Debussy (1862-1918): Préludes – Paul Jacobs, piano

Debussy (1862-1918): Préludes – Paul Jacobs, piano

Claude Debussy

Prelúdios

Paul Jacobs, piano

 

Com esta postagem completamos a apresentação das gravações de peças de Debussy feitas por Paul Jacobs para o selo Nonesuch. Aqui os Prelúdios, que como no caso de Chopin, somam 24, pelo menos se considerarmos aqueles reunidos por Chopin no Opus 28. No entanto, no caso de Debussy, não há um plano de contemplar as tonalidades, como no caso de Bach e Chopin. As suas motivações são outras. Uma análise disto está fora do escopo de uma simples postagem como esta, mas garanto que neste conjunto de peças há muito para se conhecer e admirar. Deixo aqui o link para um trabalho que, mesmo com muita informação técnica, poderá ser de boa leitura, se você tiver interesse e paciência de buscar as informações.

Fadas são encantadoras dançarinas…

Gostaria muito de imaginar que alguns de vocês vão ouvir várias vezes estas peças, pois que sucessivas audições permitem que nos aproximemos mais das intenções do compositor, tais como são reveladas pelo intérprete. No caso de Paul Jacobs, temos uma interpretação que busca não se interpor entre o compositor e o ouvinte e além de ser musicalmente muito refinada, é bastante afirmativa.

Em uma de minhas vidas passadas, durante um bastante rigoroso inverno, com muita neve e céus cinzentos, passei muitas tardes na companhia de uma outra gravação destas peças, mas as sucessivas audições me tornaram um absoluto admirador da obra. Não que tenha esgotado meu interesse por elas, muito pelo contrário, passei a buscar outras e outras gravações. Como não se render a tão pessoal e bela música?

Paul Jacobs

Pode haver título mais poético e evocativo do que ‘Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir’?   Este prelúdio foi inspirado pelo poema “Harmonie du soir”, de Baudelaire. No entanto, Debussy queria que os títulos viessem depois da música, sugerindo que a alusão do nome não deveria ser tomada ao pé da letra, como nos explica Jacobs no libreto da gravação.

Mas como não ser tocado por um título magistral como ‘La terrasse des audiences du clair de lune’? Aqui o título evoca uma noite em um templo na Índia. Faz me pensar no grande filme de David Lean, ‘A Passage to India’. Enfim, não demore e mergulhe logo neste maravilhoso conjunto de obras e o explore por bastante tempo.

Claude Debussy (1862 – 1918)

Préludes

Livre I
  1. Danseuses de Delphes
  2. Voiles
  3. Le Vent dans la plaine
  4. ‘Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir’
  5. Les Collines d’Anacapri
  6. Des pas sur la neige
  7. Ce qu’a vu le vent d’ouest
  8. La Fille aux cheveux de lin
  9. La Sérénade interroumpue
  10. La Cathédrale engloutie
  11. La Danse de Pluck
  12. Minstrels
Livre II
  1. Brouillards
  2. Feuilles mortes
  3. La Puerta del Vino
  4. ‘Les fées sont d’exquises danseuses’
  5. Bruyères
  6. ‘General Lavine’ – eccentric
  7. La Terrasse des audiences du clair de lune
  8. Ondine
  9. Hommage à S. Pickwick Esq. P.P.MP.C.
  10. Canope
  11. Les Tierces alternées
  12. Feux d’artifice

Paul Jacobs, piano

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Espero que com esta e mais as outras duas postagens, possam ter revelado um pouco mais da arte tanto de Debussy quanto de Paul Jacobs.

Aproveite!

René Denon

Francis Poulenc (1899-1963): Concerto para Piano & Concert champêtre – Mark Bebbington

Francis Poulenc (1899-1963): Concerto para Piano & Concert champêtre – Mark Bebbington

Francis Poulenc

Concerto para Piano

Concert champêtre

Peças de Câmera com Piano

Mark Bebbington, piano

Este disco passou por baixo do radar dos nossos colaboradores aqui do PQP Bach Corp mas foi detectado pelo meu sistema de busca e apreensão de discos com concertos para piano. Sorte a minha assim como a de vocês, caros leitores-ouvintes do blog, pois o disco é ótimo.
O pianista britânico Mark Bebbington já dedicou-se às obras de Frank Bridge, John Ireland e Vaugham Williams. Agora cruzou o Canal da Mancha e nos brinda com um ótimo disco com música de Francis Poulenc.

Wanda e Francis

Poulenc compôs cinco obras para instrumento solista de tecla e orquestra. A primeira delas foi o Concert champêtre, para cravo e orquestra. Em junho de 1923 Poulenc assistiu a estreia da peça El retablo de maese Pedro, de Manuel de Falla, que ocorreu na casa da Princesa de Polignac. Esta obra emprega um instrumento que então era um pouco inusitado, um cravo. Naquele dia, o cravo foi tocado pela lendária Wanda Landowska. Wanda e Francis então se falaram e acabaram tornando-se calorosos amigos. Desta amizade surgiu, entre abril de 1927 e agosto de 1928 o Concert champêtre, com solo de cravo. A primeira apresentação deste concerto ocorreu em 3 de maio de 1929, na Sala Pleyel, em Paris, com Madame Landowska como solista, acompanhada da Orchestre Symphonique de Paris, regida por Pierre Monteux.
Apesar de afirmar que a apresentação deste concerto com piano no lugar do cravo fosse o pior que poderia acontecer, Poulenc foi o solista nesta forma em diversas ocasiões.
O Concerto para piano é de 1949 e foi comissionado pela Boston Symphony Orchestra, a pedido do maestro Charles Munch, como uma obra a ser apresentada por Poulenc e a orquestra em sua segunda turnê na América, que ocorreu em 1950. O concerto não foi um sucesso retumbante, mas segundo uma carta de Poulenc para Munch, escrita posteriormente, foi melhor do que ele esperava. Ufa!!
Completando este disco e funcionando com interlúdio entre os dois concertos, temos um lindo trio para piano, oboé e fagote, escrito por Poulenc  ainda em 1926. Gosto muito desta peça e em particular do movimento lento.

Fechando o cortejo temos a última peça de vulto escrita por Poulenc em 1962, em memória de Serge Prokofiev, mas que acabou sendo estreada no memorial do próprio Poulenc. Nada que isto deva preocupar nosso caro ouvinte-leitor, se é que você chegou até aqui. Há quem diga que as pessoas apenas baixam os arquivos musicais. Coisa que eu duvido, pois a segunda coisa que as pessoas que gostam de música mais apreciam são as histórias e anedotas sobre música e músicos. E assim, antes que eu devaneie ainda mais, não demore, baixe este excelente disco, com música que é vital, alegre, charmosa, com ótimas melodias e sonoridades lindas.

Francis Poulenc (1899 – 1963)

Concerto para Piano e Orquestra

1. Allegretto
2. Andante con moto
3. Rondeau, à la Française

Trio para Piano, Oboé e Fagote

4. Presto
5. Andante
6. Rondo

Concert champêtre

7. Allegro molto
8. Andante
9. Finale

Sonata para Oboé e Piano

10. Élégie
11. Scherzo
12. Deploration

Mark Bebbington, piano

John Roberts, oboé

Jonathan Davies, fagote

Royal Philharmonic Orchestra

Jan Latham-Koenig, regente

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Nada como tocar para uma audiência atenta…

Disseram do disco: ‘Bebbington excels in Poulenc, capturing the mood of light-hearted cheekiness perfectly … hugely rewarding’

I completely agree!

Aproveite!

René Denon

Bach (1685-1750): Prelúdios, Fugas e Corais – Edna Stern, piano

Bach (1685-1750): Prelúdios, Fugas e Corais – Edna Stern, piano

 

Bach

Prelúdios, Fugas e Corais

Edna Stern

 

 

Temos aqui um disco especial, diferente em alguns sentidos. A pianista Edna Stern usa alguns dos Prelúdios e Fugas do Cravo Bem Temperado para ‘contar uma história’. Na ‘montagem’ do disco ela usa quatro corais que servem para dar a ‘deixa’ para os prelúdios e fugas que os seguem. A escolha se baseia em um aspecto técnico – as tonalidades – mas também usa um aspecto mais subjetivo, para formar assim a sua ‘narrativa’.

Em uma entrevista que você poderá ler no livreto, ela explica o projeto. Numa das perguntas, o entrevistador aponta o eixo geral usando três palavras: struggles, sorrows e então, serenity. Certamente serenidade é tudo o que precisamos nestes tempos tão conturbados e assustadores que estamos vivendo.

Eu gostei imenso da interpolação dos quatro corais entre os doze prelúdios e fugas escolhidos – três para cada um deles.

Ferruccio, pensando em dó sustenido menor…

Um dos corais é de Brahms, escrito para órgão, mas aqui interpretado ao piano. A transição deste coral para o prelúdio seguinte (a faixa 8 para a faixa 9) é um dos momentos mais marcantes de todo o disco. Os outros três corais são transcrições para piano dos originais de Bach (que faz uso de antigos e conhecidos corais luteranos) feitas por Ferruccio Busoni. Eu gosto particularmente do ‘Wachet auf, ruft uns die Stimme’. O disco é tecnicamente impecável, adorei o som do piano, maravilhoso! A pianista já nos deu o ar da graça aqui no PQP Bach em postagens de PQP e FDP Bach, onde acompanha a famosa violinista Amandine Beyer. Ambas são excelentes postagens.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

  1. Coral ‘Nun komm’ der Heiden Heiland’, BWV 659 (Arr. Busoni)
  2. Prelúdio e
  3. Fuga No. 2 BWV 847 em dó menor
  4. Prelúdio e
  5. Fuga No. 15 BWV 860 em sol maior
  6. Prelúdio e
  7. Fuga No. 10 BWV 855 em mi menor
  8. Schmuecke dich o liebe Seele (No. 5 do Opus 122, de Brahms)
  9. Prelúdio e
  10. Fuga No. 9 BWV 854 em mi maior
  11. Prelúdio e
  12. Fuga No. 19 BWV 864 em lá maior
  13. Prelúdio e
  14. Fuga No. 6 BWV 851 em ré menor
  15. Coral ‘Ich ruf’ zu dir, Herr Jesu Christ’, BWV 639 (Arr. Busoni)
  16. Prelúdio e
  17. Fuga No. 12 BWV 857 em fá menor
  18. Prelúdio e
  19. Fuga No. 11 BWV 856 em fá maior
  20. Prelúdio e
  21. Fuga No. 22 BWV 867 em si bemol menor
  22. Coral ‘Wachet auf, ruft uns die Stimme’, BWV 645 (Arr. Busoni)
  23. Prelúdio e
  24. Fuga No. 21 BWV 866 em si bemol maior
  25. Prelúdio e
  26. uga No. 17 BWV 862 em lá bemol maior
  27. Prelúdio e
  28. Fuga No. 7 BWV 852 em mi bemol maior

Edna Stern, piano

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Sobre a arte da pianista Edna Stern a revista francesa Diapason disse ter ‘o panache de Martha Argerich, a musicalidade de Leon Fleisher e o impecável acabamento de Krystian Zimerman’.  Isso tudo por que ela foi aluna de cada um destes grandes mestres em diferentes etapas de sua formação…

Ouça você e depois me diga qual foi a história que o disco te contou…

Aproveite!

René Denon

Joseph Bodin de Boismortier (1689-1755): Sonatas Op. 91 – Wilbert Hazelzet, flauta

Joseph Bodin de Boismortier (1689-1755): Sonatas Op. 91 – Wilbert Hazelzet, flauta

Boismortier

6 Sonatas para cravo e flauta, Op. 91

Wilbert Hazelzet, flauta

Gerard de Wit, cravo

 

 

Wilbert explicando o que é um ‘crescendo’ para a turma do PQP Bach
Gilbert de Wit

Os pequenos mestres podem nos proporcionar grandes prazeres! Eu pesquei esta frase na minha pesquisa para escrever estas mal traçadas sobre Joseph Bodin e agora não consigo lembrar onde, para dar algum crédito, pois a frase é danada de boa.
Dia destes postei um disco com música de Wilhelm Friedemann Bach interpretada pelo Hazelzet e trago esta outra face da moeda. Temos agora um repertório francês que mostra a versatilidade do flautista.
Boismortier foi um compositor francês que fez muito sucesso, inclusive econômico, pois foi um dos primeiros músicos a não depender de patrões diretos e editava sua própria música. Seu estilo incorporava os gostos francês e italiano, como a música deste lindo disco exemplifica, bem ao estilo de ‘les goûts réunis’. Ele não se acanhava ao aplicar o princípio de ‘flatter l’oreill’.
Na verdade, a capa deste disco diz muito sobre o mesmo. É uma prova que a escolha da capa adequada é uma arte a parte.
Observe que o título da música coloca o cravo antes da flauta e estas peças são da linhagem da música para cravo que posteriormente incorporou um instrumento melódico ou mesmo um grupo de instrumentos. Prática que remonta a François Couperin e outros mestres franceses.
O livreto que acompanha os arquivos musicais nos conta que em Paris, Boismortier manteve contato com músicos que atuavam nos Concerts Spirituels, como Louis Albert, Jean-Joseph Cassanéa de Mondoville, Jean-Baptiste Senaillé, Jean-Marie Leclair e Michel Blavet. Este último era assim o James Galway, o Jean-Pierre Rampal da época.

