Boldog születésnapot! – Bartók, a zongoraművész (Bartók, o pianista) #BRTK140

 

“Boldog születésnapot!” não é uma sopa de letrinhas, e sim “feliz aniversário!” em húngaro – e as felicitações, claro, vão para o genial Béla Viktor János Bartók, em seu idioma nativo, no dia em que completaria 140 anos.

Não falo húngaro, nem jamais falarei. Limito-me a estudá-lo mui diletantemente, sem progresso algum, e há tantos anos que reconheço em meus esforços mais uma contemplação amedrontrada da legendária complexidade do magiar, com seus dezoito casos e vocabulário alheio ao léxico indo-europeu, do que uma pretensão real de algum dia dominar o Leviatã. Ainda assim, resolvi que os títulos das postagens de hoje seriam bilíngues, não para ostentar minha confessa semi-ignorância, e sim para homenagear devidamente o aniversariante, que tanto orgulho tinha de seu país, de sua cultura e de seu idioma, e que – mesmo notável poliglota – contemplava o resto do mundo a partir dessa inexpugnável ilha linguística.

Bartók, claro, também tocava piano (que o magiar, aliás, resolveu chamar de nada parecido com o italiano piano ou o alemão Klavier, e sim de ZONGORA). Reconhecia ritmos e melodias antes de balbuciar frases completas, e, antes de completar quatro anos, já estava tão familiarizado ao teclado que seu repertório contava com quarenta peças. Sua maior aliada era a mãe, Paula, uma professora de piano que começou a lhe dar aulas a partir dos cinco anos e não mediria esforços para garantir a melhor educação musical possível a seu filho, o que envolveu heroísmo depois da morte inesperada do marido, quando o menino tinha meros cinco anos. Sua admissão na classe de piano de István Thomán na Real Academia de Música de Budapest, aos dezoito anos, coroou a abnegação de Paula, a quem Béla permaneceria devotamente ligado até a morte dela.

Embora tenha feito várias turnês ao longo da vida – a primeira delas pela Alemanha, em 1903, ao graduar-se da Academia -, a carreira de Bartók como concertista sempre lhe teve um papel secundário, inda mais depois de ingressar no corpo docente da Academia, em 1908, como professor de piano. Com um emprego prestigioso e salário fixo, já não dependia mais dos recitais como ganha-pão, e podia assim lançar-se ao pleno cultivo de suas maiores paixões – a composição e o estudo da música folclórica húngara – até a reta final de sua vida, quando o fascismo e o envolvimento da Hungria na guerra obrigaram-no a refugiar-se nos Estados Unidos, onde viu-se obrigado novamente a sentar-se ao teclado para sustentar-se.

Mesmo com essa baixa prioridade dada à ribalta, Bartók legou-nos um número razoável de gravações em diferentes meios – incluindo cilindros de cera e o processo Welte-Mignon, semelhante à pianola – que não só servem como documentos fascinantes de seu pianismo, com também são testemunhos preciosos das concepções artísticas do gênio. A qualidade do som registrado pelos processos arcaicos não consegue, naturalmente, trazer a nossos tempos uma das virtudes mais laudadas por aqueles que ouviram Béla ao teclado: seu timbre, descrito como “belo”, “caloroso” e “profundamente convincente”. Muito evidentes, entretanto, são outras qualidades descritas por seus contemporâneos: a concentração (“sua execução de piano era desprovida de qualquer floreio superficial e irrelevante; cada tom era pura essência ”, segundo Lajos Hernádi), a inventividade (“ele foi um revolucionário na composição; sua performance ao piano também estava sob a égide da renovação, desprovida de qualquer rotina”, nas palavras de Géza Frid) e a espontaneidade (“há uma espécie de pureza virginal até em suas marteladas mais infernais… Isso é mais que o gênio do artista-intérprete; é o gênio inerente do artista criativo para tudo o que é criação”, como descreveu Aladár Tóth, esposo da grande pianista Annie Fischer).

As preciosidades que lhes apresento a seguir foram lançadas pelo selo Hungaroton em 1981, por ocasião do centenário do compositor, e compreendem a quase totalidade do legado fonográfico de Béla Bartók (a notória exceção é um recital com Joseph Szigeti na Livraria do Congresso em Washington, D. C., nos Estados Unidos, que será oportunamente publicada pelo colega Pleyel). Elas refletem o conforto com que ele assumia as funções de recitalista, camerista, acompanhador, pianista de duo e concertista, e atestam categoricamente sua destreza ao teclado. Alguns registros, como as sonatas de Scarlatti, dão a impressão de que o sisudo, quase ascético homem chegava mesmo divertir-se ao tocar piano. Outros, como o fragmento do “Concerto Patético” de Liszt, tocado com o colega de Academia e também compositor Dohnányi, contrastam seu estilo econômico com o som efusivo e ultrarromântico do segundo. E eletrizantes, acima de tudo, são as leituras suas próprias obras (algumas delas anunciadas em húngaros pelo próprio compositor), um legado inestimável para os pianistas que as desejam incorporar a seus repertórios e, pelo menos para mim, seu fã incondicional, fascinantes janelas para um passado não tão remoto em que o gênio estava entre nós.

BARTÓK HANGFELVÉTELEI CENTENÁRIUMI ÖSSZKIADÁS
(“Edição do centenário das gravações de Bartók”)
Editores:  László Somfai, Zoltán Kocsis, János Sebestyén
Hungaroton, 1991

I. BARTÓK ZONGORÁZIK 1920-1945 (“Bartók ao piano”)

Gravações em piano de rolo (processo Welte-Mignon)

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)

1 – Das Dez peças fáceis, BB 51 – No. 5: Este a székelyeknél – Das Quinze canções camponesas húngaras, BB 79 – No. 6: Ballada
2 – Quinze canções camponesas húngaras, BB 79, Sz. 71 – Nos. 7-10, 12, 14, 15
3 – Sonatina para piano, BB 69, Sz. 55
4 – Danças folclóricas romenas para piano, Sz. 56, BB 68

Gravações fonográficas

5 – Das Dez peças fáceis, BB 51 – No. 5: Este a székelyeknél – No. 10: Medvetanc (“Dança do Urso”)
6 – Das Duas danças romenas, Op. 8a, Sz. 43, BB56 –  No. 1: Allegro vivace
7 – Das Quatorze bagatelas para piano, Op. 6, BB 50 – No. 2: Allegro giocoso – Das Três Burlesques, BB 55 – No. 2:  Kicsit azottan
8 – Allegro barbaro, BB 63, Sz. 49

Suíte para piano, BB 70, Sz. 62, Op. 14
9 – I. Allegretto
10 – II. Scherzo
11 – III. Allegro molto – IV. Sostenuto

Suíte para piano, BB 70, Sz. 62, Op. 14
12 – I. Allegretto
13 – II. Scherzo
14 – III. Allegro molto – IV. Sostenuto

Giuseppe Domenico SCARLATTI (1685-1757)

15 – Sonata em Sol maior, K. 427/L. 286/P. 286 – Sonata em Lá maior, K. 212/L. 135/P. 155
16 – Sonata em Lá maior, K. 537/L. 293/P. 541 – Sonata em Si bemol maior, K. 70/L. 50/P. 21

Ferenc LISZT (1811-1886)

Années de Pèlerinage, 3ème Année, S. 163
17 – No. 7: Sursum corda

Béla BARTÓK

18 – Das Quinze canções húngaras para piano, BB 79, Sz. 71 – Nos. 7-10, 12, 14, 15
19  – Dos Três rondós sobre melodias folclóricas eslovacas, BB 92, Sz. 84 – No. 1: Andante
20 – Das Nove pequenas peças para piano, BB 90 – No. 6: Dal – No. 8: Csorgotanc – Petite Suite, BB 113 – No. 5: Szol

Béla Bartók, piano

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Zoltán KODÁLY (1882-1967)

Arranjos de música folclórica húngara para vozes e piano:
1 – No. 1: Molnár Anna
2 – No. 6. Harom arva
3 – No. 7: Kitrakotty mese
4 – No. 8: A rossz feleseg
5 – No. 9: Szomoru fuzfanak
6 – No. 11: Elkialton – No. 10: Egy nagyoru
7 – No. 12: Kocsi – No. 16: Asszony, asszony
8 – No. 15: Akkor szep az erdo
9 – No. 13: Meghalok – No. 30: Szolohegyen
10 – No. 41: Kortefa – No. 14: Viragos
11 – No. 18: Kadar kata
12 – No. 19: A noverek
13 – No. 20: Tucsoklakodalom
14 – No. 21: Zold erdoben
15 – No. 23: Most jottem – No. 24: Ciganynota
16 – No. 32: Katona vagyok en
17 – No. 39: Megegett Racorszag – No. 33: Arrol alul
18 – No. 37: Kadar Istvan balladaja
19 – No. 40: Labanc gunydal a kurucra Labanc
20 – No. 42: Rákóczi kesergoje

Vilma Medgyaszay, soprano
Mária Basilides, contralto
Ferenc Székelyhidy, tenor
Béla Bartók, piano

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Béla BARTÓK

Cinco canções folclóricas húngaras, BB 97, Sz. 33
1 – No. 1: Elindultam – No. 2. Altal – No. 3: A gyulai
2 – No. 4: Nem messze van ide – No. 5: Vegigmentem a tarkanyi

Vilma Medgyaszay, soprano
Béla Bartók, piano

Canções folclóricas húngaras, Sz. 42
3 – No. 1: Fekete fod – No. 3: Asszonyok, asszonyok
4 – No. 2: Istenem, istenem – No. 5: Ha kimegyek
5 – No. 6. Toltik a – No. 7: Eddig valo dolgom – No. 8: Olvad a ho

Mária Basilides, contralto
Ferenc Székelyhidy, tenor
Béla Bartók, piano

6 – Melodias folclóricas húngaras (arranjo de Jozséf Szigeti para violino e piano)
7 – Danças folclóricas romenas para piano, Sz. 56, BB 68 (arranjo de Zoltán Székely para violino e piano)

Rapsódia no. 1 para violino e piano, BB 94a, Sz. 86
8 – Lassú
9 – Friss

József Szigeti, violino
Béla Bartók, piano

Contrastes, para violino, clarinete e piano, BB 116, Sz. 111
10 – I. Verbunkos
11 – II. Piheno
12 – III. Sebes

József Szigeti, violino
Benny Goodman, clarinete
Béla Bartók,
piano

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De Mikrokosmos, para piano, BB 105
1 – Vol. 5: No. 124. Staccato – Vol. 6: No. 146. Ostinato
2 – Vol. 4: No. 113. Ritmo búlgaro – Vol. 5: No. 129. Terças alternadas – Vol. 5: No. 131. Quartas – Vol. 5: No. 128. Dança campesina
3 – Vol. 4: No. 120. Acordes de quinta – Vol. 4: No. 109. Da ilha de Bali – Vol. 5: No. 138: Gaita de foles
4 – Vol. 4: No. 100. No estilo duma canção folclórica – Vol. 6: No. 142. Do diário duma mosca – Vol. 6: No. 140. Variações livres
5 – Vol. 5: No. 133. Síncopes – Vol. 6: Seis danças em ritmo búlgaro: No. 149 – No. 148
6 – Vol. 4: No. 108. Luta – Vol. 6: Seis danças em ritmo búlgaro: Nos. 150-151
7 – Vol. 3: No. 94. Era uma vez… – Vol. 6: Seis danças em ritmo búlgaro: Nos. 152 – 153
8 – Vol. 5: No. 126. Mudança de tempo – Vol. 4: No. 116. Melodia –  Vol. 5: No. 130. Piada de aldeia – Vol 5: No. 139. András, o contente
9 – Vol. 6: No. 143. Arpejos divididos – No. 147. Marcha
10 – No. 144. Segundas menores, sétimas maiores
11 – No. 97. Notturno – No. 118. Tríades – No. 141. Tema – No. 136. Tons inteiros – No. 125. Navegando – No. 114. Tema e inversão

Béla Bartók, piano

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Sonata para dois pianos e percussão, BB 115, Sz. 110
1 – I. Assai lento – Allegro molto
2 – II. Lento, ma non troppo
3 – III. Allegro non troppo

Béla Bartók e Ditta Bartók-Pásztory, pianos
Henry Baker e Edward Rubsam, percussão

4 – Petite Suite, BB 113
5 – Das Quatorze bagatelas, Op. 6, Op. 6, BB 50 – No. 2: Allegro giocoso – Dos Três rondós sobre melodias folclóricas eslovacas – No. 1:. Andante
6 – Das Improvisações sobre canções camponesas húngaras, Op. 20, Sz. 74: Nos. 1, 2, 6, 7 & 8
7 – Das Nove pequenas peças para piano, BB 90 – No. 9: Preludio: All’ungherese
8 – Melodias folclóricas húngaras, BB 80b

Béla Bartók, piano

9 – Das Sete peças do ‘Mikrokosmos’ para dois pianos, BB 120 – Nos. 2, 5 &  6

Béla Bartók e Ditta Bartók-Pásztory, pianos

10 – Das Dez peças fáceis, BB 51 – “Noite na Transilvânia” – “Dança do Urso”

De Para crianças, BB 53:
11 – Vol. 1: No. 3. Quasi adagio – No. 4. Dança da almofada – No. 6. Estudo para a mão esquerda – No. 10. Dança infantil – No. 12. Allegro
12 – Vol. 1: No. 13. Ballade – No. 15. Allegro moderato – No. 18. Canção do soldado – No. 19. Allegretto – No. 21. Allegro robusto
14 –  Vol. 2: No. 26. Moderato – No. 34. Allegretto – No. 35. Con moto – No. 31. Andante tranquillo – No. 30. Canção de zombaria

Béla Bartók, piano

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II. BARTÓK HANGARCHIVUM
Bartók hangja és zongorajátéka
1912-1944
(“Arquivo de gravações de Bartók – Bartók fala e toca piano”)

Fonográf-, Gépzongora- És Rádiófelvételek
(“gravações de fonógrafo, piano de rolo e rádio”)

Béla BARTÓK

1 – De Para Crianças, BB 53 – Vol. 3: No. 62. Molto allegro – Dos Sete esboços, Op. 9b, BB 54 – No. 3. Lento (excerto)
2 – Das Dez peças fáceis, BB 51 – No. 10: Medvetanc – Dos Sete esboços, Op. 9b, BB 54 – No. 6. No estilo da Valáquia
3 – Das Quatorze bagatelas, Op. 6, BB 50 – No. 10. Allegro
4 – Das Quatorze bagatelas, Op. 6, BB 50 – No. 7. Allegretto molto – De Para crianças, BB 53 – Vol. 1, No. 10. Allegro molto
5 – Das Danças folclóricas romenas, BB 68 – No. 1: Joc cu bata (excerto)
6 – Das Danças folclóricas romenas, BB 68 – No. 3: Pe loc – No. 4: Buciumeana – No. 5: Poarga romaneasca – No. 6: Maruntel
7 – Das Duas danças romenas, Op. 8a, BB 56 – No. 1:. Allegro vivace
8 – Das Improvisações sobre canções camponesas húngaras, Op. 20, Sz. 74 – No. 1: Allegro vivace 9 – Allegro barbaro, BB 63
10 – Das Dez peças fáceis, Sz. 39, BB 51 – No. 5. Este a szekelyeknel (excerto)
11 – Das Dez peças fáceis, Sz. 39, BB 51 – No. 10: Medvetanc
12 –  Das Duas danças romenas, Op. 8a, BB 56 – No. 1:. Allegro vivace (excerto)

Johann Sebastian BACH (1685-1750)
Da Partita no. 5 em Sol maior, BWV 829:
13 – No. 1: Praeambulum
14 – No. 6: Passepied – No. 7: Gigue (excerto)

Zoltán KODÁLY
Das Sete peças para piano, Op. 11:
15 – No. 2: Székely keserves – No. 4: Sirfelirat
16 – No. 6: Székely nota

Johann Sebastian BACH
Do Concerto para teclado em Lá maior, BWV 1055:
17 – I. Allegro (excerto)

Béla Bartók, piano
Budapesti Filharmóniai Társaság Zenekara (Orquestra Filarmônica de Budapeste)
Ernő Dohnányi, regência

Wolfgang Amadeus MOZART (1756-1791)
18 – Rondó em Lá maior para piano, K. 386 (excerto)

Ferenc LISZT
19 – Variações sobre o tema “Weinen, klagen, sorgen, zagen”, S180/R24 (excertos)

Béla Bartók, piano

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Babitsné/Makai Anyag (“coleções Babitsné/Makai”)

Béla BARTÓK
Concerto para piano e orquestra no. 2, BB 101

1 – I. Allegro – II. Adagio – III. Allegro molto (excertos)

Béla Bartók, piano
Budapesti Szimfonikus Zenekara (Orquestra Sinfônica de Budapeste)
Ernest Ansermet, regência

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)
2 – Seis variações sobre um tema original em Fá maior, Op. 34 (excerto)

Johannes BRAHMS (1833-1897)
3 – Das Klavierstücke, Op. 76 –  No. 2: Capriccio in Si menor

Fryderyk Franciszek CHOPIN (1810-1849)
4 – Dos Dois noturnos, Op. 27 – No. 1 em Dó sustenido menor

Béla BARTÓK
De Mikrokosmos, BB 105:
5 – Vol. 5: No. 138. Gaita de foles
6 – Vol. 4: No. 109. Da ilha de Bali (excerto)
7 – Vol. 6: No. 148. Seis danças em ritmo búlgaro: No. 1 (excerto)

Béla Bartók, piano

Wolfgang Amadeus MOZART
Sonata para dois pianos em Ré maior, K. 448

8 – I. Allegro con spirito (excerto)
9 – II. Andante (excerto)
10 – III. Allegro molto (excerto)

Claude-Achille DEBUSSY (1862-1918)
En blanc et noir, para dois pianos, L. 134
11 –  I. Avec emportement (excerto)
12 – II. Lent, Sombre (excertos)
13 – III. Scherzando (excertos)

Béla Bartók e Ditta Pásztory-Bartók, pianos

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Béla BARTÓK
1 – Rapsódia para piano e orquestra, Op. 1, Sz. 27 (excertos)

Béla Bartók, piano
Magyar Királyi Operaház Zenekara (Orquestra da Ópera Real Húngara)
Ernő Dohnányi, regência

Johannes BRAHMS
Sonata para dois pianos em Fá menor, Op. 34bis
2 – I. Allegro non troppo
3 – II. Andante un poco adagio
4 – III. Scherzo: Allegro
5 – IV. Finale: Poco sostenuto – Allegro non troppo

Béla Bartók e Ditta Pásztory-Bartók, pianos

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Béla BARTÓK
1 – Rapsódia no. 1 para violino e piano, Sz. 86, BB 94
2 – Magyar népdalok (Canções folclóricas húngaras), BB 109 (arranjo de Tivadar Országh para violino e piano)

Ede Zathureczky, violino
Béla Bartók, piano

Ferenc LISZT
3 – Concerto pathétique, para dois pianos, S258/R 356

Béla Bartók e Ernő Dohnányi, pianos

Prózai Anyagok (“material falado”)

Béla BARTÓK
Entrevistas, conferências e pronunciamentos:

4 – Texto da “Cantata profana” (em húngaro)
5 – Conferência sobre a expedição à Anatólia (em húngaro)
6 – Entrevista na Radio Bruxelles (em francês)
7 – Entrevista para a série “Ask the Composer” (em inglês)
8 – Gravações familiares (em húngaro)

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Bartók a zongoránál

PQP Bach, por Ammiratore

Vassily

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Dance Suite, Hungarian Peasant Songs, Roumanian Folk Dances, 3 Rondos – András Schiff #BRTK140

Assim como a obra de Beethoven, a de Bartók também tem suas fases, ainda que talvez não tão nitidamente demarcadas.

