Nossa Rainha completa hoje oitenta outonos, e nós, seus súditos aqui no PQP Bach, não poderíamos deixar de lhe prestar nossas embevecidas homenagens.
Não que elas tenham faltado, claro, ao longo desses quase quinze anos de blog. Foram algumas toneladas de seda rasgadas, que custaram talvez mais que o PIB duma micronação no Pacífico, o que é absolutamente natural, porque não há a respirar nessa atmosfera uma outra pianista como Marthinha – e porque, para nossa felicidade, também não há sinais de que ela deixe de nos embevecer tão cedo.
Os heréticos que dela duvidam talvez possam arder de arrependimento ao vê-la voltar aos recitais solo (ainda que sem público) e à sonata no. 3 de Chopin, ambos depois de décadas, para fazer ISSO em Hamburgo, no ano passado:
Se poucos são os pianistas que, ao entrarem em seu octagésimo ano de vida, se animariam a enfrentar uma obra tão exigente, em número ainda menor são aqueles que o fariam com tanto vigor, correndo tantos riscos, e de lambujem trazendo ainda mais beleza à sua leitura: o cantabile do Largo, na minha desimportante opinião, é ainda mais maravilhoso que em suas versões anteriores da sonata.
Não conheço, tampouco, outros artistas na idade que Marthita atinge hoje que se animem a aprender repertório novo. A última edição da revista Gramophone dá conta de que ela está aprendendo as schumannianas “Estações” de Tchaikovsky, e que pediu ao amigo e afilhado artístico Nelson Goerner a partitura do “Imperador” de Beethoven, que ela aprendeu (e esqueceu) na juventude:
Novidade em seu repertório é, também, a Fantasia para piano e orquestra de Claude Debussy que está no disco lançado ontem, em parceria com velho amigo e conterrâneo Daniel Barenboim, e que ora lhes alcançamos: no aniversário da Rainha, os parabéns vão para ela – mas o presente, fomos nós que o recebemos.
Achille Claude DEBUSSY (1862-1918)
Fantaisie, para piano e orquestra, L. 73
1 – Andante ma non troppo
2 – Lento e molto espressivo
3 – Allegro molto
Martha Argerich, piano Staatskapelle Berlin Daniel Barenboim, regência
Sonata em Sol menor para violino e piano, L. 140
4 – Allegro vivo
5 – Intermède. Fantasque et léger
6 – Finale. Très animé
Michael Barenboim, violino Daniel Barenboim, piano
Sonata em Ré menor para violoncelo e piano, L. 135
7 – Prologue. Lent
8 – Sérénade et Finale. Modérément animé
9 – Finale. Animé
Kian Soltani, violoncelo Daniel Barenboim, piano
La Mer, Três Esboços Sinfônicos para orquestra, L. 109
10 – De l’aube a midi sur la mer
11 – Jeux de vagues
12 – Dialogue du vent et de la mer
Se você nasceu e cresceu na Lua e não conhece Martha Argerich (que, como diz nosso amigo René Denon, é de Marthe), esse vídeo do músico e youtuber Rick Beato foi feito para você.
Como mimo extra à Rainha, e para que vocês se esbaldem, restaurei todos os links inativos das numerosas postagens com sua arte, espalhados ao longo de quase quinze anos de blog. Aproveitem!
Eu amo as 6 Trio Sonatas de Bach e sempre ouço as que passam pela minha frente. Elas foram escritas para órgão solo, e aqui vocês têm uma boa versão original postada pelo Denon. Esta versão de três das Trio Sonatas é uma adaptação para cravo, marimba e cello que é difícil não gostar se você não for purista. O cravista Beausejour e dupla arco e flecha (Krystina Marcoux e Juan Sebastian Delgado) apresentam as obras em outra sonoridade, fato que não é tão anormal assim. Muitos pequenos grupos já tocaram estas obras em formações de camarísticas.
As Trio Sonatas, BWV 525–530, são uma coleção de seis sonatas em forma de trio . Cada uma das sonatas possui três movimentos, sendo que as três partes são os dois manuais e o pedal como obbligato . A coleção foi reunida em Leipzig no final da década de 1720 e continha retrabalhos de composições anteriores de Bach de cantatas anteriores, obras de órgão e música de câmara, bem como alguns movimentos recém-compostos. A sexta sonata, BWV 530, é a única para a qual os três movimentos foram especialmente compostos para a coleção. As Trio Sonatas foram escritas com propósitos parcialmente didáticos, tanto do ponto de vista da execução quanto da composição. Embora destinados inicialmente ao filho mais velho de Bach, Wilhelm Friedemann Bach , eles também se tornaram parte do repertório básico de seus alunos.
J. S. Bach (1685-1750): Trio Sonatas, BWV 525-527 para Cravo, Marimba & Violoncelo
01. Trio Sonata No. 3 in D Minor, BWV 527 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): I. Andante (04:43)
02. Trio Sonata No. 3 in D Minor, BWV 527 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): II. Adagio e dolce (05:35)
03. Trio Sonata No. 3 in D Minor, BWV 527 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): III. Vivace (03:40)
04. Sinfonia No. 4 in D Minor, BWV 790 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello) (01:51)
05. Trio Sonata No. 2 in C Minor, BWV 526 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): I. Vivace (03:30)
06. Trio Sonata No. 2 in C Minor, BWV 526 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): II. Largo (03:19)
07. Trio Sonata No. 2 in C Minor, BWV 526 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): III. Allegro (03:38)
08. Sinfonia No. 9 in F Minor, BWV 795 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello) (03:29)
09. Trio Sonata No. 1 in E-flat Major, BWV 525 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): I. Allegro (02:42)
10. Trio Sonata No. 1 in E-flat Major, BWV 525 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): II. Adagio (06:36)
11. Trio Sonata No. 1 in E-flat Major, BWV 525 (Arr. for Harpsichord, Marimba & Cello): III. Allegro (03:44)
Luc Beauséjour
Stick & Bow (Krystina Marcoux e Juan Sebastian Delgado)
Não consigo pensar em melhor introdução aos mestres da música sacra portuguesa do que esta gravação da Missa de Réquiem em oito partes de Lôbo, juntamente com a Missa dilectus meus em cinco partes de Magalhães. O Réquiem de Lôbo evoca toda a atmosfera das exéquias imponentes de algum grande nobre ou cardeal. O Introito é uma declaração tranquila de luto grave e digno; o canto é controlado e poderoso. Também há momentos de intenso drama, no Ofertório, por exemplo, com as palavras ”sed signifer Sanctus Michael” e também de magnificência no Sanctus e no Agnus Dei, com suas dissonâncias ocasionais e inesperadas. A Missa dilectus meus mostra as vozes agudas com perfeição: elas aparecem com uma pungência surpreendente no Crucifixo. O fraseado é flexível e sutil e o equilíbrio vocal bem ajustado. Uma joia notável é o Benedictus, uma peça gentil e meditativa para três vozes solo. O segundo Agnus Dei, para seis vozes, incorporando um cânone na oitava entre soprano e tenor, fornece um final rico e, ao mesmo tempo, austero. Dois suntuosos motetos funerários são anexados, um de cada compositor.
Duarte Lôbo (1565-1646) / Filipe de Magalhães (1571-1652): Obras-primas da Polifonia Portuguesa
Duarte Lôbo Missa Pro Defunctis, For Eight Voices
1 Introitus 6:15
2 Kyrie 2:16
3 Graduale 3:33
4 Offertorium 3:33
5 Sanctus 2:59
6 Agnus Dei 2:56
7 Communio 2:42
Duarte Lôbo Audivi Vocem De Caelo
8 Motet, For Six Voices 3:03
Filipe de Magalhães Missa Dilectus Meus, For Five Voices
9 Kyrie 4:43
10 Gloria 4:47
11 Credo 7:25
12 Santus 2:39
13 Benedictus 2:08
14 Agnus Dei 5:16
Filipe de Magalhães Commissa Mea Pavesco
15 Motet, For Six Voices 4:37
Choir – The William Byrd Choir
Conductor – Gavin Turner
Este disco chamou-me a atenção pelo que me pareceu de imediato um inusitado programa. Claro, adoro estas obras, logo eu que gosto de piano, mas confesso não as imaginava reunidas em um mesmo recital. Debussy e Chopin têm uma conexão, é certo, mas, Mussorgsky?
Além disso, havia visto o jovem virtuose, nascido no Uzbequistão, com o para mim estranho nome Behzod Abduraimov, associado a discos com Concertos para Piano do tipo arrasa-quarteirão.
No entanto, uma leitura do livreto trouxe a frase ‘O todo geralmente é maior do que a soma de suas partes’. E mais, nas palavras do próprio pianista: ‘Cada movimento é uma miniatura em si mesmo, e juntos formam um caleidoscópio de todos os tipos de imagens e emoções humanas’.
Uma das críticas compara as interpretações de Behzod com aquelas de pianistas como Pascal Rogé, Jean-Yves Thibaudet e Jean-Efflam Bavouzet, dizendo que estes conseguem mais sofisticação, mas não a mesma inocência infantil que ele consegue na suíte de Debussy. Eu fiquei pensando em quão privilegiados somos de poder contar com tantas opções…
Uma crítica bastante favorável na famosa Gramophone explica que as peças têm feito parte dos recitais de Behzod quando em suas turnês e certamente sua interpretação dessas lindas pecinhas que tomadas assim, juntas, somam um universo, transformam a audição do disco o do recital uma agradabilíssima experiência.
Aproveite!
René Denon
Behzod mostrando um diminuendo para o pessoal do PQP Bach…
Se você gostou desta postagem, talvez queira visitar esta aqui…
Já ouvi tantas vezes estes Concertos para Violino de Mozart que praticamente os sei de cor. Cada detalhe, cada nuance, enfim, são mais de trinta anos que os ouço, com os mais variados solistas e orquestras. Mesmo depois de tanto tempo, nunca cheguei a uma conclusão ou definição de quais seriam as minhas gravações favoritas. Talvez o bom e velho Henryk Szeryng figure no topo da lista das 10 melhores, dentre as mais antigas, e recentemente, a ótima violinista alemã Isabelle Faust também realizou um notável trabalho em sua incursão nestas obras.
Mas estou sempre a procura de novas gravações, de novas possibilidades, de novas e inovadoras soluções (fui redundante?), afinal trata-se de Mozart, e quando se trata de Mozart, sabemos que nada nunca será definitivo. Esta gravação que ora vos trago me chamou a atenção por ter o maestro Reinhold Goebel, nosso velho conhecido, à frente de uma orquestra até então para mim desconhecida, e acompanhando uma solista que também confesso que não conhecia, Mirijan Contzen. Goebel tem um currículo respeitável em se tratando de gravações historicamente informadas, e não me surpreendeu ouvi-lo trazer aquilo que sempre procuro em minha incansável caça por Cds: novas soluções para velhos problemas.
Estes registros já tem dez anos mas não sofreram a ação do tempo, como tantas gravações que conhecemos tão bem. Talvez a novidade seja exatamente a solista que corajosamente escreveu as cadenzas dos concertos. Ato de coragem, repito, pois em se tratando de obras tão conhecidas, apresentar algo novo e diferente pode não agradar a todos. Sabemos que nós melômanos temos nossas manias e alguns são (somos) extremamente conservadores. Fui procurar maiores informações e principalmente, as críticas referentes a estas gravações, mas só as encontrei na amazon alemã (tradução nas coxas, com a ajuda do tradutor do Google):
“Uma gravação de alto nível, historicamente informada, dos concertos para violino de Mozart, que também é sonoramente convincente. Elogios aos intérpretes e ao engenheiro de som!” (5 estrelas)
Outro foi mais incisivo em declarar que não gostou:
“Esta gravação não pode ser levada a sério, mas como uma piada de festa ou susto, é muito cara, mesmo pelo preço comparativamente baixo. Interpretações absurdas e toque de violino sem gosto. Felizmente, ninguém precisa decidir quem está jogando pior aqui. Maestro, solista e orquestra estão igualmente além do bem e do mal.” (Apenas 1 estrela)
Bem, confesso que realmente levei alguns sustos na audição, mas nada que pudesse mudar minhas convicções: os músicos envolvidos foram corajosos e ousados. Vale a pena conhecer.
