Christoph Willibald Gluck (1714 – 1787) – Italian Arias com Cecilia Bartoli

Gosto muito de Cecilia Bartoli. Ela está alguns degraus acima da inteligência comum das divas e muitos degraus abaixo de considerar-se uma deusa intocável. É cheia de auto-ironia e revela incomum amor à música num âmbito onde os egos não dão espaço a outros amores que não a si mesmos. Com bom senso, sempre convida as melhores orquestras para acompanhá-la e, neste trabalho, aparece com a esplêndida Akademie für Alte Musik de Berlim. O resultado é indiscutivelmente notável. Outro fato que a distingue é que sempre costuma escolher árias desconhecidas de seus compositores prediletos. As críticas de seus discos costumam vir acompanhadas da expressão “unknown”. Aqui, por exemplo, ela se foca no “unknown ‘Italian’ Gluck”. Usando e abusando da coloratura, Bartoli cacareja como nunca. As árias escolhidas são belíssimas e vale a pena ouvir. Minhas preferidas são as faixas 2, 4, 6 e 8 — a metade par! –, mas as outras não estão muito atrás.

Imperdível.

Gluck – Árias Italianas com Cecilia Bartoli

1. La Clemenza di Tito – Tremo fra dubbi miei 7:34
2. Il Parnaso confuso – Di questa cetra in seno 5:21
3. Ezio – Misera, dove son…Ah! non son io 7:47
4. La Semiramide riconosciuta – Ciascun siegua il suo stile…Maggior follia non v’e 7:54
5. La Corona – Quel chiaro rio 10:18
6. La Clemenza di Tito – Ah! taci barbaro…Come potesti, oh Dio 7:26
7. La Clemenza di Tito – Se mai senti spirarti sul volto 11:27
8. Antigono – Performing Edition based on the manuscript by Claudio Osele – Berenice che fai

Cecilia Bartoli

Bernhard Forck
Akademie für Alte Musik Berlin

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PQP

G. F. Handel (1685-1759) – Riccardo Primo

Uma obra-prima. O pessoal estava pedindo óperas barrocas e aí está a segunda na mesma semana. Ainda virá mais uma, pois quero que as pessoas saibam que tenho um coração tão grande quando o de FDP Bach… Há um erro qualquer na lista das faixas abaixo que copiei da Amazon, pois o primeiro CD tem 16 faixas; o segundo, 30 e o terceiro, 27. Acho que no original há junções de recitativos com árias, só pode.

Porém o que interessa é a notável qualidade musical da ópera, formada toda de temas originais. Explico: é que Handel às vezes roubava coisas de outras obras suas, fazendo discretas colagens. Em Riccardo Primo ou Ricardo I ou Ricardo Coração de Leão não há nada disso.

Segundo a Wikipedia: Ricardo I (8 de Setembro, 1157 – 6 de Abril, 1199) foi Duque da Aquitânia (1168-1199), Conde de Anjou, Duque da Normandia e Rei de Inglaterra (1189-1199). Ricardo é também conhecido por vários cognomes, entre eles Coração de Leão (Coeur de Lion, Lionheart), Oc et No (sim e não em provençal) e Melek-Ric (Rei-Ric[ardo]) pelos muçulmanos do Oriente Médio, que usavam a sua figura para ameaçar as crianças que se portavam mal. Ricardo foi um dos líderes da Terceira Cruzada e foi na sua época considerado como um herói.

Imperdível.

Obs.: os três CDs estão postados juntos.

Handel (1685-1759) – Riccardo Primo

Disc: 1
1. Act 1. Ouverture
2. Act 1. Scene 1. Accompagnato. Lascia, Berardo, lasciami!
3. Act 1. Scene 1. Aria. Se perì, l’amato bene
4. Act 1. Scene 2. Recitativo. Se la vergin regale
5. Act 1. Scene 2. Aria. Vado per obbedirti
6. Act 1. Scene 2. Recitativo. Tarresta, Oronte, ascolta
7. Act 1. Scene 2. Aria. V’adoro, o luci belle
8. Act 1. Scene 3. Recitativo. Torni la gioia al nostro cor
9. Act 1. Scene 3. Aria. Cessata è la procella
10. Act 1. Scene 4. Recitativo. Cortese a noi si mostra
11. Act 1. Scene 4. Aria. Bella, teco non ho
12. Act 1. Scene 5. Recitativo. Oronte. … Sire
13. Act 1. Scene 6. Recitativo. Sire, a te britannico monarca
14. Act 1. Scene 6. Aria. Lascia la pace all’alma
15. Act 1. Scene 7. Recitativo. Isacio, il cui gran merto
16. Act 1. Scene 7. Aria. Agitato da fiere tempeste

Disc: 2
1. Act 2. Scene 1. Arioso. Se m’è contrario il Cielo
2. Act 2. Scene 1. Recitativo. Seco Isacio mi volle
3. Act 2. Scene 1. Aria. Dell’empia frode il velo
4. Act 2. Scene 2. Recitativo. Riccardo sospirato
5. Act 2. Scene 2. Aria. Di notte il pellegrino
6. Act 2. Scene 2. Recitativo. Quanto saresti insano
7. Act 2. Scene 3. Recitativo. All’affetto di padre
8. Act 2. Scene 3. Aria. Ti vedrò regnar sul trono
9. Act 2. Scene 3. Accompagnato. Ah, padre! ah, Cielo!
10. Act 2. Scene 3. Aria. Quel gelsomino
11. Act 2. Scene 4. Recitativo. Prencipe, ognor compagna
12. Act 2. Scene 4. Aria. Caro, vieni a me
13. Act 2. Scene 5. Arioso. Quanto tarda il caro bene
14. Act 2. Scene 5. Recitativo. Ma, vedo corteggiata
15. Act 2. Scene 5. Arioso. Si, già vedo il mio bel sole
16. Act 2. Scene 5. Recitativo. Vieni, bell’idolo mio…
17. Act 2. Scene 6. Recitativo. Al fin da cento spade
18. Act 2. Scene 6. Aria. Ai guardi tuoi
19. Act 2. Scene 6. Recitativo. Si sforzi alla ragion
20. Act 2. Scene 6. Aria. O vendicarmi
21. Act 2. Scene 6. Recitativo. Che mai pensa tentar
22. Act 2. Scene 6. Aria. Dell’onor di giuste imprese
23. Act 2. Scene 7. Recitativo. Ah! Scampò dagli aguati
24. Act 2. Scene 7. Recitativo. Mira, e da saggio
25. Act 2. Scene 8. Aria. Nube che il sole adombra
26. Act 2. Scene 9. Arioso. Si, m’è contrario il Cielo
27. Act 2. Scene 9. Recitativo. Mesta e pensosa
28. Act 2. Scene 9. Aria. L’aquila altera
29. Act 2. Scene 9. Recitativo. Tutt’i passati affanni
30. Act 2. Scene 9. Duetto. T’amo sì
31. Act 2. Scene 6. Recitativo. Al fin da cento spade
32. Act 2. Scene 6. Aria. Ai guardi tuoi
33. Act 2. Scene 6. Recitativo. Si sforzi alla ragion
34. Act 2. Scene 6. Aria. O vendicarmi
35. Act 2. Scene 6. Recitativo. Che mai pensa tentar
36. Act 2. Scene 6. Aria. Dell’onor di giuste imprese
37. Act 2. Scene 7. Recitativo. Mira, e da saggio
38. Act 2. Scene 8. Aria. Nube che il sole adombra
39. Act 2. Scene 9. Arioso. Si, m’è contrario il Cielo
40. Act 2. Scene 9. Recitativo. Mesta e pensosa
41. Act 2. Scene 9. Aria. L’aquila altera
42. Act 2. Scene 9. Recitativo. Tutt’i passati affanni
43. Act 2. Scene 9. Duetto. T’amo sì