Entre 1899 e 1903 ele estudou na Real Academia de Música de Budapeste. Estudou piano com um aluno de Liszt e composição com um compositor e organista alemão, primo de Max Reger. Mas o grande período de aprendizado talvez tenha sido de 1908 a 1914 quando, junto com Kodaly, ele se dedicou a estudar e coletar melodias folclóricas húngaras, romenas e de vários outros povos da Europa do leste. Uma inovação tecnológica foi essencial: Bartók gravava essas melodias in loco, ao invés de usar papel e caneta, única tecnologia disponível para os compositores do século XIX.

E como muitos gênios, ele precisou negar em bloco o passado, no caso, ele dizia que o grande compositor das rapsódias húngaras usava temas vagamente ciganos e italianizados, de forma que pouca coisa das Rapsódias Húngaras seria realmente húngara: “Devo frisar que as rapsódias – especialmente as húngaras – são criações perfeitas no gênero. O material que Liszt nelas utiliza não poderia ser tratado com maior arte e beleza. Que o material em si não seja dos mais ricos é outro problema” (Bartók em artigo de 1936). Bartók também não poupou o mais famoso compositor polonês: “As Mazurkas de Chopin são prova de que ele não conhecia a autência música folclórica polonesa”. Entendo nessas citações um certo ar sarcástico do mochileiro que rodou por tantos cantos e não consegue mais admirar aqueles compositores estabelecidos que ficaram na ponte Paris-Viena tomando bons vinhos em salões burgueses.

Com a 1ª Guerra Mundial, as viagens ficaram mais difíceis e Bartók, que tinha o piano como seu 1º instrumento, compôs muita música em movimentos curtos, baseados em música folclórica, como as Quinze Canções Populares Húngaras, Sz. 71 (1914-18) ou os Três Rondós sobre temas eslovacos, Sz. 84 (1916-1927).

São obras desse período – década de 1910 e começo da de 20 – que András Schiff escolheu gravar neste álbum. A partir da década de 1926, Bartók integraria os temas populares em movimentos mais longos, com mais dissonâncias e clusters como na Sonata para Piano (1926) e nos Concertos para Piano e Orquestra nº 1 (1926) e 2 (1931).

 

Béla Bartók (1881-1945) – Obras para piano

1. Dance Suite, Hungarian Peasant Songs, Sz.77   16:46
2. Roumanian Folk Dances Sz.56   4:44
3. Three Rondos On Folk Tunes Sz.   84 7:45
4. 15 Hungarian Peasant Songs Sz.71   12:43

András Schiff – Piano

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Béla Bartók

Pleyel

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945): Obras para Violino e Piano (Ehnes / Armstrong) #BRTK140

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945): Obras para Violino e Piano (Ehnes / Armstrong) #BRTK140

A Voz do Dono

O ideal seria que todos os violinos desta cidade e de cada aldeia fossem cortados em dois. Depois, seriam pendurados em salgueiros, e os violinistas que tocam as danças seriam pendurados pelas pernas ao lado deles.

De uma publicação religiosa húngara de 1681

Nos filmes de Kusturica são ciganos. Quando estão pedindo no metrô, são romenos. Quando vivem em casas, são “ex-ciganos.” Quando muito pobres, são ladrões. Quando têm bons carros, também são ladrões. A imagem negativa é a do pobre nômade pedinte e sem lei. A positiva é a ser rebelde orgulhoso, livre e… músico, quase sempre violinista.

A música para violino da Hungria, Romênia, Moldávia e adjacências é conhecida em todo o mundo por sua paixão e virtuosismo e, para os não nativos, tal música é sinônimo de fogueira, estrada e ciganos. A música para violino húngara é música cigana? Sim, pois, no mínimo, ela foi muito influenciada. No entanto, dentro do país você encontrará um ressentimento considerável em relação a esse estereótipo e, embora haja muito apreço pela habilidade dos violinistas ciganos, ela é considerada música húngara, não música cigana. Mas a polêmica ainda é quente.

O húngaro Franz Liszt deu o tiro de abertura ao publicar seu livro Os ciganos e sua música na Hungria em 1859. Ele já era conhecido por apreciar a música cigana e pela publicação, em 1853, de suas Rapsódias Húngaras. O que causou ira entre seus conterrâneos foi sua afirmação de que, embora a música tradicional de aldeia na Hungria seja “modesta e imperfeita” e digna de pouco respeito, a música instrumental das orquestras ciganas húngaras é “capaz de competir com qualquer coisa em sua sublimidade e na ousadia de emoção, além da perfeição de sua forma”. Este não era um assunto a ser tratado levianamente. Dificilmente haverá um país tão intensamente patriótico do que a Hungria, e os meados do século XIX foi um período de grande nacionalismo, pois o país tentava, sem sucesso, libertar-se do Império Habsburgo. A música tornou-se o foco deste florescimento do nacionalismo só que, desde os anos 1760, a música húngara esteve em grande parte nas mãos de orquestras ciganas. O que Liszt afirmava era que sem os ciganos, a música húngara seria insignificante, enquanto seus detratores afirmavam que, embora ninguém duvidasse ou deixasse de valorizar a contribuição dos “novos húngaros” — como eram eufemisticamente conhecidos os ciganos –, o que eles tocavam era fundamentalmente música húngara.

Pondo lenha na fogueira, Kodaly escreveu em 1960: A música folclórica húngara não é de forma alguma uma criação dos ciganos, como ainda é frequentemente afirmado como resultado do erro monumental de Franz Liszt. Os anti-Liszt, por assim dizer, acusavam o compositor de nem ter aprendido húngaro em sua vida, de ter passado a maior parte de sua vida no exterior e de, portanto, não estar bem posicionado para comentar com precisão o que compreendia da música folclórica húngara. Faltaria a ele o tal lugar de fala.

Os ciganos viviam na Hungria desde o século XV. Um rei lhes deu liberdade de movimentos em 1423. O século XVII viu a partida dos turcos e a abertura do país às influências ocidentais e da igreja — o que foi particularmente importante para a introdução do conceito de harmonia. Para os músicos nativos de aldeias húngaras, a Reforma da igreja, como em muitas partes da Europa Ocidental, foi sentida como um endurecimento das atitudes em relação à música, dança e prazer pecaminoso geral.

No século XX, com a sofisticação crescente do repertório urbano, um grande abismo começava a se abrir entre este e o repertório rural mais simples, terreno e rústico. Inevitavelmente, alguns intelectuais começaram a considerar o repertório urbano muito longínquo de sua fonte. Foi assim que Bartók, ainda muito jovem e impressionado ao ouvir uma empregada da vizinhança cantando em linda melodia que a maçã vermelha caiu na lama, começou a desenvolver um fascínio pessoal pela música primitiva do interior da Hungria, e iniciou uma busca para coletar o máximo que pudesse. “Nos chamados círculos urbanos de cultura” observou Bartók, “o tesouro inacreditavelmente rico da música folclórica era inteiramente desconhecido. Ninguém sequer suspeitou que esse tipo de música existisse”. Usando uma máquina de gravação cilíndrica Edison, ele começou em 1906 uma série de expedições, gravando e transcrevendo um total impressionante de 10.000 músicas. Muitas delas foram coletadas nas áreas de língua húngara além das fronteiras atuais, como a Transilvânia da atual Romênia. Bartók, junto com seu colega e compositor Kodály, incorporou muitos dos temas, formas e modalidades em suas composições, criando com sucesso uma música que era ao mesmo tempo muito moderna e repleta do que era visto como o verdadeiro espírito da Hungria antiga. Eles trabalharam em conjunto, dividindo sistematicamente entre si as regiões do país e outras regiões de língua húngara para pesquisa e estudo.

Eles também reabriram a controvérsia Liszt, rejeitando a ideia de que a música cigana e a húngara estivessem inextricavelmente ligadas. Ao colecionar melodias, procuravam sempre selecionar materiais que não tivessem sido “contaminados” pela influência cigana. Para citar Sarosi; “Aos olhos de Bartók e Kodaly, o grave pecado dos músicos ciganos desde o final do século XVIII foi servir à moda e ao entretenimento de quem os pagava, intrometendo um decadente repertório urbano mais recente na autêntica cultura popular. ” Essa visão ainda é controversa, até porque no passado a aristocracia húngara patrocinava ciganos e sua música de verbunkos e csardas. Sugerir que o coração da cultura húngara não estava com eles, mas com os camponeses iletrados, é uma ideia estranha, bem polêmica.

Não vamos resolver a questão aqui, é claro. A nobreza europeia, especialmente em países como Rússia, Romênia e Hungria, há muito tem um fascínio pelo romance, pelo mistério e pelo exotismo dos ciganos e têm sido patrocinadores voluntários deles. No século XIX, a Hungria, a maioria da nobreza rural mantinha sua própria orquestra cigana. Não existe um estilo de música cigano único. Pensem na extensão coberta pelo flamenco, pelo jazz cigano de Django Reinhardt, pelo hard jazz / rock romeno de Ivo Popozov, pela música crua de Taraf de Haiduks, por Goran Bregovic, etc.

O que é comum a todos é a grande aptidão dos músicos, adotando sistematicamente a postura de aprender os repertórios locais e, geralmente, aprimorando-os através do virtuosismo, da improvisação e do fato de serem showmen. Como viajantes periódicos, os ciganos têm sido uma força importante na polinização musical, pois além de dominarem o repertório local, podem introduzir técnicas e sabores que parecem misteriosos e exóticos.

Resumido e (muito) adaptado a partir deste texto de Chris Haigh.

.oOo.

James Ehnes tem uma notável noção de conteúdo musical. Faz música russa com sotaque russo, faz bartók com sotaque, bem, local… É um violinista maior, sem dúvida, alguém de vasta cultura musical. O que ele faz sempre corre o risco de tornar-se a nova lei.  Neste CD duplo, há, por baixo, quatro obras-primas: as Sonatas Nº 1 e 2, a Sonata para Violino Solo e as Danças Folclóricas Romenas.

A Sonata para Violino Solo Sz. 117, BB 124, foi estreada por Yehudi Menuhin, a quem foi dedicada, em Nova York em 26 de novembro de 1944. Menuhin encomendara um trabalho para violino solo em novembro de 1943. Ele foi escrito em Nova York e em Asheville, Carolina do Norte, onde Bartók fazia tratamento para leucemia. Bartók terminou de compor a peça em março de 1944. Ele escreveu cartas a Menuhin em abril e junho de 1944 para concordar com pequenas alterações para tornar a Sonata mais fácil de tocar. A Sonata Solo apresenta muitas dificuldades aos violinistas e utiliza toda uma gama de técnicas — várias notas tocadas simultaneamente, pizzicato para a mão esquerda executado simultaneamente com uma melodia tocada com o arco, etc.

A primeira sonata de Bartok para violino e piano foi escrita em 1903 — CD 2, faixas de 5 a 7 — e friamente recebida por Leopold Auer e outros membros do júri do Prix Rubinstein em Paris em 1905. A primeira sonata numerada e publicada, a Sonata para Violino No.1, em três movimentos, foi escrita nos últimos três meses de 1921 e dedicada à violinista húngara Jelly d’Aranyi, sobrinha-neta de Joachim, que estreou a obra com Bartók em Londres no dia 24 de março de 1922, seguida de uma performance em Paris. Entre julho e novembro do mesmo ano, ele escreveu uma segunda sonata para Jelly d’Aranyi, que ela executou pela primeira vez com o compositor em Londres em 7 de maio de 1923. Ambas as sonatas são altamente originais e muitas vezes adstringentes, mostrando evidente influência húngara na figuração rítmica, na escolha de certos intervalos melódicos e no humor. Foi também para Jelly d’Aranyi que Ravel, um compositor também fascinado pelos problemas de combinar o timbre das cordas com as qualidades percussivas do piano, escreveu sua Tzigane.

As Danças Folclóricas Romenas formam uma suíte de seis peças curtas para piano compostas por Béla Bartók em 1915. Mais tarde, ele as orquestrou para duos e pequeno conjunto. É baseada em sete canções romenas da Transilvânia, originalmente tocadas com violino ou flauta de pastor.

Béla Bartók (1881-1945): Obras Completas para Violino e Piano (Ehnes / Armstrong) #BRTK140


CD 1

Rhapsody No. 1, BB 94a (Folk Dances) (1928) (10:25)
1 I. (‘Lassú’.) Moderato – 4:32
2 II. (‘Friss’.) Allegretto Moderato – 3:47
3 [Agitato] 2:06

Sonata No. 2, BB 85 (In C Major) (1921) (20:07)
4 I. Molto Moderato – 8:29
5 II. Allegretto 11:36
Rhapsody No. 2, BB 96a (Folk Dances) (10:33)
6 I. (‘Lassú’.) Moderato – 4:20
7 II. (‘Friss’.) Allegretto Moderato – 6:11

Sonata No. 1, BB 84 (In C Sharp Minor) (1921) (33:35)
8 I. Allegro Appassionato 12:23
9 II. Adagio 11:23
10 III. Allegro 9:47

11 Andante, BB 26b In A Major Compiled By [Edited By] – László Somfai 4:00

Alternative Ending For Part II Of Rhapsody No. 1
12 Accelerando – A Tempo ♩ = 168 0:24
13 [Agitato] 1:23

CD 2

Sonata, BB 124 (1944) (25:43)
1 Tempo Di Ciaccona 9:06
2 Fuga 4:18
3 Melodia 7:13
4 Presto 5:05

Sonata, BB 28 (1903) (30:05)
5 Allegro Moderato (molto Rubato) – Maestoso – Meno Mosso (Moderato) – Più Vivo – Meno Mosso – Quieto – Più Vivo – Moderato – Quieto, Rubato – Moderato – Quieto Molto 9:39
6 Andante – Più Vivo – Poco Maestoso – Quieto – Tempo I 10:52
7 Vivace – Vivace Molto – Presto 9:31

Hungarian Folksongs, BB 109 (1931) Transcriptions Of Nine Pieces From For Children, BB 53 (9:14)
8 Book II No. 34. Andante – Un Poco Più Lento – 1:30
9 Book II No. 36. Allegretto – 0:28
10 Book I No. 17. Lento, Ma Non Troppo – 1:17
11 Book II No. 31. Allegro 0:59
12 Book I No. 16. Lento, Poco Rubato – 1:35
13 Book I No. 14. Allegretto – 0:26
14 Book I No. 19. Allegretto Scherzando – 0:34
15 Book I No. 8. Sostenuto – Allegro – Adagio – Sostenuto – Allegro – Adagio – Sostenuto – Allegro – Adagio – 1:18
16 Book I No. 21. Allegro Robusto – Sostenuto – Tempo I – Un Poco Sostenuto – Tempo I – Sostenuto – Tempo I – Sostenuto – Tempo I 0:59

Hungarian Folk Tunes (1926 – 27), Transcriptions Of Seven Pieces From For Children, BB 53 (7:41)
17 Book II No. 28. Parlando – 1:05
18 Book I No. 18. Andante Non Molto – 0:54
19 Book II No. 42. Allegro Vivace 1:33
20 Book II No. 33. Andante Sostenuto – 1:32
21 Book I No. 6. Allegro – 0:40
22 Book I No. 13. Andante – 0:54
23 Book II No. 38. Poco Vivace 0:56

Romanian Folk Dances (1915 – 16), Transcriptions For Violin And Piano Of Romanian Folk Dances, BB 68 (5:23)
24 (Joc Cu Bâtă (Stick Dance].) Allegro Moderato 1:13
25 (Brâul.) Allegro – 0:26
26 (Pe Loc [In One Spot].) Andante 0:58
27 (Buciumeana [Dance Of Bucium].) Molto Moderato 1:17
28 (Poargă Românească [Romanian Polka].) Allegro – 0:30
29 (Mărunţel [Fast Dance].) Allegro – Più Allegro 0:55

James Ehnes – Violin
Andrew Armstrong – Piano

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A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Quarteto de cordas no. 6 [Bartók – 6 String Quartets – Tákacs Quartet] #BRTK140

 

Meu sepultamento deve ser o mais simples possível. Se, depois de minha morte, quiserem dar meu nome a uma rua, ou erigir um memorial a mim num local público, então minha vontade é a seguinte: enquanto as anteriormente chamadas Oktogon-Ter e Körönd em Budapest tiverem os nomes daqueles que agora lhes dão nome e, mais ainda, enquanto houver na Hungria qualquer praça ou rua com o nome daqueles dois, então nenhuma praça, nem rua, nem prédio público na Hungria deve ganhar meu nome, e nenhuma placa com ele deve ser instalada num lugar público”

Béla Bartók odiava o fascismo, os fascistas o odiavam, e ele queria que esse sentimento recíproco ficasse claro até depois de sua morte. O ano, no entanto, era 1939, e “aqueles dois” (Mussolini e Hitler, respectivamente) faziam os últimos preparativos para que começasse a guerra na Europa. Hitler anexara a Áustria no ano anterior, e todas as instituições austríacas estavam nazificadas – incluindo a editora Universal, de Viena, que publicava as obras de Bartók e de Kodály e que lhes enviou um questionário a lhes perguntar, entre outras coisas, se eles eram de origem alemã ou não-ariana.

