Neste mundo em que vivemos, é difícil esconder a informação. Em questão de poucos minutos o outro lado do planeta já está sabendo das novidades que estão acontecendo cá pelas nossas bandas.
Foi o que aconteceu quando fuçava a Internet atrás de alguma novidade quente. Eis que me deparo com essa belezura para animar os meus sonhos. Já postei o primeiro CD desta série lá em 2018 (parece que foi ontem), e agora, fresquinho, aqui está para os senhores o segundo CD. Não sei quais são os planos de Frau Faust e de Herr Melnikov, mas de qualquer forma, o segundo CD está disponível, porém seu lançamento oficial está sendo hoje, dia 7 de fevereiro.
Com músicos deste nível, como não poderia deixar de ser, temos um Mozart impecável, com Faust e Melnikov nos apresentando uma visão historicamente informada de como tocar essas obras primas. Esqueçam por um instante as gravações de Grumiaux e de Szering, por exemplo, e ouçam como se toca Mozart no século XXI.
Preciso dizer que ele leva com todos os méritos o selo PQPBach de qualidade de IM-PER-DÍ-VEL ???
01. Violin Sonata in F Major, K. 376 I. Allegro
02. Violin Sonata in F Major, K. 376 II. Andante
03. Violin Sonata in F Major, K. 376 III. Rondò. Allegretto grazioso
04. Violin Sonata in A Major, K. 305 I. Allegro di molto
05. Violin Sonata in A Major, K. 305 II. Tema [con Variazioni]. Andante grazioso
06. Violin Sonata in G Major, K. 301 I. Allegro con spirito
07. Violin Sonata in G Major, K. 301 II. Allegro
08. Violin Sonata in B-Flat Major, K. 378 I. Allegro moderato
09. Violin Sonata in B-Flat Major, K. 378 II. Andantino sostenuto e cantabile
10. Violin Sonata in B-Flat Major, K. 378 III. Rondeau. Allegro
Isabelle Faust – Violin
Alexander Melnikov Pianoforte
Antes que me chovam tomates por trazer este mais controverso de todos os grandes pianistas, justifico-me: depois de Bach, Beethoven é o segundo compositor mais importante em seu legado discográfico. Ademais, e a despeito da fama de ludwigófobo que construiu por interpretações bizarras como as que deu para a “Appassionata”, Glenn reconhecia o gênio do renano e pôs seu domínio fenomenal do teclado e a heterodoxia nas escolhas interpretativas para legar-nos gravações muito recompensadoras àqueles que não consigam se deixar irritar por seus expedientes de costume, como o de propor alterações dinâmicas e agógicas a bel prazer, e, mais notoriamente, aquele de cantarolar ao teclado. Gould está especialmente canoro nos movimentos de abertura das sonatas, aos quais ele imprime andamentos frenéticos. A articulação impecável e clareza com que ele distingue as vozes, responsável por muito da mágica gouldiana a tocar Bach, aqui brilha com clareza, particularmente no último movimento da segunda sonata, um fugato matreiro. E a terceira sonata, que considero a primeira obra-prima de Beethoven no gênero, com seu belíssimo, sentido Adagio, é tão equilibrada que se pode facilmente esquecer do escândalo causado por Gould quando, em seguida ao terremoto do sucesso de sua gravação de estreia, escolheu levar a disco as três últimas sonatas para piano de Ludwig, com recepção que variou do pasmo a, claro, jorros de ódio. E, falando em ódio, já que vocês estão a esvurmá-lo por mim, convido-os a tentarem aplacá-lo ouvindo a sonata Op. 26, com suas maravilhosas variações de abertura e a marcha fúnebre, que o canadense despacha com elegância e sem qualquer bizarrice. Vocês quase não o reconhecerão tocando e, talvez, até me perdoem – pelo menos, claro, até a próxima postagem de Gould.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Três Sonatas para piano, Op. 10 Compostas entre 1796-1798 Publicadas em 1798 Dedicadas à condessa Anne Margarete von Browne
No. 1 em Dó menor
1 – Allegro molto e con brio
2 – Adagio molto
3 – Finale. Prestissimo
No. 2 em Fá maior
4 – Allegro
5 – Allegretto
6 – Presto
No. 3 em Ré maior
7 – Presto
8 – Largo e mesto
9 – Menuetto. Allegro
10 – Rondo. Allegro
Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 26, “Marcha fúnebre” Composta entre 1800-1801 Publicada em 1801 Dedicada ao príncipe Karl von Lichnowsky
11 – Andante con variazioni
12 – Scherzo, allegro molto
13 – Maestoso andante, marcia funebre sulla morte d’un eroe
14 – Allegro
Nas eternas discussões sobre música que mantínhamos nos encontros ao redor das bancas dos desejados LPs e CDs nas lojas de discos, falávamos de quase tudo. – Leon Fleisher e Szell são imbatíveis neste repertório! – Eu ouvia de um sério senhor de ascendência nipônica, enquanto segurava minha possível compra dos Concertos para Piano de Brahms, com Rudolf Serkin e o mesmo George Szell. Dúvidas abundavam, pois o investimento seria substancial.
Um dos temas que vez por outra entrava em pauta era o que o mesmo senhor chamava de ‘música canalha’. Eu sei, soa pior do que deveria, mas o pessoal era assim, radical. A cada um era permitido gostar de uma peça do gênero. Scheherazade era a queridinha dele. Vaias e apupos se elevavam quando Jardins de Um Mosteiro era mencionado.
Mas o repertório de ‘Música Ligeira’ ou de apelo popular, típico de orquestras como a Boston Pops, reserva grandes surpresas e geralmente traz ótimas lembranças.
Pois minha música de apelo popular preferida é ‘Quadros de Uma Exposição’ e esta é a minha gravação preferida. Sim, este álbum é um dos meus ‘Discos Mais Queridos’!
Carlo Maria Giulini foi um excelente regente, apesar de um repertório relativamente reduzido. Ele começou estudando violino e chegou a ocupar a fileira de violas da Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia. Tocou sob a batuta de grandes regentes, como Bruno Walter, Wilhelm Furtwängler, Victor de Sabata, Otto Klemperer. Esta experiência na orquestra certamente o ajudou a tornar-se um ótimo regente. Ele disse em entrevistas que detestava a abordagem ditatorial e exigente do então diretor musical da orquestra, preferindo a maneira gentil de reger de Bruno Walter. Segundo ele, Walter fazia cada músico sentir-se importante.
Entre as suas gravações mais famosas se encontram peças como ‘La mer’, de Debussy, as Sinfonias Nos. 3 e 5 de Beethoven, algumas das sinfonias de Mahler, as três últimas sinfonias de Bruckner. Óperas também eram importantes em seu repertório e as gravações de Don Giovanni, As Bodas de Fígaro, de Mozart, e Rigoletto e Falstaff de Verdi, vêm facilmente à memória. O Requiem de Verdi é também uma das gemas de sua discografia.
As peças que estão reunidas neste álbum foram lançadas originalmente em diferentes LPs. O denominador comum aqui é a orquestração de Maurice Ravel. A orquestração feita por Ravel do original Os Quadros de Uma Exposição, para piano, de Modest Mussorgsky, era tocada com frequência por Giulini. Realmente, esta peça pode ser usada para convencer pessoas que não têm o hábito de ouvir música ‘erudita’ a se aventurar nestas veredas. O movimento de abertura, Promenade, é uma daquelas músicas que gruda na nossa memória musical e como é repetida ao longo do passeio para vermos os quadros, acaba ficando de vez na nossa mente.
Para completar o programa, a suíte ‘Ma Mère l’Oye’, que nos leva para o mundo dos Contos de Fadas e a magia de Ravel permite nossa imaginação alçar grandes voos. E ainda há espaço para a Rapsódia Espanhola, que nos transporta diretamente para uma Espanha mítica, com seus jardins, perfumes e sons.
As duas orquestras – Chicago Symphony e Los Angeles Philharmonic foram dirigidas por Giulini e essas gravações mostram o quanto foi frutífera essa relação.
Modest Mussorgsky (1839 – 1881)
Quadros de Uma Exposição (Orquestração de Maurice Ravel)
Promenade
Gnomus
Promenade
Il vecchio castello
Promenade
Tuileries
Bydlo
Promenade
Ballet des Petits Poussins dans leurs Coques
Samuel Goldenberg und Schmuyle
Limoges: Le Marché & Catacombae: Sepulchrum Romanum
Cum mortuis in lingua mortua
La Cabane de Baba-Yaga sur des Pattes de Poule & La Grande Porte de Kiev
Dando continuidade à postagem da primeira integral das sonatas de Beethoven que Claudio Arrau gravou em 1964, trago algumas Sonatas fundamentais nestes três CDs, como a “Sonata ao Luar”, a “Pastoral” e a “Tempestade”. Se Beethoven só tivesse escrito estas três peças, com certeza seu nome já estaria inscrito no panteão dos grandes gênios da humanidade. Felizmente, para nós, ele viveu para escrever outras obras primas.
Admiro Claudio Arrau por seu pleno domínio do instrumento, e claro, da própria obra. Era um especialista neste repertório, e com certeza foi um dos maiores intérpretes do gênio de Bonn no século XX.
Então vamos ao que viemos.
CD 4
01. Piano Sonata #10 In G, Op. 14-2 – 1. Allegro
02. Piano Sonata #10 In G, Op. 14-2 – 2. Andante
03. Piano Sonata #10 In G, Op. 14-2 – 3. Scherzo Allegro Assai
04. Piano Sonata #11 In B Flat, Op. 22, ‘Grand’ – 1. Allegro Con Brio
05. Piano Sonata #11 In B Flat, Op. 22, ‘Grand’ – 2. Adagio Con Molta
06. Piano Sonata #11 In B Flat, Op. 22, ‘Grand’ – 3. Minuetto
07. Piano Sonata #11 In B Flat, Op. 22, ‘Grand’ – 4. Rondo Allegretto
08. Piano Sonata #12 In A Flat, Op. 26, ‘Funeral March’ – 1. Andante C
09. Piano Sonata #12 In A Flat, Op. 26, ‘Funeral March’ – 2. Scherzo
10. Piano Sonata #12 In A Flat, Op. 26, ‘Funeral March’ – 3. Marcia Fu
11. Piano Sonata #12 In A Flat, Op. 26, ‘Funeral March’ – 4. Allegro
CD 5
01. Sonata No. 13 in E flat major, op. 27 no. 1 – I. Andante – Allegro – Tempo I
02. Sonata No. 13 in E flat major, op. 27 no. 1 – II. Allegro molto e vivace
03. Sonata No. 13 in E flat major, op. 27 no. 1 – III. Adagio con espressione
04. Sonata No. 13 in E flat major, op. 27 no. 1 – IV. Allegro vivace – Tempo I –
05. Sonata No. 14 in C sharp minor, op. 27 no. 2 ”Moonlight” – I. Adagio sostenuto
06. Sonata No. 14 in C sharp minor, op. 27 no. 2 ”Moonlight” – II. Allegretto
07. Sonata No. 14 in C sharp minor, op. 27 no. 2 ”Moonlight” – III. Presto
08. Sonata No. 15 in D major, op. 28 ”Pastoral” – I. Allegro
09. Sonata No. 15 in D major, op. 28 ”Pastoral” – II. Andante
10. Sonata No. 15 in D major, op. 28 ”Pastoral” – III. Scherzo (Allegro assai)
11. Sonata No. 15 in D major, op. 28 ”Pastoral” – IV. Rondo (Allegro ma non tro
CD 6
01. Sonata No. 16 in G major, op. 31 no. 1 – I. Allegro vivace
02. Sonata No. 16 in G major, op. 31 no. 1 – II. Adagio grazioso
03. Sonata No. 16 in G major, op. 31 no. 1 – III. Rondo (Allegretto)
04. Sonata No. 17 in D minor, op. 31 no. 2 ”The Tempest” – I. Largo – Allegro
05. Sonata No. 17 in D minor, op. 31 no. 2 ”The Tempest” – II. Adagio
06. Sonata No. 17 in D minor, op. 31 no. 2 ”The Tempest” – III. Allegretto
07. Sonata No. 18 in E flat major, op. 31 no. 3 – I. Allegro
08. Sonata No. 18 in E flat major, op. 31 no. 3 – II. Scherzo (Allegretto vivace)
09. Sonata No. 18 in E flat major, op. 31 no. 3 – III. Menuetto (Moderato e grazi
10. Sonata No. 18 in E flat major, op. 31 no. 3 – IV. Presto con fuoco
As Sinfonias de Beethoven foram fonte de grande inspiração para Brahms, mas também foram motivo de um certo desencorajamento. Aproximar-se dos padrões estabelecidos por estas obras maravilhosas parecia impossível. Ele teria afirmado: ‘Eu nunca escreverei uma sinfonia’. Mas a criatividade venceu as barreiras internas e o enorme senso autocrítico, resultando em uma sinfonia muito especial. Aos 43 anos, após ter criado obras primas em muitos outros gêneros, Brahms completou sua Primeira Sinfonia. Uma vez vencida a primeira barreira, mais outras três sinfonias seguiram num período de aproximadamente dez anos.