 

Joseph Bodin de Boismortier (1689 – 1755)

6 Sonatas para cravo e flauta Op. 91

Sonata em sol maior Op. 91 No. 3

1. Rondement
2. Gayement
3. Air: Gracieusement
4. Gayement

Sonata em sol menor Op. 91 No. 2

5. Gayement
6. Gracieusement
7. Gayement

Sonata em ré maior Op. 91 No. 1

8. Sicilienne
9. Gayement
10. Gracieusement
11. Gayement

Sonata em lá maior Op. 91 No. 5

12. Legerement
13. Gracieusement
14. Gayement

Sonata em mi menor Op. 91 No. 4

15. Gayement
16. Gracieusement
17. Gayement

Sonata em dó menor Op. 91 No. 6

18. Gayement
19. Gracieusement
20. Menuets I et II

Wilbert Hazelzet, flauta

Gerard de Wit, cravo

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Para os mais jovens amantes da música, o falutista Michel Blavet era o Emmanuel Pahud daqueles dias. Para artistas deste calibre e para audiências de gosto refinado que Joseph Bodin escreveu estas charmosíssimas peças.

Aproveite!

René Denon

Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784): Sonatas e Trio com Flauta – Wilbert Hazelzet

Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784): Sonatas e Trio com Flauta – Wilbert Hazelzet

Wilhelm Friedemann Bach

Sonatas e Trios com Flauta

Wilbert Hazelzet – Marion Moonen

Jaap ter Linden – Jacques Ogg

 

Wilhelm Friedemann foi o filho mais velho do casal Johann Sebastian e Maria Barbara. Era chamado por seu pai de Friede (Paz) e a sua educação devemos pelo menos o surgimento de obras como as Suítes Francesas, as Invenções a duas e a três Partes, o Cravo Bem Temperado e as Triosonatas para órgão. E foram efetivas essas obras pois no fim de sua vida Friede foi lembrado como um dos maiores organistas (e improvisador) de seu tempo.

Wilbert Hazelzet

Wilhelm Friedemann cresceu recebendo sólida formação musical de seu pai e teve oportunidade de prosseguir nos estudos, inclusive com formação acadêmica. Estudou Lei, Filosofia e Matemática na Universidade de Leipzig e estudou violino com Johann Gottlieb Graun. Mas nem tudo foram flores na vida do filho mais velho de Johann Sebastian. Ele teve dificuldade para manter seus empregos e morreu na pobreza. A reputação como cuidador da parte que lhe coube do acervo de seu pai não é impoluta. De qualquer forma, estamos em família aqui e não queremos ferir suscetibilidades. O compositor, amigo de Goethe e professor de Mendelssohn, Karl Friedrich Zelter, disse de Wilhelm Friedemann: ‘como compositor ele tinha o tic douloureux de ser uma pessoa original, se distanciando de seu pai e irmãos, recorrendo a relações tolas, mesquinhas e inúteis nas quais ele era facilmente reconhecido como quem fecha seus próprios olhos para se tornar invisível’.
Mas o que principalmente nos interessa aqui é a música, que é ótima! Um disco com música de câmera com flauta ou, eventualmente, flautas.

Jacques Ogg

Eu sei, há quem seja som-de-flauta-intolerante. Neste caso, aconselho que seja mastigada uma pastilha daquelas antes de encarar o disco ou que se ouça uma ou duas sonatas por vez… Garanto-vos, no entanto, os prazeres e as surpresas com a inventividade do compositor, assim como com a habilidade dos músicos e a qualidade da produção serão largamente compensadores.

Wilhelm Friedemann Bach (1710 – 1784)

Sonata para flauta e baixo contínuo em mi menor, F 52

1. Allegro ma non tanto
2. Siciliano
3. Vivace

Triosonata para duas flautas e baixo contínuo em lá menor, F 49

4. Allegro

Sonata para flauta e piano em fá maior

5. Largo
6. Allegretto
7. Allegro assai e scherzando

Triosonata para duas flautas e baixo contínuo em ré maior, F 48

8. Andante
9. Allegro
10. Vivace

Sonata para flauta e piano em fá maior, F 51

11. Allegro non troppo
12. Andantino
13. Vivace

Triosonata para duas flautas e baixo contínuo em ré maior, F 47

14. Allegro ma non troppo
15. Largo
16. Vivace

Wilbert Hazelzet, flauta

Marion Moonen, flauta [F 47, 48, 49]

Jacques Ogg, cravo ou piano

Jaap ter Linden, violoncelo [F 47, 48 e 52]

Produção de Bettina Gerber
Gravado em Janeiro de 2005 na Lutherse Kerk, Haarlem, Holanda
Observação: O piano usado na gravação é uma cópia de um Piano Silbermann de 1746.

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Quanto a observação deixada por Zelter, façamos como foi sugerido no livreto (que acompanha os arquivos da música): Vamos fechar nossos olhos às suas falhas enquanto abrimos o mais que pudermos nossos ouvidos para a sua música. Seu tic douloureux não lhes causara qualquer mal.

Aproveite!

René Denon

Bach (1685-1750): Concertos para Piano & Vivaldi (1678-1741): Concertos para Violoncelo – Alexander Zagorinsky, violoncelo & Einar Steen-Nøkleberg, piano

Bach (1685-1750): Concertos para Piano & Vivaldi (1678-1741): Concertos para Violoncelo – Alexander Zagorinsky, violoncelo & Einar Steen-Nøkleberg, piano

Bach & Vivaldi

Concertos para Piano e

Concertos para Violoncelo

Alexander Zagorinsky, violoncelo

Einar Steen-Nøkleberg, piano

 

Alexander toca violoncelo, Einar toca piano. Alexander é russo e estudou no Conservatório Tchaikovsky de Moscou. De uma geração anterior, Einar é norueguês e possivelmente um dos músicos mais notórios da Noruega. Gravou toda a obra para piano de Grieg e é jurado em muitos concursos de piano.

Estes dois músicos se encontraram pela primeira vez em 2002 em um concerto dedicado à Grieg na Academia Russa de Música. Com apenas uma oportunidade para ensaiar, pois encontraram-se apenas na véspera do concerto, fizeram uma apresentação que convenceu as pessoas que já tocavam juntos há muito tempo. Desde então passaram a colaborar, tocando e gravando juntos em várias ocasiões.

Alexander e Einar

Neste disco, gravado em 2018, apresentam-se alternadamente como solistas de concertos para piano, de Bach, e para violoncelo, de Vivaldi. Eles são acompanhados por uma orquestra de 18 membros, todos professores.

Se você é do tipo purista, que prefere instrumentos originais, aconselho que leve seu ‘mouse’ para outras postagens. Mas se resta uma alma que gosta de boa música em você, não se faça de rogado e clique sem dó! É um grande disco.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Concerto para Piano No. 1 em ré menor, BWV 1052

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro

Antonio Vivaldi (1678 – 1741)

Concerto para Violoncelo em lá menor, RV 422

  1. Allegro
  2. Largo cantabile
  3. Allegro

Johann Sebastian Bach

Concerto para Piano No. 4 em lá maior, BWV 1055

  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro ma non tanto

Antonio Vivaldi

Concerto para Violoncelo em sol maior, RV 413

  1. Allegro
  2. Largo
  3. Allegro

Johann Sebastian Bach

Concerto para Piano No. 5 em fá menor, BWV 1056

  1. [Allegro]
  2. Largo
  3. Presto

Einar Steen-Nøkleberg, piano

Alexander Zagorinsky, violoncelo

The Chamber Orchestra of the Vologda Philharmonic Society

Alexander Loskutov, regente

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A única crítica deste álbum que consegui localizar termina assim: ‘Eu gostei imensamente deste CD, que merece muito sucesso. Ele deveria ser ouvido pelos amantes de música barroca que insistem em “instrumentos de época”. Eu garanto que se Bach e Vivaldi pudessem ouvir suas músicas tocadas tão esplendidamente, eles ficariam encantados’.

Eu certamente fiquei! Aproveite!

René Denon

Schumann (1810-1856): Concerto para Piano – Jan Lisiecki

Schumann (1810-1856): Concerto para Piano – Jan Lisiecki

S C H U M A N N

Concerto para Piano

Obras para Piano e Orquestra

Jan Lisiecki, piano

 

No meio do mês de junho do ano passado (2019) assisti a um concerto na Sala Cecília Meireles no qual a Orquestra Sinfônica CESGRANRIO, sob a regência de Eder Paolozzi, acompanhou a pianista Sylvia Thereza tocando o Concerto de Schumann. Foi uma noite inspiradora. O Concerto de Schumann foi o ponto alto e o bis da pianista, o belíssimo ‘Reflets dans l’eau’, de Debussy, ‘extrapetacular’!!

Nestes dias em que estou trancado em casa, estas lembranças parecem ainda mais caras. Mas deixemos de tristezas, pois como se diz, suspiro de vaca não arranca estaca! Mas tenho ouvido várias gravações do Concerto do Robert por conta das lembranças daquela noite.

A postagem também é para homenagear os 210 anos de seu nascimento.

Houve um tempo em que achava que os concertos de Schumann e de Grieg haviam sido compostos para serem apresentados juntos, tipo Concertos-Cosme e Damião. Havia o disco de Arrau, de Kovacevich, Leon Fleisher, Radu Lupu, Perahia e outros. Entre as gravações mais recentes destes dois concertos reunidos, recomendo fortemente a do Leif ove Andsnes. Nesta gravação o acompanham nada menos que a Berliner Philharmoniker regida pelo saudoso Mariss Jonsons. Se bem que esta gravação já não é mais ‘tão’ recente, o tempo voa!

Algumas destas gravações mencionadas devem ser postadas pelos meus amigos aqui do blog. Assim, optei por postar uma gravação do Concerto para Piano de Schumann de 2016 que no lugar do Concerto de Grieg tem a companhia de outras peças de Schumann.

Just when I thought I was out, they pull me back in!

O jovem pianista canadense Jan Lisiecki já apareceu por aqui sob os auspícios do FDP Bach. A Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia tem muita tradição, foi regida por Carlo Maria Giulini entre outros. Sob a direção de Antonio Pappano, um grande regente em muitas gravações com solistas, nos oferece interpretações excelentes das peças.

As duas peças para piano e orquestra que dão continuidade ao concerto são mais raramente apresentadas e tem ótimos momentos. A Introdução e Allegro appassionato em sol maior e foi estreada por Clara Schumann em 4 de fevereiro de 1850. A Introdução e Allegro de concerto em ré menor foi composta em 1853, uma das últimas composições de Schumann e foi dada como presente de aniversário à Clara.

O maestro e o solista em pose para a coluna do PQP Bach Publishing House

Para completar o disco, Jan Lisiecki oferece a famosíssima Träumerei, um número de Kinderszenen.

Na minha opinião, o ponto forte do disco é apresentar um repertório romântico de forma equilibrada, com suficiente bravura e impetuosidade, mas permitindo seus momentos de ‘devaneios’. Isto tudo sem incorrer em excessos, que pode ser bastante perigoso neste tipo de repertório.

Veja um resumo da crítica feita ao álbum no ‘The Guardian’: Esta gravação revela uma performance extraordinária. A música de Schumann pode não ser a mais tecnicamente difícil do repertório romântico, mas seus momentos de bravura, especialmente o gesto de abertura do concerto e a parte atlética de seu movimento final, foram realizados com absoluta autoridade. Mais precisamente, a parte que requer mais sensibilidade e introversão na maior parte do solo foi realizada com excepcional maturidade e equilíbrio. Pappano e seus músicos uniram-se de maneira impecável ao pianista, com destaques especial aos solos das madeiras.

Robert Schumann (1810 – 1856)

Concerto para piano e orquestra em lá menor, op. 54

  1. I. Allegro afetuoso
  2. II. Intermezzo. Andantino grazioso  &  III. Allegro vivace

Introdução e Allegro appasionato em sol maior, Op. 92

  1. I. Introdução
  2. II. Allegro appassionato

Introdução e Allegro de Concerto em ré menor, Op. 134

  1. Introdução e Allegro

Kinderszenen, Op. 15

  1. Träumerei

Jan Lisiecki, piano

Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia

Antonio Pappano

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Quem foi que me chamou de prodígio aí???

Para você praticar suas habilidades linguísticas:

What a lovely CD, great, clear and neat recording!

Intelligent and inspiring performance.

This young man from Calgary, Canada, is one hell of a piano player. The orchestra isn’t all that shabby either. Gorgeous stuff!!!

Molto interesse per questo prodigio giovanissimo, e conferma ora, che sempre giovane è, ma con tanta esperienza in più, il Direttore Pappano non ha bisogno di presentazioni

Aproveite!

René Denon

Schumann (1810-1856): Peças para Piano – Klara Würtz

Schumann (1810-1856): Peças para Piano – Klara Würtz

Schumann

Fantasiestücke

Waldszenen

Arabeske

Kinderszenen

Klára Würtz

Schumann demorou a decidir-se entre a literatura e a música e quando a música foi escolhida, oscilou entre compor e tornar-se um virtuose. Esta última opção, alas, não pode acontecer, mas ele encontrou na pequena Clara uma intérprete para realizar qualquer dificuldade técnica que fosse necessária para realizar musicalmente suas inspirações.

