Eis um agradabilíssimo CD para ser ouvido sem outro compromisso que não seja o prazer auditivo. Um conjunto de músicos excepcionais tocando Mozart, quem não deseja um começo de manhã desses? Mozart compôs estes pouco comuns Quartetos para Piano em um momento de pleno fervor criativo, quando estava imerso na composição das suas ‘Bodas de Fígaro’, ou seja, sua cabeça estava a mil por hora, com certeza. E curioso é o tratamento que ele dá ao piano, quase concertante. O acompanhamento também tem um tratamento diferenciado do que dava aos seus Quartetos para Corda tradicionais. Outra curiosidade é que, como seus concertos para piano, esses Quartetos tem apenas três movimentos, ao contrário de outras obras de câmara que trazem quatro movimentos. Mozart inovando, como sempre. Esta gravação é um prazer total também pelo fato dos músicos e do próprio PBS (para os íntimos) se utilizarem de instrumentos de época, nos trazendo uma belíssima possibilidade de interpretação historicamente informada. O instrumento que o pianista utiliza é um modelo vienense construído em 1790, ou seja, bem próximo ao modelo que Mozart utilizava. Para as devidas comparações sugiro ouvirem o belíssimo registro que Rene Denon nos trouxe há algumas semanas (postagem original de 2020), com o Paul Lewis e o Leopold String Quartets, onde temos instrumentos modernos. As mesmas obras com interpretações bem diferentes. Mas vamos ao que viemos, pois o tempo passa, o tempo voa.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Quartetos para Piano – Festetics Quartet & Paul Badura-Skoda
01. Piano Quartet in G minor, K478 I. Allegro
02. Piano Quartet in G minor, K478 II. Andante
03. Piano Quartet in G minor, K478 III. Rondeau
04. Piano Quartet in E-flat major, K 493 I. Allegro
05. Piano Quartet in E-flat major, K 493 II. Larghetto
06. Piano Quartet in E-flat major, K 493 III. Allegretto
Paul Badura- Skoda – Pianoforte
Festetics Quartet:
Itsván Kertész – Violino
Peter Ligéti – Viola
Reszö Pertorini – Violoncelo
Houve um período no qual eu frequentava as lojas do PQP Bach, mas do outro lado balcão, como consumidor… Inicialmente achava que tudo era obra de um só ente, algo assim entre Titã e Pantagruel, mas com o tempo e explorando as remotas regiões do seu cibernético espaço, comecei a divulgar diferenças nas postagens e me dei conta que o todo era resultado do esforço de um grupo de contribuintes.
Sandrine cantando para o pessoal do PQP Bach reunidos para o festim de São Paulo…
As postagens do Avicenna me chamaram a atenção devido a pequenos diferenciais, como o uso de cores nos títulos, o cuidado em realçar os links para os downloads, o arremate na postagem. Mas principalmente, me chamava a atenção uma certa coerência na escolha do que vamos aqui chamar de repertório. Passei a considera-lo um amigo com o qual tinha uma significativa identificação de gosto musical e daí a interpela-lo e deixar comentários nas postagens, foi um passo. Para minha surpresa e alegria, recebi resposta acolhedora, espirituosa e divertida. As brincadeiras em torno de sua musa, a lindíssima e charmosa Sandrine eram constantes.
Aqui trabalhamos como os remadores de Ben-Hur!
Acabei sendo convidado e me tornando um contribuinte do blog, membro dessa brancaleônica (mas orgulhosa) trupe devido à iniciativa do Avi, Mestre Avicenna. Nosso primeiro contato mais ‘humano’ foi um telefonema (ele me mandou um zap – posso te ligar às 19h?). Claro, foi a resposta. Nos falamos bastante e ele me deu várias dicas a sobre a (malas)arte de escrivinhar no blog.
Nos encontramos uma única vez, numa memorável tarde em São Paulo, numa reunião de alguns membros de nossa confraria, incluindo a alta diretoria.
Depois, com o tempo e os afazeres, fomos nos afastando um pouco. Ele deixou de fazer suas postagens, até o momento que, como disse o Bisnaga em sua singela postagem, foi ouvir os anjinhos in loco…
De qualquer forma, Avicenna, o Mestre Avi, assim como alguns de meus queridos amigos e irmãos na música, vai continuar em minhas conversações sobre esta absolutamente apaixonante arte.
Falando nisso, que achas daí, mestre, da escolha do disco para esta postagem? Sua pombinha cantando árias de um de meus mais queridos compositores… perfetto, non è vero?
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Le nozze di Figaro, K. 492, Act IV: L’ho perduta … Me meschina (Barbarina)
Don Giovanni, K. 527, Act II: Crudele! Ah no, mio bene – Non mi dir (Donna Anna)
La finta giardiniera, K. 196, Act I: Geme la tortorella (Sandrina)
Mitridate, re di Ponto, K. 87, Act III: Ah ben ne fui presaga! – Pallid’ombre (Aspasia)
Le nozze di Figaro, K. 492, Act IV: Giunse al fin il momento… (Susanna)
La finta giardiniera, K. 196, Act II: Crudeli, fermate, crudeli (Sandrina)
Idomeneo re di Creta, K. 366, Act II: Se il padre perdei la patria, il riposo (Ilia)
Lucio Silla, K. 135, Act III: Sposo … mia vita … (Giunia)
Il re pastore, K. 208, Act II: L’amero, saro costante (Aminta)
Ivor Bolton quando soube que seria o regente para o disco da Sandrine…
Piau recreates numb torment, fear and anger within the comparatively small expressive range of her soprano…And Ivor Bolton’s urging of the orchestral slings and arrows is everywhere minutely attuned to the elusive and delicate, nervous volatility Piau expresses so well. BBC Music Magazine, 2015
Ela…
Piau brings each of these women, amorous, vulnerable and/or tormented, to vivid life. Her tender shaping of ‘Non mi dir’ convinces you that Donna Anna does indeed love Don Ottavio…Elsewhere she finds an extra sensuous warmth in her tone for Susanna’s aria, and a darker intensity for Aspasia’s Gluckian ombra scena, and Sandrina’s ‘mad scene’. Gramophone, 2014
Volto a estes Concertos de Mozart depois de alguns anos sem ouvi-los, e sem surpresas, confirmo que eles continuam sendo obras primas inconstestes no gênero. Li em algum lugar alguma vez que dentro do catálogo das obras de Mozart tratavam-se de obras menores, se comparados aos concertos para Piano ou Clarinete, por exemplo. Mas estes comentários não me afetam, ao contrário, eles me fazem ouvi-los com maior atenção e paixão. Lembro que foi Jean Pierre Rampal quem me apresentou estas obras, há incontáveis décadas, ainda nos meus tempos de adolescente, e foi como que uma paixão a primeira audição. Já o Concerto para Flauta e Harpa, que abre esse CD, me foi apresentado por Auréle Nicolet, em sua histórica gravação com Karl Richter, lá no início dos anos 60. Não por acaso ele foi uma de minhas primeiras postagens, lá em meados de 2008, e, de acordo com o meu texto na época de uma repostagem, era meu campeão de downloads.
Curioso como nosso cérebro trabalha: associo muito alguns trechos do Concerto para Flauta e Harpa a determinados momentos de minha vida, poderia até dizer que essa obra, principalmente seu Andantino, seria a trilha sonora daqueles belos momentos de minha juventude. É Mozart em sua essência.
Mas aqui temos uma gravação mais recente, não tão jurássica, com o primeiro flautista da Filarmônica de Berlim, Emmanuel Pahud, não por acaso, francês, assim como Rampal e Nicolet. A França continua produzindo excelentes flautistas, que bom. Temos então uma gravação quase ‘caseira’, já que a orquestra que o acompanha é a sua empregadora, assim como da Harpista Marie-Pierre Langlamet, primeira harpista da Filarmônica de Berlim, na época dirigida pelo saudoso Claudio Abbado. Ah, o registro é de 1997. Curiosamente, vi dia destes ele tocando o Segundo Concerto junto a uma Orquestra de jovens alunos e estudantes do Festival de Lucerne. E abaixo deixo um vídeo mais recente, de 2018, onde, junto com a mesma Marie-Pierre Langlamet, interpreta esse mesmo Concerto.
Espero que apreciem. Belíssimas obras com músicos de altíssimo nível é o que lhes aguarda. Curioso verificar que passados tantos anos desde que este CD foi gravado ele mantém seu frescor e qualidade.
Concerto For Flute And Harp In C, KV 299
I. Allegro
II. Andantino
III. Rondo (Allegro)
Flute Concerto No. 1 In G, KV 313
I. Allegro Maestoso
II. Adagio Ma Non Troppo
III. Rondo (Tempo Di Menuetto)
Flute Concerto No. 2 In D, KV 314
I. Allegro Aperto
II. Adagio Ma Non Troppo
III. Rondeau (Allegro)
Emmanuel Pahud
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado – Condutor
Este é daqueles discos necessários em qualquer boa discoteca. Quem tem vivência com eruditos até já encheu um pouco o saco; quem não tem tanta rodagem, tem que conhecer. A interpretação de Maria João Pires mais a regência de Claudio Abbado são garantia de qualidade. Ambos são competentíssimos e grandes especialistas em Mozart. Para quem está sendo apresentado às obras, procure ouvir a delicadeza do dedilhado e do som da fantástica portuguesa Maria João. O que você ouvirá é uma das mais perfeitas expressões do mestre de Salzburgo. Aproveite.
W. A. Mozart (1756-1791): Piano Concertos Nos. 14, 17 & 21
1. Mozart: Piano Concerto No.14 In E Flat, K.449 – 1. Allegro vivace 8:34
2. Mozart: Piano Concerto No.14 In E Flat, K.449 – 2. Andantino 6:51
3. Mozart: Piano Concerto No.14 In E Flat, K.449 – 3. Allegro ma non troppo 5:59
4. Mozart: Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 1. Allegro (Live At Teatro Comunale, Ferrara 1993) 12:02
5. Mozart: Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 2. Andante (Live At Teatro Comunale, Ferrara 1993) 9:52
6. Mozart: Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 3. Allegretto (Live At Teatro Comunale, Ferrara 1993) 7:24
7. Mozart: Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 1. Allegro 14:03
8. Mozart: Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 2. Andante 6:09
9. Mozart: Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 3. Allegro vivace assai 6:39
Maria João Pires, piano
Chamber Orchestra of Europe
Vienna Philharmonic Orchestra
Claudio Abbado
Como prometido, eis Pollini interpretando o concerto nº 12, K. 414, além do de nº 24, K. 491. Sou sincero ao admitir que prefiro esta versão à versão de Brendel. E só o PQP mesmo para trazer uma gravação dessas, ainda quentinha, recém saída dos fornos da Deutsche Grammophon [postagem original de 2008]. Eis o comentário da amazon:
Product Description
About that recording, The Times [London] stated: ‘ You hear a man in love…he plays Mozart with real feeling, leading us into the music s depth, its inner melodies, never content with the surface…the music always moves forward, developing, growing, with the subtlest range of colours…These are performances of conversational intimacy.’
When one is in love, one can never get enough, so Pollini has done it again: in summer 2007 he and the Vienna Philharmonic recorded the early, cheerful Piano Concerto in A, K. 414 and the famous C minor Concerto, K. 491, a mature work of brooding pathos.
Once again, Pollini and the Vienna Philharmonic work without a conductor, in front of a live audience in Vienna s famous Musikverein, parlaying their deep mutual understanding and respect into one of the noblest and most profound Mozart experiences imaginable.
Quando baixei esta versão, algumas semanas atrás, jamais poderia imaginar que era tão recente. Peço desculpas pela informação errada que passei na postagem anterior, atribuindo esta gravação ao ano de 2006.
Temos aqui um Pollini maduro, nos brindando com um Mozart alegre, brilhante e cheio de vida, e à frente de sua tão conhecida Filarmônica de Viena. E o grau de intimidade entre ambos (solista e orquestra) é tão grande que dispensaram um maestro.
Saboreiem este belíssimo cd.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concertos para piano nº 12, k. 414 e nº 17. k. 491
01. Piano Concerto No.12 A major, K.414 – I – Allegro
02. Piano Concerto No.12 A major, K.414 – II – Andante
03. Piano Concerto No.12 A major, K.414 – III – Rondeau. Allegretto
04. Piano Concerto No.24 C minor, K.491 – I – Allegro
05. Piano Concerto No.24 C minor, K.491 – II – Larghetto
06. Piano Concerto No.24 C minor, K.491 – III – Allegretto
Maurizio Pollini – Piano
Wiener Philarmoniker (Live, 2007)
Dois dos mais belos e famosos concertos para piano de Mozart, na interpretação de Maurizio Pollini. Mais dois belos momentos do italiano Pollini frente à sua orquestra tão conhecida, a Filarmônica de Viena.
