Antonio Carlos Gomes (1836-1896): Seleção das óperas Fosca e Lo Schiavo [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

AH, ÓPERA!

CD do acervo do musicólogo Prof. Dr. Paulo Castagna. É mais um daqueles que não tem preço!!!

Sempre que posto alguma coisa dele, que acabo revisando as postagens sobre ele, dá aquele apertinho no coração de ver como esse nosso compositor é, talvez, (como afirma nosso internauta Jam, da África do Sul), “o mais negligenciado compositor de óperas da história”. Suas composições eram, realmente, acima da média. O desabafo de Lauro Gomes, contido no encarte, não deixa de ser verdade:

Carlos Gomes é o maior compositor de óperas das Américas. Foi o único a fazer sucesso e a brilhar intensamente no maior centro operístico do mundo: Milão. Foi julgado pelos mais importantes críticos, compositores e músicos da sua época. Jamais foi considerado um “selvagem” no meio operístico e sim um inovador, cuja obra é impregnada de originalidade e, por mais estranho que possa parecer a alguns, cheia de brasilidade. Ele sempre buscou inspiração no nosso folclore. Foi o pioneiro em nosso país neste sentido ao usar em sua brasileiríssima obra pianística, repleta de modinhas, polcas, valsas e quadrilhas, a famosa congada “cayumba”. Na canção, suas modinhas são inesquecíveis. É claro que tudo isso se refletiria em sua obra no exterior. Os que tentam denegrir sua arte, infelizmente na sua grande maioria, brasileiros, o fazem por puro preconceito e inveja. Nunca se deram ao trabalho de analisar suas obras como fizeram seus colegas contemporâneos. Esquecem da admiração de músicos do porte de um Mascagni, de Gounod, Verdi, Ponchielli e Liszt, entre outros, pelas óperas do mestre brasileiro. Esquecem da força com que ele cantou “Eu fui no tororó beber água, não achei” num dos momentos culminantes de “O Guarani”, o célebre dueto “Sento una forza indomita”, que encerra o 1º ato da ópera e que também aparece com os dois temas entrelaçados quase ao final da esplêndida protofonia. Quando compunha “O Escravo”, Carlos Gomes passeava pelo centro do Rio de Janeiro, anotando os pregões dos vendedores ambulantes, e andava pelas alamedas arborizadas ouvindo o canto dos nossos pássaros, para usar em sua nova ópera. Um dia encontrei-me, nos corredores da nossa Rádio MEC, com Guerra Peixe e perguntei-lhe: “Mestre, qual é o maior compositor brasileiro?” E ele, sem pestanejar, respondeu: “Carlos Gomes”.

Nosso maior regente de óperas, Santiago Guerra, que conduziu mais de oitenta por cento das obras levadas à cena no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no período áureo daquela casa de espetáculos, e que conhece praticamente todo o repertório operístico, me disse que Carlos Gomes tinha só um grande defeito: “ser brasileiro”. Se ele fosse norte-americano, a conversa seria outra e sua obra seria conhecida mundialmente.
(texto de Lauro Machado Gomes, extraído do encarte)

E temos aqui gravações antigas, remasterizadas e melhoradas, com nomes que são sumidades no canto lírico, como a divina Idda Micolis ou o poderoso Lourival Braga. Supimpa!

Ouça! Ouça! Deleite-se!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
Seleção das óperas Fosca e Lo Schiavo

Fosca
01. D’Amore Le Ebbrezz
02. Cara Cittá Natia
03. Soli, Del Mondo Immemori
04. Quale Orribilie Peccato
05. A Qual Sorte Serbata Son Io
06. Orfana E Sola
07. Ah! Se Tu Sei Fra Gli Angeli
Lo Schiavo
08. El Partirá
09. T’Apressa Nula A Temer
10. Conservi Ognor Fedele
11. Quando Nasceti Tu
12. Sob O Céu Do Paraíba
13. Fragile Cor Di Donna
14. Come Serenamente

Paulo Fortes, barítono (faixa 01)
Leda Coelho de Freitas, soprano (faixas 02, 04 e 06)
Armando Assis Pacheco, tenor (faixas 02, 03 e 07)
Aracy Bellas-Campos, soprano (faixas 03, 05 e 06)
Idda Micolis, soprano (faixas 08, 10, 12 e 14)
Alfredo Colosimo, tenor (faixas 09, 10 e 11)
Lourival Braga, barítono (faixas 09 e 13)
Orquestra sinfônica da Rádio do MEC
Nino Stinco, regente
Rio de Janeiro, 1962

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Bisnaga

Altino Pimenta (1921-2003): Projeto Uirapuru [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

MÚSICA DA AMAZÔNIA!

Fonogramas entusiasticamente cedidos por Raphael Soares. Não têm preço!

Altino Pimenta Nasceu em Belém do Pará a 3 de janeiro de 1921, realizando os estudos básicos de Piano e Música com Mário e Beatriz Neves em sua terra natal. Jovem, ainda, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estudou Harmonia e Composição com Iberê Lemos e aperfeiçoou-se em piano com Magdalena Tagliaferro, Herminia Roubaud e Maria do Carmo Ney.
Posteriormente, em Belo Horizonte, desenvolveu estudos de Musicologia com Ernest Schurmann e George Kulmann. Em 1943, foi distinguido com uma bolsa de estudos em Londres, prejudicada pela 2ª Guerra Mundial. Convidado pelo Governo do Amapá, iniciou sua trajetória de educador musical, fundando o Conservatório Amapaense de Música. Em Minas Gerais, onde teve destacada atuação, empenhou-se, também, por vários anos, em atividades de educação musical, visando ao desenvolvimento cultural da região do Vale do Aço, incluindo Monlevade, Acesita e Usiminas.
Em 1973, a convite da Universidade Federal do Pará, assumiu a direção do Serviço de Atividades Musicais, hoje, Escola de Música, colocando em prática, por cerca de 10 anos, dinâmica administração, que resultou na reativação do meio musical, criação dos Encontros de Arte e na formação de uma nova geração de instrumentistas. Em 1989, recebeu título especial como Professor de Cursos de Graduação em Música, pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, homologado pela UFPA.
Dedicando-se, ultimamente, à composição, suas obras têm sido apresentadas com marcantes êxitos em Minas, Rio de Janeiro e outros Estados, já tendo sido gravadas em disco na série “Os Originais” da UFPA. Em 1992, foi convidado pela Escola Superior de Música de Stuttgart para realizar palestras sobre música brasileira e concertos de suas obras, participando, também, a convite da Universidade de Ulm, do concerto comemorativo ao V Centenário da Descoberta da América, naquela cidade da Alemanha. Naquela ocasião, realizou, em Paris, palestras para professores e estudantes da École Normal de Musique, sobre o desenvolvimento da cultura musical brasileira. Em 1995, a convite do College of Music da Loyola University de New Orleans, apresentou suas obras em dois concertos naquela cidade americana. Repercutindo seu trabalho nos Estados Unidos, foi convidado pelo Consulado Geral do Brasil em New York e pelo The Brazilian Connection Club para realização, em setembro de 1996, de concerto e palestra sobre música brasileira na New York University, e em outubro de 1997 apresentou-se em Washington, no The Brazilian American Cultural Institute. Em 1998, realizou concertos na Universidade de Missouri, apresentando-se, também, na Webster University de Saint Louis, tendo como intérpretes a cantora norte americana JoElla Todd e o oboísta, professor Dan Willett. Na ocasião, Altino Pimenta foi convidado pela Universidade de Missouri a gravar, com os mesmos intérpretes, um CD, o que se concretizou no ano de 2000. O referido CD será divulgado entre as universidades americanas como exemplo de música brasileira. Sob os auspícios da Luzo Brazilian Students Association, um concerto de suas obras no Rogers Whitmore Recital Hall, com a participação de vários musicistas brasileiros, abriu as comemorações dos 500 anos da Descoberta do Brasil, ocasião em que o autor também proferiu um Master Class, no Fine Arts.
Este CD, lançado pela Secretaria de Cultura do Governo do Pará, tem a participação do próprio autor e de importantes intérpretes brasileiros, como a pianista Gabriella Affonso e o tenor Marcos Aguiar, com quem Altino Pimenta tem-se apresentado em New York e várias outras cidades dos Estados Unidos. Ao longo de sua carreira, Altino Pimenta tem recebido condecorações e honrarias, destacando-se a Palma Universitária da UFPA; os títulos de Honra ao Mérito da Câmara Municipal e da Assembléia Legislativa do Pará e as Medalhas “Francisco Caldeira Castelo Branco” e “Mérito Grão Pará”, as mais altas condecorações do Município de Belém e do Governo do Estado.
(texto extraído do encarte)