Segue booklet em anexo. Sugiro muito sua leitura, altamente informativa.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Concertos para Violino – Contzen, Goebel, Bayerische Kammerphilarmonie
CD 1
Konzert in B-Dur für Violine und Orchester KV 207
[01] I. Allegro moderato
[02] II. Adagio
[03] III. Presto
Konzert in D-Dur für Violine und Orchester KV 211
[04] I. Allegro moderato
[05] II. Andante
[06] III. Rondeau. Allegro
Konzert in G-Dur für Violine und Orchester KV 216
[07] I. Allegro
[08] II. Adagio
[09] III. Rondeau. Allegro
CD 2
Konzert in D-Dur für Violine und Orchester KV 218
[01] I. Allegro 08:13
[02] II. Andante cantabile
[03] III. Rondeau. Andante grazioso 06:11
Konzert in A-Dur für Violine und Orchester KV 219
[04] I. Allegro aperto – Adagio –
Allegro aperto
[05] II. Adagio
[06] III. Rondeau. Tempo di Menuetto
Konzert in D-Dur für Violine und Orchester KV 271a
[07] I. Allegro maestoso
[08] II. Andante
[09] III. Rondo. Allegro
As cadenzas são da própria solista, Mirijam Contzen
Maior compositor italiano de seu tempo, Verdi seguiu tradição de quase três séculos — desde Monteverdi e Vivaldi, até Rossini e Donizetti. E aos 34 anos, projetava-se na Europa, recebendo convites para novas óperas. “I Masnadieri”, primeiro contrato internacional, veio de Londres e estreou no “Her Majesty’s Theater”, onde o músico foi aclamado pelo público e recebido com honras…
Verdi encantou-se com Londres, a pujança econômica, as docas e os arredores, os campos e o povo, apesar do clima… Mas, se a fumaça e o “fog” londrinos o afetavam, impressionavam-lhe a limpeza das casas e educação das pessoas…
Giuseppe Verdi, 1850
De Paris, o convite veio da “Académie Royale” ou “Opéra de Paris”, que ocupou a “Salle Peletier” até o incêndio de 1873, que a destruiu – o atual “Opéra” ou “Opéra Garnier” sucedeu aquele espaço, sendo inaugurado em 1875. À época, o diretor Leon Pillet propôs uma nova ópera à Verdi, que já havia encenado “Nabucco” e “Ernani” no “Théâtre-Italien”…
Porém, no lugar de trabalho inédito, Verdi propôs revisão de “I Lombardi alla prima Crociata”– sua 4ª ópera, que não havia estreado em Paris e entender o texto mais apropriado à tradução francesa… A que denominou “Jerusalém”, atualmente sua 12ª ópera…
“Salle le Peletier”, 1821 – “Opéra de Paris”. . Estreia de “Jerusalém”, em 26/11/1847
Aconselhado pelo escritor Eugène Scribe, Verdi concordou que o libreto francês ficasse com Alphonse Royer e Gustave Vaez, que haviam trabalhado com Donizetti… Em Paris, a tradição italiana vinha do século XVII. E na Itália, os experimentos em Florença, no final do séc. XVI, do teatro “Comunale” e “Camerata di Bardi”, deram origem ao “melodrama” e depois à “ópera”. Assim, desde a “Dafne”, de Peri, 1597, primeiro drama musicado; até o magnífico “Orfeu”, de Monteverdi, o gênero firmava-se como típica invenção italiana, ganhando a Europa e o mundo.
– “Théâtre-Italien” em Paris
Assim, as primeiras óperas apresentadas na França foram italianas. E por Iniciativa da regente Anne d’Autriche e do primeiro ministro, cardeal Mazarin, organizou-se o “Théâtre-Italien” em Paris, sec. XVII. Tratava-se, portanto, de uma companhia que, ao longo do tempo, ocuparia diversos espaços na capital francesa. São exemplos, “La finta pazza”, de Sacrati, encenada na “Salle du Petit-Bourbon”,1645; ou“Egisto”,de Cavalli, e “Orfeo”,de Rossi, ambas no “Palais-Royal”, 1646-47…
“Salle du Petit-Bourbon”, Paris
Estética e tradição francesa iniciariam a partir de 1669, pelo trabalho do poeta Pierre Perrin, quando fundou a “Académie d’Opéra”, no reinado de Louis XIV… Na “Salle du Jeu de Paume de La Boutelle” foi apresentada a primeira ópera francesa – “Pomone”, de Cambert, com grande sucesso. Desde o início, o modelo implicava na associação do canto à dança e, sendo uma concessão de estado, dependia da cobrança de ingressos. Em 1672, perseguido por credores, Perrin vendeu os direitos à Jean-Baptiste Lully, italiano naturalizado francês, que tornou-se detentor do projeto na França, encenando sua “opéra-ballet” e depois a “tragédie lyrique”…
Assim, a presença de estilos diversos estimulou rivalidades. E, no séc. XVIII, “La Serva Padrona”, de Pergolesi, 1752, surpreenderia o público francês. A apresentação ocorreu na “Académie Royale”, sede da ópera francesa, o que desencadeou, além de ressentimentos, uma revolução estética – o despojamento e personagens humanos, no lugar da complexidade dos temas mitológicos, marcariam a transição do barroco para o classicismo. E Paris sediaria a famosa “Querelle des Bouffons”, um aguerrido debate entre os partidários de Rameau – da “tragédie lyrique”francesa; e os de Rousseau – da leveza italiana…
Intermezzo “La serva Padrona”, de Pergolesi – estreia em Paris, 1752
E a vitalidade do “Théâtre-Italien” adentraria o sec. XIX, então denominado “Opéra Buffa” ou “Buffons”, sob liderança da atriz Mademoiselle Montansier. A companhia instalou-se na “Salle Favart” – atual “l’Opéra-Comique”, entre 1802-04; ocupou a “Salle Louvois” até 1808; e, finalmente, o “Théâtre de l’Odéon” até 1815. Óperas de Cimarosa e Paisiello, além de Mozart em italiano, com “Mariage de Figaro”, “Cosi fan Tutte” e “Don Giovanni”, foram encenadas nestas salas…
“Salle Favart”, atual “Théâtre de l’Opéra-Comique”“Théâtre de l’Odéon” – Palco de diversas récitas de Mozart, em Paris – início sec. XIX
Em Paris, Rossini estreou com “L’Italiana em Algeri”, 1817, na “Salle Favart”, seguida de “Il barbiere di Siviglia” e outras, na “Salle Louvois”, tornando-se, mais tarde, seu diretor. Suas óperas eram tão populares, que lotavam também a “Salle Le Peletier”, sede da ópera francesa, com “La gazza Ladra” e “La donna del Lago”. Dominando a cena parisiense, Rossini apresentou a 1ª ópera de Meyerbeer em Paris,“Il crociato in Egitto”. E, nesta época, com habilidade e generosidade, o mestre do “bel canto” tanto dialogava com a grande ópera francesa, quanto colaborava com “Théâtre-Italien”, onde apresentou Bellini, Donizetti e Mercadante – magistral programação que tornaria Paris referência europeia…
Gioachino Rossini“Salle Louvois”, Paris – dirigida por Rossini
De 1841 a 1878, o “Théâtre-Italien” instalou-se na “Salle Ventadour”, palco de quase todas as óperas de Verdi na França, como “Rigoletto”, “Il trovatore” e “La traviata”. Assim, o jovem Verdi incorporava-se à longa tradição, com grande apreço pelos antecessores. A apresentação de “Jerusalém”, no entanto, foi convite da “Académie Royale” e, portanto, ocorreu na “Salle Le Peletier”. Além disto, Verdi tinha motivos pessoais para estar em Paris: encontrar Giuseppina Strepponi – a “Abigaille” na estreia de “Nabucco”, que se tornaria segunda esposa e companheira por 50 anos…
“Théâtre-Italien”, na “Salle Ventadour”, Paris, 1843 – palco de “Nabucco” e “Ernani”, 1845-46. E, posteriormente, de “Il trovatore”, “La traviata”, “Rigoletto”, “Un ballo in Maschera” e “Aída”
– “Verdi em Paris”
Nesta ocasião, Verdi havia concluído duas óperas, “Macbeth” e “I Masnadieri”, trabalhava em “Il Corsaro” e iniciava “La battaglia di Legnano”. Além do libreto de “Luisa Miller” e do recorrente tema de “Rei Lear”, que nunca concretizou em música…
Ao propor revisão de “I Lombardi”, possivelmente, Verdi sentia-se extenuado para iniciar novo trabalho. Até então, um jovem compositor, que produzia incessantemente – ao que chamaria, mais tarde, os “anos nas galés”… E, se a ópera tornara-se uma indústria musical que lhe trazia bons rendimentos, havia o estresse das produções e trato com empresários e libretistas – o texto importava, sobretudo, ao que Verdi chamava de “parola scenica”, expressões que sintetizavam e intensificavam determinados momentos do drama, tais como “fatalità!”, “maledizione!”, “schiava!” e outras…
Para este nível de expressão, a escolha do elenco era primordial. O sucesso não dependia exclusivamente da música, mas de ensaios e compreensão do drama – Verdi rompera com o teatro “alla Scala” de Milão, pelo que entendia descuido nas produções. Assim, necessitava conciliar datas e locais com agenda dos solistas – artistas afinados aos personagens e características vocais… Contratempos e desconfianças, em geral, o assolavam, embora contando com a dedicação de Emanuele Muzio, amigo e assistente…
Emanuele Muzio,1871 – amigo, compositor e assistente de Verdi
Amigo de toda a vida e único aluno, Emanuele Muzio, compositor e regente, foi contratado como “amanuense”, colaborando no intrincado trabalho de copiar e organizar as partes musicais, além de dirigir óperas de Verdi em Bruxelas, Londres e Nova York. Do mestre italiano, Muzio diria: “Verdi tem espírito amplo, generosidade e sabedoria”… “se pudesse nos ver, mais pareço um amigo, do que seu aluno”…
Neste período, vencido o desafio da estreia londrina de “I Masnadieri”, permanecer em Paris, trabalhar em “Jerusalém” e outros projetos, ao lado de Giuseppina, parecia o melhor dos mundos… Verdi alugou um imóvel a poucos metros da residência de Giuseppina e comentários chegavam à Milão… E, de fato, em seguida Verdi alugaria uma casa em Passy, onde moraram juntos e, de volta à Itália, aproximaram as famílias na cidade natal de Verdi, vila “Le Roncole”…
Giuseppina Verdi Strepponi, 1840, 2ª esposa e companheira por 50 anos
Com “Jerusalém”, Verdi iniciou profícuo diálogo comos palcos franceses, com desdobramentos nas décadas seguintes. E sua música ganhou maior amplitude harmônica e instrumental. Mais tarde, “Jerusalém” seria traduzida para o italiano, mas a preferência do público por “I Lombardi” permaneceu. E, mesmo considerada superior, “Jerusalém” teve poucas récitas, tanto na França, quanto na Itália…
As óperas de Verdi seguiam padrões de época, mas elevaram o gênero – Verdi era um progressista, não um reformista… Assim, utilizou-se da tradicional sequencia de números, onde os personagens exprimiam-se individualmente, em recitativos, árias e cabaletas; dialogavam em pequenos ensembles – duetos, tercetos, etc; ou formavam grandes conjuntos – coros e concertatos; além dos ballets e trechos orquestrais. Tais possibilidades permitiam tanto um mega espetáculo visual e musical, quanto cenas de absoluta introspecção e recolhimento. Sobretudo, o desafio dramático exigia máxima expressão e virtuosismo vocal…
– 12ª Ópera – “Jerusalém”
“Jerusalém” estreou na “Salle Peletier”, 26/11/1847, com libreto de Alphonse Royer e Gustave Vaez; figurinos de Paul Lormier; e para os cenarios, duas equipes: uma com Charles Sechan, Jules Dieterle e Edouard Desplechin; e outra com Charles-Antoine Cambon e Joseph Thierry…
Alphonse Royer, 1857. Libretista de “Jerusalém”Gustave Vaez, 1835. Libretista de “Jerusalém”
O drama foi ambientado na “Idade média – 1ª cruzada”, 1095-99, envolvendo amor e ressentimento, crime e resgate da honra – temas inseridos na saga cristã de libertação da palestina. O libreto foi adaptado para ressaltar a presença francesa na “1ª Cruzada”. Assim, os personagens, de italianos passaram a franceses; foram alteradas as tessituras vocais; ou simplesmente excluídos no novo libreto…
Com maior ênfase no romance central, o desenlace amoroso tornou-se mais presente e auspicioso. E Verdi acrescentou um “ballet”, típico da grande ópera francesa, escrevendo música nova ou reformulando e removendo partes originais. Uma ampla revisão, onde “poucos números permaneceram como no original”. E Verdi descreveu o trabalho como uma “transformação de ‘I Lombardi’ distante do reconhecimento”…
“Tancredo de Hauteville no cerco de Jerusalém”, pintura de Émile Signol
O libreto baseou-se no poema épico “I Lombardi alla prima Crociata”, do escritor e ativista italiano Tommaso Grossi, do grupo de Carlo Porta e Alessandro Manzoni – os três poetas lombardos.Grossi era “persona non grata” às autoridades austríacas e Verdi, um nacionalista que também almejava a libertação do domínio austríaco e unificação da Itália. Assim, para driblar a censura, os personagens do poema de Grossi tiveram nomes substituídos, já na versão italiana…
Tommaso Grossi, 1862. Autor do poema “I Lombardi alla prima Crociata”
Além disto, o libretista de “I Lombardi”, Temistocle Solera, realizou mudanças significativas, retirando personagens históricos do poema de Grossi e criando, praticamente, uma ficção ambientada nas cruzadas. À época, qualquer alusão às lutas italianas seria rejeitada pelas autoridades austríacas – por incitar o levante. A censura, no entanto, acabou exercida pela Igreja, mas os cortes foram poucos e a ópera liberada. A música de Verdi era vigorosa – por si, um sonoro estímulo à autodeterminação…
Em meio às tensões políticas, os coros ganhavam importância, por representarem anseios coletivos e vibrantes apelos patrióticos, secundados pelos desenlaces individuais e amorosos. E, embora Verdi cultivasse um estilo despojado e incisivo – o realismo do “camponês de Roncole”, como dizia; para a crítica, “I Lombardi” revelou-se um encadeamento desigual, alternando grande música dramática e incríveis banalidades, muitas eliminadas ou revistas em “Jerusalém” – produções atuais, por vezes, suprimem trechos… Ainda assim, uma narrativa de amor e superação, em grande estilo épico e romântico!
