Dizer o quê? Viktoria Mullova + Il Giardino Armonico + Giovanni Antonini + Vivaldi = Brilhantismo total. O conjunto que a acompanha não poderia ser mais adequado. Irreverente e atlético, o Giardino é um grupo notável e aqui dá um banho de competência, bem no espírito da esplêndida russa que aqui botou cordas de tripa e usou um arco barroco em seu Stradivarius de forma a não destoar do excelente grupo que a acompanha. Ouçam bem o ataque das cordas do Giardino Armonico… Aquele tsc me deixa alucinado, é lindo! Os caras me deixam feliz quando tocam. Este é um disco absolutamente obrigatório para os numerosos amantes do barroco que seguem nosso blog.
Vivaldi: Concertos para Violino (Mullova, Giardino Armonico)
Concerto In D Major “Grosso Mogul” RV 208
1 Allegro 5:38
2 Recitativo: Grave 2:27
3 Allegro 4:45
Concerto In B Minor For 4 Violins And Cello RV 580 (Op. 3 No. 10)
Cello – Marco Testori
Violin – Marco Bianchi (3), Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi, Viktoria Mullova
4 Allegro 3:38
5 Largo – Larghetto – Largo 2:07
6 Allegro 3:07
Concerto In C Major RV 187
7 Allegro 4:28
8 Largo Ma Non Molto 3:02
9 Allegro 4:12
Concerto In D Major RV 234 “L’Inquietudine”
10 Allegro Molto 1:59
11 Largo 1:31
12 Allegro 2:45
Concerto In E Minor RV 277 “Il Favorito”
13 Allegro 4:38
14 Andante 3:40
15 Allegro 4:36
Archlute – Luca Pianca
Bassoon – Alberto Guerra
Cello – Elena Russo, Marco Testori
Composed By – Antonio Vivaldi
Conductor – Giovanni Antonini
Double Bass – Giancarlo De Frenza
Harpsichord – Riccardo Doni
Orchestra – Il Giardino Armonico
Viola – Elena Confortini, Gianni Maraldi
Violin – Marco Bianchi (3), Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi, Viktoria Mullova
Violin [II] – Alberto Stevanin, Marco Bianchi (3), Maria Cristina Vasi
Violin [I] – Liana Mosca, Luca Giardini, Riccardo Masahide Minasi*, Stefano Barneschi
Estou planejando a postagem dessa integral de Rachmaninoff já há uns dois ou três anos. Já tive o texto pronto, mas acabei apagando. Felizmente os arquivos compactados continuaram guardados na nuvem.
Na verdade, sobre os Concertos em si não há muito a se falar além do já foi falado. São obras fundamentais do repertório pianístico, tour-de-force para qualquer pianista, enfim.
Talvez eu seja o último romântico do grupo, o cara que dá a cara a tapa trazendo estes concertos novamente para o blog. Fazer o que, gosto muito deles, talvez tenha postado mais versões deles do que os de Beethoven ou Mozart. Talvez seja neste romantismo, mesmo tardio, que eu centralize minhas atenções, talvez seja a idade, recém cheguei aos meus sessenta anos, e ando meio avesso a modernidades, aliás nem sei se já as apreciei em algum momento. Por isso continuo fazendo mais do mesmo. Enquanto nossos ouvintes – leitores continuarem a baixar e ouvi-los continuarei postando.
Anna Fedorova é uma pianista ucraniana de grande talento, como poderão ouvir nestes cds. Sua paixão pela música está mais que implícita em suas interpretações, se joga de corpo e alma, e não teme essa exposição. Trarei os Concertos em sua ordem natural, incluindo aí a indefectível Rapsódia sobre um Tema de Paganini, uma das peças de mais díficil execução do repertório pianístico, o músico tem de estar muito bem preparado para encará-lo. E o Concerto de nº 1 é de uma beleza ímpar, mostrando já desde os seus primeiros acordos a que veio. O maestro Modestas Pitrenas, nascido na Lituânia em 1974, faz um belo trabalho frente a desconhecida Sinfonieorchester St. Gallen, porém esse seja o grande trunfo destas gravações. Desta forma podemos admirar mais detalhadamente a técnica, versatilidade e virtuosismo da solista, deixando a orquestra um pouco mais a vontade, sem grande pressão, talvez, sei lá.
Chega de enrolação, vamos ao que viemos. Trarei um CD por semana. Como comentei acima, nesta primeira postagem teremos o Primeiro Concerto e as Rapsódia sobre um tema de Paganini.
Piano Concerto No . 1 i n F sharp Minor, Op.1 (1890-1891/1917)
1 Vivace
2 Andante
3 Allegro vivace
Preludes (19o3/1910)
4 Prelude Op. 23 No. 1 in F sharp Minor (1902)
5 Prelude Op. 32 No. 12 in G sharp Minor (1910)
6 Prelude Op. 32 No. 5 in G Major (1910)
7 Prelude Op. 23 No. 2 in B flat Major (1902)
As obras orquestrais mais famosas de Lutoslawski são o concerto para orquestra (1954), as quatro sinfonias (1948-1993, aqui) e o concerto para violoncelo (1970). Aqui neste álbum, temos duas obras menos célebres mas que merecem uma ou mais audições cuidadosas. Livre pour orchestre – Livro para orquestra – é uma série de episódios avulsos, uns maiores e outros mais simples, mais ou menos como os livros de prelúdios e fugas de Bach. Estreado em 1968 durante um período de protestos políticos na Polônia e em vários outros lugares do planeta, trata-se de uma das obras mais vanguardistas de Lutoslawski, cheia de sonoridade imprevisíveis, não domesticadas, com alguns choques que às vezes soam desconfortáveis aos ouvidos, mas ao mesmo tempo os episódios vão se desenrolando como uma narrativa abstrata para pura apreciação, em oposição a outras obras de vanguarda que, em sua militância, exigem uma postura mais intelectual do ouvinte.
Composta dez anos antes (1958), a Música Fúnebre dedicada à memória de Bela Bartók é mais tonal, mais comportadinha, mas tem em comum com Livre o seu desenrolar em uma narrativa que, embora não expresse uma mensagem específica, um conteúdo verbal, guarda alguma semelhança com a música narrativa dos compositores românticos. E falando nisso, a primeira obra do álbum, a 2ª Sinfonia (1909) de Szymanowski, não me interessa minimamente: um formato romântico previsível, melodias menos notáveis do que as de outros compositores do mesmo período como Scriabin, Mahler ou o jovem Schönberg, isso para ficarmos só na Europa central e oriental… Uma perda de tempo.
Karol Szymanowski (1882-1937):
Sinfonia nº 2 Witold Lutosławski (1913-1994):
Livre pour orchestre
Música Fúnebre à memória de Béla Bartók
Polish N.R.S.O., Alexander Liebreich
As gravações de Peter Serkin dos Concertos para Piano de Mozart com a English Chamber Orchestra, regida por Alexander Schneider, são muito elogiadas, principalmente por seu toque dinâmico e seguro e pela forte conexão que estabelecem entre os concertos e as óperas de Mozart
Esta postagem foi motivada por uma viagem ao centro do Rio de Janeiro (lá na Cidade, como dizemos aqui), desde o distante bairro de Camboinhas, que fica em Nikiti, do outro lado da baía (da Guanabara, pois é…)
Visitar lojas de discos usados – os sebos – está cada vez mais parecido com a ida de Harry Potter à Ollivanders, a loja de varinhas mágicas. Essa uma que visitei ontem fica escondida na sobreloja de um prédio que dá para uma travessa entre a rua do Ouvidor e a Sete de Setembro. Os CDs estão ainda lá, com todo o charme que costumavam ter, mas a profusão de sacolas e caixas com itens ainda misturados e não catalogados contrastam com a organização dos que ocupam as prateleiras e estantes presas às paredes da loja. Sinal de que muita coisa está chegando, algum colecionador pode ter batido as botas dia desses…
Foi num desses containers que avistei um dos três discos da postagem – Concertos para Piano de Mozart, os de números 18 e 19. Eu que sou fã de todos eles, mas em particular do 19, abri imediata investigação do item. O pobrezinho estava lá na caixa sufocado por gravações do Concerto para Piano de Tchaikovsky e vários Quadros de Uma Exposição…
Max e alguns de seus Grammy’s
O que me chamou a atenção em especial foi o sobrenome do pianista, pois Peter é filho de Rudolf Serkin, também pianista. Além disso, o produtor do disco é o legendário Max Wilcox. Nem todo mundo presta a atenção ao nome do produtor, mas esse papel costuma ser importante na (como posso dizer?) produção de um disco. E Max foi maximal, um nome que costuma garantir a boa qualidade do disco. Entre seus artistas teve Arthur Rubinstein (talvez o mais famoso), Eugene Ormandi, The Guarneri Quartet, Ivan Moravec. Mais recentemente Richard Goode e o Emerson String Quartet, entre outros.
Peter Serkin
Pois vejam, Peter Serkin foi um pianista que se destacou por ter música moderna em seu repertório, mas se negava a rótulos. Você poderá ouvi-lo tocando as Variações Goldberg (várias gravações), obras de Messiaen, Beethoven, Bartók. A orquestra das gravações é a English Chamber Orchestra e foi referência para música barroca e clássica antes da onda dos instrumentos de época, sempre muito, muito boa.
Alexander Schneider é um nome talvez menos conhecido, mas foi excelente músico, violinista, regente, educador e organizador de eventos. Era membro do Budapest String Quartet e atuou na organização assim como artista em festivais como o Casals Festival em Prades e Porto Rico, assim como no Marlboro Music Festival.
Eu gostei muito das interpretações dos concertos, mas em especial do movimentos lentos. Muito bonitos. Espero que você goste…
Uma nota especial para as ilustrações das capas desses três discos, que são parte de uma série de ilustrações produzidas em 1945 por Joseph Solman, a partir de um retrato de Mozart (provavelmente seu último, de 1789) feito por Dora Stock. Solman fez uma série de variações poéticas e brincalhonas buscando induzir uma atitude mais moderna em contraste coma as imagens do compositor naqueles dias. O retrato feito por Dora Stock está na abertura da nossa tradicional lista de faixas, nosso ‘programa’ da postagem.
Peter Serkin’s performances of Mozart’s Piano Concertos with the English Chamber Orchestra conducted by Alexander Schneider are highly praised, particularly for their dynamic and assured pianism, and the strong connection they draw between the concertos and Mozart’s operas.
De uma crítica na Amazon: These are among the best recordings of Mozart Piano Concertos 18 and 19, part of Peter Serkin’s collaboration with the English Chamber Orchestra and conductor Alexander Schneider. Peter Serkin is an excellent Mozartean, only 26 when this 1973 RCA recording was taped. Beautiful, clear analog sound, very balanced and maybe just a hint of congestion in FF piano chords, suggesting the limitations of analog recording technology.
Sacha Schneider e Pau Casals num bate-papo super animado com o pessoal do PQP Bach…
Para honrar a memória e celebrar o legado extraordinário de Arthur Moreira Lima, um dos maiores brasileiros de todos os tempos, publicaremos a integral da coleção Meu Piano/Três Séculos de Música para Piano – seu testamento musical – de 16 de julho, seu 85° aniversário, até 30 de outubro, primeiro aniversário de seu falecimento. Esta é a segunda das onze partes de nossa eulogia ao gigante.
Arthur, desde o começo, foi Arthurzinho – não só por ser notável prodígio antes mesmo que suas perninhas em calças curtas alcançassem os pedais do piano, mas também por ter recebido o nome do pai e isso tornar de mister um diminutivo para que em sua casa não se confundissem os Arthures.
Arthurzinho, ou Juninho?
