Noturnos
Melvyn Tan – 标记为
Arrumação dos CDs nas prateleiras faz parte do rol das inúteis coisas que fazemos para nosso próprio prazer. Organizar por ordem alfabética de nomes de compositores pode fazer Alkan morar próximo de Albinoni, o que me parece um disparate. Ordem cronológica dos compositores coloca ombro a ombro gentes como Bach, Handel e Scarlatti – para saber a sequência correta é preciso descobrir os horóscopos de cada um deles. Mas, onde colocar os discos com músicas de dois ou mais compositores? Bem, digam-me lá como fazem vocês… organizar pela cor das lombadas?

Estava eu em mais uma dessas arrumações quando dei com este despretensioso disco, alocado com os discos-encartes de banca. Quem é visto, é lembrado… e lá foi ele para o DVD player que por ora uso nessas situações. A proposta do disco é explorar o gênero musical noturno, no qual o maioral é Chopin, é claro, mas nem só de peças de Chopin ele é composto. Temos três peças do compositor irlandês John Field, intercaladas nas seis primeiras faixas, com três de Chopin. Quão interessante é essa parte do disco. Por mais charmosas e brilhantes que sejam as peças de Field, as obras de Chopin se sobressaem. O mais charmoso dos noturnos de Field, para mim, é o de número 6. Depois temos mais alguns noturnos de Chopin. E como é lindo Noturno em sol maior op. 37/ 2! (Quizz PQP Bach – em qual propaganda esse noturno foi usado?)
Não sei como a produção do disco não escolheu algumas peças de Fauré, outro compositor de noturnos, mas acho que aí entrou o dedo (seria melhor dizer ‘os dedos’?) do intérprete Melvyn Tan. Debussy tem uma conexão bem forte com a Chopin, apesar das imensas diferenças. De qualquer forma, fiquei assim conhecendo o Noturno para piano de Debussy, que compôs também noturnos para orquestra, e me deliciei com a sequência de Prelúdios escolhida para completar o disco.
Devo dizer que esse disco foi gravado no apagar das luzes do século passado e naqueles dias Melvyn era mais conhecido como intérprete de pianoforte, membro ativo do uso de instrumentos de época. Tenho escutado o disco agora várias vezes, sempre com bastante gosto, especialmente a parte inicial. Tanto que vou dar uma busca nas gravações dos intérpretes de John Field, tais como o também irlandês John O’Conor ou Benjamin Frith…
JOHN FIELD (1782 – 1837)
- Noturno No.4 em lá maior
FRÉDÉRIC CHOPIN (1810–1849)
- Noturno em fá maior, Op. 15/1
JOHN FIELD
- Noturno No. 5 em si bemol maior
FRÉDÉRIC CHOPIN
- Noturno em sol menor, Op. 15/3
JOHN FIELD
- Noturno No. 6 em fá maior
FRÉDÉRIC CHOPIN
- Noturno em sol menor, Op. 37/1
- Noturno em sol maior, Op.37/2
- Noturno em mi menor, Op. 72/1
- Noturno em mi maior, Op. 62/2
- Noturno em si maior, Op. 9/3
CLAUDE DEBUSSY (1862 – 1918)
- Noturno
- Prelúdio: La Fille Au Cheveux De Lin
- Prelúdio: Brouillards
- Prelúdio: Feuilles Mortes
- Prelúdio: Les Sons Et Les Parfums Tournent Dans L’air Du Soir
- Prelúdio: La Terrasse Des Audiences Du Clair De Lune
- Prelúdio: Ondine
Melvyn Tan (Piano)
Gravado em outubro de 1998
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
MP3 | 320 KBPS | 108 MB
Melvyn Tan é um pianista clássico britânico, nascido em Singapura em 13 de outubro de 1956.
Aproveite!
René Denon
Veja na postagem a seguir uma gravação (posterior) de Melvyn Tan interpretando os Prelúdios de Debussy.






Os historicamente informados venceram e o sinal está fechado para nossos pais. Vindo da obscura gravadora Astree Auvidis, o CD que ora lhes apresento é superior ao de nossa última postagem. Sim, aquele era da Philips, tão cheirando a brilho e a cobre, etc., mas inferior. Fazer o quê? Acontece que este aqui é um registro com instrumentos originais e este que vos escreve se acostumou com a sonoridade dos instrumentos de época. Pode parecer que estou brincado, mas não é nada disso. A gente se acostuma ao que é bom e depois vá voltar àquele som sem transparência, vá. Belo disco. Confiram!
Serei culpado de heresia, mas falemos sério. Esse CD, quando comparado com as gravações historicamente informadas, é inferior. Não é que seja ruim, longe disso, é que a transparência dos instrumentos originais é imbatível. Eu tenho este disco em vinil — o Ranulfus e o FDP devem ter também. Holliger em seu auge e o I Musici no mesmo nível, mas, para ouvidos atualizados, apesar do notável equilíbrio obtido pelo excelente Holliger e do perfeito senso de estilo, não funciona mais. O próximo CD que vou postar é também de Concertos de Vivaldi para Oboé — outro repertório — e é melhor. Aguardem!


