Béla Bartók (1881-1945): Poema Sinfônico “Kossuth” / 2 Retratos para Violino e Orq. / 2 Imagens para Orq. / 4 Peças para Orq. (Lehel, Szűcs, Erdélyi) #BRTK140 Vol. 10 de 29

Béla Bartók (1881-1945): Poema Sinfônico “Kossuth” / 2 Retratos para Violino e Orq. / 2 Imagens para Orq. / 4 Peças para Orq. (Lehel, Szűcs, Erdélyi) #BRTK140 Vol. 10 de 29

Aqui, toda a coleção.

Um excelente disco. É incrível — os húngaros conseguem tocar de tal forma que até o Poema Sinfônico Kossuth ganha vida e torna-se muito bom. Apesar de trazer obras abaixo da média de Bartók, o disco está muito acima da média dos compositores, digamos, normais. O poema sinfônico foi escrito uma homenagem ao político húngaro Lajos Kossuth, herói da Revolução Húngara de 1848 e narra musicalmente sua tentativa fracassada de conquistar a independência da Hungria da Áustria em 1848-49. O próprio Bartók escreveu comentários detalhados sobre a partitura, delineando um programa. Embora a obra seja escrita em um único movimento, fala sério, ela é formada por dez movimentos ou seções interrelacionadas. A peça começa com Bartók esboçando um retrato de seu herói e termina com uma marcha fúnebre, que também foi arranjada para piano pelo compositor. Os poemas sinfônicos de Liszt e Strauss influenciam fortemente o trabalho, pois Bartók toma emprestadas ideias deles para desenvolver harmonias, progressões cromáticas e instrumentação. Ao longo da obra, além de melodias bem húngaras — trata-se obviamente de uma composição altamente nacionalista –, há uma sátira zombeteira ao hino nacional austríaco imperial, Gott erhalte Franz den Kaiser, que é usada na forma de um leitmotiv recorrente.

As outras obras são também menores e pouco comuns em concertos. Mas Two Portraits (Dois Retratos) e Two Images (Duas Imagens) também são excelentes quando tocadas por húngaros da gema.

Béla Bartók (1881-1945): Poema Sinfônico “Kossuth” / 2 Retratos para Violino e Orq. / 2 Imagens para Orq. / 4 Peças para Orq. (Lehel, Szűcs, Erdélyi) #BRTK140 Vol. 10 de 29

1 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: Kossuth
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: I. Kossuth
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
1:34

2 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: What Sorrow Lies So Heavily on thy Heart
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: II. Mi bú nehezedik a lelkedre, édes férjem?
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
1:07

3 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: Danger threatens the fatherland
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: III. Veszélyben a haza
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
0:57

4 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: A Better Fate then was Ours
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: IV. Hajdan jobb idõket éltünk
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
1:35

5 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: Yet this Brief-Lived Happiness Soon Disappeared
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: V. Majd rosszra fordult sorsunk…
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
1:18

6 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: To the Battlefield
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: VI. Harcra fel!
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
1:03

7 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: Come, Oh Come,
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: VII. Jöjjetek, jöjjetek! Szép magyar vitézek, aranyos leventék!
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
3:47

8 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: Excerpt
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: VIII. [untitled]
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
5:56

9 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: All Is Finished
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: IX. Mindennek vége
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
3:38

10 Symphonic poem for orchestra, Sz. 21, BB 31 “Kossuth”: A Hopeless Silence Reigns
orchestra:
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
conductor:
György Lehel (conductor)
recording of:
Kossuth: X. Csöndes minden, csöndes
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Kossuth, Sz. 21, BB 31, DD 75a
1:09

11 Two portraits for violin & orchestra, Sz. 37, BB 48/b (Op. 5): No. 1. Egy idealis (One Ideal)
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist)
orchestra:
Budapest Philharmonic Orchestra
conductor:
Miklós Erdélyi (conductor)
recording of:
Two Portraits, op. 5: 1. One Ideal. Andante
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Two Portraits, Sz. 37, BB 48b, op. 5
10:00

12 Two portraits for violin & orchestra, Sz. 37, BB 48/b (Op. 5): No. 2. Egy torz (One Grotesque)
violin:
Mihály Szűcs (Hungarian violinist)
orchestra:
Budapest Philharmonic Orchestra
conductor:
Miklós Erdélyi (conductor)
recording of:
Two Portraits, op. 5: 2. One Grotesque
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
Two Portraits, Sz. 37, BB 48b, op. 5
2:40

13 Two pictures for orchestra, Sz. 46, BB 59 (Op. 10): No. 1. Viragzas (In Full Flower)
orchestra:
Budapest Philharmonic Orchestra
conductor:
Miklós Erdélyi (conductor)
recording of:
2 Pictures, op. 10, Sz. 46: 1. In voller Blüte
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1910-08)
publisher:
Boosey & Hawkes (publisher; do NOT use as release label)
part of:
2 Pictures, op. 10, Sz. 46
8:26

14 Two pictures for orchestra, Sz. 46, BB 59 (Op. 10): No. 2. A falu tanca (Village Dance)
orchestra:
Budapest Philharmonic Orchestra
conductor:
Miklós Erdélyi (conductor)
recording of:
2 Pictures, op. 10, Sz. 46: 2. Dorftanz
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1910-08)
publisher:
Boosey & Hawkes (publisher; do NOT use as release label)
part of:
2 Pictures, op. 10, Sz. 46
9:31

15 Four pieces for orchestra, Op.12, Sz. 51, BB 64: No. 1. Preludio
orchestra:
Budapest Philharmonic Orchestra
conductor:
Miklós Erdélyi (conductor)
recording of:
Four Orchestral Pieces, op. 12, Sz. 51: I. Preludio: Moderato
orchestrator:
Béla Bartók (composer) (in 1921)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1912)
part of:
Four Orchestral Pieces, op. 12, Sz. 51
7:06

16 Four pieces for orchestra, Op.12, Sz. 51, BB 64: No. 2. Scherzo
orchestra:
Budapest Philharmonic Orchestra
conductor:
Miklós Erdélyi (conductor)
recording of:
Four Orchestral Pieces, op. 12, Sz. 51: II. Scherzo: Allegro
orchestrator:
Béla Bartók (composer) (in 1921)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1912)
part of:
Four Orchestral Pieces, op. 12, Sz. 51
6:57

17 Four pieces for orchestra, Op.12, Sz. 51, BB 64: No. 3. Intermezzo
orchestra:
Budapest Philharmonic Orchestra
conductor:
Miklós Erdélyi (conductor)
recording of:
Four Orchestral Pieces, op. 12, Sz. 51: III. Intermezzo: Moderato
orchestrator:
Béla Bartók (composer) (in 1921)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1912)
part of:
Four Orchestral Pieces, op. 12, Sz. 51
5:22

18 Four pieces for orchestra, Op.12, Sz. 51, BB 64: No. 4. Marcia funebre
orchestra:
Budapest Philharmonic Orchestra
conductor:
Miklós Erdélyi (conductor)
recording of:
Four Orchestral Pieces, op. 12, Sz. 51: IV. Marcia funebre: Maestoso
orchestrator:
Béla Bartók (composer) (in 1921)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1912)
part of:
Four Orchestral Pieces, op. 12, Sz. 51

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Bartók ligadaço no folclore húngaro através de seu som digital conectado por bluetooth.

PQP

Francis Poulenc (1899-1963): Concerto para Piano / Concerto para 2 Pianos / Concerto para Órgão

Francis Poulenc (1899-1963): Concerto para Piano / Concerto para 2 Pianos / Concerto para Órgão

Este é um excelente disco. A música de  Poulenc é interessante e alegre sem ser superficial. O compositor teve uma vida de constante luta interna. Alguém disse, com razão, que ele era “meio monge, meio mau rapaz”. Tendo nascido e educado na religião católica, Poulenc debatia-se com uma homossexualidade inaceitável à luz de suas convicções religiosas. “Sabes que sou sincero na minha fé, tanto como sou sincero na minha sexualidade parisiense”. Alex Ross escreveu que ele foi o primeiro compositor abertamente gay, embora, quando jovem, o compositor tenha tentado manter relações físicas com mulheres e tenha sido pai de uma menina, Marie-Ange. Depois foi uma sucessão de casos com homens que morriam tragicamente o que sempre o levava de volta à religião. Sua música, eclética e ao mesmo tempo pessoal, é melodiosa e embelezada pelas dissonâncias do século XX. Poulenc foi extremamente talentoso, elegante, tinha profundidade de sentimentos e um doce-amargo que são derivados da sua personalidade alegre e melancólica.

Francis Poulenc (1899-1963): Concerto para Piano / Concerto para 2 Pianos / Concerto para Órgão

Piano Concerto
1 I. Allegretto 10:03
2 II. Andante Con Moto 5:38
3 III. Rondeau À La Française 3:40
Piano – Pascal Rogé

Concerto For Two Pianos
4 I. Allegro Non Troppo 8:15
5 II. Larghetto 4:52
6 III. Finale: Allegro Molto 5:14
Piano [Piano I] – Sylviane Deferne
Piano [Piano II] – Pascal Rogé

Organ Concerto
7 Andante — 3:03
8 Allegro Giocoso — 1:54
9 Subito Andante Moderato — 7:00
10 Tempo Allegro, Molto Agitato — 2:48
11 Très Calme. Lent — 2:26
12 Tempo De L’Allegro Initial — 1:56
13 Tempo Introduction. Largo 2:57
Organ – Peter Hurford

Philharmonia Orchestra
Charles Dutoit

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Francis Poulenc foi flagrado por nossa reportagem fazendo cálculos a fim de acertar na Megasena.

PQP

Nicolò Paganini (1782-1840) – 24 Caprices, op. 1 – Alina Ibragimova

Não se deixe enganar pela aparência de menina de Alina Ibragimova. A violinista russa completa trinta e seis anos de idade agora em setembro. E por trás desta aparência de menina se esconde uma excepcional intérprete, com uma técnica apuradíssima e uma virtuose no violino já há bastante tempo reconhecida pela crítica especializada. E é figurinha carimbada aqui no PQPBach, o que demonstra o quanto somos seus fãs.

A nova investida da moça são ‘apenas’ os Caprichos para Violino de Paganini, um terror para os intérpretes, que tem de se desdobrar para dar conta das armadilhas e dificuldades das peças. Não trouxemos muito essas obras aqui pro blog, alguns colegas as consideram um monte de notas dispersas, sem eira nem beira, outros dizem que não é bem assim, elas tem sua importância, não são apenas exercícios vazios e sem conteúdo. Enfim, resolvi trazê-las novamente pois afinal de contas, antes de tudo, trata-se de um CD da Alina Ibragimova. E fresquinho, recém saído do forno.

1 No 1 In E Major Andante
2 No 2 In B Minor Moderato
3 No 3 In E Minor Sostenuto – Presto
4 No 4 In C Minor Maestoso
5 No 5 In A Minor Agitato
6 No 6 In G Minor [Adagio]
7 No 7 In A Minor Posato
8 No 8 In E Flat Major Maestoso
9 No 9 In E Major Allegretto
10 No 10 In G Minor Vivace
11 No 11 In C Major Andante – Presto
12 No 12 In A Flat Major Allegro
13 No 13 In B Flat Major Allegro
14 No 14 In E Flat Major Moderato
15 No 15 In E Minor Posato
16 No 16 In G Minor Presto
17 No 17 In E Flat Major Sostenuto – Andante
18 No 18 In C Major Corrente: Allegro
19 No 19 In E Flat Major Lento – Allegro Assai
20 No 20 In D Major Allegretto
21 No 21 In A Major Amoroso
22 No 22 In F Major Marcato
23 No 23 In E Flat Major
24 No 24 In A Minor Tema Con Variazioni: Quasi Presto

Alina Ibragimova – Violin

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Domenico Gallo (1730–c. 1768): 12 Trio Sonatas (Parnassi Musici)

Domenico Gallo (1730–c. 1768): 12 Trio Sonatas (Parnassi Musici)

No início da primeira faixa — a Sonata nº 1 em Sol maior — a maioria dos ouvintes se encontrará em um território surpreendentemente familiar — surpreendente porque este compositor pouco conhecido do século 18 foi quem escreveu uma canção popular por muito tempo atribuída a Pergolesi, uma atribuição errônea que deu credibilidade falsa adicional por seu uso na Pulcinella de Stravinsky. Na verdade, Stravinsky usou seleções de várias das sonatas do trio de Domenico Gallo em sua famosa música de balé, pensando que eram obras de Pergolesi porque foram publicadas com seu nome em edições inglesas do final do século XIX. O autor dessas obras habilmente escritas para violinos, violoncelo e cravo recebe os quatro excelentes músicos do Parnassi Musici e seus instrumentos de época. São 70 minutos de um ritmo constante e otimista. É música de câmara notável por suas melodias encantadoras e texturas habilmente variadas. Gallo mostra o seu melhor nos movimentos lentos. O grupo o interpreta com muito estilo e personalidade, o som é íntimo e quente. Claro, não é um barroco fundamental, mas merece um lugar na sua coleção de CDs, especialmente porque contém raridades que você não encontrará em outro lugar. Talvez os músicos de Parnassi e outros se sintam motivados a explorar e gravar as muitas outras obras de Gallo que permanecem não publicadas, nem executadas.