Arthurzinho tinha três anos quando, desgraçadamente, perdeu Arthur. A tristeza da orfandade marcaria seus primeiros anos de vida, nos quais mambembou entre cidades e casas de familiares, e esse turbilhão de inconstância o propeliu, desde muito cedo, a buscar um melhor futuro. Sua dedicação encarniçada aos estudos – primeiro como bolsista no Liceu Francês, e depois no Colégio Militar do Rio de Janeiro – sempre o manteve entre os mais condecorados estudantes. Vislumbrava, até graduar-se, um horizonte como engenheiro militar do Instituto Técnico da Aeronáutica, e provavelmente teria tomado esse rumo, não fosse o chamado daquela irresistível intercorrência que tanto amamos, a Música.
Depois de muito ouvir três gerações de mulheres – sua avó Lulu, a mãe Dulce e a irmã Luiza – a tocarem o piano alemão da matriarca, estreou na grande Arte em ainda maior estilo: pedindo para tocá-lo ele mesmo e, do mais puro nada, sair de seus dedinhos de seis anos a peça que a mãe estudava. Recobrando-se do pasmo, as parentes fizeram o possível para instrui-lo no teclado. O moleque, no entanto, era mais rápido, e já tinha esgotado os recursos pedagógicos das pianistas da família quando tocou o primeiro recital solo, aos oito anos. Em seguida, tornou-se aluno da grande professora Lúcia Branco. Sob essa orientadora formidável, Arthurzinho começou a dar de ombros a suas aspirações engenheiras e sua carreira seguiu, como costumava dizer, feito um Dodge: aos nove anos, deu seu primeiro recital profissional, no Theatro da Paz de Belém, e venceu o Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica Brasileira, feito que repetiria aos doze; aos dezesseis, ganhou uma bolsa de estudos em Paris, após vencer o concurso da Rádio Ministério da Educação, que postergou para concluir seus estudos no Colégio Militar; e aos dezessete, após chegar às finais do Primeiro Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro, um novo convite para Paris veio da maneira mais irrecusável, ao partir da mítica Marguerite Long, membra do júri e muito impressionada com o jovem aluno-tenente.
– Est-ce que vous parlez de moi?
Se esses seus primeiros anos pianísticos foram muito calcados no repertório do classicismo vienense, tanto pelas preferências de Dona Lúcia quanto pelos ditames dos concursos da época, as estrelas do Alto Romantismo haveriam de prover-lhe todo repertório, se assim o deixassem – e Chopin, seu favorito, era a Alfa dessa constelação. Desde os Noturnos, que tocou praticamente desde o marco zero de sua trajetória como artista, até a participação histórica no Concurso que leva o nome do gênio de Żelazowa Wola, Arthurzinho sempre foi fortemente associado à música de Chopin, veículo apropriado a seu pianismo sempre temperamental e destemido. Além de seu grande intérprete, o mestre de São Sebastião do Rio de Janeiro também foi notório sósia de Frederico, não só pelas semelhanças entre seus perfis pontiagudos, prontamente percebidas pelo público de Varsóvia, de quem era o candidato favorito, mas também pelas mãos, como descobriu, quase em epifania, quando uma das suas encaixou-se exatamente ao molde da do polonês. O que há de Chopin na discografia de Arthur está entre o melhor que ele nos deixou, e é parte dessa beleza que, com muito gosto, lhes ofereço a seguir.
Arthurzinho – ou Frederico?
ARTHUR MOREIRA LIMA – MEU PIANO/TRÊS SÉCULOS DE MÚSICA PARA PIANO Coleção publicada pela Editora Caras entre 1998-99, em 41 volumes Idealizada por Arthur Moreira Lima Direção artística de Arthur Moreira Lima e Rosana Martins Moreira Lima
Volume 2: CHOPIN I
Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11 1 – Allegro maestoso
2 – Romanze: Larghetto
3 – Rondo – Vivace
Krakowiak, Grande Rondó em Fá maior para piano e orquestra, Op. 14
4 – Introduzione: Andantino quasi Allegretto – Rondo: Allegro non troppo – poco meno mosso
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986 Idealização: Aleksandr Yossifov Engenheiro de som: Georgi Harizanov Produção: Nikola Mirchev Piano Steinway & Sons, Hamburgo Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)
Concerto no. 2 para piano e orquestra em Fá menor, Op. 21
1 – Maestoso
2 – Larghetto
3 – Allegro vivace
Variações em Si bemol maior sobre “Là Ci Darem La Mano”, da ópera “Don Giovanni” de Mozart, para piano e orquestra, Op. 2 4 – Introduction: Largo—Poco piu mosso – Thema: Allegretto – Variation 1: Brillante – Variation 2: Veloce, ma accuratamente – Variation 3: Sempre sostenuto – Variation 4: Con bravura – Variation 5: Adagio
– Coda: Alla Polacca
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986 Idealização: Aleksandr Yossifov Engenheiro de som: Georgi Harizanov Produção: Nikola Mirchev Piano Steinway & Sons, Hamburgo Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)
Barcarola em Fá sustenido maior para piano, Op. 60
5 – Allegretto
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: Pomona College, Califórnia, Estados Unidos, 1981 Engenheiro de som: Mitch Tannenbaum Produção: Heiner Stadler Piano: Blüthner, Leipzig Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1999)
Vinte e quatro Prelúdios para piano, Op. 28
1 – Prelúdio em Dó maior
2 – Prelúdio em Lá menor
3 – Prelúdio em Sol maior
4 – Prelúdio em Mi menor
5 – Prelúdio em Ré maior
6 – Prelúdio em Si menor
7 – Prelúdio em Lá maior
8 – Prelúdio em Fá sustenido menor
9 – Prelúdio em Mi maior
10 – Prelúdio em Dó sustenido menor
11 – Prelúdio em Si maior
12 – Prelúdio em Sol sustenido menor
13 – Prelúdio em Fá sustenido maior
14 – Prelúdio em Mi bemol menor
15 – Prelúdio em Ré bemol maior
16 – Prelúdio em Si bemol maior
17 – Prelúdio em Lá bemol maior
18 – Prelúdio em Fá menor
19 – Prelúdio em Mi bemol maior
20 – Prelúdio em Dó menor
21 – Prelúdio em Si bemol maior
22 – Prelúdio em Sol menor
23 – Prelúdio em Fá maior
24 – Prelúdio em Ré Menor
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: Pomona College, Califórnia, Estados Unidos, 1981 Engenheiro de som: Mitch Tannenbaum Produção: Heiner Stadler Piano: Blüthner, Leipzig Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1999)
Grande Fantasia em Lá maior sobre Canções Polonesas, para piano e orquestra, Op. 13
25 – Largo non troppo – Andantino – Allegretto – Lento quasi adagio – Molto più mosso – Vivace
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986 Idealização: Aleksandr Yossifov Engenheiro de som: Georgi Harizanov Produção: Nikola Mirchev Piano Steinway & Sons, Hamburgo Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)
1 – No. 1 em Si menor, Op. 20
2 – No. 2 em Si bemol menor, Op. 31
3 – No. 3 em Dó sustenido menor, Op. 39
4 – No. 4 em Mi maior, Op. 54
Arthur Moreira Lima, piano
Gravação: Pomona College, Califórnia, Estados Unidos, 1981 Engenheiro de som: Mitch Tannenbaum Produção: Heiner Stadler Piano: Blüthner, Leipzig Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1999)
Andante Spianato e Grande Polonaise Brilhante para piano e orquestra, Op. 22
5 – Andante spianato em Sol maior
6 – Grande Polonaise Brilhante em Mi bemol maior
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Gravação: Sala de Concertos “Bulgaria” em Sofia, Bulgária, 1986 Idealização: Aleksandr Yossifov Engenheiro de som: Georgi Harizanov Produção: Nikola Mirchev Piano Steinway & Sons, Hamburgo Remasterização: Rosana Martins Moreira Lima (1998)
Eu não tinha nem um mês como chapeiro-júnior nesse blogue quando, movido pela admiração à arte de Arthur, ripei os álbuns que lhes apresentarei a seguir. Pretendia que eles estivessem entre as minhas primeiras postagens, no que fracassei retumbantemente, tragado por um pendor pelo ecletismo que marcou meu primeiro surto de atividade por aqui. O título da coleção alinha-se com o projeto do saudoso mestre, iniciado ainda nos anos 70, de gravar a integral do que Frederico nos deixou. Concluiu o torso da empreitada até o final da década de 80, adicionando a ele algumas obras com as gravações que fez especialmente para a coleção lançada pela Editora Caras, e que seriam as últimas de sua carreira. A qualidade dessas ripagens é, bem, tanto um tributo à tortura que era ouvir CDs nacionais por boa parte da década de 90 – tua máxima culpa, Movieplay – quanto à qualidade da remasterização feita por Rosana Martins (então também Moreira Lima), que nos permitiu ouvir essas mesmas gravações com a qualidade que merecem, nos links que postamos mais acima. O simples fato de trazê-las à tona, entretanto, depois de dez anos de tanta doideira, convulsão e cacofonia, atira-me num estranho pufe com cheiro de missão cumprida que me faz até me emocionar com esse sonzinho safado que parece vindo do fundo dum balde.
Julguem-me.
CHOPIN – OBRA COMPLETA PARA PIANO E ORQUESTRA
Arthur Moreira Lima, piano Orquestra Filarmônica de Sofia Dimitar Manolov, regência
Volume I
Concerto para piano e orquestra no. 1 em Mi menor, Op. 11
Para Arthur, os mestres foram-lhe tudo. Em homenagem à sua primeira mestra, dona Lúcia Branco (1903-1973), publicamos sua única gravação conhecida, em que ela toca em sua residência o Scherzo no. 3 de Chopin. Essa preciosidade, mais uma da cornucópia do Instituto Piano Brasileiro, atesta claramente que Lúcia, aluna de Arthur De Greef (1862-1940) – por sua vez, aluno de Liszt -, foi uma das maiores pianistas que Pindorama deu ao mundo:
Segue vigente a intimação aos fãs de Arthur para escutarem sua participação no podcast “Conversa de Pianista”, do Instituto Piano Brasileiro, comandado por Alexandre Dias e que foi ao ar em 2020:
“2ª parte da entrevista do pianista Arthur Moreira Lima a Alexandre Dias, em que ele trouxe mais memórias sobre sua professora Lúcia Branco, e sobre o conjunto de bailes que ele integrava quando adolescente, chamado “Os filhos da pauta”. Depois falou como foi sua transição para Paris, onde passou a ter aulas com Marguerite Long e Jean Doyen, vindo a vencer o Concurso Long–Thibaud. Também mencionou sua participação em outros concursos de piano como a 1ª edição do Concurso Van Cliburn, 1º Concurso Nacional de Piano da Bahia, e 3º Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro, mencionando grandes personalidades que conheceu. Por fim, mencionou sua mudança para a Rússia no começo da década de 1960, onde viria a estudar com Rudolf Kehrer no Conservatório Tchaikovsky de Moscou, fato que transformaria sua vida para sempre.”
Frederico – ou Arthurzinho?Em homenagem a Fluminense Moreira Lima, estamos a lhe oferecer um álbum de figurinhas com os heróis da final da Copa Rio de 1952, que certamente fizeram o moleque Arthurzinho chorar de alegria. Eis o lateral-direito Píndaro Possidonti Marconi, o Píndaro (1925-2008), capitão do escrete tricolor.
CD de Mozart, como dar errado? Não gostei muito da Orpheus na primeira Serenata, mas depois eles acertam totalmente a mão e acabam fazendo um belo trabalho. A Serenata No. 6, “Serenata Notturna” foi composta em 1776 e é uma joia do período salzburguês de Mozart, destacando-se pela orquestração inventiva que contrasta um grupo concertante (violino solo, viola e contrabaixo). Seu charme reside no jogo de contrastes entre os movimentos, especialmente na Marcha inicial e no Rondó final. A Serenata No. 12 é a única serenata de Mozart em modo menor (Dó menor), escrita em 1782, ecoa a intensidade dramática de suas óperas, com texturas contrapontísticas e um pathos sinfônico. Uma joia! A obra transcende a função leve típica das serenatas, antecipando o estilo maduro de Mozart — tanto que ele a rearranjou posteriormente para quinteto de cordas (K. 406), confirmando sua profundidade musical. Já a célebre Serenata No. 13, “Eine kleine Nachtmusik” é a serenata de câmara mais famosa de Mozart (1787), sintetizando graça clássica e perfeição formal em quatro movimentos de brilhante concisão. Seu Allegro inicial é um hino à alegria melódica, mas o Rondó final com seu tema irresistível consagrou-a como símbolo máximo do estilo galante mozartiano — ao mesmo tempo acessível e genial. Mozart compôs mais de 30 serenatas, muitas para eventos sociais, mas essas três mostram sua evolução: da experimentação lúdica (K. 239) à profundidade emocional (K. 388) e à perfeição atemporal (K. 525).
