Dieter Ilg Trio – Ravel: Classical meets jazz in virtuoso reimaginings of Maurice Ravel’s masterpieces, rich with depth and musical freedom.
Como vocês sabem, aqui nas empresas do PQP Bach somos apresentados a diversas experiências musicais, a grande maioria completamente inúteis e desnecessárias, mas sempre com grande cuidado e tomadas todas as precauções para preservar os nossos colaboradores.
Uma dessas experiências consiste em selecionar discos só pela capa – fora dos padrões ‘clássicos’ – ou pelo nome exótico de algum músico. O disco dessa postagem foi selecionado por satisfazer os dois critérios: capa e nome do músico: Ilg, Dieter Ilg.
É verdade, o baixista já andou aqui pelas colinas do PQP Bach, acompanhando o excelente barítono Thomas Quasthoff em uma excursão pelo mundo do (gasp!) jazz! O link desta antiga postagem andou derrubado, mas já está novamente funcionando.
Eu me voluntariei para o experimento apostando no compositor, sou fã de Ravel, Bolero e tudo… E me dei bem, gostei do disco que foi ouvido no balanço da rede onde me esparramo depois do almoço. Hoje tivemos filezinhos de frango empanados em aveia com acompanhamento de abobrinhas verdes refogadas levemente. É claro, arroz e feijão com algumas poucas rodelas finas de paio, pimenta malagueta à vontade.
Rainer, Dieter e Patrice numa pausa após o almoço…
Bem, divago! Voltando ao disco – formação clássica de trio com piano (Rainer Böhm), bateria (Patrice Héral) e contrabaixo (Dieter Ilg). Pelos nomes você já vê que são todos baianos…
Uma delícia ficar ouvindo os temas do Maurice vestidos de roupas jazzísticas. O manjado Bolero, o Trio e o Quarteto e a deliciosa Sonatine. Sem esquecer o Jardin féerique e outras cositas más. Veja se você gosta da versão da peça que inicialmente inspirou o disco – a Pavana para uma infanta defunta.
Foi a “Pavane pour une infante défunte” que despertou o interesse de Ilg pelo maître francês. Ilg já havia ficado fascinado pela versão com Jim Hall e Art Farmer: “Quando eu buscava uma nova fonte de inspiração para o meu trio, a lembrança desta peça me retornou. Mergulhamos mais profundamente na obra de Ravel e encontramos uma ampla gama de abordagens interpretativas […]. Sua música é feita sob medida para nós!”
(da série “Gostei, postei!”)
Aproveite!
René Denon
PQP Bach Quizz: Qual desses músicos é um bamba do jazz?
Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:
Publicado por Bluedog em 2008, restaurado por PQP Bach em 15/9/2025, em homenagem à viagem de volta do Campeão para seu planeta, iniciada em 13/9/2025 (Vassily)
IM-PER-DÍ-VEL !!!
Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Desde que seja para ouvir uma boa música. (…) Mesmo o meu trabalho em gravadoras, o povo tem mais é que piratear tudo. Isso não é revolução. O que queremos é mostrar essa música universal. Porque isso não toca em rádio nem aparece na capa do jornal. Sabe o que Deus falou? Muita gente pensa que é só para transar. Mas, não. “Crescei e multiplicai-vos”. Isso é em todos os sentidos. Vamos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras. A música é universal. Eu toco no mundo inteiro e é sempre lotado. Eu só cheguei a isso porque os meus discos são pirateados, estão à vontade na Internet.
O único motivo para Hermeto Pascoal não estar no Olimpo da humanidade – como Davis, Corea, Coleman ou Monk – é o fato de ter nascido na América do Sul. Fosse europeu ou norte-americano, seria um pilar da história da música e do jazz. Já é, mas a falta de reconhecimento, popularidade e admiração lhe tomam o lugar que deveria ocupar. Não que essas coisas preocupem, ou pareçam ter algum dia preocupado o velho bruxo. Hermeto é um artista que cabe naquela acepção tão cara a Adorno: um ungido pelos deuses e destinado a produzir sua arte sem que nada além importe, sem que nada se interponha. De muito criança já improvisava pífanos em galhos de mamona. Aprendeu a tocar o acordeão do pai aos 7. Isso em Lagoa da Canoa, um (hoje) município de 20 mil habitantes no estado de Alagoas.
Estas três últimas frases, de certa forma, podem definir muito bem a trajetória de Hermeto. Gênio inquieto, construtor de instrumentos, improvisador, extravagante. Seu estilo vocal de fazer jazz e misturá-lo a sonoridades típicas brasileiras – seja no estilo, como o choro, samba e baião, seja nos instrumentos, como o acordeão e a chaleira – pode tanto mostrar um maestro formidável quanto um ser humano que só pode haver dando vazão à tudo que sai de si como música. Quase como uma respiração ao contrário. Este Slaves Mass, de 1976, seu segundo álbum, foi quem sedimentou o nome de Hermeto no cenário do jazz mundial, onde se consagraria três anos depois, no festival de Montreaux. Além do talento imaginativo de Hermeto, notam-se influências de Wayne Shorter, Cannonball Adderley (a quem foi dedicada a faixa 4), Joe Zawinul (aqui, pode ser um exagero deste cão; mas não consigo escutar as notas brilhantes do Fender Rhodes sem pensar nele) e Miles Davis, principalmente no fusion de Star Trap. Sobre Miles e Hermeto, aliás, mais em breve.
A edição trazida aqui é a de 2004, que conta com três faixas bônus. Pela duração, é quase um outro disco-gêmeo, mais solto nas jams, generoso em harmonias cromáticas. Os arquivos estão compactados independentemente (a parte 2 contém apenas a última música).
Para quem conhece pouco do bruxo, um aviso: fique de ouvidos abertos. Que aos 72, segue lotando os lugares onde pisa, em qualquer uma das cinco formações utilizadas para se apresentar – Hermeto Pascoal e Grupo, Hermeto Pascoal e Aline Morena (sua esposa), Hermeto Pascoal Solo, Hermeto Pascoal e Big Band e Hermeto Pascoal e Orquestra Sinfônica. Quando não está viajando, mora em Curitiba. É o músico mais carismático, e grato, que já vi de verdade.
Muita gente confunde inovar com idade, com números. Muita gente pensa que, quando um menino pega um violão e sai cantando, o povo acha que aquilo é coisa nova. Tem muita gente de 18 anos tocando coisas velhas e quadradas. (…) Não é que o velho seja ruim, é que o novo tem nascido velho.
Hermeto Pascoal – Slaves Mass (vbr)
Hermeto Pascoal: voz, piano, piano Rhodes, clavinet, flauta, sax soprano
David Amaro: guitarra, violão, violão 12
Alphonso Johnson: baixo, efeitos especiais
Raul de Souza: trombone
Chester Thompson: bateria
Airto Moreira: bateria, percussão, porcos
Ron Carter: contrabaixo acústico
Flora Purim: voz
Produzido por Kerry McNabb para a Warner
01 Mixing Pot 9’18
02 Slaves Mass 4’19
03 Little Cry for Him 2’11
04 Cannon 5’20
05 Just Listen 7’08
06 That Waltz 2’46
07 Cherry Jam 11’45
08 Open Field 4’25
09 Pica Pau [take 1] 14’20
10 Star Trap [part 2] 15’45
Postagem original de 2017 por Wellbach, republicada em 15/9/2025 em homenagem ao Mago, que partiu desse triste rochedo em 13/9/2025 (Vassily)
IM-PER-DÍVEL !!!
Magos existem. Eu vi um deles. Na verdade o último dos magos da música ainda sobre a terra. Capaz de transformar tudo o que toca, literalmente falando, em matéria musical. Sua aura faz brotar música por onde ele passa e quando ele toca a sua alquimia deixa pasmos até mesmo os que o acompanham há anos; a música se transforma, se transmuta, o que era bossa vira valsa, frevo, choro… Os músicos ao seu lado se esquecem de tocar, boquiabertos diante daquilo. Seu poder parece emanar de alguma Pedra Filosofal que traz entre as barbas alvas – com as quais ele também produz música, quando quer. Hermeto Pascoal é uma força da natureza. Quero narrar aqui um sonho que tive há alguns anos, embora ache piegas esse negócio de contar sonhos, mas Jung me autorizaria e para mim ele também é mago. Havia uma grande clareira em meio a uma mata, ali acontecia uma festa, índios e outras pessoas de diferentes origens. Hermeto tocava flauta no meio de uma roda de músicos, meio toré, meio arraial nordestino. Ele saia da roda e se afastava mais e mais em direção à mata. Eu o seguia mata dentro e o perdia de vista; logo mais notei no chão suas pegadas e eram luminosas. Emanava uma luz forte e azulada. Ora, interpretar sonhos ficou pro Zezinho da Bíblia e para o saudoso Pedro de Lara. Apenas digo que meus encontros com o mago me deixaram tatuagens musicais nos ossos, impressões radioativas provocadas por sua aura poderosíssima. A mais representativa foi em Mar Grande, na Ilha de Itaparica, do outro lado do mar frente a Salvador, na pousada ‘Sonho de Verão’ do amigo irmão Eratóstenes (Toza) Lima; singularíssima pessoa, mistura de músico, administrador, ecologista, ufólogo, mestre cuca, cronista, arquiteto, escultor… Neste lugar onde vivemos muitas aventuras musicais havia um grande palco em frente à piscina e ali uma diversidade de instrumentos à disposição de todos os músicos que por ali passassem. Hermeto pousou ali por uma noite e nos deu de sua arte fartamente. Espetáculo. Após o que, antes que tivéssemos o privilégio de tocar para o mestre, fui até ele e pedi que autografasse minha surdina growl, um desentupidor de pia; objeto muito conhecido entre jazzistas trompetistas, objeto que guardo como relíquia hierática.