12 Sonatas For 2 Violins And Basso Continuo (Originally Attributed To Pergolesi)

1 Sonata No 1 In G Major (Moderato – Andantino – Presto) 5:38
2 Sonata No. 2 In B Flat Major (Presto – Adagio – Presto) 6:10
3 Sonata No. 3 In C Minor (Allegro – Andante – Allegro) 5:16
4 Sonata No. 4 In G Major (Moderato – Adagio – Allegro) 6:20
5 Sonata No. 5 In C Major (Allegro – Larghetto – Allegro) 6:17
6 Sonata No. 6 In D Major (Presto – Andante Non Tanto – Allegro) 5:14
7 Sonata No. 7 In G Minor (Non Presto – Andante – Allegro) 6:29
8 Sonata No. 8 In E Flat Major (Allegro Ma Non Tanto – Andantino – Allegro) 5:57
9 Sonata No. 9 In A Major (Presto – Larghetto – Allegro) 5:10
10 Sonata No. 10 In F Major (Moderato – Andantino – Tempo Di Minueto) 4:57
11 Sonata No. 11 In D Minor (Comodo – Largo – Allegro) 4:58
12 Sonata No. 12 In E Major (Allegro – Adagio – Presto) 5:09

Ensemble – Parnassi Musici
Harpsichord – Martin Lutz (4)
Luthier [Violin] – Claude Pierray, Leopold Widhalm
Violin – Margaret MacDuffie, Matthias Fischer
Violoncello – Stephan Schrader

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Essa era Gallo mesmo!

PQP

.: interlúdio :. Oliver Nelson: Sound Pieces

.: interlúdio :. Oliver Nelson: Sound Pieces

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Sempre gostei de Oliver Nelson, principalmente como compositor e arranjador. Ah, como solista também. Sound Pieces é um tour de force bem diferente de outra obra-prima de Nelson, sua parceria com Eric Dolphy. Em uma carreira repleta de grandes arranjos e escrita soberba, Nelson se supera aqui. A faixa-título é inesquecível, contando uma história dramática sem palavras. Este álbum de 1966 oferece alguns de seus melhores trabalhos em ambas as áreas. Sound Piece for Jazz Orchestra é brilhante, lembra o estilo de concerto de Stan Kenton dos anos 50 e início dos anos 60. Aliás, de acordo com as notas do encarte, a banda de Kenton executou esta peça antes de sua gravação. Flute Salad apresenta um lindo uníssono de flautas e um solo de trompete de Conte Candoli que se parece muito com as músicas de Henry Mancini da época. The Lady from Girl Talk é uma adaptação de um dos temas de Nelson escritos para a TV. Nelson toca sax soprano nessas músicas que arranjou para big band com mais duas trompas, tuba e algumas duplas de metais. As cinco faixas restantes estão em um ambiente de quarteto, com Nelson continuando no sax soprano. Eu gosto mais de seu sax neste álbum do que em qualquer outro que já ouvi. Uma vez que ele escreveu quase todas as melodias, não deveria ser surpreendente que ele as internalizasse tão profundamente, produzindo um toque inovador e de extremo bom gosto. O CD cresceu em relação ao LP original, pois inclui mais duas faixas bônus. Sorte nossa! Recomendo!

.: interlúdio :. Oliver Nelson: Sound Pieces

1 “Sound Piece for Jazz Orchestra” – 9:44
2 “Flute Salad” – 2:49
3 “The Lady From Girl Talk” – 4:59
4 “The Shadow of Your Smile” (Mandel, Webster) – 9:44
5 “Patterns” – 6:19
6 “Elegy for a Duck” – 6:23
Bonus tracks on CD reissue:
7 “Straight, No Chaser” (Monk) – 9:10
8 “Example Seventy Eight” – 6:01

Personnel
Tracks 1-3

Oliver Nelson – soprano saxophone, arranger, conductor
John Audino, Bobby Bryant (#1-2), Conte Candoli, Ollie Mitchell, Al Porcino (#3) – trumpet
Mike Barone, Billy Byers (#3), Richard Leith, Dick Noel (#1-2), Ernie Tack – trombone
Bill Hinshaw, Richard Perissi – French horn
Red Callender – tuba
Gabe Baltazar – alto saxophone, clarinet, alto flute
Bill Green – piccolo, flute, alto flute, alto saxophone
Plas Johnson – tenor saxophone, bass clarinet, flute, alto flute
Bill Perkins – tenor saxophone, bass clarinet, flute, alto flute
Jack Nimitz – baritone saxophone, bass clarinet
Mike Melvoin – piano
Ray Brown – bass
Shelly Manne – drums

Tracks 4-8

Oliver Nelson – soprano saxophone
Steve Kuhn – piano
Ron Carter – bass
Grady Tate – drums

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Oliver Nelson ensaiando na PQP Bach`s Great New York Harlem Jazz Concert Hall

PQP

Franz Berwald (1796-1868): Septeto, Serenata e Quarteto para Piano

Franz Berwald (1796-1868): Septeto, Serenata e Quarteto para Piano

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Desconhecido em vida, o compositor Berwald teve de largar a música para dedicar-se à cirurgia. Depois, sempre mantendo o ramo que primeiramente abraçara, foi serreiro e trabalhou numa fábrica de vidro. Grande parte de sua obra foi perdida. Foi durante o período vitral — após 1849 — que Berwald compôs grande parte de sua obra de câmara.

O Septeto é luminoso e é de suas peças mais gravadas e famosas, mas tenho enorme queda pela Serenata de formação tão estranha quanto de boa sonoridade: tenor, clarinete, trompa, violoncelo, baixo e piano… No mínimo, original. As fotos, esculturas e gravuras que retratam Berwald demonstram o importante detalhe de que o compositor cultivava um enorme e moderníssimo topete. Prova de que era um visionário.

BERWALD: Septet / Serenade / Piano Quartet

Septet in B flat major (clarinete, fagote, trompa, violino, violoncelo, baixo)
1. I. Adagio: Allegro molto 07:59
2. II. Poco adagio – Prestissimo – Adagio 09:15
3. III. Finale: Allegro con spirito 00:05:52
Arion Wind Quintet
Schein Quartet

Serenade
4. Serenade 14:17 (tenor, clarinete, trompa, violoncelo, baixo, piano)
Annmo, Thomas, tenor
Bjork, Mikael, double bass
Kallhed, Joakim, piano
Arion Wind Quintet
Schein Quartet

Piano Quartet in E flat major (piano, clarinete, trompa, fagote)
5. I. Adagio: Allegro ma non troppo 11:29
6. II. Adagio 03:11
7. III. Allegro 08:46
Kallhed, Joakim, piano
Arion Wind Quintet

Total Playing Time: 01:00:49

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Franz Berwald, em escultura de Carl Eldh na Berwaldhallen (supersala de concertos em Estocolmo).

PQP

.: interlúdio :. Oliver Nelson & Eric Dolphy: Straight Ahead

.: interlúdio :. Oliver Nelson & Eric Dolphy: Straight Ahead

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma obra-prima e ponto final. Um dos melhores discos que já ouvi. Talvez merecesse ser conhecido como O ELOGIO AO CONTRASTE. O disco original é de Oliver Nelson, mas, com o tempo, passou a ser creditado também ao genial Eric Dolphy. Com toda a razão. Nelson e Dolphy estavam em seus auges e é surpreendente que se entendessem tão bem a ponto de realizarem vários trabalhos juntos. Por quê? Ora, Oliver é um solista melódico, tranquilo, desses que buscam um som puro e fluente; enquanto isso Eric, bem, Eric era de rigorosa selvageria. Uma maravilha.

Ouçam o belíssimo tema dissonante de Images, depois prestem bem atenção ao solo de Oliver Nelson e logo ouçam a invenção absolutamente anárquica na entrada em cena de Eric Dolphy. Na verdadeira luta travada entre o bem-comportado (e belo melodismo) de um e a assustadora imaginação de outro, está o melhor de Oliver Nelson como compositor e o melhor de Dolphy como solista de sax e clarone.

Images é a perfeição.

Oliver Nelson & Eric Dolphy: Straight Ahead

1. Images
2. Six And Four
3. Mama Lou
4. Ralph’s New Blues
5. Straight Ahead
6. 111-44

Oliver Nelson: alto saxophone, tenor saxophone, clarinet
Eric Dolphy: alto saxophone, bass clarinet, flute
Richard Wyands: piano
George Duvivier: bass
Roy Haynes: drums

Recorded at the Van Gelder Studio, Englewood Cliffs, New Jersey on March 1, 1961.

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Dolphy: espetacular contraste com Nelson
Dolphy: espetacular contraste com Nelson

PQP

Alessandro Scarlatti (1660-1725): Toccatas e Folia, na espineta oval de Cristofori

A estrela desse disco é o instrumento musical: a reconstrução da espineta oval criada por Bartolomeo Cristofori dez anos antes de começar a fabricar os ancestrais do piano moderno. A espineta é uma espécie de versão mais compacta do cravo e costuma ter um som mais leve, mas o instrumento de Cristofori tem algo da riqueza de tom do cravo, sendo um pouco como um cruzamento entre os dois.

O encarte do disco traz informações fascinantes sobre a relação dos Scarlatti pai e filho com Florença, cidade importante na carreira dos dois, embora tenham passado a maior parte de suas vidas em Nápoles, Roma (ambos) e Madrid (o filho). A família Medici começou com banqueiros que ficaram podres de ricos por volta de 1400. No período barroco, já eram Grão-Duques da Toscana e patrocinaram artistas como Alessandro Scarlatti e Händel. Porém, pelo jeito eles não mantinham compositores como mestres de capela ou outros cargos semelhantes, ao contrário dos reis em Paris, Madrid, e Berlim, dos duques em Weimar e Dresden… Usando palavras atuais – e, claro, tomando certa liberdade – podemos imaginar que os Medici, seguindo sua tradição de banqueiros, preferiam pagar seus artistas por projeto e depois mandá-los se virar, ao invés de mantê-los como funcionários estáveis por décadas… Sabe aquele patrão que não quer assinar a carteira? Isso para os artistas, porque o tratamento dado ao artesão Bartolomeo Cristofori (1655-1731) foi bem diferente. Em 1688 ele foi convidado pelo Príncipe Ferdinando de Medici para trabalhar para ele, construindo e restaurando cravos e espinetas e supervisionar o vai-e-vem de instrumentos entre os vários palácios dos Medici, posto que ocupou até a morte do príncipe (1713). Nesse período, a segurança financeira que ele tinha certamente contribuiu para que ele pudesse inventar o pianoforte. Como nos conta o encarte do disco, que traduzo aqui em parte, mas vale ser lido na íntegra:

Cristofori, nascido em Pádua (Padova), foi convidado a residir em Florença pelo Príncipe Ferdinando em 1688. Recebia um salário regular e foi admitido como um membro dos “virtuosi di camera” do Príncipe. Ali, Cristofori desenvolveu o pianoforte (descrito a partir de 1700) e inventou novas formas técnicas para outros instrumentos, experimentando com madeiras preciosas.

A espineta oval de 1690 é um instrumento notável por sua forma, pelas madeiras nobres e por sua inovação técnica. É o primeiro testemunho do gênio inventivo do homem. Ele construiu duas dessas espinetas para o Príncipe Ferdinando. Pela fatura mantida no arquivo dos Medici, sabemos que Cristofori calculou, para a espineta, o salário de dez meses de um ajudante, e que após calcular a soma de gastos com materiais, ele dobra o valor no final: “mia fattura“.

Desde 2001 a espineta oval de 1690 está à mostra no departamento de instrumentos musicais da Galleria dell’Academia de Florença. Nesses instrumentos, Cristofori combinou as vantagens do cravo – longas cordas de baixo e dois registros de oitavas – com a leveza da espineta, criando um instrumento esteticamente elegante e atraente.

O Príncipe Ferdinando de Medici tocava violino, cravo, cantava, e era um dos principais mecenas das artes de seu tempo. Ele manteve com Alessandro Scarlatti uma rica correspondência de cerca de 60 cartas conservadas em Florença. O primeiro contato foi em 1683, quando da produção de uma ópera de Scarlatti em Siena, montada depois em Florença em 1686. Até 1709, houve obras de A. Scarlatti (ópera, drama, oratório, comédias) em quase todas as temporadas musicais em Florença.

