Ferruccio Busoni (1866-1924): Quartetos de Cordas Nros 1 e 2 (Pellegrini)

Ferruccio Busoni (1866-1924): Quartetos de Cordas Nros 1 e 2 (Pellegrini)

Busoni é mais conhecido por suas belas transcrições de Bach. Quando vi este CD por aí, logo fiquei espicaçado pela curiosidade. Pois gostei do que ouvi. Música bem escrita, de alta qualidade, de um estilo discreto e bonito. O nome completo de Busoni é apenas Dante Michaelangelo Benvenuto Ferruccio Busoni. É claro que sua admiração por Bach aparece em suas obras. A música de Busoni é de grande complexidade contrapontística, ou, dito de outra forma, ela é feita de diversas linhas melódicas entremeadas.

Este quartetos me deixaram com vontade de conhecer mais da obra deste italiano-europeu, que nasceu em Empoli, mas viveu também em Berlim, Moscou, Bolonha, Graz, Leipzig, Helsinque, etc. Ah, o Quarteto Pellegrini é ótimo.

Ferruccio Busoni (1866-1924): Quartetos de Cordas Nros 1 e 2 (Pellegrini)

String Quartett Op. 19 In C Major
1 Allegro Moderato, Patetico 8:46
2 Andante 5:35
3 Menuetto 5:11
4 Finale. Andante Con Moto, Alla Marcia 7:07

String Quartett Op. 26 In D Minor
5 Allegro Energico 8:44
6 Andante Con Moto 5:55
7 Vivace Assai 5:03
8 Andantino-Allegro Con Brio 6:47

Pellegrini-Quartett:
Cello – Helmut Menzler
Viola – Charlotte Geselbracht
Violin – Antonio Pellegrini, Thomas Hofer

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Busoni, ao ouvir de PQP Bach um relato sobre a situação política do Brasil atual e sua enorme vulgaridade

PQP

Schubert (1797–1828): Peças para Piano – Leon Fleisher – Nelson Freire ֎

Schubert (1797–1828): Peças para Piano – Leon Fleisher – Nelson Freire ֎

Schubert

Fantasia Wanderer & Sonata D. 664

Leon Fleisher

Impromptus D. 899

Nelson Freire

 

As reedições de gravações antigas sempre fizeram parte das estratégias de venda das gravadoras. Se a grana anda curta, basta olhar o calendário, escolher a data festiva mais próxima, reunir gravações do acervo, empacotar tudo com uma bonita capa e pronto, vendas garantidas. Outro grande filão são as coleções temáticas, digamos assim, sempre com superlativos, como Great Pianists of the 20th Century, a Série Galleria, da Deutsche Grammophon, os Philips DUOS e assim por diante.

Oferecidos a preços mais módicos, estas coleções sempre foram muito atraentes, mas podiam conter algumas armadilhas, como a reunião de cães e gatos em um só disco ou gravações de um artista que já fizera a fama e agora só estava deitado na cama.

Eu sempre me diverti muito fuçando e escolhendo estas pilhas de discos ou listas deles nas publicações, buscando alguns tesouros perdidos.

O disco desta postagem é um típico exemplo. A série Essential Classics da Sony reúne gravações do catálogo que ela produziu ao vasto material da Columbia Masterworks e contém verdadeiras gemas. Sob uma capa genérica, que muda a cor do fundo dependendo do tipo de música que oferece, com alguma pintura antiga e os nomes dos envolvidos e da música. O subgrupo Piano Solo é esverdeado e a Orchestral Works tem fundo laranja.

Eu não sou saudosista e vários artistas que ouvi décadas passadas já não mais fazem parte da minha playlist, mas algumas coisas são atemporais e esta é uma delas.

O disco reúne dois enormes pianistas em um programa duplo – as gravações foram feitas em diferentes períodos.

Em 1963 Leon Fleisher estava em excelente forma e gravou a mais virtuosística peça de Schubert, a Fantasia Wanderer. No outro lado do LP, a lírica, curta e belíssima Sonata em lá maior, D 664, uma das primeiras que Schubert realmente completou, em um momento que andava feliz. O som destas gravações é um pouquinho seco, mas a beleza da interpretação é tamanha que o ouvido imediatamente se ajusta. A impetuosidade na Wanderer contrasta muito com a fluência da Sonata, especialmente bonito!

Qualidade do som não deve causar qualquer preocupação no resto do programa, os Impromptus D. 899 gravados em 1969 por Nelson Freire. Eu simplesmente adoro essa música e não me canso de ouvir este disco que pode muito bem passar desapercebido por muitos.

Franz Schubert (1797 – 1828)

Fantasia para Piano em dó maior, F. 760 “Wanderer”

  1. Allegro com fuoco ma non troppo
  2. Adagio
  3. Presto
  4. Allegro

Sonata para Piano em lá maior, D. 664

  1. Allegro moderato
  2. Andante
  3. Allegro

Leon Fleisher, piano

4 Impromptus, D. 899

  1. 1 em dó menor – Allegro molto moderato
  2. 2 em mi bemol maior – Allegro
  3. 3 em sol bemol maior – Andante
  4. 4 em lá bemol maior – Allegretto

Nelson Freire, piano

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MP3 | 320 KBPS | 141 MB

Leon ‘taking five’, depois de ter gravado a Fantasia Wanderer…
Nelson Freire

Não hesite, aproveite!

René Denon

Fredéric Chopin (1810-1839) – Variations brillantes, Op. 12, Souvenir de Paganini, Variations sur la Marche des Puritains de Bellini, etc. – Nikita Magaloff

Por algum motivo inexplicável não trouxe para os senhores o décimo terceiro CD desta imperdível coleção, uma das principais de meu acervo. Aqui o imenso pianista que foi Nikita Magaloff interpreta obras um tanto obscuras do repertório chopiniano. Vale a pena conhecer. Quero agradecer à leitora Isolda que me chamou a  atenção e lembrou desta falha. Para variar, minha vida anda uma loucura, então quase nem tenho participado com muita frequência do blog, de qualquer forma, estamos aí quando possível.

Sem mais delongas, vamos ao que viemos.

01. Variations brillantes, Op. 12

02. Souvenir de Paganini

03. Variations sur la Marche des Puritains de Bellini

04. Variations sur un air national allemand

05. Rondeau in C minor, Op. 1

06. Rondeau “À la Mazurka” in F major, Op. 5

07. Rondeau in E flat major, Op. 16

08. Rondeau for 2 pianos in C major, Op. 73

09. Variations for piano 4 hands ‘Sur un air national de Moore’

Nikita Magaloff – Piano

Michel Dalberto – Piano (faixas 8 e 9)

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W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas K. 515 e 516 (Alban Berg Qt.)

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas K. 515 e 516 (Alban Berg Qt.)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Como já disse num post anterior, eu gosto muito destas duas obras de Mozart. Sou apaixonado por elas desde que as ouvi num velho vinil da velha Historical Antology Of Music — The Bach Guild, com o Quarteto Griller. Realmente acredito estão entre as (muitas) melhores composições do Wolfgango. E acho que o Alban Berg Quartett sai-se muito melhor na empreitada do que a rapaziada do post anterior. O quinteto 515 inspirou Schubert a escrever seu próprio quinteto de cordas na mesma tonalidade (o de Schubert envolve dois violoncelos em vez de duas violas, como no quinteto de Mozart). O tema de abertura da obra de Schubert reteve muitas das características do primeiro movimento de Mozart. O 516 fazia Tchai chorar, como escrevi no texto do outro post.

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas. K. 515 e 516 (Alban Berg Qt.)

String Quintet No. 3 In C Major, K.515
A1 Allegro 13:05
A2 Andante 8:24
A3 Menuetto & Trio (Allegretto) 5:04
A4 Allegro 7:20

String Quintet No. 4 In G Major, K.516
B1 Allegro 10:15
B2 Menuetto & Trio (Allegretto) 4:45
B3 Adagio Ma Non Troppo 8:24
B4 Adagio – Allegro 10:27

Alban Berg Quartett + Markus Wolf, viola

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PQP

Giuseppe Verdi (1813-1901): I Lombardi ala prima Crociata (Levine, Ramey, Pavarotti)

Giuseppe Verdi (1813-1901): I Lombardi ala prima Crociata (Levine, Ramey, Pavarotti)

SEI – Spuntano le ali – La Crociata dei Lombardi

Depois do imenso sucesso que foi Nabucco o jovem Verdi não se descuidou deixando o sucesso lhe cegar, se comportou de forma prudente, como quem evita elogios. Suas primeiras declarações eram de uma humildade provinciana: “Pelo amor de Deus, eu não sou digno!” – “Estive em Bolonha cinco ou seis dias … Estive visitando Rossini que me acolheu muito gentilmente e as suas boas-vindas pareceram realmente sinceras. De qualquer forma, fiquei encantado. Quando penso que Rossini é mundialmente famoso, eu fico apavorado”. Pelos contratos com Merelli e Ricordi o maestro atingira segurança econômica assim como também compromissos de curto prazo.

Verdi já se fazia notícia e atraía a admiração dos visitantes, dos habitantes, dos habitués, enfim dos que povoavam a piazzetta della Scala, a antecâmara do melodrama. Por falar nela, interessantíssimo o relato dos contemporâneos: “A praça que fica em frente ao grande teatro La Scala…. Pode ser considerada um ponto de encontro, onde todos os artistas dramáticos, cantores, dançarinos e músicos da Itália competem, se esbarram, se abraçam e namoram….. Nos dias de bom tempo e ao meio-dia (hora dos artistas, como se costumava dizer no jargão teatral) a praça fica movimentada: Quem vai, quem vem, quem chora, quem ri, quem declama; e vendo-os todos juntos, esses “pavões” vestidos de vaidade, parece até que se reuniram para discutir o destino da Europa e que “o equilíbrio do planeta” depende de suas conversas. Os mais talentosos e afortunados entre eles constituíam uma espécie de aristocracia, fechado em seus hábitos, ciumentos de suas

Caffe Martini, Inizio XX secolo

fronteiras, esta seleta categoria escolheu um canto da praça, o Caffè Martini, o “I cantori Epuloni” ampliava em voz alta os sucessos registrados mais recentemente no grande teatro. Mesmo os estabelecimentos da música dos editores Lucca e Ricordi, colocavam-se um à frente do outro na praça, competindo na atividade comercial de partituras e contratos, também lá os jovens cantores e compositores vinham em busca de proteção e apoio. As “prime donne” e as mais conceituadas bailarinas ali realizavam longas sessões, e ficavam atentas as exortações benevolentes do Papa Ricordi, um homem conhecido como ser autoritário, porém altamente estimado pelos artistas.

Tommaso Grossi autore del poema I Lombardi alla prima crociata

“Lombardi ala prima Crociata” chegou ao Scala em 11 de fevereiro de 1843, retirado do poema homônimo de Tommaso Grossi e também versado por Solera, “I Lombardi” percorreram mais ou menos os mesmos roteiros afortunados de Nabucco. Eles foram divididos em quatro episódios (A vingança, O homem na caverna, A conversão, O Santo Sepulcro), o espetacular coro “O Signore, dal tetto natio”, faixa 31, (que até poderia ter sido a sequência do coro dos judeus exilados de Nabucco) como exaltação épica e religiosa, até milagrosa, chegou ao ponto de despertar as queixas do cardeal arcebispo de Milão, conde Gaetano di Gaisruck, Verdi viu-se confrontado com os primeiros conflitos com a censura e resistiu. Eles queriam que a cena de massa com os estandartes e igrejas dos cruzados ao fundo fosse removida; Verdi, por outro lado, sabia que, respeitando as ilustrações desenhadas, daria ao público “uma faísca”, e tinha razão. Neste período a obra deveria ter um nobre significado patriótico e o poeta despertou este gosto artístico no compositor que excitava a secreta aspiração do povo. Quando Solera terminou a leitura do libreto, Verdi teve a certeza de que essas páginas estimulariam a sua inspiração. De fato, o coro transmitiu toda a doçura da música nas palavras, e este “hino” depois acabou sendo cantarolado pelo povo em toda parte.

Impelido pelo seu próprio ardor, Verdi dedicou-se à ópera com tal ímpeto, com tanta vontade que, em poucos meses, a partitura estava quase toda completa. Da mesma forma que em Nabucco, contínuas discussões surgiram entre Verdi e Solera, reclamando o maestro, pelas exigências da música ou para fazer sobressair um episódio, ora a supressão de um verso, ora o destaque de uma frase. O poeta hesitava em contentar Verdi, a quem apelidou de tirano e, muitas vezes, anuía de má vontade, tão irritado que, se não fora a estreita amizade que os unia, teriam brigado. O próprio Solera, referindo-se a Verdi, relata algumas dessas divertidas cenas: “Certo dia, ensaiando um dueto, achou Verdi falta de calor naquele trecho que, para acabar bem, carecia da adição de outros versos. “- Preciso uma frase quente, – dizia, – umas palavras de amor, qualquer coisa que lembre o Oriente, a Palestina, que sei eu… Procura tu. Pensa e realiza. Vou ao teatro e depois eu volto.” Pôs o chapéu e saiu dando volta à chave. Esta mania de me fechar no quarto era obsessiva. Fiquei entregue a elucubrações, rabisquei uma estrofe, depois outra e muito enfadado por estar detido no quarto, quis distrair-me e abri um armário com intenção de fazer uma brincadeira. Ao abrir o armário fiquei frente a frente com meia dúzia de garrafas de vinho, que pareciam convidar-me a provar-lhes o conteúdo. Abri uma, repus-me ao trabalho e, cada verso que a mente me fornecia, saudava-o com um bom copo… Quando Verdi regressou, calculo que os meus olhos brilhavam demasiadamente, porque me ponderou com expressão jubilosa: “- A inspiração espelha-se no teu rosto; aposto que compôs estes belos versos.” O pobre homem não reparava que outra coisa se lia nos meus olhos; mas, quando pegou nos papéis e descobriu que continham mais garranchos que versos, agarrou-me por um braço gritando: “- Miserável! Celerado! Para que te encerrei aqui?” Excitadíssimo declamava os dois últimos versos legíveis que diziam e dizem assim: “Será tálamo a areia do interminável deserto” “- Interminável… Areia… Espera um pouco!…” e gesticulando como um ator de feira, improvisou ali mesmo os outros versos que terminavam a estrofe e que, permaneceram no libreto: “Será o uivo da hiena / a canção do nosso amor!” Este dueto se tornou muito popular e o Pava e a June Anderson cantam maravilhosamente na faixa 22 que compartilharemos com os amigos do blog. Em sete meses a ópera foi terminada, e em onze ficaria pronta a ser estreada, obtendo um duplo sucesso: artístico e patriótico. Feitos os primeiros ensaios, o símbolo foi compreendido, exaltando os próprios cantores e determinando atitudes hostis de quem não estimava o despertar do povo. A polícia austríaca levantou dificuldades para a representação e o cardeal Gaisruck, arcebispo de Milão, procurou enfatizar as ordens da autoridade civil.

Il Teatro alla Scala visto della Corsi del Giardino

Entediava os austríacos o espírito patriótico, ao passo que o cardeal solicitava ao chefe de polícia, Torresami, que proibisse a representação por ser um sacrilégio. O cardeal realçava que em “I Lombardi” desfilavam no palco procissões, faziam-se batismos, conversões e ainda que o fundo de um dos cenários reproduziam o vale de Josafá. Que faltava para ser considerada um autêntico sacrilégio?

Torresami, no entanto, não atendeu o pedido do arcebispo e a proibição não foi decretada. Gaisruck não se deu por vencido: mandou chamar o empresário, o poeta e o musicista, responsabilizando-os conjuntamente pela obra e pedindo que praticassem alguns cortes. Verdi nem foi e recusou atender os rogos do cardeal declarando que apenas musicara as palavras e não mudaria uma nota. “- A ópera deve ser cantada tal como foi composta. Não sacrificarei nem um compasso.”

Merelli e Solera procuraram o chefe de polícia, expondo-lhe as razões com que o maestro e o poeta defendiam a integridade da sua obra. Como Torresami era grande admirador de música e não queria de forma alguma tornar-se responsável pela “supressão” de talvez uma obra-prima e não aspirava a um lugar negativo na história, pronunciou uma frase que permitiu a Verdi alçar voo: “Jamais serei eu quem cortarei as asas deste jovem que tanto promete pela arte musical”. De resto, Merelli, não dando amplas explicações que permitissem descobrir todo o seu intuito, insistiu que cercear a expansão seria a ruína de um talento promissor. No que o arcebispo censurava não havia desígnio ofensivo, pois que as cenas dos batismos e das conversões valiam pelo cunho artístico, não pretendendo ser irreverentes. Torresami deixou-se convencer, com a única condição, imediatamente aceita pelo poeta, de substituir “ave” por “salve” no verso que começava com “ave Maria”! Nesta gravação foi preservado o original “Ave Maria”, faixa 08.

