BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sinfonia no. 2 em Ré maior, Op. 36 – Chailly – Furtwängler – Gardiner – Haitink – Huggett – Jansons – Karajan – Rattle – Reiner – Solti – Toscanini – Wand

Os três anos que separam as estreias da primeira e da segunda sinfonias marcam não somente um significativo salto estilístico, produto da evolução artística de um Beethoven cada vez mais propenso a extrapolar as convenções de todos os gêneros em que compunha, mas também apartam os lados dum abismo que lhe era cada vez maior: a surdez, que já se manifestara na década passada, tornara-se pervasiva o bastante para ele temer que algum dia se tornasse completa e, pior ainda, já atrapalhava suas tarefas cotidianas – uma sentença capital, temia ele, para sua carreira como compositor. Seu compreensível desespero levou-o a contemplar o suicídio. Por recomendação médica, passou uma temporada no lugarejo de Heiligenstadt, nos arredores de Viena – cujo nome eternizou-se no famoso testamento, na verdade uma carta  escrita aos irmãos, que nunca lhes foi entregue – e lá, entre outros afãs, dedicou-se a compor a segunda sinfonia.

Que uma obra de caráter tão luminoso e alegre seja um produto de uma época de terrível sofrimento psíquico é algo deveras notável, à altura talvez da capacidade de Mozart, então às portas da morte, de compor aquele belíssimo concerto para clarinete. Podemos supor que tudo, desde a escolha da ensolarada tonalidade de Ré maior até os toques humorísticos e as traquinagens harmônicas e dinâmicas que permeiam a sinfonia, fosse produto de um escapismo alimentado pela pacata vida no retiro em Heiligenstadt. Minha impressão, citando Platão, é que Beethoven simplesmente apertou o botão vermelho de f***-se (e quero ver vocês me provarem que Platão nunca disse isso) e escreveu com a deliberada intenção de, ignorando convenções de forma, provocar reações em quem a ouvisse. Independentemente de minhas desimportantes suposições, ela foi adorada pelo público, e recebeu – nenhuma surpresa – ressalvas dos críticos. Um deles comparou-a a um dragão agônico que, recusando-se a morrer, se contorce e estrebucha até se morrer exangue no movimento final – cujo primeiro tema já foi comparado a um soluço, um arroto ou mesmo um traque, fenômenos bastante familiares ao compositor, cronicamente desgraçado por problemas digestivos.

Bem, talvez os três juntos – e mais uma gargalhada do renano.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sinfonia no. 2 em Ré maior, Op. 36
Composta entre 1801-02
Publicada em 1804
Dedicada ao príncipe Karl von Lichnowsky

1 – Adagio molto – Allegro con brio
2 – Larghetto
3 – Scherzo: Allegro
4 – Allegro molto

Wiener Philarmoniker
Wilhelm Furtwängler
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NBC Symphony Orchestra
Arturo Toscanini
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Pittsburgh Symphony Orchestra
Fritz Reiner
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Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan
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Chicago Symphony Orchestra
Sir Georg Solti
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Sinfonieorchester des Norddeutschen Rundfunks
Günter Wand
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Koninklijk Concertgebouworkest
Bernard Haitink
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The Hanover Band
Monica Huggett
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Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner
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Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Mariss Jansons
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Gewandhausorchester Leipzig
Riccardo Chailly
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Berliner Philharmoniker
Sir Simon Rattle
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O “Testamento de Heiligenstadt”, em tradução de Erico Verissimo, lido por Paulo Autran

 

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) -Piano Concerto nº 5, ‘Emperor’ – Fleisher, Szell, Cleveland Orchestra

 

A Postagem original desta série foi feita lá em fevereiro de 2016, que foi um ano complicado, meu sogro e meu irmão mais velho estavam com sérios problemas de saúde, então nem me focava muito no PQPBach. Infelizmente os dois vieram a falecer com poucos meses de diferença. A música foi uma grande aliada nesse período. O ato de preparar as postagens era um momento para relaxar e esquecer os problemas. 

Depois de uma semana longe do meu computador (apenas conferindo emails), semana longa, diga-se de passagem, complicada, tensa, quente, etc., sento novamente em frente ao computador para poder preparar esta última postagem desta histórica gravação.
Como falei, está fazendo muito calor cá para as bandas do sul, com temperatura média de 30º C, ultrapassando fácil, fácil, os 40 º C de sensação térmica. Um inferno tropical.
Mas vamos ao que viemos. O Concerto Imperador dispensa maiores comentários, não temo em dizer que é uma das mais belas obras já produzidas pelo ser humano. E nas mãos desta trinca Fleischer / Szell / Cleveland Orchestra,  torna-se quase imbatível.
Ah, antes que me esqueça, mudam-se os nomes no Concerto triplo. Temos então Isaac Stern, Istomin, Rose & Eugene Ormandy e sua Orquestra da Filadélfia.

01 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 1. Allegro
02 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 2. Adagio Un Poco Mosso
03 Piano Concerto #5 In E Flat, Op. 73, ‘Emperor’ – 3. Rondo- Allegro

Leon Fleischer – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

04 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 1. Allegro
05 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 2. Largo
06 Concerto In C For Piano, Violin & Cello, Op. 56, ‘Triple’ – 3. Rondo Alla Polacca

Isaac Stern – Violin
Eugene Istomin – Piano
Leonard Rose – Cello
Philadelphia Orchestra
Eugene Ormandy – Conductor

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FDP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Variações para piano, Opp. 34, 35 & 76, WoO 78-80 – Buchbinder

Depois de compor uma dúzia de séries de variações para piano antes da virada de século, Beethoven retornou esparsamente ao gênero nas décadas seguintes. Deixara, afinal, de ser um aspirante a compositor-virtuose, para o qual os cavalos de batalha mais óbvios eram, além dos concertos, as variações sobre temas em voga na época. Quando voltou a escrevê-las, já era um compositor conhecido e, desgraçadamente, sua surdez progredira a ponto de considerar deixar os palcos e contemplar o suicídio – como deixa claro e pungente no chamado “Testamento de Heiligenstadt”, escrito no mesmo 1802 em que compôs as variações Opp. 34 e 35.

Seu retorno ao gênero, além de atender às crescentes necessidades pecuniárias, parece justificar-se pela busca de horizontes que a sonata-forma – cujas costuras ele já vinha inovativamente arrebentando em obras com as do Op. 31 – não contemplava tão facilmente. Diferentemente das variações da juventude, quase que puramente figurativas, as séries da década de buscam transformações rítmicas e harmônicas inspiradas pelos temas, ou por seus pequenos cacoetes. As variações Op. 34, por exemplo, sobre um tema em Fá maior, são todas em tonalidades diferentes, num ciclo de terças descendentes, até retornar ao Fá maior. No Op. 35, indubitavelmente a melhor série de variações que escreveu antes das visionárias “Diabelli”, Beethoven lança mão dum tema de baixo que aparentemente lhe era muito querido: além de usá-lo no finale da música para o balé Die Geschöpfe des Prometheus (Op. 43), ele está numa de suas doze contradanças (WoO 14) e retornaria no finale de sua revolucionária sinfonia no. 3, a Eroica, por cuja alcunha essas variações acabaram conhecidas. Mais adequado, no entanto, seria chamá-las de “Variações Prometheus”, como o próprio compositor sugeriu ao editor, uma vez que o balé tinha sido publicado no ano anterior, e a Eroica, publicada somente três anos depois, encontrava-se apenas no começo de sua prolongada gestação.

Completam o disco as relativamente convencionais variações Op. 76, baseada na “Marcha Turca” da música incidental para a peça Die Ruinen von Athen (Op. 113) e outras três séries de variações. A duas primeiras, que abrem a gravação, baseiam-se sobre temas ingleses (o hino God Save the King e a canção patriótica Rule, Britannia!) e possivelmente direcionavam-se a seu crescente séquito de fãs nas ilhas britânicas – e os dois temas, curiosamente, seriam utilizados novamente em sua espalhafatosa Wellingtons Sieg, Op. 91, que lhe foi uma usina de dinheiro.

A série restante, com trinta e duas variações, todas muito curtas e virtuosísticas sobre um tema em Dó menor, é uma das poucas obras significativas que Beethoven publicou sem atribuir um número de Opus – algo que fez sem titubear, por exemplo, com as muito menos inspiradas variações do Op. 76. Um compêndio de truques pianísticos, foram um sucesso instantâneo entre pianistas profissionais e diletantes, o que talvez contribuiu para que o compositor as encarasse com algum desdém. Algumas fontes bem confiáveis (nada do atochador Schindler, portanto) contam que Beethoven as ouviu executadas pela filha de Johann Streicher, conhecido fabricante de pianos e, talvez enfastiado com a interpretação da jovem amadora e impedido pelas circunstâncias de lhe dirigir qualquer resmungo, perguntou:

– De quem é isso?
– Suas – responderam-lhe.
– Minhas? Essas tolices são minhas?
– … sim.
– Oh, Beethoven… que JUMENTO tu eras…

ooOoo

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – Sete variações para piano sobre “God Save the King”, em Dó maior, WoO 78

2 – Cinco variações para piano sobre “Rule, Britannia!”, em Ré maior, WoO 79

3 – Trinta e duas variações para piano sobre um tema original, em Dó menor, WoO 80

4 – Seis variações para piano sobre um tema original, em Fá maior, Op. 34

5 – Quinze variações e uma fuga para piano sobre um tema original, em Mi bemol maior, Op. 35, “Variações Eroica”

6 – Seis variações para piano sobre um tema original, em Ré maior, Op. 76

Rudolf Buchbinder, piano

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Procuramos muito uma imagem de Buchbinder com a qual pudéssemos fazer gracinhas. Fracassamos: o bicho é um titã da fotogenia. Que homem, amigos – que homem!

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano nº 5, “Imperador”

O Concerto nº 5 (de 1811) é apelidado Imperador justamente por ser uma das obras orquestrais mais grandiosas da fase heróica de Beethoven, junto com as Sinfonias nº 3 (1803), 5 e 6 (1808) e a ópera Fidelio com suas quatro Aberturas (1805 a 1814).

Karl Böhm (1894-1981) foi um maestro austríaco que conheceu, em Viena e Salzburgo, as gerações contemporâneas de Brahms e Bruckner, e carregou a tocha do romantismo germânico sem os exageros de Karajan. Realizou gravações famosas de Beethoven com a Filarmônica de Viena e a Staatskapelle Dresden. Sua Pastoral foi escolhida por meu colega Das Chucruten como a gravação romântica por excelência desta sinfonia.