Um comentarista da amazon reclama do barulho da audiência, mas confesso que ouvi apenas os aplausos finais, que não creio que desmereçam a qualidade do cd. Já tivemos excepcionais intérpretes destes concertos aqui no blog, como Géza Anda e o próprio Brendel em sua tradicional versão com a ASMF. Mas confesso que ainda prefiro uma antiga gravação de Malcolm Billson e Trevor Pinnock, que um dia tive em LP, ou então minha primeira gravação do concerto nº 21, com o Rubinstein. Ouvi tanto esta fita cassete que ela arrebentou.
Enfim, mais um belo momento, para quem quiser tirar suas conclusões, ou simplesmente queira ouvir outra versão destes concertos, nas mãos de um exímio instrumentista que se revela um regente competente. Também, com esta orquestra …
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) Concertos para piano nº 17, K. 453, e nº 21, K. 467
1. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 1. Allegro
2. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 2. Andante
3. Piano Concerto No.17 in G, K.453 – 3. Allegretto
4. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 1. Allegro
5. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 2. Andante
6. Piano Concerto No.21 in C, K.467 – 3. Allegro vivace assai
Maurizio Pollini – Piano, conductor
Wiener Philarmoniker (Live, 2005)
Quando consideramos sonatas para piano, as peças de Beethoven vêm logo à mente, pois que formam um conjunto formidável de obras-primas, que foi construído ao longo de toda a vida produtiva do compositor. Além disso, como Beethoven produziu suas obras depois de Mozart, pode se ter a primitiva imagem que suas obras são, em algum sentido, melhores ou mais difíceis. Mas, uma viagem pela obra de Wolfgang, seja como ouvinte ou como intérprete, pode revelar que as questões podem ser bem mais difíceis de resolver.
As sonatas de Mozart oferecem desafios e tanto a quem se disponha interpretá-las e a escolha da gravação mais satisfatória pode ser muito divertido.
Mesmo as sonatas produzidas no início de sua carreira de compositor, como a maravilhosa Sonata em mi bemol maior, K. 282 (ouça os primeiros compassos e perceberá que há muita coisa linda a ser desfrutada) ou a primeira ‘grande sonata’ em ré maior, K. 284 ‘Dürnitz’.
Após a série de sonatas clássicas do primeiro período, você terá pela frente obras igualmente originais e belíssimas, como a Sonata em lá maior, K. 331, que inicia com um conjunto de variações e termina com a Marcha Turca.
Em nossas páginas não faltam Sonatas para Piano de Mozart. Eu mesmo já postei a integral com a Klára Würtz (1, 2 e 3) e mais alguns discos avulsos com algumas das sonatas, com o Murray Perahia e com a Alicia de Larrocha. Nosso editor chefe recentemente repostou a integral com a pianista Maria João Pires, na gravação da DG. Pela enfiada de comentários – os leitores de antes eram bem mais loquazes e participativas… – podemos concluir que a postagem foi um enorme sucesso.
Apesar disso tudo, considerando que é Natal, tomei a brava iniciativa de postar o ciclo completo (seja lá o que isso queira dizer) com a Mitsuko Uchida. Faço isso por amor que tenho às Sonatas do Wolferl e por que a interpretação da Uchida oferece uma opção que demanda ser ouvida por novos e não novos amantes da música de Mozart, inclusive em perspectiva das outras integrais mencionadas. Tudo isso sem entrar no mérito de comparações classificatórias, pois que já disse propriamente Stravinsky (ou seria Bartók?) que corridas são para cavalos…
Ah, já ia quase me esquecendo, faço isso também por que o BB pediu…
This is unfailingly clean, crisp and elegant playing, that avoids anything like a romanticised view of the early sonatas such as the delightfully fresh G major, K283. On the other hand, Uchida responds with the necessary passion to the forceful, not to say Angst-ridden, A minor Sonata, K310. Indeed, her complete series is a remarkably fine achievement, comparable with her account of the piano concertos. The recordings were produced in the Henry Wood Hall in London and offer excellent piano sound; thus an unqualified recommendation is in order for one of the most valuable volumes in Philips’s Complete Mozart Edition. Don’t be put off by critics who suggest that these sonatas are less interesting than some other Mozart compositions, for they’re fine pieces written for an instrument that he himself played and loved. [Gramophone Classical Music Guide]
Completistas, alegrai-vos! Aqui vocês têm todas as Sonatas para Piano Solo de Mozart! São mais de 5h de música que ouvi ontem à noite. Uma vez eu disse que preferia compositores viscerais e dramáticos a outros mais felizes e elegantes. O Mozart de MJ Pires é estupendamente limpo, elegante e feliz. Mas só a partir do CD3 há a tragédia e o drama que tanto adoramos. São dois CDs alegrinhos onde a gente espera pelo endividamento e inacreditável insucesso das obras mais maduras de Mozart em meio àquele público burro de sua época… E aí sim! Faz tempo que não ouço a Uchida tocando estas sonatas, mas acho que a portuguesa fica um degrau acima do nível de Mitsuko, não? Sim, sei que é meio consenso que a japonesa é a campeã, mas prefiro MJP.
W. A. Mozart (1756-1791): As Sonatas para Piano
Disc 1:
1. Piano Sonata No.1 in C, K.279 – 1. Allegro 6:59
2. Piano Sonata No.1 in C, K.279 – 2. Andante 8:57
3. Piano Sonata No.1 in C, K.279 – 3. Allegro 5:27
4. Piano Sonata No.2 in F, K.280 – 1. Allegro assai 6:33
5. Piano Sonata No.2 in F, K.280 – 2. Adagio 8:48
6. Piano Sonata No.2 in F, K.280 – 3. Presto 4:36
7. Piano Sonata No.3 in B flat, K.281 – 1. Allegro 6:48
8. Piano Sonata No.3 in B flat, K.281 – 2. Andante amoroso 8:16
9. Piano Sonata No.3 in B flat, K.281 – 3. Rondeau (Allegro) 5:06
Disc 2:
1. Piano Sonata No.4 in E flat, K.282 – 1. Adagio 7:16
2. Piano Sonata No.4 in E flat, K.282 – 2. Menuetto I-II 4:02
3. Piano Sonata No.4 in E flat, K.282 – 3. Allegro 3:23
4. Piano Sonata No.5 in G, K.283 – 1. Allegro 5:30
5. Piano Sonata No.5 in G, K.283 – 2. Andante 6:31
6. Piano Sonata No.5 in G, K.283 – 3. Presto 6:13
7. Piano Sonata No.6 in D, K.284 “Dürnitz” – 1. Allegro 7:37
8. Piano Sonata No.6 in D, K.284 “Dürnitz” – 2. Rondeau en Polonaise (Andante) 5:30
9. Piano Sonata No.6 in D, K.284 “Dürnitz” – 3. Tema con variazione 17:04
Disc 3:
1. Piano Sonata No.7 in C, K.309 – 1. Allegro con spirito 8:49
2. Piano Sonata No.7 in C, K.309 – 2. Andante, un poco adagio 6:37
3. Piano Sonata No.7 in C, K.309 – 3. Rondeau (Allegretto grazioso) 7:06
4. Piano Sonata No.9 in D, K.311 – 1. Allegro con spirito 6:58
5. Piano Sonata No.9 in D, K.311 – 2. Andantino con espressione 5:55
6. Piano Sonata No.9 in D, K.311 – 3. Rondeau (Allegro) 6:52
7. Piano Sonata No.8 in A minor, K.310 – 1. Allegro maestoso 8:00
8. Piano Sonata No.8 in A minor, K.310 – 2. Andante cantabile con espressione 9:11
9. Piano Sonata No.8 in A minor, K.310 – 3. Presto 2:49
Disc 4:
1. Piano Sonata No.10 in C major, K.330 – 1. Allegro moderato 9:08
2. Piano Sonata No.10 in C major, K.330 – 2. Andante cantabile 6:54
3. Piano Sonata No.10 in C major, K.330 – 3. Allegretto 7:48
4. Piano Sonata No.11 in A, K.331 -“Alla Turca” – 1. Tema (Andante grazioso) con variazioni 14:12
5. Piano Sonata No.11 in A, K.331 -“Alla Turca” – 2. Menuetto 5:42
6. Piano Sonata No.11 in A, K.331 -“Alla Turca” – 3. Alla Turca (Allegretto) 3:42
7. Piano Sonata No.12 in F, K.332 – 1. Allegro 9:17
8. Piano Sonata No.12 in F, K.332 – 2. Adagio 4:44
9. Piano Sonata No.12 in F, K.332 – 3. Allegro assai 9:58
Disc 5:
1. Piano Sonata No.13 in B flat, K.333 – 1. Allegro 9:57
2. Piano Sonata No.13 in B flat, K.333 – 2. Andante cantabile 12:15
3. Piano Sonata No.13 in B flat, K.333 – 3. Allegretto grazioso 6:34
4. Fantasia in C minor, K.475 11:58
5. Piano Sonata No.14 in C minor, K.457 – 1. Molto allegro 8:14
6. Piano Sonata No.14 in C minor, K.457 – 2. Adagio 7:28
7. Piano Sonata No.14 in C minor, K.457 – 3. Allegro assai 4:37
Disc 6:
1. Piano Sonata “No.18” in F, K.533/K.494 – 1. Allegro, K.533 10:01
2. Piano Sonata “No.18” in F, K.533/K.494 – 2. Andante, K.533 10:11
3. Piano Sonata “No.18” in F, K.533/K.494 – 3. Rondo (Allegretto), K.494 6:41
4. Piano Sonata No.15 in C, K.545 “Facile” – 1. Allegro 4:15
5. Piano Sonata No.15 in C, K.545 “Facile” – 2. Andante 6:03
6. Piano Sonata No.15 in C, K.545 “Facile” – 3. Rondo (Allegretto) 1:38
7. Piano Sonata No.16 in B flat, K.570 – 1. Allegro 8:38
8. Piano Sonata No.16 in B flat, K.570 – 2. Adagio 8:42
9. Piano Sonata No.16 in B flat, K.570 – 3. Allegretto 3:43
10. Piano Sonata No.17 in D, K.576 – 1. Allegro 5:02
11. Piano Sonata No.17 in D, K.576 – 2. Adagio 6:16
12. Piano Sonata No.17 in D, K.576 – 3. Allegretto 4:48
Dia destes nosso editor-chefe postou quatro concertos para piano de Mozart numa evidente relação de amor e ódio – sob a perspectiva da interpretação, é claro – com a solista Alicia de Larrocha e o regente, Georg Solti.
É impressionante como algumas gravações sofrem, com o passar do tempo, o efeito de carregarem os usos e modismos do momento em que foram feitas. Basta lembrar os LPs da Archiv Produktion com suas capas de fundo creme ornadas apenas pelo logotipo da AP, títulos e nomes dos compositores e músicos, com um ar que sugeria uma publicação científica, trazendo música antiga gravada pelos experts da época. Karl Richter um notório exemplo.
É fato que algumas gravações desafiam o tempo, enquanto outras rapidamente esmaecem e fenecem e passam a interessar a apenas uma magra fatia dos alucinados melômanos.
Estes não muito organizados pensamentos me ocorrem numa manhã linda de domingo enquanto me debato entre a necessidade de corrigir algumas avaliações, trocar de imóvel e escolher o almoço. Para afastar de vez todas estas maçantes atribuições, Mozart!
Este disco com dois espetaculares concertos para piano, interpretados pelo articuladíssimo pianista e cronista, Jeremy Denk, além de cair, na minha opinião, naquela categoria dos discos que desafiarão o tempo, vem bem a calhar.
A sua audição, acompanhada da leitura do artigo do Jeremy, que você pode encontrar aqui, muito contribuiu para minha boa disposição em chegar contente ao fim do domingo.
Ele menciona que o melhor de Mozart está nas suas óperas e concertos para piano. Eu não poderia concordar mais…
Um disco com dois concertos, primeiro o Concerto em dó maior, que se lança com ares marciais, lembrando a canção do Fígaro, e o outro, em ré menor, tão conhecido por seus tons mais trágicos. Os concertões são separados, ou melhor, unidos, pelo Rondo em lá menor, que devido ao seu caráter mais melancólico e tristonho funciona como um momento de reflexão para o ouvinte, gerando um intervalo entre eles.
Miles Kending, assessor especial para discos com concertos para piano de Mozart
Eis um disco que deve agradar a antigos ouvintes de Concertos para Piano de Mozart, assim como aqueles que os estão descobrindo agora. Certo, Miles?
Em minha modestíssima e insignificante opinião, a russa Yulianna Avdeeva é o grande nome feminino do piano da atualidade, e uma fortíssima candidata a ocupar o trono de Martha Argerich. Seu repertório vai de Bach a Prokofiev sem maiores problemas. Não teme se expor nas redes sociais, a acompanho no Facebook, onde de vez em quando faz postagens muito interessantes sobre as obras que está estudando. Quem tiver tempo livre, procurem no Youtube suas lives sobre o Cravo Bem Temperado. Como boa filha de seu tempo, Avdeeva sente-se perfeitamente a vontade na frente de uma câmera para analisar cada um dos prelúdios e fugas e expor suas dificuldades de interpretação.
