Takashi Yoshimatsu (1953): Piano Concerto Op. 67 “Memo Flora” etc.

– Repost de 28 de Outubro de 2015 –

Acredito ter encontrado uma nova distribuidora campeã de capas horríveis, a Chandos, pelo menos posso dizer isso sobre os cds que eles publicaram desse compositor japonês muito pouco conhecido: Takashi Yoshimatsu.

Conheci esse compositor aqui no blog mesmo, com um concerto de saxofone que achei ótimo. Fui atrás e consegui outras obras do cara, e uma das que mais me marcou está justamente nesse CD, é esse concerto para piano e orquestra com o título de Memo Flora. Não se encontra muito sobre esse compositor por ai; a maioria das coisas que se pode saber dele está nos livretos que vêm com os CD’s, mas já percebi algumas coisas: ele é neorromântico, ele adora pássaros, possui claras influências de um ethos japonês em sua música e ainda faz referências ao jazz e ao rock em algumas obras.

A coisa dos pássaros me lembrou é claro Olivier Messiaen, que também tinha obsessão por esses descendentes dos dinossauros. Claro que a semelhança fica só no símbolo mesmo, como eu disse, a música de Yoshimatsu possui uma característica neorromântica que a torna deliciosamente apreciável para aqueles que adoram belas melodias e aquela evocação de sentimentos que é característica tão presente no romantismo, bem diferente da música de Messiaen que é profundamente religiosa e atonal. A música de Yoshimatsu também beira o atonalismo vez ou outra (até porque o compositor, em seus primeiros anos, era um serialista), mas com uma abordagem totalmente diferente, eu diria que é virtuosística.

Mas o que definitivamente me cativou em sua música, e que me fez ir atrás dela, foi sua essência japonesa, principalmente nesse CD. Amo a cultura japonesa, sua arte consegue ir do profundo, melancólico e leve para o agitado, festeiro e brutal. Prefiro o os primeiros aspectos, embora saiba apreciar ambos os tipos nos devidos momentos. Yoshimatsu traz esses primeiros aspectos em algumas de suas obras e somando isso ao seu romantismo acaba criando obras cativantes. Em White Landscapes, por exemplo, consigo me imaginar vislumbrando uma montanha enorme coberta de neve, talvez como o Monte Fuji, enquanto estou sentado num Engawa (espécie de varanda) numa casa tipicamente japonesa; ao meu lado fumega um chá quente, que resiste contra o frio. No terceiro movimento da obra, começa a nevar. Pelo menos é assim que imagino, apesar da indicação do terceiro movimento: “Disappearance of Snow” (desaparecimento da neve).

Ouçam e deixem a imaginação os levar, quanto mais de si vocês derem à música, mais ela lhes dará em retorno. A música de Takashi Yoshimatsu não é difícil de se acompanhar, mas é o tipo de música que é muito mais agradável quanto se está imerso nela.

Takashi Yoshimatsu (1953): Piano Concerto, “Memo Flora” / And Birds Are Still … / While An Angel Falls Into A Doze

01 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: I. Flower: Andante tranquillo – Allegro
02 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: II. Petals: Andante
03 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: III. Bloom: Allegro*

04 And Birds Are Still , Op. 72

05 While an Angel Falls into a Doze , Op. 73*

06 Dream Colored Mobile II, Op. 58a**

07 White Landscapes, Op. 47a: No. 1. Divination by Snow: Adagio
08 White Landscapes, Op. 47a: No. 2. Stillness in Snow: Moderato
09 White Landscapes, Op. 47a: No. 3. Disappearance of Snow: Largo***

*Kyoko Tabe, piano

**Joe Houghton, oboé
Kate Wilson, harpa

***John Barrow, flauta
Kate Wilson, harpa
Jonathan Price, violoncelo

Manchester Camerata
Richard Howarth, spalla
Sachio Fujioka, regente

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Takashi Yoshimatsu por volta dos 30 anos.
Takashi Yoshimatsu por volta dos 40 anos (eu acho).

Luke D. Chevalier

3 comments / Add your comment below

  1. Chandos – Yoshimatsu – Pássaros… Bem, a combinação resultou em capa(s) horrendas, segundo você.
    Imagine a combinação: Hyperion – Théa King – Vacas. Bem, segundo eu entendi, a Théa King, clarinetista, era a mulher do dono (ou de algum figurão) da Hyperion, e ela adorava vacas. Bom, tome capa de disco da Théa King com vacas nas capas…
    As capas tem um papel importante no disco, todo mundo sabe disto, mas o que conta é a música.
    Eu nunca ouvi nada do Yoshimatsu, mas seu papo me convenceu a fazer uma tentaiva. Vou baixar o disco… depois te conto.
    Abraços
    Mário

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