Os irmãos Renaud e Gautier Capuçon e mais o pianista Frank Braley estão há tempo estabelecidos como parceiros de música de câmara. Aqui, eles tocam dois dos maiores trios para piano de Beethoven, o ‘Ghost’ e o ‘Arquiduque’. “Juntos, os três músicos têm a qualidade mais valiosa de todas na música de câmara”, escreveu The Guardian quando os Capuçons e Braley tocaram o ‘Arquiduque’ no Wigmore Hall: “eles ouvem atentamente um ao outro”. O relato que jornal dá da interpretação é que o Trio tinha um tremendo senso de coerência orgânica. Não entendo muito bem a palavra orgânica, mas OK. O comumente chamado Trio Arquiduque foi dedicado ao Arquiduque Rudolph da Áustria, o caçula de doze filhos de Leopoldo II. Rudolf era um pianista amador e patrono, amigo e aluno de composição de Beethoven. Beethoven dedicou um total de catorze composições ao arquiduque, que em troca dedicou uma de sua autoria a Beethoven. Grande coisa… O trio finaliza o chamado “período intermediário” de Beethoven. Ele começou a compor no verão de 1810 e o completou em março de 1811. Depois deste Trio, tudo virou um vendaval maravilhoso. E moderno.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Trios “The Ghost” & “Archduke”
Piano Trio No. 5 in D Major, Op. 70 No. 1, “Ghost”:
1 I. Allegro vivace e con brio 6:52
2 II. Largo assai ed espressivo 9:52
3 III. Presto 8:17
Piano Trio No. 7 in B-Flat Major, Op. 97, “Archduke”:
4 I. Allegro moderato 13:08
5 II. Scherzo. Allegro 11:27
6 III. Andante cantabile ma però con moto 12:57
7 IV. Allegro moderato 7:11
Gautier Capuçon, violoncelo
Frank Braley, piano
Renaud Capuçon, violino
Finalizo mais uma integral, trazendo as três últimas Sonatas para Piano que Beethoven compôs, três petardos que não deixam pedra sobre pedra.
Alfred Brendel se aposentou há uns dez anos. Até hoje é um músico reverenciado, e curte sua velhice e sua fama ao lado de seus gatos, sim, ele é apaixonado por gatos. Até hoje suas gravações de Beethoven, tanto as de juventude quanto as de meia idade, são consideradas referências. Especializou-se principalmente nos compositores do Classicismo e do Romantismo, destacand0-se Mozart, Beethoven e Schubert.
1. Piano Sonata No.30 In E, Op.109-1. Vivace, Ma Non Troppo-Adagio Espressivo-Tempo I
2. Piano Sonata No.30 In E, Op.109-2. Prestissimo0
3. Piano Sonata No.30 In E, Op.109-3. Gesangvoll, Mit Innigster Empfindung (Andante Molto Cantabile Ed Espressivo)
4. Piano Sonata No.31 In A Flat, Op.110-1. Moderato Cantabile Molto Espressivo
5. Piano Sonata No.31 In A Flat, Op.110-2. Allegro Molto
6. Piano Sonata No.31 In A Flat, Op.110-3. Adagio Ma Non Troppo-Fuga (Allegro Ma Non Troppo)
7. Piano Sonata No.31 In A Flat, Op.110-4. Fuga (Allegro Ma Non Troppo)
8. Piano Sonata No.32 In C Minor, Op.111-1. Maestoso-Allegro Con Brio Ed Appassionato
9. Piano Sonata No.32 In C Minor, Op.111-2. Arietta (Adagio Molto Semplice E Cantabile)
Seguindo a praxe de restaurar parte de nosso acervo beethoveniano perdido nos colapsos dos Rapidshares da vida, alcanço-lhes três séries muito importantes, que estão entre as primeiras postagens dedicadas por nosso blog ao compositor, doze anos atrás. Para não as dessacrar, mantive as datas originais e limitei-me a acrescentar alguns alertas sobre seu estado agora ativo.
LUDWIG VAN BEETHOVEN (1770-1827)
CONCERTOS PARA PIANO E ORQUESTRA por MAURIZIO POLLINI com a BERLINER PHILHARMONIKER sob CLAUDIO ABBADO
Esta é uma gravação novíssima, lançada no dia 2 de abril de 2020. E olha… Já ouvi melhores. Achei a coisa meio grossa. Muita gente gritando num conjunto que às vezes parece não estar bem ajustado. Cheguei a desconfiar de mim como ouvinte. Afinal, adoro o violinista Christian Tetzlaff e sua irmã Tanja. A comprovação de minha impressão veio fácil. Logo em seguida, ouvi todos os últimos quartetos com o Ébène e depois com o Mosaïques e… Quanta diferença! Ali sim manda o estilo, ali manda Beethoven. Como já disse várias vezes, aqui no PQP costumamos estar no Olimpo das interpretações, quase nada é ruim. O Tetzlaff Quartett é extraordinário, claro — se eles dessem um Concerto em Porto Alegre eu correria a vê-los –, mas, creiam, suas interpretações destas super peças do melhor repertório de todos os tempos têm adversários bem superiores. Fazer o quê?
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 13 e 15 (Op. 132 e 130) / Grande Fuga Op. 133
Beethoven: String Quartet No. 15 in A minor, Op. 132 42:36
I. Assai sostenuto – Allegro 9:18
II. Allegro ma non tanto 8:42
III. Molto adagio 15:55
IV. Alla marcia, assai vivace 2:09
V. Allegro appassionato 6:32
Beethoven: String Quartet No. 13 in B flat major, Op. 130 29:38
I. Adagio ma non troppo 12:45
II. Presto 2:03
III. Andante con moto ma non troppo 6:25
IV. Alla danza tedesca. Allegro assai 2:54
V. Cavatina. Adagio molto espressivo 5:31
Beethoven: Grosse Fuge in B flat major, Op. 133 14:33
Tetzlaff Quartett:
Christian Tetzlaff – first violin
Elisabeth Kufferath – second violin
Hanna Weinmeister – viola
Tanja Tetzlaff – cello
Li em algum lugar, depois alguém comentou aqui no PQPBach, que em determinado momento de sua carreira Alfred Brendel teria dado uma declaração dizendo que não iria executar mais a Sonata “Hammerklavier” ao vivo, frente a uma platéia, pois era uma obra de muito difícil execução, e quando a tocava ficava exausto, a obra exige muito do intérprete. E devido a idade já avançada, não iria mais encarar a empreitada.
Para um músico do nível de Brendel dizer isso é porque o negócio deve ser complicado mesmo. E nesta integral que ora vos trago, o registro é ao vivo. Aliás, diga-se de passagem, daqui até o final desta integral só tem pauleira. Junto com a ‘Hammerklavier’, também temos neste CD ‘Les Adieux”, outra obra prima de Beethoven.
