Johann Philipp Krieger (1649-1725): Trio Sonatas

Johann Philipp Krieger (1649-1725): Trio Sonatas

Sempre me pergunto que tamanho terá o barroco. Pois ele parece não acabar nunca. Além dos mais votados, compositores inéditos vão sendo desencavados e raramente são desprezíveis. Este alemão de Nuremberg, Johann Philipp Krieger, é ótimo! Ele surfa nos estilos alemão, italiano e francês como eu mastigo chiclete. O grupo de músicos é esplêndido com destaque para a particularmente maravilhosa viola da gamba e para um cravo muito brilhante. O time merece ser citado: Margaret MacDuffie e Matthias Fischer (violinos), Matthias Müller (viola da gamba), Hubert Hoffmann (archlute) e Helene Lerch (cravo e órgão). Música inventiva, expressiva e um pouco fora das principais vertentes determinadas por gênios como Schütz, Buxtehude, Heinichen, Bach, Handel e Telemann. Imaginem que Krieger escreveu 2000 cantatas…

Johann Philipp Krieger (1649-1725): Trio Sonatas

1 Sonata No. 1 for 2 Violins in D Minor 5:55
2 Sonata No. 2 for 2 Violins in E Minor 5:33
3 Sonata No. 3 for 2 Violins in F Major 5:59
4 Sonata No. 4 for 2 Violins in G Major 6:10
5 Sonata No. 5 for 2 Violins in A Minor 5:37
6 Sonata No. 6 for 2 Violins in B-Flat Major 4:28
7 Sonata No. 7 for 2 Violins in B Minor 6:11
8 Sonata No. 8 for 2 Violins in C Major 5:31
9 Sonata No. 9 for 2 Violins in G Minor 5:13
10 Sonata No. 10 for 2 Violins in D Major 5:20
11 Sonata No. 11 for 2 Violins in A Major 5:17
12 Sonata No. 12 for 2 Violins in C Minor 6:20

Parnassi musici
Bavarian Chamber Orchestra
Bad Brückenau

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Lição de música, pintura de Frederick Leighton. Não há imagens de JP Krieger.
Lição de música, pintura de Frederick Leighton. Não há imagens confiáveis de JP Krieger.

PQP

Böhm, Pezold, Borghi & Rust: Música Noturna para Viola D’Amore

Böhm, Pezold, Borghi & Rust: Música Noturna para Viola D’Amore

A viola d’amore tem 7 ou 6 cordas e é (ou foi) um instrumento musical utilizado principalmente no período barroco. Para ser tocado, ele fica sob o queixo do instrumentista do mesmo modo que o violino. Em português, seu nome significa viola do amor e traz seu marido ou mulher de volta em sete dias ou devolve o valor investido. Este disco — todo ele pontuado por compositores desconhecidos do barroco — é muito bom. Logo mais, estaremos apresentando a vocês o Bumbo del Coito, o Tubófono Silicônico Cromático, o Dactilófono, o Latín e o Flautim Sodomita. Aguardem.

Böhm, Pezold, Borghi & Rust: Música Noturna para Viola D’Amore

Concerto in G Major (For Viola d’amore, Oboe d’amore & Bassoon)
1 Grave 3:30
2 Allegro 4:04
3 Andante 2:44
4 Menuet 2:03

Partita in F Major (For Viola d’amore)
5 Air 1:27
6 Courant 2:00
7 Saraband 1:27
8 Gavott 0:59
9 Gigue 1:24
10 Bourrée 1:07
11 Menuet 2:50

Sonata in D Major (For Viola d’amore & Basso continuo)
12 Allegro Moderato 3:54
13 Adagio 3:36
14 Rondo. Allegro Moderato 4:04

Trio in D Major (For Viola d’amore & 2 Flutes)
15 Grazioso 5:53
16 Allegro Vivo 6:33
17 Allegro Assai 2:46

Schola Cantorum Basiliensis

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Viola_d'amore

PQP

.: interlúdio :. Kenny Wheeler — A Long Time Ago

.: interlúdio :. Kenny Wheeler — A Long Time Ago

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Poucos artistas tiveram, como Kenny Wheeler, a felicidade e a infelicidade de serem ao mesmo tempo reverenciados e ignorados. Se a gente conversa com um músico de jazz, notamos que o nome do canadense Wheeler recebe todos os Ohhhs e Ahhhs regulamentares, ou seja, a mais alta estima. Mas esta entidade estranha chamada grande público não tem ideia do quão valioso foi este trompetista falecido em 2014 aos 84 anos. Seus projetos na ECM foram absolutos sucessos de crítica, mas… Bem, vocês já sabem que não venderam.

Nesta gravação, Wheeler aparece com uma espécie de big band de câmara. São oito metais mais o pianista John Taylor e o guitarrista John Parricelli. O disco é uma joia de sonoridade e musicalidade. Para os pequepianos mais radicais em seu amor aos eruditos, há uma fuga chamada Going for Barroco que é uma loucura.

O cerne do disco é The Long Time Ago Suite, uma peça de mais de 30 minutos que é de babar. Partindo de alguns motivos simples, Wheeler desenvolve a música através de trocas múltiplas de naipes e andamentos. O próprio Wheeler dá um banho com seu flugelhorn durante toda a meia hora. Outra faixa maravilhosa é a outra Suíte, Gnu.

Kenny Wheeler — A Long Time Ago

1 The Long Time Ago Suite
2 One Plus Three (Version 1)
3 Ballad for a Dead Child
4 Eight Plus Three / Alice My Dear
5 Going for Baroque
6 Gnu Suite
7 One Plus Three (Version 2)

Kenny Wheeler flugelhorn
John Taylor piano
John Parricelli guitar
Derek Watkins trumpet
John Barclay trumpet
Henry Lowther trumpet
Ian Hamer trumpet
Pete Beachill trombone
Richard Edwards trombone
Mark Nightingale trombone
Sarah Williams bass trombone
David Stewart bass trombone
Tony Faulkner conductor

Recorded September 1997 and January 1998

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Kenny Wheeler em 2013
Kenny Wheeler em 2013

PQP

J. S. Bach (1685-1750): Obras Completas para Alaúde

J. S. Bach (1685-1750): Obras Completas para Alaúde

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Nada de hipobachemia, pessoal, vamos lá. As melhores pessoas, como todos sabem, nascem no mês D´Agosto. Mesmo que sejam esquisitas e solitárias, como os alaudistas e organistas, somos, ops, são as melhores. O repertório de Bach para o alaúde é pequeno e respeitabilíssimo. São obras de alta qualidade que não deixam morrer o pequeno e cheio de cordas instrumento de caixa em forma de meia pera ou gota, como quiserem. Ou ele é usado na música antiga, ou como baixo contínuo ou em Bach. No último caso, seu uso é mais nobre, como vocês podem ouvir neste belíssimo registro de 2013, por Mario D`Agosto, mês do cachorro louco.

Vocês sabem que as condições climáticas do mês de agosto aumentam a concentração de cadelas no cio? E que quando as cadelas estão no período fértil, os cachorros ficam loucos e brigam para conquistar as fêmeas e perpetuar sua espécie? E que essa luta entre os machos em busca da fêmea faz com que a raiva, doença transmitida pela saliva, se espalhe mais? E que os animais que estão infectados pela raiva babam muito e ficam com aparência de loucos e que daí saiu a expressão “cachorro louco”. Viram como o PQP é cultura?

