Segundo álbum da série México Barroco de Puebla. A série avança e novas descobertas vão surgindo. Esse volume, creio que para ambientar a música de Juan Gutiérrez de Padillha, coloca, intercaladas à Missa Flos Campi, peças de outros compositores contemporâneos a ele, atuantes na segunda metade do século XVI e inícios do XVII, como Jacob Clemen Non Papa, António de Cabezón, Alonso Lobo e Frei Tomás de SantaMaría.
Ainda estamos na virada do século XVI para o XVII aqui. A coleção chegará a produções do começo do século XIX. Não é exatamente cronológica, mas é muito interessante ver, quando chegarmos aos 8 CDs completinhos, como a música foi se alterando. É quase uma narrativa do ambiente musical sacro de Puebla. A nós, brasileiros, resta uma pontinha de inveja do completo sistema organizacional das cidades da Nova Espanha já no começo do século XVII e de toda a estrutura que possuíam. Aqui parece que as coisas só deslancharam da metade do século XVIII pra frente…
Catedral de Puebla
A estrutura de disposição das peças deste álbum é muito bem concatenada, com a alternância de obras vocais a instrumentais, inseridas entre as partes da missa,criando um todo que, embora composto de criações de vários autores, é coeso e faz muito sentido. Muito bom, mesmo.
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Aqui,a faixa 3 para dar uma amostra:
México Barroco
Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
01. Tiento XXV de sexto tono Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
02. Gaudeamus omnes in Domino
03. Missa Ego flos campi: Kyrie
04. Missa Ego flos campi: Gloria Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
05. Fabordon y glosas del sexto tono: I. Ilano Jacobus Clemens Non Papa (Midelburg, Holanda, 1510 – Diksmuide, Bélgica, 1555)
06. Ego flos campi Francisco Soto de Langa (Langa, Itália, 1534 – Roma, Itália, 1619)
07. Tiento en 6 Alonso Lobo (Osuna, Espanha, c.1555 – Sevilha, Espanha, 1617)
08. Ego flos campi a 4 Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
09. Fabordon y glosas del sexto tono: II. Glosado en el tiple Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
10. Missa Ego flos campi: Alleluia Assumpta est
11. Missa Ego flos campi: Credo Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
12. Fabordon y glosas del sexto tono: III. Glosado en las voces intermedias
13. Fabordon y glosas del sexto tono: IV. Glosado en el baxo Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
14. Assumpta est Maria in caelum
15. Missa Ego flos campi: Sanctus Antonio de Cabezón (Burgos, Espanha, 1510 – Madri, Espanha, 1566)
16. Fabordon y glosas del sexto tono: V. Glosado sobre el Pange lingua de Urreda Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
17. Missa Ego flos campi: Agnus Dei Anônimo
18. Fabordón glosado VI de sexto tono Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
19. Missa Ego flos campi: Beatam me dicent omnes generationes Frei Tomás de Santa María (Madri, Espanha, c.1510 – Valladolid, Espanha, 1570)
20. Fantasia Primi Toni Juan Gutiérrez de Padilla (Málaga, Espanha, ca. 1590 – Puebla, México, 1664)
21. Salve Regina
Ruth Escher, soprano
Cecile Gendron, soprano
Gabriela Thierry, mezzo-soprano
Flavio Becerra, tenor
Vladimir Gomez, tenor
Alfredo Mendoza, tenor
Rafael Cardenas, órgão
Coro de Niños Cantores de la Escuela Nacional de Música de la UNAM
Angelicum De Puebla
Schola Cantorum Mexico
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
A fotografia abaixo não faz justiça ao excelente Jenő Jandó. Mas vamos a um pouco de curadoria. O Cravo Bem Temperado (no original alemão: Das wohltemperierte Klavier) é uma coleção de música para teclado solo, composta por Johann Sebastian Bach. Ele inicialmente escreveu 24 prelúdios e fugas tendo por base os 24 tons (12 maiores mais 12 menores) em 1722, “para o proveito e uso dos jovens músicos desejosos de aprender e, especialmente, para o entretenimento daqueles já experientes com esse estudo”. Mais tarde, em 1744, Bach escreveu compilou um segundo livro com mais 24 de prelúdios e fugas (seguindo o mesmo esquema de composição tonal do primeiro). Desta vez, chamou-os de “Vinte e quatro Prelúdios e Fugas”. Atualmente, os dois volumes são conhecidos e citados como Livro I e Livro II do “O Cravo Bem Temperado”.
O primeiro livro foi compilado durante o período de Bach em Köthen; o segundo livro veio 22 anos depois, quando já em Leipzig. Ambos foram amplamente divulgados na forma manuscrita, mas cópias impressas não foram feitas senão em 1801. O estilo barroco de Bach caiu em desuso por parte do grande público e passou de moda por volta da data da sua morte (1750), dando lugar à música do início do período clássico (que não possuía nem a complexidade contrapontística, nem a variedade de tonalidades e harmonias aplicadas por Bach). Contudo, entre os compositores e músicos, nunca deixou de servir como uma obra paradigmática e de estudo obrigatório. No auge do estilo Clássico (cerca de 1770) O Cravo Bem Temperado foi estudado detalhadamente por compositores como Haydn e Mozart, influenciando, assim, as suas formas de composição, e, consequentemente, toda a história da música. Segundo Howard Goodall, “a publicação de O Cravo bem Temperado de Bach, em 1722, é um dos marcos da história da música europeia. Mesmo durante a vida de Bach, a sua influência foi rápida e dramática, mais tarde, tanto Mozart como Beethoven pagaram tributo ao brilhantismo e à importância da coleção”.
J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado, Livro II
Disc 1
1. No. 1 in C Major, BWV 870 00:04:10
2. No. 2 in C Minor, BWV 871 00:04:13
3. No. 3 in C – Sharp Major, BWV 872 00:03:46
4. No. 4 in C – Sharp Minor, BWV 873 00:06:25
5. No. 5 in D Major, BWV 874 00:07:52
6. No. 6 in D Minor, BWV 875 00:03:36
7. No. 7 in E – Flat Major, BWV 876 00:04:28
8. No. 8 in D – Sharp Minor, BWV 877 00:07:17
9. No. 9 in E Major, BWV 878 00:07:18
10. No. 10 in E Minor, BWV 879 00:07:23
11. No. 11 in F Major, BWV 880 00:04:43
12. No. 12 in F Minor, BWV 881 00:05:47
É de se lamentar que este oratório de Schumann tenha tão poucas gravações disponíveis. E esta inspirada leitura de Christoph Spering é com certeza uma das melhores já realizadas, apesar dos músicos envolvidos serem pouco conhecidos.
Eis a descrição da obra, de acordo com o texto do libreto. A falta de tempo me impede de traduzir para os senhores:
“In 1850 Robert Schumann was enthusiastically received by the Düsseldorf public as the successor to the municipal music director Ferdinand Hiller. It was expected that he would write and perform works of his own for choral and orchestral concerts, both in the sacred and secular areas. These expectations accommodated Schumann’s commitment to both oratorio and church music during this phase of his life. Important oratorio and ecclesiastic compositions such as Der Rose Pilgerfahrt, Op. 112 (1851), the Missa sacra, Op. 147 and the Requiem, Op. 148 (both 1852) were composed during these years. These works have today disappeared both from the areas of church music and music for the concert hall, although they were originally decidedly intended for these venues. Der Rose Pilgerfahrt, Op. 112 With Das Paradies und die Peri (Paradise and the Peri, 1843) and Der Rose Pilgerfahrt (1851), Schumann created two secular, fairytale-like oratorios which attained special significance in the context of his vocal-symphonic oeuvre. The composer himself put together the story line to Der Rose Pilgerfahrt from the following draft version: The elf “Rosa” requests from the elf queen to be sent to an earthly life. Insistent warnings cannot prevent her from gaining painful experiences in the world of human beings. As a miller’s daughter, however, she experiences the joys of human existence, culminating in love, marriage and motherhood. Following her death in the childbed, she enters heaven as an angel. After receiving this extensive poem, Schumann must have been utterly fascinated with it when he started the composition. The examining magistrate from Chemnitz, Heinrich Moritz Horn, sent him his poem on 27 March 1851, probably in hopes of a composition. Schumann replies to Horn only a month later (21 April 1851), however, with gratitude and questions concerning changes in the text for compositional reasons – by this time, most of the composition had probably long been completed. “The poem is certainly suitable for music, and a good number of melodies have already been going through my mind, but it would have to be much shortened and a great deal made much more dramatic. But this only has to do with the musical composition; far be it from me to take issue with it as a poem.” The poet complies with all of Schumann’s wishes regarding additions and new poetry, and presents the composer with many alterations up to the completely transformed end of the poem. To this, Schumann suggests: “How would it be if we had a choir of angels raised up after Rosa’s death: Rosa would not be transformed into a rose, but into an angel […]. The intensification: rose, girl, angel, seems to me poetic and, moreover, to hint at that teaching of higher transformations of beings to which we all, indeed, wish to adhere” (letter of Schumann to Horn of 9 June 1851). The original version was never thought for being performed in a concert hall but as a kind of chamber oratorio with piano accompaniment within the family circle. Completed on 11 May 1851, Der Rose Pilgerfahrt was given its first performance on 6 July 1851 by a Singkränzchen”(singing party) in the Schumanns’ Düsseldorf flat, at which “next to Frau Schumann, who played the piano accompaniment with a wonderfulpoetic feeling, […] Schumann [sat] in blissful dreams and conducted” (from a tenor’s report). Schumann did not have much enthusiasm for orchestrating the work, even though he completed this task within two weeks at the intensive urging of friends (7–27 November 1851; world premiere of the orchestral version on 5 February 1852 in Düsseldorf). The Schumann biographer Wilhelm von Wasielewski especially sees the value of the orchestration in the fact that it could “significantly increase the appeal of coloration […]“. The interpretation with historical instruments lends multiple support to this quality, above all in the possibility of instrumental timbres. Thus a “mood painting”, made up of colours indicating various frames of mind, was created out of this chamber oratorio, following an extremely sensitive quality of composing in its sequence of genre scenes (funeral song, elves’ and hunters’ chorus, prayer, wedding dance, choir of angels). The simplicity of the text is interpreted by highly skilful orchestral writing, revealing the most modern techniques in the areas of declamation, rhythm and metre, harmony and the orchestra itself.”
O CD ainda traz um Requiem, op 48, para mim totalmente desconhecido até o momento em que adquiri este CD.
Nada como caminhar para o trabalho tendo O Cravo Bem Temperado nos fones de ouvidos. O mundo fica mais equilibrado, adquire novo ritmo, as bundas das mulheres ficam com formatos interessantes, os seios balouçantes nos chegam em novos ritmos e fica fácil imaginá-los em câmera lenta, vindo em ondas. O sol brilha mais, o trânsito passa a ser mais um jogo e nossa alma se enche de tranquilidade e beleza. Nada de nervosismo, estresse ou ansiedade, mesmo que se saiba das necessidades do dia. A gravação do húngaro Jenő Jandó é realmente muito clara e boa. Como aquela loira de calça jeans e blusa gloriosamente justa. Adorei.
