.: interlúdio :. Alex North (1910-1991): Spartacus (1960)

.: interlúdio :. Alex North (1910-1991): Spartacus (1960)

O talentoso compositor americano Alex North (1910 – 1991) trabalhou em obras de Jazz, músicas da Broadway e trilhas de filmes onde integrou sua técnica modernista à estrutura típica de leitmotiv da música cinematográfica, rica em temas. Nomeado para quinze Oscars, não levou nenhuma estatueta. Porém foi o primeiro compositor a receber o Oscar Honorário. Embora North seja mais conhecido por seu trabalho em Hollywood, ele passou anos em Nova York escrevendo músicas para o palco, suas obras clássicas incluem duas sinfonias e uma rapsódia para piano, trompete obbligato e orquestra.

Começou a trabalhar em Hollywood na década de 1950. North foi um dos vários compositores que trouxe a influência da música contemporânea para o cinema, em parte marcada por um aumento no uso de dissonância e ritmos complexos. Mas há também uma qualidade lírica em grande parte de seu trabalho, que pode estar relacionada à influência de Aaron Copland, com quem ele estudou.

Uma ótima trilha sonora para um ótimo filme é o que trazemos hoje aos amigos do blog. A foto da capa é do LP que comprei na década de 80 em uma das lojas mais conceituadas de Sampa. Confesso que comprei o álbum principalmente por causa do ‘tema do amor’ faixa 05 CD1, que continua sendo um destaque, mas o álbum inteiro é excelente para ouvi-lo mais de uma vez, confirmando o quão bem ele fez ao ser parte integrante do filme – como de fato a música cinematográfica deveria fazer. Há dinamismo e profundidade nos temas.

Este conjunto com 3 CDs de “Spartacus” (1960) é essencial para os amantes de filmes! É um dos raros produtos que cobre toda a música do filme do início ao fim. A percussão estrondosa do tema do título principal (CD1 faixa2), o tema do amor de Spartacus, a canção de Antoninus (CD1 faixa 19) ou ainda uma dança posterior que precede a batalha final (CD2 faixa 06) e a música triste, mas esperançosa, do final que ressalta a morte de Spartacus na cruz e o sentimento de triunfo de Varinia enquanto ela segura seu filho recém-nascido enquanto proclamando sua liberdade antes de sua partida final (CD2 faixa 17), são sem dúvida os destaques musicais desta gravação.

A música de “Spartacus” é um complemento digno da coleção de qualquer amante de trilhas sonoras e este simples admirador acha altamente recomendável. Não deve ser comparado especialmente a trilha de “Ben-Hur”, que é como comparar banana com laranja. A música de Alex North é perfeita para Spartacus, evocando não apenas as paixões dos personagens, mas também um sentimento pelo final do primeiro século da nossa era.

Embora a qualidade do som na minha opinião não seja tão boa nesta cópia, parece que o som stereo foi gravado diretamente no CD sem remasterização, vale a pena. Se você é um fã da trilha sonora como eu, é uma adição decente à sua biblioteca.

O Filme
Spartacus (Kirk Douglas), um homem que nasceu escravo, labuta para o Império Romano enquanto sonha com o fim da escravidão. Apesar de não ter muito com o que sonhar, pois foi condenado morte por morder um guarda em uma mina na Líbia. Só que seu destino é mudado por um lanista (negociante e treinador de gladiadores), que o compra para ser treinado nas artes de combate e se tornar um gladiador. Até que um dia, dois poderosos patrícios chegam de Roma com suas esposas, que pedem para serem entretidas com dois combates até morte e Spartacus é escolhido para enfrentar um gladiador negro, que vence a luta mas se recusa a matar seu opositor, atirando seu tridente contra a tribuna onde estavam os romanos. Este nobre gesto custa a vida do gladiador negro e enfurece Spartacus de tal maneira que ele acaba liderando uma revolta de escravos, que atinge metade da Itália do século primeiro. Inicialmente as legiões romanas subestimaram seus adversários e foram todas massacradas, por homens que não queriam nada de Roma, além de sua própria liberdade. Até que, quando o Senado Romano toma consciência da gravidade da situação, decide reagir com todo o seu poderio militar.