Na manhã seguinte acordei bem cedo, queria me despedir do mestre, que partiria presto. Fiquei ruminando no flugelhorn uns exercícios de rotina. Ele apareceu e disse: “Você estava tocando escalas cromáticas! É difícil no flugel, não é? Você sabe onde posso conseguir uma surdina pra flugel?” Respondi que existe, mas que é rara e ajudaria apenas amarrar um pano na campana. Ele gostou da ideia, disse que tinha o hábito de acordar muito cedo, sentar no chão e tocar flugel, acordando a casa toda e por isso ficavam furiosos; daí o interesse numa surdina (risos). No café da manhã seu filho indagou: “Pai, quer pão?” Foi o bastante para Hermeto, que tomou uns talheres, percutiu as xícaras e fez um baião: “Kepão, kepão…”
Outra vez que o encontrei foi numa casa noturna na qual eu tocava. Ele chegou e estávamos em ação. Parei tudo e lhe dedicamos uma Asa Branca bem Free-jazz. Ele tocou no meu trompete e depois subiu ao palco para nos conceder duas horas de maravilhas ao piano. A última vez que o vi foi um acaso, estava num ponto de ônibus diante de um restaurante chinês. Um taxi apareceu e ele surgiu. Fui lá pedir-lhe a bênção. Não preciso ressaltar que para um músico instrumentista toda essa tietagem é normal e dá orgulho tratando-se de Hermeto. Mas falemos do presente registro sonoro. Em 1988 Hermeto entrou num estúdio para gravar um disco solo no piano acústico. Muitas das faixas foram improvisadas, temas criados, desenvolvidos e concluídos instantaneamente; como somente os seus feitiços poderiam conceber. A primeira faixa, uma joia chamada ‘Pixitotinha’. Para quem não sabe a palavra é um substitutivo carinhoso para algo ou alguém pequeno, como uma criança; significando ‘pequenininha’. Termo muito usado em minha terra e no meu tempo de criança, Caruaru – Pe; meu avô Raimundinho (que Deus o tenha) usava bastante esta palavra. Foi uma peça criada instantaneamente, como uma pérola ou uma rosa que se materializa entre as mãos do mago. A sua conhecida peça Bebê nos vem com impetuosa e expressiva verve, tema talvez mais famoso do mestre. ‘Macia’ é uma brisa alvissareira, uma impressão suave como o nome da peça, um lampejo Debussyano, um véu que esvoaça. ‘Nascente’, um evocação da força criativa da natureza, que evolui para figuras cada vez mais complexas. ‘Cari’, uma melodinâmica de passagem, um trecho de energia musical do qual temos apenas um vislumbre. ‘Fale mais um pouquinho’, outro momento musical curioso e meio jocoso, como o titulo. ‘Por diferentes caminhos’, título do álbum, partindo de um ostinato que até lembra certo prelúdio gotejante de Chopin, para logo nos mergulhar em reflexões melódicas de cativante beleza; brisas de nordeste entrando pela janela, ponteios… ‘Eu Te Tudo’, uma peça inquieta, que certa nostalgia tenta apaziguar sem sucesso; as progressões engolfam a melodia, que luta para se instaurar, perdendo-se na distância das últimas notas agudas. ‘Nenê: um dos mais belos momentos do disco e que dispensa qualquer comentário, apenas ouçamos; digo apenas que o velho Villa decerto trocaria alguns dos seus charutos por certos trechos improvisados por Hermeto; a faixa é aberta pela voz do próprio, dedicando a música, que será feita naquele instante a um amigo baterista e compositor. Ao final, arrematando numa imponente cadência em ritardo, ouvimos o grito de Hermeto: “Obrigado Nenê!”, que a essa altura deve ter-se acabado de emoção. Na faixa ‘Sintetizando de verdade’ temos o que considero um dos maiores momentos de improvisação musical já gravados. Hermeto, no piano preparado (ou sabotado), nos arrebata com uma espantosa, meditativa e tenaz odisseia por plagas nordestinas; encontramos pelo caminho rastros de cangaceiros e beatos, depois o que parece um oriental com seu burrico carregado de quinquilharias, moçoilas com potes de água fresca, mandacarus e flores exóticas, frutas de palma e revoadas de passarinhos verdes; serras e riachos secos; para enfim nos levar a um povoado em festa, foguetório e forró na praça, meninada e bacamarteiros, bandas de pife e sanfonas. A habilidade do músico é espantosa e diria, sem receio, que a peça faria inveja a Prokofiev e Bartók – quem nem tiveram a sorte de conhecer a música nordestina. Em ‘Nostalgia’ Hermeto nos surpreende com um famoso tango que executa à sua maneira, lembrando talvez dos tempos em que tocava na noite e em happy hours. Uma história que ele mesmo conta desses tempos é que naquelas ocasiões, enquanto a audiência batia papo alheia ao seu piano, ele aproveitava para estudar algumas ousadias harmônicas e afins. Certa vez um sujeito veio de lá e perguntou: “O que você está tocando aí?” e ele: “E vocês, o que estão falando lá?” (mais risos). A última faixa, ‘Amanhecer’, mais um meditativo momento que evoca alvoradas e atmosferas orvalhadas, com um perfume de melancolia; a inquietude também está lá, porém dessa vez a melodia impera e nos conduz a um final cheio de luz – como as suas pegadas em meu sonho. Hermeto é inextinguível, temos a sorte de existir tal artista em nossas terras e, graças aos céus, ainda entre nós e gerando música. Que assim permaneça pelos séculos do séculos, magnífico Hermeto Pascoal, Mago dos Magos.
Por Diferentes Caminhos – Hermeto Pascoal – Piano solo, 1988
1 Pixitotinha
2 Bebê
3 Macia
4 Nascente
5 Cari
6 Fale mais um pouquinho
7 Por diferentes caminhos
8 Eu Te Tudo
9 Nenê
10 Sintetizando de verdade
11 Nostalgia
12 Amanhã
O que dizer? Que eu amo Hermeto? Sim, direi isto. Que não perdi nenhum show dele que passou perto de mim? Sim, direi. Que uma vez faltei ao trabalho porque estava trabalhando em Pelotas, tinha que voltar naquela manhã, mas vi no jornal que ele estava na cidade e iria se apresentar naquela noite? Fiquei lá, óbvio. Voltei um dia depois e disse com sinceridade pro meu chefe o motivo da minha falta. E ele ficou tão apalermado que disse meio puto para eu ir trabalhar. Não falou comigo por uma semana, mas não me demitiu.
Hermeto Pascoal (1936) é um compositor, arranjador e super e multi-instrumentista brasileiro. Toca acordeão, flauta, piano, saxofone, flauta, violão, baixo e diversos outros instrumentos. Hermeto é uma figura significativa na história da música brasileira, reconhecido principalmente por suas habilidades em orquestração e improvisação, além de ser produtor musical e colaborador de diversos álbuns nacionais e internacionais. Conhecido como “O Bruxo” ou “O Campeão”, ele frequentemente faz música com objetos não convencionais, como bules, brinquedos infantis e animais, bem como teclados, acordeão de botões, melódica, saxofone, violão, flauta, voz, vários metais e instrumentos folclóricos. Talvez por ter crescido no campo, usa a natureza como base para suas composições, como em sua Música da Lagoa, em que os músicos borbulham água e tocam flautas imersos em uma lagoa: uma emissora de televisão brasileira de 1999 o mostrou solando a certa altura, cantando em um copo com a boca parcialmente submersa na água. Há muita controvérsia em relação ao local onde ele nasceu, com várias fontes dizendo que ele nasceu em Olho d’Água Grande ou Lagoa da Canoa, ambas cidades de Alagoas. Hermeto nasceu com estrabismo e é portador de albinismo, o que fez com que ele não tivesse que trabalhar na roça desde a infância por ele não poder se expor muito ao sol.
Quando saiu da roça, vocês sabem o que aconteceu. Pesquisem, né?
Quem quiser piratear os meus discos, pode ficar à vontade. Desde que seja para ouvir uma boa música. (…) Mesmo o meu trabalho em gravadoras, o povo tem mais é que piratear tudo. Isso não é revolução. O que queremos é mostrar essa música universal. Porque isso não toca em rádio nem aparece na capa do jornal. Sabe o que Deus falou? Muita gente pensa que é só para transar. Mas, não. “Crescei e multiplicai-vos”. Isso é em todos os sentidos. Vamos crescer na maneira de ser e multiplicar o que tem de bom. Sem barreiras. A música é universal. Eu toco no mundo inteiro e é sempre lotado. Eu só cheguei a isso porque os meus discos são pirateados, estão à vontade na Internet.
Hermeto Paschoal: A Música Livre De Hermeto Paschoal
A1 Voz E Vento
A2 Música Das Nuvens E Do Chão
A3 Dança Da Selva Na Cidade Grande
A4 Amor, Paz E Esperança
A5 Diálogo
B1 Correu Tanto Que Sumiu
B2 Festa Na Lua
B3 Eita Mundo Bom!
B4 Religiosidade
B5 Arrasta Pé Alagoano
B6 Vou Esperar
B7 Auriana
B8 Banda Encarnação
Hermeto Pascoal & Grupo – Só Não Toca Quem Não Quer
De Sábado Prá Dominguinhos 4:35
Meu Barco 0:50
Viagem 4:25
Zurich 9:30
O Correio 0:49
Intocável 3:00
Suíte Mundo Grande 4:03
Cancão Da Tarde 2:35
Mente Clara 2:13
Ilha Das Gaivotas 4:49
Rebuliço 2:36
Quiabo 5:14
Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal: Hermetismos Pascoais – ao Vivo em SP (2002)
1. Apresentação
2. Preto Velho
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
3. Suíte do Parque Infantil / Suíte do Realejo
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família
4. Na Carioca
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
5. Passando o Ano a Limpo
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família
6. Agalopada
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
7. Pedra Vermelha
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família
8. Esse Mambo É Nosso
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
9. Feitinha pra Nóis
(Hermeto Pascoal) – Itiberê Orquestra Família
10. No Varal
(Itiberê Zwarg) – Itiberê Orquestra Família e Hermeto Pascoal
Itiberê Orquestra Família:
Mariana Bernardes – voz e percussão
Mariana – flauta
Carolina – flauta e viola
Letícia – flauta
Aline – flauta, flautim, flauta baixo e clarinete
Joana – clarinete e clarone
Pedro – trompete e melofone
Flávio – trompete
Sidney – sax alto, sax tenor, sax soprano e flauta
Thiago – sax alto, sax tenor
Janjão – trombone
Bernardo Ramos – guitarra
Luciano – guitarra e violão
Miguel – guitarra e violão
Cristiano – bandolim e violão
Vitor Gonçalves – piano e sax alto
João – piano, sanfona e percussão
Renata – violino
Isadora – violino
Maria Clara – violoncelo
Pedro – violoncelo
Bruno – baixo acústico e baixo elétrico
Mayo – baixo acústico e baixo elétrico
Pedro Albuquerque – baixo acústico
Pedro Christiano – tuba e baixo elétrico
Ajurinã – bateria, percussão e gaita
Georgia – percussão e bateria
Mingo – percussão e bateria
Itiberê Zwarg: arranjos e regência
Show realizado no Sesc Consolação em 10 de abril de 2002, no projeto “Hermetismos Pascoais”.
Uma deliciosa postagem lá de 2008, uma das últimas realizadas por Claudio Abbado, ao lado do genial violinista italiano Giulano Carmignola,em sua primeira incursão na obra de Mozart. Por algum motivo essa postagem nunca teve os links atualizados. Resolvi trazer novamente, eram outros tempos, internet lenta, baixo bitrate dos arquivos, enfim, pré história do PQPBach. Foram muitos os pedidos para repostar, então vamos atendê-los.
Mas FDP Bach está novamente postando Mozart? O que aconteceu? Um surto repentino de repertório mozartiano é sempre bem vindo, tenho certeza. Além disso, fiquei tão empolgado com este cd, que logo quis compartilhar com os senhores. Explico. Por um destes motivos inexplicáveis, até então o blog não havia postado estas obras, ou seja, os concertos para violino. Talvez o mano pqp tenha postado a Sinfonia Concertante, mas não me lembro dos outros concertos. Fiquei me enrolando por um bom tempo, tentando definir qual era a versão escolhida, entre tantas que tinha.. Mutter, Kremer, Oistrakh, Grumiaux, Mintz, Mullova, e sei lá mais quem, são várias as versões que possuo. Mas esta aqui em especial me chamou a atenção por trazer um mestre do violino barroco, Giuliano Carmignola. Sei que alguns pedirão este ou aquele solista, mas estas gravações de Carmignola são uma das melhores que já tive a oportunidade de ouvir na minha vida.
Eis um comentário encontrado na rede:
Renowned period-instrument violinist Giuliano Carmignola makes his first Mozart recording, and internationally acclaimed maestro Claudio Abbado records Mozart for the first time on period instruments! Abbado and Carmignola are long-standing collaborators and have performed Mozart together for some time; the album was born out of their feeling that it was time to commit their interpretations to disc. In addition to the five violin concertos, Carmignola teams with violist Danusha Waskiewicz on another audience favorite, the Sinfonia concertante. One of five releases celebrating Claudio Abbado’s 75th birthday, this attractively priced two-disc set promises to be one of the most important Mozart recordings of the year.