Ouça! Ouça! Deleite-se!

Altino Pimenta (1921-2003)
Projeto Uirapuru, o Canto da Amazônia

01. Romancello
02. Toada da canoa
03. A Bela e a Fera
04. Soneto à lua (poema: Bruno de Menezes)
05. A Uma gaivota (poema: João de Jesus Paes Loureiro)
06. Suíte amazônica nº2, I. Preludio e Toada
07. Suíte amazônica nº2, II. Acalanto para o Saci
08. Suíte amazônica nº2, III. Arrasta-pé
09. O uirapuru e o violão (vocalize)
10. Súplica (letra: Milton Camargo)
11. Canção do perdão (texto: Izadora Avertano Rocha)
12. Canto para Astor Piazzolla
13. Para Celson
14. Olympia
15. Noturno do igarapé n°3
16. Lundu marajoara
17. Estilhaços (texto: Acyr Castro)
18. Dúvida (texto: Acyr Castro)
19. Contigo (texto: Gustavo J. de Souza)
20. Panema (texto: José Wilson Malheiros)
21. Ecos selvagens (texto: Antônio Tavernard)
22. Estrela
23. Balada para o grande rio

Altino Pimenta, piano(faixas 01 a 05, 09 a 23)
Gabriella Affonso, piano (faixas 06 a 08)
Marcos Aguiar, tenor (faixas 01 a 05)
Carmen Monarcha, soprano (faixas 09 a 12)
Celson gomes, violino (faixas 13 a 15)
Dione Colares, soprano (faixas 16 a 22)
Belém, Pará, 2000

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Bisnaga

Um tríptico para o bandolim (3) (.:Interlúdio:.): Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741), Pixinguinha (1897-1973) e mais uma turma [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Terceiro álbum do tríptico: agora é Choro!

E não é que, nessa correria, eu passei batido pelo dia 1º de dezembro, data em que completei dois anos de PQPBach…

Bom, então vamos comemorar, ainda que atrasados, essa data tão cara à minha pessoa.

Sim! O Bandolim português, chegou ao Brasil e, claro, mudou de tamanho, de forma, e foi cooptado pela música popular. Surgiu o Choro, o internacionalmente conhecido Brazilian Jazz. E que criações saíram de mentes brilhantes como os chorões! Nesse álbum temos peças organizadas e várias delas arranjadas por Radamés Gnattali, estrela da postagem abaixo. Radamés ainda faz a ponte entre a música popular e a erudita, colocando um grupo de chorões para executar um concerto vivaldiano, um dos compositores mais importantes do instrumento avô do bandolim.

Teremos, após uma elegante introdução com Vivaldi, um álbum dominado por outro gênio: Pixinguinha, acompanhado de uma constelação de outros nomes de peso: Benedicto Lacerda, Anacleto de Medeiros e Henrique Alves de Mesquita. E esta junção de compositores separados por tanto tempo (quase 300 anos) e um oceano todo de distância não é mera casualidade ou gosto do maestro Gnattali que ordenou essas obras: há a ponte entre as linhas melódicas, os contrapontos e os contracantos do Padre Ruivo com as obras dos autores brasileiros: semelhanças estruturas são percebidas e ainda mais evidenciadas pela utilização do mesmo grupo de instrumentos. Genial!

Na execução, o próprio Radamés no piano e  o cravo, o bandolinista Joel Nascimento (a grande estrela da noite, solista do álbum abaixo também), acompanhados pela preciosa Camerata Carioca. Bom, é um álbum editado pela Funarte. É daqueles em que é muito difícil de errar: é cultura brasileira da mais alta qualidade!

Ouça! Derreta-se! Vibre! Deleite-se!

Vivaldi e Pixinguinha
por Radamés Gnattali, Joel Nascimento e Camerata Carioca.

01. Concerto Grosso, op.3, nº11 (I. Allegro, II. Largo, III. Allegro) – Antonio Lucio Vivaldi
02. Carinhoso – Pixinguinha / João de Barro
03. Ingênuo – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
04. Vou vivendo – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
05. Jubileu – Anacleto de Medeiros
06. Batuque – Henrique Alves de Mesquita
07. Marreco quer água – Pixinguinha
08. Devagar e sempre – Pixinguinha / Benedicto Lacerda
09. Tapa Buraco – Pixinguinha
10. Um a Zero – Pixinguinha / Benedicto Lacerda

Radamés, Gnattali, piano e cravo
Joel Nascimento, bandolim
Camerata Carioca
Curitiba, Teatro Guaíra, 1980

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POR FAVOR… NÃO ESQUEÇA DE ESCREVER UMAS LETRINHAS. Não se esqueça de mim…

Momento cuti-cuti: criança toca o mandolino tradicional americano.
Há que se treinar desde cedo.

Bisnaga

500 anos de Brasil – Quarteto Egan interpreta 10 compositores brasileiros [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Lá nos idos anos 2000, houve uma batelada de comemorações pelos 500 anos do “descobrimento” do Brasil. Aliás, nosso descobrimento é bem interessante: ocorreu em 1500, quatro anos depois do Tratado de Tordesilhas, que dividiu a América entre Portugal e Espanha. Os portugueses dividiram o que nem tinham descoberto ainda, claro… Sei… História bem contada essa…

Bom, apesar da estranheza dos dados históricos e do questionamento da data e das comemorações, os festejos foram responsáveis pela produção de muito material cultural de alta qualidade até em anos posteriores. Uma dessas produções foi este álbum de hoje: 500 anos do Brasil. Assim, ele acaba sendo um apanhado bem legal da música brasileira, desde o período do Reino Unido a Portugal até os dias atuais, interpretada ou reinterpretada (algumas peças foram arranjadas para esta gravação) para quarteto de cordas, com o pernambucano Quarteto Egan.
O passeio musical que os músicos propõem começa no Brasil Colônia e chega até dias recentes, com um percurso cronológico das músicas que contempla três Estados brasileiros, conforme o local onde as peças foram compostas: começam pelo século XIX no Rio de Janeiro (Padre José Maurício) e São Paulo (Carlos Gomes), voltam para o Rio no início do século XX (Chiquinha Gonzaga, Alberto Nepomuceno e Sérgio Bittencourt) e chegam à sua terra, Pernambuco, na segunda metade do século (Clóvis Pereira, Luiz Gonzaga, Capiba, Guerra Peixe e Mestre Duda). A organização das faixas do CD acaba tornando-se até didática, pois mostra a música brasileira se soltando, ganhando cada vez mais síncopas, cadências e malemolência conforme o tempo passa e ela se permite ser seduzida pela riqueza popular.