W. A. Mozart (1756-1791): Serenade, K. 239, “Serenata Notturna” – Serenade, K. 388 (384a) – Serenade, K. 525, “A Little Night Music” (Orpheus Chamber Orchestra)
Serenade In D Major, K 239, “Serenata Notturna”
1 Marcia. Maestoso 4:39
2 Menuetto – Trio 4:09
3 Rondeau. Allegretto 4:31
Serenade In C Minor, K 388 (384a), For 2 Oboes, 2 Clarinets, 2 Horns And 2 Bassons
4 Allegro 8:04
5 Andante 4:25
6 Menuetto In Canone – Trio In Canone Al Rovescio 4:13
7 Allegro 6:52
Serenade In G Major, K 525, “a Little Night Music”
8 Allegro 5:24
9 Romance. Andante 5:44
10 Menuetto. Allegretto – Trio 2:12
11 Rondo. Allegro 3:54
Bass – Dennis Godburn, Frank Morelli
Clarinet – Charles Neidich, David Singer (4)
Double Bass – Donald Palma
Horn – David Jolley, William Purvis
Oboe – Randall Wolfgang, Stephen Taylor (2)
Orchestra – Orpheus Chamber Orchestra
Viola – Maureen Gallagher
Violin – Naoko Tanaka, Todd Phillips (4)
Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 4/9/2016.
Tem coisa mais improvável que uma peça jazzística composta por um sujeito chamado Jaromir Hnilička?
Tem: que a peça consista basicamente de uma execução instrumental bastante simples dos cantos litúrgicos da missa católica, seja executada por uma banda de jazz tcheca… e o disco tenha feito sucesso em todo o mundo.
Pois aconteceu, senhores: o disco foi lançado na Europa em 1969, e depois teve edições em todo mundo, inclusive aqui no Brasil, onde o Monge Ranulfus o adquiriu em 1975.
Apesar de ainda possuir o vinil, a ripagem postada foi garimpada na internet por Daniel the Prophet, e Ranulfus apenas tratou de reduzir os estalos com emprego das artes mágica do mestre Avicenna.
Não tenho ideia de se vocês vão gostar ou não dessa música bem feita porém não muito complexa. A mim sempre agradou bastante – especialmente a faixa mais longa, inspirada no Kyrie e sequências, com 11 minutos. E mais não digo.
Ah, digo sim: já que é domingo de manhã… boa missa, né?
MISSA JAZZ
Composta e arranjada por Jaromir Hnilička
Executada pela Gustav Brom Orchestra (1969)
Excelente CD do mestre Nelson Freire interpretando um repertório no qual é super-craque. Eu não sou um apaixonado por Schumann, mas Freire me fala muito de perto sobre como sou errado… Com sonoridades belíssimas, perfeito senso de estilo, o mineiro nos traz o melhor Carnaval que já ouvi. O único crime deste CD é ter fim, porque a gente não cansa de ouvir. Sempre se nota algo mais, uma sutileza adicional que Freire preparou para nós. Então, pare de me ler e baixe logo.
Para quem ouvia música erudita nos anos 80, este é aquele estranho álbum da CBS que trazia dois discos de vinil no mesmo “orifício”, por assim dizer. Isto é, não era um álbum de abrir, era uma capa vagabunda com dois discos dentro. Pura economia da “gravadora pobreza” que só se importava com sua maior estrela, Roberto Carlos. Porém, quem ouviu os discos, sabe o quanto eram bons. Pois esta é a reedição dele em CD. Era uma fase especialmente canora de Glenn Gould. Sua voz pode ser ouvida claramente, principalmente no primeiro CD.
Trata-se de um repertório beethoveniano que não chega a ser habitual, mas que é muito bom.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variations and Bagatelles
1. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Tema. Allegretto; Var. I; Var. II
2. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. III; Var IV; Var. V
3. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. VI; Var. VII; Var. VIII
4. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. IX. Espressivo; Var. X; Var. XI
5. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. XII. Maggiore; Var. XIII; Var. XIV
6. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. XV; Var. XVI
7. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. XVII. Minore; Var. XVIII
8. 32 Variations in C minor for Piano on an original theme, WoO 80: Var. XIX; Var. XX; Var. XXI
9. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxii; Var. Xxiii; Var. Xxiv
10. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxv Leggiermente; Var. Xxvi; Var. Xxvii; Var. Xxviii
11. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxix; Var. XXX
12. 32 Variations In C Minor For Piano On An Original Theme, Woo 80: Var. Xxxi; Var. Xxxii
13. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Tema. Adagio
14. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. I
15. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. II. Allegro, ma non troppo
16. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. III. Allegretto
17. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. IV. Tempo di Minuetto
18. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. V. Marcia. Allegretto
19. Six Variations in F Major for Piano, Op. 34: Var. VI. Allegretto – Coda – Adagio molto
20. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Introduzione col Basso del Tema. Allegretto vivace; a due – Poco adagio – Tempo I; a tre. – adagio – Tempo I; a quattro – Tema
21. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. I
22. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. II – Presto – Tempo I
23. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. III
24. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. IV
25. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. V
26. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VI
27. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VII. Canone all’ottava
28. 15 Variations With Fugue In E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. VIII
29. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. IX
30. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. X
31. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XI
32. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XII
33. 15 Variations With Fugue In E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XIII
34. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XIV. Minore
35. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Var. XV. Maggiore. Largo
36. 15 Variations with Fugue in E-Flat Major Op. 35 “Eroica”: Finale Alla Fuga. Allegro con brio – Adagio – Andante con moto
1. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 1 in E-Flat Major – Andante grazioso, quasi allegretto
2. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 2 in C Major – Scherzo (Allegro)
3. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 3 in F Major – Allegretto
4. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 4 in A Major – Andante
5. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 5 in C Major – Allegro ma non troppo
6. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 6 in D Major – Allegretto, quasi andante (Con una certa espressione parlante)
7. 7 Bagatelles, Op. 33: No. 7 in A-Flat Major – Presto
8. Bagatelles, Op. 126: No. 1 in G Major – Andante con moto canatbile e compiacevole
9. Bagatelles, Op. 126: No. 2 in G minor – Allegro
10. Bagatelles, Op. 126: No. 3 in E-Flat Major – Andante cantabile e grazioso
11. Bagatelles, Op. 126: No. 4 in B minor – Presto
12. Bagatelles, Op. 126: No. 5 in G Major – Quasi allegretto
13. Bagatelles, Op. 126: No. 6 in E-Flat Major – Presto; Andante amabile e con moto
POSTAGEM ORIGINAL DE FDP BACH EM 4 /7/2007, LINK REVALIDADO POR VASSILY EM 30/11/2015
Na estreia de uma nova série aqui no PQP Bach, dedicada à música para dois pianistas, revalidamos uma postagem dos primórdios deste blogue, com a clássica gravação das Danças Húngaras de Brahms tocadas pelas irmãs Labèque. Colorida e cheia de verve, é a melhor introdução possível para estas semanas a quatro mãos que preparamos para vocês.
Vassily Genrikhovich
POSTAGEM ORIGINAL DE FDP BACH EM 4/7/2007
FDP Bach resolveu fazer uma postagem um tanto quanto diferente: as Danças Húngaras de Brahms, mas em uma versão pouco conhecida: para piano a quatro mãos. Possuo esse CD já há alguns anos, e nunca me canso de ouvi-lo, devido à consistência de sua interpretação e também à sua dinâmica.
Esta versão para dois pianos é riquíssima em termos de arranjo. E as irmãs Labèque, Katia e Marielle, bem elas são um caso à parte… além de lindíssimas, são grandes intérpretes. Para quem já teve a oportunidade de assisti-las ao vivo, deve ser difícil saber no que se deve prestar atenção: nas pianistas ou na música… Brincadeiras à parte, vamos ao que interessa.
Johannes Brahms (1833-1897): Danças Húngaras para piano a quatro mãos (Katia e Marielle Labèque)
01 – Allegro molto
02 – Allegro non assai
03 – Allegretto
04 – Poco sostenuto
05 – Allegro
06 – Vivace
07 – Allegretto
08 – Presto
09 – Allegro non troppo
10 – Presto
11 – Poco andante
12 – Presto
13 – Andantino grazioso
14 – Un poco andante
15 – Allegretto grazioso
16 – Con moto
17 – Andantino
18 – Vivace
19 – Allegretto
20 – Poco allegretto
21 – Vivace
Nossa homenagem ao saudoso Ranulfus continuará, também, através da republicação de suas preciosas contribuições ao nosso blog – como esta, que veio à luz em 2/6/2016.
Começo por advertir: este é um trabalho feito de sutilezas. Se você colocar como fundo pra ir fazer outra coisa ao longe, é possível que não veja nele interesse nenhum.
Chico Mello e o Monge Ranulfus nasceram no mesmo ano e na mesma cidade. Mais: quando adolescentes, estudaram na mesma classe de Solfejo e Ditado Musical de dona Beatriz Schütz, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Na ocasião, os dois mostravam interesse em incluir a MPB dentro do horizonte da formação academicista e eurocêntrica ministrada naquela escola, bem como nos experimentos do então nascente minimalismo.
Mas as semelhanças param por aí: logo Ranulfus percebeu que apenas seus nervos sensores tinham paixão e avidez por música, não os motores: por maior apreciador que fosse, jamais se tornaria um realizador efetivo de música, com aquela naturalidade de quem mija, que é a do verdadeiro artista em qualquer área (imagem com que Monteiro Lobato falou a Érico Veríssimo do ato de escrever). Chico tem essa naturalidade.
A vida levou Ranulfus por outros rumos, nunca mais viu Chico pessoalmente, apenas aqui e ali topou com composições suas – o suficiente para notar que suas construções em linguagens contemporâneas não são meramente cerebrais, e sim sempre vivificadas por esse sopro natural, que desde certa altura do século XX parecia haver se refugiado exclusivamente na música chamada “popular”.
Chico estudou composição com Penalva e Koellreuter, mudou-se pra Berlim, fez carreira artística e docente lá e cá. Em 2010 gravou os 3 CDs Vinte Anos entre Janelas, com uma espécie de sinopse dos seus caminhos de 1987 a 2007. O segundo deles, para dar ideia, se chama Mal-entendidos multiculturais, e contém as seguintes duas peças: Todo canto – para soprano, piano, canto indiano e tabla/pakhawa – e Hui Liu ou la vraie musique para músicos chineses e euroamericanos (!) (Mais sobre esses CDs aqui).
Já neste Ao lado da voz, Chico traz seu experimentalismo sonoro para conversar especificamente com uma das suas próprias fontes: a canção dita popular brasileira. Fá-lo com uma voz totalmente cool, como quem quer deixar claro (suponho) que a linha vocal e as palavras não têm primazia, não são “acompanhadas”, e sim parte igualitária no jogo de construções, desconstruções e reconstruções.
Faz pensar em alguma experiência anterior na nossa música? Acho que mais pelo não que pelo sim: no geral soa mais enxuto, mais parcimonioso que o também sutil mas quase-romântico Wisnik. Passa longe das intenções pop de Arrigo Barnabé. Talvez um pouco mais perto do Itamar Assumpção inicial, desde que expurgado do deboche. Minha impressão, enfim, é que ninguém passou tão perto do mesmo espírito quanto Caetano Veloso em Jóia (mas não em Araçá Azul). Minha impressão!
