Mr Couperin – Louis (1626-1661) François (1631-1701) e Charles (1639-1679) – Suítes para cravo (Pièces de clavecin) (Sailly)

Este CD do cravista francês Brice Sailly ganhou o cobiçado prêmio Diapason d’Or de l’année 2021 na categoria Barroco Instrumental. É evidente a intimidade do intérprete com o instrumento – réplica de um cravo por Tibaut de Toulouse, com som polido, redondo, aveludado como um bom vinho Bordeaux – e com as obras, que ele gravou após uma sessão intensa de estudos em casa devido ao isolamento social de 2020. Mas além disso, grande parte do charme do CD se dá, desde a capa, pelo fato de desconstruir o mito do genial Louis Couperin, grande nome do barroco francês do século 17 e tio de François Couperin, sendo este último um representante do barroco tardio como Rameau e J.S. Bach. Esses dois seriam os grandes compositores e os outros vários membros da família ocupariam notas de rodapé na história, com cargos de organistas de igreja, professores de cravo, cantoras e cravistas da corte em Versailles… Isso é o que achávamos que sabíamos, mas será verdade?

O manuscrito Bauyn é provavelmente a principal fonte conservada de música instrumental francesa da segunda metade do século 17. Ele contém peças de compositores como Chambonnières, Couperin (que aparece sem seu primeiro nome), Lebègue, La Barre, além do alemão Froberger e do italiano Frescobaldi. Desde o século 19, todas as obras desse manuscrito atribuídas a “Mr Couperin” (Monsieur Couperin, ou seja, Senhor Couperin) têm sido consideradas como de autoria de Louis Couperin (circa 1626-1661). Mais recentemente, pesquisadores têm encontrado boas razões para acreditar que parte das peças desse Couperin são de seus irmãos François Couperin (circa 1631-1701) e Charles Couperin (1638-1679).

As chaconas e passacailles tão característicos da obra de Couperin só se tornaram comuns na França nas obras de Lully no final da década de 1660. Da mesma forma, os minuetos só entraram nos balés de corte em uma data relativamente tardia: eles apareceram pela primeira vez em uma das obras de Lully para o palco em 1664. Devemos notar também que os únicos minuetos que aparecem no manuscrito de Bauyn são assinados por Couperin. Além disso, no prefácio de Les Gouts Réunis (1724), François Couperin o jovem (1668-1733), filho de Charles e sobrinho de Louis, fala das “obras dos meus antepassados” (“les ouvrages de mes ancêtres”), sem atribuir toda a autoria ao seu tio Louis, que aliás já tinha morrido quando ele nasceu, o que não impediu a transmissão dos conhecimentos para François, cuja música para cravo, por sua vez, dá continuidade à tradição das suítes francesas mas se distancia das danças e vai povoando suas suítes com miniaturas de títulos curiosos como “O rouxinol apaixonado” ou “As barricadas misteriosas”, que expressam diferentes atmosferas, muitas vezes com humor.

As pesquisas recentes de especialistas, principalmente a de Glen Wilson, nos obrigam a aceitar que este corpus de peças para cravo do velho Couperin (de novo: não confundir com o jovem François!) não podem consistir exclusivamente em composições de Louis Couperin, o mais velho dos irmãos e o que morreu mais jovem, antes dos 40 anos. Recentemente, a editora Breitkopf & Härtel fez uma nova publicação dos Prélúdios non mésurés, indicando na autoria a menção “Charles & Louis Couperin”. Esta editora não se arrisca a atribuir as peças individuais a um ou outro dos irmãos. É o mesmo questionamento que Brice Sailly e o selo Ricercar tiveram para este álbum. Eles admitem que foi grande a tentação, analisando vários elementos estilísticos e formais, de atribuir as peças selecionadas a um ou outro destes irmãos, Louis e Charles, e mesmo ao mais novo, François. Para certas peças, há evidências bastante precisas, por exemplo, a impossibilidade de um compositor francês falecido em 1661 ter composto um minueto…

Mas a busca pelo primeiro nome parece, no fundo, querer impor uma noção relativamente recente de identidade do autor (o gênio, o indivíduo inimitável), noção à qual os antigos não atribuíam importância tão grande. Como em todas as corporações do Antigo Regime, a profissão de músico também costumava ser um assunto de família, como vemos nas famílias Gabrieli, Couperin, Bach, Scarlatti, etc.

Charles Couperin ao órgão, retrato de Claude Lefebvre com a filha do pintor, possivelmente aluna do retratado

Uma das principais características das suítes de Louis Couperin e de seus irmãos é o Prélude non mésuré, ou prelúdio sem medidas, no sentido de sem compassos. O compasso, vocês sabem, divide a música em trechos com a mesma duração. Segundo os especialistas, compassos começaram a ser usados na notação musical no século 16, ou seja, a música anterior, como por exemplo, o canto gregoriano, era escrita sem compassos. No século 17 o compasso já era usual, mas não estritamente obrigatório como se tornaria no século 18. Jean-Henry d’Anglebert (1629-1691), Jean-Philippe Rameau (1683-1764) e Elisabeth Jacquet de la Guerre (c. 1664-1729) também foram mestres nessa arte libertária do Prelúdio sem medidas, que soam como improvisos livres, leves e soltos, sem o tempo bem marcado das danças que formam o miolo das suítes francesas. As obras para cravo de Jacquet de la Guerre, a principal compositora mulher da corte de Luís XIV, aparecerão em breve em um PQPBach perto de você.

Mr. Couperin – Obras do manuscrito Bauyn
Pièces en ré
1. Prélude (1) 5’43
2. Allemande (36) 3’44
3. Courante (42) 1’18
4. Courante (43) 1’37
5. Sarabande (51) 3’23
6. Canaries (52) 1’36
7. La Pastourelle (54) 1’33
8. Chaconne (55) 2’42
9. Volte (53) 1’03

10. Pavanne en fa # mineur (121) 9’15

Pièces en mi-la
11. Prélude (14) 1’40
12. Allemande de la Paix (63) 3’15
13. Courante (64) 1’36
14. Sarabande (65) 3’35
15. La Piémontoise (103) 1’53

Pièces en ut
16. Prélude (9) 3’05
17. Allemande la Précieuse (30) 3’19
18. Courante (31) 1’48
19. Courante (16) 1’27
20. Sarabande (32) 3’09
21. Sarabande (25) 1’12
22. Gigue (33) 1’58
23. Passacaille (27) 5’45
24. Menuet (29) 1’16
Brice Sailly – cravo por E.Jobin, cópia de cravo por Tibaut de Tolose (nasc. circa 1647)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Ao contrário dos irmãos Couperin, Tibaut de Tolose fez questão de assinar seu nome completo nos cravos que fez

Pleyel

 

O PQPBach agora está no Instagram e Twitter: @pqpbach

.: interlúdio :. John Zorn: The Satyr’s Play / Cerberus

.: interlúdio :. John Zorn: The Satyr’s Play / Cerberus

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um CD que demonstra a arte superior de John Zorn. É jazz? É música erudita? Não interessa e interessa sim, pois na verdade gostaria de saber o que Zorn pensa disso, a que gênero este disco pertence, na opinião dele. The Satyr’s Play / Cerberus é um álbum composto por John Zorn que foi gravado na cidade de Nova York em janeiro e abril de 2010 e lançado pelo selo Tzadik em abril de 2011. Zorn assinou e numerou as 666 cópias do CD e produziu 66 cópias de uma versão em livro de edição limitada que foram individualizadas e encadernadas à mão em pele preta de cabra. O CD foi chamado de “Um intrigante projeto de Zorn, altamente recomendado para os amantes de sua música”. Ou seja, um álbum feito para mim… Satyr é uma obra de nuances muito sutis e de sexualidade à flor da pele. É uma música mais timbrística do que um repositório de melodias. Há que curtir os sons produzidos pelos incríveis percussionistas Cyro Baptista e Kenny Wollesen, que foram regidos por Zorn. Baptista é brasileiro. Em contraste, Cerberus é um trio extravagante e dinâmico para metais. Uma peça demoníaca para três virtuosos incontestáveis ​​(trompete, trombone e tuba) como os deste disco. A peça salta estilos, humores e gêneros à moda Zorn. Enfim, este disco traz obras de câmara radicais, temperamentais e coloridas. Aproveitem este e outros discos de Zorn; afinal, por décadas ele tem combinado elementos do jazz, de eruditos e do metal em uma série de projetos inovadores que valem a pena serem conhecidos.

The Satyr’s Play (Visions Of Dionysus) (26:33)

1 Ode I 3:48
2 Ode II 3:39
3 Ode III 2:54
4 Ode IV 3:50
5 Ode V 2:35
6 Ode VI 4:33
7 Ode VII 3:36
8 Ode VIII 1:3
Cyro Baptista, Kenny Wollesen – percussion / John Zorn, direction

9 Cerberus
Bass Trombone – David Taylor
Trumpet – Peter Evans
Tuba – Marcus Rojas

Composed By, Arranged By, Conductor – John Zorn

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

John Zorn (1953) tocando na entrada da pinacoteca da PQP Bach Modern Art Demonstration de Nova Iorque.

PQP

Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Les Grands Motets (Herreweghe)

Rameau, pelo que dizem, não era muito religioso. Ele tocou órgão em igrejas por décadas como um ganha-pão, mas todas suas composições para teclado parecem pensadas para o cravo. Contemporâneo do anticlerical Voltaire (1694-1778), ele talvez tivesse opiniões sobre a Igreja Católica semelhantes às do famoso escritor. Aliás, Voltaire colaborou com Rameau em algumas obras, e em toda a sua correspondência, ele se refere ao compositor pelo apelido Orphée-Euclide, um resumo do caráter ao mesmo tempo colorido e intelectual, inebriante e matemático de Rameau, autor de um célebre Traité de l’harmonie publicado em 1722, além de várias outras obras escritas, como um artigo na primeira versão da Encyclopédie, intitulado Erreurs sur la musique (Erros sobre a música, em 1755). Nos motetos de Rameau, portanto, não se deve buscar um sentimento religioso de grande devoção, a maior qualidade dessas obras é a orquestração pioneira, a magistral combinação de instrumentos e vozes, com uma certa leveza instrumental que será a marca de grandes orquestradores franceses muitos anos depois. Chama atenção o papel da flauta, com solos suaves que têm um efeito de acalmar os sentimentos, papel semelhante ao que o instrumento tem em algumas cantatas de Bach, como na BWV 78 (flauta transversa) e na BWV 106 ‘Actus tragicus’ (flauta doce). Neste álbum de 1982, o time comandado por Herreweghe é composto por cinco cantores solistas (duas mulheres, três homens), coro, violinos I e II, violas e violas da gamba, contrabaixo, flautas, oboés, fagotes e órgão.

Moteto, segundo o Dictionnaire de l’Academie française, é um salmo ou outras palavras de devoção vertidas em música para serem cantadas à Igreja, e que não fazem parte da liturgia comum, isto é, a liturgia que inclui o Gloria, o Credo, o Agnus Dei, etc. Na França dos Luíses 14 e 15, surge a denominação “Grand motet”, para motetos com coro e orquestra, enquanto eram chamados “Petit motet” aqueles para um ou mais solistas, mas sem coro. Na Itália, mais ou menos na mesma época, havia os oratórios de A. Scarlatti e de Vivaldi. Quando ouvimos o Gloria de Vivaldi ou o Quam dilecta de Rameau, com sua intricada combinação de coros, árias solo e duetos, orquestração com curtos e coloridos solos de flauta ou oboé, tudo isso com o objetivo de comunicar mensagens religiosas, é fácil lembrar também das Cantatas Sacras de Bach.

E aqui é bom observar o anacronismo que hoje é inevitável, mas que devemos ao menos reproduzir com consciência do seu caráter absurdo: as obras vocais de Bach só foram ser chamadas cantatas (Bachkantate) bem depois, provavelmente pelos românticos do século 19. Nessa denominação que se tornou usual, as obras mais longas de Bach são chamadas Oratórios (de Natal, de Páscoa), enquanto usa-se o nome Motetos para as obras puramente corais, sem árias para solistas vocais. As Paixões obviamente são chamadas Paixões, e o termo “Cantata” – de etimologia óbvia: música cantada – acaba englobando tudo que sobra, o que dá um total de umas 200 obras sacras e mais algumas dezenas de cantatas seculares compostas por Bach.