Putz! Muito bom! Ouça! Ouça! Deleite-se!

500 anos de Brasil
Quarteto Egan

Padre José Maurício Nunes Garcia (Rio de Janeiro, RJ, 1767 – 1830)
01. Abertura em Ré
Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
02. Quem sabe?
03. Sonata em Ré, IV. Vivace: “O burrico de pau”
Chiquinha Gonzaga (Francisca Edwiges N. Gonzaga – Rio de Janeiro, RJ, 1847 – 1935)
04. Lua Branca
Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
05. Serenata
Sérgio Bittencourt (Rio de Janeiro, RJ, 1941 – 1979)
06. Modinha
Clóvis Pereira (Caruaru, PE, 1932)
07. Aboio
08. Galope
Luiz Gonzaga (Exu, PE, 1912 – Recife, PE, 1989)
09. Assum Preto
Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – Surubim, PE, 1904 — Recife, PE, 1997)
10. Valsa Verde
César Guerra Peixe (Petrópolis, RJ, 1914 – Rio de Janeiro, RJ, 1993)
11. Mourão
Capiba (Lourenço da Fonseca Barbosa – Surubim, PE, 1904 — Recife, PE, 1997)
12. Recife, cidade lendária
Mestre Duda (José Ursicino da Silva – Goaiana, PE, 1935);
13. Rafael Bis

Marie-Savine Egan, violino
Raphaëlle Egan, violino
Elyr Alves, viola
Fabiano Menezes, violoncelo
gravado em São Paulo, lançado no Recife, 2001

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Ernesto Nazareth (1863-1934), 150 anos! – por Dilermando Reis, violão [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Há 150 anos nascia Ernesto Nazareth, e o PQPBach não poderia deixar essa data passar em branco!

Capas da primeira e segunda edições deste álbum

Ernesto Nazareth! Como esse cara era bom! A meu ver, é um dos compositores em que é mais difícil de dissociar-se o ponto exato onde termina o erudito e começa o popular, tal a fusão que ele fez da música das ruas com a técnica pianística extremamente refinada que possuía. Nazareth, por exemplo, estudou e dedicou-se a executar Chopin por toda a sua vida, mas a cultura popular estava fortemente introjetada em seu dia-a-dia, o que fez com que suas composições não conseguissem escapar disso. E daí saíram obras brilhantes!

Tá, mas se eu tanto falei, fiz tanto blá-blá-blá do Ernesto Nazareth como pianista, porque estou postando logo um álbum em que sua música é executada ao violão?

Bom, meus caros, primeiramente porque ainda estou preparando uma postagem pianística das obras dele (realmente, não deu tempo de digitalizar o disco duplo…), e, principalmente, porque estas versões de sua obra para violão trazem outro intérprete/compositor com características muito semelhantes a Nazareth: Dilermando Reis foi mais um desses que ficou no limbo entre o popular e o erudito. Assim como o nosso sesquicentenário homenageado, Dilermando (os dilermandos que me desculpem, mas, ô, nome feio…) é considerado um intérprete erudito pelos chorões e um chorão pelos eruditos, pois não se encaixava corretamente em nenhum desses rótulos, estava no meio disso, com um pé em cada lado. Além de tudo, é um dos grandes violonistas de nosso rol de artistas desse instrumento, incansável divulgador do violão e de todas as suas possibilidades técnicas e melódicas.

Tocando Ernesto Nazareth, só podia sair um disco IM-PER-DÍ-VEL !!!

Show de bola! Ouça! Ouça! Deleite-se!

Homenagem a Ernesto Nazareth

Dilermando Reis

01. Odeon
02. Favorito
03. Tenebroso
04. Brejeiro
05. Floreaux
06. Escorregando
07. Apanhei-te, Cavaquinho
08. Escovado
09. Ouro sobre prata
10. Bambino
11. Espalhafatoso
12. Biciclete Club

Dilermando Reis, violão
Dino 7 Cordas, violão de sete cordas
1973

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Oha só de quem o Herbert von Karajan copiou o topetinho!

Bisnaga

Antonio Carlos Gomes (1836-1896): Missa de Nossa Senhora da Conceição [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Queridos, para mim essa missa é especial! é que, além da qualidade composítiva do autor e de execução de orquestra, coro e solistas, tem um motivo a mais que a faz tão querida por mim. Explico:
Em 3 de novembro de 2011, ou seja, há quase dois anos, era postada pelo colegão Avicenna outra bela versão desta Missa de Nossa Senhora da Conceição, de Antonio Carlos Gomes, executada pela orquestra e coro do Festival do Centenário de morte do compositor (aqui), com arquivo que eu lhe enviei e que acabaria sendo mote para o convite que recebi pouco tempo depois para participar da equipe do PQPBach. Passei de admirador a membro do clube! (risos). Isso, para mim, é uma honra imensa!

Bom, vamos parar de babação-de-ovo e vamos logo ao que mais interessa: a obra.

A Missa de Nossa Senhora da Conceição é obra emblemática na carreira de Carlos Gomes. Mostra um compositor jovem que já mostrava grande qualidade melódica e apuro compositivo: O rapaz tinha 23 anos quando a compôs.
Além disso, mostra um compositor em transição, que ainda não apresentava todas as características musicais do romantismo, mas que saía do padrão das obras classicistas ainda dominantes no cenário local nesse tempo. Por isso é possível perceber alguma coisa de compositores como André da Silva Gomes, Padre José Maurício Nunes Garcia, Francisco Manoel da Silva e Manoel Dias de Oliveira, autores já consagrados nacionalmente e com cujas obras o Jovem Tonico já tinha travado contato por conta de seu pai ser um importante copista de partituras (e maestro, e compositor, etc.)
Já estava surgindo ali um senhor compositor, acima da média.

A versão que apresentamos neste ensolarado sábado é a executada em Gent, na Bélgica: coisa rara de ver, uma obra de brasileiro executada e gravada no exterior. Se você conheceu a anterior (se não conheceu, vá la e baixe, também), esta é mais corpulenta, mais volumosa e mais pesada, um pouco. A afinação da orquestra é melhor, também, mas a execução é mais plana, um tanto mais neutra que a brasileira (ainda que mais pesada, pelo fato da orquestra ser maior, há menor variação entre fortes e pianos). O coro é fenomenal e os solistas idem. Repete-se, da outra gravação, a doçura da voz da conterrânea Leila Guimarães, que executa os solos mais bonitos.

Obra grande, de artista grande! Brilhante! Ouça! Ouça! Inebrie-se de música!