Neste CD que ora vos trago, temos obras de três compositores bem diferentes. Começando com a maravilhosa ‘Fantasia in Fá Menor, op 49’, de Chopin, que já trouxe em outra ocasião com a mesma pianista, mas em outro contexto, gravado ao vivo. Aqui Yulianna está dentro de um estúdio, então temos uma abordagem diferente, mas igualmente de altíssima qualidade, afinal estamos falando de uma vencedora do dificílimo Concurso Chopin de Varsóvia. E isso é para poucos. Para mostrar ainda mais sua versatilidade e talento, ainda temos A Sonata nº6 de Mozart e duas obras de Liszt, incluíndo a dificílima ‘Après Une lecture Du Dante’, um tour de force para a nossa intérprete.
Chopin:
1 Fantasie In F Minor Op.49
Mozart:
Piano Sonata No.6 In D Major K.284
2 Allegro
3 Rondeau En Polonaise. Andante
4 Tema Con Variazione
Liszt:
5 Après Une Lecture Du Dante – Fantasia Quasi Sonata
6 Aida Di Giuseppe Verdi – Danza Sacra E Duetto Finale S.436
Houve um tempo em que grandes pianistas e violinistas andavam sobre a terra e dominavam o planeta! Inclusive, foi nesta época que os pianos tiveram que ser reforçados, ganharam tonalidades mais escuras e os violinos eram venerados e conhecidos por nomes próprios ou apelidos. Era o período que nós, os estudiosos do que ficou registrado nas fitas magnéticas da época, mastertapes, chamamos de Período Jurássico.
Sempre que surge um registro novo, algo que se encontrava esquecido em alguma prateleira de algum estúdio ou arquivo de rádio, segue um reboliço, um frisson, um alvoroço nesta comunidade de paleantapeólogos…
Firkušný
Pois o que vos trago nesta postagem é uma série de registros deste tempo passado, mas jamais esquecido… O denominador comum é o regente, ele também uma versão de regente-jurássico, que por diversas vezes apareceu em nossas páginas, mas quase sempre em gravações comerciais regendo sinfonias… Aqui ele faz o papel de regente acompanhante, na maioria das obras – Günter Wand a frente de duas orquestras de rádios alemãs.
Explorador de arquivos jurássicos…
Os solistas, como você pode imaginar, são figuras quase míticas, principalmente pianistas, mas um violinista também, a título de diversidade. Esta conversa toda não deve causar qualquer preocupação entre aqueles que, como eu, ao ouvirem falar de grandes nomes e gravações esquecidas já antecipam chiados e pigarros das plateias, sem contar som encaixotado e tenebroso. Não será necessário colocar colete ou chapéu de antropólogo explorador para se enveredar nos arquivos sonoros, pois que o som é sempre para lá de decente.
Magaloff
Temos quatro concertos para piano, quatro ao todo, iniciando no período clássico e culminando em dois enormes cavalos de batalha.
Nikita Magaloff, conhecido por suas gravações de Chopin, aqui faz as honras a um lindo concerto de Haydn, e Rudolf Firkušný, que conhecemos aqui por outras gravações de concertos clássicos, mais uma vez toca um concerto de Mozart. E um em tonalidade menor…
Gilels
Para o grande Emperor foi escalado o lendário pianista Emil Gilels, que deixou pelo menos três registros comerciais deste concerto. Acompanhado pela Orquestra de Cleveland regida por George Szell em uma delas e outra acompanhado pela Philarmonia Orchestra, regida por Leopold Ludwig. Mas há ainda uma gravação, esta sim bem datada, com orquestra regida por Kurt Sanderling.
Bolet
Como para dar um descanso aos seus solistas, Wand rege uma (linda) Serenata de Brahms, que ensaiou bastante antes de escrever sua Primeira Sinfonia.
Avançando com os concertos, temos o mais conhecido dos concertos para piano, se não o mais amado pelos connoisseurs, o Concerto de Tchaikovsky, interpretado pelo virtuose americano de origem cubana, Jorge Bolet. Sparkling!
Outro americano, este violinista de ascendência italiana, Ruggiero Ricci, interpreta um concerto de Camille Saint-Saëns.
Ricci
Para fechar este cortejo, três lindas aberturas de óperas de Mozart…
Estas gravações foram compiladas de uma caixa na qual havia muitas outras coisas, mas o que eu gostei mais está aqui. Tenho certeza de que cada um entre os leitores poderá encontrar aqui um bom trecho de música para se deliciar e apreciar a arte destes grandes intérpretes. As outras coisas da caixa resolvemos deixar para os outros blogs mais especializados…
Joseph Haydn (1732 – 1809)
Concerto para Piano em ré maior, Hob. XVIII/11
Vivace
Un poco Adagio
Rondo all’Ungarese. Allegro assai
Nikita Magaloff, piano
NDR Sinfonieorchester
Günter Wand
Gravação de 2 de dezembro de 1985, Hamburg Musikhalle
Essa foi a cara que o Ruggiero fez quando um de nossos entrevistadores lhe perguntou se ele atuara na série dos Soprano…Rudolf disse que não estava vendo nenhum outro pianista a sua frente
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Richard Tognetti rege a Australian Chamber Orchestra tocando violino. A foto que vi me deixou bem impressionado. Parte dos músicos, como os violinistas, tocam em pé e as partituras estão dispostas em tablets. Que fusão de tecnologias, pois a orquestra pode usar instrumentos de época ou instrumentos modernos, dependendo da situação.
O disco desta postagem reúne três sinfonias do período clássico. Duas de Haydn e uma de Mozart. As Sinfonias No. 49 de Haydn e No. 25 de Mozart foram gravadas em concertos em 2013 e a Sinfonia No. 104, de Haydn, foi gravada também ao vivo cinco anos depois. Apesar de serem típicas obras do classicismo, revelam a incrível evolução do gênero em um curto espaço de tempo, muito por conta da criatividade de Haydn.
Uma ótima La Passione, esta aqui…
A Sinfonia ‘La Passione’ (maravilhosa) é de 1768, quando Mozart tinha 12 anos, e a Sinfonia ‘pequena’ em sol menor, foi escrita por Mozart, um maduro compositor de 17 anos, que saboreava o sucesso de sua ópera séria, Lucio Silla, escrita um ano antes. A Sinfonia ‘La Passione’ é um excelente exemplo das obras produzidas por Haydn em seu período Sturm und Drang.
Já a impressionante Sinfonia ‘London’ veio coroar a série de 12 sinfonias escritas por Haydn para as suas viagens a Londres, a convite do empresário J.P. Salomon, e revela o compositor de 62 anos com completo domínio de sua maestria.
Se você já conhece este repertório, certamente gostará de ouvir a interpretação deste grupo que acompanhou a maravilhosa Angela Hewitt tocando os concertos de Bach. Caso você ainda esteja iniciando sua exploração das sinfonias deste período, certamente terá aqui uma excelente opção. De qualquer forma, um disco na medida certa para o prazer de conhecedores e iniciantes…
Veja o que o pessoal andou falando dos músicos e do disco:
“Richard Tognetti and his group (ACO) produced playing of fabulous alertness and tight ensemble; if there’s a better chamber orchestra in the world today, I haven’t heard it.”
One of the inextinguishable joys of music is hearing another performance of a work you know almost by heart, and hearing something you never heard before. There’s a lot of that in these performances. Want an example? Just listen to the trio section of the third movement of the Mozart “Little G Minor” Symphony. Wow!
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Meu deus, o que escrever? Um disco ruim, mas de alto nível artístico? Sim, é isso.
Ou não. Um disco bom, mas de concepção muito antiquada. Sim, também.
O que é sensacional? Sensacional é Alicia. Sensacional é o repertório feito de concertos magníficos de Mozart. O toque e o fraseado da Grande Dama Espanhola são exatamente como devem ser… Ela canta durante todo o tempo. É lindo de ouvir. Mas quando entram os violinos e o tamanho da orquestra, ouve-se um dos molhos mais pesados que já engoli. Parece que a orquestra de Solti tem mais violinos do que havia de Oompa-Loompas da fábrica de Willy Wonka. É uma feijoada gordurosa que causa azia e outros desconfortos. Um completo horror, sem a menor transparência, tentando destruir a beleza de tudo que Larrocha cria. O CD1 (Concerto Nº 24 & Nº 26) foi gravado em 1985 pela Chamber Orchestra of Europe (Chamber só na casa do caralho) e Solti-Wonka. O CD2 (Concerto Nº 25 & Nº 27) foi gravado em 1977 pela London Philharmonic Orchestra e Solti-Wonka. Depois dizem que o século XXI é uma desgraça… OK, podem acabar com o planeta, mas sob música muito melhor. A música mudou muito — e para melhor — em pouco tempo. Fiquei chocado ao ouvir estes CD. Parece um desabamento.
W. A. Mozart (1756-1791): Concertos para Piano do Nº 24 a 27 (Larrocha / Solti)
Piano Concerto No.24 In C Minor, K491 (31:46)
I Allegro 14:50
II Larghetto 7:47
III Allegretto 9:09
Piano Concerto No.26 In D Major, K537 “Coronation” (31:09)
I Allegro 14:23
II Larghetto 5:56
III Allegretto 10:50
Piano Concerto No.25 In C Minor, K503 (33:21)
I Allegro Maestoso 15:23
II Andante 8:45
III Allegretto 9:13
Piano Concerto No.27 In B Flat Major, K595 (32:06)
I Allegro 14:47
II Larghetto 8:08
III Allegro 9:11
Alicia De Larrocha
Chamber Orchestra Of Europe
London Philharmonic Orchestra*
Sir Georg Solti
Mozart era um compositor genial e profissional – podia compor obras primas em qualquer gênero musical vigente em seus dias. Música sacra, instrumental, de concerto, Lieder, sinfonias e óperas. Em minha opinião, seus maiores êxitos foram os concertos para piano e as óperas. Ele compôs óperas sérias, óperas alemãs e cômicas.
As Bodas de Fígaro, de 1786, foi a primeira das três colaborações com o libretista Lorenzo Da Ponte e tem como base uma peça de Beaumarchais. Esta peça estava proibida em Viena, por ridicularizar a nobreza. Dá para ver que a dupla gostava de desafios. Mas o libreto de Da Ponte ameniza as situações e explora exatamente o lado cômico – a buffonerie – da trama. A ópera foi apresentada nove vezes desde a estreia em 1 de maio de 1786 no Burgtheater de Viena, tendo o compositor como regente, desde o piano.
Apesar do pequeno número de apresentações, para os nossos padrões, o Fígaro foi um sucesso, pelo menos de público. Sabemos disso devido ao número de vezes que as partes da ópera tiveram que ser repetidas durante as apresentações. Tantas que o imperador decretou que apenas as árias poderiam ser bisadas. Pois que o Fígaro se destaca não apenas por suas árias, mas também pelos números nos quais grupos de cantores atuam.
Outra evidência de seu sucesso foi a sua tradução para o alemão, aproximando-a do outro gênero no qual Mozart era excelente, o Singspiel.
A postagem deste disco ilustra essa tradução, apresenta uma coletânea de árias além da abertura de Die Hochzeit des Figaro.
A gravação feita no início da década de 1960 é anterior a moda dos grupos que usam instrumentos de época com prática historicamente informada e reúne um elenco especialíssimo, acompanhados de uma das melhores orquestras da época, regida por um experiente regente, apesar de seu perfil bastante discreto. Não tenho certeza, mas presumo que a coleção foi extraída de uma gravação completa. De qualquer forma, essencialmente alguns recitativos não foram incluídos.
A abertura não cita qualquer tema das árias, mas revela a efervescência, o bom humor e os maravilhosos momentos que seguirão.
A seguir, farei uma lista dos números apresentados na gravação com os correspondentes originais em italiano, com eventuais breves comentários.
2 – Fünfe, zehne – Cinque… dieci…
Susana!
3 – Sollt’ einst die Gräfin – Se a caso madama (Fígaro e Susana)
Nestes dois números que seguem a abertura da ópera, a dupla Mozart-Da Ponte deixa claro como homens e mulheres são diferentes (grazie Dio). Fígaro está encantado com as ‘facilidades’ do quarto onde ele e Susana viverão após o casamento. Ele explica o quão perto ela estará do quarto da Condessa, caso ela precise de seus serviços – in due passi. Mas, em sua sagacidade, Susana alerta que, no caso em que o Conde envie Fígaro a uma tarefa distante – tre miglia lontan – ela ficará sozinha e o capiroto poderá colocar o Conde bem à sua porta. Die Teufel, em alemão parece até mais assustador. Assim se apresenta o enredo. O Conde tentando manter seus ‘direitos’ de prima notte, dos quais havia aberto mão, em jogada para a plateia. A revolta dos servos se monta, estabelecendo uma aliança com a Condessa. As mulheres, mesmo na nobreza, precisam lutar por seus direitos. E entre os próprios servos há os que estão prontos para tramar contra seus pares, visando proveitos próprios. Velha esta história.