J. S. Bach (1685-1750): Obras Completas para Alaúde

CD1:
Suite in E minor, BWV996:

01. I. Prelude (03:06)
02. II. Allemande (03:14)
03. III. Courante (02:40)
04. IV. Sarabande (04:02)
05. V. Bourré (01:44)
06. VI. Gigue (03:27)

Prelude, Fugue & Allegro in E flat major, BWV998:

07. I. Prelude (03:04)
08. II. Fugue (06:47)
09. III. Allegro (04:20)

Suite in G minor, BWV995:

10. I. Prelude (05:59)
11. II. Allemande (05:05)
12. III. Courante (02:28)
13. IV. Sarabande (03:31)
14. V. Gavottes I & II ‘en Rondeau’ (04:50)
15. VI. Gigue (02:31)

CD2:
Partita in C minor, BWV997:

01. I. Prelude (03:54)
02. II. Fugue (07:43)
03. III. Sarabande (04:24)
04. IV. Gigue – Double (03:32)

Partita in E major, BWV1006a:

05. I. Prelude (04:50)
06. II. Loure (03:11)
07. III. Gavotte ‘en Rondeau’ (03:43)
08. IV. Menuets I & II (05:24)
09. V. Bourré (02:26)
10. VI. Gigue (02:52)

11. Prelude in C minor, BWV999 (01:40)

12. Fugue in G minor, BWV1000 (05:57)

Mario D’Agosto, alaúde

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Esse troço de alaúde deve ser complicado, mas ele é D`Agosto.
Esse troço de alaúde deve ser complicado, mas ele é D`Agosto.

pqp

Leos Janácek (1854-1928): Pièces pour piano

Leos Janácek (1854-1928): Pièces pour piano

IM-PER-DÍ-VEL  !!!

A música para piano de Leos Janáček, quase toda ela composta nos primeiros anos do século XX, parece vir de Debussy, porém o filtro do nacionalismo tcheco e as águas do Danúbio transformaram aquela influência em algo mais direcionado, ou seja, de poesia não tão vaga. Nenhuma das três peças deste CD são esquecíveis. A Sonata 01/10/1905 é maravilhosa. Trata-se de uma homenagem — na verdade um lamento — dedicada a um jovem trabalhador assassinado por uma baioneta do exército durante uma manifestação em Brno, no dia  em 1º de outubro de 1905. Janáček estreou a sonata logo a seguir, em 1906. In the mists (Nas brumas) é belíssima e o ciclo de canções On the Overgrown Path é aquela música que está na trilha sonora de A Insustentável leveza do Ser, lembram? Parece um Schumann melhorado.

A leveza e a sensibilidade da pianista Hélène Couvert está perfeitamente adequada às peças. Sua interpretação tem notável senso de estilo. A poesia contida nas peças esconde grandes emoções e ela facilmente poderia escorregar para o vulgar, mas Couvert fica longe disso. A dignidade e sincera poesia das peças está preservada. Um disco absolutamente bom e que explora um repertório mais ou menos ignorado, ao menos no Ocidente. Gente, tá na hora de (re)ouvir Janáček.

Leos Janácek (1854-1928) – Pièces pour piano

01. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: Nos Soirées
02. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: Une feuille emportée
03. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: Venez avec nous!
04. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: La vierge de Frydek
05. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: Elles bavardaient en hirondelles
06. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: La parole manque!
07. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: Bonne nuit!
08. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: Anxieté indicible
09. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: En Pleurs
10. On the Overgrown Path (Po zarostlém chodnícku), for piano, JW 8/17: La chevêche ne s’est pas envolée!

11. Piano Sonata (‘Zulice, 1.X.05,’ ‘From the Street, 1 October, 1905’), JW 8/19 (final movement lost): Le pressentiment
12. Piano Sonata (‘Zulice, 1.X.05,’ ‘From the Street, 1 October, 1905’), JW 8/19 (final movement lost): La mort

13. In the mists (V Mlhách), pieces (4) for piano, JW 8/22: Andante
14. In the mists (V Mlhách), pieces (4) for piano, JW 8/22: Molto adagio
15. In the mists (V Mlhách), pieces (4) for piano, JW 8/22: Andantino
16. In the mists (V Mlhách), pieces (4) for piano, JW 8/22: Presto

Hélène Couvert, piano

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Hélène Couvert, estão servidos?
Hélène Couvert, estão servidos?

PQP

J. S. Bach e filhos: 5 Concertos para Piano

J. S. Bach e filhos: 5 Concertos para Piano

bach front KatsarisPostagem de 2010.

Hoje, PQP já deve estar em Londres para assistir à Oitava de Mahler… Talvez esta seja sua última postagem de novembro, mas calma, só ele estará em férias. Enquanto isso, ouçam este divertidíssimo CD onde Bach chega junto com sua filharada legal, mas sem mim, o bastardo. Katsaris é assim mesmo, um pianista divertido e bom.

Baita CD!

J. S. Bach e filhos: 5 Concertos para Piano

Johann Sebastian Bach
1. Concerto No. 4 for Harpsichord (Piano) and Strings in A Major, BWV 1055: I. Allegro
2. Concerto No. 4 for Harpsichord (Piano) and Strings in A Major, BWV 1055: II. Larghetto
3. Concerto No. 4 for Harpsichord (Piano) and Strings in A Major, BWV 1055: III. Allegro ma non tanto

Wilhelm Friedemann Bach
4. Concerto for Harpsichord (Piano), Strings and Basso continuo in E Minor, FK 43: I. Allegretto
5. Concerto for Harpsichord (Piano), Strings and Basso continuo in E Minor, FK 43: II. Adagio (Cadenza: Cyprien Katsaris)
6. Concerto for Harpsichord (Piano), Strings and Basso continuo in E Minor, FK 43: III. Allegro assai

Johann Christian Bach
7. Concerto for Harpsichord or Piano and Strings in C major, Op. 7/1: I. Allegretto
8. Concerto for Harpsichord or Piano and Strings in C major, Op. 7/1: II. Minuetto
9. Concerto for Harpsichord (Piano) and Strings in E Major, Wf.II.1: I. Allegro

Johann Christoph Friedrich Bach
10. Concerto for Harpsichord (Piano) and Strings in E Major, Wf.II.1: II. Adagio
11. Concerto for Harpsichord (Piano) and Strings in E Major, Wf.II.1: III. Allegro moderato
12. Concerto for Harpsichord (Piano) and Orchestra in C Minor, Wq 43/4: I. Allegro assai

Carl Philipp Emanuel Bach
13. Concerto for Harpsichord (Piano) and Orchestra in C Minor, Wq 43/4: II. Poco adagio
14. Concerto for Harpsichord (Piano) and Orchestra in C Minor, Wq 43/4: III. Tempo di minuetto
15. Concerto for Harpsichord (Piano) and Orchestra in C Minor, Wq 43/4: IV. Allegro assai

Cyprien Katsaris
Orchestre de Chambre du Festival d’Echternach
Yoon K. Lee

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Cyprien Katsaris: tesão
Cyprien Katsaris: tesão

PQP

Élisabeth Jacquet de la Guerre (1665-1729): Le Sommeil d’Ulisse / Desrochers

Élisabeth Jacquet de la Guerre (1665-1729): Le Sommeil d’Ulisse / Desrochers

BIG

Este é um belo CD de uma compositora desconhecida. Élisabeth Jacquet — que ganhou o “de la Guerre” pelo casamento — é uma rara compositora, cantora e cravista parisiense. E muito boa! Até o século XIX, a presença feminina na música erudita era quase nula. É óbvio que tal fato não se deve a uma incapacidade feminina e sim às condições sociais. Hoje, ainda temos poucas compositoras, mas o mundo já está maravilhosamente tomado de esplêndidas instrumentistas. Elas chegarão logo à composição, certamente. Mas vejamos o que ocorreu antes do século XX: sem pesquisar, usando apenas a memória, diria que, mesmo com a atmosfera repressiva, apareceram duas curiosidades e dois verdadeiros talentos que se desenvolveram sabe-se lá como.

As duas curiosidades, que só podemos suportar com muito boa vontade, seriam Clara Wieck Schumann no século XIX e Hildegard von Bingen, pasmem, no século XII. Muito mais talentosa foram Barbara Strozzi, do século XVII, e esta sua quase contemporânea Jacquet de la Guerre. Mas vejam quantos séculos e quão poucas mulheres!

O CD abaixo, da Alpha, vale a audição. A Betinha era foda. Confiram!