Assim, hoje em dia é possível ouvir o Gloria de Vivaldi ou os Motetos de Rameau e pensar que eles têm estrutura de cantatas, mas o oposto é que faz mais sentido: as cantatas de Bach, ao alternarem coros, árias e recitativos, têm estrutura semelhante à dos Oratórios italianos e dos Grandes Motetos franceses. Até porque a palavra cantata, na época, se aplicava sobretudo às cantatas para voz solo e conjuntos instrumentais de câmara, ou mesmo apenas para voz e baixo contínuo. Essas cantatas, nesse sentido, tiveram entre seus maiores expoentes os italianos Barbara Strozzi (1619-1677) e Alessandro Scarlatti (1660-1725) e o alemão Georg Friedrich Händel (1685-1759).

Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Motets à grand chœur, soli, orgue et orchestre

1-6. In convertendo (Grande Moteto para 5 solistas, coro e orquestra) (Salmo nº 125)
“In convertendo” – Recitativo (tenor) – Gravement
“Tunc repletum est” – Coral – Gai
“Magnificavit Dominus” – Duo (soprano, baixo) – Lent – très gai
“Converte Domine” – Recitativo (baixo) – Lent; “Laudate nomen Dei” – Coral – Choeur gracieux
“Qui seminant” Trio (soprano, alto e baixo)
“Euntes ibant et flebant” – Coral – Choeur

7-13. Quam dilecta (Grande Moteto para 3 solistas, coro e orquestra) (Salmo nº 84)
“Quam Dilecta” – Ária (soprano) – Tendrement
“Cor Meum Et Caro Mea” – Coral – Choeur
“Et Enim Passer” – Ária (tenor) – Gratieusement
“Altaria Tua” – Trio (sopranos e baixo) – Gravement
“Beati, Qui Habitant” – Recitativo (Tenor) e Coral – Légèrement et Marqué
“Domine, Deus Virtutum” – Ária (baixo) – Gravement
“Domine Virtutum Beatus Homo” – Coral – Modéré – Gai – Modéré

14. Laboravi (Grande Moteto para 5 solistas e baixo contínuo) (Salmo 69)
Suzanne Gari (soprano), Lieve Monbaliu (soprano)
Henri Ledroit (countertenor)
Guy de Mey (tenor)
Stephen Varcoe (baritone)
Peter Kooy (bass)
La Chapelle Royale
Collegium Vocale Gent
Philippe Herreweghe

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Emocionante, né, Herreweghe?

Pleyel

Avicenna foi ouvir os anjinhos in loco…

É muito difícil fazer uma nota como esta…
Hoje mais um membro deste irretocável blog infelizmente nos deixou. O Mestre Avicenna já tinha uma saúde bastante debilitada e não vinha postando há uns anos por conta até mesmo da própria dificuldade em fazê-lo.
Achava o Mestre que escrevia mal, e preferia transcrever o texto dos álbuns que postava. Isso fazia aos usuários-ouvintes do PQPBach imaginarem que era sério. Ah! Pura fachada! Eu (Bisnaga) o conheci pessoalmente em São Paulo e posso dizer que era uma das pessoas mais divertidas, irradiantes e inabaláveis com quem topei na minha vida. Não havia tempo ruim para ele.
Era absolutamente apaixonado pela Música Colonial e Imperial Brasileira – até criou essa categoria aqui – e postou quase tudo dessa linha, que o PQPBach hoje orgulhosamente ostenta como o maior acervo de música colonial do Brasil.  Tenho a total certeza que muitas pesquisas sobre esse tema nasceram aqui no blog e, para mim, o Mestre Avis tem um pezinho em todas elas.

Salve, véio! Vai fazer falta, viu…

Bisnaga e os amigos da equipe do PQPBach

Johann Sebastian Bach (1685-1750), Astor Piazzolla (1921-1992) – Bach & Piazzolla – Astor Trio

Não conhecia o Astor Trio até ter acesso a esse CD. Temos aqui uma formação diferente das que estamos acostumados: um violão, um contrabaixo acustico e uma viola, para a alegria de nosso colega Bisnaga, um entusiasta e praticamente amador do instrumento (segundo suas próprias palavras).  E esses três encaram obras imortais de dois compositores idem: Bach & Piazzolla, começando pela magnífica Sonata em Si Menor, BWV 1014, que conhecemos originalmente para violino e cravo, adentrando sem maiores problemas em algumas das principais obras do argentino. Retorna posteriormente a Bach, com outra obra prima imortal, a Sonata BWV 1016, encerrando o disco com a trinca ‘Adios Nonino’, ‘Libertango’, e ‘Oblivion’, fechando com chave de ouro um Disco técnicamente perfeito e muito sensível.

A transição entre Bach e e Piazzolla ocorre sem sustos, naturalmente. A alegria melancólica da obra do genial compositor argentino se expressa divinamente nas cordas da viola tremendamente bem tocada de Alexander Prushinskiy, e nos remete àqueles ambiente esfumaçados, escuros e tensos dos cabarés que vimos nos filmes noir. A impressão que nos passa é que um casal de dançarinos de Tango irá surgir a qualquer momento. E a atualizadíssima leitura das Sonatas de Bach é um deleite para os ouvidos mais acostumados às interpretações historicamente informadas, como as de John Holloway ou mais recentemente, de Rachel Podger, um primor de atualização da técnica de execução barroca.

O Astor Trio é um conjunto que não teme desafios, e encarar estes petardos deve tê-los deixado temerosos da recepção de tal projeto. Mas posso lhes garantir que o que os senhores vão ouvir aqui é puro deleite auditivo, que exala uma tremenda musicalidade e principalmente, sensibilidade e respeito aos respectivos compositores.

Sonate H-Moll BWV 1014
1 1. Adagio
2 2. Allegro
3 3. Andante
4 4. Allegro

Histoire Du Tango
5 Bordel 1900
6 Cafe 1930
7 Nightclub 1960
8 Concert D’aujourd’hui

Sonate E-Dur BWV 1016
9 1. Adagio
10 2. Allegro
11 3. Adagio Ma Non Tanto
12 4. Allegro

13 Tanti Anni Prima
14 Adios Nonino
15 Oblivion
16 Libertango

Double Bass – Stanislav Anischenko
Guitar – Tobias Kassung
Viola – Alexander Prushinskiy

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Jascha Heifetz – It Ain’t Necessarily So: Legendary Classic & Jazz Studio Takes

 

O inesquecível Jascha Heifetz, que completaria hoje 121 anos, adorava jazz. Sua mansão em Beverly Hills recebia músicos de várias vertentes, que frequentemente mergulhavam em jam sessions, e os estudantes para os quais organizava animadas festas em Malibu testemunhavam o mestre improvisar, tanto ao violino quanto ao piano, sobre as canções populares que amava.

Descobrir que o jazz era o xodó de Heifetz me surpreendeu. Afinal, tiete incondicional do gigante desde que o conheci, acostumara-me com seu semblante estoico nas capas de discos, que nada mudava nos tantos filmes em que, para meu assombro, eu o via enfrentar e vencer, impávido, os trechos mais medonhos da literatura violinística. Foi só ao ler suas biografias e, principalmente, assistir aos documentários e aos preciosos registros de suas masterclasses que conheci seu senso de humor, seu rigor cordial para com os alunos e, não menos importante, constatei que ele era um músico extraordinário o bastante para convencer como mau músico, imitando à perfeição um jovem estudante em pânico durante uma prova:

Jascha também foi um contumaz viajante, legando-nos inúmeros mementos que são verdadeiras pérolas do humor involuntário, como essa sua foto duma visita ao México, em que seu tradicional olhar blasé parece nada impressionado com a indumentária local…


… e também um homem corajoso e cidadão muito grato ao país que o acolheu, percorrendo o front europeu a tocar voluntariamente para as tropas aliadas, além de arrecadar, com concertos beneficentes, vultosos valores para os esforços de guerra.

Perenemente acusado por um ou outro crítico de ser um tecnicista frio, indiferente às intenções do compositor, Heifetz é uma deidade de devoção unânime entre seus colegas: dir-se-ia um “violinista dos violinistas”. Ainda assim, mesmo que todos sonhem em tocar como ele, nem tantos acham que devam. Jascha cresceu imbuído das tradições da Velha Escola russa no Conservatório de São Petersburgo, onde foi discípulo de Leopold Auer – aquele mesmo com quem Tchaikovsky se estranhou por conta de seu concerto para violino. Seria inevitável, pois, que seu estilo, moldado por gente do século XIX, pareça-nos um tanto antiquado, a despeito da tanta beleza que tange. Além disso, suas gravações das peças fundamentais do repertório concertístico, normalmente despachadas em velocidade lúbrica, são referências incontestes que poucos violinistas de hoje tentariam imitar: mesmo o próprio ídolo de Heifetz, Fritz Kreisler, após escutar o prodígio de onze anos de idade, afirmou que todos os violinistas presentes no recinto poderiam quebrar seus instrumentos nos joelhos.

Aqui, Kreisler (à direita) relaxa num lago com Heifetz (à esquerda), que se apoia num trapiche feito, provavelmente, da madeira de violinos quebrados.

Em minha desimportante opinião, será através das pequenas peças que a grandeza de Heifetz rebrilhará aos ouvidos dos séculos vindouros. Esta compilação que ora lhes apresento, com algumas dúzias delas, inclui vários de seus números de bis mais famosos, algumas canções folclóricas e várias composições de George Gershwin, que Jascha muito admirava.  Os arranjos, como verão, são quase todos de sua própria lavra e, se privilegiam o timbre inconfundível do mestre e a elegância de seu fraseado, também lhe dão amplas oportunidades para demonstrar seu deleite em tocar, como mais célebre rebento da Velha Escola russa, a música do Novo Mundo em que escolheu viver.


Uma atração em especial para nós, brasileiros, é escutar “Ao Pé da Fogueira”, um dos prelúdios do genial Flausino Valle, aqui abordado por Heifetz numa masterclass.

A grande surpresa, talvez, esteja na última faixa do álbum. Depois de alguns açucarados bombons em que acompanha o cantor Bing Crosby, Heifetz dá-nos a rara oportunidade de escutá-lo ao piano (!), instrumento em que era, por todos os relatos, muito proficiente. Ele toca “When You Make Love to Me (Don’t Make Believe)”, uma canção que fez sucesso na voz do próprio Crosby, frequentemente pareada com outra, “So Much in Love“. Ainda mais surpreendente é que o autor de ambas, um certo Jim Hoyl, só existia na capa das partituras, pois era tão só o pseudônimo que o próprio Jascha Heifetz (“J.H.”, captaram?) usava para publicar canções populares.

“Um brinde a Jim Hoyl!”

Que a imagem sisuda que dele tiverem liquide-se para sempre, e que a inigualável musicalidade do aniversariante consiga entretê-los tanto quanto espero.

Grato por tanto, Mestre!