Naturalmente, nem eu, nem Kodály o preenchemos; em nossa opinião, esses inquéritos são contrários à lei e à justiça. Por outro lado, isso é ruim, porque poderíamos fazer boas piadas ao responder; por exemplo, poderíamos dizer que nós somos não-arianos – porque, em última análise (e isso eu aprendi no dicionário), ‘ariano’ significa ‘indo-europeu’; nós, magiares, entretanto, somos fino-úgricos, sim, e ainda por cima, talvez, racialmente turcos do norte, consequentemente nada indo-europeus, e portanto não-arianos. Outra pergunta era assim: ‘onde e quando foi ferido?’. Resposta: ‘Viena, março de 1938’ [mês em que a Áustria foi anexada ao Reich]

Nem tudo, claro, era bom humor. Desde a ascensão de Hitler ao poder, em 1933, Bartók deixara de dar concertos na Alemanha, onde fizera turnês por três décadas, e todas os convites para atuar academicamente – fosse como palestrante ou como professor convidado – eram recusados, por um motivo ou outro, se viessem do Reich. Era natural que os alemães vissem as desfeitas com desconfiança, mas isso não chegou a ser problema para o compositor, além da eventual necessidade de refutar as insinuações de que era judeu. Suas maiores dificuldades começaram quando a Hungria, liderada ditatorialmente por Miklós Horthy – um ex-almirante da armada austro-húngara que assumira o curioso posto de regente dum reino sem trono -, assinou um pacto de não agressão com o Reich, implantou leis antissemitas afins às de Nürnberg e começou a perseguir dissidentes e intelectuais, para profundo desgosto do compositor:

Há o perigo iminente de que a Hungria também se renda a esse sistema de roubo e assassinato. Como eu continuaria a viver e trabalhar num país desses me é inconcebível.

Esses temores, como sabemos, viriam a concretizar-se da pior maneira possível. Hitler invadiria a Polônia em setembro e, embora a Hungria lograsse inicialmente manter sua autonomia em relação ao Reich – e mais notavelmente na recusa de Horthy em permitir que tropas alemãs atravessassem território húngaro para invadirem a Polônia, invocando a ancestral amizade entre húngaros e poloneses -, as mãos de ferro do regime passaram a desossar qualquer oposição. Bartók, que não media palavras para expressar seu nojo ao fascismo, seria um alvo natural de represálias, e toda proteção conferida por seu status de mais notável músico ativo em seu país de nada lhe valeria, se os alemães interviessem. Um amigo lhe disse que, se a Gestapo chegasse, o primeiro de seus tiros lhe estava reservado – e ele, provavelmente, tinha razão.

ooOoo

Além da perseguição do governo autocrático, que o atacava tanto como antifascista quanto como músico acusado de “formalismo”, um drama familiar mergulhava Béla, enquanto compunha seu sexto e derradeiro quarteto, em angústias sem paralelo nos seus cinquenta e sete anos de vida. Paula, sua idolatrada mãe – uma professora de música que não medira esforços para garantir sua educação musical após a morte prematura do pai, e a quem se manteve muito apegado por toda a vida -, estava mortalmente enferma. Com tanta opressão e insegurança, não surpreende que o quarteto que lhe brotou da pena seja uma das obras mais constritas do século XX.

Não é à toa, tampouco, que a indicação “Mesto” (“triste”, em italiano) abra cada um dos movimentos – que parecem, pela primeira vez na série, ser os tradicionais quatro, mas que enfim são sete, pois a pesarosa introdução Mesto repete-se três vezes, à guisa de prelúdio, antes de movimentos completamente diferentes. O primeiro desses está numa, assim digamos, sonata-forma bartokiana, complexa em contraponto e rica em inversões temáticas e entrecruzamentos de vozes. O segundo é uma marcha que parece parodiar a aproximação dos agressores fascistas e tem, como trio central, uma bizarra seção que parece uma dança folclórica, com cimbalom e tudo, passada por um filtro onírico – talvez, na visão de Béla, uma Hungria a se esfacelar. O terceiro é intitulado Burletta – que pode ter tanto o significado de “brincadeira” ou “piada”, como o dos entreatos jocosos que, como La Serva Padrona de Pergolesi, eram executados no meio de óperas sérias. Bartók, aqui, pega pesado na palhaçada, e chega a pedir para um dos violinos tocar em quartos de tom, como se desafinado estivesse. No último, chamado tão somente Mesto, o tema devastado retorna e, como se rejeitado nos movimentos anteriores e enfim estivesse a vencer as resistências, adona-se completamente do movimento, servindo de base para transformações que, com muito vagar, parecem desembocar no vazio.

Esse quarteto extraordinário seria a última obra que Béla completaria em seu país. Iniciou-o em agosto de 1939, e, no mês seguinte, a Alemanha invadir a Polônia; terminou-o em novembro, e em dezembro lhe morreria a mãe, o único motivo que lhe restava para permanecer na Hungria. Perdera, quase ao mesmo tempo, a amada mãe e a querida pátria. Nada mais o prendia a seu chão: em outubro do ano seguinte,  partiria para os Estados Unidos para nunca mais retornar.

ooOoo

Nossa promessa de apresentar-lhes os quartetos pares de Bártok somente em leituras com sotaque húngaro cumpre-se, aqui, com duas gravações do notável quarteto Takács, fundado em Budapest e radicado, desde os anos 80, nos Estados Unidos. Na dúvida sobre qual das duas lhes apresentar, fiquem, pois, com as duas:

 

Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)

Quarteto de cordas no. 1, Op. 7, Sz 40 (1908-1909)

1 – Lento – Attacca:
2 – Allegretto
3 – Introduzione. Allegro – Attacca:
4 – Allegro vivace

Quarteto de cordas no. 2, Op. 17, Sz 67 (1915-1917)

5 – Moderato
6 – Allegro molto capriccioso
7 – Lento

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Quarteto de cordas no. 3, Sz 85 (1927)

1 – Prima Parte. Moderato – Attacca:
2 – Seconda Parte. Allegro – Attacca:
3 – Ricapitulazione della Prima Parte. Moderato
4 – Coda. Allegro molto

Quarteto de cordas no. 4, Sz 91 (1928)

5 – Allegro
6 – Prestissimo, con sordino
7 – Non troppo lento
8 – Allegretto pizzicato
9 – Allegro molto

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Quarteto de cordas no. 5, Sz 102 (1934)

1 – Allegro
2– Adagio molto
3 – Scherzo: Alla bulgarese
4– Andante
5 – Finale: Allegro vivace

Quarteto de cordas no. 6, Sz 114 (1939)

6 – Mesto – Più mosso, pesante – Vivace
7 – Mesto – Marcia
8 – Mesto – Burletta
9 – Mesto

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Takács Kvartett:
Gábor Takács-Nagy e Károly Schranz, violinos
Gábor Ormai,
viola
András Fejér,
violoncelo

Gravado em 1984


Quarteto de cordas no. 1, Op. 7, Sz 40 (1908-1909)

1 – Lento – Attacca:
2 – Poco a poco accelerando al’allegretto – Introduzione. Allegro – Attacca:
3 – Allegro vivace

Quarteto de cordas no. 3, Sz 85 (1927)

4 – Prima Parte. Moderato – Attacca:
5 – Seconda Parte. Allegro – Attacca:
6 – Ricapitulazione della Prima Parte. Moderato
7 – Coda. Allegro molto

Quarteto de cordas no. 5, Sz 102 (1934)

8 – Allegro
9 – Adagio molto
10 – Scherzo: Alla bulgarese
11 – Andante
12 – Finale: Allegro vivace

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Quarteto de cordas no. 2, Op. 17, Sz 67 (1915-1917)

1 – Moderato
2 – Allegro molto capriccioso
3 – Lento

Quarteto de cordas no. 4, Sz 91 (1928)

4 – Allegro
5 – Prestissimo, con sordino
6 – Non troppo lento
7 – Allegretto pizzicato
8 – Allegro molto

Quarteto de cordas no. 6, Sz 114 (1939)

9 – Mesto – Più mosso, pesante – Vivace
10 – Mesto – Marcia
11 – Mesto – Burletta
12 – Mesto

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Tákacs Quartet:
Edward Dusinberre e Károly Schranz, violinos
Roger Tapping,
viola
András Fejér,
violoncelo

Gravado em 1997

Béla e família, num momento menos difícil – e na primeira foto em que o vi a sorrir

 

Vassily

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Quarteto de cordas Nº 5 [Bartók – 6 String Quartets – Belcea Quartet] #BRTK140

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Quarteto de cordas Nº 5 [Bartók – 6 String Quartets – Belcea Quartet] #BRTK140

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Erico Verissimo amava esses quartetos, porém, durante a Guerra do Vietnam, disse que não conseguia mais ouvi-los pois eles lhe evocavam um mundo rumando para a destruição. Imaginem se ele estivesse vivo, vendo o descaso de algumas pessoas em relação às mudanças climáticas e à ciência. Imaginem Erico e Bolsonaro…

Bem, não nos deprimamos. Os seis quartetos de Bartók podem ser misteriosos, íntimos, inovadores, transcendentes, francos ou terrenos e suas infinitas sutilezas mereces estudos e louvores de uma vida bem aproveitada. O Belcea Quartet tocou todos os quartetos de Bartók no Wigmore Hall. Lá, a primeiro violino Corina Belcea-Fisher comentou: “Quanto mais nos envolvemos nessas obras, mais beleza e riqueza descobrimos nelas e esperamos que esse apelo ainda aumente no futuro. porque definitivamente consideramos esses quartetos as maiores obras-primas do século passado”. Concordo.

O 1º Quarteto é o mais romântico em espírito e na verdade abriga uma história de amor. Ele marca uma retirada afetuosa de um fin-de-siécle romântico tardio. O 2º (1915-1917) leva-nos de alguma maneira em direção ao Bartók corajoso e contundente do meio da década de 1920. O 3º Quarteto de Bartók parece imitar uma rapsódia húngara (a alternância de música rápida e lenta), enquanto vai montando pequenas células temáticas, transformando-as em locais de fervilhante de atividade musical. Os próximos dois quartetos de Bartók são escritos de maneira não convencional em cinco movimentos e em desenho simétrico. O 4º (1928) tem em seu centro um exemplo evocativo, embora austero, da “música noturna” de Bartók que se abre com um solo de violoncelo, que imita o canto dos pássaros. O 2º e 4º movimentos deste quarteto são scherzi. O 5º Quarteto (1934) é construído em uma escala muito maior. Bartók modifica a forma do arco colocando um scherzo no centro, um movimento de dança que parece algo nordestino, cercado de dois movimentos lentos (2º e 4º) usando sequências de acordes semelhantes. O ar de tristeza infindável que paira sobre o último quarteto de Bartók (1938) reflete não apenas uma Europa doente, mas também uma tragédia pessoal: a jornada de sua mãe rumo à morte terminaria em dezembro de 1939. Todos os quatro movimentos se abrem com um mesto. Nunca um ciclo de quartetos terminou tão inequivocamente ou fez soou um aviso mais verdadeiro. Era o ano de 1938.

O Belcea, liderado pela romena Corina Belcea-Fisher, calibra muito bem os momentos de lirismo e selvageria destes quartetos. Gosto demais da versão deles dos quartetos. Mas nosso foco agora é o quinto.

O penúltimo quarteto de Bartók foi composto em 1934 por encomenda de Elizabeth Sprague Coolidge, na época a patrona musical mais proeminente dos EUA. Ele representa uma leve suavização do idioma de Bartók, os sons são menos dissonantes do que em seus quartetos anteriores, apesar da aspereza presente aqui e ali. Como gostava de fazer, Bartók usa uma forma de “arco” em 5 movimentos, há um scherzo central cercado por dois movimentos lentos, que por sua vez são limitados dois por movimentos rápidos e enérgicos. Ou seja, o Quarteto de Cordas nº 5 de Bartók é composto por cinco movimentos em uma grande estrutura na forma de um palíndromo.

O movimento de abertura inicia freneticamente com um tema todo quebrado. A coisa é vigorosa. Com seus motivos rítmicos batendo fortemente, há uma muito clara ideia de espelho. O primeiro movimento já em si é um palíndromo, pois os três temas da exposição são reafirmados na recapitulação na ordem inversa e, bem, de cabeça para baixo! Essas técnicas são mais aparentes no papel do que para o ouvinte. Para nós, fica a ideia de um belíssimo, complexo e robusto movimento de abertura, algo quase impossível de ser reproduzido por nossa imaginação.

Depois vem um delicado segundo movimento, cheios de frases curtas e hesitantes sobre harmonias suaves. É como se estivéssemos no Adágio do Quintetão de Schubert. É um exemplo hipnótico da música noturna de Bartok. Aqui e no quarto movimento, aparecem sons realmente da noite, tais como insetos, pássaros e talvez sapos.

E então chegamos a um Scherzo dito em “estilo búlgaro”, mas que parece nordestino. Muito nordestino. Eu me transporto para o sertão ali depois de 1min45 de música. Mas desde o começo também. Confiram!

O quarto movimento, como o segundo, apresenta harmonias quase amorosas quando os violinos tocam acordes delicados com intervenções da viola.

O final é furioso, com momentos zombeteiros e atrevidos. Perto do final, onde esperaríamos um clímax, a música parece ser um carrossel fora de sintonia. Entra uma melodia evidentemente bobinha, com o quarteto sendo orientados a tocar “com indiferença”. Uma obra-prima!

O Belcea Quartet

Béla Bartók (1881-1945): Os Quartetos de Cordas 1-6

CD1:
1. String Quartet No. 1 in A minor, Sz. 40, BB 52 (Op. 7): 1. Lento
2. String Quartet No. 1 in A minor, Sz. 40, BB 52 (Op. 7): 2. Allegretto
3. String Quartet No. 1 in A minor, Sz. 40, BB 52 (Op. 7): 3. Introduzione (Allegro) – Allegro vivace

4. String Quartet No. 3 in C sharp major, Sz. 85, BB 93: 1. Prima parte: Moderato
5. String Quartet No. 3 in C sharp major, Sz. 85, BB 93: 2. Seconda parte: Allegro
6. String Quartet No. 3 in C sharp major, Sz. 85, BB 93: 3. Ricapitolazione dell prima parte: Moderato – Coda: Allegro molto

7. String Quartet No. 5 in B flat major, Sz. 102, BB 110: 1. Allegro
8. String Quartet No. 5 in B flat major, Sz. 102, BB 110: 2. Adagio molto
9. String Quartet No. 5 in B flat major, Sz. 102, BB 110: 3. Scherzo (Alla bulgarese) – Trio
10. String Quartet No. 5 in B flat major, Sz. 102, BB 110: 4. Andante
11. String Quartet No. 5 in B flat major, Sz. 102, BB 110: 5. Finale (Allegro vivace)

CD2:
1. String Quartet No. 2 in A minor, Sz. 67, BB 75 (Op. 17): 1. Moderato
2. String Quartet No. 2 in A minor, Sz. 67, BB 75 (Op. 17): 2. Allegro molto capriccioso
3. String Quartet No. 2 in A minor, Sz. 67, BB 75 (Op. 17): 3. Lento

4. String Quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: 1. Allegro
5. String Quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: 2. Prestissimo, con sordino
6. String Quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: 3. Non troppo lento
7. String Quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: 4. Allegretto pizzicato
8. String Quartet No. 4 in C major, Sz. 91, BB 95: 5. Allegro molto

9. String Quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: 1. Mesto – Vivace
10. String Quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: 2. Mesto – Marcia
11. String Quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: 3. Mesto – Burletta (Moderato)
12. String Quartet No. 6 in D major, Sz. 114, BB 119: 4. Mesto

Belcea Quartet:
Corina Belcea-Fisher, violino
Laura Samuel, violino
Krzysztof Chorzelski, viola
Antoine Lederlin, violoncelo

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Quem seria?

PQP

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Quarteto de cordas no. 4 [Bartók – String Quartets nos. 1-6 – Tátrai Quartet] #BRTK140

Se deixamos o Bartók do segundo quarteto no final da I Grande Guerra,  assistindo ao colapso do mundo austro-húngaro em que crescera, nós o reencontramos a compor o quarto quarteto, em 1928, numa Hungria que ressurgia como nação e vivia suas dores de crescimento em outra de suas tantas décadas conturbadas, colorindo-se de fascismo depois de abraçar brevemente o comunismo.