2. Sinopse de “Jerusalém”
– Personagens: Hélène (soprano), Gaston, visconde de Béarrn (tenor); Roger, irmão do Comte (barítono); L’Emir, chefe em Ramia (baixo-barítono); Le Comte de Toulouse (baixo-barítono); Adhemar de Monteil, “Legado Papal” (baixo-barítono); Isaura, assistente de Hélène (soprano) – Coros: Nobres, religiosos, mulheres, soldados, peregrinos e povo de Ramla
– Ato 1
A ópera inicia com breve prelúdio orquestral – “Introduction”
Cena 1: No interior do palácio de Toulouse
No palácio, os amantes Hélène e Gaston encontram-se e planejam o casamento. Mas dependem da reconciliação de suas famílias, um obstáculo que será superado. Cantam o dueto “Adieu, jê pars” e Gaston deixa o recinto. Hélène, acompanhada de Isaura, sua assistente, ora pela segurança de Gaston, que se prepara para seguir na “1ª cruzada”, na preghiera “Ave Maria”…
Mme Julian Van Gelder, soprano, “Hélène” na estreia de “Jerusalèm”, 1847 (litografia de Marie-Alexandre Alophe)
Cena 2: Nas proximidades da capela do palácio
Ao amanhecer, reúnem-se nobres, soldados e religiosos e entoam o coro “Enfin voici le jour propice”… O conde de Toulouse proclama a reconciliação das famílias e autoriza o casamento do filho, Gaston, com Hélène. Todos celebram no concertato, com solistas e coro, “Je tremble encore”. Segue um ato religioso e um coro feminino canta “Viens ô pécheur rebelle”...
O anúncio do casamento, no entanto, desperta o inconformismo de Roger, irmão do conde, que desejava casar-se com Hélène, expresso na ária “Oh dans l’ombre, dans la mystère”. Os eventos antecedem a partida da “1ª cruzada”, quando Gaston será nomeado comandante pelo Legado – representante papal…
Roger, ressentido pela perda de Hélène, articula a morte de Gaston. Mas, ao orientar um subordinado a cometer o crime, na cabaleta “Ah! Viens, demônio, esprit du mal”, confunde um manto branco a ser usado por Gaston – prêmio por sua lealdade ao conde – e, sem o perceber, indica ataque ao próprio conde de Toulouse, que sofre ferimentos, sem morrer…
Quando Roger, confiante em seu plano, regozija-se do feito, é surpreendido pelo ataque equivocado ao conde e, diante da presença de Gaston, instiga o subordinado a acusar Gaston como mandante do crime. Gaston é amaldiçoado por todos, perde honrarias, a mão de Hélène, a missão papal e é condenado ao exílio, no dramático concertato, com solistas e coro, “Non, tu n’est pas homicide”…
– Ato 2
Cena 1: Numa caverna perto de Ramia, Palestina
Solitário e atormentado por culpas, Roger vagueia pelo deserto, onde canta a ária “A ce front Pâle”. Surge Raymond, seu escudeiro, que o confunde a um homem santo e pede ajuda para seus cavaleiros, que estão perdidos… Hélène e Isaura também andam nas cercanias, em busca de um eremita e do paradeiro de Gaston. Mas encontram Raymond, que lhes conta estar Gaston vivo e em cativeiro num castelo, em Ramia. Em grande alegria, Hélène canta a ária “Quell’ivresse, bonheur suprême” e, acompanhada por Isaura, seguem para Ramia, conduzidas por Raymond…
Adolphe Louis Joseph Alizard, barítono, como “Roger” na estreia de “Jerusalém”, 1847
Um grupo de peregrinos aproxima-se da caverna e entoam o magnífico coro “O mon dieu, ta parole est done vaine”. E, ao ouvirem uma “Marcha orquestral”, percebem a aproximação dos cruzados, liderados pelo próprio conde de Toulouse, que sobrevivera ao atentado no palácio – pelo que agradece a Deus e ao Legado Papal. Aos cruzados junta-se Roger, que pede permissão para ir à batalha, concluindo a cena em concertato, com terceto e coro masculinos “Le Seigneur nous promet la victoire! O bonheur!”…
Cena 2: No palácio do Emir de Ramia
Em cativeiro, Gaston lamenta sua sorte e, movido pelo desejo de estar junto à Hélène, planeja uma fuga, no recitativo e ária “Je veux encore entendre”. O Emir, no entanto, o adverte que será morto se tentar escapar. Hélène e Isaura são capturadas e levadas ao Emir. Hélène e Gaston, diante um do outro, fingem não se conhecerem, mas o Emir desconfia de ambos…
Finalmente, ficam sozinhos e expressam seu amor e alegria no reencontro. Mas, se Gaston lamenta sua desonra, que não mais lhe permitirá reconstruir a vida, Hélène mantém-se firme em permanecer ao seu lado, no grande dueto “Dans la honte et l’épouvante”. Por fim, do castelo de Ramia, ambos observam a mobilização dos cruzados e tentam fugir, mas são impedidos por soldados…
– Ato 3
Cena 1: Nos jardins do Harém, no castelo de Ramia
Hélène encontra-se no harém, cercada pelas esposas do Emir e dançarinas, na cena com coro feminino e ballet “O belle captive”.Hélène é advertida pelo Emir: se os cruzados atacarem com sucesso, ela será decapitada e sua cabeça entregue ao conde. Em desespero, ela abomina sua existência na ária “Que m’importe la vie”…
Durante o ataque à fortaleza, Gaston foge e tenta encontrar Hélène, mas é preso pelos cruzados, que exigem sua morte, ainda acreditando ser ele o mandante do atentado ao conde. Hélène, tomada de revolta e indignação, acusa a todos como criminosos, na ária “Non, non votre rage”. A cena conclui-se em grande concertato, onde o conde de Toulouse ordena que ela afaste-se do local…
Cena 2: No cadafalso, em praça pública de Ramia
Um intermezzo em “Marcha fúnebre” anuncia a condenação à morte de Gaston, que é trazido para desonra pública e execução no dia seguinte, por decisão do Legado Papal. Gaston implora por sua honra, na grande cena e ária “O mes amis, mes frères d’armes”, mas é submetido à humilhação pública, onde seu capacete, espada e escudo são destruídos, e a cena conclui-se com coro e solista…
“Jerusalém” – Ato 3, cena 2 (ilustração após estreia em Paris) – 1847
– Ato 4
Cena 1: Nas proximidades do acampamento dos cruzados
Roger vagueia como um eremita, encontrando-se próximo ao acampamento militar, onde uma procissão, entre mulheres e cruzados, canta “Choeur de la procession”.Hélène distancia-se e observa o Legado pedir ao eremita Roger que conceda algum conforto ao condenado Gaston. Hélène, Gaston e Roger cantam o belíssimo terceto “Dieu nous sépare, Hélène! Roger nega-lhe a benção, mas instiga Gaston a lutar pelo “senhor Deus” na tomada de Jerusalém, entregando-lhe sua espada…
Cena 2: Na tenda do conde de Toulouse
Gilbert Duprez, tenor, como “Gaston” na estreia de “Jerusalém”, 1847
Breve interlúdio orquestral – “La Bataille” – abre a cena. Hélène e Isaura aguardam notícias. Finalmente, ouvem-se gritos e comemorações. Jerusalém fora libertada. Conde e Legado, seguidos pelos cruzados, adentram o acampamento e Gaston permanece incógnito. Mas, ao ter sua bravura reconhecida, é exigido revelar-se. Gaston revela-se e agradece pela honra de lutar, sentindo-se pronto para morrer…
Partícipe da batalha, mas mortalmente ferido, Roger é trazido e revela-se irmão do conde. Assolado por culpas, confessa ter planejado a morte de Gaston, vitimizando, por engano, o conde e caluniado Gaston, para quem pede misericórdia, no solo “Un instant me rest encore”. Todos regozijam o restabelecimento da honra de Gaston, no grande concertato final, com solistas e coro, “A toi gloire, O Dieu”.Hélène e Gaston unem-se e Roger morre olhando para as muralhas de Jerusalém…
– Cai o pano –
Aos 34 anos e autor de 13 óperas, entre elas, “Nabucco”, “Ernani” e outros trabalhos notáveis, Verdi, na companhia de Giuseppina, aproximava-se de surpreender o mundo musical com “Rigoletto”, “Il Trovatore” e “La Traviata” – referências definitivas de sua dramaturgia e do romantismo. E muito ainda viria…
Além disto, Verdi assistiria o término da dominação austríaca e a unificação italiana. Ideais que compartilhou, exaltando o amor e a liberdade, em versos como “Voa, pensamento, em asas douradas!” ou “Oh! minha pátria, tão bela e perdida!”, cantados nas ruas de Milão…
Giuseppe Verdi e Giuseppina Verdi Strepponi
Após a estreia em Paris, “Jerusalém” foi apresentada no “Théâtre d’Orleans”, Nova Orleans, USA, 1850. E a versão italiana, de Calisto Bassi, “Gerusalemme”, ocorreria no teatro “alla Scala” de Milão, depois em Turim, Veneza, Verona e Roma, até 1865. Esquecida por quase 100 anos, retornou aos palcos em 1963, na direção de Gianandrea Gavazzeni, no teatro “La Fenice”, em Veneza.
3. Gravações de “Jerusalém”
Após resgate no teatro “La Fenice”, “Jerusalém” tem sido revisitada com sucesso:
3.1 Registros iniciais
– Em 1975, produção em forma de concerto e gravação em áudio da RAI, com Katia Ricciarelli (soprano) e José Carreras (tenor);
– Em 1986, produção do “Teatro Regio” de Parma, em francês, com Katia Ricciarelli (soprano) e Cesare Siepi (baixo);
– Em 1986, transmissão em forma de concerto da “BBC Philharmonic Orchestra”, em francês, direção de Edward Downes e o soprano June Anderson como “Hélène”;
– Em 1990, passados mais de 140 anos da estreia em Paris, “Jerusalém” foi encenada no Reino Unido, no “Grand Theatre” em Leeds, pela “Opera North”;
– Em 1998, produção em forma de concerto da “Orquestra de Ópera de Nova York”.
3.2 Outros registros
– Vídeo – 1984
Orquestra do Opéra de Paris – “Opéra Garnier”, direção de Donato Renzetti Solistas: Veriano Luchetti (Gaston) – Cecilia Gasdia (Hélène) Alain Fondary (conde de Toulouse) – Silvano Carroli (Roger) Coro do “Opéra de Paris”, França
– Vídeo – 1995
Orquestra “Ópera Estatal de Viena”, direção de Zubin Mehta Solistas: Jose Carreras (Gaston) – Eliane Coelho (Hélène) Davide Damiani (conde de Toulouse) – Samuel Ramey (Roger) Coro da “Ópera Estatal de Viena”, Austria
– CD de áudio da Phillips – 1998
“Orchestre de la Suisse Romande”, com direção de Fabio Luisi Solistas: Marcello Giordani (Gaston) – Marina Mescheriakova (Hélène) Philippe Rouillon (conde de Toulouse) – Roberto Scandiuzzi (Roger) Coro do “Grand Théatre de Genève”, Suiça
– CD de áudio e Vídeo – 2002
Orquestra “Teatro Carlo Felice”, com direção de Michel Plasson Solistas: Ivan Momirov (Gaston) – Veronica Villarroel (Hélène) Alain Fondary (conde de Toulouse) – Carlo Colombara (Roger) Coro do “Teatro Carlo Felice”, de Gênova, Itália
– Vídeo – 2017
Orquestra “Filarmonica Arturo Toscanini”, direção de Daniele Callegari Solistas: Ramon Vargas (Gaston) – Annick Massis (Hélène) Pablo Gálvez (conde de Toulouse) – Michele Pertusi (Roger) Coro do “Teatro Regio di Parma”, Itália
3.3 Download no PQP Bach
Para download e compartilhamento da música de Verdi em “Jerusalém”, sugerimos a excelente gravação em áudio da Phillips, 1998, com a “Orchestre de la Suisse Romande” e coro do “Grand Théatre de Genève”, direção de Fabio Luisi e solistas de imensa qualidade. Além disto, a gravação oferece a ópera integral, sem cortes…
– Vozes solistas e direção
Neste grande trabalho, os solistas respondem com sensibilidade e elevada técnica. “Quell’ivresse, bonheur suprême” mostra a leveza, agilidade e belos pianíssimos de Marina Mesheriakova – notável soprano russo, formada no Conservatório Tschaikovsky, Moscou, e com as renomadas Renata Scotto e Licia Albanese…
Marina Mesheriakova – soprano
Para buscar maior expressão, o canto deve fluir com liberdade. Assim percebe-se a performance de “Je veux encore entendre” ou “O mes amis, mes frères d’armes”, de Marcello Giordani, grande tenor italiano, lamentavelmente, falecido em 2019…
Marcello Giordani – tenor
Interpretar é agregar significados e Verdi sempre reservou grandes papéis aos barítonos. Notável em “Oh dans l’ombre, dans la mystère” ou “A ce front Pâle”, o italiano Roberto Scandiuzzi é considerado um “baixo nobre” ou “baixo cantante”, facilmente interpretando papéis de barítono, pela extensão vocal e timbre harmonioso…
Roberto Scandiuzzi – baixo nobre
E o trabalho de Fabio Luisi revela um músico refinado à frente da conceituada “Orchestre de la Suisse Romande”, onde trata com imenso cuidado cada solo, conjunto ou trecho musical. Sua atenção aos detalhes, ao equilíbrio sonoro e às nuances do canto tem assinatura – um sujeito meticuloso…
Fabio Luisi – regente
Por fim, aplaudimos e agradecemos os grandes coros e concertatos, além da excepcional orquestra. Num gênero fascinante, embora longo e desafiante, como a ópera, tem-se aqui música, permanentemente, viva, pulsando e exprimindo-se. Música que mantém o ouvinte, naturalmente, envolvido. Nestes tempos de prevalência das imagens, somos aqui cativados apenas pelo som e sua diversidade – um belíssimo trabalho!…
1. produção do “Opéra Garnier”, 1984, com Cecilia Gasdia e direção de Donato Renzetti;
2. produção da “Ópera Estatal de Viena”, 1985, com a brasileira Eliane Coelho e direção de Zubin Mehta – nestes dois vídeos, alguns trechos são suprimidos, tais com “ballets”, partes orquestrais e outros…
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
“Fabio Luisi à frente da PQP Bach Philarmonic”…
“Nossa homenagem ao colega Ammiratore,
de grata lembrança e grande contribuição ao PQP Bach.”