089. Piano Sonata No.29 In B Flat, Op.106 -Hammerklavier-1. Allegro
090. Piano Sonata No.29 In B Flat, Op.106 -Hammerklavier-2. Scherzo (Assai Vivace-Presto-Prestissimo-Tempo I)
091. Piano Sonata No.29 In B Flat, Op.106 -Hammerklavier-3. Adagio Sostenuto
092. Piano Sonata No.29 In B Flat, Op.106 -Hammerklavier-4. Largo-Allegro Risoluto
093. Piano Sonata No.26 In E Flat, Op.81a -Les Adieux-1. Das Lebewohl (Adagio-Allegro)
094. Piano Sonata No.26 In E Flat, Op.81a -Les Adieux-2. Abwesendheit (Andante Espressivo)
095. Piano Sonata No.26 In E Flat, Op.81a -Les Adieux-3. Das Wiedersehn (Vivacissimamente)
Por mais que o amemos hoje, o concerto para violino de Ludwig foi recebido com frieza e logo esquecido. O fracasso da estreia, pelo que se conta, deveu-se a ensaios insuficientes por atrasos na cópia das partes da orquestra – entregues, para variar, na penúltima hora pelo compositor – e pela necessidade do primeiro solista, Franz Clement, de tocar quase todo o solo à primeira vista.
Apesar do desinteresse pela obra, que só teria sua grandeza reconhecida pelo empenho de Mendelssohn e Joseph Joachim, quarenta anos depois, esse estranho arranjo para piano que ouvirão a seguir foi publicado, alguns anos após o original, pela firma de Muzio Clementi em Londres. Clementi, que teve que visitar Viena várias vezes antes de enfim encontrar Beethoven, comprou do compositor os direitos da publicação inglesa de seus Opp. 58-62, e incluiu no pacote um arranjo do concerto para violino, com o pedido expresso de “algumas notas adicionais”, talvez porque achasse o original insosso por ter tão poucas.
Um tal arranjo, que não seria estranho a Johann Sebastian Bach, acostumado a verter para o teclado seus concertos para cordas solo, também não espantaria os contemporâneos de Ludwig, que viram concertos para violino de Viotti e Spohr transcritos para o piano por virtuoses como Dussek e Steibelt – este, famoso por perder um duelo de improvisação que, como veremos mais adiante nesta série, insensatamente aceitou fazer com Beethoven. Embora a edição inglesa indique que o arranjo foi feito pelo próprio compositor, há vigorosos indícios de que ele o delegou a terceiros, talvez a um aluno como Czerny ou Ries, limitando-se a revisá-lo e aprová-lo. Não tinha o menor interesse tanto pela obra quanto pela encomenda de Clementi, e também estava, para variar, atrasado na importante encomenda do príncipe Nikolaus Esterházy, que seria a Missa em Dó maior. No próprio manuscrito autógrafo do concerto para violino há anotações para partes da mão esquerda do solo, que talvez tenham servido como orientações do compositor para o arranjador.
Qualquer que seja a verdade acerca do autor, é certo que o arranjo foi feito com bastante pressa e algum desleixo: as partes da orquestra são idênticas ao original, a mão direita toca quase que exatamente a parte do violino solista, sem qualquer acorde, e não há qualquer solução minimamente satisfatória para emular as longas e sustentadas notas tão essenciais ao solo do original. O resultado é duma qualidade que achamos difícil até de mencionar na mesma frase que o sublime original, e que contrasta grosseiramente com as quatro cadenze que Beethoven – que não nos legou uma cadenza sequer para o violino – resolveu lhe escrever. Vigorosas, criativas e muito idiomáticas ao piano, elas são talvez o melhor motivo para escutarmos esse arranjo, particularmente aquela para piano e tímpanos, tão instigante que violinistas como Schneiderhan, Kremer e Kopatchinskaja a roubaram do piano e a transcreveram para seu instrumento.
Para apresentar-lhes o arranjo, que é ainda hoje negligenciado por público e intérpretes, pensei primeiramente em trazer uma de suas poucas gravações feitas por um pianista de primeira linha, aquela com Daniel Barenboim tocando e regendo a English Chamber Orchestra. Como ela já tinha sido aqui divulgada, encontrei uma alternativa que, coincidentemente, traz o sogro de Barenboim, o pianista russo Dmitri Bashkirov. Nascido na Geórgia, construiu uma considerável discografia na União Soviética, mas é hoje mais lembrado pelo trabalho como pedagogo em Moscou e Madrid. Sua gravação completa-se com um concerto de C. P. E. Bach – um mestre grandemente admirado por Beethoven, que certamente estudou seu clássico tratado Versuch über die wahre Art das Clavier zu spielen (“Ensaio sobre a verdadeira arte de tocar o teclado”) – que parece curiosamente próximo, apesar das décadas que os apartam, do bizarro híbrido que é o Op. 61a.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para piano e orquestra, Op. 61a Arranjo do próprio compositor de seu concerto para violino, Op. 61
Original composto em 1806 e publicado em 1808 Arranjo publicado em 1810
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghett0
3 – Rondo: Allegro
Carl Philipp Emanuel BACH (1714-1788)
Concerto em Dó menor, Wq. 43, no. 4
4 – Allegro assai
5 – Poco adagio
6 – Tempo di minuetto
7 – Allegro assai
Dmitri Bashkirov, piano
Orchestre de Chambre de Lausanne Péter Csaba, regência
Dois erros seguidos – no link e com a gravação – fizeram-me por esta postagem atrás de tapumes e republicá-la só depois de conferir várias vezes se tudo estava certo. Peço desculpas aos leitores-ouvintes, enquanto agradeço pela gentileza dos que souberam apontar os problemas com a civilidade que tanto apreciamos.
Juro que lhes queria trazer essa gravação para mostrar-lhes a tremenda musicalidade de Gidon Kremer a serviço do concerto de Beethoven na companhia dum conjunto quase camerístico, a Academy of St. Martin-in-the-Fields, sob o comando daquele que sempre deixa tudo melífluo e redondinho, o Neville Marriner. Só que a cadenza de Schnittke, esse fascinante espantalho, é meu verdadeiro, e ademais confesso motivo para trazer-lhes hoje Kremer e Marriner.
