Vou fazer esta postagem a toque de caixa, por exigência do grão mestre PQPBach que estava nervoso por vê-la parada lá nos rascunhos do WordPress. Insistiu que eu a preparasse o quanto antes.
Pois bem, eis dois extraordinários CDs deste extraordionário violinista, que a cada lançamento nos surpreende ainda mais. O ‘Jascha Heifetz’ do século XXI, de acordo com alguns críticos.
Exageros ou não a parte, os senhores podem ter certeza de que estas obras de Bártok estão em ótimas mãos. A cumplicidade entre Ehnes e o pianista Andrew Armstrong foi se formando com o correr dos anos, os dois já gravaram outros cds juntos. Um conhece muito bem o outro. e em se tratando de Bártok, volto a repetir, a coisa funciona muito bem. Não vou perder muito tempo aqui, o booklet vai em anexo, assim os senhores podem saber a história de cada uma destas peças.
Divirtam-se.
Volume 1
01. Rhapsody No.1, BB 94a – I. (‘Lassu’) Moderato –
02. Rhapsody No.1, BB 94a – II. (‘Friss’) Allegretto moderato
03. Rhapsody No.1, BB 94a – [Agitato]
04. Sonata No.2 in C major, BB 85 – I. Molto moderato –
05. Sonata No.2 in C major, BB 85 – II. Allegretto
06. Rhapsody No.2, BB 96a – I. (‘Lassu’) Moderato –
07. Rhapsody No.2, BB 96a – II. (‘Friss’) Allegro moderato
08. Sonata No.1 in C sharp minor, BB 84 – I. Allegro Appassionato
09. Sonata No.1 in C sharp minor, BB 84 – II. Adagio
10. Sonata No.1 in C sharp minor, BB 84 – III. Allegro
11. Andante in A major, BB 26b
12. Alternative ending for Part II of Rhapsody No.1 – Accelerando – A tempo
13. Alternative ending for Part II of Rhapsody No.1 – [Agitato]
Volume 2
01. Sonata for solo violin, BB 124 – I. Tempo di ciaccona
02. Sonata for solo violin, BB 124 – II. Fuga
03. Sonata for solo violin, BB 124 – III. Melodia
04. Sonata for solo violin, BB 124 – IV. Presto
05. Sonata in E minor, BB 28 – I. Allegro moderato (molto rubato)
06. Sonata in E minor, BB 28 – II. Andante
07. Sonata in E minor, BB 28 – III. Vivace
08. Hungarian Folksongs, BB 109 – I. Book II No. 34 –
09. Hungarian Folksongs, BB 109 – I. Book II No. 36 –
10. Hungarian Folksongs, BB 109 – I. Book I No. 17 –
11. Hungarian Folksongs, BB 109 – I. Book II No. 31
12. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 16 –
13. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 14 –
14. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 19 –
15. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 8 –
16. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 21
17. Hungarian Folk Tunes – I. Book II No. 28 –
18. Hungarian Folk Tunes – I. Book I No. 18 -19. Hungarian Folk Tunes – I. Book II No. 42
20. Hungarian Folk Tunes – II. Book II No. 3 –
21. Hungarian Folk Tunes – II. Book I No. 6 –
22. Hungarian Folk Tunes – III. Book I No. 13 –
23. Hungarian Folk Tunes – III. Book II No. 38
24. Romanian Folk Dances – I. Allegro moderato
25. Romanian Folk Dances – II. Allegro
26. Romanian Folk Dances – III. Andante
27. Romanian Folk Dances – IV. Molto moderato
28. Romanian Folk Dances – V. Allegro
29. Romanian Folk Dances – VI. Allegro
Fui intimado pelo nosso Grão-Senhor PQPBach, fã inconteste deste dupla Abbado / Pollini, a concluir essa série. E como se fosse uma ordem judicial, cumpro a ordem. Confesso que tinha outros planos, mas tudo bem.
Estas integrais são complicadas, as vezes vejo mais que o que vale é a intenção, mas tudo bem. Reunir Schumann e Schoenberg no sétimo CD é estranho, não acham? O maior expoente do Romantismo ao lado do criador e fundado da música moderna do Século XX … no mínimo curioso. O oitavo CD também flerta descaradamente com a música do Século XX, trazendo Bártok e Luigi Nono. Integrais…
Enfim, eis aí concluída mais uma integral. Divirtam-se.
CD 7
01 – Piano Concerto A-Moll 1. Allegro Affettuoso
02 – Piano Concerto A-Moll 2. Intermezzo. Andantino Grazioso
03 – Piano Concerto A-Moll 3. Allegro Vivace
04 – Piano Concerto Op.42 1. Andante
05 – Piano Concerto Op.42 2. Molto Allegro
06 – Piano Concerto Op.42 3. Adagio
07 – Piano Concerto Op.42 4. Giocoso (Moderato), Stretto
CD 8
01 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 1. Allegro moderato – Allegro
02 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 2. Andante – Allegro
03 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 3. Allegro molto
04 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 1. Allegro
05 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 2. Adagio – Presto – Adagio
06 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 3. Allegro molto – Presto
07 – Como una ola de fuerza y luz – Beginning
08 – Interno dolce
09 – Duro deciso
10 – (Part II) Piano entry
11 – Soprano veces de ninos doblen campanas dulces
12 – (Part III) Orchestra entry
13 – (Part IV) Orchestra and piano entry
Este espetacular CD — uma grande ideia do Muzsikás –, que recebe prêmios e cinco estrelas aonde vai, pode ser chamado de “conceitual”, adjetivo gasto e quase sempre mal utilizado.
Talvez não haja nenhum compositor erudito mais envolvido com a música folclórica de seu país do que Béla Bártok. Suas viagens com Kodály pelo interior da Hungria e Romênia no início do século XX serviram para preservar uma herança musical que talvez fosse perdida. É claro que ele estava interessado em encontrar motivos e inspiração para a sua música radicalmente nova, porém suas gravações serviram para que surgissem uma nova ciência, a etnomusicologia, e novos grupos folclóricos. Este The Bartók Album é um tributo ao trabalho de Bartók e Kodály. O grupo Muzsikás e a cantora Márta Sebestyén tocam e cantam as canções descobertas por Bartók. Em meio a estas, apresentam algumas gravações originais realizadas pelo próprio Bartók, fazendo a conexão das mesmas com algumas peças do compositor. Tais peças – alguns duos para violino – são interpretadas pelo principal violinista do Muzsikás, Mihaly Sipos, e pelo violinista clássico romeno Alexander Balanescu. Este CD e as gravações de Bartók dão nova dimensão ao trabalho de um dos maiores compositores do século XX.
Ouçam, por exemplo, a faixa 10, gravação realizada por Bartók, a 11, peça escrita por ele para duo de violinos e depois e 12, com o Muszikás. Depois, ouçam a faixa 13 (a partir de 2 min 50) e a comparem com a quarta faixa do CD de Andor Foldes, publicado há anos neste blog. Bom, se você não se arrepiar… OK, questão de gosto, façamos de conta…
Em 1901, fascinados pela música do também húngaro Liszt, Bartók e Kodály tomaram consciência das relações de seu predecessor com a cultura popular da Europa Oriental. Ambos jovens compositores, resolveram estudar a música dos camponeses da região. Em 1905, Bartók pleiteou uma bolsa que lhes facultou recursos para recolher essas canções “em sua própria fonte” e partiu para anotá-las e gravá-las em companhia de Kodály. Então souberam que seus conhecimentos sobre tal assunto — e os de outros compositores — eram desfigurados, quase paródias da realidade. Na verdade, o que habitualmente se chamava de música cigana (tzigane) e danças húngaras não passavam de garatujas desengonçadas, distantes da caligrafia original.
