Marin Marais (1656-1728): La Folia e Outras Peças

Marin Marais (1656-1728): La Folia e Outras Peças

Talvez seja esta a melhor versão de La Folia que postamos até o momento. Marin Marais foi grande! Suas variações valem a pena de serem ouvidas.

Marin Marais estudou composição com Jean-Baptiste Lully e frequentemente regia as óperas do mestre. Estudou viola da gamba com Monsieur de Sainte-Colombe por seis meses e depois foi contratado como músico do Palácio de Versailles em 1676. Teve sucesso como músico da corte e, em 1679, foi indicado ordinaire de la chambre du roy pour la viole, título que manteve até 1725. Logo ingressou na orquestra da Ópera de Paris, destacando-se como virtuose da gamba — ficou conhecido internacionalmente pela sonoridade e técnica soberbas — e compositor. Escreveu quatro óperas, mas ficou mais conhecido por sua imaginativa música instrumental, que abrange desde peças breves e simples a experimentos virtuosísticos em que faz uso de todos os tons. A partir de 1709, Marais retirou-se da vida pública.

Marin Marais (1656-1728): La Folia e Outras Peças

Pièces En Trio In C Major
1 Prelude 2:05
2 Sarabande 1:37
3 Sarabande 1:38
4 Fantaisie 1:56
5 Gavotte 1:26
6 La Bagatelle 0:55
7 Rondeau 1:15
8 Chaconne 8:23

Suite In D Major
9 Prelude 1:31
10 Fantaisie 0:43
11 Allemande 2:32
12 Plainte 4:20
13 Charivary 2:39

Pièces En Trio In E Minor
14 Prelude 2:50
15 Rondeau 1:54
16 Sarabande En Rondeau 1:52
17 Menuet 0:41
18 Caprice 2:42
19 Pasacaille 3:32

20 Les Folies D’Espagne 16:23

The Purcell Quartet

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PQP

POSTAGENS RESSURRECTAS – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para piano (Gilels) – Sinfonias (Walter/Howard) – Sinfonias (Klemperer) #BTHVN250

Caros leitores-ouvintes,

Trata-se de um breve hiato na integral de Beethoven que, de maneira alguma, significa uma interrupção na torrente de postagens com e sobre Beethoven.
Comunicamos a restauração de algumas publicações anteriores cujos links tinham expirado/morrido/ido para o éter e que correspondiam a gravações por demais essenciais para ficarem inativas num blogue que busca sempre ser um repositório da mais excelente música. Todas elas foram originalmente feitas pelo colega FDP Bach, a quem vocês devem sempre – e não só hoje – um agradecimento caloroso por tudo o que ele já lhes trouxe e segue a trazer (e fica a dica: esses agradecimentos fazem muita diferença para quem, como FDP Bach e a maioria de nós outros, esprememos o nem sempre abundante tempo de que dispomos para publicarmos o que de melhor achamos em nossas coleções, enquanto seguimos a praticar o compulsório triatlo de nadar em boletos, suar os sovacos e sobreviver):

LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827)

SONATAS PARA PIANO por EMIL GILELS
Volume 1 – Sonatas Op. 2 nos. 2 & 3, WoO 47 nos. 1 & 2
Volume 2 – Sonatas Opp. 7, 13, 14 no. 2
Volume 3 – Sonatas Op. 10
Volume 4 – Sonatas Opp. 22 & 26, Variações “Eroica”
Volume 5 – Sonatas Opp. 27 & 28
Volumes 6 & 7 – Sonatas Opp. 31, 49, 53, 57 & 79
Volumes 8 & 9 – Sonatas Opp. 81a, 90, 101, 106, 109, 110

(Nota ESSENCIAL: não se trata de uma integral, pois o gigante de Odessa empacotou antes de completar esta série. Portanto, comportem-se e não me peçam para psicografar as sonatas faltantes ou, pior ainda, incomodar o leonino Emil no Além)

SINFONIAS 1-9 sob OTTO KLEMPERER

Volume 1 – Sinfonias nos. 1 & 6
Volume 2 – Sinfonia no. 3 & Grande Fuga, Op. 133
Volume 3 – Sinfonias nos. 2 & 5
Volume 4 – Sinfonias nos. 4 & 7
Volume 5 – Sinfonia no. 8, Aberturas Leonore & Coriolan
Volume 6 – Sinfonia no. 9, Abertura Prometheus

(Nota essencial: sim, eu vi que a caixa contém 10 CDs; não, não pretendo postar as restantes tão cedo, por motivos de ainda haver pelo menos mais 500 peças de Beethoven para publicar aqui até o aniversário do moço, em dezembro. Agradeço antecipadamente a compreensão)

SINFONIAS 1-9 sob BRUNO WALTER

Volume 1 – Sinfonias nos. 1 & 2 
Volume 2 – Sinfonias nos. 3 & 4
Volume 3 – Sinfonias nos. 5 & 6
Volume 4 – Sinfonias nos. 7 & 8
Volume 5 – Sinfonia no. 9

(Nota essencial: FDP Bach teve a ótima ideia de fazer acompanhar essas interpretações fundamentais das sinfonias por Bruno Walter das engenhosas transcrições que Franz Liszt fez das mesmas obras para piano. Originalmente, nosso colega disponibilizou as duas versões – orquestral e pianística – no mesmo arquivo. Como dispúnhamos das versões separadas, cada leitura de Walter terá a seu lado a de Leslie Howard ao piano)

Espero que desfrutem.

Vassily

Francesco Geminiani (1687-1762): La Folia e Outros Concertos e Sonatas

Francesco Geminiani (1687-1762): La Folia e Outros Concertos e Sonatas

Dos sete discos de folias, este talvez seja o mais fraco. Pobre Geminiani! É excelente compositor, mas a escolha dos extras não foi muito feliz. Seu Concerto Grosso La Folia (faixa 4) é maravilhoso, mas o repertório do restante do disco não é tudo aquilo. Geminiani foi aluno de Alessandro Scarlatti e Arcangelo Corelli. A partir de 1711 foi maestro em Nápoles. Em 1714 foi a Londres para dar concertos como violinista, onde recebeu a proteção de William Capel, conde de Essex. Em 1715 se apresentou em duo com Haendel diante do rei Jorge I. Nesse país estabeleceu residência, compôs e deu aulas, além de reunir uma coleção de obras de arte. Em sua obra se destacam suas sonatas para violino e baixo contínuo e seus concerti grossi, onde introduziu a viola como parte do concertino. Para este estilo ele também adaptou algumas sonatas para violino e baixo de seu mestre Corelli. Escreveu um tratado sobre a arte do violino em 1751, Art of Playing the Violin, que sumariza a prática do instrumento no século XVIII, sendo uma referência até os dias de hoje. Seu Guida harmonica (c. 1752) é um dos mais originais tratados de harmonia, dando instruções detalhadas para a realização do baixo continuo. Outras de suas obras teóricas são Art of Accompaniment on the Harpsichord, Organ, etc. (1754), Lessons for the Harpsichord, e Art of Playing the Guitar (1760).

Resumindo, o cara foi genial, mas o repertório escolhido só pode ser fruído por fãs.

Francesco Geminiani (1687-1762): La Folia e Outros Concertos e Sonatas

Sonata No.3 In F Major
1 Largo 3:16
2 Andante 2:12
3 Allegro 3:23

4 Concerto Grosso “La Folia” 10:53

Sonata No.3 In E Minor Op 1 No 3
5 Adagio – Allegro – Adagio 1:36
6 Tempo Giusto – Adagio 1:32
7 Allegro 2:44

Sonata No.5 In A Minor
8 Spiritoso 1:40
9 Andante 2:05
10 Allegro 2:27

Sonata No.6 In D Minor
11 Andante 2:02
12 Allegro 2:09
13 Allegro 2:05

Sonata In A Major Op 4 No 12
14 Adagio – Presto 1:53
15 Presto 1:38
16 Presto 1:20

Concerto Grosso In G Minor Op 7 No 2
17 Grave – Allegro 4:16
18 Andante 1:24
19 Allegro 3:03

Ensemble – The Purcell Band, The Purcell Quartet
Cello [The Purcell Quartet] – Richard Boothby
Harpsichord [The Purcell Quartet] – Robert Woolley
Organ [The Purcell Band] – Lucy Carolan
Viola [The Purcell Band] – Alan George, Risa Browder (tracks: 17 to 19)
Violin [The Purcell Band] – Catherine Weiss, Francis Turner*, Henrietta Wayne, Pavlo Besnosiuk*
Violin [The Purcell Quartet] – Catherine Mackintosh, Elizabeth Wallfisch
Violone [The Purcell Band] – Barry Guy

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PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Romances para violino e orquestra, Opp. 40 & 50 – Concertos para violino e orquestra, Op. 61 e WoO 5 – Kopatchinskaja – Herreweghe

Quando vi Patricia Kopatchinskaja pela primeira vez, algo acendeu em mim um alerta – algo a me sussurrar “Liberace”, ou “Nigel Kennedy”, ou “David Garrett”, ou algum outro nome de músico de óbvia competência, mas embriagado pela sedução do puramente espetaculoso. Aquele jeitinho calculadamente estranho, as pequenas esquisitices, a pegada hipster – sim, tudo havia para que eu a escutasse com preconceito. Quando isso finalmente aconteceu, eu me rendi imediatamente a seu encanto, e acabei por compreender que aquela estranheza toda, ademais compreensível para uma filha da estranhíssima Moldávia, era expressão, assim como sua música, dum talento sui generis.

Bonito úmero.

Pat Kop, como ela mesma costuma se chamar, desbrava tanto o moderno quanto o antigo. Colabora com muitos compositores e intérpretes de vanguarda, construindo um repertório fresco e muito afeito a seu estilo, da mesma forma que mergulha em bibliotecas para, folheando manuscritos poentos, inovar com o resgate de intenções perdidas por editores desleixados e tradições traidoras.

Ao gravar o repertório beethoveniano para violino e orquestra, escolheu seu instrumento napolitano com cordas de tripa e a parceria virtualmente infalível de Philippe Herreweghe e sua Orchestre des Champs-Elysées, e pôs-se a examinar o autógrafo do compositor. Identificou, além de correções óbvias, várias anotações com tinta diferente que entendeu serem variantes propostas por Beethoven e que não foram incorporadas a qualquer edição do Op. 61 e que nos faz ouvir em sua gravação. Sua impressão acerca do manuscrito – o de uma exuberante improvisação escrita – está em completo acordo com a história da composição do concerto, uma caótica empreitada que resultou, para variar, numa partitura mormente incompleta, cujas crateras foram preenchidas por improvisos de Franz Clement, o solista da estreia.

Além de abordar a partitura com o mesmo cacoete improvisatório que depreendeu dos seus originais, Patricia tentou emular o estilo de Clement a partir de descrições de seus contemporâneos: um som nobre e caloroso, de fraseado elegante, incapaz de grandes volumes, que muitas vezes acabava engolfado pela orquestra. Ao estudar indicações de andamento propostas por pessoas próximas a Beethoven, como seu ex-aluno Czerny, concluiu que o primeiro movimento deveria ter a cadência de uma marcha, que o Larghetto deveria ser uma meditação sussurrada, em vez da tradicional cantilena com vibrato em que o costumam transformar, e que o finale deveria ser lépido como o que aqui ouvimos. Para as cadenze, Kopatchinskaja fez uma hábil transcrição daquela que o próprio compositor escreveu para a versão pianística (Op. 61a) do mesmo concerto, com a participação um tanto intimidante dos tímpanos e também de um violoncelo e de um segundo violino, o qual é tocado por ela mesma, após um pequeno truque de estúdio. O resultado é uma leitura deveras incomum e refrescante de uma obra que muito amo, e que recomendo com muito entusiasmo aos leitores-ouvintes.

A atenção de Pat Kop à História explica a ordem em que os dois melífluos romances aparecem no disco: aquele conhecido como no. 2, em Fá maior, foi o primeiro a ser escrito, embora tenha sido publicado posteriormente. Os poucos anos que os separam ficam evidentes pelas diferenças na orquestração e nos toques inovadores, como o solo de violino a iniciar o de no. 1. Para completar a integral de Beethoven para violino e orquestra, a gravação finaliza com os quinhentos e poucos compassos de um concerto que ele escreveu ainda em Bonn e que restou incompleto. Apesar das muitas tentativas de completá-lo, e das suposições de que o romance no. 2 seria seu movimento lento (o que é plausível tanto pela relação entre suas tonalidades quanto pelo seu título, já que “romance” era uma denominação comum para andantes em concertos, mas sem precedentes para obras independentes), Pat escolheu executá-lo como o renano nos deixou, entregando ao éter sua última frase interrompida.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61
Composto em 1806
Publicado em 1808
Dedicado a Stephan von Breuning

Cadenze de Beethoven, compostas para a versão do concerto para piano (Op. 61a), transcritas por Patricia Kopatchinskaja

1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghett0
3 – Rondo: Allegro

Romance no. 2 para violino e orquestra em Fá maior, Op. 50
Composto em 1798
Publicado em 1805

4 – Adagio cantabile

Romance no. 1 para violino e orquestra em Sol maior, Op. 40
Composto em 1802
Publicado em 1803

5 – Adagio cantabile

Concerto em Dó maior para violino e orquestra, WoO 5 (fragmento)
Composto provavelmente entre 1790-92

6 – Allegro

Patricia Kopatchinskaja, violino
Orchestre des Champs-Elysées
Philippe Herreweghe, regência

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Pra quem pediu a cabeça de Pat Kop, ei-la servida com uma guarnição de violino.