Pollini não precisa de apresentações, os frequentadores do blog acompanharam suas gravações de Beethoven, de Chopin e muitos outros. Ele já foi incensado dezenas de vezes pelos elogios de PQP e FDP, como nesta postagem abaixo, de 2008.

Como colaboração à Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini trago para os nossos leitores / ouvintes um grande momento. Maurizio Pollini tocando o Concerto Imperador acompanhado pelo grande Karl Böhm.

Explico: há alguns meses, uma grande amiga do blog, Laís Vogel, me perguntou com aquele jeitinho que toda a baiana tem, se por acaso eu não teria esta gravação. Como grande admirador destes dois músicos, informei-lhe que obviamente possuía, e que se fosse de seu desejo, eu mandaria para ela. Claro que fã ardorosa de Pollini, e membra(?) fundadora da Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini ela pediu encarecidamente a gentileza. Bem, enviei este material para ela, e acabei esquecendo da tal da gravação, envolvido que estava com outras coisas.

Falar o que sobre o Concerto Imperador a não ser que o considero a maior obra já escrita para o repertório pianístico? Falar o que sobre Pollini que já não tenha sido falado aqui no blog, e  ardorosamente defendido pela Fundação para a Divulgação e Inevitável Imortalização do Guia Genial dos Pianistas Maurizio Pollini…? E Karl Böhm, um dos maiores regentes do século XX, imbatível no quesito Mozart?

Vamos deixar, portanto, que a música fale por si mesma.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor”

1. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 1. Allegro
2. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 2. Adagio un poco mosso
3. Piano Concerto No.5 in E flat major Op.73 -“Emperor” – 3. Rondo (Allegro)

Maurizio Pollini – Piano
Karl Böhm – Condutor
Wiener Philharmoniker

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#BTHVN250, por René Denon

FDP (2008), Pleyel (Repostagem, 2020)

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos nº 2 e 4 – Fleisher, Szell, Cleveland Orchestra

No apogeu de sua carreira, Leon Fleischer desenvolveu distonia focal, um distúrbio do movimento neurológico que o deixou incapaz de tocar com a mão direita por 30 anos. Fleisher foi forçado a se concentrar no ensino e na condução, além de poder tocar apenas o repertório para a mão esquerda. No entanto, após décadas de terapias malsucedidas, as injeções de Botox começaram a restaurar o uso da mão direita de no início dos anos 90.

Leon Fleischer, George Szell e a Cleveland Orchestra fizeram história naquele começo de década de 60. E venderam muito, deixando os executivos da Columbia muito felizes. E olha que na época a concorrência era acirrada no mundo fonográfico. Mas como grandes músicos que eram, deixaram sua marca.

01 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 1. Allegro Con Brio
02 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 2. Adagio
03 Piano Concerto #2 In B Flat, Op. 19 – 3. Rondo- Molto Allegro
04 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 1. Allegro Moderato
05 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 2. Andante Con Moto
06 Piano Concerto #4 In G, Op. 58 – 3. Rondo- Vivace

Leon Fleicher – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Bagatelas, Opp. 33, 119 & 126 – Brendel

Ao que tudo indica, Beethoven foi o primeiro a usar o termo “bagatela” no sentido de uma pequena peça para piano, assim chamando as três coleções publicadas sob os Opp. 33, 119 e 126. Além delas, um bom número de “ninharias” descobertas entre seus papeis, depois de sua morte, foram a prensa com a mesma denominação – incluindo aquela celebérrima, em Lá menor, que todos conhecem como “Pour Elise”.

As peças do Op. 33 são, grosso modo, um balaio de gatos com rascunhos, esboços e estudos abandonados para peças mais importantes, algumas datadas de seus anos em Bonn. Elas foram provavelmente retocadas e publicadas com o único e bastante terreno intuito de ganhar dinheiro – um expediente recorrente na vida do compositor que, apesar da fama crescente, via-se constantemente premido pelas necessidades a ser cada vez menos criterioso quanto àquilo que enviava aos editores. Não que essas miniaturas não sejam interessantes – a no. 6, que contém a incomum indicação “com uma certa expressão falante”, é extremamente expressiva, à altura dos bons momentos do compositor.

As duas séries remanescentes, publicadas em sua maturidade, são bastante diferentes. As do Op. 119, chamadas por Beethoven de “Novas Bagatelas”, não eram exatamente novas: baseavam-se em material reaproveitado, tanto dos cadernos de rascunho dos primeiros anos em Viena quanto dum compêndio didático para o qual colaborara, no qual as peças são chamadas “Kleinigkeiten” (“ninharias”). De qualquer maneira, são muito melhor trabalhadas que suas predecessoras e mais coesas como conjunto. Além disso, a coleção contém algumas das peças mais sucintas jamais publicadas pelo compositor – inclusive a recordista (no. 10, “Allegramente”), com meros treze compassos e quase tantos segundos de duração. A última série, Op. 126, não contém qualquer material reaproveitado, demonstrando a habilidade de Beethoven nas pequenas formas, como um hábil miniaturista a repousar dos esforços transcendentes dedicados à Nona Sinfonia, a Missa Solemnis e as Variações Diabelli, concluídas na mesma época.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sete bagatelas para piano, Op. 33
Compiladas e retrabalhadas entre 1801-02
Publicadas em 1803

1 – Andante grazioso quasi allegretto
2 – Scherzo – Allegro
3 – Allegretto
4- Andante
5- Allegro ma non troppo
6 – Allegretto quasi andante
7 – Presto

Dois rondós para piano, Op. 51
Composto e publicado em 1797
8 – No. 1 em Dó maior

Bagatela para piano em Dó menor, WoO 53 (1796-7)
9 – Allegretto

Onze novas bagatelas para piano, Op. 119
Compostas entre 1820-1822
Nos. 7-11 publicadas no tratado de piano de F. Starke em 1821
Coleção completa publicada em 1823

10 – Allegretto
11 – Andante con moto
12 – A l’Allemande
13 – Andante cantabile
14 – Risoluto
15 – Andante — Allegretto
16 – Allegro, ma non troppo
17 – Moderato cantabile
18 – Vivace moderato
19 – Allegramente
20 – Andante, ma non troppo

Seis bagatelas para piano, Op. 126
Compostas em 1824
Publicadas em 1825

21 – Andante con moto, cantabile e compiacevole
22 – Allegro
23 – Andante, cantabile e grazioso
24 – Presto
25 – Quasi allegretto
26 – Presto – Andante amabile e con moto

Bagatela em Si bemol maior, WoO 60 (1818)
27 – Ziemlich lebhaft

Bagatela em Lá menor, WoO 59, “Für Elise” (1808-10)
28 – Poco moto

Alfred Brendel, piano

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Brendel encerrando a “Hammerklavier” é um dos meus momentos favoritos na vida

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – An die Hoffnung (Opp. 32 e 94) – Adelaide, Op. 46 – Lieder an die ferne Geliebte, Op. 98 – Der Kuß, Op. 128 – Lieder Opp. 48, 83, 88 – Fischer-Dieskau – Demus

Além de desprezar Horowitz e odiar Glenn Gould, outro esporte muito comum entre os melômanos é falar mal das dúzias de canções que Beethoven nos legou. Dando-se-lhe o devido desconto por ter sido contemporâneo de Schubert,  gênio inconteste do Lied, e reconhecendo que muitas de suas canções juvenis só têm importância histórica, acho esse preconceito com Ludwig injustificado: a produção vocal de câmara do mestre tem muitas peças interessantes, além de algumas de excepcional valor, que começamos a lhes apresentar a seguir.

Como pianista virtuoso e aluno de instrumentistas, era natural que o campo da música instrumental fosse o habitat mais natural para as criações do turrão. Ademais, dominar a composição de música vocal foi-lhe um considerável desafio. Neefe, com quem teve as primeiras aulas formais em Bonn, compunha canções algo simplórias e certamente o estimulou em suas primeiras tentativas no gênero (tais como Schilderung eines Mädchens, composta aos 12 anos e inclusa neste disco). Albrechtsberger, seu professor em Viena, também escreveu prolificamente para a voz, e o próprio Ludwig, almejando fama e fortuna com óperas em italiano, instruiu-se com Antonio Salieri na arte de criar para vozes nesse idioma, afã que rendeu vários exercícios de declamação que chegaram aos nossos tempos.

Apesar da notoriedade que ganhou em Bonn com duas cantatas dedicadas a imperadores (às quais, naturalmente, algum dia chegaremos nessa série), Beethoven era muito reticente com a música vocal camerística. Apesar de muitos modelos sobre os quais se calcar, faltava-lhe inserção suficiente nos meios aristocráticos apreciadores de música vocal para que obras assim lhe valessem a pena, uma vez que seus patronos, quase unanimemente, prestigiavam a música instrumental. A chave para a consagração, pensava ele, era compor uma ópera, mas muitos anos passariam até que Fidelio, sua única obra completa no gênero, chegasse aos palcos depois de imensas amarguras para o compositor.

Havia, também, um motivo mais íntimo para a insegurança: a despeito de todo brio com que se portava à medida que sua fama crescia (frequentemente ilustrado pela anedota de que, ao encontrar Goethe no balneário de Teplice, teria se recusado a prestar reverência à realeza passante), Beethoven reconhecia a precariedade de sua educação formal. Comentava com desdém sua letra, que dizia ser “de uma lavadeira”, e pranteava o que chamava de “meus poucos modos”, que eram muito sentidos nas tentativas, invariavelmente frustradas, de corte às inúmeras jovens aristocráticas por quem se apaixonou. Embora também menosprezasse sua cultura literária, era um ávido leitor de grandes autores. Ainda mais que Schiller, uma paixão de vida toda que redundaria na Ode an die Freude que todos conhecemos, seu maior herói literário era Goethe, e seus planos de musicar obras do mestre de Weimar – incluindo, num arroubo de otimismo, o Fausto inteiro! – acabaram por realizar-se num bom número de canções e na bela cantata Meeresstille und Glückliche Fahrt, composta depois do encontro supracitado dos dois gênios.

