Não se deixe enganar pela aparência de menina de Alina Ibragimova. A violinista russa completa trinta e seis anos de idade agora em setembro. E por trás desta aparência de menina se esconde uma excepcional intérprete, com uma técnica apuradíssima e uma virtuose no violino já há bastante tempo reconhecida pela crítica especializada. E é figurinha carimbada aqui no PQPBach, o que demonstra o quanto somos seus fãs.
A nova investida da moça são ‘apenas’ os Caprichos para Violino de Paganini, um terror para os intérpretes, que tem de se desdobrar para dar conta das armadilhas e dificuldades das peças. Não trouxemos muito essas obras aqui pro blog, alguns colegas as consideram um monte de notas dispersas, sem eira nem beira, outros dizem que não é bem assim, elas tem sua importância, não são apenas exercícios vazios e sem conteúdo. Enfim, resolvi trazê-las novamente pois afinal de contas, antes de tudo, trata-se de um CD da Alina Ibragimova. E fresquinho, recém saído do forno.
1 No 1 In E Major Andante
2 No 2 In B Minor Moderato
3 No 3 In E Minor Sostenuto – Presto
4 No 4 In C Minor Maestoso
5 No 5 In A Minor Agitato
6 No 6 In G Minor [Adagio]
7 No 7 In A Minor Posato
8 No 8 In E Flat Major Maestoso
9 No 9 In E Major Allegretto
10 No 10 In G Minor Vivace
11 No 11 In C Major Andante – Presto
12 No 12 In A Flat Major Allegro
13 No 13 In B Flat Major Allegro
14 No 14 In E Flat Major Moderato
15 No 15 In E Minor Posato
16 No 16 In G Minor Presto
17 No 17 In E Flat Major Sostenuto – Andante
18 No 18 In C Major Corrente: Allegro
19 No 19 In E Flat Major Lento – Allegro Assai
20 No 20 In D Major Allegretto
21 No 21 In A Major Amoroso
22 No 22 In F Major Marcato
23 No 23 In E Flat Major
24 No 24 In A Minor Tema Con Variazioni: Quasi Presto
Os conturbados anos sessenta foram um turbilhão para Martha. Depois dum breve período a morar sozinha, longe do jugo da mãe, a viver la vida loca em Viena, desiludiu-se com a carreira de concertista e cogitou de tudo, até estudar Medicina (!). Insegura sobre sua capacidade como artista, resolveu dar um tempo ao piano e mudou-se para Nova York.
Martha soube que sua gravação da Rapsódia Húngara no. 6 impressionara Volodya e achou que isso seria credencial bastante para tornar-se aluna do ídolo. Enganou-se: nunca se encontraram e, para desnortear ainda mais seus rumos, ela viu-se grávida de sua primeira filha, Lyda.
Depois de três anos sem tocar, Martha retornou ao piano. Seu objetivo é o Concurso Internacional Chopin, em Varsóvia, em 1965.
Logo na primeira etapa da competição, ficou óbvio que seu maior concorrente seria o brasileiro Arthur Moreira Lima, aluno do Conservatório de Moscou, que conquistou o público com suas interpretações e com sua semelhança física com o próprio Chopin, de quem se tornaria um dos mais distintos intérpretes. Arthur venceu a primeira etapa, Martha, as duas seguintes, e na grande final, com sua interpretação do concerto em Mi menor, ela acabou por conquistar o primeiro prêmio.
O resto, como dizem, é história.
ooOoo
A década de Martha, no entanto, começou numa posição até então inédita: a de camerista. Como nada em sua carreira indicara, até então, a importância que a música de câmara teria para os anos de sua maturidade, presumo que foram as prementes necessidades de juntar dinheiro e de afastar-se das saias de Juanita, sua mãe, que a levaram à União Soviética para duas apresentações em Leningrado (atual São Petersburgo). Ainda mais inusitado que o local foi seu parceiro de palco: o violinista Ruggiero Ricci (1918-2012), nascido Woodrow Wilson Rich (!) na Califórnia e, vinte e três anos mais velho que Martha, já mundialmente famoso. Quem não o soubesse percebê-lo-ia rapidamente pelo predomínio de peças repletas de pirotecnias para violino, algumas delas a dispensarem o piano – incluindo as cabeludíssimas variações de Paganini sobre “Nel cor non più me sento”, que estão entre as coisas mais difíceis jamais escritas para o instrumento. Exceto pelas duas sonatas do jovem Beethoven e por aquela de Franck – que ela viria a tocar com praticamente todo violinista com que fizesse duo -, o papel da Rainha resume-se a acompanhar o astro do arco em partes frugais, como a da peça de Sarasate ou a célebre sonata de Tartini. A dupla improvável, no entanto, deu liga tanto no palco quanto fora deles: Ricci não só seria seu amigo por toda longa vida (ei-los em 2009, nos noventa anos do mestre!), como também demonstrou inúmeras vezes orgulho de ter proporcionado à futura estrela seus primeiros passos fora da germanosfera.
1 – Anúncio (em russo)
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Das Três sonatas para violino e piano, Op. 12: Sonata no. 3 em Mi bemol maior 2 – Allegro con spirito
3 – Adagio con molta espressione
4 – Rondo: Allegro molto
Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953) Sonata em Ré maior para violino solo, Op. 115 5 – Moderato
6 – Andante dolce. Tema con variazioni
7 – Con brio. Allegro precipitato
Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945) Sonata em Ré maior para violino e piano sobre canções folclóricas da Transilvânia
Arranjo da sonatina para piano, Sz. 55 (1915) por André Gertler (1907-1998)
8 – Dudások (gaitas de foles). Allegretto
9 – Medvetánc (dança do urso). Moderato
10 – Finale. Allegro vivace
Sonata para violino solo, Sz. 117
11 – Tempo di ciaccona
12 – Fuga: Risoluto, non troppo vivo
13 – Melodia: Adagio
14 – Presto
Pablo Martín Melitón de SARASATE y Navascués (1844-1908) Introdução e tarantela para violino e piano, Op. 43
15 – Introduction: Moderato – Tarantella: Allegro vivace
Ruggiero Ricci, violino
Gravado ao vivo em Leningrado, União Soviética, em 21 de abril de 1961
Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Da Partita para violino solo no. 2 em Ré menor, BWV 1004: 1 – Ciaconna
Ludwig van BEETHOVEN Das Três sonatas para violino e piano, Op. 12:
Sonata no. 1 em Ré maior 2 – Allegro con brio
3 – Tema con variazioni: Andante con moto
4 – Rondo: Allegro
César-Auguste-Jean-Guillaume-Hubert FRANCK (1822-1890) Sonata em Lá maior para violino e piano 5 – Allegretto ben moderato
6 – Allegro
7 – Ben moderato: Recitativo-Fantasia
8 – Allegretto poco mosso
Béla BARTÓK
Danças folclóricas romenas, para violino e piano
Transcrição do original para piano (Sz. 56) por Zoltán Székely (1903-2001)
9 – Jocul cu bâtă (Allegro moderato) – Brâul (Allegro) – Pe loc (Andante) – Buciumeana (Moderato) – Poarga Românească (Allegro) – Mărunțel
Niccolò PAGANINI (1782-1840)
10 – Introdução e variações sobre “Nel cor non più me sento”, de “L’amor contrastato”, de Giovanni Paisiello, para violino solo, Op. 38
Giuseppe TARTINI (1692-1770) Sonata para violino em Sol menor, “O Trilo do Diabo” (arranjo para violino e piano)
11 – Larghetto – Affettuoso
12 – Allegro
13 – Grave – Allegro assai
Gravado ao vivo em Leningrado, União Soviética, em 21 de abril de 1961
Tomo a liberdade de quebrar a ordem mormente cronológica dessa discografia para, com um salto de dezoito anos, mostrar-lhes o lugar especial que Ruggiero e Martha mantiveram na vida um do outro. Por ocasião do jubileu de ouro da carreira de Ricci, ele apresentou-se no mesmo Carnegie Hall em que estreara aos onze anos, e convidou a velha amiga – agora consagrada como a deusa maior do piano – para dividir o palco consigo. Em alusão, talvez, aos recitais de Leningrado, eles tocaram novamente a sonata de Franck e concluíram a colaboração com o arranjo para violino da bela sonata para flauta de Prokofiev, que Martha já gravara com James Galway. Como sobremesa, o sessentão Ruggiero serviu dois números cabeludos – a mais exigente das sonatas de Ysaÿe e as impressionantes variações de Paganini sobre o hino britânico – e encerrou a noite com uma refrescante gavota de Sebastião Ribeiro.
César FRANCK
1-4 – Sonata em Lá maior para violino e piano
Sergey PROKOFIEV Sonata em Ré maior para violino e piano, Op. 94a
5 – Moderato
6 – Scherzo: Presto
7 – Andante
8 – Allegro con brio
Eugène-Auguste YSAŸE (1858-1931) Das Seis sonatas para violino solo, Op. 27 9 – No. 3 em Ré menor, “Ballade”
Niccolò PAGANINI
10 – Variações sobre “God Save The King”, para violino solo, Op. 9
Johann Sebastian BACH
Da Partita para violino solo no. 3 em Mi maior, BWV 1006 11 – Gavotte en rondeau
Ruggiero Ricci, violino
Gravado ao vivo em Nova York, Estados Unidos, em 20 de outubro de 1979
Voltamos para a década de 60, e quase quatro anos depois de Martha voltar da turnê soviética com Ricci. Três deles foram passados completamente longe de qualquer teclado, boa parte deles em Nova York, tentando encontrar Horowitz e achar um novo rumo para sua vida, e outro bom naco desse tempo na Suíça, onde nasceria Lyda, sua primogênita. O entrevero entre nossa Rainha e seu instrumento – ou, mais acuradamente, entre ela e a vida de pianista – acabou graças à participação decisiva de Stefan Askenase, que lhe deu aulas e restituiu sua autoconfiança, e da esposa dele, Anny, que estimulou Marthinha a preparar-se para o Concurso Internacional Chopin de 1965. As Kinderszenen que abrem o upload seguinte, gravadas ao vivo em Colônia, são o primeiro registro de que se tem notícia da Rainha a tocar dessa coleção que lhe é tão cara que, hoje em dia, é praticamente a única coisa que ela toca sozinha no palco. Completam o arquivo um Gaspard de la Nuit despachado da costumeira e assombrosa maneira, aquela gravação do scherzo de Chopin que muitos de vocês já viram, feita para a televisão polonesa imediatamente após o triunfo no Concurso Chopin, e o primeiro registro de Martha a tocar aquele seu familiar cavalo de batalha, o terceiro concerto de Prokofiev.
Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
1 – Kinderszenen, para piano, Op. 15
Joseph Maurice RAVEL (1875-1937) Gaspard de la nuit, três poemas para piano após Aloysius Bertrand), M. 55 2 – Ondine
3 – Le Gibet
4 – Scarbo
Gravado ao vivo em Colônia, Alemanha Ocidental, em 27 de janeiro de 1965
Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
5 – Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39
Gravado em Varsóvia, Polônia, em março de 1965
Sergey PROKOFIEV Concerto para piano e orquestra no. 3 em Dó maior, Op. 26 6 – Andante – Allegro
7 – Tema con variazioni
8 – Allegro ma non troppo
WDR Sinfonieorchester Köln
Karl Melles, regência
Gravado ao vivo em Colônia, Alemanha Ocidental, em 10 de dezembro de 1965
Apresento-lhes agora todas as gravações que consegui recolher da trajetória de Martha no VII Concurso Internacional Chopin, em 1965 (e, a despeito de muito vasculhar a cyberesfera, nunca encontrei o estudo do Op. 25 que dizem que ela tocou). Elas deixam óbvio por que nossa Rainha conquistou o júri, atacando o teclado com a fúria e a paixão habituais, sem medo de correr riscos (ao que abdicam muitos participantes de concursos pianísticos). O mais impressionante, talvez, é que não fosse a qualidade medíocre do som, poderíamos jurar que as performances são de anteontem, tamanha era a maturidade da artista, então com 23 anos, e tão espetacular que é sua técnica hoje, depois dos oitenta.
PRIMEIRA ETAPA – 22 de fevereiro de 1965
1 – Apresentação (em polonês)
Fryderyk CHOPIN
Dos Três noturnos para piano, Op. 15
2 – No. 1 em Fá maior
Dos Doze estudos para piano, Op. 10:
3 – No. 1 em Dó maior
4 – No. 4 em Dó sustenido menor
Polonaise para piano em Lá bemol maior, Op. 53, “Heroica” 5 – Maestoso
Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 28
6 – No. 19 em Mi bemol maior
7 – No. 20 em Dó menor
8 – No. 21 em Si bemol maior
9 – No. 22 em Sol menor
10 – No. 23 em Fá maior
11 – No. 24 em Ré menor
Para a grande final, Arthur e Martha escolheram concertos diferentes – ambos, felizmente, lançados pela primeira vez numa remasterização decente, publicada pelo Instituto Fryderyk Chopin, e que ora lhes apresento, tanto para lembrar o triunfo da Rainha, como também para homenagear nosso compatriota, um magnífico chopinista. A título de curiosidade, aponto que quase todos os vencedores do Concurso tocaram na final o concerto em Mi menor – o último a triunfar com o concerto em Fá menor foi Đặng Thái Sơn em 1980, edição que se celebrizou pela intempestiva saída de nossa deusa do júri, em protesto à eliminação a seu ver injustificada de Ivo Pogorelić, a quem chamou de “gênio”.
Fryderyk CHOPIN
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
1 – Allegro maestoso
2 – Romance. Larghetto
3 – Rondo. Vivace
Martha Argerich, piano
Concerto para piano e orquestra no. 2 em Fá menor, Op. 21
4 – Maestoso
5 – Larghetto
6 – Allegro vivace
Arthur Moreira Lima, piano
Orkiestra Filharmonii Narodowej w Warszawie (Orquestra Filarmônica Nacional de Varsóvia) Witold Rowicki, regência
Gravações feitas ao vivo na Sala Filarmônica de Varsóvia, Polônia, durante o VII Concurso Internacional Fryderyk Chopin
Trailer do documentário “Martha Argerich in Warsaw 1965”, que aborda o marco zero do nascimento da superestrela. Notem a participação de Arthur Moreira Lima, um excelente artista que, convenhamos, teve pouca sorte de disputar a primazia na competição com uma das melhores pianistas de todos os tempos.
Ao triunfo no Concurso Chopin só poderia, naturalmente, se seguir demanda por mais Chopin. A EMI agiu rápido e trouxe a Rainha a Londres, onde colocou a serviço de Sua Majestade Marthínhica seus ótimos estúdios e excelentes engenheiros de som. Para profunda decepção dos ingleses, no entanto, um contrato que se descobriu vigente com a Polygram impossibilitou o lançamento da gravação, que só veio a público em 1999. Como atesta o depoimento a seguir, de Suvi Raj Grubb, que produziu o álbum, a espera valeu a pena:
“’Argerich foi, entre todos músicos, a mais formidável que já encontramos’, escreve o produtor do álbum, Suvi Raj Grubb, ‘Nada estava fora do alcance dessa mulher’ (…)”
“Quando comecei a me interessar por música, levei algum tempo para me acostumar com o piano. Mas, quando entrei na EMI (agora Warner Classics), eu já adorava música para piano e tinha muito conhecimento sobre ela. Assim, sempre que um novo pianista aparecia, eu era a primeira escolha como produtor.”
“Em 1966, eu já produzira um punhado de discos de piano, um dos melhores dos quais nunca viu a luz do dia. Quando Martha Argerich entrou no estúdio, foram seus olhares sombrios e ardentes que me impressionaram pela primeira vez. Assim que chegou, pediu café; quando lhe ofereci uma xícara, ela a engoliu de uma só vez e pediu mais. Sentei-a no estúdio com um grande bule de café e entrei na sala de controle.”
“No início, suas mãos se moviam despreocupadamente sobre o teclado enquanto ela testava o piano. Então ela despejou a Polonaise [Op.53] de Chopin. Sentei-me na minha cadeira com um longo ‘Jee-sus’ – e o engenheiro de som disse ‘Uau!'”
“Se isso fora uma amostra de seu pianismo, então Argerich era a pianista mais formidável que já encontráramos. Os grandes acordes soaram enormes, as passagens entre eles, limpas; no trio, um grande espetáculo, as difíceis passagens em oitava à esquerda eram equilibradas, e o crescendo, controlado. Dei uma espiada no estúdio para ter certeza de que essa torrente de som era realmente originária do toque de uma garota sentada ao piano. Foi verdadeiramente inacreditável.”
“Sorri ao lembrar do comentário de Clara Schumann a Brahms sobre as ‘Variações Paganini’, lamentando que estivesse além da capacidade de uma pianista. Nada estaria fora do alcance daquela mulher.”
“Ela entrou na sala de controle, olhou para mim e sorriu, pois sabia que tivera um impacto devastador sobre mim. Nos dias seguintes, energizada por galões de café preto e forte, ela terminou um recital de Chopin que incluía a terceira sonata, o terceiro scherzo e, modelados como joias em miniatura, um grupo de mazurcas e noturnos. O último movimento da sonata foi feito num só take impecável. Ela disse que gostou das sessões; que gostou do som do piano no disco e que estava ansiosa para trabalhar comigo novamente.”
“Para minha amarga decepção, soubemos algumas semanas depois que seu compromisso com outra empresa não nos permitiria publicar o disco e, nem pela primeira nem pela última vez, desejei que não houvesse cláusulas de exclusividade. No devido tempo, um disco com o mesmo repertório foi lançado pelos nossos rivais – quando o ouvi, soube que nossa Argerich era a melhor das duas.”
Certeza de que era.
Fryderyk CHOPIN
Sonata para piano no. 3 em Si menor, Op. 58
1 – Allegro maestoso
2 – Scherzo: Molto vivace
3 – Largo
4 – Finale: Presto non tanto
Três mazurcas para piano, Op. 59 5 – No. 1 em Lá menor
6 – No. 2 em Lá bemol maior
7 – No. 3 em Fá sustenido menor
Dos Três noturnos para piano, Op. 15
8 – No. 1 em Fá maior
Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39 9 – Presto con fuoco
Polonaise para piano em Lá bemol maior, Op. 53, “Heroica” 10 – Maestoso
A alta demanda do planeta por sua nova superestrela do piano deu poucas oportunidades a Martha para ampliar seu repertório. Assim, às peças que ela preparara para o concurso Chopin, somaram-se aquelas que ela já aprendera antes de seus três anos sabáticos. O rol de obras resultante repete-se em quase todas as gravações até o final da década, que hemos de apresentar a seguir, e sem maiores comentários, que resultariam necessariamente repetitivos. Limitamo-nos a apontar, como adições mais notáveis ao repertório da Rainha, a impressionante Fantasia de seu queridinho Schumann, a toccata em Dó menor de J. S. Bach e, de Chopin, o outro queridinho, o segundo scherzo e a transcendental Polonaise-Fantaisie – além do já citado terceiro concerto de Prokofiev e dos primeiros concertos de Tchaikovsky e Liszt, já publicados anteriormente aqui no PQP Bach.