J. S. Bach (1685-1750): O Cravo Bem Temperado, Livro I
Disc 1
1. No. 1 in C Major, BWV 846 00:04:22
2. No. 2 in C Minor, BWV 847 00:02:57
3. No. 3 in C – Sharp Major, BWV 848 00:03:31
4. No. 4 in C – Sharp Minor, BWV 849 00:07:29
5. No. 5 in D Major, BWV 850 00:02:59
6. No. 6 in D Minor, BWV 851 00:03:14
7. No. 7 in E – Flat Major, BWV 852 00:06:26
8. No. 8 in E – Flat Minor / D – Sharp Minor, BWV 853 00:08:25
9. No. 9 in E Major, BWV 854 00:02:35
10. No. 10 in E Minor, BWV 855 00:03:42
11. No. 11 in F Major, BWV 856 00:02:12
12. No. 12 in F Minor, BWV 857 00:07:07
Já que não postamos muitas óperas por aqui, resolvi trazer uma bela introdução para os que não conhecem a magnífica ópera de Richard Wagner, “Tristan Und Isolde”. Mas trata-se de um arranjo orquestral de um cara chamado Henk de Vlieger, que realizou a façanha de reduzir as quatro horas de duração da ópera para cinquenta e cinco minutos. Não temos então a parte cantada, apenas a orquestral. Para alguns, isso é um alívio, mas para os fãs de Wagner, isso soa blasfemo. Mas não quero entrar no mérito desta questão.
Lembro de ter sentido lágrimas nos olhos na primeira vez que ouvi a magnífica, maravilhosa, estupenda abertura, uma das mais belas páginas da história da música. Deveria ter no máximo uns quinze anos de idade. E também creio que muitos também terão essa sensação.
Espero que apreciem. Assim que possível, trago a ópera na íntegra.
1 Wagner – Das Liebesverbot, opera (or Die Novize von Palermo), WWV 38 – Overture
2 Wagner – Die Feen, opera, WWV 32 – Overture
3 de Vlieger – Tristan und Isolde, an orchestral passion (after Wagner) – 1. Einleitung
4 de Vlieger – Tristan und Isolde, an orchestral passion (after Wagner) – 2. Isoldes Liebesverlangen
5 de Vlieger – Tristan und Isolde, an orchestral passion (after Wagner) – 3. Nachtgesang
6 de Vlieger – Tristan und Isolde, an orchestral passion (after Wagner) – 4. Vorspiel und Reigen
7 de Vlieger – Tristan und Isolde, an orchestral passion (after Wagner) – 5. Tristans Vision
8 de Vlieger – Tristan und Isolde, an orchestral passion (after Wagner) – 6. Das Wiedersehen
9 de Vlieger – Tristan und Isolde, an orchestral passion (after Wagner) – 7. Isoldes Liebestod
Royal Scottish National Orchestra
Neeme Järvi – Conductor
Regozijai, ó, valorosos internautas deste imenso repositório da beleza e do som! Que a vossos ávidos ouvidos seja dada a dádiva de conhecer mais e mais pérolas da música!
Digo-vos isto porque anuncio a primeira das oito postagens da coleção completa México Barroco – Puebla, que ficará disponível aqui no PQPBach para deleite auditivo vosso!
Esta proclamação, em toda sua pompa e júbilo, se dá porque este é o único sítio em toda a blogosfera que logrou disponibilizar todos os volumes da coleção, esta que apresenta-se na imagem abaixo e que inicia-se gloriosamente no dia de hoje, com postagens todas as terças e sextas:
Pompas à parte, o motivo desse estardalhaço todo é que o grupeto de CDs do México Barroco de Puebla é realmente difícil – melhor dizer impossível – de ser encontrado em sua totalidade para download por aí. Nem os blogues espanhóis ou mexicanos que frequentamos possuem todos os 8 CDs, nem mesmo o Amazon possui o volume VI para venda.
Reuni-los só foi possível porque conseguimos um arquivo FLAC aqui, um MP3 ali, um internauta nos mandou 3 volumes e outros dois nós mesmos compramos para completar. Fisicamente nem mesmo eu (Bisnaga) tenho a completude da série.
Mas do que se trata essa série?
Trata-se da música sacra produzida na Catedral de Puebla nos século XVII e XVIII. Puebla sempre, desde seus primeiros tempos, é um centro urbano importante e pujante do México, local que logo conheceu a riqueza, graças à grande quantidade de mão-de-obra indígena (sim, terrivelmente escravizada) e de largas jazidas de metais preciosos, que propiciaram o estabelecimento de uma sociedade complexa e bem estruturada que, por isso, pode financiar uma vida cultural intensa,que pouco ou nada devia a centros europeus.
É boa?
Sim, é boa por demais da conta! É resultado de um trabalho muito acurado do regente Benjamín Juárez Echenique, com instrumentos de época e ótima escolha de repertório.
Hoje, o compositor que veremos é Juan Gutiérrez de Padilla (c.1590 – 1664), espanhol nascido em Málaga. Lá foi cantor da catedral quando menino, passando a organista e depois mestre de capela. Logo transferiu-separa Cádiz, onde também foi mestre de capela, sendo muito apreciado no local. Pouco tempo depois de emigrar para a Nova Espanha (México), sua reputação o levou a ser contratado em 1622 como mestre de capela auxiliar da Catedral de Puebla, por indicação do próprio mestre de então, Gaspar Fernández. Com a morte deste, em 1629, Padilla assumiu o cargo principal e o ocupou até o ano de sua morte, em 1664, deixando grade produção.
A despeito das missas, credos e outras obras estritamente religiosas, chegaram até nós muitos villancicos de Padilla, obras de caráter mais popular, por ele carregadas de sentimento religioso, que é o que se apresenta nessas Maitines de Navidad.
Muito bonito!
Ouça! Ouça ! Deleite-se !
Ouça o delicado Christus Natus Est deste álbum (faixa 10):
México Barroco – Puebla 1
Maitines de Navidad, 1653, Juan Gutierrez de Padilla
Juan Gutiérrez de Padilla (c.1590 – 1664)
01. Villancico 1 – Alto Zagales
02. Villancico 2 – Jacara A la Jacara Jacarilla
03. Villancico 3 – No hay zagal como gilillo
04. Villancico 4 – Pues el cielo se viene a la choza
05. Villancico 5 – Romance. Oid, zagales atentos
06. Villancico 6 – Galego Si al nacer o mi nino
07. Villancico 7 – Romance, Calenda De carambanos el dia
08. Villancico 8 – Negriia, Ah, siolo Flasiquillo
09. Villancico 9 – De los Reyes. Albricias, Pastores
10. Himno – Christus natus est nobis
Marisa Canales, soprano
Martha Molinar, soprano
Ana Paula Abitia, mezzo-soprano
Gabriela Thierry, mezzo-soprano
Alfredo Mendoza, tenor
Flavio Becerra, tenor
Vladimir Gomez, tenor
Angelicum de Puebla
Schola Cantorum de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
México, 1997
Aniversário do papai Bach (21/03/1685), grande farol da humanidade, encanto e desafio, fonte inexaurível, pai e professor grandioso, pesquisador e trabalhador infatigável, forma máxima da inteligência musical, amigo do telúrico e do inefável, entre nosso corpo e as estrelas.
De todos os retratos que conheço, prefiro estes de Johannes Heisig (2004/5), que estão na Bach Haus, em Eisenach. Eles revelam um pouco melhor o Bach dionisíaco, antídoto para as imagens tradicionais, demasiado austeras. Bach era muito divertido, e notável cervejeiro. Sua música contém também muito humor e espírito lúdico.
E a nota de Milton Ribeiro pode ser acessada aqui.
Vou pegando os discos totalmente sem ordem ou programação. Então, é pura coincidência esse monte de Músicas Aquáticas nas quais estou afogando vocês. E esta é mais uma bela gravação de uma das principais obras de GFH. Com instrumentos modernos e linda concepção, a Orpheus marca seu território com competência e categoria. A Orpheus Chamber Orchestra é um tremendo conjunto baseado na cidade de Nova Iorque. Fundada em 1972, é das melhores coisas que há em termos de orquestra de câmara. Se eles passarem perto de você, trate de ouvi-los. O grupo é bastante conhecido por se apresentar sem regente e por suas interpretações de compositores do século XIX. Todo mundo fica de olho na ponta do arco do spalla Guillermo Figueroa, que teve passagem rápida pelo Emerson String Quartet nos anos 70. Tudo coisa fina.
Georg Friedrich Händel (1685-1759): Música para Fogos de Artifício / Música Aquática
Feuerwerkmusik HWV 351
1 Ouverture (Adagio) – Allegro – Lentement – Allegro Da Capo 7:22
2 Bourrée 1:15
3 La Paix. Largo Alla Siciliana 2:55
4 La Réjouissance. Allegro 3:06
5 Menuet I 1:34
6 Menuet II 2:22
Wassermusik Suite In F-dur HWV 348
7 Ouverture 3:12
8 Adagio E Staccato 1:49
9 Allegro 2:23
10 Andante 2:11
11 Da Capo 2:25
12 Presto 3:22
13 Air. Presto 3:26
14 Minuet 2:33
15 Bourrée. Presto 1:38
16 Hornpipe 2:17
17 (Without Indication) 2:53
Suite In G-dur HWV 350
18 (Without Indication) 2:50
19 Rigaudon. – (Without Indication) – Presto Da Capo 2:28
20 Menuet – (Without Indication) – Da Capo 3:34
21 (Without Indication) – (Without Indication) – Da Capo 1:22
Suite In D-dur HWV 349
22 Allegro 1:52
23 Alla Hornpipe 2:42
24 Minuet 1:01
25 Lentement 1:37
26 Bourrée 1:10
Já há muitos anos ensaio a postagem desta coleção da Deutsche Grammophon, mas algo sempre me impedia, ou impede.
Reconheço que Berlioz é um compositor negligenciado cá pelas bandas do PQPBach. Talvez pelo fato de conhecermos apenas algumas de suas obras, principalmente sua “Sinfonia Fantástica”, ou a obra para viola e orquestra “Harolde en Italie”.
A escolha dos intérpretes deixa um pouco a desejar, ainda mais vindo da parte do selo do nível da Deutsche Grammophon.
Mas deixo os senhores formularem seus comentários. A coleção tem nove CDs, e trarei todos na medida do possível.
Neste primeiro CD temos a Sinfonia Fantástica, e algumas outras peças menos conhecidas.
01 – Symphonie fantastique op.14_ 1. Rêveries – Passions
02 – Symphonie fantastique op.14_ 2. Un bal – Allegro non troppo
03 – Symphonie fantastique op.14_ 3. Scène aux champs – Adagio
04 – Symphonie fantastique op.14_ 4. Marche au supplice – Allegro non troppo
05 – Symphonie fantastique op.14_ 5. Songe d’une nuit de Sabbat – Larghetto-Allegro
06 – ‘Benvenuto Cellini ‘ op.23_ Overture
07 – ‘Le Corsaire’ op.21_ Overture
Orchestre de L´Opéra Bastille
Myung-Whun Chung
08 – ‘Les Troyens’, Act IV_ Chasse royale et orage
RIAS Kammerchor – Rundfunkchor Berlin
Berliner Philharmoniker
James Levine – Conductor
Meu pai amava os Concerto para Piano de Mozart. Era difícil passar uma semana sem uma longa sessão deles em nossa casa. Então, conheço todos os movimentos de todos, mas confundo a ordem deles e fico meio maluco tentando reconhecer cada um deles. Ele certamente adoraria este CD onde Gulda e Harnoncourt dão um banho de competência.
