As 4 peças para piano e a principalmente a Rapsódia são os destaques deste CD de Bartók. Mas o que me impressionou mesmo foi a qualidade dos pianistas Gabos e Zempléni, que tocam o disco com suprema qualidade e compreensão. A Rapsódia , op . 1, Sz. 26, BB 36, foi concluída em 1904. Um ano depois, Bartók escreveu uma versão para piano e orquestra. As 3 canções folclóricas húngaras do distrito de Csík são o produto de sua colaboração inicial com Zoltán Kodály, coletando e transcrevendo canções folclóricas em toda a Europa Oriental. As 14 Bagatelles , Sz.38, BB 50, Op. 6 é um conjunto de peças para piano solo escritas na primavera de 1908 e interpretado pela primeira vez pelo compositor em 29 de junho de 1908, em Berlim. As 14 Bagatelles foram uma primeiro passo experimental e significou a retirada de Bartók do estilo composicional do século XIX. A obra beira a atonalidade, e Bartók adotou algumas técnicas de Debussy e Schoenberg.
Béla Bartók (1881-1945):Peças para Piano I (Gabos / Zemplénii) #BRTK140 Vol.18
1 Four pieces for piano, BB 27, DD 71: No. 1. Tanulmany balkezre (Study for the Left Hand)
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71: No. 1. Study for the Left Hand (to Istvan Thoman)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71
9:10
2 Four pieces for piano, BB 27, DD 71: No. 2. I. Ábránd
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71: No. 2: Fantasy 1 (to Emma Gruber)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71
5:06
3 Four pieces for piano, BB 27, DD 71: No. 3. II. Ábránd
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71: No. 3: Fantasy 2 (to Emsy and Irmy Jurkovics)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71
4:22
4 Four pieces for piano, BB 27, DD 71: No. 4. Scherzo
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71: No. 4: Scherzo (to Ern Dohnanyi)
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1903)
part of:
Four Piano Pieces, Sz. 22, BB 27, DD 71
8:26
5 Rhapsody for piano, Sz. 26, BB 36/a (Op. 1)
piano:
Gábor Gabos (pianist)
recording of:
Rhapsody for piano, Sz. 26, BB 36a, op. 1
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1904)
part of:
Bartók Béla válogatott zenei írásai (number: Sz. 26) and Béla Bartók’s Works (BB) (number: BB 36a)
later versions:
Rhapsody for piano, op. 1 (shortened version)
20:47
6 Hungarian folksongs from Csík for piano, Sz. 35a, BB 45/b: No. 1. Rubato
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b, No. 1: Rubato
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b
1:22
7 Hungarian folksongs from Csík for piano, Sz. 35a, BB 45/b: No. 2. L’istesso tempo
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b, No. 2: L’istesso tempo
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b
1:09
8 Hungarian folksongs from Csík for piano, Sz. 35a, BB 45/b: No. 3. Poco vivo
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b, No. 3: Poco vivo
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1907)
part of:
3 Hungarian Folksongs from Csík, Sz. 35a, BB 45b
0:49
9 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 1. Molto sostenuto
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 1. Molto sostenuto
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:35
10 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 2. Allegro giocoso
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 2. Allegro giocoso
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
0:49
11 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 3. Andante
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 3. Andante
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
0:59
12 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 4. Grave. “Mikor gulyasbojtar voltam”
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 4. Grave
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:18
13 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 5. Vivo. “Ej’ po pred nas, po pred nas”
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 5. Vivo
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:09
14 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 6. Lento
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 6. Lento
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:39
15 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 7. Allegretto molto capriccioso
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 7. Allegretto molto capriccioso
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:04
16 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 8. Andante sostenuto
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 8. Andante sostenuto
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:16
17 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 9. Allegretto grazioso
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 9. Allegretto grazioso
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:51
18 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 10. Allegro
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6: No. 10 Allegro
composer:
Béla Bartók (composer) (in 1908)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:26
19 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 11. Allegretto molto rubato
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 11. Allegretto molto rubato
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
1:46
20 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 12. Rubato
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 12. Rubato
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
3:20
21 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 13. Lento funebre. “Elle est morte…”
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 13. (Elle est morte…) Lento funebre
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
2:31
22 Bagatelles for piano, Sz. 38, BB 50 (Op. 6): No. 14. Presto. Valse “M’amie qui danse…”
piano:
Kornél Zempléni
recording of:
14 Bagatelles, op. 6: No. 14. Valse (Ma mie qui danse…). Presto
composer:
Béla Bartók (composer)
part of:
14 Bagatelles, Sz. 38, BB 50, op. 6
Para homenagear nosso gentil e saudoso amigo, compare Ammiratore, como eu gostava de chamá-lo, decidi postar uma linda ópera. Não vou tentar fazer uma postagem no estilo dele, resultado de meticulosa pesquisa, com detalhes históricos e ilustrações bem específicas, além da apresentação de diferentes gravações… Eu não tenho estas habilidades que eram típicas dele. Costumava dizer-lhe que minhas (poucas) postagens de óperas buscam mais contagiar os visitantes do blog pelo meu amor por elas, por uma pequena anedota eventualmente introduzida e que o atraísse para a obra, contando que ela (a música) fizesse então a mágica. Ainda aposto nesta abordagem e tenho certeza de que nosso querido amigo aprovaria a postagem.
Così fan tutte é a terceira ópera surgida da colaboração de Mozart e Lorenzo da Ponte. As duas anteriores, Le Nozze di Figaro e Don Giovanni, não poderiam ser mais diferentes desta última. Enquanto Figaro e Don Giovanni estão repletas de personagens marcantes e árias fenomenais, Così se destaca por números apresentados por conjuntos de cantores: duos, trios, sextetos. As personagens aparecem aos pares: duas mocinhas, dois galãs e um casal formado pelo cínico filósofo e sua colaboradora, a camareira das moças. Outro aspecto que distingue esta obra das anteriores é ser politicamente incorreta e mais deliciosa ainda por isso. Afinal, o título, Così fan tutte, fala por si, mesmo sem tradução.
Veja como a trama é descrita em um dos sites que andei visitando: ‘Uma comédia com elementos nitidamente sérios, a peça traz um conto satírico de traição, onde a confiança é testada até o limite. Afinal, é possível que dois casais aparentemente fiéis tenham suas vidas afetivas arruinadas por um jogo de traições aparentemente inofensivo?’
Elisabeth e Christa ensaiando para uma apresentação no PQP Bach Opera Theater de Resende…
Assim é a ópera, repleta de troca de papéis, de disfarces e confusões. O libreto foi escrito por da Ponte sem um especial modelo literário e aparentemente tudo surgiu de uma história que lhe foi contada pelo próprio imperador austríaco. É claro que o tema não era de todo ausente da literatura, mas certamente chocou muitas pessoas na época de sua composição. A ópera também não ficou muito tempo em cartaz devido a morte do imperador. Assim, Così fan tutte firmou-se mesmo como uma das grandes óperas de Mozart, passando a integrar o repertório dos principais teatros do mundo a partir do século XX.
Quando Mozart iniciou a sua composição em novembro de 1789, estava financeiramente quebrado e a obra foi composta em tempo recorde – com a primeira apresentação em fins de janeiro de 1790. As reservas das pessoas sobre o tema e a morte do imperador, fechando os teatros para o luto oficial, contribuíram para que a ópera não salvasse as finanças de Mozart, o que foi realmente uma pena. A experiência de Mozart na composição de música de câmera certamente influenciou nas suas composições para grupos de cantores.
As moças e os galãs…
A história inicia com uma aposta feita pelo experiente Don Alfonso com os jovens Guglielmo e Ferrando, confiantes na fidelidade de suas amadas Fiordiligi e Dorabella. É claro que segue uma enfiada de confusões, disfarces e idas e vindas que incluem envenenamento e seções de mesmerização, até que as duas lindas se rendem aos encantos dos mocinhos disfarçados de bigodudos albaneses. Afinal, così fan tutte…
Bom, é curioso que naqueles dias Mozart havia escrito uma carta para a sua Constanze, que passava uns dias em uma estância de águas em Baden recuperando a saúde, admoestando-a a ser mais… discreta. Mas Mozart era realmente um ser humano diferenciado. Veja um outro trecho de carta, da mesma época: An astonishing number of kisses are flying about! I see a whole crowd of them. Ha! Ha! I have just caught three — They are delicious… I kiss you millions of times.
A gravação da postagem é clássica. Alguns diriam até jurássica. Bem, eu digo impecável, inigualável. As cantoras Elisabeth Schwarzkopf e Christa Ludwig (a quem aqui mais uma vez prestamos homenagem) estão perfeitas. O tenor Alfredo Kraus como Ferrando e Giuseppe Taddei como Guglielmo completam o quarteto central. Walter Berry, que fora casado com a Christa Ludwig, é Don Alfonso e Hanny Steffek uma ótima Despina. A Philharmonia Orchestra está sob o comando de Karl Böhm, cuja expertise em Mozart era indisputável naqueles dias, e a produção de Walter Legge completa o conjunto magnificamente.
Karl era bom em Mozart, Strauss e Wagner. Já em certos outros assuntos…
Böhm já havia gravado a ópera para a DECCA em 1955 e voltaria a gravá-la em 1977 para o selo amarelo. Mas esta gravação, feita sob a supervisão de Walter Legge e com um time dos sonhos de cantores é, sem dúvida, a melhor escolha. O Penguin Guide diz: Its glorius singing is headed by the incomparable Fiordiligi of Schwazkopf and the equally moving Dorabella of Christa Ludwig; it remains a superb memento of Walter Legge’s recording genius and remains unserpassed…
Aproveite!
RD
Linda imagem da produção de Così fan tutte feita por J. E. Gardiner
Para uma visão geral da ópera, visite este site aqui.
Um álbum que você precisa ouvir, mas um álbum triplo muito desigual. Cristina Ortiz e Paavo Berglund arrasam. Ivashkin e Poliansky idem. É claro que Oistrakh faz o mesmo com Rozhdestvensky, mas a qualidade do som não é boa, o que nos faz morrer de saudades da dupla que destronou Oistrakh nestes concertos que antes eram dele, a dupla Vengerov-Rostropovich. Curiosamente, Shosta escreveu 2 concertos para piano, 2 para violino e 2 para violoncelo. Os primeiros foram escritos para si mesmo e para seu filho. Os para violino foram dedicados a Oistrakh e os últimos a Rostropovich. Ah, se eu fosse um solista de nível e amigo de Shostakovich, também ia pedir um concerto. OS CONCERTOS SÃO ESPLÊNDIDOS, LINDOS, ESPETACULARES, TUDO !!!
Dmitri Shostakovich (1906-1975): Os Seis Concertos de Shostakovich
CD 1
Piano Concerto No. 1 Op. 35
01. I. Allegro moderato-allegro vivace-moderato
02. II. Lento
03. III. Moderato
04. IV. Allegro con brio
Piano Concerto No. 2 Op. 102
05. I. Allegro
06. II. Andante
07. III. Allegro
3 Fantasic Dances Op. 5
08. I. Allegretto
09. II. Andantino
10. III. Allegretto
Bournemouth Symphony Orchestra
Paavo Berglund, regente
Cristina Ortiz, piano
Um muito bonito disco de um compositor estreante no PQP Bach. Sim, temos mais de 2000 compositores em nosso blog, mas ainda ocorrem estreias. Estreias do século XVI, mas estreias. O incrível grupo vocal Cinquecento valoriza muito esta música. Jacob Regnart (francês: Jacques Regnart) foi um compositor do Renascimento flamengo. Ele passou a maior parte de sua carreira na Áustria e na Boêmia , onde escreveu música sacra e secular. Este disco foca o sacro. As obras de Regnart foram regularmente republicadas até o século 17, e sua música foi tida em alta conta por teóricos como Michael Praetorius e Jacob Burmeister. A primeira edição moderna de suas obras foi concluída por Richard Eitner em 1895; uma nova edição foi publicada pela Corpus Mensurabilis Musicae na década de 1970.
Jacob Regnart (1540-1599): Missa Super Oeniades Nymphae
1 Quod Mitis Sapiens Nulli Virtute Secundus 4:29
Missa Super Oeniades Nymphae (27:11)
2 Kyrie 5:02
3 Gloria 5:07
4 Credo 8:21
5 Sanctus And Benedictus 3:32
6 Agnus Dei 5:10
7 Exsultent Iusti 3:05
8 Quare Tristis Es, Anima Mea? 3:50
9 Stetit Jesus 5:58
10 Inviolata 4:18
11 Lamentabatur Jacob 5:02
12 Stella, Quam Viderant Magi 2:42
13 Ut Vigilum Densa Silvam Cingente Corona 3:43
Um dos maiores quartetos de jazz de todos os tempos: Coltrane (tenor e soprano), McCoy Tyner (piano), o tremendo Elvin Jones (bateria) e Steve Davis (baixo, embora a banda de Trane contasse com frequência com Jimmy Garrison e às vezes Reggie Workman), tocando um programa de originais inspirado no blues. Essa banda significa calor, economia e interação descontraída. Coltrane é claramente o centro do palco aqui. Seu tom distinto o tornaria em breve um dos caras mais influentes no jazz. Coltrane Plays the Blues não é tão ousado quanto outros discos de Coltrane, mas ainda assim é poderoso. Quanto à frase “toca o blues” no título, isso não é um indicador de que as músicas sejam blues convencionais. É mais indicativo de uma sensibilidade blues.
