Handel (1685 – 1759) ∞ Messiah ∞ Raymond Leppard ֎

Handel (1685 – 1759) ∞ Messiah ∞ Raymond Leppard ֎

HANDEL

MESSIAH

LEPPARD

Feliz Natal, apesar de tudo… ou especialmente por isso!

 

É Natal e eu vos ofereço outro Messias. Este oratório trata do nascimento de Cristo, depois falará sobre a morte – a redenção pelo sacrifício – e da Vitória do Messias sobre a morte. Termina com hino de louvores como uma torcida alegre pela vitória. De qualquer forma, é música ótima para se ouvir nestes dias.

Esta gravação é anterior ao movimento HIP, de uso de instrumentos antigos e práticas historicamente informadas. Raymond Leppard, que faleceu faz pouco mais do que um ano, era uma referência para música barroca. Gravava com a English Chamber Orchestra para os grandes selos, principalmente para a Philips, e sempre dispunha de ótimos cantores. Colaborou especialmente com Dame Janet Baker.

Esta gravação do Messias, agora que o movimento HIP já não é mais novidade e muitas de suas práticas foram incorporadas pelos outros grupos musicais, pode parecer um pouco lenta ou antiquada. Mas, na época em que foi lançada fazia um contraste enorme com as gravações de então, com coros e orquestras enormes e andamentos bem mais lentos ainda. Acho que esta gravação envelheceu graciosamente e tive muito prazer em ouvi-la novamente e preparar tudo para oferecê-la para vocês.

Felicity (adoro este nome) Palmer

Handel compôs música para reis e rainhas de carne e osso e aqui oferece toda a sua experiência e talento para o Rei dos reis!

O Natal é a festa do nascimento de Deus, feito menino e depois homem. Ele fez isso para trazer uma mensagem que ainda hoje soa revolucionária – amar o próximo como a si mesmo. Nestes dias de tantas atribulações e sofrimentos, mesmo para os não religiosos, esta mensagem de amor pode trazer um recado atual e oferecer um momento de consolo e de conforto. Que traga também esperança para que tantos sacrifícios não sejam vãos e que possamos realmente renascer melhores destes dias.

Ryland explicando como eram as gravações naqueles dias…

A obra é muito conhecida e é possível que você já a tenha ouvido, mesmo que seja alguns trechos. De qualquer forma, enumero aqui alguns momentos que você não pode perder.

– Logo após a abertura, temos um recitativo – Comfort ye, my people, seguido da ária para tenor – Ev’ry valley shall be exalted, onde se anuncia a vinda do Deus-Menino. As frases ‘The voice of him, that crieth in the wilderness: Prepare the way of the Lord … … the crooked straight, and the rough places plain’ falam do Batista, que anuncia a chegada do Senhor. Os caminhos devem ser aplainados!!

Helen Watts

– O Messias é uma obra na qual o coro é um dos protagonistas. Eu nunca deixo de me emocionar em diversos números corais e For unto us a child is born é um deles. Todos os nomes e títulos atribuídos ao Messias são declamados, terminando com o mais bonito de todos – o Príncipe da Paz.

– O nascimento de Cristo é geralmente associado à simplicidade e ao mundo de pastores e pessoas simples. Não é diferente aqui e Pifa – Pastoral, um número orquestral inicia uma sequência que trata exatamente de anjos e pastores.

– A primeira parte do oratório se encerra com o lindo coral His yoke is easy.

– A segunda parte trata do sofrimento de Cristo e a ária para contralto, He was despised and rejected of man! É bem forte. A letra inclui as impressionantes palavras ‘a man of sorrows and acquainted with grief’.

John Shirley-Quirk

– Alguns números corais merecem atenção aqui. All we like sheep, nesta gravação ganha um acompanhamento de órgão, tocado por Leslie Pearson, para um efeito divertido, espalhando as ovelhinhas – gone astray – para todos os lados. He trusted in God e Lift up your heads também são bem inspiradores.

– A segunda parte se encerra com o mais famoso coral de todos, Hallelujah. Contagiante! Prepare a caixa de lenços…

A terceira parte do oratório é mais curta, mas não deixe de notar a ária para soprano, I know my Redeemer liveth, o recitativo e ária para baixo The trumpet shall sound e o dueto para tenor e contralto, O death, where is thy sting, permitindo assim que os solistas se despeçam da audiência. Todos estes números celebram a vitória do Messias sobre a morte. E tudo termina com dois corais, um seguido ao outro – Worthy is the Lamb e Amen!

George Frideric Handel (1685 – 1750)

Messiah

Felicity Palmer, soprano

Helen Watts, contralto

Ryland Davies, tenor

John Shirley-Quirk, baixo

English Chamber Orchestra & Choir

Raymond Leppard

Nos arquivos anexados você encontrará muitas informações sobre as faixas e tudo o mais, inclusive o libreto.

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FLAC | 811 MB

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MP3 | 320 KBPS | 419 MB

Foto do FB da English Chamber Orchestra… Como podem ver, they are still going…

Feliz Natal!
René Denon

Veja também:

Handel (1685-1759) ∞ Messiah ∞ Christopher Hogwood

.: interlúdio :. Ella and Louis ∞ Christmas ∞ Ella Fitzgerald & Louis Armstrong

Jean-François Dandrieu (1682-1739): Música de Natal e Suítes para órgão

Jean-Philippe Rameau (1683-1764), um dos maiores compositores franceses de todos os tempos, foi contratado como organista por cerca de 30 anos em igrejas em Dijon, Avignon, Clermont-Ferrand, Lyon e Paris. É surpreendente que ele não tenha publicado uma única página de música para órgão, se destacando como compositor para o cravo e sobretudo em obras para o palco: óperas cômicas, tragédias e outros gêneros como ballet bouffon, pastorale héroïque

Ainda assim, chegou até nossos tempos uma série de obras que testemunham sobre como era a arte do órgão francês nesses tempos contemporâneos de J.S. Bach, de Luís XIV (idoso) e de Luís XV.

As missas instrumentais de François Couperin (1668-1733) e as suítes de Louis-Nicolas Clérambault (1676-1749) e de Jean-François Dandrieu (c. 1682-1739) mostram como os organistas franceses costumavam compor cada movimento de forma muito idiomática para registros como plein jeu (pleno – aquele som mais grandiloquente de órgão), basse de trompette (baixo de trompete), flûtes (flautas), basse de cromorne (baixo de cromorno, um instrumento com palheta, semelhante ao oboé, típico do renascimento).

Dandrieu também é famoso por seus Noëls, obras para o Natal, publicadas postumamente em 1759 e que ainda hoje são ouvidos em dezembro em algumas igrejas francesas. Baseados em canções populares, eles também utilizam amplamente o colorido instrumental do órgão em variações curtas e frequentemente de um caráter pastoral, que combina com a festa do Natal.

J.F. Dandrieu – Pieces d’orgue, Noëls
1. Noël – “Une bergère jolie”
2. Suite en ré mineur: Plein jeu, Fugue sur Ave Maris Stella, Duo, Trio, Basse de trompette, Flûtes, Basse de cromorne, Offertoire
3. Noël – “Chantons de voix hautaine”
4. Suite en sol: Offertoire, Fugue, Cromorne en taille, Récit de Nazard, Tierce en taille, Basse de cromorne, Dialogue
5. Noël – “Chantons je vous prie”
6. Suite en La: Plein jeu, Duo, Fugue, Basse et dessus de trompette, Musette, Dialogue
7. Noël – “Or nous dites Marie”
8. Suite en ré majeur: Plein jeu, Trio, Duo sur la trompette, Trio avec la pédale, Flûtes, Duo en cors de chasse sur la trompette
9. Noël – “Joseph est bien marié”

André Isoir – organista
Órgão de Saint-Michel-en-Thiérarche (construído em 1714)

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Publicados sob autorização do Rei. Senão, o livro ia direto pra fogueira

Pleyel

Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736): Messa Romana / Alessandro Scarlatti (1660-1725): Messa per il Natale

Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736): Messa Romana / Alessandro Scarlatti (1660-1725): Messa per il Natale

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A Missa de Pergolesi é uma obra de exuberante fantasia. A de Scarlatti é uma obra de beleza e mistério insondáveis. Se eu tivesse que escolher uma peça de Alessandro Scarlatti para dar provas de sua estatura como compositor no mesmo nível de Vivaldi e Handel, ficaria entre  Il Primo Omicidio e esta Messa per il Natale.

Alessandro Scarlatti (1660-1725) compôs apenas dez missas. O conservadorismo litúrgico de sua época evitou a moda das massas inovadoras, postas de lado pelas formas quase operísticas da cantata e do oratório, nas quais Scarlatti se destacou. Por volta de 1707, no entanto, em razão dos gosto dos patrões de Scarlatti, especialmente os cardeais da Academia Arcadiana, Scarlatti mudou para uma espécie de simplicidade pastoral, estilo que aperfeiçoou em sua Cantata per la Notte di Natale de 1705. Em 1707, no entanto, Scarlatti já era ‘maestro di capella’ — capo di all capo, por assim dizer — na basílica de Santa Maria Maggiore em Roma. Como tal, ele poderia escrever o que quisesse, e é claro que o que ele queria uma obra que exibisse toda sua habilidade em polifonia e inovação harmônica,

A missa de Natal de Scarlatti foi uma dessas composições, escrita para coros totalmente independentes, mais dois violinos obligatti que embelezam a polifonia independentemente de qualquer coro. O clima dessa missa é serenamente comemorativo — uma música como a que um coro de anjos poderia ter cantado. Mesmo o Agnus Dei é menos um apelo por misericórdia do que uma canção de afeto para o Santo Menino. O tratamento de Scarlatti do espaço acústico entre os dois coros é espetacular; certifique-se de configurar seu sistema de som para maximizar a separação e sentar-se com atenção entre os alto-falantes, balançando a cabeça para a esquerda e para a direita como se estivesse assistindo a uma partida de tênis.

Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736) foi contratado para escrever sua Missa pelos padres da cidade de Nápoles, após o terrível terremoto em 1731, para solicitar a atenção de Santo Emigdius,  “para que ele pudesse protegê-los de tais flagelos no futuro, fazendo intercessão com Deus”. Aparentemente, os terremotos têm o poder de inspirar uma criatividade bizarra na música; a missa do terremoto de 12 vozes de Antoine Brumel vem à mente, além desta fantasticamente colorida ‘missa breve’ de Pergolesi, em que o Kyrie dura apenas 4 minutos, mas o Gloria representa as maravilhas da natureza por 24 minutos completos. Este também é um trabalho cheio de artifícios acústicos espaciais, com fragmentos de música e texto explodindo à esquerda e à direita e, aparentemente acima, atrás, abaixo e dentro de seus ouvidos. Os patronos devem ter ficado encantados com ele, já que o trabalho foi apresentado três vezes, cada uma com orquestras maiores. Posteriormente, a Missa foi apresentada anualmente em setembro em Nápoles e em Roma — “com todos os músicos e violinistas de Roma”, segundo um memorialista contemporâneo — em homenagem a São João Nepomuceno, o santo favorito dos Habsburgos.

Pergolesi viveu apenas 26 anos, o que o tornou uma perda precoce para a música tão trágica quanto Mozart. Esta missa e seu famoso Stabat Mater são músicas de suprema arte e beleza.

O Concerto Italiano, liderado por Rinaldo Alessandrini, canta e toca essas duas músicas incríveis da maneira que merecem. Isso é um grande elogio. O CD mereceu o Diapason d`Or.

—-> ATENÇÃO: No nome do arquivo está Palestrina em vez de Pergolesi. Mas é Pergolesi, tá? Tive um surtinho de Alzheimer, só isso.

.oOo.

Giovanni Battista Pergolesi: Messa Romana / Alessandro Scarlatti: Messa per il Natale

Messa Di S. Emidio (Missa Romana)
Composed By – Giovanni Battista Pergolesi
1 I. Kyrie Eleison 0:41
2 II. Christe Eleison 2:41
3 III. Kyrie Eleison 0:58
4 IV. Gloria In Excelsis Deo 2:35
5 V. Laudamus Te 2:00
6 VI. Gratias Agimus Tibi 3:55
7 VII. Dominus Deus 4:07
8 VIII. Qui Tollis Peccata Mundi 2:30
9 IX. Qui Tollis Peccata Mundi 4:07
10 X. Qui Sedes Ad Dexteram Patris 2:28
11 XI. Quoniam Tu Solus Sanctus 1:59
12 XII. Cum Sancto Spirito 2:33

Messa Per Il Santissimo Natale
Composed By – Alessandro Scarlatti
13 I. Kyrie eleison 4:08
14 II. Gloria In Excelsis Deo 10:30
15 III. Credo 7:38
16 IV. Sanctus 1:10
17 V. Agnus Dei 4:28

Conductor – Rinaldo Alessandrini
Orchestra, Choir – Concerto Italiano

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Roma não tem arte sacra.

PQP

Giuseppe Verdi (1813-1901): Oberto, Conte Di San Bonifacio – Marriner, Ramey, Guleghina

Giuseppe Verdi (1813-1901): Oberto, Conte Di San Bonifacio – Marriner, Ramey, Guleghina

TRE: la prima opera
O retorno do casal Giuseppe e Margherita para Busseto, certamente marcou um período de agitação particular, a cidade e os recursos eram muito aquém das pretensões do compositor. Os dois jovens disseram com firmeza para o papa Barezzi que eles queriam se mudar definitivamente para Milão. Margherita deve ter sido muito firme com os pais. Afinal, a jovem já fazia algum tempo declarou publicamente que seu Giuseppe pretendia seguir uma carreira teatral. Papa Barezzi deve ter engolido a decisão “de atravessado” e com relutância esta decisão, mas afinal o futuro que tanto sonhara para Verdi não poderia ser interrompido quando começou a se tornar realidade. Quanto para Verdi devemos acreditar que em Milão recebeu por sua vez, se não garantias, pelo menos promessas sérias de que seu trabalho iria ao palco do La Scala ainda na próxima temporada. Dignamente Verdi redigiu uma carta de demissão, arrependimento sincero, até um pouco de ironia pelo seu parco salário. Ele não recebeu uma boa resposta dos conterrâneos, quase que eles conseguiram que ele ficasse por “gratidão” aos anos de estudo subsidiados pela Sociedade Filarmônica e por alguns amigos. Eles surgem desses exageros possessivos, depois de anos Verdi mesmo em idade madura, famoso e livre, continuou ouvindo as fofocas de alguns conterrâneos sobre ele no condado de Busseto, foram poucos mais ruidosos, afinal Verdi tinha família e amigos em Busseto e assim permaneceram por muito tempo.

Verdi fazendo pose em 1839

Por fim a pequena família, Giuseppe, Margherita e Icilio, pusram o pé na estrada e partiram para a grande Milão em 6 de fevereiro de 1839. Em Milão, Verdi trabalhou muito para colocar preto no branco seu propósito no importante acordo de elaborar uma nova ópera. Não tendo ainda contrato, o dinheiro ficou escasso. Ele tinha trazido a pontuação completa e partes separadas dos cantores; não sabemos se ele já havia esboçado a partitura orquestral, mas é improvável, porque este trabalho foi feito quando os ensaios começaram. Além disso, o trabalho precisava de retoques: antes de tudo o libreto teve que ser refeito, e, portanto, também certas cenas. Aparentemente as mudanças tinham sido sugeridas pelo grande cérebro de toda a operação, o empresário

L’impresario Bartolomeo Merelli (1794-1879)

Merelli. A questão mais importante foi o libreto, a revisão e transformação foi confiada para um poeta, músico e romancista Temistocles Solera (o primeiro libretista de Verdi). Começando as alterações pelo nome da ópera que agora se chamaria  “Oberto [conte] di S.Bonifacio” ainda foi ajustado e ampliado por Solera sobre um libreto intitulado “Lord Hamilton” de Antonio Piazza. Mas, além das qualidades de escrita e do conhecimento do ofício melodramático, Solera era um personagem do teatro e um ótimo contador de histórias reconhecido até hoje, tinha ótimo prestígio e trabalhava como uma espécie de “libretista residente” do La Scala.

Libreto revisado, “Oberto, Conde de San Bonifacio” entrou na fase definitiva depois do dia 20 de abril com o começo dos ensaios. Na companhia de canto havia grandes nomes que vão voltar fatalmente na biografia de Verdi: o barítono Giorgio Ronconi, o tenor Napoleone Moriani e a soprano Giuseppina Strepponi. Moriani, era o astro da época “il tenore della bella morte” (no palco), uma estrela para o público feminino, parece que ele era o amante da soprano e pai de seus dois filhos. Moriani adoeceu durante os ensaios, e uma recomendação de Strepponi ao empresário Merelli para que o trabalho fosse adiado. No entanto Verdi dependia dos rendimentos da bilheteria, novamente passou por um período difícil. Em setembro, foi obrigado a encontrar moradia em apartamentos populares na Via San Simone (hoje Cesare Currents) para não ter que pagar mais o aluguel , escreve ao sogro pedindo ajuda financeira para poderem viver até que o teatro lhe pagasse pela ópera.

Frontespizio del libretto

Finalmente a primeira ópera de Verdi fez sua estreia no La Scala dia 17 de novembro de 1839 com outros cantores. Parentes e amigos vieram de Busseto: o sogro Barezzi e filho Giovanni, além de Finola, com um grupo de músicos da filarmônica. Porém sua amada esposa não teve forças para ir ao concerto, por outro infortúnio cruel que atingira o casal no mês anterior. O pequeno Icilio estava morto. Verdi e seu cunhado Giovanni correram até ela durante o intervalo para relatar o resultado, que foi “muito bom”, embora não “excelente”, por fim a ópera foi bem aceita e repetida treze vezes. Ricordi comprou os direitos da partitura por 2.000 liras austríacas, Merelli ofereceu ao novato um contrato para mais três obras a serem produzidas, uma a cada oito meses, por um contrato de 4.000 liras austríacas cada uma, e mais a ser obtido com a venda de partituras.

Giovanni Ricordi (1785-1853)

Embora Verdi tivesse 26 anos quando “Oberto” foi ao palco pela primeira vez, a ópera é, de certa forma, um trabalho de aprendiz. Algumas das peças líricas têm uma soltura formal reminiscente de Bellini e claramente, com Rossini, a principal influência estilística. Os jovens compositores mergulhavam no que ficou conhecido como o “Código de Rossini” – Rossini dominou o repertório da década de 1820 ele elaborou uma matriz de padrões formais que iria influenciar as várias décadas seguintes na Itália. Essa fórmula, ou código, evitava aventuras frustrantes e agradava bastante às plateias. A ária solista, principal elemento, era composta tipicamente por um recitativo introdutório seguido por três movimentos: (1) um movimento lírico, em geral de andamento lento e com frequência chamado de “cantabile”; (2) uma passagem movimentada de ligação, estimulada por algum acontecimento em cena e chamada de “tempo di mezzo”; e (3) uma “cabaletta” de conclusão, geralmente mais rápida do que o primeiro movimento e exigindo agilidade por parte do cantor. O foco era a canção, as áreas, e não a orquestração complexa – por outro lado, o jovem Verdi mostra que há fortes indícios do seu futuro: uma poderosa escrita em uníssono para o refrão, em algumas peças de conjunto dramaticamente marcantes e, talvez acima de tudo, na impetuosa vitalidade rítmica de muitos episódios. O movimento Adagio do quarteto do Ato 2, ‘La vergogna’, provavelmente a última peça a ser escrita antes da estreia, é em muitos aspectos o mais impressionante. Embora, como em outras partes da ópera, o cromático ousado da abertura seja bastante instável, o controle em grande escala do ritmo musical oferece um testemunho convincente do que seria o ponto forte do jovem Verdi. No entanto, apesar de tais sucessos na época, é improvável que “Oberto” se torne algo mais do que uma curiosidade ocasional no repertório operístico, é bem pouco representado hoje nas grandes casas de ópera.

A ação da primeira ópera de Verdi se passa em 1228 no norte da Itália em Bassano. Já no primeiro trabalho Verdi empatou com Oberto um personagem típico de seu mundo operístico, isto é a figura do pai, que terá seu ápice em “Rigoletto”. Aqui também, como em “Rigoletto”, Oberto é o pai que tem como função defender a reputação familiar, um defensor a todo custo. A tragédia é baseado somente neste elemento; o outro, que seria previsível, ou seja, a rivalidade entre duas mulheres por culpa do mesmo homem, não ocorre, uma vez que Cuniza e Leonora vão se tornar freiras. E se isso é nobre do ponto de vista humana, não “orna” em peças teatrais da primeira metade do século XIX, onde principalmente as paixões são desencadeadas em dramalhões. Por outro lado, todo o trabalho é formado em linhas diretas e claras, brevidade e síntese com base na prevalência da melodia e ritmo. Até a orquestração, bastante simplificada é funcional. Verdi oferece muita música boa para acompanhar um libreto que contém romance, infidelidade e vingança violenta, todos ingredientes atraentes no mundo da ópera. “Oberto” teve uma gestação longa e frustrante, mas como vimos os acontecimentos na vida pessoal do compositor pouco antes de sua encenação foram mais do que provadores: os dois filhos de Verdi morreram, o primeiro em agosto de 1838, o segundo apenas um mês antes da estreia de 17 de novembro de 1839. A resposta geralmente positiva à ópera tanto da crítica quanto do público, entretanto, ofereceu pelo menos algum consolo ao desolado Verdi.

O Enredo
Oberto, conte di San Bonifacio.
Dramma em dois atos de giuseppe Verdi a um libreto de antonio Piazza e temistocle Solera;

Estréia: Milão, Teatro alla Scala, 17 de novembro de 1839.

Norte da Itália, século XIII.

1º ato,
Cena 1
Linda paisagem perto do castelo de Bassano: cavaleiros, damas da corte e vassalos vêm cumprimentar Riccardo. De seu casamento iminente com a princesa Cuniza, a irmã Ezzelinos, esperava-se a paz (Coro d’introduzione, “Di vermiglia, amabil luce”). Para Riccardo, a conexão com Cuniza também significa maior poder, que ele gostaria de usar para derrubar seus inimigos (Cavatina, “Son fra voi! -Gia sorto e il giorno”). Leonora, que foi abandonada por Riccardo apesar de uma promessa de casamento, se aproxima de Bassano para se vingar dele (Cavatina, “Sotto il paterno tetto”). Seu pai Oberto, que acusa Leonora de profanar sua honra, também voltou pelo mesmo motivo (Scena e duetto, “Guardami! -Sul mio ciglio”).
Cena 2
Esplêndido salão no palácio Ezzelinos em Bassano: cortesãos cumprimentam a noiva Cuniza (Coro, “Fidanzata avventurosa”), que Riccardo revela que um estranho medo se mistura com sua alegria. Ele consegue dissipar suas preocupações (Scena e duetto, “Il pensier d’un amore felice”). Enquanto isso, Leonora e Oberto chegaram secretamente ao castelo. Leonora revela a Cuniza que Riccardo jurou seu amor eterno. Cuniza, que agora também quer se vingar de Riccardo, implora a Oberto que controle sua raiva para não se colocar em perigo (Scena e terzetto, “Su quella, fronte impressa”). Quando confrontado no tribunal, Riccardo afirma que Leonora o traiu. Oberto então o desafia para um duelo (Finale primo, “A me gli amici! Mira!”).

2º ato,
Cena 1
Quarto de Cuniza: damas da corte lamentam a infeliz Cuniza. Ela determina que o perjurado Riccardo volte para Léonora (Coro, scena ed ária, “Oh, chi torna I’ardente pensiero”).
Cena 2
Um lugar remoto perto dos jardins do palácio: cavaleiros cantam (Coro di cavalieri, “Dov’e l’astro ehe nel cielo”). Oberto espera Riccardo para um duelo (Scena ed aria, “L’orror del tradi-mento”), mas Riccardo se recusa a lutar com o velho e só desembainha sua espada após as provocações excessivas de Oberto. Cuniza ainda impede o duelo e exige que Riccardo se case com Leonora. Este se submete, mas ao mesmo tempo organiza secretamente outro duelo com Oberto para defender sua honra (Scena e quartetto, “La vergogna ed il di-spetto”). Os cavaleiros duvidam que a briga entre Oberto e Riccardo tenha acabado, e de fato eles ouvem de repente o choque de espadas na floresta (Secondo coro di cavalieri, “Li vedeste. Ah si! La mano”). Riccardo aparece com a espada ensanguentada na mão e, enquanto o gemido de Oberto mortalmente ferido pode ser ouvido ao fundo, implora perdão a Deus (Romanza, “Ciel ehe feci! … Di quel sangue …”). Enquanto isso, Cuniza procura em vão por Riccardo e Oberto quando a sociedade da corte traz a ela a notícia do resultado fatal do duelo. Um pouco mais tarde, a horrorizada Leonora, que se culpa pela morte de seu pai, é trazida (Scena ed adagio, “Vieni, o misera, cresciuta”). Embora Riccardo peça perdão a ela em uma carta e dê-lhe seus bens, ela quer passar o resto de sua vida no mosteiro (Scena e rondo finale, “Cela il foglio insanguinato”).

Cai o pano

Personagens e intérpretes.
Esta é uma gravação muito boa e animada que merece destaque. Samuel Ramey está no auge sua voz tem uma sonoridade que este mero admirador acha soberba, como de fato todos os outros protagonistas, e a condução de Marriner é rápida e firmemente controlada. Se você ainda não conhece essa ópera, recomendo fortemente esta gravação como uma excelente introdução. Comprei esta gravação para completar minha

Neville Marriner

coleção “Verdi” no início do século. Esta gravação deixará os amigos fascinados por esta primeira ópera de Verdi. Às vezes temos a sensação de que estamos ouvindo Donizetti ou Rossini ou seja o jovem Verdi estava se entrosando ainda com o “código Rossini”. Na primeira parte há um grande dueto entre Samuel Ramey e Maria Guleghina. A música e o canto lembram muito o “Nabucco”. A música em Oberto é maravilhosa, ária segue ária bem dinâmicas. Existem duetos maravilhosos. É uma música muito colorida e melodiosa. A abertura e o final da ópera merecem menção especial. A ópera termina com uma linda ária de soprano de Maria Guleghina e, em seguida, um maravilhoso dueto entre tenor e soprano. Adoro a Maria Guleghina que interpreta um Verdi magnífico, claro e luminoso. É um prazer ouvir sua bela voz. Violetta Urmana é igualmente excelente e tem um mezzo quente adorável. Neill também está fantástico. No conjunto são cantores ótimos com lindas vozes e dão a seus papéis o adequado perfil que impressiona muito bem quem nunca ouviu esta obra, um elenco de alta qualidade que merece ser ouvido.

Tenho certeza de que os amigos do blog e de Verdi irão apreciar. Sobem as cortinas desfrutem desta primeira ópera do mestre Verdi !

Oberto – Samuel Ramey
Leonora – Maria Guleghina
Cuniza – Violeta Urmana
Riccardo – Stuart Neill
Imelda – Sara Fulgoni

Academy of St Martin in the Fields, London Voices
Sir Neville Marriner

Recording Venue: St. John’s Smith Square, London in 15-08-1996

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Peças compostas no período de 1839:

1) La seduzione: Mariella Devia
2) L’esule : Michele Pertusi

Parma Opera Ensemble
Chamber
Originally recorded in 2006

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Debutto di Verdi a Milano

Ammiratore

Bach (1685–1750) – Variações Goldberg – Pavel Kolesnikov ֍

Bach (1685–1750) – Variações Goldberg – Pavel Kolesnikov ֍

 

BACH

VARIAÇÕES GOLDBERG

PAVEL KOLESNIKOV

 

 

Em março de 2012 o pianista Jeremy Denk escreveu um artigo intitulado ‘Porque Eu Odeio As Variações Goldberg’ – ‘Why I Hate The Goldberg Variations’.