In memoriam Iosif Ruvimovich Kheyfets, dito Jascha Heifetz (Vilnius, 2.2.1901 – Los Angeles, 10.12.1987)



Jascha Heifetz – It Ain’t Necessarily So: Legendary Classic & Jazz Studio Takes

DISCO 1

Samuel GARDNER (1891-1984)

1 – From The Canebrake, Op. 5 no. 1

Arthur Leslie BENJAMIN (1893-1960)
2 – Jamaican Rumba (arranjo de William Primrose)

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
3 – Beau Soir (arranjo de Jascha Heifetz)

Joseph Maurice RAVEL (1875-1937)
4 – Pièce en Forme de Habanera (arranjo de Georges Catherine)

Clarence CAMERON White (1880-1960)
5 – Levee Dance, Op. 27 No. 2 (baseada em “Go Down, Moses”)

Mario CASTELNUOVO-TEDESCO (1895-1968)
6 – Figaro, Rapsódia de Concerto sobre “Il Barbiere di Siviglia”, de Rossini

Stephen Collins FOSTER (1826-1864)
7 – Jeanie With The Light Brown Hair (arranjo de Heifetz)

Victor August HERBERT (1859-1924)
8 – À la Valse

Antonín Leopold DVOŘÁK (1841-1904)
9 – Humoresques, Op. 101 – No. 1 em Sol bemol maior (arranjo de Heifetz)

Folclore irlandês
10 – Gweedore Brae (arranjo de John Crowther)

Stephen FOSTER
11 – Old Folks at Home (arranjo de Heifetz)

Anônimo
12 – Deep River (arranjo de Heifetz)

Leopold GODOWSKY (1870-1938)
13 – Doze Impressões para violino e piano: no. 12, Wienerissh (arranjo de Heifetz)

Jascha Heifetz, violino
Milton Kaye, piano

Irving BERLIN (1888-1989)
14 – White Christmas

Jascha Heifetz, violino
Salvator Camarata and his Orchestra

George GERSHWIN (1898-1937)
Da ópera “Porgy and Bess” (arranjos de Heifetz)
15 – Summertime
16 – A Woman is a Sometime Thing
17 – My Man’s Gone Now
18 – It Ain’t Necessarily So
19 – Tempo Di Blues (There’s a Boat That’s Leaving Soon for New York)
20 – Bess, You is my Woman Now

Três prelúdios para piano solo (arranjos de Heifetz)
21 – I. Allegro ben ritmato e deciso
22 – II. Andante con moto e poco rubato
23 – III. Allegro ben ritmato e deciso

Jascha Heifetz, violino
Emanuel Bay, piano

DISCO 2

Susan Hart DYER (1880-1922)
1 – An Outlandish Suite, para violino e piano: Florida Night Song

Claude DEBUSSY
2 – Children’s Corner L. 115 – 6. Golliwogg’s Cakewalk (arranjo de Heifetz)
3 – Suite Bergamasque L. 75 – 3. Clair de Lune (arranjo de Alexandre Roelens)

Flausino Rodrigues do VALLE (1894-1954)
4 – Vinte e seis prelúdios característicos e concertantes para violino só – no. 15, “Ao Pé da Fogueira” (arranjo de Heifetz)

Julián Antonio Tomás AGUIRRE (1868-1924)
5 – Huella, Op. 49 (arranjo de Heifetz)

Dmitri Dmitrievich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Dos Vinte e quatro prelúdios para piano, Op. 34 (arranjo de Dmitri Tziganov e Quinto Maganini)
6 – No. 10 em Dó sustenido menor
7 – No. 15 em Ré bemol maior

Edwin GRASSE (1884-1954)
8 – Waves At Play (Wellenspiel) (arranjo de Heifetz)

Sergei Sergeieivich PROFOKIEV (1891-1953)
9 – O Amor das Três Laranjas, Op. 33 – Marcha (arranjo de Heifetz)
10 – Suíte do balé “Romeu e Julieta”, para piano, Op. 75 – Máscaras (arranjo de Heifetz)

Robert Russell BENNETT (1894-1981)
Hexapoda (five studies in Jitteroptera), para violino e piano
11 – Gut-Bucket Gus
12 – Jane Shakes Her Hair
13 – Betty and Harold Close Their Eyes
14 – Jim Jives
15 – …Till Dawn Sunday

Kurt Julian WEILL (1900-1950)
16 – Die Dreigroschenoper – Mack The Knife (Moderato assai) (arranjo de Stefan Frenkel)

Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893)
17 – Souvenir d’un Lieu Cher, para violino e piano, Op. 42 – no. 3: Mélodie em Mi bemol maior

Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849)
18 – Noturnos para piano, Op. 55 – no. 2 em Mi bemol maior (arranjo de Heifetz)

Christoph Willibald von GLUCK (1717-1784)
19 – Orfeo ed Euridice – Dança dos Espíritos Abençoados (arranjo de Fritz Kreisler)

Robert Alexander SCHUMANN (1810-1856)
20 – Waldszenen, Op. 82 – no. 7: Vogel als Prophet (arranjo de Heifetz)

Nikolai Andreievich RIMSKY KORSAKOV (1844-1908)
21 – O Galo de Ouro – Hino ao Sol (arranjo de Kreisler)

Alexander Abramovich KREIN (1883-1951)
22 – Dança no. 4 (arranjo de Heifetz)

Johannes BRAHMS (1833-1897)
23 – Danças Húngaras – no. 7 em Lá maior (arranjo de Joseph Joachim)

Charles-Camille SAINT-SAËNS (1835-1921)
24 – Le Carnaval Des Animaux – Le Cygne (arranjo de Heifetz)

Cecil BURLEIGH (1885-1980)
25 – Six Pictures, Op. 30 – no. 4: Hills
26 – Small Concert Pieces, Op. 21 – no. 4: Moto Perpetuo

Jascha Heifetz, violino
Emanuel Bay, piano


Benjamin Louis Paul GODARD (1849-1895)
27 – Jocelyn – Berceuse (arranjo de Ernest R. Ball)

Hermann LÖHR (1871-1943)
28 – Where my Caravan has Rested  (arranjo de Edward Teschemacher)

Bing Crosby, voz
Jascha Heifetz, violino
Victor Young and his Orchestra


Jim HOYL, pseudônimo de Jascha HEIFETZ (1901-1987)
29 – When You Make Love to Me (Don’t Make Believe)

Jascha Heifetz, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE


Querem mais Heifetz? Confiram-no em ação, então, na sua imbatível gravação do concerto de Sibelius (juntamente com o de Glazunov e o segundo de Prokofiev)…

Concertos para Violino de Sibelius, Prokofiev e Glazunov com Jascha Heifetz

… e na frenética leitura do concerto de Beethoven com os sinfônicos de Boston sob Charles Munch:

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Violin Concerto in D – Heifetz, Munch, BSO

PQP Bach, pelo saudoso Ammiratore (1970-2021)

Vassily

 

Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano Op. 78 • 101 • 111 – Ingrid Marsoner ֍

Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano Op. 78 • 101 • 111 – Ingrid Marsoner ֍

Beethoven

Sonata para Piano, Op. 101

Rondó Op. 129

Sonatas para Piano, Op. 78 & 111

Ingrid Marsoner

 

Fui até uma farmácia, paguei R$ 120 e um simpático enfermeiro enfiou-me nas narinas (nas ventas, teria dito meu saudoso pai) um cotonete que de tão longo parecia o espadachim do Zorro. Quinze minutos depois ele deu-me o resultado: positivo para Covid. Ou, DETECTADO, como diz lá no resultado. Detectado resultado reagente para Antígeno SARS-CoV-2 na amostra. Nunca fiquei tão desapontado com um resultado positivo em toda a minha vida, mas vocês hão de convir, essa coisa de resultado é relativa.

Como não sou negacionista e dou muita atenção para o que diz a ciência, estou com todas as três doses de vacina tomadas e também a vacina da gripe. Assim, espero passar esta fase como todos aqueles que escutaram a voz da razão e buscaram os recursos disponíveis, com sintomas leves e em casa. Até aqui, tudo bem…

O que você faria neste caso? Provavelmente, o mesmo que eu, com pequenas variações, dependendo do seu próprio grau de neurose…

Ingrid flagrada em um passeio no Jardim Botânico da sede do PQP Bach do Rio de Janeiro…

Eu decidi ouvir este disco com sonatas para piano de Beethoven. A intérprete, Ingrid Marsoner, é austríaca e foi aceita na Academia de Música de Graz aos 11 anos, como aluna de Sebastian Benda, que fora aluno de Edwin Fischer. Depois foi estudar com Rudolf Kehrer em Viena. Suas principais  inspirações musicais são os eminentes pianistas Tatiana Nikolaieva, Paul Badura-Skoda e Alfred Brendel.

O repertório do disco é muito interessante. Peças para piano de Beethoven de seu último período, pelo menos a linda Sonata op. 101, que inicia o disco, e a Sonata op. 111, a última do compositor e do disco. Há também famoso Rondó – Raiva pela perda de um real! – que é uma obra de juventude e foi publicada tardiamente, o que explica o elevado número de opus. No manuscrito da peça se encontra este nome, mas não nos garranchos do Ludovico, e podem muito bem ser do seu secretário marketeiro e imaginoso Anton Schindler. De qualquer forma, a propósito da estrutura do Rondó, o libreto menciona muito poeticamente uma citação de Christian Friedrich Hobbel – Uma pessoa só pode se transformar naquilo que ela já é!

A sonata dedicada à Teresa Brunswick parece ser também uma espécie de exercício, mas que beleza de sonatina. O Rondo é a sonatazinha fazem um certo interlúdio para a grande e última sonata, op. 111. O livreto também fala na diferença entre a poesia e a filosofia. Texto um pouco hermético, pelo menos para moi, mas que lindas ideias. Ouvir essa música buscando o caminho da poesia e não da filosofia, me deixou mais animado no fim do dia.

Não deixe de ouvir este desimportante e im-PER-DÍ-VEL disco, sem compará-lo com esta ou aquela interpretação – apenas sente-se e aproveite. Depois, me conte…

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano No. 28 em lá maior, Op. 101

  1. Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung. Allegretto ma non troppo
  2. Lebhaft. Marschmäßig. Vivace alla marcia
  3. Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto + IV. Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

Rondo a capriccio em sol maior, Op. 129 “Raiva pela perda de um real!”

  1. Rondó

Sonata para Piano No. 24 em fá sustenido maior, Op. 78 “à Thérèse”

  1. Adagio cantabile-Allegro ma non troppo
  2. Allegro vivace

Sonata para Piano No. 32 em dó menor, Op. 111

  1. Maestoso-Allegro con brio ed appassionato
  2. Arietta. Adagio molto semplice e cantabile

Ingrid Marsoner, piano

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 217 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 150 MB

Ludovico procurando por seu secretário…

Vejam o que o pessoal entendido achou do disco:

“Ingrid Marsoner’s interpretation of Sonata Op. 78 is fluent and nuanced, genuine and devoted, sensitive and inspired, with rhapsodic tension and conviction. She extracts many a design secret from this wonderful F# major Sphinx.”
Klassik Heute – Rainer E. Janka – July 2017

“It may be in the craggy, windswept heights of Op 111 that Marsoner is most impressive … Here, Marsoner’s ability to suggest the mighty integrity of Beethoven’s architecture from multiple points of view within the musical narrative is particularly impressive. This is mature Beethoven which will be understandable by virtually anyone, even as it remains engagingly personal in expression. Without awe, Marsoner expresses her reverence for Beethoven with scrupulous attention to detail. This well-recorded disc will be a welcome addition to any library of Beethoven piano music

Gramophone – Patrick Rucker – July 2017

Aproveite!

René Denon

Homenagem a Ammiratore [Verdi/Beethoven: Quartetos em arranjos para orquestra de cordas – Previn]

Hoje é aniversário de nosso querido, saudoso Ammiratore e, por mais que quiséssemos, não conseguiríamos colocar em palavras a falta que ele nos faz. Assim, claro, vamos homenageá-lo com música.

Eu lhe alcancei esta gravação algumas semanas dele inaugurar sua imensa empreitada de publicar e comentar a obra completa de seu amado Verdi, que prossegue com o empenho e a minúcia do colega Alex DeLarge. Eu a recomendei primordialmente, como já decerto perceberam, pela presença da única obra de câmara deixada por Verdi: seu quarteto de cordas, uma peça despretensiosa, competentemente escrita durante um hiato ocioso na produção de “Aida”, e estreada diante de tão só alguns amigos. Aqui, ela tem uma roupagem orquestral dada por Arturo Toscanini e uma leitura muito hábil por André Previn, que mantém as texturas límpidas e muito afeitas à graça do original.

Menos óbvia, mas igualmente significativa, é a ligação entre Ammiratore e a obra que abre a gravação. O quarteto de cordas em Dó sustenido menor de Beethoven – certamente sua mais extensa, e provavelmente sua mais ambiciosa obra do gênero – não escapou ao projeto BTHVN 250, que nosso amável amigo acompanhou e comentou com entusiasmo durante todo 2020. Ele gostou tanto das publicações que teve a gentileza de me escrever em privado, agradecendo pelo empenho em completar o projeto, que muito o inspirou a encarar seu extenso Projeto Verdi. Além disso, ele também me era grato por apresentar-lhe obras de Ludwig que ele nunca antes conseguira antes acessar, como os últimos quartetos de Beethoven, que lhe teriam sido revelados (vejam como era gentil!) pelas minhas publicações. Passamos algum tempo a comentar pormenores dessas obras visionárias, até que ele mencionou que nenhuma delas lhe parecia tão sinfônica quanto o imenso Op. 131. Alcancei-lhe então esta gravação de Previn, que conduz o arranjo de Dmitri Mitropoulos ante os filarmônicos de Viena, para que pudesse experimentar a obra tocada pelas forças de uma orquestra.

Se não sei se ele a chegou a escutá-la, certamente nós outros o faremos agora, em sua memória – para que, enquanto a escutamos, também a escute o Ammiratore, lá nas Esferas.

