.: interlúdio :.

Bons fluidos de ano novo, parte 2: o swing. Mais uma constelação: Ella Fitzgerald e Louis Armstrong interpretando as canções dos irmãos Gershowitz, ou melhor, Gershwin.

“I never knew how good our songs were till I heard Ella sing them” – I. Gershwin

Além de ser uma excelente trilha para celebrar, Louis deve sua história, de certo modo, a um reveillon. O de 1912 – em que festejou com tiros de pistola para cima. Um policial estava por perto e o recolheu; ele passaria os dois anos seguintes num reformatório, onde ganharia instrução musical, e acabaria se tornando líder daquela banda aos 13. Poucos anos depois, diria ao mundo que o ragtime era agora o jazz, e com seu trompete espalharia o sorriso que sempre trazia no rosto. Ella, apaixonante, é retratada aqui num período de excelência vocal – e se o leitor não conhece este disco, prepare-se para ter um novo referencial absoluto em canções como “They Can’t Take That Away from Me”, “A Foggy Day” e “Summertime”.

Our Love Is Here To Stay: Ella & Louis Sing Gershwin (192)
Composto por Ira & George Gershwin
Produzido por Norman Granz para a Verve

1956, 16/08 – 4, 9
1957, 23/07 – 5, 8, 12
1957, 14/10 – 10, 15
1957, 07/10 – 16
1957 – 1, 3, 11, 13
1959 – 2, 6, 7, 14

download – 91MB
01 I Got Plenty O’ Nuttin – 3’54
02 He Loves And She Loves – 2’48
03 A Woman Is A Sometine Thing – 4’49
04 They Can’t Take That Away From Me – 4’41
05 Let’s Call The Whole Thing Off – 4’13
06 Strike Up The Band – 2’36
07 Things Are Looking Up – 3’05
08 They All Laughed – 3’48
09 A Foggy Day – 4’33
10 How Long Has This Been Going On? – 6’01
11 Summertime – 5’01
12 Love Is Here To Stay – 3’59
13 There’s A Boat Dat’s Leavn’ Soon For New York – 4’55
14 ‘S Wonderful – 3’31
15 I Was Doing All Right – 3’24
16 Oh, Lady Be Good! – 3’59

Boa audição!

.: interlúdio :.

Com o natal para trás, é hora de pensar na trilha da passagem de ano.

Bons fluidos? Parte um, o bebop. Veloz, agitado, alegre, vivo. E o foi como nunca, talvez, naquele 15 de maio de 1953, em que o Massey Hall de Toronto recebeu um grupo que faria uma única apresentação, sob o nome de “The Quintet”. Parker, Gillespie, Mingus, Powell, Roach. Falem agora sobre supergrupos!

A qualidade da gravação não é das melhores, infelizmente. Mingus, que ficou com as fitas da noite em troca do cachê dos músicos – o Massey Hall não chegou a encher pela metade -, teve que regravar os improvisos de baixo em estúdio, já que a gravação era direta dos alto-falantes do clube. Lançou o disco pelo seu próprio selo (com Powell de sócio) e fez excelente dinheiro – mesmo creditado como “Charlie Chan”, para evitar problemas com a Verve, sua gravadora (que recusou a pedida de 100 mil dólares que Mingus fez pelas fitas). Por outro lado, não há registro que se pareça com a reunião daquela noite; um show que foi uma espécie de cair das cortinas para o bebop. Ases do jazz, que jamais haviam tocado juntos nessa formação, improvisando com prazer e divertindo a si mesmos e a platéia (como na fantástica leitura de “Salt Peanuts”, com Mingus e Gillespie implicando um com o outro na frase-tema).

São muitas as edições deste disco – freqüentemente citado como o maior concerto de jazz de todos os tempos. A apresentada aqui traz outras seis faixas que foram executadas naquela noite, por um time reduzido – Powell com Roach e Mingus. Peguem uma mesa no Massey Hall, entrem no climae ouçam com reverência.

The Quintet – Jazz at Massey Hall (VBR)
Dizzy Gillespie: trumpet
Charles Mingus: bass*
Charlie Parker: alto sax
Bud Powell: piano*
Max Roach: drums*
Produzido por Charles Mingus para a Debut

download – 89MB
01 Perdido (Tizol, Lengfelder, Drake) – 7’53
02 Salt Peanuts (Gillespie, Clarke) – 7’51
03 All the Things You Are (Hamerstein, Kern) – 8’10
04 Wee (Best) – 6’55
05 Hot House (Dameron) – 9’29
06 A Night in Tunisia (Gillespie, Paparelli) – 7’52

07 *Embraceable You (Gershwin, Gershwin) – 4’21
08 *Sure Thing (I. Gershwin, Kern) – 2’09
09 *Cherokee (Noble) – 4’51
10 *Jubilee (Gillespie) – 3’54
11 *Lulaby Of Birdland (Weiss, Shearing) – 2’33
12 *Bass-Ically Speaking (Gillespie) – 4’01

Boa audição!

.: interlúdio :.

Primeiro, o aviso: alguns amigos tiveram problemas com os arquivos ogg deste disco do Pat Metheny e do John Scofield. Não mais temam: eis, neste link, o disco em formato mp3, 192k.

Mas já que vim atualizar o arquivo, aproveitei para trazer o homem por trás do disco de Scofield e Metheny – e de todos os outros guitarristas de jazz pós-1940: Lester Polfuss.

Cover

Les Paul tem um nome associado à produção do rock (por seu pioneirismo como inventor e luthier), mas foi um exímio, se não o maior, guitarrista de jazz. Tão bem-sucedido que começou, tocando nas rádios de Chicago, que quando lançou um disco de hillbilly, preferiu usar um pseudônimo.

Como pessoa, Les Paul é (sim, ainda está vivo aos 92, e toca toda segunda-feira) um gênio inquieto – refez a guitarra, criou o reverb e a gravação multipista, montou uma rádio pirata em NY, 1940. Como músico, foi apadrinhado por Bing Crosby e seu estilo pavimentou as estradas do guitar jazz. O disco trazido aqui é uma coletânea – o estilo veloz e de extremo virtuosismo de Paul passa pelo swing, segue firme com um bop de velocidade e técnica, lembra em momentos o blues rural e ainda flerta com regionalismos como o havaiano e o latinoamericano. Estas gravações foram feitas para a Decca e são anteriores ao período em que fez sucesso com sua esposa, Mary Ford – entre 1946 e 51. A compilação é de 1971.