Kirk (1916-2020)

O filme venceu o Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (Peter Ustinov), melhor direção de arte, melhor fotografia e melhor figurino e ainda foi indicado nas categorias de melhor edição e melhor trilha sonora. Diretor: Stanley Kubrick. Elenco: Kirk Douglas, Laurence Olivier, Jean Simmons, Tony Curtis e Peter Ustinov.

 

Os CDs 1 e 2 fazem parte da sequência lógica das cenas do filme. O CD 3 é um bônus.

Recomendo, incondicionalmente, a todos os amantes da música. Divirtam-se !

Spartacus by Alex North
CD1
01 – OVERTURE
02 – MAIN TITLE
03 – THE MINES
04 – SLAVE SHIP
05 – I’M NOT AN ANIMAL
06 – TRAINING – MARCELLUS PAINT – DIFFERENT CELL
07 – DID THEY HURT YOU
08 – CRASSUS ARRIVES
09 – THE ROMANS
10 – CHOOSING THE GLADIATORS
11 – CRASSUS MEETS VARINIA
12 – GLADIATORS FIGHT TO THE DEATH – DRABBAS DEATH
13 – MARCELLUS SOUP – REVOLT – ROME
14 – CRASSUS VILLA
15 – LOOTING – DESERTED SCHOOL
16 – ARMY OF GLADIATORS – REUNION WITH VARINIA
17 – OYSTERS AND SNAILS
18 – VESUVIUS CAMP – VOLUNTEERS – GRACHUS DRUNKEN MARCH
19 – ANTONINUS SONG – BLUE SHADOWS AND PURPLE HILLS
20 – GLABRUS SIGHTED – BURNING CAMP
21 – FINALE – ACT ONE

CD2
01 – INTERMISSION MUSIC
02 – CROSSING THE ALPS – DEAD BABY – BY THE POOL
03 – METAPONTUM
04 – BATH HOUSE
05 – THE SEA
06 – CELEBRATION
07 – THE PEOPLE ASSEMBLE
08 – THE TWO ARMIES MARCH
09 – NIGHT BEFORE THE BATTLE
10 – THE BATTLE
11 – FIELD OF BODIES – VARINIA’S BABY
12 – I AM SPARTACUS – CRASSUS FINDS VARINIA IN THE FIELD
13 – SLAVE LINE – MASS CRUCIFIXION
14 – NIGHT CRUCIFIXIONS
15 – CRASSUS AND VARINIA
16 – FEAR OF DEATH – CRASSUS SLAP – ANTONINUS DEATH
17 – GOODBYE MY LIFE, MY LOVE
18 – EXIT MUSIC

Music Composed and Conducted by Alex North
Orchestra from the Universal Studios

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Alex North dando uma palhinha no piano do PQPBach exatamente às 13:02.

.: interlúdio :. Miklós Rózsa (1907-1995): Ben-Hur (1959)

.: interlúdio :. Miklós Rózsa (1907-1995): Ben-Hur (1959)

Nascido em Budapeste o compositor Miklós Rózsa (1907-1995) foi um ponto de referência para muitos compositores, mais lembrado pelas composições em filmes épicos e religiosos do que pelas composições iniciais de sua carreira, obras neoclássicas, além de balés e sinfonias. Seu trabalho de concerto foi promovido por artistas como o violinista Jascha Heifetz.

O mestre húngaro começou a trabalhar em filmes no final da década de 30. Em 1949 foi contratado pelos estúdios da MGM e participou da fase das grandes produções épicas. A obra que ora trago aos amigos do blog é a sensacional composição do incrível clássico “Ben-Hur” (1959) um marco memorável na carreira de Miklós e que ainda lhe renderia um Oscar da Academia. Eu sempre gostei muito do filme “Ben Hur” e algumas das músicas nele contida são incríveis, um verdadeiro “poema sinfônico”. Rózsa teve o extraordinário luxo de dispor quase um ano inteiro para escrever a trilha sonora do filme de três horas e meia. Esta trilha influenciou outros filmes épicos por mais de quinze anos. A sequência das faixas dos dois CDs é a mesma sequência que as músicas apareceram no filme e nos permite ouvir e imaginar as cenas, um exemplo bem marcante é a faixa 14 do CD1 ”The Rowing of the Galley Slaves” onde Ben-Hur está condenado nas galés, a tensão entre os condenados do navio de guerra vai crescendo a medida que a música vai acelerando ao ritmo da batalha. O resultado é uma trilha sonora totalmente envolvente, a faixa 02 do CD 1 “Overture” explode como um trovão melodioso do passado, e a faixa 06 do CD 1 “Title Music” soa como se a orquestra estivesse cercando o ouvinte. A música se mantém excepcionalmente envolvente, proporcionando assim cerca de duas horas de audição.

