Schumann, Scriabin, Chopin, Debussy, Albéniz – Nelson Freire ao vivo, 1975

Freire 1980sHoje trago um recital de Nelson Freire em 1975 na Universidade de Maryland, EUA, quando ele era um jovem talento promissor de cabelos castanhos. Nunca foi lançado oficialmente, mas a qualidade do áudio é excelente.
Eu poderia falar sobre os dificílimos Estudos Sinfônicos de Schumann ou sobre a sonata de Scriabin em dois movimentos, Andante e Prestissimo volando, de caráter alegre e místico que representa, segundo o compositor, “o voo do homem até a estrela, símbolo da felicidade”.
Poderia falar sobre as mazurcas de Chopin tocadas por Nelson com um senso de ritmo, um ziriguidum que os pianistas europeus raramente têm (mas que nossos conterrâneos Guiomar e Antônio Barbosa também tinham de sobra). Poderia falar do talento de Nelson para escolher peças de bis, parte essencial de recitais à moda antiga. Mas vou ser dedo-duro e falar do momento em que o grande artista falhou.
Pois é, pode parecer estranho para quem só ouve CDs gravados em estúdio, perfeitinhos como um relógio suíço, mas a verdade é que ao vivo grandes pianistas podem errar. Rubinstein já pulou várias notas (principalmente após os 70 anos), Michelangeli e Pollini já exageraram no rubato para facilitar trechos rápidos, Martha Argerich já se empolgou e tocou forte trechos em que o compositor mandava tocar fraco (piano).
Vamos ao lapso de Nelson: na última nota de um dos trechos mais rápidos da Fantasia de Chopin, aos 9:49, ele dá uma esbarradinha na tecla errada, sem perder a elegância. Que fique registrado que Nelson toca em um andamento muito rápido, enquanto Michelangeli, Maria João Pires, entre outros, engatam a marcha 1 nesse trecho para não correrem riscos. Curiosidade: Guiomar Novaes, que Nelson idolatra, gravou a Fantasia nesse mesmo andamento arriscado, aliás ela também esbarrou no mesmo trecho… Sem falar de outras notas provavelmente puladas, para possibilitar um andamento tão extremo.
Moral da história: os grandes pianistas estudam horas e horas para terem técnica impecável e, mesmo assim, às vezes pecam, falham. Que bom! Parabéns aos músicos que correm riscos e são humanos, muito superiores a um programa de computador!

Nelson Freire, piano
Live, 1975, University of Maryland, USA
1. Schumann – Etudes Symphoniques, Op.13
2. Scriabin – Sonata No.4, F# major, Op.30
3. Chopin – Fantasy, F minor, Op.49
4. Chopin – Nocturne, F# major, Op.15, No.2
Chopin – 2 Mazurkas:
5. C# minor, Op.41, No.1
6. B minor, Op.33, No.4
7. Chopin – Scherzo No.4, E major, Op.54
Encores:
8. Debussy – Poissons d’or
9. Albeniz/Godowsky – Tango

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Scriabin era meio doidinho mas sua música é sensacional
Scriabin era meio doidinho mas sua música é sensacional

Pleyel

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