 

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

C. P. E. Bach (1714-1788): La Folia e Outras Peças

C. P. E. Bach (1714-1788): La Folia e Outras Peças

Este é um excelente disco. Não somente a faixa 4, 12 Variationen über die Folie d’Espagne, é muito boa, como as duas últimas sonatas, Wq 137 e 158, são obras-primas.

.oOo.

O texto abaixo foi copiado do blog Tendências do Imaginário, mais exatamente daqui:

Hoje, vou falar da folia, um produto criativo de sucesso, mas pouco conhecido, de origem nacional.

“A história da folia reparte-se por dois períodos. A primeira folia, de origem portuguesa, caracterizada por Salinas em 1577, adquire popularidade em Espanha, e é exportada para Itália por volta de 1600” (Hudson, Richard, The Folia Melodies, Acta Musicologica, Vol. 45, Fasc. 1 (Jan. – Jun., 1973), pp. 98-119, p. 98).

A folia, “um dos fenómenos mais notáveis da história da música” (La Folia- A Musical Cathedral: http://www.folias.nl/html1.html), remonta a finais do século XV. Com raízes campestres ligadas a rituais de fertilidade, a folia, música e dança, estende-se a outros públicos: tanto ocorre nos ajuntamentos populares como nas festas da corte. Garcia de Resende, na Crónica do Rei D. João II, de 1545, refere várias vezes a folia:

“E toda a gente da cidade foi posta com muita brevidade em danças e folias, com infindas tochas na praça e no Terreiro dos Paços, e por todas as ruas principaes, e tanta gente honrada e nobre, e assi a do povo, que não cabia, nem se viu nunca tanto alvoroço e alegria, e muitos velhos e velhas honradas com sobejo prazer foram juntos cantar e bailar diante de El-Rei e a Rainha, cousa de que suas edades os bem escusavam” (Chronica de ‘L Rei D. João II, Bibliotheca de Classicos Portuguezes, Lisboa, 1902, p. 64).

Gil Vicente foi o primeiro escritor a mencionar a folia. O Auto da Sibila Cassandra, de 1511, inclui a letra de uma folia cantada por quatro figuras bíblicas:

“Traz Salomão Esaias e Moyses e Abrahão , cantando todos quatro de folia a cantiga seguinte:

Que sañosa está la niña!
Ay Dios, quien le hablaria!
En la sierra anda la niña
Su ganado á repastar;
Hermosa como las flores,
Sañosa como la mar.
Sañosa como la mar
Está la niña;
Ay Dios, quien le hablaria!”

(Gil Vicente, Auto de Sibila Cassandra, Obras de Gil Vicente, Tomo I, Officina Typográphica de Langhoff, Hamburgo, 1834, p. 46).

Em pleno reinado dos Filipes, Sebastián de Covarrubias define, no Tesoro de la lengua castellana (Madrid, 1611), a folia nos seguintes termos:

“é uma certa dança portuguesa, muito barulhenta; porque comporta muitas figuras a pé com chocalhos e outros instrumentos, homens mascarados carregam aos ombros rapazes vestidos de mulher, que com as manlgas de ponta se contorcem e, às vezes, dançam. E também tocam pandeiros: e é tão grande o ruído e o som tão apressado, que parecem estar uns e outros sem juízo. E assim deram à dança o nome de folia, da palavra toscana ‘folle’, que significa oco, louco, insano, aquele que tem a cabeça vazia”.

No livro De Musica libri septem (Salamanca, 1577), Francisco de Salinas, cego desde os dez anos, organista e catedrático da Universidade de Salamanca, caracteriza a composição das “canções populares que os portugueses chamam Folias”. Apesar do amplo reconhecimento da origem portuguesa das folias, em vários países, são conhecidas por folias de Espanha. Por exemplo, em França e, pelos vistos, no Brasil. Uma tese de doutoramento em música, defendida por Flávio Apro, em 2009, na Universidade de São Paulo, tem o seguinte título: Folias de Espanha: O Eterno Retorno. Para esta deslocação da “patente” contribuiu, porventura, a contingência de a expansão das folias na Europa ter coincidido com o eclipse da nossa independência nacional entre 1580 e 1640.

“O padrão musical da Folia ibérica consistia numa linha de baixo ostinato (ou ground)sobre a qual se escreviam discantus e improvisavam-se variações, chamadas na época de diminuições (…) A moldura harmónica (…) costuma ser apresentada no tom de Ré menor.

“A melodia fácil e as possibilidades que oferecia à improvisação foram qualidades que não passaram desapercebidas entre os músicos instrumentistas do barroco” (Juan Luis de la Montaña Conchina, Apuntes sobre “las folias de España”: http://filomusica.com/filo7/cdm.html). A folia distingue-se como uma composição que, embora de raiz popular, conseguiu conquistar a corte. Estes dois traços, a adopção pela corte e a abertura ao improviso e a variações, concorreram tanto para o seu sucesso como para a sua longevidade.

A folia não se resume à música e à dança, comporta texto e animação. Estes quatro  elementos dotam a folia de uma carga envolvente vertiginosa que raia a loucura. É uma prática típica do grotesco carnavalesco de raiz medieval (Mikhail Bakhtin, A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais, São Paulo/Brasília, Hucitec/Editora Universidade de Brasília, 2008).

A popularidade da folia era tal o que próprio Dom Quixote bailou esta dança em Barcelona, em casa de D. António Moreno (Miguel Guerol Galvadá, La música en la obra de Cervantes, Madrid, Ediciones del Centro de Estudios Cervantinos, Madrid, 2005, p. 140). Em Portugal, a folia mantém-se, séculos a fio, como uma das principais atracções da procissão do Corpo de Deus. Não é raro uma procissão incorporar várias folias (Francisco Marques de Sousa Viterbo, Artes e Artistas em Portugal, Lisboa, Livraria Ferin, 2ª  ed., 1920).

A partir do séc. XVI, muitos músicos compuseram folias, ou as inseriram nas suas obras: Arcangelo Corelli (vídeo 2), Jean Baptiste Lully, Marin Marais, Antonio Vivaldi, Domenico Scarlatti, Antonio Salieri, Niccolò Paganini, Hector Berlioz, Franz Liszt, Sergei Rachmaninov… Trata-se apenas de uma pequena amostra. A página La Folia – A Musical Cathedral (http://www.folia.tk/), que procede a um inventário de folias, estima que “mais de 150 compositores em mais de 330 anos conceberam inúmeras variações brilhantes”.

Nas sociedades ditas pós-modernas ou líquidas, ainda há lugar para a folia? “No presente, as Folias continuam a assombrar o nosso imaginário musical” (Lutin d’Ecouves: http://fr.wikipedia.org/wiki/Discussion:Folia). O cruzamento de géneros tem sido uma propensão das últimas décadas. E a folia alinha. No cinema, consta da banda sonora de filmes tais como Barry Lyndon (1975), de Stanley Kubrick, ou 1492 A Conquista do Paraíso (1992), de Ridley Scott. Karl Jenkins (Adiemus) compôs uma La Folia (http://www.youtube.com/watch?v=UIHHT0NXdsw). O jazz, a seu jeito, também se deixou tentar. Vários grupos e artistas tocam folias. Permito-me relevar Jan Johansson, pianista expoente do jazz sueco, falecido em 1968 (ver vídeo 3; Sinclairvisan – La Folia). Inesperada é porventura a presença da foliano mundo dos videojogos. Final Fantasy, distinta referência no género, inclui, na banda sonora do Final Fantasy IX, uma folia, composta por Nobuo Uematsu (Vamo’ Alla Flamenco, vídeo 4).

Os espanhóis prestam atenção e dão valor à folia. O mundo, também. E nós, os portugueses seus criadores? Deparei-me com uma obra notável: um cd intitulado O Lusitano – Portuguese Vilancetes, Cantigas e Romances, pelo ensemble Circa 1500 e Gérard Lesne, com direção de Nancy Hadden, impresso na Alemanha pela Virgin Classics,em 1992. Tudo nomes aparentemente estrangeiros… Tropecei com o seguinte comentário sobre este cd no blogue Assédio: “Se nós não investimos e não investigamos a nossa música, há quem o faça e lhe dê o real valor que tem, e que é muito! Aqui está a prova: a nossa música do século XVI” (http://assedio.blogspot.pt/2006/04/portugal-circa-1500.html). Foi, contudo, neste cd, O Lusitano, que ouvi pela primeira vez a folia de minha eleição: La Folia Dos Estrellas le Siguen, do português Manuel Machado (c. 1590-1646), compositor que se formou em Lisboa, mas que migrou, como muitos conterrâneos, em 1610, para Madrid, onde foi músico, primeiro, da Capela Real e, em seguida, no palácio de Filipe IV de Espanha. Quase  todas as partituras que compôs foram destruídas pelo terramoto de 1755.

Nós, portugueses, sabemos o que valemos?

C. P. E. Bach (1714-1788): La Folia e Outras Peças

Sinfonia a tre voci in D major H585 [9’32]
1 Allegro moderato [5’04]
2 Andantino [2’20]
3 Tempo di minuetto[ 2’08]

4 12 Variationen über die Folie d’Espagne H263 Wq118/9 [7’58]
Robert Woolley (harpsichord)

Trio Sonata in C minor ‘Sanguineus and Melancholicus’ H579 Wq161/1[14’10]
5 Allegretto – Presto [4’50]
6 Adagio [4’21]
7 Allegro [4’59]

Viola da gamba Sonata in D major H559 Wq137 [11’48]
Richard Boothby (viola da gamba), Robert Woolley (harpsichord)
8 Adagio ma non tanto [3’14]
9 Allegro di molto [5’03]
10 Arioso [3’31]

Trio Sonata in B flat major H584 Wq158 [13’10]
11 Allegretto [4’28]
12 Largo con sordini [4’03]
13 Allegro [4’39]

The Purcell Quartet

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#BTHVN250 Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos nº 2 & 5 – Martin Helmchen, Andrew Manze, Deutsches Symphonie-Orchester Berlin

Creio que seja do conhecimento de todos, mas o Segundo Concerto foi escrito primeiro, porém publicado posteriormente ao ficou conhecido como sendo o primeiro, então ficou neste caso sendo o segundo … deu para entender, né?

Martin Helmchen e Andrew Manze dão continuidade ao projeto de gravar a integral dos Concertos de Beethoven trazendo duas obras bem diferentes, o Segundo Concerto e o Imperador, supra sumo a da escrita pianística. Não entendi quais são os planos dos dois, mas com certeza o CD com o Concerto nº 3 deve ser lançado até a data de aniversário de Beethoven, lá em dezembro. Provavelmente com o Concerto Triplo para completar o tempo do CD.  Quem viver, verá.

Não vou chover no molhado para falar sobre estas obras. Diversas outras postagens daqui do PQPBach dão um histórico mais detalhado delas.

Prefiro que vocês apreciem. Beethoven nunca é demais.

Piano concerto no.2 in B flat major, Op.41
1 I. Allegro con brio 14’01
2 II. Adagio 8’41
3 III. Rondo. Molto allegro 5’57

Piano concerto no.5 in e flat major, Op.73 ‘Emperor’
4 I. Allegro 20’21
5 II. Adagio un poco moto 7’05
6 III. Rondo. Allegro

Martin Helmchen – Piano
Deutsches Symphonie-Orchester Berlin
Andrew Manze – Conductor

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Quinteto para cordas em Lá maior (transcrição da Sonata Op. 47) – L’Archibudelli – Concerto em Dó maior para violino, violoncelo e piano, Op. 56 – Maier/Bylsma/Badura-Skoda

Como é que é?

Um QUINTETO “Kreutzer”?

Sim, meus caros: a fama da extraordinária sonata Op. 47, capaz de eternizar o nome dum dedicatário que sequer se coçou para tocá-la, e de manter na história o ademais esquecido gran pazzo Brischdauer, começou logo quando de sua publicação, e resultou num sem número de imitações baratas e, no que nos importa hoje, em diferentes arranjos. De transcrições para piano solo de Godowsky e Czerny e para violoncelo e piano de  Franchomme, passando por Tárrega para o violão e, surpreendentemente, por um jovem Tchaikovsky, que detestava Beethoven mas, não obstante, orquestrou parte do movimento inicial durante seus estudos no Conservatório de São Petersburgo (o link leva para a partitura, pois infelizmente desconheço qualquer gravação), bem, bastante coisa foi feita da famosa sonata.

Vê-la transformada num quinteto de cordas, então, não deveria chocar ninguém – o próprio Beethoven, que publicou em vida apenas uma obra escrita para essa formação, providenciou arranjos de outras peças para este meio, com o qual voltou a flertar no final de sua carreira. Mesmo que alguns frontispícios das edições modernas atribuam sem-cerimoniosamente o arranjo ao próprio compositor, a edição original, publicada em 1832 – cinco anos após sua morte – não faz menções a seu autor. Muitos são os que atribuem o trabalho a Ferdinand Ries (1784-1838), amigo e aluno de Beethoven, enquanto não poucos estudiosos, ao examinarem a partitura, concluem que ela só pode ser da própria lavra do renano.

