Berg: Quarteto Op. 3
Shostakovich: Quarteto No. 7
Ligeti: Quarteto No. 1
A postagem de hoje é um convite para uma voltinha pelo lado mais selvagem da música. Assim como investidores, os amantes da música se dividem em conservadores, moderados, arrojados e aqueles que vivem em outro planeta.
Os conservadores se destacam por insistir sempre no mesmo repertório ou na segurança daqueles eternos mesmos intérpretes, mesmo quando esses tais intérpretes começam a definhar. No outro lado do espectro encontramos uma tribo que se interessa por novos intérpretes ou intérpretes menos badalados, ou compositores que ainda não conseguiram o ticket para o panteão da imortalidade. Aqui estou pensando nos ouvintes arrojados, pois que os que estão em outro planeta podem ser bem fora das caixinhas, com programas de música experimental, construção de novos instrumentos ou tudo junto e misturado.
Eu gostaria de crer que me encontro entre moderado e arrojado (moderojado?). Nos meus dias de arrojo, instigado pela curiosidade, deixo a segurança dos selos mais conhecidos e tradicionais, de repertório conhecido por algum cheiro de novidade. Foi o caso desse disco da postagem. Simpatizei com o Quarteto Minetti, que pelo repertório de seus discos é bastante conservador: Haydn, Beethoven, Schubert e Mendelssohn. Mas tem também esse álbum, que começa com uma maravilha – o Quarteto Op. 3 de Alban Berg, um desses compositores mais esquisitões, mas que compôs peças dolorosamente bonitas. Ouça os dois movimentos que formam este quarteto e entenderão o que eu quero dizer.
Shostakovich é um grande enigma para mim. Sei que é compositor respeitadíssimo, que o boss aqui da repartição o tem em altíssima conta, que adora suas peças e que ele compôs uma enfiada de quartetos de cordas e de sinfonias, além de muitas outras coisas, como ópera, inclusive. Ouvir um quarteto de Shosta (é assim que a ele se refere o patrão…) é uma das minhas ousadias. E não foi que gostei! Acho que vou insistir um pouco mais nessas coisas. Tem um outro quarteto dele que já ouvi mais de uma vez, creio que seja o Oitavo.
O resto do disco tem o Primeiro Quarteto de Ligeti, cuja obra foi bastante divulgada aqui em nossas páginas por ocasião da celebração de seu centenário de nascimento.
Então é isso, fica a dica, é muito bom ouvir umas novidades de vez em quando… a menos que você seja do time dos arrojados e já conheça todas essas músicas. Se bem que o ainda jovem quarteto seja bastante bom e você que já é perito nesse tipo de música poderá desfrutar bastante do disco.
O nome “Quarteto Minetti” faz referência a uma peça do escritor Thomas Bernhard, que viveu em Ohlsdorf, no Salzkammergut, onde os dois violinistas do quarteto cresceram.
O Quarteto Minetti é vencedor de vários concursos internacionais de música de câmara (Concurso Schubert, Concurso Haydn) e recebeu o prêmio austríaco “Grande Gradus ad Parnassum”, a bolsa de estudos inicial do Ministério Federal Austríaco e a bolsa Karajan.
Entre os mentores do Quarteto Minetti temos Johannes Meissl e os membros do Quarteto Alban Berg na Universidade de Música de Viena, onde o quarteto se reuniu em 2003. Como participantes da Academia Europeia de Música de Câmara (ECMA), eles também foram muito incentivados e receberam apoio artístico de Ferenc Rados, Alfred Brendel e dos membros dos Quarteto Artemis, Quarteto Amadeus e Quarteto Hagen. A Hänssler Classic lançou quatro gravações de CD com quartetos de cordas de Haydn, Mendelssohn, Beethoven e Schubert, e a Avi music lançou quintetos de clarinete com Matthias Schorn, todos com ótimas críticas.
Alban Berg (1885 – 1935)
Quarteto de Cordas, Op. 3
- Langsam
- Mäßige Viertel
Dmitri Shostakovich (1906 – 1975)
Quarteto de Cordas No. 7 em fá sustenido menor, Op. 108
- Allegretto
- Lento
- Allegro – Allegretto
György Ligeti (1923–2006)
Quarteto de Cordas No. 1 ‘Métamorphoses nocturnes’
- Allegro grazioso
- Vivace
- Adagio, mesto
- Presto
- Prestissimo
- Andante tranquillo
- Tempo di valse, moderato con eleganza, un poco capriccioso
- Subito prestissimo
- Allegretto, un poco gioviale
- Prestissimo
- Ad libitum, senza misura
- Lento
Minetti Quartet
Maria Ehmer, violino
Anna Knopp, violino
Milan Milojicic, viola
Leonhard Roczek, violoncelo
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 | 320 KBPS | 126 MB