John Coltrane: Coltrane Plays the Blues
01. Blues to Elvin
02. Blues to Bechet
03. Blues to You
04. Mr. Day
05. Mr. Syms
06. Mr. Knight
07. Untitled Original (Exotica)
08. Blues to Elvin (Alternate Take 1)
09. Blues to Elvin (Alternate Take 3)
10. Blues to You (Alternate Take 1)
11. Blues to You (Alternate Take 2)
John Coltrane (soprano & tenor saxophones)
McCoy Tyner (piano)
Steve Davis (acoustic bass)
Elvin Jones (drums)
Já se passaram dez anos desde que postei esta integral dos Concertos de Prokofiev com a direção do Neeme Järvi. Muita coisa aconteceu neste meio tempo, na época nem imaginava que estaria atualizando estes links em 2021. Também não passava pela cabeça de ninguém que sofreríamos uma pandemia nestas proporções em que estamos sofrendo atualmente. Meus cabelos ainda não tinham ficado brancos, enfim, são dez anos vivendo em uma realidade totalmente diferente.
O colega René Denon pediu estas gravações e pedi um tempo para encontrá-las, pois lembrava do impacto que senti quando as ouvi pela primeira vez. Curiosamente, encontrei-as rapidamente.
Estou devendo estes concertos desde o começo do ano, e confesso que por algum motivo acabei deixando-os de lado. Pois bem, aí estão a primeira parte dos Concertos para Piano de Prokofiev com o Neeme Järvi (lembrando que postei as sinfonias com este mesmo regente no começo do ano).
Como hoje é quinta feira e ficamos quase vinte e quatro horas fora do ar, resolvi fazer uma postagem rápida, daquelas vapt-vupt, aproveitando que o arquivo já estava no megaupload há pelo menos dez meses, aguardando pacientemente sua vez.
O solista é o excelente Boris Berman, um especialista na obra de Prokofiev.
01 – Piano Concerto No. 1 in D flat major Op. 10 – Allegro brioso
02 – Andante assai
03 – Allegro scherzando
04 – Piano Concerto No. 4 in B flat major Op. 53 – I. Vivace
05 – II. Andante
06 – III. Allegro moderato
07 – IV. Vivace
08 – Piano Concerto No. 5 in G major Op. 55 – I. Allegro con brio
09 – II. Moderato ben accentuato
10 – III. Toccata. Allegro con fuoco
11 – IV. Larghetto
12 – V. Vivo
Boris Berman – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Neeme Järvi – Conductor
Pois bem, senhores, concluindo esta caixa, aqui estão os dois Concertos para piano mais famosos de Prokofiev, o Segundo e o Terceiro. É difícil dizer qual deles é o meu preferido, creio que na verdade gosto dos cinco, mas esta introdução melódica do Segundo é de partir os corações mais duros.
Horácio Gutiérrez me era desconhecido até então, mas o rapaz é um assombro. É um virtuose de mão cheia que conhece muito bem seu instrumento, e não se deixa pegar nas armadilhas que Sergey colocou, e não são poucas. Os clientes da amazon foram quase unânimes em dar cinco estrelas à esta gravação, e com razão.
E porque hoje é sábado, usando uma frase muito usada no blog do nosso amigo Milton Ribeiro, vou deixá-los por aqui, e sair para aproveitar o dia.
Boa audição.
Serguei Prokofiev – Piano Concertos nº 2 in G Minor, op. 16, Piano Concerto nº3, in C Major, op. 26
01 – Piano Concerto No. 2 in G minor Op. 16 – I. Andantino – Allegro
02 – II. Scherzo. Vivace
03 – III. Intermezzo. Allegro moderato
04 – IV. Finale. Allegro tempestuoso
05 – Piano Concerto No. 3 in C major Op. 26 – I. Andante – Allegro
06 – II. Tema. Andantino – Variations 1-5 – Tema. L’istesso tempo
07 – III. Alegro ma non troppo
Horácio Gutiérrez – Piano
Royal Concertgebow Orchestra
Neeme Järvi – Conductor
Esses húngaros… Comecei a ouvir a Obra Completa de Bartók da Hungaroton com método. Escolhi o Vol. 12, claro. E fiquei absolutamente encantado. Que disco! Ele tem apenas uma ou duas obras realmente daquelas conhecidas, mas tudo ganha sentido quando na mão dos donos do sotaque bartoquiano, na mão de húngaros. O Mandarim Miraculoso é um balé pantomima de um ato composto por Béla Bartók entre 1918 e 1924, baseado numa história de Melchior Lengyel. Estreado em 1926 na Alemanha, causou grande escândalo e foi posteriormente banido por motivos morais.
Após uma introdução orquestral retratando o caos da cidade grande, a ação começa em um apartamento onde moram três criminosos. Eles procuram em seus bolsos e gavetas por dinheiro, mas não encontram nenhum. Então forçam uma garota a ficar perto da janela e atrair os homens que passam. A garota começa uma dança bastante atrevida. Ela primeiro atrai um velho libertino, que faz gestos românticos cômicos. A menina pergunta: “Tem algum dinheiro?” Ele responde: “Quem precisa de dinheiro? Tudo o que importa é o amor.” Ele começa a perseguir a garota, ficando cada vez mais insistente até que os criminosos o agarram e o expulsam.
A garota volta para a janela e executa uma segunda dança. Desta vez, ela atrai um jovem tímido, que também não tem dinheiro. Ele começa a dançar com a garota. A dança fica mais apaixonada, mas o trio salta sobre ele e o expulsa também.
A garota começa a dançar novamente. Os mendigos e a garota veem uma figura bizarra na rua, que logo sobe as escadas. Os criminosos se escondem, e a figura, um mandarim (um chinês rico), fica imóvel na porta. Eles incitam a garota a atraí-lo. Ela começa outra dança picante. De repente, ele salta e abraça a garota. Eles lutam e ela escapa; ele começa a persegui-la. Os criminosos saltam sobre ele, despojam-no de seus objetos de valor e tentam sufocá-lo sob travesseiros e cobertores. No entanto, ele continua a olhar para a garota. Eles o esfaqueiam três vezes com uma espada enferrujada; ele quase cai, mas se joga novamente sobre a garota. O trio o agarra novamente e o pendura em um gancho de lâmpada. A lâmpada cai, mergulhando a sala na escuridão, e o corpo do mandarim começa a brilhar com uma luz verde-azulada assustadora. Os quatro ficam apavorados. De repente, a garota sabe o que devem fazer. Ela diz aos criminosos para soltarem o mandarim; eles obedecem. Ele pula de novo na garota, e dessa vez ela não resiste e eles se abraçam. Com o desejo do mandarim satisfeito, suas feridas começam a sangrar e ele morre.
Béla Bartók (1881-1945): O Mandarim Miraculoso / O Príncipe de Madeira / Danças Romenas e outras peças (Sándor / Kórodi / Erdélyi) — Vol. 12 das Obras Completas
01 – The Miraculous Mandarin Suite for Orchestra [BB 82]
Budapest Philharmonic Orchestra
János Sándor
02 – The Wooden Prince Suite for Orchestra [BB 74]
Budapest Philharmonic Orchestra
András Kórodi
03 – Romanian Dance Suite [BB 61]
Budapest Philharmonic Orchestra
András Kórodi
04 – Romanian Folkdances – for small Orchestra I. Jocul Cu Bƒta [BB 76]
05 – Romanian Folkdances – for small Orchestra II. Brƒul [BB 76]
06 – Romanian Folkdances – for small Orchestra III. Pe Loc [BB 76]
07 – Romanian Folkdances – for small Orchestra IV. Buciumeana [BB 76]
08 – Romanian Folkdances – for small Orchestra V. Poarga Romƒneasca [BB 76]
09 – Romanian Folkdances – for small Orchestra VI Maruntel [BB 76]
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
Miklós Erdélyi
10 – B]
11 – B]-1
12 – B]-1
13 – Hungarian Sketches I. Evening in Transylvania [BB 103]
14 – Hungarian Sketches II. Bear dance [BB 103]
15 – Hungarian Sketches III. Melody [BB 103]
16 – Hungarian Sketches IV. A Bit Drunk [BB 103]
17 – Hungarian Sketches V. Swineherd-dance [BB 103]
Budapest Symphony Orchestra (a.k.a. Budapest Symphony)
Miklós Erdélyi
18 – Hungarian Peasant Songs I. Ballad [BB 107]
19 – Hungarian Peasant Songs II. Allegro [BB 107]
20 – Hungarian Peasant Songs III. Allegretto [BB 107]
21 – Hungarian Peasant Songs IV. Allegro [BB 107]
22 – Hungarian Peasant Songs V. Largamente [BB 107]
23 – Hungarian Peasant Songs VI. Moderato [BB 107]
24 – Hungarian Peasant Songs VII. Allegro molto [BB 107]
25 – Hungarian Peasant Songs VIII. Allegro [BB 107]
Budapest Philharmonic Orchestra
János Sándor
Ontem, trouxe aqui as antológicas gravações da música para piano de Bartók por Andor Foldes. Hoje, seguimos com o mesmo pianista interpretando música húngara.
Andor Foldes é acompanhado pela Orquestra Filarmônica de Berlim, com uma sonoridade romântica potente que se encaixa muito melhor nesses concertos do que, por exemplo, nos de Beethoven. Os concertos para piano de Liszt não seguem o esquema tradicional em três movimentos. Os temas vão se transformando de forma mais livre, liberdade característica do romantismo e que Liszt explicou assim: “vinho novo exige garrafa nova”.
Liszt, aqui, se distancia de seus contemporâneos Chopin, Mendelssohn e Schumann, que compuseram em formas inovadoras para piano solo, mas não alteraram significativamente a forma do concerto para piano e orquestra que Mozart havia levado à perfeição. Eu gosto especialmente do concerto nº 1, que já começa com um tema muito interessante, que vai aparecer até o final. O genro de Liszt, Hans von Bülow, dizia que as notas do tema podiam ser cantadas como “das versteht ihr alle nicht, haha! (“Vocês não entendem nada, haha!”, ou em inglês, de sonoridade mais próxima do alemão: You don’t understand a thing, haha!). Segundo von Bülow, tratava-se de um aviso aos críticos musicais, o que torna este concerto uma espécie de Roman à clef*. Estreado em Weimar em 1855, com Hector Berlioz na regência, o concerto abriu as portas para obras inovadores para piano e orquestra das gerações seguintes, como os concertos de Brahms, as Variações Sinfônicas de Franck, as Noites nos jardins de Espanha, de Falla, e a Bachianas nº 3 de Villa-Lobos.
O segundo concerto de Liszt, estreado em 1857, também em Weimar, tem uma forma ainda mais diferentona, em um movimento único, assim como a assim como a sua sonata para piano.
Franz Liszt (1811-1886): Piano Concertos
1–3 Piano Concerto No. 1 in E flat major, S.124
4–9 Piano Concerto No. 2 in A major, S.125
Andor Foldes, piano
Berliner Philharmoniker
Leopold Ludwig
Recording: Jesus-Christus-Kirche, Berlin, Germany, February 1953
* Roman à clef – romance com chave, que adquiriria um novo significado quando lido a partir de uma certa chave de entendimento ligada a pessoas e situações da vida real. Em um romance do escritor Will Self, o protagonista afirma: a única possibilidade de eu escrever um roman à clef seria se eu perdesse as chaves do carro. Ao longo do livro a chaves somem várias vezes.
Esta postagem abaixo de PQPBach foi revista e ampliada para a celebração dos 140 anos de nascimento de Béla Bartók. Acredito que em 2007, ano da postagem original, havia apenas um CD simples com algumas das gravações de Bartók por Andor Foldes pela Deutsche Grammophon. O resto estava disponível apenas no vinil. Mais recentemente a gravadora soltou, remasterizadas, todas essas gravações que hoje ocupam um CD triplo.
As obras para piano de Béla Bartók têm um pé na tradição e um pé na modernidade: o material temático é quase sempre influenciado pela música folclórica de vários povos da Europa central e oriental, enquanto a escrita pianística usa procedimentos típicos do século XX, com destaque para os clusters.
Um cluster, ou agrupamento de tons, é um acorde musical que compreende (dois ou tipicamente três ou mais) tons adjacentes, ou seja, teclas adjacentes, que podem ser tocadas com os dedos ou, em alguns casos, com socos ou mesmo cotoveladas no teclado, algo que os músicos de jazz já faziam em seus improvisos desde tempos imemoriais.Não por acaso, os precedentes são em sua maioria norte-americanos, como o pianista Scott Joplin e o compositor Charles Ives. Na Europa, Debussy usou clusters para representar os sinos da catedral em um célebre prelúdio para piano. Mas esses três usavam esse tipo de sonoridade de forma eventual. Quem batizou a técnica e usou sequências deles de forma explícita foi o norte-americano Henry Cowell, também um dos introdutores da ideia de “piano preparado”.
Béla Bartók conheceu Henry Cowell em dezembro de 1923. No ano seguinte, ele escreveu para Cowell perguntando se ele poderia utilizar tone clusters sem ofender o colega. A partir daí, ele entraria em um fértil período de escrita pianística, com algumas de suas principais obras para piano finalizadas em 1926: a Sonata, a Suíte Out of Doors e o 1º Concerto para Piano e Orquestra.
O uso mais óbvio dos clusters, por seu caráter dissonante, é em movimentos rápidos e percussivos, com o teclado sendo martelado em andamentos como Presto ou Pesante, como nos exemplos abaixo, que testemunham a influência de Cowell sobre Bartók.
Fotos: clusters na suíte Out of doors. À esquerda, clusters pesados (pesante) no começo do 1º movimento e à direita clusters lentos e misteriosos no 4º movimento – Música Noturna.
Outra forma de utilizar os clusters é com a mão esquerda tocando, delicadamente, sequências dissonantes que fazem parte da criação do clima de “Música Noturna”, título do 4º movimento da Suíte Out of Doors. Boa parte dos movimentos lentos da fase madura de Bartók também recebem esse nome de música noturna: por exemplo os movimentos centrais do 2º Concerto para Piano e do Concerto para Orquestra, sem falar em várias cenas do Mandarim Miraculoso, talvez o mais noturno de todos os balés, por lidar com o tema da prostituição, que aliás causou grande escândalo nos anos 1920.