Independentemente da autoria, trata-se de um trabalho muito hábil, de alguém que conhecia muito bem a obra e dominava muito bem o métier. Quem espera simplesmente um confronto entre um violino solista e quatro instrumentos coadjuvantes surpreende-se logo no começo, ao ouvir os acordes de abertura entoados por violino, viola e por um dos violoncelos – sim, há dois deles, repartindo as partes de baixo, em contraste com os demais quintetos de Beethoven, que exigem duas violas. Mais que uma transcrição, trata-se de uma recomposição muito convincente que, assim espero, muito os surpreenderá.

Abrindo a gravação, uma muito refrescante versão daquele esquisito concerto triplo, Op. 56, executado em instrumentos originais, assim como foi o quinteto. Achei muito pitorescos os timbres dos solistas – menção honrosa para o fanhoso fortepiano da coleção do onipresente Paul Badura-Skoda – e o sabor camerístico da orquestra compacta, que faz a obra soar como um concerto grosso, deixando-a menos pesada e mais interessante que o habitual.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto em Dó maior para violino, violoncelo, piano e orquestra, Op. 56
Composto entre 1803-05
Publicado em 1807
Dedicado a Joseph Franz Maximilian, príncipe Lobkowitz

1 – Allegro
2 – Largo (attacca)
3 – Rondo alla polacca

Paul Badura-Skoda, fortepiano
Anner Bylsma, violoncelo
Collegium Aureum
Franzjosef Maier,
violino e regência

Quinteto em Lá para dois violinos, viola e dois violoncelos,
baseado na sonata para
violino e piano, Op. 47, “Kreutzer”
Arranjo anônimo, publicado em 1832

4 – Adagio sostenuto – Presto
5 – Andante con variazioni
6 – Presto

L’Archibudelli
Vera Beths e Lucy van Dael, violinos
Jürgen Kussmaul, viola
Lidewij Scheifes e Anner Bylsma, violoncelos

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“Sonata Mulattica” é também o título duma coletânea da poetisa Rita Dove sobre a história de Bridgetower, e que recomendamos fortemente a nossos leitores-ouvintes.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Arcangelo Corelli (1653-1713): La Folia e Outras Sonatas

Arcangelo Corelli (1653-1713): La Folia e Outras Sonatas

Interessante projeto do Quarteto Purcell: são sete CDs de diferentes compositores que escreveram variações sobre o tema La Folia. Mas esta é apenas a (sensacional) faixa 20 deste CD. As peças restantes são outras excelentes sonatas de Corelli. Eu amo o barroco e Corelli é um de meus campeões. E o Purcell dá um verdadeiro show neste repertório.

Mas o que é La Folia? La Folia é uma melodia e dança surgida no século XV cujo esquema harmônico-melódico foi, desde então, utilizado em variações escritas por mais 150 compositores, de Lully a Rachmaninov. É um dos mais antigos e recorrentes temas musicais europeus. O primeiro registro do termo “folia” aparece no Auto da Sibila Cassandra, uma das peças que compõem o teatro castelhano do dramaturgo português Gil Vicente, escrita por volta de 1513, na qual se menciona a folia como uma dança interpretada por pastores. Por sua forma musical, estilo e etimologia da palavra, supõe-se que a melodia surgiu como uma dança em meados ou no final do século XV, em Portugal ou no antigo Reino de Leão (zona de influência galícia) ou no Reino de Valência. Sebastián de Covarrubias, no Tesoro de la lengua castellana (1611), descreve a folia como uma dança portuguesa, rápida e confusa, na qual os bailarinos carregavam sobre os ombros homens vestidos de mulher.

Arcangelo Corelli (1653-1713): La Folia e Outras Sonatas

Sonata Da Chiesa In G, Op 1 No 9
1 Allegro – Adagio 1:16
2 Allegro 1:15
3 Adagio 1:34
4 Allegro – Adagio 1:16

Violin Sonata In C, Op 5 No 3
5 Adagio 2:09
6 Allegro 2:05
7 Adagio 2:48
8 Allegro 1:03
9 Allegro 2:37

Sonata Da Camera In A, Op 4 No 3
10 Preludio (Largo) 2:35
11 Corrente (Allegro) 1:26
12 Sarabanda (Largo) 1:36
13 Tempo Di Gavotta (Allegro) 1:19

Viola Da Gamba Sonata In D (Anonymous Arrangement Of Violin Sonata In E, Op 5 No 11)
14 Preludio (Adagio) 1:43
15 Allegro 2:42
16 Adagio 0:45
17 Vivace 1:44
18 Gavotta (Allegro) 0:45

19 Sonata Da Camera In G (Ciaccona), Op 2 No 12 2:54

20 Violin Sonata In D Minor ‘La Folia’, Op 5 No 12 9:58

Sonata Da Camera In E Minor, Op 2 No 4
21 Preludio (Adagio) 2:21
22 Allemanda (Presto) 1:00
23 Grave – Adagio 1:38
24 Giga (Allegro) 1:39

Sonata Da Chiesa In A, Op 3 No 12
25 Grave – Allegro – Adagio 2:10
26 Vivace 1:01
27 Allegro 0:58
28 Allegro 1:23
29 Allegro 1:04

The Purcell Quartet:
Cello – Richard Boothby (tracks: 5 to 9, 20), Richard Campbell (tracks: 14 to 18)
Harpsichord, Organ [Chamber Organ] – Robert Woolley (tracks: 5 to 9, 14 to 18, 20)
Viol [Viola Da Gamba] – Richard Boothby (tracks: 14 to 18)
Violin – Catherine Mackintosh (tracks: 5 to 9), Elizabeth Wallfisch (tracks: 20)

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PQP

#BTHVN250 Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos nº 1 & 4 – Martin Helmchen, Andrew Manze, Deutsches Symphonie-Orchester Berlin

 

Não importa quantas vezes ouvimos estes concertos, com os mais diversos músicos envolvidos, sempre encontraremos coisas novas neles. Talvez por isso sejam eternos, talvez por isso sejam considerados clássicos, e talvez por isso sejam considerados obras primas na mais pura acepção da palavra.
Martin Helmchen já apareceu por aqui em outras ocasiões, muito bem acompanhado (com a Julia Fischer tocando as Sonatas para Violino de Schubert), ou então sozinho (segundo nosso guru PQPBach suas Variações Diabelli são a melhor gravação destas peças dos últimos anos). Berlinense de nascimento, começou a estudar piano aos seis anos de idade, e já nos seus vinte e poucos anos vinha se destacando no cenário musical, tocando com muita gente boa, como a citada Julia Fischer, Gidon Kremer,Christian Tetzlaff, Sharon Kam, Tabea Zimmermann, Juliane Banse, Sabine Meyer and Lars Vogt, para citar alguns. É casado com a violoncelista Marie-Elisabeth Hecker, com quem tem três filhos.
Esse seu projeto de gravar os Concertos de Beethoven com Andrew Manze ainda não está concluído, ainda falta o Concerto nº3, que não deve demorar a sair, pelo andar da carruagem. Curiosamente, os Cds não estão saindo na ordem natural dos concertos, ano passado, em outubro, foi lançado o Cd que trazia os Concertos nº2 e nº5, e agora, final de abril, sairam estes que ora vos trago, os de nº 1 e 4.
Só digo para os senhores baixarem o quanto antes, é material de primeirissima qualidade.
Também não podemos esquecer que Martin Helmchen está muito bem acompanhado da Deutsches Symphonie-Orchester Berlin, que conta com a condução segura de Andrew Manze.

P.S. O link abaixo traz o arquivo nos dois formatos, FLAC e MP3. Basta escolher.

01. Piano concerto No. 1 in C Major, Op. 15 I. Allegro con brio
02. Piano concerto No. 1 in C Major, Op. 15 II. Largo
03. Piano concerto No. 1 in C Major, Op. 15 III. Rondo. Allegro
04. Piano concerto No. 4 in G Major, Op. 58 I. Allegro moderato
05. Piano concerto No. 4 in G Major, Op. 58 II. Andante con moto
06. Piano concerto No. 4 in G Major, Op. 58 Rondo. Vivace

Martin Helmchen – Piano
Deutsches Symphonie-Orchester Berlin
Andrew Manze – Conductor

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para violino e piano, Opp. 47 (“Kreutzer”) & 96 – Kavakos – Pace

Scritta in un stilo molto concertante, quase come d’un concerto (“escrita num estilo muito concertante, quase como de um concerto”) é tanto o que promete o frontispício da Op. 47 quanto o que a sonata cumpre, para o deleite das plateias do mundo todo, há mais de duzentos anos. Uma peça assim, tão célebre quanto amada, tantas vezes já publicada neste blog repleto de seus fãs, dispensa maiores apresentações. Se tentasse descrever sua curiosa gênese, não conseguiria fazer melhor que o colega Ranulfus, de modo que eu sugiro fortemente que leiam o ótimo texto em que ele apresenta seu dedicatário original, o extraordinário –  no mais amplo sentido que o adjetivo pode ter – Bridgetower, e descreve tanto o apogeu e glória de sua parceria com Beethoven, cuja criatividade tanto inflamou, quanto sua queda em desgraça e a mudança de dedicatória da obra em prol de um Rodolphe Kreutzer que a acolheu, bem, de braços galicamente abertos.


Ainda que eu tenha gasturas com a imensa injustiça que é ver o ademais esquecido nome de Kreutzer eternizado pela obra-prima que ele celebrizou, não será minha insignificante indignação que mudará o status quo. Limitar-me-ei a não mais mencioná-lo, e voltar à vaca fria.

A leitura de Leonidas Kavakos e Enrico Pace para a Op. 47 segue a mesma tônica das sonatas anteriores da série: clareza antes de bravura, equilíbrio, valorização do belíssimo timbre de Kavakos, integração – e não embate – entre os executantes. Alguns estranharão a famosa introdução, que Beethoven, num gesto com poucos precedentes, deixa a cargo do violino solo: em vez de acordes com ataques ansiosos, Kavakos nos faz ouvi-los arpejados, como numa das sonatas desacompanhadas de Bach. Com a entrada de Pace, eles vão construindo uma tensão que vai sendo aumentada e aliviada ao longo do extenso movimento inicial, e resolvida somente no finale. As variações intermediárias, assim, são levadas com mais energia que o que é o costume, de modo que os três movimentos tenham equilíbrio – uma abordagem que muitos chamariam de clássica, certamente muito diferente daquelas em voga, e que resultou numa das minhas interpretações favoritas dessa maior de todas as sonatas para violino.

A gravação – e a série – se encerram com uma sereníssima sonata Op. 96, sussurrada a ponto dos suspiros de Kavakos serem quase tão audíveis quanto seu lindo som, um produto da maturidade artística de Beethoven que abordaremos mais adiante nessa travessia que fazemos de sua obra.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para violino e piano em Lá, Op. 47, “Kreutzer”
Composta entre 1802-03
Publicada em 1805

Escrita para George Bridgetower, dedicada a Rudolphe Kreutzer

1 – Adagio sostenuto – Presto
2 – Andante con variazioni
3 – Presto

Sonata para violino e piano em Sol maior, Op. 96
Composta em 1812
Publicada em 1816
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

4 – Allegro moderato
5 – Adagio espressivo
6 – Scherzo: Allegro – Trio
7 – Poco allegretto

Leonidas Kavakos, violino
Enrico Pace, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Corelli (1653-1713): Sonatas (arranjos dos Concerti Grossi) – Le Concert Français

Corelli (1653-1713): Sonatas (arranjos dos Concerti Grossi) – Le Concert Français

Arcangelo Corelli

Sonatas para Flautas Doce

Hugo Reyne

Sebastien Marq

Le Concert Français

 

Hugo Reyne

Reencontrar este disco depois de muito, muito tempo, foi uma grande alegria. Foi como virar uma esquina e encontrar um amigo há muito sem avistar, sentar em algum lugar para um café e um gostoso bate-papo.

Os nomes dos compositores italianos parecem todos terminar em ‘elli’: Torelli, Locatelli, Corelli… Bom, há Stradella, Marcello, Castello e Vivaldi, é claro.

Arcangelo Corelli era violinista e compositor que teve sua obra publicada em seis volumes ao longo de sua vida. Essas publicações culminaram com as maravilhosas sonatas para violino do opus 5 e os concertos publicados como opus 6. Entre as sonatas as famosíssimas variações ‘La Folia’ e entre os concertos o ‘Fatto per la Notte di Natale’.

Sebastien Marq

Essas obras eram tão famosas e faziam tanto sucesso que os editores logo trataram de adaptá-las e editá-las na forma de arranjos para combinações de outros instrumentos, buscando no processo torná-las mais acessíveis aos músicos ‘amadores’ que iriam comprar essas partituras.

Imagine, no lugar de chegar em casa com um disco ou um CD para ouvir, ou considerando hábitos mais atuais, acessar o instrumento de streaming de música para ouvir a tal sonata, trazer a partitura da sonatazinha, chamar a irmã ou outro parente ou vizinho, para juntos tocar a música – criar a sua própria música.

Este disco recria o som que estas pessoas ouviriam, bem, em condições ideais, pois os músicos são excelentes, bem além dos ‘amadores’.

Rainer Zipperling

Temos aqui uma coleção de concertos de Corelli, adaptados para um conjunto de duas flautas doce acompanhadas de outros instrumentos que fazem o baixo contínuo.