A partir de publicação das Canções Populares Húngaras, eles inauguram uma nova disciplina científica — a etnomusicologia. Nos anos posteriores, ampliaram progressivamente o horizonte geográfico de seus trabalhos: primeiro a Romênia, depois a Ucrânia, a Bulgária, até a África do Norte (Argélia e Egito) e a Anatólia (Turquia). Com o tempo, tornaram-se alvo da galhofa de certos críticos que não compreendiam a necessidade dos dois de alimentarem suas linguagens musicais com matéria viva. Estes críticos, ridicularizavam especialmente (e incompreensivamente) o último movimento da Música para Cordas, Percussão e Celesta, de Bartók, que hoje é uma das peças fundamentais do repertório erudito do século XX.
O resultado, para a arte de Bartók e Kodály, foi um estilo originalíssimo no universo erudito. Em seus trabalhos, eles utilizavam elementos alheios à música da Europa Ocidental. Depois, conseguiram uma gloriosa união de seus estilos com o da grande tradição europeia, sobretudo com Bach (caso de Bartók). Kodály foi um enorme compositor, porém — como os dramaturgos elisabetanos que tiveram o “azar” de serem contemporâneos de Shakespeare — foi sufocado pela genialidade do amigo. Bartók tornou-se subitamente célebre em 1911, quando da publicação da curtíssima peça para piano Allegro Barbaro. A música do povo era mais interessante, selvagem e intrincada do que qualquer scholar da época imaginava. O espírito científico de ambos não deve ser comparado ao dos compositores ditos “nacionalistas”, que se contentavam em tomar de empréstimo à música popular seus trejeitos para que suas obras ganhassem um colorido folclórico.
Eles assimilaram o espírito da música camponesa, aplicando, ao criar, estruturas forjadas no conhecimento aprofundado dos esquemas populares. É inegável o mérito de Bartók de observar a realidade, depreendendo dela as leis internas de seu funcionamento para, então, empregá-las em suas obras.
Bartók sentiu-se atingido quando o ministro da Educação Popular e Propaganda Nazista Goebbels, em 1936, organizou uma exposição de “Música degenerada” incluindo os nomes de Stravinsky, Schönberg e Milhaud. Escreveu ao ministro para que este inscrevesse seu nome e sua música nesse grupo. Depois, em 1938, chegou mesmo a declarar que pretendia converter-se à religião judaica como forma de ficar ao lado dos perseguidos. Expôs-se de tal maneira, que foi obrigado a aceitar os insistentes pedidos dos amigos — entre eles o de Benny Goodman — para que emigrasse, o que fez apenas em 1940. Foi para os Estados Unidos, onde morreu em 1945. Kodály viveu na Hungria até 1967. Além de compositor, era professor universitário e presidente da International Society for Music Education, da Hungarian Academy of Sciences e da International Folk Music Council.
Fontes: História da Música Ocidental de Jean e Brigitte Massin, um calhamaço de quase 1300 páginas, da Nova Fronteira, 1997; Música da Modernidade de J. Jota de Moraes, Ed. Brasiliense, 1983; e algo de mim mesmo, com o providencial auxílio da memória de livros e discos.
Béla Bartók (1881-1945): The Bartók Album, pelo Muzsikás
1 Dunántúli Friss Csárdások (Transdanubian Fast Csárdás) 2:43
Themes From Violin Duo No. 32
2 Jocul Barbatesc 0:34
3 Bartók Béla: 32. Duó “Máramarosi Tánc” (Duo No 32 (“Dance Of Máramaros”) 0:42
4 Máramarosi Táncok (Máramaros Dances) 3:23
5 Porondos Víz Martján (On The Riverbank) 3:09
6 Kanásztáncok Két Hegedűn (Swineherds’ Dance) 2:09
7 Dunántúli Ugrósok (Transdanubian “Ugrós”) 3:36
8 Pásztornóták Hosszúfurulyán (Shepard’s Flute Song) 2:45
Themes From Violin Duo No. 28
9 Forgácskúti Legényes (Forgácskúti Lad’s Dance) 2:46
10 Pejparipám Rézpatkója (My Horse’s Shoes) 1:10
11 Bartók Béla: 28. Duó “Bánkódás” (Duo No 28 “Sorrow) 2:21
12 Bonchidai Lassú Magyar (Slow Lad’s Dance From Bonchida) 1:54
13 Magyarbecei Öreges Csárdások (Magyarbece Csárdás) 3:16
14 Pe Loc 1:20
15 Botos Tánc (Bota Dance) 5:11
Themes From Violin Duo No. 44
16 Torontáli Táncok (Torontáli Dances) 4:08
17 Ardeleana 0:38
18 Bartók Béla: 44. Hegeduduó Erdélyi Tánc (Transylvanian Dance) 1:47
19 Füzesi Ritka Magyar (Lad’s Dance From Füzes) 1:53
20 A Temető Kapu (Churchyard Gate) 4:06
21 Mérai Lassú Csárdás És Szapora (Dances Of Kalotaszeg) 9:06
22 Elindultam A Hazámból (I Left My Homeland) 1:38
On this CD:
1. Dunántúli friss csárdások (Transdanubian fast csardas)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
2. Jocul barbatesc
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas
3. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 32, Hegedüduó, “Máramarosi tánc,”
Composed by Bela Bartok
with Muzsikas, Alexander Balanescu
4. Máramoarosi táncok
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen, Zoltan Farkas
5. Porondos víz martján (On the river bank)
Composed by Moldavian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen
6. Kanásztáncok két hegedün (Swineherd’s dance)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
7. Dunántúli ugrósok (Transdanubian dance)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Janos Kovacs
8. Pásztornóták hosszúfurulyán (Shepherd’s flute song)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Zoltan Juhasz
9. Forgácskúti legényes
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Ignac Veres
10. Pejparipám rézpatkója
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Alexander Balanescu
11. Bonchidai lassú magyar (Slow lad’s dance from Bonchida)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Zoltan Porteleki
12. Magyarbecei öreges csárdások (Magyarbece csardas)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen
13. Pe Loc
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas
14. Botos tanc (Bota dance)
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas
15. Torontáli táncock
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
16. Ardeleana
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
17. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 44, Hegedüduó “Erdélyi tánc,”
Composed by Bela Bartok
with Muzsikas, Alexander Balanescu
18. Füzesi ritka magyar
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
19. A temetö kapu (The churchyard gate)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen
20. Mérai lassúcsárdás és szapora (Kalotsaszeg dances)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen
21. Elindultam a hazámból (I left my homeland)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas
22. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 28, Hegedüduó, Bánkódás
Composed by Bela Bartók
Eu sempre uso este bordão: Meus três compositores prediletos são Bach, Beethoven, Bartók e Brahms. E são mesmo! Bem, este CD recebeu vinte e cinco notas 5 (a máxima) na Amazon, três notas 4 e uma nota 1, dada por um louco, certamente. A gravação de Fritz Reiner é de se ouvir de joelhos, é a própria perfeição. É miraculosa a forma como ele e a Sinfônica de Chicago interpretam o Concerto para Orquestra e a grande Música para Cordas, Percussão e Celesta. Na História da Música Ocidental, Michèle Reverdy escreve:
Cada um dos quatro movimentos da Música é uma obra-prima: o primeiro é uma das mais belas fugas da história da música; o segundo, de grande dinamismo, joga com a heterofonia dos diferentes grupos orquestrais; no terceiro movimento, Bartók encontra as sonoridades mais desorientadoras: é aí que explora ao máximo os recursos das cordas, combinando-as de maneira inusitada com os timbres percussivos; o caráter de festa do final afirma-se na melodia principal em modo antigo — modo de fá — ritmado à búlgara.
O Concerto para Orquestra, mais tradicional, foi escrito no seu exílio em Nova Iorque, quando Bartók já sofria da leucemia que o matou. O nome se justifica pela alternância dos instrumentos como solistas.
Além de grande compositor, Bartók foi um ser humano da melhor qualidade. Sempre posicionou-se e prejudicou-se por sempre ter externado suas posições anti-nazistas. Mas falta-me tempo para escrever mais.