Béla, entretanto, tinha voltado a uma situação confortável: radicado em Budapest, lecionava piano da Academia de Música Franz Liszt e estava de volta às expedições etnomusicológicas tão queridas a ele, nas quais dividia rumos e experiências com seu grande amigo Zoltán Kodály. Separado de Márta, mãe de de seu filho Béla Bartók, o Terceiro (pois o Primeiro foi o pai do compositor), vivia agora com a pianista Ditta, que fora sua aluna de piano e que ficaria a seu lado até seus últimos dias.

Depois da, assim a chamo, explosão radical de seu conciso quarteto anterior, Bartók compôs um expansivo tour de force em que parece querer testar as capacidades do conjunto de instrumentistas. No quarteto no. 4, o compositor instiga os intérpretes a atacarem as cordas tanto com a crina quanto com a madeira do arco (col legno); a beliscá-las e mesmo lançá-las contra os braços dos instrumentos (pizzicato); a fazerem-nas cantar anasaladas pela surdina, ou gemer pela estridente fricção do arco perto da ponte (sul ponticello). Some-se a todos esses truques o uso generoso dos glissandi, e nada resta a reclamar sobre exploração timbrística. Ela, no entanto, é apenas parte da riqueza dessa obra-prima: as tramas sonoras baseadas em motivos curtos, as harmonias dissonantes e ritmos impetuosos têm um frescor improvisatório que em parte ofusca a engenhosa concepção da obra. Nas raras palavras do próprio Bartók, que pouco se dedicava a explicar suas criaturas:

A obra é em cinco movimentos; seu caráter corresponde à clássica forma da sonata. O movimento lento é o cerne da obra; os outros movimentos são, por assim dizer, arranjados em camadas em torno dele. O movimento IV é uma variação livre do II, e o I e o V têm o mesmo material temático: ou seja, em torno do cerne (movimento III), metaforicamente falando, I e V são as camadas internas, e II e IV, as internas”

As “camadas externas” são frenéticas, repletas de dissonâncias e verve, e baseiam-se no mesmo motivo de seis notas. As “camadas internas” são dois scherzi que pegam um pouquinho mais leve – se é que se pode falar assim de peças que assaltam dessa maneira os sentidos – e se escoram em efeitos timbrísticos: o segundo, quase extraplanetário movimento é todo em surdina, enquanto o quarto é completamente executado em pizzicato, não só com a delicada técnica clássica do beliscar das cordas, como também com a indicação expressa de golpeá-las com tanta força que elas batam no braço dos instrumentos – efeito até então inusitado, e que se ficou celebrizou como “pizzicato Bartók”. O cerne, enfim, é um movimento lento à guisa de noturno, lírico como poucos outros na produção do compositor, e que respira a mesma atmosfera sonora do belíssimo Adagio da “Música para cordas, percussão e celesta”, de oito anos depois.

O resultado é, na minha desimportante opinião, o mais exuberante entre os seis quartetos e a maior obra-prima dessa extraordinária série. Seu efeito irresistível só cresce a cada nova audição: ao nos acostumarmos gradativamente à estranheza inicial trazida pelas dissonâncias e pelos modos incomuns, passamos a admirar a nova, singular harmonia e o rigor formal, quase clássico, de mais essa cria do magiar genial.


Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)

Quarteto de cordas no. 1, Op. 7, Sz 40 (1908-1909)

1 – Lento – Attacca:
2 – Allegretto
3 – Introduzione. Allegro – Attacca:
4 – Allegro vivace

Quarteto de cordas no. 2, Op. 17, Sz 67 (1915-1917)

5 – Moderato
6 – Allegro molto capriccioso
7 – Lento

Quarteto de cordas no. 3, Sz 85 (1927)

8 – Prima Parte. Moderato – Attacca:
9 – Seconda Parte. Allegro – Attacca:
10 – Ricapitulazione della Prima Parte. Moderato
11 – Coda. Allegro molto

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Quarteto de cordas no. 4, Sz 91
 (1928)

1 – Allegro
2 – Prestissimo, con sordino
3 – Non troppo lento
4 – Allegretto pizzicato
5 – Allegro molto

Quarteto de cordas no. 5, Sz 102 (1934)

6 – Allegro
7– Adagio molto
8 – Scherzo: Alla bulgarese
9 – Andante
10 – Finale: Allegro vivace

Quarteto de cordas no. 6, Sz 114 (1939)

11 – Mesto – Più mosso, pesante – Vivace
12 – Mesto – Marcia
13 – Mesto – Burletta
14 – Mesto

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Tátrai-vonósnégyes
Vilmos Tátrai e Mihály Szűcs, violinos
György Konrád,
viola
Ede Banda,
violoncelo

Gravado em 1966

Um “pizzicato Bartók” no papel

 

Vassily

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Quarteto de cordas Nº 3 [Bartók – 6 String Quartets – Jerusalem Quartet] #BRTK140

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Quarteto de cordas Nº 3 [Bartók – 6 String Quartets – Jerusalem Quartet] #BRTK140

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Bartók num piquenique de merda na Turquia.
Bartók não parece muito feliz, não.

Nosso século registra o aparecimento de quartetos de cordas verdadeiramente fantásticos. Creio que os melhores sejam o francês Ébène, o multinacional Belcea e israelense Jerusalem, que protagoniza este CD. Todos tem mais pouco mais de 20 anos e discografias do melhor nível. O Jerusalem parece ter a característica da delicadeza e da transparência, o Ébène é tecnicamente arrebatador e o Belcea pode tornar-se feroz. A primeira violinista é romena e gosto muito deles tocando Bartók. O ciclo deles aparecerá quando da postagem do Quarteto Nº 5.

O Quarteto Nº 3 de Béla Bartók foi escrito em 1927, em Budapeste. Ele não tem interrupções, mas o compositor divide a partitura dividida em quatro partes. Neste ponto de sua vida, Bartók já era reconhecido internacionalmente, tanto por sua música como por seu trabalho como etnomusicólogo. O terceiro é seu Quarteto mais curto, o que não significa que seja o mais simples, de modo nenhum. O clima da primeira parte é bastante sombrio, contrastando com a segunda parte, que é mais viva, com melodias dançantes. O primeiro movimento parece ser o de um compositor que observa o que juntou, tentando dar alguma organização e ritmo ao que tem disponível. Bartók parece voltar ao Beethoven dos quartetos tardios, escrevendo música que parece nos convidar para a oficina com o compositor. Claro que, no início, tudo parece fragmentário e desorientador, mas logo Bartók expressa uma gama deslumbrante de texturas, cores e intensidades em que tudo acaba totalmente transformado. Ainda na primeira parte há uma canção sustentada pelo segundo violino e viola, com acompanhamento suave e monótono das vozes externas — uma primeira tentativa de sair das sombras e fragmentos. Então somos catapultados para a segunda parte, que é rápida em vez de contida, contínua em vez de fragmentada. Esta segunda parte também soa, pelo menos superficialmente, mais próxima das raízes folclóricas, principalmente em seu ritmo e na evocação de uma dança. Começando com acordes dedilhados no violoncelo e viola, a música aos poucos vai ganhando força, passando para uma melodia concisa, passada entre os instrumentos, e que depois é repetida com mais força, finalmente explodindo numa melodia fortemente rítmica. Depois há um retorno à Primeira Parte. Nesta “Recapitulação”, a lenta Primeira Parte retorna quase irreconhecível. O material é o mesmo, mas a energia e o ritmo são bem diferentes. No início, a música era contemplativa, e agora volta desolada, cansada. A música realmente parece olhar para trás, mas exausta. Quando estamos num ponto de absoluta quietude, somos levados pela energia da música fantasmagórica da coda. Esta seção final e breve é ​​um retorno à vitalidade da segunda parte, uma nova e ainda mais violenta recapitulação, pontuada por temas ásperos, que finaliza num uníssono brusco, como se afirmasse peremptoriamente algo. O trabalho é ainda mais harmonicamente aventureiro e complexo em contraponto do que os dois quartetos de cordas anteriores de Bartók e explora uma série de técnicas instrumentais, incluindo sul ponticello (tocar o arco o mais próximo possível do cavalete), col legno (tocar com a madeira, não com a crina do arco) e glissandi (deslizar de uma nota para outra). A peça costuma ser considerada a mais rigorosa e radical dentre os seis quartetos de cordas de Bartók. São poucos temas, mas são muito bem tratados e variados.

Béla Bartók (1881-1945): Quartetos de Cordas Nos. 1, 3 & 5

String Quartet No. 1, Op. 7, Sz. 40, BB 52
1. I. Lento
2. II. Allegretto
3. III. Allegro vivace

String Quartet No. 3, Sz. 85, BB 93
4. I. Prima parte. Moderato
5. II. Seconda parte. Allegro
6. III. Ricapitulazione della prima parte. Moderato
7. IV. Coda. Allegro molto

String Quartet No. 5, Sz. 102, BB 110
8. I. Allegro
9. II. Adagio molto
10. III. Scherzo. Alla bulgarese
11. IV. Andante
12. V. Finale. Allegro vivace – Presto

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Béla Bartók (1881-1945): Quartetos de Cordas Nos. 2, 4 & 6

String Quartet no. 2 op. 17 Sz.67 in A minor
1 Moderato 10:04
2 Allegro molto capriccioso 8:01
3 Lento 8:22

String Quartet no. 4 Sz. 91 in C major
4 Allegro 6:06
5 Prestissimo, con sordino 3:10
6 Non troppo lento 5:58
7 Allegretto pizzicato 2:48
8 Allegro molto 5:51

String Quartet no. 6 Sz. 114 in D major
9 Mesto – Più mosso, pesente – Vivace 7:29
10 Mesto – Marcia 7:38
11 Mesto – Burletta. Moderato 7:08
12 Mesto 6:09

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Jerusalem Quartet

PQP

Béla Bartók (1881-1945): Concerto for 2 Pianos, Percussion, and Orchestra, Violin Concerto No.1, Concerto for Viola and Orchestra (Boulez) #BRTK140

Béla Bartók (1881-1945): Concerto for 2 Pianos, Percussion, and Orchestra, Violin Concerto No.1, Concerto for Viola and Orchestra (Boulez) #BRTK140

Em 1940, por sugestão de seu editor e agente, Bartók orquestrou a Sonata para Dois Pianos e Percussão como um Concerto para Dois Pianos, Percussão e Orquestra. As partes para os quatro solistas permaneceram praticamente inalteradas. A estreia mundial foi dada no Royal Albert Hall, em Londres, em um concerto da Royal Philharmonic Society no dia 14 de novembro de 1942, com os percussionistas Ernest Gillegin e Frederick Bradshaw, os pianistas Louis Kentner e Ilona Kabos e a Orquestra Filarmônica de Londres, dirigida por Sir Adrian Boult. O compositor e sua esposa Ditta Pásztory-Bartók foram solistas ao piano em uma apresentação em Nova York em janeiro de 1943, com a Filarmônica de Nova York sob Fritz Reiner. Esta foi a última aparição pública de Bartók como artista. Ele morreu de leucemia em 1945.

Bem, eu acho a Sonata melhor. E ela certamente será postada nesta série.

Os outros dois concertos são opus póstumos. O Concerto Nº 1 para Violino e Orquestra foi escrito entre 1907-08. Ou seja, foi abandonado por Bartók. Tudo isso ocorreu após ele ter uma desilusão amorosa com a violinista para a qual o Concerto seria dedicado…

Já o Concerto para Viola foi uma das últimas peças escritas por ele. Ele começou a compor o concerto enquanto vivia em Saranac Lake, Nova York, em julho de 1945. A peça foi encomendada por William Primrose, respeitado violista que sabia que Bartók poderia fornecer uma peça desafiadora para ele executar. Disse que Bartók não deveria “se sentir de forma alguma amarrado pelas aparentes limitações técnicas do instrumento…”. Bartók, porém, estava sofrendo os estágios terminais da leucemia que o matou. A peça foi concluída por seu amigo Tibor Serly em 1949, a partir de esboços deixados por Bartók.

É muito complicado falar em “obras menores” de Bartók. Ele acertava sempre! Mas digamos que neste disco Boulez tentou.

Béla Bartók (1881-1945): Concerto for 2 Pianos, Percussion, and Orchestra, Violin Concerto No.1, Concerto for Viola and Orchestra (Boulez) #BRTK140

1. Concerto for 2 Pianos, Percussion, and Orchestra, Sz.115 – Assai lento – Allegro molto 12:49
2. Concerto for 2 Pianos, Percussion, and Orchestra, Sz.115 – Lento ma non troppo 6:29
3. Concerto for 2 Pianos, Percussion, and Orchestra, Sz.115 – Allegro ma non troppo 6:17

Tamara Stefanovich, piano I
Pierre-Laurent Aimard, piano II
Nigel Thomas, percussion
Neil Percy, percussion II
London Symphony Orchestra

4. Violin Concerto No.1 (Op.posth), Sz36 – 1. Andante sostenuto 9:33
5. Violin Concerto No.1 (Op.posth), Sz36 – 2. Allegro giocoso 11:47

Gidon Kremer, violin
Berliner Philharmoniker

6. Concerto for Viola and Orchestra, op.post. – Version: Tibor Serly – 1. Moderato – Lento parlando 14:32
7. Concerto for Viola and Orchestra, op.post. – Version: Tibor Serly – 2. Adagio religioso – Allegretto 4:37
8. Concerto for Viola and Orchestra, op.post. – Version: Tibor Serly – 3. Allegro vivace 4:16

Yuri Bashmet, viola
Berliner Philharmoniker

Pierre Boulez

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Béla Bartók e sia segunda esposa Ditta Pásztory no Concerto para Dois Pianos
Béla Bartók e sua segunda esposa Ditta Pásztory no Concerto para Dois Pianos

PQP

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945) – Quarteto de cordas no. 2 [Bartók – 6 String Quartets – Hungarian String Quartet] #BRTK140

Um abismo, bem maior que a meia dúzia de anos no calendário, separa o segundo quarteto de seu predecessor. Bartók era agora veterano de muitas expedições etnomusicológicas que o levaram tão longe quanto a Argélia e, ainda mais fundamental para ele, pelas veredas e grotas de sua Hungria, que era então muito maior que a de hoje, e que abrangia áreas hoje sérvias, ucranianas, romenas e eslovacas. Suas descobertas, meticulosamente anotadas e muitas vezes gravadas em cilindros de cera, foram decisivas para que seus pendores nacionalistas encontrassem voz em sua linguagem musical. Elas, também, fizeram-no ouvir o que de magiar enfim havia na música tão transfigurada e celebrizada como “húngara”, no mundo todo, pelos ciganos da Panônia. E houve, por fim, a Grande Guerra, que fechou as fronteiras para suas expedições etnomusicológicas, implodiu o universo austro-húngaro em que ele nascera e crescera, e lhe trouxe, além de muita angústia, o primeiro dos tantos encontros duros com a penúria.

O primeiro movimento, com a indicação Moderato, muda frequentemente de andamento, como sói aliás acontecer na música de Bartók. Se relativamente convencional em forma, acenando para o seu primeiro estilo e para alguns gestos do primeiro quarteto, ele não soa da mesma maneira. Embora insinue mesmo uma sonata-forma, com o embate de temas contrastantes e um arremedo de desenvolvimento, seu caráter geral é rapsódico. O Moderatoma non tanto – também mostra-se distintamente bartokiano em sua complexidade rítmica e caráter improvisatório, inda que preparado com muita meticulosidade. Os temas são apresentados quase que imediatamente, e todo movimento baseia-se na construção hesitante, quase que ensaio-e-erro, de seu clímax. O segundo movimento, à guisa de um rondó, é marcado Allegro molto capriccioso e propõe, com sua rapidez lúbrica e ritmos selvagens, uma tarefa nada caprichosa para os intérpretes: uma das partes mais cabeludas dentro desses já tão desafiadores quartetos de cordas. Aqui, o etnomusicologista parece fazer-nos ouvir o que ele escutou na Argélia, nas melodias de caráter árabe e nos insistentes bordões afins aos dos berberes. A fúria vertiginosa do movimento arrefece em muito poucos momentos, só para concluir num Prestissimo com surdinas e numa velocidade tão insana que quase nunca o ouvimos no andamento prescrito. O finale, marcado simplesmente Lento, desafia tentativas de classificação. Se o primeiro movimento era rapsódico, este aqui é decididamente fragmentário, com seus episódios impregnados de consternação e melancolia – e, se o próprio compositor o definiu como, bem, “difícil de definir”, é claro que eu não me atreverei a tanto.

ooOoo

Quando eu, ainda ardido do esforço considerável que me foi o #BTHVN250, resolvi propor ao patrão PQP uma série com a obra completa de Bártok, eu tanto já sabia que ele toparia na hora, quanto que começaríamos pelos quartetos que amamos. Essas obras fundamentais, talvez as maiores de seu século, foram recebidas com tanto pasmo quanto estranheza, e seus intérpretes, muitos dos quais lealmente dedicados ao compositor e à divulgação desses quartetos, nunca deixaram de ser desafiados por suas imensas dificuldades técnicas e artísticas. Uma interpretação satisfatória dessas seis criaturas extraordinárias parece depender, mais do que quaisquer outras obras do gênero, duma familiaridade não só com a linguagem do compositor, mas com o peculiar contexto em que ele se fez ouvir. E, por aqui tratarmos de um húngaro, esse contexto torna-se ainda mais peculiar por sua cultura sui generis, da qual o mais notável emblema é o magiar – língua tão fascinante quanto impenetrável, e principal responsável por que a Hungria, que hoje não tem litoral além de seu querido lago Balaton, seja uma ilha cultural e fortemente murada na Planície Panônica.