O filme

O filme lançado em 1959 tem como diretor o William Wyler e o elenco com figuras carimbadas como Charlton Heston, Jack Hawkins, Haya Harareet. Teve doze indicações ao Oscar e acabou levando onze estatuetas para casa, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator além da composição de Miklós.

O enredo se passa em Jerusalém, no início do século I, vive Judah Ben-Hur (Charlton Heston), um rico mercador judeu. Mas, com o retorno de Messala (Stephen Boyd), um amigo da juventude que agora é o chefe das legiões romanas na cidade, há entre os dois um desentendimento devido a visões políticas divergentes e faz com que Messala condene Ben-Hur a viver como escravo em uma galera romana, mesmo sabendo da inocência do ex-amigo. Mas o destino vai dar a Ben-Hur uma oportunidade de vingança que ninguém poderia imaginar. Ao voltar sua família fora destruída então ele jura vingança contra Messala, porém, seu caminho é cruzado por um misterioso homem de Nazaré. Tal encontro faz Judah se questionar se vale a pena viver com ódio. Uma das cenas mais icônicas, a corrida de bigas, é lembrada como um dos momentos mais marcantes da história do cinema. Foram necessários três meses de filmagens e um total de 15 mil figurantes para realizar a cena. De fato, Ben-Hur é uma verdadeira obra prima da sétima arte, um grandioso clássico.

Miklós Rózsa conduziu uma pesquisa sobre a música grega e romana do século primeiro para dar à partitura um som autêntico enquanto moderno. O próprio Rózsa dirigiu a MGM Symphony Orchestra de 100 peças durante as 12 sessões de gravação, que se estenderam por 72 horas. Considerada a melhor obra de sua carreira. Um dos maiores compositores de trilhas de todos os tempos, permaneceu profundamente influente em meados da década de 1970, particularmente nas trilhas épicas e atrevidas do jovem John Williams.

O som da gravação é excelente, assim como a execução da orquestra. Excelente música para um dos melhores filmes de todos os tempos ! Esta trilha sonora composta é impactante e emocionante, um verdadeiro espetáculo. Divirtam-se !

Ben-Hur by Miklós Rózsa

CD1
01 – Miklos Rozsa – Prologue
02 – Miklos Rozsa – Overture
03 – Miklos Rozsa – Prelude
04 – Miklos Rozsa – Star of Bethlehem
05 – Miklos Rozsa – Adoration of the Magi
06 – Miklos Rozsa – Title Music
07 – Miklos Rozsa – Roman March
08 – Miklos Rozsa – Friendship
09 – Miklos Rozsa – The House of Hur
10 – Miklos Rozsa – Love Theme
11 – Miklos Rozsa – Gratus’ Entry into Jerusalem
12 – Miklos Rozsa – Messala’s Revenge
13 – Miklos Rozsa – The Burning Desert
14 – Miklos Rozsa – The Rowing of the Galley Slaves
15 – Miklos Rozsa – Naval Battle

CD2
01 – Miklos Rozsa – Victor Parade
02 – Miklos Rozsa – Fertility Dance
03 – Miklos Rozsa – Arrius Party
04 – Miklos Rozsa – Farewell to Rome
05 – Miklos Rozsa – Return to Judea
06 – Miklos Rozsa – Memories
07 – Miklos Rozsa – The Mother’s Love
08 – Miklos Rozsa – Intermission Entr’acte Music
09 – Miklos Rozsa – Bread and Circus March
10 – Miklos Rozsa – Parade of the Charioteers
11 – Miklos Rozsa – Death of Messala
12 – Miklos Rozsa – Sermon on the Mount
13 – Miklos Rozsa – Valley of the Dead
14 – Miklos Rozsa – The Lepers search for the Christ
15 – Miklos Rozsa – Procession to Calvary
16 – Miklos Rozsa – Golgotha
17 – Miklos Rozsa – Christ Theme
18 – Miklos Rozsa – The Miracle and Finale