Sergey PROKOFIEV Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83 1 – Allegro inquieto – Poco meno – Andantino
2 – Andante caloroso – Poco più animato – più largamente – Un poco agitato
3 – Precipitato
Franz LISZT (1811-1886)
Dos Três estudos de concerto para piano, S. 144:
4 – No. 2 em Fá menor, “La leggierezza”
Fryderyk CHOPIN
Dos Doze estudos para piano, Op. 10:
5 – No. 4 em Dó sustenido menor
Dos Três noturnos para piano, Op. 15
6 – No. 1 em Fá maior
Barcarola em Fá sustenido maior, Op. 60 7 – Allegretto
Três mazurcas para piano, Op. 59 8 – No. 1 em Lá menor
9 – No. 2 em Lá bemol maior
10 – No. 3 em Fá sustenido menor
Scherzo para piano no. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39 11 – Presto con fuoco
Robert SCHUMANN Fantasia em Dó maior para piano, Op. 17 12 – Durchaus fantastisch und leidenschaftlich vorzutragen; Im Legenden-Ton
13 – Mäßig. Durchaus energisch
14 – Langsam getragen. Durchweg leise zu halten
Gravado ao vivo no Carnegie Hall, Nova York, Estados Unidos, em 16 de janeiro de 1966
Fryderyk CHOPIN 1-3 –Três mazurcas para piano, Op. 59
Sergey PROKOFIEV
4-6 – Sonata para piano no. 7 em Si bemol maior, Op. 83
Toccata para piano em Ré menor, Op. 11
7 – Allegro marcato
Maurice RAVEL
8-10 – Gaspard de la nuit, três poemas para piano após Aloysius Bertrand, M. 55
Sergey PROKOFIEV Sonata para piano no. 3 em Lá menor, Op. 28
11 – Allegro tempestoso – Moderato – Allegro tempestoso – Moderato – Più lento – Più animato – Allegro I – Poco più mosso
Maurice RAVEL
Sonatina para piano em Fá sustenido menor, M. 40 12 – Modéré
13 – Mouvement de Menuet
14 – Animé
Gravado em Colônia, Alemanha Ocidental, outubro de 1967
Os ebulientes concertos em Sol de Ravel e o no. 3 de Prokofiev, naquelas que são talvez suas gravações definitivas, sob a batuta de Claudio Abbado (1967)
Depois da tomatina que deve ter chovido sobre Robert ontem, quando aqui revelamos sua inana, ainda que bem intencionada tentativa de engrossar um pouco o que se achava ser o ralo caldo das sonatas e partitas para violino de J. S. Bach, vocês tirarão esse CD de letra.
Uma porque os caprichos de Paganini, apesar de todas suas qualidades, não merecem ser mencionados na mesma frase que as supremas obras-primas que ontem publicamos, também com um acompanhamento para piano proposto por Schumann.
Outra porque Paganini, mesmo ao criar praticamente uma enciclopédia dos recursos então conhecidos ao instrumento, não teve interesse particular em explorar sua escrita polifônica, como Bach fez genialmente em suas seis criaturas, de modo que um acompanhamento para piano para os caprichos parece mais útil e muito menos redundante.
Inda outra porque Schumann, aqui, se deu o trabalho de elaborar um pouco mais a parte para piano, que sublinha e comenta – algo pachorrentamente, é verdade – as ideias expostas pelo violino, enquanto este se estrebucha em suas cordas e quase arrebenta suas costuras para dar voz às medonhas dificuldades propostas por Paganini.
E a última, talvez a mais importante: o violinista da gravação que ora lhes apresentamos, David Garrett, é muito competente e, depois que deixou de lado o terno furta-cor e o cabelinho nerd da capa do disco e arranjou um megahair e um nicho na milionária indústria do crossover, ficou realmente muito gato – tão gato que faz uma cara igual à do meu bichano quando fareja ferormônios.
O gatão Garrett, claro, passa muito mais trabalho que seu colega Canino (trocadilho do ano, hein?), e o resultado acaba sendo mais recomendável que a gravação que postamos ontem. Talvez o próprio Garrett tenha se enfastiado com a contribuição de Schumann e, por isso, decidiu tocar sozinho o célebre capricho final. Antes que os completistas fiquem contrariados, informamos que o inesquecível Jascha Heifetz será convidado a tocar, com Emanuel Bay, a peça faltante e fechar a fatura. Ok, eu sei que é sabotagem botar qualquer violinista para tocar antes de Heifetz, mas Garrett é lindo e rico, e eu nada disso, de modo que uso as pobres armas que tenho para destilar minha amarga inveja.
A quem estranhar as diferenças na parte de violino, peço que não culpem o grande Jascha, e sim Leopold Auer, seu professor e editor da publicação dos caprichos usada neste filme. E para quem quiser conhecer os caprichos in natura, ou refrescar os ouvidos revisitando-os após a intervenção de Schumann, restaurei os links para duas das melhores gravações que deles temos no acervo pequepiano: aquela com o brilhante Ilya Kaler, um mestre que é menos conhecido do que merece, e a outra, com Shlomo Mintz (uma terceira, minha favorita, com a incrível Julia Fischer, segue firme no ar).
Niccolò PAGANINI (1782-1840)
Vinte e quatro caprichos para violino solo, Op. 1
Acompanhamento para piano composto por
Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
Provavelmente essa integral deve ser a campeã de repostagens daqui do PQPBach. A primeira vez foi lá nos primórdios do blog, entre 2007 e 2009, depois novamente ali no começo da década passada, repetindo a dose em 2016 e agora, em 2020.
Eram outros tempos, com certeza. A internet era estupidamente lenta, adsl com incríveis 1,5 mb/s de velocidade, cada upload demorava em média 30 minutos, nos dias de boa vontade da operadora. Eu morava em um sítio, hoje vivo em um apartamente onde a operadora me entrega 240 mb/s … subo um cd em alguns segundos. Baixo um arquivo de 7 gb em alguns minutos … enfim, tudo evolui.
Andei pesquisando, e não consegui encontrar outra gravação integral dos concertos de Paganini. Se alguém conhecer, me avisa. Salvatore Accardo sempre será o meu favorito nesse repertório.
Devido ao tremendo sucesso dos Duos para guitarra e violino que postei semana passada (123 downloads indagorinha, em uma semana de postagem, um recorde do blog, creio), vou postar a partir de hoje a integral dos concertos para violino, de Nicolo Paganini.
A interpretação estará sempre a cargo do grande Salvatore Accardo, em minha modesta opinião o maior intérprete destes concertos dos últimos 20 ou 30 anos. A familiaridade que Accardo tem com estes concertos é impressionante, e sua interpretação beira as raias do absurdo. Reza a lenda que o um dos violinos de Accardo (obviamente Stradivarius) pertencera ao próprio Paganini, não sei se essa história é real, mas não importa. O que importa é como ele é tocado.
Muitos consideram Paganini vazio, sem conteúdo, sua orquestração serviria apenas de fundo para a performance do solista. Sua vida, na verdade, era nas salas de concerto, onde reinava absoluto na sua época. Mas não podemos negar que ele desenvolveu uma nova forma de tocar violino, explorando todos os recursos do instrumento ao máximo.
O primeiro cd da série traz os concertos nº 1 e 2. Accardo é acompanhado pela Filarmônica de Londres, regida por Charles Dutoit.
Niccolò Paganini (1782-1840) – Violin Concerto No.1 in D, Op.6, Violin Concerto No.2 in B minor, Op.7
1. Violin Concerto No.1 in D, Op.6 – 1. Allegro maestoso
2. Violin Concerto No.1 in D, Op.6 – 2. Adagio
3. Violin Concerto No.1 in D, Op.6 – 3. Rondo (Allegro spirituoso)
4. Violin Concerto No.2 in B minor, Op.7 – 1. Allegro maestoso – Cadenza: Salvatore Accardo
5. Violin Concerto No.2 in B minor, Op.7 – 2. Adagio
6. Violin Concerto No.2 in B minor, Op.7 – 3. Rondo à la clochette, ‘La campanella’
Salvatore Accardo – Violin
London Philarmonic Orchestra
Charles Dutoit – Conductor
Desde a primeira vez em que escutei os Concertos de Brandenburg de Bach, chamou-me a atenção aquele violininho serelepe e pungente a buscar espaço com valentia em meio aos tantos sopros do Concerto no. 1:
Nunca mais ouvi falar do tal violino piccolo, de tamanho a um violino 3/4 para jovens, com algumas diferenças de construção e que soa uma terça acima dos violinos convencionais, até encontrar alguns vídeos do ucraniano Grigoriy Sedukh tocando o que chamava de piccolo em peças convencionais do repertório violinístico.
Sem ler muito as letras miúdas, comprei seu CD (lançado pelo pitorescamente batizado selo “The Catgut Acoustic Society Co.”) para só depois descobrir – mais surpreso, talvez, que decepcionado – aquela história do gato comprado por lebre.
Pois aqui Sedukh não toca exatamente o instrumento de que Bach lançara mão, mas sim num chamado “violino sopranino”, que soa uma oitava acima do violino convencional e que tem, guardadas as proporções, as mesmas proporções deste. A gravação inclui somente uma faixa com um instrumento semelhante ao piccolo barroco, o “Adagio” de Grazioli, executado num violino dito “soprano” (uma quarta acima do convencional, mais ou menos como o piccolo), além de uma peça num “mezzo” (afinado exatamente como o convencional).
O repertório é um balaio de gatos que, obviamente, não tem razão outra de ser que não a de exibir as qualidades dos instrumentos e do intérprete. Eu acho estranho abrir uma gravação com a Polonaise de Bach, que é uma obra que parece já começar no meio, mas depois as coisas melhoram bastante. Sedukh é bom violinista e, neste pequeníssimo nicho musical, mostra-nos um bom cartão de visitas.