Palhina: Leila Guimarães canta o Laudamus te (faixa 3)

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
Missa de Nossa Senhora da Conceição (1859)

Missa de Nossa Senhora da Conceição
1. Kyrie
2. Gloria
3. Gloria – Laudamus te
4. Gloria – Domine Deus
5. Gloria – Qui tollis peccata mundi
6. Gloria – Suscipe
7. Gloria – Qui sedes ad dexteram Patris
8. Gloria – Cum sancto Spiritu
9. Gloria

Leila Guimarães, soprano
Lola di Vito, mezzo soprano
Tiemin Wang, tenor
Paul Claus, barítono
Coro Magnificat di Ursel
Coro Sint Martinus di Drongen-Baarle
Orchestra Jeugd en Muziek in Oost-Vlaanderen
Geert Soenen, regente
Gent, Bélgica, 2003

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Modinhas sem Palavras – Antonio Carlos Gomes (1836-1896) e José Pedro de Sant’Anna Gomes (1834-1908) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Sim, a capa é feia pra dedéu (esse Carlos Gomes desproporcional, mãozudo… tsc, tsc…), mas não se deixe levar pela embalagem: o LP aí em questão é um prazer só! Aqui, quando se retira a letra das músicas e troca-se a voz humana pela flauta, é possível ao ouvinte observar com mais clareza a melodia. E aí então, com certeza, se concluirá após a audição que Antônio Carlos Gomes era um grande melodista: suas árias e suas modinhas são obras de alta beleza.

Modinha, momento musical de emoção. Participar dessa linguagem onde a linha melódica flutua sobre as palavras não poderia ser privilégio exclusivo dos cantores. A voz do instrumento desligada do texto pode nos reconduzir ao sentido oculto da poesia, emoção pura. A alma brasileira lírica tem na modinha uma das suas fontes mais significativas de expressão. A modinha sempre foi uma presença constante nas serenas e nos palcos, anônima ou assinada pelos nomes dos maiores compositores nacionais. Carlos Gomes, ao longo da sua vida, no Brasil e na Itália, confiou à modinha seus sentimentos mais íntimos: amizades, paixões e saudades, numa linguagem melódica original e refinada que apresentamos aqui em versão instrumental.
(Odette Ernest Dias, texto extraído do encarte)

Pra completar o álbum, os músicos ainda executam a cândida “Sonho”, do irmão de Carlos Gomes, José Pedro de Sant’Anna Gomes, compositor de grande qualidade e que hoje conhecemos muito pouco: se a obra do mano Tonico foi bastante olvidada, a música de Juca foi ainda mais negligenciada. É um cara pra se conferir e, ambos, para se apreciar.

Ouça! Ouça! Deleite-se!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
José Pedro de Sant’Anna Gomes (1834-1908)
Modinhas sem Palavras

Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)
01. Quem sabe
02. Foi meu amor um sonho (da ópera Joanna de Flandres)
03. Noturno
José Pedro de Sant’Ana Gomes (Campinas, SP, 1834 – 1908)
04. Sonho
Antonio Carlos Gomes (Campinas, SP, 1836 – Belém, PA, 1896)05. Canta ancor
06. Anália ingrata
07. Suspiros d’alma
08. Lontana
09. Rondinella
10. Conselhos
11. Al chiaro di luna
12. C’era una volta un príncipe (da ópera Il Guarany)

Odette Ernest Dias, flauta
Elza Kazuko Gushiken, piano
Jaime Ernest Dias, violão
1987

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Bisnaga

Música Brasileira: Henrique Oswald (1852-1931), Leopoldo Miguez (1850-1902) e Alberto Nepomuceno (1864-1920) [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Esplendoroso !!!

Fonogramas esplendorosamente cedidos pelo maestro e compositor Harry Crowl. Não têm preço!

Estamos diante de um senhor álbum, por isso o guardei para um domingo, dia mais nobre, como nobre este o é.

Queridos, temos aqui três grandes compositores brasileiros que buscaram, com suas obras, produzir uma música de concerto mais séria, mais embasada, com mais corpo no Brasil de então, cuja música erudita estava quase que limitada a obras de salão. Os três foram brilhantes em seus estudos aqui e na Itália, Alemanha e França, conhecendo e convivendo com nomes poderosos como Brahms, Wagner, Mahler, Schoenberg, Grieg, Debussy, Massenet, Saint Saëns e Faurè. Leiam o texto do encarte, abaixo, e entenderão:

Leopoldo Miguez (1850-1902), Henrique Oswald (1852-1931) e Alberto Nepomuceno (1864-1920), cujas obras figuram neste CD, foram três dos cha­mados “grandes” da música brasileira, que em fins do século passado outorga­ram um cunho de “maior seriedade” à nossa música. A eles, se pode juntar também os nomes de Alexandre Levy (1864-1892) e Francisco Braga (1868-1945). Miguez, Oswald e Nepomuceno, foram dos mais prestigiosos diretores do então Instituto Nacional de Música remanescente do antigo Conservatório Imperial de Música e que é hoje, nossa veneranda e benemérita Escola de Músi­ca da UFRJ. Os três, aliás, também lecionaram matérias teóricas nesse, que foi e é ainda em nossos dias, o mais tradicional estabelecimento de ensino musical do país. Necessário registrar-se, que cada qual a seu modo, tentou combater o academicismo asfixiante que sempre imperou nos educandários oficiais. Até o surgimento desses três mestres, a música brasileira, a bem dizer, só pro­duzira dois expoentes — Pe. José Mauricio Nunes Garcia (1767-1830), nosso maior compositor sacro, e Carlos Gomes (1836-1896) o mais genial operista das Américas e o único a ter auferido fama e prestígio no exterior.
Miguez, Oswald e Nepomuceno, surgiram justamente num momento importan­te de transformações sociais e políticas no Brasil, quais sejam, a abolição da es­cravatura e o advento da república (Lo Shiavo, 1888, de C. Gomes, Dança de Negros, 1881, de Nepomuceno e Ave Libertas, 1890, de Miguez, são obras alusivas aos dois movimentos).
O legado desses músicos, indubitavelmente, mais artístico, representou um pas­so avante e trouxe, sem dúvida alguma, um arejamento à nossa cultura musi­cal, que andava por demais submissa ao “italianismo” reinante. O que fazia sucesso na época eram, sobretudo, as fantasias, polcas, paráfrases e galopes do estilo “salão” a la Gottschalk, que encontrava fácil respaldo nas páginas ligeiras de Henrique Alves de Mesquita, Delgado de Carvalho, Abdon Milanez, Carlos de Mesquita e tantos outros.
Frize-se a bem da verdade, que Miguez, Oswald, Nepomuceno, Braga e mesmo Levy, falecido aos 28 anos, eram homens de outra erudição. Falavam fluente­mente o francês, o italiano e o alemão e havia estudado nos melhores conserva­tórios europeus. Incontestavelmente possuíam uma cultura humanística, aliada a um metier artesanal, superior aos músicos em moda.

Alberto Nepomuceno — Sinfonia em Sol Menor
Não há como deixar de reconhecer-se que Alberto Nepomuceno foi a mais im­portante figura musical de seu tempo. Seu imenso prestígio pessoal, alicerçado peia vitoriosa e árdua campanha que encetou em prol do canto em vernáculo, sua condição de líder do movimento nativista e sua notória clarividência admi­nistrativa, já que por duas vezes (1902/1903) e (1906/1916) esteve à frente do Instituto Nacional de Música, além de sua grande atividade como regente, de­ram-lhe uma projeção que só Villa-Lobos depois dele, alcançaria. Porém, ape­sar de haver pugnado para criar um patrimônio musical próprio da nação, Ne­pomuceno nunca deixou de escrever música de cunho universalista e sua mag­nífica Sinfonia em Sol Menor, a única de autor nacional que se mantém no repertório, é um exemplo disso. Iniciada em Berlim, em 1893, foi concluí­da um ano após, em Paris. Sua estréia verificar-se-ia num dos Concertos Popu­lares a 19 de agosto de 1897, sob sua direção, tendo no mesmo programa, a Suíte Antiga, a Série Brasileira e As Uyaras. Todavia, enquanto as duas últimas apresentam características nacionais acentuadas, como salientou muito bem Edino Krieger, a Suíte Antiga e a Sinfonia em Sol Menor se fazem valer por seus méritos puramente musicais expressos numa linguagem específica do classicismo e do romantismo centro-europeus. Na Sinfonia, é como se a prepo­tência da forma e seus problemas inerentes afastassem a possibilidade de uma preocupação temática nacionalista, mais fácil de abordar nas formas livres, de caráter rapsódico, que por sinal, predominam sempre na primeira fase de todas as escolas nacionalistas surgidas dentro do romantismo. De qualquer modo, es­sa experiência de Nepomuceno, reflete uma preocupação de conceder à música sinfônica brasileira um caráter de seriedade e profundidade, adotando uma for­ma sólida como meio de expressão, o que é significativo, sobretudo num mo­mento em que predominava universalmente, a tendência à rapsódia, à fantasia, ao poema sinfônico descritivo e às peças de caráter pitoresco…

