F. J. Haydn (1732-1809) – Concertos para Oboé, Trompete e Cravo

Sem dúvida, um disco muito bom. Haydn, considerado por alguns ignaros um “compositor menor”, foi um mestre da forma sinfônica — e comprovou tal fato 104 vezes –, o inventor do quarteto de cordas — só isso já bastaria para dar-lhe lugar de destaque na história da música –, o compositor de belas e estranhamente alegres missas e oratórios, foi professor de Mozart e Beethoven e… talvez o mais curioso em sua trajetória é que foi um sujeito feliz e bem normal. Só no fim de sua vida deixou de ser empregado. Foi demonstrar sua arte em Londres, onde compôs suas sinfonias finais, para pasmo e felicidade daquele país quase sem compositores. Será que pensou que poderia ter ficado rico se tivesse se aventurado antes pelo mundo? Pode até ter pensado, mas da forma sorridente e sem ressentimentos de sua arte.

Eu gosto muito de Haydn e este CD com seus concertos menos divulgados — pois os para violoncelo são, com justiça, os mais ouvidos — é inteiramente satisfatório.

(Lembro agora da única vez que vi Rostropovich tocar. Foi no Colón, em Buenos Aires. Fiquei lá em cima no meio da plebe a qual pertenço. Visualmente, só conheci direito sua careca lustrosa. Mas ouvi o som. Que som, meus amigos! E era o Concerto Nº 2 para violoncelo e orquestra de Haydn. Estou arrepiado só de lembrar. E morrerei sem esquecer).

Excelente CD!

Haydn – Concertos para Trompete, Oboé e Cravo

Concerto for Oboe and Orchestra in C major Hob VIIg-C1
1. 1. Allegro spiritoso – Paul Goodwin, Trevor Pinnock, The English Concert
2. 2. Andante – Paul Goodwin, Trevor Pinnock, The English Concert
3. 3. Rondo (allegretto) – Paul Goodwin, Trevor Pinnock, The English Concert

Concerto for Trumpet and Orchestra in E flat major Hob VIIe-1
4. 1. Allegro – Mark Bennett, The English Concert, Trevor Pinnock
5. 2. Andante – Mark Bennett, Trevor Pinnock, The English Concert
6. 3. Allegro – Mark Bennett, Trevor Pinnock, The English Concert

Concerto for Harpsichord and Orchestra in D major Hob XVIII-11
7. 1. Vivace – The English Concert, Trevor Pinnock
8. 2. Un poco adagio – The English Concert, Trevor Pinnock
9. 3. Rondo all’Ungherese – The English Concert, Trevor Pinnock

Paul Goodwin, oboe
Mark Bennett, trumpet
Trevor Pinnock, harpsichord

English Concert
dir. Trevor Pinnock

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PQP

J. S. Bach (1685-1750): A Oferenda Musical, BWV 1079

Em primeiro lugar, digo a vocês que a Oferenda, as Variações Goldberg e a Missa em Si Menor são as obras de meu pai que mais aprecio. Tudo bem, há as outras mil e já estou me sentindo culpado pelos Brandenburgo, Suítes para Violoncelo, Violino, Cravo Bem Temperado, umas vinte Cantatas, a São Mateus e João… Enfim, a culpa que cale-se pois ainda assim deixo estas três escolhas um milímetro acima de todas as outras. Então é natural que eu babe cada vez que descubro um novo registro destas maravilhas.

Porém nosso informado visitante pergunta:

– But who the fuck is Ensemble Aurora?

Pois é, quando eu baixei este CD — do qual excepcionalmente não possuo o original –, fiz-me a mesma pergunta e fui ouvir a Oferenda com um pé atrás. Besteira, trata-se de uma gravação magnífica, tão magnífica que é melhor suportar algumas falhas (um irritante tsc, tsc, tsc que logo depois some) em alguns momentos da Trio Sonata. Se alguém reclamar desta falha, favor dirigir-se a nosso mal-humorado SAC, que hoje acaba de fazer mais uma vítima.

Com vocês, mais um absolutamente imperdível!

JOHANN SEBASTIAN BACH – MUSICALISCHES OPFER BWV 1079

1. Ricercar a 3 5’15
2. Canon perpetuus super Thema Regium 1’20

Canones diversi super Thema Regium
3. 1, a 2. cancrizans 1’14
4. 2, a 2. Violin in unissono 0’44
5. 3, a 2. per motum contrarium 1’00
6. 4, a 2. per Augmentationem, contrario Motu 1’36
7. 5, a 2. per Tonos 2’37
8. Fuga canonica in Epidiapente 2’14
9. Ricercar a 6 5’37

Quaerendo invenietis

10, Canon a 2 1’07
11, Canon a 4 2’58

Sonata Sopr’Il Sogetto Reale a Traversa, Violino e Continuo
12. 1, Largo 5’45
13. 2, Allegro 5’46
14. 3. Andante 3’06
15. 4. Allegro 3’00

16. Canon perpetuus 2’03

SONATA G-DUR für Violine und Basso continuo, BWV 1021

17. 1. Adagio 3’27
18. 2. Vivace 0’56
19. 3. Largo 2’09
20. 4. Presto 1’20

TRIO SONATE G-DUR für Flöte, Violino discordato und Basso continuo, BWV 1038

21. 1. Largo 3’07
22. 2. Vivace 0’56
23. 3. Adagio 1’52
24. 4. Presto 1’24

ENSEMBLE AURORA

maestro di concerto
ENRICO GATTI

ENRICO GATTI, violon Laurentius Storioni, Cremona 1789
MARCELLO GATTI, flute R. Tutz, Innsbruck 1991
d’apres G.A. Rottenburgh, Bruxelles ca. 1745
GAETANO NASILLO, violoncelle Barak Norman, Londres ca, 1710
GUIDO MORINI, clavecin Philippe Humeau, Barbaste 1993
d’apres Carl Conrad Fleischer, Hambourg 1720

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PQP

G. F. Handel (1685-1759) – O Messias (McGegan)

Tradicionalmente, nossos leitores-ouvintes pediam o Messias, clamavam por ele, aguardavam por ele. Era muito chato ouvir tantas orações e pedidos. Tinha gente que se rasgava nos comentários, outros nos ameaçavam, outros prometiam atentados suicidas às casas dos autores do blog. Então, veio dos céus o primeiro Messias, um bem eficiente e digno. Depois, o segundo pousou na Terra para nosso gáudio; afinal, era o melhor de todos, o de Pinnock. E hoje, após bombas e mais bombas cairem nos céus de Gaza, chega-nos o mais fraquinho dos três, quase um foguetinho do Hamas, mas ainda assim aceitável. O erro desta gravação começa pelo contratenor — comparável à defesa do Vasco, ele bem que poderia ser utilizado como escudo humano palestino –, mas o resto é eficiente como um time de Celso Roth. Dá para ouvir, porém as outras versões que há no blog são superiores.