Ele inicia o artigo dizendo que a melhor razão para odiar as Variações Goldberg – além da óbvia razão de todo o mundo perguntar o tempo todo qual das duas gravações do Glenn Gould você prefere – é que todo o mundo ama as variações. Eu muito me simpatizei com o Jeremy. Eu também tenho assim uma certa tendência a evitar, a enfastiar daquilo que todo o mundo ama, especialmente em música. Até hoje não vi ‘A Casa de Papel’…

E como ele observou, não há uma semana que passe sem que uma nova gravação das tais variações surja seguida de comentários e críticas. O próprio Jeremy Denk se rendeu e gravou a obra e naquele período produziu alguns conteúdos para a NPR – National Public Radio, o serviço público de rádio americano. No artigo de Denk, que você pode ler aqui, ele explica as razões pelas quais claramente a série de variações sobre a tal ária estão fadadas ao fracasso: 80 minutos de música essencialmente em sol maior! Teria sido este o desafio para o mestre maior da composição, fazer com que amemos algo impensável?

Eu mesmo já postei uma gravação feita pela Zhu Xiao-Mei, que fez outra gravação posteriormente. Angela Hewitt também gravou duas vezes as VG para a Hyperion, o mesmo selo da gravação desta postagem. Um famosíssimo pianista asiático (excelente pianista, mas talvez um pouco midiático) acaba de lançar uma… na verdade, duas gravações das Goldberg – uma feita em estúdio e outra feita ao vivo.

Assim, quando um pianista se senta para gravar mais uma interpretação destas multivariadas peças, precisa estar certo de ter algo a dizer, mas sem cair em truques de ser diferente apenas. E se o artista é jovem, o desafio é ainda maior.

Na minha opinião (e na de alguns críticos que consegui ler), Pavel Kolesnikov venceu todas as armadilhas e apresentou uma gravação que prima pela simplicidade, mas também com bastante personalidade.

O que me chamou a atenção de imediato foi o som do disco. O piano é moderno (ele escolheu um piano da Yamaha, está lá no livreto) mas produz um som macio, aveludado, que empresta uma boa dose de intimidade à música que, afinal, foi composta para embalar as horas insones de um conde. Basta dizer que a excelente produção estava a cargo de Andrew Keener, um bamba dos estúdios.

Outro fator que acredito tenha contribuído para o sucesso desta beleza de disco está na maneira como Pavel incorporou a peça a seu repertório. Ele teria se esquivado da música de Bach até ser convidado a colaborar com a coreógrafa e dançarina Anne Theresa De Keersmaeker num projeto que usa as Variações Goldberg. O resultado desta colaboração (de 2018) resultou em uma série de espetáculos nos quais Anne Theresa dançava enquanto Pavel tocava ao vivo as Goldberg. Creio que esta aproximação com a dança certamente acrescentou uma outra dimensão à preparação deste disco e sugiro a você imediata investigação. Ouça a Variação 26, logo depois da Pérola Negra. Veja como o intérprete inicia sutilmente e como as duas vozes, a mais alta primeiro e logo depois a mais grave se perseguem e se buscam até o final. Eu gostei muito. Ouça e depois diga lá se o meu entusiasmo todo se justifica. Não deixe de ouvir também as Variações 11, 14, 16 e 23….

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Variações Goldberg

Pavel Kolesnikov, piano

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MP3 | 320 KBPS | 134 MB

 

Alguns recortes das críticas do disco:

Kolesnikov’s Goldbergs are softly spoken, but they are also extraordinarily eloquent.

Produced by Andrew Keener, I regard this Hyperion issue as significant—with a strong claim equally on the dedicated Goldberg collector and the listener feeling his/her way through this monumental masterpiece.

… but my new favourite arrived this week from pianist Pavel Kolesnikov … in some ways I think it’s the antithesis of Lang Lang’s Goldbergs—a different kind of introspection, a natural rather than forced intimacy, ornamentation that’s delicately applied and feels organic, and a hushed, gentle pianism that draws you effortlessly inside the music and Bach’s imagination …

Aproveite!
René Denon

Veja também:

Johann Sebastian Bach (1685-1750): Variações Goldberg

A Grande “Akademie” de 22 de dezembro de 1808: Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior, Op. 58 – “Ah, perfido!”, Op. 65 – Sinfonia no. 5 em Dó menor, Op. 67 – Sinfonia no. 6 em Fá maior, Op. 68, “Pastoral” – Fantasia para piano, coro e orquestra, Op. 80 – Missa em Dó maior, Op. 86 (excertos) – Brautigam – Levin – Gardiner #BTHVN250

Cartaz da Akademie de 23 de dezembro de 1806, também no Theater an der Wien e sob condições subótimas, na qual o concerto para violino de Beethoven foi estreado por Franz Clement, com recepção morna.

Há exatos 212 anos [grato, Daniel!], acontecia em Viena um mastodôntico concerto de mais de quatro horas de duração, sob temperaturas polares e com resultado artístico pífio. A precariedade da execução das várias obras, quase todas inéditas, acabou amplamente execrada, a despeito da grande reputação do compositor de todas elas – que, aliás, também atuou como pianista e regente.

O compositor-pianista, claro, era Beethoven, e a compilação de tantas obras icônicas estreadas numa mesma ocasião fez com que o concerto, mesmo desastroso, seja lembrado até hoje. E, como estamos terminando o ano do jubileu de nosso herói, resolvi aproveitar o 22 de dezembro para apresentar-lhes o repertório do célebre naufrágio e relembrar as circunstâncias em que ele aconteceu.

ooOoo

Naquela Viena do começo do século XIX, Akademie era o nome dado ao que hoje chamamos de concerto sinfônico. As Akademien eram oferecidas a um público pagante e anônimo, e seu lucro revertia para um beneficiário específico, normalmente o próprio compositor. Apesar da ideia ser muito atraente aos músicos, essas ocasiões acabavam por ser infrequentes. Os ingressos eram caros e estavam ao alcance apenas da aristocracia e parte da pequena burguesia, mas o maior problema, pelo menos em Viena, era conseguir um teatro. A alta temporada artística, que correspondia ao outono e ao inverno, era preenchida pelas lucrativas encenações de óperas. No verão, o público em potencial fugia da escaldante capital para os Alpes, de modo que as poucas datas disponíveis para Akademien eram a Quaresma e o Advento, quando a encenação de óperas era proibida. Ainda assim, como eram poucos os teatros em condições de receber músicos e público bastantes para que o evento se pagasse, garantir uma data requeria uma boa dose de habilidade política. No caso de Beethoven, péssimo político e horroroso negociador, o processo era bem mais trabalhoso e normalmente envolvia a cessão de suas obras (muitas das quais, como sabemos, ele resgatava do passado e recauchutava às pressas) para concertos beneficentes.

Os problemas em organizar uma Akademie não paravam por aí: era necessário preparar o repertório, granjear músicos e conduzir os ensaios. Como as datas eram poucas, e as oportunidades, muito disputadas, acabava havendo um pregão encarniçado pelos músicos. Ao garantir o Theater an der Wien para sua Akademie em 22 de dezembro de 1808, Beethoven teve o azar de seus planos colidirem com a de outro músico famoso: o Kapellmeister Antonio Salieri, que fora seu professor e organizava os concertos da Tonkünstler-Societät (“Sociedade de Músicos”). O italiano faria uma Akademie beneficente naquela mesma data, em prol das viúvas e dos órfãos dos membros da Sociedade, e, pior ainda, ameaçou dela banir os músicos que tocassem para Beethoven.

É fácil imaginar que muitos dos músicos que Ludwig arregimentou não eram de primeira linha, o que, somado ao pouco tempo de ensaios, acarretava um risco considerável de que a qualidade artística fosse para o brejo. Para complicar ainda mais, Beethoven estrearia obras que são complexas mesmo para as orquestras estáveis e profissionais de nossos tempos, e traçara um ambicioso plano de apresentar orquestra, coro e pianista (ele próprio), para depois reuni-los todos num apoteótico grand finale.

Para variar, o sempre desorganizado gênio da Música e da Procrastinação atrapalhou-se com os prazos. As partituras para os músicos tiveram que ser copiadas às pressas, e uma boa parte delas ficou pronta só na tarde da apresentação. O maior problema estava no tal grand finale, que foi estreado inacabado, tendo o compositor-pianista que improvisar as partes que faltavam. Não obstante, e com a corda simbólica no pescoço apertando, fez publicar no Wiener Zeitung o seguinte anúncio:


GRANDE AKADEMIE NO THEATER AN DER WIEN
(…)
por Herr v. Beethoven
(…)
em benefício do próprio Herr v. Beethoven
(…)
Todas as peças são (…) inteiramente novas, e ainda não ouvidas em público.

Primeira parte:
1. Uma sinfonia, intitulada ‘Reminiscências da Vida no Campo’, em Fá maior
2. Ária.
3. Hino com texto latino, composto no estilo eclesiástico com coro e solos.
4. Concerto para piano tocado por ele mesmo.

Segunda parte:

1. Grande Sinfonia em Dó menor
2. Sanctus, com texto em latim, no estilo de igreja, com coro e solos.
3. Fantasia apenas para piano.
4. Fantasia para pianoforte que termina com a entrada gradual de toda a orquestra e a introdução de coros como finale”

A publicidade, como o leitor-ouvinte mais atento já percebeu, era ligeiramente enganosa. “Ah! perfido” já tinha sido estreada em Leipzig doze anos antes, e o “Hino” (Gloria) e o Sanctus, partes da Missa em Dó maior, tinham recebido sua primeira audição na propriedade de seu encomendante, o príncipe Esterházy, no ano anterior. A descrição um tanto elusiva das peças sacras foi provavelmente proposital, pois a execução de música litúrgica em contextos seculares era normalmente proibida na carolíssima Viena.

Os apressados ensaios, claro, foram permeados pelo caos. Consta que Beethoven enfezou-se de tal maneira com a soprano solista, Frau Milder, que esta lhe deu um adiós para siempre e o obrigou a recrutar à penúltima hora uma inexperiente jovem de 17 anos. Não que isso tivesse sido decisivo: nosso irascível herói brigou com diversos instrumentistas e cantores, e há relatos de que eles se recusaram a ensaiar sob seu comando. Se algum regente alternativo foi recrutado, não sabemos, embora isso seja improvável, tanto pela personalidade de Beethoven, que não admitiria comandos de outrem, quanto porque não era a praxe, na época, dispor de um músico exclusivamente dedicado à condução da obra durante as performances. Assim, podemos presumir que os ensaios duraram apenas o bastante para que a famosa cólera renana irrompesse e os músicos ficassem tiriricas com o cidadão cujas obras tentariam interpretar.

O concerto começou às 18h30 duma quinta-feira (thanks, Mr. Google), que foi provavelmente o dia mais frio do ano na capital imperial.  Ela abriu com a sinfonia “Pastoral”, que curiosamente foi apresentada antes de sua gêmea bivitelina, a Quinta. Isso levou os contemporâneos, por muito tempo, a considerá-la como a quinta, e não a sexta sinfonia de Beethoven. Seguiram-se a ária e cena “Ah! perfido”, com a tal mocinha de 17 anos que, por todos relatos, estava apavorada e não conseguiu projetar a voz. Depois, o Gloria da Missa em Dó e, para arrematar a primeira parte, o concerto em Sol maior, com o compositor como solista.

Beethoven tinha, na época, firmemente consolidada a reputação de melhor pianista de seu tempo, seguido de perto talvez só por Hummel, então era natural que o público esperasse muito dele quando se sentou ao teclado. O longo rol de falhas, no entanto, logo descambaria para o pastelão. Segundo o compositor Ignaz von Seyfried, um dos que pagaram para congelar no An der Wien naquela noite, ocorreu o seguinte:


… esquecendo que era solista, [Beethoven] começou a pular para cima e para baixo e a reger de sua própria maneira peculiar. No primeiro sforzando, ele arremessou seus braços para os lados tão amplamente que derrubou ambas as lamparinas do piano. A plateia gargalhou, e Beethoven ficou tão descontrolado que parou a orquestra e a fez começar de novo. Dois meninos do coro seguravam as lâmpadas, dessa vez. Quando o sforzando fatal irrompeu, um dos meninos recebeu um tapa tão forte da mão direita de Beethoven que, aterrorizado, derrubou a lamparina no chão. O outro menino conseguiu evitar a pancada esquivando-se a tempo. Se a plateia rira da primeira vez, ela agora divertia-se numa verdadeira balbúrdia bacanalesca. Beethoven enfureceu-se de tal maneira que, quando tocou o primeiro acorde do solo, quebrou seis cordas do piano”


[sempre que leio essa descrição, imagino Beethoven regesse como Friedrich Gulda – sem, claro, o elaborado visual que foi carinhosamente descrito por um crítico como “um gigolô sérvio”]

Veio o intervalo, que deve ter permitido à plateia parar de rir e congelar em silêncio. Na volta, nada menos que a Quinta Sinfonia, uma obra icônica que, infelizmente, acabou oferecida a um público já em extremo desconforto. Apesar de conhecida, entre tantas outras coisas, por marcar a estreia dos trombones na orquestra sinfônica, quando ela foi de fato ouvida os trombones já tinham estreado… na sinfonia “Pastoral”, uma hora e meia antes! Após outro trecho – o Sanctus – da Missa em Dó, Beethoven voltou ao piano para improvisar. Sua capacidade de improvisação era ainda mais reconhecida do que a de pianista, então suponho que ela tenha ajudado a mitigar um pouco da pilha de papelões até então acumulados. Embora não se tenha certeza, a descrição de algumas testemunhas – que deram conta de uma melodia cantável entremeada por repetidas escalas descendentes – faz pensar que Beethoven tenha tocado algo parecido com a sua Fantasia para piano, Op. 77, que tem um caráter muito livre e improvisatório, e seria publicada três anos depois.

Como grand finale, e fechando com chave de papelão a gélida soirée, a tal Fantasia mal ensaiada para piano, orquestra e coro. Como já lhes contamos, ela não estava pronta quando de sua estreia, o que obrigou Beethoven a improvisar o solo de abertura. Apesar dos relatos diferirem, é certo que num dado momento a orquestra e o pianista se perderam completamente. Uma das fontes diz que um clarinetista se atrapalhou e foi imediatamente achincalhado pelo compositor, e em tão altos brados que todo o teatro o ouviu. Outra diz que Beethoven, que combinara tocar as variações sem repetições, acabou repetindo a primeira variação enquanto a orquestra acompanhava a segunda, o que o obrigou a interromper a execução e começar de novo. Qualquer que tenha sido a gafe, o final cometeu a proeza de ser o ponto mais baixo duma noite que, convenhamos, nada tinha para acabar bem.

A perspectiva de quatro horas de música com o mais famoso artista de Viena não deixou de atrair admiradores, muitos dos quais amigos de Beethoven. Ainda assim, ao descreverem sua experiência, eles usaram a mais pura forma da sinceridade: aquela que eu chamo de “sinceridade-sinceridade”, que muito difere da “sinceridade de amigo”. O compositor Johann Friedrich Reichart, que acompanhou a função do camarote príncipe Lobkowsky, bem perto do palco, tascou: “nós resistimos no frio mais cortante, das seis e meia às dez e meia, e confirmamos para nós mesmos a máxima de que se pode sofrer com o excesso duma coisa boa – e ainda mais se poderosa. Muitas falhas na execução testaram nossa paciência ao mais alto grau”. Um jornal deu veredito semelhante: “Julgar todas essas peças após uma e única audição, especialmente considerando a linguagem das obras de Beethoven, em que tantas foram executadas uma após a outra, e que a maioria delas são tão grandes e longas, é absolutamente impossível”. Ferdinand Ries, aluno e amigo de Beethoven, disse que os músicos estavam tão furiosos com o compositor que prometeram que “nunca mais tocariam se Beethoven estivesse na orquestra ”. Ludwig, ao que parece, pediu-lhes desculpas, sem saber que jamais voltaria a tocar com orquestra, e que aquela Akademie marcaria sua despedida dos palcos como solista de piano, graças à sua crescente surdez.

A audição que lhes proponho a seguir tenta reconstituir as condições daquela legendária noite de música. Quase todas as obras são executadas pelos mesmos intérpretes  – Robert Levin ao piano, e John Eliot Gardiner conduzindo a Orchestre Révolutionnaire et Romantique e o coro Monteverdi -, com instrumentos de época. A única exceção é a Fantasia, Op. 77, da qual não há gravação de Levin, o que me obrigou a convocar para a seleção o ótimo Ronald Brautigam. Em compensação, Levin oferece, ao final, duas improvisações alternativas para a abertura da Fantasia Coral, num estilo que considera semelhante ao que Beethoven adotaria em suas próprias. Mesmo com interpretações tão competentes e redondinhas, a experiência pode atordoar, pela saturação sensorial envolvida. Ainda assim, considere-se privilegiado por escutá-la em temperaturas acima de zero, com a possibilidade de pausá-la e, principalmente, longe do alcance da ira do renano.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

GRANDE “AKADEMIE” DE 22 DE DEZEMBRO DE 1808 NO THEATER AN DER WIEN

Músicos na estreia: 
Josephine Schulz, soprano (Op. 65)
Orquestra e coro ad hoc
Ludwig van Beethoven, piano e regência

PRIMEIRA PARTE

I – Sinfonia no. 6 em Fá maior, Op. 68, “Pastoral” (apresentada na ocasião como “no. 5”)
Composta entre 1802-1808
Publicada em 1809
Dedicada ao príncipe Lobkowitz e ao conde Andreas Razumovsky

1 – Allegro ma non troppo – Erwachen heiterer Empfindungen bei der Ankunft auf dem Lande (“Despertar de sentimentos alegres com a chegada ao campo”)
2 – Andante molto mosso – Szene am Bach (“Cena à beira de um regato”)
3 – Allegro – Lustiges Zusammensein der Landleute (“Alegre reunião de camponeses”)
4 – Allegro – Gewitter, Sturm  (“Trovões, tempestade”)
5 – Allegretto – Hirtengesang. Frohe und dankbare Gefühle nach dem Sturm (“Canção de pastores. Sentimentos alegres e gratos, após a tempestade”)

Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner, regência

II – “Ah, perfido!“, recitativo e ária para soprano e orquestra, Op. 65
Compostos em 1796
Publicados em 1805
Dedicados a condessa Josephine von Clary-Aldringen

6 – Recitativo: “Ah, perfido!” (Dó maior) – Ária: “Per pietà, non dirmi addio” (Mi bemol maior)

Charlotte Margiono, soprano
Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner, regência

III – Da Missa em Dó maior para solistas, coro e orquestra, Op. 86:
Composta em 1807
Publicada em 1812
Dedicada ao conde Ferdinand Kinsky

7 – Gloria

Charlotte Margiono, soprano
Catherine Robbin, mezzo-soprano
William Kendall, tenor
Alastair Miles, baixo
The Monteverdi Choir
Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner, regência

IV – Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior, Op. 58
Composto entre 1804-1807
Publicado em 1808
Dedicado ao arquiduque Rudolph da Áustria

8 – Allegro moderato
9 – Andante con moto
10 – Rondo – Vivace

Robert Levin, piano
Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner, regência

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INTERVALO


SEGUNDA PARTE

I – Sinfonia no. 5 em Dó menor, Op. 67 (apresentada na ocasião como “no. 6”)
Composta entre 1804-8
Publicada em 1809
Dedicada ao príncipe Lobkowitz e ao conde Andreas Razumovsky

1 – Allegro con brio
2 – Andante con moto
3 – Scherzo. Allegro
4 – Allegro

Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner, regência


II – Da Missa em Dó maior,  Op. 86:

5 – Sanctus

Charlotte Margiono, soprano
Catherine Robbin, mezzo-soprano
William Kendall, tenor
Alastair Miles, baixo
The Monteverdi Choir
Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner, regência


III – Uma fantasia improvisada ao piano por Herr van Beethoven, possivelmente a

Fantasia para piano, Op. 77
Composta em 1809
Publicada em 1810
Dedicada ao conde Franz von Brunsvik

6 – Allegro – Poco adagio

Ronald Brautigam, piano


IV – Fantasia em Dó menor para piano, coro e orquestra, Op. 80, “Fantasia Coral”
Composta em 1808
Publicada em 1810
Dedicada a Maximilian Joseph, Rei da Baviera

7 – Adagio
8 – Finale: Allegro – Meno allegro (Allegretto) – Allegro molto – Adagio ma non troppo – Marcia, assai vivace – Allegro – Allegretto ma non troppo, quasi andante con moto (»Schmeichelnd hold und lieblich klingen«) – Presto

9 – Introdução alternativa no. 1 (improvisada)
10 – Introdução alternativa no. 2 (improvisada)

Robert Levin, piano
Orchestre Révolutionnaire et Romantique
John Eliot Gardiner, regência

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Ao longo de 2020, alguns conjuntos tentaram emular a experiência da Akademie de 1808.
Aqui, Philippe Jordan (adoro a cara dele na imagem de capa) e a Wiener Symphoniker
encaram o Leviatã, que requer capacidade, resistência e, convenhamos, bexigas de 10 L

BTHVN250, por René Denon

Vassily

Johann Mattheson (1681-1764): Der Brauchbare Virtuoso (Baroni-Valetti-Skalka-Börner)

Johann Mattheson (1681-1764): Der Brauchbare Virtuoso (Baroni-Valetti-Skalka-Börner)

Um bom disco do pouco divulgado Mattheson, com a luminosa presença do excelente Pablo Valetti. Mattheson era amigo próximo de Handel, embora quase tenha-o matado numa repentina briga, após uma apresentação da ópera Cleópatra de Mattheson em 1704. Handel foi salvo apenas por um grande botão de metal que serviu de escudo para a espada de Mattheson. Os dois depois reconciliaram-se. Filho de um cobrador de impostos, Johann Mattheson recebeu ampla educação em artes liberais no Johanneum, estudando inglês, francês e italiano e receber instruções gerais de música do cantor Joachim Gerstenbüttel. Aos 6 anos, ele teve aulas particulares em instrumentos de teclado e composição, bem como de canto e violino lições de um músico local. Aos nove anos de idade ele era um prodígio, cantando e tocando órgão em igrejas de Hamburgo, bem como atuava no coro da ópera de Hamburgo. Depois de se formar no Johanneum em 1693, Johann Mattheson serviu com pajem na corte do Graf von Güldenlöw, em seguida, fez sua estreia solo com a ópera de o Hamburgo em 1696 em papéis femininos. Depois de sua voz mudou, ele atuou como tenor de ópera. Ele conheceu G.F. Handel em 1703 e os dois tornaram-se amigos, viajando juntos para Lübeck naquele ano para se candidatar ao cargo de organista na Marienkirche desocupado pela aposentadoria de Dietrich Buxtehude, mas ambos recusaram o cargo. Os dois permaneceram próximos, apesar de uma violenta discussão em 1704, que levou a um duelo. A principal ocupação de Johann Mattheson em 1706 foi como um diplomata profissional. Ele tinha estudado inglês na escola e falava-o fluentemente. Em 1704 tornou-se tutor de Cyrill Wich, filho do embaixador britânico em Hamburgo, Sir John Wich. Sir John nomeou Mattheson seu secretário pessoal em 1706, uma posição de estatuto e salário considerável, o qual que ocupou durante a maior parte de sua vida, servindo Cyrill quando este sucedeu seu pai em 1715. Ele participou de missões diplomáticas no exterior representando o embaixador. Em 1709, casou com uma inglesa. Em 1718 Mattheson se tornou diretor musical da Hamburg Catedral, para o qual ele compôs a música sacra, mas ele desistiu do cargo em 1728 por causa da surdez. Em 1719 ele foi nomeado mestre de capela do duque de Holstein, mais tarde tornando-se secretário de legação (1741) e advogado (1744) para o duque. Johann Mattheson é principalmente famoso como um teórico da música. Ele foi o escritor mais completo sobre a performance prática, estilo teatral, e harmonia do barroco alemão. Além de algum trabalho original — especialmente sobre a relação das disciplinas de retórica e música — ele era um compilador da maior parte das ideias correntes na época. Seus escritos literários constituem um grande corpo de trabalho, que comenta sobre quase todos os aspectos de composição do seu tempo.

Johann Mattheson (1681-1764): Der Brauchbare Virtuoso (12 Sonate Per Violono Overo Flauto Solo Col Continuo)

Sonate I, Ré Majeur (11:29)
1-1 Intrada 3:02
1-2 Tempo Di Gavotta 0:37
1-3 Adagio 0:35
1-4 Allegro 2:46
1-5 Adagio 1:57
1-6 Aria 2:32

Sonate II, Sol Majeur (7:58)
1-7 (A Tempo) 1:59
1-8 Allegro 2:18
1-9 Tempo Di Corrente 1:37
1-10 Tempo Di Giga 2:04

Sonate III, La Majeur (6:32)
1-11 Adagio 1:19
1-12 Allegro 1:33
1-13 Grave 1:42
1-14 Giga 1:58

Sonate IV, Ré Majeur (6:55)
1-15 Adagio 0:51
1-16 Allegro 0:52
1-17 Aria 0:58
1-18 Premier Double 0:52
1-19 Deuxième Double 0:54
1-20 Troisième Double 0:57
1-21 Giga 1:30

Sonate V, Sol Majeur (9:08)
1-22 Adagio 2:57
1-23 Allemande 2:51
1-24 Adagio 1:14
1-25 Giga 2:02

Sonate VI, Mi Mineur (7:53)
1-26 Andante 1:49
1-27 Corrente 1:33
1-28 Giga 1:31
1-29 Aria 2:28
1-30 Menuet 0:32

Sonate VII, La Majeur (5:43)
2-1 Andante E Cantabile 1:42
2-2 Presto 1:41
2-3 Loure 1:57
2-4 Gavotta 0:22

Sonate VIII, Si Mineur (11:24)
2-5 Adagio 2:24
2-6 Allemande 2:35
2-7 Largo 4:54
2-8 Giga 1:30

Sonate IX, Mi Mineur (8:09)
2-9 Adagio 2:13
2-10 Allegro 1:44
2-11 Adagio 2:57
2-12 Giga 1:13

Sonate X, La Majeur (7:32)
2-13 Vivace 0:50
2-14 Adagio 2:01
2-15 Allemande 1:45
2-16 Corrente 1:51
2-17 Giga 1:04

Sonate XI, Ré Mineur (7:31)
2-18 Adagio 4:02
2-19 Presto 1:03
2-20 Adagio 0:49
2-21 Allegro 1:35

Sonate XII, Si Mineur (8:16)
2-22 Alla Corelli 2:45
2-23 Corrente 1:58
2-24 Sarabanda 1:59
2-25 Giga 1:36

Flute [Traverso Flute] – Diana Baroni
Harpsichord – Dirk Börner
Violin – Pablo Valetti
Violoncello – Petr Skalka

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Mattheson foi compositor, escritor, lexicógrafo, diplomata e teórico musical, mas estava mesmo era louco para aparecer no PQP Bach

PQP

Divulgação: Música Rara Brasileira – Paulo Costa Lima (1954): Pós-Aboio a Três, para trio de cordas – Dvernik – Filipenko – Vendeland

Um dos efeitos colaterais mais previsíveis do jubileu de Beethoven em 2020 foi o aumento de sua já considerável participação no repertório das salas de concerto. Não conheço muitas pessoas capazes de contestar sua importância para a Música, nem de discutir a justiça de celebrar a efeméride. No entanto, era bastante óbvio, natural até, que esse destaque hipertrófico para a obra do renano aconteceria em detrimento de outros repertórios – inclusive, como puderam ver, aqui no PQP Bach. Somem-se a isso as restrições trazidas pela pandemia, e uma tendência a pouco ousar nas programações, e o resultado foi um Ano Beethoven que, bem, foi quase só Beethoven.