Élisabeth Jacquet de la Guerre (1665-1729): Le Sommeil d’Ulisse /Desrochers

— Suite in A minor (from Pieces de Clavecin, 1687): Prelude pour clavecin en la mineur
— Le Sommeil d’Ulisse, cantata for voice & continuo
— Suite in A minor (from Pieces de Clavecin, 1687): Chaconne pour clavecin en la mineur
— Sonata for violin & continuo No. 1 in D minor
— Samson, for soprano, flute, violin & continuo

Christine Payeux, Alice Pierot, Francois Nicolet, Marc Wolf, Freddy Eichelberger
Les Voix Humaines

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Élisabeth Jacquet de la Guerre, uma pioneira

PQP

.: interlúdio :. Madeleine Peyroux: Bare Bones

.: interlúdio :. Madeleine Peyroux: Bare Bones

Como este CD de Peyroux parece ter tocado profundamente o coração dos pequepianos, postamos outro da cantora norte-americana de voz tão parecida com a de Billie Holiday, interpretando suas canções. Peyroux nasceu no sul dos Estados Unidos. Seu pai era um eterno aspirante a ator que ouvia música a toda a hora, sua mãe era professora de francês. Peyroux diz que eram, na verdade, dois hippies e “educadores excêntricos”. Ela conta que a música era a forma de juntar a família num local “especial e escondido” da casa. Bare Bones é todo composto por originais, nada de entremear clássicos às próprias composições e às de seus músicos.

Madeleine Peyroux: Bare Bones

1 Instead 5:12
Percussion, Organ [Estey] – Larry Klein
Written-By – J. Coryell*, M. Peyroux*
2 Bare Bones 3:26
Written-By – L. Klein*, M. Peyroux*, W. Becker*
3 Damn The Circumstances 4:36
Written-By – D. Batteau*, L. Klein*, M. Peyroux*
4 River Of Tears 5:20
Written-By – L. Klein*, M. Peyroux*
5 You Can’t Do Me 5:03
Backing Vocals – Luciana Souza, Rebecca Pidgeon
Written-By – L. Klein*, M. Peyroux*, W. Becker*
6 Love And Treachery 4:19
Written-By – J. Henry*, L. Klein*, M. Peyroux*
7 Our Lady Of Pigalle 4:19
Trumpet, Fiddle [Nyckelharpa] – Carla Kihlstedt
Written-By – D. Batteau*, L. Klein*, M. Peyroux*
8 Homeless Happiness 3:58
Written-By – J. Coryell*, M. Peyroux*
9 To Love You All Over Again 3:58
Written-By – D. Batteau*, M. Peyroux*
10 I Must Be Saved 4:44
Written-By – M. Peyroux*
11 Somethin’ Grand 3:44
Written-By – L. Klein*, M. Peyroux*, S. Wayland*

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Madeleine Peyroux
Madeleine Peyroux

PQP

Thomas Larcher (1963): Ixxu

Thomas Larcher (1963): Ixxu

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu adorei este CD, mas deixo um aviso aos desatentos: se você não gosta de música moderna, fuja! Larcher é um excelente compositor austríaco e este disco da ECM é uma joia encontrada numa de nossas navegações. O programa do CD é formado por três obras inéditas. Abrindo e fechando o disco, há dois substanciais quartetos de cordas: Ixxu e Cold Farmer. O Rosamunde dá um banho. My Illness Is the Medicine I Need marca a estreia fonográfica do espetacular soprano americano Andrea Lauren Brown, assim como do violinista Christoph Poppen. Podem baixar porque a coisa é do caralho, a não ser que você seja um passadista empedernido.

Thomas Larcher (1963): Ixxu

Ixxu
1. Flüchtig, nervös
2. Sehr schnell, präzise
3. Ruhig

My Illness Is the Medicine I Need
4. My illness is the medicine I need
5. I think I’ll stay here until I die, I’m tired of life. …
6. Eat and sleep. Eat and sleep. The monotony here kills you.
7. I like it when people ask me the time. It’s almost a conversation. …
8. I don’t know why I’m here. I’ve no idea. …
9. Once they give you an injection you instantly stop hearing voices.
Mumien
10. Tempo giusto
11. Schneller
12. Langsam

Cold Farmer
13. : Mit Groove
14. : Ruhige Halbe
15. : Sehr schnell
16. : Ganz langsam

Rosamunde Quartett

Andrea Lauren Brown: soprano
Christoph Poppen: violin
Thomas Demenga: violoncello
Thomas Larcher: piano

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Thomas Larcher
Thomas Larcher

PQP

R. Calace, H. Gal, W. A. Mozart, N. Sprongl: Le Livre D`or De La Mandoline

R. Calace, H. Gal, W. A. Mozart, N. Sprongl: Le Livre D`or De La Mandoline

Mandoline 1Eu gosto muito do blog holandês 33 toeren klassiek. Ele se dedica a divulgar apenas discos de música erudita em vinil. E, para completar, não divulga aquilo que foi passado para CD, mas sim as raridades mesmo, todas digitalizadas. Fala sério, é muito gáudio. O nível do blog é altíssimo e eles são finos como o PQP Bach, pois possuem também uma espécie de pqpshare. Isto é, para baixar seus discos, não se precisa sofrer com a superfetação de abas, telas e propagandas, propagandas, propagandas!

Este O Livro de Ouro do Bandolim é uma ultra raridade. Tem obras para bandolim solo, bandolim e piano, dois lieder de Mozart para o instrumento, alaúde e voz e ainda música moderna para bandolim de Norbert Sprongl. Por isso, fizemos questão de copiar o arquivo para vocês. Fala sério, é muito júbilo.

R. Calace, H. Gal, W. A. Mozart, N. Sprongl: Le Livre D`or De La Mandoline

1  Raffaele Calace: Prelude no.2 op 49    6:23
Edith Bauer-Sleis, mandoline

2  Hans Gal: Aria andante con moto    4:34
Edith Bauer-Sleis, mandoline; Erika Dichler-Sedlacek, piano

3  Hans Gal: Divertimento for mandoline and piano op.80    16:26
prélude, moderato – burla vivace presto – inzermezzo, andante – rondo, allegro
Edith Bauer-Sleis, mandoline; Erika Dichler-Sedlacek, pianoWolfgang Amadeus Mozart: 2 Lieder:
4  Komm liebe Zither KV 351    2:02
5  Die Zufriedenheit KV 349    4:41
Kurt Equiluz, tenor; Ruth Gigax, mandoline; Vinzenz Hladky, luitNorbert Sprongl:
6  Duo para mandoline and guitar op.85 no.2    13:16
allegro – allegro vivace – adagio – allegro vivace
Ruth Gigax, mandoline; Walter Wurdinger, guitarCredits
Mandolin – Edith Bauer-Slais, Ruth Gygaz
Piano – Erika Dichler-Sedlacek
The Vienna Chamber Ensemble*
Tenor Vocals – Kurt Equiluz (tracks: Side 2)

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Mandoline 2

PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonia Nº 5, Op.100, e Sinfonia Nº 6, Op.111

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonia Nº 5, Op.100, e Sinfonia Nº 6, Op.111

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O som não é lá essas coisas mas a qualidade das obras e a interpretação com sotacão russo vale a audição. Como é bom ouvir um grande regente do mesmo país e da mesma cultura do autor da obra! E como eu gosto da Sinfonia Nº 5! Ela me deixa feliz desde o Andante, passando pelo Marcato até chegar ao Jocoso. Me dá vontade de sorrir a eté esqueço que o pré-sal vai me aquecer, sufocar e que ninguém vai nem quer sequer pensar em fontes renováveis. Também gosto da Sexta, mas esta não tem a alegria e a inventividade da que a precede.

Sergei Prokofiev (1891-1953): Sinfonia Nº 5, Op.100, e Sinfonia Nº 6, Op.111

Symphony No.5,Op.100
1. I. Andante
2. II. Allegro marcato
3. III. Adagio
4. IV. Allegro giocoso

Symphony No.6,Op.111
5. I. Allegro moderato
6. II. Largo
7. III. Vivace

Leningrad Philharmonic Orchestra
Yevgeny Mravinsky

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Prokofiev pensando em ritmo de relógio
Prokofiev estrangulando um peão

PQP

Jean-Marie Leclair (1697-1764): Triosonatas, Op. 4

Jean-Marie Leclair (1697-1764): Triosonatas, Op. 4

JeanUMarieFLeclairkarl orgasmusical

Este francês é mesmo da pesada, uma de minhas preferências e não poderia ficar de fora deste pequeno Festival do Barroco Francês que ora promovo sem… bem, sem tê-lo planejado. Leclair estudou dança e violino em Turim. Em 1716 casou com Marie-Rose Casthanie, uma dançarina, que morreu em 1728. Em 1730, Leclair casou-se pela segunda vez. Sua nova esposa era a gravadora Louise Roussel, que preparou a impressão de todas as suas obras a partir do Opus 2.