ABSOLUTAMENTE IMPERDÍVEL !!!
Bartók: Concerto for Orchestra; Music for Strings, Percussion and Celesta; Hungarian Sketches
1. Concerto for Orchestra, Sz.116/Introduzione: Andante non troppo; Allegro vivace 9:55
2. Concerto for Orchestra, Sz.116/Giuoco delle coppie: Allegretto scherzando 6:02
3. Concerto for Orchestra, Sz.116/Elegia: Andante non troppo 7:59
4. Concerto for Orchestra, Sz.116/Intermezzo interroto: Allegretto 4:17
5. Concerto for Orchestra, Sz.116/Finale: Pesante; Presto 9:00
6. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz.106/Andante tranquillo 7:12
7. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz.106/Allegro 7:02
8. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz.106/Adagio 7:04
9. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz.106/Allegro molto 6:46
10. Hungarian Sketches/An Evening in the Village 2:51
11. Hungarian Sketches/Bear Dance 1:42
12. Hungarian Sketches/Melody 2:05
13. Hungarian Sketches/Slighty Tipsy 2:19
14. Hungarian Sketches/Swineherd’s Dance 2:02
No início de 1943, enquanto estava ministrando uma série de palestras sobre música folclórica na Universidade de Harvard, Béla Bartók, já com a saúde frágil, piorou subitamente, necessitando de uma bateria de exames médicos urgentes. Quando estes se revelaram inconclusivos, “o pessoal de Harvard me convenceu a fazer novo exame, liderado por um médico muito apreciado por eles e à suas custas”. O exame revelou alguns problemas nos pulmões, que eles acreditavam ser tuberculose. A notícia foi recebida com grande alegria: “Finalmente temos a causa real!”. Quando o compositor retornou a sua casa em Nova York, a ASCAP (Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores), “de alguma forma se interessou no meu caso e decidiu curar-me às suas custas. Mandaram-me para os seus médicos, que mais uma vez me levou para um hospital. Os novos exames mostraram um grau menor de problemas pulmonares. Talvez não fosse tuberculose. E assim, voltei a não saber a causa de minha doença”.
Enquanto estava no hospital de Nova York, Bartók foi visitado por Serge Koussevitzky, maestro da Orquestra Sinfónica de Boston. Ele, por sugentão de dois outros exilados húngaros amigos de Bartók q que sabiam de suas dificuldades — o violinista Joseph Szigeti e regente Fritz Reiner — fez-lhe uma encomenda: um trabalho em memória de sua esposa, recentemente falecida, Natalie Koussevitzky. Bartók aceitou e produziu o Concerto para Orquestra, seu último trabalho completo.
Foi logo após a reunião com Koussevitzky que a fatal leucemia acabou diagnosticada. O compositor não foi comunicado, o que talvez tenha sido uma decisão correta, pois ele, durante o mês subseqüente, ele recuperou a força, a alegria e, obviamente, a criatividade. A partitura foi escrita em apenas dois meses no balneário de Saranac Lake em Nova York. A nota final foi escrita em 8 de outubro de 1943.
Enorme sucesso de público e os crítica, a estreia foi realizada em concerto da Boston Symphony Orchestra, sob a direção de Koussevitzky, em 1 de dezembro de 1944. O compositor assistiu à estreia com sua esposa, Ditta Pásztory. “Fomos lá para os ensaios e apresentações, meu médico deu a permissão a contragosto. Foi uma excelente estreia”. Koussevitzky disse que era “a melhor composição dos últimos, incluindo as obras de meu ídolo Shostakovich!”.
Bartók escreveu a seguinte nota breve para a ocasião:
O título deste trabalho explica-se pelo fato de os instrumentos de uma única orquestra serem tratados de forma solista ou concertante. O tratamento “virtuoso” aparece, por exemplo, nas seções fugato do desenvolvimento do primeiro movimento (instrumentos de sopro), ou no Perpetuum Mobile, como a passagem do tema principal no último movimento (cordas), e especialmente no segundo movimento, no qual pares de instrumentos consecutivamente aparecem com passagens brilhantes. O humor geral do trabalho representa, para além do jocoso segundo movimento, da transição gradual da dureza do primeiro movimento e da canção da morte do terceiro, uma afirmação da vida e do passado.
Uma tremenda gravação de Gustavo Dudamel com a Los Angeles Philharmonic Orchestra !!!. Olha, acho que foi retirada de um DVD… Ouçam como a orquestra ri no quarto movimento.
Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra
1) Introduction: Allegro non troppo
2) Giuoco delle coppie: Allegretto scherzando
3) Elegia: Andante non troppo
4) Intermezzo interrotto: Allegretto
5) Finale: Presto
O Concerto Nº 3 para Piano e Orquestra de Bartók é o maior desmentido de que a música moderna seja fria. Composto quando Bartók já estava condenado pela leucemia, a obra deveria servir de presente de aniversário, além de aumentar o repertório e os ganhos de sua mulher, a pianista Ditta Pásztory. Na época, em 1945, nos EUA, ambos eram pobres exilados. Mais simples que o Primeiro e Segundo Concertos, o Terceiro compensa pela altíssima temperatura emocional e por mostrar que o húngaro e socialista Bartók ainda carregava em si alguma alegria e esperança no mundo. Esta é uma das obras que mais amo e um dos motivos pelo qual sempre brinco que meus três compositores preferidos têm seus nomes começando pela letra “B”. São eles Bach, Beethoven, Brahms e Bartók. Mas os Concertos 1 e 2 também são indubitáveis obras primas! Um baita CD!
Béla Bartók (1881-1945): Concertos para Piano Nº 1, 2 e 3
Um bom disco começa por um repertório de primeira linha, que combine e que seja bem interpretado. É o caso, à exceção de Paganini. Achei a performance da Partita de Bach bastante envolvente. Utilizando 100% dos recursos de seu excepcional violino, ela parece ter adotado de forma inteligente o que os violinistas historicamente informados vêm mostrando. Além disso, ela não tem nada da tendência moderna de uniformizar o som de um instrumento. Ela gosta do fato de que o violino tem quatro cordas, cada uma das quais soando diferente e essa percepção lhe dá vida e cor. O Bartók é muito impressionante também. Mullova mantém-se atenta ao metrônomo do compositor e, para nossa sorte, deixa tempo nenhum para a retórica. Bartók estimou a duração da Sonata a 23min. Mullova a toca em um minuto a menos, mas nunca parece apressada, há uma abundância de cantabile lindamente expressivos e o final é vividamente atlético. As variações vulgares de Paganini são um grande choque depois do Bartók. Ela toca com grande desenvoltura e afeição óbvia pela pequena canção Paisiello, que Paganini ocasionalmente permite emergir. Ali, há a sugestão de uma sobrancelha divertidamente erguida.
J. S. Bach / B. Bartók / N. Paganini: Peças para Violino Solo
Partita No. 1 In B Minor, BWV 1002
Composed By – Johann Sebastian Bach
1 Allemanda 5:48
2 Double 2:48
3 Corrente 3:16
4 Double (Presto) 3:35
5 Sarabande 3:25
6 Double 2:20
7 Tempo Di Borea 3:48
8 Double 3:42
Sonata For Solo Violin = Sonate Für Solovioline · Pour Violon Seul
Composed By – Béla Bartók
9 Tempo Di Ciaccona 8:57
10 Fuga 4:21
11 Melodia 5:53
12 Presto 5:27
Introduction And Variations · Introduktion Und Variationen On · Über · Sur «Nel Cor Più Non Mi Sento»
Composed By – Niccolò Paganini
13 Capriccio1:12
14 Tema (Andante) 1:33
15 Variation 1 (Brillante) 1:34
16 Variation 2 1:44
17 Variation 3 (Più Lento) 1:31
18 Variation 4 (Allegro) 0:58
19 Variation 5 0:59
20 Variation 6 (Appassionato) 1:26
21 Variation 7 (Vivace) 1:37
Esta é a melhor gravação que já ouvi do Concerto para Orquestra de Bartók, obra que ouço há de quarenta anos. O checo Jakub Hrůša realiza um notável trabalho em torno dos dois Concertos para Orquestra escritos pelos compositores húngaros Bartók e Kodály, que foram amigos e pesquisadores e fundadores da etnomusicologia.