Não quero com isso me desculpar por ter publicado tanto Beethoven, e, sim, saudar iniciativas a que lhes apresento a seguir:


“Começa nessa sexta [18/12/2020] a mostra MÚSICA RARA BRASILEIRA – o mais novo projeto do ZENON Instituto Cultural – trazendo a estreia mundial de Pós-Aboio a Três (2020), trio de cordas de Paulo Costa Lima, gravado em Moscou por Daria Dvernik, Darya Filippenko e Yulia Vendeland. Rara porque pouco executada, desconhecida, mas também porque brilhante e inusual, fruto de uma criatividade que precisa ser desvendada. É certo que com a internet temos dado belos passos para conhecer a música brasileira de concerto, mas ainda há muito o que fazer para desembaçar nossa compreensão desse repertório. Ao menos, parece que o estigma, muito corrente algumas décadas atrás, de uma música deslocada no país, que copiaria a Europa e mostraria uma faceta colonizada do Brasil, vai rapidamente perdendo força e abrindo alas para uma realidade mais divertida, rica e cheia de matizes. Ainda assim, mesmo compositores teoricamente consagrados, como Francisco Mignone, César Guerra-Peixe, Claudio Santoro, Alberto Nepomuceno ainda penam para que diversas de suas obras de fôlego sejam tocadas e publicadas. E de muitos outros não conhecemos nem a qualidade nem a variedade da sua produção. A mostra Música Rara Brasileira procura contribuir para a divulgação dessa música, apresentando um repertório de câmara pouco tocado, quase sempre inédito em gravações e/ou inacessível para o público interessado. Em tempos de pandemia e na urgência de dar a conhecer um pouco mais da música brasileira, o Zenon Instituto Cultural se propôs a usar todos os meios disponíveis e uma ampla gama de parcerias para organizar esta mostra. No decorrer dos próximos meses, será apresentado um vídeo por semana, às sextas, no canal do YouTube do instituto, de obras brasileiras dos séculos XX e XXI para pequenas formações — solos, duos, trios e quartetos de instrumentação diversa — gravados nas mais diversas condições: de concertos ao vivo a performances em casa. As peças são interpretadas por brasileiros e estrangeiros, no Brasil, EUA, Rússia, Bulgária e Azerbaijão. Dentre as inúmeras primeiras gravações mundiais realizadas, abrimos com o trio de cordas de Paulo Costa Lima, intitulado Pós-Aboio a Três (2020) e gravado em Moscou por Daria Dvernik, Darya Filippenko e Yulia Vendeland”
“É com enorme alegria que a mostra “Música Rara Brasileira” abre hoje com a obra Pós-Aboio a Três (2020), de Paulo Costa Lima, já que esse trio de cordas foi escrito especialmente para o projeto. Seguem as palavras do próprio compositor acerca dessa criação: ‘O gesto que abre e sustenta a peça vem do campo da violência – a violência como ferramenta de afastamento de um certo ninho de possibilidades expressivas (o canto nordestino do aboio, a música que se diz brasileira, o modo mixolídio e lídio-mixolídio). Todavia, esse afastamento não visa destruir e sim recompor o que foi abandonado, enxergá-lo de longe, por uma fresta. De um discurso original escrito para violoncelo solo (Pós-Aboio) surgiu por decalque (projeção desse discurso nos outros instrumentos) a presente obra, um tanto tensa em sua linearidade, porém fiel ao campo expressivo que persegue, sua ideia motriz.’ A obra foi estreada em concerto, em Moscou, no dia 1° de novembro, por um trio formado pelas russas Daria Svernik (violino) e Yulia Vendeland (cello) e pela violista bielorrussa Darya Filippenko, que tem feito um extenso trabalho de divulgação da música brasileira. Boa audição!”

Para assistir a Pós-Aboio a Três (2020), de Paulo Costa Lima, clique na imagem abaixo:

Para saber mais sobre a mostra MÚSICA RARA BRASILEIRA, siga sua página no Facebook, acessando-a pelo link abaixo:

Para saber mais sobre o ZENON Instituto Cultural, clique em seu logo:


Vassily

Schubert (1797–1828): SCHUBERT SESSIONS – Lieder com Violão – Philippe Sly & John Charles Britton

Schubert (1797–1828): SCHUBERT SESSIONS – Lieder com Violão – Philippe Sly & John Charles Britton

 

 

SCHUBERT SESSIONS

 

 

 

A minha concepção de Lied sempre foi de uma canção com acompanhamento de piano. Mahler expandiu este modelo colocando uma orquestra como a acompanhamento da voz. Quando vi este disco gostei bastante da seleção das canções, todas muito representativas da arte de Schubert e uma mais bonita do que a outra. Mas fiquei um pouco preocupado com o tal do acompanhamento com o violão. Mas a preocupação logo se desfez nas primeiras canções. O álbum é excelente.

O libreto lembra a frugalidade da vida de Schubert, que em muitas ocasiões dividiu a morada com amigos e nem sempre tinha um piano a sua disposição, um luxo com o qual nem sempre podia contar. O autor menciona que Schubert aprendeu a tocar violão ainda bem jovem e que ao longo da vida possuiu vários destes instrumentos, que eram bem populares em Viena. Assim, não é difícil imaginar a visita de amigos e uma nova canção sendo apresentada com o acompanhamento de um violão.

As canções deste disco foram preparadas e arranjadas para acompanhamento de violão pelo ótimo violonista John Charles Britton, que nasceu no Texas e estudou em São Francisco com Sérgio Assad. Ele tem colaborado com o canadense Philippe Sly já há alguns anos e creio que boa parte da beleza deste álbum vem desta vivência. O violão certamente ajuda a criar um ambiente bastante intimista e lírico. Isto não quer dizer que os momentos mais arrojados sejam diminuídos, muito pelo contrário.

Mas a coleção de canções é definitivamente espetacular. Seis delas são dos três grandes ciclos, duas de cada um deles – Die Schöne Müllerin, Winterreise e Schwanengesang. Estas canções e mais as outras dez formam um ótimo painel que exprime o quanto se desenvolveu com Schubert a arte da canção.

Auf dem Wasser zu singen e Der Müller und der Bach fazem alusão à água corrente, ao riacho que dita o ritmo e sempre dava grande inspiração a Schubert.

Erlkönig e Der Tod und das Mädchen são baladas cheias de tons fantasmagóricos nas quais o cantor precisa interpretar diferentes vozes. São duas das canções mais conhecidas de Schubert.

Ständchen (Serenata) e Der Lindenbaum são canções dos ciclos Schwanengesang e Winterreise que se destacam dos ciclos e certamente tem suas melodias reconhecidas em todas as partes.

Wohin, a segunda canção do Die Schöne Müllerin trata de um tema caro à cultura germânica, que reúne o amor pela natureza e a compulsão por seguir caminhando – Para onde?

Du bist die Ruh, Du liebst mich nicht e Der Jüngling an der Quelle são lindas canções de amor e de um pouco de dor de cotovelo. Afinal, o Franz sabia dessas coisas. O tema da água está aí de novo, na Quelle. Aqui, a dificuldade apresentada ao cantor(a) é manter um legato e produzir um som, assim, que traga paz…

Der Leiermann, Der Doppelgänger e Des Fischers Liebesglück são canções compostas no fim da vida e atingem uma profundidade especialmente tocante e com tons bastante sombrios. São canções bem sérias.

An die Musik só poderia ter sido composta por alguém que tinha uma intimidade enorme com a música. Os versos são simples, mas a arte de Schubert os eleva muito, muito.

Du holde Kunst, ich danke dir dafür,
Du holde Kunst, ich danke dir!

As duas canções que ainda não mencionei têm nomes de mulheres. An Sylvia é uma tradução para o alemão de um texto de Shakespeare, que cria assim uma conexão entre as canções de Schubert e de Dowland. Conexão esta que fica reforçada nesta interpretação com acompanhamento de violão. Finalmente a canção que eu gostei mais no disco, Alinde! Esta é a segunda faixa do disco e como ficou bonito o acompanhamento do violão. Esta merece bis, quando terminares de ouvir o álbum.

Coloquei na pasta uma faixa extra, uma gravação bastante antiga desta canção, na voz do ótimo Hans Hotter, com acompanhamento de piano. Fica aí uma possibilidade de comparar.

Ouça tudo umas quatro ou cinco vezes e depois me conte se não é mesmo uma beleza de disco. Este vai para a minha retrospectiva deste ano que começa a desenhar seu fim, mas ainda com muitíssimas preocupações e angústias.

Franz Schubert (1797 – 1828)

  1. Auf dem Wasser zu singen, D774
  2. Alinde, D904
  3. Du bist die Ruh D776
  4. An Sylvia, D89
  5. Erlkönig, D328
  6. An die Musik D547
  7. Ständchen ‘Leise flehen meine Lieder’, (No. 4 do Schwanengesang, D957)
  8. Wohin (No. 2 do Die schöne Müllerin, D795)
  9. Der Müller und der Bach (No. 19 do Die schöne Müllerin, D795)
  10. Der Leiermann (No. 24 do Winterreise, D911)
  11. Der Doppelgänger (No. 13 do Schwanengesang, D957)
  12. Der Lindenbaum (No. 5 from Winterreise, D911)
  13. Der Jüngling an der Quelle, D300
  14. Du liebst mich nicht D756
  15. Des Fischers Liebesgluck, D933
  16. Der Tod und das Mädchen, D531

Philippe Sly, barítono

John Charles Britton, violão

  1. Alinde, D904

Hans Hotter, barítono

Geoffrey Parsons, piano

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FLAC | 258 MB

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MP3 | 320 KBPS | 151 MB

O estúdio do PQP Bach está precisando de uma pequena reforma…

As opiniões sobre o álbum foram muito elogiosas:

“Philip Sly possesses a fine, velvet bass-baritone voice, clear diction and splendid, true intonation.” – Gramophone Magazine 2014

This is an amazing collection of Schubert for guitar and low voice. Phillipe and John compliment each other well and the blend they achieve is superb.

Philippe Sly hat eine phantastisch klare Stimme, gute Diktion, einen guten Gitarrenbegleiter… und trifft, wie ich meine, genau das, was Schubert ausdrücken wollte: Romantik pur. Bin begeistert.

Eu também me emocionei! E você?

Aproveite!

René Denon

Giuseppe Verdi (1813-1901): Obras da Juventude 02 (1837-1839)

Giuseppe Verdi (1813-1901): Obras da Juventude 02 (1837-1839)
Primo ritratto di Verdi

DUE: Amico e suocero Barezzi
Em pouco tempo Busseto não oferecia condições para o desenvolvimento de um talentoso músico jovem e brilhante como Giuseppe Verdi. Seu grande protetor dom Barezzi fixou-lhe um subsídio anual dando condições financeiras, pelo período de três anos, para se aperfeiçoar em Milão. Estava em curso o ano de 1832. Acostumado à vida serena de uma região rural, Verdi assombrou-se com o movimento e a agitação da grande cidade. Mas seu encantamento por Milão durou pouco. Ao tentar obter matrícula no Conservatório, recebeu uma recusa terminante. Os estatutos determinavam que os alunos deviam ter menos de catorze anos e ele já completara dezoito, não era um virtuose instrumental nem demonstrava excepcionalidade como compositor. Não havia, portanto, razões que justificassem a abertura de uma exceção. A derrota o deixou mal por pelo menos um mês, ele era jovem e fora “rejeitado” ficou muito triste, e ao longo de sua vida não esqueceu nunca o que ele considerou uma afronta.

Verdi tomando “paw” da bancada do Conservatório

Já que o Conservatório se mostrava inacessível, Verdi arranjou um professor particular por intermédio do professor Saletti, membro da banca que o reprovara. O mestre Vincenzo Lavigna professor de cravo e músico da orquestra do Teatro Scala, com ele o rapaz aprofundou-se em harmonia e contraponto, analisando as obras de seus autores prediletos — Bach, Haydn, Mozart e Beethoven além dos trabalhos de Palestina e Benedetto Marcello. Contudo, o ensino de Lavigna foi particularmente valioso a Verdi pelo fato de iniciá-lo no gênero operístico. O velho músico era um profundo conhecedor da ópera e seu discípulo aprendeu com ele tanto quanto era possível aprender. Lavigna facilitou o acesso as partituras de operas para que as estudasse, orientou o aluno que devesse ir a todos concertos do Scala. O professor lhe deu muitos conselhos ao passar dos anos e revisando várias partituras de ópera com ele e especialmente Don Giovanni de Mozart. Os três anos subvencionados pelo povo de Busseto passaram depressa. E a notícia da morte do seu amigo Fernando Provesi fez com que o rapaz não aguardasse o término da sua temporada de estudos em Milão.

Antes de expirar, Provesi manifestara a vontade de que Verdi voltasse a ocupar os cargos de Mestre de Capela, organista da Catedral e Regente da Banda. Para cumprir o último desejo do companheiro falecido e por sentir uma saudade insuportável da linda Margarida Barezzi, Giuseppe voltou à cidade de Busseto. Tornar-se sucessor de Provesi não foi tão simples quanto Verdi imaginara. A vida musical da comunidade era perturbada por um acirrado conflito político. O partido clerical favorecia um músico chamado Ferrari, defendendo ferrenhamente o seu direito aos cargos. O partido anticlerical e os músicos cerraram fileiras para nomear Verdi, mas foi inútil. Graças à influência de dois bispos, Ferrari saiu vitorioso. O fato gerou um conflito ainda maior, pois toda a população da cidade se envolveu na questão, dividida em dois partidos: verdianistas e ferrarianistas. Os primeiros, admiradores de Verdi e defensores da justiça, eram liderados por Barezzi, que, valendo-se do seu prestígio, desencadeou uma série de represálias. A primeira delas foi suspender o subsídio de Ferrari, transferindo-o para Verdi. Os ferrarianistas, constituídos pelo grupo clerical, responderam com um aumento de salário para o seu protegido. Mas a disputa não ficou aí. Os verdianistas em peso passaram a frequentar a igreja dos frades franciscanos. Estes acolheram Verdi como organista, dando-lhe a oportunidade de confirmar sua superioridade a Ferrari e seus partidários, que se desesperavam quando o jovem maestro se deslocava com a Banda de Busseto para os povoados vizinhos, sendo recebido em todos eles com verdadeiros delírios populares. Durante toda essa batalha político-musical, Margarida Barezzi esteve ao lado de Verdi, auxiliando-o na estratégia e revelando-se a sua mais fervorosa admiradora.

La bella Margherita Barezzi

A ideia de casar-se com ela havia muito tempo agitado o espírito de Giuseppe, que, aos poucos, adquiriu coragem e um dia apresentou-se em casa da moça, nervosíssimo e quase sem poder falar, para fazer o pedido formal a seu pai. O velho Barezzi, que sabia perfeitamente da afeição mútua entre Giuseppe e Margarida, divertiu-se com o empertigamento do seu amigo e abraçou-o jovialmente. Não poderia imaginar melhor marido para sua filha. O casamento realizou-se em maio de 1836. Toda a cidade participou da alegria de Verdi e Margarida, em cuja homenagem se promoveram diversos concertos.

A existência de Verdi na província é melhor vista como um atraso irritante em sua carreira profissional, e há evidências de que ele estava buscando ativamente planos mais ambiciosos. Em meados do ano de 1836, ele confidenciou a Massini em carta a sua própria angústia: “Saiba então que eu cansei de ficar em Busseto, porque você sabe que em uma pequena cidade não há recursos para quem quer fazer profissão de músico, não há esperança de avanço longe da cidade, então veja que estou passando minha juventude em vão”.

Em março de 1837 os dois recém-casados tiveram a alegria de uma filhinha, Virginia Maria Luigia. Até para o trabalho do maestro parecia chegar, em setembro, uma boa oportunidade, a única capaz de quebrar a situação estagnada da província. O Teatro Ducale di Parma, declarou sua intenção de representar uma obra, libreto de Piazza, intitulado de “Rochester”, que Giuseppe já tinha quase terminado em setembro do ano anterior. O jovem o compositor tinha vários amigos em Parma, admiradores e apoiadores, entre a aristocracia da corte, na orquestra e na comissão de teatro. O gerente da temporada Luigi Granci de Lucca, recebeu Verdi ouviu algumas passagens da obra. Porém não deve ter prestado muita atenção ao jovem e sua obra, acabou recusando. Em uma carta ao amigo Massini, desiludido e com raiva, desabafa: “…. O empresário, a quem me apresentei cordialmente e sem muitos preâmbulos, respondeu que não lhe convinha expor-se a uma ópera de resultado incerto…. Cheguei em casa com raiva e muito sentido sem ter nenhuma esperança com Parma. Conte-me; não seria possível para você falar com o Sr. Bartolomeo Merelli ( Gerente e empresário do La Scala ) para ver se poderíamos apresentar a ópera em algum teatro em Milão ? Você me faria um favor muito bom. Eu seria eternamente grato.”

Frontespizio delle Sei Romanze

Neste mesmo período sairiam as primeiras publicações de obras de Verdi: seis romances. São composições modestas e bem que marcam o fim de um período de aprendizagem, exercícios e tentativas. Em suas memórias o maestro lembra desta época da seguinte forma: “…. eu escrevi muitas peças soltas: marchas, algumas pequenas sinfonias que foram usados nos trabalhos da Igreja e Teatros…. Lembro-me de um “Stabat Mater”, três ou quatro “Tantum ergo” e outras peças sagradas que não me lembro. A maioria se perdeu.” Na verdade, como alguns estudiosos apontam não sobrou muita coisa, é possível que Verdi as tenha destruído. O editor Ricordi, inclinado a publicar trabalhos de autores de várias notoriedades, incluindo iniciantes, publicou os seis Romances de Verdi, e imediatamente se provaram ser muito bem aceitos.

Temos insistido um pouco em focar o início da vida de Verdi e espero que o leitor-ovinte não se desinteresse, são os primeiros compassos de uma existência. São muito importantes para entender a natureza de um artista, as forças que agitam, enfraquecem ou fortalecem.

Teatro alla Scala di Milano – 1830

Verdi foi para Milão entre final de abril e início de maio de 1838 para entregar alguns manuscritos de sua música para Ricordi. No mesmo ano, em 11 de julho, uma segunda criança nasceu, um menino desta vez, Icilio Romano Carlo Antonio. O feliz acontecimento foi entristecido pela morte da pequena Viginia, um mês depois do nascimento de Icilio, ela tinha apenas um ano e seis meses. O golpe para o casal, especialmente para Margherita, deve ter sido grande (a mortalidade infantil na época era bem alta), ela estava bastante abatida e cansada também por causa do recente parto. Os cônjuges então, aproveitando as férias de setembro na escola, foram para Milão lá o maestro entra em contato com os membros do la Scala e foi recebido de forma cordial recebendo um “talvez” para as suas obras serem representadas no mais importante teatro de Milão.

Verdi – Obras da Juventude 02 (1837-1839)

1837: Credo For Tenor, Bass, Male Chorus And Orchestra [Doubtful]
Fausto Tenzi
Antonio Abete
Rino Vernizzi
Alberto Negroni
Orchestra e Coro “Giuseppe Verdi” di Busseto
Fausto Pedretti (2001)

1837: Orchestration Of Giacomo Mori Canto Di Virginia Variations For Oboe
Orchestra sinfonica di Milano Giuseppe Verdi
Ricardo Chailly (2003)

1837: Variazioni On A Theme Of Morlacchi’s Tebaldo E Isolina For Piano And Orchestra [Reconstructed Fortunato Ort]
Orchestra sinfonica di Milano Giuseppe Verdi
Ricardo Chailly (2003)

1838: 6 Romanze Canzoni [Jacopo Andrea Vittorelli]
Michele Pertusi – bass
Mariella Devia – soprano
Sergei Larin – tenor
Parma Opera Ensemble (2006)

1838: Adagio For Trumpet And Orchestra
Orchestra sinfonica di Milano Giuseppe Verdi
Ricardo Chailly (2003)

1838: Capriccio For Bassoon And Orchestra [Doubtful]
Orchestra sinfonica di Milano Giuseppe Verdi
Ricardo Chailly (2003)

1838: Notturno (Guarda Che Bianca Luna) For Soprano, Tenor, Bass, Flute And Piano [Vittorelli]
Michele Pertusi – bass
Mariella Devia – soprano
Sergei Larin – tenor
Parma Opera Ensemble (2006)

1838: Sinfonia For Orchestra In C Major
Orchestra sinfonica di Milano Giuseppe Verdi
Ricardo Chailly (2003)

1839: La Seduzione For Voice And Piano [Balestra]
Michele Pertusi – bass
Mariella Devia – soprano
Sergei Larin – tenor
Parma Opera Ensemble (2006)

1839: L’Esule For Tenor And Piano [Temistocle Solera]
Michele Pertusi – bass
Mariella Devia – soprano
Sergei Larin – tenor
Parma Opera Ensemble (2006)

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Verdi – Obras da Juventude 02 (1837-1839)

Ammiratore

Manuel de Falla (1876-1946): Peças para Piano – Alicia de Larrocha ֎

Manuel de Falla (1876-1946): Peças para Piano – Alicia de Larrocha ֎

 

Manuel de Falla

Peças para Piano

Alicia de Larrocha

 

 

Além de Noites nos Jardins de Espanha e Dança Ritual do Fogo, pouca ou coisa alguma eu conhecia de Manuel de Falla. Assim, quando me dei com a capa ensolarada deste álbum, decidi investigá-lo. A Fantasia Bética quase me derrubou, mas a insistência encorajada pelas Peças Espanholas que abrem o disco valeu a pena. As danças dos balés que completam o disco são ótimas!

Manuel de Falla nasceu em Cádiz e era um esquisitão – católico estremado, hipocondríaco e cheio de manias. Foi celibatário (dizem as minhas fontes) e como Bruckner, passou boa parte da vida sob os cuidados de uma irmã, que era chamada María del Carmen. Muito reservado e introvertido, no entanto, sempre foi muito amigo de seus amigos.

O disco começa com as Cuatro piezas españolas que ele compôs entre 1907 e 1908, com influência do amigo Isaac Albéniz. Em 1907 foi para a França a convite de um empresário para uma tournée de concertos. É claro, era propaganda enganosa. Mesmo assim ele ficou por lá até 1914, principalmente em Paris. Neste período produziu pouco (seu processo de composição era lento e ele muito crítico e exigente), mas aprendeu muito. Conviveu com Dukas, Debussy, Ravel e Albéniz.

Sua primeira obra a fazer sucesso foi a ópera A Vida Breve, que custou, mas estreou bem em Nice, em abril de 1913 e passou a lhe render algum dinheiro. Além disso, o editor Max Eschig o contratou para a publicação de Noites nos Jardins de Espanha, que só ficaria pronta em 1915.

A Fantasia Bética, assim como A Vida Breve e o balé El Amor Brujo se destacam pelo uso de melodias do cante hondo, da Andaluzia.

Completam o disco três danças do balé El sombrero de tres Picos, resultado do encontro em 1916 com Diaghilev quando o empresário passou pela Espanha com sua companhia. A pedido dele, de Falla se ocupou da composição do balé até quando foi estreado em Londres, em 1919, com figurinos e cenários de Pablo Picasso. E com sucesso. Além dessas três danças, temos uma suíte do balé El Amor Brujo, com a famosíssima Dança Ritual do Foge.

Manuel de Falla (1876 – 1946)

Quatro peças Espanholas

  1. Aragonesa
  2. Cubana
  3. Montanesa
  4. Andaluza

Fantasia Bética

  1. Fantasia

Danças de ‘El sombrero de tres picos’

  1. Dança dos Vizinho (Seguidillas)
  2. Dança do Moleiro (Farruca)
  3. Dança da Moleira (Fandango)

‘El amor brujo’ – Suíte

  1. Pantomima
  2. Canção do Fogo-fátuo
  3. Dança do Terror
  4. O Círculo Mágico
  5. Dança Ritual do Fogo

Alicia de Larrocha, piano

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MP3 | 320 KBPS | 137 MB

A faixa 6, que abre a sequência de peças de El sombrero de tres picos é como a capa deste disco – ensolarada! A interpretação de Alicia de Larrocha é garantia de extremo bom gosto na interpretação, além da qualidade técnica e autenticidade. Quer mais?

Aproveite!

René Denon

PS: Se ainda tiver um tempinho, veja esta postagem:

Mozart (1756 – 1791) · ∾ · (Algumas) Sonatas para Piano · ∾ · Alicia de Larrocha ֍

Giuseppe Verdi (1813-1901): Obras da Juventude 01 (1832-1836)

Giuseppe Verdi (1813-1901): Obras da Juventude 01 (1832-1836)


UNO – La Gioventú
Com imensa alegria começaremos mais uma série em nosso blog. Desta vez traremos ao amigos a arte do artista máximo da ópera italiana do século XIX que nasceu em 10 de outubro de 1813 em Roncole, Itália, e foi registrado como Joseph Fortunin François Verdi e não, como seu pai Carlo Verdi havia escolhido, Giuseppe Fortunino Francesco Verdi. Um território pouco extenso, dividido em vários Estados pequenos — alguns independentes, outros não, sofrendo o domínio de nações mais fortes: Áustria, França e Prússia. Assim era a Itália no começo do século XIX. Situada na região norte, a Província de Piacenza era governada pelos franceses, cuja língua predominava até nos registros públicos. Assim, quando o jovem casal Carlo Verdi (1785-1867) e Luigia Utini (1787-1851) apresentaram-se no cartório da cidade de Busseto, para registrar seu filho nascido na vizinha aldeia de Roncole, o tabelião consignou o nascimento de Joseph Fortunin François Verdi. Como não podiam reclamar, Carlo e Luigia voltaram a Roncole com o menino, retomando a vida tranquila e estável que a propriedade de uma pequena estalagem lhes assegurava. O registro de nascimento descreve seu pai Carlo como um ‘estalajadeiro’, sua mãe Luigia como uma ‘fiandeira’: ambos pertenciam a famílias de pequenos proprietários de terras e comerciantes.

Despretensiosamente este insignificante admirador tentará tecer as postagens traçando um paralelo entre o contexto da vida do maestro e suas composições. Adoro história e acredito que observando a lenda “Verdi” com a lupa de estudantes curiosos nos faz aproximar mais ainda da sua obra, é um gênio sem dúvida, mas humano como nós. Acredito, mesmo após mais de duzentos anos de seu nascimento, que a vida deste poderoso e fecundo músico interessa a um grande público, não apenas os fãs, mas jovens que estudam com crescente curiosidade a vida e as ideias de um mestre que, além de ser um protagonista de seu tempo, demonstrou uma mentalidade e um comportamento entre os mais nobres e vigorosos no panorama da Europa moderna, após o colapso dos grandes Impérios.

Todas as ilustrações das postagens são deste livro

Este trabalho, motivado pelo mais puro prazer, será baseado em livros e no farto material da internet, em sua grande maioria será tradução livre (e macarrônico) do idioma italiano. São obras dos estudiosos Gustavo Marchesi, Cesari, Luzio, DellaCorte, Carlo Gatti, Marcílio Sabba, que publicaram cartas, documentos, monografias ou ensaios. Além de fuçar e muito nas publicações do “L’Instituto di Studi Verdiani”. Faremos uma espécie de “monografia” em diversas postagens com numerosos episódios conhecidos e os quase desconhecidos agradeço ao chefe PQP pela oportunidade ! Mais do que compartilhar as músicas do mestre que estão disponíveis nos mais variados tipos de mídia, esperamos que vocês tenham uma gostosa e proveitosa leitura. No propósito de informar, torço para que sejamos bem recebidos pelos amigos do blog. VIVA VERDI !!!!!!