Alguns irão torcer o nariz por se tratar de Abbado, ainda mais tocando pela primeira vez com uma orquestra com instrumentos de época, mas não se preocupem.. é material de primeiríssima qualidade.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Os Concertos para Violino + Sinfonia Concertante, K. 364 (Carmignola, Abbado)
CD 1
1 – Concerto for Violin and Orchestra nº 1 in B Flat Major, K. 207 – Allegro moderato
2 – Concerto for Violin and Orchestra nº 1 in B Flat Major, K. 207 – Adagio
3 – Concerto for Violin and Orchestra nº 1 in B Flat Major, K. 207 – Presto
4 – Concerto for violin and Orchestra nº 1 in D Major, K. 211 – Allegro moderato
5 – Concerto for violin and Orchestra nº 2 in D Major, K. 211 – Andante
6 – Concerto for violin and Orchestra nº 2 in D Major, K. 211 – Rondeau – allegro
7 – Concerto for violin and Orchestra nº 3 in G Major, K. 216 – Allegro
8 – Concerto for violin and Orchestra nº 3 in G Major, K. 216 – Adagio
9 – Concerto for violin and Orchestra nº 3 in G Major, K. 216 – Rondeau – Allegro
CD 2
1 – Concerto for violin and orchestra nº 4 in D Major, K. 218 – Allegro
2 – Concerto for violin and orchestra nº 4 in D Major, K. 218 – Andante cantabile
3 – Concerto for violin and orchestra nº 4 in D Major, K. 218 – Rondeau – Andante grazioso
4 – Concerto for violin and orchestra nº 5 in A Major, K. 218 – Allegro aperto
5 – Concerto for violin and orchestra nº 5 in A Major, K. 218 – Adagio
6 – Concerto for violin and orchestra nº 5 in A Major, K. 218 – Rondeau – tempo di minueto
7 – Sinfonia Concertante in E flat major, K. 364 – Allegro maestoso
8 – Sinfonia Concertante in E flat major, K. 364 – Andante
9 – Sinfonia Concertante in E flat major, K. 364 – Presto
Uma das coisas que me impede de ouvir mais obras barrocas com vozes e coro – oratórios, música sacra, óperas – é a duração dessas obras. Oratório tal de tal compositor, 3 CDs! Ópera deste ótimo compositor, mais outros tantos CDs. E tem a minha mania (cada dia mais fraca) de ouvir a obra toda. Imaginar essas peças completas no nosso dia-a-dia provoca, senão um choque cultural, pelo menos um pequeno abalo. Entender isso deve ser um bom tema para uma dissertação de mestrado em antropologia, talvez. O tempo que as pessoas dispunham para esses entretenimentos nos dias de suas criações, muito provavelmente era diferente do que dispomos hoje para os nossos próprios entretenimentos. Isso sem contar as infinitas possibilidades de que dispomos para as nossas escolhas de diversão.
Talvez isso explique o sucesso de lindas peças mais ‘curtas’ do período barroco, como o Glória, de Vivaldi, ou o Stabat Mater, de Pergolesi. Mas, divago… O que eu quero dizer é que achei muito interessante essa proposta do grupo Les Ombres, de montar um espetáculo, que posteriormente rendeu o álbum. Eles reuniram peças e trechos de obras de diferentes compositores do mesmo período cultural para montar uma ‘narrativa’ que justapõem o mito de Sêmele, que é muito bonito, com a (des)aventura de Ícaro.
Cena de uma das apresentações…
No caso de Sêmele, a história vai, mais ou menos, assim: ela teve um caso com Zeus (que surpresa!), o que gerou ciúmes em Hera, que resolveu vingar-se da rival. (Ciúmes, vingança… bom, não é?) Hera astuciosamente transmutou-se na aia de Sêmele e lhe sugeriu que pedisse ao deus que lhe mostrasse toda a sua ‘majestade divina’. O deus a alertou que isso poderia ser um pouquinho demais, mas ela, atiçada pelas pérfidas e invejosas (outro sentimento danado de bom nessas histórias) irmãs Ino e Agave, insistiu com o deus. Como Zeus estava sob juramento de cumprir a todos os desejos de Sêmele, foi obrigado a exibir seus raios e trovões, que acabou incendiando o palácio onde estavam e tudo o mais, matando a pobre Sêmele.
Zeus então retirou o feto calcinado fruto desse amor e o implantou em sua própria coxa, donde nasceu o deus Dionísio (Viva Bacchus, Bacchus viva!).
O mito de Ícaro é mais conhecido, pelo menos eu creio. Dédalo e seu filho Ícaro ‘voam’ da Ilha de Creta usando asas construídas pelo engenhoso Dédalo com cera e penas. A despeito dos conselhos do pai (desde aqueles dias, filhos davam trabalho) Ícaro voa perigosamente perto do Sol e acaba (a cera derrete, essas coisas…) com os burros n’água, mitologicamente.
O programa do álbum inicia com uma sinfonia de pífaros, de ótimo augúrio, seguido de uma suíte de danças, com uma ária, com trechos de Marais. A seguir, uma cantata de Destouches, ‘Sémélé’. Até aí, tudo em francês.
Quando entra Handel, percebemos na hora, um de seus lindos concerti grossi, seguido da belíssima ária de sua ‘Semele’, da qual ‘roubei’ dois versinhos finais e coloquei no início da postagem, a título de preâmbulo… Divino, para mim, vale o disco. Uma ‘aria’ para a flauta e, na sequência, uma cantata em italiano “Tra le fiamme’, sobre o mito de Ícaro, que termina com os seguintes versos, a título de ‘moral’:
Sì, sì, pur troppo è vero:
nel temerario volo
molti gl’lcari son, Dedalo un solo.
Para terminar, uma exibição de gala das habilidades do saxão, árias de Semele e Theodora, lindamente acompanhadas por orquestra. Maraviglia!
Marin Marais (1656 – 1728)
Sémélé (Excerpts From Opera, 1709)
Marche D’ægipans Et de Ménades
Ouverture
Air « Quel Bruit Nouveau Se Fait Entendre »
Deuxième Air Des Guerriers
Chaconne
André-Cardinal Destouches (1672 – 1749)
Sémélé (Cantata, 1719)
Récitatif « Déjà Par Un Serment Terrible »
Air « Ne Cesse Point de M’enflammer »
Récitatif « Aussitôt Le Bruit Du Tonnerre »
Air « Est-il Un Destin Plus Heureux »
Récitatif « Elle Finit, Elle Est Toute Embrasée »
Air « Régnez Sans Partage »
George Friedric Handel
Concerto Grosso No. 4 En Fa Majeur, HWV 315, Op. 3
Largo – Allegro – Largo
Andante
Allegro
Semele, HWV 58 (From Opera 1743)
Air « Oh Sleep »
Il Penseroso Ed Il Moderato, HWV 55 (1740)
Air « Sweet Bird » (instrumental)
Tra Le Fiamme, HWV 170 (1707)
Air « Tra Le Fiamme »
Récitatif « Dedalo Già »
Air « Pien di Nuovo E Bel Diletto »
Récitatif « Sì, Sì, Purtroppo è Vero »
Air « Voli Per L’Aria »
Récitatif « L’uomo Che Nacque Per Salire Al Cielo »
De uma entusiástica crítica amadora: Pour qui aime la musique baroque! Ce CD est magnifique, la musique de Marin Marais, coule comme un ruisseau! On a envie de le suivre! [Para quem ama música barroca! Este CD é magnífico, a música de Marin Marais flui como um riacho! Queremos segui-la!]
O já conhecido Departamento de Artes do PQP Bach Coop. enviou esse instantâneo de Marin Marais tomado em sua última visita aos nossos headquarters…
A grana que eles ganhavam com música ia quase toda para as parrucchieres…
Joyce Arleen Auger foi uma cantora especialmente associada ao repertório vienense: Mozart, Haydn e também este álbum de Schubert gravado mais para o fim da sua vida que, infelizmente, não foi muito longa. Tampouco foi longa a vida de Franz Schubert, mas foi povoada por incontáveis melodias. O compositor Aaron Copland, em seu livro What to listen to in music, chama atenção para a gigantesca produção de Schubert como reflexo de sua personalidade como compositor, bastante diferente da de Beethoven. Isso não diminui a grandeza de Schubert, apenas o posiciona historicamente como alguém que vivia o comecinho do que entendemos como Romantismo em música e tinha certas diferenças em relação ao seu contemporâneo Beethoven, embora Schubert tivesse enorme admiração pelo alemão falecido em Viena um ano antes dele:
O tipo que mais tem fascinado a imaginação pública é o do compositor de inspiração espontânea – em outras palavras, o tipo Franz Schubert. Todos os compositores, naturalmente, são inspirados, mas esse tipo é o de inspiração mais fácil. A música parece jorrar de cada um deles. Muitas vezes, eles não são capazes de anotar as ideias na rapidez em que elas lhe ocorrem. Esse tipo de compositor pode ser identificado pela abundância da sua produção. Em certas épocas, Schubert escrevia uma canção por dia …
Invariavelmente, eles trabalham melhor nas formas mais curtas. É muito mais fácil improvisar uma canção do que improvisar uma sinfonia.
Beethoven simboliza o segundo tipo – o tipo construtivo, como se poderia chamar. Beethoven não era absolutamente um compositor ao estilo de Schubert, bem-amado da inspiração; era obrigado a seguir o caminho mais longo, começando com um tema, transformando-o em uma ideia germinal, e construindo em cima disso uma obra completa, em um trabalho diário e exigente. Desde os dias de Beethoven, esse tipo de compositor tem se revelado o mais comum. (A. Copland, trad. L. P. Horta)
Franz Schubert (1797-1828):
1. Gretchen am Spinnrade, Op. 2, D. 118
2. Heidenröslein, Op. 3.3, D. 257
3. Lieb Minna, D. 222
4. 3 Lieder, Op. 19.3, Ganymed, D. 544
5. Geheimes, Op. 14.2, D. 719
6. Auf dem See, Op. 92.2, D. 543
7. 3 Lieder, Op. 92.1, Der Musensohn, D. 764
8. Suleika I, Op. 14.1 No. 1, D. 720
9. Suleika II, Op. 31, D. 717 “Ach um deine feuchten Schwingen”
10. Daß sie hier gewesen, Op. 59.2, D. 775
11. 3 Lieder, Op. 20.1, Sei mir gegrüßt, D. 741
12. Du bist die Ruh, Op. 59.3, D. 776
13. Lachen und Weinen, Op. 59.4, D. 777
14. Seligkeit, D. 433
15. An die Nachtigall, Op. 98.1, D. 497
16. Wiegenlied (Schlafe, schlafe) D498
17. Am Grabe Anselmo’s, Op. 6.3, D. 504
18. 4 Lieder, Op. 88.4, An die Musik, D. 547
19. Die Forelle, Op. 32, D. 550
20. Auf dem Wasser zu singen, Op. 72, D. 774
21. 2 Lieder, Op. 43.1, Die junge Nonne, D. 828
22. 4 Lieder, Op. 106.4, An Sylvia, D. 891
23. Ständchen, D. 889
Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro de 2025, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a terceira das onze partes de nossa eulogia ao gigante.
Ainda que desembarcasse em Paris com 18 anos, Arthur buscava em Lutécia resolver sua adolescência musical. Idos eram seus tempos de menino-prodígio, e longínqua lhe parecia ainda a perspectiva de viver de Arte. Ademais, deixara para trás o renome que tinha em seu país, imenso, esparso, periférico, para adentrar anônimo uma Meca cultural em que qualquer pedra que se levantasse do calçamento revelaria um punhado de artistas aspirantes – aos quais, agora, se somaria ele próprio. E aquele formigueiro artístico, percebia-se, já vestira roupas melhores: com a Revolução Argelina de vento em popa, a Quarta República ruía, e o vasto império colonial francês colapsava enquanto secavam seus cofres nutridos por riquezas sanguinolentas. Mesmo assim, a turbulenta Paris oferecia um cardápio vasto ao mocetão sedento de experiências que, com o idioma afiado pelos muitos anos no Liceu Francês, logo se jogaria de corpo inteiro ao seu desporto favorito: conversar sobre tudo e com todos, como um dos mais virtuosos paus-de-enchente que seu planeta viria a conhecer.