Handel – O Messias

Disc 1

1. Messiah: Sinfonia/Comfort ye/Every valley shall be exalted/And the glory of the Lord 11:32 Album Only
2. Messiah: Thus saith the Lord 1:17
3. Messiah: But who may abide the day of His coming 4:10
4. Messiah: And He shall purify the sons of Levi 2:20
5. Messiah: Behold, a virgin shall conceive/O thou that tellest good tidings to Zion/O thou that tellest… 5:36
6. Messiah: For behold, darkness shall cover the earth/The people that walked in darkness 5:07
7. Messiah: For unto us a child is born/Pifa (Pastoral Symphony)/There were shepherds abiding in the field 6:48
8. Messiah: And lo, the angel of the Lord came upon them 0:19
9. Messiah: And the angel said unto them/And suddenly there was with the angel/Glory to God 2:35
10. Messiah: Rejoice greatly, O daughter of Zion 4:16
11. Messiah: Then shall the eyes of the blind be opened 0:24
12. Messiah: He shall feed His flock 5:48
13. Messiah: His yoke is easy 2:18
14. Messiah: Thus saith the Lord: alternate version 1:32
15. Messiah: But who may abide the day of His coming: alternate version 3:01
16. Messiah: But who may abide the day of His coming: alternate version 4:23
17. Messiah: But who may abide the day of His coming [recitative]: alternate version 0:22
18. Messiah: But lo! the angel of the Lord came upon them: alternate version 1:42
19. Messiah: Rejoice greatly, O daughter of Zion: alternate version 5:32
20. Messiah: He shall feed His flock: alternate version 5:11

Disc 2

1. Messiah: Behold the lamb of God 2:48
2. Messiah: He was despised and rejected of men 10:06 Album Only
3. Messiah: Surely He hath borne our griefs…/And with His stripes…/All we like sheep have gone astray/All they that see Him…/He trusted in God/Thy rebuke hath broken His heart/Behold and see…/He 15:22 Album Only
4. Messiah: Lift up your heads/Unto which of the angels said He at any time/Let all the angels of God worship Him 4:16
5. Messiah: Thou art gone up on high 2:54
6. Messiah: The Lord gave the word 1:03
7. Messiah: How beautiful are the feet 2:12
8. Messiah: Their sound is gone out into all lands 1:20
9. Messiah: Why do the nations so furiously rage together 2:57
10. Messiah: Let us break their bonds asunder 1:43
11. Messiah: He that dwelleth in heaven/Thou shalt break them with a rod of iron 2:13
12. Messiah: Hallelujah! 3:33
13. Thou art gone up on high: alternate version 2:56
14. Messiah: Thou are gone up on high: alternate version 2:49
15. Messiah: How beautiful are the feet…/Their sound is gone out…: alternate version 5:11
16. Messiah: How beautiful are the feet…/Break forth into joy…: alternate version 3:34
17. Messiah: How beautiful are the feet…: alternate version 3:06
18. Messiah: Their sound is gone out: alternate version 1:07
19. Messiah: Why do the nations…: alternate version 1:25
20. Messiah: He that dwelleth…/Thou shalt break them… [recitative]: alternate version 0:21

Disc 3

1. Messiah: I know that my Redeemer liveth 6:38
2. Messiah: Since by man came death 1:41
3. Messiah: Behold, I tell you a mystery 0:30
4. Messiah: The trumpet shall sound 8:18
5. Messiah: Then shall be brought to pass 0:15
6. Messiah: O Death, where is thy sting? 1:44
7. Messiah: But thanks be to God 2:06
8. Messiah: If God be for us 4:22
9. Messiah: Worthy is the Lamb 3:00
10. Messiah: Amen 4:20
11. Messiah: O Death, where is thy sting? [recitative]: alternate version 0:27
12. Messiah: He was despised…: alternate version

Lorraine Hunt Lieberson, soprano
Janet Williams, soprano
Patricia Spence, mezzosoprano
Drew Minter, controtenor
William Parker, bass

U.C.Berkeley Chamber Chorus
dir. Jeffrey Thomas
Philharmonia Baroque Orchestra
dir. Nicholas McGegan

BAIXE AQUI A PARTE 1 – DOWNLOAD PART 1 HERE

BAIXE AQUI A PARTE 2 – DOWNLOAD PART 2 HERE

PQP

Temporada 2009 da Sociedade Cultura Artística

Não pude resistir e resolvi reproduzir as atrações da temporada 2009 da Sociedade Cultura Artística. Sei que é para poucos privilegiados, mas fica o registro:

27 e 28 de Abril – Orchestre Des Champs Elysées – Philippe Herreweghe

4 e 5 de maio – Orchestre de La Suisse Romande – Marek Janowsky / Jean-Ives Thibaudet

26 e 27 de maio – Concerto Köln – Vivica Genaux – Mezzo – Soprano

16 e 17 de Junho – Hilary Hahn

3 e 4 de junho – Emerson String Quartet

10 e 11 de agosto – Orquestra Filarmônica de israel – Zubin Mehta

29 e 30 de agosto – Camerata Salzburgo – Leonidas Kavakos – Violino

21 e 22 de setembro – Nathalie Stutzmann – Soprano / Inger Södergren – Piano

20 e 21 de outubro – Arcadi Volodos – Piano

27 e 28 de outubro – Orquestra da WIener Akademie – Martin Haselböck / Chorus Sine Nomine

Quem tiver a possibilidade de assistir a qualquer uma destas apresentações, deve se sentir feliz, pois foram muito bem selecionadas. Herreweghe, Emerson, Volodos… uau…

FDP

A ilusão da vitória na Faixa de Gaza

Observação: Este texto foi deixado pelo leitor-ouvinte Gustavo num comentário à versão do ELP para Quadros de uma Exposição. A princípio, achei que a notável Carta Aberta de Barenboim não tinha nada a ver com o blog, porém, a partir de uma reclamação do próprio Gustavo, fiz a reflexão óbvia: se a música erudita tem a ver com Baremboim e Barenboim tem a ver com a guerra, a publicação em post em nosso blog é pertinente. E é o que estou fazendo agora.

Por Daniel Barenboim, (publicado no THE GUARDIAN)

O regente e pianista Daniel Barenboim é judeu, cidadão israelense e cidadão de honra da Palestina.

Tenho apenas três desejos para o ano-novo. O primeiro é que o governo de Israel se conscientize, de uma vez por todas, que o conflito no Oriente Médio não pode ser resolvido por meios militares. O segundo é que o Hamas se conscientize que não defenderá seus interesses pela violência, e que Israel está aqui para ficar. O terceiro é que o mundo reconheça que esse conflito não é igual a nenhum outro em toda a história.