Inicialmente compôs música para piano e posteriormente passou a produzir música de câmera e para orquestra, assim como as suas maravilhosas canções.

Mesmo compondo três sonatas para piano, que talvez venham a aparecer por aqui, sua música para piano é formada principalmente por conjuntos de peças.

Este disco maravilhoso que foi produzido pelo selo holandês Brilliant, que parece ter um orçamento bastante regrado, têm como intérprete a excepcional pianista húngara Klára Würtz.

Não se deixe enganar pela capa um pouco simples e concentre-se na música. No repertório três coleções – Fantasiestücke, Walderszenen e Kinderszenen, além de uma peça única, o Arabeske.

Klára Würtz

As três coleções de peças devem bastante à literatura, mas falarei um pouquinho aqui da Fantasiestücke, na qual coabitam dois aspectos da personalidade de Schumann que pode ser interessante conhecer: Florestan e Eusebius. Enquanto Eusebius é o sonhador, Florestan representa o lado passional. Ou ainda, Eusebius é introvertido (triste) enquanto Florestan é extrovertido (alegre). Sei que colocando assim pode parecer muito simplista, mas a intensão aqui é mais sugerir pistas para futuras investigações. Veja, mesmo que seja apenas a primeira página do artigo escrito por Judith Chernaik para o Musical Times, que poderá ser acessado aqui.

Nas primeiras peças de Fantasiestücke os dois aspectos se alternam, primeiro o sonhador, depois o passional. Eventualmente nas outras peças eles são reunidos e se alternam até a última peça. Pode ser interessante ouvir a música tendo estas diferenças em mente, mas non tanto

Robert Schumann (1810 – 1856)

Fantasiestücke, Op. 12

  1. Des Abends
  2. Aufschwung
  3. Warum?
  4. Grillen
  5. In der Nacht
  6. Fabel
  7. Traumes Wirren
  8. Ende vom Lied

Waldszenen, Op. 82

  1. Eintritt
  2. Jäger auf der Lauer
  3. Einsame Blumen
  4. Verrufene Stelle
  5. Freundliche Landschaft
  6. Herberge
  7. Vogel als Prophet
  8. Jagdlied
  9. Abschied

Arabeske, Op. 18

  1. Arabeske

Kinderszenen, Op. 15

  1. Von fremden Ländern und Menschen
  2. Kuriöse Geschichte
  3. Hasche-Mann
  4. Bittendes Kind
  5. Glückes genug
  6. Wichtige Begebenheit
  7. Träumerei
  8. Am Kamin
  9. Ritter vom Steckenpferd
  10. Fast zu ernst
  11. Fürchtenmachen
  12. Kind im Einschlummern
  13. Der Dichter spricht

Klára Würzt, piano

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Klára Würtz tocando no concerto de fim de ano para a turma do PQP Bach e convidados…

Possivelmente a peça mais conhecida deste disco seja Träumerei, que está na coleção Kinderszenen e merece toda a fama que tem. Esta coleção também está em um disco postado há algum tempo, mas cujo link está ativo e muito se alegrará se receber uma visita. Para descobrir qual é, clique aqui.

Aproveite!
René Denon

Robert Schumann (1810-1856): As 4 Sinfonias – Staatskapelle Dresden – Wolfgang Sawallisch

Robert Schumann (1810-1856): As 4 Sinfonias – Staatskapelle Dresden – Wolfgang Sawallisch

 

SCHUMANN

S I N F O N I A S

SAWALLISCH

 

Neste peculiar ano de 2020, além do #BTHVN250, temos no dia 8 de junho a comemoração pelos 210 anos de nascimento do romântico e atormentado Robert Schumann. Para juntar esforços meus aos dos entusiasmados pela sua música e aumentar os festejos, escolhi postar algumas gravações das obras deste compositor que ouço com mais frequência.

Começamos em grande estilo (assim espero) com estas elogiadíssimas gravações das sinfonias. A orquestra Staatskapelle Dresden tem todas as credenciais para dar vida a estas peças sob a regência inspirada de Wolfgang Sawallisch numa combinação vencedora.

Veja o que o Penguin Guide to CDs disse sobre este time: ‘A interpretação da orquestra combina excelente disciplina com uma estimulante naturalidade e espontaneidade. Sawallisch apresenta todas as variações de humor de Schumann e sua regência tem um vigor esplendoroso’.

A primeira das sinfonias de Schumann que ouvi foi a Sinfonia Renana, de que gostei desde sempre. A gravação fazia parte de uma coleção de LPs contidos em uma caixa editada pela Reader’s Digest com discos do selo RCA. O Reno e a linda cidade de Colônia, com sua desafiante Catedral sempre foram fonte de inspiração para Robert.

Depois ouvi a Primeira Sinfonia, A Primavera, que também achei adorável. (Eu sei, sou fácil de ser agradado…) Esta sinfonia foi composta em pouquíssimo tempo no ano de 1841, ano que também viu a composição de uma primeira versão da que seria reformulada como a Quarta Sinfonia, em 1851.

Depois vieram outras gravações e tornei-me ouvinte de frequência constante destas lindas peças. A Primavera regida pelo Karajan, em dobradinha com a Primeira de Brahms, A Segunda Sinfonia na gravação do Thielemann regendo a Philharmonia, a Quarta regida por Szell e sua incrível orquestra do Meio-Oeste Americano e tantas outras gravações. Entre elas, com lugar de honra, esta integral que vos apresento.

Robert Schumann (1810 – 1856)

CD1

Sinfonia No. 1 em si bemol maior, Op. 38 ‘Primavera’

  1. Andante poco majestoso – Allegro molto vivace
  2. Larghetto
  3. Scherzo
  4. Allegro animato e grazioso

Sinfonia No. 4 em ré menor, Op. 120

  1. Ziemlich langsam – Lebhaft
  2. Romanze (Ziemlich langsam)
  3. Scherzo Lebhaft & IV. Langsam – Lebhaft

Abertura, Scherzo e Finale, Op. 52

  1. Abertura (Andante con moto – Allegro)
  2. Scherzo (Vivo)
  3. Finale (Allegro olto vivace)

CD 2

Sinfonia No. 2 em dó maior, Op. 61

  1. Sostenuto assai – Allegro ma non tropo
  2. Scherzo (Allegro vivace)
  3. Adagio expressivo
  4. Allegro molto vivace

Sinfonia No. 3 em mi bemol maior, Op. 97 ‘Renana’

  1. Lebhaft
  2. Scherzo (Sehr mässig)
  3. Nicht schnell
  4. Feierlich
  5. Lebhaft

Staatskapelle Dresden

Wolfgang Sawallisch

Gravações feitas em 1972 na Lukaskirche, Dresden

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O Reno e a Catedral de Colônia…

Outras gravações que você poderia considerar:

Wiener Philharmoniker & Leonard Bernstein (Big band, gravação ao vivo, um dos regentes mais carismáticos que já houve…) Clique aqui, aqui e aqui;

Apesar do comentário do FDP Bach, eu gosto da Sinfonia No. 2…

Chamber Orchestra of Europe & Yannick Nézet-Séguin (Visão contemporânea com ótimo som, mesmo que gravado ao vivo em 2012, na Cité de la Musique, Paris) Clique aqui.

Aproveite!

René Denon

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Dichterliebe, Op. 48 & Liederkreis, Op. 39 – Olaf Bär, barítono & Geoffrey Parsons, piano

#SCHMNN210 – Robert Schumann (1810-1856): Dichterliebe, Op. 48 & Liederkreis, Op. 39 – Olaf Bär, barítono & Geoffrey Parsons, piano

Robert Schumann

Dichterliebe – Liederkreis

Olaf Bär

Geoffrey Parsons

 

Esta postagem é também uma homenagem a Robert Schumann, por ocasião dos 210 anos desde seu nascimento.

Schumann nutria diversas paixões, afinal foi uma figura enorme do romantismo. Entre estas paixões estava a literatura, a música e (é claro) a pequena e linda Clara Wieck. Estas muitas paixões convergiram e no ano 1840 apenas, Robert (ouso tuteá-lo) deitou em papel cerca de 150 canções – einhundertfünfzig Lieder. Entre elas, as que foram compostas sobre os poemas de Heinrich Heine e Joseph von Eichendorff, que acabaram reunidas em dois ciclos: o Dichterliebe, Op. 48 e o Liederkreis, Op. 39. Dichterliebe significa Amor do Poeta, mas prefiro pensar em Os Amores do Poeta, uma vez que poeta merece certas regalias. Já Liederkreis é mais burocrático e significa Ciclo de Canções e este nome foi usado para outros grupos de canções.

Heinrich (Dichter) Heine

O Dichterliebe é o mais famoso dos dois e acho que merecidamente, mas o outro ciclo tem suas muitas belezas.

Percebi na primeira vez que ouvi esta coleção de canções, na voz do inigualável Dietrich Fischer-Dieskau, que gostaria delas para sempre. Pois que há música da qual gostamos, mas que podemos deixar de gostar. A introdução brevíssima ao piano, seguida da frase ‘Im wunderschönen Monar Mai’ – No Maravilhoso Mês de Maio – é uma combinação matadora. Trata da chegada da Primavera, que no hemisfério norte inicia em maio.

Interior da Catedral

Pleno de expectativas começa o ciclo, que se desenrolará para uma decepção amorosa, passando antes por algumas outras paradas. Entre elas, a majestosa Catedral de Colônia, próxima do Reno, com a imagem da Santa, cujos olhos, lábios e bochechas (palavra que em Português perde um pouco de seu romantismo) são tais quais os da amada. Já deu para sentir que vai rolar um pouquinho de ‘dor de corno’. Mas é parte do filme. Vá lá, ouça por você…

Geoffrey Parsons

Do ponto de vista da música, o que eu acho maravilhoso no ciclo é a alternância de ritmos, uma canção mais lenta seguida de outra que dança e outra que acelera. Eu poderia ouvi-lo vez e mais outra e outra ainda. Sem cansar. Especialmente nesta linda, linda gravação do barítono Olaf Bär, acompanhado do excelente pianista Geoffrey Parsons, que teve o talento que não é dado a muitos, de saber acompanhar os cantores. De certa forma, Geoffrey fez o papel que foi exercido por Gerlad Moore uma geração antes. Pena ter ido embora relativamente cedo, em 1995. Olaf Bär esteve atuante nas décadas de 1980 e 1990 como cantor de ópera e de Lieder. Tem uma voz maravilhosa, curiosamente em algumas situações, bonita até demais. Eu não ouço mais sua gravação do ciclo Die Schöne Müllerin por isso. E também por que acho que ele se dá muuuiito tempo. Mas não é hora de me estender nestas coisas, trarei mais coisas dele aqui, provavelmente. Especialmente Hugo Wolf!!!

Ah, sim, o outro ciclo não conta assim, uma espécie de historinha, mas as canções se aninham umas as outras em função dos temas ligados à natureza, coisa que os germânicos são, por assim dizer, chegados.

Robert Schumann (1810 – 1856)

Dichterliebe, Op. 48

Ciclo de canções sobre poemas de Heinrich Heine

Liederkreis, Op. 39

Ciclo de canções sobre poemas de Joseph von Eichendorff

Olaf Bär, barítono

Geoffrey Parsons, piano

Gravação feita em julho de 1985

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Este é um daqueles discos que pode ficar assim, eclipsado, pela busca recorrente de mais famosos cantores, como o já citado Fischer-Dieskau ou o tenor Peter Schreier, mas merece ser ouvido. Eu escolheria-o antes de muitos, muitos outros. Espero que você tenha a chance de ver por si mesmo.

Aproveite!

René Denon

 

Rachmaninov (1873-1943): Concerto para Piano No. 3 & Prelúdios – Santiago Rodriguez

Rachmaninov (1873-1943): Concerto para Piano No. 3 & Prelúdios – Santiago Rodriguez

Rachmaninov

Prelúdios

Concerto para Piano No. 3

Santiago Rodriguez

 

Sabe a frase ‘Minha vida daria um filme’? Pois se aplica perfeitamente ao caso de Santiago Rodriguez. Nascido em Cuba, começou a estudar  piano aos quatro anos e aos oito, junto com seu irmão, foi enviado aos Estados Unidos por um programa patrocinado pela Igreja Católica. Seus pais esperavam que a família seria reunida em breve, mas isto só aconteceu seis anos depois, quando eles puderam imigrar.

Neste período em que esteve afastado de seus pais, viveu em um orfanato em New Orleans enquanto continuava estudando música. Estreou com a New Orleans Symphony Orchestra aos dez anos tocando o Concerto para Piano No. 27 de Mozart. Sua carreira foi definitivamente lançada em 1981 quando ganhou a Silver Medal do Van Cliburn International Piano Competition.

Santiago Rodriguez grava exclusivamente para o selo Élan e seus discos não são exatamente fáceis de encontrar. Este aqui é ES-PE-TA-CU-LAR, se você gosta de música de Rachmaninov.