Leclair foi ESFAQUEADO E MORTO em 1764. Apesar do homicídio permanecer um mistério, existe a possibilidade de que sua ex-mulher possa ter sido a instigadora, ainda que a mais forte suspeita recaia sobre o seu sobrinho, Guillaume-François Vial.

Jean-Marie Leclair (1697–1764): Triosonatas, Op. 4

Sonate I en ré mineur
Sonate II en si bémol majeur
Sonate III en ré mineur
Sonate IV en fa majeur
Sonate V en sol mineur
Sonate VI en la majeur

Musica Alta Ripa

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Eduardo Cunha. Digo, Jean-Marie Leclair.
Eduardo Cunha. Digo, Jean-Marie Leclair.

PQP

Albéniz / Berio / Debussy / Fauré / Janáček / Liszt / Ravel / Sawhney / Takemitsu: Water

Albéniz / Berio / Debussy / Fauré / Janáček / Liszt / Ravel / Sawhney / Takemitsu: Water

Após os excelentes álbuns Duo e Credo, ambos postados no PQP Bach, Hélène Grimaud nos chega com um disco onde aparece claramente a sua militância pelas causas ecológicas. Water é um trabalho incomum. Aqui, Grimaud executa peças de vários períodos — clássicas, românticas e contemporâneas — cuja temática é a água. Além do fascínio pela água, além das evocações tradicionais de rios, lagos, mares, flocos de neve, e gotas de chuva, o álbum também reflete uma perspectiva contemporânea sobre a água e a falta dela. As peças de diferentes compositores são amarradas através das Transitions, sons de água e de instrumentos musicais compostos, gravados e produzidos por Nitin Sawhney, um celebrado compositor de World Music. Ele também é DJ, produtor, multi-instrumentista, compositor orquestral e pioneiro cultural. Reafirmando sua posição como uma das artistas mais interessantes da música erudita, Grimaud combina a cultura com seu compromisso com os desafios ecológicos, ambientais e humanitários de nossos dias. Então, Water é um projeto com três níveis distintos de aspiração criativa: artístico, inventivo e ativista. Além disso é bom pacas de ouvir.

Albéniz / Berio / Debussy / Fauré / Janáček / Liszt / Ravel / Sawhney / Takemitsu: Water

1 Wasserklavier (No.3 From 6 Encores – Per Antonio Ballista) (Luciano Berio) 2:11
2 Water – Transition 1 (Nitin Sawhney) 1:18
3 Rain Tree Sketch II (In Memoriam Oliver Messiaen) (Toru Takemitsu) 5:25
4 Water – Transition 2 (Nitin Sawhney) 1:41
5 Barcarolle No.5 In F Sharp Minor (op.66) (fis-moll En Fa Diese Mineur Allegretto Moderato) (Gabriel Fauré) 6:39
6 Water – Transition 3 (Nitin Sawhney) 1:33
7 Jeux D’eau (Music Note=144) (Tres Doux) (Maurice Ravel) 5:10
8 Water – Transition 4 (Nitin Sawhney) 1:27
9 Almeria (No.2 From Iberia II Allegretto Moderato) (Isaac Albéniz) 10:06
10 Water – Transition 5 (Nitin Sawhney) 0:55
11 Les Jeux D’eaux A La Villa D’Este (No.4 From Annees De Pelerinage III S 163 Allegretto) (Franz Liszt) 7:38
12 Water – Transition 6 (Nitin Sawhney) 1:34
13 In The Mists: No.1 (Andante) (Leoš Janáček) 4:33
14 Water – Transition 7 (Nitin Sawhney) 1:16
15 La Cathedrale Engloutie (No.10 From Preludes I Profondement Calme) (Claude Debussy) 6:03
16 Water Reflections (Helene Grimaud’s Thoughts On The Permutations Of Water) 10:49

Piano – Hélène Grimaud

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Desta vez, deu na trave
Desta vez, deu na trave

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Hans Werner Henze (1926 – 2012): Sinfonias Nos. 7 & 9 / Barcarola / Three Auden Songs

Hans Werner Henze (1926 – 2012): Sinfonias Nos. 7 & 9 / Barcarola / Three Auden Songs

Nos anos 80, quando a Rádio da UFRGS começou a divulgar a obra de Hans Werner Henze, eu passei a gostar de sua obra algo provocadora e surpreendente. Não sabia nada a respeito dele. Minha primeira pesquisa indicou uma coisa que jamais imaginaria. OK, era um compositor alemão residente na Itália, blá-blá-blá, mas era conhecido pelas opiniões políticas marxistas que influenciaram na sua obra. Também trocara a Alemanha pela Itália em 1953, em razão da intolerância em relação as suas posições políticas e a sua homossexualidade. Membro do PCI (Partido Comunista Italiano), Henze produziu composições em homenagem a Ho Chi Min e a Che Guevara — o Réquiem intitulado Das Floss der Medusa (A balsa da Medusa), cuja estreia foi vetada em Hamburgo, em 1968.

Henze compôs em vários estilos, tendo sido influenciado pela música atonal, Stravinsky, pela técnica dodecafônica, pelo estruturalismo e por alguns elementos da música popular, do rock e do jazz.

Num escrito de 1975, Henze define assim sua arte: “O teatro foi e é o meu território, tenho sempre que voltar a ele. Minha música anseia pelo gesto, a corporalidade e a plasticidade. Ela se entende como drama, algo que pertence intimamente à vida, e que não poderia existir na abstinência higiênica ou no particular, no doméstico”. Mas Henze escreveu de tudo um pouco. Uma das habilidades mais admiráveis do compositor era a de combinar técnicas e elementos musicais os mais díspares, da melodia lírica (e tonal) ao complexo sonoro eletroacústico, do leitmotiv wagneriano ao serialismo estrito e os dispositivos aleatórios.

Hans Werner Henze (1926 – 2012): Sinfonias Nos. 7 & 9 / Barcarola / Three Auden Songs

Disc 1:

1 Barcarola 21:30

Symphony No. 7:
2 I. Tanz – Lebhaft und beseelt 10:58
3 II. Ruhig bewegt 12:42
4 III. Unablässig in Bewegung 5:12
5 IV. Ruhig, verhalten 9:28

City of Birmingham Symphony Orchestra
Sir Simon Rattle

Disc 2

Symphony No. 9:
1 I. Die Flucht 5:28
2 II. Bei Den Toten 6:31
3 III. Bericht Der Verfolger 1:45
4 IV. Die Platane Spricht 7:33
5 V. Der Sturz 7:25
6 VI. Nachts Im Dom 17:07
7 VII. Die Rettung 7:47

Berliner Philharmoniker
Rundfunkchor Berlin
Ingo Metzmacher

Three Auden Songs:
8 I. In Memoriam L.K.A. 1950-1952 2:10
9 II. Rimbaud 2:46
10 III. Lay Your Sleeping Head, My Love 5:32

Ian Bostridge
Julius Drake

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Der Komponist Hans Werner Henze, photographiert am 27.09.1996 in der Koelner Philharmonie.
O compositor Hans Werner Henze em 1996

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Evrim Demirel (1977): Makamsiz

Evrim Demirel (1977): Makamsiz

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Vou escrever um ou dois parágrafos de puro chute. Minha linda e brilhante amiga Asli Berktay, que creio ter nascido em Istambul, poderá dar boas risadas do que vou escrever sobre a música — que desconheço inteiramente — de seu país. Mas é música, pô, e alguma coisa do que vou escrever deve fazer um pouco de sentido.

Evrim Demirel é um compositor e pianista turco. Acaba aqui a parte objetiva do texto. Vocês sabem o quanto é raro ouvir a música daquela região meio fora de um mapa musical que parece ir para o leste até a Hungria e subir bruscamente em direção ao Báltico, entrando na Rússia pela Polônia, Finlândia, Lituânia, Letônia, etc. A música de Demirel deve alguma coisa a Alfred Schnittke, ao menos na forma poli-estilística, porém, de resto, digo que este turco tem voz própria e padrões distintos. Apesar de alguns instrumentos típicos e do peculiar sotaque oriental — jamais tinha ouvido a música erudita turca –, às vezes Demirel adquire ares meio jazzistas, principalmente na forma com que trata os sopros. Mas ele também parece estar bem ciente de sua própria herança cultural na forma como concebe seus trabalhos.