É um conflito intricado e sensível, um conflito humano entre dois povos profundamente convencidos de seu direito de viver no mesmo pedaço de terra. É por isso que não poderá ser resolvido nem pela diplomacia nem pelas armas.

Os acontecimentos dos últimos dias são extremamente preocupantes para mim por várias razões de caráter humano e político.

Embora seja óbvio que Israel tem o direito de se defender, que não pode e não deve tolerar os constantes ataques contra seus cidadãos, os bombardeios brutais sobre Gaza suscitam profundas indagações na minha mente.

MORTES

A primeira é se o governo de Israel tem o direito de considerar todo o povo palestino culpado pelas ações do Hamas. Será que toda a população de Gaza deve ser responsabilizada pelos pecados de uma organização terrorista?

Nós, o povo judeu, deveríamos saber e sentir mais profundamente do que qualquer outro povo que o assassinato de civis inocentes é desumano e inaceitável. Os militares israelenses argumentam, de maneira muito frágil, que a Faixa de Gaza é tão densamente povoada que é impossível evitar a morte de civis.

A debilidade desse argumento me leva a formular outras perguntas. Se as mortes de civis são inevitáveis, qual é a finalidade dos bombardeios? Qual é a lógica, se é que existe alguma, por trás da violência, e o que Israel espera conseguir por meio dela? Se o objetivo da operação é destruir o Hamas, a pergunta mais importante a ser feita é se esse objetivo é viável. Se não é, todo o ataque não só é cruel, bárbaro e repreensível, como também é insensato.

Por outro lado, se for realmente possível destruir o Hamas por meio de operações militares, que reação Israel espera que haja em Gaza depois que isso se concluir? Em Gaza vivem 1,5 milhão de palestinos, que seguramente não cairão de joelhos de repente para reverenciar o poderio do Exército israelense.

Não devemos esquecer que o Hamas, antes de ser eleito, foi encorajado por Israel como tática para enfraquecer o então líder palestino Yasser Arafat. A história recente de Israel me faz acreditar que, se o Hamas for eliminado por meio de bombardeios, outro grupo certamente tomará o seu lugar, um grupo que talvez seja mais radical e mais violento.

VINGANÇA

Israel não pode se permitir uma derrota militar porque teme desaparecer do mapa. No entanto, a história demonstrou que toda vitória militar sempre deixou Israel em uma posição política mais fraca do que a anterior por causa do surgimento de grupos radicais.

Não pretendo subestimar a dificuldade das decisões que o governo israelense precisa tomar a cada dia, nem subestimo a importância da segurança de Israel. Entretanto, continuo convencido de que o único plano viável para a segurança em Israel, no longo prazo, é obter a aceitação de todos os nossos vizinhos.

Desejo para o ano de 2009 a volta da famosa inteligência que foi sempre atribuída aos judeus. Desejo a volta da sabedoria do Rei Salomão para os estrategistas israelenses, a fim de que a usem para compreender que palestinos e israelenses gozam de idênticos direitos humanos.

A violência palestina atormenta os israelenses e não contribui para a causa palestina. A retaliação militar israelense é desumana, imoral e não garante a segurança de Israel. Como disse antes, os destinos dos dois povos estão inextricavelmente ligados e os obriga a viver lado a lado. Eles terão de decidir se querem que isso se torne uma bênção ou uma maldição.

Samuel Barber (1910-1981) – Adagio for Strings, Concerto for Violin and Orchestra, Willian Schumann (1910-1992) – To thee Old Cause, In Praise of Shann, Charles Ives (1874-1954) – The Unanswered Question, Aaron Copland (1900-1990) – Fanfarre for a Common Man

Pelo licença ao mano CDF para entrar em sua área, e postar este maravilhoso cd do Bernstein. Confesso que o baixei pensando no Copland, afinal, sabia que eles eram amigos, e também tinha curiosidade de ouvir o Adagio for Strings de Barber. Creio que em algum lugar o mano PQP comentou essa obra, e fiquei curioso de ouvi-la. E fiquei realmente encantado com sua beleza. Já tinha ouvido seu concerto para violino nas mãos jovens de Hilary Hahn, mas aqui temos o grande Isaac Stern tocando, aí a conversa é outra. Muitos consideram esta a melhor gravação deste concerto. Deixa-se a imaturidade de lado para entrar a experiência e exuberância de um dos grandes violinistas do século XX.

Com relação a William Schuman, reconheço minha total ignorância e fui atrás de maiores informações, no fantástico New Groove Dictionary:

At the age of 16 Schuman wrote his first piece, a tango, and widened his practical experience by taking up various instruments and organizing and performing in jazz bands. He wrote many popular songs to lyrics by Edward B. Marks and Frank Loesser, including the latter’s first published song, In Love with a Memory of You. After hearing Toscanini conduct the New York PO on 4 April 1930 Schuman abruptly left the School of Commerce of New York University, where he had been studying for two years, and began private harmony lessons with Max Persin and, in 1931, counterpoint lessons with Charles Haubiel in New York.

While Schuman continued to write popular music until 1934, his study and composing veered increasingly towards concert music. He took summer courses with Bernard Wagenaar and Adolf Schmid at the Juilliard School (1932, 1933), spent a summer in the conducting programme at the Salzburg Mozarteum (1935), and in 1933 enrolled in Columbia University Teachers College (BS 1935, MA 1937). During 1932–5 Schuman had begun composing seriously, and after hearing Roy Harris’s Symphony 1933 he studied with Harris at Juilliard (summer 1936) and then privately (until 1938); Harris remained for some years an important influence on Schuman’s orchestral music.

In 1938 Schuman won an American composition contest (in support of Republican Spain) with his Second Symphony. On the jury was Aaron Copland, who brought the work to the attention of Koussevitzky. Koussevitzky became a champion of Schuman’s compositions, conducting the Second Symphony with the Boston SO in 1939, and first performances of the American Festival Overture (1939), the Symphony no.3 (1941, awarded the first New York Music Critics’ Circle Award), A Free Song (1943, awarded the first Pulitzer Prize in music), and the Symphony for Strings (1943). The public and critical success of the Symphony no.3 established Schuman as a leading American composer and since that time his music has been widely performed. He remains among the most honoured figures in American music, having received 28 honorary degrees, 2 consecutive Guggenheim fellowships (1939–41), membership in the National Institute of Arts and Letters (1946) and later the American Academy of Arts and Letters (1973), the first Brandeis University Creative Arts Award in music (1957), the Horblit Award from the Boston SO and Harvard University (1980), the gold medal from the American Academy and Institute of Arts and Letters (1982) and a second, special Pulitzer prize (1985). Credendum (1955) was the first composition to be commissioned by the US government. In 1981 Columbia University established the William Schuman Award, a $50,000 prize to a composer for lifetime achievement; Schuman himself was the first recipient.