Duas delas são arranjos feitos por Christiano Schickhardt para o editor Roger, de Amsterdã, que já editara as obras ‘oficiais’ de Corelli.

Além destes arranjos mais dois concertos, os de número 10, 8 e 3 (com a tonalidade adaptada). Completa o disco uma sonata formada por uma combinação de movimentos de outros concertos escolhidos pelos músicos do conjunto.

No livreto que acompanha os arquivos você poderá encontrar mais detalhes sobre estas escolhas do repertório.

Arcangelo Corelli (1653 – 1713)

Sonata XII em si bemol maior (arr. J. C. Schickhardt, do Concerto Grosso No. 5)

  1. Adagio
  2. Allegro – Adagio
  3. Adagio
  4. Allegro

Sonata em fá maior (Concerti Grossi Nos. 2, 4, 12)

  1. Vivace
  2. Allegro
  3. Adagio
  4. Allegro

Concerto Grosso No. 10 em dó maior

  1. Preludio
  2. Allemande
  3. Adagio
  4. Corrente
  5. Allegro
  6. Minuetto

Sonata IV em fá maior (arr. J. C. Schickhardt, dos Concerti Grossi Nos. 1, 2)

  1. Largo – Allegro
  2. Allegro
  3. Grave – Andante – Largo
  4. Allegro

Concerto Grosso No. 8 em sol menor – ‘Fatto per la Notte di Natale’

  1. Vivace – Grave
  2. Allegro
  3. Adagio – Allegro – Adagio
  4. Vivace
  5. Allegro, Pastorale: Largo

Concerto Grosso No. 3 em ré menor (originalmente em dó menor)

  1. Largo
  2. Allegro
  3. Grave
  4. Vivace
  5. Allegro

Le Concert Français

Hugo Reyne & Sebastien Marq, flautas doce

Danny Bond, fagote

Rainer Zipperling, violoncelo

Pierre Hantaï, cravo ou órgão

Gravação – Paris, 1991
Produção: Yolanta Skura

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FLAC | 276 MB

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MP3 | 320 KBPS | 146 MB

Pierre Hantaï

Este álbum foi produzido e lançado pelo selo ‘Opus 111’, (adivinhem de onde veio a inspiração para a escolha do nome…) que foi fundado e dirigido por uma mulher chamada Yolanta Skura. Este selo acabou sendo vendido para a Naïve, que posteriormente fechou. No entanto, enquanto existiu, foi um dos selos mais instigantes, com lançamentos espetaculares e de repertório interessantíssimo, além de gravar uma legião de excelentes artistas. Vale a pena descobrir um pouco mais sobre esta história. Para começar, você pode ler uma interessante entrevista com a Yolanta acessando este link aqui.

Aproveite!

René Denon

The Polish Violin – Szymanowski, Moszkowski, Karłowicz, Wieniawski – Jennifer Pike, Petr Limonov

“A história da música polonesa para o violino é ligado não apenas aos seus compositores, mas também com seus artistas. Em alguns casos eles eram uma e a mesma pessoa. De Feliks Janiewicz no final do século XVIII e Karol Lipiński na primeira metade do século XIX século, até Grażyna Bacewicz no meados do século XX, a Polônia produziu compositores-violinistas conhecidos através da Europa. Entre eles, Henryk Wieniawski foi o mais famoso. E se compositores queriam ajuda técnica com um novo trabalho, como Moritz Moszkowski, Mieczysław Karłowicz e Karol Szymanowski, eles tiveram sua escolha de violinistas aclamados – freqüentemente amigos e colegas próximos – para escolher.” (texto do booklet)

Szymanowski e talvez Wieniawski talvez sejam os nomes mais conhecido entre os compositores que Jennifer Pike apresenta neste CD. Em comum, além do fato óbvio de serem poloneses, todos foram violinistas além de compositores.

Um bom CD, que mostra uma grande violinista que não teme os desafios. Cada uma destas peças deste Cd exige muito do solista, que precisa ter uma técnica apuradíssima.

Como diria nosso saudoso Carlinus, desejo a todos uma boa audição.

01 – Mythes Op.30 (1915) – La Fontaine dArethuse (The Fountain of Arethusa)
02 – Mythes Op.30 (1915) – Narcisse (Narcissus). Molto sostenuto – Poco piu animato –
03 – Mythes Op.30 (1915) – Dryades et Pan (Dryads and Pan). Poco animato –
04 – Nocturne and Tarantella Op.28 (1915) – Nocturne. Lento assai – Ancora meno mosso –
05 – Nocturne and Tarantella Op.28 (1915) – Tarantella. Presto appassionato – Piu mosso –
06 – Chant de Roxane (1918-24) – Chant de Roxane (1918-24)
07 – Romance Op.23 (1910) – Romance Op.23 (1910)
08 – Guitarre Op.45 No.2 (1887) – Guitarre Op.45 No.2 (1887)
09 – Impromptu (1895) – Impromptu (1895)
10 – Legende Op.17 (1859) – Legende Op.17 (1859)
11 – Polonaise de concert Op.4 (1849-52) – Polonaise de concert Op.4 (1849-52)

Jenifer Pike – Violin
Petr Limonov – Piano

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Adelaide, Op. 46 – Christus am Ölberge, Op. 85 – Johann Rosenmüller (1619-1684) – Lamentationes Jeremiae Prophetae – Fritz Wunderlich

Já lhes repeti tantas vezes o termo “balaio de gatos” nessa série que ele seguramente perdeu toda capacidade de evocar estranheza, então chamarei este disco de “bornal de ariranhas” porque, né, não é todo dia que alguém coloca o único oratório de Beethoven, já tão pouco encontradiço em gravações e programas, junto com um punhado de suas pouco ouvidas canções, apartados por uma pitada de um pouco célebre compositor do barroco alemão. O recipiente cheio de mustelídeos, no entanto, justifica-se plenamente em função de seu único denominador comum – uma das mais lindas vozes jamais ouvidas neste cacófono globo azul, um artista cuja partida prematura privou a música de muitos de seus mais belos dias, o maravilhoso Fritz Wunderlich (1930-1966).

Wunderlich, que queria ser trompista, mas foi cooptado por uma professora de canto a soltar a voz e encantar o planeta, ainda não chegara ao seu apogeu artístico quando uma estúpida queda duma escadaria o matou, aos 36 anos. Sua carreira transcorreu essencialmente em teatros alemães e austríacos, onde a demanda por óperas italianas cantadas em alemão caiu como uma luva para sua voz brilhante, dir-se-ia mediterrânea, de tenor lírico, com um belíssimo timbre e a dicção impecável em seu idioma nativo. Entre as poucas gravações que nos deixou, aquelas feitas em estúdio são absoluta minoria, de modo que seus muitos fãs – entre eles, como já adivinharam, eu próprio – têm que recorrer aos registros muitas vezes precários, e quase sempre não autorizados de recitais e concertos, principalmente em festivais, e a fitas de transmissões radiofônicas para ouvi-lo e pranteá-lo ainda mais um pouco.

Olhando bem, ele tinha mesmo o maior jeito de trompista.

Essa gravação, o tal bornal de ariranhas, muniu-se justamente desses registros. Passaremos ao largo dos excertos de Rosenmüller e só comentaremos, acerca do oratório, gravado nos Países Baixos com músicos de uma rádio neerlandesa, que o brilho da maravilhosa voz de Wunderlich parece um pouco incongruente com a agonia no Monte das Oliveiras, o que parece fazer coro aos contemporâneos deque estranharam uma voz de tenor, em lugar de alguma mais grave, para o papel de Jesus. O que quero, e aliás meu único objetivo com essa postagem, é apresentar-lhes uma de minhas gravações favoritas em todos os tempos – a canção que Wunderlich nasceu para cantar com sua voz luminosa, a Adelaide.

Composta nos primeiros anos de Beethoven em Viena sobre um poema de Friedrich von Matthison, foi dedicada ao próprio poeta, que ele adorava. Intitulada “uma cantata para voz com acompanhamento de teclado” e totalmente posta em música (Durchkomponiert, ou seja, com música diferente para cada estrofe), ela narra através de duas seções contrastantes o anseio do poeta por Adelaide, uma mulher inatingível. Na primeira, um larghetto sobre um acompanhamento arpejado, o poeta enxerga Adelaide na luz entre as flores, “no reflexo do rio, na neve dos Alpes”, em contemplações da Natureza em várias estações, na noite e no dia. Na segunda, um allegro impetuoso, o poeta fantasia ultrarromanticamente que, depois de sua morte, brotará “de minha tumba, uma flor, das cinzas de meu coração” e que de suas pétalas violetas brilhará o nome de… sim, vocês sabem de quem.

Certamente o poema calou fundo em Beethoven, que estava sempre a sonhar com as intangíveis  anáguas das aristocratas, e ele dedicou vários anos a sua composição. Apesar de seu muito sucesso, hesitou em enviá-la a Matthison, com medo de sua reprovação. Quando finalmente o fez, alcançou-lhe também uma carta em explica ao seu ídolo literário os motivos da demora, a qual,  pela delicadeza com que Beethoven, que tanto se depreciava como um tosco de poucas maneiras e precária educação, merece ser traduzida (ainda que muito livremente):

“Estimadíssimo amigo:

Receberá com esta [carta] uma de minhas composições, publicada há já alguns anos, e ainda assim, para minha vergonha, da qual você provavelmente jamais ouviu falar. Não posso tentar me desculpar, ou explicar por que eu lhe dediquei uma obra que veio diretamente de meu coração, mas nunca o deixei saber de sua existência, a não ser que dessa forma: que eu primeiramente não sabia onde você vivia, e parte também por acanhamento, que me levou a pensar que fora prematuro em dedicar-lhe uma obra sem certificar-me de que você a aprovaria. De fato, mesmo agora eu lhe envio “Adelaide” com uma sensação de timidez. Você sabe por si mesmo que mudanças o passar de alguns anos traz a um artista que se mantém a fazer progressos; quanto maiores os avanços que fazemos na arte, menos satisfeitos ficamos com nossas obras de outrora. Minha vontade mais ardente realizar-se-á se você não ficar insatisfeito com o modo em que pus em música sua celestial “Adelaide”, e que ele [refere-se aqui ao modo] o instigue a escrever logo um poema similar; e se você não considerar meu pedido por demais petulante, imploro que você mo enviasse sem demora, para que eu dedique todas minhas energias a abordar sua adorável poesia com o devido mérito. Rogo que considere a dedicatória como uma retribuição pela satisfação que sua “Adelaide” em mim provocou, assim como a apreciação e o intenso deleite que sua poesia sempre inspirou, e sempre inspirará em mim [grifo de Beethoven].

Quando tocar “Adelaide”, lembre-se às vezes de
Seu sincero admirador,
Beethoven”

Matthison certamente não deixou de se lembrar de seu sincero e inseguro admirador. Ao apresentar “Adelaide” numa coletânea de seus poemas, já no final da vida, escreveu taxativamente:

“Muitos compositores trouxeram esta pequena fantasia lírica à vida através da música; estou firmemente convencido, no entanto, que nenhum deles fez tanta sombra ao texto com sua melodia quanto o gênio Ludwig van Beethoven em Viena”.

Quem escutar a solar gravação de Wunderlich só poderá concordar com o poeta.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Christus am Ölberge, oratório para solistas, coro e orquestra, Op. 85
Composto em 1803
Publicado em 1811

1 – Introduction – “Jehovah, du mein Vater” – “Meine Seele ist erschuttert”
2 – “Erzittre, Erde!” – “Preist des Erlosers Gute” – “O Heil euch, ihr Erlosten” – “Doch weh! Die frech entehren”
3 – “Verkundet, Seraph, mir dein Mund” – “So ruhe denn”
4 – “Wilkommen, Tod!” – “Wir haben ihn gesehen”
5 – “Die mich zu fangen augezogen” – “Hier ist er”
6 – “Nicht ungestraft” – “In meinen Adern wuhlen” – “Auf, ergreifet den Verrater!” – “Welten singen Dank und Ehre” – “Preiset ihn, ihr Engelchore”

Fritz Wunderlich, tenor (Jesus)
Erna Spoorenberg, soprano (
Serafim)
Hermann Schey, baixo (Pedro)
Groot Omroepkoor
Radio Filharmonisch Orkest, Hilversum
Henk Spruit, regência

Johann ROSENMÜLLER (1619-1684), arranjo de Fred HAMEL (1903-1957)

Lamentationes Jeremiae Prophetae 

7 – 2. Lektion zum Mittwoch der Karwoche (Kap. 1, 6-9) – 3. Lektion zum Gründonnerstag (Kap. 3, 1-9)

Fritz Wunderlich, tenor
Lisedor Praetorius, cravo
Fred Buck, violoncelo

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

8 – Adelaide, Op. 46 (poema de Friedrich von Matthison)
9 – Resignation, WoO 149 (Haugwitz)
10 – Oito canções, Op. 52 – no. 4: Maigesang (Goethe)
11 – Der Kuß, op. 128 (Heisse)

Fritz Wunderlich, tenor
Hubert Giesen, piano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

.: interlúdio :. Alex North (1910-1991): Spartacus (1960)

.: interlúdio :. Alex North (1910-1991): Spartacus (1960)

O talentoso compositor americano Alex North (1910 – 1991) trabalhou em obras de Jazz, músicas da Broadway e trilhas de filmes onde integrou sua técnica modernista à estrutura típica de leitmotiv da música cinematográfica, rica em temas. Nomeado para quinze Oscars, não levou nenhuma estatueta. Porém foi o primeiro compositor a receber o Oscar Honorário. Embora North seja mais conhecido por seu trabalho em Hollywood, ele passou anos em Nova York escrevendo músicas para o palco, suas obras clássicas incluem duas sinfonias e uma rapsódia para piano, trompete obbligato e orquestra.

