Restaurado – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – As 9 Sinfonias (CD 5 de 5)

A Nona Sinfonia (as maiúsculas são propositais) de Beethoven é daquelas obras que me dão a impressão de terem vindo pré-instaladas em minha mente. Ouvi-a pela primeira vez ou quando estava ainda no útero ou num tempo tão remoto, quando era tão pequeno, que sua absorção situa-se naquele nível das primeiras palavras aprendidas. Ou a Nona não foi apreendida pelo ouvido e já fazia parte do instinto, da herança genética, situando-se na mesma área do cérebro que me fazia respirar e desejar um seio? Será que eu já me divertia com aquele Scherzo enquanto metia a boca no leite ou só conhecia o tema do coral? Pois não posso imaginar outra música para aquele momento… Bobagem, esqueçam.

Não, não esqueçam. Pois não sei mesmo quando ouvi a Nona Sinfonia pela primeira vez. Com o tempo, reconheci que o Molto Vivace do Scherzo era a mais divertida das tais brincadeiras sinfônicas e que o inexprimível Adagio molto e cantabile era uma das melhores músicas que já tinha ouvido. E foi Karl Böhm, Karl Böhm, Karl Böhm e Karl Böhm quem me mostrou isso numa lentíssima gravação que ampliava, ampliava, ampliava e ampliava minha sensibilidade de uma forma que chegava a doer. (Algum de vocês a tem?) Mas, se com o tempo reconheci estes movimentos como geniais, o último era meu conhecido desde tempos imemoriais como a maior homenagem que a humanidade já recebera.

Já que falo no passado, gostaria de dizer que meu pai tinha uma superdiscoteca em casa e que cresci com ela. (Já imaginaram uma sonata de Beethoven num disco 78 rpm que a gente precisava virar rapidamente para ouvir a continuação do movimento by Arthur Rubinstein? Este disco era mais velho do que eu, mas eu o ouvia, para desespero das agulhas do toca-discos de meu pai e do próprio.) Porém, ele não tinha preconceitos e também possuía uma gravação pop de Ode to Joy by Waldo de los Rios. Era engraçada e era um compacto simples, se vocês sabem o que é isso.

Outra coisa: há um trecho do Scherzo onde, toda vez que ouço, lembro de Walter (depois Wendy) Carlos, da trilha sonora de minha amada Laranja Mecânica. Melhor parar por aqui.

Encharcado em lembranças, clico em “Publicar”. Abaixo, um grande registro de Lenny.

Leonard Bernstein – Wiener Philharmoniker – Beethoven, 9 Symphonies (Disk 5)

18. Symphonie No.9 in d-Moll, 1. Allegro ma non troppo, un poco maestoso
19. Symphonie No.9 in d-Moll, 2. Molto vivace
20. Symphonie No.9 in d-Moll, 3. Adagio molto e cantabile
21. Symphonie No.9 in d-Moll, 4. Presto
22. Symphonie No.9 in d-Moll, 5. Presto – [O Freunde, nicht diese Töne!] – Allegro assai

Gwyneth Jones : soprano
Hanna Schwarz : contralto
René Kollo : tenor
Kurt Moll : bass

Wiener Philharmoniker
Leonard Bernstein

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

PQP [restaurado por Vassily em 29/5/2020]

20 comments / Add your comment below

  1. Caro P.Q.P.Bach,
    Os dados bibliográficos com o intuito de documentar que Beethoven retinha a voz humana superior ao instrumento, especialmente nos temas sublimes da religião,abundam e esses guardam todos os valores também para quem afirma que o Beethoven verdadeiro, o Beethoven máximo, é aquele da música instrumental.
    Nesta opinião Beethoven não só se manifestava aderente à doutrina religiosa, especialmente a católica, mas encontrava um predecessor num outro gênio, Rafael, o qual na admirável figuração de Santa Cecília, representado a padroeira da música no ato de deixar cair por terra,junto de outros instrumentos que já estão a seus pés, o seu instrumento musical, para colocar-se em posição estática diante do canto angélico que desce do céu e que é canto vocal. Doutrina exclusivamente cristã, tanto é verdadeira que o mesmo Rafael na figuração pagã do Parnasso representava, ao invés, Apolo no ato de tocar a viola.
    Bom….., nem sei o que digo!
    Tudo talvez para dizer e me auto-exaltar num entendimento quiça imperfeito mas, com certeza poder gritar: A Nona constitui a coroação da filosofia de Beethoven: a exaltação da alegria, do otimismo, da fé na bondade suprema e final da Criação. Não quero dizer que na Nona não existam acenos à dor; mas a dor não funciona como antagonista, mas como um dos elementos da vida humana, representada aqui no complexo de suas paixões e de suas atividades.
    Parabenizo-o pela postagem de excelente qualidade e seus pertinentes comentários!