Pano rápido e as palavras de PQP em 2007: Não vou reescrever o que já está pronto sobre este espetacular CD de um pianista que aprendeu a tocar Bartók com o próprio. Atenção: a gravação é de 1955, mas a qualidade do som parece digital.
Texto de Melvin Yap
Bartók is probably most famous for his Concerto for Orchestra and his piano and violin concertos. As a consequence, many of the works on this disc will probably be unfamiliar to most listeners out there.
This recording belongs to DG’s Dokumente series and as such, is not a recent recording. It was recorded in 1955 in monophonic sound. However, since the whole disc is a piano recital, the monophonic sound isn’t that serious a drawback.
Who was Andor Foldes anyway? From the documentation supplied with the disc, I gathered that he had quite an illustrious bevy of piano teachers. He studied the piano with Ernst von Dohnányi and first met Bartók at the age of fifteen in 1929. They later became close friends until Bartók’s death. His intimate relationship with the composer himself hints that he probably is eminently qualified to interpret Bartók’s work and this is borne out by the quality of the recital.
The Mikrokosmos are teaching pieces that range from beginners’ pieces to works of exuberant virtuosity. Foldes is never condescending and he invests these pieces with detail and meticulous precision. I believe that Foldes hardly deviates from the strict dynamics and tempo markings that Bartó The same approach can be seen in the other pieces too. Rather than playing these works coldly and mechanically, as some pianists are apt to do, Foldes strives for emotion and expression. He is technically brilliant but never allows the technical aspect of a work to overshadow its intrinsic artistic qualities. This is one of the most atmospheric recordings I’ve ever heard and it is not hard to imagine the pianist playing right before you.
There’s plenty of exciting moments in this disc, for example in the last part of the Suite Op.14. Percussive, almost overflowing in a kaleidoscope of sound but always coherent and imaginative, the playing is a delight. Nor are the slower parts especially boring. Foldes has a way of mulling over the slower bits in an interesting sort of way so that you are enlightened rather than irked.
Despite its vintage, the sound of this disc is perfectly acceptable and probably acoustically superior to many of our so-called digital recordings. This is not a disc for everybody but it should be rewarding for any serious collector of Bartók or piano music.
Béla Bartók – Peças para Piano
CD 1
1–17 For Children, Sz.42 (BB 53): Books I & II (excerpts)
18–20 Sonatina, Sz.55 (BB 69)
21–26 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book IV (excerpts)
27–33 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book V (excerpts)
34–44 Mikrokosmos, Sz.107 (BB 105): Book VI (excerpts)
45–50 For Children, Sz.42 (BB 53): Book III (excerpts)
51–54 For Children, Sz.42 (BB 53): Book IV (excerpts)
55–56 Two Elegies, Sz.41 (BB 49)
CD 2
1–6 Six Romanian Folk Dances, Sz.56 (BB 68)
7 Fantasy II (No. 3 of Four Piano Pieces, Sz.22, BB 27)
8–14 Seven Sketches, Sz.44 (BB 54)
15 Improvisations on Hungarian Peasant Songs, Sz.74 (BB 83)
16 Fifteen Hungarian Peasant Songs, Sz.71 (BB 79)
17–19 Sonata for Piano, Sz.80 (BB 88)
20–22 Three Rondos on Hungarian Folk Tunes, Sz.84 (BB 92)
23–24 Romanian Christmas Carols, Sz.57 (BB 67)
CD 3
1–4 Suite, Sz.62 (BB 70)
5–9 Out of Doors, Sz.81 (BB 89)
10–15 Nine Little Piano Pieces, Sz.82 (BB 90)
16–26 Ten Easy Piano Pieces, Sz.39 (BB 51)
27–29 Three Burlesques, Sz.47 (BB 55)
30 Allegro barbaro, Sz.49 (BB 63)
Este CD vale pela incrível, belíssima Sonata de Grieg e pelos gatinhos — expressão para iniciados — do mesmo compositor.
Bem, a palavra italiana malinconia era muito usada no século XIX como título de peças melancólicas. No entanto, a ideia de malinconia cobria uma miríade de noções românticas, de modo que simplesmente traduzi-la como “melancolia” não lhe faz justiça. Inclui também muitos outros estados emocionais – todos os tipos de desânimo, tristeza, desespero, depressão e até mesmo frustração. Cada idioma desenvolveu seus próprios termos e as interpretações da própria palavra também diferem de região para região. A malinconia na ensolarada Itália ou na Espanha é bem diferente da melancolia na Noruega e na Finlândia, onde os invernos são rigorosos e longos. A variante nórdica é expressa aqui em vários exemplos musicais; palavras por si só são inadequadas.
O vencedor do concurso Tchaikovsky e aluno de Rostropovich, David Geringas, deixa uma impressão vigorosa e direta na Sonata de Grieg, próxima à franqueza de seu ex-professor em uma parceria ao vivo de 1964, em Aldeburgh, com Sviatoslav Richter ao piano e que está disponível apenas no YouTube. Tal abordagem recoloca o trabalho na tradição europeia dominante (ou seja, alemã), mas dá menos atenção às cores suaves e ao humor que certamente são aqui a base da paleta de Grieg, mesmo em momentos mais angustiados. O resultado é tornar o trabalho menos forte e individual, enfatizando a forma em detrimento do conteúdo. Mas nada destrói esta música de Grieg.
Geringas está mais perto do idioma “correto” nas duas peças de Sibelius. Ele se deleita com suas dificuldades mais do que seu pianista. Nos Griegs mais curtos, os dois apresentam imagens mais completas da música do que na Sonata. A transcrição de Allegretto da Sonata para violino Op 45 vai especialmente bem e Geringas aponta a tristeza em sua própria transcrição da ‘Canção de Solveig’.
Sibelius (1865-1957) & Grieg (1843-1907): Malinconia – Peças para Violoncelo e Piano
Jean Sibelius (1865-1957)
01. Malinconia, Op.20 (10:53)
Edvard Grieg (1843-1907)
02. Letzter Frühling, Op.34 No.2 (4:25)
03. Violin Sonata No.3 in C minor, Op.45 – II. Allegretto (7:03)
Cello Sonata in A minor, Op.36
04. I. Allegro agitato (9:10)
05. II. Andante molto tranquillo (6:03)
06. III. Allegro (11:37)
Para muitos, Dave Brubeck foi a porta de entrada para o jazz. Depois, passa-se um ou dois anos e já é difícil de ouvir seus solos convencionais e sem muito tempero. Dele e de Paul Desmond. Ouvimos e gostamos mais por nostalgia. Mas os caras criaram temas que ficarão para sempre. Neste disco, Brubeck apresenta basicamente temas de outros compositores, além de mostrar um lado que sempre foi indiscutível para os amantes de jazz: ele sente-se muito bem nas jazzy songs, talvez até mais do que no jazz puro. Mas o que interessa é que Brubeck é um portal campeão de vendas e quem não conhece seus LPs Time Out e Time Further Out tem algum problema de formação musical. Por falar em formação musical, Brubeck não era muito interessado em aprender por métodos, simplesmente queria compor suas próprias melodias e por isso nunca aprendeu a ler partituras. Ele evitava aprender a ler durante as aulas de piano de sua mãe, alegando dificuldade de visão. Na faculdade, Brubeck quase foi expulso do curso, quando um de seus professores descobriu que ele não sabia ler partituras. Muitos outros professores o defenderam apontando seu talento em contraponto e harmonia, mas a escola continuou com medo de que isso pudesse causar um escândalo, e só concordou em lhe dar o diploma se ele concordasse em nunca dar aulas de piano…
Dave Brubeck: Collections
1 Take Five
2 In Your Own Sweet Way
3 Weep No More
4 That Old Black Magic
5 Take The ‘A’ Train
6 Maria
7 Summer Song
8 Autumn In Washington Square
9 Three To Get Ready
10 There’ll Be Some Changes Made
Um belo disco. A Mensa Sonora (6 suítes para violino, duas violas, e contínuo, de 1680) é um conjunto de peças instrumentais para serem tocadas à mesa. Embora a música não seja tão desafiadora quanto algumas das outras suítes instrumentais de Biber, a Mensa dá um bom caldo. Os movimentos de dança muito curtos e pode ser considerada a menos substancial das coleções instrumentais de Biber. Mas o nível consistentemente alto de imaginação transforma o que poderia ter sido música puramente funcional. Ficamos continuamente encantados com a destreza contrapontística de Biber, com as belas sonoridades e com a maneira como ele introduz um nível mais profundo de expressão nos movimentos mais longos. Também há momentos de surpreendente originalidade. O Quarteto Purcell traz essas e muitas outras facetas da música de uma forma sempre viva e doce. As muitas decisões sobre andamento e caráter são bem tomadas e soam totalmente convincentes no contexto.
Heinrich Biber (1644-1704): Mensa Sonora, seu Musica instrumentalis
Sonata No. 1 in D Major
1 I. Sonata. Grave – Allegro 1:25
2 II. Allemanda 1:42
3 III. Courante 0:58
4 IV. Sarabanda 1:09
5 V. Gavotte 1:03
6 VI. Gigue 1:56
7 VII. Sonatina. Allegro 0:41
Sonata No. 2 in F Major
8 I. Intrada 0:30
9 II. Balletto 1:21
10 III. Sarabanda 1:16
11 IV. Balletto 0:50
12 V. Sarabanda 1:03
13 VI. Balletto 0:54
Partita No. 3 in A Minor
14 I. Gagliarda. Allegro 1:10
15 II. Sarabanda 0:54
16 III. Aria 1:04
17 IV. Ciacona 3:09
18 V. Sonatina 1:50
Violin Sonata in A Major, Chafe 147 (Catherine Mackintosh; Richard Boothby; Robert Woolley)
19 Sonata. Adagio – Presto – Adagio – Presto – Grave 5:01
20 Aria – 11 Variations – Aria 6:52
Sonata No. 4 in B Flat Major
21 I. Sonata 1:23
22 II. Allemanda 1:46
23 III. Courante 1:03
24 IV. Balletto 0:38
25 V. Sarabanda 1:13
26 VI. Gigue. Presto 1:18
27 VII. Sonatina. Adagio 2:37
Sonata No. 5 in E Major
28 I. Intrada. Allegro 0:58
29 II. Balletto 0:32
30 III. Trezza 0:28
31 IV. Gigue 1:06
32 V. Gavotte. Alla breve 0:50
33 VI. Gigue 1:00
34 VII. Retirada 0:55
Sonata No. 6 in G Minor
35 I. Sonata 0:50
36 II. Aria 1:17
37 III. Canario. Presto 0:33
38 IV. Amener 1:26
39 V. Trezza 0:28
40 VI. Ciacona 3:06
41 VII. Sonatina. Adagio – Presto 0:40
Como eu gosto muito de música que envolva piano – sonatas, concertos – acabo negligenciando um pouco os outros gêneros. Para manter uma dieta musical equilibrada é necessário, portanto, um certo planejamento. Foi assim que escolhi uma cesta de discos com sinfonias e me dei conta que estava há um bom tempo sem ouvir sinfonias de Mozart.
As Sinfonias eram ouvidas em casa assim, antes das vitrolas…
Wolfferl escreveu sinfonias desde que usava calças curtas e podemos dizer que ao longo de sua vida o gênero floresceu e ganhou proporções maiores. Certamente as sinfonias compostas por Haydn eram muito estimulantes, mas as últimas sinfonias produzidas por Mozart (que foram compostas quase três anos antes de sua morte) estabelecem elas próprias novos espetaculares padrões.
Confesso razoável desinteresse pelas pequenas obras de juventude e os discos que reuni com o mais destas obras ficaram pouco tempo sob a agulha da minha vitrola. Mesmo os conjuntos historicamente informados, com suas muitas repetições não ajudaram muito.
As capas do yellow label eram ‘muito’ melhores…
Assim, foi com bastante prazer que encontrei um pacote com várias sinfonias (já de maturidade) mas que ainda antecedem as grandes quatro últimas poderosas sinfonias. A orquestra, pasmem, Berliner Philharmoniker! Mas, acalmem seus desnecessários temores, em vez de Darth Vader, segurando a batuta está o gentil Claudio Abbado. Estas sinfonias são parte de uma série de gravações feitas pela Berliner Philharmoniker sob a regência de Abbado para a Sony, numa das primeiras gravações da orquestra fora do yellow label em muitos anos.
Como vocês possivelmente sabem, Claudio Abbado foi escolhido para suceder a Herbert von Karajan como o regente principal da orquestra e permaneceu neste cargo de 1990 até 2002. Com as simples e revolucionárias palavras ‘I’m Claudio for everyone. No titles!’ ele se apresentou e inaugurou uma nova etapa na vida artística de uma das maiores orquestras de todos os tempos.
A cara de felicidade de Claudio ao saber que seria o regente da BP
Como os berlinenses estavam em busca de uma imagem diferente daquela associada a HvK, as interpretações destas obras sob a batuta do novo Herr Direktor, que não queria ser assim chamado, soam bastante inovadoras – um som mais translúcido, mais leve. Houve até um certo ranger de dentes entre os críticos e fãs mais arraigados às velhas práticas da orquestra de som laqueado e opulento. Eu gostei bastante da nova abordagem. Como achei o material um pouco extenso, acabei fazendo uma seleção com as ‘mais-mais’. Espero que você goste.