FDP Bach resolveu voltar ao século XX em suas próximas postagens. Teremos Bártok, Prokofiev, Stravinsky e talvez Strauss no pacote. Vamos começar com Bela Bártok. FDP tem um carinho especial para com esta coleção da integral das obras para piano e orquestra do genial pianista, compositor e pesquisador húngaro. Não sabe o por quê… Zoltan Kocsys é um intérprete que captura muito bem o espírito da obra, talvez pelo fato de também ser húngaro, e a direção de Ivan Fischer é sempre correta e segura. Enfim, uma gravação de excelência.

IM-PER-DÍ-VEL !!!!


IM-PER-DÍ-VEL !!!
O horror, o horror… Para nostálgicos — detesto-os! — que negam-se a reciclar as versões que ouviram no passado: exato, a gravação de Richter. Meu colega Ciço Villa-Lobos me presenteou com a gravação através da qual tomei meu primeiro contato com O Messias, lá no começo dos anos 70. Karl Richter era a maior das maravilhas. Esta gravação e a da Missa em Si Menor de Bach que ele fez com a Orquestra Bach de Munique eram referências absolutas e imbatíveis. Porém, nada envelheceu tanto quando os registros de música barroca daqueles anos e dos anteriores. Suas sonoridades são encorpadas demais, modernas demais, potentes demais. Com o passar dos anos, a música historicamente informada, com suas belas sonoridades rarefeitas, tomaram conta do mundo e de meu cérebro. Mas há quem ainda goste desses monstros jurássicos. Eu fora!

Em 1703, em Arnstadt, aos 18 anos, meu pai, o imenso Johann Sebastian Bach, tomou posse do cargo de organista da igreja de St. Boniface. Durante sua gestão, fez uma viagem a Lübeck (uma jornada de 300 Km que fez a pé) para ouvir e receber conselhos do grande organista Dietrich Buxtehude. Era para ficar quatro meses com Bux, mas meu pai ficou cinco… Tal descumprimento o fêz perder o emprego e ele foi obrigado procurar outro, encontrando-o em Mülhausen, em 1706. Neste ano ele casou-se com sua prima, Maria Bárbara, que não cheguei a conhecer, tendo apenas tomado contato com Anna Magdalena, sua segunda esposa, mas essa é outra história. (Obs.: há uma correção nos comentários escrita pela filha de titio Bux.)





















IM-PER-DÍ-VEL












Obs. de PQP: nem venham perguntar. Assim como na postagem anterior, a coisa aqui também está estranha. Por que o Concerto Nº 2 vem antes do Nº 1? Eu sei lá. Só sei que vocês devem ouvir tudinho porque vale muito a pena. Gostei das gravações — são amplas e espaçosas, o piano é ousado e muito “presente”. Gostei.
Konzert Für Klavier Und Orchester Nr. 1 D-Moll Op. 15
Obs. de PQP: desconheço o motivo destes CDs terem sido postados desta maneira lá em maio de 2010, mas saibam que foi assim e que FDP não é nada maluco e deve ter seus motivos. Primeiro a Sinfonia N° 3 e depois a primeira, com as Variações Haydn no meio. O fato é que tudo aqui merece ser ouvido. A relação de Lenny com os Filarmônicos de Viena deram muito frutos e estes são referência de alta qualidade e musicalidade até hoje. 

Este Bruckner ficou pra trás nas comemorações, mas também é ótimo. Desconhecia Haenchen e esta orquestra holandesa, mas o fato é que eles dão uma roupagem muito interessante à terceira de Bruckner. Trata-se de uma performance muito animada, que pode ser descrita como agressiva, zombeteira, vigorosa, muito bem tocada com som claro e completo. É uma performance em que você vai desejar aumentar um pouco o volume, pois a faixa dinâmica é bem ampla; passagens silenciosas são silenciosas como devem ser. Afinal, Bruckner usa o silêncio como ninguém. Isso é especialmente perceptível no início do adágio, mas também em vários pontos nos movimentos de abertura e fechamento. Se você estiver em uma situação em que precisa ouvir em volume baixo, vai se esforçar bastante para conseguir ouvir essas partes… E a festa do último movimento é uma festa mesmo!

Aluno de Vaughan Williams no London’s Royal College of Music, Whitlock tem uma expressão musical que combina elementos de seu mestre e de Elgar. Seu estilo exuberante harmônico também tem traços de Gershwin e de outros compositores populares da década de 1920. Rachmaninov também foi outra importante influência estilística. Como Vaughan Williams e Delius, Whitlock compunha temas que soavem como música folclórica, mas que eram, na verdade, criações originais.
IM-PER-DÍ-VEL !!!
IM-PER-DÍ-VEL !!!
Janáček é um dos meus compositores favoritos. Hlawatsch é ótimo. Se você não conhece a música para piano de Janáček, talvez conheça suas composições orquestrais: Taras Bulba e a Sinfonietta são talvez excelentes introduções ao seu mundo sonoro. Esta música soa “rústica” (seja lá o que isso signifique, embora eu a reconheça quando a ouço) e pode lembrá-lo de Dvořák. Ainda assim, definitivamente NÃO é Dvořák. Sua música para piano quase faz você querer dançar… Hlawatsch está um pouco acima de András Schiff neste belo repertório. Se você quer outra boa introdução à música de Janáček, não vai errar com este CD da Naxos. E o Concertinho é uma esplêndida e inesquecível joia! Vi-o uma vez tocado por membros da Osesp e aquilo grudou definitivamente nos meus olhos e ouvidos.