Foi em julho de 1702 que Alessandro Scarlatti chegou à cidade com seu filho Domenico, de 17 anos. Em agosto ele conduziu um moteto de sua autoria para o aniversário do Príncipe Ferdinando. Em setembro a sua ópera Flavia Cuniberto foi montada no Teatro Pratolino. Em outubro eles voltaram para Roma, sem conseguir obter o posto esperado na corte dos Medici. As cartas do compositor em 1702 fazem menções sutis a esse posto fixo que ele desejava. Em 1705, Alessandro escreveu ao príncipe elogiando as habilidades de seu filho, virtuoso cravista. Meses depois, Domenico Scarlatti visitou Florença, desta vez sem seu pai. Tudo indica ele também queria um posto fixo junto aos Medici e também ficou a ver navios. O máximo que Ferdinando de Medici lhe ofereceu foi uma carta de recomendação a um nobre de Veneza. Não se sabe os detalhes mas talvez tenha sido importante o carimbo de um Medici: Domenico viveu alguns anos em Veneza, voltando a Roma só em 1709.

É muito provável que em sua estadia de quatro meses em Florença os Scarlatti tenham visto e tocado na espineta oval de Cristofori. Nas décadas de 1720 e 30, Domenico Scarlatti chega a Portugal e Espanha e logo depois as cortes desses países encomendam pianofortes, o que atesta o papel de Domenico na difusão desse ainda raro instrumento. As toccatas de Alessandro combinam fragmentos da linguagem modal do renascimento italiano com modulações mais modernas. Elementos similares de improviso são encontrados nas composições de seu filho Domenico. E para quem gosta de obras de variações sobre um tema, é imperdível a “Toccata con Partite” de Scarlatti – em uma tradução literal: Toccata em várias Partes sobre a Folia de Espanha. Nas Partitas Corais de Bach, para órgão, a palavra partita mantém este significado de muitas partes variando um mesmo tema, embora nas Partitas para cravo, já seja outro o significado. Sobre a Folia de Espanha, que provavelmente teve origem no carnaval português, veja esta e esta postagem de PQP.

Alessandro Scarlatti (1660-1725):
1-2. Toccata in re (Toccata / Fuga)
3. Allegro in sol
4-5. Toccata in Do (Toccata / Fuga)
6-8. Toccata in sol (Arpeggio / Fuga / Corrente)
9-12. Toccata in mi (Toccata / Fuga / Allegro / Minuet)
13-14. Toccata in la (Largo – Allegro / Corrente Allegro)
15-17. Toccata in Sol (Toccata / Spirituoso / Presto)
18. Fuga in Sol
19-21. Toccata in re (Toccata / Fuga / Fuga)
22-24. Toccata in Re (Toccata / Un poco largo / Allegro)
25. Fuga in re
26-48. Toccata con Partite sulla Follia di Spagna (in re)

Ella Sevskaya – spinetta ovale / espineta oval / oval spinet (copy of Cristofori, 1690)

Obs: nos títulos das obras, letra minúscula (ex: re) significa tom menor e maiúscula (ex: Re) é tom maior.

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE – MP3 320 kbps

Cópia (2003) da espineta oval feita por Cristofori em 1690

Pleyel

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” e Concerto para Piano (Kamu)

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” e Concerto para Piano (Kamu)

IM-PER-DÍ-VEL !!!!

Um dia, estava dirigindo para o trabalho e a Sinfonia Singular começou a tocar na rádio da UFRGS. Cheguei a meu destino ao final do primeiro movimento e não consegui sair de dentro do carro até o final. Eu simplesmente TINHA que saber o que era aquilo. Era 1989. Então, o locutor anunciou Franz Berwald? Berwald? Who the fuck is Berwald? Importei um vinil alemão e, com a Singular, veio este notável Concerto para Piano que também há neste CD da Naxos.

Fiquei meio abobalhado. Depois conheci o Septeto (que logo pretendo postar) e outras obras igualmente muito boas. A magia quebrou-se com os Poemas Sinfônicos, que não chegam aos pés das sinfonias e das obras de câmara que possuo.

Mas o que importa é que — sério! — este é um dos melhores CDs que tenho. É absolutamente inesperado e surpreendente. O sueco Berwald pode não ter sido constante, mas quando acertava uma obra, acertava mesmo. Não deixem de ouvir com atenção a Singular. É música de primeiríssima linha. O primeiro movimento é irresistível e o resto não lhe fica muito atrás. O Concerto para Piano também é excelente! Pois é, Berwald foi um mestre!

Franz Berwald (1796-1868): Sinfonia Nº 3 “Singular”, Nº 4 “Naive” e Concerto para Piano (Kamu)

1. Symphony No. 3 in C major, “Sinfonie singulière”: I. Allegro fuocoso 11:47
2. Symphony No. 3 in C major, “Sinfonie singulière”: II. Adagio – Scherzo: Allegro assai – Adagio 9:02
3. Symphony No. 3 in C major, “Sinfonie singulière”: III. Finale: Presto 8:25

4. Piano Concerto in D major: I. Allegro con brio 9:27
5. Piano Concerto in D major: II. Andantino 5:14
6. Piano Concerto in D major: III. Allegro molto 6:06

7. Symphony No. 4 in E flat major, “Sinfonie naive”: I. Allegro risoluto 8:54
8. Symphony No. 4 in E flat major, “Sinfonie naive”: II. Adagio 6:33
9. Symphony No. 4 in E flat major, “Sinfonie naive”: III. Scherzo: Allegro molto 5:32
10. Symphony No. 4 in E flat major, “Sinfonie naive”: IV. Finale: Allegro vivace 6:36

Niklas Sivelöv, piano
Helsingborg Symphony Orchestra
Okko Kamu

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O topetinho do bofe…

PQP

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10 (Haitink)

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10 (Haitink)

Das klagende Lied é uma Cantata composta entre 1878 e 1880 por Gustav Mahler. Ou seja, entre os 18 e 20 anos do compositor. Mahler começou a escrever Das klagende Lied, provavelmente inspirado num conto de fadas de Ludwig Bechstein, durante o inicio do último ano no Conservatório de Viena, onde estudou entre 1875 e 1878. A Cantata divide-se em 3 partes: Waldmärchen (Lenda da Floresta), Der Spielmann (O Trovador) e Hochzeitsstück (Peça de Casamento). Modificada por Mahler entre 1893 e 1898, a Cantata (sem Waldmärchen) estreou em 17 de fevereiro de 1901 em Viena.

Eu acho essa música sensacional, principalmente a Waldmärchen, mas houve drama… A Cantata foi apresentada em uma competição de composições — o Prêmio Beethoven. Entre os juízes estava Brahms e ele deu o primeiro lugar para um tal Robert Fuchs (1847-1927), em vez de para a cantata de Mahler. Dizem que Brahms a achou detestavelmente wagneriana. Em 1883, Mahler, mostrou trabalho a Liszt, mas, mais uma vez, ele foi rejeitado. O velho opinou que a Waldmärchen era um horror. Por outro lado, o CD também traz o último trabalho de Mahler, o fragmento inicial de sua 10ª Sinfonia, a qual permaneceu incompleta.

Gustav Mahler (1860-1911): Das Klagende Lied / Symphony No. 10

1. Das Klagende Lied – Beim Weidenbaum, Im Kuhlen Tann
2. Das Klagende Lied – Ein Spielmann Zog Einst Des Weges Daher
3. Das Klagende Lied – Ach Spielmann, Lieber Spielmann Mein
4. Das Klagende Lied – Von Hohen Felsen Erglanzt Das Schlo
5. Das Klagende Lied – Was Ist Der Konig So Stumm Und Bleich
6. Das Klagende Lied – Ach Spielmann, Lieber Spielmann Mein
7. Das Klagende Lied – Auf Springt Der Konig Van Seinem Thron
8. Das Klagende Lied – Ach Bruder, Lieber Bruder Mein!

9. Symphony No. 10 In F Sharp Major – Andante – Adagio

Heather Harper, soprano
Norma Procter, contralto
Werner Hollweg, tenor

Netherlands Radio Chorus
Royal Concertgebouw Orchestra
Bernard Haitink, conductor

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Vocês vão pensar que eu estou brincando, mas este era Mahler aos 23 anos, o mesmo que foi "torturado por Brahms e Lizst.
Vocês vão pensar que eu estou brincando, mas este era Mahler aos 23 anos, o mesmo que foi “torturado” por Brahms e Liszt.

PQP

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Donne Barocche, ou Mulheres Barrocas, traz apenas compositoras do período barroco. O álbum, originalmente lançado pelo selo Opus 111 em 2001, foi merecidamente resgatado para reedição pela Naïve. O disco foi uma baita novidade, abriu novos caminhos quando apareceu pela primeira vez e a reedição é mais do que bem-vinda. Toda a música vem do último terço do século XVII e da primeira década do século XVIII. Os nomes da compositora e cantora Barbara Strozzi e da tecladista francesa Elisabeth Jacquet de la Guerre são bastante conhecidos pelos entusiastas da história da música feminina e estão começando a entrar no repertório de recitais, mas as outras quatro compositoras que estão aqui ainda são novidades, exceto para os estudiosos. A Sonata duodecima de Isabella Leonarda, uma freira de Novara, é uma corrida selvagem de cromatismo e ornamento com afinidades com o estilo fantástico alemão, o Lamento della Vergine, de Antonia Bembo, também membro de um comunidade religiosa feminina, é um bom exemplo do estilo piedoso dramático que foi um dos precursores do idioma das Cantatas de Bach. Tudo se beneficia pelo canto apaixonado da soprano Roberta Invernizzi e do acompanhamento animado da Bizzarrie Armoniche, uma ramificação do pioneiro grupo italiano Il Giardino Armonico. É um disco essencial para uma estante barroca, e um bom começo para se conhecer a música feita pelas mulheres do passado, tão reprimidas em seus talentos.

Donne Barocche: Women Composers from the Baroque Period (Roberta Invernizzi, Bizzarrie Armoniche)

Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre
Sonata for violin & continuo No. 2 in D major
01. I. Presto
02. II. Adagio
03. III. Presto
04. IV. Presto

Barbara Strozzi
05. Serenata “Hor che Appolo” from “Arie” op.8
06. Ariettas for solo voice, Op 6: Miei pensieri, Arietta for soprano and basso continuo

07. Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre
Suite in D minor (from Pièces de Clavecin, 1687): Prelude

08. Antonia Bembo – Lamento della Vergine, cantata for soprano & continuo (from Produzioni Armoniche MS Paris 1697-1701)

09. Elizabeth-Claude Jacquet de la Guerre – Suite in D minor (from Pièces de Clavecin, 1707): La Flamande E double, Allemande

10. Rosa Giacinta Badalla – Non plagente, for soprano & continuo (from Mottetti a voce sola, Venezia 1684)

Isabella Leonarda – Sonatas a 1-4 (12), Op 16: Sonata duodecima in D minor for violin solo & continuo
11. I. Adagio
12. II. Allegro a Presto
13. III. Vivace e Largo
14. IV. Aria Allegro
15. V. Veloce

16. Bianca Maria Meda – Cari Musici, motetto for soprano, 2 violins & continuo (Motteti a uno, due, tre, quattro voci, Bologna 1691)

Roberta Invernizzi, soprano
Bizzarrie Armoniche

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Jovem com Violino — Orazio Gentileschi (1612)

PQP

Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

Riccardo Chailly já gravou duas integrais das Sinfonias de Johannes Brahms. A primeira, em  1988, ele gravou com a Orquestra do Concertgebouw, de Amsterdam. Em 2013, encarou novamente o desafio, desta vez com a Gewandhausorchester Leipzig, que é a que trago para os senhores hoje.

É difícil escolher qual delas é a melhor, nem sei se vem ao caso discutir isso. São gravações realizadas em dois momentos distintos, vinte e poucos anos de experiência adquirida, maturidade, enfim.  O que posso dizer que ambas foram bem recebidas pela crítica.

Também não vem ao caso discutir as obras, de tantas vezes que elas já apareceram por aqui. Já escrevemos várias linhas sobre elas, principalmente sobre a primeira. Procurem ali na lupa postagens lá dos primórdios do PQPBach, ainda antes da virada da primeira década do século.

Riccardo Chailly também dispensa apresentações, é figurinha carimbada por aqui. Lembro que minha primeira postagem com ele foi da incendiária gravação com Martha Argerich do Terceiro Concerto para Piano de Rachmaninov, um primor em todos os seus detalhes.

Sempre digo por aqui que Brahms não deve ser ouvido apenas como música ambiente, música de fundo. Para uma melhor apreciação é necessária uma certa concentração, assim conseguimos distinguir o que há nas entrelinhas. Para o meu gosto, nesta gravação que ora vos trago Chailly acelerou um pouco os tempos, mas isso não atrapalha o conjunto da obra. Vale e muito a audição, principalmente por causa da espetacular orquestra de Leipzig.

Espero que apreciem.

