Martinů foi um grande compositor. Esses concertos são coloridos, interessantes, bonitos e cheios de vida. A maioria das fotos de Martinů mostram uma pessoa sorridente e sua música também nos sorri. Este tcheco era altamente prolífico. Compôs seis sinfonias, 15 óperas, 14 ballets e uma grande quantidade de obras orquestrais e camerísticas, concertos e peças para instrumentos solo e vocais. Martinů era violinista da Filarmônica Tcheca. Em 1923, deixou a Tchecoslováquia para residir em Paris e deliberadamente abandonou o estilo romântico no qual havia sido formado. Nos anos 1930, experimentou o expressionismo e o construtivismo, tornando-se um admirador dos desenvolvimentos técnicos europeus que aconteciam à época, o que pode ser observado em seus trabalhos orquestrais Half-time e La Bagarre. Também incorporou expressões jazzísticas, como ocorre em Kuchyňské revue (“Revista de cozinha”), por exemplo.
Bohuslav Martinů (1890-1959): Concertos para Piano Nº 3 e 5 / Concertino
Piano Concerto No. 3, H. 316 (30:37)
1 Allegro 9:13
2 Andante Poco Moderato 11:23
3 Moderato – Allegro 9:57
Piano Concerto No. 5 In B Flat Major (Fantasia Concertante), H. 366 (25:19)
4 Poco Allegro Risoluto 8:12
5 Poco Andante 9:59
6 Poco Allegro 7:04
Concertino For Piano And Orchestra, H. 269 (21:29)
7 Allegro Moderato (Comodo) 6:13
8 Lento 8:45
9 Allegro 6:26
Piano – Giorgio Koukl
Orchestra – Bohuslav Martinů Philharmonic Orchestra, Zlín*
Conductor – Arthur Fagen
Henry Purcell, nascido e morto em Londres (sepultado na Abadia de Westminster), foi compositor de vida breve e extensa obra. Até nossos dias, permanece como um dos mais importantes compositores ingleses. Sua facilidade em compor para todos os gêneros e públicos, sua popularidade na corte durante os reinados de três monarcas e sua vasta produção de canções seculares, odes cortesãs, música cênica, hinos sacros, sonatas, fantasias para viola, música de câmara e para órgão são provas claras de seu enorme talento. Compôs a sensacional ópera Dido and Aeneas e a semi-opera A tempestade.
Este disco é maravilhoso. Com instrumentação simples Paul Agnew acentua a grande qualidade melódica das canções, Os temas são o amor, a música, a poesia e a solidão. E eu amo Purcell desde a adolescência!
Henry Purcell (1659-1695): The Food Of Love (canções)
1 –Purcell* If Music Be The Food Of Love
2 –Purcell* Corinna Is Devinely Fair
3 –Purcell* Ah! How Sweet It Is To Love
4 –Purcell* What A Sad Fate Is Mine
5 –Purcell* I See She Flies Me Ev’rywhere
6 –Corbetta* Caprice De Chacone
7 –Purcell* O Sollitude, My Sweetest Choice
8 –Purcell* Music For A While
9 –Purcell* Ground In C For Harpsichord
10 –Purcell* O! Fair Cedaria
11 –Purcell* Man Is For The Woman Made
12 –Purcell* Not All My Torments Can Your Pity Move
13 –Purcell* On The Brow Of Richmond Hill
14 –Purcell* Pious Celinda Goes To Prayers
15 –Purcell* When First I Saw The Bright Aurelia’s Eyes
16 –Simpson* Prelude In D
17 –Purcell* The Cares Of Lovers
18 –Purcell* The Fatal Hour Comes On Apace
19 –Purcell* I Loved Fair Celia
20 –Purcell* When Her Languishing Eyes Said ‘Love!’
21 –Visée* Prelude In D Minor
22 –Purcell* A Morning Hymn
23 –Simpson* Prelude [in E]
24 –Purcell* The Earth Trembled
25 –Purcell* Now That The Sun Has Veil’s His Light
26 –Purcell* If Music Be The Food Of Love
Double Bass – Anne-Marie Lasla
Harpsichord, Organ – Blandine Rannou
Tenor Vocals – Paul Agnew
Theorbo, Guitar – Elizabeth Kenny
Um belo CD de Bernstein com a Filarmônica de Nova Iorque. O maestro teve longa e prolífica relação com a orquestra. E Britten é um dos melhores compositores do século XX. Porém, curiosamente, Leonard Bernstein praticamente ignorou a obra de Benjamin Britten e vice-versa. Isto é muito ruim porque os fragmentos dos raros encontros entre eles são simplesmente brilhantes. O desempenho de Bernstein na Suíte é sensacional. O mesmo vale para os excertos de Peter Grimes e para as Variações. Mas uma das maiores obras do século XX, em minha opinião, é a Passacaglia, que mora no meu coração. Aqui, ela está LINDA. Um disco para se ouvir com muita atenção.