Em nome de todos colaboradores do PQP Bach,

Vassily Genrikhovich


Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Quarteto para dois violinos, viola e violoncelo em Dó sustenido menor, Op. 131
Arranjo para orquestra de cordas por Dmitri Mitropoulos (1896-1960)

1 –  Adagio, ma non troppo e molto espressivo
2 – Allegro molto vivace – attaca:
3 – Allegro moderato – attaca:
4 – Andante, ma non troppo e molto cantible – Andante moderato e lusinghiero – Adagio – Allegretto – Adagio, ma non troppo e semplice – Allegretto – attaca:
5 – Presto – Molto poco adagio – attaca:
6 – Adagio quase un poco andante – attaca:
7 – Allegro

Giuseppe Fortunino Francesco VERDI (1813-1901)
Quarteto para dois violinos, viola e violoncelo em Mi menor
Arranjo para orquestra de cordas por Arturo Toscanini (1867-1957)

8 – Allegro
9 – Andantino
10 – Prestissimo
11 – Scherzo – Fuga

Wiener Philharmoniker
André Previn, regência

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

PQP Bach, pelo querido Ammiratore (1970-2021)

 

Franz Léhar (1870-1948): A Viúva Alegre (John Eliot Gardiner / Wiener Philharmoniker)

Franz Léhar (1870-1948): A Viúva Alegre (John Eliot Gardiner / Wiener Philharmoniker)

Pensei muito na postagem deste Natal. Diversas cantatas de papai me vieram à cabeça, entre outras coisas, como oratórios de Haendel, de Mendelssohn, enfim, ouvi muita coisa nestes últimos dias, inclusive um Stabat Mater magnífico de Dvorák, que virá com o devido tempo. Mas resolvi mudar um pouco, e trazer um pouco de alegria e diversão para este dia de Natal.

Tive o privilégio de assistir a um belíssimo concerto neste final de semana com a Orquestra do Castelo de Schömbrunn, diretamente de Viena. O repertório foi dedicado quase que exclusivamente à Família Strauss, e algumas árias desta “Viúva Alegre”, cantada por uma excelente soprano, cujo nome não lembro, mas enfim, belíssimo espetáculo, que deixou a todos os presentes encantados.

Voltei para casa empolgado e fui atrás de uma gravação dessa opereta de Léhar, cujas canções já ouço desde minha infância, e encontrei essa excelente versão da Filarmônica de Viena, curiosamente regida pelo maestro inglês John Eliot Gardiner com seu sempre perfeito The Monteverdi Choir, e com um elenco que trazia ao menos três cantores bem conhecidos, o baixo Brynn Terfel, a soprano Cheryl Studer, além de Barbara Booney.

Diversão garantida, grandes canções, excelente interpretação de todos os solistas, enfim, é para descontraí-los neste Natal.

Aproveitando a ocasião, deixo aqui para todos nossos leitores-ouvintes um Feliz Natal e um 2010 repleto de realizações.

Franz Léhar (1870-1948): A Viúva Alegre

01 – Verehrteste Damen und Herren
02 – Camille, ich muss mit Ihnen sprechen!
03 – So kommen Sie! ‘s ist niemand hier!
04 – Dialog_ Nun, Njegus, haben Sie meine Botschaft überbracht_
05 – Achtung, meine Herren
06 – Dialog_ Camille! – Ja_
07 – Also, Njegus, hier bin ich – O Vaterland
08 – Dialog_ Ich habe schon die vierte Nacht nicht geschlafen!
09 – Dialog & Ja, was_ – Ein trautes Zimmerlein
10 – Dialog &’Damenwahl! Hört man rufen rings im Saal!
11 – Ich bitte, hier jetzt zu verweilen – Es lebt’ eine Vilja
12 – Dialog_ Gospodina, dieses vaterländische Fest könnte nicht
13 – Heia, Mädel, aufgeschaut
14 – Dialog & Wie die Weiber man behandelt
15 – Dialog_ Mein tapferer Reitersmann!
16 – Dialog & und Romanze Mein Freund! Vernunft!
17 – Dialog_ Ah, die Baronin und der Herr Rosillon
18 – Ha! Ha! – Wir fragen, was man von uns will!
19 – Dialog_ Also, also, also
20 – Tanz-Szene
21 – Dialog_ Graf Danilowitsch& Ja, wir sind es, die Grisetten
22 – Dialog_ Exzellenz, Exzellenz, Graf, eine Expressdepesche!
23 – Lippen schweigen
24 – Dialog_ Exzellenz! Exzellenz! Diesen Fächer hat man in Pavillon gefunden!
25 – Ja, das Studium der Weiber ist schwer

Baron Mirko Zeta – Bryn Terfel
Valencienne – Barbara Booney
Graf Danilo Danilowitch – Boje Skovhus
Hannah Glawari – Cheryl Studer
Camille de Rosillon – Rainer Trost
Vicomte Cascada – Karl Magnus Fredricksson
Raoul de St. Brioche – Uwe Pepper
Njegus – Heinz Zednik

Wiener Philharmoniker
The Monteverdi Choir
John Eliot Gardiner

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Uma montegem da opereta "A Viúva Alegre" de Franz Lehar
Uma montegem da opereta “A Viúva Alegre” de Franz Lehar

FDP Bach

Satie (1866-1925) / Milhaud (1892-1974) / Auric (1892-1983) / Françaix (1912) / Fetler (1920): Dorati Conducts…

Satie (1866-1925) / Milhaud (1892-1974) / Auric (1892-1983) / Françaix (1912) / Fetler (1920): Dorati Conducts…

Este é um dos cds que mais tenho ouvido nos últimos dois anos, não entendo porque demorei tanto a compartilhá-lo com os amigos. Trata-se de um álbum com obras de compositores franceses compostas nos extremos do século XX, ou seja, início, com os Les Six Satie, Milhaud e Auric e final do século com Françaix e Fetler. Satie nos presenteia com seu balé Parade, música que mais tenho escutado já há um bom tempo. De Milhaud temos a polêmica e empolgante Le Boeuf Sur Le Toit, pantomima baseada em canções brasileiras. A alegre, ritmada e cheias de emoções Ouverture é uma das poucas peças de Auric que tive a oportunidade de ouvir. Completam o álbum dois compositores que eu nunca tinha ouvido falar, mas que me empolgaram bastante, Jean Françaix nos brinda com seu despretensioso e singelo, mas muito bonito Concertino para Piano e Orquestra e Paul Fetler com os Contrasts para Orquestra, obra que me surpreendeu bastante, com passagens rápidas e ritmadas, bem ao meu gosto. Enfim, um álbum que vale a pena ouvir.

Uma ótima audição!

.oOo.

Satie (1866-1925) / Milhaud (1892-1974) / Auric (1892-1983) / Françaix (1912) / Fetler (1920): Dorati Conducts…

Parade (Ballet Realiste On A Theme Of Jean Cocteau)
Composed By – Erik Satie
Orchestra – London Symphony Orchestra*
(14:27)
1.1 Choral – Prelude de Rideau Rouge – Prestidigitateur Chinois 5:16
1.2 Petite Fille Americaine 3:51
1.3 Acrobates 2:56
1.4 Final – Suite au “Prelude du Rideau Rouge” 2:24

2 Le Boeuf Sur le Toit (Ballet, After Jean Cocteau)
Composed By – Darius Milhaud
Orchestra – London Symphony Orchestra*
18:35

3 Ouverture
Composed By – Georges Auric
Orchestra – London Symphony Orchestra*
7:51

Concertino For Piano And Orchestra
Composed By, Piano – Jean Françaix
Orchestra – London Symphony Orchestra*
4 1. Presto Leggiero 1:51
5 2. Lent 1:44
6 3. Allegretto; Rondeau 4:15

Contrasts For Orchestra
Composed By – Paul Fetler
Orchestra – Minneapolis Symphony Orchestra
7 1. Allegro Con Forza 4:03
8 2. Adagio 5:24
9 3. Scherzo: Allegro Ma Non Troppo 3:52
10 4. Allegro Marciale – Presto 4:58

Regente: Antal Dorati, com as orquestras acima citadas.

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Dorati: de anta não tinha nada

Marcelo Stravinsky

Johannes Brahms (1833-1897): Symphonie nº 4 – Carlos Kleiber, Wiener Philharmoniker

Carlos Kleiber tinha o dom de transformar em ouro tudo o que tocava, tal qual um Rei Midas. Suas gravações, apesar de infelizmente não terem sido tantas, foram, em sua maioria, no mínimo excepcionais. Possuía uma personalidade muito forte, explorava à exaustão os músicos que trabalhavam consigo. Era filho de um importante maestro das primeiras décadas do século XX, Erich Kleiber, com o qual teve um relacionamento muito conturbado, o que, segundo biógrafos, influenciou tremendamente sua maneira de relacionar-se com outras pessoas. Músicos de orquestras famosas, como a própria Filarmônica de Viena contaram que Carlos Kleiber humilhava os músicos nos ensaios, tentando extrair deles o máximo de desempenho. Existem alguns documentários no youtube que valem a pena serem assistidos para os senhores conhecerem melhor esse excepcional maestro. Algumas de suas gravações são antológicas, como seu Beethoven, com a Quinta e Sétima Sinfonias, que já trouxemos aqui, e esta estupenda, histórica gravação da Quarta Sinfonia de Brahms, um dos maiores registros fonográficos do século XX. È para se ouvir de joelhos, diversas vezes.

Johannes Brahms (1833-1897): Symphonie nº 4 – Carlos Kleiber, Wiener Philharmoniker

01 – Brahms – Symphonie No. 4 in E minor, Op. 98 – I. Allegro non troppo
02 – Brahms – Symphonie No. 4 in E minor, Op. 98 – II. Andante moderato
03 – Brahms – Symphonie No. 4 in E minor, Op. 98 – III. Allegro giocoso – Poco meno presto – Tempo I
04 – Brahms – Symphonie No. 4 in E minor, Op. 98 – IV. Allegro energico e passionato – Piu allegro

Wiener Philharmoniker
Carlos Kleiber – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Restaurado por Vassily em 8/5/2020 e 29/1/2022

Ravel: Bolero / Rhapsodie Espagnole / Daphnis Et Chloé, Suite No. 2 / Honegger: Symphony No. 2 (Munch)

Ravel: Bolero / Rhapsodie Espagnole / Daphnis Et Chloé, Suite No. 2 / Honegger: Symphony No. 2 (Munch)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este é um bom jurássico. As gravações são do memorável ano de 1968, com Munch liderando a Orquestra de Paris. Aliás, Charles Munch morreu logo depois que essas obras de Ravel foram gravadas. Morreu durante uma turnê pelos EUA justamente com a Orquestra de Paris. A qualidade do som é sensacional. O Bolero está mais lento, ganhando uns três minutos sobre a maioria das gravações e está lindíssimo. Os solos (os saxofones!) estão especialmente sensuais. A Rapsodie espagnole tem precisão e brilho e a Daphnis Suite No. 2 vem com um belo bacanal e com uma pantomima muito relaxada e livremente fraseada que nunca deixa de cativar nas mãos de Munch. O Honegger também está mais lento — principalmente no primeiro movimento — e o belo som registra com mais impacto a clareza contrapontística do que a maioria das gravações. Munch era especialmente devotado a esta Sinfonia de Honegger e tornou-se uma espécie de mensageiro ou divulgador dela. E ela é muito boa mesmo!

Ravel: Bolero / Rhapsodie Espagnole / Daphnis Et Chloé, Suite No. 2 / Honegger: Symphony No. 2

Ravel
1 Boléro 17:18

Rapsodie Espagnole
2 I. Prélude à la Nuit 5:02
3 II. Malagueña 2:04
4 III. Habanera 2:55
5 IV. Feria 6:34

Daphnis Et Chloé – Suite No. 2
6 Lever Du Jour 5:45
7 Pantomime 7:15
8 Danse Générale 4:49

Honegger
Symphony No. 2
9 I. Molto Moderato – Allegro 10:31
10 II. Adagio Mesto 7:51
11 III. Vivace Non Troppo – Presto 5:09

Charles Munch
Orchestre de Paris

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Charles Munch: não é todo mundo que tem uma foto tirada por Henri Cartier-Bresson

PQP

Telemann (1681-1767): Concertos para Viola – Aberturas – Fantasias – Antoine Tamestit & Akademie für Alte Musik Berlin ֎

Telemann (1681-1767): Concertos para Viola – Aberturas – Fantasias – Antoine Tamestit & Akademie für Alte Musik Berlin ֎

Telemann

Concertos para Viola e Aberturas

Sonata e Fantasias

Antoine Tamestit, viola

Akademie für Alte Musik Berlin

 

Ano novo, disco novo! O disco é de 2022 e tem muitas virtudes: ótimo solista e excelente orquestra. A escolha do repertório também. Cheguei a ele atraído pelo Concerto para Viola, que conhecia de um disquinho produzido pela Naxos. E o concerto está renovado neste disco, como que renascido. Há na parte de trás do disco um texto mencionando o pioneirismo de Telemann ao escrever música para solo de viola. Pois ouvindo tudo, lembro também a enorme habilidade que ele tinha de encontrar uma melodia adequada para cada instrumento.

