Ao chegar a Viena em 1792 para estudar com Hadyn, Beethoven já tinha composto e esboçado obras em quase todos os gêneros frequentados pelo Mestre de Rohrau. Em poucos deles ele fora mais prolífico que na Harmoniemusik, a escritura para conjuntos de sopros a serviço de membros da aristocracia. A corte do Eleitor de Colônia em Bonn, em cuja orquestra Ludwig tocara viola, tinha um notável grupo de sopristas que certamente ajudou o compositor a familiarizar-se com os timbres e particularidades técnicas dos instrumentos, enquanto fermentava ideias, estudos e coragem para enfim escrever sua primeira sinfonia.
Na capital imperial, que já tinha sua corte repleta de ótimos músicos e com Antonio Salieri firmemente estabelecido com Kapellmeister, cargo que manteria até a antessala de sua morte em 1824, as poucas oportunidades que Beethoven teve para escrever para sopros vinham de músicos amadores. Um trio de irmãos – Johann, Franz e Philipp Teimer – trouxe-lhe o desafio de escrever para o incomum conjunto de dois oboés e corne inglês. O trio resultante, publicado postumamente e com o enganosamente tardio número de Opus 87, foi em verdade composto antes mesmo de Ludwig planejar seu Opus 1. Embora não apresente grandes desafios técnicos a seus instrumentistas, é uma obra simpática e bem acabada no escopo de quatro movimentos que o compositor buscava dominar em seus primeiros anos em Viena: um primeiro movimento em sonata-forma estrita, com repetição de exposição, um movimento lento lírico, um minueto que é um scherzo em tudo, exceto na denominação, e um final ebuliente – o mesmo arcabouço de sua primeira sinfonia, que só viria sete anos depois.
Não se sabe em que condições ocorreu a estreia da obra, nem qual foi a impressão dos irmãos Teimer a respeito dela. Supõe-se que tenham gostado, porque dois anos depois Ludwig ainda escreveria uma outra peça para a mesma formação: as oito engenhosas variações sobre o indefectível dueto “Là ci darem la mano” do “Don Giovanni” que Mozart estreara em Praga sete anos antes e que continuava a ser um imenso sucesso. Algo mais desenvolvidas que as obras em variações que Beethoven até então escrevera para piano, são muito interessantes e menos constritas por exigências de forma que o trio. Esquecidas por mais de um século, só foram redescobertas e publicadas em 1914 – quando a Música digeria a “Sagração da Primavera” e o mundo mergulhava em sua Primeira Grande Guerra.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Rondó (Rondino) em Mi bemol maior para dois oboés, dois clarinetes, dois fagotes e duas trompas, WoO 25
Composto em 1793
Publicado em 1830
1 – Andante
Marcel Ponseele e Ann van Lancker, oboés
Eric Hoeprich e Joost Hekkel, clarinetes
Marc Vallon e Jean-Louis Fiat, fagotes
Claude Maury e Piet Dombrecht, trompas
Trio em Dó maior para dois oboés e corne inglês, Op. 87
Composto provavelmente em 1793
Publicado em 1806
2 – Allegro
3 – Adagio cantabile
4 – Menuetto. Allegro molto. Scherzo
5 – Finale. Presto
Marcel Ponseele e Michel Henry, oboés
Taka Kitazato, corne inglês
Sexteto em Mi bemol maior para dois clarinetes, duas trompas e dois fagotes, Op. 71
Composto em 1796
Publicado em 1810
6 – Adagio – Allegro
7 – Adagio
8 – Menuetto. Quasi allegretto
9 – Rondo. Allegro
Eric Hoeprich e Joost Hekkel, clarinetes
Marc Vallon e Jean-Louis Fiat, fagotes
Claude Maury e Piet Dombrecht, trompas
Variações em Dó maior sobre a “Là Ci Darem La Mano”, da ópera “Don Giovanni” de Mozart, para dois oboés e corne inglês, WoO 28
Compostas provavelmente em 1795
Publicadas em 1806
10 – Tema – Variações I-VIII – Coda
Marcel Ponseele e Michel Henry, oboés
Taka Kitazato, corne inglês
Quinteto para oboé, três trompas e fagote em Mi bemol maior, Hess 19
Completado por Leopold Alexander Zellner (1823-1894)
Composto provavelmente em 1793
Completado e publicado em 1862
11 – Allegro
12 – Allegro maestoso
13 – Minuetto
Marcel Ponseele, oboé
Johann van Neste, Claude Maury e Piet Dombrecht, trompas
Marc Vallon, fagote
Sonata em Fá maior para piano com uma trompa ou violoncelo, Op. 17
Composta em 1800
Publicada em 1801
Dedicada à baronesa Josefine von Braun
14 – Allegro moderato
15 – Poco adagio, quasi andante
16 – Rondo – Allegro moderato
Claude Maury, trompa
Guy Penson, piano

Vassily