No pacote temos duas sinfonias intermediárias – a ‘Pequena’ Sinfonia em sol menor, assim chamada para diferenciá-la da Sinfonia No. 40, também em sol menor, e a adorável Sinfonia No. 29 em lá maior. Depois temos uma Sinfonia Parisiense, em três movimentos, feita para agradar os ouvidos franceses. Em seguida duas maravilhosas sinfonias compostas para ocasiões específicas – a Sinfonia ‘Haffner’ e a Sinfonia ‘Linz’. Estas sinfonias são o prelúdio das quatro últimas majestosas que ainda estavam a caminho. Como gosto muito desta obra, inclui também a Sinfonia Concertante para Viola e Violino e uma ‘Sinfonia’ formada por três movimentos extraídos da Serenata Posthorn, uma espécie de encore para terminar o alentado programa.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Sinfonia No. 25 em sol menor, K183
Allegro con brio
Andante
Menuetto – Trio
Allegro
Sinfonia No. 29 em lá maior, K. 201
Allegro moderato
Andante
Menuetto
Allegro con spirito
Sinfonia No. 31 em ré maior, K297 ‘Paris’
Allegro assai
Andantino
Allegro
Sinfonia No. 35 em ré maior, K. 385 “Haffner”
Allegro con spirito
Andante
Menuetto
Finale. Presto
Sinfonia No. 36 em dó maior, K. 425 “Linz”
Adagio – Allegro spiritoso
Andante
Menuetto – Trio
Presto
Sinfonia concertante em mi bemol maior, K. 364
Allegro maestoso
Andante
Presto
Sinfonia da Serenade No. 9 em ré maior, K320 ‘Posthorn’
One bad review from Amazon-critics: Revisiting this disc was an act of penance. Was it efficacious? Not in the least. In fact, it just stoked my anger – a mortal sin in itself – that the most over-rated conductor on the planet would so mutilate the Berlin Phil to gain street-cred with the likes of Jeggy and Norrington. Nor am I that much of a sinner, sad to say, that I need to undergo this trial again in preparation for the Pascal Mystery to come.
A much warmer one: When first issued in 1993-94, these Mozart performances from Abbado and the Berlin Phil. were ill-fated. No one could quite accept that long-time DG artists had switched to Sony, and sales were poor. Now the performances have resurfaced in impeccable “enhanced” DSD sound, and they couldn’t be better. A direct comparison to Levine’s Sym. 31 with the Vienna Phil. (DG) is telling: it’s the Berliners who sound free, joyous, and alive inside–all Viennese virtues–while the Viennese themselves sound rushed and indifferent.
Here a professional one, on the Symphonies Nos. 29 & 35: Though Abbado’s Berlin sound is weighty, the results are not just big-scale but elegante too, with horns whooping out brightly. Abbado is never mannered and his phrasing and pointing of rhythm are delicately affectionate, conveying na element of fun and with speeds never allowed to drag. Slow movements are kept flowing, and finales are hectically fast, but played with such a verve and diamond-bright articulation that there is no feeling of breathlessness. [Trecho do Penguin’s Guide to CDs]
Promessas são importantes, mas há que saber a hora de quebrá-las. Eu havia prometido a mim mesmo não postar tão cedo alguma música de Beethoven, depois daquele tsunami de postagens comemorativas. É claro que isso não incluiu não ouvir música de Beethoven. E tenho ouvido alguns bons discos, segundo meu gosto pessoal, pelo menos. Houve um disco com dois quartetos de cordas e uma coleção com as seis ou sete últimas sonatas para piano que realmente quase me fizeram quebrar o jejum. Os arquivos até já foram para a nuvem, mas as postagens ainda estão a caminho.
Jacob Bogaart esperando seu expresso no PQP Bach Café de Saquarema…
Foi então que avistei este disco no alto da pilha de CDs que o Comitê de Distribuição de Material Musical aqui do PQP Bach me designou e a adrenalina fluiu forte em minhas veias e artérias, talvez… Os primeiros acordes do Concerto No. 3 confirmaram a impressão e a decisão da postagem se confirmou. Sob a batuta do Ernest Bour a Orquestra de Câmara da Radio Holandesa inicia de maneira contagiante, arrebatadora. As proporções sonoras fazem os dois concertos mais próximos dos grandes concertos de Mozart e, especialmente no caso do Terceiro, gostei mais ainda por isso.
O disco foi gravado em 1985, mas certamente NÃO é jurássico! Os intérpretes não são estelares, mas são absolutamente credenciados e basta ouvir um pouco do disco para crer.
Ernest Bour já nos ofereceu seus préstimos aqui recentemente, regendo concertos para piano de Mozart, acompanhando o fabuloso Rudolf Firkušný. O solista Jacob Bogaart eu não conhecia, mas passarei a ficar atento às suas gravações. Você poderá saber um pouco mais de seus interesses musicais e de sua (ótima) formação acessando a sua página, clicando aqui.
Veja o resumo de uma crítica: Ernest Bour, conductor par excellence of 20th century music […] Bour’s Beethoven sounds transparent, dynamic and light.‘Totally cleansed of caked – on romantic grease’.
Together with pianist Jacob Bogaart the Urtext was studied as well as the manuscripts […] and nearly everything that had been written about Beethoven…
All together a challenging quest that resulted in the synthesis of modern piano practice and that of nearly two centuries ago.
Esta foi a última postagem que nosso querido Ammiratore deixou agendada antes de falecer, no último 6 de abril. Hemos de completar, oportunamente, sua série da obra completa de Verdi, projeto a que se dedicava duma forma muito apaixonada. Por ora, rendemos nossa homenagem ao amigo, que também deixou imensas saudades cá conosco.
ooOoo
TREDICI – REGINA VITTORIA E “I MASNADIERI”; “BIETIFOL”
Após as primeiras representações de Macbeth, Giuseppe no auge dos seus 33 anos, volta-se ao compromisso assumido com Benjamin Lumley (aqueeele empresário inglês do Her Majesty’s Theatre, o London Theatre). Uma vez em Milão, Verdi começa a trabalhar com seu fiel aluno Emanuele Muzio, o mestre mostrava-se impaciente, havia muito o que fazer. Os dois, a esta altura, moravam no mesmo endereço. Verdi elaborava a nova ópera e Muzio começou a reduzir Macbeth para canto e piano, cada um estava ocupado em seu escritório. “I masnadieri” foi a ópera escolhida, baseado em “Die Räuber” (os ladrões) de Friedrich von Schiller com libreto do grande amigo de Verdi: Andrea Maffei (na verdade ele foi um escritor bem mais reputado que Piave ou Solera mas que não possuía praticamente qualquer experiência de Teatro), seria esta a sua décima primeira ópera. O contrato com Londres havia expirado no período em que ficou doente, então agora ele estava recuperado e pronto para propor um novo contrato, Verdi dera a boa notícia a Lumley já em dezembro de 1846. “I masnadieri “ na verdade já estava com a composição adiantada quando retomou as negociações com Lumley.
Jenny Lind (1820-1887) O Muzio não pegava
Nas trocas de cartas com o empresário ele ficou muito animado ao saber que a principal atração prevista para o espetáculo de Londres seria a sueca Jenny Lind, uma soprano leve “soprano leggero” de um virtuosismo quase lendário, desde sua infância ela era conhecida como “o rouxinol” ou “la stella del nord”. Sobre a mítica “estrela do norte” o bom contador Muzio a descreve para Barezzone e demonstra um senso crítico desenvolvido nos deixando um valioso testemunho, no qual as qualidades do canto parecem chocar-se com as físicas. A voz, áspera por natureza, curvou-se admiravelmente a todos os truques da agilidade, gorjeando e vibrando sem rival, o corpo, por outro lado, foi descrito como “o rosto um pouco feio e duro, o nariz enorme e igualmente as mãos e os pés, cor pálida”.
Benjamin Lumley (1811-1875)
Depois de acertar os detalhes do contrato com Lumley , Verdi e Muzio partiram para Londres no final de maio de 1847. O mestre estava ótimo de saúde e não se furtou do compromisso em terras longínquas. Em Londres a notoriedade do maestro havia se consolidado. Suas obras estavam sendo montadas com muito sucesso nos palcos ingleses (“Lombardi“, “Nabucco” e “Ernani” estavam sendo representados). O colunista William Weaver escreveu, em 1846, no semanário “Illustrated London News” esta descrição a respeito do mestre italiano: “Neste número, oferecemos aos nossos leitores um perfil da grande estrela da música contemporânea – Guiseppe Verdi – de cujas criações o destino da ópera agora parece depender, desde que os grandes mestres, cujas obras dominaram a cena da ópera italiana nos últimos trinta anos, Rossini, Bellini, Donizetti, deixaram de compor suas magníficas criações; um pela idade avançada e esgotamento, outro para morte prematura e o terceiro, infelizmente, para um destino ainda mais terrível: a perda da razão. Foi preciso muito zelo para explicar isso a Verdi que ele, agora, era o único representante ativo da ópera italiana, mesmo aos trinta e dois anos…. embora pareça ser bem mais maduro. As marcas de preocupação e doença, e de uma profunda reflexão, são visíveis em seu rosto. Ele vive quieto e retraído; sua mente ativa, por outro lado, está sempre ocupada. Verdi dedica muito de seu tempo aos estudos literários e musicais.”
Giuseppina Strepponi al tempo di Macbeth
No dia 3 de junho, Muzio chegou a Londres, “só e sem o Maestro que ficou em Paris”, Muzio levou o trabalho concluído, exceto a parte da orquestração (era uma prática padrão na época que a orquestração fosse concluída durante os ensaios para melhor se adequar). Outra razão para a conclusão da orquestração em Londres foi descrita por Gabiele Baldini em “A História de Giuseppe Verdi” que o compositor queria primeiro ouvir “la Lind” e modificar seu papel para se adequar exatamente ao belo canto da “la stella del nord”. No entanto, uma “fofocaiada” tinha caído nos ouvidos de Verdi: dizia-se que Lind não poderia estar presente nem estava disposta a aprender novos papéis e, portanto, Muzio foi enviado através do Canal da Mancha à frente do compositor, que esperava por uma garantia de que a soprano estava em Londres e disposta a prosseguir. De Londres, Muzio foi capaz de dar essa garantia Verdi, informando-o que Lind estava pronta e ansiosa para ir fazer o trabalho. Tudo não passava de notícias maldosas. Em Paris o músico queria ficar um pouco na privacidade e não se pode deixar de pensar que um dos motivos por ter ficado na capital francesa era também a vontade de rever e matar saudades da sua querida Strepponi, que já estava na cidade há algum tempo, faziam meses que não se viam. Afinal, namorar é muito bão né? Após a confirmação do fiel assistente Verdi continuou sua viagem, cruzando o Canal em 5 de junho.
Verdi in “London News” 1846
Nosso Emanuele escreve notícias à Barezzone deslumbrado que estava com a cidade grande, do estranho e do imenso, que se justifica já que ele estava em sua primeira grande viagem no exterior. Londres é a descoberta de uma aglomeração “tão vasta como o mar”, a descoberta da multidão, da vida mecanizada que começa a pressionar as massas do Ocidente. “Que caos Londres é! Que confusão! Paris não é nada em comparação. Gente chorando, muitos mendigos, uma espessa névoa cinza flutuando em todo céu, homens a cavalo, em carruagens, a pé, e todos gritam como se estivessem condenados. Meu caro Sr. Antonio , Milão não é nada; talvez Paris é algo comparada a Londres; mas Londres é uma cidade única no mundo !”
O público que frequenta teatros e salas de concerto parece-lhe muito competente e preciso nos seus julgamentos. “Os franceses dizem que os ingleses não entendem nada de arte; isso é um erro que os franceses espalharam … Os ingleses nunca, jamais, receberam com indiferença um “Barbeiro de Sevilha” como em Roma ou um “Guilherme Tell” como em Paris … Seu entusiasmo não é entusiasmo de convenção, eles o manifestam, como o provam, razoavelmente as atuações dos dois teatros da cidade (Covent Garden e Her Majesty’s Theatre), a um grande número de concertos, e em todo o lado encontrei um público atento e inteligente.
Luigi Lablache il primo Massimiliano
Verdi já estava em Londres qundo o baixo Lablache lhe trouxe um convite da jovem Rainha Vitória, que queria conhecê-lo pessoalmente, a soberana havia marcado uma data para ser encenada a nova ópera de Verdi, seria o dia do fechamento do parlamento, “uma das maiores solenidades diplomáticas da Inglaterra”. Numa apresentação de “Norma” naquela temporada, com Lind, deu no “Times”: “A Rainha e o Príncipe Albert compareceram; mas houve um personagem de importância muito diferente, Giuseppe Verdi, que veio montar sua nova ópera “I masnadieri” para o “Her Majesty’s Theatre”. Temos todos os motivos para acreditar que o compositor mais popular da Itália também terá um sucesso em nosso palco que será um presente para ele e uma dupla glória para a Inglaterra. A chegada de Verdi causou grande sensação em Londres; na noite passada, ele compareceu à apresentação em uma “loggia” (uma espécie de balcão reservado) do teatro bem em frente à rainha. A notícia se espalhou imediatamente por todo o teatro de que Verdi tinha vindo, e imediatamente todos os olhos, desde o mais baixo do povo até os Lordes e a própria Rainha, devoraram o pobre Verdi com seus binóculos.” Na verdade, Lumley, como estrategista muito habilidoso, conseguiu obter alguma publicidade da chegada do maestro pelo menos enquanto ele estava no salão. E Verdi freqüentemente ia aos concertos do Teatro de Sua Majestade para aprender sobre as possibilidades dos cantores, do coral, músicos e a funcionalidade do palco.
L’incontro fra Verdi e Mazzini a Londra
O Covent Garden, concorrente teatro de Lumley, no dia 19 de junho apresentou “I due Foscari“, entre o público estava o exilado Giuseppe Mazzini, para aplaudir essa peça tão humana do exílio, “o apóstolo da liberdade” da Itália, um dos mais temidos e ao mesmo tempo o mais procurado pela polícia austríaca. A Inglaterra vitoriana, apesar de seus contrastes sociais, havia recebido com liberalidade exilados políticos de várias origens (Karl Marx chegaria em agosto). Mazzini, escrevendo para sua mãe após o “Foscari”, informou-a de que tinha “visto o compositor Verdi”.