Antoine Tamestit

O programa também nos oferece uma boa variação. Temos duas suítes orquestrais com música colorida e com um certo sabor exótico, uma sonata para duas violas e duas fantasias escritas para violino solo, arranjadas para viola pelo solista, Antoine Tamestit. Para fechar o programa, um concerto para duas violas.

Antoine Tamestit atua como músico de câmara, fazendo parte de um Trio de Cordas, com o violinista Frank Peter Zimmermann e com o violoncelista Christian Poltéra, com os quais gravou trios de Mozart e Beethoven. Tem atuado com a Akademie für Ancient Musik Berlin, participando da gravação dos Concertos de Brandemburgo. Antoine também gravou um concerto para viola escrito para ele pelo compositor contemporâneo Jörg Widmann. Este disco eu não ouvi, mas fiquei curioso.

Georg Philipp Telemann (1681 – 1767)

Overture (Suite) TWV 55:B8 em si bemol maior para cordas e b.c. ‘Ouverture burlesque’

  1. Ouverture. Lentement – Vif – Lentement
  2. Scaramouches. Vite
  3. Harlequinade. Plaisant
  4. Colombine. Con grazia
  5. Pierrot. Vite
  6. Menuet I – Menuet II. Vivement
  7. Mezzetin en Turc. Très vite

Concerto TWV 51:G9 em sol maior para viola, cordas e b.c.

  1. Largo
  2. Allegro
  3. Andante
  4. Presto

Sonata en Canon TWV 40:121 em ré menor

  1. Vivace ma moderato
  2. Piacevole non largo
  3. Presto

Fantasia para solo de violino No. 2 em sol maior, TWV 40:15

arr. for viola: Antoine Tamestit

  1. Largo
  2. Allegro
  3. Allegro

Overture (Suite) TWV 55:g2 em sol menor para cordas e b.c. ‘La Changeante’

  1. Overture. Lentement – Vite – Lentement
  2. Loure
  3. Les Scaramouches. Vitement
  4. Menuet I – Menuet II. Doux
  5. La Plaisanterie
  6. Hornpip
  7. Avec douceur
  8. Canarie

Fantasia para solo de violino No. 1 em si bemol maior, TWV 40:14

Arr. for viola: Antoine Tamestit

  1. Largo
  2. Allegro
  3. Grave
  4. Allegro da capo

Concerto TWV 52:G3 em sol maior para duas violas, cordas e b.c.

  1. Avec douceur
  2. Gaÿ
  3. Largo
  4. Vivement

Antoine Tamestit, viola

Sabine Fehlandt, segunda viola (Sonata e Concerto)

Akademie für Alte Musik Berlin

Bernhard Forck

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 350 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 168 MB

Viola e seu irmãozinho

A precursor in this field as in so many others, Telemann gave the viola its very first masterpieces, immediately establishing it as a solo instrument in its own right.

Alongside Sabine Fehlandt and the musicians of the Akademie für Alte Musik Berlin, Antoine Tamestit pays splendid tribute to this pioneering music, which blends melodic charm and contrapuntal rigour into an organic whole.

AAM Berlin

Aproveite!
René Denon

E não me venham com piadas sobre a viola…

Chopin – Etudes, op. 25, 4 Scherzi – Beatrice Rana

Este com certeza foi um dos discos mais aguardados de 2021, desde os primeiros comentários e releases da Warner já fiquei ansioso por seu lançamento. E não canso de dizer que valeu a espera. Não por acaso, a prestigiosa revista Gramophone, entre outras revistas especializadas, o listou como um dos principais lançamentos do ano. e alçou o nome de Beatrice Rana ao dos grandes pianistas da atualidade, fato já comprovado em outros lançamentos da pianista.

Beatrice Rana é uma jovem pianista italiana, apenas 28 anos de idade, e depois desta extraordinária execução destes dificílimos estudos de Chopin, fico pensando em quais serão seus projetos para o futuro? Qual preciosidade irá nos entregar? Por que, convenhamos, lançar um CD com estudos de Chopin ainda tão no início de carreira pode ser uma temeridade, não acham?

Desde o início do CD já entendemos que o assunto será tratado com muita seriedade, porém com leveza. Intensa nos momentos em que assim é exigido, suave nos momentos mais líricos, mas em ambos os casos, o que ouvimos é pura poesia. A impressão que tenho é que procura o tempo todo conter os impetos de seu sangue italiano. Vejam esse vídeo do Youtube para entenderem do que estou falando:

A própria Warner disponibiliza outros vídeos desta gravação. Vale a pena assistir e entender o processo de formação de uma estrela. Ainda vamos ouvir falar muito dessa mocinha.

01. 12 Études, Op. 25- No. 1 in A-Flat Major, -Aeolian Harp-
02. 12 Études, Op. 25- No. 2 in F Minor
03. 12 Études, Op. 25- No. 3 in F Major
04. 12 Études, Op. 25- No. 4 in A Minor
05. 12 Études, Op. 25- No. 5 in E Minor
06. 12 Études, Op. 25- No. 6 in G-Sharp Minor
07. 12 Études, Op. 25- No. 7 in C-Sharp Minor
08. 12 Études, Op. 25- No. 8 in D-Flat Major
09. 12 Études, Op. 25- No. 9 in G-Flat Major, -Butterfly-
10. 12 Études, Op. 25- No. 10 in B Minor
11. 12 Études, Op. 25- No. 11 in A Minor, -Winter Wind-
12. 12 Études, Op. 25- No. 12 in C Minor
13. Scherzo No. 1 in B Minor, Op. 20
14. Scherzo No. 2 in B-Flat Minor, Op. 31
15. Scherzo No. 3 in C-Sharp Minor, Op. 39
16. Scherzo No. 4 in E Major, Op. 54

Beatrice Rana – Piano

BAIXAR AQUI – DOWNLOAD HERE

J.S. Bach (1685-1750): Tombeau De Sa Majesté La Reine De Pologne — Missa BWV 234 / Cantata BWV 198 / Peças para órgão (Kobow, MacLeod, Jacob, Fuge, Mena, Luis Otavio Santos, Ricercar Consort, Philippe Pierlot)

J.S. Bach (1685-1750): Tombeau De Sa Majesté La Reine De Pologne — Missa BWV 234 / Cantata BWV 198 / Peças para órgão (Kobow, MacLeod, Jacob, Fuge, Mena, Luis Otavio Santos, Ricercar Consort, Philippe Pierlot)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um CD sensacional, verdadeiramente imperdível. Aqui, como acontece nos grandes trabalhos, o todo é maior do que a soma das partes. Os solistas e músicos estão perfeitos e Philippe Pierlot extrai o melhor deles com base em sua compreensão técnica e intuitiva do que é essa esplêndida música. Além disso, dificilmente posso citar outro CD que seja melhor projetado para capturar o calor e os detalhes de uma apresentação musical do que este. O repertório é muito bem concebido, e o uso do órgão de Francis Jacob tocando para marcar a divisão entre as principais obras neste disco é apenas um exemplo da consideração que foi dada a cada detalhe na produção. Se não for muito fantasioso, sou tentado a pensar na inserção do Prelúdio BWV 544 entre a Missa e a Cantata 198 serve como como a água que servida junto com café espresso, para limpar e ativar as papilas gustativas. Claro que o Prelúdio têm mérito por si só, mas você se beneficiará com isso, entre outros toques cuidadosos, ao reproduzir o CD completo.  No mais, são obras lindíssimas de Bach, especialmente o Tombeau de Sa Majesté la Reine de Pologne. Ouça e você voltará a essa música muitas vezes.

Destaque para a presença do grande Luis Otavio Santos como spalla da orquestra. Esse mineiro é genial! Nascido em 1972, Luis Otavio Santos é formado em violino barroco pelo Koninlkijk Conservatorium de Haia (Holanda), onde foi discípulo de Sigiswald Kuijken e obteve o Master’s degree em 1996. Desde 1992, desenvolve intensa carreira na Europa como líder e solista de eminentes grupos de música antiga, tais como La Petite Bande (Bélgica), Ricercar Consort (Bélgica) e Le Concert Français (França). Foi professor na Scuola di Musica di Fiesole, em Florença (de 1997 a 2001) e no Conservatoire Royale de Musique de Bruxelles (de 1998 a 2005). Luis Otavio atua como diretor artístico do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora. Também é fundador e coordenador do Núcleo de Música Antiga da EMESP, onde leciona violino barroco. É doutor em música pela UNICAMP.

J.S. Bach (1685-1750): Tombeau De Sa Majesté La Reine De Pologne — Missa BWV 234 / Cantata BWV 198 / Peças para órgão (Kobow, MacLeod, Jacob, Fuge, Mena, Luis Otavio Santos, Ricercar Consort, Philippe Pierlot)

Missa A 4 Voici. 2 Travers. 2 Violini, Viola E Continuo, BWV 234
1 Kyrie 2:43
2 Christe, Lente E Piano 1:44
3 Kyrie, Vivace 1:24
4 Gloria, Vivace – Adagio E Piano E Forte-Adagio E Piano – Vivace E Forte-Adagio E Piano-Vivace E Forte-Adagio 5:28
5 Domine Deus, Andante 5:52
6 Qui Tollis 6:16
7 Quoniam 3:41
8 Cum Sancto Spiritu, Grave-Vivace

9 Praeludium In Organo Pleno, Pedal, BWV 544 6:51

Tombeau De Sa Majesté La Reine De Pologne, BWV 198
10 Chorus: “Lass, Fürstin, Lass Noch Einen Strahl” 5:28
11 Recitativo: “Dein Sachsen, Dein Bestürztes Meissen” 1:18
12 Aria: “Verstummt, Verstummt, Ihr Holden Saiten!” 3:19
13 Recitativo: “Der Glocken Bebendes Getön” 0:58
14 Aria: “Wie Starb Die Heldin So Vergnügt!” 6:56
15 Recitativo: “Ihr Leben Lies Die Kunst Zu Sterben” 1:02
16 Chorus: “An Dir, Du Fürbild Grosser Frauen” 1:56
17 “Herzlich Tut Mich Verlangen” A 2 Claviers Et Pédale, BWV 727 2:33

Tombeau De Sa Majesté La Reine De Pologne, BWV 198
18 Aria: “Der Ewigkeit Saphirnes Haus” 3:56
19 Recitativo: “Was Wunder Ist’s? Du Bist Es Wert” 2:32
20 Chorus Ultimus Post 2am Partem: “Doch Königin Du Stirbest Nicht!” 4:59

21 Fuga, BWV 544 6:07

Alto Vocals [Soloist] – Carlos Mena (2)
Bass Vocals [Soloist] – Stephan MacLeod
Cello – Julie Borsodi, Rainer Zipperling
Contrabass – Frank Coppieters
Directed By – Philippe Pierlot (2)
Ensemble – Ricercar Consort
Flute – Georges Barthel, Marc Hantaï
Harpsichord – François Guerrier
Lute – Eduardo Egüez
Oboe d’Amore – Alessandro Piqué*, Peter Wuttke
Organ – Francis Jacob
Soprano Vocals [Soloist] – Katharine Fuge
Tenor Vocals [Soloist] – Jan Kobow
Viola – Gabriel Grosbard, Stephen Freeman (2)
Viola da Gamba – Kaori Uemura, Philippe Pierlot (2), Sofia Diniz
Violin – Blai Justo, Dmitri Badiarov*, Mika Akiha, Sandrine Dupé, Sophie Gent
Violin, Concertmaster – Luis Otavio Santos

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Luis Otávio Santos

PQP

W. A. Mozart (1756-1791): Piano Concertos Nos. 14, 17 & 21

W. A. Mozart (1756-1791): Piano Concertos Nos. 14, 17 & 21

Este é daqueles discos necessários em qualquer boa discoteca. Quem tem vivência com eruditos até já encheu um pouco o saco; quem não tem tanta rodagem, tem que conhecer. A interpretação de Maria João Pires mais a regência de Claudio Abbado são garantia de qualidade. Ambos são competentíssimos e grandes especialistas em Mozart. Para quem está sendo apresentado às obras, procure ouvir a delicadeza do dedilhado e do som da fantástica portuguesa Maria João. O que você ouvirá é uma das mais perfeitas expressões do mestre de Salzburgo. Aproveite.