Paavo tentando descobrir qual oboé antecipou a sua entrada…
É este conjunto de obras primas que temos aqui, na interpretação segura e direta de Paavo Berglund, regendo o excelente grupo de músicos que forma a COE, Chamber Orchestra of Europe. Esta orquestra sob a regência de Nikolaus Harnoncourt nos deixou um ótimo registro das Sinfonias de Beethoven. Agora, com selo Ondine e ótima produção de Andrew Keener temos as Sinfonias de Brahms.
A formação com um número menor de músicos nas seções de cordas tem beneficiado muito as gravações das Sinfonias de Brahms, como aconteceu, por exemplo, no caso de Charles Mackerras e a Scottish Chamber Orchestra. Os diferentes grupos de instrumentos têm igual oportunidade de brilhar, resultando em uma performance ágil e equilibrada. Os movimentos lentos também estão muito bem apresentados, nos quais o discurso musical se desenvolve com fluência e elegância. Resumindo, temos uma clássica apresentação destas quatro lindas sinfonias.
Johannes Brahms (1833 – 1897)
CD1
Sinfonia No. 1 em dó menor, op. 68
Um poco sostenuto – Allegro
Andante sostenuto
Um poco allegretto e grazioso
Adagio non troppo ma con brio
CD2
Sinfonia No. 2 em ré maior, op. 73
Allegro non troppo
Adagio non troppo
Allegro grazioso (Quase Andantino) – Presto ma non assai
Eu não vou jogar fora meus discos do Günter Wand regendo a NDR Orchestra ou os do Bernstein regendo a opulenta Wiener Philharmoniker, mas ouvir a interpretação do Berglund de quando em vez me dará muito prazer. Espero que o mesmo aconteça com você…
Se havia quaisquer dúvidas de que Ludwig van Beethoven – pianista virtuoso de fama consolidada em Viena, professor de piano requisitado e compositor crescentemente reconhecido – pretendia romper com tradições para fazer ouvir sua voz altamente individual, elas dissiparam-se quando, aos 26 anos, ele publicou a Sonata em Op. 7. Composta durante uma visita a Pressburg (hoje Bratislava, Eslováquia), estava entre as obras preferidas de Beethoven, que quis deixar isso claro ao dar-lhe um número próprio de opus, lançando-a separadamente, e não em dupla ou trinca, que era a praxe da época. De lambujem, chamou-a de “Grande Sonata”, título que lhe é muito apropriado, tanto pela duração – a segunda mais longa entre suas sonatas, menor somente que a transcendental “Hammerklavier” – quanto pelo escopo grandioso da obra, especialmente se a comparamos às sonatas anteriores do Op. 2. Ainda que nela haja muito pouco que fizesse imaginar o que viria com as vinte e oito sonatas seguintes, o abismo que a separa das Op. 2 só não é menor que aquele entre ela e a três sonatas do Op. 10 – a terceira das quais abre esta gravação, e que serão objeto de uma postagem específica.
Para encerrar, uma “Appassionata” sem-cerimoniosa e atenta à partitura, carregando as marcas registradas da canadense Angela Hewitt, que, depois levar ao disco e às salas de concerto de todo mundo interpretações de Bach que já nasceram clássicas, voltou-se para as sonatas do renano com toda bagagem de clareza, respeito às intenções do compositor e rejeição ao bravado amealhados na larga experiência de interpretação das obras do Maior de Todos. Apesar de nunca ter prometido a integral das trinta e duas sonatas, Hewitt já está há mais de década e no oitavo volume deste afã e, através do bonito som de seus queridos pianos Fazioli, propõe-nos uma refrescante maneira de ouvir Beethoven.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Três Sonatas para piano, Op. 10 No. 3 em Ré maior Composta entre 1797-8 Publicada em 1798 Dedicada à condessa Anna Margaret von Browne
1 – Presto
2 – Largo e mesto
3 – Menuetto. Allegro
4 – Rondo: Allegro
Grande Sonata para piano em Mi bemol maior, Op. 7 Composta entre 1797-8 Publicada em 1798 Dedicada à condessa Babette von Keglevics
5 – Allegro molto e con brio
6 – Largo, con gran espressione
7 – Allegro
8 – Rondo: Poco allegretto e grazioso
Sonata para piano em Fá menor, Op. 57, “Appassionata” Composta entre 1804-5 Publicada em 1807 Dedicada ao conde Franz von Brunsvik
9 – Allegro assai
10 – Andante con moto
11 – Allegro ma non troppo – Presto
Este disco segue uma tradição que pode andar um pouco desatualizada – coleção de árias famosas – mas sempre faz sucesso e emplaca grandes vendas.
Foi ouvindo discos como este que passei a me interessar e a gostar de ópera.
Há casos em que o disco reúne mais do que um compositor, em função do repertório do cantor. Este segue a linha de árias de um só compositor, no caso Mozart. O acompanhamento é por uma das melhores orquestras especializadas em música barroca e clássica: a Freiburger Barockorchester, regida pelo também violinista Gottfried von der Goltz.
O cantor está em evidência no momento – Christian Gerhaher – especialista em Lieder, mas como deixa claro este álbum, também ótimo cantor de ópera.
O repertório é magnífico. Como especial bônus, entremeada entre as árias, a Sinfonia No. 36 em dó maior – Linz – maravilhosa!
Os seus movimentos funcionam como intermezzos e mostra que a orquestra é mesmo excelente em território mozartiano.
Difícil escolher a ária mais bonita. Várias de Don Giovanni, tais como a ária do catálogo, que abre o disco, e a serenata que o Don faz sob a janela da donzela acompanhante de Dona Elvira. Nela ele revela seu lado absolutamente sedutor.
A chamada Ária da Champagne, a terceira do disco, é um autorretrato exato de Don Giovanni. É um tour de force, brilhante e superficial, mas que por isso precisa ser curta, menos do que minuto e meio. Apesar disso, ela permanece ressoando em nossos ouvidos. Gênio!
Mais à frente haverá outra ária do Don, agora revelando seu caráter dissimulado, de quem não assume seus maus atos.
Outro aspecto genial das óperas de Mozart que este disco revela é o contraponto que há entre os personagens. Há o nobre e o plebeu. Plebeus são Fígaro, Leporello, Papageno. O conde e o Don representam os nobres, e representam bem demais, pois revelam um caráter pouco idôneo. (Ah, Beaumarchais…) O conde Almaviva (mal tem seu nome citado em toda a ópera) consegue redenção, mas o Don Giovanni recebe punição capital.
Um pouco diferente das outras óperas, que tem seus personagens centrais, Così fan tutte é ópera de conjunto. Não há um personagem que se destaca sobre os outros, mas um conjunto de cantores com núcleo no quarteto de mocinhos e mocinhas e o cético Don Alfonso. As árias deste disco são de um dos mocinhos, o de voz mais grave, Guglielmo.
Temos assim um recorte do maravilhoso universo das Óperas de Mozart, servindo como um instigante abridor de apetite.
Somam à beleza deste álbum o bandolim de Avi Avitar e o acompanhamento em pianoforte de Kristian Bezuidenhout.
Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)
Don Giovanni, K. 527
No. 4 Aria: “Madamina, il catalogo è questo” (Leporello)
No. 16 Canzonetta: “Deh, vieni alla finestra” (Don Giovanni)
Joelle Harvey como Susanna e Christian Gerhaher como Figaro
Há quem torça o nariz para um disco como este, preferindo ouvir as árias no contexto da ópera toda. Este disco seria como seguir em uma mesa de sobremesas pegando apenas as cerejas que estão sobre os bolos… Mas, quem liga?
Portanto, deixe os preconceitos de lado, baixe logo o disco e ouça muitas vezes.
Diferentemente da postagem anterior, com obras e performances eletrizantes, chego a um capítulo da obra do mestre renano que não me desperta muito entusiasmo. Suas peças para duo pianístico, que cabem todas num só disco, já foram postadas anteriormente no PQP Bach e mereceram, na ocasião, um meu comentário modorrento. Admito que talvez não esteja sendo justo com criações despretensiosas que não foram destinadas a causar estupor nos palcos, nas mãos de virtuoses, nem a estimular impulsos mecenáticos entre nobres endinheirados, e sim aos amadores em suas residências. Instrumentos de teclado eram crescentemente mais comuns nos lares, e a música para piano a quatro mãos – fosse ela original, ou arranjada para duo a partir de obras para conjuntos maiores – era um veículo importante de divulgação de composições naquela época em que o acesso a concertos ainda era mormente um privilégio e as gravações não estavam sequer na ficção científica, porque, talvez, nem ficção científica existisse.
A singela sonata Op. 6, uma das mais curtas entre as sonatas de Beethoven, com suas figurações simples que se dividem e repetem entre as quatro mãos, foi certamente dedicada ao estudo e à prática de conjunto. As simpáticas, despreocupadas Marchas, Op. 45, são de interesse um pouco maior, e ficam mesmo intrigantes quando se sabe que foram compostas em torno do período de desespero em Heiligenstadt, que culminou com o famoso testamento que algum dia abordaremos nesta série. Completam a gravação obras de fases contrastantes da carreira do compositor: aquela sobre um tema do Conde Waldstein (WoO 67), seu patrono em Bonn, datam, naturalmente, de seus últimos anos na cidade natal, e são interessantes pelas sugestões de colorido orquestral; as variações sobre sua canção “Ich denke dein” (WoO 74) foram dedicadas em Viena às condessas Therese e Josephine von Brunsvik, quase que certamente para o uso das moças (e, provavelmente, para impressioná-las); e a transcrição da Grande Fuga (Op. 134; originalmente o finale do quarteto de cordas, Op. 130, e editada em separado como Op. 133), que foi a última obra pianística que publicou. Muito me intrigam os motivos que levaram a este arranjo da mais radical e visionária das obras de Beethoven, recebida com reações que variavam entre a estranheza e as conjecturas de que o compositor enlouquecera, para um meio tão burguesmente doméstico como o do piano a quatro mãos. Enquanto o escutava, a preparar este texto, percebi pela primeira vez que a falta dos ataques furiosos às cordas, tão essenciais ao impacto da versão original, permitia uma percepção mais clara das vozes e da magistral transfiguração delas dentro do modo beethoveniano de tratar as leis da fuga. A obra futurística e iracunda para quarteto de cordas fica mais transparente e, voilà – 1 x 0 para você, velho Ludwig!
