Não faltam gravações de primeira linha do Réquiem de Mozart. Esta é uma delas. É uma abordagem bastante íntima e relaxada e, para meus ouvidos, de atmosfera não muito devocional, o que é ótimo. O canto é tranquilo e os ritmos às vezes parecem um pouco alegres demais para um Réquiem. A gravação é 1991 e, no início dos anos 90, ainda havia um sentimento persistente de seriedade acadêmica sobre a maior parte do desempenho de instrumentos de época, mas Jordi Savall demonstra o valor de um toque leve, que desde então se tornou mais ou menos a convenção. No contexto do Réquiem de Mozart, isso não se coaduna com a gravidade do tema, embora sirva para destacar a elegância clássica que nunca está longe da superfície de Mozart. Não há andamentos super-rápidos aqui, pelo menos para os padrões de desempenho da época. No geral, a orquestra é mais impressionante do que o coro, e colocar a música fúnebre maçônica no início do disco dá a eles uma excelente chance de mostrar suas qualidades. Savall dá grande importância ao fato de que corni di bassetto de época são usadas. Eles são proeminentes na abertura e adicionam um maravilhoso colorido ao registro do meio dos instrumentos de sopro. Os metais são tocados de maneira rouca e agradável e os tímpanos soam adequadamente arcaicos. Este disco vai agradar mais aos fãs de Jordi Savall do que aos fãs de Mozart, penso eu.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): Réquiem / Maurerische Trauermusik (Savall)
1 Maurerische Trauermusik, K 477 5:21
Requiem, K 626
2 Requiem 6:48
3 Dies Irae 1:41
4 Tuba Mirum 2:53
5 Rex Tremendae 1:37
6 Recordare 5:11
7 Confutatis 2:10
8 Lacrimosa 3:00
9 Domine Jesu 3:21
10 Hostias 3:32
11 Sanctus 1:14
12 Benedictus 4:55
13 Agnus Dei 8:33
Bass Vocals – Stephan Schreckenberger
Chorus – La Capella Reial De Catalunya
Conductor – Jordi Savall
Mezzo-soprano Vocals – Claudia Schubert
Orchestra – Le Concert Des nations
Soprano Vocals – Montserrat Figueras
Tenor Vocals – Gerd Türk
PQP
Caro PQPBACH, foram dois os cd’s que enfim me convenceram que a leitura historicamente dirigida era indispensável não só para o Barroco, mas também para o “Clássico”, avançando mesmo para o XIX, foram a leitura que Hogwood fez das sinf. 100 e 104 de Haydn e este Requiem de Savall. Se depois encontrei leituras ainda mais consistentes das sinfonias do mestre de Rohrau, não ocorreu o mesmo com o “opus ultimum” do gênio de Salzburg: para mim o regente catalão perdura imbatível neste repertório. Já a Música Fúnebre Maçônica tem uma leitura mais sombria, com o coro, feita por Herreweghe. Abraços
Sim, Pedro. As gravações dos anos 80 para trás são para mim inaceitáveis. Igualmente para a maioria das atuais com instrumentos novos. Há raras exceções. Falta-lhes graça, transparência, leveza, sutileza, quase tudo.