GRIGORYI SEDUKH – VIOLIN SOLOIST
Johann Sebastian BACH (1685-1750) Suíte Orquestral no. 2 em Si menor, BWV 1067
01 – Polonaise
02 – Badinerie
Giovanni Battista GRAZIOLI (1756-1820) 03 – Adagio*
Niccoló PAGANINI(1782-1840) 04 – Sonatina no. 1 para violino e violão
05 – Sonatina no. 3 para violino e violão
Joseph Joachim RAFF (1822-1882)
06 – Cavatina, Op. 85 no. 3
Piotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893) 07 – O Lago dos Cisnes, Op. 20 – Entrée et Adagio
08 – Álbum para a Infância, Op. 39 – no. 22: Canção da Cotovia
09 – O Lago dos Cisnes, Op. 20 – Adagio †
10 – O Lago dos Cisnes, Op. 20 – Dança Russa
Passada em revista a parte da família das cordas que é tocada com arcos, enveredamos por um outro ramo da família com quem os arcos não falam muito, pois as salas de concerto costumam torcer-lhes os narizes: aquele das cordas dedilhadas.
Antes que me joguem os tomates, ou me perguntem por que exus eu não apus a palavrinha .:interlúdio:. ao título de uma gravação, vejam só, de banjo, de BANJO, de B A N J O! incongruentemente atirada no meio das sacrossantas interpretações dos Pollinis e Bernsteins que os blogueiros não-vassílycos publicam por aqui, bem, antes que venham os apupos, os “foras!” e que me defenestrem, eu antecipadamente me defendo: Béla Fleck é um TREMENDO músico e merece ser ouvido.
Ok, o repertório do CD é um balaio de gatos cheio de figurinhas fáceis do repertório das coleções “The Best of”, só que ele é feito sob medida para Fleck exibir com sobras seu talento. Asseguro-lhes que dificilmente ouvirão um banjo ser tocado com tanta maestria, ainda mais acompanhado por músicos do naipe de, entre outros, Joshua Bell, John Williams e Edgar Meyer. No final, para relaxar, Fleck colocou uma ótima versão bluegrass do “Moto Perpétuo” de Paganini, mas ela está claramente identificada como tal e os puristas entre vós outros poderão deletá-la antes que ela fira algum ouvido.
E, se vocês acharam interessante o Fleck ter o nome de Béla, saibam que o nome completo do cavalheiro é Béla Anton Leoš Fleck. Sim: uma homenagem ao grande Béla, àquele Anton e a este Leoš.
PERPETUAL MOTION – BÉLA FLECK
Domenico SCARLATTI (1685-1757)
01 – Sonata em Dó maior, K. 159
Johann Sebastian BACH (1685-1750)
02 – Invenção a duas vozes no. 13 em Lá menor, BWV 784
Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
03 – Children’s Corner, L. 113 – “Doctor Gradus ad Parnassum”
Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
04 – Mazurkas, Op. 59 – no. 3 em Fá sustenido menor
Johann Sebastian BACH
05 – Partita no. 3 em Mi maior, BWV 1006 – Prélude
Fryderyk Franciszek CHOPIN
06 – Études, Op. 10 – no. 4 em Dó sustenido menor
07 – Mazurkas, Op. 6 – no. 1 em Fá sustenido menor
Johann Sebastian BACH
08 – Invenção a três vozes (Sinfonia) em Sol maior, BWV 796
Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
09 – Souvenir d’un lieu cher, Op. 42 – no. 3: Mélodie
Johannes BRAHMS (1833-1897)
10 – Cinco estudos para piano, Anh. 1a/1 – no. 3 em Sol menor, após Johann Sebastian Bach
Johann Sebastian BACH
11 – Suíte no. 1 em Sol maior, BWV 1007 – Prelude
12 – Invenção a três vozes (Sinfonia) em Si menor, BWV 801
Domenico SCARLATTI
14 – Sonata em Ré menor, K. 213
Johann Sebastian BACH
15 – Invenção a duas vozes no. 6 em Mi maior, BWV 777
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
16 – Sonata no. 14 em Dó sustenido menor, Op. 27 no. 2, “Luar” – Adagio sostenuto
Johann Sebastian BACH
17 – Invenção a duas vozes no. 11 em Sol menor, BWV 782
Ludwig van BEETHOVEN
18 – Sete Variações sobre “God Save the King”, WoO 78
Johann Sebastian BACH
19 – Invenção a três vozes (Sinfonia) em Mi menor, BWV 793
Niccolò PAGANINI arranjo de James Bryan Sutton
12 – Moto Perpetuo, Op. 11 (versão bluegrass)
Béla Fleck, banjo Joshua Bell, violino Gary Hoffmann, violoncelo Evelyn Glennie, marimba Edgar Meyer, contrabaixo Chris Thile, bandolim James Bryan Sutton, violão folk John Williams, violão
Será que um Stradivarius vale tudo o que pedem por ele?
E um Amati? Ou um Guarneri?
Talvez este álbum possa ajudá-los a responder.
Nele, o virtuoso ítalo-americano Ruggiero Ricci (1918-2012) toca, em quinze famosos violinos, várias peças curtas que considera adequadas às características de cada instrumento. Depois, no que é talvez a parte mais interessante do álbum, ele toca o mesmo trecho – o início solo inicial do Concerto no. 1 de Max Bruch – com as mesmíssimas condições de estúdio em cada um dos violinos, a maior parte dos quais leva apelidos que remetem a ex-proprietários célebres. Apesar da overdose de Stradivari, o xodó de Ricci era seu inseparável Guarneri del Gesù (o “Ex-Huberman”, que surpreendemente não aparece nesta gravação), que foi, depois de sua morte, adquirido por uma companhia japonesa e cedido à violinista japonesa Midori Gotō.
A “Glória de Cremona” a que se refere o título é a rica tradição de luteria daquela cidade, que teve seu pináculo entre os séculos XVI e XVIII através de luthiers da estirpe de Stradivari, Guarnieri, Bergonzi, Amati e da Salo, cujos preciosos instrumentos são, há já muito tempo, o privilégio dos maiores virtuosos.
THE GLORY OF CREMONA – RUGGIERO RICCI
Jean-Antoine DESPLANES [Giovanni Antonio Piani] (1678-1760)
01 – Intrada [violino de Andrea Amati, c. 1560-170]
PietroNARDINI (1722-1793) 02 – Larghetto [violino de Antonio Stradivari, “ex-Rode”, 1733]
Antonio Lucio VIVALDI (1678-1741)
03 – Praeludium [violino de Nicolò Amati, 1656]
Niccolò PAGANINI (1782-1840)
04 – Cantabile e Valzer [violino de Antonio Stardivari, “Il Monasterio”,1719]
Wolfgang AmadeusMOZART (1756-1791)
arranjo de Carl Friedberg (1872–1955)
05 – Adagio [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Plowden”, 1735]
Dmitri Borisovich KABALEVSKY (1904-1987)
06 – Improvisation, Op. 21 no. 1 [violino de Antonio Stradivari, “Il Spagnolo”, 1677]
Piotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
07 – Souvenir d’un lieu cher, Op. 42 – no. 2: Mélodie [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Lafont”, 1735]
Francesco Maria VERACINI (1690-1768)
08 – Largo [violino de Gasparo da Salo, ca. 1570-80]
Maria Theresia vonPARADIS (1759-1824)
arranjo de Samuel Dushkin (1891-1976)
09 – Sicilienne [violino de Carlo Bergonzi, “Il Constable”, 1731]
Jenő HUBAY (1858-1937)
10 – The Violin Maker of Cremona [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Bériot”, 1744]
Georg FriedrichHÄNDEL (1685-1759)
11 – Larghetto [violino de Antonio Stradivari, “El Madrileño”, 1720]
Robert SCHUMANN (1810-1856)
arranjo de Fritz Kreisler (1875-1962)
12 – Romance em Lá maior [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Vieuxtemps”, 1739]
Johannes BRAHMS (1833-1897)
13 – Dança Húngara no. 20 [violino de Antonio Stradivari, “Ex-Joachim”, 1714]
14 – Dança Húngara no. 17 [violino de Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Gibson”, 1734]
Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN-Bartholdy (1809-1847)
arranjo de Fritz Kreisler
15 – Lieder ohne Wörte, Op. 62 – No. 1: “Mailüfte” (“Brisas de Maio”) [violino de Antonio Stradivari, “Ex-Ernst”, 1709]
Ruggiero Ricci, violinos Leon Pommers, piano
Max Christian FriedrichBRUCH (1838-1920)
Concerto para violino e orquestra no. 1 em Sol menor, Op. 26
I – Vorspiel. Allegro moderato (excerto – solo inicial)
Executado por Ruggiero Ricci nos seguintes instrumentos:
16 – Andrea Amati (c. 1560-70)
17 – Nicolò Amati (1656)
18 – Antonio Stradivari, “Il Spagnolo” (1677)
19 – Antonio Stradivari, “Ex-Ernst” (1709)
20 – Antonio Stradivari, “Ex-Joachim” (1714)
21 – Antonio Stradivari, “Il Monasterio” (1719)
22 – Antonio Stradivari, “El Madrileño” (1720)
23 – Antonio Stradivari, “Ex-Rode” (1733)
24 – Gasparo da Salo (c. 1570-80)
25 – Carlo Bergonzi, “Il Constable” (1731)
26 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Gibson” (1734)
27 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Lafont” (1735)
28 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Il Plowden” (1735)
29 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Vieuxtemps” (1739)
30 – Giuseppe Guarneri del Gesù, “Ex-Bériot” (1744)
Um bom disco começa por um repertório de primeira linha, que combine e que seja bem interpretado. É o caso, à exceção de Paganini. Achei a performance da Partita de Bach bastante envolvente. Utilizando 100% dos recursos de seu excepcional violino, ela parece ter adotado de forma inteligente o que os violinistas historicamente informados vêm mostrando. Além disso, ela não tem nada da tendência moderna de uniformizar o som de um instrumento. Ela gosta do fato de que o violino tem quatro cordas, cada uma das quais soando diferente e essa percepção lhe dá vida e cor. O Bartók é muito impressionante também. Mullova mantém-se atenta ao metrônomo do compositor e, para nossa sorte, deixa tempo nenhum para a retórica. Bartók estimou a duração da Sonata a 23min. Mullova a toca em um minuto a menos, mas nunca parece apressada, há uma abundância de cantabile lindamente expressivos e o final é vividamente atlético. As variações vulgares de Paganini são um grande choque depois do Bartók. Ela toca com grande desenvoltura e afeição óbvia pela pequena canção Paisiello, que Paganini ocasionalmente permite emergir. Ali, há a sugestão de uma sobrancelha divertidamente erguida.