Nota-se, pelo incomum anúncio da cadenza tanto no título da postagem quanto na própria capa do CD, que ela não é tão só uma vinheta inserida para o virtuose demonstrar um tanto boçalmente suas malandragens. Essa nota de advertência, como se uma tarja preta fosse sobre entorpecentes, ou um tapa-sexo a cobrir as vergonhas do bom-gosto, a exercer marotamente o efeito contrário sobre aqueles atraídos por tudo que é maldito, tornou-se necessária pelo escândalo que ela causou, quando de sua primeira audição. À parte de algum interesse meio constrangido, devido mais à projeção de Schnittke como o mais conhecido compositor soviético pós-Shostakovich e como notório dissidente do regime que caminhava para o colapso, essa estranha criatura foi execrada, odiada e esculachada a ponto de “pichação!” ser uma das coisas mais gentis que se escreveu sobre ela. Encomendada ao compositor pelo próprio Kremer, foi aqui gravada uma vez e, salvo um que outro estrebucho ou gravação, abandonada ao oblívio.
A vida é curta, a Arte é longa e, ainda bem, aberta. O poliestilismo de Schnittke aqui está, cru e escarrado, sem dúvidas incongruente com a serenidade clássica do Beethoven que envolve suas cadenze, e recheada de citações explícitas de várias obras. Na minha desimportante opinião, ela comenta e transforma o concerto duma maneira sensacional, o que justifica a inclusão desta gravação em nosso repositório pequepiano. Se a odiarem, como ademais quase todo o resto do planeta, restar-lhes-á ao menos o passatempo de, ao passar o pente fino na pelagem da besta schnittkeana, identificar as obras citadas e mencioná-las nos comentários.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61 Composto em 1806 Publicado em 1808 Dedicado a Stephan von Breuning
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghett0
3 – Rondo: Allegro
Gidon Kremer, violino
Academy of St. Martin-in-the-Fields Neville Marriner, regência
Por um descuido, acabei esquecendo do terceiro volume desta caixa, então aqui está ele. E são exatamente as Sonatas de op. 10, vejam só. Ah, os registros destas gravações foram feitos ao vivo.
Bom proveito.
1. Piano Sonata No.5 In C Minor, Op.10 No.1-1. Allegro Molto E Con Brio
2. Piano Sonata No.5 In C Minor, Op.10 No.1-2. Adagio Molto
3. Piano Sonata No.5 In C Minor, Op.10 No.1-3. Finale (Prestissimo)
4. Piano Sonata No.6 In F, Op.10 No.2-1. Allegro0
5. Piano Sonata No.6 In F, Op.10 No.2-2. Allegretto
6. Piano Sonata No.6 In F, Op.10 No.2-3. Presto
7. Piano Sonata No.7 In D, Op.10 No.3-1. Presto
8. Piano Sonata No.7 In D, Op.10 No.3-2. Largo E Mesto
9. Piano Sonata No.7 In D, Op.10 No.3-3. Menuetto (Allegro)
10. Piano Sonata No.7 In D, Op.10 No.3-4. Rondo (Allegro)
O disco desta postagem não se cansa de me dar alegrias. Ao ouvi-lo não é difícil crer que Mozart sentia um grande prazer no convívio com outros músicos com os quais podia compartilhar sua imensa genialidade musical. Uma desta pessoas certamente foi Johann Christian Bach, o Bach de Londres. Os relatos de como os dois passavam tempo ao piano são bem conhecidos, tais como este deixado por Nannerl, irmã de Mozart:
“Herr Johann Christian Bach, music master of the queen, took Wolfgang between his knees. He would play a few measures; then Wolfgang would continue. In this manner they played entire sonatas. Unless you saw it with your own eyes, you would swear that just one person was playing.”
A própria Nannerl certamente era outra destas pessoas com quem o convívio musical era prazeroso. Foi para tocarem juntos que este concerto para dois pianos foi composto. A orquestração tem seus débitos para com a música de J. C. Bach, mas a alegria e maestria da parte para os solistas testemunham esta camaradagem e cumplicidade existente entre os irmãos. Esta cumplicidade e alegria foi devidamente revivida nesta linda gravação pelos dois pianistas noruegueses Håvard Gimse e Vebjørn Anvik.
Eu cheguei ao álbum seguindo a trilha do nome do violista Lars Anders Tomter, o qual eu conhecia por um lindo disco com sonatas para viola (ou clarinete) de Brahms. Foi então que me dei conta do nome da regente, Iona Brown. Ela foi uma violinista que fez carreira na orquestra de Neville Marriner, a Academy of St. Martin-in-the-Fields. Começou nas fileiras de violinos, chegou a primeiro violino e solista e também direção da orquestra.
Quem viveu a transição dos LPs para Cds deve lembrar-se da gravação dos Concerti Grossi, Op. 6, de Handel, pela Academy of St. Martin-in-the-Fields, surpreendentemente dirigida por outra pessoa que não fosse Neville Marriner.
Iona Brown assumiu a Orquestra de Câmera da Noruega em 1981 com grande sucesso. Este disco é uma boa prova disto. Esta gravação da Sinfonia Concertante, na qual ela atua como solista e também regente foi escolhida pela revista Gramophone com a melhor, em uma lista de fazer inveja… Veja aqui.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para dois pianos e orquestra em mi bemol maior, K 365
Allegro
Andante
Allegro
Sinfonia Concertante para violino, viola e orquestra em mi bemol maior, K 364
Veredito da Gramophone sobre a gravação da Sinfonia Concertante: Top Choice
Superbly matched soloists and lithe ensemble playing in a joyous performance mingling subtlety of detail with a natural Mozartian flow. The Andante is profoundly moving in its subtlety and restraint.
O sétimo CD traz a Sonata ‘Apassionata’, com certeza uma das favoritas de muita gente, inclusive deste que vos escreve. Ou seja, apreciem sem moderação.
E uma experiência muito interessante encarar uma integral destas sonatas, já cansamos de falar disso por aqui. Podemos não gostar de uma ou outra, mas o conjunto da obra é o que vale, não acham? Ninguém aqui é louco de admitir que o genial Beethoven nunca compôs bobagens sem nexo. Faz parte do próprio processo criativo de qualquer um. Inclusive de Beethoven.
Vamos lá, o tempo urge, e já estamos quase lá . Faltam apenas mais três CDs fora este
079. Piano Sonata No.25 In G, Op.79-1. Presto Alla Tedesca
080. Piano Sonata No.25 In G, Op.79-2. Andante
081. Piano Sonata No.25 In G, Op.79-3. Vivace
082. Piano Sonata No.24 In F Sharp, Op.78 For Therese-1. Adagio Cantabile-Allegro Ma Non Troppo
083. Piano Sonata No.24 In F Sharp, Op.78 For Therese-2. Allegro Vivace
084. Piano Sonata No.27 In E Minor, Op.90-1. Mit Lebhaftigkeit Und Durchaus Mit Empfindung Und Ausdruck
085. Piano Sonata No.27 In E Minor, Op.90-2. Nicht Zu Geschwind Und Sehr Singbar Vorgetragen
086. Beethoven Piano Sonata No.23 in F minor, Op.57 -Appassionata-1. Allegro assai
087. Piano Sonata No.23 In F Minor, Op.57 -Appassionata-2. Andante Con Moto
088. Piano Sonata No.23 In F Minor, Op.57 -Appassionata-3. Allegro Ma Non Troppo
Acho que foi o colega René Denom que falou que quando encontra uma integral das sonatas para Piano de Beethoven que ainda não conhece, começa ouvindo a ‘Sonata Waldstein’: se ele gostar daquela interpretação possivelmente gostará das outras. É seu parâmetro de análise. Eu diria que meu parâmetro seria a ‘Patétique’. Questão de gosto e de escolha pessoal. É como aquela discussão sobre qual disco você levaria para uma ilha deserta. Cada um faz uma lista pessoal.