Uma faixa de amostra? Eu diria que a 3, com fragmentos sampleados de Nélson Gonçalves: acho que em nenhuma outra a vanguarda e a tradição se engalfinham tão profundamente. Já das originais do Chico, acho duro o páreo entre a 5 e a 9 – e já falei demais!
FAIXAS
01 Achado (Chico Mello, Carlos Careqa)
02 Cara da barriga (Chico Mello)
03 Pensando em ti (Herivelto Martins, David Nasser)
04 Mentir (Noel Rosa)
05 Chorando em 2001 (Chico Mello, Carlos Careqa)
06 Já cansei de pedir (Noel Rosa)
07 Carolina (Chico Buarque)
08 Eu te amo (Chico Buarque, Tom Jobim)
09 Valsa dourada (Chico Mello)
10 Rosa (Pixinguinha)
11 Paramá (Chico Mello, Walney Costa)
Chico Mello – vocals, guitars, piano, percussion
Ségio M Albach – clarinets
Uli Bartel – violin
Helinho Brandão – bass
Guilherme Castro – electric bass
Ahmed Chouraqui – percussion
Armando Chu – percussion
José Dias de Moraes Neto – clarinets
Wolfgang Galler – synthesizer, bass, percussion
Michael Hauser – bass
Lothar Henzel – bandoneón
Levent – darabuka
Burkhard Schlothauer – violins, bass
Mix: Chico Mello, Burkhard Schlothauer, Thilo Grahman, Ahmed Chouraqui, Gerhard Grell
Em 2014, lembramos dos 250 anos de morte de Jean-Philippe Rameau. Porém, estranhamente, este disco apresenta também obras de um pioneiro musical do século 20: Ligeti! E a coisa funciona!
Vamos pensar um pouco? Rameau e Ligeti têm aqui uma abordagem semelhante: peças curtas, cheias de intenções e humor. Krier aborda as obras sem muitos rodeios ou reverência. Mas faz sentido combinar a música de um mestre barroco francês com obras de vanguarda escritas nos anos 50 do século passado? Pode-se colocar estes dois compositores — Jean- Philippe Rameau (1683-1764) e György Ligeti (1923-2006) — lado a lado? Será que eles têm algo em comum, e, em caso afirmativo, como podem ser vistos tais traços a partir dos pontos de vista de dois séculos totalmente diferentes?
A Musica Ricercata de Ligeti traz de volta um gênero barroco chamado ricercare, um precursor da fuga. A escolha do título foi uma homenagem a Girolamo Frescobaldi, o pai da ricercare. Como no caso da música barroca, Ligeti coloca em cada peça um conjunto rigoroso de regras e limitações. Tais limitações formais e estruturais tornam-se a base de sua escrita, que exibe uma abordagem totalmente intelectual à composição, sempre submetendo-a a um determinado conceito. Visto por esse ângulo, os dois compositores, Rameau e Ligeti…
Chega! Tudo isso é blá-blá-blá. O que interessa mesmo é o julgamento de nossos ouvidos. Ouça e julgue você mesmo.
Jean-Philippe Rameau (1683-1764) / György Sándor Ligeti (1923-2006): Rameau & Ligeti
RAMEAU – Pièces de clavecin – Suite En Sol
01. No. 1 Les tricotets. Rondeau
02. No. 2 L’indifferente
03. No. 3 Menuet – Deuxième menuet
04. No. 4 La poule
05. No. 5 Les triolets
06. No. 6 Les sauvages
07. No. 7 L’enharmonique
08. No. 8 L’égiptienne
LIGETI – Musica Ricercata (11 Stucke fur Klavier)
09. No. 1 Sostenuto – Misurato – Prestissimo
10. No. 2 Mesto, rigido e cerimoniale
11. No. 3 Allegro con spirito
12. No. 4 Tempo di valse – Poco vivace – “a l’orgue de Barbarie”
13. No. 5 Rubato. Lamentoso
14. No. 6 Allegro molto capriccioso
15. No. 7 Cantabile, molto legato
16. No. 8 Vivace. Energico
17. No. 9 Adagio. Mesto – Allegro maestoso (Béla Bartók in Memoriam)
18. No. 10 Vivace. Capriccioso
19. No. 11 Andante misurato e tranquillo (Omaggio a Girolamo Frescobaldi)
RAMEAU – Pièces de clavecin des Concerts
20. premier concert en ut mineur, CRT 7: No. 2, La livri
21. deuxième concert en sol majeur, CRT 8: No. 3, L’agacante
22. troisième concert an la majeur, CRT 9: No. 2, La timide
23. quatrième concert en si bémol majeur, CRT 10: No. 2, L’indiscrète
Esta obra-prima tem uma história atribulada. Rossini iniciou a composição em 1831, após sua aposentadoria das óperas, a convite do cônego espanhol Fernández Varela. No entanto, ele completou apenas parte da obra (números 1 e 5 a 9), devido a problemas de saúde, e pediu que Giovanni Tadolini completasse os restantes, entregando a versão “completa” em 1833. Varela morreu em 1837, e a partitura foi vendida a um editor em Paris — o que provocou a indignação de Rossini. Ele recuperou os direitos da obra e reescreveu integralmente o que não era seu, concluindo o Stabat Mater em sua versão definitiva até 1841. A obra mistura elementos litúrgicos e o estilo operístico refinado de Rossini, resultando em vislumbres profundamente emotivos que desafiam o cânone tradicional da música sacra. A versão completa estreou em 7 de janeiro de 1842, em Paris. O público reagiu com entusiasmo imediato — aplausos intermináveis e repetição de trechos. Na Itália, a estreia ocorreu em Bolonha, sob a batuta de Donizetti, com aclamações equivalentes. Rossini ouviu aplausos que se estenderam até sua casa. Críticos do norte da Europa consideraram a obra “excessivamente mundana e sensual” para um tema religioso. Rossini ignorou as críticas, é óbvio. É uma antecipação do Réquiem de Verdi, graças ao seu poder emocional e andamento sombrio. Para finalizar, esta gravação é daquelas coisas que permanecem por anos imbatível.
Gioacchino Rossini (1792-1868): Stabat Mater (Giulini)
1. Introduzione. Andantino Moderato »Stabat Mater Dolorosa« 9:54
2. Aria (Tenore). Allegretto Maestoso »Cujus Animam Gementem« 6:46
3. Duetto (Soprano I/II). Largo »Quis Est Homo« 7:17
4. Aria (Basso). Allegretto Maestoso »Pro Peccatis Suae Gentis« 5:05
5. Coro (A Cappella) E Recitativo (Basso). Andante Mosso »Eja, Mater, Fons Amoris« 4:49
6. Quartetto (Soli). Allegretto Moderato »Sancta Mater, Istud Agas« 8:46
7. Cavatina (Soprano II). Andante Grazioso »Fac, Ut Portem Christi Mortem« 5:08
8. Aria (Soprano I) E Coro. Andante Maestoso »Inflammatus Et Accensus« 5:16
9. Quartetto (Coro A Cappella). Andante »Quando Corpus Morietur« 5:43
10. Finale. Allegro – Andantino Moderato »Amen. In Sempiterna Saecula« 5:53
Copiei esses 8 CDs — pois estamos falando de um ÁLBUM ÓCTUPLO — , num pen drive e saí por aí de carro ouvindo a coisa. Nossa, é muito SEDUTOR, ATRAENTE, DO CARALHO e apenas me vinha à memória o ÍNCLITO blog Prato Feito, que é absolutamente tarado pela Corte de Dresden (grande Dresden!, diria o pessoal de lá). Parei o carro quatro vezes e cada uma delas foi sem relação alguma com meus compromissos ou EMENTÁRIO; parava apenas pela absurda COERÇÃO vinda da grande Dresden de tantos compositores geniais. A questão sempre era a mesma. O que era mesmo a maravilha que eu estava ouvindo naquele momento em meus ouvidos cheios de sons de um passado que URGE ser REEDIFICADO? Da primeira vez, o culpado foi o INSIDIOSO Telemann, da segunda, o VERMELHO Vivaldi e seu per eco in lontano, da terceira, o DELINQUENTE foi Zelenka e, da quarta, foi o FASCHinante. Todos esses seres andavam por Dresden, como disse o Prato Feito aqui …
Sinto muito, mas tenho que voltar a falar de Dresden. Nessa cidade, nas primeiras décadas do século XVIII, havia muitos grandes compositores. Se você saísse na rua, era capaz de trombar com Pisendel enquanto olhava Hasse do outro lado da rua, cruzava com Zelenka saindo da igreja e, se não olhasse pra cima, ainda era acertado por Veracini caindo de uma janela (e isso é uma outra história). Mas ainda não é de nenhum deles que vamos falar, e sim de um outro sujeito: Johann David Heinichen.
… assim como antes (ou depois, sei lá) falara aqui…
Uma das mais graves perdas históricas da II Guerra Mundial foi o bombardeio e arrasamento da cidade alemã de Dresden, pelas forças dos Estados Unidos. Nessa tragédia se perderam muitas vidas, monumentos e documentos. Após a reunificação alemã, em 1990, Dresden passou por um rápido e bem feito processo de reconstrução, que acabou trazendo de volta grande parte do brilho daquela que foi uma das mais importantes cortes da Alemanha barroca. Musicalmente a cidade foi privilegiada com grandes compositores, dentre os quais dois estão representados neste (no dele) CD.
Oh, esses ianques ignorantes e filhas-da-puta! Deviam ter feito RETROPERISTALTISMO com suas bombas! Ah, e aqui, falando sobre o imenso Schütz…
No entanto nunca compôs música puramente instrumental, e toda a sua obra profana foi perdida. Viveu em Dresden (grande Dresden!), e morreu em 1672.
Grande Dresden, repito! Tchê, Dresden é o canal e eu desafio o pessoal do Prato Feito a gostar mais de Dresden do que nós.
Que esta postagem épica sirva de PRESENTE do PQP para a massa sedenta que segue nosso blog nos três hemisférios, doze continentes e na Via Láctea, onde se DERRAMAM — como os milhões de espermatozóides que EJACULAREI logo mais à noite dentro de minha amada — as sementes de POLINIZAÇÃO de beleza que fazem sorrir a blogosfera e suas margens.
E vou ali na mesa beber mais um pouco, OK?
Ah, intérpretes excelentes, impecáveis.
IM-PER-DÍ-VEL !!!
Sobre Dresden, Harry Crowl comentou:
dezembro 24th, 2010 às 11:21
Essa antologia é muito impressionante. Já conhecia 4 desses Cds que acompanham o belíssimo livro “Dresden”, com as pinturas do sec.XVIII realizadas por Canaletto. Ganhei esse livro quando estive lá em 2007, de uma grande amiga soprano que mora lá.
Queria fazer um esclarecimento em relação ao bombardeio de Dresden. O mesmo foi perpetrado pela Força Aérea Britânica (RAF), com um certo apoio logístico americano. Mas, a ordem veio do alto comando inglês, com aquiescência de Churchill. Os alemães dizem que foi uma vingança pelo bombardeio de Coventry, mas, na verdade, os ingleses já sentindo que não iam mais mandar no mundo, queriam assustar os russos que já estavam chegando perto e não estavam muito inclinados a respeitar os tratados. Durante o período da DDR, a cidade não teve seu monumentos reconstruídos. Depois da reunificação, tudo foi restaurado e reconstruído como era. A cidade voltou a ser exuberante. A reconstrução foi financiada inclusive com dinheiro inglês. A Inglaterra reconheceu o crime que cometera e pediu perdão oficialmente ao povo alemão. Quando a Frauenmarienkirche foi reinaugurada, os dirigentes máximos dos dois países estavam presentes e foi estabelecido o dia do perdão, que me parece que é celebrado em Dresden anualmente. O bombardeio matou tanta gente quanto uma das bombas atômicas. Um dos livros mais interessantes sobre o bombardeio é “Slaughterhouse 5″, de Kurt Vonnegut, que era um prisioneiro americano dos alemães e estava detido em Dresden durante o bombardeio.