Seguro de que não haveria mais aborrecimentos, o empresário impulsionou os ensaios e, na noite de 11 de fevereiro de 1843, “I Lombardi” arrastou o juízo da opinião. Em Milão só se falava na estréia. Foram principais intérpretes: Giovanni Severi (Arvino), Prosper Derivis (Pagano), Carlo Guasco (Oronte) e Erminia Frezzolini (Giselda) que o público idolatrava ela era dotada de uma voz melodiosa e forte. Narra-se que na noite da primeira audição, Verdi apareceu nervoso, agitado, como costumava acontecer a todos os autores nas mesmas circunstâncias. Temia que a grande ansiedade em que o público estivera fosse condição desfavorável para a boa recepção. Falara-se muito da ópera, espicaçara-se a curiosidade pelos episódios devassados por indiscrições que chegaram a incomodar o Cardeal de Milão, muitas pessoas se vangloriavam até de conhecer a música. Os cronistas desse tempo informam que era tão grande a inquietação de espírito, que o teatro foi quase tomado de assalto, e, quem teve a felicidade de arranjar um bilhete, já no fim da tarde acampava, literalmente, à porta do teatro. Grupos deslocaram-se para junto do prédio 6 e 7 horas antes do espetáculo, provendo-se de pão, vinho, carnes frias e garantido por esta forma o comparecimento a essa primeira representação, em torno da qual tantos comentários se teciam, as testemunhas oculares da estreia chegaram a afirmar que ao subir do pano ainda podia-se sentir um cheiro muito acentuado de salsicha e alho! (Qualquer semelhança com a euforia dos atuais shows de Rock, Pagode, Sertanejo…. não são meras coincidências).

Erminia Frezzolini

Justificava-se a apreensão do maestro. Demais, receava que Frezzolini não estivesse em plena posse das suas faculdades, porque os ensaios a tinham extenuado. Antes de dar o sinal para subir o pano, Verdi visitou o camarim da cantora que, pelo menos na aparência, parecia tranquila. “- Como vai?” “- Bem.” “ – Tem coragem?” “ – Duvida? Se for necessário morrerei no palco, mas Lombardi será cantada até a última nota.” “- Isso me anima. E qual é o seu parecer? Agradará ou não?” “- A ópera provocará delírio. Os aplausos terão duas finalidades: exaltar a arte e o desejo de liberdade.”

Assim sucedeu. A profecia da cantora realizou-se, o público, embevecidos na audição, retiveram com facilidade a música, mais ardente, se não mais correta, que a de Nabucco, e proclamaram Verdi vitorioso. Confirmando o que Verdi e Solera tinham imaginado, o público distinguiu especialmente o terceto do terceiro ato, faixa 27. Por ocasião da leitura do libreto, Solera, chegando a êsse ponto, convenceu-se, que ele inspiraria brilhantemente o maestro e, fazendo uma pequena pausa, observou: “- Agora é a tua vez!” Como dissemos anteriormente, Verdi dedicou-se com afinco e, quando terminou, chamou o amigo para que, primeiro que qualquer outro, emitisse a sua opinião. Sentou-se ao piano, tocando e cantando, enquanto Solera, silencioso e comovido, escutava. Finda a execução, Verdi voltou-se. Emocionado o amigo abria-lhe os braços em total aprovação.

Principio di amicizia – Rudolf Hirth

Entre um coro e outro existe um elemento individual de particular importância para Verdi, o princípio da amizade, que deve preencher o vazio que se forma entre dois seres humanos antes e depois da febre da paixão, especialmente de origem sensual. A amizade deve levantar uma barreira, conter ou remover os sentimentos que inflamam a alma e que podem rapidamente ceder e desaparecer. Com espírito romântico, entende que as paixões, mesmo os afetos, se condensam e se liquefazem sem dar origem a uma realidade duradoura. Mesmo os ideais civis, políticos e religiosos (também de origem passional) não são inflexíveis. No confronto entre pagãos e cristãos, ele não está do lado de um nem do outro, como também é evidente em Nabucco. Para aquela época os estrangeiros nunca poderiam perceber a influência que durante certo período deve ter tido as melodias ardentes e inflamadas de Verdi, ou mesmo passagens únicas de poesia, que lembravam do infeliz estado da Itália, ou de suas memórias ou suas esperanças. O público via alusões em todos os lugares, mas Verdi primeiro as descobriu e adaptou a música inspirada que muitas vezes acabou revolucionando o teatro. Com “I Lombardi”, a censura austríaca e depois das pequenas picuinhas italianas deram origem a esse paciente trabalho de investigações, que as autoridades sempre fizeram, a fim de limpar os libretos que Verdi usava, reduzi-los … e tornar impossíveis as manifestações – que então o público sempre encontrava formas de agir. Se este simples admirador se emociona sempre com o coro final, faixa 35 “Te Iodiamo, Gran Dio Di Vittoria”, imaginem o pessoal sofrido da estreia, defumados que estavam de salsicha e alho, como não devem ter ido a loucura …..

Un ritratto di Verdi verso il 1843

A ópera, sempre festejada com ardor, percorreu os principais teatros italianos e estrangeiros, drenando para Verdi fartas messes de louvores e dinheiro. Consagrado, depois deste segundo êxito, como um dos melhores compositores, muito se esperava da sua juventude e da sua atividade. A partitura da ópera foi dedicada pelo autor, não pela editora, para a duquesa Maria Luigia de Parma, a “sua” duquesa. Maria Luigia chamou o mestre em sua presença “para lhe agradecer a dedicatória que fez a Sua Majestade em tão bela obra”. Na prefeitura, entregou-lhe uma joia com pedra verde no meio e um círculo de diamantes magníficos ”, e também lhe oferecendo um cargo na corte, assim que Verdi encerrasse sua carreira.
Ficou com muuuita moral !

O Enredo
O tempo da ação está localizado em 1099. Se passa em Milão e na Terra Santa durante a Primeira Cruzada no final do século XI.

Ato 1 – La vendetta
Na praça Sant’Ambrogio, diante da Catedral de Milão, a multidão vem dar graças pela reconciliação entre os irmãos Arvino e Pagano, filhos do Senhor Folco. Pagano, ao ser rejeitado por Viclinda, tentara matar o seu rival, e irmão, Arvino, sendo, por isso, condenado ao exílio. Agora fora perdoado e regressara – se bem que muitos duvidem ainda da sinceridade do seu arrependimento. Apenas Viclinda, casada agora com Arvino, e a sua filha Giselda, parecem acreditar nele.

No meio das celebrações, um Padre anuncia mais uma cruzada à Terra Santa, designando Arvino como comandante das tropas lombardas. Enquanto se ouve ao longe um coro de Monges, Pagano confessa a Pirro, escudeiro do seu irmão, não estar arrependido dos seus crimes, bem pelo contrário: aquilo que mais deseja é possuir Viclinda, ao que Pirro responde dizendo estar disposto a ajudá-lo no seu pérfido intento.

Bozzetti di Giuseppe Bertoja – la prima milanese 1

Entretanto, no palácio, Viclinda e Giselda começam também a suspeitar das intenções de Pagano. Arvino pede-lhes para tomarem conta do pai, que está no seu quarto. Depois de rezarem uma Ave Maria, as mulheres saem. Entram então Pirro e Pagano, que empunha um punhal. Os seus cúmplices atearam fogo ao palácio, e eles procuram Arvino dirigindo-se para os seus aposentos. Quando regressam, arrastando com eles Viclinda, são confrontados com Arvino que, ao ver o punhal ensanguentado, compreende que Pagano acabou de matar o próprio pai. Entra uma multidão que cerca os dois criminosos, e o ato termina com Pagano sendo de novo condenado ao exílio.

Ato 2 – L’uomo Della Caverna
Passa-se na Antioquia, e inicia-se no palácio de Acciano, o tirano, que está reunido com os embaixadores dos países vizinhos para organizarem a resistência contra os Cruzados. Chega Sofia, mulher de Acciano, secretamente convertida ao Cristianismo. Com ela vem o seu filho Oronte que está apaixonado por Giselda, prisioneira no harém do tirano – um sentimento que é visto por Sofia como um meio para converter o filho à Fé Cristã.

Figurini alla Scala

O segundo quadro passa-se junto duma gruta no deserto onde um Eremita espera impaciente a chegada dos Cruzados. Aproxima-se dele um homem que lhe pede humildemente o perdão dos pecados. Esse homem é Pirro, o escudeiro de Arvino, que renegou a Fé, e que é atualmente responsável pela segurança dos muros de Antioquia. O Eremita diz-lhe que os seus pecados serão perdoados se ele abrir as portas da cidade aos Cruzados que se aproximam. Esses Cruzados são as tropas da Lombardia. Ao saber isto, o Eremita veste os seus trajes de combatente, e vai ao encontro das tropas de viseira baixa. A verdade é que o Eremita é de facto Pagano que tenta remir-se da sua culpa através do sacrifício. Pagano dirige-se a Arvino, seu irmão, que não o reconhece, e que lhe pede para rezar pelo sucesso da causa, dizendo que a sua filha Giselda foi feita prisioneira pelos infiéis. O Eremita prediz ao chefe das tropas lombardas que irá encontrar a sua filha, e que, essa mesma noite, armarão as suas tendas no interior de Antioquia.

O quadro seguinte passa-se no harém do palácio onde as mulheres cantam louvores ao amor de Oronte e Giselda, que está entregue à oração. Ouvem-se gritos, os turcos fogem e os cristãos avançam. Entra então Sofia que anuncia que o marido e o filho foram mortos em combate. É assim que, quando chega Arvino, Sofia o aponta como sendo o assassino. O Cruzado aproxima-se de Giselda para a abraçar, mas ela afasta-o horrorizada, declarando, num fervor que toca as raias da loucura, que Deus nunca quis aquela carnificina. Arvino enfurece-se, desembainha o punhal, mas é agarrado antes de desferir o golpe.

Ato 3 – La Conversione
A Conversão inicia-se no vale de Josafat onde os cruzados e os peregrinos louvam as belezas de Jerusalém e choram as desgraças que dominam a Terra Santa. Giselda chega sozinha. Ela deixou o acampamento do pai e queixa-se de que, mesmo naquele lugar, os seus pensamentos continuem dominados pelo amor a Oronte, que julga ter morrido. Mas Oronte não morreu, está apenas gravemente ferido, e aparece agora na sua frente. Ele deixou tudo por Giselda, e fica feliz ao saber que ela está disposta a enfrentar todos os perigos ao seu lado. Ao ouvirem gritos de soldados, fogem.

Bozzetti di Giuseppe Bertoja – la prima milanese

Arvino continua dominado pela fúria contra a filha, e mais furioso fica quando é informado de que Pagano foi visto no acampamento dos cruzados. Deve ser um sinal do descontentamento divino. E Arvino conclui que Pagano deve morrer.

Interior de uma gruta. Para uma abertura ao fundo você pode ver a margem do Jordão (um lindo prelúdio com solo de violino “a la Paganini” nos ambienta nesta atmosfera, faixa 25). Giselda ajudou Oronte a refugiar-se numa gruta de onde se pode ver o rio Jordão. Oronte está ferido de morte, e, no seu desespero, a jovem recrimina Deus amargamente. Aparece então o Eremita, aliás Pagano, perguntando quem ousa recriminar os Céus, e diz a Giselda que o seu amor é pecaminoso. Mas se Oronte aceitar receber o batismo, poderão ter uma nova vida juntos. O Eremita parte para ir buscar no rio a água para o batismo. Quando ficam sós, Oronte diz a Giselda que irá esperá-la no Céu. E morre.

Ato 4 – Santo Sepolcro
O ato inicia-se com um sonho de Giselda onde vê Oronte que lhe diz que Deus escutou a sua oração, e que os cruzados recuperarão as forças com a água de Siloé. Quando acorda Giselda está certa da vitória.
No acampamento dos Lombardos cruzados e peregrinos recriminam Deus por tê-los conduzido até àquele deserto árido. Depois um grito anuncia a descoberta duma fonte. Giselda aparece e diz que os Céus escutaram as suas orações: eles podem refrescar-se naquela fonte. Feliz, Arvino afirma aos seus homens que em breve poderão escalar as muralhas de Jerusalém.

Figurini alla Scala

Ouvem-se ruídos de batalha. Arvino e Giselda trazem o Eremita, mortalmente ferido, para o interior da tenda. Então o moribundo revela a sua verdadeira identidade: ele é Pagano, que sem a intervenção do Destino, teria também morto o próprio irmão. Nos últimos instantes de vida, pede a Arvino que não amaldiçoe a sua alma penitente. Arvino abraça-o. Depois Pagano pede para ver uma última vez a Cidade Santa. Jerusalém aparece iluminada pelo alvorecer. Pagano morre, e a ópera termina com os cruzados entoando um hino de vitória.

Cai o pano

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Personagens e intérpretes

Infelizmente, “I Lombardi ala prima Crociata” é raramente vista ou ouvida, embora seja um deleite musical! Esta ópera de Verdi é uma verdadeira joia. Há um grande número de ótimas óperas de Verdi que são pouco conhecidas e raramente ou nunca executadas. Este admirador tentará, com colher de café, tentar quebrar

June Anderson

alguns paradigmas. A presente ópera chama a atenção imediatamente, é animada, oferece grandes interlúdios corais, simplesmente dignos de se ouvir e inspirar! A gravação com o Big-Luciano (em sua última gravação de ópera completa), Ramey e a grande June Anderson é absolutamente fantástica, Levine é o maestro Verdi dos anos 80, 90 e 2000, ele o sente como ninguém e transmite ao ouvinte um excelente “I Lombardi”. Gosto muito desta versão.

Um tema politico-religioso espetacular, muitos coros, uma pitada de exotismo e de sobrenatural, blasfêmia, conversão, expiação, visões, prodígios divinos, amor do herói pela filha do seu inimigo, rivalidade entre irmãos, e um lamento pela Pátria distante. “I Lombardi ala prima Crociata” é a ópera de Verdi mais acessível ao ouvido, tenho certeza que os amigos do blog vão adorar !!!!! Que subam as cortinas e se inicie o espetáculo!

I Lombardi ala prima Crociata – Giuseppe Verdi

Samuel Ramey (Bass) – Pagano
Patricia Racette (Soprano) – Viclinda
Ildebrando D’Arcangelo (Bass) – Pirro
June Anderson (Soprano) – Giselda
Anthony Dean Griffey (Tenor) – Priore
Yannis Yannissis (Bass) – Acciano
Jane Shaulis (Soprano) – Sofia
Luciano Pavarotti (Tenor) – Oronte
Richard Leech (Tenor) – Arvino

James Levine
Orchestra/Ensemble: Metropolitan Opera Chorus, Metropolitan Opera Orchestra (1997).

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James Levine no Foyer do PQPBach Hall

Ammiratore

Handel (1685 – 1759): Concerti grossi Op. 6 – Combattimento Consort Amsterdam & Jan Willem de Vriend ֎

Handel (1685 – 1759): Concerti grossi Op. 6 – Combattimento Consort Amsterdam & Jan Willem de Vriend ֎

HANDEL

Concerti grossi Op. 6

Combattimento Consort Amsterdam

Jan Willem de Vriend

 

Entre 1719 e 1737 Handel, que vivia em Londres, manteve companhias de ópera em estilo italiano, mas finalmente teve que mudar de ramo, com a falência da última delas. Era muito caro importar os cantores italianos e o gosto dos ingleses para este tipo de música era variável. Além disso, ele não era tão jovem e enfrentava problemas de saúde. Ele já havia se tornado cidadão britânico, decidiu adaptar-se aos gostos locais, permanecendo em Londres, em vez de buscar novas paragens. Chegara o tempo das odes e dos oratórios. Mantendo a tradição da época, fez reuso de música já composta para outras ocasiões, adaptando tudo para o momento. E quem ligava, se o resultado soava novo e adequado?

Além da música coral, Handel passou a arranjar e compor concertos para intercalar com os números destas apresentações. Queria mostrar seus poderes de grande compositor para garantir definitivamente a fama e o dinheiro.

Nos meses de setembro e outubro de 1739 ele trabalhou nestes concerti grossi, que pretendia usar na próxima temporada. Mesmo levando em conta o reuso, o resultado é verdadeiramente espetacular. A concisão de tempo não colocou em perigo a qualidade das peças nem diminuiu a inventividade. Handel planejou a obra toda como um conjunto de 12 concertos, seguindo a tradição estabelecida pelos mestres italianos como Corelli, Albinoni e Vivaldi. Além do uso em seus espetáculos, Handel fez parceria com o editor de música John Walsh Junior que anunciou a obra para venda por assinatura antes mesmo de Handel terminar de escrever as últimas notas.

Sala de Música na Casa de Handel, Londres
João Guilherme gostou da minha escolha…

Escolher uma gravação para a postagem não foi tarefa fácil, mas foi divertido. Certamente haverá desdobramentos. Apesar das boas lembranças trazidas pela audição das gravações de Iona Brown e Yuli Turovsky, o vibrato acabou me colocando em outra direção. É claro que Pinnock e Hogwood (que adoro) e inúmeros outros grupos gravaram estas obras e algumas destas boas opções já foram postadas. Assim, me concentrei nas novas gravações. Ouvi algumas vezes o lançamento do excelente selo BIS, uma gravação bastante elogiada com o grupo Arte dei Suonatori, que apesar do nome é polonês, regido por Martin Gester. Mas acabei optando pelo grupo holandês Combattimento Consort, regido pelo Jan Willem de Vriend que, apesar de atento às práticas historicamente informadas, usa instrumentos modernos. Talvez isso tenha sido a razão pela escolha. Espero que você também goste da escolha!

Georg Friedrich Handel (1685 – 1759)

[1-5] – Concerto grosso, Op. 6 No. 1 em sol maior, HWV319

[6-9] – Concerto grosso, Op. 6 No. 2 em fá maior, HWV320

[10-14] – Concerto grosso, Op. 6 No. 3 em mi menor, HWV321

[15-18] – Concerto grosso, Op. 6 No. 4 em lá menor, HWV322

[19-24] – Concerto grosso, Op. 6 No. 5 em ré maior, HWV323

[25-29] – Concerto grosso, Op. 6 No. 6 em sol menor, HWV324

[30-34] – Concerto grosso, Op. 6 No. 7 em si bemol maior, HWV325

[35-40] – Concerto grosso, Op. 6 No. 8 em dó menor, HWV326

[41-46] – Concerto grosso, Op. 6 No. 9 em fá maior, HWV327

[47-51] – Concerto grosso, Op. 6 No. 10 em ré menor, HWV328

[52-56] – Concerto grosso, Op. 6 No. 11 em lá maior, HWV329

[57-61] – Concerto grosso, Op. 6 No. 12 em si menor, HWV330

Combattimento Consort Amsterdam

Jan Willem de Vriend

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Combattimento Consort Amsterdam maravilhados com o Salão de Música do PQP Bach Corp. em Blumenau

Gramophone: “the use of modern strings and woodwind is by no means a disadvantage because there are some salient aspects of these performances that are closer to historically informed practice than those one hears from some period-instrument sets…Combattimento Consort Amsterdam’s pursuit of dramatic conviction and rich textures is commendable”.