Johannes Brahms (1833-1893): Sinfonias (Chailly, Gewandhausorchester Leipzig)

CD 1

Symphony No. 1 In C Minor, Op. 68
1 I Un Poco Sostenuto, Allegro
2 II Andante Sostenuto
3 III Un Poco Allegretto E Grazioso
4 IV Adagio, Allegro Non Troppo Ma Con Brio

Symphony No. 3 In F Major, Op. 90
5 I Allegro Con Brio
6 II Andante
7 III Poco Allegretto
8 IV Allegro

CD 2

Symphony No. 2 In D Major, Op. 73

1 I Allegro Non Troppo
2 II Adagio Non Troppo
3 III Allegretto Grazioso
4 IV Allegro Con Spirito

Symphony No. 4 In E Minor,
5 I Allegro Non Troppo
6 II Andante Moderato
7 III Allegro Giocoso
8 IV Allegro Energico E Passionato
9 Symphony No. 4 In E Minor, Op. 98: Alternative Opening

CD 3

1 Tragic Overture, Op. 81: Allegro Ma Non Troppo – Molto Più Moderato – Tempo Primo Ma Tranquillo
2 Intermezzo, Op.116 No.4: Adagio
3 Intermezzi, Op.117: Andante Moderato

Variations On A Theme By Joseph Haydn, Op.56a
5 Tema: Chorale St. Antoni. Andante
6 Var.1: Poco Più Animato
7 Var.2: Più Vivace
8 Var.3: Con Moto
9 Var.4: Andante Con Moto
10 Var.5: Vivace
11 Var.6: Vivace
12 Var.7: Grazioso
13 Var.8: Presto Non Troppo
14 Finale: Andante

9 Liebeslieder-Walzer From Opp.52 & 65

15 Op.52 No.1
16 Op.52 No.2
17 Op.52 No.3
18 Op.52 No.4
19 Op.52 No.5
20 Op.65 No.9
21 Op.52 No.11
22 Op.52 No.8
23 Op.52 No.9

24 Symphony No.1 In C Minor, Op. 68: II Andante (Original First Performance Version)
25 Academic Festival Overture, Op. 80 (Allegro – Maestoso – Animato – Maestoso)

3 Hungarian Dances
26 No.1 In C Minor: Allegro Molto
27 No.3 In F: Poco Più Animato
28 No.10 In F: Presto

Gewandhausorchester Leipzig
Riccardo Chailly – Conductor

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PQP

.: interlúdio :. Koko Taylor – Deluxe Edition ֍

.: interlúdio :. Koko Taylor – Deluxe Edition ֍

Gênero:

Funk / Soul, Blues

Estilo:

Rhythm & Blues, Chicago Blues, Electric Blues

 

Eu adoro tangerinas! Quando elas aparecem é inverno. Dependendo de onde você vem ou com quem você convive, pode chamá-las mexericas, ponkans, mimosas ou até morgotes, carregando no r antes do g.

Mas estou falando em tangerinas apenas para lembrar que se é inverno aqui, lá em Chicago é verão. E no verão de Chicago há festivais. Uma cidade a beira de um enorme lago, com ótimos espaços abertos que sabe usá-los quando chega o calor, que costuma ser forte e tem muita ‘humidez’, como dizia meu amigo gringo.

Um destes festivais é o Taste of Chicago, de comidas típicas das muitas etnias que a cidade congrega. Um enorme festival de comida de rua para enlouquecer o Sérgião Loroza.

Tem também o Chicago Blues Festival, pois Chicago é cidade do Blues – de grandes artistas e clubes famosos. Entre eles reinou The Queen – Koko Taylor, uma espécie assim de Tim Maia de saias que transpirava musicalidade e arrastava multidões. Ela e sua Blues Machine.

Buddy Guy

Este disco da postagem é uma compilação de gravações que ela fez para a Alligator Records e conta com alguns de seus maiores sucessos. Quem conhece Muddy Waters e sua Mannish Boy não vai estranhar a primeira música do disco – I’m a Woman. Depois, Born Under a Bad Sign vai mexer até com quem nasceu neste século, assim como Hey, Bartender.

Loroza, depois de provar mexican fried ice cream..

Eu que já estive em uns dois shows dela, sei o quanto Let the Good Times Roll e Wang Dang Doodle podem arrastar multidões.

Outra atração do disco são alguns convidados como Buddy Guy – que tem um ótimo clube de Blues em Chicago -, Pinetop Perkins, entre outros, até o famoso B.B. King. Enfim, como diria um arguto crítico amador: um álbum sem uma única faixa ruim…

Koko Taylor – Deluxe Edition

  1. I’m a Woman – (Ellas McDaniel / Koko Taylor)
  1. Beer Bottle Boogie – (Scott)
  1. Born Under a Bad Sign – (William Bell / Booker T. Jones)
  1. Mother Nature – (Milton Campbell)
  1. Hey Bartender – (Floyd Dixon)
  1. I’d Rather Go Blind – (Bill Foster / Ellington Jordan)
  1. Man Size Job – (Koko Taylor)
  1. Let the Good Times Roll – (Fleecie Moore / Sam Theard)
  1. Voodoo Woman – (Koko Taylor)
  1. Wang Dang Doodle – (Willie Dixon)
  1. Stop Watching Your Enemies – (Koko Taylor)
  1. Sure Had a Wonderful Time Last Night – (Louis Jordan)
  1. Come to Mama – (Willie Mitchell / Earl Randle)
  1. Time Will Tell – (Paul Gayten)
  1. Blues Hotel – (John Hahn / Jon Tiven)

Koko Taylor

and her Blues Machine

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 129 MB

The Queen, Koko Taylor!

Uma crítica deixada na página da Amazon: This is truly a great album. Koko’s range of vocals is absolutely amazing. From sweetness on the balads to the raw power on the blues to the groove on the rockers. The ability to mix them all on a single word make her talent unmatched. One minute she sounds as sweet as Etta James the next minute she sounds more raw than Janis joplin. Reminds why the classic rock and blues songs are classic. The musicians with her are great and the recording is clean balanced and well mixed. On a scale of five star this is a ⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐⭐

Se for a Chicago, não deixe de ir a algum Clube de Blues…

Aproveite!

René Denon

W. A. Mozart (1756-1791): Réquiem / Inter Natos Mulierum / Misericordias Domini (Schuldt-Jensen)

W. A. Mozart (1756-1791): Réquiem / Inter Natos Mulierum / Misericordias Domini (Schuldt-Jensen)

Um bom disco. Já ouvi melhores Réquiens de Mozart, creio eu. Este e este são melhores, por exemplo. Para quem não sabe, o Réquiem K. 626 é uma missa fúnebre encomendada pelo Conde Franz von Walsegg e foi deixada incompleta devido à morte de Mozart em 5 de Dezembro de 1791. É sua última composição, deixada assim devido à sua morte, um Réquiem. É claro que isso acabaria em lendas, histórias, ficções, etc.

Mozart conseguiu terminar apenas poucas partes do Réquiem. Toda a orquestração do Requiem Aeternam, um rascunho detalhado do Kyrie, trechos instrumentais, o coro e o baixo cifrado do Sequentia até a Lacrimosa, que apresentava apenas 8 compassos. Também havia todas as vozes e baixos cifrados do Domine Jesu e do Hostias. Cinco dias após sua morte, em 10 de Dezembro de 1791, o Introitus foi tocado em um serviço para o próprio Mozart na Igreja de Miguel Arcanjo em Viena (os seus tímpanos e trompetes foram adicionados posteriormente por Franz Xaver Süßmayr).

Em 21 de Dezembro de 1791, o jovem Joseph Eybler foi encarregado por Constanze de terminar a obra, afinal, Mozart deixou dívidas enormes para Constanze, fazendo com que ela precisasse dos outros 25 ducados restantes da comissão. No entanto, após completar todas as partes dos instrumentos de cordas da Sequentia e toda a orquestração do Dies Irae e do Confutatis, além de ter adicionado dois compassos na linha do soprano da Lacrimosa, Eybler desistiu por razões desconhecidas.

Após tentar com que vários compositores terminassem a obra, Constanze aproximou-se de Süßmayr. Ele coletou diversos rascunhos e finalizou a orquestração da obra, além de compor o resto da Lacrimosa, todo o Sanctus, Benedictus e Agnus Dei, e repetir parte do Requiem Aeternam para a Lux Aeterna. Ficou bonzinho, mas não se compara com as partes Mozart do Réquiem.

W. A. Mozart (1756-1791): Réquiem / Inter Natos Mulierum / Misericordias Domini (Schuldt-Jensen)

1 Inter Natos Mulierum, K. 72 5:09
2 Misericordias Domini, K. 222 6:02

Requiem In D Minor, K. 626 40:54

3 I. Introitus: Requiem Aeternam 4:05
4 Kyrie Eleison 2:15

III Sequentia:
5 Dies Irae 1:38
6 Tuba Mirum 2:46
7 Rex Tremendae Majestatis 1:47
8 Recordare, Jesu Pie 4:27
9 Confutatis Maledictis 1:51
10 Lacrimosa Dies Illa 2:38

IV Offertorium
11 Domine Jesu Christe 3:05
12 Hostias Et Preces 3:18
13 V Sanctus 1:23
14 VI Benedictus 4:24
15 VII Agnus Dei 2:25
16 VIII Lux Aeterna 4:52

Bass Vocals – Martin Snell (2)
Choir – GewandhausKammerchor, GewandhausKammerchor
Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart (tracks: 1 to 12)
Composed By [Completed By] – Franz Xaver Süssmayr (tracks: 7 to 16)
Conductor – Morten Schuldt-Jensen
Mezzo-soprano Vocals – Anne Buter
Orchestra – Leipziger Kammerorchester, Leipziger Kammerorchester
Soprano Vocals – Miriam Allan
Tenor Vocals – Marcus Ullmann

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Morten Schuldt-Jensen comandando a massa e dando as ordens no terreiro. Alô, alô, seu Chacrinha, velho guerreiro.

PQP

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos Nº 5 e 6 e Contrastes (Tátrai / Berkes / Kocsis / Miklós) #BRTK140 Vol. 9 de 29

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos Nº 5 e 6 e Contrastes (Tátrai / Berkes / Kocsis / Miklós) #BRTK140 Vol. 9 de 29

Aqui, toda a coleção.

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Nesta série, já comentamos extensivamente os quartetos de Bartók, então focarei o texto na obra que que finaliza este CD. Contrastes é um dos clássicos da música de câmara do século XX. Composta em 1938, a obra foi encomendada pelo clarinetista americano Benny Goodman e pelo violinista Joseph Szigeti, tendo sido parcialmente estreada (sem o segundo movimento) em janeiro de 1939, no Carnegie Hall de Nova Iorque. A obra tem três movimentos, na clássica sucessão rápido-lento-rápido. O primeiro andamento intitula-se “Verbunkos” (Dança de recrutamento) e, como o título sugere, as ideias musicais vão sendo apresentadas e desenvolvidas de modo progressivo e hesitante. O clarinete tem um papel especialmente importante neste andamento, começando por apresentar o tema principal e concluindo o andamento com uma cadência. O segundo andamento – “Piheno” (Repouso) – começa com um contraponto entre o violino e o clarinete, muito tenso e expressivo. Apesar do carácter mais introspectivo deste andamento, a intensidade acaba por crescer e é apresentado um tema de carácter mais dançante, prenunciando já o andamento seguinte. Este – “Sebes” (Dança viva) – tem um caráter mais vivo, que lembra Poulenc, ritmicamente marcado, evocando os ritmos populares de origem búlgara que o compositor havia pesquisado in loco.

Dificilmente se pode apontar um compositor cuja música seja mais colorida, vital, provocativa e variada e, acima de tudo, mais pessoal, do que a de Bela Bartók. Era seu destino único — tendo absorvido as influências de Brahms, Strauss, Liszt, Debussy e Stravinsky –, o de encontrar o elemento que deveria unir quimicamente os componentes influenciadores e torná-los uma solução bartokiana pura. Esse elemento era a música folclórica de sua Hungria natal e arredores. O folclore da região continha ritmos irregulares, melodias severamente simples, cuja ascensão e queda resultavam de padrões de fala. Por outro lado, havia os melismas extensos e ornamentados que fluem com intensidade rapsódica. Também temos aquilo qua mais nos encanta: a energia bárbara e, em contraste, a maravilhosa calma. Em 1938, quando o clarinetista Benny Goodman e o violinista Joseph Szigeti encomendaram uma obra a Bartók, o compositor já estava maduro e tinha um estilo claro, Mas até então, não havia usado um instrumento de sopro em um trabalho de câmara, como muitos de seus colegas (Stravinsky, Hindemith) haviam feito. Ao contemplar como ele combinaria os timbres díspares do clarinete, violino e do piano, ele aparentemente decidiu capitalizar suas diferenças: Contrastes.