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Sonata em Ré maior para piano a quatro mãos, Op. 6
1 – Allegro molto
2 – Rondo. Moderato
Três Marchas para piano a quatro mãos, Op. 45
3 – No. 1 em Dó maior
4 – No. 2 em Mi bemol maior
5 – No. 3 em Dó maior
Oito Variações em Dó maior para piano a quatro mãos sobre um tema do Conde Waldstein, WoO 67
6 – Thema. Andante con moto – Variationen I-VIII
Seis Variações em Ré maior sobre a canção “Ich denke Dein”, de Beethoven, WoO 74
7 – Thema. Variationen I-VI
Grande Fuga em Si bemol maior para piano a quatro mãos, Op. 134
8 – Overtura. Allegro – Fuga. Allegro – Meno mosso e moderato – Allegro – Allegro molto e con brio – Allegro molto e con brio
Meus desimportantes resmungos quanto à obra de Beethoven para duo pianístico não me permitiram a gentileza de apresentar os intérpretes da gravação no corpo do texto. Acredito que o ilustre Jörg Demus (1928-2019) recentemente falecido, dispense apresentações. Norman Shetler (1931) nasceu nos Estados Unidos, vive na Áustria há décadas, é recitalista, requisitado acompanhante de cantores e instrumentistas, e famoso marionetista. Ei-lo, com um amigo, nesta última função
Il Serpente di Bronzo, ZWV 61 é uma belíssima cantata sacra composta pelo tcheco Jan Dismas Zelenka (1679-1745). Foi escrita em 1730 e apresentada pela primeira vez em Dresden. O libreto usado é uma história bíblica ligeiramente modificado por Zelenka. É cantada em italiano e não é tradicional pelo fato de que Deus tem várias passagens na cantata. A história é a do povo judeu que viaja do Egito para a Terra Prometida. Três judeus — Azaria, Egla e Namuel — estão cansados por terem que fazer uma jornada tão longa e começam a reclamar. Isso irrita Deus, que envia mil cobras para atormentar os blasfemadores. Moisés pede perdão e Deus manda que se lance uma serpente de bronze, daí o nome Il Serpente di Bronzo. Quem é mordido por uma cobra e vê a serpente de bronze será salvo. O fim da cantata é uma repetição do início.
Zelenka foi contratado como contrabaixista na capela da corte de Dresden em 1710, e estudou com o maestro da corte imperial Johann Joseph Fux em Viena de 1716 a 1719, depois retornando à sua posição em Dresden. Ele assumiu cada vez mais os cultos da igreja e também emergiu como compositor. Em 1730, entregou seu oratório (ou cantata) Il serpente di bronzo para a Semana Santa. Em 1736 ele foi nomeado “Kirchen-Compositeur”.
Aqui, são particularmente impressionantes a ária de Deus (cantada por Peter Kooij) e a oração de Moisés, a quem o tenor Jaroslav Brezina empresta sua voz. O Inégal, sob a condução de Adam Viktora, demonstra o mais alto nível na prática da música historicamente informada.
Jan Dismas Zelenka (1679–1745): Il Serpente Di Bronzo
“Claudio Arrau nasceu em Chillán, Chile, filho de Carlos Arrau, oftalmologista que morreu quando Cláudio tinha apenas um ano de idade, e Lucrecia León Bravo de Villalba, professora de piano. Ele pertencia a uma antiga e proeminente família do sul do Chile. Seu ancestral Lorenzo de Arrau, um engenheiro espanhol, foi enviado ao Chile pelo rei Carlos III da Espanha. Através de sua bisavó, Maria del Carmen Daroch del Solar, Arrau era um descendente dos Campbells de Glenorchy, uma família nobre escocesa. Arrau foi criado como católico, mas desistiu no final da adolescência.
Arrau era uma criança prodígio e sabia ler música antes de ler palavras, mas, ao contrário de muitos virtuosos, não havia um músico profissional em sua família. Sua mãe era uma pianista amadora e o apresentou ao instrumento. Aos 4 anos de idade, ele estava lendo as sonatas de Beethoven e fez seu primeiro concerto um ano depois.Quando Arrau completou 6 anos, fez um teste na frente de vários congressistas e do Presidente Pedro Montt, que ficou tão impressionado que começou a providenciar a educação futura de Arrau. Aos 8 anos, Arrau recebeu uma concessão de dez anos do governo chileno para estudar na Alemanha, viajando com sua mãe e irmã Lucrecia. Ele foi admitido no Conservatório Stern de Berlim, onde acabou se tornando aluno de Martin Krause, que estudara com Franz Liszt. Aos 11 anos, Arrau tocou o “Transcendental Etudes” de Liszt, uma das obras mais difíceis para piano, bem como as Variações Paganini de Brahms. As primeiras gravações de Arrau foram feitas em rolos de música para piano de jogadores eólios da Duo-Art. Krause morreu em seu quinto ano de ensino a Arrau, deixando o estudante de 15 anos arrasado pela perda de seu mentor; Arrau não continuou o estudo formal depois desse ponto.
Em 1935, Arrau rendeu-se à obra para teclado de Johann Sebastian Bach ao interpretá-la em 12 recitais. Em 1936, Arrau interpretou toda a obra pianística de Mozart em cinco recitais e seguiu com os ciclos completos de Schubert e Weber. Em 1938, pela primeira vez, foi a vez de Beehoven, vindo a apresentar toda a sua obra na Cidade do México. Arrau repetiu isso várias vezes em sua vida, inclusive em Nova York e Londres. Ele se tornou uma das principais autoridades de Beethoven no século 20.
Em 1937, Arrau casou-se com a mezzo-soprano alemã Ruth Schneider (1908–1989). Eles tiveram três filhos: Carmen (1938–2006), Mario (1940–1988) e Christopher (1959). Em 1941, a família Arrau emigrou da Alemanha para os Estados Unidos, estabelecendo-se em Douglaston, Queens, Nova York, onde Arrau passou os anos restantes. Ele se tornou um cidadão norte-americano em 1979.
Arrau morreu em 9 de junho de 1991, aos 88 anos de idade, em Mürzzuschlag, na Áustria, devido a complicações de uma cirurgia de emergência realizada em 8 de junho para corrigir um bloqueio intestinal. Seus restos mortais foram enterrados em sua cidade natal, Chillán, Chile.”
Com esta pequena biografia, livremente traduzida e adaptada da WIKIPEDIA, do grande pianista chileno Claudio Arrau dou por iniciada as minhas postagens dedicadas aos 250 anos do nascimento de Beethoven. Esta integral das Sonatas para Piano que ora vos trago foi gravada em 1964.
Piano Sonata No. 1 In F Minor, Op. 2, No. 1
1.1. Allegro
2.2. Adagio
3.3. Menuetto (Allegretto)
4.4. Prestissimo Piano Sonata No. 2 In A Major, Op. 2, No. 2
5.1. Allegro vivace
6.2. Largo appassionato
7.3. Scherzo (Allegretto)
8.4. Rondo (Grazioso) Piano Sonata No. 3 In C Major, Op. 2, No. 3
9.1. Allegro con brio
10.2. Adagio
11.3. Scherzo (Allegro)
12.4. Allegro assai
CD 2
Piano Sonata No. 4 In E Flat Major, Op. 7
1.1. Allegro molto e con brio
2.2. Largo, con gran espressione
3.3. Allegro
4.4. Rondo (Poco allegretto e grazioso) Piano Sonata No. 5 In C Minor, Op. 10, No. 1
5.1. Allegro molto e con brio
6.2. Adagio molto
7.3. Finale (Prestissimo)
CD 3
Piano Sonata No. 6 In F Major, Op. 10, No. 2
1.1. Allegro
2.2. Allegretto
3.3. Presto Piano Sonata No. 7 in D Major, Op.10, No.3
4.1. Presto
5.2. Largo e mesto
6.3. Menuetto (Allegro)
7.4. Rondo (Allegro) Piano Sonata No. 8 in C Minor, Op. 13 “Pathétique”
8.1. Grave – Allegro di molto e con brio9:04
9.2. Adagio cantabile
10.3. Rondo (Allegro) Piano Sonata No. 9 In E Major, Op. 14, No. 1
11.1. Allegro
12.2. Allegretto
13.3. Rondo (Allegro comodo)
Nas sonatas para violoncelo de quase todo o barroco até aquelas de Boccherini, o teclado limitava-se ao acompanhamento em baixo-contínuo de um solista que, normalmente, tentava aprontar algo no registro agudo do instrumento, sem que houvesse nelas, praticamente, uma parte para teclado independente. Os grandes Mozart e Haydn, modelos mais importantes para o jovem Beethoven, deram completamente de ombros ao violoncelo como solista em música de câmara, muito por conta das limitações dos instrumentos de antanho, cujo som tendia a ser abafado pelos pianos nos registros graves, o que desestimulava quaisquer intenções virtuosísticas. No entanto, os luthiers do final do século XVIII fizeram o violoncelo evoluir enormemente, de modo que, quando da visita de Beethoven à corte de Berlim em 1796, havia já um bom número de solistas de renome no instrumento outrora tido somente como um grave e modesto acompanhante. E, assim como aconteceria depois com o violinista Bridgetower e a sonata “Kreutzer”, foi um encontro de virtuoses a centelha para a criação intempestiva de uma obra revolucionária – no caso, de Beethoven com os irmãos Jean-Pierre e Jean-Louis Duport, primeiro e segundo violoncelistas da corte da Prússia, encabeçada ela própria por um violoncelista amador, o rei Friedrich Wilhelm II. Entusiasmado com o que ouviu dos irmãos, Ludwig escreveu com rapidez este par de sonatas, no que certamente contou com a consultoria dos virtuoses franceses, e estreou-as ainda na corte, tocando ele próprio a elaborada, independente parte do piano, inventando assim, praticamente sozinho, a sonata clássica para violoncelo e piano.
Se as sonatas têm tantos nomes e sobrenomes ilustres envolvidos em sua gênese, há bastante mistério sobre quem inspirou as três séries de variações para violoncelo e piano compostas por Beethoven, duas das quais estão incluídas neste disco. As exigências técnicas, bem menores que aquelas das sonatas, deixam-nas ao alcance de competentes amadores, e é bastante provável que tenham sido escritas por encomenda para alguns deles, inda mais por conta dos populares temas que lhes servem de base. A série mais interessante, aquela sobre o tema de “Judas Maccabaeus” de Händel, atesta o vivo interesse de Beethoven na música do saxão, que descobrira através de um de seus patronos, o barão von Swieten, e que o inspiraria ainda por muito tempo, como atesta a citação bastante conspícua e literal dum tema do “Messiah” na Missa Solemnis, já no final de sua carreira.
Cresci ouvindo essas sonatas com tantos ótimos duos (Rostropovich/Richter, Fournier/Gulda, Maisky/Argerich) que ficou difícil escolher um só deles para compartilhar com os leitores-ouvintes. Optei pelo que talvez é o menos conhecido entre os de excelência, o do violoncelista neerlandês Pieter Wispelwey e do pianista croata Dejan Lazić. Li em algum lugar que Wispelwey é um dos precursores da geração de generalistas-especialistas, por estar à vontade tanto com as cordas de tripa e a música antiga quanto com aquelas de aço na música moderna. Aqui, com um violoncelo Guadagnini e cordas de aço, ele dialoga maravilhosamente com o ótimo Lazić, que não nos deixa esquecer o apreço com que Beethoven, então mais conhecido como pianista do que como compositor, escrevia para brilhar nas partes destinadas a ele mesmo. Mesmo para quem já as conhece bem, as sonatas soam como novidades excitantes e equilibradas – e as variações, que mesmo sob arcos e mãos ilustres tendem a aborrecer um tanto, cintilam à altura de quem as escreveu.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Duas Sonatas para violoncelo e piano, Op. 5
No. 1 em Fá maior
1 – Adagio sostenuto
2 – Allegro
3 – Rondo: Allegro vivace
Doze Variações em Fá maior sobre “Ein Mädchen oder Weibchen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart, para violoncelo e piano, Op. 66
4 – Thema
5-16 – Variationen 1-12
Duas Sonatas para violoncelo e piano, Op. 5
No. 2 em Sol menor
17 – Adagio sostenuto ed espressivo
18 – Allegro molto più tosto presto
19 – Rondo: Allegro
Doze Variações em Sol maior sobre “See the conqu’ring hero comes”, do Oratório “Judas Maccabaeus” de Händel, para violoncelo e piano, WoO 45
20 – Thema
21-32 – Variationen 1-12
#BTHVN250, por René DenonUma ótima interpretação do Op. 5 com instrumentos antigos: a de Alberto Kanji e Liliane Kans, uma produção independente lançada pela Tratore. Para acessar links para a compra, clique na imagem
Inspirado pela postagem da Misa Criolla pelo amigo Avicenna, apresento-lhes a Missa Indígena Kewere da pesquisadora, compositora e cantora indigenista Marlui Miranda.
