Espanhola

Murray Perahia, piano

Extra:

Valsa Mefisto No. 1

(do álbum Horowitz em Moscou)

Soneto No. 104 de Petrarca (Anos de Peregrinação – Itália)

(do álbum Horowitz plays Liszt)

Vladimir Horowitz, piano

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De uma entrevista dada à Bruce Duffie:

BD:    Do you play differently for the microphone than you do for a live audience?

MP:    I think yes.  There’s an excitement that goes into a live concert that’s very hard to capture in a recording.  Sometimes it works; sometimes it goes.  It’s not to say that it’s impossible, but I do find that it’s different to play for an audience.

Sergei Rachmaninov (1873-1943) – Symphony No. 3 in A minor, Op. 44 e Symphonic Dances, Op. 45

Rachmaninov é daqueles compositores que despertam admiração ou indiferença. Há quem goste de seu romantismo tardio, do seu estilo incomum. Seus concertos para piano, certamente, são sua carta de apresentação. São difíceis. Complexos. Sofisticados. Rach fez fama com eles. Eu, particularmente, gosto de suas composições orquestrais, principalmente das três sinfonias. Sempre que escuto seus trabalhos orquestrais fico com a impressão de que estou caminhando numa noite fria e estrelada. Seus críticos sempre apontaram para esse efeito melancólico, monótono, com melodias artificiais. Do alto de minha simplicidade, não entendo as coisas dessa forma. Prefiro pensar em uma escolha estética por parte do compositor.

Neste disco, acredito que tenhamos uma boa oportunidade para conhecer um pouco do seu mundo singular, plácido, como um lago gelado. Sob a regência de Lorin Maazel ainda no início dos anos 80, temos dois trabalhos de grande importância – a “Sinfonia nº 3” e a famosa e invulgar “Danças Sinfônicas”, um dos seus mais maduros e conscientes trabalhos. A “Sinfonia nº 3” foi escrita nos anos de 1935 e 1936, no período em que o compositor se encontrava feliz, próximo ao lago de Lucerna, na Suíça. Estreou em 1936, sob a regência de Leopold Stokowski. Desde a primeira execução, dividiu opiniões: há quem goste dela (opinião mais corriqueira nos dias de hoje) e houve quem a achasse “uma decepção”. Rachmaninov, por sua vez, possuía um carinho especial por esse trabalho. Talvez, essa impressão fosse resultado do período em que esteve feliz entre lagos cristalinos e as paisagens inefáveis da Suíça. O trabalho revela o estilo empregado pelo compositor na fase final de sua vida. Há uma preocupação com certos timbres e um notável emprego de detalhes do mundo russo, o que torna as suas composições em algo muito peculiar.

“Danças Sinfônicas” é considerada a última obra de Rachmaninov. Talvez, seja obra em que mais ele derramou reminiscências e lirismo. É uma obra cuja sofisticação orquestral está permeada pela saudade. Nota-se a presença intensa de temas russos, ligados à tradição de sua terra. A obra foi escrita em 1940 e, embora vivesse tranquilamente nos Estados Unidos, a Europa estava sendo abalada pela Guerra. Uma das filhas de Rachmaninov se encontrava na França, que estava sob a iminência de invasão pelos alemães. Estes elementos, certamente, influíram nos motivos de composição do trabalho. Rachmaninov atribui grande importância aos metais ao longo da obra. As melodias são evocativas. Ficam a oscilar, fazendo reviver insinuantes tragos nostálgicos. O segundo movimento é, sem sombras de dúvida, raveliano. Nota-se a influência de “La Valse”, do compositor francês. A parte final do trabalho insinua-se de forma poderosa, sofisticada. Os timbres são explorados habilidosamente, criando uma experiência emocional bastante impactante.

Podemos afirmar que é um belíssimo disco, mesmo com todas as críticas ao compositor. É importante conhecer a sua música com fortes pendores emocionais. Sua nostalgia gelada provoca bem-estar em mim. Deve ser, por isso, que sempre volto de forma humilde e reservada para caminhar com as mãos nos bolsos nas noites frias e estreladas da música de Rachmaninov.

