Astor Piazzolla (1921-1992) – En el Teatro Colón

Certamente, a maioria de nós não tem a mesma imagem do tango que os argentinos têm. Eu, por exemplo, comecei a ouvi Piazzolla nos anos 70 e fico surpreso de ainda ler, sempre associada a seu nome, a palavra revolução. Por exemplo, a página oficial de Astor Piazzolla na Internet, na parte de sua biografia, começa com letras garrafais: Astor Piazzolla: Cronología de una Revolución, ou seja, a luta com os tangueiros tradicionais ainda é importante e quando leio que os deuses de Piazzolla eram Stravinski, Bartók e o jazzista Stan Kenton e, mais, que ele estudou com Nadia Boulanger em Paris nos anos 50, começo a entender alguma coisa…

Piazzola nasceu em Mar Del Plata e sua família mudou-se para Nova Iorque quando tinha 3 anos. Foi lá, aos 8 anos de idade, que ganhou de seu pai o primeiro bandoneón e que, em 1933, começou a ter aulas de piano com o húngaro Bela Wilda, discípulo de Rachmaninov e do qual Piazzolla diria mais tarde “Com ele, aprendi a amar Bach”. Pouco depois – imaginem! – conheceu Carlos Gardel que se fez amigo da familia e com quem, ainda menino, tomou parte em uma cena do filme El Dia em que me quieras como um pequeno vendedor de jornais. Desnecessário dizer que esta cena possui um poderoso valor emblemático na história do tango.

Após voltar a Buenos Aires e de ter participado de vários grupos de tango – compondo e tocando -, Piazzolla, em 1953, estreou Buenos Aires, seus Três Movimentos Sinfônicos. Quando a obra foi interpretada na Faculdade de Direito de Buenos Aires por Orquestra Sinfônica acompanhada de dois bandoneons, estourou o escândalo. O setor “culto” da platéia ficou indignado pela incorporação dos bandoneons à orquestra e os tradicionalistas o acusaram de não fazer mais tango e sim música erudita…

Se os eruditos foram rapidamente dobrados pela qualidade de sua música, o mesmo não se pode dizer dos tradicionalistas. (Depois somos nós os radicais…) Começou então uma revolução solitária contra os tangueiros ortodoxos que faziam-lhe críticas sistemáticas e impiedosas. Era quase um problema de estado. Os meios de comunicação e até alguns palcos negavam-se a receber Piazzolla. Ele não colaborava muito para a paz, mantendo sua postura e respondendo com ironias. Voltou então ao exterior onde foi recebido como autor de tangos e começa uma nova experiência, o tango-canção, com Amelita Baltar, sua mulher na época.

Na Argentina, a controvérsia sobre se sua música seria tango ou não seguiu seu curso, mas agora seu sucesso no exterior começa a gerar inveja entre a comunidade tangueira. Ele acena com a possibilidade de paz ao chamar sua música de “música contemporânea da cidade de Buenos Aires” mas continua provocando com sua vestimenta informal, com sua pose para tocar o bandoneon (tocava de pé, quando a tradição mandava segurar o fole sentado) e com suas respostas muito pouco reverentes.

Porém, em 1983, ano de gravação deste CD, ele já apresentava-se no mítico (e belíssimo) Teatro Colón com Orquestra Sinfônica a fim de receber o reconhecimento bonairense e argentino em vida. Assim, o talentosíssimo compositor e virtuose Piazzolla mostra aos de hoje que os artistas não estão aí para assentir ao determinado por outrem e ao políticamente correto. Artista é um ser que existe para incomodar, mudar e ser controverso. E viva Piazzolla!

Tenho predileção por gravações ao vivo – o mesmo vale para Blue Dog – e, mesmo amando as espetaculares gravações italianas de Piazzolla, apelo novamente para o concerto live, onde quem é bom mostra o rego sentado, reconhece o cego dormindo e sabe de longe a cabeça que tem piolho, se me fiz claro… Aqui, mesmo que pareça paradoxal (pois há uma orquestra, não?), temos um Piazzolla mais brusco que o habitual. Minha aprovação mais entusiasmada vai para a nervosa versão do Verano Porteño.

P.Q.P. Bach.

Astor Piazzola en el Teatro Colón

1. Fuga y Misterio
2. Adios Nonino
3. Concierto para Bandoneon y Orquesta: 1st Movement – Allegro marcato
4. Concierto para Bandoneon y Orquesta: 2nd Movement – Moderato
5. Concierto para Bandoneon y Orquesta: 3rd Movement – Presto
6. Vardarito
7. Verano Porteño
8. Concierto de Nacar (para Nueve Tanguistas y Orquesta Filarmonica): 1st Movement – Presto
8. Concierto de Nacar (para Nueve Tanguistas y Orquesta Filarmonica): 2nd Movement – Lento, melancolico
8. Concierto de Nacar (para Nueve Tanguistas y Orquesta Filarmonica): 3rd Movement – Allegro marcato

Musicians:
Piazzolla (Astor) – bandoneon
Suarez Paz (Fernando) – violin
Baralis (Hugo) – violin
Ziegler (Pablo) – piano
Roizner (Enrique) – drums
Bragato (Jose) – violoncello
Console (Hector) – bass
Quarleri (Delmar) – viola
Lopez Ruiz (Oscar) – guitar
Calderon (Pedro Ignacio) – director of the Teatro Colon Philarmonic

Year of release: 1997
Studio or Live: Live
Year of performance: 1983

Description: Recorded live at Teatro Colon, Buenos Aires, on June 11, 1983. By this time Piazzolla was working with the quintet, however it appears that Piazzolla tried to recompose the Conjunto 9 (although not exactly) for this concert at Teatro Colon with the Philarmonic Orquestra.
Style: The Nonet and the ‘Italian’ Period (1972-1978); The ‘Classical’ Piazzolla (All periods)
Comments: This concert has also been released (not all the songs however) as “Concierto de Nacar” by Milan Records. Concerto for Bandoneon and Orquestra is listed as as Concerto for Bandoneon, Piano, Strings, and Percussion, which is equivalent but the piece is better known otherwise.