Miklós Rózsa e Carlo Savina – Regentes
The National Philharmonic Orchestra and Chorus

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Miklós Rózsa no pier a espera do SS PQPBach

Ammiratore

.: interlúdio :. Elmer Bernstein (1922-2004): The Ten Commandments (1956)

.: interlúdio :. Elmer Bernstein (1922-2004): The Ten Commandments (1956)

Elmer Bernstein (1922 – 2004) nasceu nos Estados Unidos, nasceu para Hollywood, nasceu para musicar a sétima arte. Tendo feito cerca de incríveis 150 trilhas sonoras originais, além de quase 80 produções televisivas, Musicais da Broadway, trabalhou também na década de 80 no famoso videoclipe da música “Thriller”, de Michael Jackson. O cara era f…., ao longo de sua carreira Bernstein emplacou um Oscar dos 14 que concorrera no total.

Em sua juventude tocou algumas de suas improvisações para o compositor Aaron Copland, que empolgado com o garoto o aceitou como aluno de composição. Bernstein também atuou como pianista de concertos entre 1939 e 1950 e escreveu numerosas composições clássicas, incluindo três suítes de orquestra, dois ciclos de canções, várias composições para viola e piano e para piano solo, quarteto de cordas e um concerto para guitarra. Na Segunda guerra mundial Elmer foi convocado para a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos, onde escreveu músicas para a Rádio das Forças Armadas.

Na década de 50 um executivo de música de estúdio apresentou-o a Cecil B. De Mille, que estava gravando “Os Dez Mandamentos” e que precisava de música com som de época. O compositor Victor Young – que originalmente fora contratado para escrever a música dramática – desistiu por motivos de saúde, e DeMille substituiu o compositor doente pelo jovem promissor. Elmer Bernstein se lembra de seu primeiro encontro com Cecil B. DeMille e sua grande chance em “Os Dez Mandamentos”: “‘Senhor. Bernstein “, disse DeMille em grande voz,” você acha que pode fazer pela música egípcia antiga o que Puccini fez pela música japonesa em “Madame Butterfly?” Ele trabalhou na composição por um ano e meio. Criando uma das maiores trilhas já feitas para o cinema. Se os amigos do blog se interessarem pela brilhante carreira do Elmer segue o link de sua página (https://elmerbernstein.com), vale a pena conhecer as grandes obras deste mestre do século XX.

Ao contrário da suposição popular, ele não era parente do célebre compositor e maestro Leonard Bernstein, mas os dois homens eram amigos.No mundo da música profissional, eles se distinguiram pelo uso dos apelidos Bernstein West (Elmer) e Bernstein East (Leonard). Eles também pronunciaram seus sobrenomes de maneira diferente. Elmer pronunciou seu “BERN-steen”, e Leonard usou “BERN-stine”.

Hoje tenho a alegria de poder compartilhar com os amigos do blog uma das maiores páginas musicais já escritas para o cinema: “The Ten Commandments” do compositor Elmer Bernstein. Eu amo essa composição. Adorei quando criança, adorei quando tocava o LP (aliás a foto da capa é do LP que comprei na década de 80 em uma das lojas mais conceituadas de Sampa) e continuo adorando agora aos cinquenta. Espero que outros possam apreciar o trabalho do Bernstein. Na minha opinião de admirador, essa composição conta a história de Moisés tão bem quanto Charleton Heston e o resto do elenco. Acredito que sem esta ótima composição o filme não seria o mesmo. John Williams utilizou a faixa 19 como base para o final do Star Wars Episode IV. Poderoso, épico e clássico ouçam a magistral página que é a faixa 23! Todo o CD é soberbo !