Herbert von Karajan fez de tudo para prejudicar a carreira de Harnoncourt. E o motivo foi Mozart. Harnoncourt foi violoncelista da orquestra de Viena entre 1952 e 1969 e frequentemente dirigido por Karajan. Quando saíram as primeiras gravações de Harnoncourt dirigindo Bach, HvK ficou puto em razão das boas críticas recebidas, coisa anormal para ele, que era apenas um sucesso de público. HvK falava mal de NH e o perseguia. E Mozart foi decisivo. O primeiro concerto de NH na Áustria como chefe de orquestra aconteceu graças à Semana Mozart organizada pela Fundação Mozarteum de Salzburgo. Ele liderou o Concertgebouw de Amsterdam em 1980. Aquilo foi demais para Karajan. No dia 11 de março deste ano, a direção do Festival de Salzburgo fez uma revelação surpreendente. Disse que a vergonhosa ausência de NH de seu Festival dera-se por uma exigência de Herbert von Karajan. Ele não queria ver Harnoncourt por lá. E o mau caráter venceu a briga, fato que envergonha até hoje a entidade. Hoje, Karajan está esquecido e Harnoncourt é considerado um dos três mais importantes chefes de orquestra modernos, ao lado de Furtwangler e Mahler.
W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano Nros. 26 e 23
Konzert Für Klavier Und Orchester Nr.26 D-Dur KV 537 Krönungskonzert
1 Allegro 15:14
2 (Larghetto) 6:28
3 (Allegretto) 11:16
Konzert Für Klavier Und Orchester Nr.23 A-Dur KV 488
4 Allegro 11:38
5 Adagio 6:24
6 Allegro Assai 7:56
Friedrich Gulda, piano
Concertgebouw Orchestra
Nikolaus Harnoncourt
Conta-se que um soberano árabe viajava com uma caravana biblioteca, na qual cada camelo trazia os livros pertinentes a uma letra na ordem alfabética. Seria preciso uma caravana de escritos similar para discorrer sobre Guillaume de Machaut (1300-1377), para descrever as dimensões e importância de sua obra na história da música; assim, considerando que muito dele já se comentou e se comentará neste espaço dedicado à música e ao conhecimento, peço licença para emoldurar com poética atmosfera esta incomparável gravação. Poética porque menciono aqui o semi-lendário romance entre o compositor e a bela Péronelle. Por volta de 1362, Guillaume, já em idade avançada e enfermo, apaixonou-se por Péronelle d’Armentières, donzela de 19 anos com quem manteve epistolar correspondência; elegendo-a como figura central de sua mais importante obra poética: “Livre dou voir dit”, sob o epíteto de Toute Belle – a toda bela. A conjectura de que a jovem beldade seria apenas uma criação literária por parte de rançosos acadêmicos ao longo dos séculos não vem obscurecer os reflexos dourados dos cabelos da Toute Belle no jardim melódico de Guillaume, nem nos impedir de imaginá-los em meio a um real jardim; ele encanecido, meio vesgo e queixudo – conforme iconografia e descrições antigas, ao lado de sua musa, cintilante como uma gota de orvalho. Mesmo pelo fato de que “Voir Dit” significaria algo como “história verídica”. Esta monumental obra de quase mil versos conta uma história de amor entre o poeta e sua dama através de trechos narrativos, epístolas em prosa e poesias líricas musicadas, onde o amor é destruído pelos boatos e fofocas dos invejosos. Como não lembrar de uma das mais belas joias de Machaut, o virelai “Douce Dame Jolie”, uma das canções mais belas já criadas – curiosamente gravada pelo grupo Legião Urbana, com solo de guitarra; e que traz em seu texto: “Doce e bela dama, por Deus não penseis que alguém terá poder sobre mim senão apenas vós”.
Uma vez que incensamos o ambiente com estas líricas alusões, falemos do disco. Uma sensual e inebriante coletânea de canções seculares polifônicas. Composta por virelais, lays, ballades, rondeaux, composições sobre gêneros poéticos que no período da Ars Nova (século XIV) figuravam como as chamadas “formas fixas”, devido às estruturações frasais e estróficas definidas que as tipificavam; e sobre as quais se compunham o material melódico. Embora Machaut fosse ’clérigo’ da Catedral de Reims, a ideia que temos do termo difere do sentido em seu tempo, pois que se aplicaria a uma pessoa que fosse graduada nos estudos ministrados pela igreja e não propriamente uma ordenação eclesiástica. A única obra puramente sacra que se conhece de Machaut é a monumental e relevante Missa de Notre Dame, escrita por encomenda para um coroamento. O grosso de sua obra é secular (ou profana, no sentido de não sacra), composta sobre seus textos poéticos de caráter romântico cortês e por vezes moralizantes. A performance por parte do grupo inglês Orlando Consort é magistral, basta se considerar que o disco é cantado à capela, ou seja, sem a participação de instrumentos, seja dobrando, substituindo vozes ou em acompanhamento. Um trabalho de muito difícil realização que este soberbo conjunto de belas vozes leva à perfeição. Uma flor que se destaca nesse jardim polifônico é “Ma fin est mon commencement”, rondeau a três vozes, numa das quais Machaut utilizou a complexa técnica da escrita retrógrada (que Bach elevaria ao ápice mais tarde, especialmente na Oferenda Musical), procedimento no qual uma melodia se contrapõe a si mesma em trajetória inversa, como se diante de um espelho; o que se remete ao sentido do título – “meu fim é meu começo”. Outra peça notável (minha preferida no disco) é a ballade “Je ne cuit pas”, a duas vozes. De uma delicadeza de pétala e de estranho e irresistível encanto. Uma das baladas se chama “Une vipere” – “uma víbora”; afinal, mesmo no Éden havia uma serpente. Nos deixemos perder neste sedutor horto de exóticas flores melódicas, tecidas pelo genialíssimo Machaut. No link abaixo, mais e aprofundadas informações sobre o mestre da Ars Nova.
Ontem mesmo foi ao ar o volume 1 desta deste grupeto de dois CDs (se quiser conferi-lo, está aqui), que era o único que eu possuía. E vocês devem entender bem como é ter apenas parte de uma mini-coleção que foi pensada como um conjunto, faltando-lhe membros, como se estivesse mutilada…
Bom, eu, cara de pau que sou, não titubeei: avisei que não tinha o Volume 2 e o pedi aos internautas. E qual não foi a minha surpresa ao abrir a caixa de e-mails e encontrar, em poucas horas, ainda na mesma manhã, duas mensagens com links para baixar o tal CD pedido, uma em mp3 e outra ainda em flac. O pessoal que frequenta essas paragens é muito eficiente!
Por isso, agradeçamos à solicitude dos internautas Miguel Jaritz (Argentina) e Roger Taouss-Schirmer (França). Muito obrigado, queridos! Muchas gracias! Merci beaucoup!
Graças a eles temos hoje acesso a belezas poéticas como o Clarines sonad:
“¡Clarines sonad!
¡Violines, tocad!
Y en sonoros voces,
en ecos veloces diga nuestro afán,
que a Marìa
se apluade este dia
y culto le da
quien culto le da!”
É a primeira faixa do CD, que já começa vibrante assim:
Desta vez, o Conjunto de Cámara de la Ciudad de México e o maestro Benjamín Juárez Echenique dedicaram todo o álbum a obras do compositor napolitano Ignacio de Jeruzalem, um dos mais importantes mestres de capela que passaram pela Catedral da Cidade do México. Jerusalem é muito vibrante, alegre, festivo,com aquele quê de animação típica dos latinos, lembrando,por horas, até Vivaldi. Muito Bom!
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
México Barroco – volume 2
Ignacio de Jerusalem y Stella (Lecce, itália, 1707 – Cidade do México, 1769)
01. Clarines sonad
02. Sube a gozar, Señora
03. A la Milagrosa Escuela
04. Gorjeos trinando
05. Rompa la esfera
06. Si aleve fortuna
07. Dixit Dominus
08. Te Deum – Te Deum laudamus
09. Te Deum – Te Aeternum Patrem
10. Te Deum – Tibi omnes
11. Te Deum – Tibi cherubim
12. Te Deum – Sanctus
13. Te Deum – Te ergo quaesumus
14. Te Deum – In te Domine
15. Te Deum – Te aeterna fac
16. Te Deum – In te Domine
Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
Ciudad de México, 1996
Mais uma inestimável contribuição do musicólogo Prof. Paulo Castagna!
A música mexicana cada dia mais me espanta (favoravelmente) e me encanta!
E hoje apresentamos para vocês dois compositores importantíssimos daquele país fascinante: Francisco Delgado e Ignacio de Jerusalem, que estariam para o México como José Maurício Nunes Garcia e José Joaquim Lobo de Mesquita estão para o Brasil.
Francisco Delgado era, provavelmente, mexicano nato. Foi primeiro-violinista da Capela da Catedral da Cidade do México já na época pós-independência. Dedicou este Te Deum a São Felipe de Jesus, frei franciscano do século XVI martirizado no Japão, que viria a ser o primeiro santo nascido em terras mexicanas (canonizado em 1862). Sua obra possui muitas influências do período que se chamou de “classicismo novo-hispânico”, com muitas características da ópera e da música barroca napolitana, mas já com uma orquestração mais vertical, ou seja, com maior preponderância do tema desenvolvido pelo instrumento/naipe principal. Segundo alguns estudiosos, sua orquestração é bastante refinada e aproxima-se a compositores do classicismo,especialmente de Haydn.
Já a segunda parte do álbum dedica-se a um compositor mais gravado e conhecido: Ignacio de Jerusalem. Este já era napolitano mesmo: nasceu en Lecce, no Reino de Nápoles, e bem sabemos, depois de tantas postagens aqui neste auspicioso blogue, que a música italiana, especialmente napolitana, influenciou sobremaneira as coroas ibéricas, Espanha e Portugal e, por isso, cruzou o Atlântico, dando o tom a muitos compositores locais e outros que de lá vieram para cá. Jerusalem foi mestre de capela da Catedral da Cidade do México e sua música, positivamente comparada muitas vezes com as de Pergolesi, Scalatti e Bocherini, compositores que trabalharam para a corte madrilenha. Ele foi tido em seu tempo como um “milagre musical” e influenciou imensamente toda a cena sonora mexicana, a ponto de traços napolitanos serem encontrados em compositores mais recentes, como é o caso do nosso amigo acima, Francisco Delgado.
Altar-mor da Catedral do México. Vê se não é pra ficar doido num lugar desses!
Mas a beleza dessas obras não seria tão evidente se a interpretação não fosse grande coisa…Mas é! É grande e precisa! Benjamín Echenique e seu Conjunto de Cámara de la Ciudad de México lograram evidenciar todo o colorido e a beleza da música desses dois compositores, numa execução primorosa (o que são os agudos límpidos dessa soprano, meu Deus!). Vale cada segundo da audição!
Ouça! Ouça ! Deleite-se sem dó nem piedade!
Uma noção da beleza que vos aguarda,o Te Deum de Francisco Delgado (faixa 1):
México Barroco
Francisco Delgado (Mexico, ca.1790-1849)
1. Te Deum para el Señor Felipe de Jesús Ignacio de Jerusalem y Stella (Lecce, itália, 1707 – Cidade do México, 1769)
2. Magnificat a dos Voces
3. Gran Misa en Sol Mayor a Ocho Voces, I. Kyrie
4. Gran Misa en Sol Mayor a Ocho Voces, II. Gloria
5. Gran Misa en Sol Mayor a Ocho Voces, III. Credo
6. Gran Misa en Sol Mayor a Ocho Voces, IV. Sanctus
Conjunto de Cámara de la Ciudad de México
Benjamín Juárez Echenique, regente
Ciudad de México, 1996
Não tínhamos o volume 2… Em poucas horas, dois internautas nos enviaram o álbum, um em MP3, e o segundo, em FLAC. Obrigado! Muita competência dos nossos usuários!