Disc: 3
1. Act 3. Scene 1. Accompagnato. Perfido Isacio!
2. Act 3. Scene 1. Aria. Per mia vendetta ancor
3. Act 3. Scene 1. Accompagnato. O voi, che meco del Tamigi in riva
4. Act 3. Scene 1. Aria. All’oror delle procelle
5. Act 3. Scene 2. Aria. Morte, vieni
6. Act 3. Scene 2. Recitativo. A me nel mio rossore
7. Act 3. Scene 2. Aria. Quell’innocente afflito core
8. Act 3. Scene 2. Accompagnato. Alto immenso Poter
9. Act 3. Scene 3. Recitativo. Ingiustizia e furore
10. Act 3. Scene 4. Recitativo. Dall’alta rocca
11. Act 3. Scene 4. Aria. Nel mondo e nell’abisso
12. Act 3. Scene 4. Recitativo. Pulcheria vuol
13. Act 3. Scene 4. Aria. Bacia per me la mano
14. Act 3. Scene 5. Aria. Atterato il muro cada
15. Act 3. Scene 6. Recitativo. Arrestati, Riccardo
16. Act 3. Scene 7. Recitativo. Empio, perisci tu
17. Act 3. Scene 7. Coro e Sinfonia. Alla vittoria!
18. Act 3. Scene 8. Recitativo. Dal passato spavento
19. Act 3. Scene 8. Aria. Il volo così fido
20. Act 3. Scene 8. Recitativo. Pietoso Ciel
21. Act 3. Scene 9. Recitativo. Liete nuove, idol mio
22. Act 3. Scene 9. Aria. Tutta brillanti rai
23. Act 3. Scene 10. Marche
24. Act 3. Scene 10. Recitativo. Generosa Pulcheria
25. Act 3. Scene 10. Aria. Volgete ogni desir
26. Act 3. Scene 10. Recitativo. Spargansi pur d’oblio
27. Act 3. Scene 10. Coro. La memoria dei tormenti
28. Act 3. Scene 1. Aria. All’oror delle procelle
29. Act 3. Scene 2. Aria. Morte, vieni
30. Act 3. Scene 2. Recitativo. A me nel mio rossore
31. Act 3. Scene 2. Aria. Quell’innocente afflito core
32. Act 3. Scene 2. Accompagnato. Alto immenso Poter
33. Act 3. Scene 3. Recitativo. Ingiustizia e furore
34. Act 3. Scene 4. Recitativo. Dall’alta rocca
35. Act 3. Scene 4. Aria. Nel mondo e nell’abisso
36. Act 3. Scene 4. Recitativo. Pulcheria vuol
37. Act 3. Scene 5. Aria. Atterato il muro cada
38. Act 3. Scene 6. Recitativo. Arrestati, Riccardo
39. Act 3. Scene 7. Recitativo. Empio, perisci tu
40. Act 3. Scene 7. Coro e Sinfonia. Alla vittoria!
41. Act 3. Scene 8. Recitativo. Dal passato spavento
42. Act 3. Scene 8. Aria. Il volo così fido
43. Act 3. Scene 8. Recitativo. Pietoso Ciel
44. Act 3. Scene 9. Recitativo. Liete nuove, idol mio
45. Act 3. Scene 9. Aria. Tutta brillanti rai
46. Act 3. Scene 10. Recitativo. Generosa Pulcheria
47. Act 3. Scene 10. Aria. Volgete ogni desir
48. Act 3. Scene 10. Recitativo. Spargansi pur d’oblio
49. Act 3. Scene 10. Coro. La memoria dei tormenti

Timothy Mead (counter tenor),
Lawrence Zazzo (counter tenor),
Núria Rial (soprano),
Geraldine McGreevy (soprano),
David Wilson-Johnson (baritone),
Curtis Streetman (bass)

Kammerorchester Basel
Paul Goodwin (conductor)

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Celina Szrvinsk & Miguel Rosselini – Piano a 4 mãos

Acabei de chegar no Recife, vindo de Buenos Aires. Como fiz escalas em São Paulo e BH ouvindo a língua dos hermanos o tempo todo e agüentando uma inhaca triste de um casal conterrâneo de Zidane, me lembrei de um excelente CD para piano a quatro mãos, que reúne justamente duas peças de compositores franceses, duas de espanhóis, duas de mineiros e duas de paulistas.

A pianista goiana Celina Szrvinsk (diz-se “Chervínsqui”) e o pianista [acho que paulista] Miguel Rosselini, radicados em Belo Horizonte, formam o duo pianístico mais conhecido do Brasil na atualidade. Neste disco – que tem um homônimo, cujo repertório inclui Schumann e Edino Krieger, mas que não o possuo – Fauré, Ravel (e sua top-minded suíte para quatro mãos Mamãe ganso), Albéniz e de Falla antecedem os paulistas Ronaldo Miranda e Aylton Escobar e os totalmente desconhecidos mineiros Calimerio Soares e Oiliam Lanna (Oiliam deve ser William em dialeto jacu).

A peça de Miranda é a bela Variações Sérias sobre um tema de Anacleto de Medeiros, que se vale do mesmo Rasga o coração que o Villa utilizou no Choros n° 10, e tem uma versão para quinteto de sopros que um dia será postada aqui no blog.

Mais informações sobre o CD, aqui.

***

Celina Szrvinsk & Miguel Rosselini – Piano a 4 mãos

1-6. Suíte Dolly, op. 56, Gabriel Fauré
7-11. Ma mère l’oye, Maurice Ravel
12. Pavana-Capricho, op. 12, Isaac Albéniz
13-14. Duas danças espanholas, de A vida breve, Manuel de Falla
15. Seresta “opus um”, Aylton Escobar
16. Batuccata, Calimerio Soares
17. Reflexos de bruma e luzes, Oiliam Lanna
18. Variações sérias sobre um tema de Anacleto de Medeiros, Ronaldo Miranda

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CVL

G. F. Handel (1685-1759) – Saeviat tellus inter rigores / Laudate Pueri Dominum / Salve Regina / Dixit Dominus

Eu não gostaria de ter a ousadia de criticar meu amado Handel, mas confesso que não gostei muito deste repertório. Fiz apenas duas audições. Devo estar enganado, vocês não acham? A única peça que me tirou da leitura para ir conferir o que estava ouvindo foi o início do Dixit Dominus. Vocês podem me espinafrar livremente nos comentários. Hoje pode! Na segunda audição, deu para notar claramente em quão perfeita forma está a mulher de Simon Rattle — a checa Magdalena Kozená.

Saeviat tellus inter rigores, motet
for soprano, 2 oboes, strings & continuo in D major, HWV 240

1. Saeviat tellus inter rigores HWV 240 Motetto per la Madonna Santissima del Carmine – Saeviat tellus Annick Massis 5:43
2. Saeviat tellus inter rigores HWV 240 Motetto per la Madonna Santissima del Carmine – Carmelitarum ut confirmet Annick Massis 0:38
3. Saeviat tellus inter rigores HWV 240 Motetto per la Madonna Santissima del Carmine – O nox dulcis Annick Massis 6:03
4. Saeviat tellus inter rigores HWV 240 Motetto per la Madonna Santissima del Carmine – Stellae fidae Annick Massis 2:53
5. Saeviat tellus inter rigores HWV 240 Motetto per la Madonna Santissima del Carmine – Sub tantae Virginis tutela Annick Massis 0:21
6. Saeviat tellus inter rigores HWV 240 Motetto per la Madonna Santissima del Carmine – Alleluia Annick Massis 1:50

Laudate Pueri Dominum, psalm
for soprano, chorus & orchestra in D, HWV 237

7. Laudate pueri Dominum HWV 237 – Laudate pueri Magdalena Kozená 3:15
8. Laudate pueri Dominum HWV 237 – Sit nomen Domini Magdalena Kozená 1:56
9. Laudate pueri Dominum HWV 237 – A solis ortu Magdalena Kozená 1:19
10. Laudate pueri Dominum HWV 237 – Excelsus super omnes Magdalena Kozená 1:54
11. Laudate pueri Dominum HWV 237 – Quis sicut Dominus Yann Miriel 1:42
12. Laudate pueri Dominum HWV 237 – Suscitans a terra inopem Magdalena Kozená 2:15
13. Laudate pueri Dominum HWV 237 – Qui habitare facit Magdalena Kozená 1:30
14. Laudate pueri Dominum HWV 237 – Gloria Patri Magdalena Kozená 3:03

Salve Regina, antiphon
for soprano, strings, organ & continuo in G minor, HWV 241

15. Salve Regina HWV 241 – Salve Regina Magdalena Kozená 3:08
16. Salve Regina HWV 241 – Ad te clamamus Magdalena Kozená 3:48
17. Salve Regina HWV 241 – Eia ergo, advocata nostro Magdalena Kozená 3:41
18. Salve Regina HWV 241 – O clemens, o pia Magdalena Kozená 2:04

Dixit Dominus
for soloists, hymn for chorus & orchestra in G Minor, HWV 232

19. Dixit Dominus, HWV 232 – 1. Dixit Dominus Les Musiciens du Louvre 5:20
20. Dixit Dominus, HWV 232 – 2. Virgam virtutis tuae Sara Fulgoni 2:44
21. Dixit Dominus, HWV 232 – 3. Tecum principium in die virtutis Annick Massis 2:28
22. Dixit Dominus, HWV 232 – 4. Juravit Dominus Les Musiciens du Louvre 2:16
23. Dixit Dominus, HWV 232 – 5. Tu es sacerdos in aeternum Les Musiciens du Louvre 1:30
24. Dixit Dominus, HWV 232 – 6. Dominus a dextris tuis Annick Massis 6:13
25. Dixit Dominus, HWV 232 – 7. De torrente in via bibet Annick Massis 4:10
26. Dixit Dominus, HWV 232 – 8. Gloria Patri, et Filio Les Musiciens du Louvre 6:09