Schuman’s work as a teacher and administrator has had wide and lasting influence. At Sarah Lawrence College, where he taught from 1935 to 1945, he initiated an approach to general arts instruction aiming at students’ self-discovery of the nature of the creative process; he went on to evolve a similar approach to the teaching of other subjects, including composition. Schuman also conducted the chorus at Sarah Lawrence (1939–45), commissioning and composing works for women’s voices. In 1945, after leaving Sarah Lawrence for a three-year term as director of publications at G. Schirmer, Schuman was invited to become president of the Juilliard School. He left the Schirmer position (though he remained as a special editorial consultant until 1952), and began an extensive reorganization of the School: he merged the Institute of Musical Art with the Juilliard Graduate School to form the Juilliard School of Music, founded the Juilliard String Quartet (which became the model for many quartets-in-residence at American colleges), revived the opera theatre, added a dance division, and, most importantly, instituted the ‘Literature and Materials of Music’ curricular programme, which fused theory and history into a single coherent four-year course with the music itself as the basis for study. An exposition of his approach to music education appeared as The Juilliard Report (1953). Schuman also invited a number of distinguished composers to join the faculty, among them Bergsma, R.F. Goldman, Peter Mennin, Norman Lloyd, Vincent Persichetti, Robert Starer, Robert Ward and Hugo Weisgall.

In 1962 Schuman was made president of the Lincoln Center for the Performing Arts, a position which gave him considerable influence in the administration of the arts and one which he exercised in a characteristically imaginative and forceful manner. He encouraged the commissioning and performing of American works, and the importance he placed on the centre’s service to urban communities led to the Lincoln Center Student Program, which instituted concerts in schools and opened the centre’s halls for young people’s concerts. He founded the Chamber Music Society of Lincoln Center, the Film Society and a summer series of special musical events. He fought a long and successful battle to have the Juilliard School housed in Lincoln Center and to add a drama division to its offerings. At the end of 1969 Schuman left his post at Lincoln Center to devote himself to composition, but he has continued to champion the cause of the arts as a public speaker and as an adviser to numerous organizations, including the Koussevitzky Foundation, the Naumburg Foundation and the Charles Ives Society. He was chairman of the MacDowell Colony (1974–7, 1980–83) and became honorary chairman in 1984; he was the founding chairman of the Norlin Foundation (1975–85). He received the Gold Baton Award of the American Symphony Orchestra League (1985), the National Medal of Arts (1987) and the Kennedy Center Honors (1989). Schuman continued to compose despite a painful inherited bone disease. He maintained his legendary personal charm and gifts as a public speaker to the end.

Aliás, quando vi o sobrenome, sem o prenome, fiquei imaginando qual seria o critério do produtor,e do próprio Lenny, de inserir Robert Schumann entre compositores norte americanos do século XX.

O CD ainda traz Charles Ives e Aaron Copland, motivo inicial de meu interesse por este cd. E novamente evoco o trio inglês Emerson, Lake & Palmer, fás confessos deste compositor, e de quem constantemente gravaram obras (Rodeo, e esta mesma Fanfare for a Common Man), entre outras.

Um grande cd, com um dos grandes maestros do século XX, e claro, grande especialista neste repertório.

Samuel Barber (1910-1981)

1 – Adagio for Strings
2 – Concerto for Violin and Orchestra, op. 14 – Allegro
3 – Concerto for Violin and Orchestra, op. 14 – Andante
4 – Concerto for Violin and Orchestra, op. 14 – Presto in moto

Isaac Stern – Violin

William Schuman (1910-1992)

5 – To Thee Old Cause (Evocation for Oboe, Brass, Timpani, Piano & Strings)
Harold Gomberg – Oboe

6 – In Praise of Shahn (Canticle for Orchestra) – Vigoroso
7 – In Praise of Shahn (Canticle for Orchestra) – Lento (bar 185)

Charles Ives (1874-1954)

8 – The Unanswered Question

William Vacchiano – Trumpet

Aaron Copland (1900-1990)

9 – Fanfare for a Common Man (Version from Symphony nº3) – Molto Liberato

New York Philharmonic
Leonard Bernstein – Conductor

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FDP Bach

Antonio Vivaldi (1678-1741) – Concerts for Two Violins

Sim, sim, mais Vivaldi, e mais Carmignola, e desta vez com uma ilustre convidada: Viktoria Mullova. Desconhecia este cd até uma semana atrás, quando o vi no site da amazon. Imediatamente comecei a fazer uma busca nos blogs tradicionais, listados aqui ao lado, na página do PQP. Fiquei muito feliz por consegui-lo, e o estou degustando nesta monótona tarde de sábado.

Dois dos principais violinistas da atualidade, cada qual com sua especialidade, mas falando a mesma língua: Stradivarius. Acompanho a carreira de Mullova há mais de 20 anos, e sou fã dela desde então. Já tive a oportunidade de postar um cd seu tocando os grandes concertos para violino do século XX, e agora trago sua nova incursão no barroco. Digo nova incursão, pois ela já gravou Bach, e também Vivaldi, creio que o mano PQP inclusive já postou o cd dela tocando com “Il Giardino Armonico”.

Esse final de ano tem me deixado meio deprimido. Já até estou cansado destas férias, que terminarão apenas em fevereiro..

Antonio Vivaldi – Concertos for 2 violins, Strings and continuo, RV516, RV511, RV514, RV524, RV509 e RV523

1. Concerto for 2 Violins, Strings and Continuo in G major, R. 516 – 1. Allegro molto
2. Concerto for 2 Violins, Strings and Continuo in G major, R. 516 – 2. Andante (molto)
3. Concerto for 2 Violins, Strings and Continuo in G major, R. 516 – 3. Allegro
4. Concerto in D major for 2 violins, strings & continuo, RV511 – 1. Allegro molto
5. Concerto in D major for 2 violins, strings & continuo, RV511 – 2. Largo
6. Concerto in D major for 2 violins, strings & continuo, RV511 – 3. Allegro
7. Concerto in D minor for 2 violins, strings & continuo, RV514 – 1. Allegro non molto
8. Concerto in D minor for 2 violins, strings & continuo, RV514 – 2. Adagio
9. Concerto in D minor for 2 violins, strings & continuo, RV514 – 3. Allegro molto
10. Concerto in B flat major for 2 violins, strings & continuo, RV524 – 1. Allegro
11. Concerto in B flat major for 2 violins, strings & continuo, RV524 – 2. Andante
12. Concerto in B flat major for 2 violins, strings & continuo, RV524 – 3. Allegro
13. Concerto in C minor for 2 violins, strings & continuo, RV509 – 1. Allegro ma poco e cantabile
14. Concerto in C minor for 2 violins, strings & continuo, RV509 – 2. Andante molto
15. Concerto in C minor for 2 violins, strings & continuo, RV509 – 3. Allegro
16. Concerto in A minor for 2 Violins, Strings, and Continuo, R.523 – 1. Allegro molto
17. Concerto in A minor for 2 Violins, Strings, and Continuo, R.523 – 2. Largo
18. Concerto in A minor for 2 Violins, Strings, and Continuo, R.523 – 3. Allegro