Tem no Amazon, aqui. Fonogramas deliciosamente cedidos pelo internauta Camilo Di Giorgi! Que os deuses o levem ao Nirvana!
Impressionante e belíssima essa Missa Mexicana executada pelo Harp Consort! Ainda, com o selo Harmonia Mundi, já era de se esperar que seria algo fenomenal, pois os caras não erram!
Bom, mas do que se trata? Não é exatamente uma missa, mas a Missa Ego Flos Campi, de Juán Gutierrez de Padilla (músico nascido em Málaga, Espanha, que se tornou mestre de capela em Puebla, México), intercalada de várias danças e músicas folclóricas contemporâneas a ela. Pode parecer estranho,mas o propósito deste álbum foi colocar a música de Padilla inserida dentro do contexto e da sonoridade – não só instrumental, mas ambiental, da sonoridade popular – do seu tempo, o século XVII.
No Amazon, um dos usuários fez uma leitura interessante do conjunto:
“Com ‘Missa Mexicana’ Andrew Lawrence-King e The Harp Consort propicia um dos discos mais alegres e instigantes da música antiga. Para um álbum que é ‘crossover’, no melhor sentido da palavra, eles tomam uma missa do século 17 e a justapõe com a música popular que a inspirou. A música é linda, profunda, elegante, sensual e apaixonada. (…) Além das harpas, gambas, violas, etc., que se poderia esperar da música deste período, o Harp Consort insere violões mexicanos, bajons, e até mesmo uma concha e um pau-de-chuva! O ritmo e o canto são soberbos, e Lawrence-King não só dirige o conjunto, mas oferece acompanhamento maravilhoso na harpa e no saltério. (…) O México de 1600 era uma rica mistura de etnias e culturas, e sua música reflete isso. A principal influência é a polifonia renascentista espanhola, mas há também a influência de imigrantes portugueses, nativos mexicanos (maias), e os africanos da Costa do Marfim, Guiné, e imigrantes de Porto Rico. Bem, há um contraste constante entre os mundos sagrado e secular. (…)
A ‘Missa Mexicana’ é faz música da mais alta integridade e não para ser desperdiçada. Além de amantes iniciantes na música clássica, eu recomendaria também este disco para as pessoas que vêm do “outro lado”, isto é, aqueles que podem não ser particularmente apreciadores de música clássica, mas que gostam de sons mais “tradicionais”, mexicanos ou latino-americanos. De qualquer maneira, este é um dos discos mais originais, criativos e divertidos que eu já ouvi em muito tempo, e ele merece ser um bestseller!!”
Entendeu? É do caraglio!!
Ouça! Ouça ! Deleite-se!
Missa Mexicana
01. Villancico: Canten dos jilguerillos
02. Missa Ego flos campi: Kirie
03. Jácaras de la costa
04. Xácara: Los que fueren de buen gusto
05. Missa Ego flos campi: Gloria
06. Corrente Italiana
07. Xácara: A la xácara xacarilla
08. Missa Ego flos campi: Credo
09. Cumbées
10. Negrilla: A siolo flasiquiyo
11. Missa Ego flos campi: Sanctus
12. Marizápalos a lo humano: Marizápalos bajó una tarde
13. Marizápalos a lo divino: Serafin que con dulce harmonía
14. Diferencias sobre marizápalos
15. Missa Ego flos campi: Agnus dei
16. Guaracha: Convidando está la noche
Bom disco para quem gosta do sacro barroco. Nada excepcional, pero cumpridor. A confusão entre os Legrenzi é grande, mas no disco diz que a obra é de Giovanni Maria e não de Giovanni Battista. A Wikipedia só serve para confundir…
Giovanni Maria Legrenzi (1626-1690), compositor e maestro de San Marco, em Veneza, foi elogiado por seus contemporâneos como “verdadeira fonte de música e oráculo vivo de harmonia”. Ele se atrevia a ignorar as leis de composição em favor da graça e do charme. Ele compôs óperas e oratórios, além de obras instrumentais. Dos oito oratórios conhecidos Legrenzi apenas três obras completas foram preservados. La Morte del cor penitente foi provavelmente escrito em 1671 para a igreja de Veneza Santa Maria della Consolazione, onde Legrenzi foi maestro entre os anos de 1670 e 1690. No período da Contra-Reforma, havia um tema recorrente naquelas almas perturbadas: a do caminho espiritual do pecador que, através do arrependimento, poderia e deveria corrigir seus erros perante Deus na tentativa de recuperar a honra perdida. O autor do texto evoca esta viagem em muitas imagens poéticas para as quais Legrenzi compôs uma sucessão de árias, duetos e recitativos.
Giovanni Legrenzi (1626-1690): La Morte Del Cor Penitente
1. La morte del cor penitente: Part I: Sinfonia 1:54
2. La morte del cor penitente: Part I: Lumi dolenti lumi aprite il varco al pianto (Sinner) 2:27
3. La morte del cor penitente: Part I: Sommergete dell’Alma l’orgoglio (Sinner) 1:02
4. La morte del cor penitente: Part I: Care amate pupille versate, stillate (Sinner) 4:03
5. La morte del cor penitente: Part I: E pur non piangi, o core? (Sinner) 2:50
6. La morte del cor penitente: Part I: Pianga si, si, che del fallir passato (Penitence, Sinner) 2:48
7. La morte del cor penitente: Part I: Clementissimo Cielo, ancor si sebra la su pieta verso un indegno? (Sinner, Penitence) 2:57
8. La morte del cor penitente: Part I: Dillo tu, Cor delirante, dillo tu chi t’inganno? (Sinner, Penitence) 2:56
9. La morte del cor penitente: Part I: Deh senti Misero quanto sei fragile (Penitence, Sinner)0:59
10. La morte del cor penitente: Part I: Piacer ti rifiuto t’abborro, ti fuggo (Sinner)0:46
11. La morte del cor penitente: Part I: Su spiriti pentiti pensieri contriti (Penitence) 1:12
12. La morte del cor penitente: Part I: Non si pensi, ch’a languir, ch’a morir (Sinner) 1:14
13. La morte del cor penitente: Part I: No no tempra il furor, al Ciel clemente basta il voto del Cor, pago e del zelo (Hope, Sinner) 2:42
14. La morte del cor penitente: Part I: Se sperar’il Cor non sa (Hope, Sinner) 1:03
15. La morte del cor penitente: Part I: Se la speme, ch’e stella constante (Hope, Sinner) 1:41
16. La morte del cor penitente: Part I: Vogli pur’ altrove il passo dolce speme (Sinner, Hope) 2:14
17. La morte del cor penitente: Part I: Se del duol, e non d’amore (Sinner, Hope) 1:09
18. La morte del cor penitente: Part I: Vanne pur senza amor, e senza speme (Hope, Sinner, Penitence) 1:07
19. La morte del cor penitente: Part I: Se dal duol non resti preso vano Cor, e non t’affretti (Penitence, Sinner) 1:18
20. La morte del cor penitente: Part I: Parta pur la speranza, e resti il duolo (Sinner) 1:26
21. La morte del cor penitente: Part I: Or va, Figlio constante (Penitence, Sinner) 3:59
22. La morte del cor penitente: Part I: Non si pensi ch’a penar s’apra scola nel mio petto (Sinner) 1:13
23. La morte del cor penitente: Part I: Porta ancor nel ferire (Madrigale a 5) 2:07
24. La morte del cor penitente: Part II: Sinfonia 1:02
25. La morte del cor penitente: Part II: Coltello di dolore su traffiggimi il core (Sinner)0:49
26. La morte del cor penitente: Part II: Care pene, dolci affanni siete amabili tiranni (Sinner) 5:03
27. La morte del cor penitente: Part II: Siam qui pronte (Chorus of Retribution, Sinner) 1:31
28. La morte del cor penitente: Part II: Su su si mandino sospiri, e gemiti (1 Punishment, Sin)0:48
29. La morte del cor penitente: Part II: Si si dal dolore l’indegno arrogante (Chorus of Retribution)0:28
30. La morte del cor penitente: Part II: Su su si destino angoscie orribili (1 Punishment, Sinner)0:57
31. La morte del cor penitente: Part II: Non piu s’accendano faci al goder (1 Punishment, Sinner) 1:11
32. La morte del cor penitente: Part II: Si si dal dolore l’indegno arrogante (Chorus of Retribution)0:29
33. La morte del cor penitente: Part II: Gia gia da un’improviso turbine procelloso (Sinner) 1:39
34. La morte del cor penitente: Part II: Venite Alme dolenti, venite a lagrimar (Sinner) 3:34
35. La morte del cor penitente: Part II: Cara morte di dolore che uccidento porgi vita (Sinner) 1:48
36. La morte del cor penitente: Part II: Hor non ti vantar piu Divino Amore (All) 1:45
Mario Cecchetti, tenore
Roberta Invernizzi, soprano
Elisabetta de Mircovich, soprano
Paolo Costa, alto
Marco Beasley, tenore
Sergio Foresti, basso
Ah, Camargo Guarnieri!…
Cara fantástico, cuja obra é de robustez, elaboração e técnica ímpares! Mais centrado, não era um gênio porra-louca como Villa-Lobos, mas nem por isso menos genial.
Sobre Guarnieri falou Aron Copland, que o conheceu pessoalmente quando ele esteve nos Estados Unidos, no começo dos anos 1940:
Camargo Guarnieri, que agora está pelos trinta e cinco anos de idade, é na minha opinião o mais sensacional dos talentos ‘desconhecidos’ da América do Sul. Suas composições já bem numerosas deveriam ser muito mais conhecidas do que o são. Guarnieri é um compositor de verdade. Tem tudo o que é preciso – personalidade própria, uma técnica acabada e imaginação fecunda. Sua inspiração é mais ordenada que a de Villa-Lobos, mas não menos brasileira… O que mais me agrada na sua música é a sua expressão emotiva sadia – é uma exposição sincera do que um homem sente… Sabe como modelar uma forma, como orquestrar bem, como tratar eficientemente o baixo. O que atrai na música de Guarnieri é o seu calor e a imaginação que vibra com uma sensibilidade profundamente brasileira. É, na sua expressão mais apurada, a música de um continente ‘novo’, cheia de sabor e de frescura.
Toda sua obra é densa e bem acabada, e muitas de suas peças para piano, destaques desta postagem (que não leva um álbum junto), estão entre suas mais bem elaboradas.
E como nós fazemos de tudo pra espalhar a bela música por este mundão de meu Deus, o PQPBach tem hoje o orgulho e a satisfação de disponibilizar, por meios próprios (vão ficar lá no PQPShare), SETENTA e SETE partituras de peças para piano solo do nosso compositor.
Agradeçam o mano CVL, colega pequepiano, entusiasta da música nacional, que deixou há uns anos de postar por estes lados, mas que mantém contato constante com a gente e nos passou essas maravilhas.
Baixem, espalhem, compartilhem, passem para seus amigos pianistas!
Temos que conhecer e ouvir mais as obras desse cara!