Embora fosse o próprio Bartók a executar a composição com Goodman e Szigeti, ele concebeu uma parte para piano que, embora longe de ser superficial ou insignificante, ainda não é tão proeminente como um virtuoso pianista-compositor poderia ter fornecido para si mesmo. Em vez de ter um papel central, o piano abre espaço para o clarinete e o violino. Por outro lado, reconhecendo o domínio dos dois intérpretes para quem ele compunha, Bartók explorou as possibilidades do clarinete e do violino ao máximo. Como não é incomum, o clarinetista é chamado dois tipos de clarinete. Mas o que é incomum é o violinista usar também dois instrumentos, um afinado tradicionalmente, o outro afinado diferentemente, para uso no início do último movimento. Tocando assim a scordatura (mal afinada), o violino produz quintas diminutas em dois pares de cordas soltas, um efeito diabólico que Bartók obviamente buscava para o movimento de dança vivo.

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos Nº 5 e 6 e Contrastes (Tátrai / Berkes / Kocsis / Miklós) #BRTK140 Vol. 9 de 29

1 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: I. Allegro
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: I. Allegro
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
7:35

2 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: II. Adagio molto
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: II. Adagio molto
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
6:00

3 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: III. Scherzo
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: III. Scherzo, alla bulgarese. Trio
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
4:54

4 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: IV. Andante
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: IV. Andante
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
4:49

5 String quartet No. 5 in B-flat major, Sz. 102, BB 110: V. Finale
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110: V. Finale. Allegro vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1934)
part of:
String Quartet no. 5, Sz. 102, BB 110
7:04

6 String quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: I. Mesto – piu mosso, pesante – vivace
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119: I. Mesto. Vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119
6:59

7 String quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: II. Mesto – marcia
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119: II. Mesto. Marcia
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119
7:36

8 String quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: III. Mesto – burletta. Moderato
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119: III. Mesto. Burletta. Moderato
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119
6:35

9 String quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: IV. Mesto
string quartet:
Tátrai Quartet
recording of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119: IV. Mesto
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1939)
part of:
String Quartet no. 6, Sz. 114, BB 119
6:32

10 Contrasts for clarinet, violin & piano, Sz. 111, BB 116: I. Verbunkos
clarinet:
Kálmán Berkes (clarinetist)
piano:
Zoltán Kocsis (pianist)
violin:
Szenthelyi Miklós
recording of:
Kontrasztok, Sz. 111: I. Verbunkos. Moderato, ben ritmico
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1938)
part of:
Kontrasztok, Sz. 111
5:26

11 Contrasts for clarinet, violin & piano, Sz. 111, BB 116: II. Piheno
clarinet:
Kálmán Berkes (clarinetist)
piano:
Zoltán Kocsis (pianist)
violin:
Szenthelyi Miklós
recording of:
Kontrasztok, Sz. 111: II. Pihenő. Lento
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1938)
part of:
Kontrasztok, Sz. 111
4:46

12 Contrasts for clarinet, violin & piano, Sz. 111, BB 116: III. Sebes
clarinet:
Kálmán Berkes (clarinetist)
piano:
Zoltán Kocsis (pianist)
violin:
Szenthelyi Miklós
recording of:
Kontrasztok, Sz. 111: III. Sebes. Allegro vivace
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1938)
part of:
Kontrasztok, Sz. 111
6:30

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Bela Bartók anotando canções folclóricas com seu fonógrafo em 1932

PQP

Prokofiev (1891-1953) / Scriabin (1872-1915) / Kapustin (1937-2020): 20th Century Piano Sonatas, Vol. 3 ֎

Prokofiev (1891-1953) / Scriabin (1872-1915) / Kapustin (1937-2020): 20th Century Piano Sonatas, Vol. 3 ֎

Prokofiev – Scriabin Kapustin

Sonatas para Piano

Vanessa Benelli Mosell

Vincenzo Maltempo

Sun Hee You

 

É o que tem para hoje! Esta frase costuma ser usada em situações desconfortáveis. Você queria aquele prato tão elogiado pelos amigos ao chegar no restaurante que demorou tanto para conseguir ir e ouve isto do maitre, oferecendo o guisadinho do dia e que você costuma comer em casa…

O disco desta postagem poderia vir acompanhado desta frase – é o que eu tenho para hoje! – mas, não desista da felicidade tão facilmente. Surpresas agradáveis também ocorrem.

O selo – Brilliant – vocês já conhecem e oferece gravações feitas em outras companhias, mas também produz seus próprios discos. Tem a característica de editar integrais, como a das Sonatas para Piano de Mozart, com a Klara Würtz, postada aqui nas nossas páginas. Alô, Bernardo, a Uchida é ótima, mas a Klara oferece uma outra opção que vale a pena ser ouvida.

Pois o selo arranjou uma série de discos com o tema Sonatas para Piano do Século 20, tomando peças de seu enorme acervo. Eu que adoro me aventurar por essas iniciativas um pouco afastadas do mainstream, decidi ouvir um ou outro disco da série.

Mas, a história do disco começa mesmo aqui. Ele estava na playlist de meu telefone, de onde ouço música quando vou caminhar. Pois que na minha última caminhada acabei me demorando um pouco mais e o disco entrou no circuito. Como as sonatas de Prokofiev e Scriabin são mais manjadas, decidi ir logo para a sonata do Kapustin, nome que minha embotada mente quase tomou por Rasputin. Som no headphone e Asics no pé, meio quarteirão depois achei que estava ouvindo um disco de jazz. Logo achei (teorias conspiratórias abundam) que o telefone havia se revoltado com as músicas de sempre e havia me pregado uma peça. Mas não, certifiquei-me no próximo poste, lá estava, Kapustin, Sonata para Piano, interpretada por Sun Hee You. E eu nem sabia o primeiro nome do camarada e nunca houvera falar da ou do pianista. Gostei muito e, como você já sabe, se gostei, acabo postando.

Nikolai! O nome dele é Nikolai Girshevich Kapustin, soube pelo Google assim que cheguei em casa. Nikolai, uma pena, morreu ano passado aos 83 anos. Como você deve ter adivinhado, era russo e teve perfeita formação musical. Graduou-se como pianista tocando o Concerto para Piano No. 2, de Prokofiev. Não é para fracos…

Quando descobriu o jazz recebeu apoio de seu professor, Avrelian Rubakh, e sua música incorporou muitos elementos jazzísticos. Mas ele sempre se considerou um músico no sentido clássico, mesmo atuando como pianista em orquestras russas de jazz. Pelo que entendi, ele afirmava que o que caracteriza o músico de jazz é a improvisação, enquanto toda a sua música era completamente estabelecida previamente, nas partituras, mesmo quando soavam improvisadas. Seja lá como for, o importante é se você gosta ou não. E eu gostei bastante.

Assim, vamos ficando por aqui e deixando o convite para que você também explore mais a música de Kapustin, coisa que eu já tenho feito. Espero em breve trazer mais um e outro disco com músicas dele. Ah, ia esquecendo, a Sun Hee You é uma linda jovem pianista coreana e você poderá saber mais alguma coisa dela visitando a sua página clicando aqui.

Sergei Prokofiev (1891 – 1953)

Sonata para Piano No. 7 em si bemol maior, Op. 82

  1. Allegro inquieto
  2. Andante caloroso
  3. Precipitato

Vanessa Benelli Mosell, piano

Alexander Scriabin (1872 – 1917)

Sonata para Piano No. 5, Op. 53

  1. Sonata

Vincenzo Maltempo, piano

Nikolai Kapustin (1937 – 2020)

Sonata para Piano No. 1, Op. 39 – Sonata-Fantasia

  1. Vivace
  2. Largo
  3. Scherzo
  4. Allegro molto

Sun Hee You, piano

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FLAC | 158 MB

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MP3 | 320 KBPS | 117 MB

Vanessa Benelli Mosell
Vincenzo Maltempo

 

 

 

 

 

Sun Hee You

Depois de escrever o texto da postagem, fui verificar no vault do PQP Bach o que havia de Kapustin e a única referência está nesta postagem aqui do Blue Dog, cujos links muito provavelmente estão boiando no espaço digital sideral. No entanto, o texto vale a visita.

Aproveite!
René Denon

PS: A Toccatina mencionado pelo Blue Dog não chegou ao disco da Yuja Wang, mas esteve no concerto como um dos encores.

Duparc / Fauré / Franck / Hahn / Isserlis / Saint-Saëns: Música para Violoncelo nos Salões de Proust

Duparc / Fauré / Franck / Hahn / Isserlis / Saint-Saëns: Música para Violoncelo nos Salões de Proust

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um tremendo disco, cheio de estilo e beleza. Como escreveu Paulo da Costa e Silva na Piauí:

“As melhores páginas que li sobre música foram escritas por Proust. Nada supera a vitalidade das descrições musicais e da compreensão dos processos da escuta que encontramos no romance. Grandes musicólogos como Leonard B. Meyer, Charles Rosen e Jean Molino não conseguiram, ao que me parece, chegar tão próximo do âmago do mistério musical – e nem grandes filósofos como Schopenhauer e Nietzsche, ou grandes artistas que pensaram a própria arte, como Stravinski e John Cage. Proust não tinha qualquer estudo formal de música. Não sabia ler partituras, desconhecia teorias e não tocava nenhum instrumento. Tinha apenas um ouvido finamente cultivado, antenado com a tradição da música clássica de sua época, indo mais ou menos de Bach a Debussy. E uma sensibilidade descomunal. Sensibilidade e capacidade expressiva por meio da palavra escrita. As reflexões musicais de Proust são tão mais fascinantes por não trazerem a aridez e a pretensão de objetividade das terminologias técnicas. Ele cerca seu objeto com as armas que possui, de modo direto. Está interessado no efeito da música sobre os meandros do ser. É um observador extraordinário desses efeitos, que ele conseguiu não apenas captar, mas transpor no meio específico da linguagem escrita. Vamos supor a música como sendo uma entidade invisível, como de fato é: a escrita de Proust seria um tecido finíssimo que por um breve instante adere perfeitamente à forma dessa entidade, tornando-a visível. Por meio de conceitos ela constrói uma experiência que possui algo de análogo à forma musical – uma escrita musicalizada capaz de emular a própria música. Citei alguns filósofos acima, mas agora me parece que quem mais (e melhor) se aproximou desse modo de pensar sobre música foi Gilles Deleuze, não à toa um proustiano de carteirinha. Talvez, depois de Proust, as mais luminosas páginas sobre música sejam de sua autoria. Adorno também captou a sugestão (era outro grande admirador de Proust), mas a amplidão de seu conhecimento (era pianista e compositor, conhecia bem a teoria musical) talvez o tenha afastado das regiões mais relaxadas do amador, onde a experiência corre um pouco mais livremente, um pouco menos obstruída pelo o que se sabe. Ainda que coalhada de iluminações, a escrita de Adorno não chega a atingir o “estado musical” que caracteriza a prosa de Marcel.

Tudo isso me leva a pensar que o ensaio é a forma textual mais adequada para se aproximar desses misteriosos objetos sonoros, e não o texto acadêmico com pretensões de conhecimento científico – que, ao levar a música para o laboratório, com suas provas e refutações, suas noções de objetividade, acaba quase sempre nos devolvendo um objeto morto. O bonito do ensaio é que ele permite que a música continue viva em seu interior. O que ele traz são, justamente, vislumbres de seu movimento. E nada mais. É diferente de querer fixá-la para o frio exame do microscópio. O ensaio é em si um objeto com vida própria – e o que ele narra é seu encontro com outro objeto qualquer. Proust foi um mestre dessa arte, mas não ficou apenas nisso. Incorporou o ensaio dentro do gênero do romance e, o que é mais incrível, não perdeu de vista o movimento que levava dos detalhes particulares para as generalizações mais abstratas da formulação teórica – ou seja, o movimento que conduz na direção do saber científico. Jean-Jacques Nattiez demonstrou em seu livro Proust musicien como o escritor formula ao longo do romance uma pequena “teoria da comunicação musical”, delineando as três fases perceptivas de uma obra – que começa com impressões vagas, bem ao sabor de Proust; desenvolve para uma relação associativa entre sons, experiências e lembranças; e finalmente, a depender da sofisticação do ouvinte, pode conduzir a uma apreensão das formas puras, do jogo estético das ideias musicais, por assim dizer. Cada uma dessas etapas da escuta musical coincide com um representante histórico, mas curiosamente segue num sentido inverso da história, na direção do passado. Assim, o primeiro momento da escuta, no qual sensações inefáveis prevalecem sobre a definição das formas, encontra um equivalente na música de Debussy, que foi contemporâneo de Proust; o segundo momento é representado pela obra de Wagner, que antecedeu historicamente Debussy; e o terceiro e último tem como paradigma a obra tardia de Beethoven, que antecedeu os dois primeiros. Tais seriam as bases da pequena “teoria musical” do escritor francês. Coloco o termo entre aspas porque Proust não é um cientista. Em nenhum instante sua “teoria” se desvencilha dos fatos concretos que a motivaram; jamais ganha um caráter genérico; por isso, não chega a ser uma teoria. A sugestão de um modelo ordenado de escuta serve apenas para melhor iluminar a complexidade da experiência real – e não para extrair dela um sumo básico, ou os “mecanismos da escuta musical”. Há um impulso na direção do saber científico, mas esse impulso não deve ser consumado. Quando o personagem Swann escuta a sonata de Vinteuil, não se trata apenas de um cérebro interagindo com uma forma sonora organizada; sua experiência é inextricavelmente ligada ao seu momento de vida, à figura da amante Odette, aos sofrimentos amorosos, ao ambiente do salão dos Verdurin, aos fiapos de memória e de reflexões que transitam em sua mente enquanto ouve a peça, etc., etc… Tudo isso faz parte do contexto sempre impuro no qual se dá a experiência musical. Proust até admite ordenar um pouco a bagunça das sensações, baseando-se no modelo científico, mas sem afastá-la demasiadamente do terreno concreto da experiência. Praticou, por assim dizer, uma “ciência suja”, que jamais perde de vista o je ne sais quoi do objeto estético. Que faz com que a música permaneça para sempre viva em suas palavras.