O jovem maestro, no fundo, gostava da cidade: “não é uma cidade, é um mundo” (escreveu a Emília Morosini), “e ficamos maravilhados e desanimados quando, entre tantas coisas magníficas, se conhece as Docas. Quem resiste a essa nação!” Ele se surpreendeu com a beleza das ruas, as riquezas acumuladas, os arredores e as vilas próximas à metrópole. Não muito, porém, os diversos costumes dos habitantes, e muito menos o clima, que ele definiu como “horrendo”, fumaça, nevoeiro, o cheiro de carvão que o deprimia e o impedia de apreciar as belezas de um lugar que de outra forma seria magnífico (“Oh, se houvesse o céu de Nápoles aqui, acho que seria inútil desejar o paraíso”, disse ele a Appiani). Até mesmo o alojamento, “Liliputian”, pequeno, embora confortável:”Emanuele encontrou para mim um alojamento tão pequeno que não posso mover: apesar disso é muito limpo, assim como todas as casas de Londres.”
A descrição de Muzio, prolixo, avesso a poluição, o frio e o vento, tem a precisão de um relatório barométrico. “De manhã na hora certa, isto é, antes das 7 horas, o ar está melhor; mas entre as 7 e as 8 todas as fogueiras e todas as chaminés das grandes fábricas que lá estão são acesas; e andam à volta do Tamisa uns cinquenta barcos a vapor, e depois todas as chaminés das casas soltam uma fumaça que deixa o ar muito pesado. Ontem quis observar todas as mudanças que o clima fez ao longo do dia; Observei que pela manhã, assim que o sol nasceu, um grande nevoeiro se ergueu do Tamisa; então choveu oito vezes ao longo do dia (sempre com vento) e oito vezes o sol foi visto; o Mestre ficou com dor de garganta e resfriado, como eu também paguei, e como todos os estranhos que vêm aqui o pagam, mas agora ele está bem … mas este ar úmido e pesado reage muito em seu sistema nervoso e isso o torna mais mal-humorado e melancólico do que o normal.”
Talvez para Muzio e para o Maestro o verdadeiro sol só tenha saído depois de 22 de julho, data em que a ópera subiu ao palco e causou “furor”, segundo Muzio, o fiel correspondente do … “giornale il Barezzone”, “Do preludio até o final não houve nada além de aplausos, gritos, chamados e repetições. O próprio Maestro conduzia a orquestra sentado em um banco mais alto do que todos os outros e com a batuta na mão. Ainda vazio o teatro só nós e os músicos da orquestra, ouvíamos um aplauso contínuo do lado de fora do Teatro que durou um quarto de hora. Eles ainda não haviam terminado de aplaudir quando em seus locais chegaram a comitiva da Rainha e do Príncipe Albert, sua consorte, a Rainha Mãe, e o Duque de Cambrige, tio da Rainha, o Príncipe de Gales, filho da Rainha, e todos os da família real e uma infinidade de senhores e duques, que não acabavam mais de entrar, muitos nobres. Às quatro e meia a porta do povo se abriu e as pessoas irromperam no teatro com uma fúria que eu nunca vi. Era um espetáculo novo para Londres, e Lumley soube cobrar muito bem, a entrada do teatro custou 6000 liras … após o término festejou-se muito o Maestro, foi chamado ao palco, sozinho e depois com os cantores, atiraram-se flores a ele e só se ouvia: viva Verdi, “bietifol”.
Her Majesty s Theatre per la prima dei Masnadieri la regina Vittoria con il consorte il duca di Wellington e Luigi Napoleone
Mais cauteloso e realista, Lumley, dirá que “correu bem, e sem ter causado furor, convidei um compositor italiano, de boa fama para escrever uma ópera especificamente para o meu teatro e para supervisionar pessoalmente a encenação. Eu não poderia ter feito mais para agradar os amantes da música italiana, ansiosos por ouvir novos trabalhos. Infelizmente o libreto do Sr. Andrea Maffei foi construído da forma como costuma acontecer no caso de adaptações de dramas estrangeiros para fins da ópera italiana, ruim.” Mais definiu, inexorável o julgamento de Sua Majestade, que anotou em seu próprio diário ao retornar do Teatro: “Nesta nova ópera de Verdi, inspirada em “Die Rauber”de Schiller, achei a música muito comum, nada de novo. Apreciamos os cantores, a requintada Jenny Lind, o barítono Filippo Coletti, o tenor Ítalo Gardoni, o baixo Luigi Lablache está gordo demais….”
Andrea Maffei (1798-1885)
Interessante como eram contraditórias as opiniões, sobretudo dos jornais “especializados”, os amigos do blog podem dar uma bela conferida: o libreto de Maffei recebeu elogios do “Times”, enquanto o “Morning Post” e o “Illustrated London News” trataram Verdi com expressões que o colocaram acima de Meyerbeer “e de outros compositores da escola romântica alemã”. Ao contrário da opinião de “Ateneu”, que rebaixou o mérito da ópera a ponto de julgá-la “a pior que já foi executada em nosso tempo pelo Her Majesty’s Theatre. Verdi é definitivamente rejeitado. O campo para um compositor italiano permanece aberto”.
Em todo caso, o público não teve nada além de reações positivas, até mesmo para a confissão do próprio Lumley: “O teatro estava incrivelmente cheio na noite da primeira apresentação. A ópera recebeu, apesar do fraco libreto, em todas as aparições um sucesso triunfal para o compositor e cantores, foram dirigidos as maiores homenagens do povo.” Na verdade, Lumley honra o mérito profissional de Verdi; que, aliás, trabalhou em ensaios “exaustivos”.
O Enredo
Melodramma tragico “in quattro atti”, de Giuseppe Verdi para um libreto de Andrea Maffei, baseado em “Die Räuber” de Schiller.
Estreia: Londres no Teatro Her Majesty em 22 de julho de 1847, com a condução de Verdi nas duas primeiras performances.
Um solo bonito e triste de violoncelo, escrito expressamente para o violoncelista principal, Piatti, no Her Majesty’s Theatre, constitui um breve mas eficaz prelúdio em que o tema do canto da saudade é resumido.
Local: Alemanha
Época: entre 1755 e 1757
Ato 1 Cena 01: Uma taverna na fronteira da Saxônia
A ópera começa numa taberna onde Carlo está absorvido com a leitura de Plutarco que fala dos grandes homens da Antiguidade. Durante um intervalo de seus estudos na Universidade de Dresden, Carlo, o filho mais velho e favorito do Conde Massimiliano Moor caiu entre ladrões, literalmente. Ele tornou-se um membro de uma gangue notória de salteadores que aterrorizam a comunidade local por roubo, extorsão. Em uma ária dupla formalmente convencional cuidadosamente elaborada com coro, Carlo medita sobre sua terra natal distante e sua amada Amalia (o belo andante “O mio castel paterno” da faixa 03) Carlo saiu de casa para estudar em Dresden. Ele está aguardando a resposta de uma carta que enviou a seu pai pedindo perdão pelos seus delitos recentes. O jovem é nobre de espírito, não apenas por nascimento, lamenta não ter ainda recebido o perdão do conde. Rolla e os outros ladrões chegam com a esperada resposta do Conde. Em vez de perdão, chega uma carta de seu irmão Francesco, que reafirma sua proibição de retorno à pátria paterna. A alegria de Carlo logo se transforma em tristeza, e, em seguida, em raiva, como ele descobre que a carta não é de seu pai, mas de seu irmão mais novo, Francesco, que avisa para ele não voltar para casa porque, longe de Carlo ser perdoado, o velho conde tem a intenção de puni-lo e deixá-lo longe. Os ladrões confortam Carlo e o elegem como chefe. Ele e seus amigos decidem se tornar bandidos e fazem um juramento de irmandade de sangue, na cabaleta “Nell’argilla maledetta” (faixa 05). . Assim, quando os seus companheiros o procuram para formar um bando de ladrões, ele aceita assumir o comando.
Cena 02: Uma sala no castelo de Massimiliano
Uma rápida mudança de local é efetuada para uma segunda ária dupla, a partir desse momento, a obra desmascara as maquinações de Francesco, um Caim que deseja a ruína de seu irmão e quer se apoderar do título hereditário, de quebra também quer a namorada de Carlo, Amalia. O quadro passa-se no castelo do Conde onde Francesco revoltado por ter um lugar secundário nas intenções do seu pai. Pretendendo que o irmão se mantenha afastado destruíra a carta que ele escrevera para o pai substituindo-a por uma carta falsa de sua autoria. Francesco está felicitando-se por ter interceptado a carta do seu irmão direcionada a seu pai, sabendo que Massimiliano certamente teria perdoado Carlo se ele tivesse recebido. Agora, apenas o idoso enfermo Conde fica entre Francesco e o título familiar e propriedades. Ele desenvolveu um plano para acelerar a morte de seu pai, no anguloso sostenuto Andante, “La sua lampada vitale” (faixa 07), Francesco ameaça apressar o fim da vida do pai. Ele então ordena que Massimiliano seja informado da morte de Carlo na batalha, na esperança de que o choque e a dor acabem com o velho. É assim que chama Arminio, o intendente, a quem ordena que se disfarce e que vá anunciar ao Conde a morte do filho mais velho. Em uma cabaleta vigorosa “Tremate, o miseri!” (faixa 09), ele espera ansiosamente assumir o poder.
Cena 03: Um quarto no castelo
Scene dalla prima dei Masnadieri a Londra
Depois de um prelúdio em que solos dos sopros são proeminentes, Amalia olha para o adormecido Massimiliano e pensa nas alegrias do passado em “Lo sguardo avea degli angeli” (faixa 11). A jovem lamenta a esperança perdida com a condenação de Carlo pelo pai, mas não guarda qualquer rancor do Conde, por respeito para com a sua idade e autoridade. Mas Carlo não sai dos seus pensamentos. A ária foi claramente escrita para a “prima donna” Jenny Lind é muito mais ornamentada do que o modelo verdiano usual e para acomodar os floreios e improvisos da “estrela do norte”, uma ária formalmente muito mais discursiva e linda.
Massimiliano acorda e, em um curto movimento de dueto com Amalia, “Carlo! io muoio” (faixa 13), lamenta morrer sem ver seu filho predileto. Amalia e Massimiliano choram a ausência de Carlo e bem-dizem a morte
Armirio, Massimiliano e Amalia
que os libertará das desgraças terrestres. Armínio e Francesco entram para dar a falsa notícia da morte de Carlo. Francesco apresenta Arminio, que vem sob um disfarce, e narra ao Conde a morte do filho ausente – uma mentira contada com todos os pormenores convenientes às pretensões de Francesco: antes de morrer, Carlo teria deixada escrita uma mensagem (com o seu próprio sangue) na lâmina da sua espada, libertando Amalia de todos os compromissos para com ele e aconselhando-a a casar com Francesco. Essa revelação precipita o quarteto “Sul capo mio colpevole” (faixa 15): Massimiliano está ao mesmo tempo arrependido e furioso; Amalia (acompanhada por Armínio) oferece consolo religioso, Francesco espera ansiosamente seu triunfo. É um choque de emoções poderosamente eficaz e termina quando Massimiliano, aparentemente sem vida, cai no chão, sendo dado como morto – o que deixa Francesco exultante por poder assumir finalmente a sucessão.
Ato 2 Cena 01: Um cemitério adjacente à capela do castelo Vários meses se passaram desde a cena anterior, rapidamente Francesco toma o controle e o poder no castelo. Amalia visita o túmulo de Massimiliano procurando refúgio durante o banquete dado por Francesco para celebrar a sua subida ao poder e em um simples Adagio, “Tu del mio Carlo al seno” (faixa 17), imagina Massimiliano e Carlo juntos no céu. À distância, podem ser ouvidos os sons do festivo banquete. Arminio seguiu Amalia, porque ele está atormentado pela culpa de sua parte na conspiração perversa de Francesco. Ele só tem tempo para revelar que tanto Carlo e o velho conde ainda estão vivos, Amalia se regozija com uma cabaleta jubilosa e distintamente antiquada, “Carlo vive?” (faixa 19), que mais uma vez deu ampla oportunidade para Jenny Lind demonstrar sua famosa agilidade.
Francesco entra para declarar seu amor por Amalia e eles se lançam em um dueto de confronto soprano-barítono em quatro movimentos, um tipo de situação dramática na qual Verdi quase sempre teve um sucesso magnífico. Chega então Francesco que a pede em casamento, o que ela recusa, acusando-o de ser o instigador da morte do irmão. Sua recusa desdenhosa provoca-o um ataque de fúria e ele se torna violento, Francesco revela-se tal como realmente é, dizendo que ela será sua, quer queira quer não, como escrava ou como amante.
Amalia e Francesco
Amalia finge uma mudança de coração e abraça-o para que ela possa aproveitar sua adaga e afastá-lo antes de fazer a sua fuga para a floresta nas proximidades. Mas nesta situação, pela primeira e única vez em minha desprezível opinião, o mestre erra um pouco a mão no dueto e o formato se mostra um pouco frio, rápido e disperso. O andantino “Io t’amo, Amalia” (faixa 21) se dissolve muito rapidamente em um uníssono rítmico rotineiro, e a cabaleta “Ti scosta, o malnato” (faixa 23), trata de maneira dispersa o confronto de tessituras em comparação aos muitos dos melhores trabalhos de Verdi que exploram esta situação com muito mais criatividade. Como diz nosso matemático René Denon “jogou as variantes numa fórmula padrão e deixou rolar” sei lá “…não dá para inventar muito não conheço bem o público, temos que cumprir o prazo…” algo assim. Um pena.