O Ilha Quadrada nos fez o favor de escrever muito bem a respeito do espetacular Concerto para Orquestra de Bartók:
Eu já disse que homem é homem, menino é menino, sinfonia é sinfonia, concerto é concerto, concerto grosso é concerto grosso, sinfonia concertante é sinfonia concertante… e concerto para orquestra, que raios é isso?
Siga a lógica: se concerto é para solista e concerto grosso é para um grupo principal de instrumentistas, o concerto é para orquestra quando esse grupo principal é a orquestra toda. Entendeu? Há algo de “comunismo” nesse conceito – todos os instrumentos são importantes, todos têm frases virtuosísticas e claramente destacadas, todos são de alguma maneira solistas. (Na sinfonia não há isso: a orquestra sempre soa homogênea, “sinfônica”.)
Esse lance todo surgiu no começo do século 20, com os neoclássicos dos anos 1920. Parece que o primeiro a cunhar o termo foi Paul Hindemith. Desde Hindemith dezenas de concertos para orquestra apareceram no repertório. Desses, alguns se estabeleceram: Kodály, Lutoslawski, Carter e, principalmente, o de Béla Bartók, de 1943.
Bartók foi um dos cabras mais machos da história da música. Passou até fome, mas nunca se curvou a nenhum ditador, nunca puxou o saco de ninguém e manteve-se artística e politicamente íntegro até o fim. Sofreu um bocado. Se pensarmos que sua Hungria foi um barril de pólvora constante desde sempre, com a chegada constante de austríacos, fascistas, nazistas, soviéticos, incas venusianos (não, esses não!)…
Quando um regime nazifascista se estabeleceu na Hungria durante a Segunda Guerra Mundial, Bartók, totalmente discordante dele, emigrou para os Estados Unidos. Lá, passou perrengue. Doente e paupérrimo, foi sobrevivendo graças à ajuda de amigos. Um deles foi fundamental: Serge Koussevitzky, regente russo que dirigiu a Sinfônica de Boston por 25 anos.
Koussevitzky foi um dos mais importantes mecenas da música do século 20, encomendando e estreando dezenas de obras. Ele rapidamente estendeu a mão para o necessitado Bartók e encomendou-lhe uma obra para orquestra, “do jeito que você quiser”. Bartók escreveu o Concerto para orquestra, que se tornaria das peças mais populares do século e certamente a sua mais famosa.
Em termos de estrutura, o Concerto para orquestra tem o formato concêntrico, simétrico, clássico de Bartók: cinco movimentos, allegro-scherzo-andante-scherzo-allegro. Como já comentamos, Bartók era fã de geometria e proporções matemáticas. A forma em cinco partes é provavelmente a mais equilibrada de todas – um fit perfeito!
As marcas do estilo de Bartók não se restringem a isso: o movimento central é uma elegia em tudo devedora da típica “música noturna” bartokiana; os movimentos intermediários destacam características de execução (os pares de solistas bem caracterizados no segundo movimento, e a valsa caricata “invadida” no quarto movimento); e o finale que une a música popular húngara a um contraponto mais cerrado.
O que mais chama a atenção, no entanto, é a transparência da orquestração: o título da obra não é à toa. Cada seção da orquestra é destacada claramente, cada instrumentista tem o seu momento de brilhar e de estabelecer diálogos. Em pouquíssimos momentos a orquestra soa “cheia”. A textura é límpida a todo momento. É quase uma sinfonia, é meio um concerto, é totalmente fascinante.
Chega de falar. O momento agora é de ouvir. Toca Bartók!
Bartók / Kodály: Concertos for Orchestra
Zoltán Kodály
1 Concerto for Orchestra, K. 115 16:26
Béla Bartók
2 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: I. Introduzione. Andante non troppo – Allegro vivace 10:28
3 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: II. Presentando le coppie. Allegretto scherzando 6:44
4 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: III. Elegia. Andante non troppo 7:36
5 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: IV. Intermezzo interrotto. Allegretto 4:20
6 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: V. Finale. Pesante – Presto 9:52
Hélène Grimaud é uma boa pianista. Não é daqueles pianistas da absoluta primeira linha, mas ela tem algo muito peculiar e importante: é uma notável escolhedora de repertório. Ela quase sempre pinça obras importantes de diferentes compositores que acabam por se combinar maravilhosamente. A Sonata de Liszt é grandiosa, sensacional. Por incrível que pareça, a peça do romântico fica ainda mais linda após Berg e precedendo Bartók. Não amei o Mozart de Grimaud, mas o CD para facilmente em pé. Vale a audição, ô, se não vale.
Mozart / Berg / Liszt / Bartók: Resonances
Mozart — Piano Sonata No. 8 In A Minor K. 310 (300d)
1 1. Allegro Maestoso 7:55
2 2. Andante Cantabile Con Espressione 10:22
3 3. Presto 2:55
Berg — Piano Sonata Op. 1
4 Piano Sonata Op. 1 – Mäßig Bewegt 11:37
Liszt — Piano Sonata In B Minor S 178
5 Piano Sonata In B Minor S 178 – Lento Assai – Allegro Energico – Grandioso – Recitativo – Andante Sostenuto – Allegro Energico – Andante Sostenuto – Lento Assai 30:13
Bartók — Román Népi Táncok BB 68
6 1. Joc Cu Bâtă 1:09
7 2. Brâul 0:28
8 3. Pe Loc 1:05
9 4. Buciumeana 1:23
10 5. Poargă Românască 0:29
11 6. Măruntel 0:59
O imenso violinista que foi Yehudi Menuhin dá um show nestes CD duplo, mesmo já adentrado em certa idade (as gravações foram realizadas entre os anos 60 e 70), mostrando o porque de ser considerado um dos maiores violinistas do século XX. Estamos oferecendo aqui uma das grandes jóias da discografia do século XX, um primor tanto em matéria de execução quanto de gravação. É tudo tão intenso que fica difícil para mim dimensionar o que estou ouvindo. Técnica, criatividade, versatilidade, virtuosismo, são adjetivos por demais óbvios para definir estas execuções. Alguns comentaristas da amazon fazem algumas reclamações sobre a ‘queda de qualidade em suas interpretações devido a idade’, mas, jesuisamado, mas mesmo assim o elemento deu cinco estrelas… Meio contraditório, não acham? Ok, vamos levar em consideração este fator idade. Mas o cara tinha entre cinquenta e sessenta anos de idade neste período de sua vida. O que eles querem? Ok, Menuhin foi um Mozart do violino, antes dos 10 anos de idade já era considerado um fenômeno. Já estava então cansado nesta época? É melhor nem comentar.
Baixem, ouçam e me contem o que acharam. Estou exagerando?