The Guitar Artistry of Les Paul (320)

download – 60MB

01 Begin The Beguine (Porter) – 3’03
02 Sweet Leilani (Owens) – 3’03
03 Dark Eyes (Traditional) – 2’41
04 My Isle Of Golden Dreams (Kahn, Blaufuss) – 2’45
05 Guitar Boogie (Smith) – 2’33
06 Blue Skies (Berlin) – 2’39
07 To You Swetheart Aloha (Owens) – 2’50
08 Dream Dust (Marcus, Wood, Seiler) – 2’54
09 Hawaiian Paradise (Owens) – 3’06
10 Steel Guitar Rag (Travis, McAuliffe, Stone) – 2’51

Boa audição!

.: interlúdio :.

Álbums de canções natalinas, quando não são piegas, são extremamente comerciais. Entre as exceções está o Silent Night de Chet Baker, gravado em 7 de janeiro de 1986. Um disco belo, técnico e honesto, para ser escutado poucas vezes ao ano. Aproveitem!

Chet Baker W Silent Nights Front Orig

Chet Baker & Christopher Mason Quartet – Silent Night (128)
Chet Baker: trumpet
Christopher Mason: sax alto
Mike Pellara: piano
Jim Singleton: bass
Johnny Vidacovich: drums

download – 34MB

01 Silent Night Pt.1 – 2’54
02 The First Noel – 2’06
03 We Three Kings – 2’28
04 Hark, the Herald Angels Sing – 2’01
05 Nobody Knows the Trouble I’ve Seen – 3’57
06 Amazing Grace – 3’38
07 Come All Ye Faithful – 4’28
08 Joy to the World – 2’41
09 Amen – 1’41
10 It Came Upon A Midnight Clear – 1’57
11 Swing Low, Sweet Chariot – 3’24
12 Silent Night Pt.2 – 4’01

Boa audição!

.: interlúdio :.

Passei tanto tempo pesquisando e montando as datas e line-ups das gravações que o dia virou. Então deixemos as delongas de lado e passemos a uma compilação magnífica de uma das maiores entre todas – em seu apogeu, formando estilo, fazendo escola, arrepiando até a espinha do ouvinte.

Billie Holiday From The Original Decca Masters

 

Billie Holiday – Original Decca Masters (192)

[1] 17/08/49, Buster Harding and his Orchestra
[2] 19/10/49, Gordon Jenkins and his Orchestra
[3] 08/09/49, Sy Oliver and his Orchestra
[4] 08/03/50, Holiday and her Orchestra
[5] 22/01/46, Billie Holiday accompanied by Bill Stegmeyer Orchestra
[6] 29/08/49, Sy Oliver and his Orchestra
[7] 04/10/44, Billie Holiday with Toots Camarata Orchestra
[8] 30/09/49, Louis Armstrong and Sy Oliver Orchestra
[9] 13/02/47, Billie Holiday accompanied by Bob Haggart Orchestra

download AQUI – 67MB

01 Ain’t Nobody’s Business If I Do (Grangier) [1] – 3’23
02 Baby Get Lost (Feather) [1] – 3’17
03 Them There Eyes (Tauber) [6] – 2’51
04 Keeps on Rainin’ (Williams) [6] – 3’16
05 God Bless the Child [4] – 3’10
06 Do Your Duty (Sox Wilson) [3] – 3’17
07 You’re My Thrill (Clare) [2] – 3’24
08 Gimmie a Pigfoot (And a Bottle of Beer) (Sox Wilson) [3] – 2’46
09 Crazy He Calls Me (Sigman) [2] – 3’05
10 Now or Never (Lewis) [8] – 3’18
11 Please Tell Me How (Pope) [2] – 3’15
12 Lover Man (Where Can He Be) (Sherman) [7] – 3’23
13 Good Morning Heartache (Fisher) [5] – 3’09
14 Solitude (DeLange) [9] – 3’11
15 This Is Heaven to Me (Reardon) [4] – 2’52

Boa audição!

.: interlúdio :.

Ellington Trane

Sim, mais um interlúdio, mais momento de jazz nesse blog que preza antes de tudo a boa música.
Blue Dog veio de Miles, PQP veio de Gary Peacock/Ralph Towner, então FDP resolveu também jogar pesado, e vir com outro clássico, desta vez juntando dois gênios, dois dos maiores músicos da história do jazz, quiçá da história da música no século XX: Duke Ellington e John Coltrane.
Existem certos temores quando dois músicos deste nível se reunem, mas analisemos o seguinte: Ellington nessa época, 1962, já era o grande gênio da música americana, e Coltrane estava se estabelecendo em definitivo como o gênio que era. Verdade seja dita: quem se destaca no cd é o próprio Coltrane, seu sax soprano, e em alguns momentos, tenor, comanda, seus solos são altamente elaborados e detalhistas, porém extremamente controlado, e só a versão de “In the Sentimental Mood” já vale o disco. A formação é a seguinte:
Duke Ellington – Piano
John Coltrane – Saxophones
Jimmy Garrison – Bass
Elvin Jones – Drums
Sam Woodyard – Drums

Ou seja, o base clássica de Coltrane, adicionando simplesmente Ellington no piano e Sam Woodward, que era músico de Ellington. Não há como não concordar com o resenhista da amazon.com :
“Duke Ellington and John Coltrane are, individually, two tremendously influential and vital figures in the world of jazz who could do no wrong as far as I’m concerned. But when you combine their talents on record, then you have a recording that’s not only music, it’s also a piece of history.”

Enjoy it…

Duke Ellington & John Coltrane

1. In A Sentimental Mood
2. Take The Coltrane
3. Big Nick
4. Stevie
5. My Little Brown Book
6. Angelica
7. The Feeling Of Jazz

BAIXE AQUI

.: interlúdio :.

Este interlúdio caprichado deveria ter sido postado na sexta, para acompanhá-los no fim de semana glorioso que chegava – porém não pude escrever e ainda pouco posso. Mas que isso não os impeça mais de ter contato com um grande registro.

Discos de jazz gravados ao vivo no Village Vanguard – 178 7th Av South, NYC – são uma “franquia” renomada. Qual o primeiro (de mais de uma centena) gravado no clube, aberto em 1935? Este, de Sonny Rollins, que hoje faz pouco mais de 50 anos – traduz o dia 3 de novembro de 1957, em duas sessões; uma matinê e outra noturna. De Rollins, digo o básico que deveria se saber: embora jamais tenha tido o reconhecimento que Davis e Trane tiveram, Sonny foi um instrumentista – e não compositor, por isso o degrau abaixo – fantástico, o melhor do sax tenor. Antes dos 20 já tocava com Monk. Após o período usual de recupeção de heroína (no início dos 50), estabeleceu-se como uma das maiores expressões do jazz. E, hoje, tendo nascido em 1930, é umas das poucas figuras ainda vivas – e ativas – daquele tempo.