O núcleo deste álbum é o RACH#3, gravado ao vivo. Lake Forest Symphony e Paul Anthony McRae não são nomes que encontramos todos os dias, e mesmo Santiago Rodriguez, mas se você gosta deste tipo de repertório, you are in for a treat!! Esta gravação will knock your socks off!!

Brincadeiras a parte, este é realmente um grande disco, e não só pelo concerto. Funcionando como uma moldura para ele, temos alguns Prelúdios e mais duas peças curtas. Estas peças para piano solo são mais do que um contrapeso para o concerto, são verdadeiras jóias interpretadas magnificamente.

Sergei Rachmaninov (1873 – 1943)

  1. Elegia, Op. 3, No. 1
  2. Prelúdio em dó sustenido menor, Op. 3, No. 2
  3. Polichinelo, Op. 3, No. 4

Concerto para Piano No. 3 em ré menor, Op. 30

  1. Allegro ma non tanto
  2. Adagio –  Finale. Alla breve
Lake Forest Symphony
Paul Anthony McRae, regente
  1. Prelúdio em sol maior, Op. 32, No. 5
  2. Prelúdio em sol sustenido menor, Op. 32, No. 12
  3. Prelúdio em sol menor, Op. 23, No. 5
  4. Prelúdio em mi bemol maior, Op. 23, No. 6
  5. Prelúdio em si bemol maior, Op. 23, No. 2

Santiago Rodriguez, piano

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Santiago Rodriguez

Em suas próprias palavras: I have been playing the piano since age 5. The reason I continue to do it at this present, advanced age is that I’m still trying to get it right.

Sobre este álbum: “A thoroughly stunning, adrenaline-pumping performance” – American Record Guide

Aproveite!

René Denon

Mozart (1756-1791): Concerto para dois pianos K 365 & Sinfonia Concertante K 364 – Norwegian Chamber Orchestra & Iona Brown

Mozart (1756-1791): Concerto para dois pianos K 365 & Sinfonia Concertante K 364 – Norwegian Chamber Orchestra & Iona Brown

Mozart

Concerto para dois pianos 

Sinfonia Concertante para violino e viola

Norwegian Chamber Orchestra

Iona Brown

 

O disco desta postagem não se cansa de me dar alegrias. Ao ouvi-lo não é difícil crer que Mozart sentia um grande prazer no convívio com outros músicos com os quais podia compartilhar sua imensa genialidade musical. Uma desta pessoas certamente foi Johann Christian Bach, o Bach de Londres. Os relatos de como os dois passavam tempo ao piano são bem conhecidos, tais como este deixado por Nannerl, irmã de Mozart:

“Herr Johann Christian Bach, music master of the queen, took Wolfgang between his knees. He would play a few measures; then Wolfgang would continue. In this manner they played entire sonatas. Unless you saw it with your own eyes, you would swear that just one person was playing.”

Håvard Gimse

A própria Nannerl certamente era outra destas pessoas com quem o convívio musical era prazeroso. Foi para tocarem juntos que este concerto para dois pianos foi composto. A orquestração tem seus débitos para com a música de J. C. Bach, mas a alegria e maestria da parte para os solistas testemunham esta camaradagem e cumplicidade existente entre os irmãos. Esta cumplicidade e alegria foi devidamente revivida nesta linda gravação pelos dois pianistas noruegueses Håvard Gimse e Vebjørn Anvik.

Vebjørn Anvik

Eu cheguei ao álbum seguindo a trilha do nome do violista Lars Anders Tomter, o qual eu conhecia por um lindo disco com sonatas para viola (ou clarinete) de Brahms. Foi então que me dei conta do nome da regente, Iona Brown. Ela foi uma violinista que fez carreira na orquestra de Neville Marriner, a Academy of St. Martin-in-the-Fields. Começou nas fileiras de violinos, chegou a primeiro violino e solista e também direção da orquestra.

Lars Anders Tomter

Quem viveu a transição dos LPs para Cds deve lembrar-se da gravação dos Concerti Grossi, Op. 6, de Handel, pela Academy of St. Martin-in-the-Fields, surpreendentemente dirigida por outra pessoa que não fosse Neville Marriner.

Iona Brown assumiu a Orquestra de Câmera da Noruega em 1981 com grande sucesso. Este disco é uma boa prova disto. Esta gravação da Sinfonia Concertante, na qual ela atua como solista e também regente foi escolhida pela revista Gramophone com a melhor, em uma lista de fazer inveja… Veja aqui.

 

Wolfie e Nannerl

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para dois pianos e orquestra em mi bemol maior, K 365

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Sinfonia Concertante para violino, viola e orquestra em mi bemol maior, K 364

  1. Allegro majestoso
  2. Andante
  3. Presto

Håvard Gimse & Vebjørn Anvik, pianos

Lars Anders Tomter, viola

Norwegian Chamber Orchestra

Iona Brown, violino e regência

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Iona Brown (1941 – 2004)

Veredito da Gramophone sobre a gravação da Sinfonia Concertante: Top Choice

Superbly matched soloists and lithe ensemble playing in a joyous performance mingling subtlety of detail with a natural Mozartian flow. The Andante is profoundly moving in its subtlety and restraint.

Aproveite!!

René Denon

J. S. Bach (1685-1750): A Oferenda Musical (Lifschitz)

J. S. Bach (1685-1750): A Oferenda Musical (Lifschitz)

Bach

A Oferenda Musical

Prelúdio e Fuga ‘Santa Ana’

Três Peças de Frescobaldi

Konstantin Lifschitz, piano

O primeiro disco de Konstantin Lifschitz que ouvi foi seu álbum de estreia, que trazia uma coleção de obras. Começando com a maravilhosa Abertura Francesa de Bach, prosseguia até peças de Scriabin e Medtner, passando por Papillons, de Schumann. O disco do selo Denon de 1994 foi seguido por um outro, gravado em junho de 1994 no Conservatório de Moscou com as Variações Goldberg, firmando assim as credenciais do jovem pianista como grande intérprete de Bach. Depois, silêncio… Não mais ouvi do Konstantin.

O primeiro CD há muito desapareceu de minhas prateleiras (ah, os amigos…), mas o outro, com as Variações do velho Bach, vez e outra frequenta minha vitrola.

Pois eis que chegou pela mala direta do PQP Bach recentemente uma penca de discos do Lifschitz tocando Bach. Ele então está aí, bem ativo. Inclusive, percebi que há uma integral das sonatas para piano do grande Ludovico, gravada ao vivo por ele. Mas isso vou deixar guardado, pois que tempo é largo, mas é finito.

Como queria logo dividir com os caros e insaciáveis seguidores do blog alguma coisa deste excelente pianista, escolhi da penca este que me pareceu muito apetitoso. E gostei tanto que tenho ouvido o mesmo, inteiro quando tempo permite, aos trechinhos quando o tempo escasseia. E é que mesmo com a quarentena e o enfurnamento, há coisas a serem feitas.

O que temos aqui? Um arranjo feito para piano da Oferenda Musical, que todo o mundo sabe (quem não sabe pode começar clicando aqui…) é resultado de uma longa e cansativa viagem que o velho Bach fez até Sanssouci, Potsdam, para pagar uma visita a Frederico, o Grande, e também ver seu filho Carl Philipp Emanuel. O monarca, que era cheio de truques e adorava colocar seus visitantes em uma saia justa (se bem que, no caso de Bach, seria uma peruca justa), desafiou Johann Sebastian a compor uma peça que nem o cão chupando manga conseguiria. Mas vai mexer com quem está quieto. Ouça o Ricercar a 6, na faixa 11 deste disco e começarás a entender o tamanho dos poderes do ‘maior de todos’.

Konstantin Lifschitz ainda acrescenta ao disco o Prelúdio e Fuga em mi bemol maior, BWV 552, apelidado ‘Santa Ana’, escrito originalmente para órgão. Os minutos finais, da fuga, são de tirar o folego. E assim, para baixar a adrenalina e lançar um olhar ao que aconteceu antes de Bach, ele completa o recital com três lindas tocatas de Frescobaldi. Ouçam e me contem vocês!

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Oferenda Musical, BWV 1079 (arranjada para piano por K Lifschitz)
  1. Ricercar a 3
  2. Canon perpetuus super Thema Regium
  3. Canon 1. a 2_ Canon cancrizans
  4. Canon 2. a 2 Violini in uníssono
  5. Canon 3. a 2 per Motum contrarium
  6. Canon 4. a 2 per Augmentationem, contrario Motu
  7. Canon 5. a 2_ Canon circularis per Tonos
  8. Fuga canonica in Epidiapente
  9. Canon a 2 Querendo invenietis
  10. Canon perpetuus
  11. Ricercar a 6
  12. Canon a 4
  13. Triosonate_ Largo
  14. Triosonate_ Allegro
  15. Triosonarte_ Andante
  16. Triosonarte_ Allegro
Prelúdio e Fuga em mi bemol maior, BWV 552 ‘Santa Ana’
  1. Prelúdio
  2. Fuga

Girolamo Frescobaldi (1583 – 1643)

  1. Toccata prima do ‘Primo libro d’Intavolatura di toccate di címbalo et organo’
  2. Toccata quinta do ‘Secondo libro de toccate, canzone… di cembalo et organo’
  3. Toccata seconda do ‘Secondo libro de toccate, canzone… di cembalo et organo’

Konstantin Lifschitz, piano

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Konstantin testando o piano do Salão Nobre da sede do PQP Bach Corp.

Se Konstantin Lifschitz foi ousado ao arranjar a OM para piano, sua interpretação justifica a ousadia. As peças complementares são também excelentes!

Aproveite!

René Denon

Corelli (1653-1713): Sonatas (arranjos dos Concerti Grossi) – Le Concert Français

Corelli (1653-1713): Sonatas (arranjos dos Concerti Grossi) – Le Concert Français

Arcangelo Corelli

Sonatas para Flautas Doce

Hugo Reyne

Sebastien Marq

Le Concert Français

 

Hugo Reyne

Reencontrar este disco depois de muito, muito tempo, foi uma grande alegria. Foi como virar uma esquina e encontrar um amigo há muito sem avistar, sentar em algum lugar para um café e um gostoso bate-papo.

Os nomes dos compositores italianos parecem todos terminar em ‘elli’: Torelli, Locatelli, Corelli… Bom, há Stradella, Marcello, Castello e Vivaldi, é claro.

Arcangelo Corelli era violinista e compositor que teve sua obra publicada em seis volumes ao longo de sua vida. Essas publicações culminaram com as maravilhosas sonatas para violino do opus 5 e os concertos publicados como opus 6. Entre as sonatas as famosíssimas variações ‘La Folia’ e entre os concertos o ‘Fatto per la Notte di Natale’.

Sebastien Marq

Essas obras eram tão famosas e faziam tanto sucesso que os editores logo trataram de adaptá-las e editá-las na forma de arranjos para combinações de outros instrumentos, buscando no processo torná-las mais acessíveis aos músicos ‘amadores’ que iriam comprar essas partituras.

Imagine, no lugar de chegar em casa com um disco ou um CD para ouvir, ou considerando hábitos mais atuais, acessar o instrumento de streaming de música para ouvir a tal sonata, trazer a partitura da sonatazinha, chamar a irmã ou outro parente ou vizinho, para juntos tocar a música – criar a sua própria música.

Este disco recria o som que estas pessoas ouviriam, bem, em condições ideais, pois os músicos são excelentes, bem além dos ‘amadores’.

Rainer Zipperling

Temos aqui uma coleção de concertos de Corelli, adaptados para um conjunto de duas flautas doce acompanhadas de outros instrumentos que fazem o baixo contínuo.

Duas delas são arranjos feitos por Christiano Schickhardt para o editor Roger, de Amsterdã, que já editara as obras ‘oficiais’ de Corelli.

Além destes arranjos mais dois concertos, os de número 10, 8 e 3 (com a tonalidade adaptada). Completa o disco uma sonata formada por uma combinação de movimentos de outros concertos escolhidos pelos músicos do conjunto.

No livreto que acompanha os arquivos você poderá encontrar mais detalhes sobre estas escolhas do repertório.

Arcangelo Corelli (1653 – 1713)

Sonata XII em si bemol maior (arr. J. C. Schickhardt, do Concerto Grosso No. 5)

  1. Adagio
  2. Allegro – Adagio
  3. Adagio
  4. Allegro

Sonata em fá maior (Concerti Grossi Nos. 2, 4, 12)

  1. Vivace
  2. Allegro
  3. Adagio
  4. Allegro

Concerto Grosso No. 10 em dó maior

  1. Preludio
  2. Allemande
  3. Adagio
  4. Corrente
  5. Allegro
  6. Minuetto

Sonata IV em fá maior (arr. J. C. Schickhardt, dos Concerti Grossi Nos. 1, 2)

  1. Largo – Allegro
  2. Allegro
  3. Grave – Andante – Largo
  4. Allegro

Concerto Grosso No. 8 em sol menor – ‘Fatto per la Notte di Natale’

  1. Vivace – Grave
  2. Allegro
  3. Adagio – Allegro – Adagio
  4. Vivace
  5. Allegro, Pastorale: Largo

Concerto Grosso No. 3 em ré menor (originalmente em dó menor)

  1. Largo
  2. Allegro
  3. Grave
  4. Vivace
  5. Allegro

Le Concert Français

Hugo Reyne & Sebastien Marq, flautas doce

Danny Bond, fagote

Rainer Zipperling, violoncelo

Pierre Hantaï, cravo ou órgão

Gravação – Paris, 1991
Produção: Yolanta Skura

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Pierre Hantaï

Este álbum foi produzido e lançado pelo selo ‘Opus 111’, (adivinhem de onde veio a inspiração para a escolha do nome…) que foi fundado e dirigido por uma mulher chamada Yolanta Skura. Este selo acabou sendo vendido para a Naïve, que posteriormente fechou. No entanto, enquanto existiu, foi um dos selos mais instigantes, com lançamentos espetaculares e de repertório interessantíssimo, além de gravar uma legião de excelentes artistas. Vale a pena descobrir um pouco mais sobre esta história. Para começar, você pode ler uma interessante entrevista com a Yolanta acessando este link aqui.