Yehudi Menuhin – Violin, Viola
New Philharmonia Orchestra
Antal Dorati – Conductor
06 – Rhapsody No. 1 for violin and Orchestra, BB 94b – I. Lassu. Moderato – II. Friss. Allegretto moderato
07 – Rhapsody No. 2 for violin and Orchestra, BB 96b – I. Lassu. Moderato – II. Friss. Allegretto moderato
BBC Symphony Orchestra
Pierre Boulez – Conductor
CD 2
01 – Violin Concerto No. 2, BB 117 – I. Allegro non troppo
02 – Violin Concerto No. 2, BB 117 – II. Andante tranquillo
03 – Violin Concerto No. 2, BB 117 – III. Allegro molto
Yehudi Menuhin – Violin, Viola
New Philharmonia Orchestra
04 – 44 Duos for two violins, BB 104 – 28 – Bankodas (Sorrow)
05 – 44 Duos for two violins, BB 104 – 31 – Ujekoszonto 4 (New Year’s Greeting 4)
06 – 44 Duos for two violins, BB 104 – 33 – Arataskor (Harvest Song)
07 – 44 Duos for two violins, BB 104 – 36 – Szol a duda (Bagpipes)
08 – 44 Duos for two violins, BB 104 – 41 – Scherzo
09 – 44 Duos for two violins, BB 104 – 42 – Arab dal (Arabian Song)
Yehudi Menuhin, Nell Gotkovsky – Violins
10 – Sonata for solo violin, BB 124 – I. Tempo di ciaccona
11 – Sonata for solo violin, BB 124 – II. Fuga. Risoluto, non troppo vivo
12 – Sonata for solo violin, BB 124 – III. Melodia. Adagio
13 – Sonata for solo violin, BB 124 – IV. Presto
Este CD foi recém lançado pela gravadora Ondine. Aqui temos o excepcional violinista alemão Christian Tetzlaff dando um show de competência técnica e virtuosística nos apresentando estes incríveis concertos para Violino do húngaro Béla Bártok.
Já ouvi umas duas ou três vezes este CD, e não há como não admirá-lo. Como disse acima, Tetzlaff atingiu um nível altíssimo em suas interpretações, e hoje fácil fácil pode ser considerado um dos grandes nomes do instrumento.
Espero que apreciem. Eu particularmente gostei muito.
1 Violin Concerto No. 2, Sz. 112- I. Allegro non troppo
2 Violin Concerto No. 2, Sz. 112- II. Andante tranquillo
3 Violin Concerto No. 2, Sz. 112- III. Allegro molto
4 Violin Concerto No. 1, Sz. 36- I. Andante sostenuto
5 Violin Concerto No. 1, Sz. 36- II. Allegro giocoso
Christian Tetzlaff – Violin
Finnish Radio Symphony Orchestra
Hannu Lintu – Conductor
Deixarei este CD a cargo do Departamento de Polêmicas. As escolhas tomadas pela notável violinista Patricia Kopatchinskaja (diz-se Copatchínscaiá) foram bem estranhas. No Ravel, a dança cigana não acelera — ou acelera e trava, acelera e trava –, o Bartók é muito pessoal… Não gostei tanto quanto poderia. Mas amo ver Kopatchinskaja no YouTube e fico pensando se sua magnética presença cênica não esconde certo descuido. Quando vemos Janine Jansen é uma coisa esplêndida. Ela é linda e toca demais. Quando apenas a ouvimos, notamos seu grande esmero nos detalhes e ela permanece. E a moldava? Parece que do vídeo para o áudio algo se perdeu. Mas Patricia é uma gênia e mantenho minha enorme admiração por ela. O problema deve ser eu. Ouçam!
Poulenc / Delibes / Bartók / Ravel: Deux (peças para violino e piano)
Francis Poulenc
1 Violin Sonata, FP 119: I. Allegro con fuoco
2 Violin Sonata, FP 119: II. Intermezzo. Très lent et calme
3 Violin Sonata, FP 119: III. Presto tragico
Léo Delibes
4 Coppélia: No. 2, Waltz (Arr. E. Dohnányi for Piano)
Béla Bartók
5 Violin Sonata No. 2, Sz. 76: I. Molto moderato
6 Violin Sonata No. 2, Sz. 76: II. Allegretto
Maurice Ravel
7 Tzigane, M. 76
Patricia Kopatchinskaja, violino
Polina Leschenko, piano
Um bom disco. Este foi o primeiro de Baiba Skride. É de 2004. O folheto proclama que essas três obras seriam “manifestos solo”, não só para Skride mostrar suas credenciais ao mundo, mas também para os próprios compositores. Mais ou menos, né? Na verdade, há uma conexão que liga as três obras, sendo Bach o suporte tanto para Ysaÿe quanto Bartók. Baiba gravou este CD quando tinha apenas 23 anos. Suas abordagens são ótimas, mas ainda ficam longe de Beyer e Podger. Sobra técnica, falta emoção, tanto no Bach quanto no Ysaÿe. Ela não chega ao coração, fica só rondando. Maturidade vem com o tempo, né? Ela vai melhor no Bartók, talvez mais próximo da origem eslava (Riga, Letônia) da violinista. Por exemplo, Skride toca a Sonata de Bartók melhor do que David Grimal, postado ontem. Mas perde fácil para Frang. Confiram! Baiba toca um Stradivarius “Wilhelmj” de 1725.
Bach, Ysaÿe, Bartók: Partita Nº 2 e Sonatas para Violino Solo
Johann Sebastian Bach
1. Allemanda – Partita No. 2 in D minor For Violin Solo, BWV 1004 (5:15)
2. Corrente – Partita No. 2 in D minor For Violin Solo, BWV 1004 (2:47)
3. Sarabanda – Partita No. 2 in D minor For Violin Solo, BWV 1004 (4:21)
4. Giga – Partita No. 2 in D minor For Violin Solo, BWV 1004 (4:07)
5. Ciaconna – Partita No. 2 in D minor For Violin Solo, BWV 1004 (16:30)
Eugène Ysaÿe
6. Grave – Sonata No. 1 In G minor For Violin Solo, Op. 27\1 (5:39)
7. Fugato – Sonata No. 1 In G minor For Violin Solo, Op. 27\1 (4:37)
8. Allegretto poco scherzoso – Sonata No. 1 In G minor For Violin Solo, Op. 27\1 (4:29)
9. Finale con brio – Sonata No. 1 In G minor For Violin Solo, Op. 27\1 (2:36)
Béla Bartók
10. Tempo di ciaconna – Sonata For Violin Solo (1944) (10:05)
11. Fuga – Sonata For Violin Solo (1944) (4:49)
12. Melodia – Sonata For Violin Solo (1944) (7:30)
13. Presto – Sonata For Violin Solo (1944) (5:12)
O recital de David Grimal e Georges Pludermacher começa com a Sonata de Debussy. Não sou apaixonado por ela, mas Grimal me convenceu, o que acontece raramente em um ouvinte como eu, que tem dificuldades com este compositor. Mas Debussy teve grande influência no início da carreira de um dos caras que mais amo, Bartók. A Sonata Para Violino Solo do húngaro é uma obra-prima que foi escrita de encomenda para Yehudi Menuhin. Acho que Grimal poderia ter sido mais agressivo, mas OK. (Creio que Vilde Frang tenha se saído melhor do que Grimal na obra. Aliás, amanhã postaremos uma versão também superior a de David, mas inferior à de Frang). E realmente gostei muito, muito mesmo, de sua interpretação da Sonata de Ravel, que me pareceu, secundado por Bartók, os filés do CD.
Debussy, Ravel: Sonatas para Violino e Piano / Bartók: Sonata para Violino Solo
Claude Debussy
Sonate Pour Violon Et Piano
1 Allegro Vivo 5:00
2 Intermède. Fantasque Et Leger 4:10
3 Finale Très Animé 4:09
Béla Bartok
Sonata For Solo Violin SZ 117
4 Tempo Di Ciaccona 9:53
5 Fuga 4:18
6 Melodia 6:14
7 Presto 5:00
Maurice Ravel
Sonate Nº2 Pour Violon Et Piano
8 Allegreto. Andante 7:45
9 Blues, Moderato 5:04
10 Perpetuum Mobile 3:31
Violin – David Grimal
Piano – Georges Pludermacher
De todas essas belas violinistas de menos de 40 anos que surgiram nos últimos anos, creio que apenas a norueguesa Vilde Frang possa ficar tranquilamente, sem sentimentos de inferioridade, junto às hoje veteranas Mullova e Mutter. Dona de extraordinária musicalidade, talvez ela exagere no perfume jogado sobre Strauss, mas não creio ter ouvido melhores versões do que as que Frang comete nas sonatas de Grieg (violino e piano) e na TREMENDA OBRA-PRIMA DE BARTÓK (para violino solo).