Este disco é uma pérola para os amantes da boa música para piano! É o disco de estreia de Benjamin Grosvenor no selo DECCA em 2011, já faz meia eternidade, quando a data é vista sob a perspectiva de hoje. O então bem jovem pianista de 19 anos reuniu no disco os Scherzos de Chopin e Gaspard de la nuit, de Ravel, peças que constavam constantemente de seus recitais. Ele explica que as peças de Liszt servem como uma ponte entre esses dois compositores e não por acaso. O livreto tem um texto com título ‘From Chopin via Liszt to Ravel’.
O conjunto todo reúne uma coleção de peças produzidas por compositores-pianistas, Chopin e Liszt, além de Ravel, cuja composição excedia sua própria técnica de piano.
O disco inicia com o Scherzo No. 1 de Chopin com sua impetuosidade e passando pelo episódio mais sonhador – afinal, Chopin era um renomado romântico.
Em lugar de seguir apresentando os outros Scherzos, em ordem de publicação, assim como fazia nos recitais, para nos dar uma oportunidade de apreciar ainda mais as diferenças existentes entre um e outro, Grosvenor os intermedia com outras obras, três Noturnos.
O libreto nos ensina que Chopin foi o primeiro compositor a considerar um scherzo como uma peça independente, destacada de uma sonata ou sinfonia.
Depois disso, funcionando como o intermezzo, fazendo uma ponte para a grande peça final, três lindas peças de Liszt: duas transcrições para piano de canções de Chopin e um Noturno, de nome ‘En rêve’. Afinal, Chopin não foi o único nem o primeiro a compor noturnos.
Para arrematar, o Gaspard de la nuit, três poemas para piano segundo poemas de Aloysius Bertrand. Esta peça de Ravel destaca-se como uma das mais difíceis da literatura para piano e foi composta também com este propósito. Uma espécie de suíte, consta de três movimentos, de nomes Ondine, Le Gibet e Scarbo. Da literatura onde buscou a inspiração, Ravel traz um clima noturno, fantasmagórico, presente mesmo no nome. Ondine é uma ninfa que representa o perigo da atração da sereia, enquanto Le Gibet ressoa um sino que dobra ao longe enquanto se avista no horizonte o corpo de um enforcado sob a luz do por do Sol. Ravel se propôs o desafio de superar com Scarbo o já formidável virtuosismo do Islamey de Balakirev, que ocupava a posição de peça mais difícil da literatura para piano. Certas passagens, com um ritmo fascinante, em particular as repetidas notas em staccato, evocam claramente o piano de Liszt, em particular a Valsa-Mefisto, tendo Ravel pretendido, com esta partitura, “exorcizar o romantismo”, segundo a sua própria expressão.
Frédéric Chopin (1810 – 1849)
Scherzo No. 1 em si menor, Op. 20
Noturno No. 5 em fá sustenido maior, Op. 15 No. 2
Scherzo No. 4 em mi maior, Op. 54
Noturno No. 19 em mi menor, Op. 72 No. 1
Scherzo No. 3 em dó sustenido menor, Op. 39
Noturno No. 20 em dó sustenido menor, Op. post.
Scherzo No. 2 em si bemol menor, Op. 31
Franz Liszt (1811 – 1886)
Transcrição para Piano de Duas Canções de Chopin
Moja pieszczotka (Minha Querida)
Życzenie (O Desejo da Donzela)
Noturno
‘En rêve’, S207
Maurice Ravel (1875 – 1937)
Gaspard de la Nuit
Ondine
Le gibet
Scarbo
Benjamin Grosvenor, piano
Gravado no Lyndhurst Hall, Londres, em 26 de abril de 2011
Benjamin experimentando o grand piano do Salão de Retratos do PQP Bach Hall de Itaperuna
Ravel’s Gaspard holds no terrors for him. He is at his fluid best in Ondine. Others have created a darker atmosphere in Le Gibet (Pogorelich) and provided more attack in Scarbo (Berezovsky). This is to judge Grosvenor by the highest standards, as his brilliant pianism demands.
Phillip Scott
One of the most individual things about this stunning debut by Benjamin Grosvenor is his pervasive sense of balance and his unerring blend of Classical restraint and Romantic ardour…He is a virtuoso who declines the mantle of virtuoso, every gestures being put exclusively and exhilaratingly at the service of the music. Grosvenor’s playing exudes joy and spontaneity, seeming to release rather than interpret the music.
BBC Music Magazine, outubro de 2011
Aproveite!
René Denon
PS: Se você gostou deste álbum, não deixe de visitar…
A Cantata Profana é uma obra para coro duplo misto e orquestra. Concluído em 8 de setembro de 1930, estreou em Londres em 25 de maio de 1934, com a BBC Symphony Orchestra e Wireless Chorus regidos por Aylmer Buesst. Os textos que Bartók usou para criar o libreto foram dois colíndes romenos que ele coletou na Transilvânia em abril de 1914. Colíndes são baladas cantadas durante a época do Natal, embora muitos não tenham nenhuma conexão com a natividade de Jesus e se acredite que tenham sua origem nos tempos pré-cristãos. A história é de um pai que ensinou seus nove filhos apenas a caçar, então eles não sabem nada de trabalho e passam todo o tempo na floresta. Um dia, enquanto caçava um veado grande e bonito, eles cruzam uma ponte mal-assombrada e são transformados em veados. O aflito pai pega seu rifle e sai em busca dos filhos desaparecidos. Encontrando um grupo de belos veados reunidos em torno de uma fonte, ele se ajoelha e mira. O maior veado (o filho mais velho) implora ao pai para não atirar. O pai, reconhecendo seu filho favorito no cervo, implora a seus filhos que voltem para casa. O cervo então responde que eles não podem voltar para casa — seus chifres não podem passariam pelas portas e eles não poderiam mais beber em xícaras, apenas fontes frescas da montanha. Era um problema. O resto vocês descobrem. A história gerou uma grande discussão sobre as muitas camadas de interpretações possíveis no mito dos nove veados encantados.
As outras peças dão o que pensar. Eu as ouço e acho que Orff fez cópias pioradas delas. Bem pioradas de canções do interior da França e da Alemanha. É apenas uma impressão.
Béla Bartók (1881-1945): Cantata Profana / Village scenes / Seven choruses / Hungarian folksongs / Five songs (Ferencsik / Doráti / Kórodi / Kovács) #BRTK140 Vol. 1 de 29
1 Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”: I. Molto moderato. Once there was an old man
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
János Ferencsik (conductor)
recording of:
Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”: I. Molto moderato. Once there was an old man
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1930)
part of:
Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”
8:18
2 Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”: II. Andante. Through forest aroving, hey-yah!
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
János Ferencsik (conductor)
recording of:
Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”: II. Andante. Through forest aroving, hey-yah!
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1930)
part of:
Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”
8:03
3 Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”: III. Moderato. Once there was an old man
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
János Ferencsik (conductor)
recording of:
Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”: III. Moderato. Once there was an old man
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1930)
part of:
Cantata profana for tenor, baritone, double chorus & orchestra (or piano), Sz. 94, BB 100 “The Enchanted Stags”
3:24
4 Village scenes for female chorus & chamber orchestra, Sz. 79, BB 87/b: No. 1, “Lakodalom”
orchestra:
Budapesti Kamaraegyüttes
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Three Village Scenes, Sz. 79, BB 87b: No. 1. Lakodalom
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1926)
part of:
Three Village Scenes, Sz. 79, BB 87b
4:01
5 Village scenes for female chorus & chamber orchestra, Sz. 79, BB 87/b: No. 2, “Bolcsodal”
orchestra:
Budapesti Kamaraegyüttes
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Three Village Scenes, Sz. 79, BB 87b: No. 2. Bölcsődal
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1926)
part of:
Three Village Scenes, Sz. 79, BB 87b
4:52
6 Village scenes for female chorus & chamber orchestra, Sz. 79, BB 87/b: No. 3, “Legenytanc”
orchestra:
Budapesti Kamaraegyüttes
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Three Village Scenes, Sz. 79, BB 87b: No. 3. Legénytánc
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1926)
part of:
Three Village Scenes, Sz. 79, BB 87b
2:55
7 Seven choruses in two and three parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: Hussar
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Twenty-seven choruses in 2 and 3 parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: Volume IV, No. 1. “Huszárnóta”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
27 Two- and Three-Part Choruses, BB 111
1:40
8 Seven choruses in two and three parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: No. 8, Ne menj el, Sz.103/8
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Twenty-seven choruses in 2 and 3 parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: Volume III, No. 1. “Ne menj el”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
27 Two- and Three-Part Choruses, BB 111
1:59
9 Seven choruses in two and three parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: No. 13, Resteknek
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Twenty-seven choruses in 2 and 3 parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: Volume IV, No. 2. “Resteknek nótája”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
27 Two- and Three-Part Choruses, BB 111
0:44
10 Seven choruses in two and three parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: No. 14, Bolyongás
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Twenty-seven choruses in 2 and 3 parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: Volume IV, No. 3. “Senkim a világon”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
27 Two- and Three-Part Choruses, BB 111
2:35
11 Seven choruses in two and three parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: No. 11, Cipósütés
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Twenty-seven choruses in 2 and 3 parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: Volume III, No. 4. “Cipósütés”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
27 Two- and Three-Part Choruses, BB 111
2:19
12 Seven choruses in two and three parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: No. 2, Ne hagyj itt
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Twenty-seven choruses in 2 and 3 parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: Volume I, No. 2. “Ne hagyj itt!”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
27 Two- and Three-Part Choruses, BB 111
2:56
13 Seven choruses in two and three parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: No. 15, Boys’/Girls’ Teasing So
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
Antal Doráti (conductor)
recording of:
Twenty-seven choruses in 2 and 3 parts for children’s or female chorus & piano (or orchestra), Sz. 103, BB 111: Volume IV, No. 4. “Leánycsúfoló”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
27 Two- and Three-Part Choruses, BB 111
1:31
14 Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 1, “Tomlocben”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
András Kórodi (conductor)
recording of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 1, “Tomlocben”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108
3:19
15 Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 2, “Regi kerseves”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
András Kórodi (conductor)
recording of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 2, “Regi kerseves”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108
2:13
16 Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 3, “Parosito I”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
András Kórodi (conductor)
recording of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 3, “Parosito I”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108
1:31
17 Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 4, “Panasz”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
András Kórodi (conductor)
recording of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 4, “Panasz”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108
1:57
18 Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 5, “Parsoito II”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
András Kórodi (conductor)
recording of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108: No. 5, “Parsoito II”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Hungarian folksongs for voice & orchestra, Sz. 101, BB 108
1:23
19 Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 1, “Tavasz: Az en szerelmem”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
János Kovács (conductor)
recording of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 1, “Tavasz: Az en szerelmem”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71, op. 15
2:06
20 Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 2, “Nyar: Szomjasan vagyva”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
János Kovács (conductor)
recording of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 2, “Nyar: Szomjasan vagyva”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71, op. 15
2:47
21 Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 3, “A vagyak ejjele”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
János Kovács (conductor)
recording of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 3, “A vagyak ejjele”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71, op. 15
4:26
22 Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 4, “Tel: Szines almoban”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
János Kovács (conductor)
recording of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 4, “Tel: Szines almoban”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71, op. 15
3:40
23 Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 5, “Osz: Itt lent a volgyben”
mezzo-soprano vocals:
Júlia Hamari (mezzo-soprano)
orchestra:
Hungarian State Orchestra
conductor:
János Kovács (conductor)
recording of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71 (Op.15): No. 5, “Osz: Itt lent a volgyben”
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Five songs for voice & orchestra, Sz. 61, BB 71, op. 15
Nos anos 90, quem apreciava a música para órgão de Bach aguardava ansiosamente os lançamentos de duas séries de gravações realmente espetaculares. Simon Preston pela Deutsche Grammophon, com capas em um estilo que reforçava o fato de as gravações serem digitais, e Christopher Herrick, pela Hyperion, com capas bem mais tradicionais – barrocas. Ambos competiam em altíssimo nível e as comparações eram tão inevitáveis quanto inconclusivas. Pena que os discos da Hyperion enferrujaram, eram muito mais vulneráveis ao clima daqui. Já os CDs do Preston ainda estão aqui e continuam a ser desfrutados. E como já faz um bom tempo que o órgão de Bach não é postado, vamos de Trio Sonatas, com o Simon!
WF Bach
Este é um disco espetacular e reúne as seis peças deste tipo que Bach compilou e arrumou para a prática de seu filho mais velho, Wilhelm Friedemann, que realmente tornou-se um dos melhores organistas de seu tempo. Cada sonata tem três movimentos, rápido – lento – rápido. Um bom número dos dezoito movimentos que formam o conjunto foi arranjado de peças já existentes enquanto os restantes foram compostos para a empreitada. Era comum a apresentação assim de coleções de seis peças.