Camargo Guarnieri (1907-1993)
77 peças para piano solo
01. Dança Selvagem
02. Dansa Negra
03. Estudos para Piano, 01 a 05
04. Estudos para Piano, 06 a 10
05. Estudos para Piano, 11 a 15
06. Improviso II
07. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 01 a 10)
08. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 11 a 20)
09. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 21 a 30)
10. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 31 a 40)
11. Ponteios para piano – 1º Caderno (ponteios 41 a 50)
12. Sonata para piano (parte 1)
13. Sonata para piano (parte 2)
14. Sonatina Nº 1 para piano
15. Sonatina Nº 2 para piano
16. Sonatina Nº 3 para piano
17. Sonatina Nº 4 para piano
18. Sonatina Nº 5 para piano
19. Sonatina Nº 6 para piano
20. Sonatina Nº 7 para piano
21. Sonatina Nº 8 para piano
22. Suite Mirim
23. Toccata para piano
O Movimento Armorial foi uma das coisas mais fenomenais que ocorreram no Brasil. Como nasceu em Pernambuco, não teve muita cobertura dos meios de comunicação nacionais, concentrados no eixo Rio-São Paulo,mas não perde em nada em robustez, propostas e inovação que a Tropicália. Ouso dizer que o Armorial foi mais abrangente, pois abraçou a pintura, escultura, gravura, literatura, design e, o que nos interessa mais neste blogue, a música!
Uma definição boa e didática do movimento é a da Lúcia Gaspar, Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco:
“A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus “cantares”, e com a Xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro relacionados.” Ariano Suassuna, Jornal da Semana, Recife, 20 maio 1975. O Movimento Armorial surgiu sob a inspiração e direção de Ariano Suassuna, com a colaboração de um grupo de artistas e escritores da região Nordeste do Brasil e o apoio do Departamento de Extensão Cultural da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da Universidade Federal de Pernambuco. Teve início no âmbito universitário, mas ganhou apoio oficial da Prefeitura do Recife e da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Foi lançado oficialmente, no Recife, no dia 18 de outubro de 1970, com a realização de um concerto e uma exposição de artes plásticas realizados no Pátio de São Pedro, no centro da cidade. Seu objetivo foi o de valorizar a cultura popular do Nordeste brasileiro, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares da cultura do País. Segundo Suassuna, sendo “armorial” o conjunto de insígnias, brasões, estandartes e bandeiras de um povo, a heráldica é uma arte muito mais popular do que qualquer coisa. Desse modo, o nome adotado significou o desejo de ligação com essas heráldicas raízes culturais brasileiras. O Movimento tem interesse pela pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura e cinema. Uma grande importância é dada aos folhetos do romanceiro popular nordestino, a chamada literatura de cordel, por achar que neles se encontram a fonte de uma arte e uma literatura que expressa as aspirações e o espírito do povo brasileiro, além de reunir três formas de arte: as narrativas de sua poesia, a xilogravura, que ilustra suas capas e a música, através do canto dos seus versos, acompanhada por viola ou rabeca. São também importantes para o Movimento Armorial, os espetáculos populares do Nordeste, encenados ao ar livre, com personagens míticas, cantos, roupagens principescas feitas a partir de farrapos, músicas, animais misteriosos como o boi e o cavalo-marinho do bumba-meu-boi. O mamulengo ou teatro de bonecos nordestino também é uma fonte de inspiração para o Movimento, que procura além da dramaturgia, um modo brasileiro de encenação e representação. Congrega nomes importantes da cultura pernambucana. Além do próprio Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Raimundo Carrero, Gilvan Samico, entre outros, além de grupos como o Balé Armorial do Nordeste, a Orquestra Armorial de Câmara, a Orquestra Romançal e o Quinteto Armorial.”
Conheça! Espalhe a notícia!
CEPE – Companhia Editora de Pernambuco (1894-1979)
Partituras Armoriais, com obras de:
01. Antônio José Madureira
02. Benny Wolkoff
03. Henrique Annes
04. Clóvis Pereira
05. Cussy de Almeida
06. Jarbas Maciel
07. José Tavares de Amorim
08. Lourenço da Fonseca Barbosa (Capiba)
09. Waldemar de Almeida
A música Brasileira é imensa, em variedade, riqueza e qualidade, mas como é difícil encontrar as partituras quando resolvemos executar alguma peça nacional, não?
Por isso o P.Q.P.Bach fez essa sexta edição de links de partituras, voltada especificamente para os autores brasileiros, para que você encontre as partes que deseja e, de quebra, descubra outras peças maravilhosas que até então desconhecia.
Mergulhe nos 138 (cento e trinta e oito !!! ) links, nas bibliotecas, nos museus e nos acervos virtuais, deleite-se e deleite aos demais com sua, com nossa música!
Laudate Pueri Dominum Psalmo Para as encommendaçõens dos Innocentes Defuntos Com duas rabecas, duas clarinetas, duas trompas, 4 vozes e baixo Composto em 1821 Pelo Pe. José Mauricio Nunes Garcia, e arranjado sobre alguns motivos da Grande Obra da Creação do Mundo do Inmortal Haydn e offerecido ao Sr. João dos Reis Pereira pelo seo Autor.Capa de partitura do Padre José Maurício Nunes Garcia que consta do acervo do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro
ACERVOS DIGITAIS NACIONAIS
♦ Biblioteca Nacional Digital – aqui – here
O Brasil pode orgulhar-se de possuir uma das maiores bibliotecas do mundo: a Fundação Biblioteca Nacional é a 7ª maior biblioteca nacional do globo. A Fundação vem digitalizando seu acervo e o resultado disto é que até a data desta postagem, já havia 1286 partituras disponíveis para visualização e download. Lindo!
♦ Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – aqui – here
Não é um site de partituras, em si, mas há muitos trabalhos acadêmicos de análise de obras de compositores brasileiros, com transcrições das partituras de suas músicas (eu mesmo já encontrei uma música de Alberto Nepomuceno que procurava há anos). Todas as teses e dissertações defendidas atualmente pelo sistema de universidades federais e de algumas estaduais está disponível aí. Os textos estão na íntegra, em PDF.
♦ Biblioteca Virtual de Partituras Musicais – aqui – here Esta biblioteca eletrônica é uma das mais antigas e persistentes do gênero em atividade no Brasil. Começou em 1996 hospedado no Departamento de Física da UFMG. Uma reformulação deste portal inicia-se em 2011 para comemorar os 15 anos de atividade contínua. Conta atualmente com obras de 117 compositores, entre nacionais e internacionais.
♦ Thesaurus Musicae Brasiliensis – aqui – here Catálogo de manuscritos musicais presentes no acervo do Maestro Vespasiano Gregório dos Santos. Dedicado aos nossos maravilhosos compositores de música sacra colonial, possui referência bibliográfica.
♦ Musica Brasilis – aqui – here A difusão de partituras é o principal objetivo do Musica Brasilis. A iniciativa começou em 2009, com a edição das 218 peças de Nazareth para piano, pela primeira vez disponibilizadas na íntegra pela web. Ao mesmo tempo, investiu-se na edição de obra de compositores atuantes na corte de D. João, como José Maurício Nunes Garcia, Marcos Portugal e Sigismund Neukomm. A parceria com a Academia Brasileira de Música possibilita que sejam mostradas as primeiras páginas de todas as obras editadas para o Banco de Partituras. Recentemente conseguiu-se a aquisição de edições de obras de Alberto Nepomuceno, Henrique Oswald, Glauco Velasquez e Luciano Gallet. Contam, no começo de 2016,com obras de 145 compositores, de Nunes Garcia a Luiz Gonzaga.
♦ Academia Brasileira de Música – aqui – here Possui grande acervo de partituras de 93 compositores nacionais. É necessário encomendar a cópia e pagar por ela, mas os valores não são altos.
♦ Instituto Moreira Salles – aqui – here
Um dos mais respeitados institutos culturais do Brasil e possuidor de coleções preciosíssimas como as de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Hekel Tavares, também disponibiliza as partituras para consulta e download.
♦ Portal Sesc de Partituras – aqui – here
Obras de alguns dos mais importantes compositores brasileiros, de diversos períodos e regiões do país. Mais de 2 mil partituras organizadas por título, autor, formação do grupo ou instrumento.
♦ CEPE Partituras – aqui – here
A Companhia Editora de Pernambuco (CEPE) editou e disponibilizou recentemente e de forma gratuita partituras de alguns compositores do Movimento Armorial.
♦ Clavedesul – aqui – here
Site com mais de 47 mil partituras de música brasileira, a maior parte de MPB, mas com algumas coisa de compositores eruditos.
♦ Solano – aqui – here
Mais de 16 mil partituras nacionais e internacionais.
♦ Partituras no formato .enc – aqui – here
Partituras de vários compositores. Entre eles, Padre José Maurício e Villa-Lobos.
ACERVOS DIGITAIS INTERNACIONAIS
♦ ChoralWiki / CPDL, Choral Public Domain Library – aqui – here Um dos melhores sites de partituras de domínio público é o ChoralWiki, sede da Choral Public Domain Library (CPDL). Fundado em dezembro de 1998, o CPDL é um dos maiores portais de partituras musicais gratuitas do mundo. Você pode usar o CPDL para encontrar partituras, textos, traduções e informações sobre compositores. Até o momento desta postagem, possui 16.470 partituras de 2.237 compositores. Nossos brilhantes compositores de música clássica estão presentes no ChoralWiki.
♦ IMSLP, International Music Score Library Project – aqui – here É o maior banco de partituras do mundo! Todo músico deve conhecê-lo. O acervo está disponível em PDF para ser baixado. São 22.109 obras, por 2.648 compositores, com partituras de brasileiros como Nunes Garcia, Lobo de Mesquita, Carlos Gomes e Alberto Nepomuceno.
♦ ScorSer – aqui – here Grande base de dados internacional de partituras.
Alexandre Levy, Carlos Gomes, Glauco Velásquez e Alberto Nepomuceno
AUTORES
Sites oficiais dos compositores, ou dedicados a eles. Em alguns casos, colocamos os arquivos onde se encontra a maior parte de suas obras. Estão organizados por ordem alfabética, pelo nome completo.
♦ Dicionário Cravo Albin de Música Brasileira – aqui – here Criado para ser um dicionário de compositores da MPB, expandiu seu rol de compositores e contempla um número imenso de autores eruditos: para saber mais sobre os compositores do Brasil.
♦ Alberto Nepomuceno – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ André da Silva Gomes – aqui – here A maior parte de suas composições encontra-se no Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva, da Arquidiocese de São Paulo.
♦ Antonio Carlos Gomes – aqui – here A quase totalidade de seu acervo encontra-se no museu que leva seu nome, em Campinas – SP. Há obras também em Belém e Milão (Itália).
♦ Antonio Carlos Jobim – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Brasílio Itiberê da Cunha – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Chiquinha Gonzaga – aqui – here Suas partituras foram organizadas pelos pianistas Alexandre Dias e Wanderlei Braga e estão disponíveis para download. São 242 peças.
♦ Cláudio Santoro – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ César Guerra-Peixe – aqui – here (a) e também aqui – here (b) (a) Site oficial do compositor.
(b) Parte do acervo autógrafo do compositor que encontra-se na Biblioteca Nacional.
♦ Eduardo Souto – aqui – here Suas partituras foram organizadas pelo pianista Alexandre Dias e estão disponíveis para download. São 242 peças.
♦ Elias Álvares Lobo – aqui – here De seu acervo, grande parte encontra-se no Museu da Música de Itu – SP.
♦ Ernesto Nazareth – aqui – here (a) e também aqui – here (b)(a) Página em homenagem ao compositor, feita pelo Instituto Moreira Salles por ocasião do seu sesquicentenário de nascimento em 2013.
(b) Site oficial do compositor.