Cena 02: Uma clareira na floresta da Boêmia perto de Praga
Nos bosques próximos de Praga onde os bandidos estão reunidos o “Scene e Coro” (faixa 24) oferece uma amostra típica da vida dos bandidos, embora a escrita coral seja mais complexa do que Verdi normalmente havia se aventurado até então. É aí que se espalha a notícia de que Rolla, o braço direito de Carlo, fora preso e condenado à forca. Como forma de vingança, Carlo decidira saquear a cidade, Rolla, então, é resgatado por Carlo e seus seguidores, que se alegram com sua vida despreocupada. Eles deixam Carlo sozinho para lamentar seu estado de proscrito em uma bela romanza, “Di ladroni attorniato” (faixa 26). Seus companheiros voltam para relatar que estão sob ataque e todos se juntam em um coro guerreiro, todos se preparam para o combate. Carlo conseguiu incendiar grande parte da cidade, resultando em cidadãos armados que o perseguem. A cena termina com Carlo exortando sua turma de ladrões para lutar como lobos para salvar-se (o lindo fechamento da faixa 27).
Ato 3 Cena 01: Um lugar na floresta perto do castelo
Frontespizio del libretto dei Masnadieri 1847
Os ladrões cantam dos prazeres de suas atividades criminosas. Amalia que conseguiu escapar de Francesco, está na mesma floresta em que estão os bandidos, mas agora está sozinha e apavorada ao ouvir o som de bandidos nas proximidades. Ela implora misericórdia do primeiro homem que vê: milagrosamente, ele acaba sendo Carlo, e os amantes são alegremente unidos em um dueto. O primeiro movimento lírico, “Qual mare, qual terra” (faixa 29), é talvez um pouco simples, embora os efeitos vocais compensem em parte a falta da tensão de confronto usual. Amalia conta a Carlo sobre a morte de seu pai e sobre as tentativas de Francesco por sua virtude. Carlo fica horrorizado. Mas, quando Amalia o interroga, Carlo não lhe revela ter-se tornado um bandido. Eles se juntam em uma cabaleta final, “Lassu risplendere” (faixa 31), na qual Amalia tem ainda mais oportunidade de exibir seus trinados e agilidade.
Cena 02: Outra clareira na floresta da Francônia
Um refrão ainda mais alegre dos bandidos apresenta o “Finale Terzo”. Carlo luta com sua alma byroniana e até pensa em suicídio, mas decide que deve aceitar seu destino terrível e viver na solidão e miséria, vilipendiado por todas as pessoas decentes contemplando seu futuro sombrio na ária “Ben Giunto” (faixa 33) mas é interrompido por Armínio, que entra furtivamente e se aproxima de algumas ruínas de torres próximas. Ao ouvir uma voz dentro das ruínas, Carlo vai investigar, então entra na torre e, para sua surpresa, encontra, num dos calabouços, um velho esquelético que ele reconhece ser o seu pai, Massimiliano. Em uma impressionante narrativa “Un ignoto, tre lune ou saranno” (faixa 35), Massimiliano (que não reconheceu seu filho) descreve aquilo que se passou: ao receber a notícia da morte do seu filho mais velho, perdera os sentidos; quando acordara, vira-se fechado num caixão; depois, Francesco, o seu filho mais novo, que ficara furioso ao compreender que ele não morrera, mandara-o aprisionar naquela torre onde deveria acabar por morrer de fome. Felizmente Arminio o salvou e manteve escondido nas ruínas onde Carlo o encontrou. Surpreendido e indignado, Carlo dispara para o ar para chamar os seus homens, a quem faz jurar vingança contra Francesco.
Ato 4 Cena 01: Uma suíte de quartos no castelo de Massimiliano
Francesco acorda após terríveis pesadelos, com remorso. “Pareami che sorto da lauto convicto” (faixa 38) Francesco descreve uma visão assustadora da retribuição divina em um movimento que prefigura os grandes solilóquios das óperas do período intermediário de Verdi. Ele convoca o padre Moser e pede perdão por seus pecados, mas este se recusa a absolvição por seus crimes hediondos: só Deus pode conceder o perdão, responde o pastor. Impelido por sinais de que o castelo está sob ataque, Francesco corre para encontrar seu destino, jurando que vai desafiar o próprio fogo do inferno.
Cena 02: Uma clareira na floresta da Francônia
Scene finale dalla prima dei Masnadieri a Londra
Massimiliano lamenta a morte de Carlo, embora ele ainda não reconheça que o homem de pé na frente dele é seu filho favorito, Carlo não revelará sua identidade a Massimiliano, mas mesmo assim pede uma “bênção paterna”, então ele abençoa o “estranho desconhecido” por salvar sua vida. Em um dueto gentil “Come il bacio d’un padre amoroso” (faixa 41), pai e filho estão vocalmente unidos. Os bandidos regressam do assalto ao castelo. Não encontraram Francesco, e, em seu lugar, decidiram trazer Amalia, que encontraram perdida nas matas. Isso agrada Carlo que tem a intenção de mudar os seus caminhos. Carlo é forçado a admitir para Amalia, e para o seu pai, o seu papel como líder dos ladrões. Massimiliano expressa seu horror e desespero, mas Amalia declara que, apesar de tudo, ela ainda ama Carlo e quer ficar com ele no trio final “Caduto e il reprobo!” (faixa 43). Mas os companheiros ladrões de Carlo estão por perto, ele também deu o seu juramento de fidelidade ao longo da vida para seu bando de ladrões, e é impossível ignorar: em uma passagem declamatória final, ele não pode permitir que a mulher que ele ama seja arrastada para o seu mundo de degradação e vergonha, e ele não pode escapar de seu próprio mau destino está convencido de que não pode apagar a mancha do passado, nem de se redimir do clã, então resolve esse paradoxo esfaqueando e matando Amalia. Carlo abandona os bandidos e corre para a forca que o espera.
Cai o pano —————————
“I masnadieri” é um dos trabalhos mais intrigantes de Verdi. Quatro furiosos e violentos atos de tragédia. O retrato de Schiller sobre a rivalidade ciumenta de dois irmãos, o mais novo ressentido pelo fato de que o mais velho herdará a propriedade ducal do pai, e o dilema do pai cujo herdeiro legal se rebelou contra a sociedade e se juntou a uma gangue de bandidos de vida irresponsável, é forte material, cheio de ideias pré-revolucionárias (foi escrito em 1781). A figura de Francesco, o homem do crime premeditado, é terrível ele despreza seu pai como um fardo inútil que passa por sua vida e sente categoricamente a necessidade de ir contra a natureza. A inesperada vítima expiatória é a infeliz Amalia. Ela, que resistiu ao sadismo do namoro de Francesco – em uma cena cheia de contrastes – e demonstrou a mais firme coragem, assim como a mais terna feminilidade. O drama caminha desde o início com uma presunção devoradora e selvagem. Com um libreto nada superficial, ainda que desajeitado na linguagem, o músico lançou um ataque anárquico, de natureza explosiva.
Com estes ingredientes deveria ter sido um grande sucesso, fora isso tinha uma companhia estrangeira de grande prestígio dirigida por Lumley, uma elevada base romântica em Schiller (uma das fontes favoritas do compositor), um ilustre homem de letras como o libretista, um elenco de renome internacional. Além disso, Verdi e seu libretista tentaram conscientemente romper com certas tradições de longa data para tornar sua criação mais romanticamente intensa. Mas todos esses ingredientes se mostraram problemáticos. Verdi sentiu-se fora de sintonia e sem empatia com o ambiente inglês e pode não ter certeza do gosto e das exigências do público, o drama se mostrou um tanto pesado, particularmente por sua falta de oportunidades para o confronto dos personagens; Maffei, apesar de suas habilidades poéticas e disposição para experimentar, não tinha experiência de adaptações para o teatro. Acabou ficando um trabalho, no velho e bom português, como “feijão com arroz”.
Her Majesty s Theatre
Porém o lucrativo contrato para compor uma ópera para o Her Majesty’s Theatre em Londres foi um importante sinal da crescente reputação internacional de Verdi, e a ocasião permitiu que ele escrevesse para alguns dos cantores mais famosos da época. A recepção entusiástica de Londres durou pouco e a ópera se saiu muito mal na Itália. Este trabalho se juntou a Alzira no limbo das óperas de Verdi menos executadas. Não que a ópera toda seja feia, tem bons momentos (aliás o solo do prelúdio é lindo) mas o desfecho…putz, o absurdo no final aonde nosso herói esfaqueia sua amada para poupar-lhe a agonia de perdê-la para os bandidos (a quem ele jurou fidelidade eterna) é muito para engolir até no século XIX, em minha desprezível opinião, diga-se de passagem.
Giuseppe Verdi – I masnadieri Personagens e intérpretes
Lamberto Gardelli (1915-1998)
Esta gravação que vamos compartilhar com os amigos do blog é formada por um dos grandes elencos da década de 70. Para começar a diva Monserrat Caballé é sublime no único papel feminino. Como vimos (para quem teve a paciência de ler o textão) Amalia foi escrita para a sueca, Jenny Lind, e como tal o papel tem um monte de trinados e outros tantos momentos de coloratura delicada que Verdi normalmente não escrevia. Caballé tem uma voz muito leve e ágil, que parece estar de acordo com a escrita para Lind – o papel mantém os registros médios e superiores da voz soprano. Ela é particularmente surpreendente na ária de abertura, “Lo sguardo avea degli angeli” (faixa 11). Carlo Bergonzi é o tenor clássico de Verdi, sua aria de abertura, a cabaletta marcial “Nell’Agila maledetta” (faixa 05), é excelente. É muito bonito também o dueto com Raimondi no quarto ato, “Come d’un bacio d’un padre amoroso” (faixa 41).
Piero Cappuccilli (1926-2005)
Piero Cappuccilli também é o clássico barítono Verdi, trazendo muito calor italiano para o papel. Parece estranho dizer que leva “calor a um vilão”, mas Francesco Moor tem muitas músicas realmente ótimas, e a voz de Cappuccilli é muito bonita! Em minha modesta opinião ele é particularmente magnífico no dueto com Caballé no ato dois, “Io t’amo, Amalia” (faixa 21), que apesar das deficiências dramáticas, os dois fazem deste dueto um dos pontos altos. Sua ária de abertura, “La sua lampada vitale” (faixa 07) tem muita ameaça, tornando Francesco assustador. Ruggero Raimondi é um magnífico baixo, seu Massimiliano ficou nesta gravação com muita profundidade. Realmete é uma pena que não ter muitas participações do personagem dele para nos deleitar com seu canto. Há dois belos duetos, no primeiro ato com Caballé (faixas 11 e 13) e no ato quatro com Bergonzi (faixa 41), e uma curta romanza no ato três, “Un’ignoto, tre lune” (faixa 35). Esta gravação de estúdio é de alta qualidade e o maestro Gardelli conduz o pessoal da New Philharmonia com muita delicadeza. Uma gravação excelente, e os amantes da boa ópera não devem ter receio de ouvir mesmo que esta ópera seja considerada um trabalho menor, pouco conhecido, mas estamos falando da música de VERDI !!! Que subam as cortinas e se inicie o espetáculo ! Bom divertimento !!!!!
Massimiliano, Conde Moor – Ruggero Raimondi, baixo Carlo, filho mais velho de Massimiliano – Carlo Bergonzi, tenor Francesco, filho mais novo de Massimiliano – Piero Cappuccilli, barítono Amalia, sobrinha órfã de Massimiliano – Montserrat Caballé, soprano Arminio, criado do Conde – John Sandor, tenor Rolla, membro de quadrilha – William Elvin, barítono Moser, um padre – Maurizio Mazzieri, baixo
Ambrosian SIngers
New Philharmonia Orchestra
Conductor: Lamberto Gardelli
Registrazione: London, Ago 1974
Stewart Goodyear nasceu e cresceu em Toronto, filho de pais que vieram de outros países – algo bem canadense. Como vocês sabem, Toronto, no Canadá, é também a cidade natal de Glenn Gould. Além da cidade natal, Stewart e Glenn têm em comum o fato de serem extraordinários pianistas. Apesar de Glenn Gould já ter morrido há tempo, acho adequado manter o verbo no presente.
De Gould já sabemos muitas coisas (e caso você ainda não saiba, está esperando o que?), incluindo o fato que suas lendárias interpretações, especialmente das obras de Bach, mas também de Beethoven e particularmente de Mozart, costumam despertar paixões ou desafetos. Impossível é ficar em cima do muro.
Quanto a Stewart Goodyear, ele é um pianista capaz de feitos memoráveis, tais como interpretar todas as Sonatas para Piano de Beethoven em um só dia, e não apenas uma vez na vida.
Glenn pensando no seu próximo disco…
No disco desta postagem, Stewart presta uma homenagem ao outro pianista canadense revisitando algumas peças típicas de seu repertório. O programa do disco pode fazê-lo erguer uma sobrancelha num primeiro contato, mas não deixe isso atrapalhar o que poderá trazer uma boa hora de música. Coloque o arquivo no player e aproveite o passeio.
Eu adorei a transição da Partita de Bach para os dois intermezzi de Brahms, o que me fez buscar o disco do Glenn interpretando Brahms, de tirar o folego.
A Sonata de Berg também surge assim como um desafio, um sabor contrastante na seleção e a interpretação assegura que ela merece ser mais vezes ouvida. Bem, adivinhe com qual peça o Stewart ‘Bom-Ano’ termina o programa? Ganha um doce se acertar sem colar…
Esparrame-se em sua poltrona favorita e aprecie sem moderação!
Orlando Gibbons (1583 – 1625)
Lord Salisbury’s Pavan and Galliard, para teclado, MB18/19
Para entender melhor o programa, veja a primeira pergunta feita ao Stewart numa entrevista que poderá ser lida na íntegra aqui.
GGF: 1) Can you tell us how this program originated, and how it’s connected to Glenn Gould?
SG: This program consists of repertoire Glenn Gould performed in his historic debuts at the Phillips Collection in Washington DC, and the Ladies Morning Music Club in Montreal. Many of the works programmed were very close to Gould, and both programs showcased some of his most favourite composers.
Aproveite!