O que torna especial este conjunto de sonatas é o fato de serem adaptações para um instrumento de teclado e pedais, como o órgão, das Sonatas em Trio, obras para conjuntos de instrumentos, dois melódicos, acompanhados de um cravo. Assim, cada uma das mãos apresenta o material de um dos instrumentos melódicos e os pés ficam encarregados do baixo contínuo, a parte atribuída ao cravo, nos conjuntos de câmara.
Particularmente instrutivo é comparar o adagio da Sonata em ré menor, BWV 527, com sua adaptação para flauta, violino e cravo, que se tornou o movimento lento do Concerto Tríplice, BWV 1044.
O fato de que esta música que surgiu de propósitos didáticos, digamos assim, tenha a capacidade de continuar encantando intérpretes e ouvintes até hoje é uma prova da profunda genialidade de Bach.
Simon Preston, at the Klais organ of St Katharina’s, Blankenburg, displays some outstanding musicianship here. He commands such a technique that it enables the various influences on Bach’s style to guide and colour the music. Thus the aria-like slow movements of the Second and Fourth Sonatas unravel a lovely sense of line and freedom, and the sparkling concertante outer movements are delivered with flair.
Um maravilhoso álbum triplo cheio de música de câmara romântica de primeira linha. Mudando constantemente da exuberância mais impulsiva para a meditação mais contida, da paixão mais intensa para a ternura mais inocente, este programa forma um panorama representativo da música de câmara de Schumann. Indo além dos trios de piano, que já nos fornecem um relato completo de Schumann, o Trio Wanderer convidou alguns amigos para se juntarem a eles na interpretação de duas obras-primas supremas – o Quarteto para Piano e o Quinteto para Piano. Bem, todos aqui sabem que o segundo movimento — Modo d’una Marcia — do Quinteto foi utilizado por Ingmar Bergman como tema principal de Fanny & Alexander. E que há uma cena de indescritível beleza em A Patriota, de Alexander Kluge, que usa o terceiro movimento do Quarteto. O filme de Kluge não se compara às alturas de Bergman, mas esta cena é foda. Mas tudo é bom aqui, sem interessar o que foi ou não para o cinema. O Trio Nº 2, por exemplo, é de se ouvir de joelhos.
O Trio Wanderer parece ser mesmo o sucessor do Beux Arts Trio. Os caras tocam de forma sublime.
Robert Schumann (1810-1856): Complete Piano Trios, Quartet & Quintet
Disc 1 (53:51)
1. Trio Wanderer & Christophe Gaugué – Piano Quartet in E-Flat Major, Op. 47: I. Sostenuto assai – Allegro ma non troppo (08:35)
2. Trio Wanderer & Christophe Gaugué – Piano Quartet in E-Flat Major, Op. 47: II. Scherzo. Molto vivace (03:24)
3. Trio Wanderer & Christophe Gaugué – Piano Quartet in E-Flat Major, Op. 47: III. Andante cantabile (06:04)
4. Trio Wanderer & Christophe Gaugué – Piano Quartet in E-Flat Major, Op. 47: IV. Finale. Vivace (07:08)
5. Trio Wanderer, Christophe Gaugué & Catherine Montier – Piano Quintet in E-Flat Major, Op. 44: I. Allegro brillante (09:05)
6. Trio Wanderer, Christophe Gaugué & Catherine Montier – Piano Quintet in E-Flat Major, Op. 44: II. In Modo d’una Marcia. Un poco largamente (08:04)
7. Trio Wanderer, Christophe Gaugué & Catherine Montier – Piano Quintet in E-Flat Major, Op. 44: III. Scherzo. Molto vivace (04:32)
8. Trio Wanderer, Christophe Gaugué & Catherine Montier – Piano Quintet in E-Flat Major, Op. 44: IV. Allegro ma non troppo (06:59)
Disc 2 (54:23)
1. Trio Wanderer – Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63: I. Mit Energie und Leidenschaft (11:28)
2. Trio Wanderer – Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63: II. Lebhaft, doch nicht zu rasch (04:32)
3. Trio Wanderer – Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63: III. Langsam, mit inniger Empfindung (05:23)
4. Trio Wanderer – Piano Trio No. 1 in D Minor, Op. 63: IV. Mit Feuer (07:30)
5. Trio Wanderer – Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80: I. Sehr lebhaft (07:28)
6. Trio Wanderer – Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80: II. Mit innigem Ausdruck – Lebhaft (07:21)
7. Trio Wanderer – Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80: III. In mässiger Bewegung (05:19)
8. Trio Wanderer – Piano Trio No. 2 in F Major, Op. 80: IV. Nicht zu rasch (05:22)
Disc 3 (51:49)
1. Trio Wanderer – Piano Trio No. 3 in G Minor, Op. 110: I. Bewegt, doch nicht zu rasch (09:31)
2. Trio Wanderer – Piano Trio No. 3 in G Minor, Op. 110: II. Ziemlich langsam (05:29)
3. Trio Wanderer – Piano Trio No. 3 in G Minor, Op. 110: III. Rasch – Etwas Zuruckhaltend bis zum langsameren Tempo (04:01)
4. Trio Wanderer – Piano Trio No. 3 in G Minor, Op. 110: IV. Kräftig, mit Humor (07:18)
5. Trio Wanderer – Phantasiestücke in A Minor, Op. 88: I. Romance. Nicht schnell, mit innigem Ausdruck (07:28)
6. Trio Wanderer – Phantasiestücke in A Minor, Op. 88: II. Humoreske. Lebhaft (07:21)
7. Trio Wanderer – Phantasiestücke in A Minor, Op. 88: III. Duett. Langsam und mit Ausdruck (03:19)
8. Trio Wanderer – Phantasiestücke in A Minor, Op. 88: IV. Finale. Im Marschtempo (05:37)
Sempre em sintonia com nosso querido mentor PQPBach, eis mais um jovem talento interpretando nosso querido Prokofiev.
Os lindos olhos verdes de Janine Jansen com certeza seduzem desde o primeiro momento em que cruzamos com eles. E quando começamos a ouvir essa moça tocar seu violino entendemos que não são apenas os lindos olhos verdes que seduzem, mas também seu talento. Esse seu incrível CD intitulado apenas “Prokofiev” é uma amostra disso. Prestem atenção no belíssimo Andante do segundo movimento do concerto para violino e os senhores entenderão do que estou falando.
01 Violin Concerto No. 2 in G Minor, Op. 63_ I. Allegro moderato
02 Violin Concerto No. 2 in G Minor, Op. 63_ II. Andante assai
03 Violin Concerto No. 2 in G Minor, Op. 63_ III. Allegro, ben marcato
Janine Jansen – Violin
London Philharmonic Orchestra
Vladimir Jurowski – Conductor
04 Sonata in C Major for 2 Violins, Op. 56_ I. Andante cantabile
05 Sonata in C Major for 2 Violins, Op. 56_ II. Allegro
06 Sonata in C Major for 2 Violins, Op. 56_ III. Commodo (Quasi allegretto)
07 Sonata in C Major for 2 Violins, Op. 56_ IV. Allegro con brio
Janine Jansen & Boris Brovtsyn – Violins
08 Sonata for Violin and Piano No. 1 in F Minor, Op. 80_ I. Andante assai
09 Sonata for Violin and Piano No. 1 in F Minor, Op. 80_ II. Allegro brusco
10 Sonata for Violin and Piano No. 1 in F Minor, Op. 80_ III. Andante
11 Sonata for Violin and Piano No. 1 in F Minor, Op. 80_ IV. Allegrissimo
EXCLUSIVO! Uma conversa confidencial no Whatsapp entre dois elementos do PQP Bach:
[22:00, 28/04/2021] PQP: Eu não tenho disciplina para ouvir música e comecei a ouvir aqueles 29 CDs de Bartók. Bem, comecei pelo 12 ou 18 e passei ao 22 e depois para o 11. Estou evitando as obras famosas.
[22:00, 28/04/2021] Vassily: Ah, eu também ouvi a coleção aleatoriamente
[22:02, 28/04/2021] PQP: Porém, como estou maravilhado com o que ouço, estou avançando como um louco e programando as coisas fora de ordem, o que pode perturbar as pessoas mais normais.
[22:02, 28/04/2021] PQP: Sigo assim ou queres botar ordem na casa?
[22:02, 28/04/2021] Vassily: Ah, manda brasa
[22:02, 28/04/2021] Vassily: Já temos uma boa discografia bartokiana nas obras mais conhecidas
[22:03, 28/04/2021] Vassily: Acho que temos que nos deixar levar por esse espírito de descoberta
[22:03, 28/04/2021] PQP: Mais: reserve coisas para tu postares porque estou apaixonado pelos instrumentistas magiares.
[22:03, 28/04/2021] Vassily: Não fosse isso, não teria passado semanas ouvindo aquelas gravações de campo e postado sobre elas
[22:04, 28/04/2021] Vassily: Manda brasa. A Hungaroton lançou bastante Bartók fora daquela coleção
[22:04, 28/04/2021] PQP: Hoje ouvi o primeiro disco para piano e aquelas suítes orquestrais que não parecem ser BB, mas que são maravilhosas.
[22:07, 28/04/2021] Vassily: Ele ainda estava muito imbuído de Strauss na época.
[22:08, 28/04/2021] Vassily: Foi antes do terremoto que lhe causou a moça cantando “A maçã vermelha caiu na lama”
[22:13, 28/04/2021] PQP: Sensacional esta história.
[22:15, 28/04/2021] Vassily: Incrível como alguém tão individualista e introspectivo tenha mudado tanto seus rumos com um momento frugal assim
[22:21, 28/04/2021] PQP: É verdade. Talvez ele estivesse consciente de que estava imitando ou apenas dando continuidade à obra de outros.
[22:27, 28/04/2021] Vassily: Sim! Essa insatisfação é recorrente na correspondência dele. Aquelas suítes, maravilhosas que são, não o satisfizeram, apesar de serem suas obras mais tocadas na época
[22:29, 28/04/2021] Vassily: E o nacionalismo pós-romântico estava esgotado — Dvořák, Grieg… — ninguém que deixasse sucessores. E havia, na Hungria, a sombra de Liszt e as consequências de seu erro acerca da música dos ciganos húngaros
[22:31, 28/04/2021] Vassily: Seu ídolo, o cuzão Strauss, não lhe deu a menor bola. O músico mais importante a acolhê-lo e incentivá-lo foi Busoni, que considero um dos maiores livre-pensadores da Música
[22:32, 28/04/2021] PQP: Não sabia de Busoni
[22:34, 28/04/2021] Vassily: Eu também não. Outro sujeito extraordinário que não deixou sucessores como compositor. Bartók encontrou Busoni algumas vezes, uma delas um pouco antes de se encantar pela canção da maçã vermelha. Imagino que haja uma relação entre os eventos.
[22:35, 28/04/2021] Vassily: E também havia Kodály, que era mais jovem, mas um homem mais vivido, com estudos na França, paixão por Debussy e muito pé na lama dos vilarejos
[22:36, 28/04/2021] PQP: Sim, esse era o parceiro. Excelente compositor tb.
[22:36, 28/04/2021] Vassily: A relação com Kodály era muito especial. Tu percebes nas fotos. Nada daquele olhar fustigante habitual de Bartók. Ele está sempre a tocar o amigo ou a olhar para ele
[22:36, 28/04/2021] PQP: Amigos
[22:37, 28/04/2021] Vassily: Muito amigos. Inspiravam demais um ao outro
[22:37, 28/04/2021] PQP: Ah, como é bom e raro quando isso acontece.
[22:38, 28/04/2021] Vassily: Outra que descobri: sempre achei que Bartók fosse um gigante
[22:38, 28/04/2021] Vassily: Mas tinha pouco mais de 1,60 m
[22:40, 28/04/2021] Vassily: Claro que há sempre aquele olhar penetrante e meio intimidador que talvez desse impressão diferente
[22:41, 28/04/2021] Vassily: Mas depois reparei nas mãos dele. Eram imensas.
[22:43, 28/04/2021] Vassily: Sentado ao teclado, parecia, sei lá, um Rachmaninov ou um Prokofiev
[22:43, 28/04/2021] Vassily: Trago boas notícias pós-segunda dose da AstraZeneca:
[22:43, 28/04/2021] Vassily: O bode é muito menor que o da primeira dose
[22:45, 28/04/2021] PQP: Tomo a minha segunda dose em 5 de julho
[22:51, 28/04/2021] PQP: Eu sempre achei que Bartók tivesse a minha altura. 1,70m
[22:52, 28/04/2021] Vassily: Eu também. Acho que ele encarquilhou com a idade e a doença
[22:52, 28/04/2021] Vassily: Incrível o quanto os anos no exílio o devastaram
[22:53, 28/04/2021] Vassily: O atestado de óbito indica 1,63 m e 39 quilos
[22:53, 28/04/2021] PQP: A leucemia…
Béla Bartók (1881-1945): Suítes para Orquestra Nº 1 e 2 (Ferencsik / Erdélyi) #BRTK140 Vol. 11
1 Suite for orchestra No. 1, Sz. 31, BB 39 (Op. 3): I. Allegro vivace
2 Suite for orchestra No. 1, Sz. 31, BB 39 (Op. 3): II. Poco adagio
3 Suite for orchestra No. 1, Sz. 31, BB 39 (Op. 3): III. Presto
4 Suite for orchestra No. 1, Sz. 31, BB 39 (Op. 3): IV. Moderato
5 Suite for orchestra No. 1, Sz. 31, BB 39 (Op. 3): V. Molto vivace
Hungarian State Orchestra
János Ferencsik
6 Suite for orchestra No. 2, Sz. 34, BB 40 (Op. 4): I. Comodo
7 Suite for orchestra No. 2, Sz. 34, BB 40 (Op. 4): II. Allegro scherzando
8 Suite for orchestra No. 2, Sz. 34, BB 40 (Op. 4): III. Andante
9 Suite for orchestra No. 2, Sz. 34, BB 40 (Op. 4): IV. Comodo
Budapest Symphony Orchestra
Miklós Erdélyi
Quase lhes trouxe esse disco durante nosso Piazzollaço de centenário, há algumas semanas, mas a colaboração dos colegas naquela data magna foi tão rica e significativa que achei melhor esperar para publicá-lo em separado.