Quem ouve as três canções do Op. 83, sobre poemas de Goethe, ou acompanha a inventividade e beleza com que Beethoven lamenta uma amada distante no Op. 94, que considero um dos mais belos ciclos em todo repertório de Lieder, certamente reverá seus conceitos acerca da produção vocal do mestre. Mais ainda, quem comparar as duas versões de An die Hoffnung (Opp. 32 e 94), um triste clamor pela esperança que lhes dá o título, perceberá que, entre a canção estrófica de acompanhamento arpejado de 1805 e a outra, completamente posta em música (Durchkomponiert), cheia de ousadias harmônicas e com um acompanhamento que só poderia ter sido escrito pelo inventor duma obra revolucionária para o piano, bem, quem as comparar terá inda outra prova de que a evolução artística de Beethoven é realmente a mais impressionante entre todos os criadores.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

1 – An die Hoffnung, Op.32 (poema de Tiedge, 1ª versão)
2 – Adelaide, Op.46 (Matthison)

Seis Lieder, Op. 48 (Gellert)
3 – No. 1: Bitten
4 – No. 2: Die Liebe des Nächsten
5 – No. 3: Vom Tode
6 – No. 4: Die Ehre Gottes aus der Natur
7 – No. 5: Gottes Macht und Vorsehung
8 – No. 6: Busslied

Três canções, Op. 83 (Goethe)
9 – No. 1: Wonne der Wehmut
10 – No. 2: Sehnsucht
11 – No. 3: Mit einem gemalten Band

12 – Vita Felice, Op. 88
13 – An die Hoffnung, Op.94 (Tiedge, 2ª versão)

Lieder an die Ferne Geliebte, Op.98 (Jeitteles)
14 – No. 1: Auf dem Hugel Sitz’ ich, spahend
15 – No. 2: Wo die Berge so Blau
16 – No. 3: Leichte Segler in den Hohen
17 – No. 4: Diese Wolken in den Hohen
18 – No. 5: Es kehret der Maien, es bluhet die Au
19 – No. 6: Nimm Sie hin denn, diese Lieder

20 – Ariette (Der Kuss), op.128 (Weisse)
21 – Schilderung eines Mädchens, WoO 107
22 – Duas canções: Seufzer eines Ungeliebten – Gegenliebe, WoO 118 (Bürger)
23 – Ich liebe dich, so wie du mich (Zärtliche Liebe), WoO 123 (Herrosee)
24 – La Partenza, WoO 124 (Metastasio)
25 – Opferlied, WoO 126 (Matthison)
26 – Der Wachtelschlag, WoO 129 (Sauter)
27 – Als die Geliebte sich Trennen Wollte, WoO 132 (Hoffman, tradução de von Breuning)

Dietrich Fischer-Dieskau, barítono
Jörg Demus, piano

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Um Ludwig acaju, todo trabalhado na henna

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Piano Concertos nº 1 & nº 3 – Leon Fleisher, Cleveland Orchestra, George Szell

 

FrontHoje trago para os senhores uma repostagem para continuar com minha contribuição às comemorações dos 250 anos do nascimento de Beethoven. E com uma turminha muito especial: Leon Fleischer e George Szell, nos áureos deste com a Orquestra de Cleveland. 

O norte-americano Leon Fleischer (californiano, para ser mais exato), foi um fenômeno do piano que apareceu nas paradas ali em meados dos anos 50. O rapaz foi aluno de Arthur Schabel, quiçá o maior intérprete de Beethoven da primeira metade do século XX. Participou de diversas gravações com George Szell e sua Cleveland Orchestra, incluindo aí uma turnê até na Rússia. Ah, com meros 16 anos de idade se apresentou com a New York Philharmonic sob a direção de Pierre Monteux. tem currículo o rapaz… mas continuarei a dar detalhes autobiográficos dele nas postagens que concluirão esta série. 

Não sei quantas versões tenho dos concertos para piano de Beethoven, nem quantas já ouvi. Tenho algumas versões favoritas, enquanto que outras se encontram naquela lista para se ouvir com mais atenção, pois tem alguma coisa que se destaca.

Talvez estas gravações de Leon Fleischer se encontrem nesta categoria, pois não as tenho há muito tempo. Claro que os nomes envolvidos chamam a atenção, ainda mais depois da formidável leitura que este mesmo trio, Fleischer / Szell / CO, fez dos concertos de Brahms. Confesso, portanto, que ouvi poucas vezes estes CDs, e deixo a seu cargo a responsabilidade de classificá-los.

Minhas postagens tem sido feitas a toque de caixa, devido a eterna falta de tempo. E aqui novamente não vai ser diferente. Um cd por dia, certo?

01 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Allegro Con Brio
02 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Largo
03 Piano Concerto #1 In C, Op. 15 – Allegro Scherzando
04 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Allegro Con Brio
05 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Largo
06 Piano Concerto #3 In C Minor, Op. 37 – Allegro

Leon Fleischer – Piano
Cleveland Orchestra
George Szell – Conductor

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FDP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Três sonatas para piano, Op. 31 – Gould

Um tremendo trio de sonatas, estas do Op. 31. Diria mesmo que, individualmente e em conjunto, são as primeiras obras-primas maduras de Beethoven e, acima de tudo, marcos de sua ruptura com as convenções do classicismo para a expressão de um estilo fortemente individual. Elas tiveram grande repercussão em seu tempo, ainda que um incidente tenha retardado seu lançamento: após decidir publicá-las em Zurique, Ludwig enfureceu-se ao descobrir que seu editor suíço tinha acrescentado alguns compassos ao final do Allegro de abertura da sonata em Sol maior, e organizou uma republicação em Viena. O incidente sugere, talvez, o estranhamento causado pelos dois golpes secos ao teclado com que Beethoven encerrou o movimento, induzindo o editor suíço a finalizá-lo duma maneira que lhe parecia mais satisfatória. Esses toques incomuns, alheios às convenções vigentes, são uma das marcas da genial sonata em Ré menor, cujos movimentos todos desfalecem, em vez de encerrarem com uma vigorosa reafirmação da tonalidade. Apesar dela ter sido apelidada de “Tempestade” – numa referência oblíqua à obra de Shakespeare, que o nunca confiável factotum Schindler atribuiu ao próprio Beethoven -, nada há nela de programático, e os contrastes entre os plácidos arpejos recorrentes e os episódios tumultuados que se intercalam a eles expressam tensão e resolução para bem além das normas da sonata-forma. A última obra da trinca é, pelo contrário, uma bem-humorada, diria mesmo risonha obra sem movimentos lentos, e talvez a menos convencional de todas do ponto de vista harmônico. Toda esta inconvencionalidade reunida sob o teto dum só número de Opus devem tê-las tornado atraentes para o mais excêntrico dos grandes pianistas, e Glenn Gould, que as aprendeu muito cedo, de fato sempre as manteve em seu repertório. Depois de anos a ouvir interpretações romantizadas que nunca me convenceram, este registro do canadense – tecnicamente impecável e sem sentimentalismos – soou-me como uma revelação. Considero-a sua melhor gravação de Beethoven, e espero que também a consigam apreciar.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Três sonatas para piano, Op. 31
Compostas em 1802
Publicadas em 1803

No. 1 em Sol maior
1 – Allegro vivace
2 – Adagio grazioso
3 – Rondo – Allegretto – Adagio – Presto

No. 2 em Ré menor, “Tempestade”
4 – Largo – Allegro
5-  Adagio
6 – Allegretto

No. 3 em Mi bemol maior
7 – Allegro
8 – Scherzo – Allegretto vivace
9 – Menuetto – Moderato e grazioso
10 – Presto con fuoco

Glenn Gould, piano

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Para quem não se contenta com odiar um só Gould, aqui vai uma dúzia para que se divirtam.

#BTHVN250, por René Denon
Vassily

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para piano nº 17, 30, 31, 32 (Richter-Haaser) #BTHVN250

Vimos aqui que com a crise social e econômica ligada à Revolução Francesa, a vida artística de Viena decaiu subitamente. Haydn foi morar em Londres (onde a riqueza era maior, as orquestras eram maiores e ele compôs suas sinfonias mais grandiosas), enquanto Mozart permaneceu em Viena e morreu pobre em 1791, aliás não era só ele: quase todos estavam pobres em Viena.

Pois bem. Em 1792, aparentemente a cena musical vienense melhorou, concluo isso pois Haydn foi chamado de volta. No caminho de Londres para o sul, ele passou por Bonn, onde se deparou com a partitura de uma cantata de Beethoven e convidou aquele  alemão de 21 anos para ser seu aluno em Viena. Outro provável motivo para Ludwig aceitar o convite era familiar: sua mãe morrera de tuberculose em 1787, o pai fora aposentado devido ao alcoolismo em 1789 (não foi um ano fácil pra ninguém!), nada mais o prendia ali. Ludwig, ao que parece, pretendia voltar à região do rio Reno após seus estudos em Viena, mas a vida nem sempre segue nossos planos. O pai morreria um mês após a chegada a Viena, os dois irmãos também se mudariam para a Áustria poucos anos depois…

Em carta de 29 de junho de 1800, Ludwig escreveu: “há momentos em que minha alma cultiva o desejo de estar com meus antigos amigos e ficar com eles algum tempo. Meu país, a bela região onde vi a luz do mundo, ainda é tão bonito e claro para mim como antes de deixá-los, enfim, considerarei como a grande fortuna de minha vida se puder vê-los novamente e cumprimentar nosso pai Reno. Quando esse dia virá, não posso te dizer com certeza. Mas quero dizer que me encontrarão maior: não falo do artista, mas também do homem, que lhes parecerá melhor; e se o bem-estar não crescer um pouco em nossa pátria, minha arte deverá se dedicar a melhorar a sorte dos mais pobres…” Em 1801, quinze meses depois, ele escrevia para o mesmo amigo de Bonn em um tom bem mais severo, de um homem que batalha com a surdez e outras doenças: “Não fosse minha surdez, já teria percorrido a metade do universo; é disso que eu precisava. Não há maior alegria para mim do que exercer e fazer brilhar minha arte em público […] Não creia que eu seria feliz perto de vocês. O que me tornaria mais feliz aí? Esses belos campos de minha pátria, o que eu encontraria lá? Nada além da esperança de melhora deste mal…. Oh! eu abraçaria o universo se me livrasse deste mal!”

Ludwig nunca mais voltaria a ver sua terra natal. Nisso, Beethoven se assemelha a Chopin, que também nunca voltou à sua Polônia após sair em exílio.  São artistas de dois lugares, com um pé aqui, o outro lá longe. Em Chopin, é mais evidente a oposição entre Mazurkas e Polonaises representando a terra natal e Norturnos e Barcarolle com uma sonoridade da Europa ocidental – oposição que ele transcende e une na Polonaise-Fantaisie. Em Beethoven, essas duas faces se combinam de maneira mais sutil.