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Como foi a vida do jovem que se tornou um dos maiores compositores do século XIX ? Para descobrir, temos que nos transportar para a Roncole, “comunello” de Busseto, no ducado (então) de Parma em 1813 durante o regime Napoleônico. A cidade de Busseto e seus arredores ostentava origens antigas , basicamente se vivia do regime agrícola, com cerca de 1.220 casas e 8.100 habitantes na época. Uma boa escola Jesuíta, uma escola de música, muito qualificada, na qual lecionou Ferdinando Provesi, professor de capela do lugar e conhecido por suas composições música sacra. Ele às vezes era acompanhado pelo flautista amador Antonio Barezzi, um homem rico e amante da música, presidente da “Accademia Filarmonica” um mecenas. Vivia-se de curtumes de couro, destilarias, cera, fábricas de cerâmica, ferreiros, tecelões e os marceneiros. Nas cidades também existiam médicos, iluminação noturna (um luxo !). O solo é fértil e bem cultivado (amoras, grãos, vinhas, pomares), produzindo farinhas, nozes, legumes, principalmente um bom vinho tinto, pera, açúcar, maçãs, queijo; uma grande quantidade de aves e ovos, um comércio ativo de bois, porcos, carnes curadas, e também fabrica vários tipos, como tranças de palha, tecidas no inverno e vendido na primavera para os lombardos, quem então faziam chapéus.

La casa natale di Verdi

Apesar do quadro próspero, as condições de saneamento básico das pessoas mais humildes não estavam entre os mais satisfatórios. Muitos doenças propagadas pela ignorância da situação miserável dos mais pobres. O clima úmido e o calor frequente em todas as estações. Muitos insetos que picam, consequência também das enchentes de riachos e canais, bem como o rio Pó, com um curso lento e irregular. As águas então se degeneraram em lagoas insalubres que, devido à quantidade de insetos e mosquitos, se tornaram a paisagem menos poética do lugar. Verdi nasceu em Roncole precisamente na frente de uma dessas lagoas, onde as crianças encontraram sua diversão.

Era um período de declínio do poder de Napoleão, as potências da Santa Aliança lançaram-se à reconquista de seus antigos domínios: russos, austríacos e prussianos invadiram a península, devastando e saqueando todos os lugares por onde passavam. Uma coincidência infeliz fez com que, no dia em que os exércitos russo-austríacos entraram em Roncole, todos os homens da cidade se achassem ausentes. Somente mulheres, crianças e pessoas idosas ocupavam a povoação. Acreditando que os soldados não se atreveriam a profanar a igreja, todos se refugiaram no pequeno templo. Mas foi inútil. As tropas invadiram o recinto em busca de mantimentos e forçaram as mulheres e crianças a entregar o que queriam. Escapando pela sacristia, Luigia Verdi, carregando o pequeno Giuseppe no colo, entrou por uma porta semi-oculta e galgou a escadaria íngreme que levava ao alto da torre dos sinos. Apavorada, encolheu-se em seu esconderijo e nele permaneceu até que, passadas muitas horas de angústia, verificou que os militares haviam abandonado a cidade. Ao descer da torre, ainda trêmula, mal podia crer na assombrosa sorte que tivera. Estava ilesa, e o pequeno Giuseppe também. O menino cresceu sadio e brincalhão como toda criança deveria ser. O pequeno Giuseppe superou a onda da guerra, as frequentes epidemias e o espectro da fome. Para ele o conforto relativo do comércio da estalagem paterna deu a possibilidade de desfrutar um período pacífico, sob governo da duquesa austríaca Maria Luigia. Sendo filho do dono da mercearia pode pelo menos ficar longe da fome.

Bagasset e Verdi

No interior de Parma o culto à música, ainda que de gosto popular, era bastante difundido, o garoto tinha uma atração forte pela música, mas na aldeia só se podia ouvi-la na igreja, ou por intermédio de tocadores ambulantes. Quando estes surgiam no local, apresentavam-se em praça pública para divertir os habitantes. Um desses músicos andarilhos, chamado Bagasset, observou que o pequeno Verdi acompanhava suas execuções vidrado, com um interesse muito maior que o dos espectadores reunidos à sua volta. Tanta atenção sugeria pendor para a coisa: Bagasset conversou com os pais do garoto, aconselhando-os a incentivar a tendência do filho, fazendo-o estudar música. Mas o casal, embora tivesse meios suficientes para viver sem apertos financeiros, não dispunha de recursos para comprar um instrumento nem pagar aulas de música para Giuseppe. Foi ele próprio — Giuseppe — quem solucionou o problema, arranjando lugar como coroinha na igreja. Pensou “ouvindo alguém tocar, sempre iria aprender um pouco”.

Verdi Bambino

Tudo teria corrido muito bem se ele cuidasse convenientemente dos seus deveres de coroinha. Mas a música o atraía mais que os ofícios religiosos e, certo dia, durante uma celebração, esqueceu-se de passar a água benta ao padre. Provavelmente, devia tratar-se de um sacerdote temperamental, pois sua surpreendente reação foi interromper a cerimônia e castigar a distração do ajudante com um pontapé tão violento que o atirou do altar pela escada abaixo. Aturdido e machucado, Giuseppe teve que ser conduzido para casa por um dos presentes. Alarmados com o estado do filho seus pais quiseram saber o que acontecera. Mas a única resposta do menino foi: “Deixem-me estudar música !!!!”. O dramático apelo de Giuseppe comoveu de tal forma Carlo Verdi, que o mobilizou a procurar uma espineta, deixando de lado as contas e despesas da casa. Um velho padre da região vizinha vendeu-lhe o instrumento. Era antigo, porém afinado. E o garoto exultou ao vê-lo chegar. Podia tocar, afinal. Durante mais de um ano empenhou-se durante horas seguidas em dedilhar o teclado, sozinho, sem nenhuma orientação. Um dia conseguiu encadear uma série de acordes que lhe pareceram maravilhosos. Encantado com a façanha, chamou os pais para ouvirem o que conseguira. Mas ao tentar repetir tais acordes, falhou. Furioso, buscou um martelo e

La Spinetta originale di Verdi

começou a destruir a espineta (ô italianada !!!!). Seu pai o deteve: compreendendo a frustração do jovem autodidata, chamou o afinador Cavaletti, que consertou gratuitamente os estragos e colou na espineta um bilhete: “Eu, Stephen Cavaletti, consertei este instrumento, coloquei as alavancas, os martelos e os pedais, dos quais faço presente, por ver como o jovem Giuseppe Verdi está disposto a aprender a tocar. Para mim, isto é paga suficiente”. A velha espineta tornou-se, a partir desse dia, uma relíquia que Giuseppe conservaria durante toda a vida. E o seu penoso trabalho de aprender música por si mesmo terminou: o Professor Baistrocchi foi contratado para lecionar-lhe regularmente. Don Baistrocchi gostava muito do pequenino. Ele o ensinou a ler e escrever, bem como um pouco de latim e, claro, música.

Verdi Organista

Depois de cinco anos, o velho organista Baistrocchi reconheceu que nada mais poderia ensinar a seu talentoso aluno. Giuseppe assimilara tudo o que o mestre conhecia sobre música. E, com a morte de Baistrocchi, ocorrida meses depois da interrupção das aulas, o jovem estudante foi solicitado à vaga deixada por ele. Aceitando o cargo de organista da igreja, Giuseppe Verdi passou a receber o salário de 40 liras anuais. Era pouco. Mas, para um rapazinho de doze anos, representava uma importante conquista.

Após a morte de Baistrocchi, Verdi foi para a vizinha cidade de Busseto para dar continuidade aos estudos na escola Jesuíta, ficou na casa do amigo de seu pai, Michiara um sapateiro. Giuseppe se aplicou de boa vontade aos estudos, ele estudava em sua surrada espineta até altas horas da noite. As vezes a música é considerada por muitos uma perturbação como tantos outros ruídos, uma anedota saborosa que retiramos de uma biografia de Marcello Conati nos conta: “Existe um ditado na Itália que diz: ‘O pior vizinho é um iniciante estudando música.’ Na frente da casa de Michiara havia um alojamento, cujo dono era um certo Giovannelli; durante muitas noites as notas do piano (que então era a espineta) o havia perturbado ao tentar dormir, ele reclamou para Michiara ordenando que ele silenciasse o instrumento e o deixasse dormir. O sapateiro disse ao jovem Verdi o que aconteceu, mas ele não deu a menor atenção as intimações e continuou a praticar, então foi aquele barraco a lá italiana, Giovannelli saiu da cama nervosão e chamou o vizinho com raiva e com a espada na mão, ameaçando-o de que se aquele barulho não acabasse por bem iria acabar por mal.”

Papa Antonio Barezzi

Esta paixão do jovem pela música acabou atraindo a curiosidade da Filarmônica de Busseto, e em particular o de seu presidente, Antonio Barezzi, comerciante influente e instrumentista amador. Quarenta anos de idade, generoso por natureza e de mente aberta, tinha uma família feliz, uma loja muito movimentada, uma bela casa na praça principal da cidade. Por seu interesse, Joseph logo foi matriculado como aluno do professor Ferdinando Provesi, organista e mestre da cappella, ele influenciou muito o jovem Verdi, sob a orientação de Provesi aprendeu a bases de harmonia e contraponto (quatro anos) e compôs várias músicas de igreja, para funções e festas onde a Filarmônica participou, aos quinze o menino agora era notícia. Apoiado pelo bom Barezzi, o músico iniciante ficava horas e horas estudando piano (um de verdade), e fazer música junto com a Filarmônica. Na casa de Barezzi, adquiriu cultura e amadurecimento. Aprendeu a copiar partituras e partes avulsas, familiarizou-se com o piano, tocando duetos com Margarida Barezzi, filha do seu protetor, além de estudar com Fernando Provesi, organista e regente da Sociedade Filarmônica. Ao completar dezessete anos, Giuseppe Verdi era um nome bastante conhecido na cidade e seu prestígio cresceu quando Fernando Provesi, já cansado e doente, entregou-lhe a batuta, tornando-o compositor oficial e Mestre da Banda Municipal.

Ferdinando Provesi

Pouco resta da música de Verdi desse período, embora algumas das peças mais vivas talvez tenham sido recicladas em suas primeiras óperas. O que chegou até nós são principalmente “pièces d’occasion”, escritas para a igreja ou para a Sociedade Filarmônica de Busseto e outros grupos locais. As influências são previsíveis, com Rossini muito em evidência nas peças que se aproximam da ópera. As músicas compostas pelo jovem músico que conseguimos garimpar desta época são as que iremos compartilhar com os amigos do blog nas duas primeiras postagens da série em homenagem ao mestre Verdi !

Tomei a liberdade de desmembrar alguns CDs com as peças menores de Verdi que tenho e reorganizá-las em uma espécie de cronologia, para melhor compreendermos a música que Verdi criava na época em que descrevemos no texto. É bem legal pois podemos sentir a evolução do mestre. Todas as capas e contra capas estão compactadas junto do arquivo de download. Ao decorrer das postagens vamos disponibilizar as obras “soltas” em forma de “bônus” no mesmo período em que foram escritas as óperas que vamos comentar.


Verdi – Obras da Juventude 01 (1832-1836)

1832-34: Messa Di Gloria For Soprano, Alto, Tenor, Bass, Mixed Voices And Orchestra (Collab. With F.Provesi)
Elisabetta Scano – soprano
Cristina Gallardo-Domâs – soprano
Juan Diego Flóres – tenor
Kenneth Tarver – tenor
Eldar Aliev – bass
Michele Pertusi – bass
Orchestra Sinfonica e Coro Sinfonico di Milano Giuseppe Verdi
Riccardo Chailly (2001)

1832-35: Io La Vidi Aria For Tenor, [Tenor] And Orchestra [From C.Bassi Il Solitario Ed Eloisa]
Luciano Pavarotti – tenor
Orchestra del Teatro ala Scala
Claudio Abbado (1981)

1832: Laudate Pueri For 2 Tenors, Bass And Orchestra (Collab. With F.Provesi)
Elisabetta Scano – soprano
Cristina Gallardo-Domâs – soprano
Juan Diego Flóres – tenor
Kenneth Tarver – tenor
Eldar Aliev – bass
Michele Pertusi – bass
Orchestra Sinfonica e Coro Sinfonico di Milano Giuseppe Verdi
Riccardo Chailly (2001)

1832: Qui Tollis For Tenor And Obbligato Clarinet (Collab. With F.Provesi)
Elisabetta Scano – soprano
Cristina Gallardo-Domâs – soprano
Juan Diego Flóres – tenor
Kenneth Tarver – tenor
Eldar Aliev – bass
Michele Pertusi – bass
Orchestra Sinfonica e Coro Sinfonico di Milano Giuseppe Verdi
Riccardo Chailly (2001)

1832: Tantum Ergo For Bass And Orchestra In F Major (Collab. With F.Provesi)
Elisabetta Scano – soprano
Cristina Gallardo-Domâs – soprano
Juan Diego Flóres – tenor
Kenneth Tarver – tenor
Eldar Aliev – bass
Michele Pertusi – bass
Orchestra Sinfonica e Coro Sinfonico di Milano Giuseppe Verdi
Riccardo Chailly (2001)

1835: Brindisi For Voice And Piano [Maffei]
Sergei Larin – tenor
Parma Opera Ensemble (2006)

1836: Tantum Ergo For Tenor And Orchestra In G Major (Collab. With F.Provesi)
Elisabetta Scano – soprano
Cristina Gallardo-Domâs – soprano
Juan Diego Flóres – tenor
Kenneth Tarver – tenor
Eldar Aliev – bass
Michele Pertusi – bass
Orchestra Sinfonica e Coro Sinfonico di Milano Giuseppe Verdi
Riccardo Chailly (2001)

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Verdi – Obras da Juventude 01 (1832-1836)

Ammiratore

F. J. Haydn (1732-1809): A Criação (McCreesh)

F. J. Haydn (1732-1809): A Criação (McCreesh)

A coisa é meio cômica — o fato é que Haydn sempre foi “acusado” de ser muito alegre em suas Missas e Oratórios. Bem, eu não sou nada religioso e acho que um oratório que faz o elogio das realizações divinas ao criar o mundo deveria ser mesmo meio alegre. Afinal, foram seis dias de muito trabalho. Não há árias ou corais que eu considere memoráveis, mas o Oratório é sempre bom. A Representação do Caos — bem no início da obra — é certamente um de seus pontos mais altos. McCreesh é um excepcional maestro para este tipo de repertório e não decepciona com sua turma historicamente informada.

A Criação (originalmente Die Schöpfung, aqui traduzido para o inglês como The Creation) é um oratório dividido em três partes, escrito em 1797 por Haydn. Seu texto, com versões em alemão e inglês, é baseado no livro do Gênesis, no livro de Salmos e no poema O Paraíso Perdido, de John Milton. Este oratório, que faz parte do Classicismo, apresenta algumas semelhanças com o período Barroco devido ao uso do contraponto em várias passagens, como pode ser constatado nos coros Stimm an die Saiten, ergreift den Leier! (um dos mais famosos do oratório), na primeira parte, e Singt den Herren, alle Stimmen, que encerra o oratório. Ao mesmo tempo, muitos musicólogos veem também neste oratório um prenúncio do Romantismo, especialmente na abertura sinfônica, chamada A Representação do Caos, utilizando estruturas melódicas adotadas mais tarde por Richard Wagner, bem como a dramaticidade instrumental de algumas passagens, típicas dos poemas sinfônicos de compositores como Hector Berlioz.

F. J. Haydn (1732-1809): A Criação (McCreesh)

Part One

The First Day
1-1 Introduction: The Representation Of Chaos 6:19
1-2 Recitative And Chorus : “In The Beginning God Created The Heaven And The Earth” 3:11
1-3 Aria And Chorus : “Now Vanish Befor The Holy Beams” 4:07

The Second Day
1-4 Recitative : “And God Made The Firmament” 2:02
1-5 Solo With Chorus : “The Glorious Heav’nly Hierarchy” 2:16

The Third Day
1-6 Recitative : “And God Said : Let The Waters ..” 0:39
1-7 Aria : “Rolling In Foaming Billows” 4:10
1-8 Recitative : “And God Said: Let The Earth Bring Forth Grass” 0:30
1-9 Aria : “With Verdure Clad The Fields Appear” 5:12
1-10 Recitative : “And The Heavenly Host The Third Day Proclaimed” 0:11
1-11 Chorus: “Awake The Harp, The Lyre Awake” 2:10

The Forth Day
1-12 Recitative : “And God Said : Let There Be Light.. ” 0:40
1-13 Recitative : “In Brightest Splendour Rises Now The Sun” 3:06
1-14 Chorus And Trio : “The Heavens Are Telling The Glory Of God” 4:09

Part Two

The Fifth Day
1-15 Recitative : “And God Said : Let The Waters Bring ..” 0:31
1-16 Aria : “On Mighty Pens Uplifted Soars The Eagle” 8:10
1-17 Recitative : “And God Created Great Whales” 2:38
1-18 Recitative : “And The Angels Struck Their Immortal Harps” 0:18
1-19 Trio And Chorus : “Most Beautiful Appear, With Verdure Young Adorn’d” 6:53

The Sixth Day
1-20 Recitative : “And God Said : Let The Earth Forth The Living Creature” 0:24
1-21 Recitative : “Straight Opening Her Fertile Womb” 3:27
1-22 Aria : “Now Heaven In Fullest Glory Shines” 3:38
1-23 Recitative : “And God Created Man” 0:49
1-24 Aria : “In Native Worth And Honour Clad” 3:54
1-25 Recitative : “And God Saw Everything That He Had Made” 0:21
1-26 Chorus And Trio (Gabriel, Uriel, Raphael): “Achieved Is The Glorious Work” 9:43

Part Three
2-1 Recitative : “In Rosy Mantle Now Appears” 4:22
2-2 Duet With Chorus : “By Thee With Bliss, O Bounteos Lord” 10:32
2-3 Recitative : “Our Duty Have We Now Perform’d” 2:16
2-4 Duet : “Graceful Consort!” 8:03
2-5 Recitative : “O Happy Pair” 0:33
2-6 Chorus: “Praise The Lord, Uplift Your Voices” 3:43

Baritone Vocals – Peter Harvey
Bass Vocals – Neal Davies
Choir – Chetham’s Chamber Choir
Conductor – Paul McCreesh
Contralto Vocals – Ruth Massey
Orchestra – Gabrieli Consort, Gabrieli Players
Soprano Vocals – Miah Persson, Sandrine Piau
Tenor Vocals – Mark Padmore

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A criação de Adão, revisada por Harmonia Rosales.

PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Der Katzenkorb/O Balaio de Gatos [atualizado em 18/12/2020]

Pensavam que tinha acabado?

Até tinha – mas não para os completistas compulsivos.

ooOoo

Fim de aniversário, pança cheia, ressaca (em vocês que bebem, claro). Chega a hora de arrumar os destroços deixados pelos convivas, a quem despachamos para suas casas com o que restou do festim pantagruélico, de catar, também, objetos aleatórios por eles esquecidos – e, para mim, de ouvir as queixas dos completistas.

Os “gatos” do título são obras de Beethoven que, por vários motivos, não foram publicados no corpo principal de nossa finada série. São, primariamente, só bagatelas e curiosidades, e versões preteridas de peças publicadas. Há, volta e meia, algo de maior valor – como uma versão alternativa do extraordinário movimento de abertura do quarteto em Dó sustenido menor -, mas quase tudo é esquecível. Como sempre haverá o completista pronto a dizer que “ah, tem aquele cânone que Beethoven escreveu para o jornaleiro de Heiligenstadt” ou “ih, vocês esqueceram daquela bagatela que Beethoven deixou como promissória na bodega de Gneixendorf”, achei necessário reunir todas as sobras no mesmo saco, que aqui ficará para quem o quiser abrir.

Esta postagem restará, então, necessariamente inconclusa. Beethoven não era um Hindemith, que praticamente tossia sonatas, mas deixou muita coisa rabiscada e espalhada entre suas tralhas, mas sempre que descobrirem alguma nova obra, e dela houver alguma gravação – e nem que sejam duas notas largadas num papel de embrulho -, eu a colocarei aqui.

Pois bem: o balaio começa com alguns grupos de gatos, que não achei suficientemente importantes para entrarem na série, e termina com os gatos soltos, espremidos num só arquivo que, imaginamos, crescerá vagarosamente nas décadas vindouras.

BEETHOVEN – THE YOUNG PROMETHEUS

Esse LP contém doze estudos de contraponto que Beethoven escreveu durante seus estudos com Kapellmeister Albrechtsberger, alguns dos quais não tinham aparecido antes na série. Eles foram orquestrados por Alex Brott, que também rege a função. A ripagem não é minha, e não consegui as faixas separadamente, então vão os doze gatinhos num faixa só:

1 –  Prelúdio e fuga em Fá maior, Hess 30
2 – Fuga em Lá menor, Hess 238 no. 6
3 – Prelúdio e fuga em Dó maior, Hess 31
4 – Prelúdio e fuga em Mi menor, Hess 29
5 – Fuga coral em Sol maior, Hess 239 no. 3
6 – Fugue em Si bemol maior, Hess 238 no. 5
7 – Fuga alla duodecima, em Ré menor, Hess 243 no. 5
8 – Fuga dupla com três temas em Fá maior, Hess 244 no. 2
9 – Fuga alla duodecima, em Dó maior, Hess 243 no. 4
10 – Fuga em Dó maior, Hess 238 no. 3, seguida por uma repetição de Hess 243 no. 4
11 – Fuga coral em Fá maior, Hess 239 no. 1
12 – Fuga dupla com três temas, em Ré menor, Hess 244 no. 1

The Canadian Broadcasting Corporation Festival Orchestra
Alex Brott, regência

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BEETHOVEN – DAS ORGELWERK

Essa gravação do alemão (difícil ser mais alemão que esse nome) Wilhelm Krumbach deveria chamar-se “Orgelwerke” (“Obras para órgão”), e não “Das Orgelwerk” (“A Obra para Órgão”), porque o disco deixa de fora mais da metade das composições de Beethoven para o instrumento. Em compensação, há o chamado “Ciclo de Fugas sobre Temas de Johann Sebastian Bach”, com algumas fugas que não achei em qualquer outro lugar. O nome é uma propaganda enganosa, pois trata-se duma série de exercícios de contraponto e fuga para Albrechtsberger que jamais se pretendeu que fosse ouvida como um ciclo. Os temas, também, não são de Bach – alguns são do próprio professor, e outros, de Johann Joseph Fux (ca. 1660-1741), autor do Gradus ad Parnassum, o tratado de composição do qual ninguém escapava na época.

“Suíte para órgão” (mais apropriadamente, Peças para um Flötenuhr, WoO 33)
1 – Adagio
2 – Scherzo
3 – Allegro

Prelúdio em Fá menor, WoO 55
4 – Prelúdio

Dois prelúdios em todas as tonalidades, Op. 39
5 – No. 1

Fuga em Dó maior, WoO 215
6 – Fuga

Trio-sonata em Mi menor
7 – Adagio
8 – Fuga

“Ciclo de fugas em Ré menor sobre temas de J. S. Bach”
9 – Fuga a três vozes
10 – Fuga a quatro vozes
11 – Fuga coral a quatro vozes
12 – Fuga dupla
13 – Fuga cromática a 4 vozes
14 – Fuga com três temas

Wilhelm Krumbach, órgão

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Por fim, aqui vão os gatos soltos. As faixas não estão numeradas, e sim organizadas conforme a catalogação, a fim de facilitar reorganizações futuras, se houver adições ao arquivo. Prometo que em breve coloco o nome dos artistas.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

DER KATZENKORB  (“O BALAIO DE GATOS”)

Hess 25 – Finale original do trio para violino, viola e violoncelo em Mi bemol maior, Op. 3
Hess 38 – Arranjo para quinteto de cordas da fuga em Si bemol menor, BWV 867, de “O Cravo bem Temperado” de J. S. Bach
Hess 40 -Prelúdio e fuga para quinteto de cordas em Ré Menor
Hess 41 – Quinteto para cordas em Dó maior (fragmento, arranjo para piano solo) – versão incompleta, diferente da antes publicada, que foi completada por Anton Diabelli
Hess 201 – Bonny Laddie, Highland Laddie (versão com variante na parte de violino)
Op. 108 – 25 canções escocesas, nº 4, The Maid of Isla [1ª versão]
Op. 108 – 25 canções escocesas, nº 4, The Maid of Isla [2ª versão]
Op. 108 – 25 canções escocesas, nº 7, Bonnie Laddie, Highland Laddie [1ª versão]
Op. 108 – 25 canções escocesas, nº 7, Bonnie Laddie, Highland Laddie [2ª versão]
Op. 108 – 25 canções escocesas, nº 11, O! Tu és o rapaz do meu coração [1ª versão]
Op. 108 – 25 canções escocesas, nº 20, Faithfu ‘Johnie [1ª versão]
Op. 131 – Quarteto para cordas nº 14 em Dó sustenido menor – I. Adagio ma non troppo e molto espressivo (versão alternativa)
WoO 18 – Marcha em Fá maior, 2ª versão (Hess 6)
WoO 18 – Marcha em Fá maior, 3ª versão (Hess 7)
WoO 18 – Marcha em Fá maior, Yorkscher Marsch
WoO 19 – Marcha em Fá Maior
WoO 19 – Marcha em Fá maior, 2ª versão (Hess 8)
WoO 19 – Marcha em Fá maior, 3ª versão (Hess 9)
WoO 63 –Nove variações em uma marcha de Dressler – versão revisada em 1803 (fortepiano)
WoO 63 – Nove variações em uma Marcha de Dressler – versão revisada em 1803 (piano)
WoO 64 – Seis variações sobre uma canção suíça em Fá maior – versão para harpa
WoO 116 – Que le temps me dure, WoO 116- 2ª versão (Hess 130)
WoO 153 – 20 canções irlandesas, nº 13, ‘Tis Sunshine at Last
WoO 153 – 20 canções irlandesas, nº 11, When Far from the Home [versão alternativa]
WoO 153 – 20 canções irlandesas, nº 12, I’ll Praise the Saints [1ª versão]
WoO 153 – 20 canções irlandesas, nº 15. ‘Tis But in Vain, for Nothing Thrives
WoO 153 – 23 canções irlandesas, nº 5, I Dream’d I Lay Where Flow’rs Were Springing
WoO 154 – 12 canções irlandesas, nº 9, Oh! Would I Were but That Sweet Linnet  [1ª versão]
WoO 155 – 26 canções galesas, nº 7, O Let the Night My Blushes Hide [2ª versão]
WoO 155 – 26 canções galesas, nº 14, The Dream [1ª versão]
WoO 155 – 26 canções galesas, No. 19, The Vale of Clwyd [1ª versão]
WoO 155 – 26 canções galesas, nº 20, To the Blackbird [1ª versão]
WoO 158a – 23 canções de várias nacionalidades, nº 19, Una paloma blanca [1ª versão]
WoO 209 – Minueto em Lá Bemol Maior, para quarteto de cordas

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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – Beethoven Reimagined – Prokofiev – Segal


Bem, para a saideira do BTHVN250 eu escolhi um disco que talvez ponha a perder todo crédito que possa ter ganhado junto a vocês em função de meu trabalhão de trazer-lhes a obra completa do renano.