O Primeiro Movimento “com entusiasmo” literalmente em português na parti­tura, tem muito elan e uma altivez quase ufanista, com o ataque franco do te­ma principal em sol menor. Outros motivos se sucedem e se entrelaçam com rara habilidade. A harmonia é compacta revelando a mão do organista. A coda final é de grande beleza. O Andante quasi Adágio vem a ser, indubitavelmen­te, o ponto alto da obra. Uma frase larga, generosa, profunda, emerge das cor­das e nos envolve como um hino de louvor à própria música. Uma obra-prima sem mácula que poderia ter sido assinada por qualquer grande músico alemão. Já o Scherzo-Presto tem finuras de filigrana. Tudo aqui é álacre e saltitante. Na parte central insere-se um inspirado intermédio cuja melodia entoada pelos violoncelos tem algo de modinheiro. Já no Finale — Con Fuocco — os episó­dios se sucedem ora em evoluções cromáticas, ora diatônicas, sublinhando o caráter marcial do movimento. A Sinfonia termina brilhantemente.

Henrique Oswald — Elegia
Henrique Oswald descendente de pais suíços, transferiu-se muito cedo ainda para a Itália, matriculando-se no Instituto Musical de Florença, onde com ape­nas 19 anos e apesar de ser estrangeiro, chegou a ocupar o cargo de adjunto de piano. Travou contato direto com Liszt e Brahms e após longos anos de per­manência na Europa, retornou ao Brasil a fim de assumir a direção do Instituto Nacional de Música. Em 1902, sua peça para piano II Niege ganhou por unani­midade o Concurso de Composição promovido pelo Jornal “Le Figaro” de Pa­ris, vencendo nada menos que 600 candidatos! Enfrentou um júri que conti­nha entre outros, nome do porte de Saint Saëns, Faurè e Diemer o que não é dizer pouco. Apesar de haver escrito três óperas – Le Fate, II Neo e La Croce D’Oro – , duas sinfonias, uma suíte orquestral, Oswald identificou-se mais com a música de câmara e o piano, que era o seu instrumento. Nesse aspecto, pode-se afirmar ter sido ele o mais refinado de nossos grandes mestres do passado. Sua música, quase toda ela envolta em meias tintas, caracteriza-se por um acaba­mento minucioso e um lirismo muito “fin de siécle”, lembrando em certos mo­mentos Faurè e, em outros Massenet, na sua transparência orquestral. Sua be­la e sentida Elegia foi escrita em 1896 e se fez notar pela fluência da frase me­lódica principal, envolta numa harmonização sutilíssima que era um dos apa­nágios da arte requintada de Oswald. Sublinhe-se, os belos efeitos que o com­positor extrai das duas harpas na parte central, a primeira desenhando arpejos ondulantes ascendentes e a segunda reforçando em acordes verticais a densida­de harmônica dos sopros e das cordas.

Leopoldo Miguez — Prometheus
Leopoldo Miguez, foi o apóstolo mór entre nós, dos princípios estéticos preco­nizados por Liszt e Wagner. Adepto ardoroso da “música do futuro”, fundou em 1884, no Rio de Janeiro, o Centro Artístico que se tornaria uma filial dos postulados de Bayreuth no Brasil. Em toda sua obra, predominantemente or­questral, bem como seus dramas líricos — Pelo Amor e Os Saldunes — a in­fluência do autor de Tristão é tão evidente quanto a que Verdi exercera sobre Carlos Gomes. Mas, Miguez sabia e orgulhava-se disso, por achar convictamen­te que tais influxos eram benéficos à música de nosso país. Excelente regente e ótimo orquestrador, Miguêz foi o primeiro a introduzir aqui a forma do poema sinfônico. Parisina, Ave Libertas e Prometheus são três esplendidos exemplos da arte maior deste músico sério, que sempre escreveu visando o aprimoramento de uma estética, razão pela qual, ao contrário de seu íntimo amigo Alberto Nepomuceno, nunca se sentiu atraído pelo nacionalismo. Em 1889, Miguez obtivera o primeiro lugar no concurso aberto à composição do Hino à Proclamação da República e foi nomeado primeiro diretor do recém criado Instituto Nacional de Música. Prometheus foi composto nessa épo­ca, ou seja, 1890, e baseia-se num dos titãs da mitologia grega, segundo a qual, este teria roubado o fogo do Olympo e o dera aos homens, ensinando-os a uti­lizá-lo, motivo por que Zeus o castigou acorrentando-o a um rochedo no cimo do Cáucaso. A partitura muito bem disposta para orquestra alterna momen­tos de intenso lirismo e outros de pujante dramaticidade.

(texto do encarte, de autoria de Sérgio Alvim Corrêa)

Harry Crowl ainda nos enviou uma faixa-bônus, a vibrante Ave, Libertas!, de Miguez, que possui as mesmas preocupações composísticas de Prometeu.
As peças estão muito bem executadas pela ORSEM, com Roberto Duarte no comando.

Um Baita CD! IM-PER-DÍ-VEL !!!
Ouça! Ouça! Deleite-se!

Música Brasileira
ORSEM e Roberto Duarte

Alberto Nepomuceno (Fortaleza, CE, 1864 – Rio de Janeiro, RJ, 1920)
Sinfonia em Sol Menor
01. I. Allegro. Com enthusiasmo.
02. II. Andante quasi adagio
03. III. Presto
04. IV. Con fuoco
Henrique Oswald (Rio de Janeiro, RJ, 1852 – 1931)
05. Elegia
Leopoldo Miguez (Niterói, RJ, 1850 – Rio de Janeiro, RJ, 1902)
06. Prometeu
07. (Bônus) Ave, Libertas!

Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ
Roberto Duarte, Regente
Rio de Janeiro, 1991.

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…Mas comente… Não me deixe apenas com o silêncio…

Bisnaga

Antonio Carlos Gomes (1836-1896): O Piano Brazileiro de Carlos Gomes [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

Um Disco Antológico !

Presente de dia das Mães!

Fonogramas fornecidos pelo musicólogo Prof. Dr. Paulo Castagna (CD) e por Alisson Roberto Ferreira de Freitas (LP).

Em 1980, Fernando Lopes gravou a obra integral para piano de Carlos Gomes. É disco de cabeceira! É obra que devemos conhecer. Aqui temos o Carlos Gomes que foi além das óperas, que mostrou-se influenciado por outros compositores contemporâneos e que introduziu inovações em seu tempo. Aqui o vemos mais por completo: Carlos Gomes é muito, mas muito mais do que o compositor d’O Guarani!