Tão animada era a entrega de Arthur à hedonia que seria fácil esquecer o piano. Quem garantiu que o esquecimento ficasse por ali mesmo, no futuro do pretérito, foi a responsável pela importação de Monsieur Le Bâton d’Inondation: Madame Marguerite Long. A mestra, sempre muito exigente, não demorou a corroborar a ótima impressão que tivera dele no Concurso Internacional do Rio e, sobretudo, a solidez da formação que tivera sob Lúcia Branco. O jovem boêmio manteve-se na linha, expandiu seu repertório – para antes e para muito além das obras do Alto Romantismo que eram cada vez mais seus xodós – e, só para variar, agregou mais alguns diplomas à coleção que, com folga, o tornaria o mais laureado pianista brasileiro: o primeiro prêmio da Academia Marguerite Long e a menção honrosa no Concurso Internacional Marguerite Long-Jacques Thibaud.
Depois do biênio na França, a volta ao Rio não poderia ter sido mais anticlimática. Afora aqueles que morriam de saudades, não houve comoção alguma com a sua chegada. Sentia-se um João-Ninguém, tocando para a indiferença, um pinto oprimido no ovo que era o circuito da música de concerto em seu país. Logo ficou claro que sua bússola teria que, novamente, apontar para o Exterior. Arthurzinho, o Concurseiro Virtuoso, buscou uma vez mais catapultar-se através de triunfos e, claro, conseguiu: o terceiro lugar na nova edição do Concurso Internacional do Rio de Janeiro rendeu-lhe uma viagem aos Estados Unidos. Participou do Primeiro Concurso Internacional Van Cliburn no Texas, e, ainda mais importante, conheceu seu jovem patrono, então o mais célebre pianista do planeta, ainda a surfar o tsunami de sua vitória da edição de estreia do Concurso Tchaikovsky em Moscou. Cliburn, impressionado com o Chopin que saía das mãos-sósias de Arthur, apresentou-lhe sua própria mestra, a russa Rosina Lhévinne, que o convidou a estudar por dois anos na Juilliard School, em Nova York. Nosso herói, sempre disposto a profundos mergulhos de cabeça, queria beber direto da fonte: a estudar com uma russa no Novo Mundo, preferiu a própria Escola Russa de piano, in loco. Assim, e muito estimulado por Cliburn, reuniu rapidamente um rol notável de recomendações – de professores do Conservatório de Moscou, que conhecera em concursos mundo afora, até Luís Carlos Prestes, com quem seu tio Lourenço lutara nos dois anos da Coluna Invicta – e as enviou à então Capital de Todas as Rússias. O telegrama de resposta o encheu de alegria: o Ministério da Cultura da União Soviética concedera-lhe uma bolsa de cinco anos para, sob Rudolf Kehrer, estudar no Conservatório Tchaikovsky e, de quebra, charlar em inda outro idioma pelo maior país do planeta.
ooOoo
Falar de Villa-Lobos neste blogue carrega sempre a frustração de não compartilhar Villa-Lobos, pelos curtos e grossos motivos apontados aqui. Compensaremos essas clareiras com fontes alternativas das mesmas gravações nas plataformas de transmissão, enquanto esperamos – em chamas – pelo glorioso 1° de janeiro de 2030, quando por aqui retumbará um VILLA-LOBAÇO tamanho que será ouvido até lá nas Esferas de onde Heitor ora nos olha.
Oremos.
ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes Idealizada por Arthur Moreira Lima Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima
Volume 5: VILLA-LOBOS I
Heitor VILLA-LOBOS (1887-1959)
Dezesseis Cirandas para piano, W220
1 – Therezinha de Jesus
2 – A Condessa
3 – Senhora Dona Sancha
4 – O Cravo brigou com a Rosa
5 – Cobra-Cega (Toada da Rede)
6 – Passa, Passa, Gavião
7 – Xô, Xô, Passarinho
8 – Vamos Atrás da Serra, Calunga
9 – Fui no Itororó
10 – O Pintor de Cannahy
11 – Nesta Rua, nesta Rua
12 – Olha o Passarinho, Dominé
13 – À Procura de uma Agulha
14 – A Canoa Virou
15 – Que Lindos Olhos
16 – Có, Có, Có
Gravação: Master Studios, Rio de Janeiro, 1988
Produção: João Pedro Borges e Carlos E. de Andrade (Carlão)
Engenheiro de som: Denílson Campos.
Coordenação de produção: Manuel Luiz da Silva
Remasterização digital: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo (1995)
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
Volume 18: VILLA-LOBOS & RADAMÉS GNATTALI
Heitor VILLA-LOBOS
Concerto no. 1 para piano e orquestra, W453 1 – Allegro/Allegro
2 – Andante
3 – Allegro non troppo
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Sinfônica da Rádio de Moscou Vladimir Fedoseyev, regência
Gravado no estúdio central da Rádio de Moscou, União Soviética, 1974
Noel de Medeiros ROSA (1910-1937)
Arranjos para piano de Radamés Gnattali (1906-1988)
4 – Feitiço da Vila (em parceria com Osvaldo Gogliano, o Vadico)
5 – Último Desejo/Três Apitos
6 – Fita Amarela/Silêncio de um Minuto
7 – De Babado Sim (parceria com João Mina)/Até Amanhã
Arthur Moreira Lima, piano
Radamés GNATTALI (1906-1988)
Concerto para Noel Rosa, para piano e orquestra
8 – As Pastorinhas (sobre um tema de Noel Rosa e João de Barro)
9 – Em Feitio de Oração (sobre um tema de Noel Rosa e Vadico)
10 – Conversa de Botequim (sobre um tema de Noel Rosa e Vadico)
Arthur Moreira Lima, piano Radamés Gnattali, regência
Gravação: Estúdios Vice-Versa, São Paulo, 1978.
Produção: Marcus Vinícius
Engenheiros de som: Renato Viola e Wilson Gonçalves
Coordenação: Manuel Luiz da Silva
Remasterização digital: Rosana Martins Moreira Lima e Peter Nicholls, Londres, 1998.
A Prole do Bebê nº 1, W140 1 – Branquinha (A Boneca de Louça)
2 – Moreninha (A Boneca de Massa)
3 – Caboclinha (A Boneca de Barro)
4 – Mulatinha (A Boneca de Borracha)
5 – Negrinha (A Boneca de Pau)
6 – Pobrezinha (A Boneca de Trapo)
7 – O Polichinelo
8 – Bruxa (A Boneca de Pano)
Ciclo Brasileiro, para piano, W374 9 – Plantio do Caboclo
10 – Impressões Seresteiras
11 – Festa no Sertão
12 – Dança do Índio Branco
13 – Chôros No.5, “Alma Brasileira”, para piano, W207 14 – Rudepoêma, para piano, W184
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: Master Studios, Rio de Janeiro, 1988
Produção: João Pedro Borges e Carlos E. de Andrade (Carlão)
Engenheiro de som: Denílson Campos.
Coordenação de produção: Manuel Luiz da Silva
Remasterização digital: Rosana Martins Moreira Lima, na Cia. de Áudio, São Paulo (1995).
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
Até que irrompa a alvorada do VILLA-LOBAÇO de 1° de janeiro de 2030, as sensacionais leituras de Arthur estarão legalmente disponíveis nas seguintes (e em outras) plataformas, rendendo aos responsáveis a bagatela de (assim estimamos) 0,0000000001 centavo por audição. Vamos torná-los ricos?
Heitor Villa-Lobos por Arthur Moreira Lima – Cirandas
Como a gravação do Concerto no. 1 de Villa não está nas plataformas, a cornucópia do Instituto Piano Brasileiro veio, como sempre, em nosso socorro:
Digna de nota é a capa da edição soviética dessa gravação, em que se vê que a orquestra, listada modestamente em português como “Sinfônica da Rádio de Moscou”, era em verdade a GRANDE ORQUESTRA SINFÔNICA DA RÁDIO DE TODA A UNIÃO – pelo menos em nome, um Leviatã capaz de encarar as insanas dificuldades da partitura de Villa.
Já que recorremos à cornucópia do IPB, aproveitei para colher dela três outros lindos pomos com a música de Villa:
Esse álbum lançado somente no Japão em 1977 é um dos melhores na imensa discografia de Arthur. Certamente ciente da qualidade maravilhosa do som, ele parece aproveitar a oportunidade para saborear até os últimos harmônicos de cada nota. A Valsa da Dor tem, aqui, minha interpretação favorita em todos os tempos.
As incursões búlgaras de Arthur, que renderam as gravações da integral de Chopin para piano e orquestra, também nos deixaram esse álbum com peças brasileiras em que Villa predomina. Digno de nota o heroísmo do tradutor búlgaro, que transformou “Apanhei-te, Cavaquinho” em “Tenho tempo pra ti, Ukulele”.
E não sabemos se Arthur foi visto dormindo em Sofia, pois é impressionante que, além de todo resto, tenha também tido tempo para dar esse recital mastodôntico (um costume que criou na União Soviética, como veremos em breve).
BÔNUS: como compensação por nada podermos postar de Heitor, o Proibidão, ofereceremos algo da mestra francesa de Arthur. Muito próxima de Ravel, Marguerite Long foi honrada com o convite para ser a solista da première do Concerto em Sol, em 1932, sob a batuta do compositor. A primeira gravação da obra, que apresentaremos a seguir, aconteceria algumas semanas depois, com o português Freitas Branco no pódio e o compositor a supervisionar dos bastidores (e não regendo, a despeito de muitas afirmações em contrário, inclusive da capa do álbum). Inclusas, também, a regravação que Long fez do Concerto em 1952, alguns anos antes de conhecer Arthur, e a primeira gravação do Concerto no. 1 de Milhaud, com a regência do próprio.
Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
Concerto em Sol maior para piano e orquestra, M. 83 1 – Allegramente
2 – Adagio assai
3 – Presto
Marguerite Long, piano Pedro de Freitas Branco, regência
Gravado em Paris em 1932, sob supervisão do compositor
Darius MILHAUD (1892-1974)
Concerto para piano e orquestra no. 1, Op. 127
4 – Très vif
5 – Mouvement de Barcarolle
6 – Final (Animé)
Marguerite Long, piano Darius Milhaud, regência
Gravado em Paris em 1935
Maurice RAVEL
Concerto em Sol maior para piano e orquestra, M. 83
7 – Allegramente
8 – Adagio assai
9 – Presto
Marguerite Long, piano
Orchestre de la Société des Concerts du Conservatoire
Georges Tzipine, regência
Terceira parte do podcast “Conversa de Pianista”, com as entrevistas que Alexandre Dias conduziu com Arthur em 2020. Nessa parte, “ele falou sobre sua ida em 1963 para a cidade de Moscou, e como foi sua experiência na União Soviética em plena Guerra Fria, tanto suas vantagens como desvantagens. Comentou sobre as matérias que cursou no Conservatório Tchaikovsky, e suas aulas de piano com o professor Rudolf Kehrer. Falou sobre a necessidade de um pianista ter uma formação humanista, interessando-se por várias áreas do conhecimento – neste contexto, falou sobre como os russos valorizam muito a cultura. Relembrou nomes de gigantes do piano russo, como Heinrich Neuhaus, Emil Gilels e Sviatoslav Richter, alguns dos quais ele chegou a assistir em concertos. Depois, falou sobre sua preparação para participar do Concurso Chopin de 1965, no qual viria a ficar em 2º lugar, tornando-se favorito do público e obtendo fama mundial, e detalhou o repertório que estudou, e a rotina intensa de estudos a que se submeteu, com grande antecedência. Também relembrou como foi a experiência no concurso em si, em que conheceu Martha Argerich, e onde também encontrou Magda Tagliaferro, como membro do júri. Por fim, mencionou vários países em que realizou gravações nesta época, e que ainda não foram encontradas”.
Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, seguimos com o álbum de figurinhas dos campeões da Copa Rio de 1952. Eis o zagueirão João Carlos Batista Pinheiro, o Pinheiro (1932-2011), que formou com o goleiro Castilho e o capitão Píndaro a “Santíssima Trindade” da defesa tricolor.