O disco começa relativamente convencional, com um bom arranjo da sonata para violino, Op. 30 no. 2, reimaginada como peça orquestral pelo regente Yaniv Segal e por Garrett Schumann, que não tem relação com o saxão. Em seguida, uma engenhosa suíte de Fidelio que nos conduz em meia hora, e de modo muito eficiente, por toda narrativa da mais obra mais complicada que Beethoven pariu. Um Fidelio com restrições orçamentárias? É, talvez.

Por fim…

Ok, confesso que olhei a palavra remix e esperei o pior. Gabriel Prokofiev? “Compositor e DJ russo”, respondeu-me a googleada… Hmmmm, DJ com sobrenome de compositor? Fui ver, e constatei que Gabriel é filho de Oleg Sergeievich, que é filho de…

Sim: Sergei Sergeievich.

Acabou que Gabriel é neto do homem. Resolvi dar-lhe uma chance, nem que fosse pelo pedigree, e admito que me surpreendi. Seu Beethoven9 Symphonic Remix é uma manipulação eletrônica da Nona que, embora imagine que vá soar herética à maioria de vós outros, soou-me melhor que a expectativa. Não sei se a posso recomendar, mas, por via das dúvidas, eu a postarei às três da madrugada e… sairei correndo.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para violino e piano em Dó menor, Op. 30 no. 2
Orquestrada por Garrett Schumann (1987) e Yaniv Segal (1981)

1 – Allegro con brio
2 – Adagio cantabile
3 – Scherzo: Allegro
4 – Finale: Allegro


Yaniv Segal (1981), sobre obra de Ludwig van BEETHOVEN

A Fidelio Symphony, para orquestra, baseada na ópera Fidelio de Ludwig van Beethoven

5 – I. Einleitung
6 – II. Aktion
7 – III. Apotheose


Gabriel PROKOFIEV (1975)

Beethoven9 Symphonic Remix

8 – I. Presto
9 – II. Allegro assai
10 – III. Freunde, haben wir ein neues Babel: Presto
11 – IV. Freude Schöner GötterFUNKen: Allegro assai
12 – V. Über Sternen (Beyond Stars): Andante Maestoso a mezzo tempo
13 – VI. Alla marcia
14 – VII. Ode finale: Molto vivace ma tranquillo

Gabriel Prokofiev, eletrônicos
BBC National Orchestra of Wales
Yaniv Segal, regência

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Vassily

 

 

BTHVN250 – Inspirados por Beethoven (Andriessen – Dean – Lindberg – Oehring – Rouse – Turnage)

Calma: estamos quase arrematando nossa homenagem a Beethoven pelo natalício. Como prometemos folga ao velho homem, deixaremos alguns de seus colegas contemporâneos aqui mostrarem a que vieram e o que fizeram com que Ludwig nos deixou.

Para começar, duas obras do australiano Brett Dean – que estudou na Alemanha e foi violista da Filarmônica de Berlim. Testament, naturalmente, refere-se ao Testamento de Heiligenstadt e aborda as sensações e sentimentos de Beethoven ante a inexorável surdez. A abertura, com sussurros do sopros e cordas tocadas com arcos sem breu, evoca a respiração do compositor e sua pena a singrar o papel. A irrupção de temas do primeiro dos quartetos “Razumovsky”, com o brilhante fugato, lembra a firme resolução com que, depois contemplar o suicídio, deixou Heiligenstadt para os vinte e cinco anos que lhe restaram de vida. Pastoral Symphony costuma, claro, ser pareada com a Sexta Sinfonia do renano. Após uma bucólica abertura festiva, surgem os sons que sugerem a devastação da Natureza que Beethoven evocou, e que o próprio Dean encontrou quando voltou para a Austrália. Em suas próprias palavras, “levem em conta nosso incansável e desrespeitoso saque das florestas e áreas selvagens do mundo, tudo em nome de mais consumo, autoestradas, estacionamentos e conveniência… Essa peça é sobre o glorioso canto dos pássaros, a ameaça que ele sofre, a perda, e o ruído sem alma que nos resta quando eles terminarem”.

O alemão Helmut Oehring, filho de surdos, cresceu com todos motivos para admirar e compreender Beethoven. Em GOYA I – Yo lo vi, ele lembra as trajetórias paralelas do renano e de seu contemporâneo espanhol, Francisco de Goya, cujas surdezes começaram na mesma época, levando-os ao isolamento. A atração inicial e posterior rejeição aos ideais napoleônicos também é abordada na obra, bem como os testemunhos oculares que ambos foram dos horrores da guerra (Yo lo vi refere-se a uma famosa gravura de Goya, que representa uma dramática cena com vítimas civis). Há citações da Eroica e da Vitória de Wellington – representativas da desilusão com Napoleão e da celebração de sua derrota -, bem como de concertos para piano e do sublime quarteto Op. 132. Os Two Episodes do finlandês Magnus Lindberg, por sua vez, servem como prelúdio para a Nona Sinfonia. Escritos para as mesmas forças orquestrais da obra mais velha, eles evocam, em ordem, o poderoso tutti do primeiro movimento e o Adagio molto e cantabile, numa homenagem ao compositor que, para Lindberg, “sempre representou o que significa ser um compositor contemporâneo”.

A provocativa The nine symphonies of Beethovende Louis Andriessen, foi composta para “orquestra e sineta de sorveteiro”. Estreada em 1970, durante o bicentenário do compositor, ela não manifesta qualquer objeção a Beethoven, e sim acerca da predominância de suas sinfonias no repertório, em detrimento de música contemporânea. Ela é, grosso modo, um mexidão das nove sinfonias em ordem cronológica, com intervenções de outros gêneros mais modernos (alguns ultramodernos), das onipresentes Pour Elise Sonata ao Luar, uma participação especial do Barbeiro de Sevilha e, claro, da sineta do sorveteiro.

Nossa compilação se encerra com duas obras de maior escopo. A primeira, a Sinfonia no. 5 do estadunidense Christopher Rouse, serve como homenagem explícita ao renano, que primeiro o impressionou aos tenros seis anos, justamente com sua Quinta Sinfonia. Quando chegou a sua vez de escrever sua Quinta, Rouse resolveu abri-la com a mesma famosa célula rítmica da contraparte, seguindo um plano semelhante ao dela, embora com linguagens completamente diferentes. Por fim, Frieze, de Mark-Anthony Turnage, cujo nome se refere ao “Friso Beethoven” de Gustav Klimt, obra fundamental do Palácio da Secessão em Viena,  foi composta para servir de prelúdio à Nona Sinfonia a pedido da mesma Royal Philharmonic Society que primeiramente a encomendou ao renano, e segue em seus quatro movimentos os mesmos estados de ânimo da obra icônica.


Brett Dean (1961)

1 – Testament, para orquestra de câmara (2008)

Tasmanian Symphony Orchestra
Sebastian Lang-Lessing, regência

2 – Pastoral Symphony, para orquestra de câmara (2000)

Svenska Kammarorkestern
H. K. Gruber, regência


Helmut OEHRING (1961)

3 – GOYA I – Yo lo vi, para orquestra (2006)

SWR Symphonieorchester
Rupert Huber, regência


Magnus LINDBERG (1958)
Two Episodes (2016)

4 – No. 1
5 – No. 2

Finnish Radio Symphony Orchestra (Radion sinfoniaorkesteri)
Hannu Lintu, regência


Louis ANDRIESSEN (1939)

6 – The nine symphonies of Beethoven, para orquestra e sineta de sorveteiro (1970)

Holland Festival Orchestra
Louis Andriessen, regência

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Christopher ROUSE (1949-2019)

Sinfonia no. 5 (2017)

Nashville Symphony Orchestra
Giancarlo Guerrero, regência

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Mark-Anthony TURNAGE (1960)

Frieze, para orquestra (2012)

01 – I. Hushed and Expansive
02 – II. With Veiled Menace
03 – III.♩= 60
04 – IV.♩= 120

New York Philharmonic
Alan Gilbert,
regência

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Vassily

 

BTHVN250 – John Adams (1947) – Absolute Jest – Roll over Beethoven – Oundjian – Havlat – Moore


John Adams (1947) é um dos mais interessantes compositores de nossa época. Sua devoção pela obra de Beethoven (seu compositor favorito, junto com Bartók) despertou muito cedo, e iniciou por onde os fãs de Ludwig costumam terminar: os quartetos de cordas, principalmente as cinco obras-primas da maturidade (seis, se contarmos a Grande Fuga). Os dois quartetos de cordas de Adams refletem essa forte influência, sem tentar emulá-la – até porque ele, enfim, sabe do que Beethoven é feito.

Entre suas obras recentes, Absolute Jest (2011) é uma das que se baseiam literalmente em obras de Beethoven. Este scherzo para quarteto de cordas e orquestra usa fragmentos – às vezes, meros gestos – dos grandes quartetos Opp. 131 e 135 e da Grande Fuga supracitada. A quase meia hora de composição é uma jornada frenética, à altura das melhores obras de Adams, em que as partículas beethovenianas surgem, espalham-se e reagrupam-se das maneiras mais surpreendentes. O compositor sempre admirou a “energia extática” de Beethoven e como ele era “mestre em tomar a mínima quantidade de informação e transformá-la em estruturas fantásticas, expressivas e energizadas”. A julgar por esta gravação, capitaneada por alguém que conhece muito bem os quartetos do renano – Peter Oundjian, o primeiro violino do Tokyo String Quartet em sua melhor formação -, Adams segue com dedicação os passos do mestre, que, não duvido, aprovaria o resultado.

A outra obra de Adams que lhes trago, Roll over Beethoven (2012), apesar do nome, nada tem de chuckberryano, além da energia. Baseado no Second Quartet, a partir do qual foi habilmente transcrito por Preben Antonsen para dois pianos, ele devolve aos teclados os fragmentos de temas tomados à sonata Op. 110 e às Variações Diabelli para desenvolvimento no quarteto de cordas. Adams pretendia levar “esses pequenos fractais musicais para um grand tour duma sala de espelhos harmônica e rítmica”. Cheia de dinamismo e muito transparente, parece-me mais bem-sucedida que o próprio Second Quartet e é uma adição formidável ao repertório para a formação.

John ADAMS (1947)

Absolute Jest, para quarteto de cordas e orquestra (2011)

1 – Beginning
2 – Presto
3 – Lo stesso tempo
4 – Meno mosso
5 – Vivacissimo
6 – Prestissimo

Doric String Quartet
Royal Scottish Symphony Orchestra
Peter Oundjian, regência

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Roll over Beethoven, para dois pianos
Arranjo de Preben Antonsen (1991)

1 – Allegro molto
2 – Andantino

Joseph Havlat e Philip Moore, pianos

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Vassily

BTHVN250 – Reflections (Shchedrin – Šerkšnytė – Staud – Mochizuki – Kancheli – Widmann) – Jansons

No jubileu do grande homem, deixemo-lo descansar – e que ele receba homenagens dos compositores, cujo ofício foi revolucionado pela marcante passagem do renano por esse mundo.

Ao gravar sua integral das sinfonias de Beethoven com os bávaros da rádio, ocorreu ao maravilhoso Mariss Jansons encomendar a compositores contemporâneos algumas reflexões sobre o Mestre. As respostas, que ouvirão no disco a seguir, não só comentam as sinfonias, como também tentam evocar sentimentos e sensações associadas a Beethoven.  Não à toa, o Testamento de Heiligenstadt e a surdez lhes são temas recorrentes.

Maniai (“Fúrias), de Johannes Maria Staud, por exemplo, evoca a espiral descendente de cólera em que Beethoven mergulhou ao constatar a surdez, entre a composição da Primeira e da Segunda sinfonias. Rodion Shchedrin, em contrapartida, oferece uma peça que se projeta das trevas para a luz, como se o desespero e a contemplação suicida de Heiligenstadt se transfigurassem na resolução de viver (e sobreviver) através da Arte. Fires, da lituana Raminta Šerkšnytė, conjura sons associados à própria perda auditiva, enquanto Dixi (“Eu disse”), do georgiano Giya Kancheli, serve como eloquente comentário à Nona Sinfonia.

Ainda que as obras sustentem-se bem por si sós, elas foram concebidas para serem ouvidas em determinados lugares dentro da série de sinfonias de Beethoven. Assim, sugiro que, depois de baixarem o disco, aproveitem os links que disponibilizarei logo abaixo para as gravações das sinfonias, a fim de que possam desfrutar dessas instigantes reflexões dentro dos contextos pretendidos por seus compositores.

Johannes Maria STAUD (1974)

1 – Maniai
[ouvir entre a Primeira e a Segunda Sinfonias]

Misato MOCHIZUKI (1969)

2 – Nirai
[ouvir entre a Segunda e a Sexta Sinfonias]

Rodion Konstantinovich SHCHEDRIN (1932)

3 – Beethovens Heiligenstadter Testament, fragmento sinfônico para orquestra
[ouvir após a Terceira sinfonia]

Raminta ŠERKŠNYTĖ (1975)

4 – Fires I. Misterioso
5 – Fires II. Con brio
[ouvir antes da Quinta Sinfonia]

Giya KANCHELI (1935-2019)

6 – Dixi, para coro e orquestra
[ouvir após a Nona Sinfonia]

Jörg WIDMANN (1973)

7 – Con brio, abertura de concerto para orquestra
[ouvir entre a Sétima e a Oitava Sinfonias]

Chor und Orchester des Bayerischen Rundfunks
Mariss Jansons, 
regência

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BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – Max Reger (1873-1916): Variações sobre um tema de Beethoven, Op. 86 – Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Fuga, K. 426 e Sonata, K. 448/375a – Ferruccio Busoni (1866-1924): Fantasia Contrappuntistica, BV 256b – András Schiff – Peter Serkin

Ao longo de seus quarenta e cinco anos de carreira, Beethoven tomou emprestados dezenas de temas a seus colegas compositores. No começo, ele o fazia simplesmente porque a forma do tema com variações era muito popular entre os compositores-pianistas, e era praxe lucrativa compor sobre árias e canções em voga. Ao estabelecer-se como o melhor pianista de Viena, ele acostumou-se a usar temas alheios – às vezes já conhecidos, outras vezes ditados pelo público ou mesmo por rivais – para exibir seu talento como improvisador, pelo qual foi por um bom tempo até mais famoso do que como compositor. Por fim, e principalmente nas Variações “Diabelli”, ele mostrava a sua incomparável capacidade de transformar o mais frugal dos temas ao decompô-lo, parodiá-lo e reinventá-lo, enquanto exibia seu enciclopédico conhecimento das capacidades do teclado.

O bicho era tão bom nisso que não surpreende que poucos compositores depois dele tenham tomado seus temas para comporem variações – ninguém, enfim, quer mostrar seus pés pequenos sambando dentro de tão grandes chinelas. Um dos poucos insensatos a fazê-lo foi Max Reger…

ECCE HOMO (DP)

… que, só pela cara, a gente já vê que manjava de todos os paranauê.

De fato, sua vasta e mormente desconhecida obra demonstra duma forma quase fanfarronística seu domínio das técnicas de composição. Escrever fugas, por exemplo, parecia-lhe um passatempo. Compor variações E fuga sobre um tema de Beethoven, então, jamais o intimidaria – foi ele, enfim, o homem responsável pela transcrição de muito da obra de J. S. Bach para duo pianístico, o que fez com muita competência e resistindo firme à tomatina que lhe jogaram.

As “Variações e Fuga sobre um Tema de Beethoven” (1904) são uma obra fundamental do repertório para duo, e aliás uma das poucas composições de Reger que, infelizmente, aparecem com alguma frequência em qualquer repertório. O tema que escolheu foi o da breve bagatela para piano em Si bemol maior, Op. 119, no. 11, que ele passa por um rigoroso corredor-polonês contrapontístico que culmina – como era seu costume em obras com variações – com uma assertiva fuga final. Anos mais tarde, ele orquestraria oito das doze variações, mas a roupagem sinfônica não conquistou a relativa popularidade do original.

Neste álbum duplo que lhes apresento, a obra ganha um ótimo tratamento por dois artistas de primeiríssima. András Schiff e Peter Serkin apresentaram o repertório do disco numa série de recitais ao longo de 1999, para enfim gravá-lo em New York, e é evidente que se deram muito bem no processo. Tenho pena, só, das duas singelas obras de Mozart, eclipsadas pelas variações de Reger e pela tonitruante Fantasia Contrappuntistica de Busoni que, apesar de inicialmente intitulada Grosse Fuge, homenageia a “Arte da Fuga” de J. S. Bach. Talvez seja demais para uma quinta-feira à tarde, então compreenderia se, para prevenirem a saturação sensorial (se é que eu já não os saturei para sempre com tanto Beethoven), vocês salvassem o álbum para ouvi-lo depois dum bom tempo longe de mim.



Wolfgang Amadeus MOZART
 (1756-1791)

Fuga em Dó menor para dois pianos, K. 426
1 – Allegro Moderato

Johann Baptist Joseph Maximilian REGER (1873-1916)

Variações e fuga sobre um tema de Beethoven para dois pianos, Op. 86
2 – Thema: Andante
3 – Un poco più lento
4 – Agitato
5 – Andantino grazioso
6 – Andante sostenuto
7 – Appassionato
8 – Andante sostenuto
9 – Vivace
10 – Sostenuto
11 – Vivace
12 – Poco vivace
13 – Andante con grazia
14 – Allegro pomposo
15 – Fuge: Allegro con spirito

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Dante Michaelangelo Benvenuto Ferruccio BUSONI (1866-1924)

Fantasia Contrappuntistica para dois pianos, BV 256b
1 – Choral-Variationen
2 – Fuga I
3 – Fuga II
4 – Fuga III
5 – Intermezzo
6 – Variatio I
7 – Variatio II
8 – Variatio III
9 – Cadenza
10 – Fuga IV
11 – Corale
12 – Stretta

Wolfgang Amadeus MOZART

Sonata em Ré maior para dois pianos, K. 448/375a
13 – Allegro con spirito
14 – Andante
15 – Allegro Molto

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András Schiff e Peter Serkin, pianos

Vassily

BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Christian Gottlob Neefe (1748-1798) – Joseph Haydn (1732-1809) – Johann Albrechtsberger (1735-1809) – Beethoven and his Teachers – Rachmanov – Bryant

Depois que publiquei o epílogo de nossa travessia da integral da obra beethoveniana, um querido colega procurou-me aqui em minha jaulinha no subsolo da PQP Tower. Ele me agradeceu pelas postagens e comentou que eu adotara uma abordagem à Benjamin Button, descrevendo, às portas do aniversário de Beethoven e com toda riqueza de excretas e coágulos, as miseráveis semanas finais de nosso herói.

O colega, que tem toda razão no comentário, completou, com seu habitual bom humor, que esperava “sangue e pústulas” na descrição do nascimento de Ludwig, que aconteceu em algum dia próximo ao 17 de dezembro em que foi batizado.

Registro de nascimento de Beethoven na paróquia de São Remígio em Bonn. “17ma [Decima septima] Xbris [Decembris]. Parentes: D: Joannes van Beethoven & Helena Keverichs, conjuges. Proles: Ludovicus. Patrini: D: Ludovicus van Beethoven & Gertrudis Müllers dicta Baums” (“17 de dezembro. Pais: Johann van Beethoven & Helena [Magdalena] Keverich, casados. Criança: Ludwig. Padrinhos: Ludwig van Beethoven [avô do compositor] & Gertrude Müller, nascida Baum [vizinha]”

Temia decepcioná-lo, pois Ludovicus van Beethoven era um Zé-Ninguém (ou, talvez, uns “Niemand-Hans”) quando nasceu na casinha da Bonngasse, no. 20. Assim, diferentemente de sua morte, cinquenta e seis anos depois, quando era amplamente reconhecido como o maior músico da Europa, não há qualquer registro preciso nem da data, nem  das circunstâncias em que ocorreu seu nascimento. Suponho que não houvesse pústulas, pois elas costumam surgir em infecções, e naquela época elas costumavam matar os recém-nascidos. O sangue, no entanto, me parece assegurado: o parto, afinal, sempre foi uma cena poderosa, talvez bela, e invariavelmente brutal.

Assegurado, também, era que Ludwig se tornaria músico – ou, pelo menos, que tentariam transformá-lo num. Afinal, seu avô e padrinho, nascido Lodewijk na flamenga Mechelen, mas que adorarei chamar de Ludwig van Beethoven, o Velho, chegara a Bonn para ser baixo e galgara a hierarquia musical da corte do Eleitor de Colônia até chegar ao cargo de Kapellmeister. Seu único filho que sobreviveu à infância, Johann, seria tenor na mesma corte e, após casar-se com a cozinheira Maria Magdalena Keverich, deu ao mundo nosso herói daqueles meados de dezembro de 1770.

Digo 1770, mas se o dissesse a Ludwig, o Jovem, ele não acreditaria em mim, pois jurou de pés juntos uma boa parte da vida que nascera em 1772. Quando lhe apresentaram um certificado baseado no registro de batismo, dando conta de que um Ludwig van Beethoven nascido em 1770, ele escreveu no verso dele o seguinte:

Es scheint der Taufschein nicht richtig, da noch ein Ludwig vor mir. Eine Baumgarten war glaube mein Pathe
(“A certidão de batismo não parece correta, há outro [ou é um outro] Ludwig antes de mim. Eu acho que uma Baumgarten era minha madrinha”)

E assinava:

“1772.   Ludwig van Beethoven”

Teimosia? Certamente, e muita – e legendária! -, mas Ludwig tinha seus motivos para acreditar no engano. Seu pai, Johann, era um sujeito avaro e truculento (e deixo barato ao assim chamá-lo), que enxergou na óbvia aptidão do primogênito uma potencial mina de ouro, ao torná-lo um menino-prodígio. Sob muita violência física e psíquica, tentou forjar um Wunderkind e, quando o apresentou em público pela primeira vez em Colônia, em 1778, alegava que ele tinha seis anos. Quando o garoto publicou sua primeira obra, em 1772, o frontispício atribuía-lhe apenas dez.

“Variações para o cravo sobre uma marcha do Sr. Dresler [sic] – Compostas e dedicadas à Sua Excelência Madame Condessa de Wolfmetternich, nascida Baronesa de Afsebourg [sic] por um jovem amador, Louis de Betthoven [sic], com dez anos de idade”

Ludwig teve vários professores na infância – incluindo o próprio pai, Johann; Gilles van den Eeden, organista da corte; Tobias Friedrich Pfeiffer, professor de piano; e Franz Rovantini, que lhe ensinou violino e viola. A pedagogia era incorporada aos maus tratos. Sem nem mencionar os do pai, a quem Ludwig odiaria por toda a vida, o tal Pfeiffer tinha insônia e tirava o menino da cama de madrugada para obrigá-lo a estudar. O primeiro professor de quem guardou boas lembranças foi Christian Gottlob Neefe, um saxão luterano que só foi empregado na corte católica de Bonn porque o novo Eleitor de Colônia, Maximilian Franz, era razoavelmente liberal e aberto a todas artes e artistas. Neefe certamente não era um músico brilhante, mas era culto e amável com o menino, para quem arranjou o cargo de seu assistente como organista da corte e também a publicação das variações “Dressler” em Mannheim. O competente moleque não se tornaria um menino-prodígio, apesar de sua grande capacidade, e só atrairia alguma atenção quando adolescente. A morte da querida mãe piorou a situação doméstica, que só afundava com o alcoolismo de Johann. Em 1792, como já lhes contei em outra postagem, Ludwig deixou Bonn para nunca mais retornar. Seus destinos eram Viena e Haydn, o maior compositor europeu vivo, com quem estudaria sob o patrocínio do Eleitor de Colônia. Os estudos com Papa foram erráticos e, a seu ver, insatisfatórios. Depois de causar uma saia-justa ao velho mestre, a quem mentiu sobre composições novas que tinham sido compostas em Bonn, e que deve ter ficado com cara de tacho quando escreveu ao Eleitor de Colônia citando-as como obras novas, terminaram de comum acordo a relação pedagógica. Embora nunca poupasse acidez ao falar dos estudos com o Mestre de Rohrau, Beethoven admitiria paulatinamente que os estudos com ele lhe foram importantes. Mais tarde, como também já lhes contamos, Ludwig tomaria lições de contraponto com Albrechtsberger, o organista e Kapellmeister da Stephansdom, na capital imperial – um sujeito que eu, confesso, escolheria só pelo sobrenome para ter aulas de contraponto.

[e acharam que eu não mencionaria aqueles hilariantes concertos para marranzano? Pois se enganaram]

Vocês já devem ter deduzido que eles meus chalalás sobre os professores de Beethoven tinham só a finalidade de introduzir-lhes estas gravações. Pois bem: além da integral de Ludwig para piano a quatro mãos, na qual somente a transcrição da Grande Fuga é digna de nota, este ótimo álbum duplo traz obras dos ditos-cujos – o que é ótimo, pois é sempre uma dureza apresentar o repertório beethoveniano para duo pianístico. Não que estas sejam lá coisas inesquecíveis, mas os arranjos de Neefe para trechos da “Flauta Mágica” são muito simpáticos, e a fuga de Albrechtsberger pareceu a primeira obra do homem a merecer algum lugar no repertório. O ponto alto, para mim, é o divertimento de Haydn. Baseado no tema do “Ferreiro Harmonioso” e alcunhado “‘Il Maestro e lo Scolare” (“O Mestre e o Aluno”), descreve a relação de ambos. A obra foi composta antes de Haydn conhecer o aluno mais famoso, e fico imaginando, se ele a compusesse depois disso, se o “tema com variações” e o “minuetto” não seriam substituídos com um “Grave con furia” e um “Andante con molta malinconia”. E me redimo da infeliz piada de tiozão comentando que a escolha de fortepianos para executar as obras foi muito feliz, e que a Grande Fuga, em particular, soa muito satisfatória no timbre dos instrumentos anciões.

Em tempo: apesar do que alega a ademais cuidadosa Naxos na capa do disco, o conde Waldstein não foi professor de Beethoven. Ele foi, sim, seu patrono e empregador – Beethoven foi o ghost writer do Ritterballet que Waldstein estreou num baile como seu próprio – e lhe forneceu o tema para as variações para piano a quatro mãos que está no disco, além de dedicatário da brilhante sonata “Waldstein” e autor do profético bilhete que adornou o livro de despedida de Ludwig, quando este partiu para Viena:


Lieber Beethowen!
Sie reisen itzt nach Wien zur Erfüllung ihrer so lange bestrittenen Wünsche. Mozart’s Genius trauert noch und beweinet den Tod seines Zöglinges. Bey dem unerschöpflichem Hayden fand er Zuflucht, aber keine Beschäftigung; durch ihn wünscht er noch einmal mit jemanden vereinigt zu werden. Durch ununterbrochenen Fleiß erhalten Sie: Mozart’s Geist aus Haydens Händen.

Bonn d 29t. Oct. 792. Ihr warer Freund Waldstein”

“Caro Beethowen!
Você viaja agora para Viena para realizar suas vontades tão longamente constritas. O gênio de Mozart ainda está de luto
e chorando pela morte de seu pupilo. Ele encontrou refúgio no inesgotável Hayden, mas não tinha emprego; através deste, ele deseja unir-se uma vez mais a alguém. Por meio de diligência ininterrupta você obtém: o espírito de Mozart das mãos de Hayden.