Walter Berry, o Fígaro
4 – Will der Herr Graf – Se vuol ballare Signor Contino (Fígaro)
Nesta ária, Fígaro mostra sua frustração com o Conde. Na peça anterior, ele o ajudara ganhar o amor de Rosina, que tornar-se-ia Condessa. Conclui que o fará dançar segundo sua música.
5 – Ich weiß nicht – Non so più cosa son, cosa faccio…
Hanny Steffek, o Cherubino
Esta é a primeira de duas árias de Cherubino, um adolescente que se apaixona incessantemente por todas as mulheres a volta – Susana, Condessa… e acaba com Barberina, a filha do jardineiro. Tudo para apimentar ainda mais os jogos de ciúmes e traições.
6 – Nun vergiß leises Fleh’n – Non più andrai, farfallone amoroso
Esta ária de Fígaro, cheia de toques militares, encerra o primeiro ato. Afinal, Cherubino tantas fez que é mandado de castigo a juntar-se ao regimento. Só assim deixará as mulheres e o Conde em paz. É claro que ele não irá e será disfarçado de mulher, para atiçar ainda mais a trama. Mais uma subversão ao Conde.
Maria Stader, a Condessa
7 – Hör mein Fleh’n – Porgi, amor, qualche ristoro
Esta belíssima ária da Condessa, que expressa sua tristeza pela mudança de atitude do Conde. Ele era muito mais dedicado antes do casamento, quando ela era ainda Rosina. Esta parte da história está na ópera escrita posteriormente, por Rossini.
8 – Sagt, holde Frauen – Voi che sapete che cosa è amor
Outra ária de Cherubino, papel destinado a um contralto. Era moda estes travestimentos nas óperas. Outro famoso papel deste tipo é o de Otaviano, no Cavaleiro da Rosa, de Richard Strauss. Richard sabia tudo sobre as óperas de Mozart.
9 – Warum gabst du bis heute – Crudel! Perche finora farmi languir cosi?
Neste delicioso dueto Susana e o Conde travam um diálogo de sedução e negação… tutto embromação!
Fischer-Dieskau, o Conde
10 – Der Prozeß schon gewonnen… Ich soll ein Glück entbehren – Hai gia vinto la causa…
Nesta ária o Conde se gaba de ter descoberta as tramas contra ele. Acredita que poderá manipular tudo e sair vencedor… Veremos!
11 – Und Susanna kommt nicht… Wohin flohen die Wonnestunden – E Susanna non vien… Dove sono i bei momenti
Outra bela ária da Condessa. Serve também para informar dos planos de travestimentos, dela com Susana, que causará enormes confusões…
12 – Wenn die sanften Abendwinde – Canzoneta sul’aria… Che soave zeffiretto
Este é um momento especial da ópera. Um dueto de sopranos – Condessa e Susana. Uma dita para a outra uma cançãozinha que servirá aos planos de engabelar o Conde e desmascará-lo. Em uma postagem da ópera inteira em italiano eu menciono essas coisas.
Ferdinand, espantado com a beleza da Susana
13- Alles ist richtig… Ach, öffnet eure Augen – Tutto è disposto. […] Aprite un po’ quegli’ occhi
Neste recitativo seguido de ária, Figaro acredita ter descoberto a traição de Susana e alerta a todos os homens – Abram os olhos! Cuidado com as mulheres… Apesar da confusão, que será esclarecida, Figaro afirma: fica a dica!
Rita Streich, a Susana
14 – Endlich naht sich die Stunde… O säume länger nicht – Giunse alfin il momento… Deh, vieni, non tardar, oh gioia bella
Aria de Susana, que anseia pelo fim das confusões.
Os cantores são excelentes. Maria Stader e Rita Streich fazem a Condessa e Susana, respectivamente. Hanny Steffek é Cherubino. Os papéis de Fígaro e do Conde têm os ótimos Walter Berry e Dietrich Fischer-Dieskau. Ferdinand Leitner rege a (lendária) Berliner Philharmoniker. Assim, espero que este disco desperte seu maior interesse pela ópera completa e também para os outros trabalhos de Mozart!
Eu costumo citar sempre a mesma coisa quando posto a Gran Partita: a famosa cena do filme Amadeus onde Salieri fala do lindíssimo Adágio da obra:
Na página não parecia nada! O princípio simples, quase cômico. Só uma pulsação. Trompas, fagotes… Como uma sanfona enferrujada. E depois, subitamente… Lá bem no alto… Um oboé. Uma única nota, ali pendurada, decidida. Até que um clarinete a substitui, adoçando-a numa frase voluptuosa… Isto não era uma composição de um macaco amestrado. Era música como eu nunca tinha ouvido. Cheia de uma saudade, de uma saudade não realizada. Parecia-me que estava a ouvir a voz de Deus.
Este é o texto de uma das mais belas cenas de Amadeus (1984), de Milos Forman. Quem o diz é F. Murray Abraham no papel de Salieri. Ele recebeu o Oscar de Melhor Ator.
A Serenata Nº 10 para sopros, K. 361, foi escrita para treze instrumentos: 2 oboés, 2 clarinetes, 2 corni di bassetto (os mesmos do Réquiem), 2 fagotes, 4 trompas e um contrabaixo. Foi composta em 1781 ou 1782 e é conhecida pelo apelido de Gran Partita, embora o título não tenha vindo da mão de Mozart. É enorme, tem sete movimentos. O K. 375 que abre este CD também é muito bom, mas fala sério, a Gran Partita é disparado a estrela do disco.
Esta gravação de duas das Serenatas de Mozart é uma joia que você deve ouvir. São duas obras-primas interpretadas com extremo bom gosto e senso do estilo mozartiano. A Akademie für Alte Musik Berlin é sinônimo de muito alta qualidade. Sempre!
W. A. Mozart (1756-1791): Serenatas para Sopros K. 361 (Gran Partita) e K. 375 (Akademie für Alte Musik Berlin)
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791): Serenade No. 11 in E -Flat Major, K. 375
1 Serenade No. 11 in E-Flat Major, K. 375: I. Allegro maestoso 07:39
2 Serenade No. 11 in E-Flat Major, K. 375: II. Menuetto – Trio 03:36
3 Serenade No. 11 in E-Flat Major, K. 375: III. Adagio 05:45
4 Serenade No. 11 in E-Flat Major, K. 375: IV. Menuetto – Trio 02:21
5 Serenade No. 11 in E-Flat Major, K. 375: V. Finale. Allegro 03:40
Serenade No. 10 in B-Flat Major, K. 361 “Gran partita”
6 Serenade No. 10 in B-Flat Major, K. 361 “Gran partita”: I. Largo – Molto allegro 09:49
7 Serenade No. 10 in B-Flat Major, K. 361 “Gran Partita”: II. Menuetto – Trio I – Trio II 08:56
8 Serenade No. 10 in B-Flat Major, K. 361 “Gran partita”: III. Adagio 05:19
9 Serenade No. 10 in B-Flat Major, K. 361 “Gran Partita”: IV. Menuetto. Allegretto – Trio I – Trio II 04:55
10 Serenade No. 10 in B-Flat Major, K. 361 “Gran partita”: V. Romance. Adagio 06:31
11 Serenade No. 10 in B-Flat Major, K. 361 “Gran Partita”: VI. Tema con variazioni. Andante 09:38
12 Serenade No. 10 in B-Flat Major, K. 361 “Gran partita”: VII. Finale. Molto allegro 03:31
Um bom disco. Já ouvi melhores Réquiens de Mozart, creio eu. Este e este são melhores, por exemplo. Para quem não sabe, o Réquiem K. 626 é uma missa fúnebre encomendada pelo Conde Franz von Walsegg e foi deixada incompleta devido à morte de Mozart em 5 de Dezembro de 1791. É sua última composição, deixada assim devido à sua morte, um Réquiem. É claro que isso acabaria em lendas, histórias, ficções, etc.
Mozart conseguiu terminar apenas poucas partes do Réquiem. Toda a orquestração do Requiem Aeternam, um rascunho detalhado do Kyrie, trechos instrumentais, o coro e o baixo cifrado do Sequentia até a Lacrimosa, que apresentava apenas 8 compassos. Também havia todas as vozes e baixos cifrados do Domine Jesu e do Hostias. Cinco dias após sua morte, em 10 de Dezembro de 1791, o Introitus foi tocado em um serviço para o próprio Mozart na Igreja de Miguel Arcanjo em Viena (os seus tímpanos e trompetes foram adicionados posteriormente por Franz Xaver Süßmayr).
Em 21 de Dezembro de 1791, o jovem Joseph Eybler foi encarregado por Constanze de terminar a obra, afinal, Mozart deixou dívidas enormes para Constanze, fazendo com que ela precisasse dos outros 25 ducados restantes da comissão. No entanto, após completar todas as partes dos instrumentos de cordas da Sequentia e toda a orquestração do Dies Irae e do Confutatis, além de ter adicionado dois compassos na linha do soprano da Lacrimosa, Eybler desistiu por razões desconhecidas.
Após tentar com que vários compositores terminassem a obra, Constanze aproximou-se de Süßmayr. Ele coletou diversos rascunhos e finalizou a orquestração da obra, além de compor o resto da Lacrimosa, todo o Sanctus, Benedictus e Agnus Dei, e repetir parte do Requiem Aeternam para a Lux Aeterna. Ficou bonzinho, mas não se compara com as partes Mozart do Réquiem.
W. A. Mozart (1756-1791): Réquiem / Inter Natos Mulierum / Misericordias Domini (Schuldt-Jensen)
1 Inter Natos Mulierum, K. 72 5:09
2 Misericordias Domini, K. 222 6:02
Requiem In D Minor, K. 626 40:54
3 I. Introitus: Requiem Aeternam 4:05
4 Kyrie Eleison 2:15
III Sequentia:
5 Dies Irae 1:38
6 Tuba Mirum 2:46
7 Rex Tremendae Majestatis 1:47
8 Recordare, Jesu Pie 4:27
9 Confutatis Maledictis 1:51
10 Lacrimosa Dies Illa 2:38
IV Offertorium
11 Domine Jesu Christe 3:05
12 Hostias Et Preces 3:18
13 V Sanctus 1:23
14 VI Benedictus 4:24
15 VII Agnus Dei 2:25
16 VIII Lux Aeterna 4:52
Bass Vocals – Martin Snell (2)
Choir – GewandhausKammerchor, GewandhausKammerchor
Composed By – Wolfgang Amadeus Mozart (tracks: 1 to 12)
Composed By [Completed By] – Franz Xaver Süssmayr (tracks: 7 to 16)
Conductor – Morten Schuldt-Jensen
Mezzo-soprano Vocals – Anne Buter
Orchestra – Leipziger Kammerorchester, Leipziger Kammerorchester
Soprano Vocals – Miriam Allan
Tenor Vocals – Marcus Ullmann
Havia um tempo, não muito tempo atrás, em que a Terra era dominada por excepcionais violinistas, mestres supremos e soberanos de seus instrumentos: David Oistrakh, Jascha Heifetz, Henryk Szering, Nathan Milstein, Isaac Stern, entre outros. E todos eles eram contemporâneos, habitavam o planeta ao mesmo tempo, e dominavam os palcos do mundo todo.
Dentre estes acima citados, Isaac Stern era o mais novo. Morreu em 2001, aos 81 anos. Apesar de ter nascido na Ucrânia, ainda bebê seus pais imigraram para os Estados Unidos, se estabelecendo em San Francisco.
Estas gravações dos concertos de Mozart valem cada minuto de sua audição. Nomes como George Szell, Pinchas Zukerman, Jean Pierre Rampal e Daniel Barenboim estão entre os maestros que o acompanham, então a qualidade está garantida.
Espero que apreciem.