Steven Isserlis e Connie Shih mostram-se dignos de toda esta sensibilidade.

Duparc / Fauré / Franck / Hahn / Isserlis / Saint-Saëns: Música para Violoncelo nos Salões de Proust

01. Hahn: Variations chantantes sur un air ancien

02. Fauré: Romance in A Major, Op. 69
03. Fauré: Élégie in C Minor, Op. 24 (Version for Cello & Piano)

04. Saint-Saëns: Cello Sonata No. 1 in C Minor, Op. 32: I. Allegro
05. Saint-Saëns: Cello Sonata No. 1 in C Minor, Op. 32: II. Andante tranquillo e sostenuto
06. Saint-Saëns: Cello Sonata No. 1 in C Minor, Op. 32: III. Allegro moderato
07. Saint-Saëns: Cello Sonata No. 1 in C Minor, Op. 32: III. Allegro quasi presto (Original Version)

08. Duparc: Cello Sonata in A Minor: II. Lamento

09. Isserlis: Récitatif et chant (After Holmès’s “La vision de la reine”)

10. Franck: Violin Sonata in A Major, FWV 8 (Arr. J. Delsart for Cello & Piano): I. Allegretto ben moderato
11. Franck: Violin Sonata in A Major, FWV 8 (Arr. J. Delsart for Cello & Piano): II. Allegro
12. Franck: Violin Sonata in A Major, FWV 8 (Arr. J. Delsart for Cello & Piano): III. Recitativo-Fantasia
13. Franck: Violin Sonata in A Major, FWV 8 (Arr. J. Delsart for Cello & Piano): IV. Allegretto poco mosso

Steven Isserlis, violoncelo
Connie Shih, piano

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Isserlis e Shih na PQP Bach Proust´s Salon de Paris

PQP

Bach (1685-1750): Árias para Soprano – Only Bach – Sumi Jo ֎

Bach (1685-1750): Árias para Soprano – Only Bach – Sumi Jo ֎

BACH

Árias de Cantatas

Sumi Jo, soprano

Um sarau na casa do Sr. Ribeiro!

Gosto de imaginar como seria um momento de convívio musical informal na casa do Sr. João Sebastião Ribeiro. Um destes momentos em que se terminou de fazer as cópias das partes da cantata que será apresentada no próximo serviço religioso, tarefa que envolveu o staff do compositor. As partes foram copiadas do original que ele preparou, provavelmente usando trechos de antigas composições… Estas visitas a composições de períodos anteriores certamente trariam boas lembranças ou nem tanto, pois que apesar da alegria que o compositor cultivava, a vida tinha tido seus bons pedaços de bitter and sweet.

As tarefas do dia terminadas, uma boa paz invadindo a casa, uma certa dose de preguiça e alguém apanha o alaúde ou o violão esquecido desde a última visita do Sr. Sílvio Branco e dedilha um tema… Uma filha ou uma nora do Sr. Ribeiro, que tem uma boa voz, entoa aquela ária que tanto encantou os devotos no último serviço. Um entre os filhos ou genros, ou mesmo um agregado, apanha uma rabeca que ficara para ser encordoada e afinada e havia sido usada pelo Sr. Ribeiro enquanto revisara suas composições para violino solo. Até aquele oboé que ficara esquecido da última audição para o novo músico que atuaria na igreja acabou sendo usado.

E todos ficam de boas. Até imagino o Sr. Ribeiro pedindo uma xícara de café ou mesmo uma caneca daquela boa cerveja que a família produz…

Estas imagens me vieram ao ouvir este disco que gostei bastante. A voz da Sumi Jo é linda mesmo. Eu não a havia ouvido muito no período em que estava em moda, seus discos vendendo bastante… Eu sou assim, meio turrão, quando um artista é muito badalado eu o coloco na geladeira…

Aqui temos um disco agradável, recheado de big-hits do Sr. Ribeiro. Uma boa opção para ser ouvido naquela noite em que a TV só apresenta filmes de franquias furiosas e velozes.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

  1. Cantata “Gott ist unsere Zuversicht”, BWV 197 – Aria “Vergnügen und Lust” (Soprano)
  2. Cantata “Herz und Mund und Tat und Leben”, BWV 147 – Jesus bleibet meine Freude
  3. Chorale Prelude “Wachet auf, ruft uns die Stimme”, BWV 645
  4. Cantata “Ich geh’ und suche mit Verlangen”, BWV 49 – Aria “Ich bin herrlich, ich bin schön”
  5. Cantata “Also hat Gott die Welt geliebt”, BWV 68 – Aria “Mein gläubiges Herze”
  6. Ave Maria, (arr. de Gounod) do Prelúdio em dó maior, BWV 846
  7. Cantata “Ich armer Mensch, ich Sündenknecht”, BWV 55 – Aria “Erbarme dich” (Paixão segundo São Mateus)
  8. Cantata “Herz und Mund und Tat und Leben”, BWV 147 – Aria “Bereite dir, Jesu, noch itzo die Bahn”
  9. Chorale Prelude “Nun komm der Heiden Heiland”, BWV 65
  10. Cantata “Liebster Jesu, mein Verlangen”, BWV 32 – Aria “Liebster Jesu, mein Verlangen”
  11. Cantata, BWV 196 – Aria “Er segnet, die den Herrn fürchten”
  12. Chorale Prelude “Ich ruf zu dir, Herr Jesu Christ”, BWV 639
  13. “Was mir behagt, ist nur die muntre Jagd”, BWV 208 – Aria “Schafe können sicher weiden”
  14. Christmas Oratorio, BWV 248 – Aria “Flößt, mein Heiland”
  15. Aria – Bist du bei mir, BWV 508

Sumi Jo, soprano

Suyoen Kim, violino

Marco Socias, violão

Christian Hommel, oboé

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FLAC | 284 MB

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MP3 | 320 KBPS | 145 MB

Adivinhem qual música eles estão ouvindo…

Aproveite para testar seus conhecimentos, ouvindo e adivinhando a origem de cada tema…

René Denon

Marco Socias
Christian Hommel
Sumi Jo
Suyoen Kim

Schumann / Chopin / Tchaikovsky / Dupont: Davidsbündlertänze / Polonaise-fantaisie, Op. 61 / 18 Pieces, Op. 72 / La maison dans les dunes (von Eckardstein)

Schumann / Chopin / Tchaikovsky / Dupont: Davidsbündlertänze / Polonaise-fantaisie, Op. 61 / 18 Pieces, Op. 72 / La maison dans les dunes (von Eckardstein)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um disco perfeito! Imenso pianista e intérprete da obra de Robert Schumann, o alemão Severin von Eckardstein oferece aqui uma versão intensa de um dos ciclos mais complexos do século XIX, as Davidsbündlertänze Op. 6. Este CD, um deslumbrante caleidoscópio de humores, também envolve obras de Chopin e Tchaikovsky, mantendo a atmosfera particularmente apaixonada. Trata-se de outra das maiores joias do ano de 2021. Fazia anos que eu não ouvia um pianista tão  convincente em sua visão desta obra de Schumann. E olha que a última vez que ouvi as Davidsbündlertänze foi na Kammermusiksaal da Filarmônica de Berlim e o interprete foi András Schiff. Uma pena que as pessoas insistam em ouvir pianistas do jurássico em vez de Severin von Eckardstein, por exemplo. Ele é melhor do que quase todos. Confiram.

Schumann / Chopin / Tchaikovsky / Dupont: Davidsbündlertänze / Polonaise-fantaisie, Op. 61 / 18 Pieces, Op. 72 / La maison dans les dunes (von Eckardstein)

Polonaise-fantaisie in A-Flat Major, Op. 61 (Allegro maestoso) (Frédéric Chopin)
01. Polonaise-fantaisie in A-Flat Major, Op. 61 (Allegro maestoso)

Davidsbündlertänze (Robert Schumann)
02. I. Lebhaft
03. II. Innig
04. III. Mit Humor (Etwas hahnbüchen)
05. IV. Ungeduldig
06. V. Einfach
07. VI. Sehr rasch und in sich hinein
08. VII. Nicht schnell, und mit äusserst starker Empfindung
09. VIII. Frisch
10. IX. Lebhaft (Hierauf schloss Florestan und es zuckte ihm schmerzlich um die Lippen)
11. X. Balladenmässig – Sehr rasch
12. XI. Einfach
13. XII. Mit Humor
14. XIII. Wild und lustig
15. XIV. Zart und singend
16. XV. Frisch
17. XVI. Mit gutem Humor
18. XVII. Wie aus der Ferne
19. XVIII. Nicht schnell (Ganz zum Überfluss meinte Eusebius noch Folgendes, dabei sprach aber viel Seligkeit aus seinen Augen)

18 Pieces, Op. 72, TH 151 (Pyotr Illitch Tchaïkovski)
20. 18 Pieces, Op. 72, TH 151: XIV. Chant élégiaque (Adagio – Più mosso moderato assai – Più tosto allegro)

La maison dans les dunes (Gabriel Dupont)
21. La maison dans les dunes: I. Dans les dunes, par un clair matin (Alternative Version to the 2018 Recording)
22. La maison dans les dunes: II. Voiles sur l’eau (Alternative Version to the 2018 Recording)
23. La maison dans les dunes: VII. Le soir dans les pins (Alternative Version to the 2018 Recording)
24. La maison dans les dunes: IX. Clair d’étoiles (Alternative Version to the 2018 Recording)

Severin von Eckardstein, piano

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Severin von Eckardstein segue fazendo maravilhas enquanto você ouve pianistas mortos

PQP

Johannes Brahms (1833-1897): Violin & Viola Sonatas – Oscar Shumsky & Leonid Hambro

Cá estou novamente fuçando e esmiuçando a obra de Brahms, este compositor que me é tão caro, que me suscita tantas emoções. Fiz uma brincadeira há alguns anos, postei dois cds com as Sonatas para Violino e deixei a responsabilidade para nossos leitores – ouvintes para tentarem chegar a uma decisão de qual era a melhor gravação. Era um embate peso pesado, Viktoria Mullova x Anne-Sophie Mutter, e nem lembro qual foi o placar, mas o que importa?

Hoje, passados mais de dez anos, retorno a estas sonatas com outros olhos, ou melhor, outros ouvidos. Ainda sou um caçador de discos, e ainda procuro o Santo Graal dentre tantas opções que existem no mercado. Hoje também me sinto mais maduro e sensível, mas trata-se de uma maturidade e sensibilidade diferentes, o peso da idade se faz sentir, se é que consigo me expressar. Nem consigo definir qual destas três sonatas é a minha preferida, mas nem quero definir. Cada uma delas tem seu momento único que me comove. Curioso, a obra de Brahms tem esse efeito sobre mim. Seja em suas sinfonias, ou em seus concertos, sempre estou no aguardo deste momento.

E é exatamente a maturidade de Oscar Shumsky que me atraiu para este CD duplo. Como é a famosa frase? “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”, como já dizia Heráclito há dois mil anos .. é assim que entendo quando um intérprete encara novamente uma determinada obra depois de muito anos. Sua sensibilidade está mais aguçada e isso vai ser fundamental já a partir dos primeiros acordes. Claro que sei que é tudo fruto da experiência, da repetição, da análise, do estudo. A prática leva à perfeição, com o perdão do clichê.

Eu não conhecia Oscar Shumsky até ter acesso ao belo CD em que interpreta as Danças Húngaras de Brahms, que trouxe dia destes. E logo em seguida, tive acesso a este CD em que toca as Sonatas para Violino e para Viola. O violinista norte americano, nascido de pais russos – judeus, já estava com setenta e quatro anos quando gravou este CD, acompanhado pelo pianista Leonid Hambro. E já desde os primeiros momentos podemos sentir que o que estamos ouvindo são os anos de prática e de estudo, aliados a maturidade técnica e artística.  Uma curiosidade sobre esse violinista: era também fotógrafo amador, também muito reconhecido por seu trabalho, vindo a se especializar em fotos do mundo microscópico, autodidata, por sinal.  Uma personalidade única, com certeza.