Bonn, 29 de outubro de [1]792. Seu querido amigo Waldstein”

 

Ludwig van BEETHOVEN (1770–1827)

Sonata para piano a quatro mãos em Ré maior, Op. 6 (1797)
1- Allegro molto
2 – Rondo: Moderato


Christian Gottlob NEEFE (1748–1798)

Seis peças fáceis para piano a quatro mãos, baseadas em trechos da ópera Die Zauberflöte, de Mozart (1793)
3 – No. 1: Der Vogelfänger bin ich ja
4 – No. 2: Bei Männern, welche Liebe fühlen
5 – No. 3: Soll ich dich, Teurer, nicht mehr seh’n
6 – No. 4: Das klinget so herrlich
7 – No. 5: Ein Mädchen oder Weibchen
8 – No. 6: Klinget, Glockchen, klinget


Ludwig van BEETHOVEN

Oito variações em Dó maior sobre um tema do conde Waldstein, para piano a quatro mãos, WoO 67 (1794)
9 – Thema – Variationen I-VIII


Johann Georg ALBRECHTSBERGER (1736–1809)

Prelúdio e fuga em Si bemol maior (1796)
10 – Sem indicação de andamento


Ludwig van BEETHOVEN

Três marchas para piano a quatro mãos, Op. 45 (1804)
11 – No. 1 em Dó maior
12 – No. 2 em Mi bemol maior
13 – No. 3 em Ré maior

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Ludwig van BEETHOVEN

Seis variações em Ré maior sobre a ária Ich denke dein, para piano a quatro mãos, WoO 74 (1805)
1 – Thema – Variationen I-VI

Maria Ferrante, soprano


Franz Joseph HAYDN (1732–1809)

Divertimento em Fá maior, Hob.XVIIa:1, “Il Maestro e lo Scolare”  (c.1766–1767)
2 – Tema con Variazioni
3 – Tempo di menuet


Ludwig van BEETHOVEN

Grande Fuga em Si bemol maior, para piano a quatro mãos, Op. 134 (1827)
4 – Overtura – Fuga – Meno mosso e moderato – Fuga – Coda

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Cullan Bryant e Dmitry Rachmanov, fortepianos (Caspar Katholnig, Vienna, ca. 1805–1810 e Johann Nepomuk Tröndlin, Leipzig, 1830)


Apesar desse famoso retrato, hoje no Kunsthistorisches Museum em Viena, ser conhecido como “Beethoven aos doze anos”, a Beethovenhaus de Bonn diz que não há provas de que ele seja autêntico. As bochechas vermelhas e os olhos desde já dardejantes me dizem que o menino é Ludwig. E vocês, o que acham?

 

Vassily

Lieber Ludwig, alles gute zum Geburtstag! – Índice das composições de Ludwig van Beethoven publicadas na série #BTHVN250

Ninguém sabe ao certo quando Beethoven nasceu – e nem ele sabia. Seu registro de batismo data de 17 de dezembro de 1770, e era a praxe no Eleitorado de Colônia que os bebês fossem registrados até o primeiro dia de vida. Assim, era muito provável que ele tivesse nascido mesmo em 16 de dezembro, dia que ele considerava seu natalício. Em sua Bonn natal, entretanto, a grande celebração anual de Beethoven sempre aconteceu no dia 17, no chamado “Dia Batismal”.

Os alemães acreditam que dar os parabéns antes do aniversário dá má sorte, mas eles próprios adoram o costume de reinfeiern, que consiste em iniciar as comemorações do natalício na véspera, antes da meia-noite. Os convivas chegam, cumprimentam o em-breve aniversariante sem dar-lhe os parabéns e, tão logo chega a meia-noite, cantam a inescapável musiquinha:

Como nosso herói era alemão, e ele não precisa de mais má sorte do que aquela tanta que teve durante sua passagem terrena, resolvi parabenizá-lo um minuto depois da meia-noite.

Os presentes, mundo afora, serão alcançados em todo lugar em que houver um seu fã, onde houver um músico, onde existir uma sala de concertos. Aqui, como já sabem, preferimos preparar nosso presente ao longo do ano, para que ele culminasse justamente nesses 16 e 17 de dezembro. E conseguimos: toda a obra publicada de Beethoven foi aqui apresentada, comentada e compartilhada em gravações até então inéditas no PQP Bach.

Para ajudá-los na navegação desse acervo, bem como a encontrar os textos que se referem as obras, preparamos este índice em que as composições estão listadas na ordem crescente dos principais catálogos dedicados a Beethoven: seu catálogo pessoal de obras (indicadas pelo número de Opus), o Kinsky-Halm (Werke ohne Opuszahl, WoO), o de Willy Hess (Hess) e o de Giovanni Biamonti (Bia).

Cabe lembrar que, embora a maioria das obras apareça em todos os catálogos, algumas são específicas àqueles mais recentemente atualizados (caso do Biamonti, o único a organizar todas as composições e fragmentos numa só relação cronológica). Notem também que, na medida do possível, evitamos publicar as composições erroneamente atribuídas a Beethoven (indicadas na lista como “espúrias”) ou de atribuição duvidosa (que aparecem nos apêndices – Anhang, Anh.) dos catálogos Kinsky-Halm e Hess.

Ainda que esta lista abranja todas as obras publicadas de Beethoven que tenham sido gravadas, é evidente que ela terá omissões. Todas obras importantes, bem como todas aquelas que alguma vez pretendeu que se tornassem públicas, aqui estão. Entre os inúmeros esboços e fragmentos espalhados em desordem por seus cadernos de anotações mundo afora, há muitos que ainda não foram publicados e gravados. Assim, esta lista seguirá aberta, e será completada à medida que novos itens, por mais curtos que sejam, vierem a ser acrescentados à discografia de Beethoven.

Na relação abaixo, o link que acompanha o título da obra leva à publicação em que ela é comentada, enquanto os números entre colchetes indicam interpretações alternativas das obras – o que não significa, claro, que elas sejam piores.

Por fim, ressalvo que a lista inclui somente as publicações feitas dentro da série “A Obra Completa de Ludwig van Beethoven”. Houve muitas outras, com preciosas contribuições de meus colegas de blog, e que vós outros poderão encontrar ao clicarem no “BTHVN” abaixo, escrito pelo próprio punho de Beethoven (porque, sim, além de gênio da Música, ele também bolou o logo de seu 250º aniversário!)

Para procurar por “BTHVN250”, clique no Bthvn

 


RELAÇÃO DAS OBRAS PUBLICADAS NA SÉRIE “BTHVN 250 – A OBRA COMPLETA DE LUDWIG VAN BEETHOVEN”

OBRAS PUBLICADAS COM NÚMEROS DE OPUS:

Op. 1: Três Trios para piano, violino e violoncelo (1795) [2]
– No. 1 em Mi bemol maior
– No. 2 em Sol maior
– No. 3 em Dó menor
Op. 2: Três Sonatas para piano (1796)
No. 1: Sonata para piano no. 1 em Fá menor
No. 2: Sonata para piano no. 2 em Lá maior
No. 3: Sonata para piano no. 3 em Dó maior [2]
Op. 3:
Trio para violino, viola e violoncelo em Mi bemol maior (no. 1) (1794)
Op. 4: Quinteto para dois violinos, viola e violoncelo em Mi bemol maior (adaptação do Octeto para sopros, Op. 103) (1795)
Op. 5: Duas Sonatas para violoncelo e piano (1796) [2] [3]
No. 1: Sonata para violoncelo e piano em Fá maior
No. 2: Sonata para violoncelo e piano em Sol menor
Op. 6: Sonata para piano a quatro mãos em Ré maior (1797) [2]
Op. 7: Grande Sonata em Mi bemol maior para piano (No. 4) (1797) [2]
Op. 8: Trio (Serenata) para violino, viola e violoncelo em Ré maior (No. 2) (1797)
Op. 9: Três trios para violino, viola e violoncelo (1798)
No. 1 em Sol maior (no. 3)
– Scherzo com trio alternativo
No. 2  em Ré maior (no. 4)
No. 3 em Dó menor (no. 5)
Op. 10: Três sonatas para piano (1798)
No. 1: Sonata para piano no. 5 em Dó menor
No. 2: Sonata para piano no. 6 em Fá maior
No. 3: Sonata para piano no. 7 em Ré maior [2] [3]
Op. 11: Trio para clarinete, piano e violoncelo em Si bemol menor, “Gassenhauer” (1797)
para violino, piano e violoncelo  [2]
Op. 12: Três sonatas para violino e piano (1798)
No. 1: Sonata para violino e piano no. 1 em Ré maior
No. 2: Sonata para violino e piano no. 2 em Lá maior
No. 3: Sonata para violino e piano no. 3 em Mi bemol maior
Op. 13: Sonata para piano no. 8 em Dó menor (“Pathétique”) (1799) [2]
Op. 14: Duas sonatas para piano (1799) [2]
No. 1: Sonata para piano no. 9 em Mi maior
Arranjo para quarteto de cordas pelo compositor em Fá maior, Hess 34 (1801)
No. 2: Sonata para piano no. 10 em Sol maior
Op. 15: Concerto para piano e orquestra no. 1 em Dó maior (1795) [2]
Op. 16: Quinteto em Mi bemol maior para piano, oboé, clarinete, trompa e fagote (1796) [2]
Quarteto em Mi bemol maior para piano, violino, viola e violoncelo
Op. 17: Sonata em Fá maior para trompa e piano (1800) [2] [3] [4]
Versão para violoncelo e piano (arranjo do compositor)
Versão para flauta e piano
Versão para fagote e piano
Versão para corno di bassetto e piano
Versão para corne inglês e piano
Op. 18: Seis quartetos para dois violinos, viola e violoncelo (1800)
No. 1: Quarteto no. 1 em Fá maior
No. 2: Quarteto no. 2 em Sol maior
No. 3: Quarteto no. 3 em Ré maior
No. 4: Quarteto no. 4 em Dó menor
No. 5: Quarteto no. 5 em Lá maior
No. 6: Quarteto no. 6 em Si bemol maior
Op. 19: Concerto para piano e orquestra no. 2 em Si bemol maior (1795) [2]
Op. 20: Septeto in Mi bemol maior para violino, viola, clarinete, trompa, fagote, violoncelo e contrabaixo (1799) [2]
Arranjo para noneto de sopros
Op. 21: Sinfonia no. 1 em Dó maior (1800)
Op. 22: Sonata para piano no. 11 em Si bemol maior (1800)
Op. 23: Sonata para violino e piano no. 4 em Lá menor (1801)
Op. 24: Sonata para violino e piano no. 5 em Fá maior, “Primavera” (1801) [2]
Op. 25: Serenata para flauta, violino e viola em Ré maior (1801)
Op. 26: Sonata para piano no. 12 em Lá bemol maior, “Marcha Fúnebre” (1801) [2]
Op. 27: Duas sonatas para piano (1801)
No. 1: Sonata para piano no. 13 em Mi bemol maior [2]
No. 2: Sonata para piano no. 14 em Dó sustenido menor (“Luar”) [2]
Op. 28: Sonata para piano no. 15 em Ré Maior (“Pastoral”) (1801)
Op. 29: Quinteto para dois violinos, duas violas e violoncelo em Dó maior (1801) [2]
Op. 30: Três sonatas para violino e piano (1802)
No. 1: Sonata para violino e piano no. 6 em Lá maior
No. 2: Sonata para violino e piano no. 7 em Dó menor
No. 3: Sonata para violino e piano no. 8 em Sol maior
Op. 31: Três sonatas para piano (1802)
No. 1: Sonata para piano no. 16 em Sol maior
No. 2: Sonata para piano no. 17 em Ré menor (“Tempestade”) [2] [3]
No. 3: Sonata para piano no. 18 em Mi bemol maior (“A Caça”) [2] [3]
Op. 32: “An die Hoffnung”, canção (1805)
Op. 33: Sete bagatelas para piano (1802) [2]
Op. 34: Seis variações para piano sobre um tema original, em Fá maior (1802)
Op. 35: Quinze variações e uma fuga para piano sobre um tema original, em Mi bemol maior, “Variações Eroica” (1802) [2]
Op. 36: Sinfonia no. 2 em Ré maior (1802)
– Versão para violino, piano e violoncelo  [2]
Op. 37: Concerto para piano no. 3 em Dó menor (1800)
Op. 38: Trio para clarinete, piano e violoncelo em Mi bemol maior (arranjo do Septeto, Op. 20) (1803)
– Versão para violino, piano e violoncelo
Op. 39: Dois Prelúdios sobre todas as doze tonalidades maiores para piano (1789) [2]
– Versão para órgão
Op. 40: Romance para violino e orquestra no. 1 em Sol maior (1802) [2] [3] [4]
Op. 41: Serenata em Ré maior para flauta e piano (1803)
Op. 42: Noturno em Ré maior para viola e piano (1803) (arranjo da serenata, Op. 8)
Op. 43: Die Geschöpfe des Prometheus, abertura e música para balé (1801)
– Abertura [2]
– Transcrição para piano do próprio compositor (Hess 90)
Op. 44: Variações em Mi bemol maior para piano, violino e violoncelo sobre um tema original (1792) [2]
Op. 45: Três Marchas para piano a quatro mãos (1803) [2]
Op. 46: “Adelaide”, canção (1795) [2]
Op. 47: Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior (“Kreutzer”) (1803)
– Arranjo para quinteto de cordas
Op. 48: Seis canções (1802)
– Variante da no. 3 (“Vom Tode”)
– Variante da no. 6 (“Busslied”)
Op. 49: Duas sonatas para piano (1795-1798)
No. 1: Sonata para piano no. 19 em Sol menor
No. 2: Sonata para piano no. 20 em Sol maior
Op. 50: Romance para violino e orquestra no. 2 em Fá maior (1798) [2] [3] [4]
Op. 51: Dois rondós para piano (1797) [2]
No. 1: Rondó em Dó maior [2] [3] [4]
No. 2: Rondó em Sol maior  [2] [3]
Op. 52: Oito canções (1804–1805)
Versão preliminar do no. 2, Feuerfarb’ (Hess 144) [2]
Op. 53: Sonata para piano no. 21 em Dó maior (“Waldstein”) (1803)
Op. 54: Sonata para piano no. 22 em Fá maior (1804)
Op. 55: Sinfonia no. 3 em Mi bemol maior, Op. 55 (“Eroica”) (1805)
Op. 56: Concerto em Dó maior para violino, violoncelo, piano e orquestra (1804–1805) [2] [3] [4] [5]
Op. 57: Sonata para piano No. 23 em Fá menor (“Appassionata”) (1805–1806) [2] [3] [4]
Op. 58: Concerto para piano e orquestra no. 4 em Sol maior (1805–1806) [2][3][4] [5]
– Versão para piano e quinteto de cordas
Op. 59: Três quartetos para dois violinos, viola e violoncelo (“Razumovsky”) (1806)
No. 1: Quarteto no. 7 em Fá maior
No. 2: Quarteto no. 8 em Mi menor
No. 3: Quarteto no. 9 em Dó maior
Op. 60: Sinfonia no. 4 em Si bemol maior (1806)
Op. 61: Concerto em Ré maior para violino e orquestra (1806) [2] [3] [4] [5]
Op. 61a: Transcrição para piano do concerto para violino e orquestra, Op. 61 (1810)
Op. 62: “Coriolan”, abertura para orquestra (1807)
Op. 63: Arranjo do quinteto para cordas (Opus 4) para trio com piano (1806) (dúbio)
Op. 64: Sonata para violoncelo e piano em Mi bemol maior (arranjo do trio para cordas, Op. 3) (1807) (arranjo atribuído a Franz Xaver Kleinheinz)
Op. 65: Recitativo e Aria: “Ah! perfido” (1796) [2] [3] [4] [5]
Op. 66: Doze Variações para violoncelo e piano em Fá maior sobre “Ein Mädchen oder Weibchen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart (1796) [2] [3]
Op. 67: Sinfonia no. 5 em Dó menor (1807–1808) [2] [3]
Op. 68: Sinfonia no. 6 em Fá maior (“Pastoral”) (1807–1808)
Op. 69: Sonata para violoncelo e piano no. 3 em Lá maior (1808) [2] [3]
Op. 70: Dois trios para piano, violino e violoncelo (1808) [2]
No. 1 em Ré maior (“Fantasma”)
No. 2 em Mi bemol maior
Op. 71: Sexteto para dois clarinetes, duas trompas e dois fagotes em Mi bemol maior (1796) [2]
Op. 72: Fidelio, ópera em dois atos (c. 1803–05) [2] [3] [4] [5] [6] [7]
– Abertura “Fidelio” (1814) [2]
Op. 72a: Leonore, ópera em três atos (primeira versão, com a abertura “Leonore” no. 2) (1805) [2] [3]
– Abertura “Leonore” no. 2 [2] [3]
Op. 72b:
Leonore, ópera em dois atos (segunda versão, com a abertura “Leonore” no. 3) (1806)
– Abertura “Leonore” no. 3 [2] [3] [4]
Op. 73:
Concerto para piano e orquestra no. 5 em Mi bemol maior (“Imperador”) (1809) [2]
Op. 74: Quarteto em Mi bemol maior para dois violinos, viola em violoncelo (“Harpa”) (1809)
Op. 75: Seis canções (1809)
– Versão alternativa do no. 4, Gretels Warnung [2]
Op. 76: Seis variações para piano sobre um tema original, em Ré maior (1809) (a marcha turca de “Die Ruinen von Athen”)
Op. 77: Fantasia para piano em Sol menor (1809) [2] [3] [4]
Op. 78: Sonata para piano em Fá sustenido maior (“À Thérèse”) (1809) [2] [3]
Op. 79: Sonata para piano em Sol maior (“Sonatina”) (1809)
Op. 80: Fantasia em Dó para piano, coro e orquestra, “Fantasia Coral” (1808) [2] [3]
Op. 81a: Sonata para piano em Mi bemol maior (“Lebewohl”) (1809)
Op. 81b: Sexteto em Mi bemol maior para duas trompas, dois violinos, viola e violoncelo (1795)
Op. 82: Quatro arietas e um dueto (1809)
– Versão preliminar do no. 1, Dimmi, ben mio, che m’ami [2]
Op. 83: Três canções (1810)
– Versão preliminar do no. 1, Wonne der Wehmut [2]
Op. 84: Egmont, abertura e música incidental para a tragédia de Johann Wolfgang von Goethe (1810) [2]
– Abertura
– Primeira versão da canção de Clärchen, com acompanhamento de piano [2]
– Segunda versão da canção de Clärchen [2]
– Terceira versão da canção de Clärchen
Op. 85: “Christus am Ölberge”, oratório para solistas, coro e orquestra (1803) [2] [3]
Op. 86: Missa em Dó maior para solistas, coro e orquestra (1807)
– Excertos
Op. 87:
Trio em Dó maior para dois oboés e corne inglês (1795)
Versão para oboé, clarinete e fagote
– Versão para dois violinos e viola
– Versão para trompete, trompa e trombone
– Versão para três clarinetes
Op. 88: “Vita Felice/Das Glück der Freundschaft”, canção (1803)
Op. 89: Polonaise para piano em Dó maior (1814) [2] [3]
Op. 90: Sonata para piano em Mi menor (1814) [2] [3] [4]
Op. 91: “A Vitória de Wellington” ou “A Batalha de Vitoria” (1813) [2]
Op. 92: Sinfonia no. 7 em Lá maior (1812) [2] [3]
Arranjo para noneto de sopros
Op. 93: Sinfonia no. 8 em Fá maior (1812)
Arranjo para noneto de sopros
Op. 94: “An die Hoffnung”, canção (2ª versão) (1814)
Op. 95: Quarteto em Fá menor para dois violinos, viola e violoncelo (“Serioso”) (1810) [2]
Versão para orquestra de cordas
Op. 96: Sonata para violino e piano no. 10 em Sol maior (1812) [2]
Op. 97: Trio para piano, violino e violoncelo no. 7 em Si bemol maior (“Arquiduque”) (1811) [2]
Op. 98: “An die ferne Geliebte”, ciclo de canções (1816)
Op. 99: “Der Mann von Wort”, canção (1816)
Op. 100: “Merkenstein”, canção (1814)
Op. 101: Sonata para piano no. 28 em Lá maior (1816) [2] [3] [4] [5] [6]
Op. 102: Duas sonatas para violoncelo e piano (1815) [2] [3]
No. 1: Sonata para violoncelo e piano no. 4 em Dó maior
No. 2: Sonata para violoncelo e piano n0. 5 em Ré maior
Op. 103: Octeto em Mi bemol maior para dois oboés, dois clarinetes, duas trompas e dois fagotes (1792)
Op. 104: Quinteto para dois violinos, viola e violoncelo em Dó menor (adaptação do Trio, Op. 1 no. 3) (1817)
Op. 105: Seis temas folclóricos com variações para piano e flauta (1819)
– para piano e violino
excertos
– para piano
Op. 106: Grande Sonata para piano em Si bemol maior (“Hammerklavier”) (1818) [2] [3] [4] [5]
Op. 107: Dez temas folclóricos com variações para piano e flauta (1820)
– para piano e violino
excertos
– para piano
Op. 108: Vinte e cinco canções escocesas para voz e conjunto vocal misto, com acompanhamento de violino, violoncelo e piano (1818)
Op. 109: Sonata para piano em Mi maior (1820) [2] [3] [4] [5]
Op. 110: Sonata para piano em Lá bemol maior (1821) [2] [3] [4]
Op. 111: Sonata para piano em Dó menor (1822) [2] [3] [4] [5] [6]
Op. 112: “Meeresstille und glückliche Fahrt”, cantata para coro e orquestra (1815) [2]
Op. 113: “Die Ruinen von Athen”, abertura e música incidental para a peça de August von Kotzebue (1811)
– Abertura
Op. 114: “Schmückt die Altäre”, marcha e coro para “Die Ruinen von Athen” (1822)
Op. 115: “Zur Namensfeier”, abertura para orquestra (1815)
Op. 116: “Tremate, empi tremate”, para soprano, tenor, baixo e orquestra (1802) [2]
Op. 117: “König Stephan, oder: Ungarns Erster Wohltäter”, abertura e música incidental para a peça de August von Kotzebue (1811)
Op. 118: “Elegischer Gesang” para quatro vozes e quarteto de cordas (1814)
– Versão para coro e piano
– Versão para coro e orquestra
Op. 119: Onze novas bagatelas para piano (1822) [2] [3] [4]
Op. 120: Trinta e três variações em Dó maior sobre uma valsa de Anton Diabelli, para piano (“Variações Diabelli”) (1823) [2] [3] [4] [5]
Op. 121a: Variações em Sol maior sobre “Ich bin der Schneider Kakadu” para piano, violino e violoncelo (1803) [2]
Op. 121b: “Opferlied” para soprano, coro e orquestra (1822) [2]
– Versão para soprano, contralto, tenor, coro e orquestra (1823)
– Versão para soprano, coro e piano [2]
Op. 122: “Bundeslied” para solistas, coro e sopros (1824)
– Versão para solistas, coro e piano [2]
Op. 123: Missa solemnis em Ré maior para solistas, coro e orquestra (1823)
Op. 124: “Die Weihe des Hauses”, abertura e música incidental para a peça ocasional de Carl Meisl (1822)
– Abertura [2]
Op. 125: Sinfonia no. 9 em Ré menor (“Coral”) (1824)
Op. 126: Seis bagatelas para piano (1824) [2] [3]
excertos
Op. 127: Quarteto em Mi bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo (1825) [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8]
Op. 128: “Der Kuss“, canção (1822) [2]
Op. 129: Rondo alla ingharese quasi un capriccio, para piano, em Sol maior (“Fúria sobre o Tostão Perdido) (1795) [2]
Op. 130: Quarteto em Si bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo (1825–1826) [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8]
Op. 131: Quarteto em Dó sustenido menor para dois violinos, viola e violoncelo (1826) [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8]
– Versão alternativa do Adagio ma non troppo e molto espressivo 
Op. 132: Quarteto em Lá menor para dois violinos, viola e violoncelo (1825) [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8]
Op. 133: Große Fuge (Grande Fuga) em Si bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo (finale original do Op. 130) (1825) [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8]
Op. 134: Große Fuge (Grande Fuga) em Si bemol maior, para piano a quatro mãos (transcrição de Beethoven do Opus 133) (1826) [2] [3]
Op. 135: Quarteto em Fá maior para dois violinos, viola e violoncelo (1826) [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8]
Op. 136: “Der glorreiche Augenblick”, cantata para solistas, coro e orquestra (1814)
Op. 137: Fuga para quinteto de cordas em Ré maior (1817)
Op. 138: Leonore, ópera (versão inicial de Fidelio, com a abertura “Leonore No. 1”) (1807)
– Abertura [2]



OBRAS COM NÚMEROS WoO (“Werke ohne Opuszahl”/”Obras sem número de opus”) DO CATÁLOGO KINSKY-HALM

Música orquestral

WoO 1: Musik zu einem Ritterballett (Música para um ballet de cavaleiros) (1790–1)
– Versão para piano
WoO 2a: Marcha Triunfal, para orquestra, para a tragédia “Tarpeja” de Christoph Kuffner (1813)
– Versão para piano
WoO 2b: Introdução ao ato II de “Leonore” (1813) [2]
WoO 3: Minueto para orquestra, “Gratulations-Menuett”(1822)

Concertante

WoO 4: Concerto para piano em Mi bemol maior (parte para piano – completado por Willy Hess) (1784)
Versão para piano e quinteto de sopros
WoO 5: Concerto em Dó maior para violino e orquestra, fragmento (1790–2) [2]
WoO 6: Rondo em Si bemol maior para piano e orquestra (fragmento completado por Carl Czerny, possivelmente parte da versão inicial do concerto para piano, Op. 19) (1793)

Danças

WoO 7: Doze minuetos para orquestra (1795)
– Versão para piano
WoO 8: Doze danças alemãs para orquestra (1795)
Versão para piano
WoO 9: Seis minuetos para dois violinos e contrabaixo (antes de 1795)
WoO 10: Seis minuetos para piano (arranjo de um original perdido para orquestra) (1795)
– Reconstrução da versão orquestral
WoO 11: Sete Ländler para piano (arranjo de um original perdido para dois violinos e violoncelo) (1799)
WoO 12: Doze minuetos para orquestra (obra espúria, escrita por Karl van Beethoven, irmão de Ludwig)
WoO 13: Doze Danças Alemãs para orquestra (perdidas; existem apenas em versão para piano) (1792–7)
WoO 14: Doze contradanças para orquestra (1791–1801)
Versão para piano
WoO 15: Seis Ländler para dois violinos e contrabaixo (1802)
Versão para piano
WoO 16: Doze Écossaises para orquestra (fraudulentas)
WoO 17: Onze Danças para sete instrumentos, “Mödlinger Tänze” (provavelmente espúrias) (1819)

Marchas e danças para instrumentos de sopro

WoO 18: Marcha em Fá maior para banda militar, “Für die Böhmische Landwehr”/Yorck’scher Marsch (1809)
Versão para piano
WoO 19: Marcha em Fá maior para banda militar, “Pferdemusik” (1810)
WoO 20: Marcha em Dó maior para banda militar, “Zapfenstreich” (1810)
WoO 21: Polonesa em Ré maior para banda militar (1810)
WoO 22: Escocesa em Ré maior para banda militar (1810)
WoO 23: Escocesa em Sol maior para banda militar (1810, perdida)
– Arranjo para piano de Carl Czerny [2]
WoO 24:
Marcha em Ré maior para banda militar (1816)