Começou a trabalhar em Hollywood na década de 1950. North foi um dos vários compositores que trouxe a influência da música contemporânea para o cinema, em parte marcada por um aumento no uso de dissonância e ritmos complexos. Mas há também uma qualidade lírica em grande parte de seu trabalho, que pode estar relacionada à influência de Aaron Copland, com quem ele estudou.

Uma ótima trilha sonora para um ótimo filme é o que trazemos hoje aos amigos do blog. A foto da capa é do LP que comprei na década de 80 em uma das lojas mais conceituadas de Sampa. Confesso que comprei o álbum principalmente por causa do ‘tema do amor’ faixa 05 CD1, que continua sendo um destaque, mas o álbum inteiro é excelente para ouvi-lo mais de uma vez, confirmando o quão bem ele fez ao ser parte integrante do filme – como de fato a música cinematográfica deveria fazer. Há dinamismo e profundidade nos temas.

Este conjunto com 3 CDs de “Spartacus” (1960) é essencial para os amantes de filmes! É um dos raros produtos que cobre toda a música do filme do início ao fim. A percussão estrondosa do tema do título principal (CD1 faixa2), o tema do amor de Spartacus, a canção de Antoninus (CD1 faixa 19) ou ainda uma dança posterior que precede a batalha final (CD2 faixa 06) e a música triste, mas esperançosa, do final que ressalta a morte de Spartacus na cruz e o sentimento de triunfo de Varinia enquanto ela segura seu filho recém-nascido enquanto proclamando sua liberdade antes de sua partida final (CD2 faixa 17), são sem dúvida os destaques musicais desta gravação.

A música de “Spartacus” é um complemento digno da coleção de qualquer amante de trilhas sonoras e este simples admirador acha altamente recomendável. Não deve ser comparado especialmente a trilha de “Ben-Hur”, que é como comparar banana com laranja. A música de Alex North é perfeita para Spartacus, evocando não apenas as paixões dos personagens, mas também um sentimento pelo final do primeiro século da nossa era.

Embora a qualidade do som na minha opinião não seja tão boa nesta cópia, parece que o som stereo foi gravado diretamente no CD sem remasterização, vale a pena. Se você é um fã da trilha sonora como eu, é uma adição decente à sua biblioteca.

O Filme
Spartacus (Kirk Douglas), um homem que nasceu escravo, labuta para o Império Romano enquanto sonha com o fim da escravidão. Apesar de não ter muito com o que sonhar, pois foi condenado morte por morder um guarda em uma mina na Líbia. Só que seu destino é mudado por um lanista (negociante e treinador de gladiadores), que o compra para ser treinado nas artes de combate e se tornar um gladiador. Até que um dia, dois poderosos patrícios chegam de Roma com suas esposas, que pedem para serem entretidas com dois combates até morte e Spartacus é escolhido para enfrentar um gladiador negro, que vence a luta mas se recusa a matar seu opositor, atirando seu tridente contra a tribuna onde estavam os romanos. Este nobre gesto custa a vida do gladiador negro e enfurece Spartacus de tal maneira que ele acaba liderando uma revolta de escravos, que atinge metade da Itália do século primeiro. Inicialmente as legiões romanas subestimaram seus adversários e foram todas massacradas, por homens que não queriam nada de Roma, além de sua própria liberdade. Até que, quando o Senado Romano toma consciência da gravidade da situação, decide reagir com todo o seu poderio militar.

Kirk (1916-2020)

O filme venceu o Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Peter Ustinov), melhor direção de arte, melhor fotografia e melhor figurino e ainda foi indicado nas categorias de melhor edição e melhor trilha sonora. Diretor: Stanley Kubrick. Elenco: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Tony Curtis e Peter Ustinov.

 

Os CDs 1 e 2 fazem parte da sequência lógica das cenas do filme. O CD 3 é um bônus.

Recomendo, incondicionalmente, a todos os amantes da música. Divirtam-se !

Spartacus by Alex North
CD1
01 – OVERTURE
02 – MAIN TITLE
03 – THE MINES
04 – SLAVE SHIP
05 – I’M NOT AN ANIMAL
06 – TRAINING – MARCELLUS PAINT – DIFFERENT CELL
07 – DID THEY HURT YOU
08 – CRASSUS ARRIVES
09 – THE ROMANS
10 – CHOOSING THE GLADIATORS
11 – CRASSUS MEETS VARINIA
12 – GLADIATORS FIGHT TO THE DEATH – DRABBAS DEATH
13 – MARCELLUS SOUP – REVOLT – ROME
14 – CRASSUS VILLA
15 – LOOTING – DESERTED SCHOOL
16 – ARMY OF GLADIATORS – REUNION WITH VARINIA
17 – OYSTERS AND SNAILS
18 – VESUVIUS CAMP – VOLUNTEERS – GRACHUS DRUNKEN MARCH
19 – ANTONINUS SONG – BLUE SHADOWS AND PURPLE HILLS
20 – GLABRUS SIGHTED – BURNING CAMP
21 – FINALE – ACT ONE

CD2
01 – INTERMISSION MUSIC
02 – CROSSING THE ALPS – DEAD BABY – BY THE POOL
03 – METAPONTUM
04 – BATH HOUSE
05 – THE SEA
06 – CELEBRATION
07 – THE PEOPLE ASSEMBLE
08 – THE TWO ARMIES MARCH
09 – NIGHT BEFORE THE BATTLE
10 – THE BATTLE
11 – FIELD OF BODIES – VARINIA’S BABY
12 – I AM SPARTACUS – CRASSUS FINDS VARINIA IN THE FIELD
13 – SLAVE LINE – MASS CRUCIFIXION
14 – NIGHT CRUCIFIXIONS
15 – CRASSUS AND VARINIA
16 – FEAR OF DEATH – CRASSUS SLAP – ANTONINUS DEATH
17 – GOODBYE MY LIFE, MY LOVE
18 – EXIT MUSIC

Music Composed and Conducted by Alex North
Orchestra from the Universal Studios

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Alex North dando uma palhinha no piano do PQPBach exatamente às 13:02.

Joseph Haydn (1732-1809) – Piano Sonatas – Cds 7 e 8 de 8 – Jean-Eflaim Bavouzet

Vamos concluir essa série de Jean-Eflaim Bavouzet tocando Haydn? Por enquanto a gravadora Chandos lançou oito CDs, não sei quais os planos do solista e da gravadora para o futuro. Aguardemos.

O texto abaixo foi retirado e livremente traduzido por este que vos escreve, com a ajuda do Google, é claro:

“Entre as sonatas reconhecidas como datadas da juventude de Haydn (entre a década de 1750 e o início dos anos 1760), ou seja, as primeiras dezoito na classificação de Christa Landon, apenas quatro são absolutamente e indiscutivelmente autênticas: 13 (Hob. XVI: 6) em G, do autógrafo manuscrito de um fragmento porém sem data, e o nº 9 (Hob. XVI: 4) em D, No. 14 (Hob. XVI: 3) em C e No. 16 (Hob. XVI: 14) em D (CHAN 10689), todos observado por Haydn em seu Entwurf Katalog, a lista contínua de seus trabalhos que ele começou a manter em 1765. Alguns são de autenticidade dúbia ou totalmente apócrifos, mas a autenticidade das outras são em 07geral aceitas. Em suas fontes elas não são chamadas de ‘sonata’, mas sim “Divertimento” (termo então aplicável em Círculos vienenses a todas as músicas não orquestrais), ou então “partita” (o termo geralmente aplicado a uma sucessão de movimentos em uma suíte e, portanto, um trabalho de proporções maiores que o habitual). No caso de Haydn, a primeira descrição de uma obra como “sonata” é encontrado no autógrafo da escrita em C menor, nº 33 (Hob. XVI: 20), de 1771 (CHAN 10689). Depois que ele deixou os coristas das fileiras da Catedral de Santo Estêvão em 1749-50, uma maneira que Haydn encontrou para ganhar a vida era ensinar o cravo, especialmente para as mulheres. Foi nesse contexto que suas primeiras sonatas surgiram. Algumas eram curtas, leves e sem muitos desafios técnicos (para alunos amadores). Outros eram mais ambiciosas, mais elaboradas (para conhecedores), e as desta última categoria não eram necessariamente trabalhos mais recentes. Com exceção do nº 13 (Hob. XVI: 6), essas sonatas sobreviveram apenas sob a forma de cópias e para estabelecer uma cronologia é difícil, até impossível.”

Como sempre, sugiro a leitura do booklet, que vai analisar cada uma das sonatas desse CD. Vale a leitura.

CD 7

01. Sonata No.8 in A major, Hob. XVI 5 – I. Allegro
02. Sonata No.8 in A major, Hob. XVI 5 – II. Menuet – Trio – Menuet da capo
03. Sonata No.8 in A major, Hob. XVI 5 – III. Presto
04. Sonata No.46 in E major, Hob. XVI 31 – I. Moderato
05. Sonata No.46 in E major, Hob. XVI 31 – II. Allegretto –
06. Sonata No.46 in E major, Hob. XVI 31 – III. Finale. Presto – Minore – Maggiore
07. Sonata No.13 in G major, Hob. XVI 6 – I. Allegro
08. Sonata No.13 in G major, Hob. XVI 6 – II. Menuet – Trio – Menuetto da capo
09. Sonata No.13 in G major, Hob. XVI 6 – III. Adagio
10. Sonata No.13 in G major, Hob. XVI 6 – IV. Allegro molto
11. Sonata No.57 in F major, Hob. XVI 47 – I. Moderato
12. Sonata No.57 in F major, Hob. XVI 47 – II. Larghetto –
13. Sonata No.57 in F major, Hob. XVI 47 – III. Allegro
14. Sonata No.58 in C major, Hob. XVI 48 – I. Andante con espressio
15. Sonata No.58 in C major, Hob. XVI 48 – II. Rondo. Presto

CD 8

01. Divertimento in G Major, Hob. XVI_11_ I. Presto
02. Divertimento in G Major, Hob. XVI_11_ II. Andante
03. Divertimento in G Major, Hob. XVI_11_ III. Menuet
04. Keyboard Sonata in E-Flat Major, Hob. XVI_38_ I. Allegro moderato
05. Keyboard Sonata in E-Flat Major, Hob. XVI_38_ II. Adagio
06. Keyboard Sonata in E-Flat Major, Hob. XVI_38_ III. Finale. Allegro
07. Piano Trio in E-Flat Major, Op. 71 No. 2, Hob. XV_22_ II. Poco adagio (Original Version for Solo Piano)
08. Divertimento in C Major, Hob. XVI_10_ I. Moderato
09. Divertimento in C Major, Hob. XVI_10_ II. Menuet
10. Divertimento in C Major, Hob. XVI_10_ III. Finale. Presto
11. Sonata in D Major, Hob. XVII_D1_ I. Theme & Variations
12. Sonata in D Major, Hob. XVII_D1_ II. Menuet
13. Sonata in D Major, Hob. XVII_D1_ III. Finale. Allegro
14. String Quartet in C Major, Op. 76 No. 3, Hob. III_77 _Erdody, Emperor__ II. Poco adagio cantabile (Version for Piano)
15. Sonata in E-Flat Major, Hob. XVI_49_ I. Allegro non troppo
16. Sonata in E-Flat Major, Hob. XVI_49_ II. Adagio cantabile
17. Sonata in E-Flat Major, Hob. XVI_49_ III. Finale. Tempo di menuet

 

Jean-Eflaim Bavouzet – Piano

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Johann Sebastian Bach – Harpsichord Concertos – Fabio Bonizzoni & La Risonanza

Recentemente, nosso querido PQPBach nos brindou novamente com a magnífica série das Cantatas Italianas de Haendel gravadas por Fabio Bonizzoni & La Risonanza e claro que também contando com a cumplicidade da magnífica Roberta Invernizzi , uma coleção absolutamente estonteante,  que já passou aqui pelo blog umas umas duas ou três vezes.

Desta vez trago para os senhores um outro lado dessa turma, o lado solista de Fabio Bonizzoni, que além de excelente maestro, também é um grande cravista, e aqui, em dois CDs, eles tocam os Concertos de Bach para Teclados.

O texto abaixo foi tirado do site da gravadora:

Com seu Quinto Concerto de Brandenburgo de 1719, Bach criou o primeiro concerto de cravo. A partir de 1729, em Leipzig, surgiu a oportunidade de continuar esse experimento: todas as semanas no Café Zimmermann, ele conduzia seu Collegium Musicum em concertos orquestrais que duravam cerca de duas horas. No verão de 1733, ele recebeu "um novo cravo, algo que nunca foi ouvido antes por aqui". Este instrumento magnífico, que apareceu nos concertos de Zimmermann, pedia urgentemente que os concertos fossem tocados por ele como solista, e mais ainda por seus filhos e alunos. Não apenas na Saxônia, mas também muito além, Bach era considerado a autoridade absoluta em todas as coisas, cravo e órgão; assim, ele teve que dar sua própria contribuição ao gênero emergente do “concerto de cravo”. O manuscrito de seus seis concertos de cravo BWV1052 a 1057 deve, portanto, ser entendido como uma coleção de repertórios para seu Collegium musicum e como um manifesto composicional.