Atentem para o strolling, estilo corajoso perpetrado por Rollins que dispensa o uso de piano na banda. Notem a felicidade de um músico de 27 anos, no auge de seu talento. Trago aqui a edição de 1999 que leva o selo do produtor, Rudy Van Gelder, e traz a sessão completa de gravações. Os arquivos estão compactados separadamente – ou seja, se você não tem uma conta paga do Rapidshare, pode curtir a primeira parte enquanto espera o limite de tempo para baixar a segunda.

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Sonny Rollins – A Night at the Village Vanguard (256)

Sonny Rollins: tenor saxophone
Donald Bailey: double bass [afternoon]
Pete LaRoca: drums [afternoon]
Wilbur Ware: double bass [evening]
Elvin Jones: drums [evening]

Produzido por Rudy Van Gelder para a Blue Note

download AQUI – parte 1 (86 mB) parte 2 (MB)
01 A Night In Tunisia [afternoon] – 8’16
02 I’ve Got You Under My Skin [afternoon] – 10’03
03 A Night in Tunisia [evening] – 9’03
04 Softly As In A Morning Sunrise [evening] – 6’43
05 Four [evening]- 8’26
06 Introduction [evening] – 0’20
07 Woody ‘n’ You [evening] – 8’29
08 Introduction #2 [evening] – 0’29
09 Old Devil Moon [evening] – 8’21
10 What Is This Thing Called Love? [evening]- 14’03
11 Softly As In A Morning Sunrise – 8’03
12 Sonnymoon for Two [evening] (Rollins) – 8’46
13 I Can’t Get Started – 4’54
14 I’ll Remember April [evening] – 9’20
15 Get Happy [evening] – 9’08
16 Striver’s Row (Rollins) [evening] – 5’59
17 All The Things You Are [evening] – 6’46
18 Get Happy – 4’40

Boa audição, e boa semana!

Blue Dog

.: interlúdio :.

Antes de mudar o jazz, o Coltrane pós-Miles Davis Quintet produziu um par de discos de hard-bop. Este é o primeiro deles, considerado a estréia de Trane como músico completo – saxofonista, compositor e band leader.

Blue Train foi gravado no dia 15 de setembro de 1957, e traz como abertura uma das faixas mais memoráveis do estilo, um dos riffs mais grudentos e reconhecíveis do jazz. Ao longo das cinco músicas, apenas um standard; e delas, duas – Moment’s Notice e Lazy Bird – trazem já a marca do ‘Blue Trane’ que surgiria poucos anos depois.

A edição trazida aqui é a de 1997, com dois takes alternativos. Os arquivos .rar são independentes e podem ser extraídos em separado; os takes adicionais estão no segundo pacote.

Blue Train

John Coltrane – Blue Train (320)
John Coltrane: tenor saxophone
Lee Morgan: trumpet
Curtis Fuller: trombone
Paul Chambers: bass
Kenny Drew: piano
Philly Joe Jones: drums
produzido por Alfred Lion para a Blue Note

download AQUI – parte 1 (93 MB) parte 2 (37 MB)
01 Blue Train – 10’41
02 Moment’s Notice – 9’09
03 Locomotion – 7’13
04 I’m Old Fashioned (Kern, Mercer) – 7’57
05 Lazy Bird – 7’05
06 Blue Train alt take – 9’56
07 Lazy Bird alt take – 7’14

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :.

Quando souberam que eu possuía esse CD, PQP Bach e Blue Dog me intimaram a postá-lo. Portanto, eis Ah Um!, do Charles Mingus, um dos maiores discos da história do Jazz. Só a faixa 2, “Good Bye Pork Pie Hat”, composta em homenagem ao grande Lester Young, um dos maiores sax tenor da história, já vale o CD. Juntamente com os arquivos das músicas, coloquei o libreto, que escaneei e converti para .pdf, para todos terem acesso a maiores informações.

Charles Mingus – Ah Um !

1. Better Git It In Your Soul
2. Goodbye Pork Pie Hat
3. Boogie Stop Shuffle
4. Self-Portrait In Three Colors
5. Open Letter To Duke
6. Bird Calls
7. Fables Of Faubus
8. Pussy Cat Dues
9. Jelly Roll
10. Pedal Point Blues
11. GG Train
12. Girl Of My Dreams

BAIXE AQUI

.: interlúdio :.

70261
Um dia emprestei para Blue Dog todos os meus CDs e vinis de Charlie Mingus. Ele é esperto, tem a religião da música e sabe que há coisas tão puras e perfeitas que não deveriam, na verdade, serem confundidas com religião. Só que, na época, eu não tinha esta maravilha chamada Mingus Oh Yeah. Imaginem que Trauriger Hund ficou sem! Isso eu não posso suportar.

Neste disco originalmente de 1962 as faixas só iam até a sétima. Aqui, Mingus está um pouco diferente do normal, pois além de compor as obras-primas de sempre e tocar seu contrabaixo, ele t5ambém é responsável pelos solos de piano e… pelos vocais. Eu duvido que outro disco de jazz – disco original, não antologias – tenha uma seqüência de músicas mais perfeita do que Devil Woman, Wham Bam Thank You Ma’am, Ecclusiastics, Oh Lord Don’t Let Them Drop That Atomic Bomb On Me e Eat That Chicken; com destaque para a inacreditável Ecclusiastics e a engraçadíssima Eat that chicken.

Um CD para ouvir várias vezes em seqüência e depois sair na rua, sabendo-se alguns centímetros mais alto.

P.Q.P. Bach.

P.S.- Vocês já devem ter notado que eu nunca coloco a capa dos CDs em minhas postagens, mas esta é tão legal, né?

Mingus Oh Yeah

1 Hog Callin’ Blues
2 Devil Woman
3 Wham Bam Thank You Ma’am
4 Ecclusiastics
5 Oh Lord Don’t Let Them Drop That Atomic Bomb On Me
6 Eat That Chicken
7 Passions Of A Man
8 “Old” Blues For Walt’s Torin
9 Peggy’s Blue Skylight
10 Invisible Lady

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

.: interlúdio :.