W. A. Mozart (1756-1791): Piano Concertos Nos. 14, 17 & 21

1. Mozart: Piano Concerto No.14 In E Flat, K.449 – 1. Allegro vivace 8:34
2. Mozart: Piano Concerto No.14 In E Flat, K.449 – 2. Andantino 6:51
3. Mozart: Piano Concerto No.14 In E Flat, K.449 – 3. Allegro ma non troppo 5:59

4. Mozart: Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 1. Allegro (Live At Teatro Comunale, Ferrara 1993) 12:02
5. Mozart: Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 2. Andante (Live At Teatro Comunale, Ferrara 1993) 9:52
6. Mozart: Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 3. Allegretto (Live At Teatro Comunale, Ferrara 1993) 7:24

7. Mozart: Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 1. Allegro 14:03
8. Mozart: Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 2. Andante 6:09
9. Mozart: Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 3. Allegro vivace assai 6:39

Maria João Pires, piano
Chamber Orchestra of Europe
Vienna Philharmonic Orchestra
Claudio Abbado

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Pires e Abbado combinam: vamos fazer o melhor Mozart que esses caras já ouviram
Pires e Abbado combinam: vamos fazer o melhor Mozart que esses caras já ouviram

PQP

.: interlúdio :. Miles Davis: Kind of Blue

.: interlúdio :. Miles Davis: Kind of Blue

FDP escreveu em 26 de maio de 2008:

Já foram vários os pedidos para que este álbum fosse postado, mas sempre fomos protelando. Hoje, conversando com um amigo (que me lembrou do dia 25), resolvi encarar.

O que podemos falar sobre “Kind of Blue”, considerado pela crítica especializada o melhor álbum de jazz já gravado, aquele que encabeça a maior parte das listas de Top 10 desde seu lançamento em 1959, o maior sucesso de vendas da carreira de Miles, aquele que segundo reza a lenda a Columbia, e posteriormente a Sony, jamais deixaram de prensar, seja em LP, seja em CD, um disco por muitos considerados perfeito, difícil de se encontrar um momento que possa ser considerado mais fraco? Sem palavras… Coltrane, Cannonball Aderley, Bill Evans, Paul Chambers, Winton Kelly e Jimmy Cobb.. poucas formações foram tão fantásticas quanto esta..

E BlueDog respondeu na mesma data:

Kind of Blue em tópicos rápidos:
• Gravado em 22 de março (lado A, as três primeiras faixas) e 09 de abril de 1959 (lado B)
• Lançado em 17 de agosto daquele mesmo ano
• O álbum mais vendido da história do jazz
• E um dos mais importantes e influenciais de toda a música
• Nasceu do esgotamento do bebop diante da criatividade de Miles
• E do seu encontro com um livro chamado Lydian Chromatic Concept of Tonal Organization
• Kind of Blue, em termos de composição, foi precedido pela faixa Milestones, do disco homônimo de 58
• Marca o surgimento do jazz modal – baseado em escalas, ao invés de acordes
• E disso, um retorno à melodia, ao invés do duo técnica + velocidade do bebop
• É um disco que flui fácil nos ouvidos à primeira audição; na segunda, se percebe a enorme complexidade dos temas
• Gênio? disse Bill Evans: “Miles conceived these settings (as escalas) only hours before the recording dates.

“So What” consists of a mode based on two scales: sixteen measures of the first, followed by eight measures of the second, and then eight again of the first. “Freddie Freeloader” is a standard twelve bar blues form. “Blue in Green” consists of a ten-measure cycle following a short four-measure introduction. “All Blues” is a twelve bar blues form in 6/8 time. “Flamenco Sketches” consists of five scales, each to be played “as long as the soloist wishes until he has completed the series”.

• Evidentemente, a banda também não sabia quase nada sobre o que gravaria ao chegar no estúdio
• Wynton Kelly, que havia substituído Bill Evans há pouco no grupo de Davis, toca apenas “Freddie Freeloader”
• E Cannonball Adderley não participa de “Blue in Green”
• Sobre a obra, definiu Chick Corea: “It’s one thing to just play a tune, or play a program of music, but it’s another thing to practically create a new language of music, which is what Kind of Blue did.”

Este cão, que não sabe contar – e muito menos entende de teoria musical – apenas esmigalha informação disponível, e lembranças, para os leitores. Assim como não esquece da melhor crônica que já leu sobre Kind of Blue, escrita no blog de Rafael Galvão – e compartilha. Inadvertidamente, a copio abaixo. É também resenha do livro de Ashley Kahn sobre Kind of Blue. Leiam logo, antes que ele descubra. 

Kind of Blue
Oct 5th, 2007 por Rafael Galvão

Há algo de desgraçado no jazz. Algo que faz com que ninguém o ouça impunemente, que condena aquele que o conhece a nunca mais conseguir voltar atrás, a nunca mais se contentar de verdade com menos que aquilo; algo que eleva, para sempre, os padrões pelos quais se julga a música, qualquer tipo de música, não apenas a popular.

É difícil, para aquele que ouve o trompete de Louis Armstrong, ouvir qualquer outra música com trompete e não exigir que tenha a mesma qualidade, a mesma qualidade dramática, a mesma síncope, o mesmo swing — em última instância, as mesmas notas altas e desesperadas. E isso vale também para o piano, para o trombone, para o saxofone. É no jazz que a banda de música tradicional atinge o ápice, que eleva a arte de tocar esses instrumentos à perfeição.

O jazz é a forma superior de música popular. É o que de melhor fez um século que viu a música erudita se diluir em redundâncias medíocres como as trilhas para cinema ou grandes vazios como a música experimental, e que teve como principal trilha sonora o rock e o pop, galhos menos floridos do mesmo tronco que gerou o jazz.

E Kind of Blue, disco de Miles Davis, é a forma superior de jazz. Nunca mais o jazz atingiria um ponto semelhante, de perfeição quase absoluta. Foi ali, em um disco com a participação de mestres como John Coltrane e Bill Evans, gravado em duas sessões, com o primeiro take sendo o que valia, que o jazz atingiu a perfeição. Kind of Blue é um desses discos fundamentais por uma razão: é perfeito. Das notas iniciais de So What à última nota de All Blues, o que se tem não é a apenas a obra-prima do que chamavam jazz modal; é uma síntese de tudo o que o jazz tinha feito até aquele momento, do dixieland ao bebop: é a música popular elevada ao nível máximo que ela pode alcançar, quase ao nível da música erudita tradicional.

Embora tenham sido Louis Armstrong e Duke Ellington a dar ao jazz o status de arte, foi aquela geração — Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Miles Davis e John Coltrane, pela ordem — que elevou o jazz ao ponto máximo da música ocidental. Uma geração ambiciosa, consistente, que explodia os limites da música e apontava uma infinidade de caminhos ao mesmo tempo em que solidificava, com um talento nunca mais igualado, uma tradição de 50 anos de jazz. Infelizmente, quase na mesma época surgiria Ornette Coleman com uma nova mudança, e a porteira seria aberta para bobagens como free jazz e fusion; mas isso não importa. Ouve Ornette Coleman quem quer e quem gosta. O importante, mesmo, é que há um disco que explica, sem sequer uma palavra, o que é o jazz, que concentra em cinco faixas cinqüenta anos do mais assombroso gênero musical que o século XX criou. E esse disco é Kind of Blue.

A Barracuda, do Freddy Bilyk, lançou no começo deste ano um livro que conta a saga desse disco: “Kind of Blue — A história da obra prima de Miles Davis“, de Ashley Kahn, conta a história desse disco de maneira inteligente e simples. Contextualiza o disco em sua época e nas trajetórias de seus músicos, sem perder tempo com fofocas e explorações sensacionalistas ou simplesmente mundanas de detalhes pouco importantes, como os problemas com drogas que praticamente todos eles enfrentaram.

Kahn mostra o processo de criação das músicas, explicando a razão de cada termo utilizado com clareza e simplicidade notáveis. Detalha cada sessão, e explica cada música de um jeito simples mas completo. Explica por que o disco foi tão importante. E explora o legado de um álbum que foi recebido sem tanta euforia, mas que aos poucos se consolidou como o disco mais importante da história do jazz.

A importância de Miles Davis pode ser medida pelo que ele disse em um jantar na Casa Branca. Naquela ocasião, ele não mentiu. E Kind of Blue foi uma dessas revoluções. Talvez não tão importante, do ponto de vista “revolucionário”, quanto Birth of Cool; mas um disco estupidamente superior.

Por explorar com simplicidade um assunto tão fascinante mas ao mesmo tempo tão complexo, “Kind of Blue” é um daqueles livros indispensáveis para quem gosta de jazz, mas também para músicos que querem saber como pode funcionar uma sessão de gravação. É importante, também, para compositores que buscam densidade em seu processo criativo.

Há alguns anos, a Gabi me convidou para escrever uma coluna sobre jazz no site da Antena 1. A resposta foi a costumeira, uma recusa, mas dessa vez não foi apenas pela falta de tempo crônica: eu sabia que jamais poderia escrever sobre jazz porque isso requer uma erudição que eu, definitivamente, não tenho. Palavras e expressões como diatônica, escala cromática, modalismo não fazem parte do meu vocabulário habitual. E ler “Kind of Blue” me deixou com a certeza de que eu estava certíssimo ao dizer não. Mas, ainda mais que isso, me deu o conforto de saber que um sujeito como Ashley Kahn pode tornar essas palavras difíceis compreensíveis até para mim.

Miles Davis – Kind of Blue

01 – So What
02 – Freddie Freeloader
03 – Blue In Green
04 – All Blues
05 – Flamenco Sketches
06 – Flamenco Sketches (Alternate Take)

Miles Davis – Trompete
Julian “Cannonball” Adderley – Saxofone Alto (exceto “Blue in Green”)
John Coltrane – Saxofone Tenor
Bill Evans – Piano (exceto “Freddie Freeloader”)
Wynton Kelly – Piano ( em “Freddie Freeloader”)
Paul Chambers – Contrabaixo
Jimmy Cobb – Bateria

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Foto de uma das sessões de gravação de Kind of Blue

FDP / BlueDog

.: interlúdio :. John Coltrane: A Love Supreme

.: interlúdio :. John Coltrane: A Love Supreme

IM-PER-DÍ-VEL !!!

A Love Supreme — 50 anos

(Já começo desvirtuando a regra do blog: não indico o nome do compositor no início do título do post. Como fui convidado a ocupar algumas arestas por aqui — e não dividir a casa ao meio, diferencio para facilitar a navegação dos leitores que preferirem a programação normal.)

Fiquei pensando em de que forma começar desde que aceitei participar do PQP Bach. Depois de considerar algumas opções – querendo fazer uma assertiva inicial dessa escolha -, optei pela primeira idéia. Verdade: começar a falar sobre jazz com “A Love Supreme”, de John Coltrane, é arriscar demais cair num clichê. Mas o ouvinte qualificado – e o é certamente o leitor deste blog – jamais qualificaria este disco como qualquer coisa próxima a datado.

“A Love Supreme” foi gravado em uma única sessão direta, executada na ordem em que as músicas aparecem no disco, no dia 9 de dezembro de 1964. Desde lá, tem sido responsável por 33 minutos que frequentemente o definem como uma das maiores gravações de jazz de todos os tempos. Um álbum que qualificou Coltrane como um deus do jazz – uma suíte dividida em quatro partes, dedicada… a Deus.

During the year 1957, I experienced by the grace of God, a spiritual awakening which was to lead me to a richer, fuller, more productive life. At that time, in gratitude, I humbly asked to be given the means and privilege to make others happy through music. [original liner notes]

Em 57 Coltrane havia sido deixado pelas mudanças de direção musical do quinteto de Miles Davis, e estava em péssimo estado, físico e mental, debilitando pelo vício em heroína. 7 anos depois ele estava limpo, havia tocado com Monk, liderado seu próprio quarteto, aceitado as influências das religiões orientais em sua concepção de divino – e pronto para compor sua obra-prima.

A versão aqui apresentada de “A Love Supreme” só não vai agradar aos já veteranos do assunto: é a [última] edição de luxo, que além da gravação original, traz o registro ao vivo da única noite em que a suíte completa foi interpretada. Coltrane, no entanto, teria ficado pouco satisfeito com a qualidade do áudio — o que é fato. Apesar disso é um show que mostra, 6 meses depois do álbum, que o quarteto tomava a firme direção do free jazz.