Se eu levaria esta integral de Alfred Brendel? Ou o LP onde ouvi esta “Waldenstein” pela primeira vez? Como comentei em postagem anterior, Brendel foi fundamental na minha escolha de parâmetros, mas não diria que seja meu pianista favorito, outros nomes se destacariam, pelos mais diversos motivos que não cabe colocar aqui. Digamos que falo em nome do conjunto da obra.
Temos neste sétimo CD uma das melhores ‘Sonatas a Waldstein’ que já tive a oportunidade de ouvir, porém a mais ‘estranha’, principalmente em seu Rondó final. Ouçam e tirem suas conclusões.
Estamos entrando na reta final desta integral, e creio que neste CD temos alguns dos melhores momentos dela. Espero que apreciem. Eu gostei muito.
1. Piano Sonata No.21 In C, Op.53 -Waldstein-1. Allegro Con Bio
2. Piano Sonata No.21 In C, Op.53 -Waldstein-2. Introduzione (Adagio Molto)
3. Piano Sonata No.21 In C, Op.53 -Waldstein-3. Rondo (Allegretto Moderato-Prestissimo)
4. Piano Sonata No.22 In F, Op.54-1. In Tempo D’un Menuetto
5. Piano Sonata No.22 In F, Op.54-2. Allegretto
6. Piano Sonata No.28 In A, Op.101-1. Etwas Lebhaft Und Mit Der Innigsten Empfindung (Allegretto Ma Non Troppo)
7. Piano Sonata No.28 in A, Op.101-2. Lebhaft, marschmäßig (Vivace alla marcia)
8. Piano Sonata No.28 In A, Op.101-3. Langsam Und Sehnsuchtsvoll (Adagio Ma Non Troppo, Con Affetto)
9. Piano Sonata No.28 In A, Op.101-4. Geschwind, Doch Nicht Zu Sehr Und Mit Entschlossen- Heit (Allegro)
10. Andante Favori In F, WoO 57
Sim, mais uma gravação do concerto para violino – fazer o quê, se eu o amo tanto quanto aquele quarto concerto? Cresci ouvindo as maravilhosas gravações de Oistrakh, enquanto conhecia outras não menos belas, como as de Ferras, Menuhin e Stern. Quando chegou Heifetz, a concorrência pareceu liquidada, e eu quase perfurei o CD daquela gravação com Munch de tanto que a escutei. Com o tempo, percebi que não havia concorrência, e sim alternativas ao que propôs o maior de todos os violinistas, e me permiti apreciar outras versões: Kremer, Mintz, Mutter. Aí vi que a turma da interpretação historicamente informada tinha feito uma gravação, mas não conhecia o violinista e, por mais que gostasse de Frans Brüggen regendo Bach e tivesse sua “Die Schöpfung” de Haydn sem parar em meu toca-discos laser, tinha dificuldades de imaginá-lo a conduzir aquela peça que aprendera a ouvir nos andamentos frenéticos do ídolo Jascha. Só muito tempo depois, depois de descobrir a maestria de Brüggen como acompanhador e suas estimulantes leituras para as sinfonias de Beethoven, e de escutar os ótimos registros de Thomas Zehetmair nas sonatas e partitas de J. S. Bach, que enfim me permiti experimentar aquele Op. 61 que deixara por tanto tempo de lado, e…
O que lhes posso dizer foi que me senti um completo idiota por não a ter escutado antes. Chamá-la de impecável, apesar de ser verdade, seria apenas parte dela. Há a um só tempo um senso de concisão e uma serenidade que não consigo comparar a qualquer outra, um acompanhamento tão preciso que faz a Orchestra of the 18th Century soar não como um conjunto, mas sim como um colorido órgão, e uma precisão de entonação e de graça rítmica que fazem Zehetmair me ser inconfundível. Há brilho nas cadenze – outra vez adaptadas daquelas, anabólicas e com tímpanos, que Beethoven escreveu para o arranjo pianístico deste concerto – e vários achados, como a transição do Larghetto para o faceiro rondó final. Escutem-na e, depois, venham juntar-se ao coro a me chamar de completo idiota, de idiota completo.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Romance no. 2 para violino e orquestra em Fá maior, Op. 50 Composto em 1798 Publicado em 1805
1 – Adagio cantabile
Romance no. 1 para violino e orquestra em Sol maior, Op. 40 Composto em 1802 Publicado em 1803
2 – Adagio cantabile
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61 Composto em 1806 Publicado em 1808 Dedicado a Stephan von Breuning
3 – Allegro ma non troppo
4 – Larghett0
5 – Rondo: Allegro
Thomas Zehetmair, violino Orchestra of the 18th Century Frans Brüggen, regência
Que coisa mais linda esta série que finalizamos hoje! O Ébène fecha sua integral de quartetos de Beethoven com o maravilhoso Op. 132, aqui interpretado — surpreendentemente — com lentidão digna de Celibidache. Parece há uma competição entre os quartetos: quem toca o Molto Adagio mais lentamente? Acho que o Ébène tem a liderança provisória com mais de um minuto de vantagem. Beethoven escreveu este movimento depois de se recuperar de uma doença grave que ele temia ser fatal porque havia sofrido com uma desordem intestinal durante todo o inverno de 1824. Ele escreveu na partitura: “Heiliger Dankgesang eines Genesenen et die Gottheit, in der lydischen Tonart ” (“Canção sagrada de ação de graças de um convalescente à Deidade, no modo lídio”). Após ouvir este Op. 132 por mais de quarenta anos, ele permanece assustadoramente bonito para mim. Ainda sou fascinado por sua construção e ainda me emociono com a oração do terceiro movimento, mesmo sendo ateu. Seus cinco movimentos em conjunto só se tornam mais intrigantes com o tempo.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 3, Op. 18 e 15, Op. 132 (Ébène/Paris)
1 String Quartet No. 3 in D Major, Op. 18 No. 3: I. Allegro 7:40
2 String Quartet No. 3 in D Major, Op. 18 No. 3: II. Andante con moto 8:19
3 String Quartet No. 3 in D Major, Op. 18 No. 3: III. Allegro 2:51
4 String Quartet No. 3 in D Major, Op. 18 No. 3: IV. Presto 6:17
5 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: I. Assai sostenuto – Allegro 9:55
6 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: II. Allegro ma non tanto 8:35
7 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: III. Molto adagio 20:59
8 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: IV. Alla marcia, assai vivace 2:12
9 String Quartet No. 15 in A Minor, Op. 132: V. Finale (Allegro appassionato) 6:40
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
Estes tempos de Pandemia e de isolamento social que estamos vivendo estão ajudando a mudar alguns conceitos e costumes, dizem. Pode até ser, não aconteceu comigo, ainda. O uso da vírgula é intencional, pois ainda estamos no meio do burburinho. O futuro irá nos julgar.