The Minettis show a marked aff inity for the soundworld of 20th-century string quartet repertoire, rising to the Berg’s tortured passion and performing with characterful range and versatility in Ligeti’s ‘Métamorphoses nocturnes’. For my money, though, Shostakovich No. 7 is the album’s gem, its sparser textures allowing more room for rhythmic elegance and elasticity. [BBC Music Magazine]
Aproveite!
René Denon







Rendezvous in New York é um álbum onde o pianista estadunidense Chick Corea reuniu embros das nove bandas com as quais tocou no passado. Os músicos incluíam Terence Blanchard, Gary Burton, Eddie Gomez, Roy Haynes, Bobby McFerrin, Joshua Redman, Gonzalo Rubalcaba, Michael Brecker e Miroslav Vitous, dentre outros. Um timaço para celebrar sei 60º aniversário. Corea é, sem dúvida, um dos pianistas de jazz mais fluentes em improvisação de todos os tempos, além de ser um compositor talentoso e grande líder de banda. Pode ser um muito exibido, pode ser intrusivo, quebrando momentos mágicos que ele se esforçou muito para construir: às vezes tem uma incapacidade completa de esquecer ou ignorar o público, algo que está amplamente ausente em Jarrett, por exemplo. No entanto, os discípulos de Corea estarão interessados neste notável e educado álbum duplo ao vivo, gravado ao longo de três semanas de apresentações no Blue Note de Nova York. Corea recebeu uma oportunidade que só um artista de sua estatura e poder de atração tem: a chance de tocar em nove conjuntos separados com uma variedade de amigos musicais. Cada banda tocou no Blue Note por duas noites, e o melhor de tudo isso foi capturado aqui. As três peças de dueto de abertura com o vocalista McFerrin são mais brincalhonas do que musicais, e dão ao show um começo esquisito. Mas depois disso, o pianista irrompe de uma forma assustadora em um trio com Roy Haynes e Miroslav Vitous, e continua em sua melhor imprevisibilidade malódica em uma banda expandida celebrando o pianista Bud Powell em Glass Enclosure e Tempus Fugit. Em Crystal Silence, a insensibilidade de Corea à necessidade de abrir espaço está sob sublime controle em um dueto sussurrante com o vibrafonista Gary Burton, e depois o grupo maior Origin exibe as cores ousadas do líder. Mas o dueto de dois pianos com Gonzalo Rubalcaba em um medley de Concierto D’Aranjuez e a própria Espanha de Corea é o destaque deslumbrante – um turbilhão de corridas entrelaçadas brilhantes, acordes latinos percussivos, intensidade e swing jubiloso.
Um bom CD de música antiga. As 16 peças neste CD têm todas cinco minutos ou menos de duração, e a seleção varia de obras compostas entre 1597 até 1615. As peças são maravilhosamente tocadas e brilhantemente apresentadas, mantendo a marca registrada de Gabrieli na amplitude e beleza melódica. Antecedendo Bach e o Barroco mais conhecido por mais de 100 anos, a música de Gabrieli permanece como um testamento de um gênio artístico. Em termos de história da música, Gabrieli será lembrado pela influência pan-europeia que teve em seu tempo, pelo número de jovens compositores que estudaram com ele, lançando até as bases do barroco alemão, e por muitas obras corais importantes. Porém, se a música para metais tivesse sido tudo o que sobreviveu de sua grande obra, ele seria aclamado somente por isso.
Este disco é um “must have”, obrigatório para todos os que apreciam a música espanhola, mais especialmente a obra do grande Manuel de Falla.
IM-PER-DÍ-VEL !!!



















IM-PER-DÍ-VEL !!!
Como já avisou inúmeras vezes meu irmão PQPBach, nosso SAC é uma porcaria como os demais. Acontece que a diretoria do blog não está nem aí com as solicitações de seus leitores. Mas não somos tão cruéis. Quando podemos, atendemos. Se temos em nosso acervo, o que custa? Por exemplo, o leitor Carlos Eduardo Amaral solicitou valsas e outras obras de Strauss. PQP disse que não tinha, mas felizmente possuo uma gravação que irá satisfazer ao nosso leitor, e que deverá estar sendo postada nos próximos dias.