CD 1
01-Concerto No 1 in B-flat Major for Violin – I. Allegro moderato
02-Concerto No 1 in B-flat_Major_for_Violin – II. Adagio
03-Concerto No 1 in B-flat Major_for_Violin – III. Presto
Columbia Symphony Orchestra
George Szell – Conductor
Isaac Stern – Violin
04-Concerto No 2 in D Major for Violin – I. Allegro moderato
05-Concerto No 2 in D Major for Violin – II. Andante
06-Concerto No 2 in D Major for Violin – III. Rondo. Allegro
English Chamber Orchestra]
Alexander Schneider – Conductor
07-Concerto No 3 in G Major for Violin – I. Allegro
08-Concerto No 3 in G Major for Violin – II. Adagio
09-Concerto No 3 in G Major for Violin – III. Rondo. Allegro
Members of Cleveland Orchestra
CD 2
1. Concerto Nº 4 in D Major for Violin I. Allegro
2. II. Andante cantabile
3. III. Rondeau. Andante grazioso
English Chamber Orchestra
Alexander Schneider – Conductor
4. Concerto No 5 in A Major for Violin I. Allegro aperto
5. II. Adagio
6. III. Rondeau – Tempo di Menuetto
Columbia Symphony Orchestra
George Szell – Conductor
7. Adagio for Violin and Orchestra in E Major, K. 261
8. Rondo for Violin and Orchestra in C Major, K. 373
English Chamber Orchestra
Alexander Schneider – Conductor
Disc: 3
1. Concertone in C Major for Two Violins I. Allegro spiritoso
2. II. Andantino grazioso
3. III. Tempo di Menuetto – Vivace
4. Sinfonia Concertante for_Violin Viola I. Allegro maestoso
5. II. Andante
6. III. Presto
Pinchas Zukerman – Violin, Viola
English Chamber Orchestra
Daniel Baremboim – Conductor
7. Serenade No6 in D Major K239 I. Marcia. Maestoso
8. II. Menuetto
9. III. Rondeau. Allegretto
Franz Liszt Chamber Orchestra
CD 4
01-March in D Major K.249
02. Serenade in D Major K.250 248b Haffner I. Allegro maestoso – Allegro molto – Jean-Pierre Rampal
03. II. Andante
04. III. Menuetto
05. IV. Rondeau. Allegro
06. V. Menuetto galante – Trio
07. VI. Andante
08. VII. Menuetto
09. VIII. Adagio – Allegro assai
Franz Liszt Chamber Orchestra
Jean Pierre Rampal – Conductor
10. Adagio for Violin and Orchestra in E Major, K. 261
11. Rondo for Violin and Orchestra, K. 373
Gostei de tudo neste disco, começando pela capa, colorida e jovial. E como a cada vez que acabo de ouvi-lo quero ouvir de novo, achei que deveria postá-lo.
É uma mistura de inovação e tradição que abrilhanta ainda mais o resultado. Temos dois excelentes concertos para piano de Mozart, mas não ainda aqueles maiorzões que viriam do vinte em diante. Os concertos são interpretados por uma jovem fortepianista russa que merece toda a nossa atenção (há outros surpreendentes discos da moça por aí…), acompanhada pela orquestra Il Gardellino, que foi formada há já mais de trinta anos pelo oboísta Marcel Ponseele e pelo flautista Jan De Winne. O selo Alpha garantia de bom acabamento.
Dito isso, sei que você já vai colocar o mouse em outros ícones, pois que eu também receava os instrumentos de época, mas calma, experimente este aqui. Os fortepianos (um para cada concerto) soam muito bem e audíveis aqui e a interpretação vale ser apreciada. Assim, se você quiser ouvir esta linda música com ouvidos renovados, vá em frente, caso contrário e insista em ser cringe, siga para outras gravações como a combinação Serkin, LSO e Abbado nos mesmos concertos. Nada contra, mas…
Estes dois concertos têm em comum o fato de terem sido compostos por Mozart para duas pianistas que cruzaram seu caminho em diferentes situações. O Concerto No. 9 foi composto para Victorie Jenamy, pianista francesa que passava por Salzburgo e era filha de um famoso coreógrafo. Ela o deve ter tocado pela primeira vez em 4 de outubro de 1777. Eu adoro o movimento lento deste concerto que é um dos mais significativos dos que foram compostos em Salzburgo.
Babette
O Concerto No. 17 foi escrito para uma aluna de Mozart, Maria Anna Barbara Ployer, que o estreou em 13 de junho de 1784 em um concerto no qual esteve presente Giovanni Paisello. Mozart devia confiar muito nos talentos da aluna com quem tocou também a Sonata para dois pianos, K. 448. Deve ter sido uma noite e tanto. A instrumentação do concerto é bem rica para os padrões, com flauta, oboés, fagotes e trompas, além das cordas. Ouça com atenção o início do movimento lento, quando esperamos ouvir a entrada do piano e ouvimos um pequeno trecho de flauta, oboé e fagote…
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Concerto para Piano No. 9 em mi bemol maior, K271 “Jeunehomme”
Olga em sua última visita à sede do PQP Bach de Porto Alegre, tomando uma brisa às margens do Guaíba…
I am happy to say that Pashchenko and colleagues catch both [concertos] beautifully. Pashchenko is full of play and exuberance but never at the expense of the darker undercurrents of the music.
[…]
You can tell by my comparisons, that I feel Pashchenko’s conception of these works is essentially operatic rather than symphonic, which I think is as it should be. Without a sense of the dramatic narrative of these works, something of their magic gets lost and I, for one, believe that, in almost everything he wrote, Mozart was composing operas.
Trechos de uma crítica que você poderá ler na íntegra aqui.
Há um ano, Rosana Martins nos deixava. Muito querida por todos que a conheceram, ela teve um papel muito importante na história do piano brasileiro, tanto por seu trabalho junto ao selo Connoisseur Society, responsável pela maior parte das gravações do grande Antonio Guedes Barbosa (1943-1993), quanto como produtora de “Meu Piano”, a memorável coleção de 41 CDs gravados por Arthur Moreira Lima que levou um vasto repertório pianístico, a preços muito acessíveis, a um público brasileiro que o desconhecia. Rosana tinha estreito contato com grandes nomes da música em todo mundo, e era especialmente próxima de Nelson Freire, a quem muito apoiou como empresária e grande amiga.
Nelson e Rosana (foto do acervo pessoal de Rosana Martins)
Meu contato com Rosana, ainda que breve e estritamente virtual, deixou-me as melhores lembranças: foi uma das primeiras integrantes de um grupo que criei na internet para lembrar Antonio Guedes Barbosa, que abastecia com memórias de seu contato com o extraordinário artista pessoense. Quem frequentava os fóruns sobre piano nas redes sociais não demorava a encontrar suas contribuições e fascinantes mementos de outros encontros memoráveis.
Rosana e uma outra senhora que, dizem, toca direitinho (acervo pessoal de Rosana Martins)
Nossa homenagem a Rosana, no entanto, traz um precioso registro de sua própria carreira como pianista. Criança-prodígio, ela venceu, aos doze anos, o Concurso Internacional das Juventudes Musicais em Berlim, o que acabou por lhe abrir portas para estudos no exterior. Não lhes saberei contar a trajetória tão bem quanto ela própria nessa entrevista ao incansável, indispensável Alexandre Dias, diretor do Instituto Piano Brasileiro (você ainda não apoia o IPB? Pois deveria):
Rosana deixou os estudos pianísticos aos 18 anos, para dedicar-se a seus outros interesses, mas voltou ao teclado aos 21 para fazer a gravação que lhes alcançamos agora. Realizada pelo selo Connoisseur Society, e tendo como engenheiro de som Péter Bartók (o filho do próprio), este registro de duas das mais célebres sonatas de Amadeus recebeu resenhas entusiasmadas e láureas quando de seu lançamento, em 1969. Permaneceu no limbo por décadas – assim como permanece, inexplicavelmente, quase todo precioso acervo da Connoisseur Society – até vir à tona novamente há alguns anos, num popular canal pianístico do YouTube, atestando a grandeza da mui modesta Rosana como pianista, para os tantos que, como eu, a desconheciam. A leitura, como ouvirão, é extraordinária – clara, transparente, impecável! -, e aqui está, creio, numa qualidade sonora melhor que a de todas outras fontes disponíveis nas redes: a digitalização, feita a partir dum LP que estava lacrado até o ano passado, foi-me alcançada por um generoso melômano e leitor-ouvinte dos Estados Unidos, que escolheu permanecer anônimo e a quem agradeço demais pela contribuição à memória de Rosana e para o deleite de PQPianos de todo mundo!
Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
Sonata para piano em Lá maior, K.331
1 – Andante grazioso
2 – Menuetto
3 – Alla turca – Allegretto
Sonata para piano em Fá maior, K.332
4 – Allegro
5 – Adagio
6 – Allegro Assai
Rosana (aos 12 anos) na casa dum velhinho, aí (acervo pessoal de Rosana Martins)
BÔNUS: O triunfo da menina Rosana no concurso da FIJM em Berlim levou-a a gravar Schumann (Papillons, Op. 2) e Debussy (“Poissons d’Or”) com a Deutsche Grammophon em Hannover, para o álbum comemorativo. Para escutar o prodígio de doze anos, clique AQUI.
[em tempo: no mesmo concurso e na categoria etária imediatamente acima daquela de Rosana, a medalha de prata foi para uma garota portuguesa chamada… Maria João]
Vamos concluir mais uma integral dos Concertos para Piano de Mozart, com a dupla Mitsuko Uchida, sempre acompanhada por Jeffrey Tate, que dirige a English Chamber Orchestra,.
Aqui temos a fina flor dos Concertos, como os de nº 21, 25, 26 e 27. Obras fundamentais no repertório pianístico, nem precisam de apresentação. E sempre é um imenso prazer ouvir estas obras tocadas por Uchida. Creio que o prazer será compartilhado pelos senhores.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 7 a 9 de 9 – Mitsuko Uchida, Jeffrey Tate, English Chamber Orchestra
CD 7
01. Concerto in E Flat, K. 482, nº 22 – Allegro
02. Concerto in E Flat, K. 482, nº 22 – Andante
03. Concerto in E Flat, K. 482, nº 22 – Allegro – Andante cantabile – Tempo I
04. Concerto in A, K. 488, nº 23 – Allegro
05. Concerto in A, K. 488, nº 23 – Adagio
06. Concerto in A, K. 488, nº 23 – Allegro assai
CD 8
01. Concerto in C Minor, KV. 491, nº 24 – Allegro
02. Concerto in C Minor, KV. 491, nº 24 – Larghetto
03. Concerto in C Minor, KV. 491, nº 24 – Allegretto
04. Concerto in C, K. 503, nº 25 – Allegro maestoso
05. Concerto in C, K. 503, nº 25 – Andante
06. Concerto in C, K. 503, nº 25 – Allegretto
CD 9
01. Concerto in D, K. 537, nº 26 – Allegro
02. Concerto in D, K. 537, nº 26 – Larghetto
03. Concerto in D, K. 537, nº 26 – Allegro
04. Concerto in B Flat, K. 595, nº 27 – Allegro
05. Concerto in B Flat, K. 595, nº 27 – Larghetto
06. Concerto in B Flat, K. 595, nº 27 – Allegro
Vamos dar continuidade a esta integral dos Concertos para Piano de Mozart, sempre nas competetentes mãos de Mitsuko Uchida e de seu fiel parceiro, Jeffrey Tate, que dirige a sempre ótima English Chamber Orchestra. Uma curiosidade sobre este maestro: também se formou médico, e especializou-se em cirurgia ocular. Infelizmente veio a falecer em 2017.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 4 – 6 de 9 – Mitsuko Uchida, Jeffrey Tate, Englisch Chamber Orchestra
CD 4
Concerto in D, K. 451, nº 16 – Allegro Assai
Concerto in D, K. 451, nº 16 – Andante
Concerto in D, K. 451, nº 16 – Rondeau (Allegro di molto)
Concerto in G, K. 453, nº 17 – Allegro
Concerto in F, K. 423, nº 17 – Andante
Concerto in F, K. 423, nº 17 – Allegretto
Rondo in D, KV. 382 – Allegretto grazioso
Rondo in D, KV. 382 – Adagio
Rondo in D, KV. 382 – Allegro
CD 5
01. Concerto in B Flat, KV. 456, nº 18 – Allegro Vivace
02. Concerto in B Flat, KV. 456, nº 18 – Andante un poco sotenuto
03. Concerto in B Flat, KV. 456, nº 18 – Allegro Vivace
04. Concerto in F, K. 459, nº 19 – Allegro Vivace
05. Concerto in F, K. 459, nº 19 – Allegretto
06. Concerto in F, K. 459, nº 19 – Allegro Assai\
01. Concerto in D Minor, K. 466, nº 20 – Allegro
02. Concerto in D Minor, K. 466, nº 20 – Romance
03. Concerto in D Minor, K. 466, nº 20 – Allegro Assai
04. Concerto in C, K. 467, nº 21 – Allegro
05. Concerto in C, K. 467, nº 21 – Andante
06. Concerto in C, K. 467, nº 21 – Allegro vivace assai
Assim como eu, muitos foram apresentados aos Concertos de Mozart pelas hábeis e talentosas mãos da pianista Mitsuko Uchida, ali por meados da década de 80. Os bolachões, ou LPs, como quiserem, estavam sempre a venda nas lojas de discos, mas os preços não eram muito acessíveis, podíamos comprar um ou dois por mês, e olha lá. Não cheguei a concluir a coleção, nem lembro quantos discos comprei. Mas era Mozart, e tremendamente bem tocado. Emocionante lembrar daqueles períodos de vacas magras (não que elas tenham conseguido engordar muito), quando fazíamos muitos sacrifícios para termos acesso a música de qualidade. O velho 3×1 da Philips tocava sem parar.
