Haydn
Sinfonias 94 . 96 . 100 . 104
AAM
Christopher Hogwood
Por volta de 1790, Franz Joseph Haydn já havia feito de tudo e era o músico mais importante de Viena. Claro, Mozart não conta, aí também é covardia. Quando adolescente escapara por um triz do conto do castrato, pois fora menino cantor de coro e queriam preservar sua maviosa voz. Fora o maestro e músico mais importante da família Esterházy, sendo que de 1762 até 1790 esteve sob as ordens do Príncipe Nikolaus Esterházy. Vivendo a maior parte do tempo no palácio desta família, tinha a sua disposição, para todos os tipos de experimentos, músicos e cantores. Na verdade, orquestra e companhia de ópera.
Foi neste ambiente que compôs inúmeras sinfonias, estabeleceu firmemente várias formas musicais, como o quarteto de cordas e o trio com piano. Compôs sonatas, óperas, concertos e música sacra. Era reconhecido também pelos outros músicos. Mozart lhe dedicou o seu melhor grupo de quartetos de cordas, os Quartetos Haydn.
O que mais poderia querer o Papa Haydn? Era reconhecido também no exterior, Paris, Londres, Moscou.
Em 1790 morreu o Príncipe Nikolaus e Haydn foi aposentado. Neste oportuno momento surgiu um grande personagem desta história, o impresario Johann Peter Salomon. Salomon nascera em Bonn mas morava em Londres, onde era violinista de seu próprio quarteto e organizava concertos. E era o melhor nesta atividade. Ele arranjou duas visitas de Haydn a Londres, que para essa ocasião criou ainda mais uma boa quantidade de excelente música. Para estas duas ocasiões, Haydn compôs dois grupos de seis sinfonias – Sinfonias Nos. 93-98 e Sinfonia Nos. 99-104. Essas obras são especialíssimas. Ainda com muita criatividade e energia, Haydn colocou nessas peças toda sua experiência, humor e habilidade. São obras primas. Prova disto são as inúmeras gravações feitas deste conjunto de sinfonias por (essencialmente) todos os grandes maestros. Particularmente famosas são as gravações feitas por Eugen Jochum, Colin Davis e especialmente Antal Dorati, que gravou todas as sinfonias de Haydn. É fácil deixar de mencionar nomes importantes, mas Sir Thomas Beecham e Nikolaus Harnoncourt também contribuíram. Os maestros Claudio Abbado e George Szell não gravaram as doze, mas gravaram muitas.
No entanto, o que temos aqui é muito especial e se eleva como um tributo a Christopher Hogwood.
Em 1973, o cravista Christopher Hogwood fundou The Academy of Ancient Music, com a crucial ajuda do produtor Peter Wadland, da Decca. Ele produzia a série Florilegium no selo L’Oiseau-Lyre.
A ideia era apresentar performances de música do período Medieval até o Romântico usando instrumentos originais ou cópias autênticas, baseando-se nas recentes pesquisas dos textos originais, com a instrumentação e o estilo de performance de cada período.
Dez anos depois esse movimento de música com instrumentos (e prática) originais estava consolidado e vários outros importantes grupos haviam se formado.
O mais importante e robusto feito deste período foi a gravação do Ciclo de Sinfonias de Mozart, pela AAM & Hogwood, entre 1978 e 1982, lançando uma luz absolutamente inovadora sobre elas. Lembremos que uma referência para as Sinfonias de Mozart costumava ser as gravações com a Filarmônica de Berlim regida por Karl Böhm.
O próximo desafio seria as Sinfonias de Haydn. Eles gravaram então os dois discos desta postagem, com quatro sinfonias, duas de cada subgrupo. As Sinfonias Nos. 104 e 100 em 1983 e as Sinfonias Nos. 96 e 94 um ano depois. Para este projeto, Hogwood formou uma orquestra com 49 músicos. Uma verdadeira audácia naqueles dias. Tocando para nós nestes dois discos maravilhosos temos músicos do calibre de John Holloway (primeiro violino), Simon Standage e Pavlo Beznosiuk.