Aproveite!

René Denon

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 25 e 27 – Piotr Anderszewski

Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nos. 25 e 27 – Piotr Anderszewski

Mozart

Concertos para Piano Nos. 25 & 27

Piotr Anderszewski

Chamber Orchestra of Europe

 

Ao terminar uma de minhas postagens, mencionei o Mozart para Milhões:

No fim da década de 1970, as lojas de discos vendiam uma série de LPs produzidos pela Polygram, com selo Deutsche Grammophon, e nomes tais como Schubert para Milhões, Mahler para Milhões e, é claro, Mozart para Milhões. Caso houvesse no Spotify e similares playlists como a destes discos, despertaria em muitas pessoas interesse e curiosidade pela chamada música clássica. Veja a lista das mais mais de Mozart:

Lado A: Sinfonia No. 40 (1º Movimento); Concerto ‘Elvira Madigan’ (2º Movimento); Gran Partita (Finale, com membros da Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara, regida pelo Jochum); Ave Verum Corpus; Marcha de As Bodas de Fígaro.

Lado B: Concerto para piano No. 27 (3º Movimento); Pequena Serenata (2º movimento); Marcha Turca (Kempff); Sinfonia No 34 (último movimento); Coro da Flauta Mágica.

Não resisti a esta lista e busquei uma gravação do Concerto para Piano No. 27 na prateleira… E gostei tanto que aqui estamos, mais um Mozart na lista. Eu já postei a Integral dos Concertos interpretados pelo Jenö Jandó, com a colaboração inestimável de Miles Kendig, mas concerto para piano de Mozart nunca é demais. Vejam que há dois deles na lista do Mozart para Milhões.

Piotr Anderszewski gravou três discos (que eu saiba) com concertos de Mozart, este é o último deles. Ele mesmo rege a excelente Chamber Orchestra of Europe, nossa já boa conhecida, e apresenta dois concertos espetaculares: o virtuosístico e autoconfiante Concerto No. 25  e o enigmático Concerto No. 27. Não me estenderei mais sobre estas obras, basta dizer que são excelentes. No entanto, a perspicácia do nosso concertista sobre estas obras é tão forte que decidi tra(duz)ir suas impressões que estão na contracapa do disco:

Eu percebo cada concerto para piano de Mozart como uma obra de câmera. O piano, a orquestra, os individuais instrumentos da orquestra se engajam em um contínuo diálogo. Além disso, eles são escondidas óperas: cada tema, cada motivo reconta a sua história e interagem uns com os outros, com as suas próprias vozes e suas características particulares. Mozart é por excelência o compositor da ambiguidade. Suas páginas mais luminosas podem assim deixar transparecer uma qualquer coisa de sombria. Onde está a luminosidade, onde está a sombra? Algumas vezes eu realmente não sei. E mesmo assim é música de tamanha evidência e limpidez. É um milagre!

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Concerto para piano e orquestra No. 25 em dó maior, KV 503

  1. Allegro majestoso
  2. Andante
  3. Allegretto

Concrto para piano e orquestra no. 27 em si bemol maior, KV 595

  1. Allegro
  2. Larghetto
  3. Allegro

Piotr Anderszewski, piano

Chamber Orchestra of Europe

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As preocupações com as bagagens sempre presente na vida de um viajante…

A lista de Mozart segue… Aproveite!

René Denon

Mozart (1756-1791): Serenata No. 10, K. 361 – Gran Partita – Orchestra of The Age of Enlightenment

Mozart (1756-1791): Serenata No. 10, K. 361 – Gran Partita – Orchestra of The Age of Enlightenment

Mozart

Gran Partita

Orchestra of The Age of Enlightenment

Anthony Halstead

 

Há uma cena antológica no filme Amadeus, de Milos Forman, onde acontece o primeiro encontro de Salieri com Wolfgang, a criatura. Nesta cena de menos de dois minutos, Salieri explica a completa, absoluta genialidade de Mozart.

O velho e caquético Salieri conta para o médico que o atende a história e suas reminiscências vão desfilando na tela, criando o contraponto do altivo Salieri (interpretado magistralmente por Murray Abraham) de então com a sombra a que se houvera reduzido.

Salieri adentra um salão onde as pessoas que assistiram a um concerto estão se dispersando. Ele como que casualmente aproxima-se de uma estante na qual se encontra uma partitura com o início do adágio da Gran Partita. Na medida que ele descreve a música, vamos ouvindo-a.

O adágio inicia com uma sequência de quatro notas reunindo o contrabaixo e os dois fagotes e do próximo compasso em diante os segundos oboé, clarinete, corno di basseto e trompas se juntam a eles para criarem uma simples pulsação, quase nada. No terceiro compasso, como se surgisse do nada, um solo do primeiro oboé, pairando sobre esta pulsação – solo este que é entregue ao primeiro clarinete, no meio do próximo compasso – golpe de gênio. Nas palavras do Abraham-Salieri: Não era a composição de um miquinho amestrado. Era uma música como eu nunca houvera ouvido. Cheia de melancolia, melancolia interminável. Me parecia estar ouvindo a voz de Deus.

A música descrita pelo Salieri do filme é o terceiro movimento da Serenata para 13 instrumentos, todos de sopros, a menos de um contrabaixo (que pode ser substituído por um contra fagote). Esta é a música que preenche este despretensioso, mas delicioso disco.

A Criatura…

A também chamada ‘Gran Partita’ é uma das obras primas de Mozart e há miles de gravações disponíveis. Grandes maestros a regeram, excelentes conjuntos a gravaram sem regência, como uma prova de sua expertise. Aqui os membros da excelente e nossa velha conhecida Orchestra of the Age of Enlightenment são dirigidos por um de seus antigos trompistas, Anthony Halstead.

A turma toda…

O curto, mas utilíssimo libreto, cujo pdf se encontra nos arquivos, nos informa que em 1782 o imperador Joseph II fundou a Imperial Harmonie, uma banda de sopros, para tocar as melodias das óperas de maior sucesso e a moda caiu no gosto do povo. Na cena do banquete de Don Giovanni vemos um destes conjuntos em ação, tocando inclusive temas de As Bodas de Fígaro. Mozart adaptou e produziu música para essa formação de oito instrumentos, mas a Gran Partita está acima delas todas e também em número de instrumentos. Tudo indica que ela foi composta para um concerto de Anton Stadler e o maior número de instrumentos busca gerar um efeito de grandeza (que realmente consegue) e contraste. O libreto também traz um guia para o ouvinte descrevendo cada movimento, escrito pelo ótimo Misha Donat.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Serenata em si bemol maior para 13 instrumentos, K 361 ‘Gran Partita’

  1. Largo – Molto alegro
  2. Menuetto
  3. Adagio
  4. Menuetto: Allegretto
  5. Romance: Adagio – Allegretto
  6. Tema com variazioni
  7. Finale: Molto alegro

Membros da Orchestra of The Age of Enlightenment

Anthony Robson e Richard Earle, oboés
Antony Pay e Barnaby Robson, clarinete
Andrew Watts e Jeremy Ward, fagotes
Colin Lawson e Michael Harris, cornos di bassetto
Andrew Clark, Gavin Edwards, Roger Montgomery e Martin Lawrence, trompas
Chi-chi Nwanoku, contrabaixo
Anthony Halstead, regente

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O pessoal da orquestra passou no barzinho lá perto do PQP Headquarters para uma canja depois da entrevista…

No fim da década de 1970, as lojas de discos vendiam uma série de LPs produzidos pela Polygram, com selo Deutsche Grammophon com nomes como Schubert para Milhões, Mahler para Milhões e, é claro, Mozart para Milhões. Caso houvesse no Spotify e similares playlists como a destes discos, despertaria em muitas pessoas interesse e curiosidade pela chamada música clássica. Veja a lista das mais mais de Mozart:

Lado A: Sinfonia No. 40 (1º Movimento); Concerto ‘Elvira Madigan’ (2º Movimento); Gran Partita (Finale, com membros da Orquestra Sinfônica da Rádio Bávara, regida pelo Jochum); Ave Verum Corpus; Marcha de As Bodas de Fígaro.

Lado B: Concerto para piano No. 27 (3º Movimento); Pequena Serenata (2º movimento); Marcha Turca (Kempff); Sinfonia No 34 (último movimento); Coro da Flauta Mágica.

Só hits! Quais destes você ouviu recentemente? Nossa Gran Partita está lá. Aproveite!

René Denon

Schubert (1797-1828): Sonatas para Piano D. 537 & D. 664– Alfred Brendel

Schubert (1797-1828): Sonatas para Piano D. 537 & D. 664– Alfred Brendel

Schubert

Sonatas para Piano D 664 & D 537

Alfred Brendel

 

Alfred Brendel é um pianista (agora aposentado das gravações e concertos) especialista em Beethoven, Schubert e Liszt, entre alguns outros compositores. Sua gravação dos Concertos para Piano de Mozart, com a Academy of St. Martin-in-the-Fields, regida por Neville Marriner, é uma referência para este repertório e com o devido mérito.

Eu ouvi muitas vezes um de seus discos tocando Schubert, da Coleção Silver Line Classics, com a Fantasia Wanderer e a Grande Sonata D. 960. Mas o que me chamava a atenção para seus discos era algo do visual. Os retratos com sua proeminente e enrugada testa, os óculos de míope com aros escuros e pesados e um eventual sorriso torto. Mas havia ainda umas estranhas máscaras, que em minha crassa ignorância acreditava serem vagamente ‘africanas’. Assim, quando este disco apareceu eu tratei de investiga-lo com mais atenção. A máscara é arte primitiva de Nova Guiné e o interesse por esse objeto revela como é abrangente o interesse de Brendel por arte. Ele escreveu sobre arte Dada, sobre poesia e muito sobre música.

Neste disco adorável ele apresenta duas sonatas de juventude de Schubert, mas que revelam já o excelente compositor. Eu gosto demais destas duas sonatas. O livreto que acompanha os arquivos conta que estas sonatas são a primeira e a última das sonatas de juventude e que foram completadas. Isto por que Schubert era ousado e aventureiro nestas suas descobertas de composição.

A Sonata em lá maior, D. 664, já está a meio caminho do modelo das sonatas de Mozart e do próprio estilo que Schubert desenvolveria depois – do ‘comprimento celeste’. O Andante da Sonata em lá menor, D, 534, reaparece como o movimento final da Sonata em lá maior, D. 959, Rondo – Allegretto. Quem nos diz isto tudo é o próprio Brendel, que escreveu os comentários do libreto. Ele menciona uma observação de Schnabel dizendo que Schubert, além de lírico e melodioso, é capaz de produzir drama. Schnabel e Kempff que eram modelos de pianistas para Alfred Brendel. Você tem aqui a oportunidade de comparar a interpretação destas sonatas por Brendel com as deixadas pelo grande Wilhelm Kempff, uma vez que Ammiratore postou as gravações feitas por Kempff.

Franz Schubert (1797 – 18282)

Sonata para piano em lá maior, D. 664

  1. Allegro moderato
  2. Andante
  3. Allegro

Sonata para piano em lá menor, D. 537

  1. Allegro, ma non tropo
  2. Allegretto quasi andantino
  3. Allegro vivace

Alfred Brendel, piano

Gravado em Londres, 1982

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Não se impressione com as máscaras e baixe o disco. Aproveite que é ‘papa-fina’!!

René Denon

Beethoven (1770-1827): Trios com clarinete ∞ Eric Le Sage – Paul Meyer – Claudio Bohórquez ֍ BTHVN250

Beethoven (1770-1827): Trios com clarinete ∞ Eric Le Sage – Paul Meyer – Claudio Bohórquez ֍ BTHVN250

LvB

Trios com clarinete, Op. 11 e Op. 38

Eric Le Sage

Paul Meyer, clarinete

Claudio Bohórquez, violoncelo

 

Hoje faz um dia espetacular, daqueles de não se esquecer. O céu que eu vejo daqui é azul de cinema e apesar de fazer calor, a sensação de estar aqui, no meio desta tarde, é deliciosa. Uma tarde como esta merece música agradável, bonita, leve de coração e com sons luminosos. Assim, vamos com este lindo disco que estou ouvindo, repleto dos dois trios com clarinete que Beethoven compôs. O grande Ludovico que continua a ser homenageado aqui e também sabia agradar as a suas diferentes audiências, mandando sobre elas alguns lindos sopros de alegria.