Por isso, achei indispensável ilustrar minhas postagens sobre os quartetos com gravações feitas por compatriotas de Bartók. Começo com o conjunto talvez melhor denominado para a empreitada: o Quarteto Húngaro, formado em 1935 e que, apesar de estabelecido nos Estados Unidos desde os anos 50, sempre manteve (com a notável exceção do violinista russo Aleksandr Moszkowsky) húngaros em sua formação. Essa clássica gravação dos seis quartetos de Bartók foi feita pela última formação do Húngaro, com Zoltán Székely na posição de primeiro violino (herdada do fundador Sandor Végh), e o violista Dénes Koromzay, seu outro fundador, que permaneceu no conjunto até a dissolução, em 1972. Se Bartók aqui não soa tão angular e incisivo quanto nas emblemáticas gravações do Végh, a proficiência técnica e a precisão asseguram a visceralidade das reações ao ouvi-los.

ooOoo


Béla Viktor János BARTÓK (1881-1945)

Quarteto de cordas no. 1, Op. 7, Sz 40 (1908-1909)

1 – Lento – Attacca:
2 – Poco a poco accelerando al’allegretto – Introduzione. Allegro – Attacca:
3 – Allegro vivace

Quarteto de cordas no. 3, Sz 85 (1927)

4 – Prima Parte. Moderato – Attacca:
5 – Seconda Parte. Allegro – Attacca:
6 – Ricapitulazione della Prima Parte. Moderato
7 – Coda. Allegro molto

Quarteto de cordas no. 5, Sz 102 (1934)

8 – Allegro
9 – Adagio molto
10 – Scherzo: Alla bulgarese
11 – Andante
12 – Finale: Allegro vivace

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Quarteto de cordas no. 2, Op. 17, Sz 67 (1915-1917)

1 – Moderato
2 – Allegro molto capriccioso
3 – Lento

Quarteto de cordas no. 4, Sz 91 (1928)

4 – Allegro
5 – Prestissimo, con sordino
6 – Non troppo lento
7 – Allegretto pizzicato
8 – Allegro molto

Quarteto de cordas no. 6, Sz 114 (1939)

9 – Mesto – Più mosso, pesante – Vivace
10 – Mesto – Marcia
11 – Mesto – Burletta
12 – Mesto

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Magyar Vonósnégyes
Zoltán Székely e Mihály Kuttner, violinos
Dénes Koromzay, viola
Gábor Magyar, violoncelo

Gravado em 1962

 


Quem gosta de gravações históricas, e principalmente quem lhes sabe dar os descontos pelas limitações das técnicas fonográficas então disponíveis, gostará desse registro do quarteto Amar-Hindemith, feito em 1926. Trata-se não só da primeira gravação do quarteto no. 2 de Bartók, como também da primeira gravação comercial de qualquer obra do compositor – e, sim, um dos “Hindemith” do quarteto é o próprio, a tocar viola; o outro é seu irmão, o violoncelista Rudolf. Só não me perguntem por que raios a Polydor trocou esse logotipo maneiro pelo seu atual: jamais saberia lhes responder.

 

Vassily

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945): Quarteto de cordas Nº 1 [Bartók – 6 String Quartets – Végh Quartet] #BRTK140

A Obra Completa de Béla Bartók (1881-1945): Quarteto de cordas Nº 1 [Bartók – 6 String Quartets – Végh Quartet] #BRTK140

Oh, céus, dia desses liguei o rádio — sim, às vezes ainda faço isso — e estava tocando uma das músicas que mais amo: Contrastes, de Béla Bartók, para clarinete, violino e piano. A obra é baseada em melodias de danças húngaras e romenas e foi escrita em resposta a uma encomendada do genial clarinetista de jazz Benny Goodman em 1938, nos EUA, quando Bartók tinha se afastado do nazismo contra sua vontade — pois preferia enfrentá-lo e talvez ser morto. Contrastes é daquelas coisas que fecham levemente a garganta da gente e nos elevam alguns centímetros. Mesmo sendo considerada uma obra leve, ela nos mostra alguns abismos. E até o final mais agitado e quase-Poulenc me deixa emocionado.

Ouvindo o rádio, lembrei de que este ano tínhamos acertado de fazer o #BRTK140 aqui no PQP Bach. Ou seja, vamos postar a obra completa do húngaro no ano em que ele completa 140 anos de nascimento. Rale-se que são 140 e não um número divisível por 50.

Bartók merece. Em uma edição húngara, sua obra completa preenche apenas 29 CDs — o que, grosso modo, corresponderia a 29 horas de música — , mas são 29 CDs sem erros ou momentos fracos. E, além do mais, ele tem uma biografia espetacular, foi o fundador da etnomusicologia, viajou do interior da Turquia, Anatólia, Romênia e Bulgária até o norte da África coletando e aprendendo a real música do povo e não o que se pensava que ela fosse. Tem importância e profundidade em mais de um campo.

A música clássica nunca viveu em uma bolha. Sempre houve um fluxo livre de ideias cruzando a linha da chamada música artística e a música folclórica. Quando esta bolha estava ficando dura e impermeável no início do século passado, quando os autores passaram a virar as costas para a “baixa cultura”, ele foi lá e os fez ver o que estavam perdendo.

Na foto abaixo, em 1907, Bartók está gravando uma camponesa que canta suas músicas. Vejam que beleza.

Não há muito interesse genuíno em qualquer lugar do mundo por este ramo da ciência musical ”,

escreveu Béla Bartók em 1921, enquanto refletia desanimado sobre seus extensos estudos de música folclórica do Leste Europeu.

Quem sabe, talvez nem seja tão importante quanto acreditam seus fanáticos!

Bartók pode não ter sido muito apreciado em sua vida (1881–1945), porém, quase um século depois de escrever este lamento, o mundo alcançou o compositor e o etnomusicólogo pioneiro. Suas composições, incluindo os seis quartetos de cordas que compôs entre 1909 e 1939, são repletas de inovações inspiradas na música folclórica rústica que colecionou no interior do Leste Europeu com seu amigo e colega, o compositor e pedagogo Zoltán Kodály.

Enquanto Brahms usava motivos folclóricos estilizados em suas Danças Húngaras, Bartók explorou as técnicas que aprendeu com canções folclóricas autênticas. Essa abordagem atingiu seu apogeu em seus quartetos de cordas, que são um monumento do cânone erudito do século XX. Essas significativas obras de câmara continuam a desafiar os músicos. “Além do desafio técnico absoluto de executar partituras terrivelmente difíceis, as principais questões interpretativas têm a ver com encontrar um equilíbrio viável entre os extremos: complexidade e clareza, austeridade polifônica e influência folclórica”, escreveu o crítico musical Philip Kennicott em 2014. 

Béla Bartók na Anatólia (atual Turquia)

Nesta série, postaremos um monte de gravações dos quartetos de Bartók. Elas estarão divididas em 6 posts e cada texto focará em um dos dos quartetos.

Quarteto Nº 1 de Béla Bartók (1909)

É uma experiência interessante ouvir os últimos quartetos de Beethoven passando imediatamente para os primeiros de Bartók. Parece que a obra revolucionária de LvB recebe uma digna continuidade por parte do húngaro. Mais: este Quarteto Nº 1 parece um opus seguinte de Beethoven, talvez não pela música, mas pelo espírito das obras.

Mas foquemos nossa lente no húngaro. Para o jovem Bartók, o período de 1906-1909 marcou uma época de grandes mudanças e turbulências. No início deste período, ele pode ser razoavelmente descrito como um discípulo e admirador de Beethoven, Richard Strauss e Debussy, ao mesmo que iniciava seu caminho pioneiro na etnomusicologia, coletando e gravando música folclórica em seus cadernos e no cilindro de cera de Thomas Edison.

O Bartók de 1909 é recordado pela primeira mulher, Márta Ziegler, com quem era então recém-casado: “Ele compunha principalmente à noite. Durante o dia, estava ocupado a transcrever e a organizar as suas coleções de canções folclóricas gravadas em cilindros de cera para publicação ”.

Então, ao lado das influências eruditas, a música popular também estava se tornando uma força central nas próprias composições de Bartók, seja na forma de citações, seja de forma incorporada, integrada. Claro, nos anos seguintes, o ideal de BB como compositor seria o de absorver o espírito da música folclórica de tal forma que suas composições carregassem sua essência, em vez de apenas aludi-la. Ele esperava construir o edifício de sua própria música com base nas verdades expressivas que percebia nessas melodias.

Em 1907, Bartók estava passando por algumas, digamos, convulsões em sua vida pessoal. Ele tinha rejeitado o catolicismo romano de sua educação e se proclamado ateu, postura que manteve até o fim. Ao mesmo tempo, ele estava apaixonado pela jovem violinista Stefi Geyer. Contudo, acabou rejeitado pela moça e o Concerto para Violino que ele havia escrito para ela foi fechado em uma gaveta e só publicado post mortem. Mas a juventude é rápida e em 1908, um ano depois do breve e marcante caso com Geyer, Bartók casou-se com Márta Ziegler.

Foi neste ambiente que surgiu o primeiro Quarteto de Cordas. É sua primeira obra-prima, que retrata vividamente os impulsos desta época de sua vida. É formado por 3 movimentos longos tocados em sequência, de uns dez minutos cada. Em uma carta a Geyer, Bartók descreveu o primeiro movimento como um “canto fúnebre”. O motivo de abertura, levado pelos dois violinos, é uma melodia do Concerto que ele escrevera para ela e, portanto, esse movimento pode simbolizar a morte dessa paixão. É um movimento dramático que, conhecendo a biografia de Bartók, ouço como que impregnado de desejo e perda. Há nela algo do romantismo germânico, principalmente nos dois clímax. No final do movimento, ele já esqueceu Geyer e há evidências de uma nova vida.

No segundo movimento, a música se acelera de uma forma que somos levados para bem longe do pesado fardo anterior. Não faz muito sentido dizer que a música desse movimento se parece mais com Bartók, mas creio que serei entendido… Diante de nós, um compositor está encontrando sua voz. O segundo movimento atinge um final etéreo e tranquilo.

O terceiro movimento é uma música enérgica, evocando a sensação de uma dança camponesa. Embora haja tensão e urgência no ar, o clima predominante é de bom humor. Ouvimos, também, a influência da música folclórica que Bartók começava a catalogar: as duas passagens culminantes do movimento apresentam uma melodia muito parecida com as canções folclóricas magiares que colecionava naquele ano. O compositor ainda estava a alguns anos de distância do período em que aspiraria a incluir o idioma folclórico em sua corrente sanguínea. Esta ainda é a música de um homem em visita o campo, fascinado pela alteridade exótica das melodias folclóricas que encontra. Mas, ao mesmo tempo, podemos sentir que ele está fisgado. A verdade é que Bartók apenas começava a arranhar a superfície delas e para cavar cada vez mais fundo em trabalhos futuros.

O estudioso e biógrafo de Bartók, Halsey Stevens, observa que “a liberdade contrapontística característica do tratamento de Bartók do quarteto de cordas, a extrema plasticidade com que as linhas individuais giram, mudam, combinam e se opõem já são perceptíveis no Primeiro Quarteto”. Além disso, “cada instrumentista é considerado um indivíduo, com o seu próprio fio de tecido; esta autonomia traz uma riqueza de texturas comparável a dos últimos quartetos de Beethoven”.

Deixo abaixo uma interpretação ao vivo do Quarteto Nº 1 não porque este seja um registro especial ou porque o vídeo realce especialmente a beleza da obra — apesar de ser muito bom! –, mas porque desta forma, com os músicos em ação, fica ainda mais clara sua dificuldade.

.oOo.

O Quarteto Végh gravou duas vezes a integral dos quartetos de Bartók, a primeira entre os anos de 1954 e 56 e a segunda em 1972. Se a qualidade artística de ambos é astronômica, o som da gravação de 1972 é bem melhor. Aqui estão elas:

Béla Bartók (1881-1945): Os Quartetos de Cordas (Vègh) — Gravação de 1972

1 String Quartet No. 1, Op. 7, Sz. 40 29:59

2 String Quartet No. 2, Op. 17, Sz. 67: I. Moderato 10:25
3 String Quartet No. 2, Op. 17, Sz. 67: II. Allegro molto capriccioso 7:56
4 String Quartet No. 2, Op. 17, Sz. 67: III. Lento 8:40

5 String Quartet No. 3, Sz. 85 15:12

6 String Quartet No. 4, Sz. 91: I. Allegro 5:58
7 String Quartet No. 4, Sz. 91: II. Prestissimo, con sordino 2:59
8 String Quartet No. 4, Sz. 91: III. Non troppo lento 5:05
9 String Quartet No. 4, Sz. 91: IV. Allegretto, pizzicato 2:43
10 String Quartet No. 4, Sz. 91: V. Allegro molto 5:14

11 String Quartet No. 5, Sz. 102: I. Allegro 7:16
12 String Quartet No. 5, Sz. 102: II. Adagio molto 6:15
13 String Quartet No. 5, Sz. 102: III. Scherzo: alla bulgarese 5:02
14 String Quartet No. 5, Sz. 102: IV. Andante 5:10
15 String Quartet No. 5, Sz. 102: V. Finale: allegro

16 String Quartet No. 6, Sz. 114: I. Mesto – Più mosso, pesante – Vivace 7:18
17 String Quartet No. 6, Sz. 114: II. Mesto – Marcia 8:06
18 String Quartet No. 6, Sz. 114: III. Mesto – Burletta 7:23
19 String Quartet No. 6, Sz. 114: IV. Moderato, mesto 6:05

Quatuor Végh

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Béla Bartók (1881-1945): Os Quartetos de Cordas (Vègh) — Gravação de 1954–1956

Streichquartett • String Quartet • Quatuor à Cordes Nr. 1, Op. 7, Sz. 40 (1908) (29:53)
A1 1. Lento
A2 2. (Allegretto) Introduktion
A3 3. Allegro Vivace

Streichquartett • String Quartet • Quatuor à Cordes Nr. 2, Op. 17, Sz. 67 (1915-1917)
B1 1. Moderato 10:19
B2 2. Allegro Molto Capriccioso 7:50
B3 3. Lento 8:33

Streichquartett • String Quarte • Quatuor à Cordes Nr. 3, Sz. 85 (1927) (15:05)
C1 1. Prima Parte: Moderato
C2 2. Secunda Parte: Allegro
C3 3. Ricapitulazione Della Prima Parte: Moderato
C4 4. Coda. Allegro Molto

Streichquartett • String Quartet • Quatuor à Cordes Nr. 4, Sz. 91 (1928)
D1 1. Allegro 5:54
D2 2. Prestíssimo, Con Sordino 2:54
D3 3. Non Troppo Lento 5:02
D4 4. Allegretto Pizzicato 2:38
D5 5. Allegro Molto 5:11

Streichquartett • String Quartet • Quatuor à Cordes Nr. 5, Sz. 102 (1934)
E1 1. Allegro 7:10
E2 2. Adagio Molto 6:08
E3 3. Scherzo 4:56
E4 4. Andante 5:04
E5 5. Finale 7:02

Streichquartett • String Quartet • \Quatuor à Cordes Nr. 6, Sz. 114 (1939)
F1 1. Mesto – Più Mosso, Pesante 7:14
F2 2. Mesto – Marcia 8:02
F3 3. Mesto – Burletta 7:17
F4 4. Mesto 6:06

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Végh Quartet:
Sándor Végh (violin)
Sándor Zöldy (violin)
Georges Janzer (viola)
Paul Szabo (cello)

Etnomusicologia não é só ficar sentado no escritório…

PQP

Bartók: Sonata Nº 1 para Violino e Piano (1921) / Janáček: Sonata para Violino e Piano (1914-1921) / Messiaen: Tema e Variações para Violino e Piano (1932)

Bartók: Sonata Nº 1 para Violino e Piano (1921) / Janáček: Sonata para Violino e Piano (1914-1921) / Messiaen: Tema e Variações para Violino e Piano (1932)

bart kremer argerIM-PER-DÍ-VEL !!!

Na coletânea de ensaios Os testamentos traídos, de 1993, Milan Kundera disseca as culturas mais periféricas da Europa, tomando como exemplo sua Tchecoslováquia natal. “A intensidade muitas vezes assombrosa de sua vida cultural pode fascinar um observador”. Porém, “No seio dessa intimidade calorosa, um inveja o outro, todos vigiam a todos”. Se um artista ignora as regras locais,  a rejeição pode ser cruel, a solidão, esmagadora”. Claro que cada uma destas pequenas nações tinha seu círculo de compositores locais e, dentre eles, o(s) representante(s) nacionais. Sibelius na Finlândia, Bartók na Hungria, Grieg na Noruega, Dvorak, Smetana e Janáček na Tchecoslováquia, Nielsen na Dinamarca, Elgar e Vaughan Williams naquele grande país quase sem música até o século XX, Villa-Lobos no Brasil (sim, Vanderson, sei que não fazemos parte da Europa), etc.

Este CD trata de Bartók e Janáček, dois compositores estranhos e inicialmente mal vistos pelas escolas alemã, francesa e italiana, mas que dominam este disco capitaneado pela argentina Argerich e pelo, penso, letão Gidon Kremer. O francês Messiaen entra meio que de lambuja, pois as principais obras são as dos selvagens. Bartók já foi melhor interpretado, mas, meu jesuiscristinho, que sonata fantástica! O mesmo vale para o Janáček. Por tudo isso, trata-se de um CD

Bartók: Sonata Nº 1 para Violino e Piano (1921) / Janáček: Sonata para Violino e Piano (1914-1921) / Messiaen: Tema e Variações para Violino e Piano (1932)

Béla Bartók (1881-1945)
Sonata for violin and piano No. 1
01. Sonata for Violin and Piano No.1, Sz. 75 – Allegro appassionato Gidon Kremer 12:44
02. Sonata for Violin and Piano No.1, Sz. 75 – Adagio Gidon Kremer 10:15
03. Sonata for Violin and Piano No.1, Sz. 75 – Allegro Gidon Kremer 9:29

Leos Janácek (1854-1928)
Sonata for violin and piano
04. Violin Sonata – 1. Con moto Gidon Kremer 4:52
05. Violin Sonata – 2. Ballada. Con moto Gidon Kremer 4:59
06. Violin Sonata – 3. Allegretto Gidon Kremer 2:47
07. Violin Sonata – 4. Adagio Gidon Kremer 4:00

Olivier Messiaen (1908)
Thema and Variations
08. Theme and Variations for Violin and Piano – Thème. Modéré Gidon Kremer 1:17
09. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 1. Modéré Gidon Kremer 1:30
10. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 2. Un peu moins modéré Gidon Kremer 0:47
11. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 3. Modéré, avec éclat Gidon Kremer 0:51
12. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 4. Vif et passionné Gidon Kremer 1:08
13. Theme and Variations for Violin and Piano – Variation 5. Très modéré Gidon Kremer 1:54

Gidon Kremer, violin
Martha Argerich, piano

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Bartók e uma amigo de PQP Bach que só mandou esta foto como provocação
Em Budapeste, Bartók e um amigo de PQP Bach, o qual só mandou esta foto como provocação… Para me fazer sentir ciúmes, por saber de meu caso de amor com o húngaro.