♦ Francisco Braga – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Francisco Mignone – aqui – here (a) e também aqui – here (b) (a) Seu acervo, assim como o de Camargo Guarnieri, foi doado por sua viúva ao IEB-USP (Instituto de Estudos Brasileiros).
(b) Há também uma parte de sua obra na Biblioteca Nacional.
♦ Glauco Velázquez – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Harry Crowl – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Heitor Villa-Lobos – aqui – here Suas obras estão organizadas e catalogadas no museu que leva seu nome, no Rio de Janeiro.
♦ Henrique Alves de Mesquita – aqui – here Suas partituras foram organizadas pelo pianista Alexandre Dias e estão disponíveis para download. São 127 peças.
♦ Henrique Oswald – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Jacob do Bandolim – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ José Maurício Nunes Garcia – aqui – here Site oficial do compositor. Suas obras encontram-se no Arquivo de Cleofe Person Mattos e no Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro.
♦ João Baptista Siqueira – aqui – here Sua obra, partituras, gravações e documentos pessoais foram doados à Biblioteca da Escola de Música da UFRJ.
♦ José Carlos Amaral Vieira – aqui – here Site oficial do pianista e compositor.
♦ José Pedro de Sant’Anna Gomes – aqui – here Irmão de Carlos Gomes, suas obras estão arquivadas no Museu Carlos Gomes, em Campinas.
♦ José Siqueira – aqui – here Sua obra, partituras, gravações e documentos pessoais foram doados à Biblioteca da Escola de Música da UFRJ.
♦ Luciano Galet – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Manoel José Gomes – aqui – here Pai de Carlos Gomes, suas obras estão arquivadas no Museu Carlos Gomes, em Campinas.
♦ Marlos Nobre – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Mozart Camargo Guarnieri – aqui – here Seu acervo foi doado por sua viúva ao IEB-USP (Instituto de Estudos Brasileiros).
O PQPBach também disponibiliza, em seu repositório pessoal (PQPShare), partituras de 77 peças para piano solo do compositor, aqui – here.
♦ Oscar Lorenzo Fernandez – aqui – here Grande parte de sua obra está depositada na Biblioteca Nacional. Nem todas as suas partituras foram digitalizadas, mas pode-se entrar em contato com a BN para ter-se acesso a elas.
♦ Radamés Gnattali – aqui – here Site oficial do compositor.
♦ Zequinha de Abreu – aqui – here Suas partituras foram organizadas pelo pianista Alexandre Dias e estão disponíveis para download. São 120 peças.
Fundação Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro – RJ
MUSEUS / CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO / BIBLIOTECAS HISTÓRICAS
Arquivos de particulares, museus dos compositores, acervos históricos com partituras e muito mais.
♦ Acervo de Música da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro) – aqui – here Em meio aos seus nove milhões de Volumes, a Biblioteca Nacional possui um acervo invejável de partituras e gravações, muitas das quais digitalizadas.
♦ Museu de Música de Mariana – aqui – here Partituras, músicas para baixar (todas já postadas aquí), muito sobre os compositores da época colonial.
♦ Acervo do Cabido Metropolitano do Rio de Janeiro – aqui – here Disponibiliza reproduções fac-similares de mais de 20 mil imagens de Antífonas, Hinos, Matinas, Missas, Novenas e Salmos da autoria de José Maurício Nunes Garcia, Damião Barbosa de Araújo, Francisco Manuel da Silva e Dom Pedro I, além de figuras de considerável ressonância internacional, como o italiano David Perez, o português Marcos Portugal e o austríaco Sigismund Neukomm.
♦ Acervo Cleofe Person Mattos (Rio de Janeiro) – aqui – here O arquivo privado da musicóloga, educadora e regente Cleofe Person de Mattos (1913-2002) compreende os documentos por ela produzidos e acumulados no decorrer de mais de seis décadas, tendo como foco principal as obras do Padre José Maurício Nunes Garcia.
♦ Museu da Inconfidência (Ouro Preto) – aqui – here
♦ Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Recife) – aqui – here
♦ Museu da Imagem e do Som de São Paulo – aqui – here
♦ Museu Imperial (Petrópolis) – aqui – here Possui coleção de partituras de Carlos Gomes e outros compositores brasileiros do sáculo XIX
♦ Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro – aqui – here
♦ Museu Villa-Lobos (Rio de Janeiro) – aqui – here
ARQUIVOS ECLESIÁSTICOS
No período Colonial e um tanto no período Imperial, a música composta no Brasil concentrava-se em obras para eventos religiosos. Além do mais, as partituras de música profana não foram arquivadas e guardadas, como ocorreu com a música sacra. Por isso, é nos arquivos de igrejas e dioceses que porventura se preservaram bons acervos de música nacional antiga. Não custa nada consultar esses locais. Como seria loucura colocar todas as 272 dioceses do Brasil aqui, elencamos os sites de todas as 12 dioceses/arquidioceses criadas no Brasil na Colônia ou no Império.
♦ Arquidiocese de São Salvador da Bahia (1551) – aqui – here
♦ Arquidiocese de Olinda e Recife (1676) – aqui – here
♦ Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (1676) – Acervo do Cabido Metropolitano – aqui – here
♦ Arquivo da Catedral do Rio de Janeiro – aqui – here
♦ Arquidiocese de São Luís do Maranhão (1677) – aqui – here
♦ Arquidiocese de Belém do Pará (1719) – aqui – here
♦ Arquidiocese de Mariana (1745) / Museu de Música de Mariana – aqui – here
♦ Arquidiocese de São Paulo (1745) – Arq. Metropolitano Dom Duarte – aqui – here
Biblioteca Brasiliana, da Universidade de São Paulo (USP)
CURSOS SUP. DE MÚSICA / UNIVERSIDADES / CONSERVATÓRIOS
Acervos físicos de partituras. Organizamos aqui por Estado-Cidade. Se você mora em uma dessas cidades, não custa nada dar uma pesquisada nesses locais, pois esses acervos são, em sua quase totalidade, de acesso público: qualquer pessoa pode consultar. Aproveite!
GO – Goiânia ♦ UFG, Universidade Federal de Goiás – Escola de Música e Artes Cênicas – Base de Dados da Biblioteca
MA – São Luís ♦ UFPA, Universidade Federal do Pará – Centro de Ciências Humanas – Base de Dados da Biblioteca ♦ UEMA, Universidade Estadual do Maranhão – Centro de Educação, Ciências Exatas e Naturais – Base de Dados da Biblioteca
Detalhe dos anjos tocando instrumentos na pintura do forro da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto – MG. Obra de Mestre Manoel da Costa Athayde
CURTA, COMENTE, ESPALHE A NOTÍCIA, POIS DEU UM TRABALHÃO FAZER ESSA LISTA.
Poucas vezes eu fico triste quando um sujeito muito produtivo morre aos 86 anos. Teve longa vida, fez muito, foi reconhecido, morreu. Foi assim com Eco. Mas lamentei muitíssimo a morte de Nikolaus Harnoncourt (1929 – 2016) no último sábado. Conheci-o de forma contrária à maioria. Primeiro, li seus livros O Discurso dos Sons e O Diálogo Musical, depois fui ouvir seus discos, como por exemplo, a integral de Cantatas de Bach que ele gravou em parceria com Gustav Leonhardt. O incrível é que o músico era ainda maior do que o autor que me ensinara tanta coisa. A leitura de seus livros abriu minha cabeça para muita música que desprezava por limitação ou preconceito. Ele mudou totalmente minha forma de ouvir música, deu sentido a muita coisa que me parecia arbitrária. Suas explicações sobre a grandeza da Bach são absolutamente convincentes e brilhantes.
https://youtu.be/Vr5cKdC3v3E
Antes de se tornar maestro, foi excelente violoncelista. As gravações demonstram. Sua integral das Suítes para Violoncelo Solo de Bach são magníficas. Foi pioneiro na música historicamente informada, mas não era intolerante como alguns que não aceitam que cada época dê sua versão de um autor. Só que ele, Harnoncourt, preferia a recriação rigorosa daquilo que o compositor compôs e fora ouvido pelo próprio. Ele também trouxe à tona um repertório riquíssimo de compositores negligenciados, talvez pela preguiça dos intérpretes. Investiu sobre o classicismo e o romantismo, dirigindo orquestras como a Filarmônica de Berlim e a de Viena, a Ópera de Viena, a Orquestra de Câmara da Europa, o Concertgebouw de Amsterdã, entre muitos outros. Mas sua existência sempre ficará associada à orquestra que fundou em 1953 e com quem mais gravou: o Concentus Musicus Wien.
Alguns engoliam com dificuldade suas interpretações históricas, outros não suportavam suas decisões estilísticas. Mas a abordagem histórica de Harnoncourt às sinfonias de Beethoven abriu os ouvidos e corações do grande público. Sua influência foi sentida em toda a Europa. Na área da música de concerto, foi o mais importante músico dos últimos 50 anos.
Os depoimentos são inequívocos. Todos amavam Harnoncourt no invejoso e complicado mundo musical. Norman Lebrecht diz que poucas vezes conheceu uma pessoa mais benigna. Quando se conheceram, Harnoncourt apontou um pequeno erro no livro de Lebracht The Maestro Myth. Segundo Lebrecht, aquilo foi dito com tal simplicidade e interesse que não parecia vir de um músico. E o maestro respondia a seus próprios triunfos com humildade e indiferença. Apenas encolhia os ombros e sorria. Achava estranho que o chamassem de maestro. Nos ensaios, era muito sério, focado, recusando-se a deixar passar um trecho antes de ficar satisfeito com ele.
Foi um idealista e como concordo com ele! Queria e queria que as pessoas tivessem acesso à música. Não dar acesso à música era um erro completo de educação. E, como brasileiro consciente de nosso IDH rasante, falo simplesmente em dar acesso, em dar contato. Já faria uma enorme diferença na vida de muita gente. Ninguém vai descobrir na primeira audição todo o ódio de Shostakovich por Stalin contido em sua 10ª Sinfonia, mas, tocado de alguma forma, poderia adquirir vivência com uma das formas mais sofisticadas e inteligentes de arte. Dar acesso, simples assim. Como diz Harnoncourt no vídeo abaixo:
Muito obrigado pela de lições, Nikolaus Harnoncourt. Foste um enorme e compreensivo mestre!
.oOo.
Es ist vollbracht significa Está consumado. A regência é de Nikolaus Harnoncourt, a orquestra é o Concentus Musicus Wien, o solista de gamba é Christophe Coin, o coro — que se ergue mais não canta… — é o Tölzer Knabenchor e o menino é o desconhecido, genial e efêmero (refiro-me à voz, claro) Panito Iconomou. Ah, quem me apresentou a gravação foi o Gilberto Agostinho. É inacreditável.