Annick Massis, soprano
Magdalena Kozena, mezzo-soprano, soprano
Sara Fulgoni, alto
Patrick Henckens, tenor
Kevin McLean-Mair, tenor
Marcos Pujol, bass

Les Musiciens du Louvre
Choeur des Musiciens du Louvre
dir. Marc Minkovski

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PQP

Jean-Philippe Rameau (1683-1764) – Naïs (Opéra pour la Paix)

É raro a gente encontrar uma ópera completa de Rameau. O que se ouve normalmente são as aberturas e danças orquestrais de cada ópera, como no CD maravilhoso de Christophe Rousset que postei aqui há poucos dias. Pois o colorido e a imaginação destes “melhores lances” amplia-se nesta ópera Naïs, muito bem gravada por Nicholas McGegan e o English Bach Festival Baroque Orchestra, coro e solistas (primeira edição em vinil de 1982, tendo sido após relançada em CD duplo pela Erato). Rameau tem uma trajetória absurda. Grande músico e teórico, foi combatido por seu “italianismo” e depois por seu racionalismo e ainda depois pelos enciclopedistas, que preferiam os compositores italianos (?). Suas óperas são pouco montadas. Uma obra prima como “Les Boréades”, foi estreada, com estrondoso sucesso, somente em 1982… Claro que montar uma ópera é um empreendimento caro, claro que os temas de suas óperas são muito antiquados, mas creio que, pela qualidade da música de Rameau, vale a pena avançar além das aberturas. Velho, como na época em que escreveu Naïs (1749), Rameau escreveu:

Dia a dia adquiro mais bom gosto, mas não tenho mais gênio. A imaginação está gasta em minha velha cabeça e não se é sábio quando se quer trabalhar, nesta idade, nas artes que são inteiramente imaginação.

Era, fora de dúvida, exageradamente modesto.

Rameau – Naïs (Opéra pour la Paix)

101 – Ouverture.mp3
102 – Prologue – Scène 1 – Choeur ‘Attaquons les cieux’.mp3
103 – Prologue – Scène 2 – Pluton ‘Arrêtez, monstres, arrêtez’.mp3
104 – Prologue – Scène 3 – Jupiter ‘Au fond des gouffres éternels’.mp3
105 – Prologue – Scène 4 – Symphonie.mp3
106 – Prologue – Scène 5 – Sarabande – Flore ‘Ah ! Que la paix nous promet de douceurs’.mp3
107 – Prologue – Scène 5 – Ballet figuré – Gavotte vive – Flore ‘Brillez de mille traites nouveaux..
108 – Prologue – Scène 5 – Rigaudons I & II – Jupiter ‘Dans une heureuse intelligence’.mp3
109 – Acte I – Scène 1 – Neptune ‘Que ces paisibles bords’.mp3
110 – Acte I – Scène 2 – Neptune ‘Palémon, l’Amour est vengé’.mp3
111 – Acte I – Scène 3 – Naïs ‘Accourez à ma voix’.mp3
112 – Acte I – Scène 4 – Neptune ‘Peut-on l’entendre’.mp3
113 – Acte I – Scène 5 – Naïs ‘Tendres oiseaux, éveillez-vous’.mp3
114 – Acte I – Scène 6 – Télénus ‘Avant que le soleil sorte’.mp3
115 – Acte I – Scène 6 – Symphonie.mp3
116 – Acte I – Scène 7 – Astérion ‘Que ce jour consacré’.mp3
117 – Acte I – Scène 7 – Ballet figuré en Chaconne.mp3
118 – Acte I – Scène 8 – Ballet figuré – Choeur ‘Chantons Naïs’.mp3
119 – Acte I – Scène 8 – Menuets I & II.mp3
120 – Acte I – Scène 9 – Tambourin – Choeur ‘Règne, triomphe Dieu des mers’.mp3
201 – Acte II – Scène 1 – Naïs ‘Ah ! Ne me suivez point’.mp3
202 – Acte II – Scène 2 – Naïs ‘Dois-je le croire -‘.mp3
203 – Acte II – Scène 3 – Télénus ‘Ma jalouse tendresse’.mp3
204 – Acte II – Scène 4 – Télénus ‘Elle rit du trait’.mp3
205 – Acte II – Scène 5 – Astérion ‘les ennuis de l’incertitude’.mp3
206 – Acte II – Scène 6 – Tirésie ‘La voix des plaisirs m’appelle’.mp3
207 – Acte II – Scène 6 – Gavottes I & II.mp3
208 – Acte II – Scène 6 – Sarabande.mp3
209 – Acte II – Scène 6 – Ballet figuré – Musette tendre.mp3
210 – Acte II – Scène 6 – Ballet figuré – Gavottes I & II.mp3
211 – Acte II – Scène 7 – Choeur ‘Quel oracle’.mp3
212 – Acte II – Scène 8 – Astérion ‘De coupables concerts’.mp3
213 – Acte III – Scène 1 – Neptune ‘La jeune Nimphe que j’adore’.mp3
214 – Acte III – Scène 2 – Neptune ‘O Ciel’.mp3
215 – Acte III – Scène 3 – Télénus, Astérion, choeur ‘Allumez-vous rapides feux’.mp3
216 – Acte III – Scène 4 – Neptune ‘Les flots les ont punis’.mp3
217 – Acte III – Scène 5 – Choeur ‘Coulez ondes, mêlez votre plus doux murmure’.mp3
218 – Acte III – Scène 5 – Tambourins I & II.mp3
219 – Acte III – Scène 5 – Contredanse générale.mp3

Linda Russell
Ian Caley
Ian Caddy
John Tomlinson
Richard Jacksin
Brian Parsons
Antony Ransome
Ann Mackay
Jennifer Smith

English Bach Festival Chorus
English Bach Festival Baroque Orchestra
dir. Nicholas McGegan

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PQP

Jean-Philippe Rameau (1682-1764) e Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Suite em Sol e Sinfonia Nº 3 em transcrição para piano – Harmonia Mundi – 50 years of music exploration – CD 24 de 29

Mais um disco estranho da grande coleção da Harmonia Mundi: Rameau interpretado ao piano junto com a Eroica de Beethoven… também tocada ao piano em transcrição de Franz Liszt. Se separadas podem ser interessantes, juntas no mesmo CD ficam para lá de estranhas. Se o Rameau fica bem no piano, já o Beethoven requer algum preparo do ouvinte. Falta som, a gente estranha, mas o trabalho de Liszt foi bem feito e vale a pena conhecer a versão para piano da Eroica.

Jean-Philippe Rameau
Suite en Sol [“Nouvelles Suites de Pièces de clavecin”, 1728]
26’54
1. Les Tricotets. Rondeau
2. L’Indifferente
3. Menuet – Deuxieme Menuet
4. La Poule
5. Les Triolets
6. Les Sauvages
7. L’Enharmonique
8. L’Egyptienne
Alexandre Tharaud, piano

Ludwig van Beethoven
Symphony No. 3, “Eroica” (transcribed for piano by Liszt)
51’19
9. Allegro Con Brio
10. Marcia Funebre
11. Scherzo
12. Finale
Georges Pludermacher, piano

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G. F. Handel (1685-1759) – Ode ao Dia de Santa Cecília

Um CD curto, de mais ou menos 40 minutos, com música de absurda beleza. Trevor Pinnock coloca-se à altura de uma das melhores obras vocais de Handel. A interpretação de Felicity Lott para a principal ária de Ode, What passion cannot Music raise and quell, é inesquecível dentro de um trabalho onde não há pontos baixos.

Desde o século XV, Santa Cecília é considerada padroeira da música sacra. Sua festa é celebrada no dia 22 de Novembro, dia da Música e dos Músicos.

Imperdível.

Handel – Ode for Saint Cecilia’s Day

1. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – Overture The English Concert 5:09
2. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – Recitative:”From harmony.. / When nature underneath..” Anthony Rolfe Johnson 3:25
3. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – Chorus: From Harmony, from heav’nly Harmony The English Concert 3:32
4. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – What passion cannot Music raise and quell Felicity Lott 8:18
5. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – The trumpet’s loud clangour Anthony Rolfe Johnson 3:33
6. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – March The English Concert 2:11
7. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – The soft complaining flute Felicity Lott 5:02
8. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – Sharp violins proclaim Anthony Rolfe Johnson 3:56
9. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – But oh! What Art can teach Felicity Lott 4:39
10. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – Orpheus could lead the savage race Felicity Lott 1:42
11. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – But bright Cecilia Felicity Lott 0:44
12. Ode for Saint Cecilia’s Day (HWV76) – As from pow’r of sacred lays

Lisa Beznosiuk
Felicity Lott
Anthony Rolfe Johnson
Crispian Steele-Perkins
Michael Laird

Trevor Pinnock
The English Concert

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Compositores estadunidenses

Este é um daqueles CDs comerciais de coletâneas, no caso destinado ao mercado norte-americano, mas nele estão as melhores gravações que possuo do Adágio de Barber, da Abertura de Candide e das peças de Copland em questão.