Não sei quantas vezes já ouvi essas obras, ou com quantos solistas diferentes. Claro que nomes como Karl Richter, Trevor Pinnock e o recentemente falecido Kenneth Gilbert sempre nos vem à cabeça, com seus registros já considerados históricos. Mas sempre é bom ouvir o que a nova geração tem a nos dizer. E isso Fabio Bonizzoni e sua turma do excelente La Rezonanza fazem com uma tremenda competência, nos mostrando que, mesmo já há quase de duzentos e setenta anos da morte de seu compositor, essas obras continuam atuais e sim, ainda tem muito a nos dizer.

CD 1

1 Harpsichord Concerto No. 1 in D Minor, BWV 1052: I. Allegro
2 Harpsichord Concerto No. 1 in D Minor, BWV 1052: II. Adagio
3 Harpsichord Concerto No. 1 in D Minor, BWV 1052: III. Allegro
4 Harpsichord Concerto No. 2 in E Major, BWV 1053: I. [no tempo marking]
5 Harpsichord Concerto No. 2 in E Major, BWV 1053: II. Siciliano
6 Harpsichord Concerto No. 2 in E Major, BWV 1053: III. Allegro
7 Harpsichord Concerto No. 4 in A Major, BWV 1055: I. Allegro
8 Harpsichord Concerto No. 4 in A Major, BWV 1055: II. Larghetto
9 Harpsichord Concerto No. 4 in A Major, BWV 1055: III. Allegro ma non tanto
10 Harpsichord Concerto No. 5 in F Minor, BWV 1056: I. [no tempo marking]
11 Harpsichord Concerto No. 5 in F Minor, BWV 1056: II. Largo
12 Harpsichord Concerto No. 5 in F Minor, BWV 1056: III. Presto

CD 2

1 Brandenburg Concerto No. 5 in D Major, BWV 1050: I. Allegro
2 Brandenburg Concerto No. 5 in D Major, BWV 1050: II. Adagio
3 Brandenburg Concerto No. 5 in D Major, BWV 1050: III. Allegro
4 Harpsichord Concerto No. 6 in F Major, BWV 1057: I.
5 Harpsichord Concerto No. 6 in F Major, BWV 1057: II. Andante
6 Harpsichord Concerto No. 6 in F Major, BWV 1057: III. Allegro assai
7 Harpsichord Concerto No. 3 in D Major, BWV 1054: I.
8 Harpsichord Concerto No. 3 in D Major, BWV 1054: II. Adagio e piano sempre
9 Harpsichord Concerto No. 3 in D Major, BWV 1054: III. Allegro
10 Concerto for Flute, Violin and Harpsichord in A Minor, BWV 1044: I. Allegro
11 Concerto for Flute, Violin and Harpsichord in A Minor, BWV 1044: II. Adagio ma non tanto e dolce
Concerto for Flute, Violin and Harpsichord in A Minor, BWV 1044: III. Alla breve

Ulrike Slowik – Violin
Marco Brolli – Flute
Fabio Bonizzoni – Harpsichord & Conductor

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Variações para piano, violino e violoncelo, Opp. 44 & 121a – Trio, Op. 97 – The Castle Trio

Dinheiro, grana, gaita, bufunfa: chamem-no como quiserem, Beethoven sempre precisava dele. Ao recorrer novamente ao velho golpe de vasculhar o fundo da velha canastra dos tempos de Bonn e dela tirar algo que pudesse publicar, dela catou umas variações para trio com piano que compusera aos vinte e poucos anos e, soprando-lhes a poeira, deu-as à prensa doze anos depois, como seu Op. 44. Apesar de alegadamente serem sobre “um tema original”, sua origem é de outra lavra: um fragmento da ária Ja, ich muss mich von ihr scheiden (“Sim, eu tenho que me separar dela”), da ópera Das rote Käppchen (“O gorrinho vermelho” – sem relações com a história do Lobo Mau!) de Karl Ditters von Dittersdorf. Apropriação indébita? Talvez, mas o mais provável é que a obra, que tinha sido muito popular em Bonn na juventude de Beethoven, a ponto dele compor variações para piano (WoO 66) sobre um de seus temas, jazesse então na obscuridade, e que não fosse familiar a pessoa alguma em Viena. Não que nosso renano favorito fosse exatamente célebre pelo crédito que dava aos autores dos temas que lhe inspiravam variações: quando publicou suas monumentais “Variações Diabelli”, ele as intitulou tão só “Trinta e três variações sobre um tema” para piano; o nome do autor do tema só apareceu na primeira edição porque, bem, Diabelli era o editor.

Essas variações figurativas, ainda que engenhosas, delatam o característico estilo bonense e contrastam fortemente com a obra que a sucede na gravação. As dez variações sobre a imensamente popular canção Ich bin der Schneider Kakadu (“Eu sou o alfaiate Cacatua”(!), um título sem sentido, mas menos maroto que o original, Ich bin der Schneider Wetz und Wetz, de conotação libidinosa (!!)) foram compostas ao longo de mais de duas décadas. Seus primeiros esboços, ou talvez a maior parte da composição, são de 1803; há um manuscrito autógrafo de 1816, e a obra só foi publicada em 1824, depois das colossais Variações Diabelli. Essa gênese prolongada explica a estranheza que a obra provoca, como uma colagem de diferentes estilos do compositor: uma enorme, solene introdução afeita ao seu estilo intermediário, que conduz a um tema surpreendentemente simplório; a algumas variações que remetem às suas primeiras obras em Viena; e uma impressionante fuga dupla no final da primeira variação que só poderia ser obra dum veterano da Missa Solemnis e da demoníaca Hammerklavier.

A gravação termina com o sensacional trio “Arquiduque”, uma obra tão especial que será abordada numa publicação própria, e com uma gravação que, acreditamos, é ainda melhor que esta burilada joia que o Castle Trio lhes traz agora.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Variações em Mi bemol maior sobre um tema original, para piano, violino e violoncelo, Op. 44
Compostas em 1792
Publicadas em 1804

1 – Thema – Variationen I-XIV

Variações em Sol maior sobre a ária “Ich bin der Schneider Kakadu” da ópera “Die Schwestern von Prag” de Wenzel Müller, para piano, violino e violoncelo, Op. 121a
Compostas em 1803, revisadas em 1816
Publicadas em 1824

2 – Introduktion – Thema – Variationen I-X

Trio em Si bemol maior para piano, violino e violoncelo, Op. 97, “Arquiduque”
Composto entre 1810-11, revisado em 1814
Publicado em 1816
Dedicado ao arquiduque Rudolph da Áustria

3 – Allegro moderato
4 – Scherzo: Allegro
5 – Andante cantabile ma con moto – Poco piu adagio attacca: Allegro moderato – Presto

The Castle Trio
Lambert Orkis, piano
Marilyn McDonald, violino
Kenneth Slowik, violoncelo

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Na falta de imagens do Castle Trio, vamos por suas partes. Eis o violoncelista Kenneth Slowik afagando uma viola da gamba.

#BTHVN250, por René DenonVassily

.: interlúdio :. Miklós Rózsa (1907-1995): Ben-Hur (1959)

.: interlúdio :. Miklós Rózsa (1907-1995): Ben-Hur (1959)

Nascido em Budapeste o compositor Miklós Rózsa (1907-1995) foi um ponto de referência para muitos compositores, mais lembrado pelas composições em filmes épicos e religiosos do que pelas composições iniciais de sua carreira, obras neoclássicas, além de balés e sinfonias. Seu trabalho de concerto foi promovido por artistas como o violinista Jascha Heifetz.

O mestre húngaro começou a trabalhar em filmes no final da década de 30. Em 1949 foi contratado pelos estúdios da MGM e participou da fase das grandes produções épicas. A obra que ora trago aos amigos do blog é a sensacional composição do incrível clássico “Ben-Hur” (1959) um marco memorável na carreira de Miklós e que ainda lhe renderia um Oscar da Academia. Eu sempre gostei muito do filme “Ben Hur” e algumas das músicas nele contida são incríveis, um verdadeiro “poema sinfônico”. Rózsa teve o extraordinário luxo de dispor quase um ano inteiro para escrever a trilha sonora do filme de três horas e meia. Esta trilha influenciou outros filmes épicos por mais de quinze anos. A sequência das faixas dos dois CDs é a mesma sequência que as músicas apareceram no filme e nos permite ouvir e imaginar as cenas, um exemplo bem marcante é a faixa 14 do CD1 ”The Rowing of the Galley Slaves” onde Ben-Hur está condenado nas galés, a tensão entre os condenados do navio de guerra vai crescendo a medida que a música vai acelerando ao ritmo da batalha. O resultado é uma trilha sonora totalmente envolvente, a faixa 02 do CD 1 “Overture” explode como um trovão melodioso do passado, e a faixa 06 do CD 1 “Title Music” soa como se a orquestra estivesse cercando o ouvinte. A música se mantém excepcionalmente envolvente, proporcionando assim cerca de duas horas de audição.

O filme

O filme lançado em 1959 tem como diretor o William Wyler e o elenco com figuras carimbadas como Charlton Heston, Jack Hawkins, Haya Harareet. Teve doze indicações ao Oscar e acabou levando onze estatuetas para casa, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator além da composição de Miklós.

O enredo se passa em Jerusalém, no início do século I, vive Judah Ben-Hur (Charlton Heston), um rico mercador judeu. Mas, com o retorno de Messala (Stephen Boyd), um amigo da juventude que agora é o chefe das legiões romanas na cidade, há entre os dois um desentendimento devido a visões políticas divergentes e faz com que Messala condene Ben-Hur a viver como escravo em uma galera romana, mesmo sabendo da inocência do ex-amigo. Mas o destino vai dar a Ben-Hur uma oportunidade de vingança que ninguém poderia imaginar. Ao voltar sua família fora destruída então ele jura vingança contra Messala, porém, seu caminho é cruzado por um misterioso homem de Nazaré. Tal encontro faz Judah se questionar se vale a pena viver com ódio. Uma das cenas mais icônicas, a corrida de bigas, é lembrada como um dos momentos mais marcantes da história do cinema. Foram necessários três meses de filmagens e um total de 15 mil figurantes para realizar a cena. De fato, Ben-Hur é uma verdadeira obra prima da sétima arte, um grandioso clássico.

Miklós Rózsa conduziu uma pesquisa sobre a música grega e romana do século primeiro para dar à partitura um som autêntico enquanto moderno. O próprio Rózsa dirigiu a MGM Symphony Orchestra de 100 peças durante as 12 sessões de gravação, que se estenderam por 72 horas. Considerada a melhor obra de sua carreira. Um dos maiores compositores de trilhas de todos os tempos, permaneceu profundamente influente em meados da década de 1970, particularmente nas trilhas épicas e atrevidas do jovem John Williams.

O som da gravação é excelente, assim como a execução da orquestra. Excelente música para um dos melhores filmes de todos os tempos ! Esta trilha sonora composta é impactante e emocionante, um verdadeiro espetáculo. Divirtam-se !

Ben-Hur by Miklós Rózsa

CD1
01 – Miklos Rozsa – Prologue
02 – Miklos Rozsa – Overture
03 – Miklos Rozsa – Prelude
04 – Miklos Rozsa – Star of Bethlehem
05 – Miklos Rozsa – Adoration of the Magi
06 – Miklos Rozsa – Title Music
07 – Miklos Rozsa – Roman March
08 – Miklos Rozsa – Friendship
09 – Miklos Rozsa – The House of Hur
10 – Miklos Rozsa – Love Theme
11 – Miklos Rozsa – Gratus’ Entry into Jerusalem
12 – Miklos Rozsa – Messala’s Revenge
13 – Miklos Rozsa – The Burning Desert
14 – Miklos Rozsa – The Rowing of the Galley Slaves
15 – Miklos Rozsa – Naval Battle

CD2
01 – Miklos Rozsa – Victor Parade
02 – Miklos Rozsa – Fertility Dance
03 – Miklos Rozsa – Arrius Party
04 – Miklos Rozsa – Farewell to Rome
05 – Miklos Rozsa – Return to Judea
06 – Miklos Rozsa – Memories
07 – Miklos Rozsa – The Mother’s Love
08 – Miklos Rozsa – Intermission Entr’acte Music
09 – Miklos Rozsa – Bread and Circus March
10 – Miklos Rozsa – Parade of the Charioteers
11 – Miklos Rozsa – Death of Messala
12 – Miklos Rozsa – Sermon on the Mount
13 – Miklos Rozsa – Valley of the Dead
14 – Miklos Rozsa – The Lepers search for the Christ
15 – Miklos Rozsa – Procession to Calvary
16 – Miklos Rozsa – Golgotha
17 – Miklos Rozsa – Christ Theme
18 – Miklos Rozsa – The Miracle and Finale

Miklós Rózsa e Carlo Savina – Regentes
The National Philharmonic Orchestra and Chorus

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Miklós Rózsa no pier a espera do SS PQPBach

Ammiratore

Joseph Haydn (1732-1809) – Piano Sonatas – Cds 4, 5 e 6 de 8 – Jean-Eflaim Bavouzet

Jean-Eflaim Bavouzet dando uma espiadinha.