Não dá para dizer que eu tenha amado o curioso trabalho de transcrição destes concertos para o piano. Achei engraçado e uma completa bobagem. Minha mulher fez a pergunta fatal: “Para que transcrever? Será que não há repertório suficiente para teclado?” Ah, pois é. Há tantas boas Sonatas barrocas e clássicas, coisas ótimas e originais, pra que vir com transcrições, ainda mais estas? Os movimentos lentos ficaram aceitáveis, mas faltou colorido aos rápidos, penso. Acho que é um download obrigatório para quem ama bizarrices. Os amigos do drama, do visceral e dos originais podem passar adiante — aqui há apenas caricaturas que fazem Vivaldi estremecer em seu túmulo.
Antonio Vivaldi (1678-1741): As Quatro Estações / Concerto para Bandolim / Concerto para Alaúde (transcrições para piano, por Jeffrey Biegel)
As Quatro Estações (Primavera)
1. I. Allegro 00:03:16
2. II. Largo 00:02:51
3. III. Allegro Pastorale 00:04:01
As Quatro Estações (Verão)
4. I. Allegro non molto 00:05:22
5. II. Adagio e piano – Presto e forte 00:02:02
6. III. Presto 00:02:36
As Quatro Estações (Outono)
7. I. Allegro 00:04:22
8. II. Adagio molto 00:02:16
9. III. Allegro 00:03:10
As Quatro Estações (Inverno)
10. I. Allegro non molto 00:03:30
11. II. Largo 00:02:02
12. III. Allegro 00:02:49
Mandolin Concerto in C major, RV 425 (arr. A. Gentile for piano)
13. I. Allegro 00:03:31
14. II. Largo 00:04:48
15. III. Allegro 00:02:08
Lute Concerto in D major, RV 93 (arr. A. Gentile for piano)
16. I. Allegro guisto 00:04:17
17. II. Largo 00:04:53
18. III. Allegro 00:02:38
Jeffrey Biegel, piano (e arranjo para “As Quatro Estações”)
Repostagem de dois cds imperdíveis de Claudio Abbado frente à Orquestra Mozart que ele mesmo fundou, escolhendo a dedo seus membros. Já havia feito outra repostagem há alguns anos, mas os links expiraram e entendo que são CDs fundamentais para os fãs do grande maestro e claro, de Mozart.
Por algum motivo desconhecido, decidi que Mozart é o ideal para se ouvir neste final de semana com feriado caindo no sábado, Dia das Crianças, e Dia de Nossa Senhora Aparecida da, Padroeira do Brasil.
Trago então dois CDs deliciosos, ótimos para ouvir numa manhã de sábado de primavera.
Claudio Abbado reúne a excelente Orchestra Mozart para tocar uma peça infelizmente pouco interpretada de nosso querido Wolfgang, a Sinfonia Concertante para Sopros e Orquestra, e o belíssimo Concerto para Flauta e Harpa, K. 299.
A inusitada formação dos instrumentos solistas da Sinfonia Concertante, com oboé, clarinete, fagote e trompa, nos traz melodias lindíssimas, tocadas com muita sensibilidade e leveza, e que nos deixa de bem com a vida.
O Concerto para Flauta e Harpa já nos é conhecido, devem ter umas duas ou três versões publicadas nos últimos anos aqui no PQPBach, e traz, em minha opinião, uma das mais belas melodias já compostas na história da Música, seu segundo movimento, um Andantino. Os que não conhecem ouçam com atenção e depois me digam se não tenho razão. O segundo cd também nos traz Claudio Abbado e sua Orchestra Mozart, porém desta vez temos o 4 Concertos para Trompa, interpretados por Alessio Allegrini. Redundante seria dizer que trata-se de música para a alma e para o espírito, e que Mozart nos proporciona isso com certeza. Portanto, vamos ao que interessa.
01. Sinfonia concertante in E flat major K. 297b – I. Allegro
02. II. Adagio (Andante)
03. II. Andantino con variazioni
04. Concerto for Flute, Harp and Orchestra in C major K. 299 (297c) – I. Allegro
05. II. Andantino
06. III. Rondeau – Allegro
01. Concerto for Horn and Orchestra Nº1 in D mayor K. 412/514 – I. Allegro
02. II. Rondo (Allegro)
03. Concerto for Horn and Orchestra Nº2 in E flat mayor K. 417 – I. Allegro maestoso
04. II. Andante
05. III. Rondo
06. Concerto for Horn and Orchestra Nº3 in E flat mayor K. 447 – I. Allegro
07. II. Romanze (Larghetto)
08. III. Allegro
09. Concerto for Horn and Orchestra Nº4 in E flat mayor K. 495 – I. Allegro moderato
10. II. Romanza (Andante)
11. III. Rondo (Allegro vivace)
O dia de hoje, 28 de julho, marca a data de morte de Antonio Vivaldi e de Johann Sebastian Bach — mais detalhes e coincidências entre os dois maiores mestres do barroco estão neste link. Então, farei duas postagens bem consistentes, uma de cada um deles. A de Bach entrará ali pelo meio da tarde, certo?
L’Estro Armonico (A Inspíração Harmônica, em italiano), Op. 3, é uma coleção de doze concertos para 1, 2 e 4 violinos escritos por Antonio Vivaldi em 1711. Foram obras que se tornaram logo muito famosas chegando a atingir Bach, tanto que ele transcreveu vários destes concertos para o cravo e o órgão. Ele, seus filhos legítimos e seus alunos costumavam tocá-los em saraus e nas aulas. Eu, pobre ilegítimo, o 21º filho, nunca pude tocá-los. Me dá uma tristeza! Ouçam como são belos! Dá vontade da mandar tomar no cu aquele russo nanico que disse que Vivaldi fez 477 vezes o mesmo concerto. É o que farei: “Ei, Stravinsky, vai tomar no cu!”.
O disco é razoável, boa orquestra de som antiquado, ante-diluviano. O CD deve ter décadas. Mas traz todo o Op. 3. Legal, né?
Vivaldi – L’estro armonico, Op.3 – Virtuosi di Roma
CD1
Concerto No. 1 D-dur, RV 549
01. I: Allegro [0:03:10.70]
02. II: Largo e spiccato [0:03:49.45]
03. III: Allegro [0:02:32.60]
Franco Gulli, Edmondo Malanotte, Mario Benvenuti, Alberto Poltronieri, violins
Junto com outras duas sonatas para piano e o sublime Quinteto de Cordas, a Sonata para Piano em Lá maior D959 é uma das quatro obras-primas visionárias que Schubert concluiu em 1828 e que estariam entre as últimas coisas que ele escreveu.
[trecho do site da Hyperion]
A Sonata para Piano gravada neste disco foi composta com mais outras duas nos últimos meses de vida de Schubert, entre a primavera e o outono de 1828. Essas três obras são espetaculares, produção de um compositor que desenvolveu todos os seus talentos e estava no domínio completo de sua arte. Schubert tinha em alta conta as obras de Haydn e Mozart e veneração pela obra de Beethoven, de quem foi contemporâneo, mas sua obra, especialmente a música de câmara, Lieder e as obra para piano, revelam uma voz distinta, única.
É impressionante como o desenvolvimento de uma personalidade artística toma um próprio tempo para se estabelecer em diferentes artistas e como esses talentos individuais podem revelar-se de maneira proporcional ao tempo biológico de cada um deles.
Basta considerar o exemplo de Schubert, que atingiu essas alturas aos 31 anos, a poucos meses do fim, enquanto Beethoven, aos 31 anos tinha sob seu cinturão a Primeira Sinfonia e estava a um ou dois anos de apresentar a Segunda Sinfonia com grande parte de suas obras ainda por vir. Ou seja, se sua personalidade artística ainda não se revelou, pode ser que você ainda não tenha vivido o suficiente…
Schubert também tinha atenção para a música de compositores menos grandiosos. A coleção de Momentos Musicais segue a tradição de coleção de peças em voga naquelas dias, como os Impromptus de Jan Václav Voříšek. E não são menos adoráveis por isso.
Este disco é mais uma pérola na ótima discografia do pianista Steven Osborne construída na gravadora Hyperion, alguns deles disponíveis e resenhados no seu PQP Bach mais próximo…
Este é para ser ouvido e ouvido de novo, para grande deleite de vossas mercês…
‘This is a performance of D959 that was still resonating in my mind long after I’d finished listening: it’s that good. Superb Schubert from Steven Osborne, a new release from Hyperion—it’s my Record of the Week’ (BBC Record Review)
‘The Moments musicaux speak with a morning freshness throughout, each imbued with its own unmistakably individual identity’ (Gramophone)
Aproveite!
René Denon
Steven todo prosa com seu novo disco…
Caso você tenha acesso às plataformas de distribuição de músicas, aqui está uma possibilidade para a audição:
O húngaro Miklós Perényi é reconhecido como um dos grandes violoncelistas da sua geração, com um som distinto, matizado, acompanhado de uma musicalidade extraordinária. Aqui ele dá o seu primeiro recital a solo para a ECM, interpretando obras notáveis de Bach, Britten e Ligeti. O CD veio logo após sua brilhante atuação, ao lado de András Schiff, nas premiadas gravações da Música Completa para Piano e Violoncelo de Beethoven. Perényi interpreta a Terceira Suíte de Benjamin Britten para violoncelo solo, op. 97 (1971) e a Suite n.º 6 de Johann Sebastian Bach em ré maior, BWV 1012, tornando clara a sua interligação histórica e temática. Britten escreveu suas suítes para violoncelo para Mstislav Rostropovich, inspirado por ouvi-lo tocar as suítes de Bach. Rostropovich saudou todas as suítes de violoncelo de Britten como obras-primas, mas destacou a Terceira (escrita em 1971) para um elogio especial: “puro gênio”, em suas palavras. Na obra, Britten cita fragmentos de melodias de canções folclóricas russas que emergem plenamente no movimento final. Neste disco, a última suíte para violoncelo de Bach segue a de Britten, e o Bach de Perényi dança com elegância e energia. O álbum termina com um retorno à Hungria e à Sonata para violoncelo solo de Gyorgy Ligeti de 1948-1953. Ligeti lançou a peça para publicação apenas em 1979, então ela figura na cronologia antes e depois de Britten. Trata-se de uma obra poderosa e sincera de um compositor que estudou violoncelo.
Britten, Bach, Ligeti: Peças para Violocelo Solo (Perényi)
Benjamin Britten: Third Suite op. 87 (1971)
01 Introduzione. Lento 2:15
02 Marcia. Allegro 1:34
03 Canto. Con moto 1:08
04 Barcarola. Lento 1:12
05 Dialogo. Allegretto 1:09
06 Fuga. Andante espressivo 2:32
07 Recitativo. Fantastico 1:09
08 Moto perpetuo. Presto 0:51
09 Passacaglia. Lento solenne 8:33
Johann Sebastian Bach: Suite VI D-Dur BWV 1012
10 Prélude 5:31
11 Allemande 6:34
12 Courante 3:50
13 Sarabande 5:42
14 Gavotte I – II 4:32
15 Gigue 3:46
György Ligeti: Sonata (1948/53)
16 Dialogo. Adagio, rubato, cantabile 3:59
17 Capriccio. Presto con slancio 3:35
Um disco absurdamente bom de árias de óperas de Vivaldi. Através de um repertório desconhecido, a estadunidense Vivica Genaux — nasceu em Fairbanks, Alasca — dá um banho de competência artística e vocal. Biondi e sua Europa Galante acompanham à perfeição as pirotecnias da bela moça. Creio que várias destas árias tenham sido compostas para a talentosa cantora Anna Giraud (Anna Girò) que era amante do padre vermelho. (Vivaldi dizia que não podia rezar missa por ser asmático, mas tinha fôlego de sobra para Anna). Sim, Girò era soprano e Genaux é mezzo, mas vejam bem: no século XVIII, a classificação vocal era menos rígida do que hoje. Sopranos podiam cantar papéis que hoje associamos a mezzos, dependendo da tessitura e estilo. Vivaldi explorava os pontos fortes de seus intérpretes, e Anna era conhecida por sua agilidade, capacidade dramática e versatilidade. Genaux também, como comprova o CD. As árias de Vivaldi para Anna Girò abrangem uma tessitura típica de soprano, porém alguns musicólogos sugerem que ela poderia ser classificada como mezzo-soprano em termos modernos, devido à certeza da riqueza de seu timbre em registros médios. No entanto, a maioria das fontes históricas refere-se a Girò como soprano.