O título já é bastante significativo: o Piano Brazileiro de Carlos Gomes, e brasileiro com “Z”, quer deixar bem claro que trata-se de música do século XIX, quando a grafia mais utilizada do nome deste país era assim: Brazil, e que as obras aí contidas, por maiores que fossem as preocupações nacionalistas de Carlos Gomes, não conseguem perder a influência europeia (e italiana) que o compositor sofreu.

E Carlos Gomes mostra que era um compositor acima da média, sim! Suas obras para piano são de grande qualidade e de rara beleza melódica. É inegável: o compositor campineiro era um melodista de primeira. No entanto, como eu já afirmei em postagem anterior, tais obras nunca tiveram uma preocupação didática e muito menos de exploração e desenvolvimento da técnica pianística: não vamos encontrar um Chopin nem um Rachmaninov aqui. Essas músicas eram danças de salão, peças para recitais. Nessa visão, encontramos um belo panorama da música do século XIX nas obras gomianas. Há modinhas, tão caras ao gosto brasileiro, valsas, e, como não poderia faltar à verve nacionalista de Nhô Tonico, mulato, quadrilhas e danças de negros, com destaque para A Cayumba, uma dança de negros composta no longínquo ano de 1857, 32 anos antes da Abolição! Carlos Gomes procurava, ainda que com dificuldade de se desvencilhar dos padrões preestabelecidos da música europeia, fazer uma leitura dos ritmos brasileiros.

No encarte do LP/CD, Brunio Kiefer, fala mais sobre essa e outras obras:
Num primeiro contato com a quadrilha Quilombo, o ouvinte pode ficar intrigado por duas razões: uma delas decorre da presença da dança A Cayumba. O artigo definido sugere que Carlos Gomes tenha composto uma só dança com esse nome, o que estaria de acordo com os registros que temos. Mas, e a dança de mesmo nome na face oposta [do disco, aqui faixa 12]? A nosso ver, A Cayumba, que integra a referida quadrilha, deriva da que inicia esta gravação. O autor simplificou, encurtou e modificou aí aspectos rítmicos.  Razões de pressa, de extensão? Não temos base para responder. Além disso, a dança original está um pouco mais próxima de uma possível dança de negros. Infelizmente não conhecemos a data da composição da quadrilha. A Cayumba (Dança de Negros) original foi composta em 1857 e ocupa um lugar histórico em nossa música. A outra razão decorre da presença do titulo Bamboula, que corresponde a uma dança negra das Antilhas. Somos levados a pensar, imediatamente, em Gottschalk, famoso pianista-compositor americano que esteve entre nós em 1869 e exerceu notável influência tanto como pianista como pelas composições. Entre estas figurava uma Bamboula (gravada na série Música na Corte Brasileira nº 4 [na faixa 07, o álbum foi postado aqui no PQP], por iniciativa da Rádio MEC). Se ouvirmos ambas, tornar-se-á patente que Carlos Gomes tirou seu material temático da peça de Gottschalk, sem a menor preocupação de disfarçar a origem! A peça do compositor brasileiro, no entanto, é mas curta. Na décima faixa encontramos, baseado em material impresso, cinco peças designadas por Quadriglia: Caxoeira (sic), Santa Maria, Morro Alto, Saltinho e Mogy-Guassú. Segundo registro de Juvenal Fernandes (Carlos Gomes – do Sonho à Realidade), as mencionadas peças integram o Ramalhete de Quadrilhas (sic. no plural). Na faixa n 11, está registrado Mormorio (Improviso), de belo efeito. De um modo geral, as peças desta gravação não apresentam uma fisionomia definida. São, no entanto, bem-construídas, fluentes e agradáveis. Música de salão de século passado! E européia, antes de mais nada! Nem tudo se encontra em impresso. A execução de Anemia, por exemplo, foi baseada em manuscrito. E por falar em execução: a desta gravação merece destaque. (Bruno Kiefer – extraído do encarte)

É lindo! Ouça, ouça! Deleite-se!

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
O Piano Brazileiro de Carlos Gomes

01. A Cayumba (Dança dos negros)
02. Niny (Polca Salon)
03. Anemia (Preludietto)
04. Grande valsa de bravura
05. Uma paixão amorosa
06. Caxoeira (Quadriglia)
07. Santa Maria (Ouadriglia)
08. Morro alto (Quadriglia)
09. Saltinho (Quadriglia)
10. Mogy-Guassu (Ouadriglia)
11. Murmúrio (Improviso)
     Quilombo
(quadrilha brasileira, sobre os motivos dos negros de Ramalhete de Quadriglias nº 22)
12. I. A Cayumba
13. II. Bananeira
14. III. Quimgombô
15. IV. Bamboula
16. V. Final

Fernando Lopes, piano
Gravado na Sala Cecília Meireles, Rio de Janeiro, 1980
Coordenação: Edino Krieger
Remasterizado em 1997

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Carlos Gomes = Brasil!

Bisnaga

Antonio Carlos Gomes (1836-1896): Cortina Lírica [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

UM BAITA CD !!!

CD lindamente cedido para a extração do áudio pelo musicólogo Prof. Dr. Paulo Castagna. De valor inestimável!

Ah, que saudade de postar alguma coisa de Antonio Carlos Gomes, o compositor brasuca que mereceria um lugar muito mais destacado no cenário mundial, como disse em comentário um de nossos amigos que aqui acessam: “the most neglected composer of opera”. O cara era muito bom!

Aqui teremos uma seleção de alta categoria de árias de Carlos Gomes, executadas por uma grande orquestra, a Sinfônica da Escola de Música da UFRJ, cantadas por grandes solistas e regida por um competentíssimo maestro: Ernani Aguiar: assim como Alberto Nepomuceno executou Nunes Garcia, José Siqueira se debruçou sobre Lobo de Mesquita, o compositor Ernani Aguiar (um dos eruditos brasileiros mais executados no mundo atualmente) dedica-se a gravar Carlos Gomes: um compositor enaltece outro e vai-se criando uma linha que liga todos eles.

Nosso colega CVL já havia postado este CD, mas o link estava expirado há tempos e acabamos sobrepondo as postagens. REuní ambas aqui e, por isso, reproduzo as palavras do CVL, muito mais entendido de música que eu:

Um equívoco de maestros e musicólogos que já se tornou lugar-comum é que Carlos Gomes foi um compositor brasileiro de música italiana, e daí eles cobrarem que o compositor campineiro deveria ter sido uma coisa que ele não foi nem pensou ser: um Nepomuceno, um Mignone, um Nazareth ou um Villa, i. é, comprometido ou preocupado com a formação da identidade da música brasileira. Talvez isso viesse com o tempo (e sabe-se lá de que forma) – por sorte, outros musicólogos (que honestamente não sei citar) tomaram a defesa do nosso maior operista.
O que Carlos Gomes foi, foi o compositor com o segundo maior número de récitas na Itália no período em Verdi era imbatível (cerca de 15 anos depois da morte de Donizetti, até o sucesso de Puccini) e Ponchielli nem sequer lhe fazia rastro; foi o compositor que fez sucesso involuntário com O Guarani por conta do exotismo que atraía os olhos europeus, mas que insistia aos demais ter escrito partituras melhores, como Fosca; foi o compositor das Américas mais representativo em seu tempo; e foi o compositor que emplacou a única ópera composta por um americano encenada com alguma regularidade no Velho Mundo. Pra mim, me basta isso para que a música do autor de Quem sabe? seja eternamente respeitada.
Aqui vai uma seleção de árias e duetos desconhecidos, a título de prelúdio para mais dois posts futuros. Destaque para Era un tramonto d’oro, da ópera-oratório Colombo – pucciniana, decerto, mas muito bela.