1. Piano Sonata No. 16 in G Major, Op. 31 No. 1-1. Allegro vivace
2. Piano Sonata No.16 In G, Op.31 No.1-2. Adagio Grazioso
3. Piano Sonata No.16 In G, Op.31 No.1-3. Rondo (Allegretto)
4. Piano Sonata No.17 In D Minor, Op.31 No.2 -Tempest-1. Largo-Allegro
5. Piano Sonata No.17 In D Minor, Op.31 No.2 -Tempest-2. Adagio
6. Piano Sonata No.17 In D Minor, Op.31 No.2 -Tempest-3. Allegretto
7. Piano Sonata No.18 In E Flat, Op.31 No.3 -The Hunt-1. Allegro
8. Piano Sonata No.18 In E Flat, Op.31 No.3 -The Hunt-2. Scherzo (Allegretto Vivace)
9. Piano Sonata No.18 In E Flat, Op.31 No.3 -The Hunt-3. Menuetto (Moderato E Grazioso)
10. Piano Sonata No.18 In E Flat, Op.31 No.3 -The Hunt-4. Presto Con Fuoco
Depois de amar as maravilhosas gravações de Leonidas Kavakos para as sonatas de Lud Van, iniciou-se uma espera que admito ter sido ansiosa em demasia por este seu concerto de Beethoven com os bávaros da Rádio. Fruto de sua atuação como artista-em-residência da Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks, doravante denominada SOBR, ela foi tão boa que rendeu, além do Op. 61, um delicioso registro do septeto Op. 20, que atesta o deleite que foi para alemães e grego fazer música no período. A SOBR, conjunto lapidado durante décadas por regentes do calibre de Jochum, Kubelík e Maazel, era então conduzida havia dezesseis anos pelo gigante Mariss Jansons, um grande formador de conjuntos, o que é facilmente percebido na resposta que ela dá a Kavakos em sua dupla tarefa de solista e regente. Os leitores-ouvintes que amam este concerto certamente perceberão que se trata de uma de suas mais longas interpretações em toda discografia, graças à escolha de andamentos muito comedidos que valorizam, assim como nas sonatas supracitadas, o belíssimo timbre de Kavakos, que saboreia sem pressa todos os fraseados. Acusaram-no de parir um concerto romantizado, no que eu o defendo: eu o achei muito clássico no respeito à partitura e na discrição dos contrastes dinâmicos, com toques românticos no uso do rubato e, como perceberão também, em várias notas longas, prolongadas ad libitum. As cadências foram adaptadas pelo solista a partir daquelas escrita por Beethoven para a versão pianística do concerto. A cadência principal, no primeiro movimento, chega a destoar da serenidade prevalecente com seu virtuosismo desenfreado, uma exibição quase boçal de técnica, como se Kavakos quisesse botar suas asinhas de mestre dos truques de fora depois de tantos minutos cantando com o arco. As demais são mais sossegadas e afeitas ao estilo da obra, e serão surpresas muito interessantes para aqueles que amam este concerto e o conhecem de cor. Trata-se dum registro a ser ouvido dentro do mesmo espírito daqueles últimos, visionários quartetos do Op. 130 em diante: sem pressa, sem comparações, e sem distratores mundanos.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto em Ré maior para violino e orquestra, Op. 61 Composto em 1806 Publicado em 1808 Dedicado a Stephan von Breuning
1 – Allegro ma non troppo
2 – Larghett0
3 – Rondo: Allegro
Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks Leonidas Kavakos, violino e regência
Os três quartetos Razumovsky, Op. 59, são obras que Ludwig van Beethoven escreveu em 1806, como resultado de uma encomenda do embaixador russo em Viena, o conde Andreas Razumovsky. Neste Disco, estão os dois primeiros e o terceiro está aqui. O único pedido específico feito pelo conde Razumovsky era que as músicas folclóricas russas fossem apresentadas de maneira significativa na música. Beethoven atendeu a esse pedido em dois dos três quartetos, mas com melodias que são, como ele disse, temas russos “reais ou imitados”. Com a publicação dos quartetos Op. 59, Beethoven transformou o gênero do quarteto de cordas para fora do cenário de “câmara” para um palco maior. Cada um dos quartetos Op. 59 se destaca como um trabalho individual monumental, tanto em termos de tamanho literal quanto de alcance dramático.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 7 e 8, Op. 59, 1 e 2
[10:43] 01. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 7 in F Major, Op. 59 No. 1, “Razumovsky”: I. Allegro
[09:01] 02. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 7 in F Major, Op. 59 No. 1, “Razumovsky”: II. Allegretto vivace e sempre scherzando
[14:12] 03. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 7 in F Major, Op. 59 No. 1, “Razumovsky”: III. Adagio molto e mesto
[08:05] 04. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 7 in F Major, Op. 59 No. 1, “Razumovsky”: IV. Allegro (Russian Theme)
[09:58] 05. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 8 in E Minor, Op. 59 No. 2, “Razumovsky”: I. Allegro (SHRM 96/24)
[13:14] 06. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 8 in E Minor, Op. 59 No. 2, “Razumovsky”: II. Molto adagio
[06:59] 07. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 8 in E Minor, Op. 59 No. 2, “Razumovsky”: III. Allegretto
[05:42] 08. Quatuor Ébène – Beethoven: String Quartet No. 8 in E Minor, Op. 59 No. 2, “Razumovsky”: IV. Finale – Presto
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
Ah, a ‘Sonata ao Luar’ … muito romance já se iniciou ao som dessa obra prima, muitos suspiros, muitas emoções. Um amigo me ensinou os primeiros acordes no violão, mas parei por ali. Não tinha a técnica muito apurada para seguir em frente com o desafio. Sempre fui preguiçoso nos estudos.