Após toda essa introdução sobre o compositor alemão-austríaco e as complexidades inseridas na alma do mesmo homem, vamos pular para os músicos que, nesses últimos dois séculos, têm se dedicado à difícil tarefa de trazer à vida a música de Beethoven. Entre os intérpretes, é possível falar em uma linha de interpretação que foca no Beethoven mais alemão, sério, intelectual. E em uma outra escola que foca no Beethoven vienense, com seu desejo de brilhar nos palcos do Império Austro-Húngaro como o fez Mozart, com formas musicais derivadas de danças e às vezes até com humor. Pianistas como Brendel, Gulda, Badura-Skoda (um trio de austríacos), além de Kempff e Argerich tocam um Beethoven mais vienense, . Outros como Gilels, Richter, Arrau e Pollini tocam um Beethoven mais alemão. A Filarmônica de Viena, óbvio, é mais vienense, enquanto a de Berlim (sobretudo no século passado, com Karajan), mais alemã.

Qual interpretação escolher? Na dúvida, melhor ficar com as duas. O Beethoven de Kempff, menos intenso, mais poético, refinado, é maravilhoso em obras como as sonatas “quasi una fantasia” op. 27, assim como Martha Argerich é provavelmente a maior intérprete viva dos dois primeiros Concertos para Piano e Orquestra. Mas nas últimas sonatas, sempre prefiro ouvir os intérpretes com uma visão mais grandiosa, preocupados em juntar os detalhes e frases individuais em uma concepção elevada da obra, uma sucessão de notas formando um todo coerente. Aqueles que fazem menos absurda a comparação entre uma sonata instrumental e o idealismo germânico iluminista de Kant (1724-1804).

O pianista Hans Richter-Haaser (Dresden, 1912 – Braunschweig, 1980) tem uma alta reputação entre os admiradores do “Beethoven alemão”, com seções contrastantes (compare o “piano” e o “forte” do curto movimento central da sonata op. 110) e uma concepção monumental da mensagem do gênio de Bonn que talvez seja resumida pela palavra latina gravitas (seriedade, dignidade, nobreza).

Richter-Haaser (não confundir com o pianista russo de sobrenome alemão) fez uma série de gravações em Londres com Walter Legge, de 1959 a 1966, nos estúdios de Abbey Road, que eram absolutamente state of the art, como atestam os excelentemente produzidos discos dos Beatles, bem como as gravações ali realizadas por outros alemães como o pianista W. Gieseking e o ainda jovem maestro H. von Karajan. A partir dos anos 70, talvez por motivos mais mercadológicos ou políticos* do que estéticos, Richter-Haaser parou de gravar por grandes gravadoras, mas até hoje beethovenianos fanáticos colocam nas listas de melhores gravações da História as 19 sonatas que ele gravou, além dos Concertos e Fantasia Coral com Giulini e Böhm. Em 2019, finalmente, foram reeditadas essas sonatas que os colecionadores ouviam em vinil.

Ludwig van Beethoven (1770-1827): As Três Últimas Sonatas para Piano
Sonata No. 17 em Ré menor, Op. 31 no. 2
Sonata No. 30 em Mi maior, Op. 109
Sonata No. 31 in Lá bemol maior, Op. 110
Sonata No. 32 in Dó menor, Op. 111

Piano: Hans Richter-Haaser (1912-1980)

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#BTHVN250, por René Denon

*Em 1964, houve um boicote de artistas aos estados do sul dos EUA, devido à segregação racial.  Em muitas salas de concerto, negros eram proibidos de entrar. Richter-Haaser furou o boicote, alegando que os músicos deveriam se distanciar dos problemas raciais e políticos. O sobrevivente do holocausto Artur Rubinstein respondeu: “Os músicos também são seres humanos e têm a mesma responsabilidade moral que todo mundo”. Que bola fora, Richter-Haaser! Você provavelmente não valia nada, mas eu gosto do seu piano.

Pleyel

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para violino e piano, Op. 30 – Kavakos – Pace

Kavakos de volta, a trinca do Op. 30 com ele e Pace é supimpa demais! Achei linda, sublime mesmo a delicadeza com que ele saboreia cada frase da sereníssima primeira sonata do grupo – e de tal maneira que, se já não era muito fácil, se torna impossível imaginar a obra encerrando com o feroz finale da Op. 47, a “Kreutzer”, originalmente composto para ela. Qualquer complacência, no entanto, se dissolve logo no Allegro da sonata seguinte, completamente desenvolvido sobre a célula rítmica do motivo inicial – expediente a que Beethoven recorreria, com o poderoso resultado que todos conhecemos, na abertura de sua quinta sinfonia, também em Dó menor. A gravação termina com uma ótima sonata em Sol maior, talvez a primeira entre as congêneres em que os dois instrumentistas sejam exigidos da mesma maneira. Enrico Pace não só se sai à altura do extraordinário Kavakos, como fica tudo tão arrumadinho que a gente só consegue torcer para que a “Kreutzer” chegue logo.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Três sonatas para violino e piano, Op. 30
Compostas entre 1801-02
Publicadas em 1803
Dedicadas a Alexander I, czar da Rússia

No. 1 em Lá maior
1 – Allegro
2 – Adagio molto espressivo
3 – Allegretto con variazioni

No. 2 em Dó menor
4 – Allegro con brio
5 – Adagio cantabile
6 – Scherzo: Allegro
7 – Finale: Allegro – Presto

No. 3 em Sol maior
8 – Allegro assai
9 – Tempo di minuetto, ma molto moderato e grazioso
10 – Allegro vivace

Leonidas Kavakos, violino
Enrico Pace, piano

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Como gostamos de Pace e também queremos ser amigos dele, vamos ilustrar a postagem com a foto de um seu excelente momento capilar.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para piano Opp. 27, 13 & 14 – Gould

Contrariando minha praxe, hoje não farei qualquer ressalva antes de publicar Gould. Já houve reações nervosas, hidrófobas até, a postagens anteriores com o mala-sem-alça canadense. As últimas publicações com o mais canoro dos pianistas que tocavam em cadeiras quebradas feitas pelo pai, no entanto, não suscitaram qualquer reação em qualquer sentido, pelo que deduzo que ou os leitores-ouvintes dominaram a arte de simplesmente ignorarem aquilo que não lhes apraz, poupando de reproches quem deles pense diferente, ou a distopia abocanhou o planeta dum jeito que hoje as pessoas já conseguem escutar Gould com indiferença – algo que, sinceramente, duvidava viver para ver.

Enquanto vocês decidem se meu convoluto parágrafo anterior é ou não é uma ressalva – se é que nele há cousa alguma que não seja retórica -, prossigo ao contar-lhes que gosto demais dessa gravação. Além duma ótima”Patética” e de leituras elétricas e bem-humoradas das sonatas-quase-sonatinas do Op. 14, Glenn sai-se extraordinariamente bem nas duas sonatas-quase-fantasias do Op. 27, que são o objeto principal desta publicação.

O termo “quase uma fantasia”, foi cunhado pelo próprio Beethoven, ensejou por muito tempo leituras açucaradas da segunda do par, aquela conhecida como “ao Luar” (que, para variar, é um título apócrifo), induzindo o diabetes e talvez mesmo a cetoacidose ao justificar que o turrão de Bonn, ao compor o Adagio sostenudo, fantasiava como que a devanear. Mais provável, no entanto, é que ele as pretendesse executadas ao modo das fantasias para piano, como aquelas de Mozart, e que suas partes fossem episódios, e não movimentos, duma peça ininterrupta. O fato do próprio compositor ter prescrito que os movimentos fossem executados “attacca”, – ou seja, sem interrupções – reforça a ideia, bem como a reticência na aplicação da sonata-forma, e o esquema tonal e desenvolvimento temático muito livres, especialmente na primeira dessas sonatas, que contém, em seu movimento derradeiro, uma recapitulação de temas ouvidos nos anteriores. Penso que Gould compreendeu muito bem esta proposta, e que sua interpretação não perde a meada ao longo da execução. Talvez sua relutância em usar o pedal choque um pouco os leitores-ouvintes acostumados a ouvir uma “Luar” iniciada com um Adagio sostenuto propriamente dito, e não o quase Andantino em que Gould o despacha, mas o resultado orna muito bem com os demais movimentos, particularmente com o tempestuoso Presto final, respeitando a concepção de, bem, uma quase-fantasia.

Sobre a “Luar” cabe, talvez, uma ressalva, já que ressalva não fiz lá no começo: ela foi gravada nas mesmas sessões que a “Patética” e a “Appassionata”, num projeto imposto pela Columbia para, imaginava ingenuamente, vender como água um LP somente com sonatas célebres e com apelidos, e para tentar extrair algum sumo do contrato com Gould, já que, diferentemente do assombroso sucesso de seu disco de estreia com as Variações Goldberg, seu projeto beethoveniano anterior, com as três últimas sonatas do mestre, fracassara nas vendas. Glenn, que odiava qualquer imposição, certamente brandiu suas melhores armas de sabotagem: além de uma “Patética” pouco patética, aliás quase nada sentimental (que é a mesma que os leitores-ouvintes encontrarão no link abaixo), despachou uma “Luar” sugar-free e – pior ainda – uma “Appassionata” totalmente desconstruída e tudo, mas tudo MESMO, menos apaixonada. Acho bom que vós outros, que agora me detestam por postar Gould, se comportem bem nos comentários, pois qualquer dia eu posto essa “Appassionata” e, bem: vocês verão só o que é me odiar.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Dó menor, Op. 13, “Patética”
Composta em 1798
Publicada em 1799
Dedicada ao príncipe Karl von Lichnowsky

1 – Grave – Allegro di molto e con brio
2 – Adagio cantabile
3 – Rondo: Allegro

Duas sonatas para piano, Op. 14
Compostas em 1798-1799
Publicadas em 1799
Dedicadas à baronesa Josefa von Braun

No. 1 em Mi maior
5 – Allegro
6 – Allegretto – Trio
7 – Rondo. Allegro comodo

No. 2 em Sol maior
8 – Allegro
9 – Andante
10 – Scherzo. Allegro assai

Duas sonatas para piano, Op. 27
Compostas em 1801

Publicadas separadamente em 1802

Sonata “quasi una fantasia” no. 1 em Mi bemol maior
Dedicada à princesa Josephine von Liechtenstein

11 – Andante – Allegro – Andante – attacca:
12 – Allegro molto e vivace – attacca:
13 – Adagio con espressione – attacca:
14 – Allegro vivace

Sonata “quasi una fantasia” no. 2 em Dó sustenido menor, “Ao Luar”
Dedicada à condessa Giulietta Guicciardi

15 – Adagio sostenuto
16 – Allegretto
17 – Presto agitato

Glenn Gould, piano

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Queria ver Gould vivo e blogueiro do PQP Bach. Aí vocês teriam saudades de mim. Humpf.
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Christus am Ölberge, Op. 85 – Rilling


Subvertemos novamente a já pouquíssima ordem que há nesta série para publicar a singular composição de Beethoven que alude aos eventos celebrados pelos cristãos durante a semana santa: Christus am Ölberge (“Cristo no Monte das Oliveiras”), sua única experiência no gênero do oratório, que descreve a agonia de Jesus no Getsêmani.