Viktoria Mullova, Giuliano Carmignola – Violin
Venice Baroque Orcnestra
Andrea Marcon – Conductor

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FDP Bach

John Cage (1912 -1992) – Imaginary Landscape

Cannon

Já recebi críticas muito convincentes sobre a ausência de música “nova” nas minhas postagens. Tem dois motivos para isso: primeiro, o meu conhecimento limitado e o segundo, menos nobre, meu desinteresse. Já estive em concertos pelo mundo (poucos, confesso) dedicados a jovens compositores. O enfado foi grande. Um mistura de música tonal com atonal, eletrônica ou neo-romântica, nada realmente “novo”. Vi um concerto que a pianista, no meio da cadenza, entrava com um martelo dentro do piano. Mas tirando o belo corpo e as marteladas, não guardo mais nada na memória. Noutra ocasião um violoncelista usava seu instrumento como percussão numa sonata. As cordas quase desnecessárias. É verdade que tenho ouvido coisas interessantes na chamada música espectral e quase geniais na música eletrônica, mas nada além das possibilidades alcançadas pelo velho e defunto Stockhausen. Há vários anos a música “nova” não vem mudando.

Quando disseram a John Cage que qualquer um poderia ter escrito 4´33´´, ele respondeu: “É verdade, mas fui eu que fiz”. Após a morte de Beethoven, o compositor devia abraçar a originalidade como requisito básico; após Cage, a transgressão envelheceu. A idéia do progresso na música também caiu por terra. No entanto, hoje encontramos muitos compositores razoáveis escrevendo músicas razoáveis, mas que trazem tantas referências (algo normal na música de todas as épocas, mas não tão exagerado) que fica difícil ouvir a impressão do próprio compositor. Mesmo no período barroco, que foi de certo modo a cultura do exagero e imitação, era possível identificar nas grandes obras as assinaturas dos mestres. Hoje não se identifica nada. E como não tenho muito tempo a perder, e não sou adepto nem a tradição ou a originalidade, mas a “voz” de cada artista, eu prefiro ir direto a fonte de tudo isso.

A série Imaginary Landscape são obras chaves. Os três primeiros (escrito entre 1939 e 1942) são bastante percussivos, com a participação quase pioneira de elementos eletrônicos. Grupos como Uakti ou coisas similares no mundo da “World Music” devem ter bebido dessa fonte. Imaginary Landscape n.4 já é uma mudança total de paradigma. Escrita para 12 rádios (se possível, em AM), cada um com dois músicos operando a sintonia e o volume com absoluto rigor. Cage, ao contrário do que se pensa, tinha total interesse no controle dessa nova linguagem. Paradoxal, mas a aleatoriedade era controlada.

Obras fascinantes e insuperáveis no quesito originalidade.

CDF

Disco:
1 – Imaginary Landscape No. 1, for 2 variable speed turntables, frequency records, muted piano & cymbal 8:45
2 – Imaginary Landscape No. 2, for 5 percussionists 6:35
3 – Imaginary Landscape No. 3, for 6 percussionists 3:05
4 – Imaginary Landscape No. 4, for 12 radios, 24 players & conductor (March No. 2) 5:00
5 – Imaginary Landscape No. 5, for any 42 recordings, to be realized on tape 1:31
6 – But What About the Noise…, for percussion ensemble of 3-10 players 26:00

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Leonard Bernstein (1918-1990) – Sinfonia Nº 1 e Concerto para Orquestra

Como eu estava sendo ameaçado fisicamente por não revalidar este link, aqui vai ele. A Sinfonia Nº 1 de Bernstein, baseada no profeta Jeremias, fala, segundo o próprio Bernstein, a respeito da crise de sua fé, simbolizada pela destruição do Templo de Jerusalem. O Concerto para Orquestra foi composto em 1986 e bastante ampliado em 1989. É muito curiosa a terceira abordagem ao modelo de “Concerto para Orquestra”, criado por Bartók. Como já publicamos antes os concertos de Bartók e Lutoslawski, terminamos aqui a série dedicada aos Concertos para Orquestra.

Sinfonia Nº 1 “Jeremiah”
1. Prophecy 07:43
2. Profanation 06:29
3. Lamentation 10:54

Concerto for Orchestra, “Jubilee Games”
I. Free – Style Events: Allegro con brio, giocoso 07:27
II. Mixed Doubles: Theme 01:26
II. Variation 1 01:01
II. Variation 2 00:26
II. Variation 3 00:39
II. Variation 4 01:17
II. Variation 5 00:33
II. Variation 6 02:18
II. Variation 7 01:15
II. Coda 01:45
III. Diaspora Dances: Vivace 05:37
IV. Benediction: Moderato, invocando 06:13

Nathan Gunn, baritone
New Zealand Symphony Orchestra
James Judd

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PQP

Modest Petrovich Mussorgsky (1839-1881): St. Johns Night on the Bare Mountain, Khovanshchina, Scherzo in B-flat Major, Intermezzo Symphonique in modo classico, Festive March from ‘Mlada’

Sempre fui fascinado pela música de Mussorgsky, mas durante muitos anos, infelizmente, a única obra a que tive acesso era a já tão comentada “Pictures at an Exhibition”, já postada aqui diversas vezes. Mas a obra que mais me impressionou deste compositor foi  “Uma Noite no Monte Calvo”, na versão do Stokowsky para o clássico desenho da Disney, “Fantasia”. Fiquei fascinado pela música, e, depois de muito procurar, e encontrar apenas a versão orquestral, a versão de Rimsky-Korskov, eis que encontro esta fantástica versão do Claudio Abbado, com direito a solista, coro e orquestra. Um cd simplesmente espetacular. Imperdível. Pelo que entendi, esta versão para solista, coro e orquestra é muito rara de ser executada. Mas minha busca terminou. Na verdade, até pouco tempo atrás eu desconhecia esta versão, e quando postei um cd com obras de compositores russos há algum tempo atrás, alguém, não lembro se foi o Exigente, comentou que procurava a outra versão. Fui então atrás, e graças aos recursos da WEB, a encontrei.

Se puderem, ouçam em um volume bem alto, para poderem captar melhor as nuances da obra. Claudio Abbado fez um excepcional trabalho.

Maiores informações sobre a obra podem ser encontradas aqui .