Veja o que disse uma outra crítica, que pode ser lida na íntegra aqui: “Stirring, exciting and moving in equal measure, this is a Handel Op. 6 with which to reward yourself, and which will deliver pleasure for as long as you possess it. […] Such a magnificent production, superbly recorded […], is therefore cause both for celebration and poignancy. Snap it up while you can”.

Baixe logo, enquanto pode… Aproveite!

René Denon

PS:O pessoal do Combattimento e o Jão Guilherme já nos visitaram antes. Veja aqui:

Heinrich Ignaz Franz von Biber (1644-1704): Soldiers, Gypsies, Farmers and a Night Watchman: Instrumental Pieces by Biber

Stravinsky (1882-1971): Petrushka – A Sagração da Primavera – Seiji Ozawa ֎

Stravinsky (1882-1971): Petrushka – A Sagração da Primavera – Seiji Ozawa ֎

STRAVINSKY

Petrushka

A Sagração da Primavera

Seiji Ozawa

 

Este disco apareceu em uma postagem no dia 29 de maio de 2013 e hoje ressurge na série PQP-Originals.

Veja aqui o texto daquela postagem (com a tradicional objetividade PQP-niana):

Seguindo nossa homenagem aos 100 anos da estreia de A Sagração da Primavera, lá vai o segundo torpedo, este com Seiji Ozawa, grande regente que atualmente luta com problemas de saúde decorrentes de um câncer no esôfago contraído em 2009. Assim como no CD postado por FDP Bach, a Sagração vem com o brinde de Petrouchka, mas aqui temos também a curta e excelente Fogos de Artifício.

Agora você sabe a motivação da postagem original, o centenário da estreia de A Sagração da Primavera, em 29 de maio de 1913, no Théatre des Champs-Elysées, em Paris. A primeira parte do programa foi Les Sylphides, balé baseado na música de Chopin. Choque é uma palavra leve para descrever a reação da plateia. A Sagração da Primavera é uma das peças mais inovadoras e é um marco na História da Música. O balé é resultado de uma colaboração de Stravinsky com diversos outros artistas de outras áreas. Menciono isto apenas para colocar a originalidade da obra num contexto de mudanças que estavam, por assim dizer, no ar. A Sagração é parte de uma sequência de balés que começou com o Pássaro de Fogo e passou por Petrushka, a outra obra do álbum. Tudo isto em pouco mais de três anos, uma vez que a estreia do Pássaro de Fogo ocorreu em 1910.

Mas o que nos interessa hoje é a música e estas gravações são excelentes e merecem serem reapresentadas aos nossos leitores-seguidores.

Confesso, Seiji Ozawa não é o primeiro nome que me vem à mente ao pensar em um regente para essas (ou outras, por assim dizer) peças. Mas aqui temos duas orquestras americanas no auge de suas excelentes capacidades regidas por um jovem talentoso esperando se firmar no cenário artístico americano. Ozawa viria a se tornar o regente da Orquestra de Boston alguns anos depois.

As gravações de A Sagração e de Fogos de Artifício, a pequena peça que completa o programa, são de julho de 1968. A orquestra é a Chicago Symphony, que até 1963 fora comandada por Fritz Reiner. Em 1968 o regente principal era Jean Martinon, que estava de saída.

A gravação de Petrushka é de em novembro de 1969, com a Boston Symphony Orchestra, outra das ‘Big Five’ e que fora consolidada por Charles Munch. Nesta gravação, o pianista é outro jovem americano que viria a se firmar como um importante regente, Michael Tilson Thomas.

A produção de Peter Delheim [RCA High Performance] é um primor.

Igor Stravinsky (1882 – 1971)

  1. [1-16] – Petrushka
  2. [17 – 23] – A Sagração da Primavera (Parte I)
  3. [24 – 29] – A Sagração da Primavera (Parte II)
  4. [30] – Fogos de Artifício
Michael Tilson Thomas, piano (Petrushka)

Boston Symphony Orchestra (Petrushka)

Chicago Symphony Orchestra (Sagração e Fogos de Artifício)

Seiji Ozawa

Observação: Os arquivos originais estão divididos em múltiplas faixas, que pode ser conveniente para acessar este ou aquele trecho. No entanto, em alguns leitores de arquivos musicais, especialmente os mais antigos, há sempre um pequeno intervalo de tempo entre as faixas. Eu acho isso muito chato. Assim, disponho também uma opção com arquivos nos quais algumas faixas foram reunidas, evitando assim essa interrupção.

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Igor, de olho no ano que vem aí…

Veja o que o pessoal lá do Japão achou do disco:

やはり50年近く前の演奏だから若干古さは感じるがこの値段でこれが聴けるのは驚異的!オーケストラの演奏がやたら巧過ぎるので良い音楽が堪能できます。ピアノの音色とオーケストラの音がキラキラ光る様で実に美しくも素晴しい。

(É uma performance de quase 50 anos atrás, então parece um pouco velha, mas é incrível ouvir isso a esse preço! Você pode desfrutar de boa música porque o desempenho da orquestra é muito habilidoso. O som do piano e o som da orquestra estão brilhando, e é realmente lindo e maravilhoso.)

Aproveitem, ano novo, música nova!!

René Denon

Seiji ensaiando a OSPQP

Benjamin Britten (1913-1976): Symphonic Suite From ‘Gloriana’ / Cello Symphony / Four Sea Interludes From ‘Peter Grimes’ (Gardner)

Benjamin Britten (1913-1976): Symphonic Suite From ‘Gloriana’ / Cello Symphony / Four Sea Interludes From ‘Peter Grimes’ (Gardner)

Achei um bom disco. Só. Sem entusiasmo. Engraçado que a excelente Chandos dá maior destaque à Cello Symphony — peça que avalio como bem chatinha, ainda mais se comparada com os Four Sea Interludes —, do que às duas restantes. Cello Symphony  é uma música forte e áspera, às vezes impossível de separar da personalidade do violoncelista para quem foi escrita, Mstislav Rostropovich, embora a abordagem de Watkins seja mais introspectiva do que a do grande russo.  Os Sea Interludes de Peter Grimes são tocados com grande sutileza orquestral, e a suíte menos ouvida de Gloriana consegue um equilíbrio perfeito entre o próprio mundo musical de Britten e o elizabetano que evoca. O trabalho de Gardner e da BBC Philharmonic é sensacional, quem não ajuda é Britten. Há grande equilíbrio orquestral e clareza de cada seção da orquestra. Um trabalho notável sobre músicas mais ou menos.

Benjamin Britten (1913-1976): Symphonic Suite From ‘Gloriana’ / Cello Symphony / Four Sea Interludes From ‘Peter Grimes’ (Gardner)

Symphonic Suite From ‘Gloriana’, Op. 53a 25:19
1 I. The Tournament. Very Lively – Slowly 4:11
2 II. The Lute Song. Very Freely 4:24
3 III. The Courtly Dances. March – Coranto – Pavane – 9:26
4 IV. Gloriana Moritura. Quick – Very Slow 7:17

Symphony For Cello And Orchestra, Op. 68 34:48
5 I. Allegro Maestoso 12:31
6 II. Presto Inquieto 3:49
7 III. Adagio – Cadenza Ad Lib 10:42
8 IV. Passacaglia. Andante Allegro 7:26

Four Sea Interludes From ‘Peter Grimes’, Op. 33a 16:05
9 I. Dawn. Lento E Tranquillo 3:29
10 II. Sunday Morning. Allegro Spiritoso 3:36
11 III. Moonlight. Andante Comodo E Rubato 4:24
12 IV. Storm. Presto Con Fuoco 4:35

Cello – Paul Watkins (3) (tracks: 5 to 8)
Conductor – Edward Gardner
Orchestra – BBC Philharmonic
Tenor Vocals – Robert Murray (6) (tracks: 1 to 4)

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Dizer o que desta foto?

PQP

Mozart (1756 – 1791): Sonatas para Piano – Klára Würtz – 3/3 ∞

Mozart 

Sonatas para Piano

Terceiro Tempo

Klára Würtz, piano

 

Klára Würtz

Esta é a última postagem com as Sonatas para Piano de Mozart, interpretadas pela pianista húngara Klára Würtz. Há algum tempo vinha ensaiando uma postagem destas sonatas e considerei algumas possibilidades, entre elas as gravações de Mitsuko Uchida e Maria João Pires, as duas bem diferentes, ambas excelentes. Mas como são gravações tão conhecidas e cantadas em verso e prosa, achei que as gravações da Klára, que conheci ao longo deste ano que está passando, merecem alguma divulgação, mesmo que seja dentro do nosso modesto escopo.

Este grupo de seis sonatas é bem desigual, devido a maneira como as sonatas foram planejadas, refletindo a maior instabilidade na qual Mozart viveu seus últimos anos.

A Sonata em si bemol maior, K. 333, foi publicada em Viena, por Christoph Torricella, juntamente com algumas outras obras, inclusive a Sonata K. 284, a maior e última das seis primeiras sonatas. Esta sonata foi escrita, no entanto, em 1778 em Paris, período em que também estava na cidade Johann Christian Bach, compositor pelo qual Mozart tinha grande respeito e admiração. A Sonata tem ares das sonatas de Johann Christian. Mas outra fonte também fala na possibilidade de a sonata ter sido composta em Linz, na época da Sinfonia ‘Linz’. De qualquer forma, o estilo galante é bem nítido e a sonata agradabilíssima.

Em seguida uma grande Sonata em dó menor, K. 457, de outubro de 1784. Ela foi composta num período de grande atividade, com a composição de muitos concertos para piano. A peça em tonalidade menor é carregada de angústia e apresenta uma linguagem diferente, nova, especialmente se a compararmos com a sonata anterior. É pioneira no sentido que parece ter sido composta para um ambiente maior, além dos salões da nobreza. Esta sonata é, em geral, associada à Fantasia (também) em dó menor, K. 475, que não foi incluída nesta gravação. Assim, tomei a liberdade de acrescentar uma interpretação desta Fantasia e a coloquei como uma faixa bônus, no final do arquivo. A gravação é do (então) jovem pianista Alexej Gorlatch e se encontra em um disco-recital no selo Genuin, de 2010. Esta é, talvez, a Sonata mais próxima das sonatas que Beethoven viria compor alguns anos depois.

A Sonata em fá maior, K. 533/494 é uma montagem de movimentos compostos separadamente. Ela representa novamente uma retomada de direção de Mozart, que usa elementos que estudou nas obras de Bach e Handel, como contraponto e passeios em distantes tonalidades.

A Sonata K. 545 é uma ‘Sonata facile’, escrita para amadores. Mas mesmo aqui, a genialidade de Mozart faz com que uma beleza artística venha à superfície. Na ótima página sobra as sonatas, com os conteúdos escritos por Paul e Eva Badura-Skoda, você encontra uma classificação das sonatas por grau de dificuldade e esta é a mais fácil delas.

As duas últimas sonatas foram escritas em 1789. A Sonata em si bemol maior, K. 570, escrita na mesma tonalidade que o último Concerto para Piano, apresenta esta simplicidade que Mozart atingiu nas suas últimas obras, uma elusiva simplicidade, bem Mozart.

A Sonata em ré maior, K. 576 foi interpretada por Mozart na presença de Frederick Willelm II, Rei da Prússia, que encomendara alguns quartetos e sonatas fáceis a Mozart. Ele completou três quartetos e apenas esta sonata, que não é exatamente ‘fácil’. O apelido ‘Jagd-Sonate’ (Caça) se deve ao tema do primeiro movimento, com as fanfarras associadas à música de caça.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Sonata para Piano em si bemol maior, K. 333

  1. Allegro
  2. Andante cantabile
  3. Allegretto grazioso

Sonata para Piano em dó menor, K. 457

  1. Allegro molto
  2. Adagio
  3. Allegro assai

Sonata para Piano em fá maior, K. 533

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Rondeau: Allegretto

Sonata para Piano em dó maior, K. 545

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Rondo

Sonata para Piano em si bemol maior, K. 570

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto

Sonata para Piano em ré maior, K. 576

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegretto

Klára Würtz, piano

Faixa Bônus

Fantasia para Piano em dó menor, K. 475

Alexej Gorlatch, piano

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Klára Würtz

This is what is so special about Ms Wurtz. Her playing is very personal and yet never at variance with the composer’s wishes. When you hear her play Mozart for example, it feels as if you have never heard it before. That’s class.

There is a wonderful story, which several people have confirmed as true, when Ms Wurtz appeared recently in a concert with one of her tutors, Andras Schiff and received the best reviews of the evening which caused him to have a terrible huff!

Here is that rare joy! Mozart played with life, vibrancy and sheer excitement along with an exquisiteness that is so beautiful and rare that I do not know what to say. It would be a mistake for genuine music lovers not to buy this set.

Soul satisfying! Very special!                                                                                                                        David Wright

Aproveite!

René Denon

Veja também esta postagem:

W. A. Mozart (1756-1791): Sonatas para Piano – Murray Perahia

J. S. Bach (1685-1750): Partitas Nos. 1, 5 & 6 (Murray Perahia)

J. S. Bach (1685-1750): Partitas Nos. 1, 5 & 6 (Murray Perahia)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um grande disco! Com seu estilo cerebral e discreto, Murray Perahia dá um banho de alta categoria musical. A notável qualidade do repertório o ajuda, é claro. Exatamente como outros dois outros grupos de suítes prévias, as Francesas e Inglesas, as Partitas seguem o esquema básico da suíte: “Allemande-Courante-Sarabanda-Giga”. Neste esqueleto — cada Partita é diferente da outra –, Bach introduz um movimento de abertura distinto que determina a caráter de cada uma. Ele também acrescenta algumas danças diferentes ao modelo básico. As 6 Partitas, BWV 825–830 foram publicadas entre 1726 e 1730, em Leipzig.

J. S. Bach (1685-1750): Partitas Nos. 1, 5 & 6 (Murray Perahia)

Partita No. 1 In B Flat Major, BWV 825
1 I. Praeludium 1:59
2 II. Allemande 3:07
3 III. Corrente 2:52
4 IV. Sarabande 5:02
5 V. Menuet I & II 3:17
6 VI. Gigue 2:08

Partita No. 5 In G Major, BWV 829
7 I. Praeambulum 2:15
8 II. Allemande 4:30
9 III. Corrente 1:43
10 IV. Sarabande 4:20
11 V. Tempo Di Minuetto 2:01
12 VI. Passepied 1:44
13 VII. Gigue 3:55

Partita No. 6 In E Minor, BWV 830
14 I. Toccata 8:07
15 II. Allemande 3:10
16 III. Corrente 4:24
17 IV. Air 1:32
18 V. Sarabande 5:33
19 VI. Tempo Di Gavotta 1:56
20 VII. Gigue 5:51

Murray Perahia, piano

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Murray Perahia na assim chamada “Stairway to Heaven” da sede novaiorquina da PQP Bach Corp.

PQP

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas K. 515 e 516 (Van Kuijk)

W. A. Mozart (1756-1791): Quintetos de Cordas K. 515 e 516 (Van Kuijk)

Acho lindos vários dos Quartetos de Cordas de Mozart, mas não há o que se compare aos Quintetos de Cordas K. 515 e 516. Sei que vai ter gente dizendo que há violistas demais, só que nem Rex Stout escreveu sobre. Os Quintetos de Cordas K. 515 e 516 em boa escala dominam a produção instrumental de Mozart no ano de 1787, o qual terminou com a estreia de Don Giovanni. É claro que a velocidade de composição era a de Mozart, mas mesmo assim ele trabalhou bastante neles. Tchaikovski chorava escondido quando ouvia o K. 516. É das mais sublimes músicas de câmara que existem. O 515 é longo e transmite afirmação, vontade de viver; o 516 é mais triste. O Adagio do 516, tocado com surdina, não convida à contemplação ou enlevo. O clima é de pressentimento, inquietação e isto emocionava muito Tchaikovski. Estes quintetos nos mostram o compositor no auge de suas faculdades criativas, em um gênero ao qual não retornava há quatorze anos e que aqui trouxe a um alto grau de perfeição formal.

O Van Kuijk é bom, mas peca justamente nos movimentos lentos. Falta-lhe um pouco do charme, da concentração e da maturidade que outros conseguiram imprimir. Logo, logo a gente posta outras versões melhores, vocês ouvirão!

Trecho da biografia de biografia de Tchaikovski, de Alexandr Poznansky.