Vamos dar continuidade à esta série de Sonatas de Haydn gravadas por Jean-Eflaim Bavouzet, e que já é referência dentro da discografia das obras de Haydn. Temos hoje os cds 4, 5 e 6 de um total de 8 lançados até agora. 
Lembro que trata-se de repostagem, essa aqui lá de 2016, quando ainda só tinham saído cinco cds dessa coleção. 

Se vivo fosse, Joseph Haydn teria completado 284 anos de idade no último dia 31 de março. E em sua homenagem, farei uma pequena homenagem, trazendo alguns cds de obras que considero fundamentais no imenso catálogo de sua imensa produção.
E nada melhor que começar com esta consagrada série de sonatas que o grande pianista francês Jean-Efflaim Bavouzet gravou. São cinco cds com algumas de suas trocentas sonatas, sempre interpretadas com o mesmo talento, por este que considero um dos melhores pianistas em atividade da atualidade.

CD 4

01. Sonata No. 38 in F major, Hob. XVI23 – I. [Moderato]
02. Sonata No. 38 in F major, Hob. XVI23 – II. Adagio
03. Sonata No. 38 in F major, Hob. XVI23 – III. Finale Presto
04. Sonata No. 40 in E flat major, Hob. XVI25 – I. Moderato
05. Sonata No. 40 in E flat major, Hob. XVI25 – II. Tempo di Menuet
06. Variations, Hob. XVII6 – Andante. Beginning
07. Variations, Hob. XVII6 – Conclusion (bar 151 – end)
08. Sonata No. 30 in D major, Hob. XVI19 – I. Moderato
09. Sonata No. 30 in D major, Hob. XVI19 – II. Andante
10. Sonata No. 30 in D major, Hob. XVI19 – III. Finale Allegro assai
11. Variations, Hob. XVII6 – Conclusion (bar 151 – end) (Unpublished version wit

CD 5

01. Sonata No. 15 in E major, Hob. XVI13 – I. Moderato
02. Sonata No. 15 in E major, Hob. XVI13 – II. Menuet & Trio
03. Sonata No. 15 in E major, Hob. XVI13 – III. Finale Presto
04. Sonata No. 12 in A major, Hob. XVI12 – I. Andante
05. Sonata No. 12 in A major, Hob. XVI12 – II. Menuet & Trio
06. Sonata No. 12 in A major, Hob. XVI12 – III. Finale Moderato molto
07. Sonata No. 37 in E major, Hob. XVI22 – I. Allegro moderato
08. Sonata No. 37 in E major, Hob. XVI22 – II. Andante
09. Sonata No. 37 in E major, Hob. XVI22 – III. Finale Tempo di Menuet
10. Sonata No. 54 in G major, Hob. XVI40 – I. Allegretto innocente
11. Sonata No. 54 in G major, Hob. XVI40 – II. Presto
12. Sonata No. 55 in B flat major, Hob. XVI41 – I. Allegro
13. Sonata No. 55 in B flat major, Hob. XVI41 – II. Allegro di molto
14. Sonata No. 56 in D major, Hob. XVI42 – I. Andante con espressione
15. Sonata No. 56 in D major, Hob. XVI42 – II. Vivace assai
16. Bonus track Epilogue

Jean-Efflam Bavouzet – Piano

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bavouzet haydn
Jean_Eflaim Bavouzet posando ao lado do busto de Haydn no Salão Principal da sede do PQPBach!

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Die Geschöpfe des Prometheus, Op. 43 – Orpheus Chamber Orchestra

A curiosa música para Die Geschöpfe des Prometheus (“As Criaturas de Prometeu”) é tão singular quanto as circunstâncias que levaram à sua criação. Quando a famosa companhia de balé de Salvatore Viganò chegou a Viena, em 1801, logo recebeu o convite para se apresentar para a corte imperial. O napolitano Viganò, sobrinho de Luigi Boccherini, normalmente compunha a música para suas próprias coreografias e imaginou um algo ambicioso libreto baseado no mito de Prometeu. Julgando a ocasião e a complexidade da proposta além de suas habilidades como compositor, convidou o ainda entusiasmado Beethoven pré-Heiligenstadt para contribuir com a produção. Ludwig respondeu de maneira pouco usual, escrevendo a música com rapidez e atendendo todos os prazos, de maneira que, quando da estreia no Burgtheater, a obra estava totalmente completa, sem a necessidade do tradicional expediente beethoveniano de copiar as partituras na penúltima hora lá nas coxias.

O enredo conta a história de Prometeu como criador da civilização. No primeiro ato, instila vida em duas estátuas de argila, gerando os primeiros homens, para no segundo ato apresentá-las às artes através de entidades como Apolo, Orfeu, Pã e Baco. As danças coletivas alternam-se com solos – alguns até hoje indicados pelos nomes de seus criadores (Gaetano Gioia, Maria Casentini e o próprio Viganò), até que a musa da Tragédia mostra a que veio e mata Prometeu, demostrando a todos a inevitabilidade da morte. Thalia e Pã não se fazem de rogados e trazem o falecido titã de volta à vida, e todos dançam festivamente num inacreditável, mas previsível final feliz.

Escrita para um conjunto orquestral pequeno e notavelmente mais leve que as outras obras para o palco de Beethoven, Prometheus inclui partes para o corno di bassetto e para a harpa – instrumentos que, sinceramente, não me lembro de ouvir noutras obras beethovenianas – e alguns proeminentes solos para flauta e violoncelo. E a dança final, uma contradança reaproveitada duma composição da juventude  e que ressurgiria também nas variações para piano, Op. 35, ficaria célebre como o tema do colossal finale da sinfonia Eroica – talvez uma citação proposital do criador mitológico da Humanidade numa obra originalmente destinada a Napoleão, que Beethoven considerava até então um herói libertador e inimigo dos déspotas.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Die Geschöpfe des Prometheus, música para o balé em dois atos de Salvatore Viganò, Op. 43
Composto entre 1800-1
Publicado em 1804
Dedicado à princesa Christiane von Lichnowsky

ATO I

1 – Overtura: Adagio – Allegro molto e con brio – attacca:
2 – Introduzione: La Tempesta. Allegro non Troppo – attacca:

3 – No. 1: Poco Adagio
4 – No. 2: Adagio – Allegro con brio
5 – No. 3: Minuetto

ATO II
6 – No. 4: Maestoso – Andante
7 – No. 5: Adagio – Andante quasi allegretto
8 – No. 6: Un poco Adagio – Allegro
9 – No. 7: Grave
10 – No. 8: Allegro con brio – Presto
11 – No. 9: Adagio – Allegro molto
12 – No. 10: Pastorale
13 – No. 11: Andante
14 – No. 12: Maestoso (“Solo di Gioia”)
15 – No. 13: Allegro – Comodo
16 – No. 14: Andante – Adagio (“Solo della Casentini”)
17 – No. 15: Andantino – Adagio (“Solo di Viganó”)
18 – No. 16: Finale

Orpheus Chamber Orchestra

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A Orpheus Chamber Orchestra decidindo o que fazer com o primeiro que perguntar quem é o seu regente.
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

.: interlúdio :. Elmer Bernstein (1922-2004): The Ten Commandments (1956)

.: interlúdio :. Elmer Bernstein (1922-2004): The Ten Commandments (1956)

Elmer Bernstein (1922 – 2004) nasceu nos Estados Unidos, nasceu para Hollywood, nasceu para musicar a sétima arte. Tendo feito cerca de incríveis 150 trilhas sonoras originais, além de quase 80 produções televisivas, Musicais da Broadway, trabalhou também na década de 80 no famoso videoclipe da música “Thriller”, de Michael Jackson. O cara era f…., ao longo de sua carreira Bernstein emplacou um Oscar dos 14 que concorrera no total.

Em sua juventude tocou algumas de suas improvisações para o compositor Aaron Copland, que empolgado com o garoto o aceitou como aluno de composição. Bernstein também atuou como pianista de concertos entre 1939 e 1950 e escreveu numerosas composições clássicas, incluindo três suítes de orquestra, dois ciclos de canções, várias composições para viola e piano e para piano solo, quarteto de cordas e um concerto para guitarra. Na Segunda guerra mundial Elmer foi convocado para a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos, onde escreveu músicas para a Rádio das Forças Armadas.

Na década de 50 um executivo de música de estúdio apresentou-o a Cecil B. De Mille, que estava gravando “Os Dez Mandamentos” e que precisava de música com som de época. O compositor Victor Young – que originalmente fora contratado para escrever a música dramática – desistiu por motivos de saúde, e DeMille substituiu o compositor doente pelo jovem promissor. Elmer Bernstein se lembra de seu primeiro encontro com Cecil B. DeMille e sua grande chance em “Os Dez Mandamentos”: “‘Senhor. Bernstein “, disse DeMille em grande voz,” você acha que pode fazer pela música egípcia antiga o que Puccini fez pela música japonesa em “Madame Butterfly?” Ele trabalhou na composição por um ano e meio. Criando uma das maiores trilhas já feitas para o cinema. Se os amigos do blog se interessarem pela brilhante carreira do Elmer segue o link de sua página (https://elmerbernstein.com), vale a pena conhecer as grandes obras deste mestre do século XX.

Ao contrário da suposição popular, ele não era parente do célebre compositor e maestro Leonard Bernstein, mas os dois homens eram amigos.No mundo da música profissional, eles se distinguiram pelo uso dos apelidos Bernstein West (Elmer) e Bernstein East (Leonard). Eles também pronunciaram seus sobrenomes de maneira diferente. Elmer pronunciou seu “BERN-steen”, e Leonard usou “BERN-stine”.

Hoje tenho a alegria de poder compartilhar com os amigos do blog uma das maiores páginas musicais já escritas para o cinema: “The Ten Commandments” do compositor Elmer Bernstein. Eu amo essa composição. Adorei quando criança, adorei quando tocava o LP (aliás a foto da capa é do LP que comprei na década de 80 em uma das lojas mais conceituadas de Sampa) e continuo adorando agora aos cinquenta. Espero que outros possam apreciar o trabalho do Bernstein. Na minha opinião de admirador, essa composição conta a história de Moisés tão bem quanto Charleton Heston e o resto do elenco. Acredito que sem esta ótima composição o filme não seria o mesmo. John Williams utilizou a faixa 19 como base para o final do Star Wars Episode IV. Poderoso, épico e clássico ouçam a magistral página que é a faixa 23! Todo o CD é soberbo !

O filme
Considerado como o maior épico bíblico já feito, “Os Dez Mandamentos”, de Cecil B. DeMille, é uma obra-prima. O elenco é incrível e apresenta Charlton Heston, Yul Brynner, Anne Baxter e Edward G. Robinson em performances inesquecíveis. Heston, em particular, apresenta uma performance icônica; como se ele tivesse nascido para brincar de Moisés. Os cenários e figurinos são especialmente ambiciosos e são feitos em uma escala notável. Além disso, DeMille traz uma perspectiva interessante ao material e o enquadra como uma luta entre liberdade e tirania. Os Dez Mandamentos é uma peça extraordinária de cinema e um clássico amado. “Então, deixe que seja escrito, que seja feito”. Baseado nas Escrituras Sagradas, com diálogos adicionais de várias outras mãos, “Os Dez Mandamentos” foi o último filme dirigido por Cecil B. DeMille. A história relata a vida de Moisés, desde o momento em que ele foi descoberto nos juncos quando criança pela filha do faraó, a sua longa e difícil luta para libertar os hebreus da escravidão pelas mãos dos egípcios. Moises (Charlton Heston) começa seguro como o filho adotivo de Faraó (e um gênio em projetar pirâmides, dando conselhos no local de construção), mas quando descobre sua verdadeira herança hebraica, ele tenta: tornar a vida mais fácil para o seu povo. Banido por seu meio-irmão ciumento Ramsés (Yul Brynner), Moisés retorna totalmente barbado à corte do Faraó, avisando que recebeu uma mensagem de Deus e que os egípcios devem libertar os hebreus imediatamente. Somente depois que as pragas mortais dizimaram o Egito, Ramsés cedeu. Quando os hebreus alcançam o Mar Vermelho, eles descobrem que Ramsés voltou à sua palavra e planeja matá-los todos. Mas Moisés resgata seu povo com um pouco de domínio divino, separando os mares. Mais tarde, Moisés é novamente confrontado por Deus no Monte. Sinai, que lhe entrega os Dez Mandamentos.

Os Dez Mandamentos de DeMille pode não ser o entretenimento mais sutil e sofisticado já inventado, mas conta sua história com uma clareza e vitalidade que poucos estudiosos da Bíblia jamais foram capazes de fazer. Com um tempo de execução de quase quatro horas, o último longa-metragem de Cecil B. De Mille não é chato nem por um minuto. O que faz esse filme funcionar – algo que os filmes religiosos recentemente perderam completamente o fio – é que não é um sermão. É atraente, apesar de suas alianças religiosas.

Mesmo para quem não conhece, ainda, o filme muitos temas são familiares. Uma das minhas composições preferidas do século XX. Uma composição refinada e tremenda. Divirtam-se com mais este tesouro da música!