O resultado do esforço deste time é a apresentação das lindas sinfonias de maneira simples e elegante, com ótimos tempos, permitindo que as qualidades inerentes à música brilhem, fazendo funcionar a magia e o melhor do som das orquestras-com-instrumentos-de-época.
A Decca nunca anunciou estes discos como parte de algum projeto Haydn. Depois disso, eles encararam o desafio Beethoven e gravaram as sinfonias e os concertos para piano.
O projeto das sinfonias de Haydn foi iniciado eventualmente e o resultado é bastante grande e interessante, mas (alas) incompleto.
Não se preocupe com completude, baixe os discos e deles você perceberá integralmente a grandeza e a genialidade tanto de Haydn quanto deste time de músicos maravilhosos, liderados pelo Hogwood, com o apoio da produção de Peter Wadland.
Joseph Haydn (1732-1809)
Disco 1
Sinfonia No. 104 em ré maior – “London”
- Adagio – Allegro
- Andante
- Menuet & Trio: Allegro
- Finale: Spiritoso
Sinfonia No. 100 em sol maior – “Militar”
- Adagio – Allegro
- Allegretto
- Menuet & Trio: Moderato
- Finale: Presto
Disco 2
Sinfonia No. 96 em ré maior – “Miracle”
- Adagio – Allegro
- Andante
- Menuetto & Trio: Allegretto
- Finale: Vivace
Sinfonia No. 94 em sol maior – “Surprise” (‘Mit dem Paukenschlag’)
- Adagio – Vivace assai
- Andante
- Menuet & Trio: Allegro molto
- Finale: Allegro di molto
The Academy of Ancient Music
(on authentic instruments)
directed by
Christopher Hogwood, fortepiano
Produção: Peter Wadland / Morten Winding
Disco 1
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FLAC | 222 MB
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MP3 | 320 KBPS | 116 MB
Disco 2
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FLAC | 219 MB
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MP3 | 320 KBPS | 112 MB
Eu fui separado do mundo e assim forçado a me tornar original!
Aproveite!
René Denon
Grandiosa postagem! O trabalho do Hogwood com Haydn foi, a meu ver, bastante desigual: a integral das sinfonias, infelizmente inacabada, chegando até a de n.75, mais as quatro ora disponibilizadas e ainda outras duas (76 e 77), é incomparavelmente inferior àquela de Mozart ( não estou comparando as obras de um e de outro gênios do século XVIII; elas ombreiam-se!), embora as leituras das sinfonias 30, 31 e 70 sejam as melhores de que dispomos, na minha avaliação. “The Creation” (em inglês, sim) é deplorável. Mas os concertos para violoncelo (solados pelo gigante Coin) e a ópera “Orfeo ed Euridice” são espetaculares nas mãos do maestro inglês, grandioso pioneiro na interpretação historicamente dirigida, infelizmente já falecido.
Olá, Pedro!
Eu não conheço as gravações das outras Sinfonias, mas o disco dos Concertos para Violoncelo, com o Christopher Coin, é primoroso. Estes dois discos com quatro das grandes Sinfonias Londrinas estão comigo desde há muito tempo. Um deles enferrujou, mas consegui uma reedição.
Obrigado pela sua mensagem!
Mais Haydn vindo por aí….
Abraços!
René Denon
Caro Renan,
Hogwood deixou incompleta uma coleção com 10 caixas (deveriam ser 15), cada uma com três cd’s, contendo, ao final, 77 sinfonias de Haydn (de 1 a 75 e duas avulsas, “A” e “B”). Como disse, o resultado ficou muito aquém depois do que se esperaria depois de ouvir a espetacular série das sinfonias de Mozart e mesmo as de Beethoven; salvo as honrosas exceções que mencionei, a sensação é de leituras “raquíticas” da quase totalidade delas: Pinnock, Koopman, Weil, mesmo o apressado Goodman e principalmente o genial Antonini no projeto em curso Haydn 2032 superam largamente os resultados alcançados por Hogwood. Mas me permito ainda um outro registro: ele participa, não como regente, mas como organista (continuo) da leitura da mais espetacular das missas de Haydn, a tão pouco conhecida Missa de Santa Cecília (regência de Simon Preston).
E que bom que vem mais Haydn por aí!
Abraço
CDs 100% IM-PER-DÍ-VEIS !!!