Provavelmente idealizada e rascunhada durante sua tensa temporada em Heiligenstadt, foi  composta a toque de caixa no prazo de duas semanas, um ritmo que nada impressionaria Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus, que escreveu uma sinfonia em quatro dias, mas sem dúvidas frenético para os enrolados padrões de Beethoven. Muito se conjeturou se sua implosão psíquica, que culminou no célebre testamento, aproximou-o sentimentalmente do tema do sofrimento de Cristo na véspera de seu calvário. A pressa em terminar o oratório, no entanto, explica-se sem conjeturas: pretendia estreá-lo, junto com a sinfonia no. 2 e o concerto no. 3 para piano e orquestra, do qual também tocaria o solo, num megaconcerto com suas obras no mui respeitado Theater an der Wien, cuja renda líquida escorreria para seu estropiado bolso. Mais ainda, tentava cumprir uma promessa feita a ninguém menos que Emanuel Schikaneder – fundador do Theater, amigo de Wolfgangus, libretista de Die Zauberflöte e o primeiro Papageno (a promessa verdadeira era de uma ópera, mas Fidelio, de gestação complicadíssima, ainda estava longe de ser parida). Como o credor muito esperava, e o devedor era um grande procrastinador, Beethoven correu o que pôde, e ainda assim passou a manhã do dia do concerto escrevendo as partes de trombone do oratório que seria estreado à tarde, além de tocar o solo do concerto entre a memória e a improvisação, posto que ainda não a colocara no papel.

Christus am Ölberge teve uma acolhida apenas razoável pelo público, suficiente para que fosse levado ao palco algumas vezes nos anos subsequentes. A crítica dividiu-se em reconhecer-lhe bons momentos e apontar-lhe a falta de dramaticidade, defeito letal para um oratório, inda mais sobre um tema que, sozinho, já transpira drama. O próprio compositor constrangeu-se com a primeira execução e pôs-se imediatamente a revisar a obra, insatisfeito principalmente com seu fraco libreto, escrito por um seu conhecido, Franz Xaver Huber. Quando de sua publicação, que aconteceu oito anos depois e a levou a receber o enganoso número de Op. 85, o editor conseguiu-lhe um novo libretista que se dedicou a melhorar o texto. Mesmo com as emendas, Beethoven não ficou satisfeito: colheu suas moedas de prata e renegou o oratório, que foi caindo em oblívio e, hoje, e raramente escutado.

Meus ouvidos modernos e xucros tendem a concordar com os críticos e estranhar o estilo operístico e italianizado, certamente influenciado por Salieri, com quem Beethoven estudara recentemente composição e declamação em italiano com a ambição de enriquecer com uma ópera no idioma. A escolha de uma voz de tenor para representar Jesus, em lugar da tradicional opção por um baixo ou barítono, acaba por dar um brilho pouco apropriado a passagens que esperaríamos, pelo enredo, mais austeras, e o dueto entre Jesus e o serafim (soprano) chega às raias de soar como uma cena de amor. Em que pesem essas ressalvas, Christus am Ölberge é o que de mais pascal temos para lhes oferecer de Beethoven, e esperamos que a regência do indestrutível Helmuth Rilling – responsável não só por uma, mas duas séries de gravações de todas as cantatas de Johann Sebastian Bach – lhes ilumine suas virtudes enquanto disfarça seus achaques.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Christus am Ölberge, oratório para solistas, coro e orquestra, Op. 85
Composto em 1803
Publicado em 1811

 1 – Introduction
 2-  Jehovah, du mein Vater
 3 – Meine Seele ist erschuttert
 4 – Erzittre, Erde!
 5 – Preist des Erlosers Gute
 6 –  O Heil euch, ihr Erlosten
 7 –  Doch weh! Die frech entehren
8 – Verkundet, Seraph, mir dein Mund
 9 – Duo: So ruhe denn
 10 – Wilkommen, Tod!
 11 – Wir haben ihn gesehen
 12 – Die mich zu fangen augezogen
 13 – Hier ist er
 14 – Nicht ungestraft
 15 – In meinen Adern wuhlen
 16 – Auf, ergreifet den Verrater!
 17 – Welten singen Dank und Ehre

 18 – Preiset ihn, ihr Engelchore

Keith Lewis, tenor (Jesus)
Maria Venuti, soprano (
Serafim)
Michel Brodard, baixo (Pedro)
Gächinger Kantorei Stuttgart
Bach-Collegium Stuttgart
Helmuth Rilling, regência

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“Cristo no Monte das Oliveiras” (“Cristo nell’orto degli ulivi”), por Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610) – a fotografia em branco e preto é tudo o que nos resta da obra, destruída pelo bombardeio a Berlim na II Guerra Mundial.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

O Mestre Esquecido, capítulo X (Beethoven – Sonata para violino e piano, Op. 24 – Brahms – Sonata para violino e piano no. 3 – Wanda Wiłkomirska e Antônio Guedes Barbosa) #BTHVN250

Claro que jamais esqueceríamos o Mestre por tanto tempo esquecido, e precisamente por isso resolvemos interromper nossa excursão pela obra completa de Lud Van para trazer uma das lamentavelmente poucas contribuições de Antonio Guedes Barbosa à discografia beethoveniana (a outra, com as sonatas Opp. 53 e 109, já foi publicada nessa série).

Este registro da sonata Op. 24, “Primavera”, ao lado de sua habitual parceira de recitais, a violinista polonesa Wanda Wiłkomirska (1929-2018), felizmente permite-nos escutar Barbosa em ação em partes mais significativas que o mero acompanhamento naquelas obras bonitinhas, mas pianisticamente catatônicas do álbum de Kreisler. Essa sonata preza exatamente pelo equilíbrio que Beethoven atribuiu às partes dos instrumentos, que aqui estão em pé de igualdade, num prenúncio do que ele mostraria ao mundo com sua fantástica sonata “Kreutzer”. Infelizmente (e percebam que eu muito uso este advérbio para comentar o exíguo legado fonográfico de Antonio), a gravação privilegia talvez um tanto demais o violino em detrimento do piano no primeiro movimento, de modo que acabamos escutando o mestre bem menos do que gostaríamos. As coisas melhoram nos movimentos seguintes, principalmente no finale. Pena que não tiveram com a sonata de Beethoven o mesmo cuidado que prestaram à sonata de Brahms que abre a gravação, com a gravação mais equilibrada para uma leitura muito robusta em que, admitamos, Barbosa e Wiłkomirska estão bem mais em sua praia.

Johannes BRAHMS (1833-1897)

Sonata para violino e piano no. 3 em Ré menor, Op. 108
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Un poco presto e con sentimento
4- Presto agitato

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para violino e piano no. 5 em Fá maior, Op. 24, “Primavera”
5 – Allegro
6 – Adagio molto espressivo
7 – Scherzo: Allegro molto
8 – Rondo: Allegro ma non troppo

Wanda Wiłkomirska, violino
Antonio Guedes Barbosa, piano
Lançado em LP pela Connoisseur Society (Estados Unidos) em 1975
Nunca lançado em CD
Jamais lançado no Brasil

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Antonio Guedes Barbosa, em imagem do acervo do precioso Instituto Piano Brasileiro, que segue com seu incansável trabalho de preservação e divulgação do legado impresso e fonográfico dos grandes nomes do piano no Brasil – como o próprio Antonio, que sempre é lembrado por lá como um dos maiores de todos nossos compatriotas. Clique na imagem e visite o site do Instituto, e também suas páginas nas redes sociais – o Facebook e o YouTube são especialmente ricos. Mais ainda: se puder, contribua com ele. É fácil, rápido e imensamente gratificante.

Vassily [revalidado em 17/1/2021]

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para violino e piano, Opp. 23 & 24 – Kavakos – Pace

Depois de muito piano, o violino tenta voltar a esta série – e, como foi e será para as sonatas que lhe escreveu o mestre de Bonn, aqui ele soará com o mais belo dos timbres da atualidade, o de Leonidas Kavakos.

Acompanhado pelo riminese Enrico Pace, o ateniense aqui nos oferece as sonatas Opp. 23 e 24, compostas simultaneamente e só não publicadas juntas porque, pelo que consta, um mundano problema com o PAPEL disponível na gráfica obrigou o editor a dá-las à prensa em separado. Ainda que se lhes destinasse um só número de Opus, elas, como gêmeas bivitelinas, não poderiam ser mais diferentes. Dispensarei comentários à Op. 24, já por demais conhecida, e talvez aquela entre as composições de Beethoven que mais mereça o título primaveril e apócrifo que lhe colocaram. Permitam-me, pois, direcionar o facho para a Op. 23, uma composição num ácido lá menor, muitas vezes obtusa, e que o grego – sempre atento ao detalhe – despacha até com garbo e brilho, e não só no maroto Andante scherzoso em maior. Muito bem recebida pelos contemporâneos de Beethoven, acho inexplicável – ou, talvez, só compreensível à luz da imensa popularidade de sua gêmea mais querida – que ela não seja tão apreciada em nossos dias, enquanto espero que essa tremenda leitura de Kavakos e Pace corrija essa injustiça.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata em Lá menor para violino e piano, Op. 23
Composta em 1800
Publicada em 1801
Dedicada ao conde Moritz von Fries

1 – Presto
2 – Andante scherzoso, più allegretto
3 – Allegro molto

Sonata em Fá maior para violino e piano, Op. 24, “Primavera”
Composta entre 1800-01
Publicada em 1801
Dedicada ao conde Moritz von Fries

4 – Allegro
5 – Adagio molto espressivo
6 – Scherzo: Allegro molto
7 – Rondo: Allegro ma non troppo

Leonidas Kavakos, violino
Enrico Pace, piano

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Como adoramos Kavakos e queremos muito ser amigos dele, vamos fazendo aquilo que só os bons amigos fazem – divulgar suas melhores fotos.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para piano Opp. 22, 31 no. 3 & 101 – Hewitt

Uma ilustre quase desconhecida, exceto aos mais atentos ludovicômanos, a sonata Op. 22 é muito bonita e elegantemente acabada, sem as explosões de temperamento a que Beethoven nos acostumara em tantas sonatas anteriores. Os temas são muito bem desenvolvidos e lindamente ornamentados, e não somente no movimento lento, que, noutra praxe do mestre, é o coração da obra.