Makamsiz é seu primeiro CD gravado e todas as cinco peças aqui apresentadas são registros ao vivo de excelentes grupos holandeses.

Pesquisa rápida entremeada de nossa obtusa curadoria: Four Folk Songs from Anatólia é baseado em canções tradicionais daquela região da Turquia (ufa, essa foi fácil). Zeybek parece ser uma de dança popular tocada por duas zurnas (instrumento de sopro) e um davul (percussão tocada dos dois lados por duas baquetas totalmente diferentes). Makamsiz desenvolve-se livremente sobre tema nenhum. É a melhor peça do CD. As recorrentes passagens em uníssono dão-lhe um sabor muito particular que deve ser turco… Saz Semaisi No 1 e Quotations fazem certamente referência ao passado — talvez século XIX. São de inspiração mais antiga, quem sabe otomana.

A música tem dessas coisas. A gente põe os fones nos ouvidos e caminha até o trabalho em outro mundo, tudo no espaço de uma hora. Gosta muito do que ouve, sente a intenção do compositor, mas fica sem o contexto. Chega ao trabalho, escreve rapidamente o post e quer terminar logo para não passar mais vergonha com sua ignorância.

Evrim Demirel (1977): Makamsiz

01- Four Folksongs From Anatolia (Atlas Ensemble)
02- Zeybek (Asko Ensemble)
03- Makamsiz (Ziggurat Ensemble)
04- Saz Semaisi No 1 (Schoenberg Ensemble)
05- Quotations (Doelen Ensemble)

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Ele mesmo, Evrim Demirel
Ele mesmo, Evrim Demirel

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J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado, Livro II

J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado, Livro II

A fotografia abaixo não faz justiça ao excelente Jenő Jandó. Mas vamos a um pouco de curadoria. O Cravo Bem Temperado (no original alemão: Das wohltemperierte Klavier) é uma coleção de música para teclado solo, composta por Johann Sebastian Bach. Ele inicialmente escreveu 24 prelúdios e fugas tendo por base os 24 tons (12 maiores mais 12 menores) em 1722, “para o proveito e uso dos jovens músicos desejosos de aprender e, especialmente, para o entretenimento daqueles já experientes com esse estudo”. Mais tarde, em 1744, Bach escreveu compilou um segundo livro com mais 24 de prelúdios e fugas (seguindo o mesmo esquema de composição tonal do primeiro). Desta vez, chamou-os de “Vinte e quatro Prelúdios e Fugas”. Atualmente, os dois volumes são conhecidos e citados como Livro I e Livro II do “O Cravo Bem Temperado”.

O primeiro livro foi compilado durante o período de Bach em Köthen; o segundo livro veio 22 anos depois, quando já em Leipzig. Ambos foram amplamente divulgados na forma manuscrita, mas cópias impressas não foram feitas senão em 1801. O estilo barroco de Bach caiu em desuso por parte do grande público e passou de moda por volta da data da sua morte (1750), dando lugar à música do início do período clássico (que não possuía nem a complexidade contrapontística, nem a variedade de tonalidades e harmonias aplicadas por Bach). Contudo, entre os compositores e músicos, nunca deixou de servir como uma obra paradigmática e de estudo obrigatório. No auge do estilo Clássico (cerca de 1770) O Cravo Bem Temperado foi estudado detalhadamente por compositores como Haydn e Mozart, influenciando, assim, as suas formas de composição, e, consequentemente, toda a história da música. Segundo Howard Goodall, “a publicação de O Cravo bem Temperado de Bach, em 1722, é um dos marcos da história da música europeia. Mesmo durante a vida de Bach, a sua influência foi rápida e dramática, mais tarde, tanto Mozart como Beethoven pagaram tributo ao brilhantismo e à importância da coleção”.

O PQP Bach tem outras gravações do Cravo Bem Temperado: a melhor de todas, uma excelente, uma gravada por deus, mas que tem apenas o Livro I e uma consistente. Há outras, claro. Já postamos Gould, etc. Mas as citadas acima são as que têm links ativos atualmente. Sirvam-se.

J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado, Livro II

Disc 1
1. No. 1 in C Major, BWV 870 00:04:10
2. No. 2 in C Minor, BWV 871 00:04:13
3. No. 3 in C – Sharp Major, BWV 872 00:03:46
4. No. 4 in C – Sharp Minor, BWV 873 00:06:25
5. No. 5 in D Major, BWV 874 00:07:52
6. No. 6 in D Minor, BWV 875 00:03:36
7. No. 7 in E – Flat Major, BWV 876 00:04:28
8. No. 8 in D – Sharp Minor, BWV 877 00:07:17
9. No. 9 in E Major, BWV 878 00:07:18
10. No. 10 in E Minor, BWV 879 00:07:23
11. No. 11 in F Major, BWV 880 00:04:43
12. No. 12 in F Minor, BWV 881 00:05:47

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Disc 2
1. No. 13 in F – Sharp Major, BWV 882 00:05:01
2. No. 14 in F – Sharp Minor, BWV 883 00:08:34
3. No. 15 in G Major, BWV 884 00:03:47
4. No. 16 in G Minor, BWV 885 00:05:52
5. No. 17 in A – Flat Major, BWV 886 00:05:34
6. No. 18 in G – Sharp Minor, BWV 887 00:08:31
7. No. 19 in A Major, BWV 888 00:02:48
8. No. 20 in A Minor, BWV 889 00:07:37
9. No. 21 in B – Flat Major, BWV 890 00:09:16
10. No. 22 in B – Flat Minor, BWV 891 00:07:48
11. No. 23 in B Major, BWV 892 00:05:44
12. No. 24 in B Minor, BWV 893 00:04:27

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Jenő Jandó, piano

Bach2

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J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado, Livro I

J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado, Livro I

Nada como caminhar para o trabalho tendo O Cravo Bem Temperado nos fones de ouvidos. O mundo fica mais equilibrado, adquire novo ritmo, as bundas das mulheres ficam com formatos interessantes, os seios balouçantes nos chegam em novos ritmos e fica fácil imaginá-los em câmera lenta, vindo em ondas. O sol brilha mais, o trânsito passa a ser mais um jogo e nossa alma se enche de tranquilidade e beleza. Nada de nervosismo, estresse ou ansiedade, mesmo que se saiba das necessidades do dia. A gravação do húngaro Jenő Jandó é realmente muito clara e boa. Como aquela loira de calça jeans e blusa gloriosamente justa. Adorei.

J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado, Livro I

Disc 1
1. No. 1 in C Major, BWV 846 00:04:22
2. No. 2 in C Minor, BWV 847 00:02:57
3. No. 3 in C – Sharp Major, BWV 848 00:03:31
4. No. 4 in C – Sharp Minor, BWV 849 00:07:29
5. No. 5 in D Major, BWV 850 00:02:59
6. No. 6 in D Minor, BWV 851 00:03:14
7. No. 7 in E – Flat Major, BWV 852 00:06:26
8. No. 8 in E – Flat Minor / D – Sharp Minor, BWV 853 00:08:25
9. No. 9 in E Major, BWV 854 00:02:35
10. No. 10 in E Minor, BWV 855 00:03:42
11. No. 11 in F Major, BWV 856 00:02:12
12. No. 12 in F Minor, BWV 857 00:07:07

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Disc 2
1. No. 13 in F – Sharp Major, BWV 858 00:03:49
2. No. 14 in F – Sharp Minor, BWV 859 00:03:31
3. No. 15 in G Major, BWV 860 00:03:38
4. No. 16 in G Minor, BWV 861 00:03:26
5. No. 17 in A – Flat Major, BWV 862 00:03:47
6. No. 18 in G – Sharp Minor, BWV 863 00:04:25
7. No. 19 in A Major, BWV 864 00:03:31
8. No. 20 in A Minor, BWV 865 00:06:10
9. No. 21 in B – Flat Major, BWV 866 00:03:14
10. No. 22 in B – Flat Minor, BWV 857 00:05:13
11. No. 23 in B Major, BWV 868 00:03:14
12. No. 24 in B Minor, BWV 869 00:11:36

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Jenő Jandó, piano

Bach01

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Notas de Francisco Marshall e Milton Ribeiro sobre o dia de hoje, data em que JS Bach completa 331 anos

Notas de Francisco Marshall e Milton Ribeiro sobre o dia de hoje, data em que JS Bach completa 331 anos

A de Francisco Marshall:

Aniversário do papai Bach (21/03/1685), grande farol da humanidade, encanto e desafio, fonte inexaurível, pai e professor grandioso, pesquisador e trabalhador infatigável, forma máxima da inteligência musical, amigo do telúrico e do inefável, entre nosso corpo e as estrelas.