Eleanora nunca teve vocação para diva. Talvez a artista de vida mais difícil e conturbada da era de ouro do jazz, foi salva por um carisma inimitável e sua voz marcante e rasgada. Mais sobreviveu do que viveu, de tantos abusos e tanto abusar. Este Lady in Satin é um disco feito de suas cicatrizes. Gravado em três sessões, de 19 a 21 de janeiro de 1958, traz Billie Holiday aos 42 anos, com a voz já muito machucada. Foi uma de suas últimas gravações; morreria no ano seguinte, de cirrose, num quarto de hospital vigiado pela polícia. O disco é rejeitado por alguns críticos, que classificam o acompanhamento da orquestra de 40 integrantes de Ray Ellis de ‘burocrático’ e julgam a qualidade das gravações de Billie abaixo da média. Mas o motivo que o fez motivo de culto entre os fãs – como eu – é a crueza e a emoção com que Lady Day interpreta estas canções. Se o acompanhamento é, de fato, mais veículo para a voz de Billie, ora, tanto melhor; ouve-se cada nota de sua rouca e terna voz.

Em muitas faixas, a emoção da cantora transborda das faixas e atinge o ouvinte. “I’m a Fool to Want You”, que ela gravou em lágrimas, é uma delas. “But Beautiful” é uma preferida pessoal e vem numa gravação dedicada e marcante. Mais do que técnica, o que Billie parece propor é um registro de quanta sensibilidade sua voz pode carregar, e o que se tem é um álbum que fica bastante próximo de quem o ouve. A edição aqui apresentada é a de 1997, com takes alternativos e um ensaio bastante interessante, em que Billie reclama que não conhece direito a canção (“The End of a Love Affair”), para logo após seguir-se um take da orquestra executando a peça para ela – que ainda tenta seguir à capella no final da faixa. Detalhes que fazem desse disco a belíssima obra de uma mulher, antes de uma cantora.

LadyInSatinBillie Holiday – Lady in Satin (VBR)
com o acompanhamento da orquestra de Ray Ellis

Produzido por Irving Towsend para a Columbia

download aqui – 93mB
01 I’m a Fool to Want You – 3’23
02 For Heaven’s Sake – 3’26
03 You Don’t Know What Love Is – 3’48
04 I Get Along Without You Very Well – 2’59
05 For All We Know – 2’53
06 Violets for Your Furs – 3’24
07 You’ve Changed – 3’17
08 It’s Easy to Remember – 4’01
09 But Beautiful – 4’29
10 Glad to Be Unhappy – 4’07
11 I’ll Be Around – 3’23
12 The End of a Love Affair mono CL1157– 4’46
13 I’m a Fool to Want You take 3 CL1157 – 3’24
14 I’m a Fool to Want You take 2 – 3’23
15 The End of a Love Affair: The Audio Story – 9’49
16 The End of a Love Affair stereo – 4’46

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio – Duofel :.

Manter um duo de violões por mais de duas décadas já é por si só um feito notável. Ainda mais com a integridade artística de Fernando Melo e Luiz Bueno, instrumentistas e compositores do Duofel, que desde seu primeiro encontro, em 1977, têm priorizado a qualidade musical e a investigação sonora. (da biografia no eJazz)

Colei a descrição porque é bastante apropriada. Não apenas a virtuose, os arranjos delicados e vigorosos, a musicalidade de diversas vertentes – também a inquietação, o caminho harmônico menos usado, as cromias exploratórias. São afilhados de Hermeto e por aí se pode saber por onde andam, andaram e andardão.

Este Atenciosamente, de 1999, foi lançado pela gravadora Trama – o que tornou mais acessível o trabalho do duo. São doze faixas, homenagens aos muitos músicos com quem trabalharam ao longo da carreira (no encarte, cada música ganha pequena história e dedicatória), em uma espécie de showcase do jazz contemporâneo brasileiro. Álbum fácil em algumas faixas (O Amigo da Chuva, Floresta dos Elfos – em homenagem à Tetê Espíndola, de quem foram músicos de apoio no começo dos 80), intrépido em outras (É pra Jards, Jazz à Vienne), ainda tem fôlego para ser poético (Azul da Cor da Manteiga) e abstrato (Fax para Uakti). Um disco cheio, de produção cristalina, perfeito para ocupar todos os espaços da casa quando precisamos renovar os ânimos.

Post ampliado + links revalidados out/2011. O disco ao vivo é excelente, e quer mais? Conta com Hermeto Paschoal entre as participações. Não coloquei indicação na tracklist de propósito; quando ele chega, o ouvinte sabe de imediato. Perdoem os links em duas partes.


Duofel – Atenciosamente /1999 [320]
download – mediafire parte1 parte2

01 Procissão
02 Subindo o Tapajós
03 Floresta dos Elfos
04 Azul da cor da manteiga
05 Fax para Uakti
06 Norwegian Wood
07 O amigo da chuva
08 É pra Jards
09 Boissucanga
10 Atenção: Lombada!
11 Jazz à Vienne
12 Garoando no Bixiga


Duofel – 20 /2000 [320]
download – mediafire parte1 parte2

01 Calypso nervoso
02 No caminho das Pedras
03 Pede, Moleque!
04 É pra Jards
05 Subindo o Tapajós
06 Lamento Noturno
07 Do outro Lado do Oceano
08 Diálogo
09 Fax para Uakti
10 Surfando no trem
11 Azul da cor da manteiga
12 Espelho das águas
13 Gismontada

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :.

P.Q.P. Bach retorna ao jazz por causa de Charlie Mingus.

Este CD é atual e mostra o trabalho de três grupos dedicados a manter a música altamente revolucionária e – por que não? – erudita de Mingus. Ouçam e depois falem comigo! O 14-man group The Mingus Big Band, que já apareceu em várias formações, divide o CD com a pouco convencional 10-man group Mingus Orchestra e com o mais conhecido septeto Mingus Dynasty. O CD inaugura o novo selo de propriedade da viúva do compositor, Sue Mingus.

A lista de instrumentistas é impressionante: trompetistas como Jack Walrath e Randy Brecker, saxofonistas como Craig Handy, trombonistas como Ku-umba Frank Lacy, e mais as extraordinárias novidades Orrin Evans (piano), Kenny Rampton (trompete) e Miguel Zenon (saxofonista).