Sim, “Summit”, “Tango Nuevo” e “Reunión Cumbre” são, para efeitos discográficos, todos sinônimos. Gerry Mulligan e Ástor Piazzolla gravaram “Summit” em Milão, acompanhados de músicos argentinos e italianos, entre setembro e outubro de 1974. Ástor mudara-se para lá depois de separar-se de Amelita Baltar e ter um infarto (desconheço se houve correlação entre os eventos). Gerry, por sua vez, aproveitou a visita para conhecer a futura esposa, uma condessa jornalista. A colaboração dos dois deu muita liga, o que é óbvio tanto pelo que se ouve quanto pela efusiva capa – pois não era todo dia que se via o muyblasé Piazzolla abraçar um parceiro. O repertório é quase todo da lavra do argentino, com uma ambiência musical que está muito mais para a praia de “Jeru”, com ecos do cool jazz em que fez sua fama, embora o material temático, claro, tenha a cara do Tango Nuevo do compositor. Talvez por isso mesmo, a Europa transalpina conheceu esse álbum como “Tango Nuevo” – muito para minha cara de tacho, que tanto o procurei, admirador que sou de “Summit”, a pensar que se tratasse dum LP diferente com material inédito da dupla. A América Latina o conheceu como “Reunión Cumbre” – uma tradução de “Summit” -, e volta e meia ele reaparece, chamado de alguma variação sobre seus títulos anteriores e com nova capa (muitas vezes parecida com a que minha tia nonagenária faria no Paint), embora nenhuma bata em ilegibilidade a versão com letras verdes de “Summit – Reunión Cumbre”.
Ástor Pantaleón PIAZZOLLA (1921-1992)
1 – 20 Years Ago
2 – Close Your Eyes and Listen
3 – Years of Solitude
4 – Deus Xangô
5 – 20 Years After
Gerald Joseph “GERRY” MULLIGAN (1927-1996)
6 – Aire de Buenos Aires
ÁstorPIAZZOLLA
7 – Reminiscence
8 – Summit
Ástor Piazzolla, bandoneon Gerry Mulligan, saxofone barítono
Ángel ‘Pocho’ Gatti, piano, piano elétrico Fender Rhodes 73, órgão
Tullio de Piscopo, bateria, percussão
Giuseppe Prestipino, baixo
Alberto Baldan e Gianni Ziloli, marimbas
Filippo Daccò e Bruno de Filippi, guitarras elétricas
Umberto Benedetti Michelangeli (sim, sobrinho do próprio), violino
Renato Riccio, viola
Enio Miori, violoncelo
As 4 peças para piano e a principalmente a Rapsódia são os destaques deste CD de Bartók. Mas o que me impressionou mesmo foi a qualidade dos pianistas Gabos e Zempléni, que tocam o disco com suprema qualidade e compreensão. A Rapsódia , op . 1, Sz. 26, BB 36, foi concluída em 1904. Um ano depois, Bartók escreveu uma versão para piano e orquestra. As 3 canções folclóricas húngaras do distrito de Csík são o produto de sua colaboração inicial com Zoltán Kodály, coletando e transcrevendo canções folclóricas em toda a Europa Oriental. As 14 Bagatelles , Sz.38, BB 50, Op. 6 é um conjunto de peças para piano solo escritas na primavera de 1908 e interpretado pela primeira vez pelo compositor em 29 de junho de 1908, em Berlim. As 14 Bagatelles foram uma primeiro passo experimental e significou a retirada de Bartók do estilo composicional do século XIX. A obra beira a atonalidade, e Bartók adotou algumas técnicas de Debussy e Schoenberg.
Béla Bartók (1881-1945):Peças para Piano I (Gabos / Zemplénii) #BRTK140 Vol.18
1 Four pieces for piano, BB 27, DD 71: No. 1. Tanulmany balkezre (Study for the Left Hand)
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71: No. 1. Study for the Left Hand (to Istvan Thoman)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71
9:10
2 Four pieces for piano, BB 27, DD 71: No. 2. I. Ábránd
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71: No. 2: Fantasy 1 (to Emma Gruber)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71
5:06
3 Four pieces for piano, BB 27, DD 71: No. 3. II. Ábránd
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71: No. 3: Fantasy 2 (to Emsy and Irmy Jurkovics)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71
4:22
4 Four pieces for piano, BB 27, DD 71: No. 4. Scherzo
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71: No. 4: Scherzo (to Ern Dohnanyi)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71
8:26
5 Rhapsody for piano, Sz. 26, BB 36/a (Op. 1)
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Rhapsody for piano, Sz. 26, BB 36a, op. 1
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1904)
part of:
Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 26) and Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 36a)
later versions:
Rhapsody for piano, op. 1 (shortened version)
20:47
6 Hungarian folksongs from Csík for piano, Sz. 35a, BB 45/b: No. 1. Rubato
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b, No. 1: Rubato
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b
1:22
7 Hungarian folksongs from Csík for piano, Sz. 35a, BB 45/b: No. 2. L’istesso tempo
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b, No. 2: L’istesso tempo
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b
1:09
8 Hungarian folksongs from Csík for piano, Sz. 35a, BB 45/b: No. 3. Poco vivo
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b, No. 3: Poco vivo
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b
0:49
9 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 1. Molto sostenuto
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 1. Molto sostenuto
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:35
10 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 2. Allegro giocoso
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 2. Allegro giocoso
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
0:49
11 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 3. Andante
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 3. Andante
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
0:59
12 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 4. Grave. “Mikor gulyasbojtar voltam”
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 4. Grave
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:18
13 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 5. Vivo. “Ej’ po pred nas, po pred nas”
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 5. Vivo
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:09
14 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 6. Lento
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 6. Lento
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:39
15 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 7. Allegretto molto capriccioso
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 7. Allegretto molto capriccioso
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:04
16 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 8. Andante sostenuto
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 8. Andante sostenuto
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:16
17 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 9. Allegretto grazioso
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 9. Allegretto grazioso
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:51
18 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 10. Allegro
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6: No. 10 Allegro
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1908)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:26
19 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 11. Allegretto molto rubato
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 11. Allegretto molto rubato
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:46
20 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 12. Rubato
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 12. Rubato
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
3:20
21 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 13. Lento funebre. “Elle est morte…”
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 13. (Elle est morte…) Lento funebre
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:31
22 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 14. Presto. Valse “M’amie qui danse…”
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 14. Valse (Ma mie qui danse…). Presto
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
Para homenagear nosso gentil e saudoso amigo, compare Ammiratore, como eu gostava de chamá-lo, decidi postar uma linda ópera. Não vou tentar fazer uma postagem no estilo dele, resultado de meticulosa pesquisa, com detalhes históricos e ilustrações bem específicas, além da apresentação de diferentes gravações… Eu não tenho estas habilidades que eram típicas dele. Costumava dizer-lhe que minhas (poucas) postagens de óperas buscam mais contagiar os visitantes do blog pelo meu amor por elas, por uma pequena anedota eventualmente introduzida e que o atraísse para a obra, contando que ela (a música) fizesse então a mágica. Ainda aposto nesta abordagem e tenho certeza de que nosso querido amigo aprovaria a postagem.
Così fan tutte é a terceira ópera surgida da colaboração de Mozart e Lorenzo da Ponte. As duas anteriores, Le Nozze di Figaro e Don Giovanni, não poderiam ser mais diferentes desta última. Enquanto Figaro e Don Giovanni estão repletas de personagens marcantes e árias fenomenais, Così se destaca por números apresentados por conjuntos de cantores: duos, trios, sextetos. As personagens aparecem aos pares: duas mocinhas, dois galãs e um casal formado pelo cínico filósofo e sua colaboradora, a camareira das moças. Outro aspecto que distingue esta obra das anteriores é ser politicamente incorreta e mais deliciosa ainda por isso. Afinal, o título, Così fan tutte, fala por si, mesmo sem tradução.
Veja como a trama é descrita em um dos sites que andei visitando: ‘Uma comédia com elementos nitidamente sérios, a peça traz um conto satírico de traição, onde a confiança é testada até o limite. Afinal, é possível que dois casais aparentemente fiéis tenham suas vidas afetivas arruinadas por um jogo de traições aparentemente inofensivo?’
Elisabeth e Christa ensaiando para uma apresentação no PQP Bach Opera Theater de Resende…
Assim é a ópera, repleta de troca de papéis, de disfarces e confusões. O libreto foi escrito por da Ponte sem um especial modelo literário e aparentemente tudo surgiu de uma história que lhe foi contada pelo próprio imperador austríaco. É claro que o tema não era de todo ausente da literatura, mas certamente chocou muitas pessoas na época de sua composição. A ópera também não ficou muito tempo em cartaz devido a morte do imperador. Assim, Così fan tutte firmou-se mesmo como uma das grandes óperas de Mozart, passando a integrar o repertório dos principais teatros do mundo a partir do século XX.
Quando Mozart iniciou a sua composição em novembro de 1789, estava financeiramente quebrado e a obra foi composta em tempo recorde – com a primeira apresentação em fins de janeiro de 1790. As reservas das pessoas sobre o tema e a morte do imperador, fechando os teatros para o luto oficial, contribuíram para que a ópera não salvasse as finanças de Mozart, o que foi realmente uma pena. A experiência de Mozart na composição de música de câmera certamente influenciou nas suas composições para grupos de cantores.
As moças e os galãs…
A história inicia com uma aposta feita pelo experiente Don Alfonso com os jovens Guglielmo e Ferrando, confiantes na fidelidade de suas amadas Fiordiligi e Dorabella. É claro que segue uma enfiada de confusões, disfarces e idas e vindas que incluem envenenamento e seções de mesmerização, até que as duas lindas se rendem aos encantos dos mocinhos disfarçados de bigodudos albaneses. Afinal, così fan tutte…
Bom, é curioso que naqueles dias Mozart havia escrito uma carta para a sua Constanze, que passava uns dias em uma estância de águas em Baden recuperando a saúde, admoestando-a a ser mais… discreta. Mas Mozart era realmente um ser humano diferenciado. Veja um outro trecho de carta, da mesma época: An astonishing number of kisses are flying about! I see a whole crowd of them. Ha! Ha! I have just caught three — They are delicious… I kiss you millions of times.
A gravação da postagem é clássica. Alguns diriam até jurássica. Bem, eu digo impecável, inigualável. As cantoras Elisabeth Schwarzkopf e Christa Ludwig (a quem aqui mais uma vez prestamos homenagem) estão perfeitas. O tenor Alfredo Kraus como Ferrando e Giuseppe Taddei como Guglielmo completam o quarteto central. Walter Berry, que fora casado com a Christa Ludwig, é Don Alfonso e Hanny Steffek uma ótima Despina. A Philharmonia Orchestra está sob o comando de Karl Böhm, cuja expertise em Mozart era indisputável naqueles dias, e a produção de Walter Legge completa o conjunto magnificamente.
Karl era bom em Mozart, Strauss e Wagner. Já em certos outros assuntos…
Böhm já havia gravado a ópera para a DECCA em 1955 e voltaria a gravá-la em 1977 para o selo amarelo. Mas esta gravação, feita sob a supervisão de Walter Legge e com um time dos sonhos de cantores é, sem dúvida, a melhor escolha. O Penguin Guide diz: Its glorius singing is headed by the incomparable Fiordiligi of Schwazkopf and the equally moving Dorabella of Christa Ludwig; it remains a superb memento of Walter Legge’s recording genius and remains unserpassed…
Aproveite!
RD
Linda imagem da produção de Così fan tutte feita por J. E. Gardiner
Para uma visão geral da ópera, visite este site aqui.
Um álbum que você precisa ouvir, mas um álbum triplo muito desigual. Cristina Ortiz e Paavo Berglund arrasam. Ivashkin e Poliansky idem. É claro que Oistrakh faz o mesmo com Rozhdestvensky, mas a qualidade do som não é boa, o que nos faz morrer de saudades da dupla que destronou Oistrakh nestes concertos que antes eram dele, a dupla Vengerov-Rostropovich. Curiosamente, Shosta escreveu 2 concertos para piano, 2 para violino e 2 para violoncelo. Os primeiros foram escritos para si mesmo e para seu filho. Os para violino foram dedicados a Oistrakh e os últimos a Rostropovich. Ah, se eu fosse um solista de nível e amigo de Shostakovich, também ia pedir um concerto. OS CONCERTOS SÃO ESPLÊNDIDOS, LINDOS, ESPETACULARES, TUDO !!!