Vivaldi, Telemann, Heinichen, Fasch, Graun, Pisendel, Quantz, Zelenka, Hasse, Ariosti, A. Scarlatti, Fux: Música na Corte de Dresden
Disc 1:
Antonio Vivaldi – Concerto for Violin, 2 Oboes, 2 Recorders and Bassoon in G minor, RV 577 1. Concerto for Violin, 2 Oboes, 2 Recorders and Bassoon in G minor, RV 577: 1st movement
2. Concerto for Violin, 2 Oboes, 2 Recorders and Bassoon in G minor, RV 577: 2nd movement, Largo non molto
3. Concerto for Violin, 2 Oboes, 2 Recorders and Bassoon in G minor, RV 577: 3rd movement, Allegro
Georg Philipp Telemann – Concerto for Violin, Hunting Horn & BC in D major 4. Concerto for Violin, Hunting Horn and Basso continuo in D major: 1st movement, Vivace
5. Concerto for Violin, Hunting Horn and Basso continuo in D major: 2nd movement, Adagio
6. Concerto for Violin, Hunting Horn and Basso continuo in D major: 3rd movement, Allegro
Johann David Heinichen – Concerto for 2 Oboe, 2 Flutes, Violin, 2 Horns & BC in F major 7.Concerto for 2 Oboe, 2 Flutes, Violin, 2 Horns and Basso continuo in F major: 1st movement, Allegro
8. Concerto for 2 Oboe, 2 Flutes, Violin, 2 Horns and Basso continuo in F major: 2nd movement, Andante
9. Concerto for 2 Oboe, 2 Flutes, Violin, 2 Horns and Basso continuo in F major: 3rd movement
Johann Friedrich Fasch – Concerto for 2 Trumpets, 2 Horns, 2 Oboes, Bassoon, Strings & BC 10. Concerto for 2 Trumpets, 2 Horns, 2 Oboes, Bassoon, Strings and Basso Continuo: 1st movement, Allegro
11. Concerto for 2 Trumpets, 2 Horns, 2 Oboes, Bassoon, Strings and Basso Continuo: 2nd movement, Andante
12. Concerto for 2 Trumpets, 2 Horns, 2 Oboes, Bassoon, Strings and Basso Continuo: 3rd movement, Allegro
Johann Gottlieb Graun – Concerto for 2 Violins, 2 Horns, Strings & BC in G major 13. Concerto for 2 Violins, 2 Horns, Strings and Basso Continuo in G major: 1st movement
14. Concerto for 2 Violins, 2 Horns, Strings and Basso Continuo in G major: 2nd movement, Adagio
15. Concerto for 2 Violins, 2 Horns, Strings and Basso Continuo in G major: 3rd movement, Allegro molto con spirito
Johann Georg Pisendel – Sinfonia in B major 1. Sinfonia in B major: Allegro di molto
2. Sinfonia in B major: Andantino
3. Sinfonia in B major: Tempo di menuet
Johann Georg Pisendel – Concerto for Violin, 2 Oboes, Strings & BC in D major 4. Concerto for Violin, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major: Vivace
5. Concerto for Violin, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major: Andante
6. Concerto for Violin, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major: Allegro
Johann Georg Pisendel – Concerto for 2 Oboes, Bassoon, Strings & BC in E flat major 7. Concerto for 2 Oboes, Bassoon, Strings and Basso Continuo in E flat major
Georg Philipp Telemann – Concerto for Violin in F major 8. Concerto for Violin in F major: Presto
9. Concerto for Violin in F major: Corsicana-Un poco grave
10. Concerto for Violin in F major: Allegrezza
11. Concerto for Violin in F major: Scherzo
12. Concerto for Violin in F major: Chasse
13. Concerto for Violin in F major: Polacca
14. Concerto for Violin in F major: Minuetto
Antonio Vivaldi – Concerto in C major, RV 558 1. Concerto in C major, RV 558
2. Concerto in C major, RV 558
3. Concerto in C major, RV 558
Antonio Vivaldi – Concerto for Oboe in F major, RV 455 4. Concerto for Oboe in F major, RV 455
5. Concerto for Oboe in F major, RV 455
6. Concerto for Oboe in F major, RV 455
Antonio Vivaldi – Concerto for Viola d’Amore and Lute in D minor, RV 540 7. Concerto for Viola d’Amore and Lute in D minor, RV 540
8. Concerto for Viola d’Amore and Lute in D minor, RV 540
9. Concerto for Viola d’Amore and Lute in D minor, RV 540
Antonio Vivaldi – Concerto for 4 Violins in A major, RV 552 “Per eco in lontano” 10. Concerto for 4 Violins in A major, RV 552 ‘Per eco in lontano’
11. Concerto for 4 Violins in A major, RV 552 ‘Per eco in lontano’
12. Concerto for 4 Violins in A major, RV 552 ‘Per eco in lontano’
Antonio Vivaldi – Sinfonia for Strings in G major, RV 149 13. Sinfonia for Strings in G major, RV 149
14. Sinfonia for Strings in G major, RV 149
15. Sinfonia for Strings in G major, RV 149
Antonio Vivaldi – Concerto for Violin and Oboe in G minor, RV 576 16. Concerto for Violin and Oboe in G minor, RV 576
17. Concerto for Violin and Oboe in G minor, RV 576
18. Concerto for Violin and Oboe in G minor, RV 576
Georg Philipp Telemann – Concerto for Violin 3 Horns 2 oboes in D major 1. Concerto for Violin, 3 Hunting Horns, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major
2. Concerto for Violin, 3 Hunting Horns, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major
3. Concerto for Violin, 3 Hunting Horns, 2 Oboes, Strings and Basso Continuo in D major
Johann Joachim Quantz – Concerto for 2 flutes 4. Concerto for 2 Flute, Strings and Basso Continuo in G minor
5. Concerto for 2 Flute, Strings and Basso Continuo in G minor
6. Concerto for 2 Flute, Strings and Basso Continuo in G minor
Antonio Vivaldi – Concerto for 2 Violins, 2 Oboes and Bassoon in D major, RV 564a 7. Concerto for 2 Violins, 2 Oboes and Bassoon in D major, RV 564a
8. Concerto for 2 Violins, 2 Oboes and Bassoon in D major, RV 564a
9. Concerto for 2 Violins, 2 Oboes and Bassoon in D major, RV 564a
Jan Dismas Zelenka – Capriccio in A major for 2 oboes, fagott, 2 horns ZWV 185 (*) 10. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
11. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
12. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
13. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
14. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
15. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
16. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185
Jan Dismas Zelenka – Capriccio in C major for 2 oboes, fagott, 2 horns ZWV 183 1. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Allegro
2. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Canarie
3. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Gavotte
4. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Rondeau
5. Capricci (5): no 2 in G major, ZWV 183: Menuetto
Jan Dismas Zelenka – Laudate pueri in D major, ZWV 81 (**) 6. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Laudate pueri
7. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Qui sicut Dominus
8. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Amen
Jan Dismas Zelenka – Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190 9. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Allegro
10. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Menuetto 1 & 2
11. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Trio ‘Il contento’
12. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Presto assai ‘Il furibondo’
13. Capricci (5): no 5 in G major, ZWV 190: Villanella 1 & 2
Jan Dismas Zelenka – Confitebor tibi Domine in C minor, ZWV 71 14. Confitebor tibi Domine in C minor, ZWV 71: Confitebor tibi Domine
15. Confitebor tibi Domine in C minor, ZWV 71: Memoriam fecit
Jan Dismas Zelenka – Capriccio in A major for 2 oboes, fagott, 2 horns ZWV 185 (*) 16. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Allegro assai
17. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Adagio
18. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Aria
19. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: En tempo de canarie
20. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Menuet 1 & 2
21. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Andante
22. Capricci (5): no 4 in A major, ZWV 185: Paysan 1 & 2
Jan Dismas Zelenka – Missa Dei Patris in C major, ZWV 19 1. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Kyrie eleison 1
2. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Christe eleison
3. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Kyrie eleison 2
4. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Gloria in excelsis Deo
5. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Domine Deus
6. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Domine Fili
7. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Qui sedes ad dexteram
8. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Quoniam tu solus Sanctus
9. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Cum Sancto Spiritu
10. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Credo in unum
11. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Et incarnatus est
12. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Cruxifixus
13. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Et resurrexit
14. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Et vitam venturi saeculi
15. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Sanctus
16. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Benedictus
17. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Osanna
18. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Agnus Dei
19. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Agnus Dei
20. Missa Dei Patris in C major, ZWV 19: Dona nobis pacem
Johann Adolf Hasse- Mass in G minor 1. Mass in G minor: Kyrie eleison 1
2. Mass in G minor: Christe eleison
3. Mass in G minor: Kyrie eleison 2
4. Mass in G minor: Gloria in excelsis Deo
5. Mass in G minor: Gratias agimus tibi
6. Mass in G minor: Domine Deus, Rex caelestis
7. Mass in G minor: Domine Fili unigenite
8. Mass in G minor: Domine Deus
9. Mass in G minor: Qui tollis peccata mundi
10. Mass in G minor: Quoniam tu solus sanctus
11. Mass in G minor: Cum Sancto Spiritu
12. Mass in G minor: Credo in unum Deum
13. Mass in G minor: Et incarnatus est
14. Mass in G minor: Crucifixus etiam pro nobis
15. Mass in G minor: Et resurrexit tertia die
16. Mass in G minor: Ad te levavi animam meam
17. Mass in G minor: Sanctus
18. Mass in G minor: Benedictus
19. Mass in G minor: Hosanna in excelsis
20. Mass in G minor: Agnus Dei
Jan Dismas Zelenka – Laudate pueri in D major, ZWV 81 (**) 1. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Laudate pueri
2. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Quis sicut Dominus
3. Laudate pueri in D major, ZWV 81: Amen
Attilio Ariosti – O quam suavis est 4. O quam suavis est: O quam suavis est
5. O quam suavis est: Panem quem coelum dat
Alessandro Scarlatti – Su le sponde del Tebro 6. Su le sponde del Tebro: Sinfonia
7. Su le sponde del Tebro: Su le sponde del Tebro
8. Su le sponde del Tebro: Sinfonia
9. Su le sponde del Tebro: Contentatevi
10. Su le sponde del Tebro: Mesto, stanco e spirtante
11. Su le sponde del Tebro: Infelici miei lumi
12. Su le sponde del Tebro: Dite almeno
13. Su le sponde del Tebro: Ritornell
14. Su le sponde del Tebro: All’ aura
15. Su le sponde del Tebro: Tralascia pur di piangere
Johann David Heinichen – Lamentatio 16. Lamentatio: Incipit lamentation
17. Lamentatio: Beth
18. Lamentatio: Ghimel
19. Lamentatio: Daleth
20. Lamentatio: He
Johann Joseph Fux – Plaudite sonat tuba 21. Plaudite: Plaudite, sonat tuba
22. Plaudite: Dum exultat de morte Salvator
23. Plaudite: Mortales, vicit Leo de ttribu Juda
24. Plaudite: O! peccator gaude
25. Plaudite: Alleluja!
(*) e (**) — Não é um engano de PQP Bach. A edição original colocou estas duas peças repetidas na coletânea.
Peter Schreier (Tenor)
René Jacobs (Countertenor)
Ludwig Güttler (Trumpet)
Ralph Eschrig (Tenor)
Dagmar Schellenberger (Soprano)
Axel Köhler (Countertenor)
Egbert Junghanns (Bass)
Olaf Bär (Bass, Baritone)
Reinhart Ginzel (Tenor)
Atualizando link de postagem lá de 2016. O disco continua atual, e Frang já mais que se estabeleceu como uma das grandes violinistas da atualidade. O Concerto de Korngold é impecavelmente interpretado, assim como o de Britten. Vale a audição.