Esta Sonata foi composta a pedido Yehudi Menuhin em 1943. Bartók era um compositor totalmente sem dinheiro, exilado nos EUA e extremamente doente. Tinha já diagnosticada a leucemia que iria matá-lo. A situação era realmente difícil. Menuhin pediu-lhe a Sonata não apenas porque considerava Bartók um compositor genial, mas também para lhe dar um trabalho e meios. Também, foi, aparentemente, um caso de bondade. Desde o primeiro momento, Menuhin e os primeiros ouvintes deram-se conta que tratava-se de uma obra-prima. Com a pretensão de homenagear as sonatas e partitas para violino solo de Bach, Bartók alcançou um equivalente moderno em termos de paixão, rigor e contínua invenção. E, nela, Frang consegue o milagre de enfatizar o parentesco com Bach. No Grieg, é importante ressaltar que é uma norueguesa interpretando um norueguês, o que é uma raridade em termos de sotaque e compreensão. Seu Allegretto quasi andantino é quasi de sair dançando pela sala.
Para terminar, revelo que Vilde Frang nasceu num 19 de agosto. É, sem dúvida alguma, a melhor, a mais perfeita e mais distinta data para alguém nascer!
Grieg (1843-1907), Bartók (1881-1945), R. Strauss (1864-1949): Sonatas para Violino
Grieg: Violin Sonata No. 1, Op. 8
1 Sonata in F major, Op.8: I – Allegro con brio 9:24
2 Sonata in F major, Op.8: II – Allegretto quasi andantino 5:24
3 Sonata in F major, Op.8: III – Allegro molto vivace 7:14
Bartók: Sonata for Solo Violin, Sz. 117
4 Sonata for solo violin: I. Tempo di ciaccona 9:26
5 Sonata for solo violin: II. Fuga – Risoluto, non troppo vivo 5:01
6 Sonata for solo violin: III. Melodia – Adagio 7:15
7 Sonata for solo violin: IV. Presto 5:35
Strauss: Violin Sonata, Op. 18
8 Sonata in E Flat major, Op. 18: Allegro, ma non troppo 11:41
9 Sonata in E Flat major, Op. 18: Improvisation (Andante cantabile) 8:12
10 Sonata in E Flat major, Op. 18: Finale (Andante – Allegro) 9:32
Um sensacional álbum triplo que reúne gravações dos anos 90 de música moderna por Anne-Sophie Mutter e diversas orquestras. Tudo é um primor, a começar pelo Concerto neoclássico de Stravinsky. Aliás, cada um dos CDs inicia com uma obra-prima. Há o já citado Concerto de Strava, o belíssimo e insuperável Concerto Nº 2 para Violino e Orquestra de Bartók e o não menos de Berg. Este último tem a triste alcunha de “À Memória de um Anjo”. É que Berg recebeu a notícia da morte de Manon Gropius, filha do arquiteto Walter Gropius e de Alma Mahler. Manon faleceu aos 18 anos, vítima de poliomielite. Naquele momento, Berg estava finalizando o Concerto. Ele então transformou-se num tributo à memória da adolescente e também em um réquiem para si mesmo, que morreria logo depois de compô-lo. O restante tem menos história, mas não é de jogar fora, imagina! Destaque para obras de Lutoslawski, Moret e Rihm, compostas especialmente “Para Anne-Sophie Mutter”. Te mete com ela, rapaz! (Bem, adoraria que ela se metesse comigo).
Anne-Sophie Mutter Modern: Works by Stravinsky / Lutoslawski / Bartók / Moret / Berg / Rihm
Disc 1
Concerto en ré
Composed By – Igor Stravinsky
Conductor – Paul Sacher
Orchestra – Philharmonia Orchestra
1 1. Toccata 5:51
2 2. Aria I 4:09
3 3. Aria II 5:13
4 4. Capriccio 5:49
Partita (“For Anne Sophie Mutter”)
Composed By – Witold Lutoslawski
Piano – Phillip Moll
5 1. Allegro giusto 4:14
6 2. Ad libitum 1:12
7 3. Largo 6:22
8 4. Ad libitum 0:47
9 5. Presto 3:51
Chain 2 (“For Paul Sacher”)
Composed By – Witold Lutoslawski
Conductor – Witold Lutoslawski
Orchestra – BBC Symphony Orchestra
10 1. Ad libitum 3:48
11 2. A battuta 4:58
12 3. Ad libitum 4:58
13 4. A battuta – Ad libitum – A battuta 4:27
Disc 2
Violinkonzert Nr. 2
Composed By – Béla Bartók
Conductor – Seiji Ozawa
Orchestra – Boston Symphony Orchestra
1 1. Allegro non troppo 16:16
2 2. Andante tranquilo – Allegro scherzando – Tempo I 9:58
3 3. Allegro molto 12:13
En rêve (“pour Anne Sophie Mutter”)
Composed By – Norbert Moret
Conductor – Seiji Ozawa
Orchestra – Boston Symphony Orchestra
4 1. Lumière vaporeuse. Mystérieux et envoŭtant 7:13
5 2. Dialogue avec l’Etoile 5:44
6 3. Azur fascinant (Sérénade tessinoise). Exubérant, un air de fête
Disc 3
Violinkonzert (“To the memory of an angel”)
Composed By – Alban Berg
Conductor – James Levine
Orchestra – The Chicago Symphony Orchestra
1 I. Andante – Allegretto 11:31
2 II. Allegro – Adagio 16:12
“Gesungene Zeit” (“Time Chant”) – Dedicated To Anne-Sophie Mutter
Composed By – Wolfgang Rihm
Conductor – James Levine
Orchestra – The Chicago Symphony Orchestra
3 [Anfang / beginning / début / inizio] 14:27
4 [Takt / bar / mesure / battuta 179] 9:56
Gosto desses CDs mistureca. Haydn, Bartók, Pärt e Takemitsu acabam conseguindo uma boa convivência na pequena área do disquinho. Sem Haydn, não se sabe o que seria do gênero do quarteto de cordas. Elo de ligação entre Johann Sebastian Bach e Wolfgang Amadeus Mozart sua obra é feliz, mas sem a qualidade de um Mozart ou as profundidades filosóficas de um Beethoven. Mas Joseph Haydn foi um grandíssimo gênio. Aqui, está na companhia de compositores nascidos séculos depois. Como combinam bem os revolucionários! Os três irmãos Mark, Erik e Ken Schumann, que cresceram na Renânia e tocavam juntos desde crianças. Em 2012, a violista estoniana Liisa Randalu juntou-se a eles para formar o excelente Schumann Quartett. Olho neles, os caras são bons.
Haydn / Takemitsu / Bartók / Pärt: Landscapes
JOSEPH HAYDN STRING QUARTETT IN B-FLAT MAJOR OP. 76 “SUNRISE”
1 ALLEGRO CON SPIRITO
2 ADAGIO
3 MENUETTO
4 FINALE
5 TORU TAKEMITSU “LANDSCAPE” FOR STRING QUARTET
BÉLA BARTÓK STRING QUARTET NO. 2
6 MODERATO
7 ALLEGRO MOLTO CAPRICCIOSO
8 LENTO
Sim, esse disco tem que ir para o pódio. A Sonata para Piano, a Sonatina e principalmente a Sonata para Dois Pianos e Percussão são peças que não podem ser deixadas de lado. E a interpretação a cargo ou chefiada por Tiberghien, se tornará certamente referência. A Sonata para Dois Pianos e Percussão recebeu, desde a estreia, em 1938, críticas entusiasmadas. Bartók e sua esposa também tocaram as partes do piano para a estreia americana que aconteceu em Nova York em 1940. Desde então, tornou-se uma das obras mais reverenciadas de Bartók. A partitura requer quatro artistas: dois pianistas e dois percussionistas, os quais que tocam sete instrumentos. Bartók deu instruções altamente detalhadas para os percussionistas, estipulando, por exemplo, qual parte de um prato suspenso deve ser atingido por que determinado tipo de baqueta. Deve ter dado certo pois… Que música, meus senhores!