Há muita coisa a ouvir. Minhas preferidas são Song With Orange, Orange Is The Color Of Her Dress e Wednesday Night Prayer Meeting. Notáveis também são Todo Modo, escrita para o cinema italiano, mais exatamente para a versão em filme da esplêndida novela homônima de Leonardo Sciascia, Tensions onde o baixista russo Boris Kozlov reencarna Mingus de forma arrepiante e Pedal Point Blues, em que o exuberante sax barítono Ronnie Cuber, repete o show que já apresentara em Song with Orange.

A Downbeat deu a este CD quatro em cinco estrelas, a Jazztimes deu cinco em cinco.

Ah, o nome do CD é I am Three.

1. Song With Orange 11:48 (Mingus Big Band)
2. MDM 5:16 (MBB)
3. Chill Of Death 3:48 (Mingus Orchestra)
4. Paris In Blue 3:49 (MBB)
5. Tensions 7:54 (MBB)
6. Orange Is The Color Of Her Dress 10:52 (MBB)
7. Cell Block F ‘Tis Nazi Usa 5:55 (Mingus Dynasty)
8. Todo Modo 12:36 (MO)
9. Wednesday Night Prayer Meeting 5:23 (MD)
10. Pedal Point Blues 9:04 (MBB)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (Parte 1) – 100 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (Parte 2) – 8 MB

.: interlúdio :.

Já estamos quase na sexta-feira e o final de semana se aproxima benfazejo; este cão inicia os trabalhos – no clima e no temperamento, ao menos – jogando alto com a intensidade e a vivacidade do jazz de Wes Montgomery.

Aos que precisam de apresentações, não percamos tempo: eis o homem que verteu Django Reinhardt para o jazz e fez da guitarra um instrumento de solo no bop. Clichês à parte, Wes reinventou a guitarra com seu estilo – que não apenas se tornou referencial para todos os guitarristas de jazz posteriores mas encantou cérebros como os de Jimi Hendrix. Não falo muito de técnica porque não muito entendo, e também porque nem sempre é necessário; mas este era um músico que, além de tocar sem palheta, podia dobrar o dedão pra trás até tocar o punho. (Nossa sorte é que ele não se deixou envolver pela gypsy music.)

“Full House” foi gravado em 25 de junho de 1962 no Tsubo, um bar de jazz na Califórnia. O acompanhamento é excelente: o Winton Kelly Trio, que tocava com sempre exigente Miles Davis, e Johnny Griffin, talentoso e veloz saxofonista, amigo dos tempos em que tocaram com Lionel Hampton. Miles estava na cidade e o trio tinha uma noite livre. Toparam fazer um show e em breve mandavam o trompetista às favas para gravar com Wes. Em estúdio, Wes é brilhante; mas nos registros ao vivo, sua música irrompe dos alto falantes para existir como no instante em que foi captada. Mágico assim. A abertura, homônima, tem um dos riffs easy-living mais memoráveis do jazz. De súbito, o solo de Wes cresce com harmonia e suavidade; a seção rítimca insiste em dissonâncias e o guitarrista responde os desafios com mais notas suavemente colocadas nas esquinas do tema. Quer dizer, se você não for cativado pelos 3 minutos do primeiro solo de Full House, tente de novo após uma dose de uísque. Esse é o solo que, uma vez assimilado, vai ser o parâmetro de todos os outros. Momento de gênio em bits digitais? Não deixe passar. Wes é daqueles que toca com a banda, e que surge daqui é um dos menires que marca toda a história.

A faixa dois é a outra face: as baladas. Canções suaves e dedilhadas em notas médias, gentis e suaves e quase bossa nova (no espírito). Uma pausa antes de Blue ‘n’ Boogie, de Gillespie – ou seja, um hard bop de tirar o fôlego) e de Carlba, um swing verdadeiramente rejuvenescedor. Come Rain or Come Shine vem com take duplo (assim como a seguinte, S.O.S. – o rip é da versão desse ano, da Original Jazz Classicas); no take 2, além da qualidade melhor no som, Wes está mais solto, menos preso ao tema. S.O.S tem um riff dobrado de sax e guitarra em alta velocidade que é genial; no take 3, se ouve o sax um pouco mais alto. O encerramento, Born to be Blue, é uma desaquecida – como de costume de Wes, que também gostava de fechar os shows com (uma leitura fantástica de) Round About Midnight, de Monk. Outra balada virtuosa e contemplativa, em solos que deixam refletir a música recém adquirida. A música de Wes Montgomery é generosa e deixa os ouvintes gratificados.

Como fica claro, é um dos meus preferidos entre os preferidos. Ataquem-no!

Post ampliado + links revalidados nov/2011. Ainda bem que o link daquela cópia em 128k expirou; agora o temos em sabor V0. Pra não perder o trem da edição do post, adicionei ainda Far Wes, disco de 1958, tempo em que o jovem Wes ainda era um obscuro guitarrista; neste, que é apenas seu segundo disco, ele começaria a ganhar a atenção devida. A formação tem como base o Montgomery Trio, e as composições próprias já demonstram o caminho que hoje bem conhecemos. No entanto o par de faixas superiores no disco é de outrem: Hymn for Carl e Monk’s Shop se destacam e grudam no ouvido sem pedir licença.


Wes Montgomery – Full House /1962 [V0]
Wes Montgomery, guitar; Johnny Griffin, tenor sax; Wynton Kelly, piano; Paul Chambers, bass; Jimmy Cobb, drums. Produzido por Orrin Keepnews para a Riverside
download – mediafire /110MB

01 Full House (Montgomery) – 9’14
02 I’ve Grown Accustomed to Her Face (Lerner, Loewe) – 3’18
03 Blue ‘n’ Boogie (Gillespie, Paparelli) – 9’31
04 Cariba take 2 (Montgomery) – 9’35
05 Come Rain or Come Shine take 2 (Mercer, Arlen) – 6’49
06 Come Rain or Come Shine take 1 – 6’49
06 S.O.S. take 3 (Montgomery) – 4’57
06 S.O.S. take 2 – 4’57
07 Born To Be Blue (Tormé, Wells) – 7’23


Wes Montgomery – Far Wes /1958 [V0]
Wes Montgomery, guitar; Harold Land, tenor sax (1-7); Pony Poindexter, alto saxophone (8-11); Buddy Montgomery, piano; Monk Montgomery, electric bass; Tony Bazley, drums (1-7); Louis Hayes, drums (8-11). Produzido por Michael Cuscuna para a Pacific/Riverside
download – mediafire /72MB

01 Far Wes (Montgomery) 5’51
02 Leila (Montgomery) 3’28
03 Old Folks (Robison, Hill) 6’35
04 Wes’ Tune (Montgomery) 4’08
05 Hymn for Carl (Land) 4’33
06 Montgomeryland Funk (Montgomery) 4′
07 Stompin’ at the Savoy (Sampson, Goodman, Webb) 4’22
08 Monk’s Shop (Montgomery) 3’54
09 Summertime (Gershwin, Heyward) 4’50
10 Falling in Love with Love (Rodgers, Hart) 6’13
11 Renie (Montgomery) 3’31

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :.