Tive a oportunidade de apreciar a Missa Kewere em julho de 1997, numa transmissão ao vivo da TV Cultura , direto da Catedral da Sé de São Paulo, em comemoração ao IV Centenário de Morte de José de Anchieta. A Catedral estava completamente tomada pelo povo, com a presença de representantes das nações indígenas, do Governador do Estado, do Presidente da República e do Cardeal Arns. Fiquei apaixonado logo de cara pelas melodias e pela linguagem indígena.
Para falar sobre a obra, nada melhor que as palavras da própria compositora cearense, em texto extraído do encarte do cd.
Muitas missas étnicas foram compostas, tais como a “Missa Creolla”, a “Missa da Terra Sem Males”, “Missa Yoruba”. A Missa Kewere assume os ingredientes culturais dos índios amazônicos brasileiros, distantes de uma tradição musical erudita.
Em Kewere, a idéia central é a contraposição de crenças: de um lado, cantos de pajés; de outro, versos cristãos de José de Anchieta e textos da liturgia acomodados dentro da mesma trama composicional. Os cantos indígenas selecionados são de natureza solene, lírica, portanto dignificam e são adequados para serem interpretados por orquestra sinfônica e grande coro sinfônico. Assim, a escolha desta formação pareceu-me pertinente à ideia da catequese, da conversão dos índios a uma religião européia. A língua tupi ancestral unifica a composição como um todo.
Ao mesmo tempo que o “oratório” nos distancia das origens deles, nos aproxima misteriosamente, porque uma parte da interpretação vocal é feita de maneira étnica, evocando personagens indígenas, vozes esquecidas no passado da catequese. Assim, no Kyerie, a índia canta à sua maneira, misturando duas crenças: “Kyrie Eleyson… Tupã oré r-ausubar iepé… Tupã Eleyson…”, enquanto, paralelamente, acontece um canto “gregoriano” e um canto de “nominação”, este último explicado como uma espécie de “batismo”, inspirado na tradição indígena.
Kewere é uma composição de equilíbrio delicado, em que procurei adequar o sentido poético dos Aruá, dos Tupari, dos Urubu-Kaapor. Estes cantos são tão leves e frágeis quanto os espíritos que os trouxeram através do mundo dos sonhos. É nesta estrutura leve que pousam os versos de José de Anchieta.
Marlui Miranda
.oOo.
01. Canto de Entrada
Música: Marlui Miranda
(adaptada dos cantos dos índios Aruá)
Texto: José de Anchieta
extraído de Dia da Assunção, quando levaram sua imagem a Reritiba, v.v. 45 séc.XVI
Arranjo: Nelson Ayres
2. Kyrie
Música: Marlui Miranda
Traduzido para o tupi por: Eduardo Navarro
Arranjo: Marlui Miranda
Percussão: Paolo Vinaccia
Teclado: Bugge Wesseltoft
3. Glória
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Tupari
Texto: José de Anchieta
extraído de Pitãngi Porãgeté, v.v. 18 e 36 séc. XVI
Arranjo: Marlui Miranda
4. Aleluia: Aclamação do Evangelho
Música: Marlui Miranda
Texto: José de Anchieta
extraído de Tupána Kuápa, v.v. 39 séc. XVI
Arranjo: Marlui Miranda
5. Credo
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Urubu-Kaapor
Texto: José de Anchieta
extraído de Em Deus, Meu Criador, v.v. 1, 8 e 29, séc. XVI
Piano e Teclado: Bugge Wesseltoft
Baixo Acústico: Rodolfo Stroeter
Percussão: Paolo Vinaccia
6. Ofertório
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Aruá
Traduzido para o tupi por: Eduardo Navarro
Arranjo: Caíto Marcondes
Teclado: Bugge Wesseltoft
7. Pai Nosso
Música: Marlui Miranda
Texto extraído do Catecismo da Língua Brasílica séc. XVI
Arranjo: Mateus Hélio
8. Agnus Dei
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Aruá
Texto: José de Anchieta
extraído de Pitãngi Porãgeté, v.v. 92-95 e de Polo Moleiro, v.v. 122-125
Arranjo: Nelson Ayres
9. Comunhão
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Urubu-Kaapor
Texto: José de Anchieta
extraído de Santíssimo Sacramento, séc. XVI
Arranjo Coral: Marlui Miranda
Piano e Teclado: Bugge Wesseltoft
Baixo Acústico: Rodolfo Stroeter
Percussão: Paolo Vinaccia
10. Ação de Graças
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Urubu-Kaapor
Traduzido para o tupi por: Eduardo Navarro
Arranjo: Marlui Miranda
Percussão: Paolo Vinaccia
11. Canto Final
Música: Marlui Miranda
adaptada dos cantos dos índios Aruá
Texto: José de Anchieta
extraído de Dia da Assunção, quando levaram sua imagem a Reritiba, v.v. 90-98 séc.XVI
Arranjo: Ruriá Duprat
Piano e Teclado: Bugge Wesseltoft
Concepção e Composição de Marlui Miranda, adaptada da música dos índios, Aruá, Tupari e Urubu-Kaapor
Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo
Coral Sinfônico do Estado de São Paulo
Coral IHU
Regência: Maestro Aylton Escobar
Diferentemente dos trios para piano e quartetos para cordas, aos quais Beethoven dedicou-se ao longo de toda a vida, e ao breve surto de produção de trios para cordas no início da carreira, o quinteto para cordas não despertou muito o interesse do mestre. De suas três composições no gênero, todas com duas violas, apenas aquela do Op. 29 foi originalmente composta para a formação. As outras duas, que hoje apresentamos, são versões de obras anteriores – muito embora o número de opus do quinteto em si bemol maior, op. 4, publicado em 1796, não nos faça imaginar que ele seja uma adaptação bastante retrabalhada do octeto na mesma tonalidade, op. 103, editado somente em 1834, sete anos após a morte do compositor. Apesar da atraente variedade tímbrica da obra póstuma, o Op. 4 é melhor acabado que o original, especialmente nas transições de temas dos movimentos inicial e final. Com o Op. 104, ocorre o contrário: trata-se de uma transcrição mormente literal de um dos trios com piano do Op. 1, que foi uma das primeiras obras publicadas pelo compositor, e com bastante êxito, depois de chegar a Viena, e justamente aquele que foi mais criticado por Haydn, então seu professor. No final da carreira, Beethoven recorreu frequentemente ao expediente de publicar arranjos de obras antigas, contando com a boa acolhida por conta de sua já estabelecida fama como maior compositor vivo, especialmente nas épocas de vacas magras e de tormentas pessoais: em 1819, ano em que publicou o Op. 104, estava envolvido com a interminável composição da Missa Solemnis e, muito dolorosamente, com a disputa pela custódia do sobrinho Karl com a odiada cunhada Johanna, aquela mesma que foi designada como a incógnita “Amada Imortal” do compositor na película homônima de 1994, uma conclusão tão bizarra que só poderia ser produto do tubo digestivo de alguém – no caso, de um atochador como Anton Schindler, o factotum de Beethoven que faz as vezes de investigador no filme.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Schindler, o atochador
Quinteto para dois violinos, duas violas e violoncelo em Mi bemol maior, Op. 4 (adaptação do octeto para sopros, Op. 103)
1 – Allegro con brio
2 – Andante
3 – Menuetto: Allegretto – Trio I & II
4 – Finale: Presto
Quinteto para dois violinos, duas violas e violoncelo em Dó menor, Op. 104 (adaptação do trio para piano, violino e violoncelo, Op. 1 no. 3)
5 – Allegro con brio
6 – Andante cantabile con Variazioni
7 – Minuetto. Quasi allegro
8 – Finale. Prestissimo
Zürcher Streichquintett (Quinteto de cordas de Zurique)
Parem tudo o que estiverem fazendo. Deixem as compotas de figo descansarem um pouco mais em seus vidros. Esperem as mangas amadurecerem um pouco mais antes de colhê-las. As flores esperarão uma hora e meia mais antes de serem regradas, elas não se importarão. Simplesmente sente-se no batente da porta que dá para o quintal, aumente e aumente o som: Zhu Xiao-Mei vai tocar as Variações do Grande Bach.
Ouça, não se preocupe, o tempo passará sem que você se dê conta! Você poderá então retomar as coisas que tinha para fazer.
Eu não sei quantas versões destas variações já ouvi, algumas talvez melhores do que esta e ainda muitas outras virão. Mas, hoje, neste momento, esta interpretação soa-me como a mais urgente, mais intensa.
Ainda postarei outras gravações desta obra e então falarei das belezas de uma ou outra das variações, como aquela chamada ‘Pérola Negra’, e de como este nome me faz pensar nelas como em um colar, onde a ária no início e, de novo, no final, no derradeiro de todo o universo que passou, fazem o papel das duas metades do fecho.
Nestas outras postagens que farei falarei da variação de número 16, chamada ‘Ouverture’, como se o caprichoso mago compositor nos dissesse – ‘como isto é um círculo, o começo pode estar em qualquer parte…’
Hoje apenas vos peço que ouçam as Variações Goldberg, da Xiao-Mei (ouso chamá-la pelo primeiro nome), sem pensar nas outras que você conhece. Apenas deixe que ela conte como naqueles dias ela as interpretava. Será uma maravilhosa maneira de usar bem seu tempo.
Outro CD da série ‘Meus CDs Mais Queridos’! Com Robert Schumann estamos em pleno romantismo. O compositor hesitou entre a literatura e a música e foi também crítico musical.
Neste álbum temos três coleções de peças para piano típicas do romantismo. Elas não têm uma forma definida com uma sonata e mais parecem uma série de improvisações, sob diferentes inspirações. A palavra ‘sonhadoramente’ vem à nossa mente o tempo todo e inclusive um dos nomes das peças das Kinderszenen é Träumerein.
A literatura está presente na inspiração e no nome da última série do álbum – Kreisleriana – que faz referência a Johannes Kreisler, o nome de um personagem músico de alguns contos de E.T.A. Hoffmann.
Romantismo também paira sobre a vida do compositor, que escreveu estas peças enquanto estava apaixonado por Clara e sofria oposição ferrenha do pai dela.
A grande estrela do disco é certamente o pianista – Radu Lupu. Cada uma das faixas reserva um encanto especial para o ouvinte e ele, com suma maestria, revela este encanto sem pecar pelo excesso romântico, dando a exata medida em cada uma destas pérolas.
Veja o que disse deste álbum a Gramaphone de 2010: ‘Do ponto de vista de tocar piano, este disco tem uma distinção aristocrática remanescente de [Dinu] Lipatti’.