Nas circunstâncias que vivemos, perguntas como ‘O que realmente é essencial para você?’ ganham uma profundidade e uma dimensão tamanha que em raríssimas outras vezes teremos oportunidade de medir e avaliar tão clara e verdadeiramente. Assim, um pouco de leveza é bem-vinda.

O Trio para piano, clarinete (ou violino) e violoncelo em si bemol maior, Op. 11 é de 1798 e ganhou o apelido ‘Gassenhauer Trio’. O nome explica a popularidade da obra. Há um movimento com nove variações sobre um tema do dramma giocoso ‘L’amor marinaro ossia il corsaro’, de Joseph Weigl. A ‘Pria ch’io l’impegno’ é uma daquelas melodias que gruda na nossa mente. Daí o ‘Gassenhauer’, que é uma melodia ou canção tão popular que se pode ouvir pela rua (Gasse).

A outra obra do álbum é o Septeto Op. 20 travestido de Trio para piano, clarinete e violoncelo. Arranjos de obras populares para diferentes combinações (em geral com menos instrumentos) era comum e permitia maior circulação da obra. Esses arranjos nem sempre eram feitos pelo próprio compositor, mas aqui foi o próprio Beethoven que fez o arranjo e até o publicou com distinto número de opus.

Paul, Claudio e Eric ensaiando as variações sobre ‘Pria ch’io l’impegno’

Os intérpretes deste álbum são excelentes músicos e estão especialmente à vontade interpretando música de câmera. O disco faz parte de uma série chamada ‘Salon de musique’, lançada pelo selo Alpha, com gravações de artistas que participaram do Festival do Salon de Provence. O pianista Eric le Sage, que deverá aparecer por aqui mais vezes, juntou-se ao clarinetista Paul Meyer e ao violoncelista Cláudio Bohórquez para produzirem esse lindo álbum.

Antes de seguirmos para os finalmentes, uma das coisas que eu gosto de fazer, de vez em quando, é ouvir música acompanhando com a partitura. Eu garanto que, para fazer isto, você não precisa saber ler música. Coloque a música para tocar, abra a partitura e siga o ‘gráfico’. É impressionante como isto pode ser divertido.

Como em tudo na vida, começar com exemplos mais simples é a melhor maneira. Deixaremos as sinfonias de Mahler para depois.

Coloquei a partitura (em pdf) de cada um dos trios nos arquivos, flac pu mp3, segundo sua preferência, e você poderá fazer uma experiência.

Se você abrir os tais pdfs, verá cinco pautas nas quais a música estará disposta. Olhando de cima para baixo, as duas primeiras estarão com as notas a serem tocadas pelo violino ou pelo clarinete, já que um ou outro instrumento pode ser usado. No nosso caso, então, considere a partir da segunda pauta. Logo a baixo virá a pauta do violoncelo. Claro, estará indicado lá, no início de tudo, só estou falando…  Abaixo disto há duas pautas, que contêm as notas a serem tocadas pelo piano. O exibido instrumento precisa de duas pautas… Algumas peças (de Debussy, por exemplo, usam até três…). Além disso, as notas do piano parecem maiores, acho que os pianistas são meio ceguetas.

Mas aqui vai a minha sugestão: tente acompanhar, inicialmente, a melodia do clarinete. Isso o ajudará a não se perder, se você ainda não tem muita experiência neste tipo de coisa. E não se envergonhe de eventualmente usar o controle remoto para recomeçar a música, em caso de se perder completamente. Ah, uma última dica: os movimentos lentos são mais fáceis.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Trio para piano, clarinete e violoncelo em si bemol maior, Op. 11 – ‘Gassenhauer’
  1. Allegro con brio
  2. Adagio
  3. Tema con variazioni
Trio para piano, clarinete e violoncelo em mi bemol maior, Op. 38 (Arr. do Septeto Op. 20)
  1. Adagio – Allegro con brio
  2. Adagio cantabile
  3. Tempo di menuetto
  4. Tema con variazioni. Andante
  5. Allegro molto e vivace – Trio
  6. Andante con moto, alla marcia – Presto

Eric Le Sage, piano

Paul Meyer, clarinete

Claudio Bohórquez, violoncelo

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Eric Le Sage

Depois me contem, se a sugestão de perseguir a música na partitura foi boa, se você já fazia isto e se gostou do disco. Ande, use o link ‘LEAVE A COMMENT’ que está lá no início, bem abaixo do cabeçalho.

Aproveite!

René Denon

Butterworth (1885-1916) / Parry (1848-1918) / Bridge (1879-1941) – Música para Orquestra de Câmara – English String Orchestra – William Boughton

Butterworth (1885-1916) / Parry (1848-1918) / Bridge (1879-1941)  – Música para Orquestra de Câmara – English String Orchestra – William Boughton

Butterworth – A Shropshire Lad & outras

Parry – Lady Radnor’s Suite

Bridge – Suite for String Orchestra

English String Orchestra

William Boughton

 

 

Em uma das minhas vidas passadas ensinei em uma universidade americana e tive como colega e vizinho de escritório um inglês – Lewis! Ele chegava com seu sobretudo de agente secreto, com um sorriso em apenas meia boca e mandava: Good morning, René! Era essencialmente tudo o que ele oferecia em termos de conversação, mas de alguma maneira, sabia que podia contar com ele. Gostaria de imaginar que em algum lugar da Inglaterra, dia destes, Lewis chegará em casa, servirá a large sip of Scotch e tocará algum CD do tipo deste que vos trago.

String Orchestras são verdadeiras instituições inglesas  e os compositores britânicos do início do século XX deixaram um repertório muito bonito para essa combinação.

Wyastone Leys, Monmouth

Este CD foi gravado, masterizado e manufaturado no Reino Unido, diz com orgulho na contracapa do CD o selo – Nimbus Records Limited. Tudo isto foi feito em um castelo: Waystone Leys, Monmouth. Mas na contracapa há também a informação de que a sua gravação foi feita no Great Hall da University of Birmingham.

Mas estes detalhes todos são para deixar claro que estamos diante de um repertório absolutamente British e excelente.

George Butterworth morreu em combate na Primeira Guerra, com apenas 31 anos. Estudou em Eton e Oxford e ajudou Cecil Sharp e Vaugham Williams em suas pesquisas em música folclórica. Neste disco temos quatro peças suas. A primeira teve material derivado de um ciclo de canções, A Shropshire Lad, principalmente da primeira canção, Loveliest of Trees. Pelos nomes você pode esperar uma música que representa mais as paisagens do interior da Inglaterra, com suas raízes folclóricas. O mesmo acontece nas outras três peças, em particular na última, The Banks of Green Willow.

Em seguida temos a Lady Radnor’s Suite, de Hubert Parry. O nome da peça se deve ao fato de Parry tê-la escrito para uma orquestra de câmera que era regida por Helen, a Condessa de Radnor, esposa do quinto Earl of Longford Castle, de Salisbury.

A última peça é de um (talvez) mais conhecido compositor, Frank Bridge, que foi professor de Benjamim Britten. Esta peça, a Suite for Strings, está em nível de comparação com Introduction and Allegro, de Elgar, e Fantasia on a Theme by Thomas Tallis, de Vaugham Williams.

George Butterworth (1885 – 1916)

  1. A Shropshire Lad
  2. English Idylls No. 1
  3. English Idylls No. 2
  4. The Banks of Green Willow

Hubert Parry (1848 – 1918)

5. Lady Radnor’s Suite

Frank Bridge (1879 – 1941)

11. Suite for Orchestra

English String Orchestra

Christophers Hirons, Leader

William Boughton, conductor

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William Boughton, quando jovem…

Enfim, um lindo disco com música de excelente qualidade. E não é só para inglês ver!

Ah, se você estiver lendo isto, Lewis, gostaria de agradecer pela companhia nos corredores da universidade, em busca de another cup of coffee. Eu quase posso ouvi-lo dizendo: Don’t mention it!

René Denon

Beethoven (1770-1827): Quintetos de Cordas, Op. 29 e Op. 104 – WDR Symphony Orchestra Cologne Chamber Players ∞ #BTHVN 250 ֍

Beethoven (1770-1827): Quintetos de Cordas, Op. 29 e Op. 104 – WDR Symphony Orchestra Cologne Chamber Players ∞ #BTHVN 250 ֍

BTHVN

Quinteto em dó maior, Op. 29

Quinteto em dó menor, Op. 104

Fuga em ré maior, Op. 137

WDRSO Chamber Players 5

 

Digamos que você queira, assim, ouvir aquela peça de música de câmera que acabou de compor – um ensolarado quinteto de cordas. Afinal, tudo vai indo muito bem, encomendas de obras chegando, convites e mais convites para tocar nas reuniões da nobreza da cidade, com todos mostrando-se afáveis e mesmo bajuladores.

Ora, tudo o que você precisa fazer é reunir os principais membros dos naipes de cordas da orquestra da cidade e apresentar-lhes as partes, fresquinhas das penas dos copistas.

Os gastos serão, no máximo, algumas velas para manter a luz quando o sol se pôr, algumas (muitas) garrafas daquele bom vinho renano – algumas frutas e uma boa tábua de frios. Quem sabe, no final de tudo, alguma boa companhia noite adentro…

Essa imaginada possibilidade pode muito bem ter ocorrido com Beethoven quando terminou seu quinteto lá pelos idos de 1801. Foi a única peça com essa formação – dois violinos, duas violas e violoncelo – por ele assim concebida e reflete o momento favorável pelo qual passava.

O outro quinteto que completa o disco é uma transcrição para esta formação do trio com piano, Op. 1, No. 3, feita em 1817. Este já era um período de maiores atribulações e isto pode ter sido a motivação para a adaptação. Afinal, ele precisava mais alguns florins para continuar pondo pão na mesa.

A fuga é apenas um pequeno exercício.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Quinteto de Cordas em dó maior, Op. 29

  1. Allegro moderato
  2. Adagio molto expressivo
  3. Scherzo (Allegro)
  4. Presto

Quinteto de Cordas em dó menor, Op. 104

  1. Allegro com brio
  2. Andante cantabile com variazioni
  3. Menuetto (Quasi allegro)
  4. Finale (Prestissimo)

Fuga em ré maior, Op. 137

  1. Fuga

WDR Symphony Orchestra Cologne Chamber Players

Christian-Paul Suvaiala, violino
Ye Wu, violino
Tomasz Neugebauer, viola
Mischa Pfeiffer, viola
Susanne Eychmüller, violoncelo

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A página do WDR SO 5 pode ser acessada aqui.

Veja o que a Gramophone falou deste disco: These players from Cologne’s broadcasting orchestra do both works proud, capturing the warm, middly sound world of op. 29’s openinig movement and the scampering virtuosity of both finales.

O pessoal do WDR SO 5 indo encontrar a turma do PQP Bach para uma ‘promenade’ nas margens do Reno, batendo um papinho sobre as peças de câmera do grande Ludovico…

Aproveite este lindo disco com peças menos conhecidas de nosso homenageado!

René Denon

Stravinsky (1882-1971) & Prokofiev (1891-1953): Danse Russe – William Hagen (violino) & Albert Cano Smit (piano)

Stravinsky (1882-1971) & Prokofiev (1891-1953): Danse Russe – William Hagen (violino) & Albert Cano Smit (piano)

Stravinsky & Prokofiev

Música para Violino e Piano

William Hagen, violino

Albert Cano Smit, piano

Este disco foi lançado recentemente e é o primeiro álbum da dupla de violinosta e pianista. William Hagen e Albert Cano Smit estudaram em Colburn, uma escola para artes que fica em Los Angeles, na Califórnia. Você poderá descobrir mais sobre esta interessante instituição acessando a página deles aqui.

No entanto, no momento que eu escrevo, isto será o máximo que poderá fazer, pois as atividades da escola estão completamente suspensas nestes dias de pandemia. Espero que tudo isto já seja passado, no momento que esta postagem vier à tona.

O disco é resultado de um desafiador projeto da dupla – escolher repertório, tratar das gravações, gerenciar o lançamento do álbum e torcer para que tudo funcione. Espero que esta divulgação do álbum aqui no blog resulte em algum retorno para os artistas. Lembremos que, dentro das condições de cada um, devemos dar suporte aos artistas.

Mas, a música? Linda, excitante (não hesitante), pulsante, cheia de humor e com alguns toques de nostalgia. Os (músicos) russos são ótimos nisto. Stravinsky e Prokofiev têm em comum o uso de melodias folclóricas, o interesse pela dança e os trabalhos que escreveram para Diaghilev.

A Suíte Italiana, de Stravinsky, é uma adaptação de alguns trechos do balé Pulcinella, inspirado pela (e adaptado da) música de Pergolesi e contribui fortemente para o sucesso do disco. Na verdade, Diaghilev apresentou para Stravinsky manuscritos de música do século dezoito escrita por compositores que estavam esquecidos. A música para Pulcinella tem a contribuição do veneziano Domenico Gallo, do Conde van Wassenaer, um diplomata holandês, e Carlo Ignazio Monza, um padre milanês. Houve uma primeira versão para violoncelo e piano, mas esta versão para violino e piano é igualmente vencedora.