Provavelmente quem me apresentou a esta obra foi Arthur Rubinstein, naquele antigo programa dominical na Globo chamado ‘Concertos para a Juventude”. Posteriormente adquiri esse LP do Brendel em algum sebo em Curitiba. Não lembro, já se passaram mais de três décadas ou quatro décadas … o tempo passa, o tempo voa. A situação financeira em casa na minha infância não permitia gastos com discos, o dinheiro era contadinho. Eu contava então com a cumplicidade da Rádio local, que tocava música clássica no final da tarde de domingo. Nomes como Wilhelm Kempff, Arthur Rubinstein, Herbert von Karajan, Karl Böhm, o então jovem Maurizio Pollini, Luciano Pavarotti, todos estes nomes estranhos começaram a se tornar familiares graças a estes programas. Creio que muitos de nós devemos muito a estas rádios.
046. Piano Sonata No.12 In A Flat, Op.26-1. Andante Con Variazioni
047. Piano Sonata No.12 In A Flat, Op.26-2. Scherzo (Allegro Molto)
048. Piano Sonata No.12 In A Flat, Op.26-3. Marcia Funebre Sulla Morte D’un Eroe
049. Piano Sonata No.12 In A Flat, Op.26-4. Allegro
050. Piano Sonata No.13 In E Flat, Op.27 No.1-1. Andante-Allegro-Tempo I
051. Piano Sonata No.13 In E Flat, Op.27 No.1-2. Allegro Molto E Vivace
052. Piano Sonata No.13 In E Flat, Op.27 No.1-3. Adagio Con Espressione
053. Piano Sonata No.13 In E Flat, Op.27 No.1-4. Allegro Vivace-Tempo I-Presto
054. Piano Sonata No.14 In C Sharp Minor, Op.27 No.2 -Moonlight-1. Adagio Sostenuto
055. Piano Sonata No.14 In C Sharp Minor, Op.27 No.2 -Moonlight-2. Allegretto
056. Piano Sonata No.14 In C Sharp Minor, Op.27 No.2 -Moonlight-3. Presto
057. Piano Sonata No.19 In G Minor, Op.49 No.1-1. Andante
058. Piano Sonata No.19 In G Minor, Op.49 No.1-2. Rondo (Allegro)
Disso, e de muito mais, chamaram a delicada Op. 60, porque acharam que ela fora menos, e muito menor, do que esperavam duma sinfonia de Beethoven que viesse em seguida do portento da “Eroica”. A posteridade, por já conhecer a sinfonia seguinte, a impetuosa joia em Dó menor, considerou a Quarta uma obra menor, um bombom, uma bagatela entre duas obras de fôlego. A comparação atribuída a Schumann (“uma donzela grega entre dois gigantes nórdicos”) não contribuiu, infelizmente, para lhe melhorar a reputação entre um público a que, pelo jeito, apetecessem mais os colossos. Uma pena: essa sinfonia é um primor de concisão, um exercício radical de economia de meios que não tem tempo para, como sua predecessora, se deter em fugatos, e flui inexoravelmente, com um pulso crescente que se faz sentir inclusive em seu movimento lento, e até o moto perpétuo final. Se lhe tivessem ao menos arranjado um apelido grudento como “Sinfonia Solar” ou “a Radiante”, talvez ela fosse ouvida como merece. No entanto, como nem os editores se impressionaram com essa joia, e o próprio compositor perdeu-se no seu propósito, prometendo-a para um dedicatário, mas estreando-a pela orquestra dum outro, em mais um atrapalhado pregão de produtos beethovenianos, acabou por faltar-lhe uma alcunha à altura. “Pequena Notável”? Chamemo-la assim, e que alguma entre a dúzia de gravações que lhes alcanço a seguir possa fazer os leitores-ouvintes lhe darem o devido valor.
Sinfonia no. 4 em Si bemol maior, Op. 60 Composta em 1806 Publicada em 1812 Dedicada ao conde Franz von Oppersdorff
Aqui, só alegrias. Dois quartetos da época classicista de Beethoven e o último, quando ele já estava transformando o romantismo em algo muito pessoal. O Op. 18, publicado em 1801, são dois livros de três quartetos cada. São os primeiros seis quartetos de cordas de Beethoven. Eles foram compostos entre 1798 e 1800 por encomenda do príncipe Joseph Franz Maximilian Lobkowitz, que era o empregador de um amigo de Beethoven, o violinista Karl Amenda. Pensa-se que demonstrem seu domínio total do quarteto de cordas clássico desenvolvido por Joseph Haydn e Wolfgang Amadeus Mozart. Já o Op. 135 foi escrito em outubro de 1826 e foi o último grande trabalho que ele completou, o último dos últimos quartetos e a última grande obra de Beethoven. O 135 foi estreado pelo quarteto Schuppanzigh em março de 1828, um ano após a morte do compositor. O trabalho é menor em tempo do que os outros quartetos tardios. Sob os acordes lentos introdutórios do último movimento, Beethoven escreveu no manuscrito “Muß es sein?” (Deve ser?) Ao qual ele responde, com o tema principal mais rápido do movimento, “Es muß sein ” (Deve ser!). Todo o movimento é intitulado ” Der schwer gefaßte Entschluß ” (“A decisão difícil”).
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 4, Op. 18, Nº 5, Op. 18 e Nº 16, Op. 135
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827): Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4:
1 Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4: I. Allegro ma non tanto
2 Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4: II. Scherzo (Andante scherzoso quasi allegretto)
3 Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4: III. Menuetto (Allegretto)
4 Beethoven: String Quartet No. 4 in C Minor, Op. 18 No. 4: IV. Allegro
Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5:
5 Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5: I. Allegro
6 Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5: II. Menuetto
7 Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5: III. Andante cantabile
8 Beethoven: String Quartet No. 5 in A Major, Op. 18 No. 5: IV. Allegro
Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135:
9 Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135: I. Allegretto
10 Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135: II. Vivace
11 Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135: III. Lento assai, cantate et tranquillo
12 Beethoven: String Quartet No. 16 in F Major, Op. 135: IV. Grave ma non troppo tratto – Allegro
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
A gente nunca esquece da primeira ‘Patética’, né? Claro que falo da Sonata de Beethoven, mas também poderia estar falando da famosa Sinfonia de Tchaikovsky, com a qual também tenho uma relação muito forte, porém isso é papo para outra ocasião.
BEETHOVEN com letra maiúscula, coisa de gênio essa sonata, não acham? E a cara do Brendel aí na foto diz tudo: o que vocês acharam? Sim, poderia ter sido mais intensa, mas acho que ficou boa.
Divirtam-se, pois vem bem mais por aí.
