
Apesar de sua belíssima, soturna abertura permanecer no repertório – a única obra orquestral tardia de Schumann a conseguir a proeza – , o “Manfred”, Op. 115, vai muito além dela. Inspirado pelo poema de Lord Byron, numa tradução alemã de Karl Adolf Suckow, Robert escreveu-lhe um prólogo e compôs quinze peças de música incidental para acompanhar sua leitura dramática. O ultrarromântico “Manfred” original, terminado logo quando do exílio de Byron na Suíça, narra a jornada dum homem afligido por uma terrível culpa ligada a uma amada perdida, suas interações com diferentes espíritos que não a conseguem redimir, sua contemplação do suicídio e, enfim, sua morte sem qualquer redenção. O amargurado poema, considerado praticamente uma confissão da culpa de Byron acerca do escandaloso relacionamento com sua meia-irmã, certamente ecoou com força em Schumann, também oprimido por vários fantasmas, fossem eles os de seus desejos inconfessos, ou, então, as várias vozes de espíritos que escutava em suas cada vez mais frequentes alucinações.
Quem não entende alemão, ou entende e não gosta de sua música e prosódia, poderá pular o prólogo, essencialmente uma contextualização acerca do texto que virá a seguir, e todas as partes declamadas, indicadas por títulos entre aspas logo abaixo. As quinze peças de música incidental, que estão numeradas, contêm muitas belezas, embora não cheguem à concisão da marcante abertura. Quem entende alemão provavelmente apreciará a expressiva leitura de Martin Schwab, muito bem entremeada à música de Schumann, e a excelente qualidade da gravação, muito bem ensaiada e conduzida por Bruno Weil, mais conhecido por seu meticuloso trabalho com aquele excelente conjunto de música antiga, o Tafelmusik. Infelizmente, não achei o libreto em português – assim, peço-lhes que acompanhem esta versão em alemão e italiano e, se necessário, apelem para São Google:
Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
“Manfred”, Dramatisches Gedicht in drei Abteilungen von Lord Byron mit Musik, Op. 115
1 – Ouvertüre
2 – Prolog
PRIMEIRA PARTE
3 – “Die Geschichte könnte ungefähr so beginnen…”
4 – No. 1: Gesang der Geister
5 – “Vergessen sucht Manfred…”
6 – No. 2: Erscheinung eines Zauberbildes
7 – No. 3: Geisterbannfluch
8 – “Manfred erwacht…”
9 – No. 4: Alpenkruhreigen
SEGUNDA PARTE
10 – No. 5: Zwischenaktmusik
11 – “In der Hütte des Jägers…”
12 – No. 6: Rufung der Alpenfee
13 – “Die Alpenfee…”
14 – No. 7: Hymnus der Geister Arimans
15 – “Ariman auf seinem Thron…”
16 – No. 8: Wirf in den Staub dich
17 – No. 9: Zermalmt den Wurm
18 – No. 10: Beschwörung der Astarte
19 – No. 11: Manfreds Ansprache an Astarte
TERCEIRA PARTE
20 – “Die Abenddämmerung naht…”
21 – No. 12: Ein Friede kam auf mich
22 – “Eine Besucher unterbricht seine Gedanken…”
23 – No. 13: Abschied von der Sonne
24 – “Noch einmal naht ihm der Abt…”
25 – No. 14: Nichts. – Blick nur hierher
26 – No. 15: Schluss-Szene (Klostergesang)
Rainer Guggenberger, baixo
Sigrid Plundrich, soprano
Michelle Breedt, mezzo-soprano
Johannes Chum, tenor
Florian Boesch, baixo
Martin Schwab, narrador
Wiener Singverein
Tonkünstler Orchestra
Theresia Melichar, corne-inglês
Bruno Weil, regência

Vassily






Uma mesma gravação, duas capas medonhas: uma que parece ter sido feita no Paint por minha tia-avó que me mandava PowerPoints de bom-dia, outra semelhante a uma colagem que eu fiz, de braço quebrado, para o Dia das Mães de 1986. Ainda assim, e mesmo com o montão de concertos para piano de Schumann que temos em nosso acervo pequepiano, não poderia deixar de homenagear Martha Argerich, nossa musa pianística máxima, pelo seu aniversário, e com essa obra-prima que ela toca como ninguém. Confesso que não esperava muito de sua parceria com um regente de temperamento artístico tão diametralmente oposto, mas o conde d’


O interesse de Schumann pelo violino surgiu tardiamente, por instigação de dois virtuoses. O primeiro, Ferdinand David, era o celebrado spalla da prestigiosa orquestra do Gewandhaus de Leipzig, cujo diretor artístico era Felix Mendelssohn – ninguém menos. David, que estreara o concerto de Mendelssohn sob a batuta do compositor, era amigo dos Schumanns a ponto de poder ser pidão assim a Robert numa carta:




Que o bonito quarteto Op. 41 no. 3 me perdoe, mas só terei aqui palavras para a maravilhosa obra que o acompanha neste disco.

Orchestre Révolutionnaire et Romantique
Berliner Philharmoniker
The Cleveland Orchestra
Wiener Philharmoniker
Chamber Orchestra of Europe
Orchestre des Champs-Élysées



Nossas contribuições às celebrações do ducentésimo décimo aniversário de Schumann, que foram instigadas entre os pequepianos pelo colega 