W. A. Mozart (1756-1701): Quintetos de Cordas. K. 515 e 516 (Van Kuijk)

1. String Quintet No. 3 in C Major, K. 515: I. Allegro (12:41)
2. String Quintet No. 3 in C Major, K. 515: II. Andante (08:45)
3. String Quintet No. 3 in C Major, K. 515: III. Menuetto. Allegretto (04:59)
4. String Quintet No. 3 in C Major, K. 515: IV. Allegro (07:17)

5. String Quintet No. 4 in G Minor, K. 516: I. Allegro (10:08)
6. String Quintet No. 4 in G Minor, K. 516: II. Menuetto and Trio. Allegretto (04:47)
7. String Quintet No. 4 in G Minor, K. 516: III. Adagio ma non troppo (07:55)
8. String Quintet No. 4 in G Minor, K. 516: IV. Adagio – Allegro (10:27)

Quatuor Van Kuijk & Adrien La Marca

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PQP

Sergei Prokofiev (1891-1953): Suíte Chout (O Bufão) op.21 e Suíte de Valsas op. 110

Sergei Prokofiev é uma unanimidade aqui na redação do PQP Bach. Só em 2020, entre outras postagens, René trouxe as sonatas para piano, ele e FDP trouxeram os concertos para piano, PQP trouxe 3 intérpretes diferentes para os concertos para violino, Vassily trouxe “Pedro e o Lobo – Conto de Fadas Sinfônico para Crianças”.

Prokofiev também compôs muita música para os palcos: ópera, balé, música incidental… E ele tinha o hábito de criar suítes que eram uma espécie de ‘melhores momentos’, para serem tocadas em concertos puramente sinfônicos, como também fazia seu contemporâneo Igor Stravinsky (cf. Suíte Pássaro de fogo, Suíte L’histoire du soldat, etc.) Fica inclusive a dica para os novatos na música clássica: se na época de Rameau e Bach a palavra suíte tinha outro significado, no século XX ela às vezes lembra aqueles CDs de greatest hits ou, mais recentemente, playlists de melhores momentos de uma ou várias obras anteriores. No caso, o DJ é o próprio compositor, que publica a playlist com um número de opus.

Composto entre 1941 e 1944, durante a 2ª Guerra Mundial, e estreado alguns meses após o armistício de 1945, o balé Cinderella tem ao mesmo tempo uma grande leveza e beleza de conto de fadas e um clima pesado, com aquela história de família cheia de inveja e maldade… A ópera Guerra e Paz, também composta durante a guerra, é explicitamente uma exaltação patriota do povo russo. Gennadi Rozhdestvensky e sua orquestra russa se equilibram fantasticamente entre o lado bucólico e o lado sombrio da música inspirada no conto de Perrault e no romance de Tolstoi. Alguns timbres, sobretudo os metais, garantem um ar sempre um pouco sério, bem diferente da tranquilidade aristocrática de valsas tocadas com sotaque austríaco ou britânico.

O Esboço de Outono, op.8, é uma obra de juventude, de um compositor que ainda buscava sua voz própria. O Balé Chout, ou “O Bufão”, se inspira no folclore russo e foi estreado em Paris em 1921 pelos Ballets Russes, que anos antes haviam estreado os grandes balés de Stravinsky e Jeux de Debussy. Em 1924, a Suíte foi estreada em Bruxelas.

Sergei Prokofiev (1891-1953): Suíte Chout (O Bufão) op.21 e Suíte de Valsas op. 110
Tale Of The Buffoon, “Chout” – Concert Suite From Ballet Op. 21a
1 The Buffoon And His Wife
2 Dance Of The Buffoons’ Wives
3 The Buffoons Kill Their Wives (Fugue)
4 The Buffoon Disguised As Young Woman
5 Entr’acte No. 3
6 Dance Of The Buffoons’ Daughters
7 Arrival Of The Merchant – Dance Of Greeting – Choosing The Bride
8 In The Merchant’s Bedroom
9 The “Young Woman” Is Transformed Into A Nanny Goat
10 Entr’acte No. 5 – The Burial Of The Nanny Goat
11 Quarrel Of The Buffoons And The Merchant
12 Final Dance
13 Autumnal Sketch Op. 8
Waltz Suite Op. 110
14 Since We Met (War And Peace)
15 In The Place (Cinderella)
16 Mephisto Waltz (Lermotontov)
17 End Of The Fairy Tale (Cinderella)
18 New Year’s Eve Ball (War And Peace)
19 Happiness (Cinderella)
Conductor – Gennady Rozhdestvensky
Orchestra – Grand Symphony Orchestra of Radio and Television – Moscow
Recorded 5 June 1962 (Tale Of The Buffoon), 7 January 1962 (Autumnal Sketch) and 15 June 1967 (Waltz Suite)
CD remaster: 1997

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Pleyel

Mozart (1756 – 1791): Sonatas para Piano – Klára Würtz – 2/3 ֎

Mozart (1756 – 1791): Sonatas para Piano – Klára Würtz – 2/3 ֎

Mozart

Sonatas para Piano

Segundo Tempo

Klára Würtz, piano

 

Klára Würtz

Nesta segunda postagem da série de Sonatas para Piano de Mozart, interpretadas pela pianista Klára Würtz, temos seis maravilhosas sonatas que se dividem assim em dois grupos de três. As Sonatas K. 309 e K. 311 foram escritas em 1777 na cidade de Mannheim, um lugar com muita música e bons compositores, naqueles dias. Mozart estava a caminho de Paris e passou por lá um tempo. A Sonata em dó maior, K. 309, foi dedicada à Rosa, jovem filha de Christian Cannabich, músico que teve papel importante no desenvolvimento da orquestra como nós a conhecemos. Ele dava importante papel aos sopros e o interesse de Mozart pelo clarinete certamente foi despertado nesta convivência.

Aqui traduzo um pouco livremente o que achei na net sobre a Rose Cannabich.

Esta imagem é puramente ilustrativa e pode não ser parecida com a real Rose

Rose era a mais velha de uma prole de seis crianças. Como era costume entre as famílias de músicos, as crianças recebiam educação musical, provavelmente de seus pais e de outros membros da orquestra.

Rose teve aulas de piano de Mozart de novembro de 1777 até março de 1778. Mozart e sua mãe estavam de viagem para Paris, mas passaram alguns meses em Mannheim para estudar a orquestra. Mozart escreveu para seu pai em 4 de novembro de 1777: “Ele tem uma filha que toca piano bastante bem e para ganhar a sua amizade estou trabalhando em uma sonata para sua mademoiselle filha”. Sobre Rose, ele disse “… uma garota bem-comportada e bastante bonita. Ela tem bastante senso para a sua idade e é recatada. Elá é séria, fala pouco, mas quando o faz é com graça e simpatia”. Assim, Rose merece a dedicação da linda sonata!!

Estas sonatas são muito espirituosas e já foi dito sobre elas: está na cara que foram escritas em Mannheim. A música é realmente muito especial e vibrante.

A Sonata em lá menor, K. 310 foi composta em Paris e distingue-se primeiramente por ser em tonalidade menor. Ela segue um pouco os padrões aos quais as audiências de Paris estavam acostumadas, mas a sonata é puro Mozart. Foi nesta fatídica viagem que morreu a mãe de Mozart, que o acompanhava.

As outras sonatas desta postagem, K. 330 – 332, foram compostas em Viena em 1783. Pensava-se que eram anteriores, de 1778, escritas também em Paris, mas a excelente página com as notas de Paul e Eva Badura-Skoda, que você pode acessar aqui, confirma a data posterior, assim como o livrinho de Stanley Sadie sobre Mozart e sua obra.

Neste grupo, a sonata mais famosa é a Sonata em lá maior, K. 331, que inicia com um conjunto de variações e termina com uma das mais conhecidas peças de Mozart, a Marcha Turca.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Sonata para Piano em dó maior, K. 309

  1. Allegro com spirito
  2. Andante un poco adagio
  3. Rondeau: Allegretto grazioso

Sonata para Piano em lá menor, K. 310

  1. Allegro maestoso
  2. Andante cantabile con espressione
  3. Presto

Sonata para Piano em ré maior, K. 311

  1. Allegro con spirito
  2. Andante con espressione
  3. Rondeau: Allegro

Sonata para Piano em dó maior, K. 330

  1. Allegro moderato
  2. Andante cantabile
  3. Allegretto

Sonata para Piano em lé maior, K. 331

  1. Andante grazioso
  2. Menuetto
  3. Alla Turca: Allegretto

Sonata para Piano em fá maior, K. 332

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Allegro assai

Klára Würtz, piano

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MP3 | 320 KBPS | 249 MB

A decisão mais difícil do dia: de qual sonata você gosta mais? K. 310 ou 331? Bom, deixe ouvi-las mais uma vez… talvez eu decida, ou não.

And now there is this complete set of Mozart’s 18 piano sonatas, in state of the art sound, as played by Hungarian pianist Klára Würtz. Her performances are, in a word, miraculous. Highest recommendation.

Jeffrey J. Lipscomb, FANFARE

Continuo recomendando!

René Denon

Veja também esta postagem aqui:

Mozart (1756 – 1791) ∞ Peças para Piano ∞ Francesco Piemontesi

.: interlúdio :. Journal Intime Joue Jimi Hendrix: Lips on Fire

.: interlúdio :. Journal Intime Joue Jimi Hendrix: Lips on Fire

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Uma abordagem à altura do grande homenageado, Jimi Hendrix. Um disco excepcional não só pela qualidade, mas também pela qualidade dos instrumentistas — ouçam a sensacional Angel! O Journal Intime é um trio (às vezes quarteto e até quinteto) de metais que emula o mítico trio de Hendrix usando extrema criatividade. Lips on Fire mostra a personalidade musical única de Hendrix, sua técnica tão pessoal, o ecletismo dos seus gostos, e sua particularíssima noção de ritmo. É uma forma vanguardista e também psicodélica de iluminar e prolongar este grande artista. O grupo consegue capturar os gestos, as distorções e o espírito de nossa querida Voodoo Child.

Journal Intime Joue Jimi Hendrix — Lips on Firee

1 Foxy People
Written-By – F. Gastard*
2 Lover Man
Written-By – J. Hendrix*
3 Viens !
Written-By – F. Gastard*
4 If 6 Was 9
Written-By – J. Hendrix*
5 Angel
Written-By – J. Hendrix*
6 Odysseus Praeludium
Written-By – F. Gastard*
7 Lips On Fire
Written-By – Journal Intime (2)
8 Hey Baby
Written-By – J. Hendrix*
9 All Along The Watchtower
Written-By – B. Dylan*
10 Little Blowing
Written-By – M. Mahler*
11 1983… (A Merman I Should Turn To Be)
Written-By – J. Hendrix*
12 Villanova Junction
Written-By – J. Hendrix*

Bass Saxophone, Tenor Saxophone, Soprano Saxophone, Piano, Keyboards [Ms10 Korg & Fender Bass Rhodes] – Frédéric Gastard
Drums, Percussion, Shaker – Denis Charolles
Trombone – Matthias Mahler
Trumpet, Bugle – Sylvain Bardiau
Vocals, Electric Guitar – Rodolphe Burger

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Journal Intime: olho no olho com Jimi Hendrix

PQP

George Frideric Handel (1685-1759) The Recorder Sonatas – Stefan Temmingh

Stefan Temmingh já foi chamado de sucessor de ‘Frans Brüggen’, o lendário flautista, maestro, musicólogo, entre outras ‘profissões’. Li isso na página do próprio Temmingh na internet, então vamos considerar um pouco uma jogada de marketing. Mas não podemos negar que o rapaz tem um talento imenso, e com certeza é um dos maiores flautistas da sua geração. E como tem excepcionais flautistas atualmente, principalmente no repertório barroco !! Álbuns dedicados a Vivaldi, a Corelli, a Teleman são lançados constantemente, e todos de excelente qualidade.

Este Cd que ora vos trago é dedicado a Handel, o genial compositor contemporâneo de Bach, com quem compartilha a grandiosidade. São obras agradáveis de se ouvir, principalmente em seus movimentos mais rápidos, que exigem do solista uma técnica mais apurada e isso Temminghs tem de sobra.

É incerto afirmar quantas sonatas Handel compôs, mas o  número se situa entre oito ou nove. Algumas destas foram compostas originalmente para outros instrumentos. Assim o editor do site amazon.com classificou este CD:

The Six Recorder Sonatas by George Frideric Handel are a compendium of the recorders original literature, and have an exceptional position because of their beauty. Theyre typically Handelian in character, in that the upper voice is very vocal, like his operas. The melodies are truly captivating and remarkable for their simplicity which demands far more virtuosity than simply moving the fingers quickly. The goal of Stefan Temmingh, one of Germanys most renowned recorder players of the younger generation, is to come as close as possible to the greatest of all instruments the human voice. The bass line makes an equal counterpart to the recorder part; its opulent, virtuosic and full of variety much more than in comparable pieces. Its executed without cello only by harpsichord, performed in an outstanding way by Wiebke Weidanz.

Dia destes nosso PQPBach postou outro CD deste admirável flautista, acompanhado pela soprano Dorothée Mields, e destacou em seu comentário como funciona bem esta parceria. Poderia afirmar também que neste CD a parceria com a cravista Wiebke Windanz também funciona perfeitamente. Enfim, um belo CD, que vai agradar bastante aos fãs do instrumento,  e claro, aos fãs de Handel.

1 Prelude in G major HWV 571
2 Sonata in C major HWV 365 Larghetto
3 Allegro
4 Larghetto
5 Tempo di Gavotta 1:44
6 Allegro 2:08
7 Flourish 0:25
Sonata in F major HWV 369
8 Grave
9 Allegro
10 Alla Siciliana
11 Allegro
12 Prelude in G minor HWV 572
Sonata in G minor HWV 360
13 Larghetto
14 Andante
15 Adagio
16 Presto
17 Fantaisie No.1 in B flat major 0:39 Anonymous (from the Charles Babel Collection)
Sonata in B flat major HWV 377
18 (Allegro)
19 Adagio
20 Allegro
21 Prelude in A minor HWV 576
Sonata in A minor HWV 362
22 Larghetto
23 Allegro
24 Adagio
25 Allegro
26 Prelude in B minor ZN773 by Henry Purcell (1659-1695)
Sonata in B minor HWV 367
27 Largo
28 Vivace
29 Furioso
30 Adagio
31 Alla Breve
32 Andante
33 A Tempo di Menuet

Stefan Temmingh – Flauta

Wiebke Windanz – Cravo

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Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Concerto para Clarinete – Martin Fröst, Amsterdam Sinfonietta, etc.

Link Atualizado !!!

Um belo CD para apreciar em uma manhã de sábado, contanto que o alarme da casa do vizinho não tenha disparado e esteja tocando há mais de meia hora. Aí a sugestão é usar um bom fone de ouvido mesmo e torcer que a empresa de segurança chegue o mais rápido possível para desativá-lo.

O Concerto para Clarinete de Mozart me faz um bem tremendo, acalma meus nervos, como diziam os antigos. A suavidade do timbre do instrumento deve atingir certas áreas do cérebro que regulam meus níveis de ansiedade, sei lá …

Martin Fröst é sueco, nasceu em 1970, e desde seus oito anos de idade empunha seu clarinete. Além da dedicação ao instrumento, ele também é maestro, sendo atualmente o titular da Orquestra de Câmara Sueca.

O Concerto de Mozart dispensa apresentações, o que dizer daquele Adagio? Serena, é uma obra que me passa muita tranquilidade. Já ouvi diversas gravações e esta de Martin Fröst, realizada lá em 2003, está entre minhas favoritas. Demonstra muita maturidade, técnica e sensibilidade, sem precisar se exceder em malabarismos virtuosísticos. Talvez seja o sangue sueco, frio e com nervos de aço. Mozart compôs esta obra poucos meses antes de sua morte, que ocorreu em 5 de dezembro de 1791, e dedicou ele a Anton Stadler, o maior clarinetista de sua época, muito admirado pelo compositor, que a ele também dedicara seu Quinteto para Clarinete, obra que fecha este CD que ora vos trago.

O magnífico Quinteto K. 581 fora composto por Mozart dois anos antes, em 1789, que o chamava de ‘Quinteto do Stadler’, e é caracterizado principalmente pelo seu perfeito balanço, não privilegiando este ou aquele instrumento em particular.

P.S. Felizmente o alarme da casa do vizinho parou de tocar.  Assim posso melhor apreciar este belo CD.

01. Clarinet Concerto in A major, K. 622- I. Allegro
02. Clarinet Concerto in A major, K. 622- II. Adagio
03. Clarinet Concerto in A major, K. 622- III. Rondo. Allegro

Martin Fröst – Clarinet
Amsterdam Sinfonietta
Peter Oundjian – Conductor

04. Clarinet Quintet in A major (-Stadler-), K. 581- I. Allegro
05. Clarinet Quintet in A major (-Stadler-), K. 581- II. Larghetto
06. Clarinet Quintet in A major (-Stadler-), K. 581- III. Menuetto – Trio I – Tri
07. Clarinet Quintet in A major (-Stadler-), K. 581- IV. Allegretto con Variazioni

Martin Fröst – Clarinet
Vertavo String Quartet

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FDP

 

Brahms (1833-1897): Quintetos com Piano e com Clarinete – Dezső Ránki (piano) – Béla Kovács (clarinete) – Bartók Quartet ֍

Brahms (1833-1897): Quintetos com Piano e com Clarinete – Dezső Ránki (piano) – Béla Kovács (clarinete) – Bartók Quartet ֍

BRAHMS

QUINTETOS

Ránki – Kovács

Bartók Quartet

 

Nosso fotógrafo não conseguiu registrar o momento da entrada da tuba e teve que improvisar…

Há um texto de Luis Fernando Verissimo no qual um formal concerto de um quarteto de cordas é invadido por um sujeito com uma tuba que tenta ‘participar’ do evento.

Realmente, nada seria mais inusitado, a formalidade e o equilíbrio representado pelo conjunto de câmera todo vestido para a ocasião sendo perturbados pela presença deste inconveniente ‘quinto’ membro, com um instrumento tão diverso.

Lembrei-me do texto enquanto ouvia este disco da postagem. Nas duas peças, o quarteto recebe um visitante que está de passagem para uma boa meia hora de convívio fazendo linda música.