033. Piano Sonata No.8 In C Minor, Op.13 -Pathétique-1. Grave-Allegro Di Molto E Con Brio
034. Piano Sonata No.8 In C Minor, Op.13 -Pathétique-2. Adagio Cantabile0
035. Piano Sonata No.8 In C Minor, Op.13 -Pathétique-3. Rondo (Allegro)
036. Piano Sonata No. 9 in E Major, Op. 14 No. 1-1. Allegro
037. Piano Sonata No.9 In E, Op.14 No.1-2. Allegretto
038. Piano Sonata No.9 In E, Op.14 No.1-3. Rondo (Allegro Comodo)
039. Piano Sonata No.10 In G, Op.14 No.2-1. Allegro
040. Piano Sonata No.10 In G, Op.14 No.2-2. Andante
041. Piano Sonata No.10 In G, Op.14 No.2-3. Scherzo (Allegro Assai)
042. Piano Sonata No.11 In B Flat, Op.22-1. Allegro Con Brio
043. Piano Sonata No.11 In B Flat, Op.22-2. Adagio Con Molto Espressione
044. Piano Sonata No.11 In B Flat, Op.22-3. Menuetto
045. Piano Sonata No.11 In B Flat, Op.22-4. Rondo (Allegretto)
Acho que é a história natural do melômano: começas pelo que te é mais próximo, e depois expandes teus horizontes (ou não). Eu, que comecei torturando a família com um piano velho em casa, derretia em gozo com a literatura pianística que escutava na rádio e reescutava em fitas cassete (googleiem, garotada!) que da rádio gravava, e com o que conseguia nas esporádicas compras na loja de Shylock Simpson (porque minha adolescência, ahimè!, foi em cruzados). Enquanto isso, calculava a quantidade de encarnações que levaria para coordenar meus incapazes dedos a ponto de tocar aquela segunda Rapsódia Húngara de Liszt como Horowitz, ou desembrutecê-los a ponto fazer o piano cantar em pianíssimo com acompanhamento em pianissíssimo como Rubinstein fazia nos noturnos de Chopin.
Esse inexorável círculo vicioso de incompetência e frustração ao teclado, que foi de modo inapelável sepultado quando fui buscar uma profissão menos frustrante (no que também fracassei), abriu-me ao menos a porteira do conhecimento da música para piano e, posteriormente, para música COM piano – fosse em duos ou em conjuntos de câmara, e daí para a música de câmara e suas diversas combinações de instrumentos. Havia, no entanto, uma fronteira – aquela que não conseguia transpor de JEITO MANEIRA, a dos quartetos de cordas.
Por mais que tentasse, não conseguia escutá-los. Cheguei a pensar que fossem um gosto adquirido, feito chimarrão, dobradinha ou hákarl, mas não adiantava: não os compreendia. Aquelas cordas, que pareciam fanhosas ou estridentes se comparadas aos seus ricos naipes em orquestra, não me pareciam capazes de agradar. E já desistira do caso quando, na rádio, ouvi uma música irresistivelmente ebuliente. Contei suas partes: um violino, dois violinos, um violoncelo e uma viola. Eureka – um quarteto de cordas que me agradou! E não só isso, me deixou embevecido com sua energia maníaca e encerramento furioso – fui conferir, e o locutor me contou que aquele era o finale do Razumovsky no. 3, exatamente na primeira das gravações que lhes apresento agora.
Corri à loja, não à de Shylock Simpson, porque era careiro e cobrava em dólares, e ademais já quase não tinha mais lanches a sacrificar por gravações naquele mês. Meu destino era uma salinha subterrânea onde uma doce senhorinha, com a voz da Marge Simpson (talvez fosse parente de Shylock) e apropriadamente chamada Margarida, recebia-me com afeto e cafezinhos. Para lá me atirei porque lembrava-me de ter visto uma caixa de CDs com o nome de Beethoven e alguns cavalheiros japoneses a brandirem seus instrumentos. Acertei: era o Tokyo String Quartet, eles tocavam os Razumovsky e aquela caixa (saudades, RCA Victor Red Seal!) estava ao alcance de meu famélico orçamento.
Eu, que sempre temi que o feixe de laser do que chamada “toca-discos laser” acabasse por furar o CD, convenci-me do contrário, porque passei horas e dias a ouvir aquele fugato em loop e o CD aqui ainda está, tanto que eu o ripei para compartilhar com vocês. Depois de calejar os tímpanos com aquele movimento, aventurei-me nas outras faixas, enquanto aprendia que aqueles quartetos tinham o nome do embaixador russo, que para o agrado do tal Razumovsky tinham cada qual um tema russo (explícito em títulos de movimentos nos dois primeiros, e supostamente embutido no Andantino do terceiro), e que eram possivelmente os quartetos mais sinfônicos escritos até então – razão, talvez, deles terem me fisgado.
Adorei-os por muito tempo e, mesmo vindo a conhecer outras gravações, sempre guardei a melhor memória possível da leitura do Tokyo String Quartet. Bem mais tarde, quando eu já era um barbudo a pagar meus próprios boletos, veio à luz uma nova gravação dos mesmos quartetos com o mesmo conjunto, parcialmente renovado, e com dois daqueles cavalheiros nipônicos já bastante grisalhos. Um tanto cabreiro, gerei mais um boleto e levei-os para casa. Tudo muito diferente, melhor trabalhado, ataques menos agressivos, vibratos menos pungentes. Gostei tanto que, na dúvida entre qual das gravações eu lhes ofereceria, resolvi oferecer as duas, para que possam compará-las e que me façam saber o que acharam delas.
E o que acho hoje dos Razumovsky? Continuo a apreciá-los, e aquele fugato segue firme em minha lista de movimentos irresistíveis, mas hoje escuto mais os últimos quartetos de Beethoven. Talvez sejam meus próprios grisalhos – ou, então, seja a história natural do melômano.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Três quartetos para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 59, “Razumovsky” Compostos em 1806 Publicados em 1808 Dedicados ao conde Andrei Kirillovich Razumovsky
No. 1 em Fá maior
1 – Allegro
2 – Allegretto vivace e sempre scherzando
3 – Adagio molto e mesto – attacca
4 – “Thème Russe”: Allegro
No. 2 em Mi menor
5 – Allegro
6 – Molto adagio (si tratta questo pezzo con molto di sentimento)
7 – Allegretto – Maggiore: Thème russe
8 – Finale. Presto
No. 3 em Dó maior
9 – Andante con moto – Allegro vivace
10 – Andante con moto quasi allegretto
11 – Menuetto (Grazioso)
12 – Allegro molto
Mais um ótimo CD desta série, este com quartetos das fases inicial e “middle” de Beethoven. Para este concerto em Melbourne, foram escolhidas três obras bastante contrastantes que permitiram ao quarteto explorar a notável amplitude e profundidade da escrita para cordas de Beethoven. No Op. 18, nº 2, há notável energia em todos os detalhes da música. Os episódios contrastantes do segundo movimento receberam bastante acentuados pelo primeiro violino, Pierre Colombet, enquanto a jocosidade haydniana do final foi perfeitamente realizada, com um toque esplêndido do violoncelista Raphaël Merlin.