J. S. Bach / B. Bartók / N. Paganini: Peças para Violino Solo
Partita No. 1 In B Minor, BWV 1002
Composed By – Johann Sebastian Bach
1 Allemanda 5:48
2 Double 2:48
3 Corrente 3:16
4 Double (Presto) 3:35
5 Sarabande 3:25
6 Double 2:20
7 Tempo Di Borea 3:48
8 Double 3:42
Sonata For Solo Violin = Sonate Für Solovioline · Pour Violon Seul
Composed By – Béla Bartók
9 Tempo Di Ciaccona 8:57
10 Fuga 4:21
11 Melodia 5:53
12 Presto 5:27
Introduction And Variations · Introduktion Und Variationen On · Über · Sur «Nel Cor Più Non Mi Sento»
Composed By – Niccolò Paganini
13 Capriccio1:12
14 Tema (Andante) 1:33
15 Variation 1 (Brillante) 1:34
16 Variation 2 1:44
17 Variation 3 (Più Lento) 1:31
18 Variation 4 (Allegro) 0:58
19 Variation 5 0:59
20 Variation 6 (Appassionato) 1:26
21 Variation 7 (Vivace) 1:37
Adoro estas peças para Violão e Violino de Paganini. Já postei algumas com solistas do nível de Itzak Perlman e John Williams. Curiosamente, não sei onde está este CD. Perdeu-se no meio de meu acervo.
Aqui temos dois ilustres desconhecidos, mas talentosos, o violinista Luigi Alberto Bianchi e Maurizio Preda.
Como não poderia deixar de ser, o violino é o instrumento líder aqui, o violão serve como acompanhamento. Bianchi é um instrumentista de muito talento, sabe explorar todas as nuances do instrumento, e não se deixa cair em tentações com excessos de virtuosismo e malabarismos pirotécnicos, comuns em se tratando de Paganini. esta coleção é muito grande, 9 cds ao todo, não sei se irei postar todos, talvez uns dois ou três para mostrar do se que trata.
CD 1
1 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 1 in A minor: I. Introduzione – Allegro maestoso – Tempo di marcia
2 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 1 in A minor: II. Rondoncino: Allegro
3 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 2 in D major: I. Adagio cantabile
4 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 2 in D major: II. Rondoncino andantino – Tempo di polacca
5 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 3 in C major: Centone di sonate, Op. 64: Sonata No. 3 in C major
6 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 4 in A major: I. Adagio cantabile
7 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 4 in A major: II. Rondo: Andantino allegretto
8 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 5 in E major: I. Allegro assai
9 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 5 in E major: II. Andantino vivace, 3 variazioni
10 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 6 in A major: I. Larghetto cantabile
11 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 6 in A major: II. Rondo: Allegro assai
12 Cantabile in D major, Op. 17, MS 109 (arr. for violin and guitar)
Disc 2
1 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 7 in F major: I. Allegro giusto
2 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 7 in F major: II. Polacca: Andantino allegretto
3 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 8 in G major: I. Andante cantabile
4 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 8 in G major: II. Rondo: Allegretto
5 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 9 in A major: I. Allegro maestoso – Tempo di marcia
6 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 9 in A major: II. Tema: Andante placido
7 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 9 in A major: II. Variazione 1
8 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 9 in A major: II. Variazione 2
9 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 9 in A major: II. Variazione 3, piu mosso
10 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 10 in C major: I. Allegro risoluto
11 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 10 in C major: II. Rondo: Andantino vivace, tempo di pastorale
12 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 11 in A minor: I. Cantabile, andante appassionato, con flessibilita
13 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 11 in A minor: II. Tema: Allegro moderato
14 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 11 in A minor: II. Variazione 1
15 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 11 in A minor: II. Variazione 2, minore
16 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 11 in A minor: II. Finale: Tempo di valtz
17 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 12 in D major: I. Andante cantabile
18 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 12 in D major: II. Rondo: Allegretto
Disc 3
1 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 13 in E major: I. Introduzione: Maestoso
2 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 13 in E major: II. Larghetto – Cantabile
3 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 13 in E major: III. Rondo Allegretto: Con brio
4 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 14 in G major: I. Andante Adagetto
5 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 14 in G major: II. Rondo: Allegro molto vivace
6 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 15 in A major: I. Introduzione: Maestoso
7 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 15 in A major: II. Tema: Andante moderato
8 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 15 in A major: Variation 1
9 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 15 in A major: Variation 2: Minore
10 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 15 in A major: Variation 3: Maggiore
11 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 15 in A major: IV. Rondo: Allegretto
12 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 16 in E major: I. Allegro vivace
13 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 16 in E major: II. Minuetto a valtz: Allegro vivo
14 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 17 in A major: I. Introduzione: Andante – Corrente
15 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 17 in A major: II. Andante – Cantabile
16 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 17 in A major: III. Rondo: Allegro vivo
17 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 18 in C major: I. Allegro – Presto
18 Centone di sonate, Op. 64, MS 112: Sonata No. 18 in C major: II. Rondo – Balletto: Allegro vivissimo
E já que comecei a semana com grandes gravações de concertos para violino, vou continuar a série, desta vez trazendo o grande Itzhak Perlman, um dos maiores violinistas das últimas quatro décadas.
E neste CD ele encara dois dificilimos desafios: Paganini e Sarasate. O talento, a versatilidade e o virtuosismo de Perlman tornam a audição desse CD obrigatória. Aliás, esse CD já me foi cobrado há alguns anos atrás, mas na época eu ainda não o tinha.
Para os fãs de Salvatore Accardo, nos quais me incluo, é uma ótima oportunidade para se comparar o estilo e a técnica destes dois excepcionais músicos. Espero que apreciem. Eu gostei, e muito.09
1-01 Violin Concerto No.1 in D, Op.6_ I. Allegro maestoso
1-02 Violin Concerto No.1 in D, Op.6_ II. Adagio espressivo
1-03 Violin Concerto No.1 in D, Op.6_ III. Rondo (Allegro spiritoso)
1-04 Carmen Fantasy, Op.25
Itzhak Perlman – Violin
Royal Philharmonic Orchestra
Lawrence Foster – Conductor
Há alguns dias, postei outra versão dos 24 Caprichos de Paganini. Era com Julia Fischer. Olha, esta e aquela são tão boas que não sei qual escolher. Talvez Ehnes seja um pouco mais ousado nos andamentos, mas nada que desmereça Fischer. Minha mulher é violinista profissional e pediu que eu tocasse duas vezes esta versão de Ehnes, perfeitíssima em sua avaliação. Ela me disse que gostaria de compartilhá-la entre seus amigos. Escreveu no Face dizendo estar em êxtase com a consistência musical e intelectual de Ehnes, que não procura meros efeitos dentro das arcadas originais de Nicolò.. Só que ela não ouviu Julia Fischer. Olha aqui, ó, fiquem com as duas versões e não me encham o saco!
NICOLÒ PAGANINI (1782–1840) 24 Caprices op.1
1) Caprice No.1 in E: Andante [1.46]
2) Caprice No.2 in B minor: Moderato [2.41]
3) Caprice No.3 in E minor: Sostenuto – Presto [2.48]
4) Caprice No.4 in C minor: Maestoso [6.46]
5) Caprice No.5 in A minor: Agitato [2.37]
6) Caprice No.6 in G minor: Lento [5.41]
7) Caprice No.7 in A minor: Posato [3.53]
8) Caprice No.8 in E flat: Maestoso [2.46]
9) Caprice No.9 in E: Allegretto [2.53]
10) Caprice No.10 in G minor: Vivace [2.08]
11) Caprice No.11 in C: Andante – Presto [4.05]
12) Caprice No.12 in A flat: Allegro [2.31]
13) Caprice No.13 in B flat: Allegro [2.30]
14) Caprice No.14 in E flat: Moderato [1.51]
15) Caprice No.15 in E minor: Posato [2.37]
16) Caprice No.16 in G minor: Presto [1.30]
17) Caprice No.17 in E flat: Sostenuto – Andante [3.40]
18) Caprice No.18 in C: Corrente – Allegro [2.28]
19) Caprice No.19 in E flat: Lento – Allegro assai [3.00]
20) Caprice No.20 in D: Allegretto [4.17]
21) Caprice No.21 in A: Amoroso – Presto [3.11]
22) Caprice No.22 in F: Marcato [3.02]
23) Caprice No.23 in E flat: Posato [3.31]
24) Caprice No.24 in A minor: Tema con variazioni. Quasi presto [4.22]
A alemã de Munique, violinista e pianista, a verdadeira gênia que é Julia Fischer, dá-nos esta maravilhosa versão dos 24 Caprichos de Paganini, provavelmente sua única obra realmente boa. Fischer tira de letra este repertório criado pelo mais brilhante dos virtuoses. O fascínio que Paganini exercia era de tal ordem que se chegou a suspeitar que tivesse um pacto com o demônio. Imagina isto no início do século XIX… E todos os grandes virtuoses — não apenas do violino, mas do piano romântico — foram estimulados à tentação de rivalizar com ele. Paganini revolucionou a arte de tocar violino. Deixou a sua marca como um dos pilares da moderna técnica do instrumento. O seu Capricho em Lá menor, Op. 1 No. 24 está entre suas composições mais conhecidas e serviu de inspiração para outros proeminentes compositores como Johannes Brahms e Sergei Rachmaninov, que o reutilizaram em importantes obras de variações.