Béla Kovács

Estas duas peças são maravilhas da música de câmera compostas por Brahms em fases distintas da vida. E elas são bem diferentes, muito contrastantes.

O Quinteto com Piano em fá menor, op. 34, foi composto por volta de 1861 e reflete uma certa inquietude e o vigor da juventude. Já o Quinteto com Clarinete em si menor, op. 115, foi composto trinta anos depois e o uso do clarinete assim como a maturidade do compositor deram a obra um caráter mais contido que permeia também outras obras de Brahms do mesmo período. A palavra outonal costuma aparecer constantemente na literatura que trata destas obras.

Neste disco, o denominador comum às duas peças, além do compositor, é o Bartók Quartet, formado por Péter Komlós e Sándor Devich (violinos), Géza Németh (viola) e Károly Bolvay (violoncelo). Estes músicos húngaros de excelente formação e muito talento têm interessantes registros pelo selo Hungaroton.

 

No Quinteto com Piano são acompanhados por Desző Ránki, que foi colega de classe de Zoltán Kocsis e András Schiff. Se encontrar algum disco com ele, não deixe de investigar.

No outro Quinteto, o homem da tuba é o clarinetista Béla Kovács. Se for dar uma busca na internet com este nome, acrescente músico ou clarinete, pois caso contrário acabará lendo a biografia de algum político ou com mais sorte, um jogador de futebol. Aparentemente, Béla e Kovács são nomes bem comuns por lá. Mas entre os clarinetistas, Béla é bem conhecido.

Johannes Brahms (1833 – 1897)

Quinteto com Piano em fá menor, Op. 34

  1. Allegro non troppo
  2. Andante un poco adagio
  3. Allegro
  4. Poco sostenuto – Allegro non troppo

Quinteto com Clarinete em si menor, Op. 115

  1. Allegro
  2. Adagio
  3. Andantino
  4. Con moto

Dezső Ránki, piano

Béla Kovács, clarinete

Bartók Quartet

               Péter Komlós, Sándor Devich, violinos
               Géza Németh, viola
               Károly Botvay, violoncelo

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MP3 | 320 KBPS | 151 MB

O que realmente não é comum é a qualidade da música que temos aqui, interpretada por estes excelentes músicos.

Aproveite!

René Denon

Dezső Ránki

Giuseppe Verdi (1813-1901): Nabucco – Ciampa, Enkhbat, Magri, Pertusi, Saioa Hernández

Giuseppe Verdi (1813-1901): Nabucco – Ciampa, Enkhbat, Magri, Pertusi, Saioa Hernández

CINQUE – Il Primo Sucesso
O tempo é o verdadeiro médico das feridas, cinco meses depois do desastre de “Um Giorno di Regno”, numa das suas raras aparições em ambientes artísticos, Verdi encontrou o empresário Morelli na “La Galleria De Cristoforis”, inaugurada em 1832, no mesmo ano que ele foi pela primeira vez a Milão, sim eles conversavam naquele caminho coberto como faziam os escritores Grossi, D’Azeglio e Maffei. Merelli não tinha desistido de Verdi, e talvez ele seguiu esperando o momento certo de colocá-lo de volta à cena. Passaram várias horas conversando e Merelli percebeu que, embora o compositor nada dissesse, estava farto da indolência e, por obstinação, não confessava o seu desejo de voltar a produzir. Conhecendo o amigo, Merelli enfiou-lhe no bolso um libreto de Temistocle Solera, obrigando-o a lê-lo e depois apresentar uma opinião. Muito a contragosto, Verdi levou para casa os papéis.

La Galleria De Cristo foris a Milano nel 1832

A história contada por Verdi é mais eloquente de qualquer tentativa de reconstrução histórica … “Uma noite de inverno estava caminhando na Galleria De Cristoforis e encontro Merelli que estava se dirigindo ao La Scala. Estava nevando muito, ele me segurou pelo braço e me convidou a acompanhá-lo para o seu camarim no Scala. A caminho ele me diz que está envergonhado pelo novo trabalho que devia me oferecer: um libreto rejeitado pelo compositor Carl Otto Nicolai (As alegres comadres de Windsor). De acordo com Merelli, em vez do libreto, “maravilhoso”, “magnífico”, tinha “um bom tópico”, e foi uma pena Nicolai rejeitá-lo. “Pegue, leia”, ele insistiu, no que respondi com indiferença: “O que diabos devo fazer com isso? … não, não, não tenho vontade.” Mas o outro: “Eh … Não vai te queimar as mãos! … leia e depois me diz se gostou ou não. Você me restituirá o manuscrito a pretexto de uma visita!” Então ele entregou-me o manuscrito. Me despedi de Merelli e voltei para casa. No caminho, senti como se estivesse tendo um mal-estar indefinível, uma angústia, um sufoco de inchar o coração! … fui para casa e com um gesto quase violento, joguei o manuscrito na mesa, fiquei parado em frente a ele. Caindo sobre a própria mesa, o libreto se abriu e sem saber como, meus olhos se fixaram na página em que tinha sido aberta diante de mim, e este versículo me saltava aos olhos: “Va, pensiero, sull’ali dorate” (Vá, pensamento, nas asas douradas). Recebi uma grande impressão, especialmente porque eram quase uma paráfrase da Bíblia, em cuja leitura eu sempre fiquei encantado. Eu li uma passagem, li duas: então firme na decisão de não compor mais fecho o libreto e vou para cama! … Mas sim … “Nabucco” me invadiu! … O sono não veio: eu me levanto e leio o livreto, não uma, duas vezes, mas três, tanto que pela manhã se pode dizer que eu sabia o libreto de Solera de cor. A frase mágica reacendeu uma fagulha nas cinzas da minha vida. Porém não queria me afastar do meu propósito de não mais compor e no dia seguinte volto ao teatro para devolver o manuscrito para Merelli. Ele me pergunta – “Lindo, Hã? …” – “Sim muito bonito”, respondo. – “Eh! …então coloque isso na música!” … – “Nem por sonho … não quero saber” – “Coloque isso na música, coloque na música! …A tua ociosidade é um crime. O único bálsamo que suaviza as dores morais é o trabalho. Leva o manuscrito, elabora uma ópera!” E assim dizendo ele pega o libreto enfia novamente no bolso do meu sobretudo, me agarra pelos ombros, e com um solavanco me empurra não só fora do camarim, mas me fecha a porta na cara e tranca com a chave “Vai, vai. Eu tenho mais o que fazer e estou perdendo tempo. Não voltes aqui sem teres acabado! O que fazer? Volto para casa com o “Nabucco” no bolso: um dia um verso, um dia outro, uma vez uma nota, outra vez uma frase … aos poucos o trabalho foi sendo composto.”

A arte venceu.

Por fim Merelli recebeu a obra pronta de Verdi e “declarou-se pronto para manter a promessa, mas não naquela temporada, deveriam esperar a próxima temporada porque os shows da primavera ainda não tinham sido estabelecidos e poderia contratar bons artistas. Verdi nos conta em suas memórias que “…Enfim, entre o sim, o não, os constrangimentos, meias promessas, o outdoor do La Scala para a temporada da primavera saiu … mas “Nabucco” não foi anunciado. Eu era jovem, tinha sangue quente! … escrevi uma carta para Merelli, no qual desabafo todo o meu ressentimento – confesso que ao acabar de enviar tive uma espécie de remorso! – … eu estava com medo de que minha carreira fosse arruinada por causa desta carta. Merelli me manda buscar e ao me ver, ele exclama asperamente: ‘É isso que se escreve a um amigo? … Mas vá, você está certo: vamos representar este “Nabucco”: no entanto, devemos levar em consideração que terei despesas muito grandes para as outras montagens: Eu não poderei fazer para “Nabucco” cenários novos muito complexos, nem roupas! … e vou ter que adequar, na melhor das hipóteses, o que encontrarmos no nosso estoque.’ Eu concordei com tudo isso porque estava ansioso para que o trabalho fosse representado. Um novo outdoor saiu no que finalmente li: “Nabucco”! ”

Em doze dias a obra foi montada e em 9 de março de 1942 subiu ao palco com um elenco que incluiu o excelente contrabaixo francês Prosper Dénvis, no papel de Zaccaria, o barítono Giorgio Ronconi, poderoso Nabucco, e finalmente no papel de Abigaille, Giuseppina Strepponi. Nos corredores do La Scala dizia-se que Merelli só tinha decidido montar Nabucco quando Strepponi concordou em cantar o papel de Abigaille.

Il baritono Giorgio Ronconi

Esta ópera exige um grande e afinado coro. O La Scala não oferecia e Verdi bancou de seu bolso vozes adicionais. Coro fortalecido adequadamente, segundo a vontade do mestre e instruída por ele com energia e a inspiração que merecia, o coro mais significativo da ópera, “Va, pensiero” funcionou perfeitamente. Outra página que ateou fogo a primeira apresentação foi a “Sinfonia”, preparada nos últimos dias antes da estreia, de acordo com o que diz em suas memórias “ … foi composta de forma curiosa a Sinfonia: Restavam alguns dias para a primeira apresentação quando Barezzi, caminhando uma noite pelas ruas de Milão comigo e Pasetti, disse de repente: “Você deveria fazer uma sinfonia no seu trabalho.” “É tarde, respondi, já não da mais tempo.” Mas Barezzi insistiu. Ele entrou em um café, e comprou algumas garrafas e alguns doces, então, de volta ao hotel, ele começou a comer, beber e conversar alegremente com Pasetti, enquanto fiquei do lado oposto da mesa, concentrado, escrevendo apressadamente a Sinfonia.

Durante os ensaios, a atmosfera no teatro era muito positiva, conforme relatado pela biografia de Pougin-Folchetto “…, foi, por assim dizer … o caráter da partitura era tão grande e novo, tão desconhecido, estilo tão rápido, tão incomum que o espanto dos cantores, coros, orquestra, foi geral. Ao ouvir essa música, eles mostraram um entusiasmo extraordinário. E tem mais: era impossível trabalhar no teatro, fora do palco, durante os ensaios, desde funcionários, trabalhadores, pintores, fabricantes de lâmpadas, mecânicos, todos estavam como que eletrificados pelo que ouviram, eles deixaram os seus deveres para ver e ouvir o que estava sendo feito no palco. Então, quando uma peça fosse concluída, ouvia-se as expressões no bom dialeto milanês: “Che fotta noeuva!” (Que porra é essa!).

Depois dos primeiros ensaios, todos profetizam que a obra será bem recebida. Conta Verdi que, no terceiro ato, inserira um dueto amoroso que, aliás, considerava pouco oportuno. Em seu parecer, esse dueto esfriava o assunto e tirava do drama muito da sua solenidade bíblica, que formava a base principal.

Temistocle Solera

Transmitiu tal conceito a Solera, pediu-lhe escrevesse outros versos, em vez do supérfluo dueto. Solera não concordou; como Verdi defendia a sua música e Solera a poesia, a controvérsia foi longe e por fim, Solera cedeu. Verdi sugeriu ainda, a substituição por uma profecia de Zacarias, ao que o libretista torceu o nariz. Vendo passar o tempo sem uma decisão, o maestro tomou uma decisão: fechou a porta do quarto de Solera e disse: “Não sairás daqui enquanto os versos não estiverem prontos!” “Mas como assim….!!??” “A Bíblia está ai. Os versos já estão feitos, falta apenas substituir as palavras. Trabalha !” Solera, claro, se aborreceu. Resignado, por fim, a ser vítima do obstinado jovem musicista, escreveu a profecia.

Os vestuários, reformados, foram maravilhosamente apropriados. O velho cenário, retocado pelo pintor Perroni, causou magnífico efeito, especialmente a primeira cena do Templo. Na noite da estreia a eletricidade estava no máximo. Amigos estavam ansiosos e felizes, certos do sucesso. Quando Verdi apareceu na orquestra para seguir a performance, o violoncelista Merighi, um de seus primeiros apoiadores sussurrou para ele: “Maestrino, gostaria de estar no seu lugar”. Era praxe então em voga e hoje abandonada: o autor deveria assistir ao espetáculo, não em camarote ou incógnito na plateia, mas sentado entre dois instrumentistas, ocupado, aparentemente, no simples desempenho de virar as páginas. Recebia assim a pleno peito, as vozes de aprovação ou censura, recebia o juízo do público como um réu presente a julgamento.

Verdi – 1842

Entre o público, Gaetano Donizetti estava torcendo por Verdi desde os ensaios, ele chegou a escrever para alguns amigos de Bergamo para virem ouvir a peça nova. Ele mesmo, para estar presente na estreia, tinha adiado a regência do “Stabat Mater”, que Rossini tinha acabado de compor (a execução do Sabat “à bolonhesa” seria a estreia na Itália, após a estreia mundial em Paris). E precisamente a caminho de Bolonha, Donizetti continuará a se lembrar do “Nabucco”, exclamando para si mesmo “Oh! Nabucodonosor! bello! bello! Bello! O público também deu ao autor uma grande ovação, que o deixou muito lisonjeado. Saindo da performance, Verdi confidenciou a um amigo sua emoção: “Garanto-vos que para os aplausos do primeiro final, quando todos os espectadores das poltronas e do público, ficaram gritando e gritando, eu acreditava que eles quisessem zombar deste pobre compositor, e então eles caíram sobre mim para me agradecer, fiquei assustado.” Já evidente nas primeiras apresentações de março, que foram apenas oito, devido ao calendário do La Scala, o sucesso explodiu e se espalhou nos teatros em repetições, cinquenta e sete, isto é um recorde até mesmo para aqueles tempos.

A platéia vibrou com a história e com a música, fundindo-a como expressão do seu desejo de libertação do domínio austríaco. E esse sucesso marcou o verdadeiro início da carreira de Giuseppe Verdi. Os principais teatros italianos encenaram a obra. Os direitos autorais afluíram. Toda essa época foi extremamente importante para a Itália. A nação libertava-se da dominação estrangeira, sacudindo o jugo espanhol no sul e o poder austríaco no norte. O Risorgimento, liderado, por Garibaldi, Mazzini, Manin, conduziria logo mais a reunificação da livre Itália. Nabucco, por meio da várias analogias, suscitou o sentimento nacionalista italiano. O Coro dos Escravos Hebreus, no terceiro ato da ópera (Va, pensiero, sull’ali dorate) tornou-se uma “música-símbolo” do nacionalismo italiano da época.

Com a vitória vieram os primeiros proventos, Merelli, satisfeito por ter impulsionado, quase com violência, Verdi a trabalhar, fê-lo assumir o compromisso de uma nova ópera para a temporada seguinte. Ganhou um contrato muito bom e com o dinheiro pensou em seus pais, que ainda estavam vivendo na velha estalagem em Busseto. Recordava os grandes sacrifícios que tinham feito por ele, o amor com que o haviam criado, a felicidade que compartilharam com o seu triunfo. Exigiu que abandonassem a velha estalagem, escolhendo uma tranquila moradia em Vidalenzo.

Vá, pensamento, sobre asas douradas / Vá e pousa sobre as encostas e sobre as colinas / onde exalam perfumes mornos e macios / a brisa doce da terra natal! / Do Jordão, suas margens saúdam / De Sião as torres aterradas / Oh minha Pátria, tão bela e perdida / Oh lembrança tão cara e fatal! / Harpa de ouro de fatídicos vaticínios / Porque muda dos salgueiros ti pende? / As memórias do peito reacendem / Nos falam do tempo que foi! / Oh semelhança aos fatos de Solima / Traz um som de rude lamento / Oh te inspire o Senhor um acordo / Que nos infunda a virtude de suportar / Que nos infunda a virtude de suportar / A virtude de suportar.

Enredo
Nabucco
Milão, 9 de março de 1842, La Scala

A história ocorre no ano 586 a.C., no Templo de Salomão, em Jerusalém e na Babilônia. Os hebreus foram derrotados pelo imperador babilônico Nabucodonosor, mas o profeta e líder hebreu Zaccaria capturou a filha de Nabucco, Fenena, que está apaixonada por um jovem oficial hebreu, Ismaele. A outra filha de Nabucco, Abigaille, ajuda o pai a invadir e a profanar o templo sagrado dos judeus em Jerusalém, porém mais tarde se volta contra Nabucco, ao descobrir que é apenas sua filha adotiva, tendo sido originalmente escrava. Quando Nabucco blasfema, é atingido por Jeová e perde a razão, sendo feito prisioneiro por Abigaille, que lhe toma a coroa. Somente quando suplica a Jeová, Nabucco recobra o senso, a tempo de salvar Fenena da execução. Abigaille arrependida, se envenena e antes de morrer implora o perdão de Jeová, o Deus dos judeus. Com seu último suspiro, abençoa a união de Fenena e Ismaele.

Ato I – Jerusalém
Dentro do templo. Os levitas e o povo lamentam o infeliz destino dos judeus, após serem derrotados pelo rei da Babilônia Nabuccodonosor, que agora está às portas da cidade. O sacerdote principal, Zaccaria, incentiva seus seguidores. Os judeus capturaram um refém importante para se manterem seguros, a filha de Nabucco, Fenena, com quem Zaccaria deixou aos cuidados do oficial Ismaele, sobrinho do rei de Jerusalém. No entanto, Ismaele promete a Fenena sua liberdade, pois há algum tempo na Babilônia ele havia sido feito refém e foi ela quem o libertou, pois estava muito apaixonada pelo jovem. Ambos estão organizando sua fuga quando Abigaille, uma suposta filha de Nabucco, chega ao templo liderando uma grande tropa de babilônios. Ela também está apaixonada por Ismaele e ameaça contar ao pai de Fenena sobre seu plano de fuga com um estrangeiro; e no final, Abigaille declara que ficará calada se Ismaele desistir de Fenena. Mas ele se recusa a aceitar a chantagem. Nabucco, à frente de seu exército, irrompe em cena, tendo decidido saquear a cidade. Em vão Zaccaria, brandindo uma adaga sobre a cabeça de Fenena, tenta detê-lo; Ismaele intervém e entrega Fenena sã e salva ao pai.