A intérprete, Angela Hewitt, confessou que às vezes olha de soslaio para o público sempre que inicia a Op. 22, e invariavelmente encontra olhares em branco. Lamentável, pois trata-se duma peça que merece ser mais conhecida, nem que fosse pelo fato do próprio Beethoven, notoriamente reticente acerca de seu taco, não só a ter intitulado “Grande” (como fizera com a Op. 7) como também tê-la apresentado ao seu editor com um mui assertivo “essa sonata é uma obra extraordinária”.

Apreciando-a no seu contexto, da transição entre as sonatas do início da carreira e aquele grupo robusto das sonatas dos Opp. 26-28, eu tendo a concordar com o mestre. Quanto aos que a tentam vincular às supracitadas, eu tenho minhas ressalvas, uma vez que me a Op. 22 me soa muito mais afim às três sonatas dedicadas a Haydn do que a qualquer outra de suas comparativamente radicais irmãs mais velhas.

Completam a gravação uma vigorosa leitura sonata Op. 31 no. 3 e uma de minhas favoritas entre todas as gravações da extraordinária Op. 101, em que Hewitt usa toda sua experiência com Bach para iluminar o rico contraponto do movimento final – e ambas, claro, serão abordadas em postagens posteriores nesta série.

Ludwig van BEETHOVEN
 (1770-1827)

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 22
Composta em 1800
Publicada em 1802
Dedicada ao conde Johann Georg von Browne

1 – Allegro con brio
2 – Adagio con molta espressione
3 – Menuetto
4 – Rondo: Allegretto

Das Três sonatas para piano, Op. 31:
No. 3 em Mi bemol maior
Composta em 1802
Publicada em 1804

5 – Allegro
6 – Scherzo. Allegretto vivace
7 – Menuetto. Moderato e grazioso
8 – Presto con fuoco

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
Composta em 1816
Publicada em 1817
Dedicada à baronesa Dorothea Ertmann

9 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung
10 – Lebhaft, marschmäßig
11 – Langsam und sehnsuchtsvoll
12 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit

Angela Hewitt, piano

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“Aff, esses bocas-moles que não conhecem a Op. 22!”
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sinfonia no. 1 em Dó maior, Op. 21 – Chailly – Furtwängler – Gardiner – Haitink – Huggett – Jansons – Karajan – Rattle – Reiner – Solti – Toscanini – Wand

Retorno após breve hiato, e não sem despertar questionamentos sobre se eu tomara chá de sumiço, ou se faria um prolongado retiro no Hades no feitio daquele que fez as senhoras e senhores terem um refresco de mim por quase quatro anos. Agradeço a preocupação e, talvez decepcionando aqueles que esperavam postais do Hades, esclareço que estava em férias em lugar bem distante e numa cicloviagem um pouco exigente demais para meus jamones, de tal maneira que, ao encerrar cada dia, quase nada restava de meus miolos, fritos pelo sol do trópico de Câncer, além duma pasta molenga e pouco apropriada a escrever sobre Beethoven.

Confesso, entretanto, que houve outro motivo, que me deixou talvez tão hesitante quanto ficou Beethoven em estrear sua primeira sinfonia: eu não tinha A MENOR IDEIA de como abordar uma postagem sobre uma sinfonia de Beethoven, fosse esta ou qualquer outra, na integral que lhes prometemos ao longo deste ano da Peste e do #BTHVN250.

Explico:

Tomemos como exemplo as trinta e duas sonatas para piano: há várias integrais, muitas das quais já publicadas neste blogue, e também sonatas gravadas em pequenos lotes, ou integrais inacabadas (os “torsos de integrais”, nas palavras do querido René Denon). Ainda que muitos pianistas as incluam avulsamente em seus recitais e gravações, são relativamente poucos os que se dedicam a tocar ou gravar o conjunto completo, certamente porque seu escopo – tanto de duração quanto de exigências técnicas e expressivas – é grande demais para caber num punhado de discos e ou de apresentações. Assim, e dentro da proposta de lhes trazer nesta série somente gravações inéditas no PQP Bach, não tive dificuldades de achar muito material, e abundante, para contemplar as sonatas para piano nesta celebração do BTHVN250.

As sinfonias são um caso muito diferente. Todo regente que se preza deseja registrar o seu ciclo completo, o que leva a uma abundância discográfica das nove meninas. Mais que isso, há encarniçadas e provavelmente insolúveis discussões sobre qual a melhor gravação do ciclo, muito mais do que as trinta e duas sonatas sonhariam em suscitar. Adicionando a este bolo de discórdia algumas camadas extras de complicação, menciono as várias edições das sinfonias, que tentam destrinchar as muitas correções que Beethoven – sempre o autocrítico implacável e procrastinador desorganizado – lhes incorporou ainda em vida, e via de regra com caligrafia medonha, e as incontáveis vertentes de tradição interpretativa que incidem sobre essas obras essenciais. A todas as camadas do bolo, enfim, somo a minha cobertura: eu gosto demais de vários ciclos, mas nunca algum deles me satisfez completamente, de maneira que qualquer escolha minha para oferecer-lhes seria, de antemão, insatisfatória.

A solução a que cheguei certamente não agradará a todos, e com ainda mais certeza revoltará aqueles que apreciam o cuidadoso rabalho de curadoria. Ainda assim, aqui vai ela: em vez de um ciclo, oferecer-lhes-ei doze, gravados em diferentes épocas, por renomados regentes imbuídos de diversas tradições interpretativas.

Pensei inicialmente em publicar um ciclo antigo, outro contemporâneo, e mais outro em instrumentos originais. Entre os antigos, Wilhelm Furtwängler esteve desde sempre firme em meus planos, e não demorou que eu me perguntasse se não valeria a pena também incluir o ciclo de seu contemporâneo Arturo Toscanini, outro virtuose da batuta, ao qual era inevitavelmente comparado, obra a obra. Falar deles lembrou-me do venerando Günter Wand que, perguntado se regeria a Nona Sinfonia como Furtwängler ou como Toscanini, respondeu nos rins: “como Beethoven”. Heribert von Karajan (sim, Heribert: googleiem para conferir) não estava em meus planos, mas inevitavelmente perguntariam – quiçá brandindo-me ancinhos e tochas – sobre ele. Em reconhecimento à sua enorme importância para a indústria discográfica, que incluiu vários registros completos do ciclo, praticamente uma a cada grande revolução nas técnicas de gravação (e também, claro, porque aqueles Porsches todos não saíam de graça), resolvi incluir aquele que considero o melhor, feito nos anos 60 com seus inseparáveis Berliners. Lembrei também dos brilhantes magiares que levaram as orquestras dos Estados Unidos a seus pináculos e incluí integrais de Fritz Reiner e Georg Solti, e que jamais – nunca, em hipótese alguma – deveria esquecer do maior regente vivo, Bernard Haitink, e de sua inseparável orquestra do Concertgebouw. Tampouco deixaria de lado duas gravações recentes das quais muito gosto – a de Riccardo Chailly com a orquestra do Gewandhaus de Leipzig, talvez o conjunto que responda mais instintivamente ao seu regente entre todas em atividade, e aquela de Simon Rattle, praticamente na saideira de sua era como diretor dos Berliners. Na turma da interpretação historicamente informada, nunca tive dúvidas de que o excelente ciclo de John Eliot Gardiner estaria neste rol, e achei por bem oferecer também uma outra integral menos conhecida e bastante estimulante, a da Hanover Band dirigida alternadamente por Roy Goodman e Monica Huggett. Por fim, e já aflito porque as doze poderiam facilmente chegar a vinte, lembrei que o patrão PQP Bach tinha botado tudo para quebrar ao postar a  m a r a v i l h o s a integral de Andris Nelsons com a Wiener Philarmoniker, a melhor gravação do ciclo nos últimos anos, e aí me dei conta de que outro letão, o imenso Mariss Jansons, recentemente desaparecido, também tinha deixado sua série, que aqui está numa sentida homenagem ao suave mestre.

Contaram doze? Pois bem, aqui vão elas. Claro que, por ter ouvido todas, adoraria para comentá-las uma a uma, e mesmo compará-las. Nossa travessia beethoveniana, entretanto, é ainda muito longa, e o tempo de que disponho, bastante curto. Prometo-lhes que, depois de 17 de dezembro, quando a série estiver completa, voltarei às postagens das sinfonias para, quem sabe, transformá-las em guias de gravações comparadas tão bom quanto aqueles que o colega Das Chucruten já publicou, inclusive da Pastoral. Por ora, escolham as que mais apetecerem, comparem-nas, e deixem-me saber o que pensaram delas nos comentários.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sinfonia no. 1 em Dó maior, Op. 21
Composta entre 1795-1800
Publicada em 1801
Dedicada ao barão Gottfried van Zwieten

1 – Adagio molto – Allegro con brio
2 – Andante cantabile con moto
3 – Menuetto: Allegro molto e vivace
4 – Adagio – Allegro molto e vivace

Wiener Philarmoniker
Wilhelm Furtwängler
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NBC Symphony Orchestra
Arturo Toscanini
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Chicago Symphony Orchestra
Fritz Reiner
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Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan
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Chicago Symphony Orchestra
Sir Georg Solti
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Sinfonieorchester des Norddeutschen Rundfunks
Günter Wand
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Koninklijk Concertgebouworkest
Bernard Haitink
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The Hanover Band
Monica Huggett
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Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner
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Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Mariss Jansons
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Gewandhausorchester Leipzig
Riccardo Chailly
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Berliner Philharmoniker
Sir Simon Rattle
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Ah – quase me esqueci de comentar a obra. Gestada ao longo de cinco anos, e certamente com muita preocupação por conta da sombra esmagadora das sinfonias de Mozart e Haydn (que ainda vivia), a Primeira é calcada firmemente nos modelos dos mestres mais velhos, com toques claramente beethovenianos como o uso dos sopros, frequentemente formando corais independentes das cordas, e os repetidos sforzandi. Há alguns truques interessantes, como o de “esconder” a tonalidade no movimento inicial, em vez de começar com uma afirmação estrondosa da mesma (como aqueles dois portentosos acordes que abrem a Eroica), embora não houvesse audácias tonais capazes de chocar o mui conservador público do Burgtheater, no qual “Le Nozze de Figaro” e “Così fan tutte” tinham vindo à luz e onde Beethoven estrearia várias de suas obras mais importantes. Meu movimento favorito é o faceiríssimo Menuetto, que é um scherzo em tudo, menos no título. O finale, que começa com uma escala marota que se desenrola lentamente, mantém a mesma verve do minueto e leva a uma conclusão muito efusiva uma obra que, se não se pode chamar de revolucionária, certamente mostrou a Viena que a voz do renano era diferente de todas outras.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

 

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para violino, violoncelo e piano, Op. 56 – Sinfonia no. 7 – Mutter – Ma – Barenboim

Sim, esta postagem está queimando a ordem de publicação das obras de Lud Van, mas é por um excelente motivo: adorei esta gravação, e não queria que os leitores-ouvintes perdessem a oportunidade de ouvi-la o quanto antes.