Niccolò Paganini (1782-1840) : 24 Caprichos Op. 1
1 No. 1 In E Major 1:47
2 No. 2 In B Minor 2:50
3 No. 3 In E Minor 3:19
4 No. 4 In C Minor 6:14
5 No. 5 In A Minor 2:46
6 No. 6 In G Minor 5:59
7 No. 7 In A Minor 3:51
8 No. 8 In E Flat 3:01
9 No. 9 In E Major 3:11
10 No. 10 In G Minor 2:17
11 No. 11 In C Major 4:32
12 No. 12 In A Flat 3:18
13 No. 13 In B Flat Major 2:27
14 No. 14 In E Flat 1:18
15 No. 15 In E Minor 2:47
16 No. 16 In G Minor 1:37
17 No. 17 In E Flat Major 3:47
18 No. 18 In C Major 2:33
19 No. 19 In E Flat Major 3:10
20 No. 20 In D Major 3:53
21 No. 21 In A Major 2:59
22 No. 22 In F Major 2:48
23 No. 23 In E Flat Major 4:44
24 No. 24 In A Minor 4:28
Chegamos ao final das postagens dos concertos para violino de Paganini. Aqui teremos os Concertos nº 4 e nº 5, sempre nas mãos hábilidosas de Salvatore Accardo, que faz juz à fama de virtuose, e dá à estas interpretações um grau de dificuldade técnica que beira o absurdo.
Concluo desta forma mais um ciclo de integrais, algo no qual acabei me “especializando”, sem querer ou planejar, mas sei que deixei muitos de nossos leitores felizes pela possibilidade de terem acesso a este material.
Enfim, vamos ao que interessa.
Nicolo Paganini – Concerto No 4 in D minor, & Concerto No 5 in A minor
01 – Concerto No 4 in D minor- 1. Allegro maestoso
02 – Concerto No 4 in D minor- 2. Adagio flebile con sentimento
03 – Concerto No 4 in D minor- 3. Rondo galante. Andantino gaio
04 – Concerto No 5 in A minor- 1. Allegro maestoso
05 – Concerto No 5 in A minor- 2. Andante, un poco sostenuto
06 – Concerto No 5 in A minor- 3. Finale – Rondo. Andantino quasi Allegretto
Salvatore Accardo – Violin
London Philarmonic Orchestra
Charles Dutoit
REVALIDADO POR VASSILY em 31/7/2015 e, novamente, em 6/6/2020
Apesar das intrigas dos infieis, nossopachorrento SAC (Serviço de Atendimento ao Chororô) não é nem a casa de tolerância, nem o balde de estrume que alguns dizem ser, não.
Provo: anteontem um pessoal pediu para revalidar os links dessa baita gravação dos Caprichos de Paganini com Shlomo Mintz e – voilà – eis que eles ressurgem aqui sob a guarda do ultraconfiável servidor PQPShare – não, não há servidor confiável.
Faço minhas as palavras do camarada FDP: a gravação é um banquete pantagruélico de dificuldades de arrepiar os cabelos. O israelense Mintz – apesar de já ter as madeixas ruivas naturalmente arrepiadas – tira de letra, sem arrepios adicionais, as velhaquices propostas por Paganini. Os contemporâneos acreditavam que o legendário violinista e compositor, distinto tanto pelo virtuosismo quanto pelo que chamaram de “fealdade fascinante”, estudara violino com o Cramulhão. Mintz logra uma proeza inatingível a uma boa parte dos intérpretes, com ou sem a mãozinha do Canhoto: fazer estas peças horrendamente difíceis soarem como música, que chega até – como no célebre Capricho no.24 – a ser muito boa.
A impressão que realmente se tem é de que as possibilidades técnicas do instrumento estejam todas exploradas, tocadas e exauridas – ainda que nessa obra, estranhamente, o cadavérico genovês não tenha lançado mão dos célebres harmônicos duplos (efeitos semelhantes a silvos, muito agudos e de difícil execução) de que tanto abusou em seus concertos.
Vassily Genrikhovich
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POSTAGEM ORIGINAL DE FDP BACH, EM 7/5/2013
O cara tem de ter um pé na insanidade para encarar a gravação destes 24 caprichos de Paganini, porque o negócio não é brincadeira não. Não conheço o linguajar técnico do violino, mas acho que todas as possibilidades do instrumento foram exploradas nestas pequenas peças para violino solo. Reconheço que ainda prefiro seus concertos para violino de Paganini e que esse excesso de técnica e virtuosismo me cansa por vezes, mas não seria louco a ponto de dizer que Shlomo Mintz não dá um show de interpretação e de virtuosismo neste CD e que não tem uma técnica apuradíssima. O ruivinho mata a pau… Divirtam-se…
01. Capriccio 1 – Andante en mi major
02. Capriccio 2 – Moderato en si minor
03. Capriccio 3 – Sostenuto – Presto – Sostenuto en mi minor
04. Capriccio 4 – Maestoso en do minor
05. Capriccio 5 – Agitato en la minor
06. Capriccio 6 – Lento en sol minor/
07. Capriccio 7 – Posato en la minor
08. Capriccio 8 – Maestoso en mi bemol major
09. Capriccio 9 – Allegretto en mi minor
10. Capriccio 10 – Vivace en sol minor
11. Capriccio 11 – Andante – Presto – Tempo I en do major
12. Capriccio 12 – Allegro en la bemol major
13. Capriccio 13 – Allegro en si bemol major
14. Capriccio 14 – Moderato en mi bemol major
15. Capriccio 15 – Posato en mi minor
16. Capriccio 16 – Presto en sol minor
17. Capriccio 17 – Sostenuto – Andante en mi bemol major
18. Capriccio 18 – Corrente – Allegro en do major
19. Capriccio 19 – Lento – Allegro assai en mi bemol major
20. Capriccio 20 – Allegretto en re major
21. Capriccio 21 – Amoroso – Presto en la major
22. Capriccio 22 – Marcato en fa major
23. Capriccio 23 – Posato en mi bemol major
24. Capriccio 24 – Tema, Quasi Presto – Variazioni – Finale en la minor
Damos prosseguimento à nossa sequência de peças para viola, este instrumento tão belo e injustiçado (agorafalou alto o meu ladoamargo de violista com remorso) e finalmente pousam aqui no P.Q.P.Bach algumas das exímias execuções de William Primrose(1904-1982). O escocês foi um dos maiores violistas que se tem registro, dono de técnica e precisão que deixariam qualquer dos melhores violinistas que já passaram por aí com, no mínimo, uma pontinha de inveja. Seu virtuosismo o levou a ser protagonista de uma quantidade bastante expressiva de gravações, num período em que ainda só existiam os LPs.
Neste LP transformado em CD o violista mostra sua versatilidade em três peças dedicadas ao instrumento.
O pseudo-barroco Concerto par Viola que Henri Casadesus compôs e atribuiu a Händel (hoje editado com o nome de “no estilo de Händel) está com o andamento coisa de uns 40% mais rápido que o original, o que faz com que se exacerbe o virtuosismo de Primrose, mas que dificulta a percepção da linha melódica de extrema beleza da música de Casadesus (futuramente encontrarei um CD no qual esse concerto esteja em seu andamento original, mais lento, e o postarei aqui). São escolhas: o virtuosismo em detrimento da melodia… Ainda assim, a peça é extremamente bela, no mesmo nível do Concerto que Casadesus atribuiu a J.C.Bach, não menos apaixonante, que postamos anteriormente aqui. Em seguida nos é apresentado o belo, melodioso e delicado Concerto para Viola de William Walton, com todas as características das composições do século XX (e que você pode comparar com a versão gravada pelo poderoso violista Lawrence Poweraqui). Nesta versão, a de Primrose, a regência está sob a batuta de nada menos que o próprio Walton, seu contemporâneo, e talvez por isso esteja mais próxima da concepção de seu autor. Não menos interessante é a terceira peça, do período romântico: a vibrante Haroldo na Itália, do francês Hector Berlioz. É a mais animada para fechar o CD, embora o papel do solo da viola seja o menos destacado das peças do álbum, ainda que os solos sejam muito bonitos. Há ainda uma quarta peça, o assustadoramente eloquente Capricho nº 5 de Niccolò Paganini, em transcrição feita para viola, que coloquei pra vocês como uma faixa-bônus, brindado-os com uma saideira do virtuosismo de William Primrose.
Ouça-o: tudo o que você achava sobre os violistas pode mudar depois desse álbum. Não perca!
Palhinha 1: Primrose executando o Capricho nº5 de Paganini
Palhinha 2: Primrose executando o Capricho nº24 de Paganini
Henri Casadesus (1879–1947)
Concerto para Viola em Si Menor no Estilo de Händel (A) 01. I. Allegro moderato
02. II. Andante ma non troppo
03. III. Allegro molto energico
William Walton (1902–1983)
Concerto para Viola (B) 04. I. Andante comodo
05. II. Vivo, con molto preciso
06. III. Allegro moderato
Hector Berlioz (1803–1869)
Harold in Italy (C) 07. I. Harold nas montanhas
08. II. Marcha dos peregrinos
09. III. Serenata
10. IV. Festa dos bandidos
William Primrose, viola A. RCA Victor Orchestra
Frieder Weissmann, regente B. Philharmonia Orchestra
William Walton, regente C. Boston Symphony Orchestra
Serge Koussevitsky, regente
(Este post é a reunião de três postagens dessa coleção de fevereiro de 2013)
Vanessa Mae? Aquela, toda pop? Com certeza, muito pop (já foi mais). É uma grande violinista que soube como nenhuma ser comercial (alguém tem que ganhar dinheiro nessa vida, né?).
Mas esqueçam aquela Vanessa que se tornou clichê! Aqui está a menina sem aquelas traquitanas eletrônicas, sem parafernália plugada, sem batidas sintéticas, sem arranjos de gosto duvidoso. Só ela, seu violino e orquestras tradicionais. É aqui que vemos realmente a Mae violinista! Uma senhora violinista!