O Op. 95, conhecido como “Serioso” tem uma arquitetura incomum. Destaca-se a ferocidade da abertura e a mudança de humor do final e seu fim abrupto foram muito bem trabalhados.
Para finalizar, temos o conhecido e amado Quarteto “Harp”, Op. 74. Numa palavra: o Ébène nos dá uma soberba execução desta linda peça.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Quartetos Nº 2, Op. 18, Nº 2, Nº 11, Op. 95 e Nº 10, Op. 74
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827): Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2:
1 Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2: I. Allegro
2 Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2: II. Adagio cantabile – Allegro – Tempo I
3 Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2: III. Scherzo (Allegro)
4 Beethoven: String Quartet No. 2 in G Major, Op. 18 No. 2: IV. Allegro molto, quasi presto
Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”:
5 Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”: I. Allegro con brio
6 Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”: II. Allegretto ma non troppo
7 Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”: III. Allegro assai vivace, ma serioso
8 Beethoven: String Quartet No. 11 in F Minor, Op. 95, “Quartetto serioso”: IV. Larghetto espressivo – Allegretto agitato – Allegro
Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”:
9 Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”: I. Poco adagio – Allegro
10 Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”: II. Adagio ma non troppo
11 Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”: III. Presto
12 Beethoven: String Quartet No. 10 in E-Flat Major, Op. 74, “Harp”: IV. Allegretto con variazioni
Quatuor Ébène:
Pierre Colombet, violin
Gabriel Le Magadure, violin
Marie Chilemme, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
“At present this is the only available set of Beethoven’s piano concertos on period instruments, although others are in progress. The lean sound of the small ensemble enables you to clearly hear countless details that are obscured on even the best modern orchestra recordings. Steven Lubin’s performances, and the different instruments he uses, are carefully attuned to the qualities of each individual concerto. His performances are triumphs of insight and expressiveness, and Hogwood makes sure the orchestra stays with him in every detail. My only major complaint about this set is that the wasted space on the third disc, which contains only the Emperor Concerto, should have been used for more Beethoven.” –Leslie Gerber
O comentário acima é do então editor da amazon.com quando do lançamento dessa caixa, que traz os Cinco Concertos de Beethoven interpretados em instrumentos de época. Claro que desde então diversas outras gravações foram lançadas. Talvez pela novidade, seja a que mais gosto. Novidade pelo fato de que foi o meu primeiro contato com estas obras interpretadas desta forma. Era algo totalmente diferente do que tinha ouvido até então: grande orquestra, piano de cauda novinho em folha, a massa orquestral encobrindo os detalhes da obra, como bem salientado acima.
O som baixo do pianoforte pode ser um problema para quem não está acostumado. Claro que é uma questão de educar os ouvidos.
Disc: 1
1. Piano Concerto No.1 in C: I Allegro con brio
2. Piano Concerto No.1 in C: II Largo
3. Piano Concerto No.1 in C: III Rondo: Allegro
4. Piano Concerto No.2 in B flat: I Allegro con brio
5. Piano Concerto No.2 in B flat: II Adagio
6. Piano Concerto No.2 in B flat: III Rondo: Molto allegro
Disc: 2
1. Piano Concerto No.3 in c: I Allegro con brio
2. Piano Concerto No.3 in c: II Largo
3.Piano Concerto No.3 in c: III Rondo: Allegro
4. Piano Concerto No.4 in G: I Allegro moderato
5. Piano Concerto No.4 in G: II Andante con moto
6. Piano Concerto No.4 in G: III Rondo: Vivace
Disc: 3
1. Piano Concerto No.5 in E flat: I Allegro
2. Piano Concerto No.5 in E flat: II Adagio un poco mosso
3. Piano Concerto No.5 in E flat: III Rondo: Allegro
Steven Lubin – Pianoforte
The Academy of Ancient Music
Christopher Hogwood – Conductor
Prometo que é a última postagem com o Op. 58 que eu tanto amo (enquanto também prometo que é minha última declaração de amor a ele), mas eu simplesmente não poderia seguir adiante nesta série sem mencionar as interpretações dessa obra a nós legadas pela inesquecível Guiomar Novaes (1894-1979). Não cogitara publicá-las aqui, pois elas já tinham sido escopo de duas postagens, uma do monge Ranulfus, outra do patrão PQP. Verifiquei, entretanto, que elas já não levavam a qualquer arquivo funcionante, de modo que resolvi restaurá-las e, de lambujem, publicar outras duas versões da genial Narizinho, ambas gravadasvivo em New York, e que vieram a público depois das postagens dos colegas: com a Filarmônica local sob George Szell, e com a American Symphony Orchestra (cria de Leopold Stokowski) sob André Previn. Ranulfus comentou o quão impressionante é que uma mesma pianista consiga dar interpretações tão distintas e consistentemente magníficas de uma obra tão rica, o que reitero, em dobro, depois de ouvir os registros de Guiomar ao vivo, ambos com a mesma precisão e expressividade das gravações vienenses e com uma verve que, sinceramente, não ouvi em qualquer das versões em estúdio. Escutem e ardam em brasas de dor ao perceberem o quanto Guiomar nos faz falta!
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior, Op. 58 Composto entre 1804-1807 Publicado em 1808 Dedicado ao arquiduque Rudolph da Áustria
Fazia muito tempo que o PQP Bach não postava algo tão divertido como este Il Fasolo? Houve um tempo em que a EMI lançava a coleção REFLEXE, que tenho em discos de vinil. A REFLEXE consistia em uma sucessão de obras-primas — sublimes ou divertidas. Com o tempo, o pessoal da música antiga foi ficando mais sisudo, obscuro e impopular. Parece que a academia, com seu sem-gracismo, tinha tomado conta do campinho. Agora, a maravilhosa gravadora Alpha tem aparecido com uma série de discos que resgatam a alegria e a espontaneidade das ruas. Este Il Fasolo? é uma espetacular surpresa. Ouçam e comprovem.
Il Fasolo? — Música Italiana de Carnaval no Século XVII
1. La Barchetta passaggiera, bergamasca
2. Lamento di Madama Lucia, con la riposta di Cola
3. Chi non sà come amor, for voice & continuo
4. Son ruinato, appassionato
5. Sguardo lusinghiero, canzonetta
6. O dolorosa sorte, madrigal
7. Aria alla napolitana, jacarà
8. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Primo Interlocutore
9. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Madonna Gola
10. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Baccho
11. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Primo Interlocutore
12. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Choro: Mentre per bizzaria
13. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Ballo di trè Zoppi
14. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Sguazzata di Colasone
15. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Non pensar Clori crudel
16. Serenata in lingua lombarda che fa Madonna Gola, à Messir Carnevale: Morescha de Schiavi
17. Acceso mio core, ciaccona