Sobre as obras deste álbum, preferi transcrever o encarte:

O fracasso da “Fosca” representou para Carlos Gomes a maior decepção de sua carreira. Após o êxito em sua terra natal, com suas óperas com texto em português, e o triunfo no Scala de Milão com “II Guarany”, não imaginava que um trabalho que apresentava maiores virtudes musicais e no qual apostava no sucesso, fosse tão friamente recebido. A ópera Salvator Rosa foi sua tentativa, coroada de êxito, de novamente cair nas graças da crítica e do público, mesmo que para tal fossem necessárias algumas concessões e escrever aquilo que o público esperava ouvir. Tal atitude, entretanto, não é um demérito da obra e, antes, serviu para torná-la sua ópera mais popular e a que mais vezes foi representada durante o século XIX.
O enredo escolhido facilitou o sucesso. Baseia-se no romance “Masaniello” do escritor francês Eugène Mirécourt (1812-1880) que trata da revolta dos napolitanos contra o domínio espanhol em 1647, fato verídico da história italiana e que, com certeza, despertou os brios patrióticos do público.
Talvez o melhor exemplo dessa preocupação do compositor com o sucesso esteja na canzoneta Mia Picirella, cantada pelo personagem Generaielo logo no início do primeiro ato. Nela encontramos o melodismo esparramado e de efeito seguro, que fazia o público sair cantando ao término do espetáculo. Foi aqui gravada na sua versão de concerto e, como no original, com o soprano fazendo o papel masculino do pajem de Salvator Rosa.
No segundo ato encontra-se um dos momentos de maior dramaticidade da ópera, a ária de baixo Di sposo di padre, cantada pelo Duque D’Arcos, o vilão da história. O musicólogo italiano Marcello Conati diz que “este trecho é justamente famoso pela qualidade do declamado (tão descobertamente verdiano), pela nobreza da melodia, pela articulada diferenciação dos sentimentos expressa através da música, em que o discurso orquestral procede de maneira autônoma no tocante ao canto”.

Maria Tudor foi escrita após o estrondoso sucesso de Salvator Rosa e é uma ópera que não goza de grande prestígio, apesar de alguns trechos realmente inspirados. Foi termi-nada às pressas, pouco tempo antes da estréia, em função da morte de um dos libretistas, Emilio Praga. O outro libretista foi o compositor Artigo Boito, cuja participação, apesar de não vir creditada na partitura, é comprovada através da correspondência de Carlos Gomes com a Casa Ricordi. Para terminar o libreto foram chamados Angelo Zanardini e Ferdinando Fontana. O insucesso da ópera em sua estréia deveu-se ao momento político delicado, quando os jornais italianos começavam uma campanha de defesa dos compositores italianos contra os diversos “estrangeiros”, entre os quais estava Carlos Gomes [insucesso que, diga-se de passagem, foi alimentado pela imprensa: nas récitas seguintes, a aceitação da ópera foi crescente], e também devido a falta de tato do compositor ao escolher um enredo no qual o mocinho da historia é um aventureiro italiano assassinado por uma rainha inglesa, por não ser correspondida em seu amor.
A Romanza de Fabiani (Sol ch’io ti stiori), localizada no início do terceiro ato, é urna das mais belas árias de tenor escritas por Carlos Gomes, com as acentuações apaixonadas do recitativo inicial e as frases largas que conduzem à região aguda da voz, valorizada por uma bem equilibrada orquestração.

Com Lo Schiavo Carlos Gomes volta a abordar um enredo brasileiro, desta vez elaborado por seu amigo Visconde de Taunay. O libreto, produzido por Rodolfo Paravicini, foi outro que grandes transtornos causou ao compositor, a ponto de inviabilizar a estreia da ópera em Bolonha, para onde era destinada. Apesar da temática nacional, em nenhum momento encontramos elementos característicos de música brasileira, nem mesmo durante a “Dança dos Tamoios”, apesar de alguns comentaristas mais otimistas vislum-brarem “certas estranhezas rítmicas” ou mesmo “temas de sabor agreste”. É, antes, música da melhor escola italiana. A musica de “Lo Schiavo” é, sem dúvida, um passo à frente daquela de Maria Tudor. As linhas melódicas são mais elegantes e envolventes, os personagens mais bem caracteri-zados, sendo associados a motivos melódicos próprios, retornando o compositor proce-dimentos já utilizados na Fosca. Ao mesmo tempo a orquestra alinhava o discurso dramático, sendo importante elemento descritivo.
A famosa ária Sogni d’amore é cantada, no quarto ato, por Iberê, o índio escravo que é obrigado a casar-se com Ilara a mando do Conde Rodrigo, que pretende afastá-la de seu filho Américo, que por ela é apaixonado. Iberê lamenta o seu amor não correspondido e mostra-se disposto a sacrificar-se para que Ilara e Américo possam, finalmente, ficar juntos.

A ópera Condor foi encomendada pelo Scala de Milão para a temporada de 1891. De todas é a que menos é representada, amargando um imerecido ostracismo. Nela já se percebem “novos comportamentos da linha melódica”. O belíssimo Noturno que abre o terceiro ato merece figurar ao lado de outros tantos recursos sinfônicos de óperas italianas que alçaram voo isoladamente. Como os Intermezzos da “Manon Lesecaut ” de Puccini e da “Cavaleria Rusticana” de Mascagni. Nele destaca-se, a bem dosada orquestração, onde sobressai o Solo de oboé e a apaixonada melodia a cargo das cordas.

O Poema Vocal-Sinfônico Colombo foi escrito em 1892 para as comemorações ao quarto centenário da descoberta da América. Apesar de ter recebido este título do próprio compositor tem, na verdade, a estrutura de uma ópera. A ária Era um tramonto d’oro é apresentada no primeiro ato quando Colombo narra suas desventuras amorosas dizendo ser este o motivo pelo qual deseja descobrir novas terras. O dueto Non fosti mai si bel é cantado por Isabel e Fernando, Reis de Espanha, a quem Colombo pede ajuda para realizar seu sonho de descobrir um mundo novo. Diante da dúvida de Fernando, Isabel pede para que confie em Colombo, a quem finalmente o Rei decide fornecer marujos e navios para a viagem. No último ato, Isabel canta sua ária Vittoria!Vittorita! momento no qual saúda Colombo após a vitoriosa jornada.
(texto extraído do encarte)

Ouça, ouça! Deleite-se!

Palhinha: o belíssimo Noturno da ópera Condor, que figura entre as melhores obras orquestrais de Carlos Gomes:

http://youtu.be/ZEsq1P9XWj0

Antonio Carlos Gomes (1836-1896)
Cortina Lírica

01. Salvator Rosa – Mia Piccirella
02. Salvator Rosa – Di Sposo Di Padre
03. Maria Tudor – Romanza di Fabiani
04. Lo Schiavo – Sogni d’Amore
05. Condor/Odaléa – Noturno
06. Colombo – Era un Tramonto d’Oro
07. Colombo – Non Fosti mai si Bel
08. Colombo – Vittoria, Vittoria

Carol McDavit, Soprano (faixas 01, 02, 07 e 08)
Fernando Portari, Tenor (faixas 03 e 07)
Inácio de Nonno, Barítono (faixas 04 e 06)
Maurício Luz, Baixo (faixa 02)
José Francisco Gonçalves, Oboé (Faixa 05)
Orquestra Sinfônica da Escola De Música da UFRJ
Ernani Aguiar, regente

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“Sempre soube que esse mocinho tinha potencial!”