Robert Schumann (1810 – 1856)
Humoreske, Op. 20
Kinderszenen, Op. 15
Kreisleriana, Op. 16
Radu Lupu, piano
Gravado na Salle de Châtonneyre, Corseaux, Suiça, 1993
Nesta segunda parte da série de sonatas de Schubert que ora compartilho com os amigos do blog temos uma quantidade imensa da música de Schubert que é frequentemente ignorada, o que eu acho bastante triste, uma perda terrível pois qualidade musical Schubert tinha de sobra, o exemplo é a imensa torrente de música que ele produziu como se fosse seguindo o curso de um rio: às vezes como uma mera e tímida primavera com longos trechos de calmaria, outras vezes como um rio caudaloso com cachoeiras poderosas; embora em todos os casos, essas são facetas variadas de um e do mesmo fluxo contínuo. Para mim, como para muitos outros, Schubert fala com uma mensagem forte que ainda é capaz de tocar muitos corações. As pessoas frequentemente veneram Bach, Mozart e Beethoven, mas amam Schubert. O coração, e não o intelecto, é a principal porta de entrada para sua música.
Os primeiros trabalhos de Schubert tendem a se basear nos modelos clássicos de Haydn e Mozart. A presença criativa de Beethoven também é palpável nos primeiros trabalhos. As obras de Schubert geralmente refletem as circunstâncias de sua vida. Durante o ano repleto de criatividade de 1815, Schubert escreveria suas primeiras duas sonatas para o piano. Os documentos sobreviventes dessa época mostram um jovem de 18 anos para quem seu trabalho é o ar que respira, alguém externamente estático, mas interiormente cobrado por uma paixão predominante. Neste momento, parece que Schubert não precisava de nada além da música.
A Sonata para piano em Mi maior (D157) contém três movimentos ela é a sua primeira tentativa no gênero data de 1815, usou e abusou das texturas e linguagem musical dos mestres com os quais ele teve mais familiaridade. A Sonata para piano em Dó maior (D279), escrita em setembro de 1815, é de natureza bastante diferente daquela de seu predecessor em Mi maior (D157), especialmente no que diz respeito ao primeiro movimento, acho que a segunda sonata é notavelmente mais experimental. A ousadia da tempestade no início da sonata D537, mostra como Schubert estava experimentando novas alternativas eloquentes e robustas. Já a Sonata D664, que é a sonata que mais gosto, me emociona ela é cheia de luzes e cores sorridentes de um dia de primavera. O mestre Kempff está em plena sintonia com a delicadeza desta peça.
As sonatas são uma exploração da grande alma de Schubert, oferecendo nada para o virtuoso exagerado e tudo para aqueles que encontram consolo na música livre de todas as formalidades e preocupações materiais. Apenas Música, pela música. Schubert é um gênio abençoadamente controverso, cujo jogo de luz e sombra, além do carisma poético, colorem todas as páginas das sonatas, livremente experimentais ou idealmente estruturadas.
Schubertiade num Salão de Viena por Julius Schmid (1854–1935)
Schubert Sonatas segunda parte – Wilhelm Walter Friedrich Kempff CD5
01 – Sonata No.13 in A major, D.664 – I. Allegro moderato
02 – Sonata No.13 in A major, D.664 – II. Andante
03 – Sonata No.13 in A major, D.664 – III. Allegro
04 – Sonata No.11 in F minor, D.625 – I. Allegro
05 – Sonata No.11 in F minor, D.625 – II. Scherzo Allegretto
06 – Sonata No.11 in F minor, D.625 – III. Allegro
07 – Sonata No.9 in B major, D.575 – I. Allegro ma non troppo
08 – Sonata No.9 in B major, D.575 – II. Andante
09 – Sonata No.9 in B major, D.575 – III. Scherzo Allegretto
10 – Sonata No.9 in B major, D.575 – IV. Allegro giusto
CD6
01 – Klaviersonate Nr. 7 Es-dur, D568 – 1. Allegro moderato
02 – Klaviersonate Nr. 7 Es-dur, D568 – 2. Andante molto
03 – Klaviersonate Nr. 7 Es-dur, D568 – 3. Menuetto. Allegretto
04 – Klaviersonate Nr. 7 Es-dur, D568 – 4. Allegro moderato
05 – Klaviersonate Nr. 5 As-dur, D557 – 1. Allegro moderato
06 – Klaviersonate Nr. 5 As-dur, D557 – 2. Andante
07 – Klaviersonate Nr. 5 As-dur, D557 – 3. Allegro
08 – Klaviersonate Nr. 6 e-moll, D566 – 1. Moderato
09 – Klaviersonate Nr. 6 e-moll, D566 – 2. Allegretto
CD7
01 – Schubert Piano Sonata In A Minor, Op. 164, D 537 – 1. Allegro Ma Non Troppo
02 – Schubert Piano Sonata In A Minor, Op. 164, D 537 – 2. Allegretto Quasi Andantino
03 – Schubert Piano Sonata In A Minor, Op. 164, D 537 – 3. Allegro Vivace
04 – Schubert Piano Sonata In C, D 279 – 1. Allegro Moderato
05 – Schubert Piano Sonata In C, D 279 – 2. Andante
06 – Schubert Piano Sonata In C, D 279 – 3. Menuetto & Trio
07 – Schubert Piano Sonata In E, D 157 – 1. Allegro Ma Non Troppo
08 – Schubert Piano Sonata In E, D 157 – 2. Andante
09 – Schubert Piano Sonata In E, D 157 – 3. Menuetto Allegro Vivace
Finalmente consigo terminar essa fantástica coleção, que traz todas as Cantatas compostas por nosso compositor maior, Johann Sebastian, o Bach. Espero que tenham gostado, deu muito trabalho. Espero que estes links permaneçam ativos por bastante tempo, pois provavelmente nunca mais serão repostos .
COMPACT DISC I Ein feste Burg ist unser Gott BWV 80
Festo Reformationis
1 Chorus: “Ein feste Burg ist unser Gott”
2 Aria (Soprano, Bass): “Alles, was von Gott geboren/Mit unser Macht”
3 Recitative (Bass): “Erwäge doch, Kind Gottes”
4 Aria (Soprano): “Komm in mein Herzenshaus”
5 Chorale: “Und wenn die Welt voll Teufel wär”
6 Recitative (Tenor): “So stehe dann bei Christi blutgefärbten Fahne” 7 Aria (Duet: Alt, Tenor): “Wie selig sind doch die, die Gott im Munde tragen”
8 Chorale: “Das Wort, sie sollen lassen stahn”
Missa in G, BWV 236
9 Kyrie Chorus
10 Gloria Chorus
11 Gratias Bass
12 Domine Deus Soprano, Alto
13 Quoniam Te nor
14 Cum Sancto Spiritu Chorus
Freue dich, erlöste Schar BWV 30
Festo S. Joannis Baptistae
17 Aria (Bass): “Globet sei Gott, gelobet sein Namen”
18 Recitative (Alto): “Der Herold kömmte und meldt den König an”
19 Aria (Alto): “Kommt, ihr angefochtnen Sünder”
20 Chorale: “Eine Stimme läßt sich hören”
Secunda pars
21 Recitative (Bass): “So bist du denn, mein Heil, bedacht”
22 Aria (Bass): “Ich will nun hassen und alles lassen”
23 Recitative (Soprano): “Und ob wohl sonst der Unbestand”
24 Aria (Soprano): “Eilt, ihr Stunden, kommt herbei”
25 Recitative (Tenor): “Geduld”
26 Chorus: “Freue dich, geheilgte Schar”
COMPACT DISC 2 62:43 Missa in F, BWV 233
1 Kyrie Chor us
2 Gloria Chorus
3 Domine Deus Bass
4 Qui tollis Soprano
5 Quoniam Alto
6 Cum Sancto Spiritu Chorus
Missa in A, BWV 234
7 Kyrie Chor us
8 Gloria Chorus
9 Domine Deus Bass
10 Qui tollis Soprano
11 Quoniam Alto
12 Cum Sancto Spiritu Chor us
Appendix:
Wilhelm Friedemann Bach: Gaudete omnes populi, F103
(Latin version of BWV 80)
13 Chorus: Gaudete omnes populi
14 Chorus: Manebit verbum Domini
COMPACT DISC 3 Angenehmes Wiederau, freue dich in deinen Auen BWV 30a
Dramma per musica zur Huldigung Johann Christian von Hennickes
1 Chorus: “Angenehmes Wiederau, freue dich in deinen Auen”
2 Recitative (Bass): “So ziehen wir in diesem Hause”
3 Aria (Bass): “Willkommen im Heil, willkommen in Freuden” 4:39 4 Recitative (Alto): “Da heute dir, gepriesner Hennikke” 0:35 5 Aria (Alto): “Was die Seele kann ergötzen”
6 Recitative (Bass): “Und wie ich jederzeit bedacht”
7 Aria (Bass): “Ich will dich halten und mit dir walten”
8 Recitative (Soprano): “Und obwohl sonst der Unbestand”
9 Aria (Soprano): “Eilt, ihr Stunden, wie ihr wollt”
10 Recitative (Tenor): “So recht! Ihr seid mir werte Gäste”
11 Aria (Tenor): “So wie ich die Tropfen zolle”
12 Recitative (S, A, T, B): “Drum, angenehmes Wiederau”
13 Chorus: “Angenehmes Wiederau, prange nun in deinen Auen!”
Missa in g, BWV 235
14 Kyrie Chorus
15 Gloria Chorus
16 Gratias Ba ss
17 Domine Fili Alto
18 Qui tollis Tenor
19 Cum Sancto Spiritu
Sandrine Piau (BWV 30, 30a, 80), Johannette Zomer (BWV 233, 234) soprano
Bogna Bartosz, Nathalie Stutzmann (BWV 80) al o
Jörg Dürmüller (BWV 2336), James Gilchrist (BWV 30, 80) Christoph Prégardien (BWV 30a) tenor
Klaus Mertens bass
A reação de Haydn aos Trios Op. 1 certamente emputeceu e muito Ludwig – conhecido pelos colegas da corte de Bonn como “espanhol louco”, pela cor negra dos cabelos, pelo temperamento irascível e, plausivelmente, pelas reações sanguinolentas ao bullying inerente à posição de violista -, mas não o impediu de dedicar seu Op. 2 em italiano ao “signore Giuseppe Haydn”. Também, pudera: desentender-se com o maior compositor vivo, inda mais na cidade que era a um só tempo seu quartel-general, uma capital imperial e, ainda mais importante, a Meca da Música Ocidental, não era uma opção ao compositor aspirante que já adquirira alguma fama como virtuose ao piano. Não por acaso, compôs para seu instrumento favorito essas sonatas que, embora calcadas na forma e estrutura (quatro movimentos, um scherzo no terceiro) das sonatas de Mozart e Haydn, já extrapolam em alguns aspectos seus modelos, especialmente na segunda, cheia de ousadias, e na terceira, bastante virtuosística.
Para interpretá-las neste longo festival Beethoven, para o qual prometi gravações inéditas aqui no PQP Bach, preferi não me fiar a uma série integral das 32 sonatas, algumas das quais pretendo publicar por aqui. Isso, inevitavelmente, inda mais num antro de melômanos com vastas discotecas beethovenianas como é este blogue, levar-me-á a recorrer a alguns intérpretes que, embora muito queridos a mim, são malditos neste recinto (sim, Glenn e Vladimir: estou olhando para vocês). Por ora, relaxem, pois quem lhes trago é o maravilhoso Murray Perahia, que gravou o Op. 2 bem na época em que enfrentava um grave problema numa mão que quase lhe encerrou a carreira. Quem o ouve nessas gravações, as minhas preferidas para essas sonatas, nem imagina as dores por que ele passava, e só consegue desejar o melhor em saúde para o mestre do Bronx, a fim de que, quem sabe, algum dia ele nos legue uma integral das míticas trinta e duas.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
Três Sonatas para piano, Op. 2 Compostas entre 1793-1795 Publicadas em 1796 Dedicadas a Joseph Haydn
No. 1 em Fá menor
1 – Allegro
2 – Adagio
3 – Menuetto and Trio (Allegretto)
4 – Prestissimo
No. 2 em Lá maior
5 – Allegro vivace
6 – Largo appassionato
7 – Scherzo: Allegretto
8 – Rondo: Grazioso
No. 3 em Dó maior
9 – Allegro con brio
10 – Adagio
11 – Scherzo: Allegro
12 – Allegro assai
Como sempre acontece nesta época do ano (estamos nos tórridos dias de dezembro), volto os meus olhos para meus incontáveis CDs em suas prateleiras e trato de passá-los em revista. É quase um ritual, considero que vou me livrar da metade deles. É fácil, a cada dois, decida: este fica, este vai. Começo a construção de pilhas, este sim, este não, bom… talvez não, quem sabe?