Sergei Rachmaninov (1873-1943) –

Symphony No. 3 in A minor, Op. 44
01. I. Lento – Allegro moderato – Allegro
02. II. Adagio ma non troppo – Allegro vivace
03. III. Allegro – Allegro vivace

Symphonic Dances, Op. 45
04. I. Non allegro
05. II. Andante con moto (Tempo di valse)
06. III. Lento assai – Allegro vivace – Lento assai come prima

Berliner Philharmoniker
Lorin Maazel, regente

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Rach preocupado com as contas do mês, mas sem esquecer a partitura

J. S. Bach (1685-1750): Transcrições – Gordon Fergus-Thompson, piano ֎

J. S. Bach (1685-1750): Transcrições – Gordon Fergus-Thompson, piano ֎

 

Bach

Transcrições

Gordon Fergus-Thompson

 

 

Traduttore – traditore, diria Umberto Eco, um autor largamente traduzido e um tradutor extremamente prolífico. Quando alguém traduz, precisa inventar, recriar, e, portanto, trair. Mas não fossem as traduções, quantas obras-primas ficariam restritas aos seus espaços culturais de origem? Não resisto a fazer um paralelo entre a literatura e a música e, guardadas as devidas proporções, o mesmo ocorreu com Johann Sebastian Bach.

Fico imaginando a avidez com que ele deve ter devorado as partituras de músicas italianas e francesas – Vivaldi e tantos outros – levadas pelo príncipe Johann Ernst, sobrinho do Duque de Saxe-Weimar, para esta corte, em sua visita por lá, por volta de 1713, após viajar pela Bélgica e Holanda.

Bach e seu amigo Telemann seguiam o conceito de imitatio e aemulatio,o princípio da imitação inicial, passando então a um estágio de desenvolvimento que buscava superar a imitação – vide o Concerto Italiano.

Bach começou a copiar as obras italianas e ao mesmo tempo passou a arranja-las, transcrevê-las para os seus próprios instrumentos – o cravo e o órgão.

Isso certamente legitima todos os compositores, maiores e menores, que se debruçaram sobre suas obras e as estudaram e as transcreveram, relendo-as segundo suas próprias perspectivas artísticas e seus próprios talentos. Com isso, as tornaram ainda mais acessíveis e as disponibilizaram para um público maior.

Algumas peças de Bach – a Chaconne da Partita em ré menor para violino eu conheci primeiro na transcrição feita por Ferruccio Busoni, para piano, peça que abre este disco. Algumas transcrições são mais traidoras, assim como esta Chaconne de Busoni, que parece maior, mais tonitruante, do que a peça original, para violino solo. Mas, quem sabe se essa mesma não seria uma transcrição de uma peça ainda mais anterior, para órgão?

Capitão Nemo verificando se a afinação do órgão estava adequada…

Outras guardam mais a singeleza do original, como ocorre nas transcrições feitas por Dame Myra Hess (Jesus, Alegria dos Homens…) e pelo incansável Wilhelm Kempff (Siciliano). Se o seu coração não se derreter com As Ovelhinhas Podem em Segurança Pastar, transcrição de Christopher Le Fleming, pode ir correndo fazer um exame no cardiologista mais próximo, pois que ele se transmutou em pedra.

A Suíte de Rachamaninov, arranjada de três peças da Partita em mi maior, vai surpreender muita gente, que associa este compositor aos arroubos românticos e acordes inalcançáveis.

E para arrematar, imagine o Capitão Nemo, tendo que ficar alguns dias em um porto, sem poder se deliciar com os sons do órgão, esperando uma completa revisão no Nautilus. É claro, ele alugaria um flat com um piano e atacaria a Toccata e Fuga em ré menor, na transgressão de Ferruccio Busoni, assim como está na peça que arremata o disco.