René Denon
Stewart esperando uma porção de pastéis de camarão no famoso Caneco Gelado do Mário…
Buscar inspiração no mundo do ‘Era uma vez…’ – no universo infantil – é um recurso usado por compositores do mundo todo. Isto também aconteceu com os compositores franceses da virada do século XIX para o século XX, como podemos ver nas duas suítes para piano a quatro mãos que abrem e fecham o programa deste maravilhoso disco.
Eu, que aprecio bastante estes dois ótimos pianistas, Paul Lewis e Steven Osborne, e como gosto muito deste repertório, tratei logo de ouvir e de postar este disco assim que me dei com ele. Inclusive, passei-o à frente de outros projetos. Afinal, nada como uma boa novidade para animar a gente.
Gabriel Fauré teve em 1892 um caso com Emma Bardac, cuja filha de tão pequenina tinha o apelido Dolly. Foi para ela que Fauré compôs cinco das seis peças desta Suíte Dolly, ao longo de alguns anos, acrescentando a primeira delas, a Berceuse, que já estava na gaveta esperando uma boa oportunidade. Essa música de salão é muito bela e agradável, mas demanda bastante trabalho dos intérpretes. Veja como o último movimento, Le pas espagnol, é de tirar o fôlego.
A peça a seguir é uma curta mas intensa Sonata para Piano, a quatro mãos, escrita por Poulenc ainda aos 19 anos e sob boa influência de Satie. O livreto fala em pureza, equilíbrio e reserva. Eu penso em intensidade e ritmos marcados.
Após esta breve sonata entramos em um universo sonoro diferente, com as Seis Epígrafes Antigas, de Debussy. Estas peças são arranjos feitos em 1914, para piano duo, de um material composto originalmente para duas flautas, duas harpas e celesta, por volta de 1900, para acompanhar um espetáculo de mímica e declamação de poemas – Les chansons de Bilittis. Claude fez estes arranjos com um olho no mercado para música para piano a quatro mão e outro na despensa, que já andava meio vazia.
Depois disso, a adorável Petit Suíte, também de Debussy, mas esta peça composta em 1888, 1889. Música de salão no melhor sentido da palavra – um pouco de superficialidade, nada de longos movimentos, ritmos simples e melodias memoráveis. Depois de ouvir ‘Em bateau’ uma só vez você reconhecerá a peça cada vez que voltar a ouvi-la. Claude estreou a suíte ao lado de Jacques Durand, que seria seu editor. Pois no último movimento, Claude ficou tão animado que deixou o pobre Durand arfando.
Na sequência Três Peças de Stravinsky, que era russo, mas estava emprestado na França, em 1914, às voltas com o espetacular insucesso da Sagração. A composição destas peças certamente foram uma boa maneira de retomar o fôlego assim como os seus poderes criativos.
E para completar este lindo disco, a Suíte Ma mère l’oye, de Maurice Ravel. Falar o que? Perfeição! Já ouvi muitas gravações desta suíte e gosto praticamente de todas (I’m easy to please), mas esta, senhores, está maravilhosa. Vejam lá o quão feérico é este jardim!
Fresh-faced charm pervades this astutely curated disc…Far from a marriage of convenience, Lewis and Osborne are long-standing duo partners, complementing each other perfectly in lightly-worn…
— BBC Music
This offers not only the perfect escape from our current locked-down state but also the most sublime example of peerless pianism.
Gramophone Magazine, April 2021 – Recording of the Month
Aproveite!
René Denon
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Faz quase 40 anos que persigo uma gravação destas obras que se compare ao meu velho vinil de André Gertler e Edith Farnadi. Comprei várias versões, mas nada de chegar nem perto dos húngaros Gertler-Farnadi. Pois esta outra dupla húngara, a de Kelemen-Kocsis chega lá. Não adianta, para a música russa, russos, para a música húngara, húngaros. Os caras têm o sotaque perfeito, não pretendem adaptar a selvageria ou domesticar a face cigana de Bartók. Essas Sonatas, de 1921 e 1922, são esplêndidas, Bartók estava feliz e nada parecia capaz de acabar com sua felicidade. Só que… A Sonata para Violino Solo é de 1943 e foi encomendada por Yehudi Menuhin. Na época, Bartók estava doente e pobre, vivendo em Nova York, fugido da Segunda Guerra Mundial. É, simplesmente, be-lís-si-ma!
Abaixo, uma obra de Bartók que não está no CD, mas que demonstra quem são Kelemen e Kocsis.
Bela Bartók (1881-1945): Sonatas para Violino 1 & 2, Sonata para Violino Solo
4. Violin Sonata No. 2, BB 85: I. Molto moderato 7:31
5. Violin Sonata No. 2, BB 85: II. Allegretto 11:06
6. Violin Sonata, BB 124: I. Tempo di ciaccona 9:01
7. Violin Sonata, BB 124: II. Fuga: Risoluto, non troppo vivo 4:14
8. Violin Sonata, BB 124: III. Melodia: Adagio 7:01
9. Violin Sonata, BB 124: IV. Presto 4:29
Este é um disco para especialistas e, portanto, se você não tem atração por essas específicas canções, siga seu caminho para as postagens mais próximas. Mas, se você, assim como eu, já provou e gostou dos Lieder, especialmente do período romântico tardio, prepare-se para algo bem especial. O álbum reúne quatro grandes nomes nesse assunto e a lista vem hoje encabeçada por Christa Ludwig, a cantora que faleceu recentemente (em 24 de abril de 2021) e a quem aqui justamente prestamos uma homenagem.
Gerald Moore
Ela vai assim juntar-se aos outros três nomes da minha lista e que já lá se foram para o Himmlisches Paradies. São eles o compositor Gustav Mahler, o pianista Gerald Moore e Walter Legge, o produtor mais poderoso e influente naqueles dias de novembro de 1957.
Walter Legge tinha uma paixão por música e em especial por Lieder. Era casado com Elisabeth Schwarkopf e a lista dos cantores que trabalhavam em cooperação com ele era estelar. Incluía Hans Hotter, Dietrich Fischer Dieskau. Se considerarmos as gravações de óperas, além deles temos Maria Callas, Tito Gobbi, Nicolai Gedda e inúmeros outros.
Christa Ludwig transitou em todas estas áreas com maravilhosa competência. Aqui ela mostra sua arte nas canções acompanhadas ao piano por um dos acompanhantes de piano que estabeleceu padrões altíssimos para esta função e tornou-se uma referência. Ela voltaria a gravá-las acompanhada por orquestras e grandes regentes, como Otto Klemperer e Lenny Bernstein. Mas aqui temos a oportunidade de ouvi-la em um momento muito especial de sua carreira.
Walter Legge
As 15 canções do programa incluem canções com letras de Rückert, algumas da coleção Des Knaben Wunderhorn e algumas canções de juventude do compositor. Não deixe de ouvir as minhas preferidas Ich atmet’ einen linden Duft, Liebst du um Schönheit, Wer hat dies Liedlein erdacht?, Des Antonius von Padua Fischpredigt e Rheinlegendchen.
Christa Ludwig habitually named three conductors from whom she had learned everything she needed to know about music: Karl Böhm for precision, Herbert von Karajan for beauty of sound and legato, and Leonard Bernstein for the expressive quality and joy of music. [The Guardian]
Quem acompanha o blog sabe: meus 3 compositores prediletos são Bach, Beethoven, Brahms e Bartók. Vamos ao último da lista.
Um CD extraordinário! O Concerto para Orquestra de Béla Bartók por Sergiu Celibidache e ainda com trechos de ensaios ao final. Os ensaios são muito interessantes.
Abaixo, coloco a primeira parte de uma notícia biográfica do compositor. Copiada daqui.
Nascido em 25 de março de 1881, na pequena cidade de Nagyszentnmiklós, na Transilvânia, então território húngaro, o compositor afirmava que o momento mais extraordinário de sua vida ocorreu em 1904. Ele se encontrava na hospedaria de Gerlice Puszta, quando ao cair da noite escutou a jovem Lidi Dósa entoar uma canção de ninar para seu filho. A melodia surpreendeu Bartók pelo seu som primitivo, cromatismo e ritmo singular. Ao perguntar para a moça onde ela havia aprendido a melodia, ela respondeu que fora com sua avó. A canção se chamava Piros Alma (maçã vermelha) e foi a responsável pela fascinação de Bartók, para com a música folclórica.
A partir daquele momento, o músico percebeu que os habitantes das zonas rurais da Hungria e regiões adjacentes eram o repositório de um legado de música folclórica riquíssima. Bartók desprezava o estilo das melodias Ciganas e Húngaras de Liszt e Brahms, considerando-as uma corruptela do verdadeiro folclore magyar.
Béla Bartók tornou-se um compositor nacionalista, assim como o foram Bedrich Smetana e Antonin Dvořák na Boêmia, Modest Mussorgski na Rússia e Sibelius na Finlândia. Órfão de pai aos sete anos e com a saúde debilitada por bronquite crônica e frequentes ataques de pneumonia, Bartók buscou refúgio nas aulas de piano ministradas por sua mãe. A partir de 1899, passou a estudar na Real Academia de Música de Budapeste, onde se graduou em composição.
Sua primeira grande influência foi a música de Richard Strauss, com destaque para Also Spracht Zarathustra (Assim falou Zarathustra). Utilizando o estilo do compositor alemão, Bartók escreveu o poema sinfônico Kossuth, uma homenagem à revolução de Lajos Kossuth contra os austríacos, em 1848. Esta foi a primeira contribuição do compositor ao movimento nacionalista de seu país, em constante batalha contra o domínio do Império Austro-Húngaro. A obra foi bem recebida pelas plateias de Budapest, quando de sua estreia, em 1903. O músico fez questão de receber os aplausos do público, vestindo os trajes tradicionais dos camponeses húngaros.
Após a experiência na hospedaria de Gerlice, Béla Bartók e seu amigo Zoltán Kodály passaram alguns anos no interior do país, coletando junto aos camponeses, as principais canções magiares. As pesquisas os levaram a estudar o folclore musical da România, Transilvânia, Sérvia, Croácia, Bulgária e Turquia. Portando primitivos equipamentos de gravação, eles registraram músicas centenárias que jamais haviam sido transpostas para o papel. Esse maior trabalho jamais executado na história da etnomusicologia ocupa doze volumes de livros, com milhares de canções coletadas entre as diversas etnias da Europa central, do norte da África e da Ásia menor.
Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra (Celibidache)
1. Aplausos
2. Concerto for Orchestra, Sz.116/Introduzione: Andante non troppo; Allegro vivace
3. Concerto for Orchestra, Sz.116/Giuoco delle coppie: Allegretto scherzando
4. Concerto for Orchestra, Sz.116/Elegia: Andante non troppo
5. Concerto for Orchestra, Sz.116/Intermezzo interroto: Allegretto
6. Concerto for Orchestra, Sz.116/Finale: Pesante; Presto
7. Aplausos
8. Trecho de ensaio: 1º movimento
9. Trecho de ensaio: 1º movimento
10. Trecho de ensaio: 3º movimento
11. Trecho de ensaio: 3º movimento
12. Trecho de ensaio: 3º movimento
13. Trecho de ensaio: 4º movimento
Andava eu meio borocoxô, quando esse CD duplo cruzou na minha frente justo hoje. Olha, é um magnífico trabalho, uma joia. Desde a qualidade de som até a interpretação, desde a inspiração folclórica até as composições, desde a origem até nossos ouvidos, o que incluiu pesadas doses de etnomusicologia bartokiana e do indiscutível talento de Berio, que não é só uma Sinfonia. Na boa, fiquei encantado e entusiasmado com este grande CD. Eu tinha essas músicas em vinil, mas os intérpretes não chegavam aos pés desses Crow & Berick aê.
Béla Bartók não pretendia que esta obra fosse apresentada em concertos, era uma obra para jovens estudantes. Os duos foram encomendados por Erich Doflein, violinista e professor alemão, que perguntou a Bartók se ele arranjaria algumas das peças da série Para Crianças. Ele compôs outras obras pedagógicas neste período, como Mikrokosmos. Bartók era professor. Todas as canções e danças incluídas nesta série são baseadas na música folclórica de muitos países da Europa Oriental, mas a liberdade harmônica e rítmica é evidente em toda a peça. Em 1936, Bartók arranjou 6 dessas duos para piano, sob o título Petite Suite.
Os 34 Duetti per due Violini de Luciano Berio foram escritos entre os anos de 1979-83. São resultado de uma conversa que o compositor teve com o violinista e professor Leonardo Pinzauti, em que este lamentou que “além dos 44 duetos de Bartók, não há outras peças modernas para treinamento”. Berio começou a escrever seus 34 duetos nos quatro anos seguintes, e embora estes tenham sido escritos claramente no próprio estilo e idioma de Berio, devem muito ao conjunto de 44 do húngaro.