Ato II – O perverso
Na corte da Babilônia. Abigaille soube de um documento que revela sua verdadeira identidade como escrava: portanto, os babilônios estão errados em acreditar que ela é uma herdeira do trono. Nabucco, engajado em uma batalha, nomeou Fenena como a princesa regente da cidade, o que faz com que o ódio de Abigaille cresça. O sumo sacerdote, aliado de Abigaille, diz a ela que Fenena está libertando todos os escravos hebreus. Abigaille aproveita a oportunidade e pensa em assumir o trono de Nabucco. Zaccaria, entretanto, anuncia com alegria ao povo que Fenena, apaixonada por Ismael, se converteu à fé hebraica. Abdallo, um ex-conselheiro do rei e Fenena, revela as ambições de Abigaille e avisa que ela deve fugir para escapar da ira de sua meia-irmã. Mas não há tempo. Abigaille chega com seus magos, o sumo sacerdote e uma multidão de babilônios. Mas, inesperadamente, Nabucco também chega, coloca sua coroa firmemente em sua cabeça e amaldiçoa o Deus dos judeus. Ele então ameaça matar Zaccaria. Fenena revela sua conversão ao judaísmo, mas ele a força a se ajoelhar diante dele, adorando-o não como um rei, mas como um deus. O Deus dos judeus lança um raio sobre ele e Nabucco, apavorado, cai em agonia, enquanto Abigaille coloca a coroa em sua cabeça.

Ato III – A Profecia
Os jardins flutuantes da corte da Babilônia. Abigaille no trono recebe honras de todas as autoridades do reino. Nabucco tenta em vão recuperar o trono, mas é impedido pelos guardas. No diálogo que se seguiu entre os dois, Abigaille, aproveitando a condição mental instável de Nabucco, faz com que ele coloque seu selo real em um documento que condena os judeus à morte. Num momento de lucidez, Nabucco percebe que também condenou sua amada filha Fenena e implora por sua salvação. Mas Abigail rasga o documento que afirma que ela é uma escrava e se declara filha única e, portanto, herdeira do trono. Ela então ordena que os guardas prendam Nabucco. Às margens do Eufrates, os hebreus invocam sua pátria distante e sua terra, e mais uma vez Zaccaria tenta confortar seu povo com uma profecia que os encoraja na fé.

Ato IV – O Ídolo Quebrado

La prima di Nabucco alla Scala di Milano

De sua prisão, Nabucco vê Fenena sendo arrastada para a morte junto com os outros judeus. Em desespero, ele se volta para o Deus dos hebreus, convertendo sua fé. Quando Abdallo e um grupo de soldados ainda leais ao rei veem como Nabucco recupera suas forças e seus sentidos, eles decidem se revelar liderados pelo velho rei. Nos jardins flutuantes se desenrola uma marcha fúnebre: chegam hebreus condenados à morte. Zaccaria abençoa Fenena, uma mártir. Mas Nabucco interrompe a cerimônia, o ídolo Belo cai no chão estilhaçado e todos os presos são libertados. Mais uma vez, Nabucco está no trono. Abigaille, morrendo com o veneno ingerido conscienciosamente, pede perdão a Fenena e prediz seu casamento com Ismael. Zaccaria profetiza o domínio de Nabucco sobre todos os habitantes da terra.

Cai o pano

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Personagens e Intérpretes

Francesco Ivan Ciampa

Escolhi, dentre muitas ótimas gravações, esta de 2019 para compartilhar com os amigos do blog pois é novinha e os valores musicais são muito altos. A presença marcante de Amartuvshin Enkhbat e o canto forte e disciplinado marcam o seu Nabucco. Embora nem sempre com controle vocal perfeito, Saioa Hernández é uma Abigaille enérgica e em grande escala. Michele Pertusi oferece um Zaccaria de grandeza tonal e nobreza. Ismaele de Ivan Magrì fornece fluência e alguma sensibilidade, enquanto Annalisa Stroppa oferece uma Fenena focada. Os conjuntos são especialmente impressionantes, alcançando níveis satisfatórios de liberação emocional para os cantores e o público. Conheço e adoro outras gravações desta ópera, mas esta versão foi a que escolhi para sair um pouco dos grandes e consagrados intérpretes. O maestro Francesco Ivan Ciampa faz uma leitura confiável da partitura auxiliado por uma orquestra de qualidade louvável e um coro de impressionante beleza.
Uma grande e belíssima gravação !

 

 

Nabucco  – AMARTUVSHIN ENKHBAT
Ismaele – IVAN MAGRÌ
Zaccaria  -MICHELE PERTUSI
Abigaille  -SAIOA HERNÁNDEZ
Fenena  -ANNALISA STROPPA
Il Gran Sacerdote  -GIANLUCA BREDA
Abdallo  – MANUEL PIERATTELLI
Anna – ELISABETTA ZIZZO

FILARMONICA ARTURO TOSCANINI
ORCHESTRA GIOVANILE DELLA VIA EMILIA
CORO DEL TEATRO REGIO DI PARMA
Teatro Regio di Parma dal 29 settembre a 20 ottobre 2019, Festival Verdi 2019

FRANCESCO IVAN CIAMPA

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Peças compostas no ano de 1842
1) Chi I Bei Di M’Adduce Ancora – Esta Romanza, inspirada num texto de Goethe, foi dedicada a condessa Sofia de Medici, esta melodia antecipa o tema “Di quell’amor” da “La Traviata”.

Mariella Devia
Originally recorded in 2006
Parma Opera Ensemble

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Nabucco Painting by Oleg Buryan

Mozart (1756 – 1791): Sonatas para Piano – Klára Würtz – 1/3 ֎

Mozart (1756 – 1791): Sonatas para Piano – Klára Würtz – 1/3 ֎

Mozart

Piano Sonatas

Primeiro Tempo

Klára Würtz, piano

 

Klára Würtz

Esta é a primeira de uma série de três postagens com as Sonatas para Piano de Mozart, interpretadas pela pianista húngara Klára Würtz. Há algum tempo vinha ensaiando uma postagem destas sonatas e considerei algumas possibilidades, entre elas as gravações de Mitsuko Uchida e Maria João Pires, as duas bem diferentes, ambas excelentes. Mas como são gravações tão conhecidas e cantadas em verso e prosa, achei que as gravações da Klára, que conheci ao longo deste ano, merecem alguma divulgação, mesmo que seja dentro do nosso modesto escopo.

Eu gosto muito desta música, que ouço com frequência bastante razoável. Há excelentes discos com grupos de sonatas, como o gravado por Murray Perahia, mas aqui você tem a oportunidade de ter uma visão do conjunto.

O empurrãozinho que faltava para esta aventura veio de outro grande mestre vienense, quando descobri uma página da net que trata das sonatas, escrita por Paul e Eva Badura-Skoda.

Antes de prosseguirmos, quero repassar para vocês um conselho do crítico do Gramophone Classica Guide, o tipo de publicação que era muito útil antes do advento da internet: ‘Don’t be put off by critics who suggest that these sonatas are less interesting than some other Mozart compositions, for they are fine pieces written for an instrument that he himself played and loved’. Isto é, não se deixe enganar, essas sonatas são ‘papa fina’!

Esta gravação contém 18 sonatas que, seguindo o plano do site, dividiremos em três grupos de seis:

  1. Seis Sonatas K. 279 – 284;
  2. Três Sonatas K. 309 – 311; Três Sonatas K. 330 – 332;
  3. Sonata K. 333; Sonata 457 e Sonatas K. 533/494; 545; 570 e 576.

As Sonatas K. 279 – 284 formam um grupo e são as primeiras a serem preservadas. Mozart certamente produziu ou adaptou sonatas de outros compositores anteriormente, mas estas são as primeiras a entrarem na lista oficial. A primeira delas, Sonata em dó maior, K. 279, foi composta quando Mozart tinha 19 anos e era um músico absolutamente completo e experientíssimo.

A sequência de tonalidades – dó, fá, si bemol, mi bemol, sol e ré maior indica que Mozart considerava estas peças como parte de um grupo. Inclusive com a primeira delas mais fácil e a última uma peça mais elaborada e difícil. No entanto, o conjunto nunca foi publicado como tal durante a vida do compositor, sendo que apenas a última sonata foi publicada algumas vezes.

Esta última sonata foi encomendada a Mozart pelo Barão Thaddäus von Dürnitz e apresenta uma escrita bastante brilhante, se comparada às anteriores e tem vários efeitos como mãos se cruzando e termina com um conjunto de variações.

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

Sonata para Piano em dó maior, K. 279

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Allegro

Sonata para Piano em fá maior, K. 280

  1. Allegro assai
  2. Adagio
  3. Presto

Sonata para Piano em si bemol maior, K. 281

  1. Allegro
  2. Andante amoroso
  3. Rondeau: Allegro

Sonata para Piano em mi bemol maior, K. 282

  1. Adagio
  2. Menuetto
  3. Allegro

Sonata para Piano em mi bemol maior, K. 283

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Presto

Sonata para Piano em ré maior, K. 284

  1. Allegro
  2. Rondeau em polonaise: Andante
  3. Andante (Tema con variazioni)

Klára Würtz, piano

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FLAC | 317 MB

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MP3 | 320 KBPS | 228 MB

Eu tenho uma queda especial pela gentil Sonata em mi bemol maior, K. 282, desde que a ouvi no disco The Journey, de Leon Fleisher, que você pode ouvir aqui.

Veja como o crítico Jeffrey J. Lipscomb, FANFARE, fala destas gravações: These astonishing performances are exactly the way I play them myself—in my wildest dreams, that is. As for the set’s modest price, this is surely one of the best bargains since the days when gasoline sold for 30 cents per gallon and free glassware was yours for the asking. Highest recommendation.

Eu também recomendo fortemente!

René Denon

Visite esta postagem também:

Mozart (1756 – 1791) · ∾ · (Algumas) Sonatas para Piano · ∾ · Alicia de Larrocha ֍

Telemann (1681-1767): Cantatas para Soprano & Flauta Doce (Mields, Temmingh)

Telemann (1681-1767): Cantatas para Soprano & Flauta Doce (Mields, Temmingh)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Eu sou um cara perdidamente apaixonado pela voz de Dorothee Mields. Bem, talvez não apenas pela voz. Chego a ter ciúmes da foto à esquerda. Bem, mas vamos tentar ser pragmáticos. Há alguns anos, o flautista sul-africano Stefan Temmingh e a soprano alemã — a minha amada é especialista em música antiga — Dorothee Mields formam uma dupla artística de respeito. Agora, estes  dois extraordinários artistas estão se concentrando na obra de Telemann, que foi um dos compositores mais famosos de seu tempo e escreveu um número incrível de obras em muito ampla variedade de estilos e gêneros. Sua coleção Harmonischer Gottesdienst contém encantadoras Cantatas Sacras para soprano com flauta obbligato, três das quais são apresentadas neste CD. Stefan Temmingh combina as cantatas com três sonatas para flauta da obra de Telemann. O disco todo é muito bom, mas o que me encanta mesmo é Dorothee Mields.

Deixo vocês com a voz de Mields numa obra espetacular de Bach, a Cantata BWV 202:

Telemann (1681-1767): Cantatas para Soprano & Flauta Doce (Mields, Temmingh)

01. Recorder Sonata in A Minor, TWV 41:a4: I. Andante
02. Recorder Sonata in A Minor, TWV 41:a4: II. Allegro
03. Recorder Sonata in A Minor, TWV 41:a4: III. Andante
04. Recorder Sonata in A Minor, TWV 41:a4: IV. Presto

05. Du bist verflucht, o Schreckensstimme, TWV 1:385: I. Du bist verflucht, o Schreckensstimme
06. Du bist verflucht, o Schreckensstimme, TWV 1:385: II. So ist’s. Seitdem bei Edens Baum
07. Du bist verflucht, o Schreckensstimme, TWV 1:385: III. Frohlocket, ihr seligen Kinder

08. Trio Sonata in D Minor, TWV 42:d7: I. Andante
09. Trio Sonata in D Minor, TWV 42:d7: II. Vivace
10. Trio Sonata in D Minor, TWV 42:d7: III. Adagio e dolce
11. Trio Sonata in D Minor, TWV 42:d7: IV. Allegro

12. Locke nur, Erde, mit schmeichelndem Reize, TWV 1:1069: I. Locke nur, Erde, mit schmeichelndem Reize
13. Locke nur, Erde, mit schmeichelndem Reize, TWV 1:1069: II. Verstummet nur, verkehrte Lehrer
14. Locke nur, Erde, mit schmeichelndem Reize, TWV 1:1069: III. Verlass den Bau der ird’schen Hütte

15. Trio Sonata in F Major, TWV 42:F3: I. Vivace
16. Trio Sonata in F Major, TWV 42:F3: II. Mesto
17. Trio Sonata in F Major, TWV 42:F3: III. Allegro

18. In gering und rauhen Schalen, TWV 1:941: I. In gering und rauhen Schalen
19. In gering und rauhen Schalen, TWV 1:941: II. O Eitelkeit, du kluger Sterblicher
20. In gering und rauhen Schalen, TWV 1:941: III. Nicht uns, nein, nein

21. Trio Sonata in G Minor, TWV 42:g9: I. Suave mà non adagio
22. Trio Sonata in G Minor, TWV 42:g9: II. Vivace
23. Trio Sonata in G Minor, TWV 42:g9: III. Largo
24. Trio Sonata in G Minor, TWV 42:g9: IV. Allegro

Dorothee Mields, soprano,
Stefan Temmingh, flauta doce
Daniel Rosin, violoncelo barroco
Domen Marinčič, viola da gamba
Wiebke Weidanz, cravo

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Mields e Temmingh chegando na sede de Morungava da PQP Bach Corp.

PQP

.: interlúdio :. Jazz Sabbath

Um interessante CD de jazz, com um ótimo trio tocando versões de canções clássicas do mítico grupo de rock ‘Black Sabbath’. Por si só, este CD poderia ser apenas um CD de covers, igual a dezenas de outros que vemos por aí. Mas os meninos resolveram contar uma história, que em um primeiro momento, pode soar verdadeira, mas depois de um tempo entendemos se tratar de uma brincadeira.

Enfim, resumindo a história, o Jazz Sabbath teria sido fundado em 1968 pelo pianista Milton Keanes, pelo baixista Jacque T´Fono, e pelo baterista Juan Také, e logo se destacaram no cenário do Jazz Londrino de final de década.  Teriam gravado um disco cujo lançamento foi marcado para a Sexta Feira 13, do mês de Fevereiro de 1970. Porém Milton Keanes sofreu um sério ataque do coração e o lançamento foi cancelado. E  enquanto se recuperava, o tal do material, ainda inédito, teria sido repassado para uma banda de Heavy Metal recém formada, convenientemente chamada ‘Black Sabbath’, que se apropriou destas canções e as transformou nas clássicas canções que os fãs da banda tão bem conhecem. A Fita Master, com a gravação original teria se perdido em um incêndio no galpão onde o estúdio guardava seu material. Passados quase cinquenta anos, aquele velho prédio foi vendido e o comprador encontrou a tal da Fita Master, que mostrava a origem daquelas canções. Ou seja, a famosa banda, que criou o Heavy Metal, era na verdade uma farsa, fazendo sucesso com música alheia.

Quando li essa história pela primeira vez,  me assustei, afinal sou fã do Black Sabbath, e ouço a banda desde minha adolescência. Repassei a história para os colegas daqui do PQPBach, que também se assustaram. Mas depois de uma pesquisa no Google, verificamos que se tratava apenas de uma jogada de marketing, os caras querendo ser famosos inventaram essa história.

Estratégias de marketing a parte, é um bom disco, nada excepcional. Deixam irreconhecíveis petardos como ‘Iron Man’, ‘Fairies Wear Boots’ e ‘Children of the Grave’. Keanes é um excelente improvisador, merece ser conhecido. E na verdade, Milton Keanes, na verdade, é Adam Wakeman, filho do tecladista Rick Wakeman, e que já toca com a banda há algum tempo, assim como seu pai, que é o responsável pelo piano em ‘Changes’, no mítico álbum ‘Volume 4″.

01. Fairies Wear Boots
02. Evil Woman
03. Rat Salad
04. Iron Man
05. Hand Of Doom
06. Changes
07. Children Of The Grave

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Confiram o nível da ‘farsa’ assistindo ao ótimo documentário abaixo :

 

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Suítes para Cravo (Hantaï)

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Suítes para Cravo (Hantaï)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Faz algum tempo que postamos coleções de Suítes de Handel para cravo solo. Nos últimos anos postamos com Scott Ross… Na minha opinião, aquilo era um desastre artístico. Depois, a coisa só melhorou com Ragna Schirmer e sua integral, Murray Perahia e Kenneth Gilbert. Agora, sob o comando de Pierre Hantaï, o nível permanece altíssimo. O CD é esplêndido. PH nos passa um Handel belo e convincente.

Quando publicou sua primeira coleção de suítes para cravo, em 1720, Handel parecia mais preocupado com a música vocal. Porém, assim que foi publicado, o conjunto encantou os amantes da música e se tornou um campeão de vendas em toda a Europa. Foi um sucesso tão grande que foi reimpresso várias vezes. Alternando entre os estilos francês e italiano, Handel não respeita a sequência costumeira das suítes de dança da época. Mas toca o coração. Seu encanto direto e poder imaginativo garantem a essas peças, hoje injustamente negligenciadas, um lugar de luxo no panteão da música para cravo.