  2. a melhor versão da nona q já ouvi é a do Toscanini (q já está postada no blog), Karajan, Baremboim e essa do Bernstein não chegam nem perto…
    adorei esta integral, mas só gostei do Bernstein na 7º e 8º Sinfonias…

    Parabéns pela alta qualidade das postagens, é por coisas assim q ainda uso internet.

    um abraço.

    1. Caríssimos Pqp Bach e Família!

      Parabéns por mais uma bela postagem!

      Devo dizer que a interpretação da 6ª Sinfonia pelo Bernestein, na minha humilde mas franca opinião, é a melhor que já escutei (sendo que adoro essa sinfonia).
      A 9ª, a melhor fica para o saudoso Furtwangler.

      Parabéns pelas postagens, alerto, outrossim, que falta para o espetacular repertório desse blog, como discografia básica, e avançada também, o Concerto para Violino do Bethoven, não sei como ainda não foi postado nesses anos de blog que acompanho.
      Um grande abraço para todos.

  3. gostaria d aproveitar e perguntar se alguem ai conhece um site onde eu possa baixar vídeos de Ópera…
    só acho sites de filmes…

    um abraço.

  4. Eu não conhecia a gravação do Bernstein regendo a primeira sinfonia — talvez a minha favorita, ao lado da nona. Fiquei impressionado.

    Sou mais um a estar correndo atrás da Nona com o Bohm, então. Quem conseguir primeiro, grita!

  5. Estão se referindo a gravação dele em Viena com Domingo?
    Vou por o link: badongo.com/pt/file/1794504 (Lembrando de por o “www.” antes – omiti pq o blog ta com problemas com links, segundo outro post)

    Créditos de “VOVIN” da comunidade “Música Clássica/Sinfônica” do Orkut.

    Abraços

  6. Olá PQP, eu possuo uma gravação do Bohm em cd sim, mas não sei de cabeça o ano e o local. Se vc tiver interesse, posso upar ela. Abraços!

  7. PQP eu possuo a seguinte gravação do Bohm, posso passá-la a você.

    Conductor: Karl Boehm
    Sopran: Jessye Norman
    Alt / contralto: Brigitte Fassbaender
    Tenor: Placido Domingo
    Bariton: Walter Berry

  8. Danielle, Rafael e amigos.

    Consegui a gravação através do Exigente. A que eu queria era a da Norman, Domingo, etc.

    MUITO OBRIGADO, EXIGENTE!!!

  9. Tenho uma versão que baixei que acho muito boa, que também possui essa característica de ser um pouco mais lenta, mas o arquivo veio sem informações e eu já virei a net de cabeça pra baixo atrás do cd, ouvindo tudo que é versão na amazon e no youtube e ainda não a encontrei.
    Será que o PQP ou alguém pode ajudar a identificá-la? Posso dizer que os tempos são esses: 16:14 – 11:04 – 17:47 – 26:09. Se alguém puder ajudar, agradeço muito. Posso mandar pro email ou upar em algum lugar.

  10. Nona… Foi o começo de tudo!

    Até então eu dizia que gostava de música clássica, mas conhecia bem pouco (hoje posso dizer nada)… Então um CD da Nona, aquele do Karl Böhm, veio cair aqui em casa…

    Então aconteceu: o primeiro movimento era interessante! o segundo elétrico! Puxa, aquilo era muito bom… de repente o terceiro: eu não imaginava que estaria prestes a conhecer algo que mudaria minha vida para sempre; fui ouvindo cada vez mais atento, me emocionando, emocionando, até que no momento entre os 15:55 min e 16:04 min aproximadamente… e nunca mais ela saiu de mim.
    Abri e enxugei os olhos para o quarto movimento, e senti raiva dos tantos deturpadores que usavam um tema tão bem elaborado em fanfarras…

    Depois disso Beethoven foi apenas uma consequência, sinfonias foram uma consequência…

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