Espero que apreciem, como diria nosso querido Carlinus.

Johannes Brahms (1833-1897) – Violin & Viola Sonatas – Oscar Shumsky & Leonid Hambro

CD 1

Violin Sonata No. 1 In G Major, Op. 78
1-1 I Vivace Ma Non Troppo
1-2 II Adagio
1-3 III Allegro Molto Moderato

Violin Sonata No. 2 In A Major, Op. 100
1-4 I Allegro Amabile
1-5 II Andante Tranquillo – Vivace – Andante – Vivace di Più – Andante Vivace
1-6 III Allegretto Grazioso (Quasi Andante)

Violin Sonata No. 3 In D Minor, Op. 108
1-7 I Allegro
1-8 II Adagio
1-9 III Un Poco Presto E Con Sentimento
1-10 IV Presto Agitato

CD 2
Viola Sonata No 1 In F Minor, Op. 120, Op. 120, No 1
2-1 Allegro Appassionato
2-2 Andante Un Poco Adagio
2-3 Allegretto Grazioso
2-4 Vivace

Viola Sonata No 2 In E-Flat Major, Op. 120, No 2
2-5 Allegro Amabile
2-6 Appassionato, Ma Non Troppo-Allegro
2-7 Andante Con Moto

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Olivier Messiaen (1908-1992): Méditations sur le Mystère de la Sainte Trinité (Colin Andrews – órgão)

Na única oportunidade em que escutei ao vivo a música para piano de Messiaen (Peter Donohoe interpretando lindamente os ‘Vingt regards sur l’enfant Jésus’ na Sala Cecília Meireles, Rio), dois homens conversavam na fileira à minha frente:

– Ele usa clusters, dissonâncias, uma loucura, pra terminar com um acorde em dó maior! Absurdo, né? (Peço que o leitor leia as palavras em itálico com o mesmo tom blasé que merece uma pintura de Romero Brito)

Estou frontalmente em discordância. Para mim, um dos méritos de Messiaen é seu ecletismo: sem pestanejar, ele alterna entre música tonal e atonal, cita melodias medievais e cantos de pássaros – estes últimos, obviamente, não costumam cantar em 4/4.

Nas “Nove meditações sobre o mistério da Santa Trindade”, compostas em 1969, ele utiliza trechos de canto gregoriano (sobretudo no 2º movimento), cantos de pássaros (4º movimento e un peu partout), serialismos pós-Schoenberg, cromatismos pós-Debussy, acordes potentes que foram pensados por alguém que sabe bem o que funciona no órgão…

E isso tudo, ele faz não com o objetivo de seguir aqui as leis da harmonia europeia ocidental, seguir ali as leis do dodecafonismo… Muito pelo contrário, ele não se importa com essas leis. Ele utiliza todos esses procedimentos sonoros com objetivos próprios, alheios a preocupações do tipo “será que vão me achar antiquado por usar um acorde maior? As regras do campeonato permitem? Vão me cancelar?”

Do meu ponto de vista, é desprezível o homem que jura cumprir a Constituição do seu país e não cumpre. E é pouco relevante o artista que segue estritamente algum cânone de leis estéticas. Porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. A História faz julgamentos diferentes para quem rasga as leis do país e para quem bagunça o coreto das leis estéticas. Sic transit gloria mundi.

Olivier Messiaen (1908-1992): Méditations sur le Mystère de la Sainte Trinité
Méditation I: “Le Père des étoiles” (“The Father of the Stars”)
Méditation II: “Dieu est Saint” (“God is Holy”)
Méditation III: “La relation réelle en Dieu est réellement identique à l’essence” (“The relation really existing in God is really the same as His essence”)
Méditation IV: “Je suis, Je suis !” (“I am, I am!”)
Méditation V: “Dieu est immense”, “Dieu est éternel”, “Dieu est immuable”, “le Souffle de l’Esprit”, “Dieu le Père tout-puissant”, “Notre Père”, “Dieu est amour” (“God is immense”, “God is eternal”, “God is immutable”, “The breath of the Spirit”, “God is Father all powerful”, “Our Father”, “God is love”)
Méditation VI: “Dans le Verbe était la Vie et la Vie était la Lumière…” (“In the Word was Life, and that Life was the Light…”) (Evangelho Segundo João, I.4)
Méditation VII: “Le Père et le Fils aiment, par le Saint-Esprit, eux-mêmes et nous” (“The Father and the Son love, through the Holy Spirit, each other and us”)
Méditation VIII: “Dieu est simple”, “Les Trois sont Un” (“God is simple”, “The Three are One”).
Méditation IX: “Je suis Celui qui suis” (“I am Who I am”)

Colin Andrews – órgão construído por C.B. Fisk
St. Paul’s Episcopal Church, Greenville, North Carolina, USA

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Messiaen sobre os pássaros: “Eles cantaram muito antes de nós. E inventaram a improvisação coletiva”

Pleyel

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nros. 1, 14 & 15 – Chamber Symphony (Nelsons / Boston)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este CD duplo fecha o ciclo de Sinfonias de Shostakovich com Andris Nelsons e é certamente um dos melhores lançamentos de 2021. O repertório é de primeira, os solistas espetaculares — meu deus, que solistas! –, a orquestra é fantástica e a direção perfeita. Não tem erro e é a cereja do bolo: o final da premiada série. Este álbum apresenta as de Nº 1, 14 e 15 e a Sinfonia de Câmara — ou seja, o Quarteto de Cordas Nº 8 arranjado para orquestra. A gravação da Sinfonia nº 10 ganhou vários prêmios em 2016 e o álbum das Sinfonias Nº 5, 8 e 9 conseguiram o mesmo no ano seguinte. Quase meio século se passa entre a estreia triunfante de Shostakovich com a ‘Primeira’, executada antes de seu 20º aniversário, e a ‘Décima Quinta’, um inventário de influências escrito sob a sombra de sua própria mortalidade. Escrita apenas dois anos antes, a ‘Décima quarta’ é um ciclo de canções sinfônicas, e a Sinfonia de Câmara é uma adaptação habilidosa daquela obra-prima trágica, o Oitavo Quarteto de Cordas.

Sinfonia Nº 1, Op. 10 (1924-1925)

Shostakovich começou a escrever esta sinfonia quando tinha dezessete anos. Antes disso, tinha composto apenas alguns scherzi. Sua estreia foi mesmo com esta Nº 1, terminada antes do autor completar vinte anos. Ela tornou aquele estudante de música, mais conhecido por ser o pianista-improvisador de três cinemas mudos de Petrogrado, internacionalmente célebre. Tal fama pode ser atribuída por Shostakovich ser o primeiro rebento musical do comunismo, mas ouvindo a sinfonia hoje, não nos decepcionamos de modo algum. É música de um futuro mestre.

Ela começa com um toque de trompete ao qual, se acrescentarmos um crescendo, tornar-se-á um tema de Petrouchka, de Igor Stravinsky. Alguns regentes russos fazem esta introdução exatamente igual à Petroushka. Há mesmo algo de “boneca triste” no primeiro movimento desta sinfonia. O segundo movimento possui um curioso tema árabe, que é a primeira grande paródia encontrada em sua obra. Um achado. O movimento lento, muito triste, é daqueles que os anticomunistas mais truculentos considerariam uma comprovação do sofrimento do compositor sob o comunismo e de uma postura fatalista do tipo isto-não-vai-dar-nada-certo, porém acreditamos que a morte de seu pai, ocorrida alguns meses antes e a internação de Dmitri num sanatório da Criméia (ele contraíra tuberculose) tenha mais a ver. Há um belíssimo solo funéreo de oboé nele.

Sinfonia Nº 15, Op. 141 (1971)

Sem dúvida, a Sinfonia Nº 15 é uma de minhas preferidas no gênero. É difícil estabelecer um conteúdo programático para ela. Trata-se de uma música muito viva, com colorido orquestral atraente, temas facilmente assimiláveis e nada triviais, clímax e pausas meditativas que empolgam e mantém o ouvinte permanentemente atento. E com os contrastes característicos de Shostakovich. Parece um roteiro de Shakespeare passado à música, trazendo o trágico ao festivo, empurrando a reflexão para junto da zombaria. Bom, já viram que sou um apaixonado desta sinfonia. O primeiro movimento (Allegretto) é uma curiosidade por manter sempre ativo o motivo da cavalgada da abertura Guilherme Tell, de Rossini, e pela participação incessante da percussão. O segundo movimento (Adagio) é circunspecto. Os metais trazem uma melodia sombria, para depois o violoncelo completá-la com um solo dilacerante, a cujas cores será acrescida, mais adiante, a ressonância do contrabaixo. Um novo Alegretto surge repentinamente do Adagio, retomando o clima do primeiro movimento, mas desta vez somos levados pelos solos do fagote, violino, clarinete e flautim. O movimento final, outro adagio, é enigmático. A simbologia está presente com a apresentação de imediato do Prenúncio da Morte, composto por Wagner para a Tetralogia do Anel. O ouvinte wagneriano fica desconcertado ao escutar de imediato esta música conhecida, parece tratar-se de um equívoco, de um erro de partitura. Ao pesado motivo de Wagner são contrapostos temas executados por setores “mais leves” da orquestra, porém, a todo instante, o sinistro aviso retorna e, mais adiante, os metais refletirão angustiada exasperação… A sinfonia esvai-se em delicados sons de percussão, deixando um ponto de interrogação no ar. É desconcertante. O significado do Prenúncio da Morte é óbvio, porém, o que significam a percussão, a orquestração e as melodias jocosas que o cercam? Uma simples experiência sinfônica? Impossível. O desejo de felicidade de alguém cuja vida se encerra? Ou, voltando a Shakespeare, que a vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, que nada significa (*)? Porém, a significação, a intenção exata de uma obra instrumental é tão importante? Ou seria mais inteligente fazer como fez Shostakovich, levando-nos bem próximo ao irrespondível para nos abandonar por lá?

(*) Macbeth, William Shakespeare.

Sinfonia Nº 14, Op. 135 (1969)

A Sinfonia Nº 14 — espécie de ciclo de canções — foi dedicada a Britten, que a estreou em 1970 na Inglaterra. É a menos casual das dedicatórias. Seu formato e sonoridade é semelhante à Serenata para Tenor, Trompa e Cordas, Op. 31, e à Les Illuminations para tenor e orquestra de cordas, Op. 18, ambas do compositor inglês. Os dois eram amigos pessoais; conheceram-se em Londres em 1960, e Britten, depois disto, fez várias visitas à URSS. Se o formato musical vem de Britten, o espírito da música é inteiramente de Shostakovich, que se utiliza de poemas de Lorca, Brentano, Apollinaire, Küchelbecker e Rilke, sempre sobre o mesmo assunto: a morte. O ciclo, escrito para soprano, baixo, percussão e cordas, não deixa a margem à consolação, é música de tristeza sem esperança. Cada canção tem personalidade própria, indo do sombrio e elegíaco em A la Santé, An Delvig e A Morte do Poeta, ao macabro na sensacional Malagueña, ao amargo em Les Attentives, ao grotesco em Réponse des Cosaques Zaporogues e à evocação dramática de Loreley. É uma música que trabalha para a poesia, chegando, por vezes, a casar-se com ela sílaba por sílaba para torná-la mais expressiva. Há uma versão da sinfonia no idioma original de cada poema. Posso dizer que a sinfonia torna-se apenas triste se estiver desacompanhada da compreensão dos poemas – pecado que cometi por anos! Ela perde sentido se não temos consciência de seu conteúdo autenticamente fúnebre. Além do mais, os poemas são notáveis. São indiscutíveis seus méritos musicais e sua sinceridade. Me entusiasmam especialmente a Malagueña, feita sobre poema de Lorca e a estranha Conclusão (Schluss-Stück) de Rilke, que é brevíssima, sardônica e — puxa vida — muito, mas muito final.

Quarteto de Cordas Nº 8, Op. 110 e Sinfonia de Câmara, Op. 110a – Arranjo de Rudolf Barshai (1960)

Na minha opinião, o melhor quarteto de cordas de Shostakovich. Não surpreende que tenha recebido versões orquestrais. Trata-se de uma obra bastante longa para os padrões shostakovichianos de quarteto; tem cinco movimentos, com a duração total ficando entre os 20 minutos (na versão para quarteto de cordas) e 26 (na versão orquestral). O quarteto abre com um comovente Largo de intenso lirismo, o qual é seguido por um agitado Allegro molto, de inspiração folclórica e que fica muito mais seco na versão para quarteto. O terceiro movimento (Allegretto) é uma surpreendente valsinha sinistra a qual é respondida por outra valsa, muito mais lenta e com um acompanhamento curiosamente desmaiado. O quarteto é finalizado por dois belos temas — o primeiro sendo pontuado por agressivamente por um motivo curto de três notas e o segundo formado por mais uma fuga a quatro vozes utilizando temas dos movimentos anteriores.