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Seis Concertos de Shostakovich
CD 1
Piano Concerto No. 1 Op. 35
01. I. Allegro moderato-allegro vivace-moderato
02. II. Lento
03. III. Moderato
04. IV. Allegro con brio
Piano Concerto No. 2 Op. 102
05. I. Allegro
06. II. Andante
07. III. Allegro
3 Fantasic Dances Op. 5
08. I. Allegretto
09. II. Andantino
10. III. Allegretto
Bournemouth Symphony Orchestra
Paavo Berglund, regente
Cristina Ortiz, piano
Um muito bonito disco de um compositor estreante no PQP Bach. Sim, temos mais de 2000 compositores em nosso blog, mas ainda ocorrem estreias. Estreias do século XVI, mas estreias. O incrível grupo vocal Cinquecento valoriza muito esta música. Jacob Regnart (francês: Jacques Regnart) foi um compositor do Renascimento flamengo. Ele passou a maior parte de sua carreira na Áustria e na Boêmia , onde escreveu música sacra e secular. Este disco foca o sacro. As obras de Regnart foram regularmente republicadas até o século 17, e sua música foi tida em alta conta por teóricos como Michael Praetorius e Jacob Burmeister. A primeira edição moderna de suas obras foi concluída por Richard Eitner em 1895; uma nova edição foi publicada pela Corpus Mensurabilis Musicae na década de 1970.
Jacob Regnart (1540-1599): Missa Super Oeniades Nymphae
1 Quod Mitis Sapiens Nulli Virtute Secundus 4:29
Missa Super Oeniades Nymphae (27:11)
2 Kyrie 5:02
3 Gloria 5:07
4 Credo 8:21
5 Sanctus And Benedictus 3:32
6 Agnus Dei 5:10
7 Exsultent Iusti 3:05
8 Quare Tristis Es, Anima Mea? 3:50
9 Stetit Jesus 5:58
10 Inviolata 4:18
11 Lamentabatur Jacob 5:02
12 Stella, Quam Viderant Magi 2:42
13 Ut Vigilum Densa Silvam Cingente Corona 3:43
Um dos maiores quartetos de jazz de todos os tempos: Coltrane (tenor e soprano), McCoy Tyner (piano), o tremendo Elvin Jones (bateria) e Steve Davis (baixo, embora a banda de Trane contasse com frequência com Jimmy Garrison e às vezes Reggie Workman), tocando um programa de originais inspirado no blues. Essa banda significa calor, economia e interação descontraída. Coltrane é claramente o centro do palco aqui. Seu tom distinto o tornaria em breve um dos caras mais influentes no jazz. Coltrane Plays the Blues não é tão ousado quanto outros discos de Coltrane, mas ainda assim é poderoso. Quanto à frase “toca o blues” no título, isso não é um indicador de que as músicas sejam blues convencionais. É mais indicativo de uma sensibilidade blues.
John Coltrane: Coltrane Plays the Blues
01. Blues to Elvin
02. Blues to Bechet
03. Blues to You
04. Mr. Day
05. Mr. Syms
06. Mr. Knight
07. Untitled Original (Exotica)
08. Blues to Elvin (Alternate Take 1)
09. Blues to Elvin (Alternate Take 3)
10. Blues to You (Alternate Take 1)
11. Blues to You (Alternate Take 2)
John Coltrane (soprano & tenor saxophones)
McCoy Tyner (piano)
Steve Davis (acoustic bass)
Elvin Jones (drums)
Já se passaram dez anos desde que postei esta integral dos Concertos de Prokofiev com a direção do Neeme Järvi. Muita coisa aconteceu neste meio tempo, na época nem imaginava que estaria atualizando estes links em 2021. Também não passava pela cabeça de ninguém que sofreríamos uma pandemia nestas proporções em que estamos sofrendo atualmente. Meus cabelos ainda não tinham ficado brancos, enfim, são dez anos vivendo em uma realidade totalmente diferente.
O colega René Denon pediu estas gravações e pedi um tempo para encontrá-las, pois lembrava do impacto que senti quando as ouvi pela primeira vez. Curiosamente, encontrei-as rapidamente.
Estou devendo estes concertos desde o começo do ano, e confesso que por algum motivo acabei deixando-os de lado. Pois bem, aí estão a primeira parte dos Concertos para Piano de Prokofiev com o Neeme Järvi (lembrando que postei as sinfonias com este mesmo regente no começo do ano).
Como hoje é quinta feira e ficamos quase vinte e quatro horas fora do ar, resolvi fazer uma postagem rápida, daquelas vapt-vupt, aproveitando que o arquivo já estava no megaupload há pelo menos dez meses, aguardando pacientemente sua vez.
O solista é o excelente Boris Berman, um especialista na obra de Prokofiev.
01 – Piano Concerto No. 1 in D flat major Op. 10 – Allegro brioso
02 – Andante assai
03 – Allegro scherzando
04 – Piano Concerto No. 4 in B flat major Op. 53 – I. Vivace
05 – II. Andante
06 – III. Allegro moderato
07 – IV. Vivace
08 – Piano Concerto No. 5 in G major Op. 55 – I. Allegro con brio
09 – II. Moderato ben accentuato
10 – III. Toccata. Allegro con fuoco
11 – IV. Larghetto
12 – V. Vivo
Boris Berman – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Neeme Järvi – Conductor
Pois bem, senhores, concluindo esta caixa, aqui estão os dois Concertos para piano mais famosos de Prokofiev, o Segundo e o Terceiro. É difícil dizer qual deles é o meu preferido, creio que na verdade gosto dos cinco, mas esta introdução melódica do Segundo é de partir os corações mais duros.
Horácio Gutiérrez me era desconhecido até então, mas o rapaz é um assombro. É um virtuose de mão cheia que conhece muito bem seu instrumento, e não se deixa pegar nas armadilhas que Sergey colocou, e não são poucas. Os clientes da amazon foram quase unânimes em dar cinco estrelas à esta gravação, e com razão.
E porque hoje é sábado, usando uma frase muito usada no blog do nosso amigo Milton Ribeiro, vou deixá-los por aqui, e sair para aproveitar o dia.
Boa audição.
Serguei Prokofiev – Piano Concertos nº 2 in G Minor, op. 16, Piano Concerto nº3, in C Major, op. 26
01 – Piano Concerto No. 2 in G minor Op. 16 – I. Andantino – Allegro
02 – II. Scherzo. Vivace
03 – III. Intermezzo. Allegro moderato
04 – IV. Finale. Allegro tempestuoso
05 – Piano Concerto No. 3 in C major Op. 26 – I. Andante – Allegro
06 – II. Tema. Andantino – Variations 1-5 – Tema. L’istesso tempo
07 – III. Alegro ma non troppo
Horácio Gutiérrez – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Neeme Järvi – Conductor
Esses húngaros… Comecei a ouvir a Obra Completa de Bartók da Hungaroton com método. Escolhi o Vol. 12, claro. E fiquei absolutamente encantado. Que disco! Ele tem apenas uma ou duas obras realmente daquelas conhecidas, mas tudo ganha sentido quando na mão dos donos do sotaque bartoquiano, na mão de húngaros. O Mandarim Miraculoso é um balé pantomima de um ato composto por Béla Bartók entre 1918 e 1924, baseado numa história de Melchior Lengyel. Estreado em 1926 na Alemanha, causou grande escândalo e foi posteriormente banido por motivos morais.
Após uma introdução orquestral retratando o caos da cidade grande, a ação começa em um apartamento onde moram três criminosos. Eles procuram em seus bolsos e gavetas por dinheiro, mas não encontram nenhum. Então forçam uma garota a ficar perto da janela e atrair os homens que passam. A garota começa uma dança bastante atrevida. Ela primeiro atrai um velho libertino, que faz gestos românticos cômicos. A menina pergunta: “Tem algum dinheiro?” Ele responde: “Quem precisa de dinheiro? Tudo o que importa é o amor.” Ele começa a perseguir a garota, ficando cada vez mais insistente até que os criminosos o agarram e o expulsam.
A garota volta para a janela e executa uma segunda dança. Desta vez, ela atrai um jovem tímido, que também não tem dinheiro. Ele começa a dançar com a garota. A dança fica mais apaixonada, mas o trio salta sobre ele e o expulsa também.
A garota começa a dançar novamente. Os mendigos e a garota veem uma figura bizarra na rua, que logo sobe as escadas. Os criminosos se escondem, e a figura, um mandarim (um chinês rico), fica imóvel na porta. Eles incitam a garota a atraí-lo. Ela começa outra dança picante. De repente, ele salta e abraça a garota. Eles lutam e ela escapa; ele começa a persegui-la. Os criminosos saltam sobre ele, despojam-no de seus objetos de valor e tentam sufocá-lo sob travesseiros e cobertores. No entanto, ele continua a olhar para a garota. Eles o esfaqueiam três vezes com uma espada enferrujada; ele quase cai, mas se joga novamente sobre a garota. O trio o agarra novamente e o pendura em um gancho de lâmpada. A lâmpada cai, mergulhando a sala na escuridão, e o corpo do mandarim começa a brilhar com uma luz verde-azulada assustadora. Os quatro ficam apavorados. De repente, a garota sabe o que devem fazer. Ela diz aos criminosos para soltarem o mandarim; eles obedecem. Ele pula de novo na garota, e dessa vez ela não resiste e eles se abraçam. Com o desejo do mandarim satisfeito, suas feridas começam a sangrar e ele morre.
Béla Bartók (1881-1945): O Mandarim Miraculoso / O Príncipe de Madeira / Danças Romenas e outras peças (Sándor / Kórodi / Erdélyi) — Vol. 12 das Obras Completas
01 – The Miraculous Mandarin Suite for Orchestra [BB 82]
Budapest Philharmonic Orchestra
János Sándor
02 – The Wooden Prince Suite for Orchestra [BB 74]
Budapest Philharmonic Orchestra
András Kórodi
03 – Romanian Dance Suite [BB 61]
Budapest Philharmonic Orchestra
András Kórodi
04 – Romanian Folkdances – for small Orchestra I. Jocul Cu Bƒta [BB 76]
05 – Romanian Folkdances – for small Orchestra II. Brƒul [BB 76]
06 – Romanian Folkdances – for small Orchestra III. Pe Loc [BB 76]
07 – Romanian Folkdances – for small Orchestra IV. Buciumeana [BB 76]
08 – Romanian Folkdances – for small Orchestra V. Poarga Romƒneasca [BB 76]
09 – Romanian Folkdances – for small Orchestra VI Maruntel [BB 76]
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
Miklós Erdélyi
10 – B]
11 – B]-1
12 – B]-1
13 – Hungarian Sketches I. Evening in Transylvania [BB 103]
14 – Hungarian Sketches II. Bear dance [BB 103]
15 – Hungarian Sketches III. Melody [BB 103]
16 – Hungarian Sketches IV. A Bit Drunk [BB 103]
17 – Hungarian Sketches V. Swineherd-dance [BB 103]
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
Miklós Erdélyi
18 – Hungarian Peasant Songs I. Ballad [BB 107]
19 – Hungarian Peasant Songs II. Allegro [BB 107]
20 – Hungarian Peasant Songs III. Allegretto [BB 107]
21 – Hungarian Peasant Songs IV. Allegro [BB 107]
22 – Hungarian Peasant Songs V. Largamente [BB 107]
23 – Hungarian Peasant Songs VI. Moderato [BB 107]
24 – Hungarian Peasant Songs VII. Allegro molto [BB 107]
25 – Hungarian Peasant Songs VIII. Allegro [BB 107]
Budapest Philharmonic Orchestra
János Sándor
Ontem, trouxe aqui as antológicas gravações da música para piano de Bartók por Andor Foldes. Hoje, seguimos com o mesmo pianista interpretando música húngara.
Andor Foldes é acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Berlim, com uma sonoridade romântica potente que se encaixa muito melhor nesses concertos do que, por exemplo, nos de Beethoven. Os concertos para piano de Liszt não seguem o esquema tradicional em três movimentos. Os temas vão se transformando de forma mais livre, liberdade característica do romantismo e que Liszt explicou assim: “vinho novo exige garrafa nova”.
Liszt, aqui, se distancia de seus contemporâneos Chopin, Mendelssohn e Schumann, que compuseram em formas inovadoras para piano solo, mas não alteraram significativamente a forma do concerto para piano e orquestra que Mozart havia levado à perfeição. Eu gosto especialmente do concerto nº 1, que já começa com um tema muito interessante, que vai aparecer até o final. O genro de Liszt, Hans von Bülow, dizia que as notas do tema podiam ser cantadas como “das versteht ihr alle nicht, haha! (“Vocês não entendem nada, haha!”, ou em inglês, de sonoridade mais próxima do alemão: You don’t understand a thing, haha!). Segundo von Bülow, tratava-se de um aviso aos críticos musicais, o que torna este concerto uma espécie de Roman à clef*. Estreado em Weimar em 1855, com Hector Berlioz na regência, o concerto abriu as portas para obras inovadores para piano e orquestra das gerações seguintes, como os concertos de Brahms, as Variações Sinfônicas de Franck, as Noites nos jardins de Espanha, de Falla, e a Bachianas nº 3 de Villa-Lobos.
O segundo concerto de Liszt, estreado em 1857, também em Weimar, tem uma forma ainda mais diferentona, em um movimento único, assim como a assim como a sua sonata para piano.
Franz Liszt (1811-1886): Piano Concertos
1–3 Piano Concerto No. 1 in E flat major, S.124
4–9 Piano Concerto No. 2 in A major, S.125
Andor Foldes, piano
Berliner Philharmoniker
Leopold Ludwig
Recording: Jesus-Christus-Kirche, Berlin, Germany, February 1953
* Roman à clef – romance com chave, que adquiriria um novo significado quando lido a partir de uma certa chave de entendimento ligada a pessoas e situações da vida real. Em um romance do escritor Will Self, o protagonista afirma: a única possibilidade de eu escrever um roman à clef seria se eu perdesse as chaves do carro. Ao longo do livro a chaves somem várias vezes.