Não tentem isto em casa sem os devidos equipamentos de segurança. As fotos são meramente ilustrativas…
Vocês já adivinharam, todos eles voltam para os seus lugares e eu deixo o grande projeto de reduzir todos os meus pertences a o que couber em um metro cúbico para o próximo ano.
No entanto, uma nova componente se meteu nesta arrumação de fim de ano: vaga ideia de postar sistematicamente meus discos ‘mais queridos’. Sei, vaga pois o critério é subjetivo e, desde que comecei fazer as postagens aqui no PQP Bach, tenho usado deste critério – os discos mais queridos.
É claro, os maledicentes de plantão vão dizer – desculpas esfarrapadas para ouvir novamente estes velhos amigos a contar mais uma vez as antigas e adoráveis histórias…
Não importa, o que detonou de vez esta iniciativa foram os primeiros acordes da Sonata para Piano em mi bemol maior, Op. 31, 3, do Ludovico, interpretada pelo (jovem) Stephen Kovacevich. Não a segunda gravação, para a EMI, que também é ótima, mas a primeira, para a Philips, feita em dezembro de 1971, no Town Hall, Wembley, Londres.
A Philips bobeou feio em não ter conseguido que ele gravasse todas as sonatas, mas não sou de ficar olhando para a metade vazia do copo.
Quem adivinhar o nome destas cinco pessoas ganha uma cocada…
Assim, aqui vai esta postagem de um dos meus discos mais queridos, o Volume 60 da série ‘Great Pianists of the 20th Cetntury’, featuring Stephen KOVACEVICH, tocando algumas sonatas para piano de Beethoven. Entre elas, amigos, as três (maravilhosas) últimas.
Provavelmente este álbum já foi postado por algum de meus ‘parças’ aqui do PQP Bach, pode estar enterrado em uma destas caixas com muitos discos, pois que o lançamento de caixas com ‘todas’ as gravações de ‘fulano’ pelo selo ‘beltrano’ tornou-se prática corrente com as modernas estratégias de marketing… Mas, alguma repetição pode até ser benéfica, especialmente quando a música é tão espetacular.
As sete sonatas do disco são bem representativas, tanto da arte de Beethoven quanto da arte do intérprete, o então jovem Stephen Kovacevich. No primeiro CD a ‘Pathétique’ com seu maravilhoso movimento lento ‘Adagio cantabile’ e seu último movimento virtuosístico. Duas sonatas das três que formam o opus 31, entre elas a ‘Tempest’, com seu perpetuum mobile no final. A já mencionada Sonata em lá maior, op. 101, que é uma prova dos poderes mágicos que o Ludovico tinha de criar uma obra prima assim que vontade surgisse. Como se não bastasse tudo isto, as três últimas sonatas, reinvenção de tudo, a forma sonata levada ao limite.
Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)
CD1
Sonata para piano No. 8 em dó menor, Op. 13 – ‘Pathétique’
Grave – Allegro di molto e com brio
Adagio cantábile
Allegro
Sonata para piano No. 17 em ré menor, Op. 31, 2 – ‘Tempest’
Largo – Allegro
Adagio
Allegretto
Sonata para piano No. 18 em mi bemol maior, Op. 31, 3 – ‘Hunt’
Allegro
Allegretto vivace
Moderato e grazioso
Presto con fuoco
Sonata para piano No. 28 em lá maior, Op. 101
Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung. Allegretto ma non troppo
Lebhaft, marschmässig. Vivace alla marcia
Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio ma non troppo, com affetto
Geschwind, doch nicht zu sehr und mit Entschlossenheit. Allegro
CD2
Sonata para piano No. 30 em mi maior, Op. 109
Vivace ma non troppo – Adagio expressivo – Tempo I
Prestissimo
Gesangvoll, mit innigster Empfindung. Andante cantabile ed expressivo
Sonata para piano No. 31 em lá bemol maior, Op. 110
Moderato cantabile molto expressivo
Allegro molto
Adagio ma non troppo – Fuga. Allegro ma non troppo
Uma palavra sobre os arquivos. No álbum original, com dois CDs, uma das sonatas com quatro movimentos ficou dividida, dois movimentos no primeiro, os outros dois no segundo CD. Aproveitei o espaço de CD virtual dos arquivos para colocar esta sonata completa no primeiro CD-arquivo, evitando assim a sua divisão. Além disso, os dois últimos movimentos foram ‘unidos’ em uma única faixa, para evitar a desagradável interrupção, uma vez que eles são tocados em seguida, quando ouvimos os CDs diretamente do CD player. Ao fazer isto, renomeei a faixa, mas subtrai as indicações em alemão (que podem ser lidas aqui, no texto). Desculpe-me, Ludovico, por esta ousadia, mas se o nome do arquivo ficar muito longo, certos leitores de arquivos flac ou mp3 ficam confusos e não conseguem decidir qual é o formato.
Então, quem já tem, aproveite para ouvir de novo, e quem ainda não tem, não perca tempo, aproveite, pois é difícil ficar melhor do que isto.
COMPACT DISC 1 Was Gott tut, das ist wohlgetan (III) BWV 100
Unspecified occasion
1 Chorale [Versus 1]: “Was Gott tut, das ist wohlgetan, es bleibt grerecht sein Wille”
2 Aria (Duet: A, T) [Versus 2]: “Was Gott tut, das ist wohlgetan, er wird mich nicht betrüben”
3 Aria (S) [Versus 3]: “Was Gott tut, das ist wohlgetan, er wird mich wohl bedenken”
4 Aria (B) [Versus 4]: “Was Gott tut, das ist wohlgetan, er ist mein Licht, mein Leben”
5 Aria (A) [Versus 5]: “Was Gott tut, das ist wohlgetan, muß ich den Kelch gleich schmecken”
6 Chorale [Versus ultimus]: “Was Gott tut, das ist wohlgetan, darbei will ich verbleiben”
Bekennen will ich seinen Namen BWV 200
Aria, probably from a cantata Unspecified occasion
7 Aria (Alto): “Bekennen will ich seinen Namen”
Ich ruf zu dir, Herr Jesu Christ BWV177
Dominica 4 post trinitatis
4. Sonntag nach Trinitatis –
8 Chorus [Versus 1]: “Ich ruf zu dir, Herr Jesu Christ”
9 Aria (Alto) [Versus 2J: “Ich bitt noch mehr, o Herre Gott”
10 Aria (Soprano) [Versus 3]: “Verleih, daß ich aus Herzensgrund”
11 Aria (Tenor) [Versus 4]: “Laß mich kein Lust noch Furcht von dir”
12 Chorale [Versus 5]: “Ich lieg im Streit und widerstreb”
Dem Gerechten muß das Licht BWV 195
Wedding Cantata –
13 Chorus: “Dem Gerechten muß das Licht”
14 Recitative (Bass): “Dem Freudenlicht gerechter Frommen”
15 Aria (Bass): “Rühmet Gottes Gut und Treu”
16 Recitative (Soprano): “Wohlan, so knüpfet denn ein Band”
17 Chorus (Soli S, A, T, B and Choir): “Wir kommen, deine Heiligkeit”
18 Chorale: “Nun danket all und bringet Ehr”
COMPACT DISC 2 Wachet auf, ruft uns die Stimme BWV 140
Dominica 27 post trinitatis
1 Chorale: “Wachet auf, ruft uns die Stimme”
2 Recitative (Tenor): “Er kommt, er kommt”
3 Aria (Duet: Soprano, Bass): “Wenn kömmst du, mein Heil”
4 Chorale (Tenors): “Zion hört die Wächter singen”
5 Recitative (Bass): “So geh herein zu mir”
6 Aria (Duet: Soprano, Bass): “Mein Freund ist mein”
7 Chorale: “Gloria sei dir gesungen”
O ewiges Feuer, o Ursprung der Liebe BWV 34
Feria 1 Pentecostes
8 Chorus: “O ewiges Feuer, o Ursprung der Liebe”
9 Recitative (Tenor): “Herr, unsre Herzen halten dir”
10 Aria (Alto): “Wohl euch, ihr auserwählten Seelen”
11 Recitative (Bass): “Erwählt sich Gott die heiigen Hütten
12 Chorus: “Friede über Israel”
Lobe den Herrn, meine Seele BWV 143
Festo Circumcisionis Christi For the Feast of the Circumcision
13 Chorus: “Lobe den Herrn, meine Seele”
14 Chorale (Sopranos): “Du Friedefürst, Herr Jesu Christ”
15 Recitative (Tenor): “Wohl dem, des Hülfe der Gott Jakob ist”
16 Aria (Tenor): “Tausendfaches Unglück”
17 Aria (Bass): “Der Herr ist König”
18 Aria (Tenor): “Jesu, Retter deiner Herde”
19 Chorus with Chorale: “Halleluja. Gedenk, Herr, jetzund an dein Amt”
Der Friede sei mit dir BWV 158
Feria 3 Paschatos
20 Recitative (Bass): “Der Friede sei mit dir”
21 Aria (Bass) and Chorale (Sopranos): “Welt, ade, ich bin dein Müde”
22 Recitative (Bass): “Nun Herr, regiere meinen Sinn”
23 Chorale: “Hier ist das rechte Osterlamm”
COMPACT DISC 3 Gott ist unsre Zuversicht BWV 197
Wedding Cantata 4
1 Chorus: “Gott ist unsre Zuversicht”
2 Recitative (Bass): “Gott ist und bleibt der beste Sorger”
Aria (Alto): “Schläfert allen Sorgenkummer”
4 Recitative (Bass): “Drum folget Gott und seinem Triebe”
5 Chorale: “Du süße Lieb, schenk uns deine Gunst”
6 Aria (Bass): “O du angenehmes Paar”
7 Recitative (Soprano): “So wie es Gott mit dir”
8 Aria (Soprano): “Vergnügen und Lust, Gedeihen und Heil”
9 Recitative (Bass): “Und dieser frohe Lebenslauf”
10 Chorale: “So wandelt froh auf Gottes Wegen”
In allen meinen Taten BWV 97
Unspecified occasion –
11 Chorus [Versus 1]: “In allen meinen Taten”
12 Aria (Bass) [Versus 2]: “Nichts ist es spat und frühe”
13 Recitative (Tenor) [Versus 3]: “Es kann mir nichts geschehen”
14 Aria (Tenor) [Versus 4]: “Ich traue seiner Gnaden”
15 Recitative (Alto) [Versus 5]: “Er wolle meiner Sünden”
16 Aria (Alto) [Versus 6]: “Leg ich mich späte nieder”
17 Aria (Duet: Soprano, Bass) [Versus 7]: “Hat er es denn beschlossen”
18 Aria (Soprano) [Versus 8]: “Ihm hab ich mich ergeben”
19 Chorale [Versus ultimus]: “So sei nun, Seele, deine”
O Jesu Christ, meins Lebens Licht BWV 118
Motette (“Trauermusik”)
20 Chorus: “O Jesu Christ, meins Lebens Licht”
Gloria in excelsis Deo BWV 191
Festo Nativitatis Christi
21 Chorus: “Gloria in excelsis Deo”
22 Aria (Duet: Soprano, Tenor): “Gloria Patri et Filio”
23 Chorus: “Sicut erat in principio”
Quando da publicação destes trios para piano, violino e violoncelo, em 1795, o jovem Beethoven, que deixáramos na publicação anterior de malas prontas para sair de sua Bonn natal e não mais voltar, já se encontra estabelecido em Viena e confiante o bastante para, mesmo tendo outrora publicado obras diversas, atribuir à trinca de trios o título de primeira obra – seu Opus 1. A estreia aconteceria na casa do dedicatário, o príncipe Lichnowsky, e na presença de Haydn, que voltara à cidade após sua temporada com os Esterházy e suas bem-sucedidas viagens a Londres e gozava da reputação inconteste de maior compositor vivo. Beethoven, que estudara brevemente com ele ao chegar de Bonn, ficara decepcionado com o pouco interesse que percebia em seu professor, muito ocupado com seus projetos londrinos. Não obstante, aguardava com muita expectativa sua impressão acerca dos trios. Haydn, que chegaria havia pouco de viagem, estava exausto e, aparentemente, não teve muita paciência para com as obras. Criticou-as muito, principalmente a terceira – justamente o preferido de Beethoven, a que melhor repercutiria e aquela na tonalidade que lhe seria tão típica em Dó menor -, e recomendou que Beethoven não a publicasse. O jovem renano, no que lhe era bem típico, deu de ombros e, talvez mordido pela crítica, insistiu na publicação, que foi um sucesso.