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Astor Piazzolla (1921-1992) – Música Completa para Flauta e Violão

Inteiramente baseada no tango, a obra de Piazzolla vai migrando lentamente para os salões de música erudita. uma das discussões mais inúteis que conheço é aquela que pretende decidir o que é clássico e o que é popular. Certamente, a complexidade e virtuosismo exigidos nas composições de Piazzolla, somadas ao fato de que a maioria de suas obras são escritas para pequenos grupos instrumentais, contribuem para que o grande argentino circule nos dois meios sem maiores problemas.

O destaque deste CD é, obviamente, a Histoire Du Tango: seus movimentos Bordel 1900, Cafe 1930, Nightclub 1960 e Concert d’aujourd’hui, dão-nos uma curiosa visão do que foi a evolução do tango. Imperdível.

Outro detalhe: os solistas deste CD são simplesmente espetaculares.

PIAZZOLA: Complete Music for Flute and Guitar

Cinco Piezas para Guitarra Solo
1 Campero 04:05
2 Romantico 04:17
3 Acentuado 03:22
4 Triston 04:54
5 Compadre 02:54
Hugo German Gaido, guitar

Tango Etudes para Flauta Solo
6 Etude No. 1 03:34
7 Etude No. 2 07:21
8 Etude No. 3 03:35
9. Etude No. 4 04:29
10 Etude No. 5 02:11
11 Etude No. 6 04:33
Irmgard Toepper, flute

Histoire du Tango para Flauta e Violão
12 Bordel 1900 03:51
13 Cafe 1930 06:47
14 Nightclub 1960 05:55
15 Concert d’aujourd’hui 05:14
Irmgard Toepper, flute
Hugo German Gaido, guitar

Total Playing Time: 01:07:02

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As Oito Estações – As Quatro Italianas de Vivaldi e as Quatro Portenhas de Piazzola

– Oito estações? Vivaldi e Piazzolla? O quê? O PQP nos vem com As Quatro Estações de Vivaldi?

Parece que ouço alguns apupos na platéia. Respondo-lhes que estou tão preocupado com as vaias que dormirei na pia hoje. Se algum de vocês torceu o nariz para o lugar-comum representado pelas Quattro Stagioni vivaldianas, deveriam ouvir antes a espetacular versão desta orquestra de Salzburgo regida por um portoalegrense – sim, Lavard Skou-Larsen nasceu em Porto Alegre. Não, ele não é de família árabe, seus pais são dinamarqueses que tocavam na OSPA (Orq. Sinf. de P. Alegre). Como se não bastasse, o programa inclui o super-hiper-ultra filé de “Las Quatro Estaciones Porteñas” de Piazzolla. A versão orquestral, preparada por José Bragato, é simplesmente o máximo.

Já vi os Salzburger Chamber Soloists em ação no palco. É uma orquestra entusiasmada, de altíssimo nível e algo espalhafatosa. Poucas vezes vi tanta entrega à música. E não conheço versão mais feliz e extravagante destes Concertos de Vivaldi, nem mais adequadas ao espírito latino de Piazzolla. Ouçam e revisem seus preconceitos. Nunca é tarde…

:¬))

The Eight Seasons

1 Antonio Vivaldi: La Primavera op. 8 No.1 “Allegro” (03:28)
2 Antonio Vivaldi: La Primavera op. 8 No.1 “Largo e pianissimo” (02:24)
3 Antonio Vivaldi: La Primavera op. 8 No.1 “Danza pastorale. Allegro” (04:27)
4 Antonio Vivaldi: L’estate op. 8 No.2 “Allegro má non molto” (06:29)
5 Antonio Vivaldi: L’estate op.8 No.2 “Adagio – Presto” (02:23)
6 Antonio Vivaldi: L’estate op.8 No.2 “Presto” (02:33)
7 Antonio Vivaldi: L’Autunno op.8 no.3 “Allegro” (05:30)
8 Antonio Vivaldi: L’Autunno op.8 no.3 “Adagio molto” (03:11)
9 Antonio Vivaldi: L’Autunno op.8 no.3 “Allegro” (03:31)
10 Antonio Vivaldi: L’inverno op.8 No.3 “Allegro non molto” (03:31)
11 Antonio Vivaldi: L’inverno op.8 No.3 “Largo” (01:35)
12 Antonio Vivaldi: L’inverno op.8 No.3 “Allegro” (03:44)
13 Astor Piazzolla: Primavera Portena – Allegro (05:55)
14 Astor Piazzolla: Verano Porteno – Allegro Moderato (12:06)
15 Astor Piazzolla: Otono Porteno – Allegro Moderato (06:33)
16 Astor Piazzolla: Invierno Porteño – Lento (08:37)

Violinista e Regente: Lavard Skou-Larsen
Salzburg Chamber Soloists

Tempo Total: 75min09

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