PQP

Béla Bártok (1881-1945): Sonatas para Violino e Piano e 3 Canções Populares Húngaras (Oistrakh / Bauer / Kremer / Maisenberg)

Béla Bártok (1881-1945): Sonatas para Violino e Piano e 3 Canções Populares Húngaras (Oistrakh / Bauer / Kremer / Maisenberg)

Duas gravações ao vivo com enorme diferença de qualidade sonora. Claro, Oistrakh (1908-1974) e Kremer (1947) são de gerações bem diferentes, mas o disco foi lançado e está aí, eu é que não vou explicar. As interpretações de ambos são boas.

As duas sonatas para violino de Bartók são vacas sagradas para os entusiastas da música moderna e para aqueles interessados ​​no repertório de violino e piano. Como representantes de maior prestígio de seu gênero no século 20, elas atraíram a atenção de vários artistas, apesar da dificuldade para os ouvintes casuais. Esta versão eslava clássica contribui para a impressionante variedade de opções disponíveis para o ouvinte. As duas Sonatas para Violino e Piano foram escritas em 1921-2, aproximadamente na época de O Mandarim Miraculoso e entre o segundo e terceiro quartetos de cordas. Fiquei especialmente intrigado com a Primeira Sonata desde que lutei para ouvi-la pela primeira vez. É provavelmente a peça mais intransigente de Bartók, meia hora de modernismo dissonante sem tréguas, filtrada pelo prisma do folclore do Leste Europeu. São esses recursos, juntamente com a influência rítmica da música folclórica, que dão à música de Bartók seu som característico, seja no seu mais complexo (como aqui) ou em um disfarce mais familiar — como, por exemplo, no Concerto para Orquestra. A segunda Sonata é irmã gêmea da primeira em intensidade, complexidade e necessidade de precisão. Como os quartetos de cordas tardios ​​de Beethoven, estas obras não mostram seus segredos facilmente.

Béla Bártok (1881-1945): Sonatas para Violino e Piano (Oistrakh / Bauer / Kremer / Maisenberg)

Sonata para violino e piano No. 1, Op. 21
01 – Sonate no. 1, 1. Allegro appassionato
02 – Sonate no. 1, 2. Adagio
03 – Sonate no. 1, 3. Allegro

Canções Populares Húngaras
04 – Chansons populaires hongroises, no. 6 Allegro
05 – Chansons populaires hongroises, no. 13 Andante
06 – Chansons populaires hongroises, no. 18 Andante non molto

David Oistrakh, violino
Frida Bauer, piano

Sonata para Violino e Piano No. 2
07 – Sonate no. 2, 1. Molto moderato
08 – Sonate no. 2, 2. Allegretto

Gidon Kremer, violino
Oleg Maisenberg, piano

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Bartók não parece muito confortável nesta foto com seu (muito amado) filho

Carlinus

Martha Argerich & Friends – Live from Lugano Festival – 2007 #BTHVN250

De acordo com a Wikipedia, Lugano é uma cidade com 65 mil habitantes, localizada no Sul da Suíça, um local paradisíaco, ao lado de um lago absolutamente magnífico.

Foi ali que Martha Argerich organizou por muitos anos um Festival de Música, revelando muitos músicos talentosos, e outros já famosos aproveitaram para desfilarem ainda mais seu talento.

A série começa com o genial Trio para Piano ‘Ghost’ de Beethoven, belamente interpretado por Martha, o Capuçon violinista, Renaud, e Mischa Maisky, que dispensa apresentações. Músicos deste nível tocando juntos, em um lugar como este, com certeza seria o passeio dos sonhos de muita gente.

CD 1:

Ludwig van Beethoven (1770-1827):
Piano Trio in D major “Ghost”, Op. 70,1

Ferruccio Busoni (1866-1924) / Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791):
Fantasie für eine Orgelwalze, arrangement for 2 pianos in F minor (after Mozart, K. 608)

Robert Schumann (1810-1856):
Andante and Variations for 2 pianos in B flat major, Op. 46
Kinderszenen, Op. 15

Martha Argerich – piano
Lilya Zilberstein – piano
Gabriela Montero – piano
Renaud Capuçon – violin
Mischa Maisky – cello

CD 2:

Ludwig van Beethoven (1770-1827):
Piano Quartet No. 2 in D major, WoO 36,2

Maurice Ravel (1875-1937):
Ma mère l’oye, suite for piano 4 hands

Mikhail Glinka (1804-1857):
Grand Sextet for piano, two violins, viola, cello and double-bass

Olivier Messiaen (1908-1992):
Theme and Variations, for violin & piano

Maurice Ravel (1875-1937):
Daphnis et Chloé, suite No. 2 (transcr. 2 pianos Lucien Garban)

Martha Argerich – piano
Alexander Mogilevsky – piano
Karin Lechner – piano
Francesco Piemontesi – piano
Sergio Tiempo – piano
Lucia Hall – violin
Alissa Margulis – violin
Lida Chen – viola
Nora Romanoff-Schwarzberg – viola
Mark Drobinsky – cello
Enrico Fagone – double bass

CD 3:

Béla Bartók (1881-1945):
Violin Sonata No.1 Sz75

Ernő von Dohnányi (1877-1960):
Piano Quintet No.1 in C minor, op.1

Witold Lutosławski (1913-1994):
Variations on a Theme by Paganini for 2 pianos

Martha Argerich – piano
Nicholas Angelich – piano
Mauricio Vallina – piano
Renaud Capuçon – violin
Dora Schwarzerg – violin
Lucia Hall – violin
Nora Romanoff-Schwarzberg – viola
Jorge Bosso – cello

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The 20th-Century Piano Concerto, Vol.2 – Vários compositores e artistas

O segundo CD desta curiosa série traz ao menos dois registros memoráveis, a saber, o Segundo Concerto de Prokofiev com Alexander Toratze acompanhado pelo então jovem Valery Gergiev, e a histórica gravação do Segundo Concerto de Béla Bártok com Stephen Kovacevich.
Para muitos essa mistura pode soar estranha, afinal o CD termina com o Concerto para Piano de Schönberg, cmo ninguém mais ninguém menos que Alfred Brendel. O ultra romântico Terceiro Concerto de Rachmaninoff ao lado de Bártok e de Prokofiev… enfim, escolhas do produtor. Mas o que vale realmente é audição destas gravações.

Disc 1
Piano Concerto No. 2 In G minor, Op. 16
Composed By – Prokofiev*
Conductor – Valery Gergiev
Orchestra – Kirov Orchestra
Piano – Alexander Toradze
1.1 I. Andantino
1.2 II. Scherzo. Vivace
1.3 III. Intermezzo. Allegro Moderato
1.4 IV. Finale. Allegro Tempesto
Piano Concerto No.3 In D Minor, Op. 30
Composed By – Rachmaninoff*
Conductor – Edo de Waart
Orchestra – The San Francisco Symphony Orchestra
Piano – Zoltán Kocsis
1.5 I. Allegro Ma Non Tanto
1.6 Intermezzo (Adagio)
1.7 III. Finale (Alle Breve)
Disc 2
Piano Concerto In G major
Composed By – Ravel*
Conductor – Ivan Fischer
Orchestra – Budapest Festival Orchestra
Piano – Zoltán Kocsis
2.1 I. Allegramente
2.2 II. Adagio Assai
2.3 III. Presto
Piano Concerto No. 2, BB 75
Composed By – Bartók*
Conductor – Sir Colin Davis
Orchestra – BBC Symphony Orchestra
Piano – Stephen Kovacevich*
2.4 I. Allegro
2.5 II. Adagio – Presto – Adagio
2.6 III. Allegro Molto
Piano Concert, Op. 42
Composed By – Schoenberg*
Conductor – Rafael Kubelik
Orchestra – Bavarian Radio Symphony Orchestra*
Piano – Alfred Brendel
2.7 I. Andante
2.8 II. Molto Allegro (Bar 176)
2.9 III. Adagio (Bar 264)
2.10 IV. Giocoso (Moderato) (Bar 329)

CD 1 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE
CD 2 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

The 20th-Century Piano Concerto, Vol.1 – Vários compositores e artistas

A Coleção Philips DUO era uma espécie de Best of do selo Philips, e sempre tive um sonho de completá-la, pois foi graças a estas gravações que tive acesso a muita coisa boa. Felizmente, nos últimos anos acho que consegui alcançar meu objetivo de ter todos os volumes. E volto a repetir, tem muita coisa boa.

O Volume que ora vos trago (na verdade, serão dois volumes com dois cds cada) traz o que os produtores consideram os Melhores Concertos para Piano do Século XX, com toda a gama de artistas que tinham contratos com aquela gravadora. Alguns mais conhecidos, outros menos conhecidos, enfim, é uma boa oportunidade para conhecermos um pouco a produção do Século XX. Para quem gosta de gravações antigas, principalmente realizadas entre os anos 50, 60 e 70, é um prato cheio.

Neste primeiro volume teremos desde Prokofiev até De Falla, passando, é claro, por Bártok, Stravinsky, Gershwin e Ravel. Temos aqui intérpretes como Clara Haskill, Steven Kovacevich, Zóltan Kóscis, dentre outros. Gostei muito da escolha do repertório e dos músicos envolvidos. Para pincelar um panorama do piano no século XX creio que todos estão muito bem representados. Na sequência trarei o segundo volume. Vamos, no momento, nos degustar com o Bártok de Kovacevich, o Prokofiev de Byron Janis, e o magnífico De Falla de Clara Haskill. Só tem fera aqui.

CD 1

Piano Concerto No. 3 In C
Composed By – Prokofiev*
Conductor – Kiril Kondrashin
Orchestra – Moscow Philharmonic Orchestra
Piano – Byron Janis
1.1 1. Andante – Allegro
1.2 2. Tema Con Variazione
1.3 3. Allegro Ma Non Tropo
Nights In The Gardens Of Spain
Composed By – De Falla*
Conductor – Igor Markevitch
Orchestra – Orchestre Des Concerts Lamoureux
Piano – Clara Haskil
1.4 1. En El Generalife
1.5 2. Danza Lejana
1.6 3. En Los Jardines de la Sierra de Córdoba
Piano Concerto In F
Composed By – Gershwin*
Conductor – Howard Hanson
Orchestra – Eastman-Rochester Orchestra
Piano – Eugene List
1.7 1. Allegro
1.8 2. Adagio
1.9 3. Allegro Agitato

Piano Concerto No. 3
Composed By – Bartók*
Conductor – Sir Colin Davis
Orchestra – The London Symphony Orchestra
Piano – Stephen Kovacevich*
2.1 1. Allegretto
2.2 2. Adagio Religioso
2.3 3. Allegro Vivace
Concerto For Piano And Wind Instruments
Composed By – Stravinsky*
Conductor – Sir Colin Davis
Orchestra – BBC Symphony Orchestra
Piano – Stephen Kovacevich*
2.4 1. Largo – Allegro – Più Mosso – Maestoso
2.5 2. Largo
2.6 3. Allegro
Rhapsody In Blue
Composed By – Gershwin*
Conductor – Howard Hanson
Orchestra – Eastman-Rochester Orchestra
Piano – Eugene List
2.7 Rhapsody In Blue
Piano Concerto In D For The Left Hand
Composed By – Ravel*
Conductor – Ivan Fischer
Orchestra – Budapest Festival Orchestra
Piano – Zoltán Kocsis
2.8 1. Lento
2.9 2. Allegro
2.10 3. Tempo I

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Béla Bartók (1881-1945): Pierre Boulez conducts Bartók

Béla Bartók (1881-1945): Pierre Boulez conducts Bartók

ATENDENDO A DIVERSOS PEDIDOS ESTOU MAIS UMA VEZ RENOVANDO OS LINKS DESTA HISTÓRICA POSTAGEM, UMA DE MINHAS FAVORITAS, NÃO APENAS PELA QUALIDADE DA MÚSICA MAS TAMBÉM PELO TALENTO DESTE MÚSICO EXTRAORDINÁRIO CHAMADO PIERRE BOULEZ. 

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Link revalidado por PQP, que não admite que esta extraordinária, notável, imbatível caixa esteja indisponível. (Pequena apresentação da repostagem de 2014)

Várias vezes declaramos aqui no PQP Bach nossa admiração e apreço pelo compositor hungaro Bèla Bartók. E também já declarei minha admiração pelo regente e compositor francês Pierre Boulez. Admiro mais sua carreira como regente, pois conheço pouco sua obra enquanto compositor.

Mas Boulez é o grande nome nesta caixa que ora começo a postar para os senhores. Desde a primeira vez que o ouvi como regente foi admiração imediata, digamos assim. Trata-se de um maestro mais afeito ao repertório do século XX, com poucas incursões no repertório do século XIX, com destaque para sua leitura de Wagner, polêmica, porém com grandes qualidades, de acordo com os especialistas da área, quando esteve à frente do Festival de Bayreuth, Mahler, do qual creio que já gravou todas as sinfonias, acho, e, é claro, Debussy, Boulez, na minha modesta opinião, é o grande intéprete da obra orquestral de Debussy.

Mas é no repertório do século XX que Boulez se encontra em casa. Bartók, Stravinsky, Berg, Schöenberg, Prokofiev, citando apenas alguns, entre dezenas de outros, tem no francês o seu referencial.

Esta caixa que estou começando a postar tem muitos méritos. Detalhe: são as gravações realizadas na Deutsche Grammophon. as realizadas pela antiga CBS, atual Sony, são outra história.

O nosso colega de blog CDFBach nos propôs há umas semanas atrás fazermos uma lista das nossas melhores postagens. Ao contrário dele, não sou muito afeito a listas. Resolvi então responder outra questão: quem era o grande compositor do Século XX na minha opinião, eu, FDPBach, reconhecidamente um romântico inveterado, com pouquíssimas incursões no século XX, escolher dentre dezenas de compositores que nem conheço? Escolhi então aquele que mais me atrai, e que melhor conheço: Bela Bartók. E no meio de diversas gravações que possuo, acho que o Boulez foi o regente que melhor conseguiu sintetizar aquilo que defino como o melhor para mim quando se trata desse compositor.

Listas são de gosto pessoal, e tenho certa dificuldade de realizá-las. Alguns mais céticos, ou críticos, poderão perfeitamente discordar de minhas opiniões, e de meus gostos. Dou-lhes toda razão, e é óbvio também que encontro alguns pontos fracos na caixa, que serão colocados no momento oportuno.