Na interpretação que lhes alcanço, do excelente Castle Trio, foram utilizados instrumentos originais do acervo do Smithsoniam Museum. Mesmo aqueles que entre vós outros torçam o nariz para o uso de instrumentos de época provavelmente apreciarão o trabalho do trio, que inclui o pianista Lambert Orkis, conhecido por sua longa parceria com a divíssima violinista Anne-Sophie Mutter, que não o troca por ninguém mais. Completando a gravação, estão a versão com violino do trio op. 11, alcunhado “Gassenhauer”, que é mais conhecido em sua roupagem com clarinete, que também postaremos em breve; o trio WoO 38, publicado postumamente e escrito provavelmente nos últimos meses em Bonn, e o Allegretto WoO 39, composto em 1812 e dedicado como presente a Maximiliane Brentano, filha de sua grande amiga Antonie.
A foto ruim, trio ótimo
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
CD 1 Três Trios para piano, violino e violoncelo, Op. 1 Publicados e estreados em 1795 Dedicados ao príncipe Karl von Lichnowsky
No. 1 em Mi bemol maior
1 – Allegro
2 – Adagio cantabile
3 – Scherzo. Allegro assai
4 – Finale. Presto
No. 2 em Sol maior
5 – Adagio – Allegro vivace
6 – Largo con espressione
7 – Scherzo. Allegro
8 – Finale. Presto
Três Trios para piano, violino e violoncelo, Op. 1
No. 3 em Dó menor
1 – Allegro con brio
2 – Andante cantabile con variazioni
3 – Minuetto. Quasi allegro
4 – Finale. Prestissimo
Trio em Si bemol maior para clarinete, piano e violoncelo, Op. 11, “Gassenhauer” Composto em 1797 Publicado em 1798
Dedicado a Maria Wilhelmine von Thun
5 – Allegro con brio
6 – Adagio
7 – Tema con variazioni (“Pria ch’io l’impegno”: Allegretto)
Trio para piano, violino e violoncelo em Mi bemol maior, WoO 38 (?1791) 8 – Allegro moderato
9 – Scherzo: Allegro ma non troppo
10 – Rondo: Allegretto
Allegretto para piano, violino e violoncelo em Si bemol maior, WoO 39 (1812) 11 – Allegretto
Schubert certamente é conhecido por suas peças para piano, incluindo as suas últimas sonatas, a música de câmera e sobretudo por suas canções acompanhadas ao piano, os Lieder. Este tipo de música sempre teve execução garantida pelo próprio compositor e por seus muitos amigos artistas. No entanto, as obras orquestrais tinham destino mais incerto, não havia garantias de ter uma sinfonia, por exemplo, executada por uma orquestra de músicos profissionais. Apesar disto, ele produziu algumas lindas sinfonias. As primeiras tinham escopo mais modesto e foram executadas por orquestras amadoras. As Sinfonias Nos. 5 e 6, no entanto, demandam um conjunto maior e você poderá ouvi-las na interpretação da Camerata Academica des Mozarteums Salzburg, sob a regência de Sandor Végh, álbum postado aqui.
Agora temos as duas últimas Sinfonias, que têm um escopo ainda maior. A Sinfonia Inacabada foi composta em 1822 e a sua história, desde a pena de Schubert até a estreia, no dia 17 de dezembro de 1865, envolve um grande amigo do compositor e algum mistério.
Johann Baptist Jenger, Anselm Hüttenbrenner e Franz Schubert
O amigo chamava-se Anslem Hüttenbrener e era pianista e compositor amador. A Sinfonia foi dada à Sociedade Musical da Estíria, de Granz, que havia homenageado Schubert. Como Anselm era o elo entre Schubert e a Sociedade, os manuscritos da Sinfonia foram enviados para ele, mas este nunca os repassou aos outros membros da Sociedade.
Estaria Anselm esperando que Schubert completasse a sinfonia? Teriam os dois amigos esquecido completamente da peça? O fato é que Schubert não completou a sinfonia e morreu seis anos depois. Anselm serviu de fonte para muitas informações sobre Schubert após a morte dele, mas nunca mencionou o manuscrito, nem mesmo para Ferdinand, irmão de Schubert, que passou a cuidar de suas obras.
Somente em 1865, Anselm entregou os manuscritos da Sinfonia a Johann Herbeck, regente da Gesellschaft der Musikfreunde, que fora visitá-lo em Granz e a Sinfonia foi então revelada.
Óculos de Schubert sobre a partitura de uma de suas canções
A história da Grande Sinfonia também envolve algumas peripécias. Em 1825 Schubert iniciou a composição desta grande peça e a terminou no ano seguinte. No entanto, sem fundos para ter a obra estreada, enviou-a como uma dedicatória à Gesellschaft der Musikfreunde. Schubert recebeu por isso algum dinheiro e as partes da Sinfonia foram copiadas. Em 1827 a orquestra fez uma primeira leitura da sinfonia com vistas a sua execução, mas a obra foi considerada muito difícil e deixada de lado.
Em 1838, Robert Schumann visitou Viena e Ferdinand, o irmão de Schubert, mostro-lhe a partitura da sinfonia. Schumann levou consigo uma cópia da mesma e em 1839 a obra foi então estreada pela Leipzig Gewandhaus, sob a regência de Feliz Mendelssohn. A estreia foi saudada por um artigo escrito por Schumann onde a expressão ‘himmlische Länge’ – comprimento celestial – foi cunhada para referir-se a sinfonia. Você poderá descobrir mais detalhes sobre esta história aqui.
Herr Gott, Beherrscher aller Dinge BWV 120a
(Reconstruction movements 1-4: Ton Koopman)
Wedding Cantata –
1 Chorus: “Herr Gott, Beherrscher aller Dinge”
2 Recitative (Bass, Tenor) and Chorus: “Wie wunderbar, o Gott, sind deine Werke”
3 Aria (Soprano): “Leit, o Gott, durch deine Liebe”
Secunda parte post copulationem
4 Sinfonia: Presto
5 Recitative (Tenor) and Chorus: “Herr Zebaoth, Herr, unsrer Väter Gott”
6 Aria (Duet: Alto, Tenor): “Herr, fange an und sprich den Segen”
7 Recitative (Bass): “Der Herr, Herr unser Gott”
8 Chorale: “Lobe den Herren, der deinen Stand sichtbar gesegnet”
Ich steh mit einem Fuß im Grabe BWV 156
Dominica 3 post Epiphanias
9 Sinfonia: Adagio
10 Aria (Alto) and Chorale (Sopranos): “Ich steh mit einem Fuß im Grabe”
11 Recitative (Bass): “Mein Angst und Not”
12 Aria (Alto): “Herr, was du willt, soll mir gefallen”
13 Recitative (Bass): “Und willst du, daß ich nicht soll kranken”
14 Chorale: “Herr, wie du willt, so schicks mit mir”
Alles mit Gott und nichts ohn’ ihn BWV 1127 “Aria Soprano Solo è Ritornello”