A Primavera apalache está na versão original, para 13 instrumentos; o Hoe-down teve uma sessão intermediária inteira suprimida (não sei por quê); o pianista na Rapsódia in Blue é o próprio Gershwin, cuja orquestra gravou a posteriori sobre o rolo com o registro do compositor (não ficou legal); e a Dança do sabre consta só pra preencher o tempo do CD.

Ao passar por NY, visite o Café do Rato Preto no Madison Square Garden.

1. Fanfarra para o homem comum – Copland
2. Abertura de Candide – Bernstein
3. Primavera apalache – Copland
4. Hoe-down, de Rodeo – Copland
5. Rapsódia in blue – Gershwin
6. Adágio para cordas – Barber
7. Dança do Sabre, do balé Gayané – Khatchaturian

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CVL

.:interlúdio:. John Surman: The Amazing Adventures Of Simon Simon

Mais um CD com as esquisitices e originalidades de John Surman. Desta vez, o inglês ataca em dupla com Jack DeJohnette ou em trio, se considerarmos os sintetizadores criadores de ostinati simples e sonhadores. Gosto muito de Nestor`s Saga e de The Pilgrim’s Way. É um trabalho de qualidade média se considerarmos o espetacular Upon Reflexion trabalho solo de Surman, acompanhado apenas de sintetizadores. Vale a audição.

John Surman: The Amazing Adventures Of Simon Simon

1. Nestor’s Saga 10:48
2. The Buccaneers 3:58
3. Kentish Hunting (trad. arr. Surman) 2:56
4. The Pilgrim’s Way (Surman/DeJohnette) 5:45
5. Within The Halls Of Neptune 3:58
6. Phoenix And The Fire (Surman/DeJohnette) 6:14
7. Fide Et Amore (Surman/DeJohnette) 4:43
8. Merry Pranks 2:50
9. A Fitting Epitaph 3:23

composed by Surman except as noted

recorded January 1981, Talent Studio, Oslo

John Surman, baritone and soprano saxophones, bass clarinet, synthesizers;
Jack DeJohnette, drums, congas, electric piano on track 7

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PQP

Interlúdio – Edson Cordeiro

Baixou o espírito de Bluedog em mim: “Edson Cordeiro?! Qual foi, Ciço?!”. Acho que peguei raiva musical.

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Os comentários sobre o CD deixo por conta de vocês. Se forem em boa quantidade, vou postando mais discos fortuitamente.

Levantei vôo de Buenos Aires e estou indo para o Recife.

***

As Edson Cordeiro is a familiar name in Brazil, I speak some lines about him to foreign habitués of this blog as we have many music lovers worldwide who join us.

Edson is perhaps the most popular countertenor we have because he is an ecletical pop singer that sings success from many music genres, like classical music, jazz, Brazilian Popular Music from early 20th Century and Spanish music.

The CD posted here, released in 1991, is Edson’s first one – and is the best of all. It revealed all his versatility: from Janis Joplin to Bizet, including a so genial mix of Mozart’s Queen of the night aria with Rolling Stones’ Satisfaction, sung with the Brazilian died rock singer Cássia Eller. In that moment, he was a sopranist; only some years later he trained the countertenor register and recorded another CD specifically to show his “new” voice.

The lyrics of some musics in this CD are here, beside some others.

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Edson Cordeiro

1. Creole Love Call
2. La seguidille
3. Baioque – Baião
4. Naturträne
5. Sometimes I Feel Like a Motherless Child
6. A Rainha da Noite – (I Can´t Get No) Satisfaction
7. Kiss
8. A Lua é um Balão – Moon is Made of Gold
9. Mercedes Benz
10. Down em Mim
11. Voz de Mulher – Fascinação

Participação especial: Cássia Eller

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CVL

Franz Liszt (1811-1886)- Faust Symphony, Les Préludes, Tasso, Psalm XIII – Thomas Beecham – RSO

Trago mais um Liszt, porém desta vez, obras sinfônicas e corais. Baixei este cd dia destes do avaxhome, e me encantei com a qualidade da gravação e interpretação. Já há algum tempo eu procurava uma gravação destas obras, assim como das Rapsódias Húngaras. Liszt em sua obra sinfônica sempre me fascinou. A mistura de elementos do folclore húngaro, intercalados com elementos românticos,  o crescendo da orquestra, a força do seu final sempre me fascinaram, desde que ouvi as Rapsódias Húngaras pela primeira vez.Novamente repito que sei que alguns leitores torcem o nariz quando se fala do sogro de Wagner, mas o problema é única e exclusivamente deles.

Sir Thomas Beecham e sua Royal Philharmonic Orchestra estão magníficos, assim como o para mim até então desconhecido Constantin Silvestri à frente da Philharmonia Orchestra, assim como os solistas e corais.

Franz Liszt (1811-1886)- Faust Symphony, Les Préludes, Tasso, Psalm XIII – Thomas Beecham – Royal Philarmonic Orchestra

CD 1- Faust Symphonie

01 I – Faust
02 – II-  Gretchen
03. III- Mephistopheles and Final Chorus

Alexander Young – Tenor
Beecham Choral Society
Royal Philharmonic Orchestra
Sir Thomas Beecham – Conductor

CD 2

01. Les Prelude
02. Tasso

Philarmonia Orchestra
Constantin Silvestri

03. Orpheus
04. Psalm XIII – Lord, how long (Andante maestoso)
05- Look on me (andante mosso)
06- But I have trusted (Alegro moderato, ma non troppo
07- I will to God (Alegro energico)

Walter Midgley – Tenor
Beecham Choral Society
Royal Philharmonic Orchestra
Sir Thomas Beecham – Conductor

CD 1 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

CD 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP

Rossini (1792-1868), Schumann (1818-1856), Brahms (1833-1897), Wolf (1860-1903) – Harmonia Mundi – 50 years of music exploration – CD 23 de 29

Mais um dos 29 álbuns comemorativos dos 50 anos da Harmonia Mundi e nova confusão de alto nível. Claro que numa caixa dessas a intenção é mostrar o melhor do melhor dos 50 anos de uma super-gravadora e os CDs não têm grande unidade, mas como valem a pena conhecer! Destaque para… tudo! Nunca tinha ouvido essas músicas em interpretações tão boas.

A Sonata de Rossini mostra o que o compositor tem de melhor: o melodismo fácil e sedutor. Destaque para o estilo galante do irresistível Allegretto.

O belíssimo ciclo Amor e Vida de uma Mulher, de Schumann, a partir de poemas de Adelbert von Chamisso, o criador do imortal Peter Schlemihl — o homem que vende sua sombra ao diabo (NÃO DEIXEM DE LER) — é um dos ápices do romantismo. A interpretação de Bernarda Fink funciona maravilhosamente, ficando longe das loucuras escabeladas de algumas cantoras de que meu pai gostava e das quais não sei o nome — ainda bem! Fink valoriza as canções na medida certa, longe da apelação.

Ao lado das canções de Schumann, a sonata para clarinete e piano de Brahms é o ponto alto do CD, com destaque para o sonhador Andante um poco adagio magnificamente levado por Michel Portal.

Já os Goethe-Lieder de Wolf contrastam tanto com o restante do CD que não consigo escrever nenhuma frase a respeito. Loucuras desta coleção…

Gioacchino Rossini – Sonate a quattro en Si bémol majeur 14’55
1. Allegro Vivace
2. Andante
3. Allegretto
Ensemble Explorations

Robert Schumann – Frauenliebe und leben op.42 (Amor e Vida de uma Mulher) 20’20
4. Seit Ich Ihn Gesehen
5. Er, Der Herrlichste Von Allen
6. Ich Kann’s Nicht Fassen
7. Du Ring An Meinem Finger
8. Helft Mir, Ihr Schwestern
9. Susser Freund
10. An Meinem Herzen
11. Sun Hast Du Mir Den Ersten Schmerz Getan
Bernarda Fink, mezzo soprano
Roger Vignoles, piano

Johannes Brahms – Sonate pour clarinette et piano op.120 n°1 24’44
12. Allegro Appassionato
13. Andante Un Poco Adagio
14. Allegretto Grazioso
15. Vivace
Michel Portal, clarinet
Georges Pludermacher, piano

Hugo Wolf – Goethe-Lieder avec orchestre 19’19
16. Mignon
17. Der Rattenfanger
18. Harfenspieler I
19. Harfenspieler II
20. Harfenspieler III
21. Anakreons Grab
Juliane Banse, soprano
Dietrich Henschel, baritone
Rundfunkchor Berlin, dir.Simon Halsey
German Symphony Orchestra Berlin
Kent Nagano, conductor

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PQP

Domenico Scarlatti (1685 – 1757) – Sonatas para Cravo

Vocês sabem como é, o amante de Maria Bárbara de Bragança era insaciável: não parava de compor sonatas para cravo. Compôs mais de quinhentas e, se a morte não o tivesse interrompido, estaria compondo até agora. Este antigo registro de Gustav Leonhardt, feito ainda para a RCA Victor, é uma jóia que você deveria baixar. Scarlatti foi um grande compositor e, como era muito esperto, vendeu de forma superfaturada a José Saramago os direitos da história de sua aventurosa vida. O resultado foi o romance Memorial do Convento. Saramago só recuperou-se financeiramente ao ganhar o Nobel. Sorte de comunista.