De todos os retratos que conheço, prefiro estes de Johannes Heisig (2004/5), que estão na Bach Haus, em Eisenach. Eles revelam um pouco melhor o Bach dionisíaco, antídoto para as imagens tradicionais, demasiado austeras. Bach era muito divertido, e notável cervejeiro. Sua música contém também muito humor e espírito lúdico.

Bach Retrato Marshall 1

Bach Retrato Marshall 2

E a nota de Milton Ribeiro pode ser acessada aqui.

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Música para Fogos de Artifício / Música Aquática

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Música para Fogos de Artifício / Música Aquática

Vou pegando os discos totalmente sem ordem ou programação. Então, é pura coincidência esse monte de Músicas Aquáticas nas quais estou afogando vocês. E esta é mais uma bela gravação de uma das principais obras de GFH. Com instrumentos modernos e linda concepção, a Orpheus marca seu território com competência e categoria. A Orpheus Chamber Orchestra é um tremendo conjunto baseado na cidade de Nova Iorque. Fundada em 1972, é das melhores coisas que há em termos de orquestra de câmara. Se eles passarem perto de você, trate de ouvi-los. O grupo é bastante conhecido por se apresentar sem regente e por suas interpretações de compositores do século XIX. Todo mundo fica de olho na ponta do arco do spalla Guillermo Figueroa, que teve passagem rápida pelo Emerson String Quartet nos anos 70. Tudo coisa fina.

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Música para Fogos de Artifício / Música Aquática

Feuerwerkmusik HWV 351
1 Ouverture (Adagio) – Allegro – Lentement – Allegro Da Capo 7:22
2 Bourrée 1:15
3 La Paix. Largo Alla Siciliana 2:55
4 La Réjouissance. Allegro 3:06
5 Menuet I 1:34
6 Menuet II 2:22

Wassermusik Suite In F-dur HWV 348
7 Ouverture 3:12
8 Adagio E Staccato 1:49
9 Allegro 2:23
10 Andante 2:11
11 Da Capo 2:25
12 Presto 3:22
13 Air. Presto 3:26
14 Minuet 2:33
15 Bourrée. Presto 1:38
16 Hornpipe 2:17
17 (Without Indication) 2:53

Suite In G-dur HWV 350
18 (Without Indication) 2:50
19 Rigaudon. – (Without Indication) – Presto Da Capo 2:28
20 Menuet – (Without Indication) – Da Capo 3:34
21 (Without Indication) – (Without Indication) – Da Capo 1:22

Suite In D-dur HWV 349
22 Allegro 1:52
23 Alla Hornpipe 2:42
24 Minuet 1:01
25 Lentement 1:37
26 Bourrée 1:10

Orpheus Chamber Orchestra
Guillermo Figueroa

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Eu não tinha mandado pintar a porra daquela parede?
Orpheus, não tinha nenhum regente para mandar pintar a porra daquela parede?

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W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nros. 26 e 23

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nros. 26 e 23

Meu pai amava os Concerto para Piano de Mozart. Era difícil passar uma semana sem uma longa sessão deles em nossa casa. Então, conheço todos os movimentos de todos, mas confundo a ordem deles e  fico meio maluco tentando reconhecer cada um deles. Ele certamente adoraria este CD onde Gulda e Harnoncourt dão um banho de competência.

Herbert von Karajan fez de tudo para prejudicar a carreira de Harnoncourt. E o motivo foi Mozart. Harnoncourt foi violoncelista da orquestra de Viena entre 1952 e 1969 e frequentemente dirigido por Karajan. Quando saíram as primeiras gravações de Harnoncourt dirigindo Bach, HvK ficou puto em razão das boas críticas recebidas, coisa anormal para ele, que era apenas um sucesso de público. HvK falava mal de NH e o perseguia. E Mozart foi decisivo. O primeiro concerto de NH na Áustria como chefe de orquestra aconteceu graças à Semana Mozart organizada pela Fundação Mozarteum de Salzburgo. Ele liderou o Concertgebouw de Amsterdam em 1980. Aquilo foi demais para Karajan. No dia 11 de março deste ano, a direção do Festival de Salzburgo fez uma revelação surpreendente. Disse que a vergonhosa ausência de NH de seu Festival dera-se por uma exigência de Herbert von Karajan. Ele não queria ver Harnoncourt por lá. E o mau caráter venceu a briga, fato que envergonha até hoje a entidade. Hoje, Karajan está esquecido e Harnoncourt é considerado um dos três mais importantes chefes de orquestra modernos, ao lado de Furtwangler e Mahler.

W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nros. 26 e 23

Konzert Für Klavier Und Orchester Nr.26 D-Dur KV 537 Krönungskonzert
1 Allegro 15:14
2 (Larghetto) 6:28
3 (Allegretto) 11:16

Konzert Für Klavier Und Orchester Nr.23 A-Dur KV 488
4 Allegro 11:38
5 Adagio 6:24
6 Allegro Assai 7:56

Friedrich Gulda, piano
Concertgebouw Orchestra
Nikolaus Harnoncourt

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O bom, o mau e o festival
O bom, o mau e o festival

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Giovanni Maria Legrenzi (1626-1690): La Morte Del Cor Penitente

Giovanni Maria Legrenzi (1626-1690): La Morte Del Cor Penitente

Bom disco para quem gosta do sacro barroco. Nada excepcional, pero cumpridor. A confusão entre os Legrenzi é grande, mas no disco diz que a obra é de Giovanni Maria e não de Giovanni Battista. A Wikipedia só serve para confundir…

Giovanni Maria Legrenzi (1626-1690), compositor e maestro de San Marco, em Veneza, foi elogiado por seus contemporâneos como “verdadeira fonte de música e oráculo vivo de harmonia”. Ele se atrevia a ignorar as leis de composição em favor da graça e do charme. Ele compôs óperas e oratórios, além de obras instrumentais. Dos oito oratórios conhecidos Legrenzi apenas três obras completas foram preservados. La Morte del cor penitente foi provavelmente escrito em 1671 para a igreja de Veneza Santa Maria della Consolazione, onde Legrenzi foi maestro entre os anos de 1670 e 1690. No período da Contra-Reforma, havia um tema recorrente naquelas almas perturbadas: a do caminho espiritual do pecador que, através do arrependimento, poderia e deveria  corrigir seus erros perante Deus na tentativa de recuperar a honra perdida. O autor do texto evoca esta viagem em muitas imagens poéticas para as quais Legrenzi compôs  uma sucessão de árias, duetos e recitativos.