Bisnaga

Clóvis Pereira (1932): Grande Missa Nordestina [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Clóvis Pereira, [hoje um respeitável e ilustre octogenário] iniciou seus estudos de música (teoria e solfejo) com seu pai, clarinetista da Banda Musical Nova Euterpe na sua cidade natal, Caruaru, PE. Em 1950 transferiu-se para o Recife onde estudou piano com o Prof. Manoel Augusto dos Santos no Conservatório Pernambucano de Música, ao mesmo tempo estudando harmonia, composição e orquestração com o maestro Guerra-Peixe. Com o Padre Jayme Diniz também realizou estudos de contraponto e harmonia pura, o que proporcionou a oportunidade de lecionar harmonia no III Curso Nacional de Música Sacra, promovido pela Universidade Federal de Pernambuco. Em 1967, a convite do Prof. Ariano Suassura, compôs sob encomenda as primeiras obras representativas do Movimento Armonial. O seu poema sinfônico “Lamento Brasileiro” tem lido executado por importantes orquestras sinfônicas do País, como Orquestra Sinfônica da Rádio MEC, Sinfônica de Porto Alegre e Orquestra Sinfônica do Recife.
Pesquisador de música brasileira popular e folclórica, por várias vezes citado em programas radiofônicos da Rádio MEC, sua pesquisa musical sobre a Banda de Pífanos foi publicada na Revista Brasileira de Folclore. Na música popular atuou como Diretor do Rádio e Televisão pernambucanos durante aproximadamente duas décadas. Suas obras da fase Armorial estão gravadas em discos comerciais e distribuídas em todo o País.
Clóvis Pereira é membro da Sociedade Brasileira de Música Contemporânea (SBMC) com sede no Distrito Federal, onde participou, do I Encontro Nacional de Compositores de Música Erudita, tendo ainda o seu nome registrado na oitava edição da Enciclopédia Britânica “Who’s who in Music”.

A OBRA
A composição de uma Missa Nordestina surgiu da necessidade de valorizar elementos próprios da nossa música regional. A pesquisa incessante, aliada a uma vivência real e objetiva com a cultura do Nordeste, permitiram que esta obra retratasse o mais fielmente possível aquelas “Constâncias Brasileiras” a que se referia o grande Mario de Andrade.

KYRIE
O Kyrie tem uma estrutura melódica baseada nas escalas nordestinas usadas pelos violeiros e sua rítmica apoiada na “Dança dos Caboclinhos”.

GLÓRIA
O Glória explora a influência musical da península ibérica, importada nos tempos coloniais e que ainda hoje permanece na zona da mata sem sofrer influências da música urbana litorânea. Aqui em certos trechos os violinos são tratados na orquestração a maneira de tocar dos nossos rabequeiros.

CREDO
O Credo, logo na sua exposição, retrata a ambientação própria de uma “Cantiga de Cego”. São explorações nesta parte da obra vários elementos musicais comuns ao “Baião de Viola” e às “Bandas de Pífanos”.

SANCTUS
O Sanctus toma emprestado ao Kyrie a sua essência melódica e a transfigura harmônica e ritmicamente para manter a ambientação própria do momento litúrgico.

AGNUS DEI
O aboio dos vaqueiros nordestinos serviu de motivação para estruturar o Agnus Dei, onde o compositor emprega uma harmonia típica do Nordeste, tentando afastar propositadamente os modelos harmônicos estranhos à nossa cultura.

Sob os enfoques especificados acima, podemos dizer que a Missa Nordestina, possuindo todos os seus temas originais, é uma afirmação dos nossos propósitos para encontrar os caminhos de uma verdadeira música brasileira.
(texto extraído do encarte)

Ouça, ouça! Deleite-se!

Clóvis Pereira (1932)
Grande Missa Nordestina

1. Kyrie
2. Gloria
3. Credo
4. Sanctus/Benedictus
5. Agnus Dei

Carmela Mattoso, soprano
Alírio Melo, tenor
Orquestra e Coro da Universidade Federal da Paraíba
Clóvis Pereira, regente
Recife, 1979

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Maestro Clóvis Pereira, nossas reverências!

Bisnaga

Acervo P.Q.P.Bach de Música Clássica Brasileira

É com imenso prazer que anuncio a criação do segundo acervo deste blog!

Hoje temos a 1ª postagem do Acervo P.Q.P.Bach de Música Clássica Brasileira (está logo ali abaixo). Ao lado do Acervo P.Q.P.Bach de Música Colonial e Imperial Brasileira, este agrupamento pretende ser um importante repositório da música erudita nacional, neste caso, focada nos compositores do Romantismo, do Nacionalismo e do Modernismo brasileiros (por isso nosso selo apresenta, respectivamente, Carlos Gomes, Alberto Nepomuceno e Camargo Guarnieri).

Ainda que não sejam tão difíceis de serem encontradas como as de nossa música colonial, as obras da segunda parte do século XIX e primeira metade do XX ainda foram muito pouco gravadas, há pouco registro. Esse acervo se apresenta como uma intenção de que a música nacional seja mais difundida, que os músicos tenham acesso a um repertório mais amplo, que possam encontrar com mais facilidade as partituras e que, por fim, o público veja com mais frequência a música produzida neste fertilíssimo chão sendo apresentada em nossos palcos.

O acervo deste que vos fala não é imenso (entre CDs e LPs de música nacional, não chego a 300), mas é considerável e creio que deva ser conhecido e acessado por tantos quantos se interessarem. Os álbuns serão postados sempre em alta qualidade: em formatos MP3-320kbps e FLAC, com encartes e informações em 5Mpixel. Estou me obrigando a postar com maior frequência, para dar vazão a esse acervo, ainda que a internet aqui de casa, em São Carlos (SP), não seja lá essas coisas, pois o número de downloads de música nacional, desde que apareci por aqui há um ano e meio, vem crescendo substancialmente… Ah, sempre que possível, serão acrescentados novos links para que se encontre com mais facilidade as partituras de música brasileira, afinal, queremos ver essas obras executadas.

Agradeço antecipadamente a professores, maestros e compositores, como Harry Crowl e Paulo Castagna, que enviaram preciosidades que enriqueceram este conjunto, a entusiastas da música nacional, como os incansáveis Alisson Roberto Ferreira de Freitas e Avicenna (este me passou quase 200 LPs de música brasileira do primeiro), CVL, Ranulfus, Strava, Robson Leitão, Raphael Soares, Vladimir Benincasa, entre outros que eu possa estar esquecendo no momento.

O P.Q.P.Bach tem sido reconhecido cada vez mais como um importante repositório música clássica brasileira (para além de todo o imenso acervo de música internacional que possui, com mais de 3 mil postagens), vindo a somar seus esforços ao de outros amigos da blogosfera. Esperamos, com o Acervo P.Q.P.Bach de Música Clássica Brasileira, vir a acrescentar ainda mais ao repertório de todos que acessam esta página.

E VIVA A MÚSICA BRASILEIRA !!!

Ouça! Deleite-se! (não podia faltar essa frase, né?)

Fizemos também uma postagem gigante para quem procura partituras de autores brasileiros, essa aqui

Bisnaga

PS: se possuir algum CD ou LP que queira partilhar conosco, entre em contato com o [email protected]