Obras de câmara

Sem piano

WoO 25: Rondino em Mi bemol maior para dois oboés, dois clarinetes, duas trompas e dois fagotes (1792) [2]
WoO 26: Duo em Sol maior para duas flautas (1792)
WoO 27: Três duetos para clarinete e fagote (provavelmente espúrios)
No. 3 em Si bemol maior
WoO 28: Variações em Dó maior para dois oboés e corne inglês sobre “Là ci darem la mano” do “Don Giovanni” de Mozart (1795)
Versão para oboé, clarinete e fagote
WoO 29: Marcha para dois clarinetes, duas trompas e dois fagotes em Si bemol maior (1797–8)
Versão para piano
WoO 30: Três Iguais para quatro trombones (1812)
WoO 31: Fuga em Ré maior para órgão (1783)
WoO 32: Duo para viola e violoncelo, “mit zwei obligaten Augengläsern” (“com dois óculos obbligati”) (1796–7)
WoO 33: Cinco peças para Flötenuhr (1794–1800) [2]
WoO 34: Dueto para dois violinos (1822)
WoO 35: Cânone para dois violinos (1825)

Com piano

WoO 36: Três quartetos para piano, violino, viola e violoncelo (1785)
WoO 37: Trio para piano, flauta e fagote em Sol maior (1786) [2]
WoO 38: Trio para piano, violino e violoncelo em Mi bemol maior (no. 8) (1791) [2]
WoO 39: Allegretto para piano, violino e violoncelo em Si bemol maior (1812) [2]
WoO 40: Doze variações em Fá maior para piano e violino sobre “Se vuol ballare” de “Le Nozze di Figaro” de Mozart (1792–93)
WoO 41: Rondó para piano e violino em Sol maior (1793–94)
WoO 42: Seis danças alemãs para violino e piano (1796)
WoO 43a: Sonatina para bandolim e piano ou cravo (1796)
para violoncelo e piano
WoO 43b:
Adagio para bandolim e piano ou cravo (1796)
para violoncelo e piano
WoO 44a: Sonatina para bandolim e piano ou cravo (1796)
para violoncelo e piano
WoO 44b: Andante e variações para bandolim e piano ou cravo (1796)
para violoncelo e piano
WoO 45: Doze variações para violoncelo e piano em Sol maior sobre “See, the conqu’ring hero comes” do “Judas Maccabaeus” de Händel (1796) [2] [3]
WoO 46: Sete variações para violoncelo e piano em Mi bemol maior sobre “Bei Männern welche Liebe fühlen” de “Die Zauberflöte” de Mozart (1801) [2] [3]

Obras para piano a 2 e 4 mãos

WoO 47: Três sonatas para piano (Mi bemol maior, Fá menor, Ré maior) (“Kurfürsten Sonatas”) (1783)
WoO 48: Rondó para piano em Dó maior (1783) [2]
WoO 49: Rondó para piano em Lá maior (1783) [2]
WoO 50: Sonata para piano em Fá maior (1790–92) [2]
WoO 51: Duas peças para órfica (1797-98)
Versão para piano em Dó maior (1797–98), fragmento completado por Ferdinand Ries em 1830
WoO 52: Presto (Bagatela) para piano em Dó menor (1795) [2]
WoO 53: Allegretto (Bagatela) para piano em Dó maior (1796–97) [2] [3] [4]
WoO 54: Lustig-Traurig (Bagatela) para piano em Dó maior (1802) [2]
WoO 55: Prelúdio para piano em Fá menor (1803) [2]
WoO 56: Allegretto (Bagatela) para piano em Dó maior (1803)
WoO 57: Andante para piano em Fá maior, “Andante favori”– movimento central original da sonata para piano no. 21, “Waldstein” (1805) [2]
WoO 58: Cadenzas para o primeiro e terceiro movimento do concerto para piano em Ré menor de Mozart (K. 466) (1809) [2]
WoO 59: Poco moto (Bagatela) para piano em Lá menor (“Für Elise”) (c. 1810) [2] [3]
Versão revisada (1822) [2]
WoO 60: Ziemlich lebhaft (Bagatela) para piano em Si bemol maior (1818) [2]
WoO 61: Allegretto for piano em Si menor (1821) [2] [3]
WoO 61a: Allegretto quasi andante para piano em Sol menor (1825) [2]
WoO 62: Quinteto para cordas em Dó maior
– Fragmento inconcluso, reconstruído para piano
– Completado e transcrito para piano por Anton Diabelli) [2] [3]
– Completado e reconstruído para quinteto de cordas por Hideaki Shichida

Variações

WoO 63: Nove Variações para piano sobre uma Marcha de Ernst Christoph Dressler (1782) [2]
WoO 64: Seis Variações sobre uma Canção Suíça para piano (1790–1792) [2]
– Versão para harpa
WoO 65: Vinte e quatro Variações para piano sobre a ária “Venni Amore” de Vincenzo Righini (1790–1791)
WoO 66: Treze Variações para piano sobre a ária “Es war einmal ein alter Mann” da ópera “Das rote Käppchen” de Carl Ditter von Dittersdorf (1792) [2]
WoO 67: Oito Variações para piano a quatro mãos sobre um tema do Conde Waldstein (1792) [2]
– Versão revisada em 1803
WoO 68:
Doze Variações para piano sobre “Menuet a la Vigano” do balé “La nozza disturbate” de Jakob Haibel (1795)
WoO 69: Nove variações para piano sobre “Quant’e piu bello”, da ópera “La Molinara” de Giovanni Paisiello (1795)
WoO 70: Seis variações para piano sobre “Nel cor più non mi sento”, da ópera “La Molinara” de Giovanni Paisiello (1795)
WoO 71: Doze variações para piano sobre a Dança Russa do balé “Das Waldmädchen” de Paul Wranitzky (1796–7)
WoO 72: Oito variações para piano sobre “Une Fièvre Brûlante”, da ópera “Richard Coeur-de-Lion” de André Ernest Modeste Grétry (1795)
WoO 73: Dez variações para piano sobre “La stessa, la stessissima” da ópera “Falstaff” de from Antonio Salieri (1799)
WoO 74: “Ich denke dein”, canção com seis variações para piano a quatro mãos (1799) [2]
WoO 75: Sete variações para piano sobre “Kind, willst du ruhig schlafen”, da ópera “Das unterbrochene Opferfest” de Peter Winter (1799)
WoO 76: Oito variações para piano sobre “Tändeln und scherzen”, da ópera “Soliman II” de Franz Xaver Süssmayr (1799)
WoO 77:  Seis variações fáceis em Sol maior sobre um tema original (1800) [2]
WoO 78: Sete variações para piano sobre “God Save the King” (1802–3) [2]
WoO 79: Cinco variações para piano sobre “Rule Britannia!” (1803) [2]
WoO 80: Trinta e duas variações para piano sobre um tema original, em Dó menor (1806) [2]
WoO 81: Allemande para piano em Lá maior (1793) [2]
WoO 82: Minueto em Mi bemol maior para piano (1803)
WoO 83: Seis escocesas em Mi bemol maior para piano (1806)
WoO 84: Valsa para piano em Mi bemol maior (1824) [2]
WoO 85: Valsa para piano em Ré maior (1825) [2]
WoO 86: Écossaise para piano em Mi bemol maior (1825) [2] [3]

Obras vocais

Cantatas, coros e árias com orquestra

WoO 87: Cantata sobre a morte do Imperador Joseph II (1790)
WoO 88: Cantata sobre a Elevação do Imperador Leopold II (1790)
WoO 89: Ária “Prüfung des Küssens” (1790–2)
WoO 90: Ária “Mit Mädeln sich vertragen” (1790–2)
WoO 91: Duas árias para o Singspiel “Die Schöne Schusterin”  de Ignaz Umlauf (1795–6)
WoO 92: Ária “Primo Amore” (1790–2)
WoO 92a: Ária “No, non turbati” (1802)
WoO 93: “Nei giorni tuoi felici”, para soprano, tenor e orquestra (1802) [2]
WoO 94: “Germania,” ária com coro em Si bemol maior para o Singspiel “Die gute Nachricht”, de Georg Friedrich Treitschke (1814)
WoO 95: Chor auf die verbündeten Fürsten, para coro e orquestra, escrito para o Congresso de Viena (1815)
WoO 96: Música incidental para a peça “Leonore Prohaska”, de Friedrich Dunker (1815)
WoO 97: “Es ist vollbracht”, ária com coro para o Singspiel “Die Ehrenpforten”, de Georg Friedrich Treitschke (1815)
WoO 98: “Wo sich die Pulse”, coro para “Die Weihe des Hauses”

Obras para múltiplas vozes, com acompanhamento de piano, ou a cappela

WoO 99: Canções polifônicas em italiano (1801-2)
No. 1: Bei labbri che amore (Hess 211)
No. 2: Ma tu tremi (Hess 212)
No. 3: E pur fra le tempeste (Hess 232)
No. 4: Sei mio ben (Hess 231)
No. 5a: Giura il nocchier (Hess 227)
No. 5b: Giura il nocchier (Hess 230)
No. 5c: Giura il nocchier (Hess 221)
No. 6: Ah rammenta (incompleta)
No. 7: Chi mai di questo core (Hess 214)
No. 8: Scrivo in te (Hess 215)
No. 9: Per te d’amico aprile (Hess 216)
No. 10a: Nei campi e nelle selve (Hess 217)
No. 10b: Nei campi e nelle selve (Hess 220)
No. 11a: Fra tutte le pene (Hess 208)
No. 11b: Fra tutte le pene (Hess 225/209)
No. 11c: Fra tutte le pene (Hess 224/210)
No. 12a: Salvo tu vuoi lo sposo
No. 12b: Salvo tu vuoi lo sposo (Hess 228)
No. 13a: Quella cetra ah pur tu sei (Hess 218)
No. 13b: Quella cetra ah pur tu sei (Hess 219)
No. 13c: Quella cetra ah pur tu sei (Hess 213)
No. 14a: Gia la notte savvicina (Hess 223)
No. 14b: Gia la notte savvicina (Hess 222) (
No. 15: Silvio amante disperato (perdido) (Hess 226)
WoO 100: “Lob auf den Dicken”, brincadeira musical a três vozes
WoO 101: “Graf, Graf, liebster Graf”, brincadeira musical a três vozes com coro
WoO 102: “Abschiedsgesang”, para coro masculino
WoO 103: “Un lieto brindisi”, para coro e piano
WoO 104: “Gesang der Mönche”, do Wilhelm Tell de Schiller, para coro masculino
WoO 105: “Hochzeitslied”, canção para voz, coro e piano [2]
Segunda versão
WoO 106: “Es lebe unser teurer Fürst”, cantata para ao aniversário do príncipe Lobkowitz

 

Canções para voz e piano

WoO 107–151: Quarenta e cinco canções

WoO 107: Schilderung eines Mädchens [2]
WoO 108: An einen Säugling [2]
WoO 109: Trinklied, beim Abschied zu singen [2]
WoO 110: Elegie auf den Tod eines Pudels [2]
WoO 111: Punschlied [2]
WoO 112: An Laura [2]
WoO 113: Klage [2] [3]
Segunda versão [2]
WoO 114: Ein Selbstgesprach [2]
WoO 115: An Minna [2]
WoO 116: Que le Temps me dure
Segunda versão
WoO 117: Der freie Mann [2]
Versão preliminar (Hess 146)
WoO 118: Seufzer eines Ungeliebten – Gegenliebe [2]
WoO 119: Oh Care Selve, Oh Cara [2]
WoO 120: Man strebt, die Flamme zu verhehlen [2]
WoO 121: Abschiedsgesang an Wiens Burger [2]
WoO 122: Kriegslied der Österreicher [2]
WoO 123: Ich liebe dich, so wie du mich (Zärtliche Liebe) [2]
W0O 124: La Partenza [2]
WoO 125: La Tiranna [2]
WoO 126: Opferlied [2]
WoO 127: Neue Liebe, neues Leben [2] [3]
WoO 128: Romance  [2]
WoO 129: Der Wachtelschlag [2]
WoO 130: Gedenke Mein! [2]
WoO 131: Erlkönig
WoO 132: Als die Geliebte sich Trennen Wollte [2]
WoO 133: In Questa Tomba Oscura [2] [3]
Primeira versão [2]
WoO 134: Sehnsucht [2] [3]
Segunda versão [2] [3]
Terceira versão [2] [3]
Quarta versão [2]
WoO 135:
Die Laute Klage [2] [3]
WoO 136:
Andenken [2
WoO 137:
Gesang aus der Ferne [2] [3]
Segunda versão [2]
WoO 138a: Der Jüngling in der Fremde [2] [3]
WoO 138b:
Lied aus der Ferne [2]
WoO 139: Der Liebende [2]
WoO 140: An die Geliebte [2] [3]
Segunda versão [2] [3]
Esboço
WoO 141: Der Gesang der Nachtigall [2
WoO 142:
Der Bardengeist [2]
WoO 143: Des Kriegers Abschied [2]
WoO 144: Merkenstein (segunda versão do Op. 100) [2]
WoO 145:
Das Geheimnis (Liebe und Wahrheit) [2]
WoO 146:
Sehnsucht [2]
WoO 147: Ruf vom Berge [2]
WoO 148: So oder So[2
WoO 149:
Resignation [2] [3]
WoO 150: Abendlied unterm gestirnten Himmel [2]
WoO 151: Der edle Mensch [2]

Arranjos de canções folclóricas para voz, conjuntos vocais e trio de piano, violino e violoncelo

WoO 152: Vinte e cinco canções folclóricas irlandesas [2]
WoO 153:
Vinte canções folclóricas irlandesas [2]
WoO 154:
Doze canções folclóricas irlandesas [2]
WoO 155: Vinte e seis canções folclóricas galesas
WoO 156: Doze canções folclóricas escocesas
WoO 157: Doze canções de várias nacionalidades
WoO 158a: Vinte e três canções folclóricas continentais
WoO 158b: Sete canções folclóricas britânicas
WoO 158c: Seis canções folclóricas sortidas
WoO 158d: “Air Français”

Cânones vocais

WoO 159–198: Cânones

WoO 159: Im Arm der Liebe ruht sich’s wohl
WoO 160: Cânone em Sol maior (“Care selve”) – Cânone em Dó maior
WoO 161: Ewig dein
WoO 162: Ta ta ta (espúria; falsificada por Anton Schindler)
WoO 163: Kurz ist der Schmerz
WoO 164: Freundschaft ist die Quelle wahrer Glückseligkeit
WoO 165: Glück zum neuen Jahr!
WoO 166: Kurz ist der Schmerz
WoO 167: Brauchle, Linke
WoO 168: Das Schweigen – Das Reden
WoO 169: Ich küsse Sie
WoO 170: Ars longa, vita brevis
WoO 171: Glück fehl’ dir vor allem (espúria; composta por Michael Haydn)
WoO 172: Ich bitt’ dich, schreib’ mir die Es-Scala auf
WoO 173: Hol Euch der Teufel! B’hüt’ Euch Gott!
WoO 174: Glaube und hoffe
WoO 175: Sankt Petrus war ein Fels – Bernardus war ein Sankt
WoO 176: Glück, Glück zum neuen Jahr!
WoO 177: Bester Magistrat, Ihr friert!
WoO 178: Signor Abate!
WoO 179: Seiner Kaiserlichen Hoheit! – Alles Gute, alles Schöne
WoO 180: Hoffmann, sei ja kein Hofmann
WoO 181: Gedenket heute an Baden! – Gehabt euch wohl – Tugend ist kein leerer Name
WoO 182: O Tobias!
WoO 183: Bester Herr Graf, Sie sind ein Schaf!
WoO 184: Falstafferel, lass’ dich sehen!
WoO 185: Edel sei der Mensch, hülfreich und gut
WoO 186: Te solo adoro
WoO 187:  Schwenke dich ohne Schwänke!
WoO 188: Gott ist eine feste Burg
WoO 189: Doktor sperrt das Tor dem Tod
WoO 190: Ich war hier, Doktor, ich war hier
WoO 191: Kühl, nicht lau
WoO 192: Ars longa, vita brevis
WoO 193: Ars longa, vita brevis
WoO 194: Si non per portas
WoO 195: Freu dich des Lebens
WoO 196: Es muss sein!
WoO 197: Da ist das Werk
WoO 198: Wir irren allesamt
WoO 199: Ich bin der Herr von zu”, brincadeira musical
WoO 200: “O Hoffnung!”, tema para piano destinado a exercícios de composição do arquiduque Rudolph [2]
WoO 201:
“Ich bin bereit! – Amen”, brincadeira musical
WoO 202: Das Schöne zum Guten”, cânone enigmático
WoO 203: Das Schöne zu dem Guten”, cânone enigmático
WoO 204: “Holz, Holz, Geigt die Quartette So”, brincadeira musical (espúria; composta por Karl Holz)
WoO 206: Concerto em Fá maior para oboé e orquestra (perdido; restam apenas o esboço do 2º movimento e incipits dos demais) (Hess 12)
Largo (reconstruído por Cees Nieuwenhuizen and Jos van der Zanden)
WoO 207: Romance cantabile em Mi menor para piano, flauta, fagote, dois oboés e orquestra de cordas (Hess 13)
WoO 208: Quinteto em Mi bemol maior para oboé, três trompas e fagote (Hess 19) [2]
WoO 209: Minueto em Lá bemol maior  para quarteto de cordas (Hess 33)
WoO 210: Allegretto em Si maior para quarteto de cordas (Quarteto Pencarrow, Gardi 16)
WoO 211: Andante para piano em Dó maior (Biamonti 52) [2]
WoO 212: Anglaise para piano em Ré maior (Hess 61) [2]
WoO 213a: Andante (bagatelle) em Ré bemol maior (Biamonti 283)
WoO 213b: Finale (bagatelle) em Sol maior (Biamonti 282)
WoO 213c: Allegro (bagatelle) em Lá maior (segunda parte do Biamonti 284) [2]
WoO 213d: Rondó (bagatelle) em Lá maior (Biamonti 275)
WoO 214: Allegretto (bagatelle) em Dó menor (Hess 69)
WoO 215: Fuga em Dó maior para piano (Hess 64) [2]
WoO 216a: Bagatela em Dó maior para piano (Hess 73)
WoO 216b: Bagatela em Mi bemol maior para piano (Hess 74)
WoO 217: Minueto em Fá maior (Biamonti 66) [2]
WoO 218: Minueto em Dó maior (Biamonti 74) [2]
WoO 219: Valsa (ou Ländler) em Dó menor (Hess 68) [2]
WoO 220: Kriegslied für die verbündeten Heere (perdido) (Hess 123)
WoO 221: Canon, Herr Graf (Hess 276)
WoO 222: Cânone em Lá bemol maior (Hess 275)
WoO 227: “Esel aller Esel”, brincadeira musical (Hess 277)

Obras com números Anhang (Anh., “Apêndice”) e Unvollendete (Unv., “Inacabadas”)

Anh. 3: Trio em Ré maior para piano, violino e violoncelo (espúrio – composto por Karl, irmão de Beethoven)
Anh. 4: Sonata em Si bemol para flauta e piano (atribuição incerta) [2]
Anh. 5: Duas sonatinas para piano (provavelmente espúrias)
Sonatina em Sol maior
Anh. 10: Oito variações em Si bemol maior para piano sobre “Ich hab’ein kleines Hüttchen nur” (dúbia) [2]
Unv. 3: Sinfonia no. 10 em Mi bemol maior = Biamonti 838
Unv. 6: Concerto para piano e orquestra em Ré maior = Hess 15
Unv. 8: Duo para violino e violoncelo em Mi bemol maior = Gardi 2
Unv. 9: Allegretto em Mi bemol maior para piano, violino e violoncelo = Hess 48)
Unv. 11: Sonata para violino e piano em Lá maior (Hess 46)
Unv. 12: Fantasia ou Sonata para piano em Ré maior (Biamonti 213) [2]
Unv. 15: “Vestas Feuer”, ópera = Hess 115


OBRAS COM NÚMERO HESS (do catálogo de Willy Hess)
(somente aquelas que não foram mencionadas nas listas anteriores)

Hess 25: Finale original do trio para cordas em Mi bemol maior, Op. 3
Hess 29–31: Prelúdios e fugas para Albrechtsberger (1794–5)
Hess 32: Quarteto de cordas em Fá maior (1799)
Hess 34: Arranjo para quarteto de cordas da sonata para piano Opus 14 no. 1 (1801–02) [2]
Hess 35: Arranjo para quarteto de cordas de uma fuga de Bach (fragmento) (1817)
Hess 36: Arranjo para quarteto de cordas de uma fuga de Händel (1798) [2]
Hess 38: Arranjo para quinteto de cordas de uma fuga de J. S. Bach
Hess 40: Prelúdio e fuga para quinteto de cordas (incompleto) (1817)
Hess 46: Sonata para violino e piano em Lá maior (fragmento) (c.1790)
Hess 47: Allegro con brio em Mi bemol maior para piano, violino e violoncelo
Hess 48: Allegretto em Mi bemol maior para piano, violino e violoncelo
Hess 57: Bagatela em Dó maior (1824) [2]
Hess 58: Exercício para piano em Si bemol maior (1800) [2]
Hess 59: Exercício para piano em Dó maior (1792–1800) [2]
Hess 60: Esboço em Lá maior para piano (1793)
Hess 63: Arranjo para piano da canção “Kaplied” de Christian Friedrich Daniel Schubart (1789)
Hess 64: Fuga em Dó maior
Hess 65: Finale de concerto em Dó maior (arranjo do Opus 37) (1820–1)
Hess 66: Allegretto em Dó menor (1796–7)
Hess 67: Duas danças alemãs para piano (1811) [2]
Hess 69: Allegretto para piano em Dó menor (1794) [2]
Hess 70: Adagio para piano em Sol maior (1803–4) [2]
Hess 71: Molto adagio para piano em Sol maior (1803–4) [2]
Hess 72: Tema com variações para piano em Lá maior, fragmento (1803) [2]
Hess 73: Bagatela em Dó maior [2]
Hess 74:
Bagatela em Mi bemol maior [2]
Hess 84: Rondó para piano (cadenza para o Op. 61a)
Hess 85: Cadenza para piano para o Op. 61a
Hess 87: Grenadiermarsch para piano (arranjo do WoO 29) (1797–8)
Hess 88: Minueto para piano (arranjo do WoO 208) (1790–2) [2]
Hess 89: Ritterballet para piano (arranjo do WoO 1) (1791)
Hess 90: Die Geschöpfe des Prometheus para piano (arranjo do Op. 43) (1801)
Hess 96: Fragmento da sinfonia no. 7, para piano (1813) [2]
Hess 97: “A Vitória de Wellington” para piano e dois canhões (arranjo do Op. 91) (1816) [2]
Hess 98: Scherzo para piano (versão preliminar para o trio Op. 1 no. 2) (1794–9)
Hess 107: Grenadiermarsch para Flötenuhr (arranjo do WoO 29) (1798)
Hess 115: Cena de “Vestas Feuer”, ópera
Hess 118: Música para “Die Weihe des Hauses” (1822)
Hess 133: Das liebe Kätzchen [2]
Hess 134:
Der Knabe auf dem Berge [2]
Hess 137:
Schwinge dich in meinen Dom
Hess 144: Feuerfarb’ [2]
Hess 146:
Der freie Mann
Hess 151: An Henrietten
Hess 192: On the Massacre of Glencoe (versão preliminar)
Hess 201:
Bonny Laddie, Highland Laddie (versão preliminar)
Hess 236:
Fugas a duas vozes
Hess 237: Fugas a três vozes
Hess 238: Fugas para quarteto de cordas
Hess 239: Fugas corais
Hess 243: Fugas duplas
Hess 244: Fugas triplas
Hess 245: Fuga em Ré maior para quarteto de cordas (fragmento)
Hess 263: Te solo adoro

Hess 274: Cânones em Sol maior (1803)
Hess 297: Adagio em Fá maior para três trompas (1815)
Hess 329–30: Esboços
Hess 331: Minueto para quarteto de cordas em Si bemol maior (1799)
Hess 332: Pastorella para quarteto de cordas em Ré maior (1799)
Hess 333: Minuet-Scherzo para quarteto de cordas em Lá maior (1799)
Hess 334: Esboço para quarteto de cordas em Lá maior (1799)

Obras com números Anhang (Anh., “Apêndice”)

Anh. 57: Fugue “Dona nobis pacem” (agora considerada genuína) (1795)


OBRAS COM NÚMEROS BIAMONTI (do catálogo cronológico das obras por Giovanni Biamonti)
(somente aquelas que não foram mencionadas nas listas anteriores)

Bia 48: Anglaise para piano em Sol menor (1792)
Bia 69: Três esboços em estilo canônico
Bia 96: Dezoito esboços
Bia 98: Esboço em Mi bemol maior para sonata
Bia 99: Esboços para Allegretto
Bia 191: Intermezzo em Dó menor para sonata
Bia 213: Fantasia ou Sonata para piano em Ré maior
Bia 268: Fragmento em Lá maior reproduzindo efeito de trompas
Bia 269: Andante molto para piano em Mi bemol maior
Bia 270: Andante em Fá maior
Bia 271:
Fragmento em Mi bemol maior
Bia 272:
 Andante para piano em Si bemol maior (1793)
Bia 273: Fragmento em Fá maior
Bia 276: Dois esboços (1793)
Bia 277: Presto para piano em Sol maior (1793)
Bia 279: Allegro para piano em Dó maior (1793)
Bia 280: Passagem em Si maior
Bia 317: Esboço em Mi bemol maior
Bia 318: Esboço para sonata em Lá menor
Bia 319: Esboços não utilizados para o final das variações “Eroica” (1802)
Bia 345: Tema de fuga em Dó maior
Bia 346: Fuga Antique para piano em Dó maior (1803)
Bia 720: Fragmento em Sol maior
Bia 849: Esboço para piano [últimas notas escritas por Beethoven] (1827)


OBRAS NÃO CATALOGADAS

Do caderno de esboços Kafka:

Peça em Lá maior, Kafka f. 41v
Peça em Dó maior, Kafka f. 47v – pautas 5-8
Allegretto em Lá menor/maior, Kafka f. 47v
Peça em Lá maior, Kafka f. 160r

Do caderno de esboços Kullak

Peça em Fá menor, Kullack f. 51 / 52


Esses incríveis retratos digitais de Beethoven basearam-se em sua máscara feita em vida e em pinturas contemporâneas consideradas fidedignas por pessoas que o conheceram, e são obras do fantástico artista iraniano Hadi Karimi (www.hadikarimi.com)

Vassily

BTHVN250 — Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Violino Nos. 7 & 10 (Ehnes / Armstrong)

BTHVN250 — Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Violino Nos. 7 & 10 (Ehnes / Armstrong)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um lançamento recentíssimo que me apresso a postar antes da data máxima. Ouvi-o rapidamente e fiquei muito feliz com ele. Duas excelentes Sonatas executadas pela incrível competência e elegância de Ehnes, acompanhado por seu fiel escudeiro Armstrong. Este disco, que finaliza a integral das Sonatas de Beethoven da dupla, confirma as qualidades especiais dos lançamentos anteriores: conjunto imaculado, equilíbrio, uma sensação da estrutura da música estar se desdobrando perfeitamente e com espontaneidade, criando a impressão de que os músicos vão descobrindo as qualidades especiais da música como se fosse a primeira vez. Ehnes não é um bobão, faz música sem o menor indício de ser um “solista em ação”. Alguns podem achar que a personalidade criativa de Beethoven é um pouco subprojetada aqui. No entanto, a perfeição de Ehnes — cada nota possui especial brilho — é uma fonte constante de admiração. O mesmo ocorre com a habilidade fantástica de Armstrong de fazer parceria com o violino de uma forma que sutilmente disfarça a disparidade entre o potencial de sonoro dos dois instrumentos (da qual Beethoven estava bem ciente).