Georg Friedrich Händel (1685-1759): Suítes para Cravo (Hantaï)

1. Handel: Suite in a Major HWV 426 – Praelude
2. Handel: Suite in a Major HWV 426 – Allemande
3. Handel: Suite in a Major HWV 426 – Courante
4. Handel: Suite in a Major HWV 426 – Gigue

5. Handel: Suite in F Major HWV 427 – Adagio
6. Handel: Suite in F Major HWV 427 – Allegro
7. Handel: Suite in F Major HWV 427 – Adagio
8. Handel: Suite in F Major HWV 427 – Allegro (Fugue)

9. Handel: Suite in D minor HWV 428 – Praeludium, Allegro (Fugue)
10. Handel: Suite in D minor HWV 428 – Allemande
11. Handel: Suite in D minor HWV 428 – Courante
12. Handel: Suite in D minor HWV 428 – Air ; 5 Variations
13. Handel: Suite in D minor HWV 428 – Presto

14. Handel: Fugue in C minor HWV 610

15. Handel: Suite in E minor HWV 429 – Allegro (Fugue)
16. Handel: Suite in E minor HWV 429 – Allemande
17. Handel: Suite in E minor HWV 429 – Courante
18. Handel: Suite in E minor HWV 429 – Sarabande
19. Handel: Suite in E minor HWV 429 – Gigue

Pierre Hantaï, cravo

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Handel (1727), por Balthasar Denner

PQP

.: interlúdio :. Hommage à Eberhard Weber – Pat Metheny, Jan Garbarek, Gary Burton, etc.

.: interlúdio :. Hommage à Eberhard Weber – Pat Metheny, Jan Garbarek, Gary Burton, etc.

Este CD me caiu em mãos por acaso, e o ouvia ocasionalmente, sem prestar muita atenção nele. Mas aproveitei estas pequenas férias coletivas de final de ano para ouvir alguns CDs com mais atenção, e esse foi um deles.

Minha geração (nasci em 1965) cresceu ouvindo e procurando os LPs e posteriormente os  CDs do selo de Manfred Eicher (ECM) ansiosamente nas lojas de discos. Músicos como Jan Garbarek, Gary Burton e Pat Metheny se tornaram nossa referência, e buscávamos ansiosamente todos os seus lançamentos. E tocando com toda essa galera, um nome se destacava, o do baixista alemão Eberhard Weber. Procurei então seus discos solos, e também seu trabalho ao lado de outros músicos geniais. Dono de um estilo único, com um timbre facilmente identificável, ele se destacou principalmente entre os anos 70 e 80. Infelizmente foi acometido por um derrame, o que o afastou dos palcos, mas não da música.

Este CD que ora vos trago foi gravado ao vivo, e tem um timaço de músicos envolvidos, começando pelos citados acima, Burton, Garbarek e Metheny, dentre outros, além da fantástica SWR Big Band,  Juntamente com seu amigo, o saxofonista norueguês Jan Garbarek e do guitarrista norte americano Pat Metheny, Weber se aproveitou da tecnologia, criando novas composições a partir de solos seus em trabalhos anteriores. São obras únicas, intimistas, que contam com a altíssima sensibilidade dos músicos envolvidos, Ouçam a incrível ‘Resumé Variations’, que abre o CD, onde Garbarek desfila todo o seu talento e versatilidade, ou então a suíte ‘Hommage’, composta por Pat Metheny, com 31 minutos de duração para entenderem o que digo. O texto de Metheny no encarte do CD também é bem esclarecedor:

“I was asked to participate in a special event to be held in January 2015 to honor Eberhard’s incredible life as a musician. My idea was to try to create something special for this very unique musician. Since Eberhard’s stroke in 2007, he has not been able to play. But I felt that his sonic identity was such a huge component in his work that I wanted to somehow acknowledge it in whatever form I could.

It came to me that it would be interesting to take the idea of sampling one step further; to find video elements of Eberhard improvising and then reorganize, chop, mix and orchestrate elements of those performances to gether into a new composition with a large projection of the Eberhard moments that I chose filling a screen behind us as we performed. It seemed like a new way to compose for me that would almost take the form of visual sampling. Although this seemed like an Eberhard-worthy idea, technically it was quite difficult to do. As it happened, there were only two really usable performances that included long stretches of Eberhard improvising on screen to be found, one from 1986 in Stuttgart and another brief interlude from a Jan Garbarek concert in 1988 in Leverkusen.

The challenges were many, but first and foremost was the issue how to create from scratch an extended piece that would honor Eberhard and also utilize the skills and talents of the commissioning large ensemble, the excellent SWR Big Band.”

Espero que apreciem. Este CD foi a minha trilha sonora de final de ano. E com esta postagem pretendo reiniciar meus trabalhos aqui no PQPBach, depois de alguns meses de ausência, devido a diversos problemas, desde saúde até profissionais. Mas estou acreditando que este novo ano vai me ajudar a superar os desafios que o ano velho trouxe.

FELIZ 2021 !!!

Hommage à Eberhard Weber – Pat Metheny, Jan Garbarek, Gary Burton, etc.

01. Resumé Variations
02 – Hommage
03 – Touch
04 – Maurizius
05 – Tübingen
06 – Notes After An Evening
07 – Street Scenes (Bonus Track)

PAT METHENY guitars
JAN GARBAREK soprano saxophone
GARY BURTON vibraphone
SCOTT COLLEY double bass
DANNY GOTTLIEB drums
PAUL McCANDLESS English horn, soprano saxophone
KLAUS GRAF alto saxophone
ERNST HUTTER euphonium
MICHAEL GIBBS arranger, conductor
RALF SCHMID arranger
RAINER TEMPEL arranger
LIBOR ŠÍMA arranger
and the SWR BIG BAND
HELGE SUNDE conductor

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FDP

Balaio de Preconceitos

Balaio de Preconceitos

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Esta é uma postagem de maio de 2011, preparada pelo sumido CDF Bach. São 6 excelentes CDs, uns  extraordinários, outros menos, todos muito bons. Espero que eles sirvam de bom augúrio para um melhor 2021 para todos nós. Adeus 2020, fique longe!

Depois do texto de CDF, logo após a marcação “.oOo.“, coloco as capas e os detalhes da cada disco. 

Lembro bem que minha primeira experiência como ouvinte atento foi com esse disco ao vivo de Chuck Mangioni. Foi uma revolução, pois na época eu só ouvia o que passava nas rádios (imaginem!). Não sei como foi parar em minhas mãos. Mérito meu não foi, meu miolo era mole demais para isso na época. Lembro, contudo, que as faixas 2 à 6, eu ouvia quase todos os dias, e claro, o clássico “Round Midnight”. O disco ainda me agrada, não sei se pela qualidade dos músicos (participações especiais de Dizzy Gilespie e Chick Corea) ou pelas lembranças de minha época de fedelho. Mas quem sabe outro menino desavisado acesse esse disco e sofra do mesmo impacto prazeroso e transformador.

Daí pra frente, descobri que a música não foi feita só pra dançar, tomar cachaça ou pensar na namorada. Depois de muitos anos intensos, ainda continuo desfazendo alguns dos meus preconceitos no mundo musical. Um bem antigo e ainda atual é sobre a importância de Telemann para história da música. Quem aqui já não leu que esse compositor alemão escreveu mais de 3000 trabalhos? Quase o que todos os outros grandes compositores escreveram em todas as épocas juntos. Um verdadeiro compositor de “quantidade”. Não era aceitável que Telemann, na época, pudesse ser mais famoso e importante que o velho papai Bach. Mas a vingança não tardou, Telemann caiu feio nas épocas seguintes, enquanto Bach subia no pedestal. Essa justiça dos tempos, no entanto, é imperfeita, nega a possibilidade de entendermos a fama e importância de Telemann na época.Trago para vocês três discos para mostrar um pouco da diversidade e qualidade desse grande compositor. O primeiro disco traz uma micro-ópera chamada Pimpinone, que costumava ser apresentada nos intervalos das grandes óperas de Handel. A obra é musicalmente divertidíssima e empolgante com apenas duas personagens, o chefe da casa Pimpinone e sua empregada Vespeta. Algo muito próximo de La Serva Padrona de Pergolesi. Pimpinone é uma ópera italiana em língua alemã. No segundo disco já vamos ver Telemann fazendo música religiosa, com aquele tom sombrio e ao mesmo tempo esperançoso da música alemã. São cantatas intimistas com poucos instrumentos que, sem exagerar, estão em pé de igualdade com algumas cantatas de Bach. No terceiro disco, vamos para a Espanha, onde Telemann com maestria única e original faz uma pequena peça musical sobre o “cavaleiro da triste figura” – Don Quichotte auf der Hochzeit des Comacho. Uma obra-prima ainda desconhecida da maioria dos ouvintes.

Outro injustiçado que até virou motivo de piada – Muzio Clementi. Em 1780, o pobre Clementi participou de uma pequena “competição” com Mozart para ver quem melhor interpretava e improvisava. Nem preciso dizer quem causou mais forte impressão. Mozart escreveu ao pai “ ele toca até bem…mas não tem bom gosto…muito mecânico” e depois em 1783 escreveu “Clementi é um charlatão, assim como todos os italianos”. Clementi foi basicamente um compositor para piano, e muito das suas sonatas iniciais apresentam, apesar do virtuosismo cativante, um pouco desse característica “mecânica” apontada por Mozart. No entanto, creio que Mozart teria mudado de opinião se ouvisse as sonatas do último período de Clementi. São sonatas beethovianas, com aquelas transições inesperadas e inspiradas. Prestem atenção na harmonia inicial da sonata op.40 n.2. As sonatas op.50 são às vezes mais inspiradas que as sonatas de Mozart (quem diria?).

Falo agora não apenas de um compositor desconhecido ou injustiçado, mas de uma época toda – a nossa. A música pós-1945 não convenceu o público e ainda não continua convencendo, com raríssimas exceções. Britten, Shostakovich, Arvo Part entre outros que estão fora do mainstream moderno, não contam. Falo dos compositores que estão na ponta da locomotiva, aqueles que escreveram a história do modernismo, esses estão na corda bamba da imortalidade. Citados em livros, porém desconhecidos nos palcos. “Culpa deles?” Só se a exploração de novos mundos for considerada um defeito. George Crumb é um compositor americano, um grande experimentador de possibilidades sonoras, abriu um novo espectro sonoro e pessoal, mas sem perder o foco de sua inspiração, aliás, inspiração muito ligada a poesia de Garcia Lorca. Esse disco trata de estudos moderníssimos para piano, algo que deixaria Chopin ou Liszt assustados. Na minha primeira audição imaginei ouvir um pequeno ensemble de músicos, mas foi engano meu, temos apenas o pianista e seu piano. Makrokosmos (1972-1973) é composto de dois volumes com 12 fantasias cada um sobre os símbolos do zodíaco. É preciso ouvir para acreditar. Absolutamente imperdível.

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Chuck Mangione – Tarantella

1 Tarantellas
2 The XIth Commandment Suite
3 Legend Of The One-Eyed Sailor
4 Bellavia
5 Hill Where The Lords Hide
6 Lake Placid Fanfare
7 Things To Come
8 ‘Round Midnight
9 Manteca
10 My One And Only Love
11 All Blues

Acoustic Guitar, Electric Guitar – Paul Viapiano
Alto Saxophone, Tenor Saxophone – Joe Romano
Baritone Saxophone – Bob Militello*
Bass Trombone – Jim Daniels
Congas, Percussion – Ralph McDonald*
Drums, Percussion – Dan D’Imperio, James Bradley, Jr.*
Drums, Timpani [Tympani] – Steve Gadd
Electric Bass – Charles Meeks, Jeff D’Angelo
Electric Guitar – Carl Lockett, Eric Gale
Flute – Kathyryn Moses*
French Horn – Jay Wadenpfuhl, Jerry Peel
Percussion – Dave Mancini
Piano [Acoustic Piano], Electric Piano – Gap Mangione
Piano [Acoustic Piano], Electric Piano, Trumpet, Percussion – Chick Corea
Producer, Conductor, Flugelhorn, Electric Piano – Chuck Mangione
Saxophone, Flute – Chris Vadala
Tenor Saxophone – Pat LaBarbera, Sal Nistico
Trombone – Birch Johnson, Keith O’Quinn, Rick Chamberlain
Trumpet, Flugelhorn – Jeff Tyzik, Joe Mosello, Lew Soloff
Trumpet, Jew’s Harp – Dizzy Gillespie

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Telemann – Pimpinone

01. Intermezzo I. Arie: Wer will mich? Bin Kammermädchen (Vespetta)
02. Rezitativ: Ich suche zwar ein Glück
03. Arie: Hoflich reden, lieblich singen (Vespetta)
04. Rezitativ: Doch was kann dieses wohl fur Lust erwecken
05. Arie: Wie sie mich ganz verwirren kann (Pimpinone, dazu Vespetta)
06. Rezitativ: Was aber denkt ihr nun zu tun
07. Duett: Mein Herz erfreut sich in der Brust (Vespetta, Pimpinone)
08. Intermezzo II. Rezitativ: Vespetta, willst du von mir gehen?
09. Andante und Arioso: Hab’ ich in dem Dienste (Vespetta)
10. Rezitativ: Schweig, schweig, du hast ja alles recht gemacht
11. Arie: Sieh doch nur das Feuer (Pimpinone)
12. Rezitativ: Er schweige nur
13. Arie: Ich bin nicht häßlich geboren (Vespetta)
14. Rezitativ: So geht es gut!
15. Arie/Duett: Reich die Hand mir, o welche Freude (Vespetta, Pimpinone)
16. Intermezzo III. Rezitativ: Ich will dahin, wohin es mir beliebet, gehn
17. Arie: Ich weiß, wie man redet (Pimpinone)
18. Rezitativ: Fur dieses Mal sei ihr der Ausgang unbenommen
19. Arie: Wie die andern will ich’s machen (Vespetta)
20. Rezitativ: Wie aber, wenn ich’s auch so machen wollte?
21. Arie/Duett: Wilde Hummel, böser Engel (Vespetta, Pimpinone)
22. Rezitativ: Du eigensinn’ger Esel, schau
23. Arie/Duett: Schweig hinkunftig, albrer Tropf! (Vespetta, Pimpinone)

Vespetta – Erna Roscher
Pimpinone – Reiner Süß
Staatskapelle Berlin
Conductor – Helmut Koch

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Telemann – Cantatas

Kein Vogel Kann Im Weiten Fliegen Twv 1:994 (Kantate Nr. 44 Aus Harmonischer Gottesdienst)
1 Aria: Kein Vogel Kann Im Weiten Fliegen 3:56
2 Recitativo: Kein Mensch Darf Den Geringer Schatzen 1:04
3 Aria: Erwage, Sichrer Mensch, Mit Beben 5:54

Deines Neuen Bundes Gnade Twv 1:212 (Kantate Nr. 47 Aus Harmonischer Gottesdienst)
4 Aria: Deines Neuen Bundes Gnade 4:53
5 Rezitativ: Wer Hat Den Schaum Der Wilden Wasserwogen 1:50
6 Ich Zweifle Nicht, Ich Bin Gerecht 4:04

Schau Nach Sodom Nicht Zurücke Twv 1:1243 (Kantate Nr. 48 Aus Harmonischer Gottesdienst)
7 Aria: Schau Nach Sodom Nicht Zurucke 3:40
8 Recitativo: Durch Christum Von Gesetze Los Zu Sein 1:16
9 Aria: Enthatlet Euch, Das Zu Erfullen 4:36

Die Ehre Des Herrlichen Schöpfers Zu Melden Twv 1:334 (Kantate Nr. 54 Aus Harmonischer Gottesdienst
10 Aria: Die Ehre Des Herrlichen Schopfers Zu Melden 2:59
11 Recitativo: Der Undank Ist Zu Gross 1:32
12 Aria: Singet Gott In Eurem Herzen 3:49

Verfolgter Geist, Wohin? Twv 1:1467 (Kantate Nr. 55 Aus Harmonischer Gottesdienst)
13 Aria: Verfolgter Geist, Wohin? 2:52
14 Recitativo: So Ist Es Gross Ist Die Gefahr 2:24
15 Aria: So Kampfet, Gerustete Krieger, Mit Freuden! 3:56

Locke Nur, Erde, Mit Schmeichelndem Reize Twv 1:1069 (Kantate Nr. 57 Aus Harmonischer Gottesdienst)
16 Aria: Locke Nur, Erde, Mit Schmeichelndem Reize 4:47
17 Recitativo: Verstummet Nur, Verkehrte Lehrer 1:06
18 Aria: Verlass Den Bau Der Ird’schen Hutte 3:58

Packe Dich, Gelähmter Drache Twv 1:1222 (Kantate Nr. 64 Aus Harmonischer Gottesdienst)
19 Aria: Packe Dich, Gelahmter Drache 4:04
20 Recitativo: Der Helfer Sei Gelobt 2:11
21 Aria: Hinweg, O Hollisches Getummel 4:00

Affourtit, Pieter
Bernardini, Alfredo
Beuse, Christian
Darmstadt, Gerhart
Eichberger, Myriam
Frimmer, Monika
Hammer, Christoph
Hirtreiter, Bernhard
Kotz-Geitner, Petra
Schwarz, Gotthold