Modest Petrovich Mussorgsky  – St. Johns Night on the Bare Mountain, Khovanshchina,  Scherzo in B-flat Major,  Intermezzo Symphonique in modo classico,  Festive March from ‘Mlada’

1 – St. Johns Night on the Bare Mountain
2 – Khovanshchina, Prelude
3 – Khovanshchina, Aria of Shaklovity
4 – Khovanshchina, The Departure of Prince Golizyn
5 – Khovanshchina, Aria of Maria
6 – Khovanshchina, Dance of the Persian Slave Girls
7 – Scherzo in B-flat Major
8 – Intermezzo Symphonique in modo classico
9 – Festive March from ‘Mlada’

Anatoli Kotcherga – Bass-Baritone
Mariana Tarasova – Mezzo-Soprano
Rundkunkchor Berlin
Südtiroler Kinderchor
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado – Conductor

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FDP Bach

Guilherme Bauer (1940) – Partita Brasileira e outras obras

O carioca Guilherme Bauer, aluno de Guerra-Peixe, tem obras muito bem estruturadas e serenamente orquestradas, só que doem no ouvido de tão atonais que são – se não doerem, soarão insípidas. Deste CD, o mais importante do compositor, só escapam as Sugestões de inúbias, para duo de flautas, e as Cadências para violino e orquestra – a primeira peça, por não abafar o material folclórico sobre o qual se baseia (merecia até uma versão acompanhada por orquestra, pois tem um lastro sinfônico latente), e a segunda, pelo desafio que impõe ao solista.

As Cadências para violino guardam relação direta com sua homônima para piano e orquestra, de 23 anos depois. A orquestra intervém pouco e é pela própria força do instrumento principal que a obra se sustenta. Bem mais palatável (já que não seguem nenhum tratado de harmonia alienígena) são as descontraídas Variações rítmicas (que Guilherme Bauer diz se chamar Variações sinfônicas), um verdadeiro jongo-do-crioulo-doido para piano e orquestra digno de ser dançado pela Lacraia do MC Serginho. O compositor lamentou que o atabaque que faz dueto com o piano no primeiro minuto da peça não tenha sido captado pelos microfones.

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Partita Brasileira

1. Sugestões de inúbias (1991)
Flautas: Eduardo Monteiro e Alexandre Eisenberg

Trio (1980)
2. I. Andante com embolada
3. II. Allegro – batucada
Trio Fibonacci

Partita brasileira (1994/2001)
4. I. Prelúdio
5. II. Clamor
6. III. Canto
7. IV. Abaianado
8. V. Rabecando
Violino: Erich Lehninger

Duas peças para violoncelo e piano (1989/1993)
9. Recitativo
10. Retornos
Andreas Polzberger (cello) e Sven Birch (piano)

11. Quarteto n° 2 (1997)
Quarteto Moyzes

12. Cadências para violino e orquestra (1982)
Orquestra Sinfônica Brasileira, regida por Henrique Morelembaum
Violino: Erich Lehninger

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Variações rítmicas, para piano e orquestra (1991)

Orquestra não identificada
Regente: Dante Anzolini
Piano: Ruth Serrão

Já que mencionei as Cadências para piano e orquestra, me lembrei elas ganharam semana passada o prêmio de melhor obra experimental de 2008 (não sei o que elas têm de experimental) da APCA. Mando-as junto com uma pecinha curta em dois movimentos.

Cadências para piano e orquestra (2005)

Gravado ao vivo na Sala Cecília Meireles, durante a XVI Bienal de Música Contemporânea Brasileira, em 2005

Orquestra Sinfônica Brasileira, regida por Luís Gustavo Petri
Piano: Midori Maeshiro

Instantes pianísticos (2003)
I. Mutações
II. Freqüências

Piano: Midori Maeshiro

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CVL

J. S. Bach (1685-1750) – Oratório de Natal, BWV 248

Aproveitando que hoje é dia de Natal, publicamos a versão de Herreweghe do Oratório escrito por meu pai. Ah, vocês sabem tanto quanto eu: são seis cantatas bem legais, as primeiras mais legais que as últimas, apesar de que todas são muito boas. Aqui não há o elemento kitsch e mentiroso da festa comercial-religiosa, aqui é Natal mesmo, com a grandiosidade da história inventada e retocada pelos homens.

Elas impressionam pela coerência, riqueza musical e unidade. As seis Cantatas foram apresentadas pela primeira vez em 1734, em Leipzig, uma a uma em cada feriado que antecedia o Natal. A seguir, apresento um artigo de Ricardo de Mattos, retirado daqui, sobre o Oratório. Feliz Páscoa!

Johann Sebastian Bach – 1.685/1.750 – encerrou a composição do seu Oratório de Natal no mês de outubro de 1.734, ocorrendo sua primeira execução nas comemorações natalinas do mesmo ano. A evidente finalidade d’esta obra era celebrar o nascimento de Jesus Cristo, e esta homenagem ao facto máximo do cristianismo verifica-se no decorrer e alternância de 31 recitativos, catorze corais, dez árias, oito coros, dois ariosos, um quarteto, um terceto, um dueto e uma sinfonia.

Bach foi um homem de entranhada e madura religiosidade. Uma crença fervorosa e sincera transparece em suas obras sacras, e diante d’isso podemos calcular seu senso de responsabilidade ao compor um oratório pelo advento d’Aquele que tanto amou. O compositor era luterano, mas esta peça é tão bonita e possui nobreza tal que já comovia, e ainda comove, pessoas de credo diverso. Ao romper esta barreira, já mostra uma primeira face de sua excelência.

O texto-base do Oratório de Natal é formado por trechos dos Evangelhos segundo São Lucas e São Mateus, complementado com versos de Christian Friedrich Henrici, dito “Picander”. Este poeta é autor do texto de várias cantatas e da Paixão Segundo São Mateus. Muitas foram, contudo, as intervenções de Bach. Não há como acompanhar o Oratório sem ler o texto, e quem, como eu, não fala alemão, deve procurar uma versão acompanhada da tradução. Não é difícil ouvir a música em alemão, ler o trecho e sua tradução ao mesmo tempo.

Oratório e cantata, nos séculos XVII e XVIII, são géneros musicais a apresentar certa confusão, e a peça de Natal ora comentada pode trazer ainda mais dúvidas. O oratório irmana-se à ópera por descender dos mistérios medievais, dela diferindo apenas pela temática, pois inicialmente era acompanhado até de acção, cenário e costume. A cantata nada mais é além de uma peça profana para ser cantada e tem sua origem nos madrigais, ainda da Idade Média. Tínhamos então peças para serem cantadas – cantatas – e peças para serem tocadas – toccatas. Até aqui tudo simples e claro. Introduzindo na cantata o coro, levando-a para a igreja e no oratório substituindo-se a encenação pela narração – ficando esta a cargo do narrador ou historicus – confundiram-se os géneros. Talvez a única diferenciação restante seja a extensão, sendo maior a do oratório. Além disso, uma cantata pode ser religiosa ou profana – a Cantata do Café, do próprio Bach – mas um oratório será sempre religioso ou, no mínimo, de orientação religiosa, como As Estações, de Haydn. Este Oratório de Natal mostra bem a referida mistura, porém é um caso proposital. Na igreja de São Tomás, em Leipzig, para a qual foi composto, as celebrações natalinas estendiam-se por seis dias: 25, 26 e 27 de dezembro, primeiro e seis de janeiro e o primeiro domingo do ano. Assim, ou para não fraccionar uma peça única, ou para não repetir a mesma durante esses seis dias, Bach dividiu-o em seis partes, ou seis cantatas, reunidas de forma mais ou menos uniforme. Recebeu algumas críticas não só pela indefinição do género – nada tão indefinido assim, convenha-se – como pelo aproveitamento da música e texto de outras cantatas. O novo aproveitamento não era hábito exclusivo de Bach, mas a ocupação de alguns compositores levava a tal proceder. Vivaldi utilizou na ária Dell’aura al sussurrar o conhecido tema do allegro da Primavera.