A. Vivaldi (1678-1741): Vivaldi Pyrotechnics – Opera Arias (Genaux)
1. Catone In Utica: Come In Vano Il Mare Irato 5:27
2. Semiramide: E Prigioniero E Re 4:55
3. La Fida Ninfa: Alma Oppressa 5:10
4. Griselda: Agitata Da Due Venti 5:20
5. La Fida Ninfa: Destin Nemico….Destin Avaro 5:55
6. Il Labbro Ti Lusinga 7:29
7. Ipermestra: Vibro Il Ferro 3:50
8. Farnace: No, Ch’amar Non È Fallo In Cor Guerriero….Quell’usignolo 7:50
9. Tito Manlio: Splender Fra ‘l Cieco Orror 4:49
10. Rosmira Fedele: Vorrei Dirti Il Mio Dolore 6:52
11. Catone In Utica: Chi Può Nelle Sventure….Nella Foresta 7:25
12. Farnace: Ricordati Che Sei 3:43
13. Sin Nel Placido Soggiorno 6:50
Vivica Genaux, mezzo-soprano
Europa Galante
Fabio Biondi
Vamos a mais uma postagem com conteúdo chopiniano. Selecionei alguns CDs para postar. Entre eles destaco uma box com treze CDs com a música de Chopin, sendo interpretada por Vladimir Ashkenazy. Fiquei a pensar se deveria postar Arrau (box com 7 CDs) ou Biret (box com 17 CDs). Optei por Ashkenazy, que é um bom pianista. Por isso, esperem uma bombardeio com material do músico polaco. Há ainda um material com compositores avulsos. Vamos a um deles: ficamos agora com o pianista russo Alexei Borisovich Lubimov, que tem uma forte ligação com a música ocidental. Nos tempos da União Soviética chegou até a ser repreendido por causa desse fato. É um extraordinário CD. Não deixe de ouvir o trabalho de Lubimov. Boa degustação!
P.S. de Pleyel ao respostar – existem os especialistas em Chopin, conhecidos por vocês: Artur Rubinstein, Guiomar Novaes, Maurizio Pollini, Dang Thai Son… além dos já citados acima pelo Carlinus. E existem discos um tanto surpreendentes com a música de Chopin gravada por pianistas não tão associados a ele. É o caso deste álbum em que Lubimov demonstra uma profunda sabedoria tanto sobre a música de Chopin como sobre o pianoforte Érard de 1837.
O pianista Herbert Henck tem uma série de CDs na grande ECM que vale muito a pena explorar. Este disco une duas importantes figuras — por muito tempo ignoradas — da música americana moderna. Sabemos que muitas vezes se passam anos entre a inovação e a sua aceitação geral. Hoje, nós tiramos de letra o distorcido jazz dos anos 30 presente nas composições eruditas modernosas de Nancarrow e Antheil.
Ficou complicado levar George Antheil (1900-1959) a sério nos EUA após o fracasso de seu Méchanique Ballet. Ele foi um ser humano severamente multifacetado. Escreveu muita música e também foi escritor. Sua excelente e divertida autobiografia, “O Bad Boy da Música”, é elogiadíssima. Sua música alegre e cheia de invenção fazia discreto sucesso… na França. Esta é uma seleção bem dele, e mostra seu amor pelo ritmo e o interesse pelo jazz. Vários dos títulos aludem às máquinas. Leiam abaixo, a relação de obras mais parece um rol de equipamentos industriais. Há uma Sonatina para rádio (?) e outra chamada de “O Aeroplano”, mas também uma Sonata Sauvage… E aquele monte de “Acelerandos” ali?
Conlon Nancarrow (1912-1997) é conhecido por seus estudos para o piano, que também incluía aquelas pianolas mecânicas das quais acabo de esquecer o nome. Algumas de suas obras são tão complexas em termos de ritmo que é melhor programar o piano com aqueles rolos de papel (ei, alguém me ajude!). Somente em seus últimos anos de vida, Nancarrow desfrutou de fama internacional e seus estudos chegaram ao status de cult. (Ouvi uma vez a música programada em rolos de papel, achei mais apaixonante do que bela).
A capa do CD da ECM traz uma vaquinha tão triste quanto o destino da música moderna em nossos dias — vejam o ocorre com o pianista na imagem que finaliza o post. Triste fiquei eu ao notar que o CD tem apenas 38 minutos!
Conlon Nancarrow (1912-1997) / George Antheil (1900-1959): Música para Piano
1. Nancarrow – Three 2-part studies – I. Presto
2. Nancarrow – Three 2-part studies – II. Andantino
3. Nancarrow – Three 2-part studies – III. Allegro
4. Nancarrow – Prelude (Allegro molto)
5. Nancarrow – Blues (Slow Blues Tempo)
6. Antheil – Sonatina für Radio (allegro moderato)
7. Antheil – Second Sonata, ‘The Airplane’ – I. To be played as fast as possible
8. Antheil – Second Sonata, ‘The Airplane’ – II. Andante moderato
9. Antheil – Mechanisms
10. Antheil – A machine
11. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – I. Moderato
12. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – II. Accelerando
13. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – III. Accelerando
14. Antheil – Sonatina (Death of the Machines) – IV. Accelerando
15. Antheil – Jazz Sonata (Sonata No. 4)
16. Antheil – Sonata Sauvage – I. Allegro vivo
17. Antheil – Sonata Sauvage – II. Moderato
18. Antheil – Sonata Sauvage – III. Moderato/Xylophonic, Prestissimo
19. Antheil – (Little) Shimmy
Dizer o quê? Viktoria Mullova + Il Giardino Armonico + Giovanni Antonini + Vivaldi = Brilhantismo total. O conjunto que a acompanha não poderia ser mais adequado. Irreverente e atlético, o Giardino é um grupo notável e aqui dá um banho de competência, bem no espírito da esplêndida russa que aqui botou cordas de tripa e usou um arco barroco em seu Stradivarius de forma a não destoar do excelente grupo que a acompanha. Ouçam bem o ataque das cordas do Giardino Armonico… Aquele tsc me deixa alucinado, é lindo! Os caras me deixam feliz quando tocam. Este é um disco absolutamente obrigatório para os numerosos amantes do barroco que seguem nosso blog.
Vivaldi: Concertos para Violino (Mullova, Giardino Armonico)
Concerto In D Major “Grosso Mogul” RV 208
1 Allegro 5:38
2 Recitativo: Grave 2:27
3 Allegro 4:45
Concerto In B Minor For 4 Violins And Cello RV 580 (Op. 3 No. 10)
Cello – Marco Testori
Violin – Marco Bianchi (3), Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi, Viktoria Mullova
4 Allegro 3:38
5 Largo – Larghetto – Largo 2:07
6 Allegro 3:07
Concerto In C Major RV 187
7 Allegro 4:28
8 Largo Ma Non Molto 3:02
9 Allegro 4:12
Concerto In D Major RV 234 “L’Inquietudine”
10 Allegro Molto 1:59
11 Largo 1:31
12 Allegro 2:45
Concerto In E Minor RV 277 “Il Favorito”
13 Allegro 4:38
14 Andante 3:40
15 Allegro 4:36
Archlute – Luca Pianca
Bassoon – Alberto Guerra
Cello – Elena Russo, Marco Testori
Composed By – Antonio Vivaldi
Conductor – Giovanni Antonini
Double Bass – Giancarlo De Frenza
Harpsichord – Riccardo Doni
Orchestra – Il Giardino Armonico
Viola – Elena Confortini, Gianni Maraldi
Violin – Marco Bianchi (3), Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi, Viktoria Mullova
Violin [II] – Alberto Stevanin, Marco Bianchi (3), Maria Cristina Vasi
Violin [I] – Liana Mosca, Luca Giardini, Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi
Estou planejando a postagem dessa integral de Rachmaninoff já há uns dois ou três anos. Já tive o texto pronto, mas acabei apagando. Felizmente os arquivos compactados continuaram guardados na nuvem.
Na verdade, sobre os Concertos em si não há muito a se falar além do já foi falado. São obras fundamentais do repertório pianístico, tour-de-force para qualquer pianista, enfim.
Talvez eu seja o último romântico do grupo, o cara que dá a cara a tapa trazendo estes concertos novamente para o blog. Fazer o que, gosto muito deles, talvez tenha postado mais versões deles do que os de Beethoven ou Mozart. Talvez seja neste romantismo, mesmo tardio, que eu centralize minhas atenções, talvez seja a idade, recém cheguei aos meus sessenta anos, e ando meio avesso a modernidades, aliás nem sei se já as apreciei em algum momento. Por isso continuo fazendo mais do mesmo. Enquanto nossos ouvintes – leitores continuarem a baixar e ouvi-los continuarei postando.
Anna Fedorova é uma pianista ucraniana de grande talento, como poderão ouvir nestes cds. Sua paixão pela música está mais que implícita em suas interpretações, se joga de corpo e alma, e não teme essa exposição. Trarei os Concertos em sua ordem natural, incluindo aí a indefectível Rapsódia sobre um Tema de Paganini, uma das peças de mais díficil execução do repertório pianístico, o músico tem de estar muito bem preparado para encará-lo. E o Concerto de nº 1 é de uma beleza ímpar, mostrando já desde os seus primeiros acordos a que veio. O maestro Modestas Pitrenas, nascido na Lituânia em 1974, faz um belo trabalho frente a desconhecida Sinfonieorchester St. Gallen, porém esse seja o grande trunfo destas gravações. Desta forma podemos admirar mais detalhadamente a técnica, versatilidade e virtuosismo da solista, deixando a orquestra um pouco mais a vontade, sem grande pressão, talvez, sei lá.
Chega de enrolação, vamos ao que viemos. Trarei um CD por semana. Como comentei acima, nesta primeira postagem teremos o Primeiro Concerto e as Rapsódia sobre um tema de Paganini.
Piano Concerto No . 1 i n F sharp Minor, Op.1 (1890-1891/1917)
1 Vivace
2 Andante
3 Allegro vivace
Preludes (19o3/1910)
4 Prelude Op. 23 No. 1 in F sharp Minor (1902)
5 Prelude Op. 32 No. 12 in G sharp Minor (1910)
6 Prelude Op. 32 No. 5 in G Major (1910)
7 Prelude Op. 23 No. 2 in B flat Major (1902)
As obras orquestrais mais famosas de Lutoslawski são o concerto para orquestra (1954), as quatro sinfonias (1948-1993, aqui) e o concerto para violoncelo (1970). Aqui neste álbum, temos duas obras menos célebres mas que merecem uma ou mais audições cuidadosas. Livre pour orchestre – Livro para orquestra – é uma série de episódios avulsos, uns maiores e outros mais simples, mais ou menos como os livros de prelúdios e fugas de Bach. Estreado em 1968 durante um período de protestos políticos na Polônia e em vários outros lugares do planeta, trata-se de uma das obras mais vanguardistas de Lutoslawski, cheia de sonoridade imprevisíveis, não domesticadas, com alguns choques que às vezes soam desconfortáveis aos ouvidos, mas ao mesmo tempo os episódios vão se desenrolando como uma narrativa abstrata para pura apreciação, em oposição a outras obras de vanguarda que, em sua militância, exigem uma postura mais intelectual do ouvinte.