É difícil de negar que este concerto triplo seja, talvez junto com o Op. 19 para piano (do qual o próprio Beethoven não gostava muito), a menos inspirada das obras concertísticas que o mestre publicou em vida. Não se sabe ao certo por que e para quem ele foi composto, embora o factotum Schindler, notório atochador, jurasse que a parte do piano tivesse em mente o arquiduque Rudolph, aluno e futuro patrono do compositor, o que explicaria sua relativa simplicidade. Como quase tudo o que vem de Schindler, no entanto, essa afirmação não se sustenta, uma vez que a obra já tinha sido iniciada em 1804, ano em que Rudolph, ainda adolescente, iniciou seus estudos de piano e composição. Ademais, quando de sua publicação, em 1808, o dedicatário foi outro patrono, o príncipe Lobkowitz – uma desfeita difícil de imaginar com o caçula da família real austríaca. O mais provável, assim, é que Beethoven a tenha escrito com virtuoses específicos em mente e que a parte para piano coubesse a ele próprio.

Nunca morri de amores por este concerto, especialmente pelo que percebo como prolixidade e previsibilidade do primeiro e do último movimentos. Por eliminação, conclui-se que o Largo central, muito bonito e conciso, seja meu preferido, muito pelo destaque dado ao violoncelo, que, aliás, abre os trabalhos solísticos em todos os movimentos. Beethoven, que já lhe escrevera duas revolucionárias sonatas, demonstra o quão bem sabia aproveitá-lo como protagonista – uma palhinha, acho, do que seria um seu concerto para violoncelo, numa época em que o gênero pouco tinha ido além daqueles dois de Haydn e dos tantos de Boccherini.

Embora uma obra concertística para piano, violino e violoncelo fosse totalmente sem precedentes, o concerto triplo está inscrito na tradição da sinfonia concertante iniciada na França e que ganhou voga em centros como Mannheim, o feudo dos Stamitz, e Bonn, cidade natal de Beethoven. Talvez por isso eu fique menos satisfeito com interpretações ao estilo “trio com piano vs. orquestra” do que com aquelas que exaltam as qualidades individuais dos solistas – exatamente o caso desta que agora lhes apresento, lançada no mês passado.

O destaque vai para Yo-Yo Ma, emprestando seu belíssimo timbre para as suculentas melodias que Ludwig dedicou ao violoncelo. Anne-Sophie Mutter, que é daquelas artistas das quais não se tem muito como falar de maus dias, estava num especialmente elétrico, e seu violino janta as partes com muito apetite. E Daniel Barenboim, no duplo papel de solista e regente, não só se sai bem na discreta parte para piano (o que é ótimo, considerando que a impressão de nós outros aqui no blogue é a de que ele não leve mais o piano tão a sério), como se permite algumas liberdades agógicas que Beethoven, um grande improvisador, provavelmente aprovaria. Além disso, conduz seu conjunto, a West-Eastern Divan Orchestra, com muita precisão e energia. O resultado é uma gravação que, mesmo com os precedentes da troika estelar (Oistrakh, Richter e Rostropovich sob Karajan em 1970, por ocasião do bicentenário de Beethoven) e dos próprios Ma e Mutter, ainda garotos (também sob Karajan e com o pianista moldavo-americano Mark Zeltser, em 1985), passou a ser minha preferida.

Completa o disco, com um destaque sacrilegamente minúsculo para obra tão maiúscula (olhem só o tamanho daquelas letrinhas na capa!), uma Sétima Sinfonia cheia de verve, muito melhor do que qualquer outra que Barenboim gravou.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Concerto em Dó maior para violino, violoncelo, piano e orquestra, Op. 56
Composto entre 1803-05
Publicado em 1807
Dedicado a Joseph Franz Maximilian, príncipe Lobkowitz

1 – Allegro
2 – Largo (attacca)
3 – Rondo alla polacca

Anne-Sophie Mutter, violino
Yo-Yo Ma
, violoncelo
West-Eastern Divan Orchestra
Daniel Barenboim,
piano e regência

Sinfonia no. 7 em Lá maior, Op. 97
Composta entre 1811-12
Publicada em 1813
Dedicada ao conde Moritz von Fries

4 – Poco sostenuto – Vivace
5 – Allegretto
6 – Presto – Assai meno presto
7 – Allegro con brio

West-Eastern Divan Orchestra
Daniel Barenboim,
regência

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O supertrio e a WEDO em ação em Berlim, outubro de 2019.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Postagem restaurada – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Symphony No.9 – Bruno Walter – Leslie Howard

61+AufDLfcLPUBLICADA ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 31/5/2014, RESTAURADO POR VASSILY EM 02/4/2020

Eis finalmente a nossa mui amada, salve, salve, Nona Sinfonia, in D Minor, de Beethoven, outro monumento da música ocidental, uma das mais importantes obras da criação humana. E mais não tenho o que dizer.
Confesso que fiquei um pouco decepcionado com a falta de comentários sobre esse projeto. Com raríssimas exceções, o silêncio dominou o campo dos comentários. Tivemos a grata satisfação de conhecermos o Beto, que nos deu uma verdadeira aula sobre as transcrições que Liszt realizou. frontAgradeço imensamente a ele, que mostrou como o PQPBach pode ser coletivo. Ninguém aqui é dono absoluto da razão, ou sabe tudo sobre tudo e todos.
Bruno Walter foi um dos maiores maestros do século XX, foi um regente que atravessou o século XX trazendo na bagagem uma vasta experiência nos palcos. Foi contemporâneo e amigo pessoal de Mahler, e só isso já seria um grande diferencial, mas sua arte ultrapassou barreiras. Beethoven, Brahms e Bruckner, sem contar obviamente Mahler, foram suas especialidades, mas também são memoráveis suas gravações das sinfonias de Mozart. Felizmente a tecnologia conseguiu nos trazer esses seus registros, que oferecemos aos senhores com o maior prazer, para mostrar os tesouros que existem no passado. E espero poder trazer mais dessas maravilhosas gravações.
Leslie Howard ainda frequenta os palcos. Esse excepcional pianista, talvez o maior especialista vivo em Liszt, com toda a sua versatilidade, nos mostrou um Beethoven diferente, sob a visão de um visionário, e não podemos negar que Liszt o fosse. Um compositor além de seu tempo, que mostrou um respeito muito grande pelo gênio de Bonn quando realizou essas transcrições.

01 – Symphony No.9 in D minor, Op. 125 ‘Choral’ – I. Allegro ma non troppo, un poco maestoso
02 – II. Molto vivace
03 – III. Adagio molto e cantabile
04 – IV. Presto
05 – Rezitativo O Fewunde, nicht diese Tone! Allegro assai

Leslie Howard – Piano
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Emilia Cundari – Soprano
Nell Rankin – Mezzo Soprano
Albert da Costa – Tenor
William Wildermann – Bass
Westminster Symphonic Choir
Columbia Symphony Orchestra
Bruno Walter – Conductor
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FDPBach

Beethoven (1770 – 1827): Sinfonias Nos. 5 & 7 – WP & Carlos Kleiber ∞ #BTHVN 250 ֍

Beethoven (1770 – 1827): Sinfonias Nos. 5 & 7 – WP & Carlos Kleiber ∞ #BTHVN 250 ֍

BTHVN

Sinfonias Nos. 5 & 7

Wiener Philharmoniker

Carlos Kleiber

 

 

Em dez de cada dez listas que mencionam melhores gravações de música clássica aparece a gravação da Quinta Sinfonia de Beethoven feita por Carlos Kleiber regendo a Wiener Philharmoniker e lançada pelo selo amarelo. Em umas seis ou sete delas, ela aparece em primeiro lugar. É por isso que esta gravação não poderia faltar nas nossas postagens comemorativas do #BTHVN 2020.

Esta gravação de 1974 foi relançada pela DG reunida em um CD com a gravação da Sétima Sinfonia, pelos mesmos protagonistas, na série DG-Originals. Como este CD já foi postado aqui pelo nosso intenso colaborador FDP Bach, fazemos oportunamente a nova editação como um PQP-Originals! Além do que o link da postagem anterior já estava inativo.

Aqui está o texto da postagem original, que foi ao ar em 19 de setembro de 2014:

Falar o que dessa gravação, cara pálida? Que é a melhor gravação destas sinfonias? Para não repetir o óbvio, só direi que com certeza este cd está entre os Top Ten de minha lista, e na lista de muita gente. Esqueça Karajan, esqueça Jochum, esqueça Celibidache, esqueça qualquer outro que lhe venha a cabeça. Carlos Kleiber é o nome a ser batido nesse repertório.

Carlos Kleiber não era uma pessoa de fácil convivência. Segundo relatos de músicos que estiveram sob sua direção, ele chegava a ser tirânico, humilhando seus músicos, para que se atingisse o seu ideal de perfeição. E isso dirigindo orquestras do nível da Filarmônica de Viena, de Berlim, do Concertgebow de Amsterdam …

E a sonoridade que ele conseguiu extrair da Filarmônica de Viena ao executarem esses dois pilares da música ocidental até hoje ninguém conseguiu.
Ouçam e tirem suas conclusões.

Vejam os comentários do Penguin Guide que atribuiu ao disco uma Roseta ֍, uma honra que os editores da publicação costumam dar a um seletíssimo conjunto de CDs:

‘Se alguma vez houve uma gravação lendária, será esta de Carlos Kleiber […].’ As comparações mencionam Giulini e Klemperer e termina dizendo: ‘…esta é sem dúvida uma das maiores performances desta obra que já foi colocada em disco’. Eu acredito que o comentário continua atualíssimo.

Da gravação da Sétima Sinfonia a menção de ‘charme da dança’ nos diz tudo. Portanto, não demore e baixe os arquivos!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sinfonia No. 5 em dó menor, Op. 67

  1. Allegro com brio
  2. Andante com moto
  3. Allegro
  4. Allegro

Sinfonia No. 7 em lá maior, Op. 92

  1. Poco sostenuto – Vivace
  2. Allegretto
  3. Presto – Assai meno presto
  4. Allegro com brio

Wiener Philharmoniker

Carlos Kleiber

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FLAC | 328 MB

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MP3 | 320 KBPS | 165 MB

Observação: As duas últimas faixas da Quinta Sinfonia estão em um só arquivo.