Esta postagem abaixo de PQPBach foi revista e ampliada para a celebração dos 140 anos de nascimento de Béla Bartók. Acredito que em 2007, ano da postagem original, havia apenas um CD simples com algumas das gravações de Bartók por Andor Foldes pela Deutsche Grammophon. O resto estava disponível apenas no vinil. Mais recentemente a gravadora soltou, remasterizadas, todas essas gravações que hoje ocupam um CD triplo.
As obras para piano de Béla Bartók têm um pé na tradição e um pé na modernidade: o material temático é quase sempre influenciado pela música folclórica de vários povos da Europa central e oriental, enquanto a escrita pianística usa procedimentos típicos do século XX, com destaque para os clusters.
Um cluster, ou agrupamento de tons, é um acorde musical que compreende (dois ou tipicamente três ou mais) tons adjacentes, ou seja, teclas adjacentes, que podem ser tocadas com os dedos ou, em alguns casos, com socos ou mesmo cotoveladas no teclado, algo que os músicos de jazz já faziam em seus improvisos desde tempos imemoriais.Não por acaso, os precedentes são em sua maioria norte-americanos, como o pianista Scott Joplin e o compositor Charles Ives. Na Europa, Debussy usou clusters para representar os sinos da catedral em um célebre prelúdio para piano. Mas esses três usavam esse tipo de sonoridade de forma eventual. Quem batizou a técnica e usou sequências deles de forma explícita foi o norte-americano Henry Cowell, também um dos introdutores da ideia de “piano preparado”.
Béla Bartók conheceu Henry Cowell em dezembro de 1923. No ano seguinte, ele escreveu para Cowell perguntando se ele poderia utilizar tone clusters sem ofender o colega. A partir daí, ele entraria em um fértil período de escrita pianística, com algumas de suas principais obras para piano finalizadas em 1926: a Sonata, a Suíte Out of Doors e o 1º Concerto para Piano e Orquestra.
O uso mais óbvio dos clusters, por seu caráter dissonante, é em movimentos rápidos e percussivos, com o teclado sendo martelado em andamentos como Presto ou Pesante, como nos exemplos abaixo, que testemunham a influência de Cowell sobre Bartók.
Fotos: clusters na suíte Out of doors. À esquerda, clusters pesados (pesante) no começo do 1º movimento e à direita clusters lentos e misteriosos no 4º movimento – Música Noturna.
Outra forma de utilizar os clusters é com a mão esquerda tocando, delicadamente, sequências dissonantes que fazem parte da criação do clima de “Música Noturna”, título do 4º movimento da Suíte Out of Doors. Boa parte dos movimentos lentos da fase madura de Bartók também recebem esse nome de música noturna: por exemplo os movimentos centrais do 2º Concerto para Piano e do Concerto para Orquestra, sem falar em várias cenas do Mandarim Miraculoso, talvez o mais noturno de todos os balés, por lidar com o tema da prostituição, que aliás causou grande escândalo nos anos 1920.
Pano rápido e as palavras de PQP em 2007: Não vou reescrever o que já está pronto sobre este espetacular CD de um pianista que aprendeu a tocar Bartók com o próprio. Atenção: a gravação é de 1955, mas a qualidade do som parece digital.
Texto de Melvin Yap
Bartók is probably most famous for his Concerto for Orchestra and his piano and violin concertos. As a consequence, many of the works on this disc will probably be unfamiliar to most listeners out there.
This recording belongs to DG’s Dokumente series and as such, is not a recent recording. It was recorded in 1955 in monophonic sound. However, since the whole disc is a piano recital, the monophonic sound isn’t that serious a drawback.
Who was Andor Foldes anyway? From the documentation supplied with the disc, I gathered that he had quite an illustrious bevy of piano teachers. He studied the piano with Ernst von Dohnányi and first met Bartók at the age of fifteen in 1929. They later became close friends until Bartók’s death. His intimate relationship with the composer himself hints that he probably is eminently qualified to interpret Bartók’s work and this is borne out by the quality of the recital.
The Mikrokosmos are teaching pieces that range from beginners’ pieces to works of exuberant virtuosity. Foldes is never condescending and he invests these pieces with detail and meticulous precision. I believe that Foldes hardly deviates from the strict dynamics and tempo markings that Bartó The same approach can be seen in the other pieces too. Rather than playing these works coldly and mechanically, as some pianists are apt to do, Foldes strives for emotion and expression. He is technically brilliant but never allows the technical aspect of a work to overshadow its intrinsic artistic qualities. This is one of the most atmospheric recordings I’ve ever heard and it is not hard to imagine the pianist playing right before you.
There’s plenty of exciting moments in this disc, for example in the last part of the Suite Op.14. Percussive, almost overflowing in a kaleidoscope of sound but always coherent and imaginative, the playing is a delight. Nor are the slower parts especially boring. Foldes has a way of mulling over the slower bits in an interesting sort of way so that you are enlightened rather than irked.
Despite its vintage, the sound of this disc is perfectly acceptable and probably acoustically superior to many of our so-called digital recordings. This is not a disc for everybody but it should be rewarding for any serious collector of Bartók or piano music.
Béla Bartók – Peças para Piano
CD 1
1–17 For Children, Sz.42 (BB 53): Books I & II (excerpts)
18–20 Sonatina, Sz.55 (BB 69)
21–26 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book IV (excerpts)
27–33 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book V (excerpts)
34–44 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book VI (excerpts)
45–50 For Children, Sz.42 (BB 53): Book III (excerpts)
51–54 For Children, Sz.42 (BB 53): Book IV (excerpts)
55–56 Two Elegies, Sz.41 (BB 49)
CD 2
1–6 Six Romanian Folk Dances, Sz.56 (BB 68)
7 Fantasy II (No. 3 of Four Piano Pieces, Sz.22, BB 27)
8–14 Seven Sketches, Sz.44 (BB 54)
15 Improvisations on Hungarian Peasant Songs, Sz.74 (BB 83)
16 Fifteen Hungarian Peasant Songs, Sz.71 (BB 79)
17–19 Sonata for Piano, Sz.80 (BB 88)
20–22 Three Rondos on Hungarian Folk Tunes, Sz.84 (BB 92)
23–24 Romanian Christmas Carols, Sz.57 (BB 67)
CD 3
1–4 Suite, Sz.62 (BB 70)
5–9 Out of Doors, Sz.81 (BB 89)
10–15 Nine Little Piano Pieces, Sz.82 (BB 90)
16–26 Ten Easy Piano Pieces, Sz.39 (BB 51)
27–29 Three Burlesques, Sz.47 (BB 55)
30 Allegro barbaro, Sz.49 (BB 63)
Este CD vale pela incrível, belíssima Sonata de Grieg e pelos gatinhos — expressão para iniciados — do mesmo compositor.
Bem, a palavra italiana malinconia era muito usada no século XIX como título de peças melancólicas. No entanto, a ideia de malinconia cobria uma miríade de noções românticas, de modo que simplesmente traduzi-la como “melancolia” não lhe faz justiça. Inclui também muitos outros estados emocionais – todos os tipos de desânimo, tristeza, desespero, depressão e até mesmo frustração. Cada idioma desenvolveu seus próprios termos e as interpretações da própria palavra também diferem de região para região. A malinconia na ensolarada Itália ou na Espanha é bem diferente da melancolia na Noruega e na Finlândia, onde os invernos são rigorosos e longos. A variante nórdica é expressa aqui em vários exemplos musicais; palavras por si só são inadequadas.
O vencedor do concurso Tchaikovsky e aluno de Rostropovich, David Geringas, deixa uma impressão vigorosa e direta na Sonata de Grieg, próxima à franqueza de seu ex-professor em uma parceria ao vivo de 1964, em Aldeburgh, com Sviatoslav Richter ao piano e que está disponível apenas no YouTube. Tal abordagem recoloca o trabalho na tradição europeia dominante (ou seja, alemã), mas dá menos atenção às cores suaves e ao humor que certamente são aqui a base da paleta de Grieg, mesmo em momentos mais angustiados. O resultado é tornar o trabalho menos forte e individual, enfatizando a forma em detrimento do conteúdo. Mas nada destrói esta música de Grieg.
Geringas está mais perto do idioma “correto” nas duas peças de Sibelius. Ele se deleita com suas dificuldades mais do que seu pianista. Nos Griegs mais curtos, os dois apresentam imagens mais completas da música do que na Sonata. A transcrição de Allegretto da Sonata para violino Op 45 vai especialmente bem e Geringas aponta a tristeza em sua própria transcrição da ‘Canção de Solveig’.
Sibelius (1865-1957) & Grieg (1843-1907): Malinconia – Peças para Violoncelo e Piano
Jean Sibelius (1865-1957)
01. Malinconia, Op.20 (10:53)
Edvard Grieg (1843-1907)
02. Letzter Frühling, Op.34 No.2 (4:25)
03. Violin Sonata No.3 in C minor, Op.45 – II. Allegretto (7:03)
Cello Sonata in A minor, Op.36
04. I. Allegro agitato (9:10)
05. II. Andante molto tranquillo (6:03)
06. III. Allegro (11:37)
Para muitos, Dave Brubeck foi a porta de entrada para o jazz. Depois, passa-se um ou dois anos e já é difícil de ouvir seus solos convencionais e sem muito tempero. Dele e de Paul Desmond. Ouvimos e gostamos mais por nostalgia. Mas os caras criaram temas que ficarão para sempre. Neste disco, Brubeck apresenta basicamente temas de outros compositores, além de mostrar um lado que sempre foi indiscutível para os amantes de jazz: ele sente-se muito bem nas jazzy songs, talvez até mais do que no jazz puro. Mas o que interessa é que Brubeck é um portal campeão de vendas e quem não conhece seus LPs Time Out e Time Further Out tem algum problema de formação musical. Por falar em formação musical, Brubeck não era muito interessado em aprender por métodos, simplesmente queria compor suas próprias melodias e por isso nunca aprendeu a ler partituras. Ele evitava aprender a ler durante as aulas de piano de sua mãe, alegando dificuldade de visão. Na faculdade, Brubeck quase foi expulso do curso, quando um de seus professores descobriu que ele não sabia ler partituras. Muitos outros professores o defenderam apontando seu talento em contraponto e harmonia, mas a escola continuou com medo de que isso pudesse causar um escândalo, e só concordou em lhe dar o diploma se ele concordasse em nunca dar aulas de piano…
Dave Brubeck: Collections
1 Take Five
2 In Your Own Sweet Way
3 Weep No More
4 That Old Black Magic
5 Take The ‘A’ Train
6 Maria
7 Summer Song
8 Autumn In Washington Square
9 Three To Get Ready
10 There’ll Be Some Changes Made
Um belo disco. A Mensa Sonora (6 suítes para violino, duas violas, e contínuo, de 1680) é um conjunto de peças instrumentais para serem tocadas à mesa. Embora a música não seja tão desafiadora quanto algumas das outras suítes instrumentais de Biber, a Mensa dá um bom caldo. Os movimentos de dança muito curtos e pode ser considerada a menos substancial das coleções instrumentais de Biber. Mas o nível consistentemente alto de imaginação transforma o que poderia ter sido música puramente funcional. Ficamos continuamente encantados com a destreza contrapontística de Biber, com as belas sonoridades e com a maneira como ele introduz um nível mais profundo de expressão nos movimentos mais longos. Também há momentos de surpreendente originalidade. O Quarteto Purcell traz essas e muitas outras facetas da música de uma forma sempre viva e doce. As muitas decisões sobre andamento e caráter são bem tomadas e soam totalmente convincentes no contexto.
Heinrich Biber (1644-1704): Mensa Sonora, seu Musica instrumentalis
Sonata No. 1 in D Major
1 I. Sonata. Grave – Allegro 1:25
2 II. Allemanda 1:42
3 III. Courante 0:58
4 IV. Sarabanda 1:09
5 V. Gavotte 1:03
6 VI. Gigue 1:56
7 VII. Sonatina. Allegro 0:41
Sonata No. 2 in F Major
8 I. Intrada 0:30
9 II. Balletto 1:21
10 III. Sarabanda 1:16
11 IV. Balletto 0:50
12 V. Sarabanda 1:03
13 VI. Balletto 0:54
Partita No. 3 in A Minor
14 I. Gagliarda. Allegro 1:10
15 II. Sarabanda 0:54
16 III. Aria 1:04
17 IV. Ciacona 3:09
18 V. Sonatina 1:50
Violin Sonata in A Major, Chafe 147 (Catherine Mackintosh; Richard Boothby; Robert Woolley)
19 Sonata. Adagio – Presto – Adagio – Presto – Grave 5:01
20 Aria – 11 Variations – Aria 6:52
Sonata No. 4 in B Flat Major
21 I. Sonata 1:23
22 II. Allemanda 1:46
23 III. Courante 1:03
24 IV. Balletto 0:38
25 V. Sarabanda 1:13
26 VI. Gigue. Presto 1:18
27 VII. Sonatina. Adagio 2:37
Sonata No. 5 in E Major
28 I. Intrada. Allegro 0:58
29 II. Balletto 0:32
30 III. Trezza 0:28
31 IV. Gigue 1:06
32 V. Gavotte. Alla breve 0:50
33 VI. Gigue 1:00
34 VII. Retirada 0:55
Sonata No. 6 in G Minor
35 I. Sonata 0:50
36 II. Aria 1:17
37 III. Canario. Presto 0:33
38 IV. Amener 1:26
39 V. Trezza 0:28
40 VI. Ciacona 3:06
41 VII. Sonatina. Adagio – Presto 0:40