O carácter geral do Oratório é glorificar, exaltar o espírito pelo nascimento do Messias, sendo assim oposto ao das Paixões, nas quais predominam a consternação e o drama. Com este objectivo de alegrar as almas, a primeira peça é um retumbante coro, ao qual os trompetes e tímpanos conferem um carácter de intrata:

Regozija-vos, cantai de alegria! Louvai estes dias!
Abandonai vossos temores, cessai vossos prantos,
Entoai hinos de regozijo e alegria!
Uni vossas vozes para cantar a glória do Altíssimo,
Adoremos o nome do Todo Poderoso!

Após o coro, inicia-se a narrativa, com a viagem de José e Maria de Nazareth à Belém. O parto ocorre e a contralto, primeiro em recitativo, depois em ária, admoesta Sião a bem receber o Salvador dos judeus, já padecentes do jugo romano. Cristo nasceu sob Augusto e foi crucificado na era de Tibério. Dando-se o parto no presépio, um coro de sopranos acompanhado do baixo – não ainda no papel de Herodes – acentua a humildade do facto (“Pobre veio à terra/Quem saberá honrar como merece/ O Amor que nos oferece nosso Salvador?”). O mesmo baixo, na ária seguinte, lembra a pouca importância do meio escolhido para nascer por aquele que reina sobre o mundo. Além d’isso, percebemos em vários momentos um capricho de ternura bem próprio de Bach, que curiosamente lembra-nos os escritos de Santa Terezinha do Menino Jesus e São Pedro Julião Eymard. Repare-se no coral Ach mein herzliebes Jesulein – Ah, meu bem amado Jesusinho! Aqui Bach demonstra o amor mencionado, referindo-se ao Menino como se pudesse estar pessoalmente com ele.

A segunda parte inicia-se com uma sinfonia pastoral substituindo um previsível coro, e melhor escolha Bach não poderia ter feito. Pastoral é uma obra vocal ou instrumental que pela melodia e emprego de certos instrumentos (flauta, oboé) pretende reproduzir um ideal de vida simples e pacífica, tal como imaginou-se sempre, nas Artes, ser a dos pastores. Pesquisando este ideal, chegamos em Virgílio. Ulisses desejou, em certa altura da Odisseia, ter nascido um mero pastor. Portanto, a escolha da sinfonia pastoral para iniciar a segunda parte, ou segunda cantata, é perfeita para retractar o ambiente rústico do nascimento de Jesus. Pode-se afirmar que toda esta cantata é pastoral, pois o tema da sinfonia repete-se no último coral, só retornando no coro de abertura da quarta parte.

Segundo a mensagem da segunda parte, os simples serão os primeiros a encontrar Jesus Cristo, e nos Evangelhos encontramos o desenvolvimento doutrinário desta assertiva. Basta ler o Sermão da Montanha. A última ária de contralto é uma canção para embalar o Recém Nascido. Esta parte foi apresentada pela primeira vez há exactos 268 anos.

Se na segunda cantata os pastores são avisados por um anjo – soprano – do nascimento de Jesus, na terceira eles efectivamente visitam-no. O mesmo coro do início é o do final (da capo), responsável pela volta do clima de júbilo. Deve-se reparar no duo de soprano e baixo Herr dein Mitled, dein Erbarmen – Senhor, Tua piedade, Tua Misericórdia.

A quarta parte, segundo o plano de comemorações da igreja de São Tomás, foi executada em primeiro de janeiro de 1.735. Por isso a primeira menção que o Evangelista faz em seu recitativo é à circuncisão e baptismo de Jesus, factos celebrados no dia. Após um arioso emoldurado por dois recitativos, segue-se a curiosa ária Flösst, mein Heiland, flösst dein Namen – Poderia, meu Salvador, poderia seu Nome. Nela temos duas sopranos, a segunda servindo de eco para a primeira. Eco mesmo: a primeira termina um verso e a segunda repete a última palavra apenas, de preferencia com o inte’rprete fora de cena. E um oboé ecoa esta segunda soprano. Este efeito do eco pode ser percebido também no concerto Audi , coelum do orato’rio Vésperas da Virgem Maria de Cláudio Monteverdi (1.567/1.643) e mais recentemente, na ária de Violetta Follie! Delírio vano é questo! na famosa ópera La Traviata de Giuseppe Verdi (1.831/1.901) Bach dedicou toda esta parte à relação entre o homem e Jesus, bem como a Sua palavra.

Um mui alegre coro complementado por vozes infantis inaugura a quinta cantata, dedicada à chegada dos Magos e à reacção de Herodes ao receber a notícia. Muita atenção para a ária Erleucht’ auch meine finstre Sinnen – Ilumina também meus escuros sentidos, na qual o baixo é acompanhado pelo órgão e pelo oboé.

Um coro épico abre a sexta e última cantata, apresentada na Epifania de 1.735. Por este motivo Bach destacou a visita dos Reis Magos ao Menino, embora também se discorra sobre a ordem de Herodes e à fuga de José e Maria. Esta a cantata mais dramática de todo o conjunto, transpirando tensão e aflição. O alívio pela salvação do Menino recompõe, no quarteto e coral finais, a sobreexcitação e alegria dominantes em todo o Oratório. Nada adianta eu tagarelar sobre esta excelente obra. Ela deve ser apreciada e sua contribuição para um Natal melhor será inafastável