Dmitri Shostakovich (1906-1975): Sinfonias Nros. 1, 14 & 15 – Chamber Symphony (Nelsons / Boston)

1. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: I. Allegretto – Allegro non troppo (09:27)
2. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: II. Allegro (04:51)
3. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: III. Lento (09:45)
4. Symphony No. 1 in F Minor, Op. 10: IV. Lento – Allegro molto (11:06)

5. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: I. Allegretto (08:18)
6. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: II. Adagio – Largo – Adagio – Largo (17:27)
7. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: III. Allegretto (04:11)
8. Symphony No. 15 in A Major, Op. 141: IV. Adagio – Allegretto – Adagio – Allegretto (18:07)

9. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: I. De Profundis (04:52)
10. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: II. Malagueña (03:03)
11. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: III. Loreley (08:43)
12. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: IV. Le suicidé (06:26)
13. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: V. Les attentives I (03:07)
14. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VI. Les attentives II (01:43)
15. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VII. A la santé (09:15)
16. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: VIII. Réponse des Cosaques Zaporogues au Sultan de Constantinople (01:48)
17. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: IX. O, Delvig, Delvig! (04:06)
18. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: X. Der Tod des Dichters (04:49)
19. Symphony No. 14 in G Minor, Op. 135: XI. Schlussstück (01:19)

20. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: I. Largo – attacca (05:37)
21. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: II. Allegro molto – attacca (02:58)
22. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: III. Allegretto – attacca (04:34)
23. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: IV. Largo – attacca (06:40)
24. Chamber Symphony in C Minor, Op. 110a (After String Quartet No. 8) [Orch. Barshai]: V. Largo (05:02)

Kristine Opolais
Alexander Tsymbalyuk
Boston Symphony Orchestra
Andris Nelsons

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Andris Nelsons imitando Olivio Dutra ao reclamar sua vacina: “Também quero!”

PQP

Baroque Twitter (Hasse, Scarlatti, Vivaldi, Albinoni, Fiorè, Vinci, Gasparini, Torri, Mancini, Dieupart)

Não, este disco não tem qualquer relação com a rede social criada em 2006, com valor de mercado estimado em uns 10 a 25 US$ bi, faixa similar ao valor da PQP Bach Corp., também criada em 2006.

O título faz referência ao som dos pássaros. Em um trabalho musicológico de primeira, juntaram oito árias barrocas para soprano com referência aos cantores que vivem em cima das árvores, algumas de compositores famosos como A. Scarlatti, Vivaldi, Albinoni. Outros um pouco menos conhecidos, como J.A. Hasse, que viveu mais de 80 anos entre Dresden, Veneza e Viena, onde chegou a conhecer o jovem Mozart (ao que parece, ambos tinham grande respeito pelo talento do outro), e Leonardo Vinci, um dos criadores do estilo galante, célebre por suas óperas de melodias mais simples, com menos contraponto, e que morreu aos 40 anos ao comer um chocolate envenenado – dizem as más línguas – por um parente de uma de suas várias amantes. E alguns são hoje praticamente desconhecidos, como os italianos Andrea Stefano Fiorè e Pietro Torri.

Na maioria dessas árias, a cantora divide o papel de solista com a flauta doce ou flautino, que imita os pássaros. Como vocês sabem, a imitação dos pássaros é uma constante na história da música. No século XX beberam dessa tradição Mahler, Stravinsky, Villa-Lobos e Messiaen.

O canto dos pássaros pode servir de metáfora para os mais diversos sentimentos, como a alegria pastoral da ária de Gasparini:

Bell’augelletto
che vai scherzando
sui verdi rami,
t’intendo: tu mi chiami,
e parla in te l’amor.

Belo passarinho
que vai brincando
sobre verdes ramos,
te entendo: tu me chamas,
e em ti, fala o amor

Os pássaros, soltos ou na gaiola, também podem representar a liberdade ou a falta desta, como na ária de Hasse:

L’augelletto in lacci stretto
perché mai cantar s’ascolta?
Perché spera un’altra volta
di tornare in libertà.

O passarinho na gaiola,
porque escutamos seu canto?
Porque ele espera em breve
voltar à liberdade.

E na ária de Alessandro Scarlatti – que faz parte da serenata Il giardino d’amore,  espécie de cantata para um público mais reservado e mais aristocrático do que o das óperas –  o canto do rouxinol aparece bem mais estilizado e rebuscado do que o estilo galante que surgiria algumas décadas depois. Assim como Hasse, Scarlatti trata de temas mais sombrios:

Rouxinol cantando (fonte: ebird.org)

Più non m’alletta e piace
il vago usignoletto

Já não me agrada e diverte
o charmoso rouxinol

Alguns desses compositores estão fazendo sua estreia no PQP hoje, por exemplo Francesco Gasparini, que foi Diretor do Pio Ospedale della Pietà em Veneza no começo do século 18, ou seja, foi patrão de Antonio Vivaldi. J.S. Bach copiou à mão a Missa Canonica de Gasparini em 1740, fez algumas mudanças na orquestração adicionando oboés, trombone e órgão, e regeu essa Missa provavelmente muitas vezes em Leipzig.

Três obras instrumentais para flauta doce e cordas completam o CD, incluindo um concerto de Vivaldi. É impressionante como sempre há novidades a se conhecer na música barroca!

ANDREA STEFANO FIORÈ (1686–1732)
1 “Usignolo che col volo”
Aria di Engelberta from the opera Engelberta (Milano 1708)
for soprano, flautino, strings & b.c.

LEONARDO VINCI (c.1690–1730)
2 “Rondinella che dal nido”
Aria di Ifigenia from the opera Ifigenia in Tauride (Venezia 1725)
for soprano, strings & b.c.

FRANCESCO GASPARINI (1661–1727)
3 “Bell’augelletto che vai scherzando”
Aria di Aurora from the serenata L’oracolo del fato (Venezia c. 1709)
for soprano, flautino & strings

FRANCESCO MANCINI (1672–1737)
Sonata 14 in G minor
Concerto for Recorder, two violins, viola & b.c.
from the Conservatory “San Pietro a Majella”, 24 concerti per flauto, Napoli 1725
4 Comodo
5 Fuga
6 Larghetto
7 Allegro

T. Albinoni

PIETRO TORRI (c.1650–1737)
8 “Amorosa rondinella”
Aria di Nicomede from the opera Nicomede (Munich 1728)
for soprano, strings & b.c.

TOMASO ALBINONI (1671–1751)
9 “Zeffiretti che spirate”
Aria di Epicide from the opera Eraclea (Genova 1705)
for soprano & b.c.

JOHANN ADOLF HASSE (1699–1783)
10 “L’augelletto in lacci stretto”
Aria di Araspe from the opera Didone abbandonata (Dresden 1742)
for soprano, flautino, strings & b.c.

CHARLES DIEUPART (1667–1740)
Concerto in A minor, for ‘small flute’, strings & b.c.
11 Vivace
12 Grave staccato
13 Allegro

Alessandro Scarlatti

ANTONIO VIVALDI (1678–1741)
14 “Quell’usignolo ch’al caro nido”
Aria di Barzane from the opera Arsilda regina di Ponto (Venezia 1716)
for soprano, strings & b.c.

ALESSANDRO SCARLATTI (1660–1725)
15 “Più non m’alletta e piace”
Aria di Adone from the serenata Il giardino d’amore (c. 1700–1705)
for soprano, flautino, strings & b.c.

ANTONIO VIVALDI
Concerto in F major, RV 442, for recorder, strings & b.c. Tutti gl’ Istromenti Sordini
16 Allegro mà non molto
17 Largo e Cantabile
18 Allegro

Nuria Rial, soprano
Maurice Steger, flautino & recorder
Kammerorchester Basel
Stefano Barneschi, violin & direction

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Caricaturas de F. Gasparini e Vivaldi, por Pier Leone Ghezzi (1674-1755). Curiosidade: a palavra caricatura tem origem no italiano ‘caricare’ – pois o desenhista exagera, carrega nos traços da pessoa

Pleyel

Mendelssohn / Bruch : Concertos para Violino e Romance para Viola (Jansen / Chailly)

Mendelssohn / Bruch : Concertos para Violino e Romance para Viola (Jansen / Chailly)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Que disco bom! A interpretação de Jansen + Chailly + Gewandhausorchester para os concertos de Bruch e Mendelssohn é esplêndida. Fiquei realmente feliz com a audição dos dois concertos. Acho que o Mendelssohn de Jansen é efetivamente dos melhores registros que pode se encontrar por aí. A pureza de seu som de seu violino acompanha com precisão uma refinada dinâmica. A regência de Chailly e a herança mendelssohniana da Gewandhausorchester ajuda a solista a desenvolver nessas apresentações ao vivo as tensões essenciais e o impulso emocional. Pela primeira vez, no primeiro movimento do Bruch, denominado Vorspiel (Introdução), a marcação do andamento do Allegro moderato não parece deslocada, enquanto o movimento lento é comovente e suave, levado a um Andante fluente. Da mesma forma, no Concerto de Mendelssohn a performance de Jansen no Andante é contida, com resultado doce e terno, desta vez em um ritmo relativamente moderado, enquanto Chailly traz um sabor húngaro ao Finale, bastante comparável ao do Concerto para Violino de Brahms. Um disco sensacional!

Bruch / Mendelssohn / Vieuxtemps: Concertos para Violino (Jansen / Chailly)

Max Bruch (1838-1920)
Violin Concerto In E Minor, Op. 64
1 Allegro Molto Appassionato 13:00
2 Andante 8:01
3 Allegro Molto Vivace 5:53

4 Romance In F Major For Viola And Orchestra, Op. 85 8:27

Felix Mendelssohn Bartholdy (1809-1847)
Violin Concerto No. 1 In G Minor, Op. 26
5 Vorspiel: Allegro Moderato 8:00
6 Adagio 8:22
7 Finale: Allegro Energico 7:16

Janine Jansen, Violino
Gewandhausorchester Leipzig
Riccardo Chailly

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Janine Jansen sensualizando na sala de espera da PQP Bach Corp. Infelizmente, PQP fê-la esperar, pois estava ocupado analisando estupefato os mil pedidos de Bernardo Baethgen. Pobre Janine. Só de raiva, por ter feito a deusa perder seu tempo, PQP negou todos os pedidos de BB, pôs-se na ponta dos pés e foi ao encontro dela.

PQP

Robert Schumann (1810-1853) – 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102, Cesar Franck (1822-1890) – Violin Sonata in A major (arranged for Cello), Peter Ruzicka (*1948) Recitativo for Cello and Piano, Camille Saint-Saëns (1835–1921) Introduction and Rondo capriccioso – Radutiou, Runberg

Chove já há alguns dias aqui em minha cidade. É uma chuva intermitente, teimosa. Dizem que tem um sistema de alta pressão agindo sobre o estado, aliado a um ciclone extra tropical que está sobre o oceano, por isso o tempo está nublado e chuvoso em todo o sul do país.
O teclado de meu notebook está com problemas, na verdade é um problema de fábrica. O saudoso Ammiratore, um mestre na administração de dezenas de computadores em seu serviço, comentou que o problema não estaria no teclado, que por sinal já foi trocado, e sim na placa mãe. Ou seja, a solução seria comprar um novo. E isso, meus caros, está totalmente fora de cogitação.
Quem também é um mestre em seu instrumento é o violoncelista Valentin Radutiu, que nos traz uma das mais belas versões que já ouvi da maravilhosa Sonata de Cesar Franck, em sua versão para o irmão maior do violino. O rapaz é um grande expoente do seu instrumento neste começo de século XXI, e este belíssimo Cd é uma prova disso, levando em conta que é sua estréia no mercado fonográfico, o rapaz tinha 25 anos na época em que o gravou. Mas ele não se deixa intimidar, e encara com muita energia e coragem a Sonata de Franck e outras duas outras obras igualmente técnicas e muito difíceis, o “Recitativo para Violoncelo e Piano” de Peter Ruzicka e ‘Introduction and Rondo capriccioso in A Minor, op. 28” de Saint-Säens.
Estes dias chuvosos são um tanto quanto melancólicos, talvez por este motivo escolhi Franck e Schumann para iniciar os trabalhos do dia. E foi uma escolha apropriada.  Espero que apreciem.

01. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 1. Mit Humor
02. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 2. Langsam
03. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 3. Nicht schnell, mit viel Ton zu spielen
04. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 4. Nicht zu rasch
05. 5 Stucke im Volkston (5 Pieces in Folk Style), Op. 102 No. 5. Stark und markiert
06. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) I. Allegro ben moderato
07. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) II. Allegro
08. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) III. Recitativo – Fantasia Ben moderato – Largamento con fantasia
09. Violin Sonata in A major, M. 8 (arr. J. Delsart) IV. Allegro Moderato
11. Introduction et rondo capriccioso in A minor, Op. 28 (arr. V. Radutiu for cello and piano)

Valentin Radutiu – Cello
Per Rundberg – Piano

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