Dizer o que?

Bravo, maestro!

Aproveite!

René Denon

 

Postagem restaurada – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Symphonies Nos. 7 & 8 – Bruno Walter – Leslie Howard #BTHVN250

61+AufDLfcLPUBLICADA ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 28/5/2014, RESTAURADO POR VASSILY EM 1/4/2020

Já declarei aqui mesmo no PQPBach que a sétima sinfonia de Beethoven é uma de minhas obras favoritas. A sinto como uma obra que me deixa bem, ela tem um alto astral, talvez pelo fato de não ter um movimento mais lento, como um adagio, e ser em um tom maior, Lá maior, enfim, não sei, só sei que ela me deixa de bem com a vida. Mesmo ouvindo-a em uma sexta feira chuvosa nossos ânimos ficam lá em cima. Para entender essa sensação fui atrás de meu biógrafo favorito de Beethoven, Maynard Solomon. Em um primeiro momento, Solomon cita um crítico do século XIX, que vê esta Sétima Sinfonia como uma segunda Sinfonia Pastoral, completa com casamento na aldeia e danças camponesas, e outro crítico famoso, Ernest Newman, a descreve como “um surto de um poderoso impulso dionisíaco, uma divina intoxicação do espírito”. Solomon continua com sua análise:
front“Por mais singulares ou exóticas que essas interpretações possam agora parecer, vale a pena procurar algum denominador comum subjacente nas opiniões de um tão eminente grupo de críticos. Claramente, uma obra que simboliza tão poderosamente o ato de transcendência, com seus sentimentos concomitantes de júbilo e libertação, pode ser representada em linguagem por uma infinidade de imagens transcendentes específicas – as quais podem explicar-nos muita coisa tanto acerca das livre associações de seus autores quanto a respeito de Beethoven e sua música. (Solomon, p. 286).
Em outra passagem inspirada, Solomon no brinda com essa belíssima análise:
“Ambas as sinfonias (sétima e oitava) omitem o tradicional movimento lento – isto é, o movimento da mágoa e contemplação, de luto de tragédia – presente em todas as outras Sinfonias de Beethoven. Com efeito, a oitava, como seu Minueto e seu Allegretto Scherzando, vai ainda mais longe nesse aspecto do que a Sétima, já que esta possui uma longa e lenta introdução para o primeiro movimento e um Allegretto onírico que, pelo menos, parece lento em contraste com os seus movimentos vizinhos Vivace e Presto. (Solomon, p 287)”.
Enfim, duas obras primas de Beethoven, e nesta postagem também temos a Oitava Sinfonia, que coloco na mesma situação da Quarta, no sentido de ser um tanto quanto negligenciada, ainda mais depois de refletirmos sobre essa análise de Solomon.
A leitura de Walter para a Sétima Sinfonia me pareceu mais reflexiva, diferente de outros regentes, como Kleiber e o próprio Karajan, que seguem mais uma linha de acordo com a visão de Solomon, “(essas sinfonias) transportam-nos para uma esfera lúdica, de risos e folguedos, de exuberante descarga de energia contida”. (Solomon, p. 287).
Mas vamos ao que viemos. Bruno Walter e sua Columbia Symphony Orchestra e a versão transcrita para piano por Liszt nas mãos muito seguras e competentes de Leslie Howard.

Symphony No.7 in A Major, Op. 92
I. Poco Sostenuto-Vivace
II. Allegretto
III. Presto
IV. Allegro Con Brio

Leslie Howard – Piano
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Columbia Symphony Orchestra
Bruno Walter – Conductor
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Symphony No.8 in F major, Op. 93
I. Allegro vivace e con brio
II. Allegretto scherzando
III. Tempo di menuetto
IV. Allegro vivace

Leslie Howard – Piano
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Columbia Symphony Orchestra
Bruno Walter – Conductor
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Postagem restaurada – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Symphonies Nos. 5 & 6 – Bruno Walter – Leslie Howard #BTHVN250

61+AufDLfcLPUBLICADA ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 23/5/2014, RESTAURADO POR VASSILY EM 31/3/2020

Às vezes forço minha memória para tentar lembrar quando foi que ouvi os acordes iniciais da Quinta Sinfonia pela primeira vez, mas não consigo. Lembro de ter ouvido a Sétima Sinfonia pela primeira vez num radinho de pilha, nos tempos em que era um jovem adolescente ainda conhecendo o mundo. A memória nos prega peças, e neste caso específico, insiste em esconder esta informação. Não que isso fosse mudar alguma coisa na minha vida. Ao contrário. Talvez por isso mesmo não consigo lembrar.

frontJá com relação à Sexta Sinfonia, não tenho dúvidas que foi com o filme “Fantasia” da Disney, em alguma longínqua Sessão da Tarde global, lá nos idos dos anos setenta, em alguma tarde de minha infância ou adolescência. Só mais tarde apareceu o vídeo cassete, e então pude rever aquela animação, que marcou tantas gerações.

Enfim, mais dois monumentos da criatividade humana. Ah, antes que me esqueça, essa versão da Sexta Sinfonia nas mãos de Bruno Walter é considerada uma das melhores de toda a história da indústria fonográfica. Ouçam e tirem suas próprias conclusões.

Symphony No.5 in C minor, Op. 67
I. Allegro Con Brio
II. Andante Con Moto
III. Allegro
IV. Allegro

Leslie Howard – Piano
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Columbia Symphony Orchestra
Bruno Walter – Conductor
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Symphonie Nr. 6 F-dur «Pastorale», Op. 68
I. Erwachen heiterer Empfindungen bei der
II. Szene am Bach (Andante molto mosso)
III. Lustiges Zusammensein der Landleute (Allegro)
IV. Gewitter. Sturm (Allegro)
V. Hirtengesang. Frohe und dankbare

Leslie Howard – Piano
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Columbia Symphony Orchestra
Bruno Walter – Conductor
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FDPBach

Postagem restaurada – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Symphonies Nos. 3 & 4 – Bruno Walter – Leslie Howard #BTHVN250

61+AufDLfcLPUBLICADA ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 21/5/2014, RESTAURADO POR VASSILY EM 30/3/2020

Mais duas sinfonias de Beethoven, em sua versão original para orquestra e na versão transcrita para piano por Liszt. Desta vez temos a monumental Sinfonia nº 3, uma das mais belas páginas da história da música ocidental, que dispensa apresentações. Mesmo depois de tantos anos ouvindo-a constantemente, não me canso jamais de ouvi-la. Sua Marcha Fúnebre está com certeza entre as mais belas páginas já escritas na história da música.

frontA outra sinfonia é a de nº 4, um tanto quanto menosprezada, afinal estaria entre duas obras primas absolutas de Beethoven, a terceira e a quinta. Mas trata-se obviamente de um equívoco considerá-la uma obra menor do repertório sinfônico do gênio de Bonn. Não tem o mesmo impacto das acima citadas, mas precisamos colocá-la como uma obra de transição, um estudo que o compositor realizou para testar os limites do que poderia ser feito até chegar à uma fórmula ideal. Seu denso adagio inicial em um primeiro momento consegue esconder o que virá pela frente e sua explosão em um allegro vivace sempre me surpreende.

Symphony No.3 in E-flat Major, Op. 55 ‘Eroica’
I. Allegro con brio
II. Marcia funebre. Adagio assai
III. Scherzo. Allegro vivace
IV. Finale. Allegro molto

Leslie Howard – Piano
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Columbia Symphony Orchestra
Bruno Walter – Conductor
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01 – Symphonie Nr. 4 B-dur, Op. 60
I. Adagio. — Allegro vivace
II. Adagio
III. Allegro vivace. — Un poco meno allegro
IV. Allegro ma non troppo

Leslie Howard – Piano
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Columbia Symphony Orchestra
Bruno Walter – Conductor
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FDPBach

Postagem restaurada – Ludwig Van Beethoven (1770-1827): Symphonies – Klemperer CD 6 de 6 – Symphony n°9, in D Minor, “Choral” op. 125 – Klemperer, Ludwig, Philharmonia

PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 16/11/2012, RESTAURADO POR VASSILY EM 28/3/2020 e 06/05/2022

Então chegamos no momento culminante, a maior de todas as sinfonias. Esta sinfonia é tão grandiosa que dispensa maiores comentários. Ela fala por si própria. Basta a mencionarmos que o tema do Ode à Alegria nos vem a mente. É a celebração maior da vida, a culminação da carreira de um dos maiores gênios que a humanidade produziu. Só temos de render-lhe graças e apreciarmos cada detalhe, cada momento, e a termos sempre conosco, para nos alegrar nos momentos de tristeza, para sabermos que ainda existe esperança no final do túnel. Volto a repetir, antes de tudo, a Nona Sinfonia de Beethoven é uma celebração à vida.
Otto Klemperer morreria dois anos depois de realizar esta gravação, e com a certeza de dever cumprido. Foi um dos gigantes da regência do século XX.

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Symphonies – CD 6 de 6 –
Symphony n°9, in D Minor, “Choral” op. 125 –
Klemperer, Ludwig, Philharmonia

01. 1. Allegro non troppo, un poco maestoso
02. 2. Molto vivace – Presto
03. 3. Adagio molto e cantabile – Andante moderato
04. 4. Finale
05. Prometheus, Op.43

Aase Nordmo Løvberg – Soprano
Christa Ludwig – Mezzo Soprano
Waldemar Kmentt – Tenor
Hans Hotter – Baixo
Philharmonia Orchestra & Chorus
Otto Klemperer

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FDP

Postagem restaurada – Ludwig Van Beethoven (1770-1827): Symphonies – Klemperer (5/6)

PUBLICADO ORIGINALMENTE POR FDP BACH EM 9/11/2012, RESTAURADO POR VASSILY EM 27/3/2020 e 6/5/2022

Neste volume Klemperer nos traz a 8ª Sinfonia, outro caso de uma obra de Beethoven pouco interpretada e até mesmo pouco gravada. O que é uma pena, pois ela é uma bela introdução para o que virá pela frente com todo o gigantismo da Nona Sinfonia.
Para completar o CD, temos as três aberturas Leonore e a abertura Coriolan, op. 72.

01. 1. Allegro vivace con brio
02. 2. Allegretto scherzando
03. 3. Tempo di Menuetto
04. 4. Allegro vivace
05. Leonore No.1, Op.138
06. Leonore No.2, Op.72
07. Leonore No.3, Op.72a
08. Coriolan, Op.62

Philharmonia Orchestra
Otto Klemperer – Conductor

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FDPBach