É uma Janine Jansen? Não, com certeza. Mas ainda assim manda muito bem no simplesmente MARAVILHOSO, conhecido e batido Concerto para Violino de Tchaikovsky. O fato de ser conhecidíssimo não tira o mérito, muito menos a beleza deste concerto, um dos mais belos já escritos na face deste geóide azul, senão o mais…
Há ainda, do mesmo Tchaikovsky, a Dança Russa do Lago dos Cisnes, mais uma inspirada peça do autor e, para melhorar, o cativante e vibrante Concerto em Dó de Kabalevsky, que debuta aqui no P.Q.P.Bach já com muita propriedade: que música fez esse russo!
***
No segundo álbum da trilogia The Classical Colection, a singapurense Vanessa-Mae traz um repertório tão interessante ou mais que o anterior.
Começa com três peças: Schön Rosmarin, Liebeslied e Liebesfreud, do até então inédito aqui no P.Q.P.Bach, Fritz Kreisler, um dos maiores violinistas do século XX e também expressivo compositor de peças para o instrumento.
Depois ela ataca com o Concerto para violino em Ré ‘Adelaide’, de Marius Casadesus, outro que coloca hoje, pela primeira vez, seu nome no nosso rol com mais de 1200 autores. Ah, e que concerto belo! Vocês se lembram do grande engodo das descobertas forjadas dos irmãos Casadesus (aqui)? Pois é: esse concerto foi composto pelo francês, mas ele e seu grupo afirmavam tê-lo encontrado e ser o mesmo uma peça de autoria de Mozart. Muitos anos depois, apenas após a morte do irmão Henry Casadesus (que também criou composições e as atribuiu falsamente a C.P.E Bach, J.C. Bach e Händel) e do próprio Marius é que se descobriu a farsa. Convencionou-se chamar o concerto de “no estilo de Mozart” e dar-lhe a verdadeira autoria, de Marius Casadesus.
Por fim, um membro da Santíssima Trindade e totalmente assíduo aqui no blog: Ludwig van Beethoven (trindade completa por Bach e Mozart), em mais um Concerto para violino em Ré, talvez a peça mais conhecida deste álbum, e como não poderia deixar de ser, vindo de quem veio, tensa e vibrante.
Vanessa-Mae mostra que não é só um rostinho bonito e um pedaço de mau caminho: toca muito bem. Às vezes um pouco quadradinha e certinha demais, faltando um tanto de sangue na interpretação, mas muito boa, ainda que com esse senão.
Meu interesse maior, para além da interpretação falha ou estupenda, incorreta ou precisa de Mae, é colocar neste espaço composições que por aqui não deram o ar da graça ainda: e hoje temos seis faixas novinhas em folha (e belíssimas) para vosso deleite auricular.
***
Há ainda o terceiro CD, que encerra a trilogia The Classical Collection. Sim, aqui ela já está com saudades do pop e põe as asinhas de fora com o miolo do álbum…
Mas não é esse lampejo de popismo que vai inutilizar o CD. Há muita coisa boa mesmo! Bom, primeiro ela começa muito bem: ataca de Elgar, Bach e Brahms. Depois não resiste e vai para músicas de filmes, musicas, trilhas sonoras até o hino das Olimpíadas de Seul. Depois ela se lembra que a trilogia se chama The CLASSICAL Collection e volta para compositores eruditos, executando coisas belíssimas e deliciosas como a Fantasia de Carmen de Sarasate, e La Campanella (também super batida, apesar de genial), de Paganini. Dificílimas, para mostrar que, além de tudo (ou apesar de tudo), no violino, ela sabe e ela pode!
Eu não diria que é um CD para se ouvir de cabo a rabo, como são quase todos que postamos aqui, mas tem uma parte considerável de suas músicas que é brilhante e que merece uma audição atenciosa, cuidadosa e, principalmente, prazerosa.
***
Dispa-se do ranço e dos preconceitos contra a mocinha singapurense! O repertório é de primeira linha! Ela toca muito! Ouça! Ouça! Deleite-se!
Vanessa Mae
The Classical Colection
CD1: The Russian Album Dimitry Kabalevsky (1904-1987)
01. Concerto para violino em Dó, I. Allegro
02. Concerto para violino em Dó, II. Andante
03. Concerto para violino em Dó, III. Allegro giocoso Piotr Il’yich Tchaikovsky (1840-1893)
04. Dança Russa, d’O Lago dos Cisnes’
05. Concerto para violino em Ré, I. Allegro moderato
06. Concerto para violino em Ré, II. Canzonetta (Andante)
07. Concerto para violino em Ré, III. Finale (Allegro vivacissimo)
CD2: The Viennense Album Fritz Kreisler (1875-1962)
01. Schön Rosmarin
02. Liebeslied
03. Liebesfreud Marius Casadesus (1887-1945)
04. Concerto para Violino em Ré ‘Adelaide’, no estilo de Mozart, I. Allegro
05. Concerto para Violino em Ré ‘Adelaide’, no estilo de Mozart, II. Adagio
06. Concerto para Violino em Ré ‘Adelaide’, no estilo de Mozart, III. Allegro Ludwig van Beethoven (1770-1827)
07. Concerto para Violino em Ré, I. Allegro ma non troppo
08. Concerto para Violino em Ré, II. Laghettto
09. Concerto para Violino em Ré, III. Rondo (allegro)
CD3: The Virtuoso Album Edward Elgar (Broadheath, Inglaterra, 1857 – Worcester, Inglaterra, 1934)
01. Salut D’Armour Johannes Brahms (Hamburgo, Alemanha, 1833 – Viena, Áustria, 1897)
02. Lullaby Johann Sebastian Bach (Eisenach, Alemanha, 1685 – Leipzig, alemanha, 1750); 03. Ária da Corda Sol (Suíte Orquestral nº 3 em Ré, II. Adagio) Richard Charles Rodgers (Nova York, EUA, 1902 – 1979)
04. My Favorit Things (de ‘A Noviça Rebelde’ – The Sound of Music) Henry Mancini (Cleveland, EUA, 1924 – Beverly Hills, EUA, 1994)
05. The Pink Panter Michel Legrand (Paris, França, 1932)
06. Les Parapluies de Cherbourg (Os Guarda-chuvas do Amor) Albert Hammond e John Bettis
07. One moment in time (Hino do Jogos Olímpicos de Seul) John Lennon (Liverpool, Reino Unido, 1940 – Nova York, EUA, 1980) e Paul McCartney (Liverpool, 1942)
08. Yellow Submarine Tradicional
09. Frere Jacques Niccolò Paganini (Gênova, Itália, 1782 – Nice, França, 1840)
10. La Campanella Sze-Du
11. Chinese Folk Tune Fritz Kreisler (Viena, Áustria, 1875 – New York, EUA, 1962);
12. Tambourin Chinois Mario Castelnuovo-Tedesco (Florença, Itália, 1895 – Berverly Hills, EUA, 1968)
13. Fígaro George Gershwin (Nova York, EUA, 1898 – Hollywood, EUA, 1937)
14. Summertime (da ópera Porgy and Bess) Pablo Martín de Sarasate (Pamplona, Espanha, 1844 – Biarritz, França, 1908);
15. Concerto-fantasia sobre um tema de ‘Carmen’ Henryk Wieniawski (Lublin, Polônia, 1835 – Moscou, Rússia, 1880)
16. Fantasia Brilhante sobre temas de ‘Fausto’, de Gounod
Vanessa Mae, violino
CD1:
London Mozart Players (faixas 01 a 03 e 06 a 07)
Anthony Inglis, regente (faixas 01 a 03 e 06 a 07)
New Belgian Chamber Orchestra (faixa 04)
Nicholas Cleobury, regente (faixa 04)
CD2:
New Belgian Chamber Orchestra (faixas 01 a 03)
Nicholas Cleobury, regente (faixas 01 a 03)
London Mozart Players (faixas 04 a 06)
Anthony Inglis, regente (faixas 04 a 06)
London Symphony Orchestra (faixas 07 a 09)
Kees Bakels (faixas 07 a 09)
CD3:
New Belgian Chamber Orchestra (faixas 01 a 14)
Nicholas Cleobury, regente (faixas 01 a 14)
London Mozart Players (faixas 15, 16)
Anthony Inglis, regente (faixas 15, 16)
1991
Depois que nos acostumamos com a impressionante performance de Salvatore Accardo tocando os concertos de Paganini, outras gravações nos soam estranhas, com aquela sensação de que falta alguma coisa.
Não posso considerar Hilary Hahn uma novata, ao contrário, desde praticamente sua adolescência ela frequenta os palcos do mundo inteiro e estúdios de gravação. Mas claro, falta-lhe a experiência dos mais velhos. Mas digamos que o que lhe falta desta experiência sobra em ousadia e a impetuosidade da juventude. Paganini é para poucos, eu diria. O cara escreveu seis concertos para violino que são verdadeiras armadilhas para o solista. Pedreira em cima de pedreira. Muitos o acusam de ter deixado o violino muito em destaque e consideram sua orquestração fraca. Um Liszt do violino. Mas convenhamos, o cara era o maior violinista de seu tempo, e alguns até dizem que foi o maior de todos, assim como Liszt também era o grande nome de seu tempo e claro que sua preocupação era o show, as piroctenias e o exibicionismo, característicos de sua personalidade, segundo os biógrafos.
Voltando a Hilary Hahn concordo com as quatro estrelas da amazon, e digo mais: não dou mais porque achei fraco o desempenho da orquestra e de seu regente. Han fez direitinho o dever de casa, mas o tal de Eiji Oue aparentemente faltou à algumas aulas. mas não estraga o geral. Um disco do cacete para aqueles que gostam de violino e de virtuosismo e técnicas elevadas á enésima potência.
Ah, tem o Concerto de Louis Spohr. Conheço pouco sobre ele, sei que foi contemporâneo de Paganini e de Beethoven, e que teria trabalhado por um tempo com o próprio Beethoven quando este compunha seu Trio op. 70, n°1, “Ghost”. Maiores informações sobre esse compositor podem ser encontradas em http://en.wikipedia.org/wiki/Louis_Spohr .