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Sonatas para Violino Nos. 7 & 10 (Ehnes / Armstrong)

01. Violin Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: I. Allegro con brio
02. Violin Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: II. Adagio cantabile
03. Violin Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: III. Scherzo (Allegro)
04. Violin Sonata No. 7 in C Minor, Op. 30 No. 2: IV. Finale (Allegro)

05. Violin Sonata No. 10 in G Major, Op. 96: I. Allegro moderato
06. Violin Sonata No. 10 in G Major, Op. 96: II. Adagio espressivo
07. Violin Sonata No. 10 in G Major, Op. 96: III. Scherzo (Allegro)
08. Violin Sonata No. 10 in G Major, Op. 96: IV. Poco allegretto

James Ehnes, violino
Andrew Armstrong, piano

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PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Epílogo [The Late String Quartets – Tokyo String Quartet]

A dor nos flancos que recebeu Beethoven no retorno de Gneixendorf agravou-se, e em alguns dias ele estava a afogar-se no sangue que cuspia. Após alguns dias de aparente melhora, passou a vomitar incoercivelmente. Sua pele ficou amarelada, e as pernas e abdome tornaram-se grotescamente inchados. Um médico realizou uma punção para retirar líquido e aliviar-lhe o abdome, depois da qual piorou muito. Propuseram-lhe várias medicações, e a única que lhe adiantou alguma coisa foi um ponche de ervas que Schindler arranjou e, goró que era, ele adorou. Sob o efeito do remédio, que talvez tão só lhe saciasse a sede por álcool, Beethoven melhorou e voltou a contar piadas. Quando ficou óbvio que ele estava a abusar da panaceia, os médicos cortaram seu barato. Ele piorou, ficando ainda mais inchado, alternando períodos de lucidez com desorientação. Outras punções do abdome – paracenteses, no jargão médico – foram realizadas. Logo ficou óbvio que ele não melhoraria, e arranjaram um padre para administrar-lhe a Extrema Unção. Beethoven, que sempre fora um anticlerical, aceitou os ritos com aparente serenidade. Ao se espalhar a notícia de que ele estava em angústias de morte, amigos e parentes começaram a chegar a seu caótico apartamento na Schwarzspanierhaus – o último de seus sessenta e sete endereços em Viena. Vinham, também, presentes. Quando lhe mostraram uma caixa de vinho Riesling enviada pelo seu editor Schott, de Mainz, Ludwig lamentou:


Pena, pena: tarde demais!


Seriam suas últimas palavras.

Em seguida ele mergulharia em obnubilação e coma. A julgar pelos relatos dos contemporâneos, teriam sido necessárias arquibancadas para acomodar todos aqueles que afirmaram estarem do seu lado no seu leito de morte. Seu irmão Johann e o fiel amigo e secretário Karl Holz estavam próximos, mas apenas o amigo Hüttenbrenner e a cunhada Therese testemunharam o momento em que, na tarde de 26 de março de 1827, durante uma brutal tormenta, Ludwig revirou-se na cama e, fazendo um brusco gesto com um dos braços, expirou.

Tinha cinquenta e seis anos.

ooOoo

Ninguém tem certeza, mas é bastante provável que a detalhada autópsia que se realizou no famélico cadáver tenha sido encomendada pelo próprio Beethoven, que vinte e cinco anos antes manifestara, no chamado “Testamento de Heiligenstadt”, a vontade de que o mundo soubesse o que o levara à surdez:


Peço-vos, meus irmãos, assim que eu fechar os olhos, se o professor Schmidt [seu então médico] ainda for vivo, fazer-lhe em meu nome o pedido de descrever a minha moléstia e juntai a isto que aqui escrevo para que o mundo, depois de minha morte, se reconcilie comigo”


Para alguns mórbido, para outros (eu incluso) fascinante, o laudo da autópsia de Beethoven, escrito em latim, foi encontrado em 1970, ano do bicentenário do Mestre. Entre os achados, cirrose do fígado e uma imensa quantidade de líquido dentro do abdome, que levam o profissional de saúde que sou nas horas vagas a concluir que Ludwig morreu de insuficiência hepática, provavelmente decorrente do alcoolismo, para qual a gota d’água foi a pneumonia que ele contraiu ao brigar com o irmão em Gneixendorf e voltar para Viena numa carroça de leite. Sobre seus ouvidos, lamentavelmente, nada se pôde concluir: apesar da autópsia mostrar que eles estavam gravemente comprometidos, não se chegou a um diagnóstico definitivo. Beethoven, esteja onde estiver, segue sem saber a causa da surdez que o desgraçou, embora haja – como em quase tudo que lhe diz respeito à vida – muitas suposições e anedotas.

[há muito mais para comentar, e muito ainda se escreve e se pesquisa acerca das pestes que assolaram Ludwig a vida toda e a doença que acabaria por matá-lo. Encerro o plantão médico por aqui, mas convido os interessados a continuarmos o assunto, que envolve chumbo mas provavelmente não mencionará sífilis, na caixa de comentários]

Dois dias depois da morte, o corpo de Beethoven foi preparado para o funeral. Tomaram-lhe um molde para a máscara mortuária, vestiram-no com uma túnica e um gorro – ao estilo de Dante – e coroaram-no com rosas. Já no caixão, as mãos de Ludwig receberam uma cruz (que ele certamente estranharia) e um lírio – sua flor favorita.

O convite para as exéquias de Beethoven, impresso por seu irmão Johann

O cortejo fúnebre reuniu dezenas de milhares de pessoas. Entre os que se revezaram na condução do caixão, naturalmente predominavam os músicos. Os mais notáveis eram Seyfried, Weigl, Gyrowetz, e Hummel, dos quais apenas este último ainda é ouvido nos dias de hoje. Junto a eles estava alguém que bem que poderia ser eu, um introspecto rapaz de óculos que idolatrava Beethoven. Diferentemente de mim, no entanto, Franz Schubert era um gênio. Dentro de um ano, por ocasião do primeiro aniversário da morte de Ludwig, ele teria, com o primeiro concerto público de suas obras, o único gosto de sucesso em sua breve vida. Não veria o final daquele 1828, pois morreria em novembro. De acordo com Hüttenbrenner, ao retornar do funeral de Beethoven, Schubert fez um brinde ao venerado mestre, acrescentando um outro “àquele que enterraremos a seguir” – sem imaginar que brindava a si mesmo.

Túmulos originais de Beethoven e Schubert (hoje cenotáfios) no antigo cemitério de Währing (hoje Parque Schubert), em Viena, Áustria

Claro que houve música no funeral: além do Réquiem de Cherubini (hoje esquecido, mas muito admirado por Beethoven), foram ouvidas três peças do mestre. Uma delas foi a “Marcha Fúnebre” da sonata Op. 26, na orquestração que ele preparara para a música de cena de “Leonore Prohaska”. As outras foram dois de seus três “equali” para trombone, num arranjo vocal de Ignaz Seyfried que, apesar de publicado, eu nunca soube se foi gravado.

De acordo com a praxe da época, uma ode fúnebre foi declamada à turba na entrada do cemitério. Escrita pelo então famoso dramaturgo Franz Grillparzer, ela foi assim lida pelo ator Heinrich Anschütz:


Nós, que estamos aqui junto ao túmulo do falecido, somos, em certo sentido, os representantes de uma nação inteira, todo o povo alemão, vindo para lamentar o falecimento de uma metade célebre daquilo que nos restou do brilho desaparecido da Pátria. O herói da poesia na língua e na língua alemã [Goethe] ainda vive – e que viva muito! Mas o último mestre da canção retumbante, a boca graciosa pela qual a música falava, o homem que herdou e aumentou a fama imortal de Händel e Bach, de Haydn e Mozart, deixou de existir; e ficamos chorando pelas cordas partidas de um instrumento agora calado.

Um instrumento agora calado – deixem-me chamá-lo assim! Pois ele era um artista, e o que era, o era apenas por meio da arte. Os espinhos da vida o feriram profundamente, e, tal qual o náufrago que se agarra à costa salvadora, voou para os teus braços, ó maravilhosa irmã dos bons e verdadeiros, consoladora na aflição, a Arte que vem do alto! Ele se agarrou a você, e, mesmo quando o portão pelo qual você entrou foi fechado, você falou por um ouvido surdo àquele que não mais a podia discernir; e ele carregou sua imagem em seu coração e, quando ele morreu, ela ainda estava em seu peito.

Ele era um artista – e quem ficará ao lado dele? Tal qual o gigante varre os mares, ele trespassou os limites de sua arte. Do arrulhar da pomba ao ruído do trovão, do mais engenhoso entrelaçamento de artifícios intencionais até aquele ponto terrível em que o tecido pressiona para a desordem das forças naturais em choque – ele atravessou tudo, ele compreendeu tudo. Quem o segue não pode continuar; ele deve começar de novo, pois seu predecessor terminou onde a Arte termina.

Adelaide e Leonore! Celebrações dos heróis de Vittoria e humílimos tons da Missa! Prole de três e quatro vozes. Sinfonia retumbante, “Freude, schöner Götterfunken” – o Canto do Cisne. Musas de canto e de cordas, reúnam-se em seu túmulo e cubram-no com louros!

Ele era um artista, mas também um homem, um homem em todos os sentidos, no mais elevado dos sentidos. Porque ele se isolou do mundo, eles o chamaram de hostil; e insensível, porque evitava sentimentos. Oh, quem sabe que está empedernido não foge! (é o ponto mais delicado que mais facilmente se cega, que se dobra, que parte).

O excesso de sentimento evita sentimentos. Ele fugiu do mundo porque não encontrou, em todo o âmbito de sua natureza amorosa, uma arma para resistir a ela. Ele se afastou de seus semelhantes depois de dar tudo a eles e não receber nada em troca. Ele permaneceu sozinho porque não encontrou um segundo eu. Mas, até sua morte, ele preservou um coração humano para todos os homens, um coração de pai para seu próprio povo: o mundo inteiro.

Assim ele foi, assim ele morreu, assim ele viverá para sempre!

E você, que seguiu seu cortejo até este lugar, mantenha sua tristeza sob controle. Você não o perdeu, mas o ganhou. Nenhum homem vivo entra nos corredores da imortalidade. O corpo deve morrer antes que os portões sejam abertos. Aquele por quem você lamenta está agora entre os maiores homens de todos os tempos, para sempre inexpugnável. Voltem para suas casas, então, angustiados, mas recompostos. E sempre que, durante suas vidas, o poder de suas obras os oprimir como uma tempestade que se aproxima; quando o seu arrebatamento se derramar no meio de uma geração ainda não nascida; então, lembre-se desta hora e pense: nós estávamos lá quando o sepultaram, e quando ele morreu nós choramos!

E vocês me achavam prolixo…

ooOoo

O sossego de Beethoven foi interrompido em duas ocasiões. Na primeira, em 1863, quando seus restos mortais (e os de Schubert) foram exumados e estudados pela Sociedade de Amigos da Música de Viena. Na ocasião, foi tomada uma fotografia de seu crânio que, juntamente com várias mechas de cabelo espalhadas pelo mundo, são as únicas relíquias que restaram da combalida carcaça do Mestre. A segunda exumação, em 1888, ocorreu por causa da desativação do velho cemitério de Währing, e seguiu-se duma pomposa procissão de honra que levou os despojos de Beethoven e Schubert até o distante Cemitério Central de Viena que, apesar do nome, está a uma eternidade do centro da cidade. Ali, Ludwig repousa próximo a vários de seus fãs –  Schubert (que segue a seu lado), Brahms (dobrando a esquina) e até Schoenberg (um pouco mais adiante) – e é anualmente visitado por milhares de outros que asseguram, mesmo nos mais bicudos invernos, que o Mestre sempre receba flores frescas.

Túmulos de Beethoven (à esquerda) e Schubert (à direita), ladeando o cenotáfio de Mozart no Cemitério Central de Viena (foto do autor)

Termino de contar-lhes, aqui, as desventuras terrenas de Ludwig van Beethoven.

Admiti desde o começo desta série – quando eu e Beethoven éramos meninos de seis anos – que esse meu tributo composto ao longo de mais de dez meses seria completamente parcial. Sou fã de Beethoven e, assim como o mundo, não me consigo imaginar sem suas criações. E, ainda que sua improvável trajetória da provinciana Bonn à imperial Viena, através duma existência infeliz e quase todas agruras possíveis à saúde de um homem, esteja ligada de modo inexorável à sua produção artística, a apreciação de seu gênio prescinde completamente de nossa compaixão por ele. Basta-nos a contemplação do espetáculo: de seus burilados trios dos vinte e poucos anos ao quarteto que escreveu a poucos meses da morte; das ingênuas Variações “Dressler” à visionária Grande Fuga; do Op. 1 ao Op. 135, não há na História da Arte evolução mais coerente e impressionante que a deste homem que nasceu há exatos duzentos e cinquenta anos, num 16 de dezembro, para ser batizado no dia seguinte, que celebraria como seu aniversário.

ooOoo

Ao Mestre, com carinho.

In memoriam Ludwig van Beethoven – gênio da Música e herói de minha vida inteira – por ocasião de seu ducentésimo quinquagésimo aniversário

CONSVMMATVM EST
29-1-2020 – 16-12-2020

Vassily Genrikhovich


Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Quarteto em Mi bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 127
Composto entre 1824-25
Publicado em 1826
Dedicado ao príncipe Nikolay von Golitsyn

1 – Maestoso – Allegro
2 – Adagio, ma non troppo e molto cantabile – Andante con moto – Adagio molto espressivo – Tempo I
3 – Scherzando vivace
4 – Allegro

Quarteto em Dó sustenido menor para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 131
Composto entre 1825-26
Publicado em 1827
Dedicado ao barão Joseph von Stutterheim

5 – Adagio ma non troppo e molto espressivo
6 – Allegro molto vivace
7 – Allegro moderato – Adagio
8 – Andante ma non troppo e molto cantabile – Andante moderato e lusinghiero – Adagio – Allegretto – Adagio, ma non troppo e semplice – Allegretto
9 – Presto
10 – Adagio quasi un poco andante
11 – Allegro

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Quarteto em Si bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 130
Composto entre 1824-25
Publicado em 1827
Dedicado ao príncipe Nikolay von Golitsyn

1- Adagio, ma non troppo – Allegro
2 – Presto
3 – Andante con moto, ma non troppo. Poco scherzoso
4 – Alla danza tedesca. Allegro assai
5 – Cavatina. Adagio molto espressivo

Grande Fuga em Si bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 133
6 – Overtura – Fuga – Meno mosso e moderato – Fuga – Coda

Quarteto, Op. 130
7 – Finale: Allegro

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Quarteto em Lá menor para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 132
Composto em 1825
Publicado em 1826
Dedicado ao príncipe Nikolay von Golitsyn

1 – Assai sostenuto – Allegro
2 – Allegro ma non tanto
3 – Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der Lydischen Tonart: Molto adagio – Andante
4 – Alla marcia, assai vivace – attacca:
5 – Allegro appassionato

Quarteto em Fá maior para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 135
Composto em 1826
Publicado em 1827
Dedicado a Johann Wolfmayer

6 – Allegretto
7 – Vivace
8 – Lento assai, cantante e tranquillo
9 – Der schwer gefaßte Entschluß. Grave, ma non troppo tratto (“Muss es sein?“) – Allegro (“Es muss sein!“) – Grave, ma non troppo tratto – Allegro

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Tokyo String Quartet:
Peter Oundjian e Kikuei Ikeda, violinos
Kazuhide Isomura, viola
Sadao Harada, violoncelo

Ludwig e Vassily

 

BTHVN250, por René Denon

Vassily

Aleksandr Borodin (1833 -1887): Quartetos de Cordas Nos. 1 e 2 (Haydn Quartet)

Aleksandr Borodin (1833 -1887): Quartetos de Cordas Nos. 1 e 2 (Haydn Quartet)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um dos discos que eu levaria para a ilha deserta. Como viver sem ele? Borodin foi filho ilegítimo do príncipe georgiano Luka Gedevanishvili (ou Gedianov, em russo) e teve sua paternidade atribuída a um servo do nobre, Porfiry Borodin. Apesar de ter recebido lições de piano quando criança, sua educação foi direcionada às ciências. Formado em medicina, interessado em química, aperfeiçoou-se em Heidelberg, Alemanha (1859-1862). Em toda sua vida, dedicou-se quase inteiramente à química, escrevendo muitos tratados científicos e fazendo muitas descobertas, notadamente no campo do benzol e aldeídos. Também foi professor de química orgânica na Academia Militar de São Petersburgo (1864-1887). Considerava-se apenas “um compositor aos domingos”.

Mas meu deus, ele devia ser um gênio. Ouçam estas obras do compositor de domingos, principalmente a obra-prima representada pelo Quarteto Nº 2. No vídeo abaixo, numa interpretação ao vivo do velho Quarteto Borodin, vocês podem ouvir o Noturno de chorar aos 12min30. Aos 20min50, no início do quarto e folclórico movimento, o quarteto imita o som de um bayán (espécie de acordeão russo, mais complicado que o nosso). Logo depois, vem um som de uma grande balalaica. Ouçam e babem!

Aleksandr Borodin (1833 -1887): Quartetos de Cordas Nos. 1 e 2

String Quartet No. 1 in A major
I. Moderato – Allegro 13:15
II. Andante con moto 7:50
III. Scherzo: Prestissimo 6:00
IV. Allegro risoluto 10:44

String Quartet No. 2 in D major
I. Allegro moderato 8:09
II. Scherzo: Allegro 4:47
III. Notturno: Andante 8:26
IV. Finale: Andante – Vivace 7:11

Budapest Haydn Quartet

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Borodin: sem dúvida, um gênio
Borodin: sem dúvida, um gênio

PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Quarteto para cordas em Fá maior, Op. 135 [The Late String Quartets – Guarneri Quartet]

Depois da expansividade dos complexos quartetos Opp. 130 a 132, que redefiniram o gênero, e da visionária Grande Fuga, a aparente simplicidade do Op. 135 pode causar estranheza. Tanto em tamanho quanto em transparência das partes, ele é mais afeito aos primeiros quartetos do Op. 18 do que a qualquer um que Beethoven tenha escrito com grisalhos. Além disso, ele tem tão só os tradicionais quatro movimentos,  na ordem em que ele os preferia na maturidade, com o Scherzo antes do movimento lento. As aparências, no entanto, são somente superficiais, pois só um consumado e experiente mestre poderia criá-lo – como se, depois de ousadas jornadas de expansão, Ludwig se voltasse agora para a concentração.

Transparência é quase tudo o que se ouve no melífluo primeiro movimento, repleto de delicadas filigranas e que, apesar da riqueza de detalhes das partes, desenvolve-se com leveza, sem a menor sugestão de prolixidade. Ele nos faz baixar a guarda completamente, a fim de que o enérgico e sincopado Scherzo – num gesto beethoveniano bem típico – nos surpreenda com sua energia crua, particularmente no alvoroçado solo de violino no Trio. Segue-se um belíssimo movimento lento, na distante tonalidade de Ré bemol maior, à guisa da Cavatina do Op. 130 ou do Cântico do Op. 132. Não há aqui, entretanto, nada de caloroso ou consolador: o tema e as variações são constritos, como se tentassem manter-se sob controle após a explosão temperamental do Scherzo.

Nenhum desses movimentos, no entanto, deu tanto pano para manga quanto o finale. Não é à toa: além de colocar-lhe o críptico título Der schwer gefasste Entschluss (“A decisão tomada com dificuldade”), Beethoven escreveu sobre a partitura as frases Muss es sein?/Es muss sein! (“Tem que ser?”/”Tem que ser!”), atribuindo-lhes fragmentos melódicos ouvidos no início do movimento – a pergunta enunciada em Grave por viola e violoncelo, e a resposta estridentemente dada em Allegro pelos violinos.


Muito – mas muito mesmo – se conjecturou sobre o que levou Beethoven a fazer isso no encerramento da derradeira obra de seu catálogo. Da aceitação da morte iminente até uma piada interna a um amigo para o qual perdera uma aposta, o cardápio de achismos e anedotas é vasto. Há quem afirme que as inscrições são uma referência a um certo Dembscher, um músico amador que queria tomar emprestada de Ludwig a partitura do Op. 130. Como ele não tinha comparecido à estreia do quarteto, o compositor recusou-se, e só cederia as partes da obra até então inédita se o rapaz pagasse retroativamente o ingresso do concerto do Quarteto Schuppanzigh. Dembscher, então, perguntou-lhe se assim tinha que ser, e Beethoven lhe respondeu com um cânone:


“Tem que ser! Sim, sim, sim, sim: pegue sua carteira!”

Pitoresco? Sem dúvidas, mas também por demais prosaico para aparecer com tanto destaque numa partitura duma obra importante. Muitos biógrafos, assim, preferiram levar a sério o que escreveu o editor Schlesinger, trinta anos depois:

Em relação à frase enigmática Muss es sein? que surge no último quarteto, acho que posso explicar seu significado melhor do que a maioria das pessoas, pois possuo o manuscrito original com as palavras escritas por sua própria mão, e quando ele as enviou, ele também escreveu o seguinte; ‘Você pode traduzir o Muss es sein como uma demonstração de que tive azar, não só porque foi extremamente difícil escrever isso quando eu tinha algo muito maior em minha mente, e porque eu só o escrevi de acordo com minha promessa a você, e porque estou precisando desesperadamente de dinheiro – o que é difícil de conseguir; ocorreu também que estava ansioso para enviar-lhe a obra em partes, para facilitar a gravação, e em toda Mödling (onde ele vivia) não consegui encontrar um único copista, por isso tive de copiá-la eu próprio, e você pode imaginar que função foi isso!”

Imagino que alguma lágrima deva ter escapado a Schlesinger ao receber as partes passadas a limpo nos hieróglifos de Beethoven, mas o que ele alegava (e que não podia provar materialmente, pois o bilhete do compositor se perdera num incêndio) realmente tinha fundamento. Que Ludwig precisava desesperadamente de dinheiro, isso nunca foi qualquer novidade (e foram poucas as postagens em nossa série em que não mencionamos suas aperturas financeiras); e o algo “muito maior” em sua mente bem que poderia ser a tentativa de suicídio de seu sobrinho Karl, que continha mais um pedido de socorro do que uma verdadeira intenção de matar-se, e que certamente carcomeu qualquer improvável reserva monetária que tivesse. No entanto, Beethoven não estava em Mödling, e sim em Gneixendorf, o que indica que, talvez, Schlesinger tenha tomado algumas licenças poéticas para com sua memória.

Qualquer que fosse a difícil decisão, ela também envolveu alguma indecisão sobre como intitulá-la: Beethoven hesitou entre der gezwungene Entschluss (“a decisão forçada”) e der harte Entschluss (“a dura decisão”) antes de chegar ao título definitivo. E parece mesmo que ela não foi firme, pois – após a introdução com a pergunta lenta e a resposta exultante – o movimento segue lépido até que, surpreendentemente, o tema da pergunta retorna, como uma soturna nota de advertência. Por fim, ele parece repelido por um episódio à maneira de dança e uma coda imensamente assertiva.

Um dos primeiros biógrafos de Beethoven encontrou a seguinte nota, com a medonha letra do compositor:

Aqui, meu caro amigo, está o meu último quarteto. Será o último; e de fato me deu muitos problemas, pois não consegui compor o último movimento. Mas como as suas cartas estavam a lembrar disso, no final decidi compô-lo. E é por isso que escrevi o lema: “A difícil resolução – Deve ser? – Deve ser, deve ser!”

Embora alguns estudiosos afirmem que Beethoven pretendesse inaugurar com o Op. 135 uma nova série de quartetos, ele não deixou qualquer anotação legível para algum outro. O enigmático movimento “Tem que ser?” acabou por encerrar a última obra que completaria. Depois dela, ainda escreveria o “Pequeno Finale” do Op. 130 – aquele que substituiu a Grande Fuga, extirpada para publicação separada – e faria outros esboços na tranquilidade de Gneixendorf, a uns 60 km de Viena, onde seu irmão Johann tinha uma propriedade rural. A bucólica estadia, no entanto, chegou a fim num tradicional acesso de cólera beethoveniana – e, no caso, envolvendo não apenas um, mais dois Beethovens – que o levou a deixar Gneixendorf intempestivamente. Conta-se que, por questão de orgulho, Ludwig se recusou a tomar emprestada a carruagem de Johann, e voltou numa carroça de leite aberta, em passos de formiga, no gelado inverno austríaco. Como a carroça não o levaria até Viena – talvez porque o carroceiro tenha se cansado dele -, passou uma noite numa espelunca sem aquecimento. Quando enfim chegou em casa, seus cinquenta e seis explodidos anos e a exposição insensata ao frio apresentaram-lhe a conta: uma dor aguda nos flancos e muita tosse.

A morte, com que sua carcaça flertara por toda a vida, fora finalmente convidada a entrar.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Quarteto em Mi bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 127
Composto entre 1824-25
Publicado em 1826
Dedicado ao príncipe Nikolay von Golitsyn

1 – Maestoso – Allegro
2 – Adagio, ma non troppo e molto cantabile – Andante con moto – Adagio molto espressivo – Tempo I
3 – Scherzando vivace
4 – Allegro

Quarteto em Fá maior para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 135
Composto em 1826
Publicado em 1827
Dedicado a Johann Wolfmayer

5 – Allegretto
6 – Vivace
7 – Lento assai, cantante e tranquillo
8 – Der schwer gefaßte Entschluß. Grave, ma non troppo tratto (“Muss es sein?“) – Allegro (“Es muss sein!“) – Grave, ma non troppo tratto – Allegro

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Quarteto em Si bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 130
Composto entre 1824-25
Publicado em 1827
Dedicado ao príncipe Nikolay von Golitsyn

1- Adagio, ma non troppo – Allegro
2 – Presto
3 – Andante con moto, ma non troppo. Poco scherzoso
4 – Alla danza tedesca. Allegro assai
5 – Cavatina. Adagio molto espressivo
6 – Finale: Allegro

Grande Fuga em Si bemol maior para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 133
Composto entre 1825-26
Publicado em 1827
Dedicado ao arquiduque Rudolph da Áustria

7 – Overtura – Fuga – Meno mosso e moderato – Fuga – Coda

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Quarteto em Dó sustenido menor para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 131
Composto entre 1825-26
Publicado em 1827
Dedicado ao barão Joseph von Stutterheim

1 – Adagio ma non troppo e molto espressivo
2 – Allegro molto vivace
3 – Allegro moderato – Adagio
4 – Andante ma non troppo e molto cantabile – Andante moderato e lusinghiero – Adagio – Allegretto – Adagio, ma non troppo e semplice – Allegretto
5 – Presto
6 – Adagio quasi un poco andante
7 – Allegro

Quarteto em Lá menor para dois violinos, viola e violoncelo, Op. 132
Composto em 1825
Publicado em 1826
Dedicado ao príncipe Nikolay von Golitsyn

8 – Assai sostenuto – Allegro
9 – Allegro ma non tanto
10 – Heiliger Dankgesang eines Genesenen an die Gottheit, in der Lydischen Tonart: Molto adagio – Andante
11 – Alla marcia, assai vivace – attacca:
12 – Allegro appassionato

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Guarneri Quartet:
Arnold Steinhardt e John Dalley,
violinos
Michael Tree, viola
David Soyer, violoncelo

Adoro essas poses para fotos: parecem que vão se furar os olhos com os arcos uns aos outros
BTHVN250, por René Denon

Vassily