Domenico Scarlatti – Sonatas para Cravo

1. Sonata in A minor, K 3 (Instrumental) 3:03
2. Sonata in F minor, K 185/184 (Instrumental) 7:36
3. Sonata in B minor, K 227 (Instrumental) 3:42
4. Sonata in F minor, K 238/239 (Instrumental) 7:02
5. Sonata in D minor, K 52 (Instrumental) 4:24
6. Sonata in E-flat Major, K 192/193 (Instrumental) 7:27
7. Sonata in A Major, K 208/209 (Instrumental) 6:23
8. Sonata in E-flat Major, K 252/253 (Instrumental) 6:31
9. Sonata in D minor, K 191 (Instrumental) 2:23

Gustav Leonhardt, cravo

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PQP

César Guerra-Peixe (1914-1993) – Principais obras sinfônicas [link atualizado 2017

Aqui um superpost “pague um e leve quatro”, para vocês aproveitarem o weekend inteiro e eu pegar mais umas duas ou três semanas de auto-licença.

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Guerra Peixe, que assinava o nome com um hífen que não havia em seus documentos oficiais, foi um violinista filho de portugueses nascido em Petrópolis que passou os primeiro anos de carreira tocando em orquestras de rádio e de bailes e fazendo arranjos para elas, no Rio de Janeiro.

Participou do Grupo Música Viva, surgido na década de 40 em torno de [Hans-Joachim] Koellreuter (pra quem ainda não ouviu falar do alemão, trata-se do introdutor do dodecafonismo no Brasil), ao lado de Cláudio Santoro, Edino Krieger e Eunice Catunda, mas – assim como Santoro e Krieger – deu tchau pro papo alienante do alemão e se deixa tomar pela leitura de Mário de Andrade.

Tanto é verdade, que Guerra-Peixe destruiu algumas obras dodecafônicas e catalogou as outras à parte, como um index.

O Guerra (alcunha para os amigos) recusou convites de Copland para morar nos EUA e de Hermann Scherchen para rumar para a Suíça, preferindo reger a orquestra da Rádio Jornal do Commércio de Pernambuco. Neste Estado iniciou suas informais pesquisas de campo a fim de se aprofundar na música folclórica, continuadas no litoral paulista na década de 50.

Sua estadia no Recife, de 1949 a 1952, reforçou sua inclinação nacionalista musical e o fez desferir ironias corrosivas a Koellreuter, antes e depois da tumultuosa querela com Camargo Guarnieri, pela Carta Aberta de 1950.

Em Pernambuco, Guerra-Peixe formou um círculo de aplicados alunos que iria render frutos anos mais tarde: Jarbas Maciel e Clóvis Pereira, expoentes da composição armorial (vide futuro post sobre a música armorial) e os únicos vivos do grupo, Sivuca (se o nome do sanfoneiro paraibano causar espanto, pois bem: ele sabia teoria musical muito bem) e Capiba, o maior compositor de frevos de Pernambuco.

Na década de 60, passa para sua fase universalista – ainda de orientação realista-comunista, mas menos marcada pelos ritmos nacionais, e com pontuais recaídas atonais – sempre ganhando a vida com arranjos para filmes e para músicos populares; é dele o famoso arranjo daquela marchinha futebolística “Noventa milhões em ação…”. Nas décadas seguintes, deu aulas de composição na Escola Villa-Lobos, no Rio, bem como para alunos particulares e na Universidade Federal de Minas Gerais (anos 80).

Como este resumo sobre Guerra-Peixe está mais para enciclopédia estudantil, procure por further information na Wikipédia.

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Aqui seguem as cinco principais obras sinfônicas do compositor, quatro das quais, de caráter programático e ligadas a símbolos da história e das artes brasileiras.

Museu da Inconfidência é a melhor, mais gravada e mais popular de todas elas – principalmente pelo segundo movimento, Cadeira de arruar – e a qual vocês devem ouvir primeiro, para ter uma boa impressão do Guerra. No próprio ano de estréia da suíte, 1972, ela foi gravada pela Sinfônica Brasileira, sob a batuta de Karabtchevsky, num vinil da Philips, junto com o Choros n° 6 do Villa e Mosaico, de Marlos Nobre.

O curto e solene movimento de abertura, que um compositor amigo meu e ex-aluno do Guerra me disse ser totalmente Paul Hindemith, reaparece no final do último movimento, um rondó que reveza um tema heróico, referente aos tempos de glória dos reinos africanos de onde saíram os escravos brasileiros, e um lamentoso jongo (ritmo precursor do samba) cantado pelo fagote, emulando um canção para distrair o trabalho e para amenizar a saudade que o escravo sentia de sua terra.

O segundo movimento resgata a atmosfera zombeteira dos escravos que caçoavam do senhor deles, sem este saber, enquanto levavam-no na cadeira de arruar (de andar pela rua) para ver as festividades profanas. O terceiro movimento, misterioso e triste, evoca o luto pelos que morreram nas manifestações de 1792, o qual se sente ao se quedar ante o panteão do museu ouropretano.

A retirada da Laguna (1971), a obra mais extensa do Guerra, foi baseada no livro de Visconde de Taunay (escritor, militar, historiador, político e também compositor, tendo apreço por Leopoldo Miguez e Carlos Gomes, e a quem meus colegas do tempo de escola chamavam de Visconde do Tonel), que por sua vez relata um dos episódios mais desastrados [e desastrosos] das tropas brasileiras na Guerra do Paraguai.

Este registro tem valor por trazer o próprio compositor como regente. Pertence a uma série lançada pela Funarte, primeiro em vinil depois em CD, na qual os autores regiam suas obras. Apesar de bem orquestrada e de bom apelo cinematográfico, a suíte é meio naïf, como a Sinfonia Brasília. É uma obra que valeria uma nova gravação, com uma grande orquestra e um bom maestro, para fazê-la render melhor.

Tributo a Portinari (1991) foi a última grande criação de Guerra-Peixe, escrita enquanto ele usufruía de uma bolsa da Fundação Vitae. A orquestração belipisciana continua pragmática e indefectível, disposta à la Beethoven mas tratada à la Copland, vinte anos depois da Retirada, do Museu e do Concertino. Podem observar que, independente da linha estética seguida, seus alunos – como Ernani Aguiar e Guilherme Bauer – a adotaram, devido sobretudo à economia (facilita a contratação de músicos).

Cordas sem divisi, madeiras aos pares, nunca com clarone ou contrafagote, sem recorrer ao piano e à harpa, raramente solicitando a celesta, usando dois ou três trompetes, quatro trompas e dois ou três trombones, dispensando por vezes à tuba, utilizando no máximo três percussionistas e reservando ostinati únicos aos tímpanos. E nunca repetindo uma seção anterior da peça sem modificá-la minimamente: A voltará como A’ (A linha), não como A.

Quatro quadros do mais célebre pintor que tivemos no Brasil serviram de base para a obra: Família de Emigrantes (na verdade, Retirantes), Espantalho, Enterro na rede e Bumba-meu-boi. Acontece que não existe somente uma tela que equivalha à cada título – pode fazer o teste no site da Fundação Portinari. E sobre cada movimento desse “Quadros de uma exposição” brasileiro (se bem que pela ausência de um tema ao estilo do Promenade, tal título cabe melhor ao “Museu”, pela sua “Entrada”) teria não sei quantas linhas a dizer; vamos adiante, que é melhor.

Quando da inauguração de Brasília, abriu-se um concurso para premiar uma sinfonia que tivesse a cidade como tema. Camargo Guarnieri tava escrevendo a dele, mas foi chamado para integrar o júri e arquivou a idéia até estrear sua Sinfonia n° 4 (1963). JK tinha encomendado a Tom e Vinícius tal sinfonia programática, mas por contratempos diversos a Sinfonia da Alvorada (1960) só foi ouvida em 1966 (e pela segunda vez vinte anos depois), uma verdadeira porcaria que vai ficar aqui mofando na minha discoteca.