Estamos elegendo uma nova musa no PQPBach: Vilde Frang. Não vamos afirmar que esteja ocupando o lugar de Mullova, ou de Mutter, mas está aos poucos galgando os degraus parar chegar lá, ainda mais depois de lançar este discaço com os concertos de Britten e de Korngold.
Frang está totalmente a vontade tocando estas obras. Expõe uma emotividade latente, que permeia todo o concerto, principalmente o de Korngold, diga-se de passagem, e muitas vezes parece que estamos assistindo a um filme hollywoodiano dos anos 40 ou 50, quando o compositor era um exilado nas terras americanas, e compunha para os filmes produzidos nos estúdios de Hollywood.
Este CD é bem recente, foi lançado no final de fevereiro, e já conquistou cinco estrelas entre os clientes da amazon, e creio que aqui não será diferente.
Benjamin Britten (1913-1976), Eric Wolfgang Korngold (1897-1957) – Violin Concerto
01. Korngold -Violin Concerto in D Major Op. 35 I Moderato nobile
02. Violin Concerto in D Major Op. 35 II Romanze
03. Violin Concerto in D Major Op. 35 III Allegro assai vivace
04. Britten – Violin Concerto in D Minor, Op. 15 I Moderato con moto – Agitato – Tempo primo
05. Violin Concerto in D Minor, Op. 15 II Vivace – Animando – Largamente – Cadenza
06. Violin Concerto in D Minor, Op. 15 III Passacaglia – Andante lento (Un poco meno mosso)
Vilde Frang – Violin
Frankfurt Radio Symphony
James Gaffigan – Conductor
Esta é uma reedição de uma postagem original de nosso editor chefe, Herr PQP Bach! Eu gosto tanto deste disco que tenho umas duas cópias do CD e os arquivos digitais em vários formatos. Como estamos festejando os 340 anos desde o nascimento do Domenico, achei próprio reapresentar a postagem para a boa lembrança dos antigos PQP Bachianos, assim como para a devida apresentação aos novos frequentadores… Aqui está o texto original da postagem, com a picardia e concisão que são próprias do nosso CEO:
Domenico Scarlatti é um compositor barroco — quase clássico — italiano que anda meio fora de moda. Filho de um compositor maior, Alessandro Scarlatti, suas maiores contribuições para a música foram suas pequenas e numerosas sonatas para teclado em um único movimento, em que empreendeu abordagens harmônicas bastante inovadoras, apesar de ter composto também obras para orquestra e voz. Gente, ele compôs mais de 500 Sonatas! Embora tenha vivido no período que corresponde ao auge da música barroca européia, suas composições, mais leves e homofônicas, têm estilo mais próximo daquele do início do período clássico. Ivo Pogorelich interpreta espetacularmente bem esta 15 Sonatas. Não há exageros nem economia. Pogo trabalhou para a música. A interpretação da Sonata K. 380, faixa 15 do CD, por exemplo, é uma pérola de perfeição.
Domenico Scarlatti (1685-1757)
Sonatas
1 K. 20 In E Major 3:31
2 K. 135 In E Major 4:16
3 K. 9 In D Minor 4:14
4 K. 119 In D Major 5:14
5 K. 1 In D Minor 2:30
6 K. 87 In B Minor 6:21
7 K. 98 In E Minor 3:18
8 K. 13 In G Major 4:24
9 K. 8 In G Minor 5:55
10 K. 11 In C Minor 2:53
11 K. 450 In G Minor 3:32
12 K. 159 In C Major 2:31
13 K. 487 In C Major 3:52
14 K. 529 In B Flat Major 2:30
15 K. 380 In E Major 4:59
Abertura da resenha desse disco na famosa Gramophone: Although this anthology is weighted towards more familiar sonatas, the programming is sufficiently intelligent and varied for one to sample a fairly comprehensive range of the composer’s keyboard style. Five of the sonatas, at least, featured in Horowitz’s repertoire, and consequently one is rather tempted to compare the two pianists. Pogorelich really does not come off too badly.
Não sair tão mal ao ser comparado à Horowitz é muita coisa…
Sem dúvida, um tremendo CD. Bem, com Perahia e Lupu seria difícil ser diferente. O Concerto para Dois Pianos, K. 365, foi composto por volta de 1779 e é uma das obras mais brilhantes e expressivas do repertório concertístico de Mozart. Mozart escreveu este concerto para tocar junto com sua irmã, Nannerl, que também era uma excelente pianista. Este concerto reside há décadas em meu combalido cérebro. É uma joia que mostra um incrível domínio tanto da forma concertante quanto da expressividade musical. Música bonita e grudenta pacas. O Concerto para Três Piano, K. 242, já é bem mais fraco. Depois melhora: a Fantasia em Fá Menor para Órgão Mecânico, K. 608, composta em 1791, é uma das obras mais enigmáticas e tecnicamente desafiadoras do compositor. Originalmente escrita para um órgão mecânico (um instrumento automático similar a uma caixa de música, mas enorme), ela é frequentemente executada em versões para piano a quatro mãos ou órgão tradicional. Foi encomendada pelo Conde Joseph Deym, que possuía um museu de curiosidades em Viena, incluindo um órgão mecânico acoplado a um mausoléu! A peça lembra o estilo barroco, mas com um drama tipicamente mozartiano. As Variações K. 501 foram escritas para tocar a 4 mãos com sua aluna e amiga Franziska von Jacquin, em saraus privados em Viena. Devia ser uma boa aluna porque a coisa não é simplesinha não. É uma das poucas obras para piano a quatro mãos de Mozart.
W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para 2 & 3 Pianos / Fantasia, K. 608 / Andante e Variações para 4 mãos, K. 501 (English Chamber Orchestra, Perahia, Lupu)
Concerto For 2 Pianos & Orchestra In E-flat Major, K. 365 (K. 316a)
1 I. Allegro 9:36
2 II. Andante 7:09
3 III. Rondeaux: Allegro 6:35
Concerto For 3 Pianos & Orchestra In F Major, K. 242 “Lodron” Concerto
Arranged By [For 2 Pianos] – W. A . Mozart*
4 I. Allegro 8:07
5 II. Adagio 7:11
6 III. Rondo: Tempo Di Menuetto 5:16
Fantasia In F Minor, K. 608 (For Organ)
Arranged By [For 2 Pianos] – Ferruccio Busoni
7 I. Allegro Ritenutto 3:10
8 II. Andante 4:23
9 III. Allegro Ritenuto 2:33
Andante And Variations For Four Hands In G Major, K. 501
10 Andante 1:13
11 Variation I 1:06
12 Variation II 1:04
13 Variation III 1:01
14 Variation IV 1:24
15 Variation V 2:03
Orchestra – English Chamber Orchestra (tracks: 1 to 6)
Piano – Murray Perahia, Radu Lupu
Eu poderia tentar escrever vários adjetivos para a música de Mendelssohn. Mas eu sei que jamais faria isto tão bem quanto outro integrante do PQP Bach: o Carlinus. Ele tem uma sensibilidade enorme para a música e principalmente para a música de Mendelssohn. Ele sabe traduzir os pensamentos e sentimentos em palavras. Pega aquelas impressões fantásticas em que nós pensamos e sentimos enquanto ouvimos música e traduz essas emoções em palavras… E eu considero isso algo muito bonito e difícil de conseguir fazer. Sim, eu tenho sentimentos, e ao ouvir música também me deixo “levar”, mas guardo o que sinto para mim. As sonatas para violoncelo e piano de Mendelssohn são muito legais. Adoro ouvir essas belezas. Meu primeiro contato com elas foi aqui no blog, justamente através do Carlinus. Fiz o pedido, ele demorou um tiquinho, depois respondeu e postou. Fiquei semanas ouvindo e feliz da vida porque fui atendido por ele. Hoje estou aqui para tentar retribuir a atenção que me foi dada presenteando vocês e o nosso amigo Carlinus com estas mesmas sonatas outrora postadas pelo mesmo (esse texto ta parecendo B.O. policial…). Esta versão é sublime, e é muito bem interpretada por Antonio Meneses, na companhia de Gérard Wyss. Espero que vocês gostem.
OBS.: Carlinus, brigado por me ajudar a conhecer a música de Mendelssohn!
Felix Mendelssohn (1809-1847): Música para Violoncelo e Piano (Antonio Meneses e Gérard Wyss)
01. Sonata # 1, Op. 45 – I. Allegreo vivace
02. II. Andante
03. III. Allegro assai
04. Sonata # 2 Op. 58 – I. Allegro assai vivace
05. II. Allegretto scherzando
06. III. Adagio
07. IV. Molto allegro e vivace
08. Variations Concertantes Op. 17
09. Lied ohne Worte, Op.19 #1
10. Lied ohne worte, Op.19 #3 Jägerlied
11. Assai tranquillo
12. Lied ohne Worte, Op.109
13. Lied ohne Worte, Op.19 #6 Venetianisches Gondellied
Postagem originalmente realizada em 2016, algumas semanas antes do falecimento do meu sogro, então a situação estava bem complicada em casa. Minha esposa tinha de se desdobrar entre cuidar do pai e ir trabalhar. Estou atualizando os links por se tratar de Georges Szell regendo Beethoven, creio que este seja um bom motivo, não acham?
Hoje eu acordei ansiando por Beethoven. E meio que me veio às mãos este CD de George Szell, mas nada é por acaso. Ainda mais quando se trata da Quinta Sinfonia. Claro que corri para colocar o CD para tocar, e nos primeiros acordes da própria Quinta Sinfonia pensei comigo mesmo: era isso mesmo que eu queria ouvir nesta manhã de feriado cristão, o Corpus Christi.
Enquanto esteve frente a Sinfônica de Cleveland, George Szell era constatemente convidado para reger as mais diversas orquestras. E neste Cd temos o grande maestro húngaro à frente de duas das principais destas orquestras européias: a do Concertgebow de Amsterdam e a Filarmônica de Viena.
Aliás, temos neste CD uma obra que poucas vezes apareceu por aqui na sua íntegra, na verdade creio que nunca a trouxemos: a música que Beethoven fez para a peça de Goethe, Egmont.
Como não poderia deixar de ser, temos dois grandes registros fonográficos, realizados nos últimos anos de vida do maestro, nos anos 60.
Para se ouvir à exaustão., afinal de contas é Beethoven, ora bolas !!!
1- Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – I. Allegro con brio
2 – Symphony No.5 in C minor, Op.67 – II. Andante con moto
3 – Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – III. Allegro
4 – Beethoven Symphony No.5 in C minor, Op.67 – IV. Allegro
Concertgebouw Orchestra, Amsterdam
George Szell – Conductor
5 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – I. Overture
6 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – II. Lied. Vivace ‘Die Trommel geruhret’
7 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – III. Zwischenakt I. Andante
8 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – IV. Zwischenakt II. Larghetto
9 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – V. Lied. Andante con moto ‘Freudvoll und leidvoll’
10 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VI. Zwischenakt III. Allegro – Marcia
11 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VII. Zwischenakt IV. Poco sostenuto e risoluto
12 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – VIII. Clarchens Tod. Larghetto
13 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – IX. Melodrama. Poco sostenuto
14 – Beethoven Incidental Music to Egmont, Op.84 – X. Siegessymphonie. Allegro con brio
Pilar Lorengar – Soprano
Klaus-Jürgen Wussow – Narrator
Wiener Philharmoniker
Nascido na França e filho de pais suíços, Arthur Honegger estudou no Conservatório de Zurich (1910-11), imerso na tradição alemã do contraponto e na música mais moderna de Wagner, R. Strauss e Reger. Após se mudar para Paris (onde foi aluno de Widor e seguiu estudando contraponto), ele escreveria em 1915 em uma carta para seus pais: minhas simpatias pela nova música francesa crescem a cada dia. Conheci e apreciei Reger e Strauss na Suíça, e continuo a gostar deles, mas percebi que compositores como Debussy, Dukas, d’Indy, Florent Schmitt e outros são mais novos e mais originais, e sobretudo têm mais sentimentos do que os alemães modernos.