Béla Bartók – Four Orchestral Pieces, Op.12 (sz51), Concerto for Orchestra (Sz116)
CD 1

01 – Four Orchestral Pieces Op. 12 (Sz 51) – 1. Preludio – Moderato
02 – 2. Scherzo – Allegro
03 – 3. Intermezzo – Moderato
04 – 4. Marcia Funebre – Maestoso
05 – Concerto For Orchestra (Sz 116) – 1. Introduzione – Andante Non Troppo – Allegro vivace – Tempo I
06 – 2. Giuoco Delle Coppie – Allegretto Scherzando
07 – 3. Elegia – Andante, Non Troppo
08 – 4. Intermezzo Interrotto – Allegretto
09 – 5. Finale – Pesante – Presto

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Chicago Symphony Orchestra
Pierre Boulez – Conductor

CD 2

01 – Tanz Suite Sz77 – 1. Moderato
02 – 2. Allegro molto
03 – 3. Allegro vivace
04 – 4. Molto tranquillo
05 – 5. Comodo
06 – 6. Finale- Allegro
07 – Two Pictures op10 Sz746 – 1. In voller Bluete
08 – 2. Dorftanz
09 – Hungarian Sketches Sz97 – 1. Ein Abend auf dem Lande – Lento rubato – Allegro
10 – 2. Barentanz – Allegro vivace
11 – 3. Melodie – Andante
12 – 4.Etwas angeheitert – Leggermente ubriaco
13 – 5. Ueroeger Schweinehirtentanz – Allegro molto
14 – Divertimento Sz113 – 1. Allegro non troppo
15 – 2. Molto adagio
16 – 3. Allegro assai

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CD 3

01 – Piano Concerto No.1 in E minor, Sz.83 (1926) – 1. Allegro moderato – Allegro
02 – 2. Andante – Allegro – attacca-
03 – 3. Allegro molto
04 – Piano Concerto No.2 in G major, Sz.95 (1930-1) – 1. Allegro
05 – 2. Adagio – Presto – Adagio
06 – 3. Allegro molto – Presto
07 – Piano Concerto No.3 in E major, Sz.119 (1945, Tibor Serly) – 1. Allegretto
08 – 2. Adagio religioso
09 – 3. Allegro vivace

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CD 4

01 – Concerto for two pianos, Percussion and Orchestra – 1 Assai Lento
02 – Concerto for two pianos, Percussion and Orchestra – 2 Lento Ma Non Troppo
03 – Concerto for two pianos, Percussion and Orchestra – 3 Allegro Ma Non Troppo
04 – Concerto for violin and Orchestra 1 – 1 Andante Sostenuto
05 – Concerto for violin and Orchestra 1 – 2 Allegro giocoso
06 – Concerto for viola and Orchestra – 1 Moderato
07 – Concerto for viola and Orchestra – 2 Adagio Religioso
08 – Concerto for viola and Orchestra – 3 Allegro vivace

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CD 5

01 – Concerto for Violin and Orchestra no.2 Sz112 – 1. Allegro non troppo
02 – 2. Andante tranquillo
03 – 3. Allegro molto
04 – Rhapsody for Violin and Orchestra – 1. Lassú. Moderato
05 – 2. Friss. Allegretto moderato
06 – Rhapsody for Violin and Orchestra no.2 Sz90 – 1. Lassú. Moderato
07 – 2. Friss. Allegro moderato

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CD 6

01 – Prologue – ‘The Tale Is Old’ – ‘Here We Are Now’
02 – Judith – ‘Is This Really Bluebeard’s Castle’
03 – Judith – ‘Ah, I See Seven Great Shut Doorways’
04 – First Door – Judith – ‘Woe!’ – ‘What Seest Thou’
05 – Second Door – Bluebeard – ‘What Seest Thou’
06 – Third Door – Judith – ‘Mountains Of Gold!’
07 – Fourth Door – Judith – ‘Ah! Lovely Flowers’
08 – Fifth Door – Bluebeard – Look, My Castle Gleams And Brightens’
09 – Sixth Door – Judith – ‘I Can See A Sheet Of Water’
10 – Bluebeard ‘The Last Of My Doors Must Stay Shut’
11 – Judith – ‘Now I Know It All, O Bluebeard’
12 – Bluebeard – ‘Hearts That I Have Loved And Cherished’

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CD 7

01 – Cantata Profana I. there was once an old man
02 – II. but their father grew impatient
03 – III. Volt egy oreg apo
04 – The Wooden Prince – Introduction
05 – First Dance
06 – Second Dance
07 – Third Dance
08 – Fourth Dance
09 – Fifth Dance
10 – Sixth Dance
11 – Seventh Dance

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CD 8

01 – The Miraculous Mandarin, Op. 19, Sz 73- Beginning (Allegro)
02 – First seduction game- the shabby old rake (Moderato)
03 – Second seduction game
04 – Third seduction game (Sostenuto)
05 – The Mandarin enters and remains immobile in the doorway… (Maestoso)
06 – The girl sinks down to embrace him… (Allegro)
07 – The tramps leap out, seize the Mandarin and tear him away from the girl
08 – Suddenly the Mandarin’s head appears between the pillows and he looks longingly at the gio
09 – The terrified tramps discuss how they are to get rid of the Mandarin at last. (Agitato)
10 – The body of the Mandarin begins to glow with a greenish blue light. (Molto moderato)
11 – She resists no longer; they embrace (Più mosso – Vivo)
12 – Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz 106- Andante tranquillo
13 – Allegro
14 – Adagio
15 – Allegro molto

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Boulez:
Boulez: primeira foto é tua, guri

FDPBach

Béla Bártok (1881-1945) – Works for Violin & Piano – James Ehnes, Andrew Armstrong

Vou fazer esta postagem a toque de caixa, por exigência do grão mestre PQPBach que estava nervoso por vê-la parada lá nos rascunhos do WordPress. Insistiu que eu a preparasse o quanto antes.
Pois bem, eis dois extraordinários CDs deste extraordionário violinista, que a cada lançamento nos surpreende ainda mais. O ‘Jascha Heifetz’ do século XXI, de acordo com alguns críticos.
Exageros ou não a parte, os  senhores podem ter certeza de que estas obras de Bártok estão em ótimas mãos. A cumplicidade entre Ehnes e o pianista Andrew Armstrong foi se formando com o correr dos anos, os dois já gravaram outros cds juntos. Um conhece muito bem o outro. e em se tratando de Bártok, volto a repetir, a coisa funciona muito bem. Não vou perder muito tempo aqui, o booklet vai em anexo, assim os senhores podem saber a história de cada uma destas peças.
Divirtam-se.

Volume 1

01. Rhapsody No.1, BB 94a – I. (‘Lassu’) Moderato –
02. Rhapsody No.1, BB 94a – II. (‘Friss’) Allegretto moderato
03. Rhapsody No.1, BB 94a – [Agitato]
04. Sonata No.2 in C major, BB 85 – I. Molto moderato –
05. Sonata No.2 in C major, BB 85 – II. Allegretto
06. Rhapsody No.2, BB 96a – I. (‘Lassu’) Moderato –
07. Rhapsody No.2, BB 96a – II. (‘Friss’) Allegro moderato
08. Sonata No.1 in C sharp minor, BB 84 – I. Allegro Appassionato
09. Sonata No.1 in C sharp minor, BB 84 – II. Adagio
10. Sonata No.1 in C sharp minor, BB 84 – III. Allegro
11. Andante in A major, BB 26b
12. Alternative ending for Part II of Rhapsody No.1 – Accelerando – A tempo
13. Alternative ending for Part II of Rhapsody No.1 – [Agitato]

Volume 2

01. Sonata for solo violin, BB 124 – I. Tempo di ciaccona
02. Sonata for solo violin, BB 124 – II. Fuga
03. Sonata for solo violin, BB 124 – III. Melodia
04. Sonata for solo violin, BB 124 – IV. Presto
05. Sonata in E minor, BB 28 – I. Allegro moderato (molto rubato)
06. Sonata in E minor, BB 28 – II. Andante
07. Sonata in E minor, BB 28 – III. Vivace
08. Hungarian Folksongs, BB 109 – I. Book II No. 34 –
09. Hungarian Folksongs, BB 109 – I. Book II No. 36 –
10. Hungarian Folksongs, BB 109 – I. Book I No. 17 –
11. Hungarian Folksongs, BB 109 – I. Book II No. 31
12. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 16 –
13. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 14 –
14. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 19 –
15. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 8 –
16. Hungarian Folksongs, BB 109 – II. Book I No. 21
17. Hungarian Folk Tunes – I. Book II No. 28 –
18. Hungarian Folk Tunes – I. Book I No. 18 -19. Hungarian Folk Tunes – I. Book II No. 42
20. Hungarian Folk Tunes – II. Book II No. 3 –
21. Hungarian Folk Tunes – II. Book I No. 6 –
22. Hungarian Folk Tunes – III. Book I No. 13 –
23. Hungarian Folk Tunes – III. Book II No. 38
24. Romanian Folk Dances – I. Allegro moderato
25. Romanian Folk Dances – II. Allegro
26. Romanian Folk Dances – III. Andante
27. Romanian Folk Dances – IV. Molto moderato
28. Romanian Folk Dances – V. Allegro
29. Romanian Folk Dances – VI. Allegro

James Ehnes – Violin
Andrew Armstrong – Piano

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Abbado / Pollini – Complete Recordings – CD 7 e 8 de 8

Fui intimado pelo nosso Grão-Senhor PQPBach, fã inconteste deste dupla Abbado / Pollini, a concluir essa série. E como se fosse uma ordem judicial, cumpro a ordem. Confesso que tinha outros planos, mas tudo bem.

Estas integrais são complicadas, as vezes vejo mais que o que vale é a intenção, mas tudo bem. Reunir Schumann e Schoenberg no  sétimo CD é estranho, não acham? O maior expoente do Romantismo ao lado do criador e fundado da música moderna do Século XX … no mínimo curioso. O oitavo CD também flerta descaradamente com a música do Século XX, trazendo Bártok e Luigi Nono. Integrais…

Enfim, eis aí concluída mais uma integral. Divirtam-se.

CD 7

01 – Piano Concerto A-Moll 1. Allegro Affettuoso
02 – Piano Concerto A-Moll 2. Intermezzo. Andantino Grazioso
03 – Piano Concerto A-Moll 3. Allegro Vivace
04 – Piano Concerto Op.42 1. Andante
05 – Piano Concerto Op.42 2. Molto Allegro
06 – Piano Concerto Op.42 3. Adagio
07 – Piano Concerto Op.42 4. Giocoso (Moderato), Stretto

CD 8

01 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 1. Allegro moderato – Allegro
02 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 2. Andante – Allegro
03 – Piano Concerto No. 1 in A major, Sz. 83, BB 91- 3. Allegro molto
04 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 1. Allegro
05 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 2. Adagio – Presto – Adagio
06 – Piano Concerto No. 2 in G major, Sz. 95, BB 101- 3. Allegro molto – Presto
07 – Como una ola de fuerza y luz – Beginning
08 – Interno dolce
09 – Duro deciso
10 – (Part II) Piano entry
11 – Soprano veces de ninos doblen campanas dulces
12 – (Part III) Orchestra entry
13 – (Part IV) Orchestra and piano entry

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CD 8 – BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Béla Bartók (1881-1945): The Bartók Album, pelo Muzsikás

Béla Bartók (1881-1945): The Bartók Album, pelo Muzsikás

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este espetacular CD — uma grande ideia do Muzsikás –, que recebe prêmios e cinco estrelas aonde vai, pode ser chamado de “conceitual”, adjetivo gasto e quase sempre mal utilizado.

Talvez não haja nenhum compositor erudito mais envolvido com a música folclórica de seu país do que Béla Bártok. Suas viagens com Kodály pelo interior da Hungria e Romênia no início do século XX serviram para preservar uma herança musical que talvez fosse perdida. É claro que ele estava interessado em encontrar motivos e inspiração para a sua música radicalmente nova, porém suas gravações serviram para que surgissem uma nova ciência, a etnomusicologia, e novos grupos folclóricos. Este The Bartók Album é um tributo ao trabalho de Bartók e Kodály. O grupo Muzsikás e a cantora Márta Sebestyén tocam e cantam as canções descobertas por Bartók. Em meio a estas, apresentam algumas gravações originais realizadas pelo próprio Bartók, fazendo a conexão das mesmas com algumas peças do compositor. Tais peças – alguns duos para violino – são interpretadas pelo principal violinista do Muzsikás, Mihaly Sipos, e pelo violinista clássico romeno Alexander Balanescu. Este CD e as gravações de Bartók dão nova dimensão ao trabalho de um dos maiores compositores do século XX.

Ouçam, por exemplo, a faixa 10, gravação realizada por Bartók, a 11, peça escrita por ele para duo de violinos e depois e 12, com o Muszikás. Depois, ouçam a faixa 13 (a partir de 2 min 50) e a comparem com a quarta faixa do CD de Andor Foldes, publicado há anos neste blog. Bom, se você não se arrepiar… OK, questão de gosto, façamos de conta…

Em 1901, fascinados pela música do também húngaro Liszt, Bartók e Kodály tomaram consciência das relações de seu predecessor com a cultura popular da Europa Oriental. Ambos jovens compositores, resolveram estudar a música dos camponeses da região. Em 1905, Bartók pleiteou uma bolsa que lhes facultou recursos para recolher essas canções “em sua própria fonte” e partiu para anotá-las e gravá-las em companhia de Kodály. Então souberam que seus conhecimentos sobre tal assunto — e os de outros compositores — eram desfigurados, quase paródias da realidade. Na verdade, o que habitualmente se chamava de música cigana (tzigane) e danças húngaras não passavam de garatujas desengonçadas, distantes da caligrafia original.

A partir de publicação das Canções Populares Húngaras, eles inauguram uma nova disciplina científica — a etnomusicologia. Nos anos posteriores, ampliaram progressivamente o horizonte geográfico de seus trabalhos: primeiro a Romênia, depois a Ucrânia, a Bulgária, até a África do Norte (Argélia e Egito) e a Anatólia (Turquia). Com o tempo, tornaram-se alvo da galhofa de certos críticos que não compreendiam a necessidade dos dois de alimentarem suas linguagens musicais com matéria viva. Estes críticos, ridicularizavam especialmente (e incompreensivamente) o último movimento da Música para Cordas, Percussão e Celesta, de Bartók, que hoje é uma das peças fundamentais do repertório erudito do século XX.

O resultado, para a arte de Bartók e Kodály, foi um estilo originalíssimo no universo erudito. Em seus trabalhos, eles utilizavam elementos alheios à música da Europa Ocidental. Depois, conseguiram uma gloriosa união de seus estilos com o da grande tradição europeia, sobretudo com Bach (caso de Bartók). Kodály foi um enorme compositor, porém — como os dramaturgos elisabetanos que tiveram o “azar” de serem contemporâneos de Shakespeare — foi sufocado pela genialidade do amigo. Bartók tornou-se subitamente célebre em 1911, quando da publicação da curtíssima peça para piano Allegro Barbaro. A música do povo era mais interessante, selvagem e intrincada do que qualquer scholar da época imaginava. O espírito científico de ambos não deve ser comparado ao dos compositores ditos “nacionalistas”, que se contentavam em tomar de empréstimo à música popular seus trejeitos para que suas obras ganhassem um colorido folclórico.

Eles assimilaram o espírito da música camponesa, aplicando, ao criar, estruturas forjadas no conhecimento aprofundado dos esquemas populares. É inegável o mérito de Bartók de observar a realidade, depreendendo dela as leis internas de seu funcionamento para, então, empregá-las em suas obras.

Bartók sentiu-se atingido quando o ministro da Educação Popular e Propaganda Nazista Goebbels, em 1936, organizou uma exposição de “Música degenerada” incluindo os nomes de Stravinsky, Schönberg e Milhaud. Escreveu ao ministro para que este inscrevesse seu nome e sua música nesse grupo. Depois, em 1938, chegou mesmo a declarar que pretendia converter-se à religião judaica como forma de ficar ao lado dos perseguidos. Expôs-se de tal maneira, que foi obrigado a aceitar os insistentes pedidos dos amigos — entre eles o de Benny Goodman — para que emigrasse, o que fez apenas em 1940. Foi para os Estados Unidos, onde morreu em 1945. Kodály viveu na Hungria até 1967. Além de compositor, era professor universitário e presidente da International Society for Music Education, da Hungarian Academy of Sciences e da International Folk Music Council.

Fontes: História da Música Ocidental de Jean e Brigitte Massin, um calhamaço de quase 1300 páginas, da Nova Fronteira, 1997; Música da Modernidade de J. Jota de Moraes, Ed. Brasiliense, 1983; e algo de mim mesmo, com o providencial auxílio da memória de livros e discos.

Béla Bartók (1881-1945): The Bartók Album, pelo Muzsikás

1 Dunántúli Friss Csárdások (Transdanubian Fast Csárdás) 2:43

Themes From Violin Duo No. 32
2 Jocul Barbatesc 0:34
3 Bartók Béla: 32. Duó “Máramarosi Tánc” (Duo No 32 (“Dance Of Máramaros”) 0:42
4 Máramarosi Táncok (Máramaros Dances) 3:23
5 Porondos Víz Martján (On The Riverbank) 3:09
6 Kanásztáncok Két Hegedűn (Swineherds’ Dance) 2:09
7 Dunántúli Ugrósok (Transdanubian “Ugrós”) 3:36
8 Pásztornóták Hosszúfurulyán (Shepard’s Flute Song) 2:45

Themes From Violin Duo No. 28
9 Forgácskúti Legényes (Forgácskúti Lad’s Dance) 2:46
10 Pejparipám Rézpatkója (My Horse’s Shoes) 1:10
11 Bartók Béla: 28. Duó “Bánkódás” (Duo No 28 “Sorrow) 2:21
12 Bonchidai Lassú Magyar (Slow Lad’s Dance From Bonchida) 1:54
13 Magyarbecei Öreges Csárdások (Magyarbece Csárdás) 3:16
14 Pe Loc 1:20
15 Botos Tánc (Bota Dance) 5:11

Themes From Violin Duo No. 44
16 Torontáli Táncok (Torontáli Dances) 4:08
17 Ardeleana 0:38
18 Bartók Béla: 44. Hegeduduó Erdélyi Tánc (Transylvanian Dance) 1:47
19 Füzesi Ritka Magyar (Lad’s Dance From Füzes) 1:53
20 A Temető Kapu (Churchyard Gate) 4:06
21 Mérai Lassú Csárdás És Szapora (Dances Of Kalotaszeg) 9:06
22 Elindultam A Hazámból (I Left My Homeland) 1:38

On this CD:
1. Dunántúli friss csárdások (Transdanubian fast csardas)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas

2. Jocul barbatesc
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas

3. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 32, Hegedüduó, “Máramarosi tánc,”
Composed by Bela Bartok
with Muzsikas, Alexander Balanescu

4. Máramoarosi táncok
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen, Zoltan Farkas

5. Porondos víz martján (On the river bank)
Composed by Moldavian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen

6. Kanásztáncok két hegedün (Swineherd’s dance)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas

7. Dunántúli ugrósok (Transdanubian dance)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Janos Kovacs

8. Pásztornóták hosszúfurulyán (Shepherd’s flute song)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Zoltan Juhasz

9. Forgácskúti legényes
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Ignac Veres

10. Pejparipám rézpatkója
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Alexander Balanescu

11. Bonchidai lassú magyar (Slow lad’s dance from Bonchida)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Zoltan Porteleki

12. Magyarbecei öreges csárdások (Magyarbece csardas)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen

13. Pe Loc
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas

14. Botos tanc (Bota dance)
Composed by Romanian Traditional
with Muzsikas

15. Torontáli táncock
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas

16. Ardeleana
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas

17. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 44, Hegedüduó “Erdélyi tánc,”
Composed by Bela Bartok
with Muzsikas, Alexander Balanescu

18. Füzesi ritka magyar
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas

19. A temetö kapu (The churchyard gate)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen

20. Mérai lassúcsárdás és szapora (Kalotsaszeg dances)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas, Marta Sebastyen

21. Elindultam a hazámból (I left my homeland)
Composed by Hungarian Traditional
with Muzsikas

22. Duos (44) for 2 violins, Volumes 1-4, Sz. 98, BB 104 No. 28, Hegedüduó, Bánkódás
Composed by Bela Bartók

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Bartók pensando se deve beber tudo ou se espera pelo pessoal do PQP

PQP

Béla Bartók (1881-1945): Concerto para orquestra; Música para cordas percussão e celesta; Esboços húngaros – Reiner

Béla Bartók (1881-1945): Concerto para orquestra; Música para cordas percussão e celesta; Esboços húngaros – Reiner

ABSOLUTAMENTE IMPERDÍVEL !!!