O filme
Considerado como o maior épico bíblico já feito, “Os Dez Mandamentos”, de Cecil B. DeMille, é uma obra-prima. O elenco é incrível e apresenta Charlton Heston, Yul Brynner, Anne Baxter e Edward G. Robinson em performances inesquecíveis. Heston, em particular, apresenta uma performance icônica; como se ele tivesse nascido para brincar de Moisés. Os cenários e figurinos são especialmente ambiciosos e são feitos em uma escala notável. Além disso, DeMille traz uma perspectiva interessante ao material e o enquadra como uma luta entre liberdade e tirania. Os Dez Mandamentos é uma peça extraordinária de cinema e um clássico amado. “Então, deixe que seja escrito, que seja feito”. Baseado nas Escrituras Sagradas, com diálogos adicionais de várias outras mãos, “Os Dez Mandamentos” foi o último filme dirigido por Cecil B. DeMille. A história relata a vida de Moisés, desde o momento em que ele foi descoberto nos juncos quando criança pela filha do faraó, a sua longa e difícil luta para libertar os hebreus da escravidão pelas mãos dos egípcios. Moises (Charlton Heston) começa seguro como o filho adotivo de Faraó (e um gênio em projetar pirâmides, dando conselhos no local de construção), mas quando descobre sua verdadeira herança hebraica, ele tenta: tornar a vida mais fácil para o seu povo. Banido por seu meio-irmão ciumento Ramsés (Yul Brynner), Moisés retorna totalmente barbado à corte do Faraó, avisando que recebeu uma mensagem de Deus e que os egípcios devem libertar os hebreus imediatamente. Somente depois que as pragas mortais dizimaram o Egito, Ramsés cedeu. Quando os hebreus alcançam o Mar Vermelho, eles descobrem que Ramsés voltou à sua palavra e planeja matá-los todos. Mas Moisés resgata seu povo com um pouco de domínio divino, separando os mares. Mais tarde, Moisés é novamente confrontado por Deus no Monte. Sinai, que lhe entrega os Dez Mandamentos.

Os Dez Mandamentos de DeMille pode não ser o entretenimento mais sutil e sofisticado já inventado, mas conta sua história com uma clareza e vitalidade que poucos estudiosos da Bíblia jamais foram capazes de fazer. Com um tempo de execução de quase quatro horas, o último longa-metragem de Cecil B. De Mille não é chato nem por um minuto. O que faz esse filme funcionar – algo que os filmes religiosos recentemente perderam completamente o fio – é que não é um sermão. É atraente, apesar de suas alianças religiosas.

Mesmo para quem não conhece, ainda, o filme muitos temas são familiares. Uma das minhas composições preferidas do século XX. Uma composição refinada e tremenda. Divirtam-se com mais este tesouro da música!

The Ten Commandments by Elmer Bernstein
Ten Commandments -01- Overture
Ten Commandments -02- Main title
Ten Commandments -03- Murder Firstborn, Moses conqueror&cour
Ten Commandments -04- Foods from the Gods
Ten Commandments -05- Treasure City, Erecting monolith
Ten Commandments -06- A city of sethi’s glory
Ten Commandments -07- Hard bondaje
Ten Commandments -08- Nefretiris’ barge
Ten Commandments -09- You are the reedemeri, Lilia begs
Ten Commandments -10- Into blistering wilderness of Shur
Ten Commandments -11- Well of Midiam, Stranger in wise, Stro
Ten Commandments -12- Moses questions Sephora about
Ten Commandments -13- Moses and Sephora to be his wife
Ten Commandments -14- Royal falcon is flown sun, Lilia
Ten Commandments -15- Plague of blood
Ten Commandments -16- Green cloud descends
Ten Commandments -17- Death of Pharaohs son
Ten Commandments -18- I set you free
Ten Commandments -19- A new Day, Exodus
Ten Commandments -20- Ride of the chariots
Ten Commandments -21- And the sea covered him
Ten Commandments -22- His God, Is God, Mount Sinai
Ten Commandments -23- Commandments. Golden Calf
Ten Commandments -24- Wrath of God, Law is restored
Ten Commandments -25- Exit music

Composed & Conducted by Elmer Bernstein
Paramount Pictures Studio Orchestra

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Elmer ensaiando com os egípcios no hall do Grande Salão PQPBach

Ammiratore

Wendy Carlos (1939): música para The Clockwork Orange (versão completa)

Wendy Carlos's Clockwork Orange - vinil coverDizem que a primeira engenhoca eletrônica produtora de sons para fins musicais a usar o nome “sintetizador” foi a criada pela RCA em 1957 – mas foi Robert Moog, em 1964, quem criou o primeiro sintetizador utilizável de modo relativamente prático. E a primeira pessoa a gravar um disco de sucesso executado inteiramente com o Moog foi Wendy Carlos, com seu Switched-on Bach, em 1968.