O Divertimento que vem a seguir, também de Stravinsky, são adaptações de números do balé Le baiser de la fée, que por sua vez foi inspirado nas lindas melodias de Tchaikovsky, mas que tem a inigualável assinatura de Stravinsky.

Estas peças para violino e piano, assim como o Concerto para Violino, surgiram da colaboração de Stravinsky com o violinista americano, de origem polonesa, Samuel Dushkin.

Prokofiev contribui com a linda sonata para violino e piano, cuja primeira versão, para flauta e piano, pode ser ouvida nesta postagem aqui.  Para completar o disco, mais cinco pequenas peças, com destaque para a Marcha do Amor por Três Laranjas e arrematando com a arrasadora dança russa de Petrushka. Nas cinco últimas peças do disco a dupla faz uma certa homenagem aos grandes violinistas do passado – Jascha Heifetz, Nathan Milstein e Samuel Dushkin – que adaptaram trechos e peças para seus próprios concertos. Afinal, as lindas melodias não devem ficar restritas apenas às suas versões originais, não é mesmo?

Igor Stravinsky (1882 – 1971)

Suite Italianne

  1. Introduzione
  2. Serenata
  3. Tarantella
  4. Gavotta com due variazione
  5. Scherzino
  6. Minueto e finale

Divertimento (do balé Le baiser de la fée)

  1. Sinfonia e Danses Suisses
  2. Scherzo
  3. Pas de deux – Adagio
  4. Pas de deux – Variation
  5. Pas de deux – Coda

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Sonata para Violino No. 2 em ré maior, Op. 94a

  1. Moderato
  2. Scherzo
  3. Andante
  4. Allegro com brio

Tales of an Old Grandmother

  1. Andantino (arranjo de Nathan Milstein)
  2. Andante (arranjo de Nathan Milstein)

The Love for Three Oranges

  1. Marcha (Arranjo de Jascha Heifetz)

Igor Stravinsky (1882 – 1971)

Mavra

  1. Chanson russe (Arranjo de Samuel Dushkin)

Petrushka

  1. Danse russe (Arranjo de Samuel Dushkin)

William Hagen, violino

Albert Cano Smit, piano

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Albert Cano Smit …
… William Hagen

 

 

 

 

 

Enfim, um lindo disco para ouvir e encher a casa de alegria!

Aproveite!

René Denon

Handel (1685-1759): Suítes para Cravo – Kenneth Gilbert

Handel (1685-1759): Suítes para Cravo – Kenneth Gilbert

 

Handel

Suítes para Cravo

Kenneth Gilbert, cravo

 

 

Sempre gostei de ler as críticas dos álbuns de música. Edições do Penguin Guide to CDs e revistas como a Gramophone sempre foram boas fontes, especialmente antes da era digital. Como estas publicações são inglesas, também buscava as impressões em outras partes. A revista francesa Diapason oferecia (e ainda oferece) uma perspectiva complementar, assim como a Fanfare, uma revista americana. Com o advento da internet, os blogs (PQP Bach entre eles) passaram a oferecer suas preferências e críticos amadores passaram a postar suas opiniões em diversos sites. Eu acho divertido ler essas críticas amadoras e a melhor de todas até hoje continua sendo a que foi escrita por Bernard Michael O’Hanlon sobre o maravilhoso disco desta postagem, que presta uma homenagem ao recém falecido cravista Kenneth Gilbert.

Acho esta crítica tão divertida que fiz uma tradução. O link para o texto original está aqui, assim você poderá verificar por si mesmo como o texto é colorido. Aqui vai…

Ollie…

“Mesmo se tomarmos em comparação os baixos padrões das colônias penais, os membros ordinários da Associação Australiana Knappertsbusch são a própria degradação. Cite uma iniquidade – corrupção e desprezo, usura e simonia, licenciosidade e alcoolismo, violência e gula, preguiça e xenofobia – estará presente aos magotes. Comparando, os porcos imundos eram um modelo de virtude e limpeza. Oliver Reed é o santo padroeiro destes bagunceiros infernais – e aqui temos um exemplo em que os alunos superam seu professor. Eu culpo aos ancestrais. Nenhum de seus antecessores foi listado no Debrett’s Peerage & Baronetage. A maioria deles – fenianos, com certeza – foram trazidos da Irlanda para a Terra de Van Diemen (Tasmânia) ou Sydney Cove. Reúna ser nascido na ralé com ter muito dinheiro e um virulento desprezo pela moralidade – este é o desafio que eu enfrento quando eles gritam – Voltemos aos cabarés do centro de Bangcoc! – É para entrar em desespero!

Mas um atenuante está à mão: a aristocrática escolha e apresentação de algumas suítes para teclado de Handel por Kenneth Gilbert. Sempre que eu toco este disco para os membros da AAK eles se tornam temporariamente enobrecidos (bem… isto na medida em que a natureza permite), a concupiscência diminui, as melhores coisas da vida entram em foco, e estão longe de envolver cachaça e rabos-de-saia.

De minha parte, aprecio demais a musicalidade de Gilbert: o que aqui temos está longe de ser uma jornada pelo Vale dos Ossos Secos; a fadiga aural que surge quando ouvimos o som do cravo aqui é mínima. Ele segue seu ritmo sem pressa e certamente deixa a música respirar. A Quinta Suíte desabrocha como uma rosa.

Jamais me separarei de meus discos de Richter/Gavrilov ou de Perahia neste repertório. No entanto, é uma enorme alegria ouvir esta música sendo tocada no instrumento para a qual foi composta.

Tamino e sua flauta pacificaram os animais selvagens. Com alguma sorte, Fred e Ken farão o mesmo com estes degoladores.”

Pois é, mesmo através da tradução, você pode ter uma ideia de como o disco enfeitiçou a turma do barulho…

Como era típico dos dias dos LPs, o álbum traz uma coleção de cinco suítes somando 58 minutos de música. O selo francês ‘harmonia mundi’ com sua estilosa capa quase toda preta com o ícone do selo e os títulos mínimos em branco completam o pacote. O disco foi editado mais uma vez na série ‘musique d’abord’, que comprova a sua popularidade.

Georg Friedrich Handel (1685 – 1759)

[1 – 4] – Suíte No. 5 em mi maior

[5 – 8] – Suíte No. 2 em fá maior

[9 – 14] – Suíte No. 3 em ré menor

[15 – 18] – Suíte No. 6 em fá sustenido menor

[19 – 24] – Suíte No. 7 em sol menor

Kenneth Gilbert, cravo

Produzido em 1977

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Kenneth Gilbert

Nem todas as resenhas amadoras são tão coloridas quanto a que eu mencionei, mas muitas são bastante adequadas e próprias, como esta:

“Kenneth Gilbert made an excellent performance about these practically unknown Handel ‘s suites.

With refinement, serene eloquence, nuance and aristocratic charm, Gilbert goes to the musical nucleus of every piece and literally extracts all its virtues.

Go for this recording and enjoy it always. – Hiram Gòmez Pardo Venezuela

Eu repito: Go for it!

René Denon

Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Les Indes Galantes – Frans Brüggen, Philippe Herreweghe, Kenneth Gilbert, Pierre Hantaï & Skip Sempé

Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Les Indes Galantes – Frans Brüggen, Philippe Herreweghe, Kenneth Gilbert, Pierre Hantaï & Skip Sempé

Jean-Philippe Rameau

Les Indes Galantes

Philippe Herreweghe

Frans Brüggen

Kenneth Gilbert

Pierre Hantaï & Skip Sempé

A motivação para esta postagem múltipla começa (é claro!) com a música. Música barroca francesa em ótimas interpretações e som de muito bom para excelente. O eixo principal que une estes quatro álbuns é a música que Jean-Philippe Rameau compôs para a ópera-balé Les Indes Galantes em 1735, com diversos ‘puxadinhos’ posteriores.

Para ter uma ideia do esplendor da época e como esta música correspondia plenamente a este esplendor, assista aqui um pedacinho do filme ‘Marie Antoniette’, de Sofia Coppola.

Em minha opinião esta música requer um ar de solenidade, de pompa. Pressa está fora de questão. Tenho passado alguns dias de imersão nestes discos e a cada minuto gosto mais.

Temos, portanto, quatro álbuns contendo a música de uma ‘suíte’ da ópera, interpretada por excelentes músicos, especializados em música barroca, usando instrumentos e prática de época. Dois apresentam a música na versão orquestral e dois nos quais a música é interpretada ao(s) cravo(s). A razão para tal abundância é uma tentativa de mostrar a música em suas diferentes perspectivas. Os discos nos quais a música é apresentada com orquestra têm algumas peças em comum, mas cada um deles apresenta números que não constam no outro. Tampouco a ordem é mantida. Além disso, nas peças coincidentes, os andamentos e o próprio som, refletindo diferentes períodos de gravação, mostram diferenças interessantes. Maestro Brüggen, por exemplo, dá uma atenção especial aos flautistas. Acho o som do disco do Herreweghe um pouquinho datado, mas o ouvido logo se acostuma, quando a interpretação é tão especial.

Diversão garantida é ouvir tentando descobrir quais são os trechos coincidentes e como eles estão diferentes nesta ou naquela gravação. Preste atenção especial no minueto que é usado no filme. Ele está nas duas gravações com orquestra, mas há uma pequena sutileza. Se descobrir qual é, mande uma mensagem…

A contradança é matadora, assim como os tamborins. Não deixe de notar lá mais para o fim dos discos a ária dos selvagens e a chaccone.

Bem, e os outros discos, aqueles com cravo? O que eles nos dizem?

Quando passo algum tempo imerso na mesma música, ouvindo e reouvindo diversas vezes, tento imaginar o contexto em que a música surgiu, penso muito no processo criativo do compositor. A criatividade é uma das coisas que não me canso de admirar. Imagino o compositor com suas pautas desprovidas de notas e suas ideias se encadeando para gerar os sons que tanto nos encantarão. Ele certamente poderia confiar em um instrumento amigo para testar algumas ideias, ver como elas poderiam ficar. Imagine Rameau sentado ao cravo criando a tal solene abertura. Pode nem ter sido assim, mas gostaria de pensar que poderia e o excelente Kenneth Gilbert nos dá uma ideia de como isso poderia ter sido.

J-P Rameau

E depois, quando algumas árias e outros números já estivessem prontos, chega a visita dos amigos, quiçá um empresário interessado em uma nova ópera-balé. Rameau certamente poderia contar com a ajuda de algum visitante habilidoso ao teclado ou mesmo um aluno que estivesse por ali. Aproximam-se dois dos cravos do estúdio do compositor e a música agora soa ainda mais rica, alguns efeitos para preencher ainda mais a sala e a imaginação dos presentes, antecipando o momento da apresentação no teatro. Os cravistas Pierre Hantaï e Skip Sempé são excelentes e aqui reúnem forças para apresentar um disco magistral.

O disco do Gilbert é bem antigo, nasceu na era dos long-plays, quando não havia tanta preocupação em encher o disco com pelo menos 70 minutos de música. O disco do Hantaï e Sempé é bem mais recente e está recheado, para nosso grande deleite, de linda música, com um som espetacular.

O título do disco, Symphonies à deux clavecins, enfatiza este aspecto da sonoridade. Criar um som grandioso a partir dos dois cravos. Muitos números de Les Indes Galantes estão aí, mas também há partes de outras obras, como Les Paladins, Dardanus, Zoroastre. Pierre Hantaï, que é famosos por suas interpretações da música de Bach, e Skip Sempé, que cresceu na maravilhosa cidade de New Orleans, têm em comum períodos trabalhando sob a orientação de Gustav Leonhardt.

Esta postagem propõe algo diferente em relação à apreciação musical. Ouvir, comparar, refletir. Fazer da atividade ‘ouvir música’ algo que ultrapasse a superficialidade. Provavelmente é o mesmo com você… eu tenho que conter meus mais primitivos instintos quando ouço a famosa frase: ‘Eu gosto de música clássica, ela me acalma. Ponho ali no rádio e deixo bem baixinho…’

As listagens das faixas dos três últimos discos se encontram nos arquivos. Apenas o disco de Herreweghe está sem o livreto. Optei por não as listar aqui para deixar uma postagem mais objetiva e concisa. Nesta mesma linha, evitei falar sobre o plot da ópera. Não falta informações sobre isso na rede e também nos livretos. Basta dizer que o original consta de um prólogo e de quatro ‘atos’, cada um em um país ‘exótico’ diferente, as tais Índias… O que mantem o todo coeso, se é que tal proeza seja possível, é o tema do amor. Ah, l’amour… O importante é que com isto há espaço para música de todos os tipos, desde árias amorosas até danças saltitantes e exuberantes.