A carreira de Mingus foi tão prolífica quanto polêmica. “The Underdog”, não raramente, saía a socos com os músicos nas sessões de gravação – ou mesmo no palco. Dos gênios do jazz moderno, talvez tenha sido o que pagou mais caro pelo dom. A personalidade difícil, de altos períodos criativos alternados à depressões infrutíferas – passando por comunicações com Deus e lutas raciais – não impediu que fosse um compositor e arranjador único, ambicioso e visionário.

Mingus trabalhava suas bandas não só baseado na técnica dos músicos, mas também em suas personalidades; partia de um princípio humano para as jam sessions e freqüentemente escalava desconhecidos ou iniciantes. Do amálgama, trabalhava composições onde mesclava suas referências – Ellington, as big bands de New Orleans – ao bop, criando um tipo de jazz inovador, aberto, flertando com o atonal e cimentando o free jazz com quase uma década de antecedência.

O primeiro vôo alto de Mingus – onde ele pôde realizar um trabalho onde teve total domínio – foi Pithecantropus Erectus, de 1956. A faixa-título, considerada um marco do jazz, pretende contar a evolução e o declínio do homem; num dos riffs mais silentes e marcantes do estilo, evoluem solos ousados, harmônicos e desencontrados, num equilíbrio poucas vezes ouvido. O riff, aliás, era uma das poucas coisas que Mingus tinha em mente ao chegar no estúdio, além de alguma idéia para as progressões. O resto, como de fato é o homem, saiu de improviso. Mingus, um baixista generoso, cria uma verdadeira cama onde os solistas se deitam e sonham e assim é “A Foggy Day (In San Francisco)”, tema londrino e melancólico dos Gershwein transformado em upbeat parade (com direito a “city sounds” – apitos, estrilos, buzinas produzidos nos instrumentos musicais – a interferir na canção. “Profile of Jackie” é a balada curta; um lamento tranqüilo em camadas de freqüência bastante distintas, onde sobressai-se o talento do baixista sobre o compositor. No fecho, a extensa “Love Chant” traz uma linha de piano hipnótica e majestosamente modal, composta por Mingus e executada com o suingue de Waldron, progredindo em ritmo e melodia; o objetivo confesso do autor era criar poemas jazzísticos, e de fato seus temas são altamente visuais. A atonalidade é usada como o caos interfere no andamento da vida. A arte de Mingus sempre foi a de elevar a narrativa humana usando a música.

De todos os grandes do jazz, Mingus é de verve mais complexa e cheia de idiossincrasias. Pithecantropus Erectus é um ótimo começo para recém-chegados e o deleite de sempre para velhos conhecidos. Rip em 320kbps; todos os timbres estão aí, vocês vão notar de cara.

Minguspith200 Charles Mingus – Pithecantropus Erectus (320)
Charles Mingus: bass
Jackie McLean: alto saxophone
J.R. Monterose: tenor saxophone
Mal Waldron: piano
Willie Jones: drums

Produzido por Nesuhi Ertegun para a Atlantic

download AQUI – 83 mB
01 Pithecanthropus Erectus – 10’36
02 A Foggy Day (G. Gershwin, I. Gershwin) – 7’50
03 Profile of Jackie – 3’11
04 Love Chant – 14’59

Boa audição!
Blue Dog

.: interlúdio :.

John Scofield é um guitarrista de respeito – pavimentou sua carreira ao longo dos anos 70 tocando nos grupos de Mingus, Davis e Gary Burton. Bancado como talento de primeira linha pela Blue Note, gravou discos memoráveis como compositor no início dos 90 – entre eles, esta colaboração com a referência do assunto, Pat Metheny. Jazz contemporâneo de altíssima qualidade, raro e brilhante encontro complementar de talentos, inspirações e objetivos diferentes.Neste disco, gravado em dezembro de 1993, apenas composições próprias; os dois artistas se dividem em temais mais aveludados e etéreos (especialidades de Metheny) e blues de travo fusion, o estilo sofisticadamente cru de Scofield e suas composições quebradas, hard-bop. De um jeito ou de outro, uma jam brilhante e de muitas tonalidades – sem falar de riffs absolutamente cativantes e que persistem na memória (como na relaxante “No Matter What”, em quase-valsa na inebriante “S.C.O” – a preferida deste cão – ou em “You Speak My Language”, chiclete upbeat). Use seus fones e aproveite a competentíssima mixagem para ‘ver’ os músicos improvisando – Scofield fica na canal esquerdo, Metheny no direito. Ao centro, o baixo do colaborador de longa data de Scofield, o competente e discreto Steve Swallows, e a bateria classuda e extremamente bem colocada de Bill Stewart, um dos mais brilhantes da atualidade.

Image MiniJohn Scofield & Pat Metheny – I Can See Your House From Here (ogg VBR)

John Scofield: electric & steel-string acoustic guitar
Pat Metheny: electric & nylon-string acoustic guitar, guitar synthesizer
Steve Swallow: acoustic & electric bass
Bill Stewart: drums

Produzido por Lee Towsend para a Blue Note Records

download aqui – parte 1 (82mB)parte 2 (62mB)

UPDATE: para quem teve problemas com os arquivos ogg, ei-los em mp3, 192k, 99MB: AQUI

01 I Can See Your House From Here – 7’41
02 The Red One – 4’18
03 No Matter What – 7’09
04 Everybody’s Party – 6’13
05 Message To My Friend – 6’09
06 No Way Jose – 7’15
07 Say The Brother’s Name – 7’16
08 S.C.O. – 4’39
09 Quiet Rising – 5’23
10 You Speak My Language – 6’56

Boa audição! (E aos fãs do estilo, esperem ver Wes Montgomery, evidentemente, e porque não, Duofel, em breve por aqui.)

Blue Dog

.: interlúdio :.

Embalado pela chuva que insiste em cair lá fora, este cão faz uma pausa no bop para enlevar-se em harmonias menos angulares.