[discovered Spring 2005] For the 53rd birthday of Duke Wilhelm Ernst – Am 53. Ge
15 Aria (Soprano): “Alles mit Gott und nichts ohn’ ihn” (Strophes 1, 4, 8, 12)
COMPACT DISC 2
Man singet mit Freuden vom Sieg BWV 149
Festo Michaelis
1 Chorus: “Man singet mit Freuden vom Sieg”
2 Aria (Bass): “Kraft und Stärke sei gesungen”
3 Recitative (Alto): “Ich fürchte mich vor tausend Feinden nicht”
4 Aria (Soprano): “Gottes Engel weichen nie”
5 Recitative (Tenor): “Ich danke dir, mein lieber Gott”
6 Aria (Duet: Alto, Tenor): “Seid wachsam, ihr heiligen Wächter”
7 Chorale: “Ach Herr, laß dein lieb Engelein”
Wär Gott nicht mit uns diese Zeit BWV 14
Dominica 4
8 Chorus: “Wär Gott nicht mit uns diese Zeit”
9 Aria (Soprano): “Unsre Stärke heißt zu schwach”
10 Recitative (Tenor): “Ja, hätt es Gott nur zugegeben”
11 Aria (Bass): “Gott, bei deinem starken Schützen”
12 Chorale: “Gott Lob und Dank, der nicht zugab”
Wir danken dir, Gott, wir danken dir BWV 29
Inauguration of the New Town Council
13 Sinfonia: Presto
14 Chorus: “Wir danken dir, Gott, wir danken dir”
15 Aria (Tenor): “Halleluja, Stärk und Macht”
16 Recitative (Bass): “Gott Lob! es geht uns wohl!”
17 Aria (Soprano): “Gedenk an uns mit deiner Liebe”
18 Recitative (Alto) and Chorus: “Vergiß es ferner nicht”
19 Arioso (Alto): “Halleluja, Stärk und Macht”
20 Chorale: “Sei Lob und Preis mit Ehren”
Nun danket alle Gott BWV 192
Reconstruction of the horn- and tenor parts in movements 1 & 3 by Ton Koopman
Unspecified occasion
21. Chorus: “Nun danket alle Gott”
22. Aria (Duet: Soprano, Bass): “Der ewig reiche Gott”
23. Chorus: “Lob, Ehr und Preis sei Gott”
COMPACT DISC III
Gott, man lobet dich in der Stille BWV 120
Inauguration of the New Town Council
1 Aria (Alto): “Gott, man lobet dich in der Stille”
2 Chorus: “Jauchzet, ihr erfreuten”
3 Recitative (Bass): “Auf! du geliebte Lindenstadt”
4 Aria (Soprano): “Heil und Segen soll und muß”
5 Recitative (Tenor): “Nun, Herr, so weihe selbst das Regiment”
6 Chorale: “Nun hilf uns, Herr, den Dienern dein”
Lobet Gott in seinen Reichen BWV 11
Oratorium Festo Ascensionis Christi
7 Chorus: “Lobet Gott in seinen Reichen”
8 Recitative (Tenor): “Der Herr Jesus hub seine Hände auf”
9 Recitative (Bass): “Ach, Jesu, ist dein Abschied schon so nah?”
10 Aria (Alto): “Ach, bleibe doch, mein liebstes Leben”
11 Recitative (Tenor): “Und ward aufgehaben zusehends”
12 Chorale: “Nun lieget alles unter dir”
13 a. Recitative (Tenor, Bass): “Und da sie ihm nachsahen”
b. Recitative (Alto): “Ah ja! So komme bald zurück”
c. Recitative (Tenor): “Sie aber beteten ihn an”
14 Aria (Soprano): “Jesu, deine Gnadenblicke”
15 Chorale: “Wenn soll es doch geschehen”
Es ist das Heil uns kommen her BWV 9
Dominica 6 post trinitatis
16 Chorus: “Es ist das Heil uns kommen her”
17 Recitative (Bass): “Gott gab uns ein Gesetz”
18 Aria (Tenor): “Wir waren schon zu tief gesunken”
19 Recitative (Bass): “Doch mußte das Gesetz erfüllet werden”
20 Aria (Duet: Soprano, Alto): “Herr, du siehst statt guter Werke”
21 Recitative (Bass): “Wenn wir die Sünd’ aus dem Gesetz erkennen”
22 Chorale: “Ob sich’s anließ, als wollt’ er nicht”
Der Herr ist mein getreuer Hirt BWV 112
Dominica Misericordia Domini
23 Chorus: “Der Herr ist mein getreuer Hirt”
24 Aria (Alto): “Zum reinen Wasser er mich weist”
25 Recitativo, Arioso (Bass): “Und ob ich wandert im finstern Tal”
26 Aria (Duet: Soprano, Tenor): “Du bereitest für mir einen Tisch”
27 Chorale: “Gutes und die Barmherzigkeit”
Sandrine Piau Johannette Zomer (BWV 14); Lisa Larsson (BWV 1127) soprano
Bogna Bartosz, Nathalie Stutzmann (BWV 120a) alto
James Gilchrist, Christoph Prégardien (BWV 112, 149) tenor
Klaus Mertens bass
Inauguramos, com esta postagem, uma série que ocupará quase todo este ano da graça do ducentésimo quinquagésimo aniversário do nascimento de Ludwig van Beethoven. Se o colapso não bater antes à minha porta, ou se a marota artéria cerebral obliterada que me levou a esta proposta não desentupir em desespero, deverei alcançar-lhes toda a obra conhecida e publicada do genial renano já posta em disco, em gravações inéditas aqui no PQP Bach, até a data magna dos ludwigomaníacos, em dezembro.
Será, claro, um trabalho mastodôntico e doidivano, mas nenhum sofrimento para mim, ludwigomaníaco desde moleque. Não exagero: meu primeiro contato com Beethoven (descontando a musiquinha de espera do telefone lá de casa, que era “Pour Elise”) foi aos seis para sete anos, quando me chegou às mãos uma revista da Disney sobre, bem, Beethoven.
Sim, não lhes minto
Naturalmente, pouco se poderia esperar de beethoveniano de um cachorro antropomórfico esmerilhando, de pernas cruzadas, um piano. Lembro-me, no entanto, de não ter compreendido como um músico podia ser surdo. Tampei minhas pequenas orelhas e tentei me imaginar ouvindo e fazendo música daquele jeito, e não consegui. Acudi-me com meu pai:
– Pai, Beethoven é surdo?
– Sim, ele era surdo.
– Era?
– Sim, ele já morreu há muito tempo.
– Mas como é que ele era músico se ele era surdo?
– Ele imaginava a música e colocava no papel, filho.
– Ele não ouvia música?
– Não, a música estava na cabeça dele.
– Mas como ele não escuta se ele tem as orelhas do Pateta?
– Isso é só uma historinha. Ele era uma pessoa como a gente. Vem cá que vou te mostrar o Beethoven.
E aí abriu um espesso volume da enciclopédia para apontar-me uma gravura de um tio sério e descabelado. Meu diagnóstico sumário:
– Ele deve estar bem brabo por ser surdo, né?
ooOoo
Pano rápido. Passam-se cinco anos e o velho piano de minha avó, desamparado desde a venda e demolição da abandonada casa no interior, chega até a minha. Sobre o tampo empoeirado, e sem muita cerimônia, o rapaz do caminhão de mudanças coloca um busto.
– Quem é, Pai?
– É Beethoven, filho.
Claro que era Beethoven! Um pouco mais de ordem nos cabelos, sim, mas a mesma seriedade no semblante, por demais apropriado ao longo dos muitos anos em que eu maltrataria o pobre teclado subjacente tentando tocar alguma coisa. Sempre que errava (o que era, bem, quase sempre), pedia desculpas ao sisudo busto branco, enquanto quase comemorava o fato dele, por ser uma escultura – inda mais de Beethoven -, nada poder ouvir.
Junto com o piano, muita poeira e artrópodes sortidos, veio um punhado de discos bem prejudicadinhos. Um deles, imediatamente, chamou-me a atenção, por estampar na capa exatamente o retrato descabelado e seriíssimo que meu pai me mostrara anos antes: Beethoven, sempre ele.
Soprando para longe uns bons nacos de poeira, coloquei o disco na vitrola e o que ouvi, e que me marcou a ferro pelo resto da vida, foi isso:
Escutei, extático, os dois lados do compacto, enquanto a janta esfriava. Lembro de minha mãe chamando-me, furibunda. Veio à sala e, ao me ver daquela maneira, tão absorto, deixou-me lá. Eu, o mesmerizado garoto que perderia o sorteio do bife, só tinha sentidos para aquela música. Então era isso que ele ele tinha na cabeça! Afinal, fora isso que ele colocara sobre o papel! E foi assim, na miudeza de meus onze anos, que Ludwig van Beethoven estreou na minha vida para nunca mais deixá-la.
ooOoo
Frontispício da primeira edição das Variações sobre uma Marcha de Dressler, publicada em Mannheim em 1782. Notem tanto a grafia errada do sobrenome do jovem “Louis van Betthoven” quanto a idade inexata do “jovem amador de dez anos”. Johann van Beethoven, desde cedo determinado a explorar o filho como criança-prodígio, sonegava-lhe um ano de idade desde seu primeiro concerto público, aos sete anos, para que pensassem que fosse ainda mais jovem. Ludwig, então com onze anos, completaria doze em dezembro.
Nem sequer suspeitaria que, duzentos e três anos antes, um outro menino de onze anos, na distante Bonn, capital do Eleitorado de Colônia – curiosamente muito próxima da cidade de meu avô, o proprietário daquele soturno busto de Beethoven que tanto sofreu com minha precária desenvoltura ao piano -, tinha sua primeira obra publicada em Mannheim. Filho de uma família de músicos com raízes flamengas pela parte do pai, e de cozinheiros do lado da mãe, Ludwig tinha dois irmãos mais jovens e já perdera outros tantos em tenra idade. Seu talento musical era tão evidente que, versado já em piano, viola e violino, fizera seu primeiro concerto público aos sete anos. Seu pai, um tenor na corte do arcebispo de Colônia, via no filho mais velho um potencial filão de fortuna, se ele viesse a ser um novo Mozart e, ele próprio, seu Leopold. Johann, no entanto, era um alcoolista violento que espancava Ludwig com frequência e o deixou sob a tutela de professores abusivos, incluindo um que, insone, arrastava o menino para fora da cama a fim de lhe ensinar de madrugada. As coisas melhorariam um pouco quando, aos nove anos, iniciou seus estudos de piano e composição com Christian Neefe, o organista da corte de Bonn, que providenciou a publicação das Nove Variações sobre uma Marcha de Dressler, que vocês ouvirão a seguir.
Ludwig aos treze anos, já com os malares vermelhos que o acompanhariam por toda vida.
A obra, que provavelmente teve colaboração de Neefe, segue as convenções das variações figurativas da época e não deixa de impressionar, fruto que foi da pena de um menino de onze anos. Embora nada que se ouça nelas dê pistas de um criador genial, é curioso notar que nessa diminuta peça já estão presentes três elementos cruciais na futura obra de Beethoven: a tonalidade de Dó menor, a forma da variação e o ritmo de marcha. Outras séries de variações, também inclusas nesta gravação, surgiriam ainda nos anos de Bonn – e é notável a evolução do jovem compositor quando comparamos as Variações Dressler com, por exemplo, aquelas sobre uma ária de Righini, compostas alguns anos depois. Ludwig, então, já tinha feito sua primeira viagem a Viena para tentar estudar com Mozart, mas teve que voltar a Bonn por conta da doença que mataria a mãe e o levaria a assumir a tutela dos irmãos mais novos, posto que o pai se afundava cada vez mais em seus charcos de etanol. A despeito de algumas anedotas, não se sabe ao certo se chegou a se encontrar com o célebre colega – e Mozart, já doente e endividado, provavelmente não tinha tempo nem recursos de assumi-lo como pupilo. De qualquer maneira, enquanto tocava viola na corte do Eleitor e cuidava dos irmãos, o rapazote já sabia que seu norte era Viena (a sudeste). Aos vinte e dois anos, deixaria a provinciana Bonn para estudar com Haydn na capital austríaca. Entre as recomendações, estava uma nota de seu patrono, o conde Waldstein, que escrevera:
Durch ununterbrochenenFleiß erhalten Sie: Mozarts Geist aus Haydns Händen” (“Através da diligência ininterrupta, obterá o espírito de Mozart pelas mãos de Haydn”)
Mozart morrera, e Haydn mostrar-se-ia um professor pouco dedicado. Não faltaria a Ludwig, no entanto, a diligência ininterrupta, nem a implacável autocrítica que o levariam, através de enormes dificuldades, à mais impressionante e bem documentada evolução artística entre os grandes compositores. E será esta trajetória magnífica – das Variações Dressler até os últimos retoques nos derradeiros, visionários quartetos de cordas do final de sua vida – que reconstruiremos ao longo do ano do jubileu dum dos mais geniais filhos da Humanidade.
Ludwig van BEETHOVEN (1770-1882)
1 – Nove Variações sobre uma Marcha de Dressler, WoO 63
2 – Seis Variações sobre uma Canção Suíça, WoO 64
3 – Vinte e quatro Variações sobre “Venni Amore” de Righini, WoO 65
4 – Treze Variações sobre “Es war einmal ein alter Mann” de “Das rote Käppchen” de Dittersdorf, WoO 66
5 – Doze Variações sobre “Menuett à la Viganò” de Haibel, WoO 68
A imagem que eu tinha de um organista era a de um vetusto senhor, ligeiramente robusto, cabelos brancos, como Helmut Walcha, Piet Kee e o médico, humanista e organista Albert Schweitzer. Mesmo os três ‘jovens’ organistas que ouço com mais frequência – Christopher Herrick, Ton Koopman e Hans Fagius – estão com cabelos brancos e com pedidos de aposentadorias já protocolados. Assim, quando me deparei com este disco, com o instigante nome – Joy of Bach – com a jovem organista Keiko Nakata, não tive dúvidas, coloquei logo na minha playslist. Gostei do recital e achei que vocês também poderiam gostar.
Keiko Nakata nasceu no Japão e estudou órgão e cravo na Tokyo Geidai – Universidade de Belas Artes e Música. Ela completou seus estudos em Paris e o disco mostra que é realmente talentosa.
O repertório do disco é variado e adequado a uma deliciosa audição. A famosa Tocata e Fuga em ré menor, que pode ter sido composta por um jovem Bach, assim como um Concerto transcrito de Vivaldi, uma Fantasia e o meu preferido ‘Wachet auf, ruft uns die Stimme’, coral que também aparece na cantata correspondente.
Keiko esperando a turma do PQP Bach para bater um papo depois do expediente…
Você poderá visitar a página do órgão usado na gravação se clicar aqui. Não demore e baixe logo o disco! Aproveite Joy of Bach e escreva para a gente dizendo que gostou… Use o link ‘LEAVE A COMMENT’ logo abaixo do título da postagem e faça a Joy of PQP Bach!