Eu sempre uso este bordão: Meus três compositores prediletos são Bach, Beethoven, Bartók e Brahms. E são mesmo! Bem, este CD recebeu vinte e cinco notas 5 (a máxima) na Amazon, três notas 4 e uma nota 1, dada por um louco, certamente. A gravação de Fritz Reiner é de se ouvir de joelhos, é a própria perfeição. É miraculosa a forma como ele e a Sinfônica de Chicago interpretam o Concerto para Orquestra e a grande Música para Cordas, Percussão e Celesta. Na História da Música Ocidental, Michèle Reverdy escreve:

Cada um dos quatro movimentos da Música é uma obra-prima: o primeiro é uma das mais belas fugas da história da música; o segundo, de grande dinamismo, joga com a heterofonia dos diferentes grupos orquestrais; no terceiro movimento, Bartók encontra as sonoridades mais desorientadoras: é aí que explora ao máximo os recursos das cordas, combinando-as de maneira inusitada com os timbres percussivos; o caráter de festa do final afirma-se na melodia principal em modo antigo — modo de fá — ritmado à búlgara.

O Concerto para Orquestra, mais tradicional, foi escrito no seu exílio em Nova Iorque, quando Bartók já sofria da leucemia que o matou. O nome se justifica pela alternância dos instrumentos como solistas.

Além de grande compositor, Bartók foi um ser humano da melhor qualidade. Sempre posicionou-se e prejudicou-se por sempre ter externado suas posições anti-nazistas. Mas falta-me tempo para escrever mais.

ABSOLUTAMENTE IMPERDÍVEL !!!

Bartók: Concerto for Orchestra; Music for Strings, Percussion and Celesta; Hungarian Sketches

1. Concerto for Orchestra, Sz.116/Introduzione: Andante non troppo; Allegro vivace 9:55
2. Concerto for Orchestra, Sz.116/Giuoco delle coppie: Allegretto scherzando 6:02
3. Concerto for Orchestra, Sz.116/Elegia: Andante non troppo 7:59
4. Concerto for Orchestra, Sz.116/Intermezzo interroto: Allegretto 4:17
5. Concerto for Orchestra, Sz.116/Finale: Pesante; Presto 9:00

6. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz.106/Andante tranquillo 7:12
7. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz.106/Allegro 7:02
8. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz.106/Adagio 7:04
9. Music for Strings, Percussion and Celesta, Sz.106/Allegro molto 6:46

10. Hungarian Sketches/An Evening in the Village 2:51
11. Hungarian Sketches/Bear Dance 1:42
12. Hungarian Sketches/Melody 2:05
13. Hungarian Sketches/Slighty Tipsy 2:19
14. Hungarian Sketches/Swineherd’s Dance 2:02

Chicago Symphony Orchestra
Fritz Reiner

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Bartók intrigado com o tuíte de Bolsonaro sobre o golden shower

PQP

Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra

Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra

IM-PER-DÍ-VEL !!!

No início de 1943, enquanto estava ministrando uma série de palestras sobre música folclórica na Universidade de Harvard, Béla Bartók, já com a saúde frágil, piorou subitamente, necessitando de uma bateria de exames médicos urgentes. Quando estes se revelaram inconclusivos, “o pessoal de Harvard me convenceu a fazer novo exame, liderado por um médico muito apreciado por eles e à suas custas”. O exame revelou alguns problemas nos pulmões, que eles acreditavam ser tuberculose. A notícia foi recebida com grande alegria: “Finalmente temos a causa real!”. Quando o compositor retornou a sua casa em Nova York, a ASCAP (Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores), “de alguma forma se interessou no meu caso e decidiu curar-me às suas custas. Mandaram-me para os seus médicos, que mais uma vez me levou para um hospital. Os novos exames mostraram um grau menor de problemas pulmonares. Talvez não fosse tuberculose. E assim, voltei a não saber a causa de minha doença”.

Enquanto estava no hospital de Nova York, Bartók foi visitado por Serge Koussevitzky, maestro da Orquestra Sinfónica de Boston. Ele, por sugentão de dois outros exilados húngaros amigos de Bartók q que sabiam de suas dificuldades — o violinista Joseph Szigeti e regente Fritz Reiner — fez-lhe uma encomenda: um trabalho em memória de sua esposa, recentemente falecida, Natalie Koussevitzky. Bartók aceitou e produziu o Concerto para Orquestra, seu último trabalho completo.

Foi logo após a reunião com Koussevitzky que a fatal leucemia acabou diagnosticada. O compositor não foi comunicado, o que talvez tenha sido uma decisão correta, pois ele, durante o mês subseqüente, ele recuperou a força, a alegria e, obviamente, a criatividade. A partitura foi escrita em apenas dois meses no balneário de Saranac Lake em Nova York. A nota final foi escrita em 8 de outubro de 1943.

Enorme sucesso de público e os crítica, a estreia foi realizada em concerto da Boston Symphony Orchestra, sob a direção de Koussevitzky, em 1 de dezembro de 1944. O compositor assistiu à estreia com sua esposa, Ditta Pásztory. “Fomos lá para os ensaios e apresentações, meu médico deu a permissão a contragosto. Foi uma excelente estreia”. Koussevitzky disse que era “a melhor composição dos últimos, incluindo as obras de meu ídolo Shostakovich!”.

Bartók escreveu a seguinte nota breve para a ocasião:

O título deste trabalho explica-se pelo fato de os instrumentos de uma única orquestra serem tratados de forma solista ou concertante. O tratamento “virtuoso” aparece, por exemplo, nas seções fugato do desenvolvimento do primeiro movimento (instrumentos de sopro), ou no Perpetuum Mobile, como a passagem do tema principal no último movimento (cordas), e especialmente no segundo movimento, no qual pares de instrumentos consecutivamente aparecem com passagens brilhantes. O humor geral do trabalho representa, para além do jocoso segundo movimento, da transição gradual da dureza do primeiro movimento e da canção da morte do terceiro, uma afirmação da vida e do passado.

Uma tremenda gravação de Gustavo Dudamel com a Los Angeles Philharmonic Orchestra !!!. Olha, acho que foi retirada de um DVD… Ouçam como a orquestra ri no quarto movimento.

Béla Bartók (1881-1945): Concerto para Orquestra

1) Introduction: Allegro non troppo
2) Giuoco delle coppie: Allegretto scherzando
3) Elegia: Andante non troppo
4) Intermezzo interrotto: Allegretto
5) Finale: Presto

L.A. Philharmonic Orchestra
Gustavo Dudamel

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PQP

Béla Bartók (1881-1945): Concertos para Piano Nº 1, 2 e 3

Béla Bartók (1881-1945): Concertos para Piano Nº 1, 2 e 3

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O Concerto Nº 3 para Piano e Orquestra de Bartók é o maior desmentido de que a música moderna seja fria. Composto quando Bartók já estava condenado pela leucemia, a obra deveria servir de presente de aniversário, além de aumentar o repertório e os ganhos de sua mulher, a pianista Ditta Pásztory. Na época, em 1945, nos EUA, ambos eram pobres exilados. Mais simples que o Primeiro e Segundo Concertos, o Terceiro compensa pela altíssima temperatura emocional e por mostrar que o húngaro e socialista Bartók ainda carregava em si alguma alegria e esperança no mundo. Esta é uma das obras que mais amo e um dos motivos pelo qual sempre brinco que meus três compositores preferidos têm seus nomes começando pela letra “B”. São eles Bach, Beethoven, Brahms e Bartók. Mas os Concertos 1 e 2 também são indubitáveis obras primas! Um baita CD!

Béla Bartók (1881-1945): Concertos para Piano Nº 1, 2 e 3

Piano Concerto No. 1, Sz 83
1 Allegro Moderato – Allegro 9:25
2 Andante 7:12
3 Allegro – Allegro Molto 6:47

Piano Concerto No. 2, Sz 95
4 Allegro 9:45
5 Adagio – Presto – Adagio 12:37
6 Allegro Molto 6:05

Piano Concerto No. 3, Sz 119
7 Allegretto 7:44
8 Adagio Religioso 9:43
9 [Allegro Vivace] 6:42

András Schiff
Budapest Festival Orchestra
Iván Fischer

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Bartók brincando com o filho sob a temperatura ideal para seres humanos.

PQP

J. S. Bach / B. Bartók / N. Paganini: Peças para Violino Solo

J. S. Bach / B. Bartók / N. Paganini: Peças para Violino Solo

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Um bom disco começa por um repertório de primeira linha, que combine e que seja bem interpretado. É o caso, à exceção de Paganini. Achei a performance da Partita de Bach bastante envolvente. Utilizando 100% dos recursos de seu excepcional violino, ela parece ter adotado de forma inteligente o que os violinistas historicamente informados vêm mostrando. Além disso, ela não tem nada da tendência moderna de uniformizar o som de um instrumento. Ela gosta do fato de que o violino tem quatro cordas, cada uma das quais soando diferente e essa percepção lhe dá vida e cor. O Bartók é muito impressionante também. Mullova mantém-se atenta ao metrônomo do compositor e, para nossa sorte, deixa tempo nenhum para a retórica. Bartók estimou a duração da Sonata a 23min. Mullova a toca em um minuto a menos, mas nunca parece apressada, há uma abundância de cantabile lindamente expressivos e o final é vividamente atlético. As variações vulgares de Paganini são um grande choque depois do Bartók. Ela toca com grande desenvoltura e afeição óbvia pela pequena canção Paisiello, que Paganini ocasionalmente permite emergir. Ali, há a sugestão de uma sobrancelha divertidamente erguida.

J. S. Bach / B. Bartók / N. Paganini: Peças para Violino Solo

Partita No. 1 In B Minor, BWV 1002
Composed By – Johann Sebastian Bach
1 Allemanda 5:48
2 Double 2:48
3 Corrente 3:16
4 Double (Presto) 3:35
5 Sarabande 3:25
6 Double 2:20
7 Tempo Di Borea 3:48
8 Double 3:42

Sonata For Solo Violin = Sonate Für Solovioline · Pour Violon Seul
Composed By – Béla Bartók
9 Tempo Di Ciaccona 8:57
10 Fuga 4:21
11 Melodia 5:53
12 Presto 5:27

Introduction And Variations · Introduktion Und Variationen On · Über · Sur «Nel Cor Più Non Mi Sento»
Composed By – Niccolò Paganini
13 Capriccio1:12
14 Tema (Andante) 1:33
15 Variation 1 (Brillante) 1:34
16 Variation 2 1:44
17 Variation 3 (Più Lento) 1:31
18 Variation 4 (Allegro) 0:58
19 Variation 5 0:59
20 Variation 6 (Appassionato) 1:26
21 Variation 7 (Vivace) 1:37

Viktoria Mullova, violino

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Mullova no sítio exclusivo do blog PQP Bach após conversa com ocupantes do MSM (Movimento dos Sem Música)

PQP

Bartók / Kodály: Concertos para Orquestra

Bartók / Kodály: Concertos para Orquestra

51uhpkaYheLIM-PER-DÍ-VEL !!!

Esta é a melhor gravação que já ouvi do Concerto para Orquestra de Bartók, obra que ouço há de quarenta anos. O checo Jakub Hrůša realiza um notável trabalho em torno dos dois Concertos para Orquestra escritos pelos compositores húngaros Bartók e Kodály, que foram amigos e pesquisadores e fundadores da etnomusicologia.

O Ilha Quadrada nos fez o favor de escrever muito bem a respeito do espetacular Concerto para Orquestra de Bartók:

Eu já disse que homem é homem, menino é menino, sinfonia é sinfonia, concerto é concerto, concerto grosso é concerto grosso, sinfonia concertante é sinfonia concertante… e concerto para orquestra, que raios é isso?

Siga a lógica: se concerto é para solista e concerto grosso é para um grupo principal de instrumentistas, o concerto é para orquestra quando esse grupo principal é a orquestra toda. Entendeu? Há algo de “comunismo” nesse conceito – todos os instrumentos são importantes, todos têm frases virtuosísticas e claramente destacadas, todos são de alguma maneira solistas. (Na sinfonia não há isso: a orquestra sempre soa homogênea, “sinfônica”.)

Esse lance todo surgiu no começo do século 20, com os neoclássicos dos anos 1920. Parece que o primeiro a cunhar o termo foi Paul Hindemith. Desde Hindemith dezenas de concertos para orquestra apareceram no repertório. Desses, alguns se estabeleceram: Kodály, Lutoslawski, Carter e, principalmente, o de Béla Bartók, de 1943.

Bartók foi um dos cabras mais machos da história da música. Passou até fome, mas nunca se curvou a nenhum ditador, nunca puxou o saco de ninguém e manteve-se artística e politicamente íntegro até o fim. Sofreu um bocado. Se pensarmos que sua Hungria foi um barril de pólvora constante desde sempre, com a chegada constante de austríacos, fascistas, nazistas, soviéticos, incas venusianos (não, esses não!)…

Quando um regime nazifascista se estabeleceu na Hungria durante a Segunda Guerra Mundial, Bartók, totalmente discordante dele, emigrou para os Estados Unidos. Lá, passou perrengue. Doente e paupérrimo, foi sobrevivendo graças à ajuda de amigos. Um deles foi fundamental: Serge Koussevitzky, regente russo que dirigiu a Sinfônica de Boston por 25 anos.

Koussevitzky foi um dos mais importantes mecenas da música do século 20, encomendando e estreando dezenas de obras. Ele rapidamente estendeu a mão para o necessitado Bartók e encomendou-lhe uma obra para orquestra, “do jeito que você quiser”. Bartók escreveu o Concerto para orquestra, que se tornaria das peças mais populares do século e certamente a sua mais famosa.

Em termos de estrutura, o Concerto para orquestra tem o formato concêntrico, simétrico, clássico de Bartók: cinco movimentos, allegro-scherzo-andante-scherzo-allegro. Como já comentamos, Bartók era fã de geometria e proporções matemáticas. A forma em cinco partes é provavelmente a mais equilibrada de todas – um fit perfeito!

As marcas do estilo de Bartók não se restringem a isso: o movimento central é uma elegia em tudo devedora da típica “música noturna” bartokiana; os movimentos intermediários destacam características de execução (os pares de solistas bem caracterizados no segundo movimento, e a valsa caricata “invadida” no quarto movimento); e o finale que une a música popular húngara a um contraponto mais cerrado.

O que mais chama a atenção, no entanto, é a transparência da orquestração: o título da obra não é à toa. Cada seção da orquestra é destacada claramente, cada instrumentista tem o seu momento de brilhar e de estabelecer diálogos. Em pouquíssimos momentos a orquestra soa “cheia”. A textura é límpida a todo momento. É quase uma sinfonia, é meio um concerto, é totalmente fascinante.

Chega de falar. O momento agora é de ouvir. Toca Bartók!

Bartók / Kodály: Concertos for Orchestra

Zoltán Kodály
1 Concerto for Orchestra, K. 115 16:26

Béla Bartók
2 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: I. Introduzione. Andante non troppo – Allegro vivace 10:28
3 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: II. Presentando le coppie. Allegretto scherzando 6:44
4 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: III. Elegia. Andante non troppo 7:36
5 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: IV. Intermezzo interrotto. Allegretto 4:20
6 Concerto for Orchestra, Sz. 116, BB 123: V. Finale. Pesante – Presto 9:52

Rundfunk-Sinfonieorchester Berlin
Jakub Hrůša

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Béla Bartók, Ernst von Dohnányi e Zoltan Kodály em momento de alegria
Béla Bartók, Ernst von Dohnányi e Zoltan Kodály em momento de alegria

PQP

Mozart / Berg / Liszt / Bartók: Resonances

Mozart / Berg / Liszt / Bartók: Resonances

815hU4e50XL._SY355_Hélène Grimaud é uma boa pianista. Não é daqueles pianistas da absoluta primeira linha, mas ela tem algo muito peculiar e importante: é uma notável escolhedora de repertório. Ela quase sempre pinça obras importantes de diferentes compositores que acabam por se combinar maravilhosamente. A Sonata de Liszt é grandiosa, sensacional. Por incrível que pareça, a peça do romântico fica ainda mais linda após Berg e precedendo Bartók. Não amei o Mozart de Grimaud, mas o CD para facilmente em pé. Vale a audição, ô, se não vale.

Mozart / Berg / Liszt / Bartók: Resonances

Mozart — Piano Sonata No. 8 In A Minor K. 310 (300d)
1 1. Allegro Maestoso 7:55
2 2. Andante Cantabile Con Espressione 10:22
3 3. Presto 2:55

Berg — Piano Sonata Op. 1
4 Piano Sonata Op. 1 – Mäßig Bewegt 11:37

Liszt — Piano Sonata In B Minor S 178
5 Piano Sonata In B Minor S 178 – Lento Assai – Allegro Energico – Grandioso – Recitativo – Andante Sostenuto – Allegro Energico – Andante Sostenuto – Lento Assai 30:13

Bartók — Román Népi Táncok BB 68
6 1. Joc Cu Bâtă 1:09
7 2. Brâul 0:28
8 3. Pe Loc 1:05
9 4. Buciumeana 1:23
10 5. Poargă Românască 0:29
11 6. Măruntel 0:59

Hélène Grimaud, piano

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Grimaud: ah, as francesas... Impossível não se apaixonar.
Grimaud: ah, as francesas… Impossível não se apaixonar.

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