Giovanni Legrenzi (1626-1690): La Morte Del Cor Penitente

1. La morte del cor penitente: Part I: Sinfonia 1:54
2. La morte del cor penitente: Part I: Lumi dolenti lumi aprite il varco al pianto (Sinner) 2:27
3. La morte del cor penitente: Part I: Sommergete dell’Alma l’orgoglio (Sinner) 1:02
4. La morte del cor penitente: Part I: Care amate pupille versate, stillate (Sinner) 4:03
5. La morte del cor penitente: Part I: E pur non piangi, o core? (Sinner) 2:50
6. La morte del cor penitente: Part I: Pianga si, si, che del fallir passato (Penitence, Sinner) 2:48
7. La morte del cor penitente: Part I: Clementissimo Cielo, ancor si sebra la su pieta verso un indegno? (Sinner, Penitence) 2:57
8. La morte del cor penitente: Part I: Dillo tu, Cor delirante, dillo tu chi t’inganno? (Sinner, Penitence) 2:56
9. La morte del cor penitente: Part I: Deh senti Misero quanto sei fragile (Penitence, Sinner)0:59
10. La morte del cor penitente: Part I: Piacer ti rifiuto t’abborro, ti fuggo (Sinner)0:46
11. La morte del cor penitente: Part I: Su spiriti pentiti pensieri contriti (Penitence) 1:12
12. La morte del cor penitente: Part I: Non si pensi, ch’a languir, ch’a morir (Sinner) 1:14
13. La morte del cor penitente: Part I: No no tempra il furor, al Ciel clemente basta il voto del Cor, pago e del zelo (Hope, Sinner) 2:42
14. La morte del cor penitente: Part I: Se sperar’il Cor non sa (Hope, Sinner) 1:03
15. La morte del cor penitente: Part I: Se la speme, ch’e stella constante (Hope, Sinner) 1:41
16. La morte del cor penitente: Part I: Vogli pur’ altrove il passo dolce speme (Sinner, Hope) 2:14
17. La morte del cor penitente: Part I: Se del duol, e non d’amore (Sinner, Hope) 1:09
18. La morte del cor penitente: Part I: Vanne pur senza amor, e senza speme (Hope, Sinner, Penitence) 1:07
19. La morte del cor penitente: Part I: Se dal duol non resti preso vano Cor, e non t’affretti (Penitence, Sinner) 1:18
20. La morte del cor penitente: Part I: Parta pur la speranza, e resti il duolo (Sinner) 1:26
21. La morte del cor penitente: Part I: Or va, Figlio constante (Penitence, Sinner) 3:59
22. La morte del cor penitente: Part I: Non si pensi ch’a penar s’apra scola nel mio petto (Sinner) 1:13
23. La morte del cor penitente: Part I: Porta ancor nel ferire (Madrigale a 5) 2:07
24. La morte del cor penitente: Part II: Sinfonia 1:02
25. La morte del cor penitente: Part II: Coltello di dolore su traffiggimi il core (Sinner)0:49
26. La morte del cor penitente: Part II: Care pene, dolci affanni siete amabili tiranni (Sinner) 5:03
27. La morte del cor penitente: Part II: Siam qui pronte (Chorus of Retribution, Sinner) 1:31
28. La morte del cor penitente: Part II: Su su si mandino sospiri, e gemiti (1 Punishment, Sin)0:48
29. La morte del cor penitente: Part II: Si si dal dolore l’indegno arrogante (Chorus of Retribution)0:28
30. La morte del cor penitente: Part II: Su su si destino angoscie orribili (1 Punishment, Sinner)0:57
31. La morte del cor penitente: Part II: Non piu s’accendano faci al goder (1 Punishment, Sinner) 1:11
32. La morte del cor penitente: Part II: Si si dal dolore l’indegno arrogante (Chorus of Retribution)0:29
33. La morte del cor penitente: Part II: Gia gia da un’improviso turbine procelloso (Sinner) 1:39
34. La morte del cor penitente: Part II: Venite Alme dolenti, venite a lagrimar (Sinner) 3:34
35. La morte del cor penitente: Part II: Cara morte di dolore che uccidento porgi vita (Sinner) 1:48
36. La morte del cor penitente: Part II: Hor non ti vantar piu Divino Amore (All) 1:45

Mario Cecchetti, tenore
Roberta Invernizzi, soprano
Elisabetta de Mircovich, soprano
Paolo Costa, alto
Marco Beasley, tenore
Sergio Foresti, basso

Sonatori de la Gioiosa Marca

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Giovanni Maria Legrenzi, penso.

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Muito obrigado, Nikolaus Harnoncourt

Muito obrigado, Nikolaus Harnoncourt

maestroharnoncourtRetirado do blog de Milton Ribeiro

Poucas vezes eu fico triste quando um sujeito muito produtivo morre aos 86 anos. Teve longa vida, fez muito, foi reconhecido, morreu. Foi assim com Eco. Mas lamentei muitíssimo a morte de Nikolaus Harnoncourt (1929 – 2016) no último sábado. Conheci-o de forma contrária à maioria. Primeiro, li seus livros O Discurso dos Sons e O Diálogo Musical, depois fui ouvir seus discos, como por exemplo, a integral de Cantatas de Bach que ele gravou em parceria com Gustav Leonhardt. O incrível é que o músico era ainda maior do que o autor que me ensinara tanta coisa. A leitura de seus livros abriu minha cabeça para muita música que desprezava por limitação ou preconceito. Ele mudou totalmente minha forma de ouvir música, deu sentido a muita coisa que me parecia arbitrária. Suas explicações sobre a grandeza da Bach são absolutamente convincentes e brilhantes.

https://youtu.be/Vr5cKdC3v3E

Antes de se tornar maestro, foi excelente violoncelista. As gravações demonstram. Sua integral das Suítes para Violoncelo Solo de Bach são magníficas. Foi pioneiro na música historicamente informada, mas não era intolerante como alguns que não aceitam que cada época dê sua versão de um autor. Só que ele, Harnoncourt, preferia a recriação rigorosa daquilo que o compositor compôs e fora ouvido pelo próprio. Ele também trouxe à tona um repertório riquíssimo de compositores negligenciados, talvez pela preguiça dos intérpretes. Investiu sobre o classicismo e o romantismo, dirigindo orquestras como a Filarmônica de Berlim e a de Viena, a Ópera de Viena, a Orquestra de Câmara da Europa, o Concertgebouw de Amsterdã, entre muitos outros. Mas sua existência sempre ficará associada à orquestra que fundou em 1953 e com quem mais gravou: o Concentus Musicus Wien.

Alguns engoliam com dificuldade suas interpretações históricas, outros não suportavam suas decisões estilísticas. Mas a abordagem histórica de Harnoncourt às sinfonias de Beethoven abriu os ouvidos e corações do grande público. Sua influência foi sentida em toda a Europa. Na área da música de concerto, foi o mais importante músico dos últimos 50 anos.

Os depoimentos são inequívocos. Todos amavam Harnoncourt no invejoso e complicado mundo musical. Norman Lebrecht diz que poucas vezes conheceu uma pessoa mais benigna. Quando se conheceram, Harnoncourt apontou um pequeno erro no livro de Lebracht The Maestro Myth. Segundo Lebrecht, aquilo foi dito com tal simplicidade e interesse que não parecia vir de um músico. E o maestro respondia a seus próprios triunfos com humildade e indiferença. Apenas encolhia os ombros e sorria. Achava estranho que o chamassem de maestro. Nos ensaios, era muito sério, focado, recusando-se a deixar passar um trecho antes de ficar satisfeito com ele.

Foi um idealista e como concordo com ele! Queria e queria que as pessoas tivessem acesso à música. Não dar acesso à música era um erro completo de educação. E, como brasileiro consciente de nosso IDH rasante, falo simplesmente em dar acesso, em dar contato. Já faria uma enorme diferença na vida de muita gente. Ninguém vai descobrir na primeira audição todo o ódio de Shostakovich por Stalin contido em sua 10ª Sinfonia, mas, tocado de alguma forma, poderia adquirir vivência com uma das formas mais sofisticadas e inteligentes de arte. Dar acesso, simples assim. Como diz Harnoncourt no vídeo abaixo:

Muito obrigado pela de lições, Nikolaus Harnoncourt. Foste um enorme e compreensivo mestre!

.oOo.

Es ist vollbracht significa Está consumado. A regência é de Nikolaus Harnoncourt, a orquestra é o Concentus Musicus Wien, o solista de gamba é Christophe Coin, o coro — que se ergue mais não canta… — é o Tölzer Knabenchor e o menino é o desconhecido, genial e efêmero (refiro-me à voz, claro) Panito Iconomou. Ah, quem me apresentou a gravação foi o Gilberto Agostinho. É inacreditável.

Heinrich von Herzogenberg (1843-1900): Organ Works

Heinrich von Herzogenberg (1843-1900): Organ Works

Sempre ouvindo seus fãs, perscrutando seus desejos e mais profundas aspirações, descobrimos que grande parte dos pequepianos acordavam diariamente e iam pressurosos ao blog na expectativa de encontrar nele alguma obra de Herzogenberg. Hoje, atendemos a seus muitos e mudos pedidos. O grande Herzogenberg foi aluno de Brahms e casou-se com Elisabet von Stockhausen, avó do célebre compositor alemão do século XX, fato que não conseguimos confirmar até o fechamento desta edição.