Este é um entre muitos discos com transcrições das obras de Bach para piano que tenho ouvido. Pretendo postar alguns mais, acrescentando mais insultos à esta injúria… O pianista da vez é inglês e bem conhecido por suas gravações das obras de Ravel, Debussy e Scriabin. Ele é atualmente professor do Royal College of Music de Londres.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Transcrições:

Ferruccio Busoni (1866 – 1924)

  1. Chaconne da Partita em ré menor para violino, BWV 1004
  2. Prelúdio Coral BWV645 ‘Wachet auf, ruft uns die Stimme’
  3. Prelúdio Coral BWV659 ‘Nun komm, der Heiden Heiland’
  4. Prelúdio Coral BWV734 ‘Nun freut euch, lieben Christen gmein’
  5. Prelúdio Coral BWV639 ‘Ich ruf’ zu dir, Herr Jesu Christ’

Franz Liszt (1811 – 1886)

Prelúdio e Fuga em lá menor, BWV543
  1. Prelúdio
  2. Fuga

Lord Berners (1883 – 1950)

  1. In Dulci Jubilo, BWV 729

Dame Myra Hess (1890 – 1965)

Cantata BWV147 ‘Herz und Mund und Tat und Leben’
  1. Jesus, Alegria dos Homens

Wilhelm Kempff (1895 – 1991)

Sonata para flauta em mi bemol maior, BWV1031
  1. Siciliano
Christopher Le Fleming chegou atrasado para a foto e o DP de Arte do PQP Bach atacou de Christopher Lee…

Christopher Le Fleming (1908 – 1985)

  1. As Ovelhinhas Podem em Segurança Pastar, da Cantata BWV208

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

Suíte da Partita em mi maior para violino, BWV1006
  1. Preludio
  2. Gavotte
  3. Gigue

Ferruccio Busoni

Toccata e Fuga em ré menor, BWV565
  1. Toccata e Fuga

Gordon Fergus-Thompson, piano

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FLAC | 224 MB

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MP3 | 320 KBPS | 176 MB

Gordon Fergus-Thompson no Salão de Pianos do PQP Bach
Lord Berners mostrando para a equipe do PQP Bach o piano no qual fez sua transcrição…

De todos os transcritores deste disco, de longe, o mais impressionante, não por sua obra, mas por sua excentricidade, é Lord Berners. Como não sou de dar spoiler, espero que você faça o dever de casa e descubra por você mesmo…

Aproveite!

René Denon

D. Shostakovich (1906-1975), E. Denisov (1929-1996), S. Rachmaninoff (1873-1943) – Obras para Cello e Piano (Laferrière, Vitaud)

Em um CD de 2005 já postado por PQP, temos uma gravação de referência da Sonata de Shosta para violoncelo e piano, por Martha Argerich e Micha Maisky. O que essa dupla faz na sonata é uma barbaridade! O temperamento fogoso de Martha cai muito bem na obra escrita pelo jovem Shosta em 1934, pra não falar da fluência de Micha – educado em Leningrado e depois aluno de Rostropovich em Moscou – na linguagem do compositor.

Mas hoje temos um outro álbum mais recente, com dois músicos franceses que trazem várias sutilezas, detalhes que passaram quase despercebidos naquela outra interpretação. Por exemplo o canto do violoncelo e o acompanhamento suave do piano no movimento lento (largo) belíssimo que Vitaud e Laferrière conduzem em um andamento mais calmo e sonhador que a outra dupla citada. No 2º e no 4º movimento, temos aquele piano staccato, meio moto perpetuo meio marcha, tão característico de Shosta. Poucos anos depois, ele cairia em desgraça junto ao regime soviético por causa de obras como a ópera Lady Macbeth e o balé O Parafuso (1931), este último encenado apenas um dia e logo banido por seu enredo subversivo: um trabalhador que queria sabotar o maquinário da fábrica com um parafuso. O balé O riacho límpido (1935) – no qual camponeses casados flertavam com bailarinas – também foi proibido e o autor do libretto foi preso e fuzilado. O jovem Shostakovich deu sorte e escapou por um fio.