A influência de Debussy e de Fauré é evidente na linguagem harmônica de Honegger, mas sua música costuma ter muito mais passagens em contraponto e imitação do que a da maioria dos franceses, provavelente por influência de Beethoven e Bach. Em 1925, Honegger escreveu: Pode-se facilmente encontrar Bach na origem de todas as minhas obras.
Entre essas obras, se destacam os três Movimentos Sinfônicos da década de 1920, incluindo Pacific 231, que imita o movimento de um trem (obra que estreou no Rio de Janeiro ainda em 1929 e que Villa-Lobos certamente ouviu, no Rio ou em Paris, antes de compor o seu Trenzinho do Caipira das Bachanias nº 2, de 1930-34). Nos anos 1930, não conseguindo emplacar muitos sucessos nas salas de concerto, Honegger compôs música incidental para rádio, música de cabaré, música de partido de esquerda e 24 trilhas sonoras de filmes. Finalmente em 1938 ele voltou a fazer sucesso como compositor sério, com a estreia do oratório Joana d’Arc na fogueira, a partir do libreto do poeta Paul Claudel. No fim da década de 30 e sobretudo na de 40, Honegger compôs suas Sinfonias nº 2, 3, consideradas por muitos como suas obras-primas. Na 3ª e na 4ª, para orquestra sinfônica, passagens em contraponto alternam com uma orquestração que às vezes soa como música de filme, e lembra nesse sentido Shostakovich, por usar alguns efeitos orquestrais simples, às vezes apelando para clichês, mas com efeitos que sempre chamam a atenção e fazem as passagens atonais soarem palatáveis. Honegger, como Shostakovich, mistura a tradição com a inovação (aliás, além de ambos terem composto música de filme, ambos se destacam como compositores de sinfonias, forma musical que revolucionários como Debussy, Schoenberg e Boulez julgavam antiquada). Mais uma citação de Honegger: “Minha inclinação e meu esforço sempre foram no sentido de escrever música que fosse compreensível para o grande público e ao mesmo tempo suficientemente livre de banalidade para interessar aos genuínos amantes da música… Quis impressionar a esses dois públicos: os especialistas e a multidão.” (Citado por Keith Waters)
Na 2ª Sinfonia, para cordas com uma pequena participação de um trompete, a orquestração com menos instrumentos faz com que o desenvolvimento temático apareça de forma mais explícita, como também é o caso da Música para cordas, percussão e celesta de Bartók. Ambas as obras, assim como a 4ª de Honegger, foram encomendadas e estreadas pelo bilionário Paul Sacher e sua orquestra de câmara da Basileia (Basler Kammerorchester). Vamos nos concentrar aqui em algumas grandes gravações das sinfonias nº 2 e 3.
Para a 2ª Sinfonia, composta durante a 2ª Guerra, veremos logo abaixo que as interpretações se dividem em dois grupos: as que enfatizam a tensão e nervosismo e as que soam menos nervosas e mais pendendo para o luto e a reflexão. Em todo caso, embora seja famosa como uma das “sinfonias de guerra” do repertório do século XX, não é uma obra programática: o autor afirmou que, se a sinfonia gera certas emoções, é simplesmente porque essas emoções estavam presentes naquele momento histórico. O fim da sinfonia é mais alegre e um tanto wagneriano, mas não daremos spoilers para quem ainda não conhece…
Na 3ª, composta poucos meses após o fim da 2ª Guerra e estreada por Charles Munch em 1946, já há um programa mais explícito: o autor deu a cada movimento um subtítulo em latim proveniente da liturgia cristã, daí o nome “Sinfonia Litúrgica”, embora não haja outra conotação especialmente religiosa ou melodias cristãs emprestadas. O 1º movimento é um allegro (Dies iræ), o 2º um adagio (De profundis) e o 3º um andante (Dona nobis pacem), que se abre com uma espécie de Marcha Fúnebre, especialidade dos franceses desde a Symphonie fantastique de Berlioz e a 2ª Sonata de Chopin. Sobre essa marcha, Honneger escreveu que queria retratar “justamente a ascensão da estupidez coletiva… A vingança da besta contra o espírito…” Lembrando que se tratava de um pós-guerra no qual a estupidez tinha realmente atingido níveis supremos. Mas, assim como na 2ª sinfonia, também aqui o final é alegre, só que em vez do clímax wagneriano da sinfonia anterior, aqui temos um clima bucólico que lembra Debussy: as nuvens pesadas vão embora e os pássaros cantam de forma nada mecânica. Vamos às comparações:
Ansermet e o Honegger intelectual
Espero que vocês tenham gostado das homenagens aos 160 anos de Debussy. Para mim, foi a oportunidade de ouvir novamente alguns grandes intérpretes de Debussy, como Toscanini, Martinon, e alguns nomes menos óbvios como Svetlanov, Baudo e Hewitt. Hoje seguimos com outro grande mensageiro da música de Debussy, Ernest Alexandre Ansermet (1883-1969), que esteve aqui no blog há algumas semanas na (re)postagem de FDP Bach.
Ansermet também foi um grande intérprete de Stravinsky e Honegger, estreando obras dos dois e tendo em comum com este último o fato de ter passado a vida entre a França e a Suíça. Nesse disco com as duas “sinfonias de guerra” além da 4ª sinfonia, Ansermet e seus músicos suíços parecem enfatizar menos as emoções das “sinfonias de guerra” e mais a genialidade de Honneger em seus desenvolvimentos de temas, contrapontos e orquestração cuidadosa. Com uma gravação de alta qualidade, podemos ouvir com clareza alguns detalhes sutis, por exemplo os baixos no início do 2º mov. da 2ª sinfonia ou o solo de cello no momento mais calmo do 3º mov. da 3ª sinfonia (p.ex. aos 8m20s). São interpretações calmas, intelectuais, podemos até lembrar que os mais velhos entre aqueles músicos suíços devem ter passado a 2ª Guerra em segurança naquele país neutro, sem o nervosismo que vivia, por exemplo, o francês Charles Munch como veremos logo abaixo.
Arthur Honegger (1892-1955):
1-3. Symphony no.2 For Trumpet And Strings: I. Molto moderato – allegro; II. Adagio mesto; III. Vivace, non troppo
4-6. Symphony no.3, “Liturgique”: I. “Dies Irae” Allegro marcato; II. “De Profundis Clamavi” Adagio; III. “Dona Nobis Pacem” Andante
7-9. Symphony no.4, “Deliciæ Basilienses”: I. Lento e misterioso – Allegro; II. Larghetto; III. Allegro
Orchestre de la Suisse Romande
Ernest Ansermet
Recorded at Victoria Hall, Geneva: 1961 (Symphony No. 2), 1968 (Symphonies No. 3-4)
Provavelmente esse é o disco com mais notas levemente desafinadas ou pizicatti desencontrados postado neste blog nos últimos meses. Mas nesses tempos em que cantores da moda exageram no autotune e tudo tem que soar perfeitinho, é importante conhecermos algumas gravações ao vivo como essas feitas por Charles Munch (1891-1968) em turnê pela Europa (França, Suíça, Espanha e Finlândia) em 1962 e 64. Os eventuais desencontros entre as cordas são compensados pela tensão fortíssima da orquestra tocando em andamentos bem mais rápidos do que os de Ansermet. Mais rápidos também do que a Orchestre de Paris na gravação posterior da 2ª Sinfonia que Munch faria no seu último ano de vida. Aqui nessa apresentação ao vivo em 1964, a Orchestre National de France corre em todos os movimentos e sobretudo no último, com um Presto final loucamente acelerado que dura apenas 4m51s (a faixa é mais longa por causa dos aplausos). É um tipo de tensão que também combina com uma sinfonia conhecida como “de guerra”, e lembremos ainda que Charles Munch regeu a segunda apresentação dessa sinfonia em 1942 em Paris ainda sob ocupação nazista. E nessas gravações ao vivo temos uma amostra daquele tipo de nervosismo: a sensação de que o campo é minado, com um passo em falso, tudo pode dar errado, a orquestra corre muitos riscos e viver é desenhar sem borracha (frase do Millôr Fernandes).
Em 1969, Karajan/Berlin P.O. fariam um último movimento igualmente acelerado, mas algumas gravações seguintes – Plasson/O.C. Toulouse (1979), Rozhdestvensky/USSR M.C.S.O. (1986) e Leducq-Barôme/Baltic C.O. (2018) – seriam um pouco mais lentas e bem comportadas, menos incisivas.
Arthur Honegger (1892-1955):
1. Le Chant de Nigamon
2. Pastorale d’été
3-5. Symphony no.2 For Trumpet And Strings: I. Molto moderato – allegro; II. Adagio mesto; III. Vivace, non troppo
6-8. Symphony no.5: I. Grave; II. Allegretto; III. Allegro marcato
Orchestre National de France
Charles Munch
Recorded live: Paris, 1962 (Chant), Basel, 1962 (Pastorale d’été), San Sebastian, 1964 (Symphony no. 2), Helsinki, 1964 (Symphony no. 5)
Jean Fournet e a lenta marcha da estupidez coletiva
Jean Fournet (1913-2008) foi um regente francês mais associado a ópera, mas que também regeu muita música instrumental de seus contemporâneos como Messiaen, de Falla e Ibert. Sua única gravação de Honegger foi esta, aos 80 anos – ao contrário de Ansermet e Munch, íntimos do compositor e dessas obras desde a estreia – mas ele mostra uma boa familiaridade com Honegger e o disco é talvez a melhor introdução para quem não conhece o compositor, por trazer obras de diferentes períodos, como a Pastorale d’été (1920), obra com climas debussystas, feita por um jovem em busca de sua voz, e Pacific 231 (1923), primeiro grande sucesso de Honegger e já com suas características típicas. Como descreveu o compositor: “A obra inicia com uma contemplação subjetiva, o respirar quieto de uma máquina em descanso, [a seguir] seu esforço para começar, a velocidade que aumenta gradativamente […] Musicalmente, eu compus uma espécie de um grande e diversificado coral, repleto de contraponto à maneira de J. S. Bach”
E na 3ª Sinfonia, Jean Fournet e seus músicos holandeses fazem a marcha do 3º movimento de forma muito lenta, grandiosa, uma marcha da estupidez coletiva com toda a pompa e sem perder nenhum detalhe. E o primeiro flautista brilha no final, com um som fluido, irregular, em tudo o oposto da marcha que tinha a precisão de uma máquina.
Arthur Honegger (1892-1955):
1. Rugby, mouvement symphonique
2. Pacific 231, mouvement symphonique
3. Concerto da Camera
4. Pastorale d’eté
5. Symphonie no. 3, “Liturgique” (I. “Dies Irae” 0:00-7:02; II. “De Profundis” 7:03-21:19; III. “Dona Nobis Pacem” 21:20-35:15)
Netherlands Radio Philharmonic Orchestra
Jean Fournet
Recorded: 1993
Mariss Jansons (1943-2019), quando jovem, foi assistente grande maestro soviético Y. Mravinsky, e parece ter herdado dele as chaves interpretativas de uma 3ª sinfonia de Honegger extremamente emotiva, também soando como uma sinfonia “de guerra”, mas sob o ponto de vista do front oriental. A marcha do 3º movimento é rápida como a de Mravinsky (em Moscou, 1965, infelizmente com qualidade de som não tão boa), e com um clima de grande tensão, colocando os ouvintes em uma atmosfera de quem perdeu amigos e parentes por causa da estupidez coletiva que Honegger mencionou no programa da sinfonia. Ao mesmo tempo, as cordas do Concertgebouw brilham no 2º movimento, como era de se esperar. O disco tem como complemento o Gloria composto por Poulenc em 1959-1961, já bem depois da guerra. Poulenc, como Honegger, fez parte do chamado “grupo dos seis” na Paris do entreguerras, embora Honegger tivesse como principal amigo no mesmo grupo o compositor Darius Milhaud.