Foi um trabalho de estúdio exaustivo: embora sintetizasse timbres nunca antes imaginados, o aparelho o fazia para uma nota de cada vez. Quer dizer: Wendy gravou voz por voz, separadamente, suas espantosas interpretações de Bach.

O outro pioneiro no uso do Moog foi o tecladista Keith Emerson, que se foi agora em 2016: em 1970 a banda Emerson, Lake and Palmer começou a levar o Moog para o palco, e em 1973 estrearia o Moog polifônico em Brain Salad Surgery.

Ao mesmo tempo (1970), Wendy propunha a Stanley Kubrick o uso de sua composição original Timesteps na trilha do filme A Laranja Mecânica, e saía feliz da vida com a encomenda de produzir toda a trilha do filme, inclusive recriações eletrônicas de Beethoven, Rossini e Purcell.

Não foi pequena, então, a decepção de Wendy em 1971: Kubrick havia usado no filme apenas fragmentos do seu trabalho, junto com versões orquestrais convencionais das obras de Beethoven e Rossini – e o LP oficial da trilha também continha só esses fragmentos.

P da vida – se me permitem -, em 1972 Wendy lançou outro disco, com a íntegra da sua produção destinada ao filme – ou quase a íntegra: as faixas 08 e 09 que vocês ouvirão só foram lançadas em 2000, na versão em CD.

Mais uma vez pioneira, o que Wendy introduziu desta vez foi o vocorder – simulador eletrônico de sons vocais – e o fez em nada menos que diversos solos e trechos corais da Nona de Beethoven (faixa 02), além de citações do hino gregoriano Dies Irae e de Singin’ in the Rain em sua própria composição Country Lane (faixa 10 – minha preferida).

Nos anos 70 este disco esteve entre os mais queridos do monge Ranulfus – mas só hoje, em 2016, graças ao trabalho de garimpagem de seu amigo Daniel the Prophet, o monge veio a ouvir as faixas 08 e 09. Notou sem surpresa que a última (Biblical Daydreams) parece construída a partir de hinos protestantes estadunidenses, mas na anterior (Orange Minuet) teve uma surpresa curiosa: o monge tem certeza de ter ouvido na obra do brasileiro Elomar Figueira de Melo a melodia usada na parte central do tal minueto! Terá Wendy ouvido Elomar, ou terão os dois se baseado em alguma fonte anterior, quer no próprio Nordeste brasileiro, quer no campo ibérico-provençal?

Termino confessando que muitas vezes pensei que o trabalho de Wendy Carlos ficaria pra trás como uma curiosidade datada – mas passado quase meio século a impressão se inverte: começo a pensar que a criatividade, sensibilidade e ousadia dessa mulher poderão ficar na história como emblemáticas do último terço do século XX – na história tanto da música quanto geral, pela ousadia, paralela à musical, de ter-se assumido como a mulher que desde a primeira infância sentia ser, mesmo pondo em risco a fama mundial já conquistada sob o nome masculino com que havia sido registrada ao nascer.

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WENDY CARLOS’S CLOCKWORK ORANGE (1972)
Gravações de estúdio de Wendy Carlos com o sintetizador Moog (1972)
Versão em CD lançada em 2000

  • 01 Timesteps – 13:47 (W.Carlos – na integra)
  • 02 March from A Clockwork Orange
    (Beethoven: Nona Sinfonia: Quarto Movimento, condensado) – 7:02
  • 03 Title Music from A Clockwork Orange
    (da Music for the Funeral of Queen Mary, de Purcell) – 2:23
  • 04 La Gazza Ladra ouverture (Rossini, condensado) – 6:00
  • 05 Theme from A Clockwork Orange
    (‘Beethoviana’, variação sobre 03) – 1:48
  • 06 Nona Sinfonia: Segundo Movimento: Scherzo (Beethoven) – 4:52
  • 07 William Tell ouverture (Rossini, condensado) – 1:18
  • 08 Orange Minuet (W.Carlos) – 2:35
  • 09 Biblical Daydreams (W.Carlos) – 2:06
  • 10 Country Lane (W.Carlos – versão aperfeiçoada) – 4:56
    (citações: Dies Irae; Singing in the Rain)

.  .  .  .  .  .  .  BAIXE AQUI – download here

Ranulfus (com a colaboração de Daniel the Prophet)