Composta dez anos antes (1958), a Música Fúnebre dedicada à memória de Bela Bartók é mais tonal, mais comportadinha, mas tem em comum com Livre o seu desenrolar em uma narrativa que, embora não expresse uma mensagem específica, um conteúdo verbal, guarda alguma semelhança com a música narrativa dos compositores românticos. E falando nisso, a primeira obra do álbum, a 2ª Sinfonia (1909) de Szymanowski, não me interessa minimamente: um formato romântico previsível, melodias menos notáveis do que as de outros compositores do mesmo período como Scriabin, Mahler ou o jovem Schönberg, isso para ficarmos só na Europa central e oriental… Uma perda de tempo.
Karol Szymanowski (1882-1937):
Sinfonia nº 2 Witold Lutosławski (1913-1994):
Livre pour orchestre
Música Fúnebre à memória de Béla Bartók
Polish N.R.S.O., Alexander Liebreich
As gravações de Peter Serkin dos Concertos para Piano de Mozart com a English Chamber Orchestra, regida por Alexander Schneider, são muito elogiadas, principalmente por seu toque dinâmico e seguro e pela forte conexão que estabelecem entre os concertos e as óperas de Mozart
Esta postagem foi motivada por uma viagem ao centro do Rio de Janeiro (lá na Cidade, como dizemos aqui), desde o distante bairro de Camboinhas, que fica em Nikiti, do outro lado da baía (da Guanabara, pois é…)
Visitar lojas de discos usados – os sebos – está cada vez mais parecido com a ida de Harry Potter à Ollivanders, a loja de varinhas mágicas. Essa uma que visitei ontem fica escondida na sobreloja de um prédio que dá para uma travessa entre a rua do Ouvidor e a Sete de Setembro. Os CDs estão ainda lá, com todo o charme que costumavam ter, mas a profusão de sacolas e caixas com itens ainda misturados e não catalogados contrastam com a organização dos que ocupam as prateleiras e estantes presas às paredes da loja. Sinal de que muita coisa está chegando, algum colecionador pode ter batido as botas dia desses…
Foi num desses containers que avistei um dos três discos da postagem – Concertos para Piano de Mozart, os de números 18 e 19. Eu que sou fã de todos eles, mas em particular do 19, abri imediata investigação do item. O pobrezinho estava lá na caixa sufocado por gravações do Concerto para Piano de Tchaikovsky e vários Quadros de Uma Exposição…
Max e alguns de seus Grammy’s
O que me chamou a atenção em especial foi o sobrenome do pianista, pois Peter é filho de Rudolf Serkin, também pianista. Além disso, o produtor do disco é o legendário Max Wilcox. Nem todo mundo presta a atenção ao nome do produtor, mas esse papel costuma ser importante na (como posso dizer?) produção de um disco. E Max foi maximal, um nome que costuma garantir a boa qualidade do disco. Entre seus artistas teve Arthur Rubinstein (talvez o mais famoso), Eugene Ormandi, The Guarneri Quartet, Ivan Moravec. Mais recentemente Richard Goode e o Emerson String Quartet, entre outros.
Peter Serkin
Pois vejam, Peter Serkin foi um pianista que se destacou por ter música moderna em seu repertório, mas se negava a rótulos. Você poderá ouvi-lo tocando as Variações Goldberg (várias gravações), obras de Messiaen, Beethoven, Bartók. A orquestra das gravações é a English Chamber Orchestra e foi referência para música barroca e clássica antes da onda dos instrumentos de época, sempre muito, muito boa.
Alexander Schneider é um nome talvez menos conhecido, mas foi excelente músico, violinista, regente, educador e organizador de eventos. Era membro do Budapest String Quartet e atuou na organização assim como artista em festivais como o Casals Festival em Prades e Porto Rico, assim como no Marlboro Music Festival.
Eu gostei muito das interpretações dos concertos, mas em especial do movimentos lentos. Muito bonitos. Espero que você goste…
Uma nota especial para as ilustrações das capas desses três discos, que são parte de uma série de ilustrações produzidas em 1945 por Joseph Solman, a partir de um retrato de Mozart (provavelmente seu último, de 1789) feito por Dora Stock. Solman fez uma série de variações poéticas e brincalhonas buscando induzir uma atitude mais moderna em contraste coma as imagens do compositor naqueles dias. O retrato feito por Dora Stock está na abertura da nossa tradicional lista de faixas, nosso ‘programa’ da postagem.
Peter Serkin’s performances of Mozart’s Piano Concertos with the English Chamber Orchestra conducted by Alexander Schneider are highly praised, particularly for their dynamic and assured pianism, and the strong connection they draw between the concertos and Mozart’s operas.
De uma crítica na Amazon: These are among the best recordings of Mozart Piano Concertos 18 and 19, part of Peter Serkin’s collaboration with the English Chamber Orchestra and conductor Alexander Schneider. Peter Serkin is an excellent Mozartean, only 26 when this 1973 RCA recording was taped. Beautiful, clear analog sound, very balanced and maybe just a hint of congestion in FF piano chords, suggesting the limitations of analog recording technology.
Sacha Schneider e Pau Casals num bate-papo super animado com o pessoal do PQP Bach…
Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a segunda das onze partes de nossa eulogia ao gigante.
Arthur, desde o começo, foi Arthurzinho – não só por ser notável prodígio antes mesmo que suas perninhas em calças curtas alcançassem os pedais do piano, mas também por ter recebido o nome do pai e isso tornar de mister um diminutivo para que em sua casa não se confundissem os Arthures.
Arthurzinho, ou Juninho?
Arthurzinho tinha três anos quando, desgraçadamente, perdeu Arthur. A tristeza da orfandade marcaria seus primeiros anos de vida, nos quais mambembou entre cidades e casas de familiares, e esse turbilhão de inconstância o propeliu, desde muito cedo, a buscar um melhor futuro. Sua dedicação encarniçada aos estudos – primeiro como bolsista no Liceu Francês, e depois no Colégio Militar do Rio de Janeiro – sempre o manteve entre os mais condecorados estudantes. Vislumbrava, até graduar-se, um horizonte como engenheiro militar do Instituto Técnico da Aeronáutica, e provavelmente teria tomado esse rumo, não fosse o chamado daquela irresistível intercorrência que tanto amamos, a Música.
Depois de muito ouvir três gerações de mulheres – sua avó Lulu, a mãe Dulce e a irmã Luiza – a tocarem o piano alemão da matriarca, estreou na grande Arte em ainda maior estilo: pedindo para tocá-lo ele mesmo e, do mais puro nada, sair de seus dedinhos de seis anos a peça que a mãe estudava. Recobrando-se do pasmo, as parentes fizeram o possível para instrui-lo no teclado. O moleque, no entanto, era mais rápido, e já tinha esgotado os recursos pedagógicos das pianistas da família quando tocou o primeiro recital solo, aos oito anos. Em seguida, tornou-se aluno da grande professora Lúcia Branco. Sob essa orientadora formidável, Arthurzinho começou a dar de ombros a suas aspirações engenheiras e sua carreira seguiu, como costumava dizer, feito um Dodge: aos nove anos, deu seu primeiro recital profissional, no Theatro da Paz de Belém, e venceu o Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica Brasileira, feito que repetiria aos doze; aos dezesseis, ganhou uma bolsa de estudos em Paris, após vencer o concurso da Rádio Ministério da Educação, que postergou para concluir seus estudos no Colégio Militar; e aos dezessete, após chegar às finais do Primeiro Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro, um novo convite para Paris veio da maneira mais irrecusável, ao partir da mítica Marguerite Long, membra do júri e muito impressionada com o jovem aluno-tenente.
– Est-ce que vous parlez de moi?
Se esses seus primeiros anos pianísticos foram muito calcados no repertório do classicismo vienense, tanto pelas preferências de Dona Lúcia quanto pelos ditames dos concursos da época, as estrelas do Alto Romantismo haveriam de prover-lhe todo repertório, se assim o deixassem – e Chopin, seu favorito, era a Alfa dessa constelação. Desde os Noturnos, que tocou praticamente desde o marco zero de sua trajetória como artista, até a participação histórica no Concurso que leva o nome do gênio de Żelazowa Wola, Arthurzinho sempre foi fortemente associado à música de Chopin, veículo apropriado a seu pianismo sempre temperamental e destemido. Além de seu grande intérprete, o mestre de São Sebastião do Rio de Janeiro também foi notório sósia de Frederico, não só pelas semelhanças entre seus perfis pontiagudos, prontamente percebidas pelo público de Varsóvia, de quem era o candidato favorito, mas também pelas mãos, como descobriu, quase em epifania, quando uma das suas encaixou-se exatamente ao molde da do polonês. O que há de Chopin na discografia de Arthur está entre o melhor que ele nos deixou, e é parte dessa beleza que, com muito gosto, lhes ofereço a seguir.
Arthurzinho – ou Frederico?
ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes Idealizada por Arthur Moreira Lima Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima
Volume 2: CHOPIN I
Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11 1 – Allegro maestoso
2 – Romanze: Larghetto
3 – Rondo – Vivace
Krakowiak, Grande Rondó em Fá maior para piano e orquestra, Op. 14
4 – Introduzione: Andantino quasi Allegretto – Rondo: Allegro non troppo – poco meno mosso
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986 Idealização: Aleksandr Yossifov Engenheiro de som: Georgi Harizanov Produção: Nikola Mirchev Piano Steinway & Sons, Hamburgo Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)
Concerto no. 2 para piano e orquestra em Fá menor, Op. 21
1 – Maestoso
2 – Larghetto
3 – Allegro vivace
Variações em Si bemol maior sobre “Là Ci Darem La Mano”, da ópera “Don Giovanni” de Mozart, para piano e orquestra, Op. 2 4 – Introduction: Largo—Poco piu mosso – Thema: Allegretto – Variation 1: Brillante – Variation 2: Veloce, ma accuratamente – Variation 3: Sempre sostenuto – Variation 4: Con bravura – Variation 5: Adagio
– Coda: Alla Polacca
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986 Idealização: Aleksandr Yossifov Engenheiro de som: Georgi Harizanov Produção: Nikola Mirchev Piano Steinway & Sons, Hamburgo Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
5 – Allegretto
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: Pomona College, Califórnia, Estados Unidos, 1981 Engenheiro de som: Mitch Tannenbaum Produção: Heiner Stadler Piano: Blüthner, Leipzig Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1999)
Vinte e quatro Prelúdios para piano, Op. 28
1 – Prelúdio em Dó maior
2 – Prelúdio em Lá menor
3 – Prelúdio em Sol maior
4 – Prelúdio em Mi menor
5 – Prelúdio em Ré maior
6 – Prelúdio em Si menor
7 – Prelúdio em Lá maior
8 – Prelúdio em Fá sustenido menor
9 – Prelúdio em Mi maior
10 – Prelúdio em Dó sustenido menor
11 – Prelúdio em Si maior
12 – Prelúdio em Sol sustenido menor
13 – Prelúdio em Fá sustenido maior
14 – Prelúdio em Mi bemol menor
15 – Prelúdio em Ré bemol maior
16 – Prelúdio em Si bemol maior
17 – Prelúdio em Lá bemol maior
18 – Prelúdio em Fá menor
19 – Prelúdio em Mi bemol maior
20 – Prelúdio em Dó menor
21 – Prelúdio em Si bemol maior
22 – Prelúdio em Sol menor
23 – Prelúdio em Fá maior
24 – Prelúdio em Ré Menor
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: Pomona College, Califórnia, Estados Unidos, 1981 Engenheiro de som: Mitch Tannenbaum Produção: Heiner Stadler Piano: Blüthner, Leipzig Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1999)
Grande Fantasia em Lá maior sobre Canções Polonesas, para piano e orquestra, Op. 13
25 – Largo non troppo – Andantino – Allegretto – Lento quasi adagio – Molto più mosso – Vivace
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986 Idealização: Aleksandr Yossifov Engenheiro de som: Georgi Harizanov Produção: Nikola Mirchev Piano Steinway & Sons, Hamburgo Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)
1 – No. 1 em Si menor, Op. 20
2 – No. 2 em Si bemol menor, Op. 31
3 – No. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39
4 – No. 4 em Mi maior, Op. 54
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: Pomona College, Califórnia, Estados Unidos, 1981 Engenheiro de som: Mitch Tannenbaum Produção: Heiner Stadler Piano: Blüthner, Leipzig Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1999)
Andante Spianato e Grande Polonaise Brilhante para piano e orquestra, Op. 22
5 – Andante spianato em Sol maior
6 – Grande Polonaise Brilhante em Mi bemol maior
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986 Idealização: Aleksandr Yossifov Engenheiro de som: Georgi Harizanov Produção: Nikola Mirchev Piano Steinway & Sons, Hamburgo Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)
Eu não tinha nem um mês como chapeiro-júnior nesse blogue quando, movido pela admiração à arte de Arthur, ripei os álbuns que lhes apresentarei a seguir. Pretendia que eles estivessem entre as minhas primeiras postagens, no que fracassei retumbantemente, tragado por um pendor pelo ecletismo que marcou meu primeiro surto de atividade por aqui. O título da coleção alinha-se com o projeto do saudoso mestre, iniciado ainda nos anos 70, de gravar a integral do que Frederico nos deixou. Concluiu o torso da empreitada até o final da década de 80, adicionando a ele algumas obras com as gravações que fez especialmente para a coleção lançada pela Editora Caras, e que seriam as últimas de sua carreira. A qualidade dessas ripagens é, bem, tanto um tributo à tortura que era ouvir CDs nacionais por boa parte da década de 90 – tua máxima culpa, Movieplay – quanto à qualidade da remasterização feita por Rosana Martins (então também Moreira Lima), que nos permitiu ouvir essas mesmas gravações com a qualidade que merecem, nos links que postamos mais acima. O simples fato de trazê-las à tona, entretanto, depois de dez anos de tanta doideira, convulsão e cacofonia, atira-me num estranho pufe com cheiro de missão cumprida que me faz até me emocionar com esse sonzinho safado que parece vindo do fundo dum balde.