Piano Sonata Sz80[14’12]
1 Allegro moderato[4’53]
2 Sostenuto e pesante[5’30]
3 Allegro molto[3’49]
Three Hungarian Folksongs from the Csík District Sz35a[3’47]
4 Rubato[1’42]
5 L’istesso tempo[1’14]
6 Poco vivo[0’51]
Sonatina Sz55[4’24]
7 Movement 1, Bagpipers: Molto moderato[1’37]
8 Movement 2, Bear Dance: Moderato[0’42]
9 Movement 3, Finale: Allegro vivace[2’05]
Three Rondos on Slovak folk tunes Sz84[9’09]
10 Andante – Allegro molto[3’03]
11 Vivacissimo[2’55]
12 Allegro molto[3’11]
Études Sz72 Op 18[8’40]
13 Allegro molto[2’29]
14 Andante sostenuto[3’41]
15 Rubato[2’30]
Sonata for two pianos and percussion Sz110[25’24] with François-Frédéric Guy (piano), Colin Currie (percussion), Sam Walton (percussion)
16 Assai lento – Allegro molto[12’32]
17 Lento, ma non troppo[6’23]
18 Allegro non troppo[6’29]
Provavelmente, a música para piano solo do húngaro Bartók jamais estará entre as dez peças favoritas de música erudita de algum apreciador do gênero. Mas todos os artistas que conheci têm um grande respeito pelas pequenas obras de pianísticas de Bartók e logo falam no enorme impacto que tiveram na música do século XX. Porém, para o ouvinte médio, talvez estas peças soem menores. Em defesa do compositor — que considero um dos três maiores do século XX –, digo que seus trabalhos de piano solo representam uma excursão interessantíssima para o ouvinte mais curioso. Embora Bartók com frequência percorra o terreno cigano ou nacionalista, com seu pulso “bárbaro”, há momentos de ingenuidade e inocência, reflexão simples e silenciosa, bem como beleza rara.
Three Burlesques, Sz47 (Op. 8c, BB55) (8:13)
25 Quarrel: Presto 2:20
26 A Bit Drunk: Allegretto 2:53
27 Molto Vivo, Capriccioso 3:00
Mikrokosmos, Sz107 (BB105), Book 6 (29:05)
28 Free Variations: Allegro Molto 1:53
29 Subject And Recollection: Allegro 1:11
30 From The Diary Of A Fly: Allegro 1:32
31 Divided Arpeggios: Andante 2:36
32 Minor Seconds, Major Sevenths: Molto Adagio, Mesto 4:56
33 Chromatic Invention IIIa: Allegro 1:11
34 Chromatic Invention IIIb: Allegro 1:08
35 Chromatic Invention IIIc: Allegro 1:10
36 Ostinato: Vivacssimo 2:18
37 March: Allegro 1:50
38 Six Dances In Bulgarian Rhythm: Eighth Note = 350 2:15
39 Six Dances In Bulgarian Rhythm: Half Note Tied To Dotted Quarter Note = 60 1:08
40 Six Dances In Bulgarian Rhythm: Dotted Quarter Note Tied To Quarter Note = 80 1:16
41 Six Dances In Bulgarian Rhythm: Dotted Quarter Note Tied To Quarter Note Tied To Dotted Quarter Note = 50 1:33
42 Six Dances In Bulgarian Rhythm: Whole Note Tied To Eighth Note = 40 1:10
43 Six Dances In Bulgarian Rhythm: Dotted Quarter Note Tied To Dotted Quarter Note Tied To Quarter Note = 56 1:56
Iniciamos hoje uma série de três discos dedicados à obra para piano de Béla Bartók, por Cédric Tiberghien. As gravações são da Hyperion, o que é garantia de alta qualidade. Esta é a primeira grande abordagem da obra para piano de Bartók desde Kocsis na década de 90. Tiberghien chega com interpretações altamente pessoais, informadas e artísticas para esse incrível repertório. Sou familiarizado com a música para piano do húngaro e suas gravações. Vale a pena ouvir, este CD tem indiscutíveis méritos artísticos. Tiberghien se aproxima de Bartok como compositor de piano, trata-se de um apaixonado, não parece desejar apenas explorar coisas pouco gravadas. É um recital para ser ouvido e apreciado, depois analisado, se me entendem.
Romanian Folk Dances Sz56
1 No 1, Stick Dance: Allegro Moderato 1:14
2 No 2, Sash Dance: Allegro 0:30
3 No 3, In One Spot: Andante 1:04
4 No 4, Horn Dance: Moderato 0:53
5 No 5, Romanian Polka: Allegro 0:32
6 No 6, Fast Dance: Allegro 1:01
Fourteen Bagatelles Sz38
7 Molto Sostenuto 1:29
8 Allegro Giocoso 0:55
9 Andante 0:54
10 Grave 1:31
11 Vivo 1:14
12 Lento 1:46
13 Allegretto Molto Capriccioso 2:26
14 Andante Sostenuto 2:30
15 Allegretto Grazioso 2:05
16 Allegro 2:33
17 Allegretto Molto Rubato 2:18
18 Rubato 5:00
19 Elle Est Morte (Lento Funebre) 2:19
20 Valse: Ma mie quie danse (Presto) 2:09
21 Allegro Barbaro Sz49 3:13
Eight Improvisations On Hungarian Peasant Songs Sz74
22 Molto Moderato 1:26
23 Molto Capriccioso 1:12
24 Lento, Rubato 2:51
25 Allegretto Scherzando 0:54
26 Allegro Molto 1:05
27 Allegro Moderato, Molto Capriccioso 1:51
28 Sostenuto, Rubato 2:34
29 Allegro 2:17
Mikrokosmos Sz107
30 Book 5 No 122, Chords Together And In Opposition: Molto Vivace 1:01
31 Book 5 No 123, Staccato And Legato II: Allegro 1:03
32 Book 5 No 123, Staccato: Allegretto Mosso 1:11
33 Book 5 No 125, Boating: Allegretto 1:38
34 Book 5 No 126, Change Of Time: Allegro Pesante 0:40
35 Book 5 No 127, New Hungarian Folk Song: Ben Ritmato 1:09
36 Book 5 No 128, Stamping Dance: Moderato 1:26
37 Book 5 No 129, Alternating Thirds: Allegro Molto 0:58
38 Book 5 No 130, Village Joke: Moderato 0:55
39 Book 5 No 131, Fourths: Allegro Non Troppo 1:03
40 Book 5 No 132, Major Seconds Broken And Together: Adagio 1:45
41 Book 5 No 133, Syncopation III: Allegro 0:59
42 Book 5, No 134, Three Studies In Double Notes: Allegro 0:54
43 Book 5, No 135, Perpetuum Mobile: Allegro Molto 0:56
44 Book 5, No 136, Whole-tone Scale: Andante 1:37
45 Book 5, No 137, Unison: Moderato 1:59
46 Book 5, No 138, Bagpipe Music: Allegretto 1:22
47 Book 5 No 139, Jack-in-the-box: Con Moto Scherzando 1:15
Este é um CD recém lançado que traz gravações de Jarrett de 1984 e 1985. É ótimo, mas… Desde a década de 1980, Keith Jarrett alterna jazz com música erudita, sempre no mais alto nível. Tudo funciona maravilhosamente no excelente concerto de Barber. A orquestra mostra-se parruda e lírica, mas o mesmo não pode ser dito sobre esta obra-prima de Bartók. Acontece que, quem tem nos ouvidos a gravação Anda-Fricsay ou a Argerich-Dutoit, não se deixa enganar por uma orquestra japonesa de segunda linha. Como disse, é um bom disco, mas….