Irmão mais novo de Joseph Haydn, Michael Haydn nasceu na aldeia austríaca de Rohrau, perto da fronteira húngara. O início de sua carreira profissional foi pavimentada pelo irmão mais velho ‘José’, cuja habilidade e timbre vocal lhe haviam rendido uma posição como menino soprano na Catedral de St. Estêvão em Viena – daí a divertida história da fuga do então menino Joseph Haydn ao ouvir rumores de que poderiam transformá-lo em castrato. Segundo testemunhos da época ‘Miguel’ teria sido um estudante mais brilhante do que ‘José’, e quando Joseph cresceu o suficiente para ter problemas com sua voz soprano, foi o canto de Michael que se destacou. Deixando a escola coral, Michael foi nomeado Kapellmeister em Salzburg, onde permaneceu por 43 anos e onde escreveu mais de 360 composições, compreendendo tanto música sacra como instrumental. Na sua permanência em Salzburg, Michael estava familiarizado com a família Mozart, travando longa amizade como Amadeus, em mútua admiração. Em 1768 se casou com a cantora Maria Magdalena Lipp (1745-1827), gerando somente uma filha (Aloisia Josepha, nascida em 31 de janeiro de 1770) mas que morreu pouco antes de seu primeiro aniversário. Embora Lipp fosse por alguma razão detestada pelas mulheres da família Mozart, participou de diversas óperas de Amadeus. Comenta-se ainda que o velho e paternal Leopold Mozart o teria aconselhado a maneirar na manguaça – pois que o mano Haydn seria ‘bom de copo’. Em Salzburg Michael foi professor de Carl Maria von Weber e Anton Diabelli. Michael permaneceu próximo de Joseph toda a sua vida. Joseph considerava a música de seu irmão altamente, a ponto de declarar que as suas obras religiosas eram superiores às suas próprias. Michael Haydn morreu em Salzburg com a idade de 68 anos.
Michael nunca compilou um catálogo temático das suas obras, nem nunca supervisionou a realização de um. O mais antigo catálogo foi compilado em 1808 por Nikolaus Lang por sua “Biographische Skizze” (Esboço Biográfico). Em 1907 Lothar Perger compilou um catálogo de suas obras orquestrais. E em 1915 Anton Maria Klafsky realizou um trabalho semelhante em relação à música vocal sacra de Michael. Em 1982, Charles H. Sherman, que editou dezenas de muitas das suas sinfonias para Doblinger, publicou um catálogo cronológico que algumas gravadoras têm adotado. Mais tarde, em 1991, Sherman juntou forças com T. Donley Thomas publicando um catálogo cronológico mais preciso. Enfim, algumas das obras de Michael Haydn são referidas pelos números Perger, do catálogo temático das suas obras compilado por Lothar Perger em 1907.
As obras corais sacras de Michael são geralmente consideradas como mais importantes, incluindo o Requiem pela a morte do Arcebispo Siegmund em C menor, que influenciou o Requiem de Mozart. Também foi um compositor prolífico de música secular, incluindo quarenta sinfonias e partitas para madeiras; diversos concertos e música de câmara, incluindo um quinteto de cordas em C maior, que seria atribuído ao irmão Joseph. Outro caso de controvérsia de identidade póstuma envolve Michael Haydn, uma sinfonia de Mozart: durante muitos anos a obra que hoje conhecemos como a sua sinfonia nº 26 foi considerada como a sinfonia nº 37 K.444 de Mozart. A confusão gerou-se porque se descobriu um autógrafo que continha o movimento inicial da sinfonia feito pela mão de Mozart. Hoje considera-se que Mozart teria composto um novo movimento lento para o início da sinfonia, por razões ainda desconhecidas, mas sabe-se que o resto da obra é de Michael. A obra, que fora amplamente executada como sinfonia de Mozart, foi tocada consideravelmente menos desde esta descoberta em 1907. Sabe-se que foram grandes amigos e decerto companheiros de caneca. Em ocasiões nas quais um deles adoecia, o outro ajudava na consecução dos trabalhos encomendados.
Vários dos trabalhos de Michael Haydn teriam influenciado Mozart. Em três exemplos: o Te Deum, que teria influenciado Wolfgang em seu K. 141; o final da sinfonia 23 que pode ter sido uma fonte das ideias para o final do Quarteto em G, K. 387; e (em forma de fuga e tema de encerramento), o finale da Sinfonia No. 29 (1784) de Michael, em comparação ao monumental final da Sinfonia 41 – Júpiter; ambas em C maior.
Gostaria de destacar neste disco a faixa 9, o Adagio Cantabile do Quinteto em C maior, P. 108. Que seria atribuído ao mano ‘Zezinho’. Se me fosse permitido atribuir este engenhoso, inebriante, gracioso, expressivo e belo movimento a outro compositor eu o atribuiria a Amadeus; também por sua intensa carga discursiva presente no diálogo dos instrumentos, típica de um exímio operista. Ressalto também que este repertório, enquadrado nos limitadores ideais estéticos do classicismo, é muito difícil de se interpretar, sob o risco de resultar numa música enfadonha; no que um velho amigo melômano chamava de um “rococó insuportável”. Felizmente temos o incomparável L’Archibudelli, cujo compromisso com o repertório que escolhe e cuja excelência são absolutos.
Quinteto em Bb maior, P. 105
I Allegro con brio
II Menuett I. Moderato
III Largo
IV Tema. Allegretto Var. I-VI
V Menuetto II. Allegretto
VI Finale. Presto
VII Marcia. Andante Grazioso.
Quinteto em C maior, P. 108
I Allegro
II Adagio Cantabile
III Menuetto. Allegretto
IV Rondó. Allegro molto
Quinteto em G maior, P. 109
I Allegro brilliante
II Adagio afetuoso
III Menuetto. Allegrinho
IV Presto
Ensemble L’Archibudelli
Cello – Anner Bylsma
Violinos – Vera Beths e Lucy Van Dael
Violas – Guus Jeukendrup e Jürgen Kussmaul
Sempre ouvindo seus fãs, perscrutando seus desejos e mais profundas aspirações, descobrimos que grande parte dos pequepianos acordavam diariamente e iam pressurosos ao blog na expectativa de encontrar nele alguma obra de Herzogenberg. Hoje, atendemos a seus muitos e mudos pedidos. O grande Herzogenberg foi aluno de Brahms e casou-se com Elisabet von Stockhausen, avó do célebre compositor alemão do século XX, fato que não conseguimos confirmar até o fechamento desta edição.
Ele é considerado um epígono de Brahms, mas estas peças não têm nada a ver com o amante de Clara Schumann e sim como uma religiosidade bisonha, quiçá bovina. Não que a música seja ruim, é que ela nos remete ao luteranismo de Bach e não ao de alguém que viveu até 1900. O deus de Herzogenberg era um amigo imaginário muito antigo e suas peças se dobram a esta concepção infantil. Mas dá para ouvir, claro. Eu curti.
Heinrich von Herzogenberg (1843-1900): Organ Works
01. Choral: Ach Gott vom Himmel sieh darein Op.67 5:30
02. Choral: Meinen Jesum lass ich nicht Op.67 2:54
03. Choral: Es ist genug Op.67 1:58
04. Choralfantasie: Nun komm der Heiden Heiland Op.39 12:40
05. Choral: Aus tiefer Not schrei ich zu dir Op.67 4:01
06. Choral: Erschienen ist der herrlich Tag Op.67 1:56
07. Choral: Komm her zu mir, spricht Gottes Sohn Op.67 3:36
08. Choralfantasie: Nun danket alle Gott Op.46 13:39
Lothar Knappe, plays the Oberlinger organ Dominikanerkirche
St. Paulus, Berlin
Este CD é uma coletânea de peças transcritas para uma inusitada dupla de violoncelo e órgão, Se o violoncelista fosse outro que não Rostropovich, daria para cravar que seria uma porcaria, mas o russo toca tanto que a gente vai engolindo gatinho por gatinho (*). Rostrô não é um especialista em barroco e, por exemplo, sua versão das Suítes de Bach é bem insatisfatória. Creio que o repertório deste CD — cheio de barrocos — não o favorece em nada, mas ele dá conta do recado, mesmo que a gente tenha vontade de rir em alguns momentos de abordagem por demais russorromântica. Recomendo usar com moderação.
(*) Lembram aquelas seleções de clássicos dos anos 70 e 80 que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Handel podia vir antes de Rhapsody in Blue, a qual era seguida da Abertura 1812, por exemplo. Salada semelhante é a deste CD. Aqui só têm gatinhos, óin… O apelido “Disco de Gatinhos” ou “Concerto de Gatinhos” é de autoria do Júlio e da D. Cristina lá da King`s Discos, esplêndida loja que ficava na Galeria Chaves. Eles não gostavam muito daquelas seleções… Nem eu.
Frescobaldi, Marcello, Bach, Handel, D’Hervelois, Rheinberger, Saint-Saëns: Peças para Violoncelo e Órgão
1 –Girolamo Frescobaldi Toccata
Arranged By – Gaspar Cassadó
Composed By – Girolamo Frescobaldi
Organ – Herbert Tachezi 4:44
2 –Alessandro Marcello Adagio, BWV 974
Arranged By – Johann Sebastian Bach
Composed By – Alessandro Marcello
Organ – Herbert Tachezi 5:05
–Johann Sebastian Bach 3 Chorale Preludes
Arranged By – Zoltán Kodály
Composed By – Johann Sebastian Bach
Organ – Herbert Tachezi
3 – I. Ach, Was Ist Doch Unser Leben, BWV 743 5:14
4 – II. Vater Unser Im Himmelreich, BWV 762 4:12
5 – III. Christus, Der Uns Selig Macht, BWV 747 5:12
–
6 –Georg Friedrich Händel Aria
Arranged By – Grigori Pekker
Composed By – Georg Friedrich Händel
Organ – Herbert Tachezi 3:41
7 –Johann Sebastian Bach Toccata, Adagio & Fugue In C Major, BWV 564: Adagio
Arranged By – Alexander Siloti
Composed By – Johann Sebastian Bach
Organ – Herbert Tachezi 4:00
–Louis De Caix D’Hervelois Portraits De Jeunes Filles De La France D’Autrefois / Portraits Of Young Ladies From Old France
Arranged By – Folkmar Längin
Composed By – Louis De Caix D’Hervelois
Harpsichord – Herbert Tachezi
8 – I. La Florentine 4:40
9 – II. La Provençale 2:04
10 – III. La Lionnoise 2:24
11 – IV. La Bavaroise 1:35
12 – V. La Russienne 1:37
13 – VI. La Siciliene 1:55
14 – VII. La Milaneze 2:05
–Joseph Rheinberger* 3 Pieces (arr. From 6 Stucke Für Violine Und Orgel, Op.150)
Composed By – Joseph Rheinberger*
Organ – Herbert Tachezi
15 – I Abendlied 4:13
16 – II Pastorale 3:42
17 – III Elegie 4:07
18 –Camille Saint-Saëns Prière, Op.158
Composed By – Camille Saint-Saëns
Organ – Herbert Tachezi 5:29
Pois estão vamos concluir essa belíssima série, que traz a obra de câmara de Mendelssohn. Alguns artistas são bem conhecidos, outros nem tanto, mas as gravações são muito boas. Vale a audição, e muito.
Disc: 4
1. String Quartet No. 3 in D major, Op.44/1: IV. Presto con brio
2. String Quartet No. 4 in E minor, Op.44/2: I. Allegro assai appassionato
3. String Quartet No. 4 in E minor, Op.44/2: II. Scherzo (Allegro di molto)
4. String Quartet No. 4 in E minor, Op.44/2: III. Andante – Attaca
5. String Quartet No. 4 in E minor, Op.44/2: IV. Presto agitato
6. String Quartet No. 5 in E flat major, Op.44/3: I. Allegro vivace
7. String Quartet No. 5 in E flat major, Op.44/3: II. Allegro assai
8. String Quartet No. 5 in E flat major, Op.44/3: III. Adagio
9. String Quartet No. 5 in E flat major, Op.44/3: IV. Finale (Allegro molto)
Disc: 5
1. String Quartet No. 6 in F minor, Op. 80: I. Allegro assai – Presto
2. String Quartet No. 6 in F minor, Op. 80: II. Allegro assai
3. String Quartet No. 6 in F minor, Op. 80: III. Adagio
4. String Quartet No. 6 in F minor, Op. 80: IV. Finale (Allegro molto)
Cherubini Quartett
5. String Quintet No. 1 in A major, Op. 18: I. Allegro con moto
6. String Quintet No. 1 in A major, Op. 18: II. Intermezzo (Andante sostenuto)
7. String Quintet No. 1 in A major, Op. 18: III. Scherzo (Allegro di molto)
8. String Quintet No. 1 in A major, Op. 18: IV. Allegro vivace
Hausmusic
9. Concert Piece for clarinet, basset horn & piano No. 1 in F major, Op. 113
10. Concert Piece for clarinet, basset horn & piano No. 2 in D minor, Op. 114
Sim, claro que o nome atribuído tradicionalmente à Cantata 106 é Actus Tragicus, não Mysticus. Acontece que, não importa quem botou esse apelido, é uma baita traição às intenções de Bach.