Nesta gravação ao vivo temos uma mistura eclética de tradições: um regente de origem judaica, formado na escola soviética, com uma orquestra holandesa fazendo a sinfonia “litúrgica” de Honegger (de família protestante) junto com a liturgia católica repensada por Poulenc. O clima geral mistura por um lado o nervosismo “in tempore belli” (para lembrarmos a grandiosa missa de Haydn) e por outro lado a busca perfeccionista pelos timbres raros e detalhes como os momentos em que o piano se sobressai na orquestração: os músicos nos envolvem na encruzilhada entre a tensão interior e o brilho exterior. A encruzilhada, símbolo da ambivalência e da imprevisibilidade, traz possibilidades de vida brotando nas frestas da estupidez coletiva.
Francis Poulenc (1899-1963):
1-6. Gloria: I. Gloria in excelsis Deo – II. Laudamus te – III. Domine Deus, Rex coelestis – IV. Domine Fili, Domine Deus – V. Domine Deus, Agnus Dei – VI. Qui sedes ad dexteram Patris Arthur Honegger (1892-1955):
7-9. Symphonie no. 3, “Liturgique”: I. “Dies Irae” Allegro marcato – II. “De Profundis” Adagio – III. “Dona Nobis Pacem” Andante)
Royal Concertgebouw Orchestra, Amsterdam
Mariss Jansons
Luba Orgonasova, soprano; Netherlands Radio Choir
Recorded live: Amsterdam, 2004 (Honegger), 2005 (Poulenc)
* Certamente, o maestro Laurence Siegel é fictício, assim como a Orquestra da Rádio da bela cidade de Liubliana só existe em gravações. Mas onde quer que o produtor e ladrão Alfred Scholz tenha comprado esta gravação, ela é boa.
Rimsky-Korsakov é um genial orquestrador que influenciou compositores como Ravel e Stravinsky. Sobre Sherazade, ele evitou descrições literais: “São meras sugestões para despertar a imaginação do ouvinte”. Já Borodin teve uma carreira dupla bastante incomum: foi químico e compositor de destaque, mas também tinha ligações com o ambiente militar devido à sua formação. Ele era filho ilegítimo de um príncipe georgiano e foi registrado como “filho de um servo” para evitar escândalos. Isso o impediu de ter acesso a educação tradicional, mas ingressou na Academia Médico-Cirúrgica, que tinha vínculos com o Ministério da Guerra russo. Formou-se em medicina e química, e sua tese foi sobre compostos de arsênio.
Rimsky-Korsakov / Borodin: Sherazade / Danças Polovetsianas (Orq. da Rádio de Liubliana *, Siegel *)
Rimsky-Korsakov: Shéhérazade, Suite Symphonique , Op. 35
La Mer Et Le Bâteau De Sinbad Le Marin (Largo E Maestoso) 10:03
L’Histoire Du Prince Kalender (Lento – Adagio) 12:11
Le Jeune Prince Et La Jeune Princesse (Andotino Quasi Allegretto) 10:10
La Fête A Bagdad – la Mer – Le Bâteau… Finale (Allegro Molto) 13:13
Borodin: Danse Polovtsienne N°1 (Extrait Du ‘Prince Igor’) 2:17 Danse Polovtsienne N°2 (Extrait Du ‘Prince Igor’) 11:29
A Sinfonia do Órgão (ou Sinfonia Nº 3, Op. 78) é uma famosa obra do compositor francês Camille Saint-Saëns, escrita em 1886. Ela é conhecida por sua grandiosidade e pelo uso inovador do órgão em uma sinfonia orquestral. Apesar de ser chamada de “Sinfonia Nº 3”, ela é na verdade a quinta e última sinfonia de Saint-Saëns, mas foi numerada como a terceira porque ele considerou apenas três de suas sinfonias dignas de publicação. Ela foi estreada em Londres também em 1886. Saint-Saëns dedicou a obra à memória de Franz Liszt, seu amigo e grande influência. Claro, o uso do órgão não era comum em sinfonias, e essa inovação ajudou a consolidar a reputação da obra, que é grandiosa. Por falar em órgão e em grandeza, a Bacchanale é uma peça explosiva, sensual e exótica, que aparece como um interlúdio orquestral no ato final da ópera Samson et Dalila (1877). É o trecho mais popular da ópera — e com razão: ela incendeia a orquestra, mistura timbres orientais com ritmos dançantes e cria um clima de êxtase coletivo que faz jus ao título: uma celebração dionisíaca descontrolada. A Dança Macabra (Danse Macabre, Op. 40) é outra das obras mais famosas de Saint-Saëns. Composta em 1874, é um poema sinfônico que retrata uma cena sobrenatural em que esqueletos dançam numa noite. A coisa toda é baseada em um poema de Henri Cazalis, que descreve a Morte (representada por um violino solo) tocando à meia-noite, chamando os mortos para dançar até o amanhecer. Quando o galo canta, os esqueletos retornam aos seus túmulos. Normal.
Conductor – Daniel Barenboim
Orchestra – Chicago Symphony Orchestra (tracks: 1 to 3), Orchestre De Paris (tracks: 4 to 6)
Organ – Gaston Litaize (tracks: 1 to 3)
Violin – Alain Moglia (tracks: 5), Luben Yordanoff (tracks: 6)
Ouvi 5 vezes este CD. Em todas as vezes, gostei do Concerto de Glazunov. E o de Dvořák passou em branco. Apenas não o percebi. Notava apenas que a música (ou o CD) acabava. Sim, tenho problemas com alguns compositores românticos. O Concerto do russo Glazunov traz a orquestra polonesa tocando com frescor e precisão. A grande melodia da segunda seção é rica e calorosa, sem nenhum toque de sentimentalismo, e os ritmos galopantes do final são contagiantes ao serem interpretados em uma velocidade bem calculada, repleta de diversão. Alexander Glazunov (1865–1936) foi professor de Dmitri Shostakovich (1906–1975) no Conservatório de Leningrado (atual Conservatório de São Petersburgo). Essa relação teve um impacto significativo na formação de Shostakovich, embora fosse marcada por contrastes geracionais e estéticos. Glazunov apoiou a entrada de Shostakovich — mesmo estando ele abaixo da idade mínima requerida para o ingresso — no conservatório e reconheceu sua genialidade, mas tinha reservas em relação à linguagem modernista que o jovem começava a explorar.
Glazunov / Dvořák: Concertos para Violino (Kaler, Polish National Radio Symph Orch, Kolchinsky)
1 Glazunov: Violin Concerto In A Minor, Op. 82: Moderato – Andante Sostenuto – Allegro 20:11
Dvořák: Violin Concerto In A Minor, Op. 53
2 Allegro Ma Non Troppo 10:32
3 Adagio Ma Non Troppo 10:10
4 Allegro Giocoso, Ma Non Troppo 9:07
5 Dvořák: Romance For Violin And Orchestra In F Minor, Op. 11 12:46
Conductor(s): Kolchinsky, Camilla
Orchestra(s): Polish National Radio Symphony Orchestra
Artist(s): Kaler, Ilya
Sim, esse disco tem que ir para o pódio. A Sonata para Piano, a Sonatina e principalmente a Sonata para Dois Pianos e Percussão são peças que não podem ser deixadas de lado. E a interpretação a cargo ou chefiada por Tiberghien, se tornará certamente referência. A Sonata para Dois Pianos e Percussão recebeu, desde a estreia, em 1938, críticas entusiasmadas. Bartók e sua esposa também tocaram as partes do piano para a estreia americana que aconteceu em Nova York em 1940. Desde então, tornou-se uma das obras mais reverenciadas de Bartók. A partitura requer quatro artistas: dois pianistas e dois percussionistas, os quais que tocam sete instrumentos. Bartók deu instruções altamente detalhadas para os percussionistas, estipulando, por exemplo, qual parte de um prato suspenso deve ser atingido por que determinado tipo de baqueta. Deve ter dado certo pois… Que música, meus senhores!
PS: Links reativados para toda essa coleção de Bartók por Tiberghien. Os outros discos estão aqui e aqui.
Piano Sonata Sz80[14’12]
1 Allegro moderato[4’53]
2 Sostenuto e pesante[5’30]
3 Allegro molto[3’49]
Three Hungarian Folksongs from the Csík District Sz35a[3’47]
4 Rubato[1’42]
5 L’istesso tempo[1’14]
6 Poco vivo[0’51]
Sonatina Sz55[4’24]
7 Movement 1, Bagpipers: Molto moderato[1’37]
8 Movement 2, Bear Dance: Moderato[0’42]
9 Movement 3, Finale: Allegro vivace[2’05]
Three Rondos on Slovak folk tunes Sz84[9’09]
10 Andante – Allegro molto[3’03]
11 Vivacissimo[2’55]
12 Allegro molto[3’11]
Études Sz72 Op 18[8’40]
13 Allegro molto[2’29]
14 Andante sostenuto[3’41]
15 Rubato[2’30]
Sonata for two pianos and percussion Sz110[25’24] with François-Frédéric Guy (piano), Colin Currie (percussion), Sam Walton (percussion)
16 Assai lento – Allegro molto[12’32]
17 Lento, ma non troppo[6’23]
18 Allegro non troppo[6’29]
Beatrice Rana completou 24 anos neste ano da graça de 2017. Em seu segundo lançamento em CD, a jovem pianista italiana resolveu enfrentar um pináculo do repertório de teclado solo e o compositor que descreveu como seu “primeiro amor”, Johann Sebastian Bach. Sua interpretação é muito boa, sem chegar ao nível de gente como Gould, Hewitt, Hantaï e Leonhardt, é claro. O Le Monde adorou: “Beatrice Rana certamente não tem mais nada a provar quando se trata de técnica, mas o que impressiona é a sua maturidade e senso de arquitetura”, e a grande e querida Gramophone inglesa tascou que ela é “Uma artista totalmente desenvolvida, de uma estatura que desmente sua idade”. Bach foi o compositor que mais obcecou Beatrice Rana quando criança e, em uma entrevista recente, ela confessou que a obra de Bach seria a que escolheria se tivesse que dedicar sua vida a um único compositor. E citou especialmente as Variações Goldberg, como sua obra preferida.
Johann Sebastian Bach (1685-1750): Variações Goldberg
01. Goldberg Variations, BWV 988: Aria
02. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 1 à 1 clav
03. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 2 à 1 clav
04. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 3 Canone all Unisuono à 1 clav.
05. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 4 à 1 clav.
06. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 5 à 1 o vero 2 clav
07. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 6 Canone alla seconda à 1 clav.
08. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 7 à 1 o vero 2 clav.
09. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 8 à 2 clav.
10. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 9 Canone alla terza à 2 clav.
11. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 10 Fughetta à 1 clav.
12. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 11 à 2 clav.
13. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 12 Canone alla quarta
14. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 13 à 2 clav.
15. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 14 à 2 clav.
16. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 15 Canone alla Quinta à 1 clav.
17. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 16 à 1 clav. Ouvertura
18. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 17 à 2 clav.
19. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 18 Canone alla sexta à 1 clav.
20. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 19 à 1 clav.
21. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 20 à 2 clav.
22. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 21 canone alla settima à 1 clav.
23. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 22 à 1 clav. alla breve
24. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 23 à 2 clav.
25. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 24 Canone alla Ottava à 1 clav.
26. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 25 à 2 clav.
27. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 26 à 2 clav.
28. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 27 Canone alla Nona à 2 clav.
29. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 28 à 1 clav.
30. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 29 à 1 o vero 2 clav.
31. Goldberg Variations, BWV 988: Variatio 30 à 1 clav. Quodlibet
32. Goldberg Variations, BWV 988: Aria da capo e fine