Christmas Oratorio, BWV 248

1. Part I: Jauchzet, Frohlocket!, Chorus
2. Part I: Es Begab Sich Aber Zu Der Zeit, Recitative
3. Part I: Nun Wird Mein Liebster BrÄUtigam, Recitative
4. Part I: Bereite Sich, Zion, Alto Aria
5. Part I: Wie Soll Ich Dich Empfangen, Chorale
6. Part I: Und Sie Gebar Ihren Ersten Sohn, Recitative
7. Part I: Er Ist Auf Erden Kommen Arm, Chorale For Soprano And Bass
8. Part I: Wer Kann Die Liebe Recht ErhÖH’n, Bass Recitative
9. Part I: Grosser Herr Und Starker KÖNig, Bass Aria
10. Part I: Ach, Mein Herzliebes Jesulein!, Chorale
11. Part Ii: Sinfonia
12. Part Ii: Und Es Waren Hirten, Tenor Recitative
13. Part Ii: Brich An, O SchÖNes Morgenlicht, Chorale
14. Part Ii: Und Der Engel Sprach Zu Ihnen, Recitative For Tenor & Soprano
15. Part Ii: Was Gott Dem Abraham Verheissen, Bass Recitative
16. Part Ii: Frohe Hirten, Eilt, Tenor Aria
17. Part Ii: Und Das Habt Zum Zeichen, Tenor Recitative
18. Part Ii: Schaut Hin!, Chorale
19. Part Ii: So Geht Denn Hin!, Bass Recitative
20. Part Ii: Schlafe, Mein Liebster, Alto Aria
21. Part Ii: Und Alsobald War Da Bei Dem Engel, Tenor Recitative
22. Part Ii: Ehre Sei Gott In Der HÖHe, Chorale
23. Part Ii: So Recht, Ihr Engel, Bass Recitative
24. Part Ii: Wir Singen Dir In Deinem Heer, Chorale
25. Part Iii: Herscher Des Himmels, Chorus
26. Part Iii: Und Da Die Engel Von Ihnen Gen Himmel FÜHren, Tenor Recitative
27. Part Iii: Lasset Uns Nun Gehen Gen Bethlehem, Chorus
28. Part Iii: Er Hat Sein Volk GetrÖSt, Bass Recitative
29. Part Iii: Dies Hat Er Alles Uns Getan, Chorale
30. Part Iii: Herr, Dein Mitleid, Dein Erbarmen, Duet For Soprano & Bass
31. Part Iii: Und Sie Kamen Eilend, Tenor Recitative
32. Part Iii: Schliesse, Mein Herze, Dies Selige Wunder, Alto Aria
33. Part Iii: Ja, Ja! Mein Herz Soll Es Bewahren, Alto Recitative
34. Part Iii: Ich Will Dich Mit Fleiss Bewahren, Chorale
35. Part Iii: Und Die Hirten Kehrten Wieder Um, Tenor Recitative
36. Part Iii: Seid Froh, Dieweil, Dass Euer Heil, Chorale
37. Part Iv: Fallt Mit Danken, Fallt Mit Loben, Chorus
38. Part Iv: Und Da Acht Tage Um Waren, Tenor Recitative
39. Part Iv: Immanuel, O SÜSses Wort, Recitative For Soprano & Bass
40. Part Iv: Jesu Du, Mein Liebstes Leben/Komm!, Ich Will Dich Mit Lust Umfassen, Ar
41. Part Iv: FlÖSst, Mein Heiland, Aria For 2 Sopranos
42. Part Iv: Wohlan! Dein Name Soll Allein, Recitative & Arioso For Soprano & Bass
43. Part Iv: Ich Will Nur Dir Zu Ehren Leben, Tenor Aria
44. Part Iv: Jesus Richte Mein Beginnen, Chorale
45. Part V: Ehre Sei Dir, Gott, Gesungen, Chorus
46. Part V: Da Jesus Geboren War Zu Bethlehem, Recitative
47. Part V: Wo Ist Der Neugeborne KÖNig Der Juden?, Chorus & Recitative
48. Part V: Dein Glanz All’finsternis Verzehrt, Chorale
49. Part V: Erleucht’ Auch Meine Finstre Sinnen, Bass Aria
50. Part V: Da Das Der KÖNig Herodes HÖRte, Tenor Recitative
51. Part V: Warum Wollt Ihr Erschrecken, Alto Recitative
52. Part V: Und Liess Versammeln Alle Hohenpriester, Tenor Recitative
53. Part V: Ach, Wenn Wird Die Zeit Erscheinen?, Trio For Soprano, Alto, & Tenor
54. Part V: Mein Liebster Herrschet Schon, Alto Recitative
55. Part V: Zwar Ist Solche Herzensstube, Chorale
56. Part Vi: Herr, Wenn Die Stolzen Feinde Schnauben, Chorus
57. Part Vi: Da Berief Herodes Die Weisen Heimlich, Tenor Recitative
58. Part Vi: Du Falscher, Suche Nur Den Herrn Zu FÄLlen, Soprano Recitative
59. Part Vi: Nur Ein Wink, Soprano Aria
60. Part Vi: Als Sie Nun Den KÖNig, Tenor Recitative
61. Part Vi: Ich Steh’ An Deiner Krippen Hier, Chorale
62. Part Vi: Und Gott Befahl Ihnen Im Traum, Tenor Recitative
63. Part Vi: So Geht! Genug, Mein Schatz, Tenor Recitative
64. Part Vi: Nun MÖGt Ihr Stolzen Feinde Schrecken, Tenor Aria
65. Part Vi: Was Will Der HÖLle Schrecken Nun, Choral Recitative
66. Part Vi: Nun Seid Ihr Wohl Gerochen, Chorale

Barbara Schlick (Soprano)
Michael Chance (Countertenor)
Howard Crook (Tenor)
Peter Kooy (Bass)

Collegium Vocale Ghent
Collegium Vocale Ghent Orchestra
dir. Philippe Herreweghe

BAIXE AQUI A PARTE 1 – DOWNLOAD PART 1 HERE

BAIXE AQUI A PARTE 2 – DOWNLOAD PART 2 HERE

.:interlúdio:. Sivuca Sinfônico

Aproveito que presenteei vocês no Natal com Sivuca para presenteá-los novamente com uma pérola discográfica do sanfoneiro paraibano.

Cinco das composições aqui são transcrições – para sanfona e orquestra – de obras de Sivuca, em parceria ou não, e de compositores diletos dele – o bandolinista pernambucano Luperce Miranda (neste caso não é Lupércio) e Paganini. Luiz Gonzaga motivou a composição das outras duas obras.

Como este CD é daqueles de que não há muito a dizer e, sim, a ouvir, desejo desde já um 2009 com muita música a todos nós.

***

Sivuca Sinfônico

01. Rapsódia Gonzaguiana (Sivuca, sobre temas de Luiz Gonzaga)
02. Aquariana (Sivuca)
03. João e Maria (Sivuca / Chico Buarque)
04. Feira de Mangaio (Sivuca / Glória Gadelha)
05. Quando me Lembro (Luperce Miranda)
06. Moto Perpétuo (Paganini)
07. Concerto Sinfônico para Asa Branca (Sivuca, sobre temas de Luiz Gonzaga)

Arranjos, transcrições e orquestrações (e solista, claro): Sivuca
Com a participação da Orquestra Sinfônica do Recife, regida por Osman Giuseppe Gióia

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CVL