Béla Bartók (1881-1945) / Luciano Berio (1925-2003):
44 duos para dois Violinos / 34 Duetos para dois Violinos
Disc: 1
1. teasing song1. andante
2. maypole dance. andante
3. menuetto. moderato
4. midsummer night song. risoluto
5. slovakian song 1. molto moderato
6. hungarian song 1. moderatamente mosso
7. walachian song 1. allegro moderato
8. slovakian song 2. andante
9. play song. allegro non troppo
10. ruthenian song. andante
11. cradle song. lento
12. haymaking song. lento religioso
13. wedding song. adagio
14. pillow dance. allegretto
15. soldier’s song. maestoso
16. burlesque. allegretto – un poco piu tranquillo – tempo 1
17. hungarian march 1. tempo di marcia, allegramente – piu mosso
18. hungarian march 2. tempo di marcia
19. a fairy tale. molto tranquillo
20. a rhythm song. allegretto – meno mosso
21. new year’s song 1. adagio – molto tranquillo
22. mosquito dance. allegro molto
23. bride’s farewell. lento rubato
24. comic song. allegro scherzando – meno mosso
25. hungarian song 2. allegretto, leggiero – meno mosso
26. teasing song 2. scherzando
27. limping dance. allegro non troppo – piu mosso
28. sorrow. lento, poco rubato
29. new year’s song 2. tempo giusto
30. new year’s song 3. allegro -meno mosso – tempo 1
31. new year’s song 4. allegro non troppo
32. dancing song from maramaros. allegro giocoso
33. harvest song. lento – piu mosso, parlando – tempo 1 – tempo 2
34. counting song. allegramente
35. ruthenian kolomejka. allegro – meno mosso – tempo 1
36. 1. the bagpipe . allegro molto 2. variation of no. 36.allegro molto
37. prelude and canon. lento – un poco piu lento – molto tranquillo – risoluto, non troppo vivace – allegro molto
38. rumanian whirling dance. allegro
39. serbian dance. allegro molto
40. walachian dance. comodo – piu lento – tempo 1 – piu mosso
41. scherzo. vivace
42. arabian song. allegro
43. pizzicato. allegretto
44. transylvanian dance (ardeliana). allegro moderato – piu moderato
Disc: 2
1. béla (bartok)
2. shlomit (almog)
3. yossi (pecker)
4. rodion (schedrin)
5. maja (pliseckaja)
6. bruno (maderna)
7. camilla (adami)
8. peppomp (di giugno)
9. marcello (panni)
10. giorgio federico (ghedini)
11. valerio (adami)
12. daniela (rabinovitch)
13. jeanne (panni)
14. pierre (boulez)
15. tatjana (globokar)
16. rivi (pecker)
17. leonardo (pinzauti)
18. piero (farulli)
19. annie ( neuberger)
20. fiamma (nicolodi)
21. vinko (globokar)
22. franco (gulli)
23. aldo ( bennici)
24. carlo (chiarappa)
25. henri (pousseur)
26. alfredo (fiorenzani)
27. igor (stravinsky)
28. alfred (schlee)
29. massimo (mila)
30. mauricio (kagel)
31. maurice (fleuret)
32. lorin (maazel)
33. lele (d’amico)
34. edoardo (sanguineti)
São 44 Duos num CD de 47 minutos. Obviamente, são peças pequenas. Bartók não tinha a intenção de que este trabalho chegasse às salas de concerto, mas que servisse a jovens estudantes de violino. O trabalho foi encomendado pela Erich Doflein, um violinista alemão e professor, que encomendou a Bartók uma série de peças para crianças. Naquele ano de 1931, o húngaro compôs esta série para violino e outra, o Mikrokosmos, para piano. Este trabalho está dividido em quatro livros, e a série de peças avança em dificuldade. O primeiro e o segundo livro devem ser adequados para um aluno de nível básico, enquanto o terceiro livro é para um nível intermediário e o quarto livro para um nível avançado. Todas as músicas e danças incluídas nesta série de 44 Duos são baseadas na música folclórica de muitos países da Europa Oriental, mas a liberdade harmônica e rítmica utilizada pelo compositor é evidente. As irmãs Nemtanu dão conta do recado com SENSO DE ESTILO. Elas são franco-ROMENAS, o que talvez signifique algo para você.
Béla Bártok (1881-1945): 44 Duos
Book I
I. Párosíto (Teasing Song)
II. Kalamajkó (Maypole Dance)
III. Menuetto
IV. Szentivánéji (Midsummer Night Song)
V. Tót Nóta (Slovakian Song) [1]
VI. Magyar Nóta (Hungarian Song) [1]
VII. Oláh Nóta (Walachian Song)
VIII. Tót Nóta (Slovakian Song) [2]
IX. Játék (Play Song)
X. Rutén Nóta (Ruthenian Song)
XI. Gyermekrengetéskor (Cradle Song)
XII. Szénagyüjtéskor (Hay Song)
XIII. Lakodalmas (Wedding Song)
XIV. Párnás Tánc (Pillow Dance)
Book II
XV. Katonanóta (Soldiers’ Song)
XVI. Burleszk (Burlesque)
XVII. Menetelő Nóta (Hungarian March) [1]
XVIII. Menetelő Nóta (Hungarian March) [2]
XIX. Mese (Fairy Tale)
XX. Dal (A Rhythm Song)
XXI. Újévköszöntő (New Year’s Greeting) [1]
XXII. Szunyogtánc (Mosquito Dance)
XXIII. Mennyasszonybúcsútató (Bride’s Farewell)
XXIV. Tréfás Nóta (Comic Song)
XXV. Magyar Nóta (Hungarian Song) [2]
Book III
XXVI. “Ugyan Édes Komámasszony…” (Teasing Song)
XXVII. Sánta-Tánc (Limping Dance)
XXVIII. Bánkódás (Sorrow)
XXIX. Újévköszöntő (New Year’s Greeting) [2]
XXX. Újévköszöntő (New Year’s Greeting) [3]
XXXI. Újévköszöntő (New Year’s Greeting) [4]
XXXII. Máramarosi Tánc (Dance from Máramaros)
XXXIII. Ara táskor (Harvest Song)
XXXIV. Számláló Nóta (Enumerating Song)
XXXV. Rutén Kolomejka (Ruthenian Kolomejka)
XXXVI. Szól a Duda (Bagpipes)
XXXVIb. A 36 Sz. Változata (Variant of No. 36)
Book IV
XXXVII. Preludium és Kanon (Prelude and Canon)
XXXVIII. Forgatós (Romanian Whirling Dance)
XXXIX. Szerb Tánc (Serbian Dance)
XL. Oláh Tánc (Walachian Dance)
XLI. Scherzo
XLII. Arab Dal (Arabian Dance)
XLIII. Pizzicato
XLIV. “Erdélyi” Tánc (Transylvanian Dance)
Dois de nossos leitores pediram homenagens à grande Christa Ludwig, falecida recentemente aos 93 anos. Com a lentidão habitual do nosso SAC, mas antes que vocês joguem tomates na sede da PQPBach S.A., trazemos hoje um disco com um verdadeiro dream team mahleriano que também gravou Das Lied von der Erde, postada em 2018 por FDP Bach.
A magnífica mezzo-soprano Christa Ludwig, com sua voz carregada de emoções, parece perfeita para essas canções de Mahler. Não consigo imaginá-la em papéis cômicos como por exemplo de opera buffa de Mozart, embora eu saiba que ela também os fez.
A sétima sinfonia de Mahler, apelidada Canção da Noite (subtítulo não atribuído por Mahler), tem seu miolo composto por dois movimentos noturnos e, bem no meio, um scherzo também sombrio, como antes Chopin já tinha imaginado seus scherzi… O primeiro movimento noturno (allegro moderato) foi comparado por Mahler ao quadro A Ronda Noturna, do pintor neerlandês Rembrandt. É uma espécie de marcha noturna, com alguns cantos de pássaros e outros detalhes típicos de Mahler. Em cartas, o compositor descreveu o segundo movimento noturno (andante amoroso) como uma serenata, com acompanhamento por instrumentos de cordas: harpas, violão e bandolim, sonoridades bem raras na tradição da música orquestral vienense. O último movimento é um rondo em que podemos sentir o sol nascendo após aquela longa noite, mesmo programa do movimento final da 5ª sinfonia de Mahler. Ele claramente estava de olho nas estrelas, nas fases da lua, nos pásssaros, no nascer e pôr do sol, preocupações estéticas bem diferentes dos microtextos do twitter, selfies do instagram e reality shows onde pessoas trancadas passam o dia brigando e olhando para seus umbigos, para entretenimento de outras pessoas trancadas.
Gustav Mahler (1860-1911): Symphony no. 7
1. Langsam (Adagio) — Allegro risoluto, ma non troppo
2. Nachtmusik. Allegro moderato
3. Scherzo. Schattenhaft
4. Nachtmusik. Andante amoroso
5. Rondo-Finale. Tempo I (Allegro ordinario) Gustav Mahler (1860-1911): Five Lieder
6. Ich bin der Welt abhanden gekommen (Rückert-Lieder)
7. Um Mitternacht (Rückert-Lieder)
8. Das irdische Leben (Des Knaben Wunderhorn)
9. Ich atmet einen linden Duft (Rückert-Lieder)
10. Wo die schnen Trompeten blsen (Des Knaben Wunderhorn)
Christa Ludwig – Mezzo Soprano, Philharmonia Orchestra (Lieder, 1964)
New Philharmonia Orchestra (Symphony, 1968)
Otto Klemperer – Conductor
Otto Klemperer (1885-1973) e Christa Ludwig (1928-2021) na capa do LP da His Master’s Voice
(From Amazon) This grand and brooding and mysterious symphony finally gets the performance it deserves. I have recordings of the Mahler Seventh (also known as “Lied der Nacht” or “Song of the Night”) conducted by Kubelik, Maazel, Abbado, and Michael Tilson Thomas, but my favorite by far is this performance by Klemperer leading the New Philharmonia Orchestra.
Perhaps this results from Klemperer’s special insights, since he was present in Prague in 1909 when Mahler rehearsed the premiere performance. (Bruno Walter and a number of other young conductors also were there.) Klemperer reported that Mahler held some 24 rehearsals before the first public performance.
According to Harry Neville’s liner notes of the Angel LP album Klemperer later wrote that Mahler’s “technique was remarkable. Each day after rehearsal he used to take the entire orchestral score home with him for revision, polishing and retouching. We younger musicians, Bruno Walter, Bodanzky, von Keussler and I, would gladly have helped him, but he would not hear of it and did it all on his own.” Klemperer was about 24 at the time, but he was about 84 when he conducted this recording. Richard Q. Hofacker, Jr. – Basking Ridge, New Jersey, USA
Já gostei mais da música antiga, mas este disco é suficientemente bom para fazer retornar a motivação. É excelente música, com boas melodias e execução de primeira linha. Alexander Agricola foi um compositor renascentista franco-flamengo. Nascido Alexandre Ackerman, filho ilegítimo de uma rica negociante holandesa, Agricola foi um compositor muito conhecido na década de 1490. Trabalhou em cortes e igrejas na Itália, França e Países Baixos, sendo tão requisitado que podia determinar sua remuneração. Tecnicamente, suas missas e motetos sacros, canções seculares e peças instrumentais — influenciadas por Johannes Ockeghem — são típicos da época, mas o caráter intenso de sua música era descrito por alguns contemporâneos como “louco e estranho”. (E é isto que faz nossa alegria). Em seu caso, o rótulo de “louco” era aplicado exclusivamente em suas composições. Suas obras mais características são as canções e peças instrumentais seculares. Mais de 80 sobreviveram. Também sabemos que ele compôs música sem texto com títulos instigantes, como “O cego não pode julgar as cores”, e que algumas de suas músicas soam como improvisação escrita. No auge de sua fama como um dos compositores mais estimados da Europa, Agricola morreu em 15 de agosto de 1506 em Valladolid, Espanha, durante um surto de peste.
Alexander Agricola (1445 ou 1446-1506): Chansons
1 Virgo Sub Ethereis
2 De Tous Bien Playne
3 Je N’Ay Dueil
4 Tandernaken Al, Op. Den Rijn
5 Revenez Tous Regretz
6 De Tous Bien Playne
7 Pater Meus Agricola Est
8 En Attendant
9 Dictes Moi Toutes
10 Jam Fulsit Sol De Sidere
11 Cecus Non Iudicat De Coloribus
12 Gardez Voz Bien
13 De Tous Bien Playne
14 Helas Madame
15 A La Mignonne
16 Fortuna Desperata
17 In Mijnen Sin
Vocals – Crawford Young
Ensemble – Ferrara Ensemble
Com sua cultura inimitavelmente rica, Nova Orleans é uma cidade muito fácil de se amar. Além do Mardi Gras, Nova Orleans é muito conhecida também por ser o local de nascimento do jazz. Essa forma de arte exclusivamente americana se desenvolveu aqui há 100 anos, quando músicos afro-americanos absorveram elementos musicais europeus e criaram um som único. Até hoje em Nova Orleans, você ainda pode curtir um jazz sem compromisso em quase todas as esquinas ou ir a um legítimo clube de jazz. Uma viagem para Nova Orleans não está completa sem um bom e autêntico jazz. Em A Love Letter to New Orleans, o trompetista Irvin Mayfield tenta refletir sobre a cidade. Das turbulentas sessões de gravação durante o dia à introspecção noturna com mentores como Ellis e Wynton Marsalis, além de Herman Leonard, A Love Letter to New Orleans é uma crônica comovente do caso de amor de Mayfield com a cidade. O disco, altamente contrastante, vale muito a pena ouvir. Há de tudo aqui, como em New Orleans. As participações dos diversos grupos são sensacionais. Há canções, há jazz de primeira, há grupos latinos, corais, sinfônica, second lines (músicas para desfiles improvisados de rua, etc.).
Irvin Mayfield : A Love Letter To New Orleans
1. Mo’ Better Blues (With Ellis Marsalis)
2. Latin Tinge II (Los Hombres Calientes)
3. Romeo and Juliet (With Ellis Marsalis)
4. Old Time Indians Meeting of the Chiefs (Los Hombres Calientes With Cyril Neville, Donald Harrison Jr., Big Chief Bo Dollis Sr.)
5. James Booker (Los Hombres Calientes With Bill Summers, Carlos Henriquez)
6. El Negro, Pts. 1, 2, 3 (Los Hombres Calientes With Bill Summers, Horacio “El Negro” Hernandez)
7. Fatimah
8. Lynch Mob – Interlude (With Dillard University Choir)
9. Blue Dawn (With Wynton Marsalis)
10. George Porter (Los Hombres Calientes With George Porter Jr.)
11. Super Star (With Ellis Marsalis, Louisiana Philharmonic Orchestra)|
12. Wind Song (With Gordon Parks)
13. I’ll Fly Away (Los Hombres Calientes With Davell Crawford, Cyril Neville)
14. Mardi Gras Second Line (“Los Hombres Calientes With Troy “Trombone Shorty” Andrews, Kermit Ruffins, Rebirth Brass Band, John Boutte”)