Samuel Barber (1910-1981), Bela Bartók (1881-1945): Concerto para piano e orq., Op. 38 / Concerto para piano e orq., Nº 3
01 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – I Allegro appassionato
02 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – II Canzone, Moderato
03 – Samuel Barber – Piano Concerto op. 38 – III Allegro molto
Rundfunk-Sinfonieorchester Saarbrücken
Dennis Russell Davies: conductor
04 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – I Allegretto
05 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – II Adagio religioso
06 – Bela Bartok – Piano Concerto No. 3 – III Allegro vivace
New Japan Philharmonic
Kazuyoshi Akiyama: conductor
07 – Keith Jarrett – Tokyo Encore – Nothing But A Dream
Um disco arrebatador: música do mais alto nível em notável interpretação! Este disco mais parece um sonho de tão bom. Só encontra rival no campeão deste extraordinário repertório. Era de se prever: os húngaros entendem melhor Bartók do que os outros… Esta é uma gravação em 1996 de András Schiff e da Orquestra do Festival de Budapeste, liderada por Ivan Fischer. O time toca um Bartók elegante e majestoso. Schiff está excelente e o som da orquestra chega cheio e reverberante. E Schiff reclama: “O Segundo Concerto é provavelmente a peça mais difícil que já toquei. Geralmente acabo com o teclado sujo de sangue, machuco os dedos”. E, bem, falar destes três concertos é bobagem. Talvez seja o que de melhor tivemos no século XX. Para ouvir este disco e aquele que está no link acima, basta apertar os cintos e viajar. Você estará num passeio surpreendente e feliz.
Béla Bártok (1881-1945): Os Três Concertos para Piano
Piano Concerto No. 1, Sz 83
01. Allegro moderato. Allegro
02. Andante
03. Allegro. Allegro molto
Piano Concerto No. 2, Sz 95
04. Allegro
05. Adagio. Presto. Adagio
06. Allegro molto
Ouvindo a alemã Arabella Steinbacher tocar concertos de Beethoven, Bruch ou Mozart, não dá para imaginar que ela teria um Bartók tão consistente. Mérito dela, que tem pleno senso de estilo. Aqui, ela demonstra grande intimidade com o gênio húngaro. Que bom! Gostaria de ouvi-la solando os concertos de Prokofiev. Eles estão gravados por ela, alguém tem aí??? O Concerto Nº 2 de Bartók é especialmente lindo e significativo dentro da obra do compositor. Escrito entre 1937 e 1938, foi dedicado ao violinista húngaro Zoltán Székely, que pediu a composição em 1936. Trata-se de um exemplo de primeira linha do estilo cigano verbunkos. Bartók compôs o concerto em uma difícil situação de vida, ocupado que estava por uma grande preocupação pela força crescente do fascismo em seu país. Ele tinha uma firme posição antifascista, e por isso tornou-se o alvo de vários ataques na Hungria pré-guerra. Mas, porém, todavia, contudo, entretanto, a composição tem uma atmosfera particularmente otimista e muito, mas muito desafiadora. Eu amo e amo este concerto.
Béla Bartók (1881-1945): Concerto Nº 2 para Violino e Orquestra e Nº 1 (Opus póstumo)
Violin Concerto No. 2, Sz. 112:
1 I. Allegro non troppo 16:39
2 II. Andante tranquillo 10:35
3 III. Allegro molto 12:34
Violin Concerto No. 1, Sz. 36:
4 I. Andante sostenuto 9:17
5 II. Allegro giocoso 12:03
Arabella Steinbacher, violino
Orchestre de la Suisse Romande
Marek Janowski
Este CD já apareceu por aqui há alguns anos atrás, mas acho que mano PQPBach não vai reclamar por estar repostando essa verdadeira joia da história da indústria fonográfica. Tudo aqui funciona tão perfeitamente que você fica meio que sem direção, não acreditando que tal álbum possa ter sido produzido.
O pianista húngaro Géza Anda juntou-se ao regente húngaro Ferenc Fricsay para tocarem um conterrâneo deles, Béla Bártok. E juntos conseguiram gravar uma das melhores gravações já realizadas destes concertos para piano. Vejam as opiniões de alguns clientes da Amazon:
“The Benchmark Bartok Concerto Set” “Just terrific” “After half a century, still unsurpassed”
Aquilo que faltava na versão recente de Bavouzet recentemente postada, ou seja, o sangue, a alma, a intensidade, está tudo aqui presente. Desde os primeiros acordes do Primeiro Concerto já entendemos que não vai sobrar pedra sobre pedra. Géza Anda e Ferenc Fricsay exploram todas as possibilidades não temendo o resultado. Detalhe: estas gravações foram realizadas entre 1959 e 1960, ou seja, há mais de cinquenta anos.
E também não é por caso que ela inaugura o projeto “The Originals” da Deutsche Grammophon, que reúne as mais importantes gravações realizadas pela gravadora do selo amarelo.
Béla Bartók (1881-1945): Os Concertos para Piano e Orquestra – Géza Anda, Fricsay, RSOB
01 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 1 ~ I Allegro moderato-Allegro
02 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 1 ~ II Andante
03 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 1 ~ III Allegro molto
04 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 2 ~ I Allegro
05 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 2 ~ II Adagio-Presto-Adagio
06 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 2 ~ III Allegro molto
07 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 3 ~ I Allegretto
08 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 3 ~ II Adagio religioso
09 – Konzert für Klavier und Orchester Nr. 3 ~ III Allegro vivace
Géza Anda, piano
Berlin Radio Symphony Orchestra
Ferenc Fricsay
Estes dias o compadre Vassily deixou todo mundo boquiaberto ao comentar que um dia recebeu um email do pianista Murray Perahia, querendo informações sobre o grande Antônio Guedes Barbosa, que Vassily está concedendo a graça de ressuscitar para nossos ouvidos aqui no blog.
Pois bem: desde aquele dia não parei de pensar que a única postagem que o Monge Ranulfus fez envolvendo Murray Perahia estava fora do ar há muito tempo – e que, uma vez a tenham conhecido, xs senhorxs hão de convir que isso foi um grave pecado de sua parte!
Assim, o monge resolveu aproveitar o domingo para se penitenciar, mesmo se um tanto pela metade, pois no momento pode apenas revalidar o link, e não acrescentar à postagem um texto decente – o mesmo que, coincidentemente, aconteceu há mais de cinco anos, quando da postagem original. Mas pra não dizer que não falei das obras, vamos lá: duas ou três palavras:
Tanto as Variações do 3º quanto a Sonata do 4º Grande B existem também em versões com orquestra (no caso de Bartók, na forma do Concerto para 2 pianos e orquestra, de 1940), mas foram compostas originalmente na forma para dois pianos que se ouve aqui.
As variações de Brahms são tradicionalmente ditas “sobre um tema de Haydn”, mas não é preciso ouvir mais que um compasso para perceber que essa atribuição deve ser questionada, como de fato tem sido. O tema também é referido como “Hino de Santo Antônio”, e com ele as variações – as quais foram estreadas pelo próprio Brahms e por Clara Schumann (quem mais?) numa audição privada em Bonn, em 1873.
E agora, Brahms & Bartók por Solti & Perahia ficam com vocês!
Béla Bartók: Sonata para 2 pianos & percussão (1937)
01 I Assai lento 12:50
02 II Lento ma non troppo 06:27
03 III Allegro non troppo 06:37
Johannes Brahms: Variações sobre um tema de Joseph Haydn
(‘Chorale Sankt Antoni’) para 2 pianos, op.56b (1873)
04 Thema: Chorale St. Antoni: Andante
05 Var.1 Andante con motto
06 Var.2 Vivace
07 Var.3 Con motto
08 Var.4 Andante
09 Var.5 Poco presto
10 Var.6 Vivace
11 Var.7 Grazioso
12 Var.8 Poco presto
13 Finale: Andante
Murray Perahia e Sir Georg Solti, pianos David Corkhill e Evelyn Glennie, percussão
Gravado na Inglaterra em 1987