 

Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764)

Les Indes Galantes – Suite d’Orchestre

  1. Ouverture
  2. Entree des Quatre-Nations
  3. Air Polonois
  4. Menuets
  5. Air pour les Guerriers portans les drapeaux
  6. Air pour les Amants qui suivent Bellone et pour les Amantes qui tachent de les retenir
  7. Gavotte
  8. Air pour les Amours
  9. Air pour les Esclaves Africains
  10. Rigaudons en Rondeau
  11. Tambourins
  12. Air des Sauvages
  13. Contredanses
  14. Ritournelle des fleurs
  15. Loure en Rondeau
  16. Gavotte
  17. Orage – Air pour Borée et la Rose
  18. Air pour Zéphire
  19. Marche des Persans
  20. Gavotte
  21. Air tendre pour la Rose
  22. Air grave pour les Incas du Pérou
  23. Adoration du Soleil
  24. Chaconne

Orchestre de la Chapelle Royale

Philippe Herreweghe

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Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764)

Les Indes Galantes – Suite

[1-9] – Prologue

[10-12] – Le Turc généreux

[13-16] – Les Incas du Pérou

[17-20] – Les Fleurs

[21-22] – Les Sauvages

Orchestra of the 18th Century

Frans Brüggen

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Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764)

Les Indes galantes

Airs et Danses transcrits pour clavecin par le compositeur

Kenneth Gilbert, clavecin Donzelague (Lyon, 1716)

Gravação de 1979

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Lamentamos a morte de Kenneth Gilbert dia 16 de abril de 2020. O músico canadense tinha 88 anos e sofria de Alzheimer. A revista Scherzo escreveu no seu obituário: “Levava anos dessa terrível doença que primeiro rouba a memória e depois leva a alma, antes de arrebatar a vida”.

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Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764)

Symphonies à deux clavecins

(Incluindo diversos números de Les Indes Galantes)

Pierre Hantaï

Skip Sempé

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Peço então ouçam estes discos, não importa em qual ordem, mas com o coração e a mente…  Aproveitem os dias de ‘far niente’ e depois me digam, é ou não, uma beleza, a música das galantes Índias?

René Denon

Nem a chuva atrapalhou a visita do Skip e do Pierre às instalações do PQP Bach Coop.

J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado – Livro I – Trevor Pinnock, cravo

J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado – Livro I – Trevor Pinnock, cravo

Bach

O Cravo Bem Temperado

Livro I

Trevor Pinnock

 

O que poderia ser apenas um tratado sobre as tonalidades, um caderno de exercícios, se viesse de uma mente menos genial, revela-se, nas mãos de um intérprete talentoso, uma genuína obra de arte.

O Cravo Bem Temperado é mais um monumento criado por Bach, que reunia preocupação com educação musical, talento criativo, profundo conhecimento musical e, sobretudo, uma genialidade artística grandiosa.

A primeira vez que ouvi alguns destes Prelúdios e Fugas foi em um velho LP com gravações de Wanda Landowska. O nome da obra me sugeria doce de abóbora, temperado com cravo. Pois é, minhas escolhas musicais já foram guiadas pelo estomago….

Depois ouvi András Schiff, Gulda e Gould, estes ao piano. Também a clássica gravação ao cravo de Kenneth Gilbert, com a famosa ilustração do Homem Vitruviano.

Mas hoje, as honras são para este músico completo, pioneiro dos instrumentos de época, Trevor Pinnock. Há pouco tempo fiz uma postagem de um antigo disco dele, na qual mencionava sua disposição de gravar o Cravo Bem Temperado. Pois aqui está o primeiro livro.

Uma palhinha, aqui.

Veja como ele se refere a esta música:

A minha jornada com o Cravo Bem Temperado tem sido de uma vida toda. O meu primeiro encontro com esta obra foi quando tinha uns 12 anos, quando alguém me deu um volume dourado e rosa, uma velha edição feita por Czerny, que agora sabemos ser notoriamente não confiável. Isto deu-me horas de descobertas. Alguns anos depois eu ouvi todos os prelúdios e fugas, interpretados ao piano, pelo rádio, e fui fisgado. Quando tinha uns vinte anos, gravei alguns prelúdios e fugas para uma transmissão de rádio e eu soube que algum dia eu tocaria todos eles. No entanto, a montanha parecia impossível de ser escalada e Bach, um duro e formidável mestre ao propor tarefas. Como eu poderia aprofundar-me na densidade de algumas destas fugas, sem mesmo considerar entende-las?
Assim, apesar de posteriormente tocar vários outros prelúdios e fugas, um plano de gravar todos os prelúdios e fugas foi repetidamente sendo adiado ao longo de dez anos, até recentemente, quando decidi que não mais poderia adiar. Agora eles serão uma parte central de mim pelo resto da minha vida.

O texto original em inglês pode ser encontrado aqui. Você poderá ouvir o próprio Trevor. Confira aqui.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

O Cravo Bem Temperado – Livro I

Trevor Pinnock, cravo

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Assim, baixe logo o arquivo, recoste-se na confortável poltrona e aproveite!

Como diria um certo grande mestre: IM-PER-DÍ-VEL!!!!

René Denon

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Paixão Segundo São João, BWV 244 (Herreweghe, 2020) ֍

Johann Sebastian Bach (1685-1750): A Paixão Segundo São João, BWV 244 (Herreweghe, 2020) ֍

 Bach 

Johannes-Passion

Collegium Vocale Gent

Philippe Herreweghe

 

Em 1724 Johann Sebastian Bach estava em seu segundo ano como o Cantor da Igreja de São Nicolau, em Leipzig, e apresentou na Sexta-Feira Santa sua Passio secundum Johannem. Os acordes iniciais do coro de abertura devem ter realmente provocado grande impacto na congregação, não necessariamente positivo, uma vez que na reapresentação da obra no ano seguinte, o número foi substituído por um coral mais ‘ameno’. É possível que Bach tenha iniciado a composição desta obra magistral nos anos anteriores, em Weimar, e ele prosseguiu fazendo adaptações e mudanças nas quatro apresentações posteriores à estreia.

Esta é a terceira gravação desta Paixão feita por Herreweghe, sendo que na segunda delas ele usou a versão de 1725 e Herr, unser Herrscher… não foi gravado. Ainda bem que ele desta vez tenha escolhida a versão estabelecida que todos os outros maestros geralmente escolhem.

Em um artigo escrito para The New Yorker, Alex Ross dedica muita atenção a este número de abertura da obra e vale a pena a leitura, que pode ser feita aqui.

Ele trata da verdadeira obsessão que Bach tinha em copiar e estudar as partituras dos outros compositores e por isso, apesar de ter vivido toda a sua vida em uma área relativamente pequena, conhecia a música dos mais importantes compositores da Europa, e não apenas os seus contemporâneos.

Quando chegou a vez de compor sua Paixão, ele certamente conhecia obras de outros mestres, alguns do passado, como o pioneiro Johann Walther e posteriormente Heinrich Schutz, mas também de seus contemporâneos. Handel compôs música para uma Paixão segundo São João, com texto de J. G. Postel, quando tinha ainda 19 anos.

São João, Evangelista, pelo pintor francês Jean Bourdichon (1457-1521)

Segundo Geiringer, a parte principal do texto é bíblica, neste caso extraída de São João 18-19 (com curtas inserções de São Mateus). A narração é feita na forma recitativa por um tenor, o Evangelista. Personagens individuais, incluindo o Cristo, são cantados por solistas, as falas de grupos de pessoas e multidões pelo coro. Ariosos e árias inseridas entre as partes da narração expressam a reação do indivíduo aos eventos descritos, os corais as de toda a congregação. Afinal, esta música foi composta para fazer parte integrante do serviço daquele importantíssimo dia. Bach foi responsável pela seleção de corais e deve também ter providenciado o texto das árias. Ele seguiu o modelo do texto de autoria de Barthold Heinrich Brockes, de Hamburgo, Der für die Sünden dieser Welt gemarterte und sterbende Jesus (Jesus torturado e morto pelos pecados deste mundo), mas nunca literalmente. Interessante notar que os corais são relativamente simples. Eles oferecem uma oportunidade para a comunidade participar da execução da obra. Portanto, não se faça de rogado e cante junto estas partes…

Há várias maneiras para se ouvir esta maravilhosa música. Você pode simplesmente colocar a música para ouvir pelo prazer estético e deliciar-se com a beleza das árias, com a versatilidade, força e dinâmica dos coros, com a dramaticidade da narração e com a singeleza dos corais. E pronto…

Mas, se quiser, Bach oferece mais que isto. A obra tem uma construção extremamente bem planejada, buscando um equilíbrio e uma perfeita distribuição das diferentes intervenções, do narrador, dos personagens e das multidões. Também há equilíbrio na escolha dos tipos de solistas: tenor, soprano, contralto e baixo.

Ou seja, se sua abordagem é de busca de prazer pela estética da obra, poderá buscar mais do que só ouvir este ou aquele número (nada de errado com isso), mas procurar uma visão de todo o conjunto da obra.

Finalmente, não é por nada que Bach é chamado de o quinto evangelista. Ele nos convida a uma reflexão, um passo mais ousado na direção do que, na falta de palavra mais apropriada, chamaremos de espiritualidade. A obra expõe um dos aspectos talvez mais perturbadores da fé, que é a do sacrifício. E aqui, o sacrifício do Filho de Deus é apresentado em cores vivas. É este aspecto que fica evidente logo na abertura da obra e é por isso que ela é tão importante para o conjunto. Estamos diante de uma abertura que diz claramente que o que está por vir não é para os fracos de coração.

E está tudo lá: a traição com a captura do Senhor, com direito a Pedro decepando uma orelha do pobre Malchus. A atitude de Jesus se oferecendo para a captura, intervindo pela liberdade de seus discípulos.

A Negação de Pedro, de Theodoor Rombouts

Temos a negação de Pedro, que era muito humano, como nós o somos. Todos os meandros e delicadezas do interrogatório do acusado, com Pilatos tentando safar-se da enrascada de condenar um inocente. Os detalhes para que as palavras da antiga profecia fossem satisfeitas, como os soldados jogando dados para decidir com quem ficaria a túnica do Senhor. A escolha entre o nazareno e Barrabás é impressionante, assim como os gritos demandando a crucificação. Pilatos ainda diz duas impressionantes falas: o Ecce homo – Sehet, welch ein Mensch! – e o sutilíssimo Was ich geschrieben habe, das habe ich geschrieben. O que eu escrevi, eu escrevi! E é claro, o sacrifício precisa ser cumprido. Mas antes, aquele discípulo que ele amou ao lado de sua mãe e as outras Marias, recebe a incumbência de zelar por ela.

Ecce Homo, Caravaggio

Todas estas passagens são entremeadas pelas mais lindas árias, que cumprem o papel de refletir sobre os significativos momentos. Por exemplo, ao cumprir-se o calvário, com a morte do Senhor, e morte de cruz, ouvimos uma ária lancinante, cantada por um contralto: Es ist vollbracht! Esta é a primeira frase da ária, que repete a última fala de Jesus, ao entregar seu espírito. O sacrifício está completo, cumpriu-se. Para fazer contraponto a está atual interpretação da famosa ária, apresentada nesta postagem, você poderá ver, clicando aqui, como esta música tem atravessado os tempos sempre encantado e tocando os corações das pessoas. A gravação que está no Youtube apresenta a contralto inglesa Kathleen Ferrier, cantando em inglês.

Deposição da Cruz, van der Weyden

Temos ainda uma etapa, a deposição da cruz e o sepultamento. Palavras terríveis. E assim termina a Paixão, com Jesus sepultado. Afinal, só no Domingo de Páscoa ele ressurgirá, mas aí é outro Oratório, que você poderá ouvir se clicar aqui.

Como acontece nas grandes obras de arte, quanto mais nos aproximamos delas, mais minúcias e detalhes impressionantes descobrimos. No caso das obras musicais dependemos dos intérpretes e nos nossos dias, também das equipes de gravações que nos levam para mais perto destas maravilhas. Mas para não desperdiçarmos tamanhos tesouros, precisamos aplicar um certo esforço.

Apesar de já ter ouvido esta obra diversas vezes, a cada vez descubro algum novo detalhe que me impressiona ou que me inspira. Nesta gravação gostei muito do conjunto todo, mas chamo a atenção para o coro de abertura, tremendo, e para a ária de tenor que transmuta o sangue do dorso de Jesus nas cores de um arco-íris que do céu nos abençoa.

Independentemente da maneira que você escolha para ouvir esta maravilhosa gravação, que ela lhe toque o coração, de alguma maneira.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Johannes Passion

Parte 1

[1-7] Traição e Prisão
[8-14] Negação

Parte 2

[1-6] Interrogatório e Flagelação
[7-12] Condenação e Crucificação
[13-18] A Morte de Jesus
[19-26] Deposição e Sepultamento

Maximilian Schmitt, Evangelista

Krešimir Stražanac, Jesus

Dorothee Mields, soprano

Damien Guillon, contratenor

Robin Tritschler, tenor

Peter Kooij, baixo

Collegium Vocale Gent

Philippe Herreweghe, regente

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MP3 | 320 KBPS | 245 MB

Collegium Vocale Gent

Veja o que a Gramophone disse sobre esta gravação:

Contributing to the discerning unity of vision and character of this performance is how the instruments sit embedded at the heart of the vocal sound…This is indeed one of the most thoughtful, affecting and powerful St John Passions in recent years. It reveals the mature mastery of Herreweghe at his most perspicacious and consistent, with Collegium Vocale Gent paving the way with gold.

Então, tá esperando o que? Aproveite!

René Denon