Por não sei que cargas d’água, não se concedeu o primeiro lugar no referido concurso e o segundo foi dividido entre Guerra-Peixe, com a Sinfonia n° 2 (1960), Cláudio Santoro e José Guerra Vicente. É a obra mais ampla da fase nacionalista do Guerra, já adentrando na universalista; não vejo muita coisa de especial nela, exceto pelas palavras de JK no último movimento, no mais parafraseador estilo “Um retrato de Lincoln”, de Copland.

Por fim, o Concertino para violino e orquestra de câmara (1972), atendeu a um pedido de Cussy de Almeida, violinista e então maestro da Orquestra Armorial. No entanto, Cussy nunca executou a obra porque Guerra-Peixe confiou a première a Stanislaw Smilgin. O Concertino nem é a cara da Orquestra Armorial; se ele fosse escrito na fase nacionalista do Guerra, aí sim – mas o Movimento Armorial nasceu em 1970.

A presente gravação estava nos meus arquivos em mp3 que baixei da net. O LP de onde saiu o Concertino contém três peças breves para piano – as peças para violão e Espaços sonoros, o dono do disco juntou ao criar um CD caseiro. Decidi não excluir essas partituras não sinfônicas pela raridade delas.

Excelente semana.

***

I. Museu da Inconfidência (Impressões de uma visitação em 1966)
1. Entrada (Andante)
2. Cadeira de arruar (Allegro moderato)
3. Panteão dos inconfidentes (Larghetto)
4. Restos de um reinado negro (Vivace)
Orquestra do 18° Festival de Música de Londrina, regida por Norton Morozowicz

 

II. A retirada da Laguna
1. Partida para os campos
2. Pantanais
3. Alegria em Nioaque
4. Laguna
5. Uma noite calma
6. Incêndio – depois, o temporal
7. Esperança no Campo das Cruzes
8. A morte do Guia Lopes
9. Regresso pacífico
10. Canção à fraternidade universal
Orquestra Sinfônica da Rádio MEC, regida por Guerra-Peixe

 

IIIa. Tributo a Portinari
1 – Família de Emigrantes
2 – Espantalho
3 – Enterro na Rede
4 – Bumba-Meu-Boi
IIIb. Sinfonia n° 2 – Brasília
5 – Allegro ma non troppo: O candango em sua terra – A caminho do Planalto – Recordações que o acompanham – Chegada alegre
5 – Presto: Trabalho
7 – Andante: Elegia para o ausente
8 – Allegretto con moto: Manhã de Domingo – Allegretto: Tarde infantil – Andante: Desce a noite – Presto: Volta ao trabalho – Moderato: Inauguração da cidade – Allegro ma non troppo: Apoteose
Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, Coral da OSPA, regidos por Ernani Aguiar, Narrador: João Antonio Lopes Garcia
Texto: Juscelino Kubitschek, trecho do discurso da inauguração de Brasília

Concertino para violino e orquestra de câmara
1. I. Allegro comodo
2. II. Andantino
3. III. Allegro un poco vivo
Orquestra não identificada, Regência: Guerra-Peixe, Violino: Stanislaw Smilgin

Peça p’ra dois minutos
4. Peça p’ra dois minutos
Suíte n° 2 – Nordestina
5. I. Violeiros
6. II. Caboclinhos
7. III. Pedinte
8. IV. Polca
9. V. Frevo
Miniaturas n° 4
10. Miniaturas n° 4 – Allegretto – Adágio – Presto
Sônia Maria Vieira, piano

Lúdicas
11. Lúdicas n° 5
12. Lúdicas n° 10
13. Prelúdio n° 1
14. Prelúdio n° 2
15. Prelúdio n° 5
16. Peixinhos da Guiné
Sebastião Tapajós, violão

Espaços sonoros
17. Estático
18. Dinâmico
Trompa: Francisco de Assis Silva, Piano: Sarah Higino

Está tudo junto num arquivo só: BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

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CVL
Repostado por Bisnaga

Rubinstein no Recife (Post – texto e som – feito só por amigos)

O escritor Fernando Monteiro (dois links diferentes sobre o nome) nos envia este e-mail:

PQP,

uma informação — meio perdida no tempo — que é interessante, talvez, trazer para essa verdadeira hommage (justíssima) a RUBINSTEIN, na qual está se constituindo a dupla postagem que você fez (com intervenções de todos os “jovens” — com e sem aspas — que amam a grande Música e acessam o PQP Bach), é a seguinte: numa terça-feira chuvosa de junho, Arthur Rubinstein se apresentou aqui no Recife, no Theatro de Santa Isabel — conservando-se a grafia da época e o “de” que nós, recifenses, sabemos que se deve usar (assim como a própria cidade é “o” Recife e não “a” Recife, como às vezes ouvimos, com os ouvidos ofendidos como por uma nota musical errada…).

Então, no dia 9 de junho de 1931, estava o ainda jovem — porém já mundialmente consagrado — Rubinstein aqui na cidade maurícia, “dando um concerto” que foi assim descrito, em fragmento do comentário do jornalista Mário Melo:

Magnífico, sob todos os aspectos, o concerto de Rubinstein, nome que Pernambuco admira como um dos maiores pianistas da atualidade. Não há necessidade de repetir elogios ao maravilhoso musicista. A mesma técnica formidável, o mesmo sentimento encantador. Arrebatador, por sinal, na interpretação de Petronchka, de Stravinsky, e na “Polonesa” de Chopin. O velho theatro vibrou em aplausos ao formidável artista”…

Abraço.

Fernando.

Ao mesmo tempo, peço a FDP Bach — o Bach mais romântico de toda a família — uma grande gravação de Rubinstein. Uma daquelas imbatíveis. Ele é apaixonado por uma que baixou há anos na rede, mas o CD inexiste. Provavelmente foi montado, por alguém que sabe o que é bom, a partir dos CDs das gravações completas do nobre mestre Rubis.

F D P diz:
não tenho informações sobre o disco. Só sei que é Rubinstein no segundo de Brahms e no 23 de Mozart.
P Q P diz:
OK. eu pergunto no pqp e os caras respondem a orquestra, regente, tudo. Sempre aparece alguém(ns) que conhece
F D P diz:
posso arriscar um palpite?
P Q P diz:
sim
F D P diz:
Barbirolli no concerto de Brahms, e o Krips no de Mozart..
F D P diz:
ou aquela orquestra da RCA que sempre acompanhava ele..
P Q P diz:
Barbirolli é um excelente chute. Krips é de comer?
F D P diz:
nossa, não conhece Joseph Krips?
P Q P diz:
não lembro
P Q P diz:
Mas tem de bacon?
F D P diz:
Um baita dum regente de Mozart…
F D P diz:
acho que tem de bacon sim…
F D P diz:
A versão de rubinstein do 23º e do 21º são as minhas favoritas
F D P diz:
Imbatíveis

Etc.

Brahms – Concerto n° 2
01. Allegro non troppo
02. Allegro Appassionato
03. Andante
04. Allegretto Grazioso

Mozart – Concerto n° 23
05. Allegro
06. Adagio
07. Allegro Assai

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PQP

Resultado da promoção da Arte da Fuga!

Olha, eu crio problemas de graça para mim mesmo. Achei que vários mereciam ganhar o CD duplo da Arte da Fuga com o Collegium Aureum, mas só tenho dois exemplares e o outro é (era) meu. Primeiro, selecionei uns dez bons, depois fui mais severo e fiquei só com três. Re-re-relendo, dei-me conta de que havia involuntariamente escolhido “o mais inteligente”, “o mais emocionante” e “o mais engraçado”. Depois do prazo, entraram mais dois sensacionais. Não entraram na seleção. Sorte minha.

Eu não escolhi o vencedor, apenas descartei “o mais inteligente” — pois tive uma convulsão e subitamente irritei-me contra a ditadura da beleza e da inteligência — e fiquei com os outros dois. Vou dar o meu CD também. É com o coração na mão que escolho “o mais engraçado”, escrito pelo Y*, pelo simples fato de que escrevi em maiúsculas no post: …EXPLICAR DE FORMA MAIS INUSITADA (ORIGINAL, SURPREENDENTE)…

Minha namorada gosta mais de Bach do que de mim…
Ok, eu também gosto mais de Bach do que dela.
E Bach gostaria mais de si mesmo do que qualquer um de nós dois.
Estamos num consenso!