Mitsuko Uchida é uma reconhecida pianista japonesa, porém cidadã britânica, e que gravou muito entre os anos 80 e 90, sempre pelo selo Philips. Hoje, já adentrada nos setenta e poucos anos, ainda grava e se apresenta em recitais. Recentemente postei uma integral dos concertos para piano de Beethoven com ela e com Sir Simon Rattle ainda nos tempos de Filarmônica de Berlim, creio que foi uma das últimas gravações do maestro frente à sua ex-orquestra.
Em pleno ano dedicado às comemorações dos 250 anos de nascimento de Beethoven, impossível deixarmos Mozart de lado. Esse compositor é fundamental, talvez tão necessário quanto o ar que respiramos. Mesmo em obras da mais terna juventude, ou até mesmo infância, a genialidade do gênio de Salzburg é algo que se manifesta a todo momento, impossível negar tal fato. Por isso achei interessante, e oportuno, esta série de postagens.
Uchida se uniu ao maestro Jeffrey Tate para realizar a empreitada. Mozartiano de mão cheia, muito experiente nesse repertório, ele nos entrega um Mozart robusto, coerente, e sua cumplicidade com a solista se sobressai ao não permitir que a orquestra se sobreponha ao piano. Com certeza esta série é uma referência nesse repertório.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – CDs 1 a 3 de 9 – Mitsuko Uchida =, Jeffrey Tate, English Chamber Orchestra
CD 1
01. KV 175 in D, (1) Allegro
02. KV 175 in D, (2) Andante ma poco adagio
03. KV 175 in D, (3) Allegro
04. KV 238 in B flat, (1) Allegro aperto
05. KV 238 in B flat, (2) Andante un poco adagio
06. KV 238 in B flat, (3) Rondeau (Allegro)
07. KV 271 in E flat, Jeunehomme (1) Allegro
08. KV 271 in E flat, Jeunehomme (2) Andantino
09. KV 271 in E flat, Jeunehomme (3) Rondo (Presto)
CD 2
01. Concerto in C, KV 246 Lutzow (1) Allegro aperto
02. Concerto in C, KV 246 Lutzow (2) Andante
03. Concerto in C, KV 246 Lutzow (3) Rondeau (Tempo di menuetto)
04. Concerto in F, KV 413 (1) Allegro
05. Concerto in F, KV 413 (2) Larghetto
06. Concerto in F, KV 413 (3) Tempo di menuetto
07. Concerto in A, KV 414 (1) Allegro
08. Concerto in A, KV 414 (2) Andante
09. Concerto in A, KV 414 (3) Rondeau (Allgretto)
CD 3
01. Concerto in C, KV 415 1. Allegro
02. Concerto in C, KV 415 2. Andante
03. Concerto in C, KV 415 3. Rondeau (Allegretto )
04. Concerto in E flat, KV 449 1. Allegro vivace
05. Concerto in E flat, KV 449 2. Andantino
06. Concerto in E flat, KV 449 3. Allegro ma non troppo
07. Concerto in B flat, KV 450 1. Allegro
08. Concerto in B flat, KV 450 2. Andante
09. Concerto in B flat, KV 450 3. Allegro
Hoje trago uma postagem um pouco diferente para os senhores. O mesmo compositor, a mesma obra, mas interpretadas por músicos e em épocas diferentes.
Tenho um grande apreço muito grande por dois destes concertos que trago hoje, o de nº 20 e o de nº 21. Os considero os melhores, dentre todos o que Mozart compôs.
Importante salientar que são três CDs que foram gravados em períodos bem distintos, quarenta anos se passaram entre um e outro. Mas ambos conseguem extrair aquela magia da música de Mozart que apenas os grandes músicos conseguem extrair. O da dupla Previn / Lupu foi gravado lá no início da década de 80, enquanto que o do pianista norueguês Leif Ove Andsnes foi recém lançado agora mesmo neste mês de maio de 2021. Muita água passou sob a ponte, o Planeta Terra é muito diferente daquele dos anos 80. Não posso dizer que aqueles eram tempos mais liberais (Tatcher / Reagan, Afeganistão), talvez mais intensos, e a interpretação precisa de Lupu demonstra isso, se comparados com este sombrio período que vivemos, em plena Pandemia. Mas a música de Mozart continua fresca, única e muito atual. Existe algo mais delicado e belo que o tema do Andante do Concerto de nº 21? Alguns podem considerar a interpretação de Andsnes um tanto quanto fria, calculista, metódica, mas creio que ele apenas reflete os tempos em que vivemos. A essência continua ali, presente, nas notas extraidas do piano. Cabe a nós localizá-la …
Como diria Mestre Carlinus, uma boa apreciação e que melhores tempos venham pela frente … a trilha sonora o PQPBach vem fornecendo para os senhores.
01. Concerto for 2 Pianos No. 10 in E-Flat Major, K. 365-316a- I. Allegro
02. Concerto for 2 Pianos No. 10 in E-Flat Major, K. 365-316a- II. Andante
03. Concerto for 2 Pianos No. 10 in E-Flat Major, K. 365-316a- III. Rondo. Allegro
04. Piano Concerto No. 20 in D Minor, K. 466- I. Allegro (Cadenza by Beethoven)
05. Piano Concerto No. 20 in D Minor, K. 466- II. Romance
06. Piano Concerto No. 20 in D Minor, K. 466- III. Rondo. Allegro assai (Cadenza by Previn)
Radu Lupu – Piano (Concerto nº20)
André Previn Piano (Concerto nº 10) e Condutor
London Symphony Orchestra
CD 1 01 Piano Concerto No. 20 in D minor K. 466 I. Allegro
02 Piano Concerto No. 20 in D minor K. 466 II. Romanze
03 Piano Concerto No. 20 in D minor K. 466 III. Rondo Allegro assai
04 Piano Concerto No. 21 in C Major K. 467 I. Allegro maestoso
05 Piano Concerto No. 21 in C Major K. 467 II. Andante
06 Piano Concerto No. 21 in C Major K. 467 III. Allegro vivace assai
CD 2
01 Fantasia in C Minor K. 475
02 Piano Quartet in G Minor K.478 I. Allegro
03 Piano Quartet in G Minor K.478 II. Andante
04 Piano Quartet in G Minor K.478 III. Rondo
05 Maurerische Trauermusik (Masonic Funeral Music) in C Minor K. 477 (K. 479a)
06 Piano Concerto No. 22 in Es-Dur Major K. 482 I. Allegro
07 Piano Concerto No. 22 in Es-Dur Major K. 482 II. Andante
08 Piano Concerto No. 22 in Es-Dur Major K. 482 III. Allegro
Leif Ove Landsnes – Piano e Condutor
Mahler Chamber Orchestra
Depois de se estabelecer em Viena, sem se importar com a terrível advertência de papai Leopold, Mozart aproveitou todas as oportunidades para impressioná-lo com a seriedade de seus propósitos. Em abril de 1782, ele informou a seu pai que ‘Todos os domingos, às 12 horas, vou à casa do Barão van Swieten, onde não se toca nada além de Bach e Handel. No momento, estou fazendo uma coleção de fugas de Bach…”. Para as matinês semanais barrocas do Barão, Mozart também transcreveu diversas fugas de Bach para cordas, seis para trio e cinco para quarteto. Seu entusiasmo por Bach pode ter sido estimulado ainda mais por sua noiva, Constanze, que se era uma espécie de fugólatra.
Para seus arranjos de quarteto, Mozart favoreceu as fugas de som mais arcaico. Quando foram publicadas, eram precedidas, de maneira um tanto incongruente, por novos prelúdios de autoria desconhecida — era um Bach filtrado por um prisma galante. A Akademie für Alte Musik complementa três das transcrições de Mozart com arranjos anônimos de quinteto de cordas, com novos prelúdios. Fica tudo muito estranho. Para compensar a severidade potencial em uma sucessão de fugas lentas, a Akademie varia as cores instrumentais: cordas solo, orquestra de cordas, oboés, trombones e fagote.
Um disco interessantíssimo!
W.A. Mozart sobre J.S. Bach: Adagios & Fugues (Akademie Für Alte Musik Berlin)
1 Prelude & Fugue In D Minor K405/4 6:03
2 Larghetto Cantabile In D Major & Fugue K405/5 4:45
3 Adagio & Fugue in A Minor 5:55
4 Allegro In C Minor K Anh 44 & Fuga A Due Cembali K426 4:33
5 Adagio Cantabile & Fugue In E Flat Major 3:55
6 Adagio & Fugue In C Minor K546 6:32
7 Adagio & Fugue in E Major K405/3 5:08
8 Adagio & Fugue in B Minor 6:08
9 Adagio & Fugue in D Minor 7:28
Se a década pré-pandêmica de nossa Rainha consolidou práticas das anteriores – raras gravações em estúdio, pouquíssimas aparições solo, prolífico camerismo e generoso incentivo a jovens talentos -, os anos 10 também a viram explorar repertório novo e desempenhar papéis inéditos, alguns ligados a suas raízes bonaerenses, tais como tangueira e Luthier, e outros ainda mais insuspeitos, como acompanhista em Lieder e em cancioneiro iídiche. Notem que essa discografia argerichiana que ora concluímos, e que supomos tão completa quanto a pudemos deixar, não inclui a importante coleção de registros de Marthinha no Festival de Lugano, que nosso colega FDP Bach está a nos trazer aos poucos.
Exceto por uma já tradicional vinda a Buenos Aires na metade do ano, quando dá a seus conterrâneos o privilegiado ar de sua graça, Martha não é lá muito afeita a explorar seu continente. Uma exceção notável foi a turnê por várias capitais do Brasil em 2004, certamente instigada pelo amado amigo Nelson Freire, com quem tocou em duo e autografou um LP do patrão PQP e um CD meu lá em nossa Dogville natal. Outra foi essa breve residência na província de Santa Fe, para a qual foi persuadida por outro amigo, Daniel Rivera, um pianista nascido em Rosario e radicado na Itália há muitas décadas. Cada disco registra a íntegra de uma das noites de Martha no festival, o que explica a repetição de algumas peças. Destaco a interpretação de Scaramouche, cujo movimento Brazileira cita (e, para muitos, plagia) Ernesto Nazareth, marcando, ainda que tangencialmente, uma das muito poucas vezes que a música brasileira passou pelos dedos de nossa deusa (outra delas está aqui). Digna de nota, também, é a substancial participação no repertório de compositores argentinos contemporâneos, especialmente na última noite, na qual a Rainha fez parte dum mui hábil conjunto de tango que incluiu sua primogênita, Lyda, a tocar viola.
Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791) Sonata em Ré maior para piano a quatro mãos, K. 381
1 – Allegro
2 – Andante
3 – Allegro molto
Johannes BRAHMS (1833-1897) Variações sobre um tema de Joseph Haydn, para dois pianos, Op. 56b
4 – Thema: Andante
5 – Poco più animato
6 – Più vivace
7 – Con moto
8 – Andante con moto
9 – Vivace
10 – Vivace
11 – Grazioso
12 – Presto non troppo
13 – Finale: Andante
Franz LISZT (1811-1886) Les Préludes, poema sinfônico, S. 97
Transcrição para dois pianos do próprio compositor
14 – Andante maestoso
Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Concertino em Lá menor para dois pianos, Op. 94
1 – Adagio – Allegretto – Adagio – Allegro – Adagio – Allegretto
Sergei Vasilyevich RACHMANINOFF (1873-1943) Suíte para dois pianos no. 2 em Dó maior, Op. 17
2 – Introduction
3 – Valse
4 – Romance
5 – Tarantella
Darius MILHAUD (1892-1974) Scaramouche, suíte para dois pianos, Op. 165b 6 – Vif
7 – Modéré
8 – Brazileira
Luis Enríquez BACALOV (1933-2017)
9 – Astoreando, para dois pianos
Ástor Pantaleón PIAZZOLLA (1921-1992)
2 – “Milonga Del Angel”, para dois pianos, viola, contrabaixo e bandoneón
Aníbal Carmelo TROILO (1914-1975)
3 – “Sur” y “La Última Curda”, para bandoneón
Néstor Eude MARCONI (1942)
e Daniel MARCONI (1970)
4 – “Gris Se Ausencia” y “Robustango”, para bandoneón
Ástor PIAZZOLLA 5 – “Oblivión” del “Concierto Aconcagua” – “Tema de María” – “Verano Porteño” – Cadencia del “Concierto Aconcagua”- “La Muerte del Angel” – “Lo Que Vendrá” – “Decarísimo”, para bandoneón
Néstor MARCONI 6 – “Para El Recorrido”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneón
7 – “Moda Tango”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneón
Ástor PIAZZOLLA
8 – “Libertango”, para piano, viola, contrabaixo e bandoneó
9 – “Tres Minutos Con La Realidad”, para dois pianos, viola, contrabaixo e bandoneón
Néstor Marconi, bandoneón (faixas 3-9)
Enrique Fagone, contrabaixo (faixas 6-9)
Daniel Rivera, piano (faixas 1, 2 e 9)
Gabriele Baldocci, piano (faixa 6)
Martha Argerich (faixas 1, 2, 7-9)
Lyda Chen, viola (faixas 2, 6-9)
Gravado ao vivo em Rosario, Argentina, entre 19 e 25 de outubro de 2012
Se Martha também é María, e Argerich pela família catalã do pai, ela também é Heller por sua mãe Juanita, filha de judeus russos estabelecidos na província de Entre Ríos. E, se não lhes posso afirmar que o iídiche fez parte de sua infância, não tenho muitas dúvidas de que ele ajudou a aproximá-la de Ver bin Ikh! (“Quem sou eu!”), projeto da atriz e cantora Myriam Fuks. Nascida em Tel Aviv e radicada em Bruxelas, Myriam aqui resgata, com sua profunda voz de contralto, diversas canções judaicas centro-europeias, acompanhada dum prodigioso conjunto de amigos, que inclui o demoníaco Roby Lakatos, Mischa e Lily Maisky, o brilhante Evgeny Kissin (que desenvolve uma belíssima carreira paralela na composição e declamação de poemas em iídiche) e, claro, nossa Rainha, a quem cabe a honra de encerrar o álbum com a parte de piano de Der Rebe Menachem (“O Rabino Menahem”).