01 Paganini – Violin Concerto No. 1 – I Allegro maestoso
02 II Adagio
03 III Rondo. Allegro spirituoso
04 Spohr L. – Violin Concerto No. 8 – I Allegro molto
05 II Adagio
06 III Allegro moderato
Hilary Hahn – Violin
Swedish Radio Symphony Orchestra
Eiji Oue – Conductor
Esta coleção foi postada originalmente há uns três anos atrás, mais ou menos, mas os links se apagaram. Demorei para repostá-los devido ao simples fato de não estar mais conseguindo encontrar os cds. Mas depois de muito fuçar minha bagunça, eis que os encontrei, e agora aqui está.
Estou fazendo uma megapostagem, com os três cds em um arquivo só no Megaupload. Tenho tido alguns aborrecimentos com o Hotfile, e o estou deixando de lado por um tempo até eles resolverem alguns questões.
Não vou falar muito sobre esta postagem, pois Paganini ocasiona algumas discussões violentas. Alguns o consideram superficial, apenas um virtuose cheio de frescuras, que não se preocupa com a parte orquestral, deixando o violino o tempo todo em primeiro plano. Outros o amam. Ou seja, trata-se de uma questão de amor e ódio. Serei breve em meu comentário: adoro estes concertos, e não ligo para a parte orquestral pobre, pois o que quero mesmo é ouvir o violino, já que o compositor é considerado um dos maiores violinistas de todos os tempos. Infelizmente não existia a indústria fonográfica naquela época para podermos melhor apreciar, mas deixemos isso então nas mãos deste gigante do instrumento, Salvatore Accardo. O regente é o sempre competente Charles Dutoit e a orquestra é “apenas” a Filarmônica de Londres. É pouco ou querem mais?
CD 1
01 – Concerto #1 in D major,op.6- Allegro maestoso
02 – Concerto #1 in D major,op.6- Adagio
03 – Concerto #1 in D major,op.6- Rondo. Allegro spiritu
04 – Concerto #2 in B minor,op.7- Allegro maestoso
05 – Concerto #2 in B minor,op.7- Adagio
CD 2
01 – Concerto No 3 in E major- 1. Introduzione
02 – Concerto No 3 in E major- 2. Adagio. Cantabile Spianato
03 – Concerto No 3 in E major- 3. Andantino vivace
04 – Concerto No 6 in E minor op. post.- 1. Risoluto
05 – Concerto No 6 in E minor op. post.- 2. Adagio
06 – Concerto No 6 in E minor op. post.- 3. Rondo ossia Polonese
CD 3
01 – Concerto No 4 in D minor- 1. Allegro maestoso
02 – Concerto No 4 in D minor- 2. Adagio flebile con sentimento
03 – Concerto No 4 in D minor- 3. Rondo galante. Andantino gaio
04 – Concerto No 5 in A minor- 1. Allegro maestoso
05 – Concerto No 5 in A minor- 2. Andante, un poco sostenuto
06 – Concerto No 5 in A minor- 3. Finale – Rondo. Andantino quasi Allegretto
Salvatore Accardo – Violino
London Philharmonic Orchestra
Charles Dutoit – Conductor
Eu realmente não gosto de Paganini. Eu realmente adoro estes caprichos. Como explicar? Convivo há anos com este paradoxo. Detesto os concertos, detesto as outras obras, amo — mas amo mesmo! — seu Op. 1. A gravação que Ilya Kaler fez para a Naxos é uma obra de arte a altura da música deste para mim estranho compositor. O som do violino é belíssimo, os andamentos parecem ser sempre os mais corretos. Na minha opinião muito pouco reverente aos ícones, dá para jogar fora os lendários registros de Accardo e tantos outros. São história.
Por favor, não pensem que sou apenas mais um dos admiradores do 24º Capricho, o qual inspirou Brahms, Rachmaninov e Lutoslawski a escreverem variações sobre ele. Não, gosto e ouço regularmente todos, apesar de reconhecer a genialidade do 24º.
IMPERDÍVEL!!!
Paganini: 24 Caprices, Op. 1
1. No. 1 in E major 00:01:56
2. No. 2 in B minor 00:02:47
3. No. 3 in E minor 00:03:46
4. No. 4 in C minor 00:07:27
5. No. 5 in A minor 00:02:34
6. No. 6 in G minor 00:06:26
7. No. 7 in A minor 00:03:43
8. No. 8 in E flat major 00:02:36
9. No. 9 in E major 00:02:53
10. No. 10 in G minor 00:02:09
11. No. 11 in C major 00:04:17
12. No. 12 in A flat major 00:03:01
13. No. 13 in B flat major 00:02:24
14. No. 14 in E flat major 00:01:15
15. No. 15 in E minor 00:02:50
16. No. 16 in G minor 00:01:38
17. No. 17 in E flat major 00:03:41
18. No. 18 in C major 00:02:44
19. No. 19 in E flat major 00:03:02
20. No. 20 in D major 00:03:37
21. No. 21 in A major 00:03:22
22. No. 22 in F major 00:02:39
23. No. 23 in E flat major 00:03:39
24. No. 24 in A minor 00:04:53
De vez em quando um leitor pergunta por que o blog ainda não tem nada de Paganini, o gênio do violino do século XIX, para alguns o maior violinista de todos os tempos. Respondemos então que com o tempo ele seria postado, seguimos nossos instintos em nossas postagens, nada é planejado. Muitos planos elaborados são deixados para trás, pois em determinado momento ao fuçarmos nossos cds encontramos algum material que achamos importante postarmos.
Mas Paganini realmente estava fazendo falta por aqui. Meu irmão PQP diz que não gosta de Paganini por causa de seu virtuosismo exacerbado. Tudo em excesso, o coitado do solista sofre, e, segundo ele, seus ouvidos também sofrem. Meu irmão PQP com certeza está exagerando um tanto quanto em sua opinião, sei que no fundo, no fundo, ele admira o virtuose italiano, assim como de certa forma se rendeu à Dvorak quando postei seu concerto para violino com o excepcional Maxim Vengerov.
Mas antes de começarmos com os concertos para violino, vamos á esses magníficos duos para violino e violão, nas mãos de outros dois mestres em seus instrumentos, Gil Shaham e Goran Sollscher. FDP Bach porém confessa: apesar de ser um grande cd, sua versão favorita de algumas dessas peças é com a dupla John Williams / Itzak Perlman, cujo cd infelizmente se encontra perdido, talvez emprestado para algum “amigo” que se “esqueceu” de devolve-lo. É a minha versão favorita por ser fã de John Williams desde minha adolescência.
Por não ter tido até então nenhum contato com o violonista sueco Goran Sollscher, fui atrás de sua biografia. E pude verificar, como os senhores podem ler aqui, que o cara não é pouca coisa não. Virtuose do instrumento, tem um repertório bem vasto, que vai de Bach á Beatles. E sua parceria aqui com Gil Shaham lhes valeu excelentes críticas pela imprensa especializada. Estou ansioso aguardando o novo cd dessa dupla, onde interpretam Schubert, a grande paixão da nossa colega Clara Schumann (claro que trata-se de uma paixão platônica, afinal Clara será sempre fiel ao seu Robert). Gil Shaham já me era conhecido, mas nunca tinha ouvido com atenção suas interpretações. Bem, que podemos dizer além de que ele segue a tradição dos grandes violinistas judeus, como Perlman, Heifetz, Mintz, Stern, Szering, entre tantos outros? Além de tocar com um Stradivarius 1699, claro, do qual consegue tirar sons que possivelmente não conseguiria com outro instrumento.
Enfim, fiquemos pois com esse belíssimo cd, que tenho certo certeza lhes proporcionará momentos de intenso prazer.
Nicólo Paganini (1782-1840) – Paganini for Two
1. Sonata concertata M.S. 2 per chitarra e violino in A major – Allegro spiritoso
2. Sonata concertata M.S. 2 Sonata per chitarra e violino in A major – Adagio, assai espressivo
3. Sonata concertata M.S. 2 per chitarra e violino in A major – Rondeau. Allegretto con brio, scherzando
4. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.1 – in A major – Larghetto
5. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.1 – in A major – Presto Variato – Variazione
6. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.4 – in A minor – Andante largo
7. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.4 – in A minor – Allegretto
8. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.6 – in E minor – Andante
9. Sei sonate M.S. 27 (op.3) per violino e chitarra / Sonata n.6 – in E minor – Allegro vivo e spiritoso – Minore
10. Grand Sonata M.S.3 per chitarra e violino – in A major
11. Centone di sonate M.S.112 per violino e chitarra – Lettera A: / Sonata n.2 – in D major – Adagio cantabile
12. Centone di sonate M.S.112 per violino e chitarra – Lettera A: / Sonata n.2 – in D major – Rondoncino. Andantino, Tempo di Polacca – Minore
13. Centone di sonate M.S.112 per violino e chitarra – Lettera A: / Sonata n.4 – in A major – Adagio cantabile
14. Centone di sonate M.S.112 per violino e chitarra – Lettera A: / Sonata n.4 – in A major – Rondo. Andantino. Allegretto – Minore – Maggiore
15. Cantabile M.S.109 – in D major – per violino e chitarra (pianoforte)
16. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – 1. Introduction. Allegro
17. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – 2. Thème. Tempo alla Marcia
18. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – Var. I
19. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – Var. II. Vigoroso –
20. Sonata a preghiera M.S.23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – Var. III.
21. Sonata a preghiera M.S. 23 – in F minor per violino IV corda e chitarra – transcrip. f. guitar L.Hannibal – 3. Finale
22. Allegro vivace a movimento perpetuo M.S.72 (op.11) in C major – per violino e chitarra – Revision of guitar part Lars Hannibal