Embora um músico genial, John Coltrane foi um jovem pouco inteligente até quase matar-se na heroína. Refeito e levando sua vida e sua música com a seriedade que mereciam, foi encontrar a deidade (que previu numa crise de abstinência) na forma de uma negra forte, estudiosa de jazz e virtuose no piano, na harpa e no vibrafone. Tocava nos bares de Detroit com seu trio desde 62; conheceu John em 63. Tiveram três filhos e alguns trabalhos juntos; abraçaram o free jazz e, mais ela do que ele, a espiritualidade hindu – o que deu às composições de Alice um corpo próprio, bastante dissociado do que John fazia. Alice alternou sua carreira entre discos etéreos, de um jazz hipnótico, e outros de furor avant-garde improvisado nas teclas. Este Journey in Satchidananda faz parte do primeiro grupo. Gravado na casa da família, em 8 de novembro de 1970, é um disco de blue jazz cheio de personalidade. Do começo bluesy e compassado, um solo de harpa claro como cristal e o sax de Pharaoh Sanders – aqui temos a “resposta da família” à eletricidade de Miles Davis e do fusion que acelerava os compassos em direções distintas. Homogênea e desapressada, a música composta por Alice atingia o grau acima que lhe faltava para que assumisse o primeiro posto entre os músicos de jazz com este disco.

Journey In Satchidananda %28Alice Coltrane%29Alice Coltrane – Journey in Satchidananda (192)

Alice Coltrane: harp, piano
Pharoah Sanders: soprano saxophone, percussion
Cecil McBee: bass
Tulsi: tambura
Rashied Ali: drums
Majid Shabazz: bells, tambourine
Vishnu Wood: oud (track 5)
Charlie Haden: bass (track 5)

Produzido por Alice Coltrane e Ed Michael para a Impulse!

download AQUI – 52mb
01 Journey in Satchidananda – 6’39
02 Shiva-Loka – 6’37
03 Stopover Bombay – 2’54
04 Something About John Coltrane – 9’43
05 Isis and Osiris – 11’28 (ao vivo no The Village Gate, NY, 04 junho 1970)

Boa audição!

Blue Dog

.: interlúdio :.

Com a escusa de PQP, FDP e Clara, este interlúdio é, também, um quase-interlúdio do jazz; desvio um pouco para a seara dos colegas e trago, também, um pouco de clássico. Bach! Interpretado, ou relido, por respeitáveis jazzmen.

769851
Keith Jarrett, pianista que começou nos Jazz Messengers de Art Blakey e tocou com Miles Davis no início dos anos 70, firmou-se por incorporar o clássico, o gospel e o blues ao seu estilo de jazz. Um músico diferenciado, criou sua carreira não apenas tocando em conjuntos, mas também lançando diversos álbuns-solo de piano. (De um de seus shows, puro improviso ao instrumento, vem um dos discos mais reverenciados do jazz, The Köln Concert, que certamente figurará neste blog em algum momento.)

Sua relação com a música clássica sempre acompanhou a trajetória jazzística. Desde 1973, compõe e executa para o estilo. Neste disco de 1992, convidou a virtuose dinamarquesa Michala Petri para interpretar sonatas de Bach. Não se trata de um disco de jazz; aqui ele é, antes, uma inspiração para as execuções.

Michala Petri & Keith Jarrett – Bach: Sonatas (192)

Keith Jarrett: cravo
Michala Petri: flauta doceProduzido para Keith Jarrett e Peter Laenger para a BMG/RCA.

download AQUI – 96,2mB
Sonata for Flute and Harpsichord in B minor, BWV 1030
01 I Andante – 08’18
02 II Largo e dolce – 03’28
03 III Presto – 01’25
04 IV Allegro – 04’14
Sonata for Flute and Harpsichord in E flat major, BWV 1031
05 I Allegro moderato – 03’07
06 II Siciliano – 02’02
07 III Allegro – 04’10
Sonata for Flute and Harpsichord in A major, BWV 1032
08 I Vivace – 04’31
09 II Largo e dolce – 02’50
10 III Allegro – 04’13
Sonata for Flute and Harpsichord in C major, BWV 1033
11 I Andante – Presto – 01’35
12 II Allegro – 02’11
13 III Adagio – 01’40
14 IV Menuetto I & II – 02’49
Sonata for Flute and Basso Continuo in E minor, BWV 1034
15 I Adagio ma non tanto – 02’57
16 II Allegro – 02’22
17 III Andante – 03’08
18 IV Allegro – 04’26
Sonata for Flute and Basso Continuo in E major, BWV 1035
19 I Allegro ma non tanto – 02’19
20 II Allegro – 02’52
21 III Sicilano – 03’32
22 IV Allegro assai – 02’57

1172182694 Blues On Bach
O Modern Jazz Quartet foi um dos grupos mais duradouros e originais do jazz; começaram em 1952, tocando bop, e encerraram as atividades no final dos ’70 como expoentes do third stream – estilo que se pretende um ponto de encontro entre jazz e música clássica. Evidentemente, o rótulo (cunhado por Gunther Schuller) é polêmico; já a música do MJQ, não. Sempre vistos como precursores, usaram o barroco e o blues de combustíveis para firmarem-se como visionários. Neste Blues on Bach, de 1973, o grupo intercala quatro composições originais, inspiradas em Bach, à cinco adaptações de trabalhos clássicos do compositor. Respeitosamente: sem improvisos, e usando o cravo ao invés do piano. Milt Jackson, um dos maiores vibrafonistas da música, destaca-se em passagens brilhantes.

Modern Jazz Quartet – Blues on Bach (320)

Milt Jackson: vibrafone
John Lewis: piano, cravo
Percy Heath: baixo
Connie Kay: bateriaProduzido por Nesuhi Ertegun para a Atlantic

download AQUI – 94,7mB
01 Regret? – 2’04
02 Blues in B Flat – 4’56
03 Rise up in the Morning – 3’28
04 Blues in A Minor – 7’53
05 Precious Joy – 3’12
06 Blues in C Minor – 7’58
07 Don’t Stop This Train – 1’45
08 Blues in H (B) – 5’46
09 Tears from the Children – 4’25

Boa audição!

Blue Dog

.: interlúdio :.