E “o mais emocionante”, escrito pelo Paulo Clemente:

Bach me salvou da vergonha, após ter mijado todo o banheiro da casa da grã-fina. Pois é, história real. Quando menino cantava em um coral, e estava em excursão em Curitiba. Nas viagens ficávamos sempre hospedados em casas de família, e daquela vez, eu e outro colega menino-cantor havíamos tirado a sorte grande (ou não): uma família rica (ou podre de rica) havia nos hospedado. Bem, eu era de família muito pobre, e no dia em que chegamos, fui ao banheiro tomar banho, e vi um bidê. Como era pobre, não sabia exatamente para que ele servia, e imaginei que fosse para mijar. Pois bem, mijei, e quando acabei, para meu desespero, o bidê estava quebrado e vi que tudo tinha ido para o chão. Tentei secar o banheiro, mas só tentei. No jantar, mesa posta, formal, me reprimiram pelo meu engano. Morri de vergonha, só escapei de coisa pior porque a dona da casa me levava pra “conversar” quando vi uma miniatura de madeira de um órgão, e a fotografia de seu Papai. Ela perguntou: Vocês sabem quem é? Eu disse, todo orgulhoso: Sim, é Bach! Acho que ela preferiria que o meu colega respondesse, mas como fui eu, pude compensar meu deslize com o amor por Bach, compartilhado entre aquela velha rica e um menino-cantor de família pobre. Com vêem, Bach me salvou da vergonha por ter mijado todo o banheiro.

Além disso, agradeço a Bach por ter me antecipado 10 anos de sensação de prazer. Quando menino, não tinha toca-discos ou toca-fitas, e o único jeito de ouvir Bach era quando cantava músicas dele. Nessa época, Bach me dava as mesmas sensações de orgasmo que os outros meninos só iriam sentir depois dos 18 anos. Não aquele orgasmo solitário, escondido, que começa em geral aos 13, mas aquele orgasmo que é o clímax do amor por outra pessoa, aquele que a gente infelizmente sente só depois de um bom tempo praticando não o sexo, mas o amor. A música de Bach é música de quem goza, de quem ama. Certamente seu Papai era muito bem amado, e a música dele nos passa isso. Não sei se a velha rica de Curitiba gozava com outra coisa, mas com Bach, ah, isso ela gozava, e justamente porque gozava e viu que eu ainda que menino também gozava junto, não me repreendeu mais.

Pessoal, muitos parabéns pelo Blog, que conheci há pouquíssimo tempo. O blog de vocês, além de uma oportunidade rara de democratizar o acesso à música de qualidade, tem textos de qualidade e divertidíssimos. Há um mês sou um visitante assíduo. Parabéns e obrigado!

PQP

Por uma política judiciária educativa

saiu no G1:

Por ouvir rap alto demais, homem é condenado a escutar música clássica

Uma punição estranha para um homem condenado por ouvir rap alto demais em seu carro. Uma juíza da do condado de Champaign, em Ohio, determinou que o acusado, multado em US$ 150, poderia se livrar de parte substancial da multa caso aceite passar 20 horas ouvindo música clássica.

Andrew Vactor foi condenado por perturbar a tranquilidade na cidade de Urbana ao andar, em julho, com as janelas de seu carro abertas e o som do carro emitindo versos de rap no último volume.

Caso tivesse aceito a proposta da juíza, ele precisaria pagar apenas US$ 35 de multa. Vactor, no entanto, não aguentou ficar 15 minutos ouvindo Bach, Beethoven e Chopin.

Segundo ele, a música não era o problema. “Não tinha tempo para ficar cumprindo a pena. Decidi apenas pagar a multa”, afirmou. Vactor, 24 anos, afirmou que no dia proposto pelo juiz para a sessão de música clássica, ele teria que treinar basquete com sua equipe na universidade.

A juíza Susan Fornof-Lippencott disse que a idéia era obrigar Vactor a ouvir uma música que não fosse de seu interesse. Assim, ele se sentiria como boa parte dos moradores de Urbana, “obrigados” por ele a ouvir rap. “Ninguém gosta de ouvir algo forçado”, afirmou a juíza.

Blue Dog

Darius Milhaud (1892 -1974): La création du monde, Le boeuf sur le toit

Conheço e gosto de Jazz. Não tanto quanto em outros tempos. Pois apreciava o gênero nos bares, com amigos e boas mulheres, com muita bebida e fumaça…Depois que esta bendita fase passou, sentar numa poltrona de vovô, com suco de laranja e canudo, está cada vez menos atraente, principalmente para a audição do bebop e suas ramificações. No entanto ainda aprecio muito o Jazz um pouco menos requintado, aquele anterior a formação camerística, das grandes orquestras e de maior alegria.

Dessa fase interessante do Jazz, o compositor francês Milhaud, nos anos de 1920, encontrou nos clubs noturnos do Harlem fonte riquíssima para sua mais importante e celebrada composição, La création de monde. Esta obra vai além do Ebony Concerto de Stravinsky na mistura desses dois mundos. Pois na obra pós-classicista do russo, só em poucos momentos, a música parece tangenciar o Jazz, já na Création do francês há núcleos de puro Jazz e alegria, como se a orquestra clássica fosse invadida por um grupo de arruaceiros que dão sentido a uma das mais tristes e tocantes aberturas da música clássica.

Depois dessa fascinante obra, encontramos Milhaud respirando o Brasil no seu Le bouef sur le toit. Essa música brasileiríssima dos maxixes do começo de século XX é um rondó dividido em 12 seções, cujos temas serão facilmente reconhecidos pelos ouvintes de outras épocas, de João Pernambuco, Catulo da Paixão Cearense,…Aliás quanto perdemos com a “sofisticação” da música popular brasileira. Nos 50 anos de Bossa Nova, o melhor resumo que encontrei para definir o que ela significa foi enviado por um primo por e-mail. Vejam se há melhor resumo da MPB do que esse ?

A gravação é excepcional (melhor que Bernstein) e as duas outras obras do disco que não comentei são também dignas de estarem aqui.

1. La Creation du monde, Op. 81
2. Le Boeuf sur le toit, Op. 58
3 – 10. Suite provencale, Op. 152b
11 – 18. L’Homme et son desir, Op. 48

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CDF

.:interlúdio:. John Surman – Coruscating (1999)

Tenho certa desconfiança de que aqueles que acompanham o blog já notaram que sinto grande admiração por John Surman… Pois aqui ele reaparece em 1999 com uma nova formação: seus muito “saxes” e clarone, um baixista e um quarteto de cordas. Só isso. O resultado é ainda melhor do que a experiência de 97, postada aqui durante a semana, com a adição do órgão e coro misto a seu arsenal saxofônico, por assim dizer. Um excelente CD para o dia frio e chuvoso de Porto Alegre. Gosto muito mesmo deste grande CD, o qual é elogiado assim por um ouvinte no site da Amazon:

Coruscating is another unusual venture, with Surman and regular associate bassist Chris Laurence improvising on eight of Surman’s compositions with the string quartet Trans4mation. There’s a seamless beauty here, composition and improvisation becoming one. Beginning with the baroque clarity of melody on “At Dusk,” Coruscating develops often dark, looming textures. While Surman has made his baritone fly, here he emphasizes intense lyricism, whether with a true, full-bodied, baritone sound or a light upper register. “Stone Flower” is dedicated to the great Ellington baritonist Harry Carney, and Surman’s breathy, overtone-rich sound invokes Carney’s own recordings with strings. He uses other horns unexpectedly, picking up traditional tones of oboe, clarinet, and flute on his soprano saxophone and cello on his bass clarinet. A preoccupation with depths extends to the beginning of “An Illusive Shadow,” which contrasts his contrabass clarinet with eerie, high dissonances from the strings, before the piece evolves to other moods that suggest a kind of classical Dixieland and Gershwin. Laurence also develops solos of unusual, brooding power, adding significantly to this unusual, often meditative work. –Stuart Broomer

Se fosse você, conferiria. Vale a pena.

John Surman: Coruscating

1. At Dusk 2:17
2. Dark Corners 4:57
3. Stone Flower 5:47
4. Moonless Midnight 7:34
5. Winding Passages 6:44
6. An Illusive Shadow 9:24
7. Crystal Walls 9:49
8. For The Moment 6:56

all composed by Surman

recorded January 1999, CTS Studios, London

John Surman, soprano and baritone saxophones, bass and contrabass clarinets;
Chris Laurence, bass
Rita Manning, Keith Pascoe, violin;
Bill Hawkes, viola;
Nick Cooper, cello;

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PQP

Tem até prêmio no dia maluco!

Já postamos cinco CDs nas últimas 24h e temos ainda mais um agendado pelo FDP Bach para as 20h. Mas interrompo a seqüência a fim de lançar o seguinte desafio: quem EXPLICAR DE FORMA MAIS INUSITADA (ORIGINAL, SURPREENDENTE) seu amor a meu pai, leva o CD duplo da Arte da Fuga com o Collegium Aureum. Podem ser usadas analogias ou imagens tais como “Gosto tanto de seu pai que por ele seria capaz de __________________________”. Ou, “Amo Bach tanto quanto gosto de sexo oral”, por exemplo… Não, não é obrigatório apelar para a baixaria. Pode ser algo fino, de alto nível, poético ou fofinho…

Motivo da promoção: enganei-me e comprei dois na Amazon… Hoje chegou o segundo. Vai lacradinho. Valendo até as 23h59 de hoje, OK?