VER BIN IKH! – MYRIAM FUKS
1 – Vi Ahin Zol Ikh Geyn (S. Korn-Teuer [Igor S. Korntayer]/O. Strokh) Evgeny Kissin, piano
02 – Far Dir Mayne Tayer Hanele/Klezmer Csardas de “Klezmer Karma” (R. Lakatos/M. Fuks) Alissa Margulis, violino Nathan Braude, viola Polina Leschenko, piano
3 – Malkele, Schloimele (J. Rumshinsky) Sarina Cohn, voz Philip Catherine, guitarra Oscar Németh, baixo
4 – Deim Fidele (B. Witler) Lola Fuks, voz Michael Guttman, violino
5 – Yetz Darf Men Leiben (B. Witler) Paul Ambach, voz
Martha sempre teve o costume de acolher, tanto em sua vida pessoal quanto sob as suas protetoras asas artísticas, artistas mais jovens, e um seu modus operandi bem típico nas últimas décadas tem sido o das participações, por óbvio muito especiais, em álbuns de colegas que admira. O pianista russo-alemão Jura Margulis teve o privilégio de ter a Rainha a seu lado para encerrar este volume de suas próprias transcrições para piano, tocando a dois pianos a Noite no Monte Calvo, de Mussorgsky. Eu, que adoro Modest quase tanto quanto amo Marthinha, não só fiquei entusiasmado ao finalmente ouvi-la tocar uma de suas obras, como também passei a sonhar com o dia em que a escutaria a tocar os Quadros de uma Exposição, que certamente ficariam supimpas sob suas mãos. Pode parecer um pedido exagerado a quem já tem oitenta anos e um tremendo repertório, mas não perdi minhas esperanças; muito pelo contrário, eu as vi renovadas quando Martha, em 2020, aprendeu e tocou as partes de piano da maravilhosa Der Hirt auf dem Felsen de Schubert e, para minha maior alegria, de duas das Canções e Danças da Morte de Mussorgsky. Sonhar, enfim, nada custa – ainda.
Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Da Matthäus-Passion, BWV 244
1 – Wir setzen uns mit Tränen nieder
Wolfgang Amadeus MOZART Do Requiem em Ré menor, K. 626 2 – Confutatis maledictis
3 – Lacrimosa
Giacomo PUCCINI (1858-1924)
4 – Crisantemi, SC 65
Franz LISZT 5 – Mephisto-Walzer
Robert SCHUMANN De Dichterliebe, Op. 48: 6 – No. 4: Wenn ich in deine Augen seh’
Dmitri SHOSTAKOVICH Da Sinfonia no. 8 em Dó menor, Op. 65 7 – Toccata
8 – Passacaglia
Sayat NOVA (1712-1795)
Transcrição de Arno Babadjanian (1921-1983)
9 – Melodie – Elegie
Modest Petrovich MUSSORGSKY (1839-1881)
10 –Noch′ na lysoy gore (“Noite no Monte Calvo”), para dois pianos
Jura Margulis, piano (1-10) e transcrições (exceto faixa 9)
Martha Argerich, piano II (faixa 10)
“Noite no Monte Calvo” gravada em Lugano, Suíça, junho de 2014
Uma overdose de genialidade portenha, e praticamente um esculacho de Buenos Aires para com cidades menos dotadas de talentos (i.e., quase todas as outras), foi aquela noite de agosto de 2014 em que Les Luthiers encontraram Daniel Barenboim e Martha Argerich no sacrossanto palco do Teatro Colón. Depois da habitual dose de obras do imerecidamente obscuro Johann Sebastian Mastropiero, o genial quinteto juntou-se a Barenboim para narrar A História do Soldado de Stravinsky, e os seis se somariam a Martha para o Carnaval dos Animais de Saint-Saëns. Nem o vídeo, nem o áudio do memorável encontro foram lançados comercialmente – o que nos obriga a nos contentarmos com o ensaio geral, feito na manhã do concerto, com a plateia repleta de fãs que não tinham conseguido ingressos para a noite:
Martha e Daniel voltariam a se encontrar no Colón no ano seguinte, sem Les Luthiers, para um programa de formato mais familiar a eles. À rara audição dos estudos canônicos de Schumann no arranjo improvável de Debussy, eles fizeram seguir uma obra do próprio Claude-Achille e a irresistível sonata com percussão de Bartók: repertório incomum e – em que pese a ausência de J. S. Mastropiero – nada menos que tremendo.
Robert SCHUMANN Seis estudos em forma canônica, para piano, Op. 56
Transcrição para dois pianos de Claude Debussy (1862-1918)
1 -Nicht zu schnell
2 – Mit innigem Ausdruck
3 – Andantino
4 – Innig
5 – Nicht zu schnell
6 -Adagio
Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918) En Blanc et Noir, suíte para dois pianos, L. 134
7 – Avec Emportement (À Mon Ami A. Koussevitzky)
8 – Lent. Sombre (Au Lieutenant Jacques Charlot Tué a l’ennemi en 1915, le 3 Mars)
9 – Scherzando (À Mon Ami Igor Stravinsky)
Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945) Sonata para dois pianos e percussão, Sz. 110
10 – Assai lento – Allegro molto
11 – Lento, ma non troppo
12 – Allegro non troppo
Daniel Barenboim, piano II
Lev Loftus e Pedro Manuel Torrejón González, percussão (faixas 10-12)
Gravado ao vivo em Buenos Aires, Argentina, agosto de 2015
Dezoito anos depois de sua primeira gravação juntos, Martha e Itzhak Perlman reecontraram-se em Paris para novas sessões em estúdio – as primeiras de Martha na década para o repertório de concerto. Às Fantasiestücke de Schumann e a sonata no. 4 de Bach, eles somaram a fatia brahmsiana da sonata F-A-E, completando o álbum com uma sonata de Schumann gravada em 1998 e ainda mantida inédita por falta de pareamento.
“Trabalhar com Martha”, disse Itzhak, “foi uma experiência única para mim… seu brilho e as cores que ela usa quando toca são reconhecíveis tão longo você as escuta – é ela, ninguém mais soa assim… Estou muito feliz com que pudemos de fato gravar novamente… quando surgiu a possibilidade de que ela tivesse um punhado de dias livres para gravar eu disse ‘eu irei a qualquer lugar!!!'”. A julgar pela cumplicidade com que tocaram e pelo olhar curioso de Martha para o bonachão Itzhak na capa do álbum, tenho certeza de que a viagem valeu a pena.
Robert SCHUMANN
Sonata para violino e piano no. 1 em Lá menor, Op. 105 1 – Mit leidenschaftlichem Ausdruck
2 – Allegretto
3 – Lebhaft
Fantasiestücke, para violino e piano, Op. 73 4 – Zart und mit Ausdruck
5 – Lebhaft, leicht
6 – Rasch und mit Feuer
Johannes BRAHMS Scherzo para violino e piano, WoO 2 (da sonata “F-A-E”, composta em colaboração com Robert Schumann e Albert Dietrich)
7 – Allegro
Johann Sebastian BACH Sonata para violino e teclado no. 4 em Dó menor, BWV 1017
8 – Siciliano. Largo
9 – Allegro
10 – Adagio
11 – Allegro
Itzhak Perlman, violino
Gravado em Saratoga, Estados Unidos, julho de 1998 (1-3) e Paris, França, março de 2016 (4-11)
Ainda que a gravação anterior de Martha para o Carnaval dos Animais – aquela com Gidon Kremer – seja mais famosa, eu prefiro essa, com Antonio Pappano no duplo papel de pianista e regente e Annie, filha de Martha com Charles Dutoit, a narrar. Se aquela com Les Luthiers é melhor que essa, jamais saberemos enquanto os detentores da preciosa gravação no Colón não a trouxerem a público. O que sabemos é que Johann Sebastian Mastropiero é um compositor muitíssimo superior a Saint-Saëns e que, por isso, nossa Rainha deveria tocá-lo mais. Fica a dica, Marthinha.
Le Carnaval des Animaux, Grande Fantaisie Zoologique 5 – Introduction et Marche Royale du Lion
6 – Poules et Coqs
7 – Hémiones
8 – Tortues
9 – L’Éléphant
10 – Kangourous
11 – Aquarium
12 – Personnages à Longues Oreilles
13 – Le Coucou au Fond des Bois
14 – Volière
15 – Pianistes
16 – Fossiles
17 – Le Cygne
18 – Finale
Annie Dutoit, narração
Gabriele Geminiani, violoncelo
Libero Lanzilotta, contrabaixo
Antonio Pappano, piano II e regência
Enquanto se desligava aos poucos do festival centrado sobre si em Lugano, Martha passou a visitar Hamburgo com cada vez mais frequência, até ver um novo festival em torno de si, realizado no mês de junho na soberba Laeiszhalle daquela cidade em que mais chove em toda Alemanha. Este Rendez-vous with Martha Argerich é o tributo fonográfico do impressionante programa do festival em 2018, reunindo um elenco cheio de figuras estelares da galáxia da Rainha – incluindo algumas literalmente familiares, como suas filhas Lyda e Annie e o ex-companheiro Kovacevich. Gosto de todos os discos, repletos que são do elã característico de Marthinha, mesmo quando ela não está de fato a tocar. Meu xodó, no entanto, é o último, com um delicioso Carnaval dos Animais narrado por Annie e uma não menos saborosa seleção de repertório ibérico e latino-americano que se encerra com uma versão tanguera de Eine kleine Nachtmusik que certamente faria Amadeus gargalhar em dois por quatro.