Ele é considerado um epígono de Brahms, mas estas peças não têm nada a ver com o amante de Clara Schumann e sim como uma religiosidade bisonha, quiçá bovina. Não que a música seja ruim, é que ela nos remete ao luteranismo de Bach e não ao de alguém que viveu até 1900. O deus de Herzogenberg era um amigo imaginário muito antigo e suas peças se dobram a esta concepção infantil. Mas dá para ouvir, claro. Eu curti.

Heinrich von Herzogenberg (1843-1900): Organ Works

01. Choral: Ach Gott vom Himmel sieh darein Op.67 5:30
02. Choral: Meinen Jesum lass ich nicht Op.67 2:54
03. Choral: Es ist genug Op.67 1:58
04. Choralfantasie: Nun komm der Heiden Heiland Op.39 12:40
05. Choral: Aus tiefer Not schrei ich zu dir Op.67 4:01
06. Choral: Erschienen ist der herrlich Tag Op.67 1:56
07. Choral: Komm her zu mir, spricht Gottes Sohn Op.67 3:36
08. Choralfantasie: Nun danket alle Gott Op.46 13:39

Lothar Knappe, plays the Oberlinger organ Dominikanerkirche
St. Paulus, Berlin

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O aguardado Herzogenberg.
O aguardado Herzogenberg.

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Frescobaldi, Marcello, Bach, Händel, D’Hervelois, Rheinberger, Saint-Saëns: Peças para Violoncelo e Órgão

Frescobaldi, Marcello, Bach, Händel, D’Hervelois, Rheinberger, Saint-Saëns: Peças para Violoncelo e Órgão

Este CD é uma coletânea de peças transcritas para uma inusitada dupla de violoncelo e órgão, Se o violoncelista fosse outro que não Rostropovich, daria para cravar que seria uma porcaria, mas o russo toca tanto que a gente vai engolindo gatinho por gatinho (*). Rostrô não é um especialista em barroco e, por exemplo, sua versão das Suítes de Bach é bem insatisfatória. Creio que o repertório deste CD — cheio de barrocos — não o favorece em nada, mas ele dá conta do recado, mesmo que a gente tenha vontade de rir em alguns momentos de abordagem por demais russorromântica. Recomendo usar com moderação.

(*) Lembram aquelas seleções de clássicos dos anos 70 e 80 que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Handel podia vir antes de Rhapsody in Blue, a qual era seguida da Abertura 1812, por exemplo. Salada semelhante é a deste CD. Aqui só têm gatinhos, óin… O apelido “Disco de Gatinhos” ou “Concerto de Gatinhos” é de autoria do Júlio e da D. Cristina lá da King`s Discos, esplêndida loja que ficava na Galeria Chaves. Eles não gostavam muito daquelas seleções… Nem eu.

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Frescobaldi, Marcello, Bach, Handel, D’Hervelois, Rheinberger, Saint-Saëns: Peças para Violoncelo e Órgão

1 –Girolamo Frescobaldi Toccata
Arranged By – Gaspar Cassadó
Composed By – Girolamo Frescobaldi
Organ – Herbert Tachezi 4:44
2 –Alessandro Marcello Adagio, BWV 974
Arranged By – Johann Sebastian Bach
Composed By – Alessandro Marcello
Organ – Herbert Tachezi 5:05
–Johann Sebastian Bach 3 Chorale Preludes
Arranged By – Zoltán Kodály
Composed By – Johann Sebastian Bach
Organ – Herbert Tachezi
3 – I. Ach, Was Ist Doch Unser Leben, BWV 743 5:14
4 – II. Vater Unser Im Himmelreich, BWV 762 4:12
5 – III. Christus, Der Uns Selig Macht, BWV 747 5:12

6 –Georg Friedrich Händel Aria
Arranged By – Grigori Pekker
Composed By – Georg Friedrich Händel
Organ – Herbert Tachezi 3:41
7 –Johann Sebastian Bach Toccata, Adagio & Fugue In C Major, BWV 564: Adagio
Arranged By – Alexander Siloti
Composed By – Johann Sebastian Bach
Organ – Herbert Tachezi 4:00
–Louis De Caix D’Hervelois Portraits De Jeunes Filles De La France D’Autrefois / Portraits Of Young Ladies From Old France
Arranged By – Folkmar Längin
Composed By – Louis De Caix D’Hervelois
Harpsichord – Herbert Tachezi
8 – I. La Florentine 4:40
9 – II. La Provençale 2:04
10 – III. La Lionnoise 2:24
11 – IV. La Bavaroise 1:35
12 – V. La Russienne 1:37
13 – VI. La Siciliene 1:55
14 – VII. La Milaneze 2:05
–Joseph Rheinberger* 3 Pieces (arr. From 6 Stucke Für Violine Und Orgel, Op.150)
Composed By – Joseph Rheinberger*
Organ – Herbert Tachezi
15 – I Abendlied 4:13
16 – II Pastorale 3:42
17 – III Elegie 4:07
18 –Camille Saint-Saëns Prière, Op.158
Composed By – Camille Saint-Saëns
Organ – Herbert Tachezi 5:29

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De um disco de gatinhos, saiu um cachorrinho
De um disco de gatinhos, saiu um cachorrinho, au, au.

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Ravel (1875-1937): Concerto para piano e orquestra para mão esquerda e La Valse, Liszt (1811-1886): Totentanz para piano e Orchestra e Rachmaninov (1873-1943): Danças Sinfônicas, Op. 45

Ravel (1875-1937): Concerto para piano e orquestra para mão esquerda e La Valse, Liszt (1811-1886): Totentanz para piano e Orchestra e Rachmaninov (1873-1943): Danças Sinfônicas, Op. 45

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um CD pirata da melhor qualidade, certamente gravado a partir de uma transmissão radiofônica. São obras agitadas da conturbada primeira metade do século XX — e como Liszt coube bem nelas! O Concerto para Mão Esquerda é a comprovação do contato de Ravel com uma época terrível para a Europa. Ele foi composto, quase como um desafio, para o eminente pianista austríaco Paul Wittgenstein, que tinha perdido o braço direito num combate da Primeira Guerra Mundial e cuja carreira parecia terminada. Contudo, Wittgenstein, com enorme coragem, recusou conformar-se com o fato, e escreveu a vários compositores, pedindo-lhes que escrevessem músicas que ele pudesse tocar apenas com a mão esquerda. Ravel achava-se ocupado com a composição de o Concerto para piano em sol maior. Contudo, movido, pelo apelo, e cedendo ao seu amor inato pela experimentação e pelo incomum, Ravel enfrentou a prova técnica. Sem suspender a composição do outro concerto, atirou-se ao trabalho a fim de escrever algo que pudesse atender às necessidades do pianista tão gravemente sacrificado. O resultado foi excelente e muitos pianistas até hoje deixam o braço direito descansar para interpretar a admirável obra.

Mas o restante da gravação também é extraordinária.

A dupla Thibaudet e Dutoit esmerilham neste CD pirata.
A dupla Dutoit e Thibaudet esmerilham neste CD pirata.

Ravel (1875-1937): Concerto para piano e orquestra para mão esquerda e La Valse, Liszt (1811-1886): Totentanz para piano e Orchestra e Rachmaninov (1873-1943): Danças Sinfônicas, Op. 45

Maurice Ravel (1875-1937) – Concerto para piano e orquestra em D (para “mão esquerda”)
01. Lento
02. Allegro
03. Tempo I

Franz Liszt (1811-1886) – Totentanz para piano e Orchestra
04. Totentanz para piano e Orchestra

Sergei Rachmaninov (1873-1943) – Danças Sinfônicas, Op. 45
05. Non allegro
06. Andante con moto (Tempo di valse)
07. Lento assai – Allegro vivace

Maurice Ravel (1875-1937) – La Valse
08. La Valse

Chicago Symphony Orchestra
Charles Dutoit, regente
Jean-Yves Thibaudet, piano

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Ravel equilibrando-se entre a cinza do cigarro e as notas.
Ravel equilibrando-se entre a cinza do cigarro e as notas.

PQP