O regulamento do concurso é simples: o CD é meu, eu mando nele, então eu resolvo quem é o vencedor. Reclamações? Ora, vá se f…

Ah, preencham o campo de e-mail nos comentários.

PQP

Jorge Antunes (1942) – ¡No se mata la Justicia!

Dom Óscar Arnulfo Romero Galdámez (1917-1980) tornou-se arcebispo de San Salvador, capital de El Salvador, em 1977. Nomeado por Roma por seu perfil conservador, Monsenhor Romero, como ficou conhecido, passou a conviver mais de perto com os fiéis e a observar pela ótica deles os abusos do exército salvadorenho, que temia um golpe de estado por parte de guerrilhas esquerdistas.

Com as incômodas denúncias – em suas homilias, à imprensa e a quem quer que fosse – de violação aos direitos humanos, incluindo assassinatos de clérigos, começou a receber ameaças de morte. Em 24 de março de 1980, “finalmente” (pro conforto dos militares), Monsenhor Romero tomou um tiro mortal no coração, de um milico anônimo, durante uma missa numa capela perto da Catedral de San Salvador, e virou mártir de imediato.

A notícia da morte de Monsenhor Romero atraiu milhares de pessoas a seu velório, para insatisfação do exército salvadorenho. Os militares dispersaram a multidão ao custo de 42 outras mortes. Dali, deflagrou-se oficialmente a Guerra Civil de El Salvador, que durou até 1992. Até hoje, o crime não foi solucionado, graças às oligarquias que ainda comandam o país, mas a peregrinação ao túmulo de Monsenhor Romero desde então tem sido a maior da América Central.

***

Jorge Antunes – carioca radicado em Brasília, ativista de esquerda, autor do hino do PSol e de um Hino Nacional Alternativo, professor da UNB e um dos mais representativos (e polêmicos) expoentes da vanguarda brasileira – ganhou um prêmio da Sociedade de Música Contemporânea Israelense e viajou para a Terra Santa em 1980, onde passou quatro meses (em Jerusalém e num kibutz), desenvolvendo os rascunhos do tributo que estava concebendo ao arcebispo assassinado.

A referência à cor violeta advém da teoria cromofonética de Jorge Antunes, que relaciona uma cor do espectro solar a cada uma das notas diatônicas. De acordo com essa teoria o violeta equivale à nota mi, que predomina também em Ritual Violeta.

A Elegia violeta para Monsenhor Romero é uma das peças mais impactantes da música clássica nacional. Esta gravação péssima, que me parece ser a única, e o coral não tão bem ensaiado não reduzem a força da obra, desde a simulação do peso do tiro mortal em Monsenhor Romero, no acorde inicial do piano, e os gritos de desespero simulado nas cordas, até a última frase que o coral canta (a do título do CD).

“Não se mata a Justiça!” foi a resposta que o arcebispo deu a um repórter da TV Globo que o entrevistou em San Salvador, o qual perguntou-lhe se não tinha medo de morrer devido às denúncias contundentes que fazia.

***

Falo en passant somente da obra mais importante – e, de longe, a mais atrativa – desse CD de Jorge Antunes; para saber sobre as demais, dêem uma olhada no encarte. Muito engenhosa, para se mencionar, é a Cromorfonética, que você pode confundir com uma obra eletroacústica, mas, com uma segunda ouvida, perceberá que é para coro misto.

Estou aqui em Brasília, tentando achar o Café do Rato Preto através do endereço que meu gerente me deu, já que nunca estive na capital federal:

Quadra SHIS Trecho 50 Lote 200

Acontece que o Google Earth acusou “galáxia não localizada” e não sei o que fazer no momento. Acho que daqui mesmo do aeroporto JK vou-me embora pra… Pra não sei onde… Talvez Santa Catarina, talvez Recife, talvez Rio, talvez Buenos Aires…

***

1. Elegia violeta para Monsenhor Romero (1980), para dois solistas infantis, coro infantil, piano obligato e orquestra de câmara

Coro Infantil do Kibutz Hatzerim e do Conservatório de Música de Beer-Sheva
Solistas: Hagit Shapira e Ruth Halifa
Piano obligato: Mariuga Lisbôa Antunes
The Israel Sinfonietta
Regente: Jorge Antunes

2. Cromorfonética (1969), para coro a capella

Coro Pro-Arte Ensemble Graz
Regente: Karl Emst Hofmann

3. Proudhonia (1972), para coro misto e fita magnética

Coro: Les Douze Solistes des Choeurs de l’ORTF
Regente: Marcel Couraud
Gravação: 16/04/1973, no Festival de La Rochelle 1973 – Rencontres Internationales d’Art Contemporain Salle Oratoire, La Rochelle, France

Rimbaudiannisia MCMXCV (1994), para jovens cantores solistas, coro infanto-juvenil, orquestra de câmara, luzes e máscaras.
4. Rimbaudiannisia MCMXCV – I. Expiation pour Cumiqoh
5. Rimbaudiannisia MCMXCV – II. Voyelles
6. Rimbaudiannisia MCMXCV – III. Ditirambus

Choeur La Maîtrise de Radio France  Orchestre Philharmonique de Radio France  Regente: Arturo Tamayo

7. Ritual violeta (1999), para saxofone tenor e sons eletrônicos

Sax: Daniel Kientzy

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CVL

.:interlúdio:. John Surman – Proverbs and songs (1997)

Proverbs and songs, do compositor e saxofonista inglês John Surman, fica bem longe do comum. Basta dizer que são composições para saxofones ou clarone — sempre de Surman –, mais órgão e coral. Na primeira audição, fiquei um pouco chocado, principalmente com as intervenções trovejantes do coral; na segunda, já achei tudo mais bonitinho; na terceira, estava tão curioso e perto da felicidade musical que tive de afastar meus preconceitos, mormente os timbrísticos. Na verdade, meu choque foi sempre com o coral, pois a combinação sax + órgão resulta maravilhosa. Não é um disco que eu indique a todos, mas apenas àqueles que não fogem das esquisitices criativas. É uma espécie de jazz sacro…

Mas o sax de Surman permanece lá, poderosamente eufônico, acima de Deus.

John Surman: Proverbs And Songs

1. Prelude 3:11
2. The Sons 4:55
3. The Kings 6:41
4. Wisdom 7:39
5. Job 4:50
6. No Twilight 7:42
7. Pride 5:00
8. The Proverbs 4:06
9. Abraham Arise! 5:24

All composed by Surman
Recorded live June 1, 1996, Salisbury Cathedral

John Surman, baritone and soprano saxophones, bass clarinet;
John Taylor, organ;
Salisbury Festival Chorus, conducted by Howard Moody

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PQP

J. S. Bach (1685-1750) – Concerto Italiano, 4 Duetos e Abertura em estilo francês

ATENÇÃO!!! A nome das faixas que consta na capa deste CD — que está na minha frente — está errado! Para completar, todos os sites copiaram a capa e estão da mesma forma errados. E, pior ainda, a Gracenote mandou para meu iTunes o nome das faixas também conforme a capa. A ordem correta é a que publico abaixo no post, OK?

Mireille Lagacé é uma extraordinária cravista, organista e regente canadense, nascida em 1935. O registro que ora posto é de 1980 e mostra a cravista em excelente forma, interpretando o famoso Concerto Italiano para cravo solo, a injustamente pouco divulgada Abertura Francesa e os 4 Duetos, obra que insiste em finalizar muitos CDs, mas que neste está separando as outras duas obras, muito mais belas e importantes. O Concerto Italiano é talvez a música mais presente em meu cérebro desde que este o ouviu pela primeira vez e a Abertura Francesa já foi repetidamemente solicitada através de súplicas em comentários aqui no PQP Bach.

Pela raridade de se ouvir a lindíssima Abertura Francesa e pela qualidade da intérprete (esposa de Bernard Lagacé), este é mais um CD imperdível!

Concerto in the Italian style, ‘Italian Concerto’ in F, BWV 971
1. (Allegro)
2. Andante
3. Presto

4 Duets, BWV 802-5
4. Mi menor
5. Fá maior
6. Sol maior
7. Lá menor

Overture (Partita) in the French style in B minor, BWV 831
8. Overture
9. Courante
10. Gavottes I & II
11. Passpieds I & II
12. Sarabande
13. Bourées I & II
14. Gigue
15. Echo

Mireille Lagacé, cravo

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PQP