Claude DEBUSSY De Nocturnes, L. 91 1 – Fêtes (arranjo para dois pianos de Maurice Ravel)
Anton Gerzenberg, piano II
Sonata em Sol menor para violino e piano, L. 140 2 – Allegro vivo
3 – Intermède. Fantasque et léger
4 – Finale. Très animé
Géza Hosszu-Legocky, violino Evgeni Bozhanov, piano
5 – Prélude à l’après-midi d’un faune, L. 86
(arranjo para dois pianos do próprio compositor)
Stephen Kovacevich, piano I
Sonata em Ré menor para violoncelo e piano, L. 135
6 – Prologue: Lent, sostenuto e molto risoluto
7 – Sérénade: Modérément animé
8 – Finale: Animé, léger et nerveux
Mischa Maisky, violoncelo
Joseph Maurice RAVEL (1875-1937) 9 – La Valse, poème choreographique (arranjo para dois pianos do próprio compositor)
Nicholas Angelich, piano II
Sonata em Ré menor para violino e violoncelo, M. 73
10 – Allegro
11 – Très vif
12 – Lent
13 – Vif, avec entrain
Alexandra Conunova, violino Edgar Moreau, violoncelo
Sergey Sergeyevich PROKOFIEV (1891-1953) Sinfonia no. 1 em Ré maior, Op. 25, “Clássica”
Transcrição para dois pianos de Rikuya Terashima
1 – Allegro
2 – Larghetto
3 – Gavotta: Non troppo allegro
4 – Finale: Molto vivace
Evgeni Bozhanov e Akane Sakai, pianos
5 – Abertura sobre temas hebraicos, para piano, clarinete, dois violinos, viola e violoncelo, Op. 34
Pablo Barragán, clarinete Akiko Suwanai e Alexandra Conunova, violinos Lyda Chen, viola Edgar Moreau, violoncelo
Suíte de Cinderella (Zolushka), balé em três atos, Op. 87
Arranjo para dois pianos de Mikhail Vasilyevich Pletnev (1957)
6 – Introduction: Andante dolce
7 – Querelle: Allegretto
8 – L’Hiver: Adagio – Allegro moderato
9 – Le Printemps: Vivace con brio – Moderato – Presto
10 – Valse de Cendrillon: Andante – Allegretto – Poco più animato – Più animato – Meno mosso
Akane Sakai eAlexander Mogilevsky, pianos
11 – Gavotte: Allegretto
12 – Gallop: Presto – Andantino – Presto
13 – Valse Lente: Adagio – Poco più animato – Assai più mosso – Poco più animato – Meno mosso (più animato dell’adagio
14 – Finale: Allegro moderato – Allegro espressivo – Presto – Allegro moderato – Andante
Evgeni Bozhanov e Kasparas Uinskas, pianos
Sonata em Dó maior para dois violinos, Op. 56 15 – Andante cantabile
16 – Allegro
17 – Commodo (quasi allegretto)
18 – Allegro con brio
Dmitri Dmitriyevich SHOSTAKOVICH (1906-1975) Concerto em Dó menor para piano, trompete e orquestra de cordas, Op. 35
1 – Allegro moderato – attacca:
2 – Lento – attacca:
3 – Moderato – attacca:
4 – Allegro con brio
Sergei Nakariakov, trompete
Symphoniker Hamburg
Trio para piano, violino e violoncelo no. 2 em Mi menor, Op. 67
5 – Andante – Moderato – Poco più mosso
6 – Allegro con brio
7 – Largo
8 – Allegretto – Adagio
Guy Braunstein, violino
Alisa Weilerstein, violoncelo
Zoltán KODÁLY (1882-1967) Duo para violino e violoncelo, Op. 7 9 – Allegro serioso, non troppo
10 – Adagio – Andante 11 – Maestoso e largamente, ma non troppo lento – Presto
Guy Braunstein, violino
Alisa Weilerstein, violoncelo
Jakob Ludwig Felix MENDELSSOHN Bartholdy (1809-1847)
Trio para violino, violoncelo e piano no. 1 em Ré menor, Op. 49 (transcrição para flauta, violoncelo e piano)
1 – Molto allegro ed agitato
2 – Andante con moto tranquillo
3 – Scherzo
4 – Finale
Johannes BRAHMS
Sonata para piano e violino no. 2 em Lá maior, Op. 100 1 – Allegro amabile
2 – Andante tranquillo — Vivace — Andante — Vivace di più — Andante — Vivace
3 – Allegretto grazioso (quasi andante)
Akiko Suwanai, violino Nicholas Angelich, piano
Sergey RACHMANINOV
Sonata em Sol menor para violoncelo e piano, Op. 19 4 – Lento. Allegro moderato
5 – Allegro scherzando
6 – Andante
7 – Allegro mosso
Camille SAINT-SAËNS 1-30 – Le Carnaval des Animaux, Grande Fantaisie Zoologique
Annie Dutoit, narração Jing Zhao, violoncelo Lilya Zilberstein e Martha Argerich, pianos
Symphoniker Hamburg Ion Marin, regência
Ernesto Sixto de la Asunción LECUONA Casado (1895-1963) Quatro danças cubanas, para piano
31 – A la antigua
32 – Al fin te ví
33 – No hables más!
34 – En tres por cuatro
Três danças afro-cubanas, para piano 35 – La Conga de Medianoche
36 – La Comparsa
37 – Danza de los Ñañigos
Isaac Manuel Francisco ALBÉNIZ y Pascual (1860-1909)
Arranjo de Mauricio Vallina (1970)
Da Suíte España, Op. 165 38 – No. 2: Tango
Ángel Gregorio VILLOLDO Arroyo (1861- 1919)
Arranjo de Lea Petra
39 – El Choclo
Mauricio Vallina, piano
Eduardo Oscar ROVIRA (1925- 1980)
40 – A Evaristo Carriego
Ástor PIAZZOLLA 41 – Triunfal
42 – Adiós Nonino
Wolfgang Amadeus MOZART 43 – Musiquita Noturna (arranjo do Allegro da Eine Kleine Nachtmusik, K. 525)
Jing Zhao, violoncelo (faixa 40)
The Guttman Tango Quartet:
Michael Guttman, violino
Lysandre Denoso, bandoneón
Chloe Pfeiffer, piano
Ariel Eberstein, contrabaixo
Entre os protegidos de Martha Argerich, o sul-coreano Dong Hyek Lim é um dos meus favoritos: não são muitos os jovens pianistas que conseguem, na falta de melhor definição, dizer a música sem firulas egocêntricas, nem aparentar qualquer esforço, mesmo nas passagens mais cabeludas do repertório. Aqui ele doma o monstruoso Rach 2 com um som apropriadamente grande e muita precisão, para depois encarar as Danças Sinfônicas de Sergey em companhia de Sua Majestade, que lhe concede o privilégio da especialíssima participação em seu álbum: uma moral e tanto para o pibe.
Sergey RACHMANINOV Concerto para piano e orquestra no. 2 em Dó menor, Op. 18 1 – Moderato
2 – Adagio sostenuto – Più animato – Tempo I
3 -Allegro scherzando
Dong Hyek Lim, piano
BBC Symphony Orchestra
Alexander Vedernikov
Gravado em Londres, Reino Unido, setembro de 2018
Danças sinfônicas para orquestra, Op. 45
Transcrição para dois pianos do próprio compositor
4 – Non allegro
5 – Andante con moto
6 – Lento assai – Allegro vivace – Lento assai. Come prima – Allegro vivace
Mais um Rendez-vous com Martha em Hamburgo, desta vez em 2019, com resultados muito bons, ainda que tão entusiasmantes quanto os do ano anterior. Jamais escreveria isso num tom de queixume, mas a Rainha legou-nos tantas interpretações memoráveis que as revisitas aos itens de seu repertório despertam comparações com as legendárias versões anteriores, num curioso efeito colateral dos setenta anos de carreira e duma magnífica discografia. Refiro-me, principalmente, à gravação do concerto de Tchaikovsky, em que ela brilha como sempre, mas a Sinfônica de Hamburgo não tanto quanto a Royal Philharmonic sob a mesma batuta de Charles Dutoit, décadas antes. E teria havido, enfim, menos elã no notável elenco de intérpretes do que no ano anterior, ou estarei eu tão só blasé depois de tanto escutar gravações antológicas de Marthinha para lhes apresentar sua discografia integral? Só vocês me poderão dizer.
Felix MENDELSSOHN Trio para piano, violino e violoncelo no. 2 em Dó menor, Op. 66
1 – Allegro energico e con fuoco
2 – Andante espressivo
3 – Scherzo
4 – Finale. Allegro appassionato
Renaud Capuçon, violino
Edgar Moreau, violoncelo
Johannes BRAHMS
Sonata para violino e piano no. 1 em Sol maior, Op. 78 5 – Vivace ma non troppo
6 – Adagio
7 – Allegro molto moderato
Wolfgang Amadeus MOZART
Andante e variações em Sol maior para piano a quatro mãos, K. 501 1 – Thema – Variationen I-V
Stephen Kovacevich e Martha Argerich, piano
Ludwig van BEETHOVEN Sonata para violino e piano no. 9 em Lá maior, Op. 47, “Kreutzer” 2 – Adagio sostenuto — Presto
3 – Andante con variazioni
4 – Finale. Presto
Tedi Papavrami, violino
Franz Peter SCHUBERT (1797-1828) Fantasia em Fá menor para piano a quatro mãos, D. 940 5 – Allegro molto moderato
6 – Largo
7 – Scherzo. Allegro vivace
8 – Finale. Allegro molto moderato
Pyotr Ilyich TCHAIKOVSKY (1840-1893) Concerto para piano e orquestra no. 1 em Si bemol menor, Op. 23 1 – Allegro non troppo e molto maestoso
2 – Andantino semplice – Prestissimo – Tempo I
3 – Allegro con fuoco
Symphoniker Hamburg
Charles Dutoit, regência
Igor Fyodorovich STRAVINSKY (1882-1971) Les Noces, Cenas Coreográficas com Música e Vozes
4 – La tresse
5 – Chez le Marié
6 – Le Départ de la Mariée
7 – Le Repas de Noces
Nicholas Angelich, Gabriele Baldocci, Alexander Mogilevsky e Stepan Simonian, pianos
Europa Choir Akademie Görlitz
Charles Dutoit, regência
Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757) Sonatas (Esercizi) para teclado: 1 – K. 495 em Mi maior
2 – K. 20 em Mi maior
3 – K. 109 em Lá menor
4 – K. 128 em Si bemol menor
5 – K. 55 em Sol maior
6 – K. 32 em Ré menor
7 – K. 455 em Sol maior
Evgeni Bozhanov, piano
Johann Sebastian BACH Concerto em Lá menor para quatro pianos e orquestra de cordas, BWV 1065 8 – Allegro
9 – Largo
10 – Allegro
Martha Argerich, Dong Hyek Lim, Sophie Pacini e Mauricio Vallina, pianos
Symphoniker Hamburg
Adrian Iliescu, regência
Robert SCHUMANN
Kinderszenen, para piano, Op. 15 11 – Von fremden Ländern und Menschen
12 – Kuriose Geschichte
13 – Hasche-Mann
14 – Bittendes Kind
15 – Glückes genug
16 – Wichtige Begebenheit
17 – Träumerei
18 – Am Kamin
19 – Ritter vom Steckenpferd
20 – Fast zu ernst
21 – Fürchtenmachen
22 – Kind im Einschlummern
23 – Der Dichter spricht
Martha Argerich, piano
Fryderyk Francyszek CHOPIN (1810-1849) Introdução e Polonaise Brilhante em Dó maior, para violoncelo e piano, Op. 3
24 – Largo – Alla polacca
Wolfgang Amadeus MOZART Sonata em Ré maior para piano a quatro mãos, K. 381 1 – Allegro
2 – Andante
3 – Allegro molto
Martha Argerich e Akane Sakai, piano
Claude DEBUSSY
Petite Suite, para piano a quatro mãos, L. 65 4 – En bateau
5 – Cortège
6 – Menuet
7 – Ballet
Sergei Babayan e Evgeni Bozhanov, piano
Enrique GRANADOS Campiña (1862-1916)
Transcrição para violino e piano de Fritz Kreisler (1875-1962)
Das Doze danças espanholas, Op. 37 8 – No. 5: Andaluza
Friedrich “Fritz” KREISLER (1875-1962)
9 – Schön Rosmarin
Géza Hosszu-Legocky, violino
Sergei Babayan, piano
Francis Jean Marcel POULENC (1899-1963) Sonata para dois pianos, FP 165
10 – Prologue
11 – Allegro molto
12 – Andante lyrico
13 – Epilogue
Witold Roman LUTOSŁAWSKI (1913-1994)
14 – Variações sobre um tema de Paganini, para dois pianos
Karin Lechner e Sergio Tiempo, pianos
Sergey RACHMANINOV
Das Seis peças para piano a quatro mãos, Op. 11 15 – No. 4: Valsa
A gravação mais recente de Martha, já sob a égide da Covid-19, foi feita em duo com a pianista grega Theodosia Ntokou, outra de suas muito queridas protegidas. A escolha de uma transcrição da sinfonia “Pastoral” de Beethoven só não é mais curiosa do que a própria versão escolhida: em lugar da mais famosa e autoritativa, feita por Carl Czerny, aluno do próprio renano, elas escolheram o obscuro arranjo do ainda mais obscuro Selmar Bagge. A “Pastoral” foi-me uma grata surpresa, assim como lhes será a bonita leitura que Ntokou entrega da sonata “Tempestade”, depois de se despedir da Rainha. E, já que estamos a falar de despedidas, despeço-me eu aqui por terminar de oferecer-lhes, ao longo de oito capítulos e incontáveis adiamentos, a discografia completa da maior pianista de nosso tempo, num tributo aos seus oitenta anos que, concluído já no caminho de seus oitenta e dois, deseja-lhe a saúde e o fogo de sempre para oferecer ao público que tanto a ama o estupor com que ela o nutre há mais de sete décadas.
Ludwig van BEETHOVEN
Sinfonia no. 6 em Fá maior, Op. 68, “Pastoral”
Transcrição para dois pianos de Selmar Bagge (1823-1896)
1 – Erwachen heiterer Empfindungen bei der Ankunft auf dem Lande. Allegro ma non troppo
2 – Szene am Bach. Andante molto moto
3 – Lustiges Zusammensein der Landleute. Allegro
4 – Gewitter. Sturm. Allegro
5 – Hirtengesang. Frohe und dankbare Gefühle nach dem Sturm. Allegretto
Theodosia Ntokou, piano II
Gravado em Lugano, Suíça, julho de 2020
Das Três sonatas para piano, Op. 31: No. 2 em Ré menor, “Tempestade”
6 – Largo
7 – Adagio
8 – Allegretto