Falar de Miles Davis é coisa pra vida toda. Então eu saio de fininho e deixo vocês com a certidão de nascimento de um gênero – o cool jazz, um jeito menos apressado, mais suave de fazer o virtuoso bop/hard bop. Três sessões de estúdio (com Gil Evans como arranjador, o que mostrava o caminho escolhido por Davis) nos inícios de 1949 e 1950; de brinde, apresentações ao vivo, radiofonadas – mostrando as músicas em seu pleno desenvolvimento, como uma peça histórica. (“Ladies and gentlemen, let’s give them a big hand for something new in modern jazz”, diz o apresentador.) O som do noneto – com tuba e french horns! – é macio e empolgante, inclusive por contar com composições do inspirado Gerry Mulligan, outra frente do cool jazz. Grupo de vida curta: a novidade, na contramão do mercado e do público (se ouvia bop, com o Charlie Parker de onde vinha Davis), não duraria muito. Mas as gravações – na verdade, uma coleção de 12 lados de 78rpm, só compilados pela primeira vez em 1957 – firmaram a posição de Miles como músico e de primeira linha.

11450528Miles Davis – The Complete Birth of the Cool (128)

Em estúdio:
Miles Davis (trumpet)
Kenny Hagood (vocals)
Lee Konitz (alto saxophone)
Gerry Mulligan (baritone saxophone)
J.J. Johnson, Kai Winding (trombone)
Junior Collins/Sandy Siegelstein/Gunther Schuller (French horn)
Bill Barber (tuba)
John Lewis/Al Haig (piano)
Al McKibbon/Joe Shulman/Nelson Boyd (acoustic bass)
Kenny Clarke/Max Roach (drums)

Ao vivo:
Miles Davis (trumpet)
Kenny Hagood (vocals)
Lee Konitz (alto saxophone)
Gerry Mulligan (baritone saxophone)
Mike Zwerin (trombone)
Junior Collins (French horn)
Bill Barber (tuba)
John Lewis (piano)
Al McKibbon (bass)
Max Roach (drums)

Produzido por Walter Rivers e Pete Rugolo para a Capitol


download AQUI
– 63mb
01 Move (Best) – 2’32
02 Jeru (Mulligan) – 3’11
03 Moon Dreams (MacGregor, Mercer) – 3’18
04 Venus De Milo (Mulligan) – 3’10
05 Budo (Davis, Powell) – 2’33
06 Deception (Davis) – 2’47
07 Godchild (Wallington) – 3’08
08 Boplicity (Henry) – 2’59
09 Rocker (Mulligan) – 3’04
10 Israel (Carisi) – 2’16
11 Rouge (Lewis) – 3’13
12 Darn That Dream (DeLange, Van Heusen) – 3’22
• 04/09/1948 – Royal Roost, NY
13 Birth Of The Cool Theme (live) – 0’17
14 Symphony Sid Announces The Band (live) – 1’02
15 Move (live) – 3’40
16 Why Do I Love You (live) – 3’39
17 Godchild (live) – 5’49
• 18/09/1948 – Royal Roost, NY
18 Symphony Sid Introduction (live) – 0’25
19 S’il Vous Plait (live) – 4’23
20 Moon Dreams (live) – 3’05
21 Budo (live) – 3’24
22 Darn That Dream (live) – 4’23
23 Move (live) – 4’47

Boa audição!

Blue Dog

.: interlúdio :.

Se muitas vezes se diz, ao ver um músico de jazz tocando com descontração, que “fulano toca como se estivesse brincando” – é preciso afirmar que ninguém se divertiu mais com sua própria música do que Thelonious Monk. Diz-se dele que tinha predileção em fazer as notas erradas soarem corretas. Monk, o compositor, era uma criança irriquieta: alterações de tempo/ritmo e predileções por harmonias dissonantes fizeram-no fundar e, depois, redescobrir o bebop em uma década.

Monk, o pianista, foi dono de um estilo percussivo e de improvisações surpreendentes e irreverentes. Além disso, não raro em uma jam session Monk terminava seu solo e levantava do piano, dançando em círculos. Embriagado da música. Levando pânico a um trompetista que estivesse desconcentrado.

Monk Corners SeloRejeitado em seus primeiros trabalhos por executar um jazz muito difícil, Monk reconciliou-se com público e crítica no seminal “Brilliant Corners”, gravado entre 17 e 23 de dezembro de 1956. Ao lado de ninguém menos do que Sonny Rollins e cercado pela solidez da cozinha de Max Roach e Oscar Pettiford, Monk registrou não apenas composições geniais – deixou um disco de rara variedade em sons, ritmos e texturas, de onde sairiam 4 standards do jazz. (Sendo que a faixa restante já era um deles.)

Brilliant Corners, faixa de abertura homônima ao disco, é considerada uma das mais difíceis composições do jazz de todos os tempos; levou mais de uma dúzia de takes para ser gravada, e a versão do disco foi editada com três deles. É um bebop swingado, cheio de clareiras melódicas para solos em tempos mutantes; um jazz ousado e que parece uma conversa entre bop e blue. E onde mais do que nunca aparecem os talentos do baixista Pettiford e, principalmente, do baterista Roach, cujo timing impecável permite que Monk angule as notas e o ritmo o quanto quiser sem que haja perda da coesão sonora.

Depois do desafio da primeira música, Monk solta o grupo numa jam longa, relaxada e cheia de groove, com tema blues: Moz Screenshot 4Moz Screenshot 5Ba-lue Bolivar Ba-lues-are. O lado B abre com a balada Pannonica, dedicada à “Baronesa do Bebop”, Nica (Rotschild) de Koenigswarter, amiga de Monk, Charlie Parker e diversos músicos do jazz à época. Nesta faixa Monk toca também celesta – em algumas passagens, junto com o piano.

I Surrender, Dear é o standard reinterpretado pelo grupo. Canção mais convencional do disco, onde Monk explora (à sua forma) camadas harmônicas, sincopando e interferindo no andamento normal. E para o final, outra versão para uma música sua já gravada, Bemsha Swing, que cheira a Gillespie e revisita as big bands – muito em parte pelo uso dos tímpanos na percussão.

Monk CornersThelonious Monk – Brilliant Corners (VBR)

Thelonious Monk: piano; celesta
Sonny Rollins: tenor saxophone
Ernie Henry: alto saxophone (faixas 1-4)
Oscar Pettiford: double bass (faixas 1-4)
Max Roach: drums; timpani
Clark Terry: trumpet (faixa 5)
Paul Chambers: double bass (faixa 5)

Produzido por Orrin Keepnews para a Riverside

download AQUI – 67mB
01 Brilliant Corners (Monk) – 7:42
02 Ba-lue Bolivar Ba-lues-are (Monk) – 13:24
03 Pannonica” (Monk) – 8:50
04 I Surrender, Dear (Barris-Clifford) – 5:25
05 Bemsha Swing (Monk-Best) – 7:42

Boa audição!

Blue Dog