IM-PER-DÍ-VEL !!!
MoonDial (2024) é o terceiro álbum solo que Pat Metheny grava no violão barítono construído para ele pela famosa luthier canadense Linda Manzer. (Ela também construiu muitos de seus outros instrumentos, incluindo sua famosa guitarra Pikasso de três braços e 42 cordas.) Os dois álbuns anteriores foram One Quiet Night (2003), que mistura originais de Metheny e covers, What’s It All About (2011), o primeiro álbum de Metheny a apresentar apenas covers. Ambos ganharam Grammys, por (surpreendentemente) melhor álbum New Age (?).
Capa ilustrativa, pois não sei de onde saiu este bom CD. 



Um disco com a conhecida qualidade Kuijken-Leonhardt jamais poderá ser ruim. E este é muito bom. Se tivéssemos apenas a composição de Marin Marais já seria digno de nossa mais alta consideração. Esta música, a Música de Versalhes (Musique à Versailles), consiste em peças dos compositores Marin Marais, Jean Henri d’Anglebert e Antoine Forqueray, compositores do final do século XVII/início do século XVIII. É é uma música de câmara que foi composta e executada no Palácio de Versalhes para a Família Real Francesa e a aristocracia. Há grande expressividade e ornamentação na música, como seria de se esperar nos arredores altamente decorados e na vida cortesã da França do período.
Acho verdadeiramente estranho que ninguém tenha reclamado de meu recente barroquismo. Já disse que vou postando o que vou ouvindo e costumo por passar fases em que parece que apenas um tipo de sonoridade me satisfaz. O que fazer? A Tafelmusik é uma orquestra atlética e alongada. Todos tem abdômen de tanquinho. Tem ritmo, imposição e força; mas não chega a um grau de sensibilidade e sutileza que agrade a este experiente ouvinte. Seu som é redondo, talvez demais. O que quero dizer é que a Tafel é ótima para Vivaldi. Os movimentos rápidos são arrebatadores, nos lentos falta aquela delicadeza que só os verdadeiramente grandes conseguem. A presença de Anner Bylsma é — sempre e sempre — muito bem-vinda. O cara é um monstro. Que violoncelista!
Os pedidos para obras para piccolo foram tão insistentes, que resolvi colaborar. Mas que não se pense que o atendimento às solicitações serão tão frequentes e imediatas. Casualmente, FDP Bach recém havia conseguido este velho e bom CD com obras para piccolo e orquestra. Por isso resolveu atender a solicitação.

Vocês já sabem: Alfred Scholz foi um produtor muito prolífico (!) de gravações de baixo orçamento, que muitas vezes vendia fraudulentamente gravações creditadas a artistas e orquestras inexistentes. Também nomes de pessoas reais — normalmente já falecidas — eram creditados a performances que não eram delas. Trabalhando como maestro, ele gravou algumas coisas. Sabe-se lá se ele mesmo quem rege neste CD. Mas, gente, esta gravação é muito boa, e o repertório é sensacional!

Este CD não é nenhuma obra-prima, mas passou na minha frente e vou postá-lo. Considerando-se que são jovens, a orquestra é muito boa e não faz feio na sua excursão por terras chilenas. Aliás, essas orquestras jovens bem que podiam viajar mais, não? A peça principal aqui é a Sinfonia de Tchai, que vem completa. Tchaikovsky é conhecido pelo grande público principalmente por suas obras para balé, que lhe valeram divergências de opinião: de um lado o desprezo por uma espécie de sentimentalismo aliciador, ainda que cativante, e, de outro lado, excessiva admiração. Os diferentes aspectos de sua obra, porém, deixam-na sólida diante das intempéries. Na Quinta Sinfonia, se isso for possível em Tchaikovsky, a presença do elemento russo é evidente. Não se trata, porém, de citações ou releituras de material melódico da música tradicional russa, mas de uma filtragem e apropriação desse material, estilizado ao máximo no seio de uma linguagem romântica genuína.


Dia de Bruckner aqui no PQP Bach!

Dia de Bruckner aqui no PQP Bach!
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