Além disso, estão incluídos takes alternativos de Resolution e Acknowledgement – estes últimos, objetos de anos e anos de espera de aficcionados por contar com mais dois músicos na formação: o sax tenor de Archie Shepp e Art Davis num segundo baixo. Os takes foram gravados no dia seguinte, 10/12/64.

A Love Supreme (320 kbps)
John Coltrane: tenor saxophone, bandleader
McCoy Tyner: piano
Jimmy Garrison: bass
Elvin Jones: drums
Produzido por Bob Thiele para a Impulse!

DISC ONE | Original Album
A1999 Part 1 – Acknowledgement 999 7:43
A2 Part 2 – Resolution 7:20
B Part 3 – Pursuance 10:42
Part 4 – Psalm 7:05

DISC TWO | Bonus
01 Introduction by André Francis 1:13
02 Part 1 – Acknowledgement (Live Version) 6:12
03 Part 2 – Resolution (Live Version) 11:37
04 Part 3 – Pursuance (Live Version) 21:30
05 Part 4 – Psalm (Live Version) 8:49
06 Part 2 – Resolution (Alternative Take) 7:25
07 Part 2 – Resolution (Breakdown) 2:13
08 Part 1 – Acknowledgement (Alternative Take) 9:09
09 Part 1 – Acknowledgement (Alternative Take) 9:23

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

John Coltrane, um clássico aos 50 anos
John Coltrane, um clássico aos 50 anos

Blue Dog

J. S. Bach (1685-1750): Cantatas para Baixo – David Greco – Luthers Bach Ensemble – Tymen Jan Bronda ֎

BACH

Cantatas BWV 56, 82 & 158

David Greco, baixo

Luthers Bach Ensemble

Tymen Jan Bronda

Este disco contém três cantatas para solo de baixo. Duas delas são espetaculares – BWV 56 e 82. Pesquisadores acreditam que ambas foram escritas para o mesmo solista, um estudante de direito em Leipzig, chamado Johann Christian Samuel Lipsius.

Eu tenho uma forte predileção pela Cantata BWV 82 e acho que o Johann Sebastian também tinha. Há quatro versões dela e a ária ‘Schlumert ein’, uma das mais bonitas que ele escreveu, também aparece em um caderno de música de Anna Magdalena Bach. É uma linda canção de ninar. Mas, um aviso aos navegantes, Albert Schweitzer a chamava Canção de Ninar para o Sono Eterno! Isso é porque toda a cantata reflete a perspectiva que o ambiente onde Bach vivia tinha sobre a morte – Ich habe genug –, o título e primeira frase da cantata, é algo assim como ‘Já deu para mim’. A morte era a passagem do misere terrestre, com dores e furúnculos, para o alívio e descanso eterno. Bom, muito o que pensar aqui, mas vamos a música, que é ótima!

Greco dando uma força para os baixos do Coral do PQP Bach em uma apresentação dia destes…

O solista do disco da postagem é australiano – David Greco – e completou sua formação na Holanda, onde colaborou com o pessoal do Luthers Bach Ensemble desde a sua formação. Assim, apesar de bastante jovem, ele é muito experiente para interpretar estas grandes obras.

Eu sei que este repertório já foi gravado por muitos cultuados intérpretes. Eu particularmente gosto das interpretações (bastante diferentes) de Olaf Bär, Thomas Quasthoff e Peter Kooy. Mas deixem essas feras guardadas e aproveitem esta beleza de disco. Ouça como a escolha de instrumentos dedilhados para reforçar o baixo contínuo torna esta gravação ótima.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Cantata BWV 82 ‘Ich habe genug’

  1. Ich habe genug
  2. Ich habe genug! Mein Trost ist nur allein
  3. Schlummert ein, ihr matten Augen
  4. Mein Gott! Wann kömmt das schöne
  5. Ich freue mich auf meinen Tod

Cantata BWV 158 ‘Der Friede sei mit dir’

  1. Der Freide sei mit dir
  2. Welt, ade, ich bin dein müde
  3. Recitative and Arioso. Nun Herr, regiere meinen Sinn
  4. Hier ist das rechte Osterlamm

Cantata BWV 56 ‘Ich will den Kreuzstab gerne tragen’

  1. Ich will den Kreuzstab gerne tragen
  2. Mein Wandel auf der Welt
  3. Endlich, endlich wird mein Joch
  4. Recitative and Aria. Ich stehe fertig und bereit
  5. Coro: Komm, o Tod, du Schlafes Bruder

David Greco, baixo

Joanna Huszcza, violino

Amy Power, oboé

Luthers Bach Ensemble

Tymem Jan Bronda

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 221 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 116 MB

O pessoal do Luthers Bach Ensemble

Descansem bem estes olhinhos…

Aproveite!

René Denon

Gravação antológica da Cantata ‘Ich habe genug’

.: interlúdio :. Bossa Nova (vários)

.: interlúdio :. Bossa Nova (vários)

Este é um disco gringo, altamente gringo. É uma bossa nova mais instrumental e jazzística do que a bossa nova realmente foi mas… Achei interessante ouvir a salada de sons de uma época de grande sofisticação harmônica — e notáveis melodias –, mas que eram meio mal gravadas. Sim, sei da “influência do jazz” sobre o samba, mas aqui a tentativa parece ser a de sublinhar o jazz, basta ler a lista dos artistas envolvidos. Sabemos: a bossa nova surgiu no Brasil no final da década de 50, na intimidade dos apartamentos e boates da Zona Sul do Rio de Janeiro — reduto da classe média — estudantes e jovens em geral. É claro que foi mais uma dessas ousadas revoluções que se tornaram clássicas. Em termos musicais, a ela evoluiu no sentido do desenvolvimento da criação melódica, as canções tornaram-se mais difíceis de serem cantadas, pois as complicadas incursões melódicas exigiam um encadeamento harmônico mais evoluído. Além disso a bossa nova trouxe a orquestração econômica, nascidas em apartamentos. Sendo um movimento musical tecnicamente evoluído, a bossa nova não tardou a ultrapassar nossas fronteiras, assimilada rapidamente nos Estados Unidos. Com a vinda ao Brasil de Herbie Mann, Charles Byrd, Stan Getz e Zoot Sims, ela foi logo exportada. Aceita e praticada pelos melhores músicos americanos, entre eles, Frank Sinatra. E aqui temos parte da explicação para esta coletânea de 2006, toda gravada no exterior.

O disco vale por vários registros fantásticos, mas principalmente por Ella Fitzgerald cantando Inútil Paisagem. Aquilo ali é demais prum pobre coração.

.: interlúdio :. Bossa Nova (vários)

1 Tamba Trio– Mas Que Nada
Bass, Vocals – Bebeto Castilho
Drums, Vocals – Helcio Milito*
Piano, Vocals – Luizinho Eca*
Written-By – Jorge Ben
2:45

2 Sergio Mendes Trio*– The Girl From Ipanema (Garota De Ipanema)
Bass – Sebastiao Neto*
Drums – Chico Batera
Flugelhorn – Art Farmer
Guitar, Written-By – Antonio Carlos Jobim
Piano – Sergio Mendes*
Written-By – Vinicius De Moraes
2:49

3 Klaus Doldinger Quartet*– Copacabana
Bass – Helmut Kandlberger
Drums – Klaus Weiss
Guitar – Bert Helsing
Organ – Ingfried Hoffmann
Percussion – Rolf Ahrens
Tenor Saxophone – Klaus Doldinger
Written-By – Alberto Ribeiro Da Vinha*, Joao De Barro*
2:06

4 Sylvia Telles– Discussão
Bass – Sergio Portella Barroso*
Drums – Chico Batera
Percussion – Rosinha De Valenca*, Rubens Bassini
Piano – Salvador Da Silva Filho
Vocals – Sylvia Telles
Written-By – Antonio Carlos Jobim, Newton Mendonca*
1:54

5 Baden Powell– Tristeza
Bass – Sergio*
Drums – Milton Banana
Guitar – Baden Powell
Percussion – Alfredo Bessa, Amauri Coelho
Written-By – Haroldo Lobo, Niltinho
3:19

6 Joe Pass– El Gento
Bass – Eberhard Weber
Drums – Kenny Clare
Guitar – Joe Pass
Written-By – Willi Fruth
4:01

7 Edu Lobo– Upa, Neguinho
Bass – Sergio Portella Barroso*
Drums – Chico Batera
Flute – J. T. Meirelles*
Percussion – Jorge Arena, Rubens Bassini
Piano – Salvador Da Silva Filho
Vocals, Guitar, Written-By – Edu Lobo
Written-By – Gianfrancesco Guarnieri
2:12

8 The Oscar Peterson Trio– Triste
Bass – Sam Jones
Drums – Bob Durham*
Piano – Oscar Peterson
Written-By – Antonio Carlos Jobim
5:23

9 Art Van Damme– Wave
Accordion – Art Van Damme
Bass – Peter Witte
Drums – Charly Antolini
Guitar – Freddie Rundquist
Vibraphone – Heribert Thusek
Written-By – Antonio Carlos Jobim
2:53

10 Ella Fitzgerald– Useless Landscape (Inútil Paisagem)
Bass – Frank De La Rosa
Drums – Ed Thigpen
Piano – Tommy Flanagan
Vocals – Ella Fitzgerald
Written-By – Aloysio De Oliveira, Antonio Carlos Jobim, Ray Gilbert
5:10

11 J. T. Meirelles*– O Barquinho
Bass – Sergio Portella Barroso*
Drums – Chico Batera
Flute – J. T. Meirelles*
Piano – Salvador Da Silva Filho
Written-By – Roberto Menescal, Ronaldo Boscoli
2:11

12 Coleman Hawkins– Desafinado
Arranged By – Manny Albam
Bass – Major Holley
Drums – Eddie Locke
Guitar – Barry Galbraith, Howard Collins
Percussion – Willie Rodriguez
Piano – Tommy Flanagan
Tenor Saxophone – Coleman Hawkins
Written-By – Antonio Carlos Jobim, Newton Mendonca*
5:47

13 Astrud Gilberto– Água De Beber
Arranged By – Marty Paich
Bass – Joe Mondragon
Guitar, Backing Vocals, Written-By – Antonio Carlos Jobim
Percussion – Unknown Artist
Piano – Joao Donato*
Vocals – Astrud Gilberto
Written-By – Vinicius De Moraes
2:18

14 Luiz Bonfa*– Bossa Nova Cha Cha
Arranged By [Strings], Conductor – Lalo Schifrin
Bass – Iko Castro Neves
Drums, Percussion – Roberto Pontes-Dias
Flute – Leo Wright
Guitar, Vocals, Written-By – Luiz Bonfa*
3:21

15 Bob Brookmeyer– A Felicidade
Guitar – Jim Hall, Jimmy Raney
Percussion – Carmen Costa, Jose Paulo*, Willie Bobo
Piano – Bob Brookmeyer
Vibraphone – Gary McFarland
Written-By – Andre Michel Charles Salvet*, Antonio Carlos Jobim, Vinicius De Moraes
3:15

16 Elsie Bianchi– Meditation
Bass – Siro Bianchi
Drums – Charly Antolini
Vocals, Piano – Elsie Bianchi
Written-By – Antonio Carlos Jobim, Newton Mendonca*
3:47

17 Stan Getz & Laurindo Almeida– Once Again (Outra Vez)
Bass – George Duvivier
Drums – Dave Bailey, Edison Machado, Jose Soarez
Guitar – Laurindo Almeida
Percussion – Jose Paulo*, Luiz Parga
Tenor Saxophone – Stan Getz
Written-By – Antonio Carlos Jobim
6:40

18 Antonio Carlos Jobim– Chega De Saudade
Arranged By [Strings], Conductor – Claus Ogerman
Bass – George Duvivier
Flute – Leo Wright
Piano, Guitar, Written-By – Antonio Carlos Jobim
Written-By – Vinicius De Moraes
4:19

Feito por – EDC, Germany – 51673210
Masterizado em – Emil Berliner Studios, Langenhagen

Créditos
Compiled By – Matthias Künnecke
Design – Knut Schötteldreier
Photography By – Boris Schrage

Notas
Original recordings – digitally remastered.
Mastered at Emil Berliner Studios, Langenhagen

Track 1 recorded 1963, Rio de Janeiro.
Track 2 recorded 1964, New York City.
Track 3 recorded December 10, 1962, Hamburg.
Track 4 recorded November 4, 1966, Villingen.
Track 5 recorded June 1 & 2, 1966, Rio de Janeiro.
Track 6 recorded June 1974, Villingen.
Track 7 recorded November 14, 1966, Villingen.
Track 8 recorded 1970, New York City.
Track 9 recorded May 1969, Villingen.
Track 10 recorded October 1968, San Francisco.
Track 11 recorded November 14, 1966, Villingen.
Track 12 recorded September 17, 1962, New Jersey.
Track 13 recorded January 27 & 28, 1965, Los Angeles.
Track 14 recorded December 31, 1962, New York City.
Track 15 recorded August 23, 1962, New York City.
Track 16 recorded November 25, 1965, Villingen.
Track 17 recorded March 1963, New York City.
Track 18 recorded May 9, 1963, New York City.