The Ten Commandments by Elmer Bernstein
Ten Commandments -01- Overture
Ten Commandments -02- Main title
Ten Commandments -03- Murder Firstborn, Moses conqueror&cour
Ten Commandments -04- Foods from the Gods
Ten Commandments -05- Treasure City, Erecting monolith
Ten Commandments -06- A city of sethi’s glory
Ten Commandments -07- Hard bondaje
Ten Commandments -08- Nefretiris’ barge
Ten Commandments -09- You are the reedemeri, Lilia begs
Ten Commandments -10- Into blistering wilderness of Shur
Ten Commandments -11- Well of Midiam, Stranger in wise, Stro
Ten Commandments -12- Moses questions Sephora about
Ten Commandments -13- Moses and Sephora to be his wife
Ten Commandments -14- Royal falcon is flown sun, Lilia
Ten Commandments -15- Plague of blood
Ten Commandments -16- Green cloud descends
Ten Commandments -17- Death of Pharaohs son
Ten Commandments -18- I set you free
Ten Commandments -19- A new Day, Exodus
Ten Commandments -20- Ride of the chariots
Ten Commandments -21- And the sea covered him
Ten Commandments -22- His God, Is God, Mount Sinai
Ten Commandments -23- Commandments. Golden Calf
Ten Commandments -24- Wrath of God, Law is restored
Ten Commandments -25- Exit music

Composed & Conducted by Elmer Bernstein
Paramount Pictures Studio Orchestra

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Elmer ensaiando com os egípcios no hall do Grande Salão PQPBach

Ammiratore

“Carlinus Files” – Franz Joseph Haydn (1732-1809) – Piano Sonatas vol. 1, 2 e 3 de 8 – Bavouzet

Front

Repostagem de uma original feita lá em 2013, alguns dias após a visita de nosso querido Carlinus, por isso chamei a série de “Carlinus Files”,  pois trocamos muito material na época. 

Como estamos em pleno ano Beethoven, quando comemoramos os 250 anos de nascimento do genial compositor, acho importante mostrar o que o influenciou e quem era os seus mestres. Curiosamente, a obra pianística de Haydn pouco apareceu aqui no PQPBach. Para ser mais rápido, estou disponibilizando três cds de cada vez. Lembrando que até agora foram lançados 8 volumes. 

Mais um cd com o selo “Carlinus Files”, que ajuda a traduzir a qualidade da gravação e da interpretação.

Facilmente classificável como “IM-PER-DÍ-VEL” !!

Divirtam-se…

01 – Sonata No.39 in D major, Hob.XVI 24 – I. Allegro
02 – Sonata No.39 in D major, Hob.XVI 24 – II. Adagio – Larghetto
03 – Sonata No.39 in D major, Hob.XVI 24 – III. Finale Presto
04 – Sonata No.47 in B minor, Hob.XVI 32 – I. Allegro moderato
05 – Sonata No.47 in B minor, Hob.XVI 32 – II. Menuet. Tempo di Menuetto – Trio. Minore
06 – Sonata No.47 in B minor, Hob.XVI 32 – III. Finale Presto
07 – Sonata No.31 in A flat major, Hob.XVI 46 – I. Allegro moderato
08 – Sonata No.31 in A flat major, Hob.XVI 46 – II. Adagio
09 – Sonata No.31 in A flat major, Hob.XVI 46 – III. Finale Presto
10 – Sonata No.49 in C sharp minor, Hob.XVI 36 – I. Moderato
11 – Sonata No.49 in C sharp minor, Hob.XVI 36 – II. Scherzando Allegro con brio
12 – Sonata No.49 in C sharp minor, Hob.XVI 36 – III. Menuetto. Moderato – Trio

Jean-Efflam Bavouzet – Piano

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FDPBach

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Beethovens Bratsche (Noturno para viola e piano, Op. 42 – Zimmermann – Höll)

O catálogo pessoal de obras de Beethoven, que ele tanto relutara em inaugurar, fazendo-o somente aos vinte e quatro anos com três sólidos e meticulosamente revisados trios com piano, começou a romper suas criteriosas costuras naquele fatídico biênio de 1802-3. Não queríamos falar que ele precisava desesperadamente de dinheiro, mas, já que voltamos ao assunto, abordaremos aqui alguns de seus expedientes para tentar fazê-lo. Um deles, cada vez mais frequente, era o de negociar suas obras com vários editores ao mesmo tempo, o que levava muitas vezes a publicações simultâneas da mesma peça em cidades diferentes. O resultado nem sempre era satisfatório, tanto pela falta de cuidado de quem gravava as peças nas pranchas que iam à prensa, quanto pela falta ainda maior de paciência do compositor para revisar as provas gráficas de tantas editoras. Beethoven preferia ver suas composições amplamente publicadas e faturar com elas, mesmo que com o eventual desleixo de algumas edições, a perder totalmente o controle sobre elas, uma vez que, após a primeira edição, não havia qualquer maneira de coibir suas cópias não autorizadas.

Outro expediente comum era resgatar peças antigas e populares e reeditá-las com nova roupagem. O desespero levou-o, como já mencionamos noutro ponto dessa série, a resgatar as simplórias “variações Dressler” de seus onze anos e republicá-las com o mínimo de correções, para tentar tirar com elas algumas patacas.  O crescente descuido com suas próprias obras levou, naturalmente, a uma certa desordem no seu catálogo de publicações. Se inicialmente pretendera acrescentar-lhe somente suas obras mais significativas, com o passar do tempo foram-lhe agregando itens que não eram totalmente de sua lavra, e sim arranjos de suas composições que confiava a outros músicos, tomando para si, quando muito, somente a tarefa de revisar e autorizar a publicação. Este caso – de um arranjo alheio que acabou incorporado ao seu catálogo de publicações e ganhando um número de Opus – aplica-se tanto à serenata para flauta que publicamos ontem quanto ao noturno que agora apresento aos leitores-ouvintes.

Trata-se, como já mencionamos, de um arranjo feito por terceiros de uma obra antiga – no caso, a serenata para trio de cordas, Op. 8. Ainda assim, esta peça singular é muito querida pelos violistas, estranhamente desprivilegiados por um compositor que teve na viola um ganha-pão – ou que, talvez, tivesse ressalvas quanto ao instrumento, ademais pouquíssimo usado como solista em seu tempo, exatamente pelas más lembranças dos tempos duros em que, órfão de mãe e com o pai crescentemente ensandecido pelo alcoolismo, se via obrigado a sustentar a si e aos irmãos menores. Conjecturas à parte, a gravação que lhes trago é uma das mais interessantes que tinha em minha discoteca. Intitulada Beethovens Bratsche (“A Viola de Beethoven”), sua estrela é – sim – a própria, um instrumento que Beethoven ganhou em 1789 para tocar na orquestra do Eleitor de Bonn. Quem o toca é a excelente Tabea Zimmermann,  aqui acompanhada por Hartmut Höll num piano Conrad Graf de 1824, notável pelos cinco pedais, um dos quais aciona os recursos de percussão usados num dos movimentos. Eu adquiri este CD na Beethoven-Haus de Bonn, que foi o local da gravação e é onde a viola se encontra em exibição permanente. E percebam que eu escrevi que eu a tinha em minha discoteca, pois um triste incidente envolvendo animais domésticos danificou irremediavelmente suas faixas restantes – duas estudos para viola de Franz Anton Hoffmeister (1754-1812) e uma sonata para viola e piano de Johann Nepomuk Hummel (1778-1837). Espero que o que restou das dentadas daqueles cães cretinos lhes seja do agrado, e que os bramidos de ódio que eles de mim ouviram não tenham sido em vão.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Noturno em Ré maior para viola e piano, Op. 42
(arranjo de Franz Xaver Kleinheinz para a serenata para violino, viola e violoncelo, Op. 8)

1 – Marcia: Allegro
2 – Adagio
3 – Menuetto: Allegretto
4 – Adagio – Scherzo: Allegro molto – Adagio – Allegro molto – Adagio
5 – Allegretto alla polacca
6 – Andante quasi allegretto
7 – Marcia: Allegro

Tabea Zimmermann, viola
Hartmut Höll, fortepiano

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 25 e 27 – Piotr Anderszewski

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 25 e 27 – Piotr Anderszewski

Mozart

Concertos para Piano Nos. 25 & 27

Piotr Anderszewski

Chamber Orchestra of Europe

 

Ao terminar uma de minhas postagens, mencionei o Mozart para Milhões:

No fim da década de 1970, as lojas de discos vendiam uma série de LPs produzidos pela Polygram, com selo Deutsche Grammophon, e nomes tais como Schubert para Milhões, Mahler para Milhões e, é claro, Mozart para Milhões. Caso houvesse no Spotify e similares playlists como a destes discos, despertaria em muitas pessoas interesse e curiosidade pela chamada música clássica. Veja a lista das mais mais de Mozart:

Lado A: Sinfonia No. 40 (1º Movimento); Concerto ‘Elvira Madigan’ (2º Movimento); Gran Partita (Finale, com membros da Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara, regida pelo Jochum); Ave Verum Corpus; Marcha de As Bodas de Fígaro.

Lado B: Concerto para piano No. 27 (3º Movimento); Pequena Serenata (2º movimento); Marcha Turca (Kempff); Sinfonia No 34 (último movimento); Coro da Flauta Mágica.

Não resisti a esta lista e busquei uma gravação do Concerto para Piano No. 27 na prateleira… E gostei tanto que aqui estamos, mais um Mozart na lista. Eu já postei a Integral dos Concertos interpretados pelo Jenö Jandó, com a colaboração inestimável de Miles Kendig, mas concerto para piano de Mozart nunca é demais. Vejam que há dois deles na lista do Mozart para Milhões.

Piotr Anderszewski gravou três discos (que eu saiba) com concertos de Mozart, este é o último deles. Ele mesmo rege a excelente Chamber Orchestra of Europe, nossa já boa conhecida, e apresenta dois concertos espetaculares: o virtuosístico e autoconfiante Concerto No. 25  e o enigmático Concerto No. 27. Não me estenderei mais sobre estas obras, basta dizer que são excelentes. No entanto, a perspicácia do nosso concertista sobre estas obras é tão forte que decidi tra(duz)ir suas impressões que estão na contracapa do disco:

Eu percebo cada concerto para piano de Mozart como uma obra de câmera. O piano, a orquestra, os individuais instrumentos da orquestra se engajam em um contínuo diálogo. Além disso, eles são escondidas óperas: cada tema, cada motivo reconta a sua história e interagem uns com os outros, com as suas próprias vozes e suas características particulares. Mozart é por excelência o compositor da ambiguidade. Suas páginas mais luminosas podem assim deixar transparecer uma qualquer coisa de sombria. Onde está a luminosidade, onde está a sombra? Algumas vezes eu realmente não sei. E mesmo assim é música de tamanha evidência e limpidez. É um milagre!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para piano e orquestra No. 25 em dó maior, KV 503

  1. Allegro majestoso
  2. Andante
  3. Allegretto

Concrto para piano e orquestra no. 27 em si bemol maior, KV 595

  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro

Piotr Anderszewski, piano

Chamber Orchestra of Europe

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FLAC | 236 MB

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MP3 | 320 KBPS | 145 MB

As preocupações com as bagagens sempre presente na vida de um viajante…

A lista de Mozart segue… Aproveite!

René Denon

Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788) – Sonatas for Violin and fortepiano – Amandine Beyer, Edna Stern

Mais um grande CD do selo Alpha, e mais uma performance de gala de Amandine Beyer, uma das maiores violinistas da atualidade e, ao lado de Rachel Podger, com certeza ela é uma das maiores especialistas em violino barroco da atualidade.

“As sonatas para teclado e violino de Carl Philipp Emanuel Bach são impressionantes por sua originalidade e delicadeza. Embora menos conhecidas do que as sonatas para teclado ou fantasias para cravo, elas oferecem o mesmo sabor pungente que tornou o estilo inimitável na emblemática  sensibilidade pré-romântica alemã. Pois é verdade que esses trabalhos imprevisíveis e extravagantes são permeados por extrema sensibilidade. Mas nisso a arte da surpresa não fica sozinha: o outro lado dessas obras-primas discretas deve muito ao racionalismo e à ciência composicional já cultivada pelo pai de Emanuel, Johann Sebastian, que escreveu sonatas nas quais contava o contraponto, a proporção e a harmonia para fornecer uma arquitetura sólida e qualificada. portanto C. P. E. Bach se esforça, com modéstia e paixão, em conciliar liberdade estilística e rigor composicional.”

Amandine Beyer e Edna Stern dão um show de competência e virtuosismo, o que não é nenhuma novidade em se tratando de intérpretes deste nível. Só lamento ter conhecido tão tarde estas obras.

SONATA IN B FLAT MAJOR H513 WQ 77
1 ALLEGRO DI MOLTO 6’42
2 LARGO 4’47
3 PRESTO 4’17

SONATA IN C MINOR H514 WQ 78
4 ALLEGRO MODERATO 7’19
5 ADAGIO MA NON TROPPO 7’25
6 PRESTO 4’43

SONATA IN G MINOR H545
7 ALLEGRO 3’15
8 ADAGIO 3’10
9 ALLEGRO 3’15

SONATA IN B MINOR H512 WQ 76
10 ALLEGRO MODERATO 7’23
11 POCO ANDANTE 5’45
12 ALLEGRETTO SICILIANO

Amandine Beyer – Baroque Violin
Edna Stern – Pianoforte

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BOOKLET – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Edna Stern – Dando detalhes sobre a parceria com Amandine Beyer na visita à sede do PQPBach