.:interlúdio:. Mingus Big Band Live at Jazz Standard

Quem se acostumou ao barato da droga de Charlie Mingus sabe: ela causa dependência para toda vida. Não, não há ex-viciados. Sorte nossa é que há muitos e bons músicos drogaditos sempre prontos a não deixarem que padeçamos de síndrome de abstinência. Mesmo 32 anos após a morte do grande baixista, ainda há carradas de gente devotadas à obra deste notável compositor de música erudita… que gostava de jazz. Este disco de 2009 não é o melhor da Big Band formada para cultuar Mingus, mas é um álbum ao vivo absolutamente estimulante para quem gosta do jazz visceral e raivoso praticado pelo homem que era 3.

Destaque para uma das muitas homenagens feitas à Charlie Parker, Gunslinging Birds, mas também para Cryin’ Blues, Open Letter To Duke, Moanin’ e Goodbye Pork Pie Hat. A obra de Mingus parece ter mais facetas do que mostra qualquer LSD.

Divirtam-se. Embriaguem-se. Droguem-se. Quem gostar não vai poder mais viver sem.

Mingus Big Band Live at Jazz Standard

1. Gunslinging Birds
2. New Now Know How
3. Self-Portrait In Three Colors
4. Birdcalls
5. E’s Flat Ah’s Flat Too
6. Cryin’ Blues
7. Open Letter To Duke
8. Moanin’
9. Goodbye Pork Pie Hat
10. Song With Orange

Mingus Big Band

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O cara era bom mesmo. Canta a menina enquanto carrega seu pequeno instrumento.
O cara era bom mesmo. Canta a menina enquanto carrega seu pequeno instrumento.

PQP

13 comments / Add your comment below

  1. Oba, Mingus !!! E com direito a Moanin´ e Goodbye Pork Pie Hat … e por falar nesta última música, vi desses um show do Jeff Beck em que ele toca essa música (sim, eu sei que faz parte do seu repertório há quase quarenta anos) … mas é de chorar de lindo.. e o que dizer daquela baixista dele? Segundo o próprio, ela é sósia da filha de nosso amigo blogueiro Milton Ribeiro. Enfim, Mingus era um gênio .. e o Jeff Beck também..

  2. Caro Renato,

    Também não gosto muito de jazz, embora tenha alguma simpatia por certas cantoras, pianistas e guitarristas. O grande problema, a meu ver, é que muitos músicos de jazz não se dão conta que existe uma fronteira fina entre arte e masturbação. Eu costumo comparar o jazz com o surfe: quem está em cima da prancha pegando onda se diverte o tempo todo, mas quem está na praia só assistindo depois de algum tempo se cansa.

  3. Caro Eduardo, se formos por essa sua teoria, qual música ou demais expressões artísticas não se enquadram nessa “masturbação” que menciona? Há muitos livros e música erudita _ para não falarmos de artes plásticas_ que, dependendo do nivel de desconstrução a que o apreciador tenha coragem de se exercitar, parecem eivadas da mais desconcertante gratuidade. Assim é com Thomas Mann, Stravinski, Mahler, etc, que podem parecer chatos palavrosos pedantes e improvisadores de partitura afim de coagirem a originalidade a aparecer. Adorno dizia que só Schoenberg estava certo nessa história toda, já Hobsbawn ainda afirma que nada foi mais revelador do que assistir Duke Ellington em Fillmore East. O jeito é ficar fiél ao meu bom e velho Led Zeppelin.

  4. Eduardo,
    vc foi ao ponro.
    mas escuto de tudo. acho que a maioria dos bons compositores nunca se enquadram em um estilo, sempre os transcendem e criam um estilo novo ou uma nova forma. enfim, geralmente inovam. é difícil definir o estilo de muitos bons músicos. sempre parece que tem algo a mais. por isso escuto de qualquer estilo, menos funk e axé.

  5. Renato,

    Também escuto vários estilos. E como você também rejeito funk e axé. Tenho também implicância com o reggae, embora eu o aceite em situação bem particular: na beira de uma praia, degustando um “puro” (charuto de boa qualidade) e bebendo um mojito (espécie de caipirinha cubana). Mas, como já disse, minha obsessão é o barroco – principalmente o francês (Lully, Charpentier, etc.)

    Charles,

    Não gosto de desconstruções. É coisa de mentes fragmentadas. É mais saudável erguer do que solapar. E achei pitoresco o seu “coagir a originalidade a aparecer”. É bem o espírito da arte moderna. Pobre modernidade.

  6. também não sou muito chegado ao desconstrucionismo. claro que as vezes para construir algo novo tem que tirar algo do que tinha antes. mas aí acho que não é desconstruir pura e simplesmente, mas uma renovação. na minha opnião Mahler e Stravinsk entram nessa: propõe algo novo. mas se agente for ver por esse lado Bach também foi de certa forma desconstrutivista, Mozart, o Led, Jimmi hendrix, pixinguinha e po aí vai.

    agora tem uns que são dureza: num quer que sobre pedra sobre pedra. faz uma musica sem vergonha de nada com nada e chama de arte…
    alguém já leu Derrida? na minha opnião ele diz mais ou menos isso: desconstruir é desmontar e remontar, fazer aparecer conceitos muitas vezes ocultos. ele não fala de música, mas de filosofia, contudo acho que se aplica. queria ler o livro do adorno mas não quero ler traduzido. quando meu alemão sofrido ficar bom eu leio

    um abraço aos dois!

  7. Renato,

    A única coisa que eu falo em alemão é “gotas caem”, que quer dizer “está chovendo” (he he, he…) Derida, Foucault, Adorno… não tenho muita simpatia por esta turma. O problema dos desconstrucionistas é que eles geralmente se esquecem da segunda parte, a de reconstruir. Eles me fazem lembrar os pichadores que volta e meia emporcalham as paredes do prédio ode moro.

  8. Carlos, gosto de tudo, uns tempos, e desgosto, outros tempos_ igual a todo mundo. Sigo a observação do Renato, de que os grandes criadores tem algo de desconstrutivista (palavra difícil, tive que colar do seu comentário aí de cima).

    Sou bastante fragmentário. Também estaria propenso a só gostar de quem surgisse na arte para erguer e não destruir. Mas como conseguir fazer isso, na música, depois de Beethoven, e na literatura, depois de Dostô, Joyce e o escambal; ou Picasso, etc?

    A não ser que só prevalecesse o didatismo irônico e arguto do Philip Glass, no muito bom álbum “Silencio”, em que, nos quatro movimentos de sua peça “Company”, ele visita várias escolas musicais emulando diferentes compositores. Há algo muito parecido ao adagio da nona sinfonia de Beethoven, outras semelhanças com Mozart, Christian Bach, Strauss. Para pontuar o didatismo, no final de cada parte há um som acústico surpreendente por sobre a música, como da baqueta batendo várias vezes na mesa. Minha esposa, ao ouvir isso, comentou lá da cozinha: em todas as músicas dessa casa, por mais bonitas que sejam, tem um rabicho de loucura.

  9. Srs.
    Queiram ou não queiram Charles Mingus é considerado um dos maiores compositores , prova disso é que está concorrendo ao Grammy 2011.Para os experts de plantão é bom saber que todos os “músicos de JAZZ” são excelentes arranjadores e compositores, e virtuoses em seu instrumento.

  10. Na verdade o que está concorrendo é o próprio CD na categoria “Best Large Jazz Ensemble Album”, da banda formada em sua homenagem. O Mingus já morreu há uns 40 anos atrás..

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