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

PQP

.: interlúdio :. Elza Soares pertinho do céu

Em uma entrevista ao Pasquim em 1969, Tom Jobim teve de dar notas a alguns artistas. É claro que Millôr, Ziraldo e cia. queriam gerar intriga. Ele respondeu: Nara Leão, 10. Elis Regina, 10. Elza Soares, 9. Moreira da Silva, 10. Jorge Ben, 10. Villa-Lobos, 1500. Dercy Gonçalves, 7. Nelson Rodrigues, não digo.

Elza Soares foi muita coisa, vocês sabem e lembrarão esses dias. Mas ela não era bossa-nova. Não era um doce balanço a caminho do mar. Talvez por isso a nota 9 acima. Cala a boca, Jobim!

Nos despedimos dessa cantora nada bossa-nova com um medley de Opinião (Zé Keti) com O Morro não tem vez (Tom Jobim/Vinicius)

Barbara Strozzi (1619-1677): Diporti di Euterpe (Galli / Beier)

Barbara Strozzi (1619-1677): Diporti di Euterpe (Galli / Beier)

Um bom disco, sem muito entusiasmo. Já ouvi outros bem melhores com composições de Strozzi.

Barbara Strozzi ocupa uma posição importante na história da música europeia como uma das melhores compositoras do barroco italiano. Nasceu na Veneza de Claudio Monteverdi em 1619, seu pai natural foi provavelmente o artista e poeta Giulio Strozzi, sua mãe uma de suas servas. Os talentos musicais de Barbara foram desenvolvidos cedo; na adolescência, ela já era o centro das atenções, atuando no encontro semanal de artistas e literatos venezianos, a Accademia dei Unisoni, que se reunia no palácio de Strozzi. Ela publicou seu primeiro livro de canções em 1644, explicando que é “a primeira obra que eu, como mulher, ousadamente trago à luz do dia”. No prefácio, ela dá crédito a Francesco Cavalli, aluno e colaborador de Monteverdi, como seu professor. As obras gravadas aqui pela soprano Emanuella Galli e Galatea vêm de sua sétima publicação em 1659, intitulada Diporti di Euterpe, ou Os Prazeres de Euterpe. Nesta obra, Strozzi colabora com alguns dos mais importantes poetas do período para criar obras musicalmente ao menos do ponto de vista literário. 

Barbara Strozzi (1619-1677): Diporti di Euterpe (Galli / Beier)

1. Tradimento (Barbara Strozzi) (2:19)
2. Lagrime Mie (Barbara Strozzi) (9:47)
3. Cos non la Voglio (Barbara Strozzi) (3:52)
4. Appresso ai Molli Argenti (Barbara Strozzi) (11:33)
5. Sete pur Fastidioso (Barbara Strozzi) (3:21)
6. Fin Che tu Spiri (Barbara Strozzi) (9:43)
7. Non Occorre (Barbara Strozzi) (4:16)
8. A Pena il Sol (Barbara Strozzi) (4:55)
9. Pensaci Ben mio Core (Barbara Strozzi) (6:41)
10. Mi fa Rider (Barbara Strozzi) (3:29)
11. Sino alla Morte (Barbara Strozzi) (14:15)

Emanuela Galli, soprano
Ensemble Galilei
Paul Beier

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Babi Strozzi na sede veneziana do PQP Bach em 1639

PQP

Gluck / Haydn / Richter / Carl Stamitz / Johann Stamitz: Concertos para Flauta – Barthold Kuijken, Tafelmusik, Jeanne Lamon

Eis um CD adorável para se ouvir em um sábado de tarde, no primeiro dia de suas férias, assim podendo relaxar para melhor poder apreciar. Quando se fala em interpretação historicamente informada logo nos vem os nomes de Harnoncourt e seus fiéis parceiros, os irmãos Kuijken. Olhando as gravações que já postamos desses irmãos o nome que mais se destaca é o do irmão violinista, Sigiswald, infelizmente relegando a um segundo plano o irmão flautista, Barthold. Mas que família talentosa, não acham ???

Este Cd que ora vos trago pertencia à coleção Vivarte, da gravadora Sony, que muito nos brindou com gravações excepcionais, que iam do barroco ao romantismo, mas sempre do viés do historicamente informado. Temos aqui Concertos para Flauta compostos por contemporâneos de Mozart e de Haydn, e claro, de Beethoven. Stamitz, Xavier-Richter, Haydn, Gluck, compositores do período clássico. Não temos Mozart, o que é uma pena.

O Grupo Tafelmusik acompanha Barthold com a mesma eficiência e categoria de sempre dirigido pela violinista Jeanne Lamon, recentemente falecida, nos brinda com uma direção segura, correta, sem se deixar cair em armadilhas. Espero que apreciem, eu gostei bastante.

Concerto For Flute, Strings, 2 Oboes, 2 Horns And Basso Continuo In G Major, Op. 29
Composed By – Carl Stamitz
1 I. Allegro
2 II. Andante Non Troppo Moderato
3 III. Rondo – Allegro

Concerto For Flute, Strings And Basso Continuo In E Minor
Composed By – Franz Xaver Richter
4 I. Allegro Moderato
5 II. Andantino
6 III. Allegro Non Troppo Presto

Concerto For Flute, Strings And Basso Continuo In G Major
Composed By – Johann Stamitz
7 I. Allegro
8 II. Adagio
9 III. Presto

Concerto For Flute, Strings, 2 Horns And Basso Continuo In D Major
Composed By – Joseph Haydn, Leopold Hofmann
10 I. Allegro Moderato
11 II. Adagio
12 III. Allegro Molto

13 Orphée Et Eurydice ; Ballet Des Ombres Heureuses
Composed By – Christoph Willibald Gluck

Barthold Kujiken – Flute
Tafelmusik
Jeanne Lamon – Conductor

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FDP

.: interlúdio :. Charles Mingus: Mingus Mingus Mingus Mingus Mingus (Five Mingus)

.: interlúdio :. Charles Mingus: Mingus Mingus Mingus Mingus Mingus (Five Mingus)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

(Dia 22 de abril, comemoramos os 100 anos de Charlie Mingus)

Este CD absolutamente impressionante foi gravado no ano de 1963 e mostra o compositor e baixista Charles Mingus no auge. Na verdade, ele parecia padecer de um surto de criatividade desde 1956, mas em 63 ele não só deu centenas de concertos como até gravou um álbum solo tocando piano… Mingus pode ser definido como um autor erudito que gostava de jazz. Este disco é mais solto do que a maioria, mas dá para notar claramente seu amor às alterações de ritmo e outras complicações que servem à música, e não apenas para torturar seu grupo. Grupo, aliás, sensacional com Mingus, Dolphy, Byard , Richmond… Bem, ouçam aí.

Charlie Mingus: Mingus Mingus Mingus Mingus Mingus

1. II B.S. (Charles Mingus)
2. I X Love (Charles Mingus)
3. Celia (Charles Mingus)
4. Mood Indigo (Duke Ellington-Irving Mills-Albany Bigard)
5. Better Get Hit in Yo’ Soul (Charles Mingus)
6. Theme for Lester Young (Charles Mingus)
7. Hora Decubitus (Charles Mingus)

Personnel: (2, 3, 5)
Rolf Ericson, Richard Williams (tp)
Britt Woodman (tb)
Don Butterfield (tu)
Jerome Richardson (fl, ss, bars)
Dick Hafer (fl, ts)
Charlie Mariano (as)
Jaki Byard (p)
Jay Barliner (g)
Charles Mingus (b, p)
Dannie Richmond (ds)
NYC, January 20, 1963

(1 ,4, 6, 7)
Eddie Preston, Richard Williams (tp)
Quentin Jackson (tb)
Don Butterfield (tu)
Jerome Richardson (fl, ss, bars)
Dick Hafer (fl, cl, ts)
Eric Dolphy (as, fl)
Booker Ervin (ts)
Jaki Byard (p)
Jay Barliner (g)
Charles Mingus (b, nar)
Walter Perkins (ds)
NYC, September 20, 1963

BAIXE AQUI — DOWNLOAD HERE

Charles Mingus: super talento como compositor, band leader e baixista
Charles Mingus: super talento como compositor, band leader e baixista

PQP

Bach (1685-1750): Toccata e Fuga BWV 565 e outras peças para órgão – Simon Preston ֎

Bach (1685-1750): Toccata e Fuga BWV 565 e outras peças para órgão – Simon Preston ֎

BACH

Obras para Órgão

Simon Preston

 

 

A primeira obra para órgão de Bach que ouvi foi a Toccata e Fuga em ré menor, interpretada pelo enigmático Capitão Nemo, no filme 20 000 Léguas Submarinas.

É claro, há a versão orquestrada no Fantasia, o famoso filme de Walt Disney, mas hoje estamos falando de órgão. Esta obra, apesar de ser uma das mais populares peças de Bach, assim como o coral Jesus, Alegria dos Homens e a tal Ária na Corda Sol, pode até ter nascido como uma peça para violino e há alguma dúvida se seria mesmo da autoria do grande compositor.

Não há muito o que se preocupar, apenas aproveite esta boa música, intensa e tão bem interpretada aqui pelo Simon Preston.

Simon prestando muita atenção aos pedidos feitos pelos nossos seguidores…

No entanto, devo dizer que cheguei a este disco em busca de outra peça, esta sim de Bach, as Variações Canônicas sobre o Hino de Natal ‘Vom Himmel hoch, da komm’ ich her’, BWV 769. Andava as voltas com o texto da última postagem de A Arte da Fuga e acabei mencionando-a. De enfiada, fui buscar alguma gravação para ouvir e lembrei-me dos discos gravados pelo ótimo Simon Preston, dos quais já postamos dois (1 & 2). O editor chefe postou uma antologia da série que pode ser acessada aqui.

Mas, voltando ao disco desta postagem, além das já mencionadas Toccata e Fuga e Variações Canônicas, há ainda outras excelentes peças. Destaque para a Fantasia e sol maior, que é uma delícia de se ouvir, e a última peça do disco, a imponente Prelúdio e Fuga ‘St. Anne’.

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750)

Toccata e Fuga em ré menor, BWV565
  1. Toccata: Adagio
  2. Fuga
Fantasia em sol maior, BWV572
  1. Très vitement
  2. Gravement
  3. Lentement
Variações Canônicas sobre o Hino de Natal ‘Vom Himmel hoch, da komm ich her’, BWV769
  1. Variatio 1: Nel canone all’ottava
  2. Variatio 2: Alio modo, nel canone alla quinta
  3. Variatio 3: Canone alla settima
  4. Variatio 4: Per augementationem. nel canone all’ottava
  5. Variatio 5: L’altra sorte del canone al rovescio: 1) alla sesta, 2) alla terza, 3) alla seconda e 4) alla nona
Prelúdio e Fuga em ré maior, BWV532
  1. Prelúdio
  2. Fuga
Pastoral em fá maior, BWV 590
  1. em fá maior (I)
  2. em dó maior
  3. em dó menor
  4. em fá maior (II)
Prelúdio Fuga em mi bemol maior, BWV552 ‘St Anne’
  1. Prelúdio pro organo pleno
  2. Fuga a 5 con pedale pro organo pleno

Simon Preston, órgão

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

FLAC | 309 MB

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

MP3 | 320 KBPS | 143 MB

Kreuzbergkirche, Bonn. Local da gravação…

Recorded in 1988, the disc shows Simon Preston at his freshest and most communicative!

Aproveite!

René Denon

PS: Se você gosta de música de Bach para órgão, não deixe de visitar esta postagem aqui…

Bach (1685-1750): Joy of Bach – Keiko Nakata