Além disso, em junho de 2010 nosso blog já tem 4 outras versões da 106, então pra que postar mais esta? Ainda mais que o único arquivo que encontramos não é em mp3 de alta qualidade? Bem, acontece que um dia meu amigo Nahum – o mesmo da minha primeira postagem de órgão de Pachelbel – me escreveu dizendo que tem um amor especial por esta versão por ser a menos ‘operística’ que conhece; a menos com intenções de concerto e mais de ato propriamente religioso. Coincidiu que esta foi também a primeira 106 que ouvi, décadas atrás, e tendo a concordar.
Prohaska não é Harnoncourt mas foi um passo importante na direção. Já nos anos 50 começou a usar grupos menores e instrumentos mais autênticos do que, digamos, um Richter – embora tantas vezes tenha continuado exagerando nas lentidões e legatos. Mas como negar, por outro lado, que o gênio da musicologia que é Harnoncourt, na hora da realização às vezes exagera irritantemente no sentido oposto, o da saltitância? Enfim: eu acho que Prohaska merece respeito, vamos ver o que vocês vão achar.
No disco a Cantata 78 vinha primeiro, mas inverti. Dela prefiro mesmo outras gravações, esta me soa pesada e convencional… a não ser pelo segundo movimento, um dueto soprano-contralto que deve estar entre as páginas mais risonhas do pai do PQP, quase bandinha de festa popular… e pelo que andei vendo na net há quase uma seita de curtidores dessa peça justo nesta versão do Prohaska!
Mas a 106 é realmente muito especial entre as cantatas de Bach, a começar por muito da sua grandeza se dever à – digamos – inexperiência: Bach tinha só 22-23 anos quando a compôs, e os jovens costumam ousar mais na invenção de formas pessoais para dizer o que querem. Mais tarde… sabem como é, a exigência de produzir rápido e muito, o leite das crianças… o jeito é recorrer a modelos de estrutura que já deram certo, ainda que preenchendo com conteúdos novos e genais.
E aqui nosso jovem ousou nada menos que… uma representação do momento da morte em primeira pessoa, inserida num rápido porém incisivo ensaio teológico.
Daí ser tão ridículo o apelido ‘tragicus’, pois toda a intenção a obra é afirmar que a morte não é tragédia e sim um encontro amoroso. Logo à frente está o texto completo com tradução interlinear pra vocês mesmo acompanharem e verem se não – mas ‘entrego’ antes alguns detalhes não tão óbvios.
Um, que a música é cheia de figurações do texto, p.ex: a sílaba alongada em ’so laaaaaaaange’ (’por taaaanto tempo’), ou os instrumentos que se calam para deixar soar a palavra stille (silêncio, quietude) – enquanto a instrumentação e tonalidade dita pastoral – fá maior, só flautas doces, violas da gamba e contínuo, sem violinos – visa ambientar esse pequeno estudo da morte num clima de (juro!) música de ninar.
Dois coros de escritura livre emolduram a ‘representação’: o inicial antecedido por uma ’sonatina’ instrumental, o final seguido por uma única cadência dos instrumentos que não é só um eco do amém, mas também uma espécie de conclusão da sonatina inicial, com um tom de brincadeira e ao mesmo tempo afirmação séria da unidade do conjunto.
De entremeio, dois ‘atos’ de solos e coros encadeados que correspondem de certa forma ao Velho e ao Novo Testamento: no primeiro afirma-se a morte como lei inescapável – mas ainda no meio dessa afirmação a alma humana (em forma de voz de soprano) começa a chamar pelo vencedor da morte: ‘vem, Senhor Jesus, vem!’ Tudo vai se calando, ficando só a voz e o pulsar do seu coração. O pulsar para… e a voz conclui a palavra ‘Je-su’ depois, ‘apoiada em nada’: nada menos que a afirmação da sua continuidade independente do corpo, que é precisamente o que a fé espera dessa invocação.
Mas parece que todas as tradições falam de um trajeto entre o momento da morte e o mundo definitivo do além (ver p.ex. no balé ‘300 anos de Zumbi’, de Gilberto Gil, que também já postei aqui): o ‘Novo Testamento’ se abre com a alma (que virou contralto) dizendo ‘estou enviando às tuas mãos o meu espírito, ao que Cristo – agora presente, não só invocado – responde ‘ainda hoje estarás comigo no paraíso’ – e de repente já é todo um grupo de contraltos que vai em frente cantando com uma… serenidade segura: ‘é com paz e alegria que eu viajo para lá’. E aí o coro final é louvor e afirmação de fé – mas sem se aventurar a oferecer nenhuma representação do estado final: afinal, na teologia aceita por Bach, ‘nem um olho viu, nem um ouvido ouviu o que Deus tem preparado para os seus’.
O antropólogo Gilbert Durand fala de três vertentes do imaginário humano; a do meio não importa agora, mas as duas extremas seriam a Heroica, de caráter diurno e derivada do esforço de conquista da posição vertical pela criança, e a Mística, de caráter noturno, derivada da busca da intimidade dos braços e do colo da mãe, anseio de descansar do esforço e riscos da existência separada reintegrando-se com o todo de onde se saiu. Quem sabe assim fique mais claro o porquê da minha traição ao título tradicional!
J.S. Bach: duas cantatas regidas por Felix Prohaska
01-04 Cantata 106, ‘Gottes Zeit ist die allerbeste Zeit’
06-12 Cantata 78, ‘Jesu, der du, meine Seele’
Coro e orquestra “The Bach Guild” (projeto N.York-Viena da Vanguard Records)
Tereza Stich-Randall, soprano – Dagmar Hermann, contralto
Anton Dermota, tenor – Hans Braun, baixo – Anton Heiller, órgão
02 [MOVIMENTO ARTICULANDO 6 ELEMENTOS SUCESSIVOS OU SIMULTÂNEOS]
CORO Gottes Zeit ist die allerbeste Zeit.
A hora de Deus é a melhor de todas. In Ihm leben, weben und sind wir, solange Er will,
N’Ele vivemos, “tecemos” e estamos, enquanto Ele quer, In Ihm sterben wir zur rechten Zeit, wenn Er will.
N’Ele morremos na hora certa: quando Ele quer.
TENOR SOLO Mein Herr! (Ach, Herr!)
Meu Senhor! (Oh Senhor!) Herr, lehre uns bedenken, dass wir sterben müssen,
Senhor, ensina-nos a considerar que temos que morrer, auf dass wir klug werden.
para ganharmos juízo.
BAIXO SOLO Bestelle dein Haus!
Encomenda tua morada! Denn du wirst sterben und nicht lebendig bleiben.
Pois tu irás morrer, e não permanecer em vida.
CORO (FUGATO) Es ist der alte Bund: Mensch, du musst sterben.
Esse é o antigo pacto: ó humano, tu tens que morrer.
SOPRANO SOLO Ja, komm, ja komm, Herr Jesu, komm!
Sim, vem, sim vem Senhor Jesus! Vem!
HINO: INSTRUMENTAL (texto implícito para os ouvintes) Ich hab’ mein’ Sach’ Gott heimgestellt …
Entreguei minha causa a Deus …
IV. [MOVIMENTO ARTICULANDO 3 ELEMENTOS]
CONTRALTO SOLO In deine Hände befehl ich meinen Geist;
A tuas mãos envio o meu espírito; Du hast mich erlöset, Herr, Du getreuer Gott!
Tu me libertaste, ó Senhor, Deus fidedigno que és.
BAIXO SOLO Heute, heute wirst du mit mir im Paradies sein.
Hoje, ainda hoje, comigo no paraíso hás de estar.
HINO: CONTRALTOS EM UNÍSSONO Mit Fried’ und Freud’ ich fahr dahin
Com paz e alegria eu viajo para lá in Gottes Willen.
na vontade de Deus. Getrost ist mir mein Herz und Sinn,
Confortados estão para mim o coração e tino, sanft und stille.
em brandura e quietude. Wie Gott mir verheissen hat:
Como Deus me prometeu: der Tod ist mein Schlaf worden.
a morte se tornou meu sono.
V. CORO Glorie, Lob, Ehr und Herrlichkeit
Glória, louvor, honra e majestade Sei dir, Gott Vater und Sohn bereit,
sejam preparados para Ti, ó Deus ‘Pai e Filho Dem heil’gen Geist mit Namen!
e Espírito Santo’ nomeado. Die göttlich Kraft
O poder divino mach uns sieghaft
nos faça vitoriosos durch Jesum Christum – amen.
através de Jesus Cristo – amém.
Um CD pirata da melhor qualidade, certamente gravado a partir de uma transmissão radiofônica. São obras agitadas da conturbada primeira metade do século XX — e como Liszt coube bem nelas! O Concerto para Mão Esquerda é a comprovação do contato de Ravel com uma época terrível para a Europa. Ele foi composto, quase como um desafio, para o eminente pianista austríaco Paul Wittgenstein, que tinha perdido o braço direito num combate da Primeira Guerra Mundial e cuja carreira parecia terminada. Contudo, Wittgenstein, com enorme coragem, recusou conformar-se com o fato, e escreveu a vários compositores, pedindo-lhes que escrevessem músicas que ele pudesse tocar apenas com a mão esquerda. Ravel achava-se ocupado com a composição de o Concerto para piano em sol maior. Contudo, movido, pelo apelo, e cedendo ao seu amor inato pela experimentação e pelo incomum, Ravel enfrentou a prova técnica. Sem suspender a composição do outro concerto, atirou-se ao trabalho a fim de escrever algo que pudesse atender às necessidades do pianista tão gravemente sacrificado. O resultado foi excelente e muitos pianistas até hoje deixam o braço direito descansar para interpretar a admirável obra.
Mas o restante da gravação também é extraordinária.
A dupla Dutoit e Thibaudet esmerilham neste CD pirata.
Ravel (1875-1937): Concerto para piano e orquestra para mão esquerda e La Valse, Liszt (1811-1886): Totentanz para piano e Orchestra e Rachmaninov (1873-1943): Danças Sinfônicas, Op. 45
Maurice Ravel (1875-1937) – Concerto para piano e orquestra em D (para “mão esquerda”)
01. Lento
02. Allegro
03. Tempo I
Franz Liszt (1811-1886) – Totentanz para piano e Orchestra
04. Totentanz para piano e Orchestra
Sergei Rachmaninov (1873-1943) – Danças Sinfônicas, Op. 45
05. Non allegro
06. Andante con moto (Tempo di valse)
07. Lento assai – Allegro vivace
Maurice Ravel (1875-1937) –La Valse 08. La Valse
Chicago Symphony Orchestra
Charles Dutoit, regente
Jean-Yves Thibaudet, piano