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Telemann – Don Quichotte

Nr. 1 Aria (Don Quichotte) “Ein Wahrer Held Eilt Schon Ins Feld” 3:30
2 Nr. 2 Recitativo (Sancho Pansa) “Vortrefflich, Herr!” 1:26
3 Nr. 3 Aria (Sancho Pansa) “Mich Deucht, Ich Sehe Noch Die Fürchterliche Decke” 3:52
4 Nr. 4 Recitativo (Don Quichotte, Sancho Pansa) “So Kannst Du Denn Die Prellung Nicht Verschmerzen” 1:10
5 Nr. 5 Aria (Don Quichotte) “Kleinmütiger, Hör Auf Zu Klagen” 3:23
6 Nr. 6 Recitativo (Don Quichotte, Sancho Pansa) Bestrebst Du Dich Also, Dem Beispiel Nachzuahmen” 1:21
7 Nr. 7 Aria (Sancho Pansa) “Hat Mich Der Große Menschenfresser” 3:27
8 Nr. 8 Recitativo (Don Quichotte, Sancho Pansa) “Sieh, Sancho, Sieh! Hier Gibt’s Ein Neues Abenteuer” 0:48
Zweite Szene
9 Nr. 9 Coro (Sopran Solo, Chor Der Schäfer) “Die Schönste Schäferin Beglückt Den Reichsten Hirten Dieser Flur” 3:32
10 Nr. 10 Recitativo (Don Quichotte, Sancho Pansa, Grisostomo, Pedrillo) “Herr! Han Ich’s Nicht Gesagt?” 1:39
11 Nr. 11 Aria (Don Quichotte) “Beim Amadis, Beim Ritter Von Der Sonne!” 2:50
12 Nr 12 Recitativo (Don Quichotte, Sancho Pansa, Pedrillo) “Was Sagt Mein Herr?” 1:43
13 Nr. 13 Aria (Sancho Pansa) “Mein Esel Ist Das Beste Tier” 2:46
14 Nr. 14 Recitativo (Don Quichotte, Sancho Pansa, Grisostomo, Pedrillo) “So Sehr Nun Dieser Tag Die Flur Erfreut” 1:18
15 Nr. 15 Aria (Grisostomo) “Kein Schlaf Besucht Die Starren Augenlider” 4:19
16 Nr. 16 Recitativo (Don Quichotte, Sancho Pansa, Grisostomo) “Er Dauert Mich!” 1:31
17 Nr. 16a Coro “Die Schönste Schäferin” 3:30
18 Nr. 17 Recitativo (Sancho Pansa, Grisostomo, Pedrillo) “Mich Dünkt, Es Steigt Ein Dampf Von Wohlgerüchen” 0:48
19 Nr. 18 Duetto (Don Quichotte, Sancho Pansa) “Wenn Ich Die Trommel Rühren Höre” 3:18
Dritte Szene
20 Nr. 19 Recitativo (Don Quichotte, Sancho Pansa, Grisostomo) “Dort Kommt Die Braut” 1:08
21 Nr. 20 Aria E Coro (Grisostomo, Pedrillo, Chor Der Schäfer) “Dich, Schäfer, Dessen Glück Die Wälder Widerhallen” 1:48
22 Nr. 21 Recitativo (Comacho, Pedrillo, Chor Der Schäfer) “Geliebte Freundin, Höre” 0:41
Vierte Szene
23 Nr. 21a Recitativo Accompagnato (Basilio, Sancho Pansa, Quiteria, Comacho, Chor Der Freunde Des Basilio) “Schau Her, Quiteria!” 3:19
24 Nr. 22 Aria (Basilio) “Nun Bist Du Mein” 0:59
25 Nr. 23 Recitativo (Chor Der Freunde Des Comacho, Comacho, Don Quichotte, Sancho Pansa) “O List!” 1:00
26 Nr. 24 Aria (Quiteria) “Behalte Nur Dein Gold” 0:44
Fünfte Szene
27 Nr. 25 Recitativo (Comacho, Basilio, Sancho Pansa) “Nur Nicht Zu Stolz” 1:18
28 Nr. 26 Coro (Quiteria, Basilio, Don Quichotte, Sancho Pansa, Chor Der Schäfer) “Die Klugheit Ist Vom Günstigen Geschicke Das Kostbarste Geschenk” 1:31

Alto Vocals [Comacho] – Annette Kohler*
Bass Vocals [Don Quichotte] – Raimund Nolte
Bass Vocals [Sancho Pansa] – Michael Schopper
Bassoon – Rhoda Patrick
Chorus – Vokalensemble Der Akademie Für Alte Musik Bremen
Chorus Master – Manfred Cordes
Conductor – Michael Schneider (2)
Double Bass – Love Persson
Harpsichord [I] – Harald Hoeren
Harpsichord [II] – Sabine Bauer
Leader – Anke Backhaus
Libretto By – Daniel Schiebeler
Orchestra – La Stagione
Percussion, Timpani – Ekkehard Leue
Piccolo Flute – Karl Kaiser
Soprano Vocals [Grisostomo] – Mechthild Bach
Soprano Vocals [Pedrillo] – Silke Stapf
Soprano Vocals [Quiteria] – Heike Hallaschka
Tenor Vocals [Basilio] – Karl-Heinz Brandt
Theorbo – Michael Dücker
Trumpet – Friedemann Immer, Hannes Kothe
Viola – Claudia Steeb, Klaus Bundies
Violin [I] – Anke Vogelsänger, Hajo Bäß, Ruth Weber
Violin [II] – Barbara Kralle, Helmut Hausberg, Mechthilde Werner, Veronica Schepping
Violoncello – Nicholas Solo, Rainer Zipperling

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Clementi – Piano Sonatas

Piano Sonata in G major Op 40 No 1[24’52]
1 Allegro molto vivace[7’42]
2 Adagio, sostenuto e cantabile[5’41]
3 Allegro[6’17]
4 Finale: Presto[5’12]

Piano Sonata in B minor Op 40 No 2[15’54]
5 Movement 1: Molto adagio e sostenuto – Allegro con fuoco e con espressione[8’10]
6 Movement 2a: Largo mesto e patetico[2’10]
7 Movement 2b: Allegro – Tempo I – Presto[5’34]

Piano Sonata in D major Op 40 No 3[19’13]
8 Adagio molto – Allegro[10’30]
9 Adagio con molto espressione[3’39]
10 Allegro[5’04]

Piano Sonata in A major Op 50 No 1[21’06]
11 Allegro maestoso e con sentimento[8’29]
12 Adagio sostenuto e patetico[4’25]
13 Allegro vivace[8’12]

Piano Sonata in D minor Op 50 No 2[19’03]
14 Allegro non troppo ma con energia[8’19]
15 Adagio con espressione[4’20]
16 Allegro con fuoco, ma non troppo presto[6’24]

Piano Sonata in G minor ‘Didone abbandonata’ Op 50 No 3[25’35]
17 Largo patetico e sostenuto – Allegro ma con espressione[11’18]
18 Adagio dolente[5’57]
19 Allegro agitato, e con disperazione[8’20]

Howard Shelley (piano)

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Crumb – Makrokosmos I+II

Makrokosmos I
1 Klänge Des Ursprungs (Genesis I) (Krebs) 4:16
2 Proteus (Fisch) 1:17
3 Pastorale (Aus Dem Königreich Atlantis, Ca. 10,000 V. Chr.) (Stier) 2:10
4 Kruzifixus [Symbol] (Steinbock) 2:43
5 Der Gespenstische Gondoliere (Skorpion) 3:03
6 Nachtzauber I (Schütze) 4:13
7 Schattenmusik (Für Äolsharfe) (Waage) 2:40
8 Der Magische Kreis Der Unendlichkeit (Moto Perpetuo) [Symbol] (Löwe) 1:55
9 Der Abgrund Der Zeit (Jungfrau) 2:53
10 Frühlingsfeuer (Widder) 1:56
11 Traumbilder (Liebestod-Musik) (Zwilling) 4:52
12 Spiral-Galaxis [Symbol] (Wassermann) 2:46

Makrokosmos II
13 Morgenmusik (Genesis II) (Krebs) 2:53
14 Der Mystische Klang (Schütze) 3:01
15 Regen- Tod-Variatonen (Fisch) 1:46
16 Zwillings-Sonnen [Symbol] (Zwilling) 3:40
17 Gespenster-Nocturne: Für Die Druiden Von Stonehenge (Nachtzauber II) (Jungfrau) 3:14
18 Wasserspeier (Stier) 1:24
19 Tora! Tora! Tora! (Skorpion) 2:22
20 Eine Weissagung Nostradamus’ [Symbol] (Widder) 4:13
21 Kosmischer Wind (Waage) 3:37
22 Stimmen Aus 〈Corona Borealis〉 (Wassermann) 3:13
23 Litanei Der Glocken Der Milchstrasse (Löwe) 3:14
24 Agnus Dei [Symbol] (Steinbock) 3:56

Piano – Robert Groslot

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RD-2020 – Retrospectiva 2020 do René – Muita Música Boa!

RD-2020 – Retrospectiva 2020 do René – Muita Música Boa!

RETROSPECTIVA

RD-2020

 

 

Prepare-se para Blinding Lights

Fim de ano, festas e retrospectivas… Eu também preparei uma retrospectiva, levando em conta as minhas postagens no blog. Antes de começar a preparar a postagem, quando a ideia ainda caraminholava em meus confusos miolos, fui checar a ‘concorrência’. O Spotify preparou uma retrospectiva onde aprendi, com um certo desmaio, confesso, que o artista mais ouvido em 2020 (no Spotify, por certo…) foi Bad Bunny (never heard of him). A música mais ouvida foi Blinding Lights (even with shades on, vou passar essa uma).

O ano começou com novidades, Parasita levando a estatueta dourada e tal, até que em 11 de março – bum – a pandemia foi oficializada. Para mim ela começou no dia 16 de março, quando as escolas se fecharam ‘por 15 dias’ e não mais reabriram.

Palavras novas ou pouco usadas ganharam grande uso nestes dias que se seguiram – home office, Meet, remoto, Apps, PIX. Na retrospectiva das notícias, que você verá no seu blog preferido para essas coisas, será mencionado – queimadas atrozes no Pantanal e outros lugares, devastação da Amazônia, a vitória do Biden, eleições municipais, segunda onda, a próxima chegada de vacinas. Não vou adentrar pela coluna de obituários, muito longa e demais dolorosa. Vamos nos ater à seara da música.

Nesta retrospectiva trataremos das postagens, essas efêmeras coisas, delicadíssimas, que me são tão caras. Eu as vejo como mensagens colocadas em garrafas que são lançadas nas correntezas da internet. Elas ficam no topo da primeira página do blog por algumas horas e depois iniciam um movimento de afundamento que eu chamo de ‘sinking into the oblivion’. É isto, vamos em frente que atrás vem gente, a fila anda…

Assim, antes de virar esta página e nos lançarmos no próximo ano, renovados (ou não) e buscando as novidades que ele nos prepara, resolvi dar uma boa olhada na lista do que está ficando e afundando no vasto esquecimento. Algumas pobrinhas alminhas-postagens, nem foram vistas e já esquecidas estão…

Por razões práticas, considerei as minhas postagens que foram ao ar entre 1 de dezembro de 2019 e 30 de novembro de 2020. Foram 151 postagens, quase três por semana. Levei um susto quando fiz as contas. Entre 29 de outubro e 24 de novembro foram ao ar 28 de minhas postagens. Eu me senti, neste período, como aquele estagiário que finalmente pode tomar conta da corporação. Só ficou faltando o telefone tocar mais vezes…

Adam rindo da piada que o René Denon fez no PQPBach’s Caffé

Ouvir música e pensar sobre isso tem sido parte importante de minhas atividades. Por conta do aniversário do Ludovico, mais de 30 destas postagens levaram música dele. Mas nem só do renano foi o ano. Teve Schumann e vários outros interessantes projetos ocorreram nas páginas do blog, em paralelo ao BTHVN#250.  Basta lembrar da postagem do Ciclo de Cantatas de Bach, na direção de Ton Koopman, postado pelo FDP Bach, as Sinfonias de Haydn, com regência de Adam Fischer, postadas por Ammiratore. A dupla também foi responsável pela postagem de óperas, com várias possibilidades de escolha de gravações.

Cada disco que escolhi para minhas postagens me deu muito prazer ouvir, alguns muitas vezes. O pessoal aqui em casa já até assobiava junto alguns deles. Mas, com o distanciamento dado pelo tempo e a visão do conjunto, consegui escolher alguns que deram ainda mais alegria e assim acabei preparando uma ‘playlist’, uma espécie de arquivo promocional, como aqueles discos que acompanham algumas revistas sobre música. A lista destas postagens é o ‘core’ desta retrospectiva e o produto um arquivo de perto de 3h20 com as melhores do René. Blasfêmia, dirão uns, mas sinceramente, espero que você goste e que esta playlist instigue sua curiosidade para explorar mais essas atômicas partículas culturais antes que elas entrem em definitiva órbita de esquecimento no internético espaço.

Antes disso, farei uma lista de algumas postagens do blog que muito me impressionaram.

  1. Sinfonias de Haydn – Adam Fischer
  2. Cantatas de Bach – Ton Koopman
  3. Sinfonias de Beethoven – Andris Nelsons
  4. Sinfonias de Shostakovich – Bernard Haitink (reedição)
  5. Sonatas de Schubert – Willelm Kempff
  6. Sonatas para Piano de Beethoven – Jean-Efflam Bavouzet
  7. Concertos para Piano de Beethoven – Jean-Efflam Bavouzet
  8. A Arte da Fuga – Bach – Rachel Podger
  9. As Baladas de Chopin – Stephen Hough
  10. Peças para Piano de Schumann – Guiomar Novaes
  11. Messias de Handel – Hervé Niquet
  12. A Sagração da Primavera de Stravinsky – Andsnes & Hamelin
  13. As Últimas Sonatas para Piano de Beethoven – Solomon

E a lista continuaria, sem mencionar a infindável lista de novidades que o BTHVN#250 nos promoveu. Mas, vamos à lista das minhas postagens mais queridas! Elas estão arranjadas em uma ordem diferente daquela em que foram publicadas…

RD-2020 – Playlist do René

  1. Mozart: Le Nozze di Figaro – Carlo Maria Giulini

Abertura

Canzonetta sull aria

  1. Vários Compositores: Música Barroca com Bandolim – Artemandoline

[Uccellini]- La Bergamasca

  1. John Dowland: Tell me true love – Joel Frederiksen – Ensemble Phoenix München

The lowest trees have tops

Fine knacks for ladies

The Frog Galliard

  1. S. Bach: O Cravo Bem Temperado – Livro I – Trevor Pinnock, cravo

Prelúdio e Fuga em dó menor, BWV 847

Prelúdio e Fuga em dó sustenido maior, BWV 848

  1. S. Bach: Partitas BWV 825-830 – Angela Hewitt, piano (2ª Gravação – 2019)

Partita no. 1 in si bemol maior, BWV 825- Menuetos e Giga

  1. Boccherini: Música de Câmara – Cuarteto Casals

Trechos de ‘La musica notturna delle strade di Madrid’

  1. F. Handel: Suítes para Teclado – D. Scarlatti: Sonatas – Murray Perahia, piano

Chaconne e Sonata em lá maior

  1. Mozart: Quartetos com Piano – Paul Lewis e Leopold String Trio

Rondó do Segundo Quarteto

  1. Beethoven: Concertos para Piano Nos. 1 & 2 – Olivier Cavé – Kammerakademie Potsdam & Patrick Hahn

Rondó do Concerto No. 2

  1. Mozart & Beethoven: Concertos para Clarinete – Michael Collins – Russian National Orchestra – Mikhail Pletnev

Larghetto e Rondó do Concerto de Beethoven

  1. Beethoven: Sinfonias Nos. 4, 5 & 6 – Britten Sinfonia & Thomas Adès

Terceiro e Quarto Movimentos da Quinta Sinfonia

  1. Schubert: 8 Impromptus, D. 899 & 935 – Krystian Zimerman

Dois Impromptus

  1. Beethoven: The Beethoven Journey – Concertos para Piano – Mahler Chamber Orchestra – Leif Ove Andsnes

Adagio e Rondó do Concerto ‘Emperor’

  1. Schubert: Winterreise – Hotter & Moore – Goerne & Johnson – Kaufmann & Deutsch – Desafio

Der Lindenbaum

  1. Beethoven & Schubert: Últimas Sonatas para Piano – Zhu Xiao-Mei

Scherzo da Sonata de Schubert

  1. Ludwig van Beethoven: Sonatas para Piano – Igor Levit –

Sonata para Piano No. 27 em mi menor, Op. 90

  1. DESAFIO PQP! –> Brahms: Concertos para Piano – Philippe Bianconi

Terceiro Movimento do Concerto para Piano No. 1

  1. Gabriel Fauré: Quartetos com Piano – Fauré Quartett

Clair de lune e Mandoline (Arr. for Piano Quartet)

  1. Francis Poulenc: Concerto para Piano & Concert champêtre – Mark Bebbington

Concert champêtre, FP 49 I. Allegro molto

  1. Darius Milhaud: Música para dois pianistas – Stephen Coombs & Artur Pizarro

Scaramouche

  1. Mahler: Erinnerung – (Coleção de Lieder) – Christiane Karg & Malcolm Martineau

Três da Canções de Rückert

  1. Ravel & Stravinsky: Peças para Piano – Béatrice Rana

La Valse

  1. Ravel: Rapsodie espagnole & Debussy: La Mer – London Symphony Orchestra & François-Xavier Roth

Rapsodie espagnole – Feria (Último Movimento)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 482 MB

O disco da Béatrice Rana com peças de Ravel e Stravinsky foi incluído de último momento. Um amigo enviou uma mensagem com a lista (as listas de fim de ano…) do Palmarès des Diapason d’or de l’année 2020 e o disco da Béatrice ganhou o prêmio na categoria ‘Piano’. Pois é, até eu havia esquecido este maravilhoso disco…

Que venha 2021…

René Denon