O repertório escolhido pela dupla francesa tem também a sonata para violoncelo e piano de Rachmaninoff, composta quando este também tinha menos de 30 anos. Cheia de melancolia romântica e melodias notáveis, essa sonata – assim como os Trios Elegíacos de Rach – me agrada mais do que os exageros orquestrais dos concertos para piano. Digamos assim: um piano e um violoncelo açucarados são glicose em uma medida razoável, enquanto uma orquestra inteira assim já é demais para minha saúde. Podem me xingar nos comentários.

Shosta e Denisov em 1953

E entre as duas grandes sonatas temos o conjunto de variações de Denisov sobre um singelo tema de Schubert, tema do Impromptu D.935 nº 2, que só neste ano de 2022 já apareceu aqui no PQPBach nas gravações de Chukovskaya, Lupu e Sokolov. Usem a lupa no canto superior direito para comparar… Também à direita e mais abaixo, o nome de Edison Denisov faz sua estreia aqui. Denisov era mal visto pelo regime soviético assim como seus colegas de geração Schnittke e Gubaidulina. Ou seja: estava em boa companhia, a uma distância segura dos lambe-botas de sempre. Todo ditador tem seus puxa-sacos: me desculpem vocês a digressão, é porque hoje vi o retorno daquele senhor dono de um canal de TV brasileiro, um que sempre sorriu e bateu palma pra ditador, e me lembrei que meus avós – um tiquinho mais velhos que a geração desse puxa-saco brasileiro, de Denisov e de Gubaidulina – sempre desprezaram eSSe senhor. “Muitos se deixaram engambelar por oportunismo” (L.F. Verissimo sobre 64), mas me perdoem novamente por esses longos parênteses, talvez eles tenham a função de explicar que nenhum desses compositores aqui representados deve ser confundido com o regime russo, seja o antigo ou o novo. Este disco não tem nada a ver com essas minhas últimas frases amargas, o Shosta/Rach/Denisov da dupla francesa é puro lirismo e sensibilidade: como um bom vinho rosé, é sutil e complexo sem ser pesado.

Rach preparado para o inverno

Dmitri Shostakovich (1906-1975)
Cello Sonata in d minor, op.40
1 I. Allegro non troppo 11’51
2 II. Allegro 3’13
3 III. Largo 8’04
4 IV. Allegro 4’05
Edison Denisov (1929-1996)
5 Variations on a theme by Schubert 13’36
Sergei Rachmaninoff (1873-1943)
Cello Sonata in g minor, op.19
6 I. Lento. Allegro moderato 13’53
7 II. Allegro scherzando 6’27
8 III. Andante 5’41
9 IV. Allegro mosso 10’35

Victor Julien-Laferrière, cello
Jonas Vitaud, piano

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PS: Em um contexto de joga-pedra-na-geni-russa, Alain Lompech escreveu essas palavras abaixo na revista Classica de Abril/22, aqui mal traduzidas:

Não nos esqueçamos do seguinte: o compositor Dmitri Shostakovich (1919-1975) foi muito mal visto na década de 1970. Ele foi tratado como o compositor oficial do regime soviético. Quando foi lançado “Testemunho: Memórias de Shostakovich, observações recolhidas por Simon Volkov” (1980), alguns comentaristas afirmaram que se tratava de uma falsificação.

Do lado comunista, furiosos com um conteúdo que se sabia correto, assim como no campo dos jornalistas e críticos de música ocidentais que não aceitavam descobrir uma realidade muito diferente das conclusões que eles tiravam absurdamente de uma música que simplesmente não obedecia aos cânones obrigatórios da Segunda Escola de Viena. Nessas páginas, descobrimos um homem petrificado pelo arbítrio e que pensava em apenas uma coisa: compor.

Shostakovich e sua esposa Irina também preparados para o inverno russo

Pleyel