Julguem-me.
CHOPIN – OBRA COMPLETA PARA PIANO E ORQUESTRA
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Volume I
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
Para Arthur, os mestres foram-lhe tudo. Em homenagem à sua primeira mestra, dona Lúcia Branco (1903-1973), publicamos sua única gravação conhecida, em que ela toca em sua residência o Scherzo no. 3 de Chopin. Essa preciosidade, mais uma da cornucópia do Instituto Piano Brasileiro, atesta claramente que Lúcia, aluna de Arthur De Greef (1862-1940) – por sua vez, aluno de Liszt -, foi uma das maiores pianistas que Pindorama deu ao mundo:
Segue vigente a intimação aos fãs de Arthur para escutarem sua participação no podcast “Conversa de Pianista”, do Instituto Piano Brasileiro, comandado por Alexandre Dias e que foi ao ar em 2020:
“2ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele trouxe mais memórias sobre sua professora Lúcia Branco, e sobre o conjunto de bailes que ele integrava quando adolescente, chamado “Os filhos da pauta”. Depois falou como foi sua transição para Paris, onde passou a ter aulas com Marguerite Long e Jean Doyen, vindo a vencer o Concurso Long–Thibaud. Também mencionou sua participação em outros concursos de piano como a 1ª edição do Concurso Van Cliburn, 1º Concurso Nacional de Piano da Bahia, e 3º Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro, mencionando grandes personalidades que conheceu. Por fim, mencionou sua mudança para a Rússia no começo da década de 1960, onde viria a estudar com Rudolf Kehrer no Conservatório Tchaikovsky de Moscou, fato que transformaria sua vida para sempre.”
Frederico – ou Arthurzinho?Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, estamos a lhe oferecer um álbum de figurinhas com os heróis da final da Copa Rio de 1952, que certamente fizeram o moleque Arthurzinho chorar de alegria. Eis o lateral-direito Píndaro Possidonti Marconi, o Píndaro (1925-2008), capitão do escrete tricolor.
CD de Mozart, como dar errado? Não gostei muito da Orpheus na primeira Serenata, mas depois eles acertam totalmente a mão e acabam fazendo um belo trabalho. A Serenata No. 6, “Serenata Notturna” foi composta em 1776 e é uma joia do período salzburguês de Mozart, destacando-se pela orquestração inventiva que contrasta um grupo concertante (violino solo, viola e contrabaixo). Seu charme reside no jogo de contrastes entre os movimentos, especialmente na Marcha inicial e no Rondó final. A Serenata No. 12 é a única serenata de Mozart em modo menor (Dó menor), escrita em 1782, ecoa a intensidade dramática de suas óperas, com texturas contrapontísticas e um pathos sinfônico. Uma joia! A obra transcende a função leve típica das serenatas, antecipando o estilo maduro de Mozart — tanto que ele a rearranjou posteriormente para quinteto de cordas (K. 406), confirmando sua profundidade musical. Já a célebre Serenata No. 13, “Eine kleine Nachtmusik” é a serenata de câmara mais famosa de Mozart (1787), sintetizando graça clássica e perfeição formal em quatro movimentos de brilhante concisão. Seu Allegro inicial é um hino à alegria melódica, mas o Rondó final com seu tema irresistível consagrou-a como símbolo máximo do estilo galante mozartiano — ao mesmo tempo acessível e genial. Mozart compôs mais de 30 serenatas, muitas para eventos sociais, mas essas três mostram sua evolução: da experimentação lúdica (K. 239) à profundidade emocional (K. 388) e à perfeição atemporal (K. 525).
W. A. Mozart (1756-1791): Serenade, K. 239, “Serenata Notturna” – Serenade, K. 388 (384a) – Serenade, K. 525, “A Little Night Music” (Orpheus Chamber Orchestra)
Serenade In D Major, K 239, “Serenata Notturna”
1 Marcia. Maestoso 4:39
2 Menuetto – Trio 4:09
3 Rondeau. Allegretto 4:31
Serenade In C Minor, K 388 (384a), For 2 Oboes, 2 Clarinets, 2 Horns And 2 Bassons
4 Allegro 8:04
5 Andante 4:25
6 Menuetto In Canone – Trio In Canone Al Rovescio 4:13
7 Allegro 6:52
Serenade In G Major, K 525, “a Little Night Music”
8 Allegro 5:24
9 Romance. Andante 5:44
10 Menuetto. Allegretto – Trio 2:12
11 Rondo. Allegro 3:54
Bass – Dennis Godburn, Frank Morelli
Clarinet – Charles Neidich, David Singer (4)
Double Bass – Donald Palma
Horn – David Jolley, William Purvis
Oboe – Randall Wolfgang, Stephen Taylor (2)
Orchestra – Orpheus Chamber Orchestra
Viola – Maureen Gallagher
Violin – Naoko Tanaka, Todd Phillips (4)
Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 4/9/2016.
Tem coisa mais improvável que uma peça jazzística composta por um sujeito chamado Jaromir Hnilička?
Tem: que a peça consista basicamente de uma execução instrumental bastante simples dos cantos litúrgicos da missa católica, seja executada por uma banda de jazz tcheca… e o disco tenha feito sucesso em todo o mundo.
Pois aconteceu, senhores: o disco foi lançado na Europa em 1969, e depois teve edições em todo mundo, inclusive aqui no Brasil, onde o Monge Ranulfus o adquiriu em 1975.
Apesar de ainda possuir o vinil, a ripagem postada foi garimpada na internet por Daniel the Prophet, e Ranulfus apenas tratou de reduzir os estalos com emprego das artes mágica do mestre Avicenna.
Não tenho ideia de se vocês vão gostar ou não dessa música bem feita porém não muito complexa. A mim sempre agradou bastante – especialmente a faixa mais longa, inspirada no Kyrie e sequências, com 11 minutos. E mais não digo.
Ah, digo sim: já que é domingo de manhã… boa missa, né?
MISSA JAZZ
Composta e arranjada por Jaromir Hnilička
Executada pela Gustav Brom Orchestra (1969)
Excelente CD do mestre Nelson Freire interpretando um repertório no qual é super-craque. Eu não sou um apaixonado por Schumann, mas Freire me fala muito de perto sobre como sou errado… Com sonoridades belíssimas, perfeito senso de estilo, o mineiro nos traz o melhor Carnaval que já ouvi. O único crime deste CD é ter fim, porque a gente não cansa de ouvir. Sempre se nota algo mais, uma sutileza adicional que Freire preparou para nós. Então, pare de me ler e baixe logo.
Para quem ouvia música erudita nos anos 80, este é aquele estranho álbum da CBS que trazia dois discos de vinil no mesmo “orifício”, por assim dizer. Isto é, não era um álbum de abrir, era uma capa vagabunda com dois discos dentro. Pura economia da “gravadora pobreza” que só se importava com sua maior estrela, Roberto Carlos. Porém, quem ouviu os discos, sabe o quanto eram bons. Pois esta é a reedição dele em CD. Era uma fase especialmente canora de Glenn Gould. Sua voz pode ser ouvida claramente, principalmente no primeiro CD.
Trata-se de um repertório beethoveniano que não chega a ser habitual, mas que é muito bom.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variations and Bagatelles
1. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Tema. Allegretto; Var. I; Var. II
2. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. III; Var IV; Var. V
3. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. VI; Var. VII; Var. VIII
4. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. IX. Espressivo; Var. X; Var. XI
5. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. XII. Maggiore; Var. XIII; Var. XIV
6. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. XV; Var. XVI
7. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. XVII. Minore; Var. XVIII
8. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. XIX; Var. XX; Var. XXI
9. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxii; Var. Xxiii; Var. Xxiv
10. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxv Leggiermente; Var. Xxvi; Var. Xxvii; Var. Xxviii
11. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxix; Var. XXX
12. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxxi; Var. Xxxii
13. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Tema. Adagio
14. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. I
15. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. II. Allegro, ma non troppo
16. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. III. Allegretto
17. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. IV. Tempo di Minuetto
18. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. V. Marcia. Allegretto
19. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. VI. Allegretto – Coda – Adagio molto
20. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Introduzione col Basso del Tema. Allegretto vivace; a due – Poco adagio – Tempo I; a tre. – adagio – Tempo I; a quattro – Tema
21. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. I
22. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. II – Presto – Tempo I
23. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. III
24. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. IV
25. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. V
26. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VI
27. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VII. Canone all’ottava
28. 15 Variations With Fugue In E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VIII
29. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. IX
30. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. X
31. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XI
32. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XII
33. 15 Variations With Fugue In E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XIII
34. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XIV. Minore
35. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XV. Maggiore. Largo
36. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Finale Alla Fuga. Allegro con brio – Adagio – Andante con moto
1. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 1 in E-Flat Major – Andante grazioso, quasi allegretto
2. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 2 in C Major – Scherzo (Allegro)
3. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 3 in F Major – Allegretto
4. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 4 in A Major – Andante
5. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 5 in C Major – Allegro ma non troppo
6. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 6 in D Major – Allegretto, quasi andante (Con una certa espressione parlante)
7. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 7 in A-Flat Major – Presto
8. Bagatelles, Op. 126: No. 1 in G Major – Andante con moto canatbile e compiacevole
9. Bagatelles, Op. 126: No. 2 in G minor – Allegro
10. Bagatelles, Op. 126: No. 3 in E-Flat Major – Andante cantabile e grazioso
11. Bagatelles, Op. 126: No. 4 in B minor – Presto
12. Bagatelles, Op. 126: No. 5 in G Major – Quasi allegretto
13. Bagatelles, Op. 126: No. 6 in E-Flat Major – Presto; Andante amabile e con moto