Benjamin Britten (1913-1976): Variations & Fugue / Peter Grimes (excertos com a Passacaglia) / Suite on English Folk Themes
Variations And Fugue On A Theme Of Purcell, Op. 34 “The Young Person’s Guide To The Orchestra” (Without Spoken Text)
1 Theme. Allegro Maestoso E Largamente 3:00
2 Variations A. Presto / B. Lento / C. Moderato / D. Allegro Alla Marcia 3:12
3 Variations E. Brillante – Alla Polacca / F. Meno Mosso / G. (No Tempo Marking) / H. Cominciando Lento Ma Poco A Poco Accelerando 3:29
4 Variations I. Maestoso / J. L’Istesso Tempo / K. Vivace / L. Allegro Pomposo / M. Moderato 5:03
5 Fugue. Allegro Molto 2:39
Four Sea Interludes, Op. 33a from “Peter Grimes”
6 I. Dawn. Lento E Tranquillo 3:38
7 II. Sunday Morning. Allegro Spiritoso 3:45
8 III. Moonlight. Andante Comodo E Rubato 5:07
9 IV. Storm. Presto Con Fuoco – Molto Animato – Largamente – Tempo I 4:16
Suite On English Folk Tunes “A Time There Was…:, Op. 90
11 I. “Cakes And Ale”. Fast And Rough 2:24
12 II. “The Bitter Withy”. Allegretto 2:48
13 III. “Hankin Booby”. Heavily 2:19
14 IV. “Hunt The Squirrel”. Fast And Gay 1:20
15 V. “Lord Melbourne”. Slow And Languid
Neste quinto disco dos Montreal Tapes de Charlie Haden, ele vem com o pianista — intérprete de longa data de Ornette Coleman — Paul Bley e o baterista free Paul Motian para um set fortemente abastecido por músicas de Ornette. A primeira música, uma mistura de “Turnaround” e “When Will The Blues Leave?” é guiada por Bley — ex de Carla –, que dá o tom com as notas iniciais de “Turnaround”. A coisa se encerra com “Turnaround”, desta vez sob a direção de Charlie Haden, que lidera o trio em uma interpretação mais bluesier do clássico de Ornette Coleman. Cada membro contribui uma balada e eles também tocam “Ida Lupino”, de Carla Bley, música gravada por Paul Bley tantas vezes que sei lá. O Quinteto de Paul Bley gravou um disco ao vivo no Hillcrest Club em 1956 com Bley apoiado pelo quarteto clássico de Ornette Coleman (Ornette, Cherry, Haden, Higgins), tocando algumas músicas de Coleman. Quarenta anos depois, temos uma nova gravação desses “standards” executados para uma audiência muito conhecedora (e grande) de jazz. Excelentes performances, ótimo material.
Charlie Haden: The Montreal Tapes V (com Paul Bley & Paul Motian)
Belo disco. Uma boa coleção de concertos de Vivaldi com a linda sonoridade da viola d`amore, tocada pelo também regente Fabio Biondi.
Biondi tem uma carinha de querubim, mas não se enganem, por trás daquelas santas feições esconde-se um sátiro concupiscente, louco para perseguir as meninas do conservatório de Ospedale della Pietà, um dos quatro grandes orfanatos as meninas abandonadas de Veneza às quais era ensinada música. A abordagem da Europa Galante e de seu maestro à música de Vivaldi é, no mínimo, concu… agressiva e bela. Este CD é dedicado é um tipo raro de concertos do mestre: os para Viola d`Amore. Especialmente indicado para os amantes do barroco! Baita disco!
Antonio Vivaldi (1678-1741): Concerti per Viola d’Amore
1. Concerto in D minor, RV 394: I Allegro 4:05
2. Concerto in D minor, RV 394: II Largo 1:43
3. Concerto in D minor, RV 394: III Allegro 3:15
4. Concerto in A major, RV 396: I Allegro 3:07
5. Concerto in A major, RV 396: II Andante 2:57
6. Concerto in A major, RV 396: III Allegro 2:59
7. Concerto in D major, RV 392: I Allegro 4:13
8. Concerto in D major, RV 392: II Largo 2:52
9. Concerto in D major, RV 392: III Allegro 2:56
10. Concerto in D minor, RV 393: I Allegro 3:18
11. Concerto in D minor, RV 393: II Adagio 2:03
12. Concerto in D minor, RV 393: III Presto 3:07
13. Concerto in D minor, RV 395: I Allegro 4:04
14. Concerto in D minor, RV 395: II Largo 3:26
15. Concerto in D minor, RV 395: III Allegro 3:13
16. Concerto in A minor, RV 397: I Allegro 2:51
17. Concerto in A minor, RV 397: II Largo 2:07
18. Concerto in A minor, RV 397: III Allegro 2:53
19. Concerto in F major, RV 97: I Largo & II Allegro 4:31
20. Concerto in F major, RV 97: III Adagio 3:15
21. Concerto in F major, RV 97: IV Allegro 2:37
22. Concerto in D minor, RV 540: I Allegro 4:44
23. Concerto in D minor, RV 540: II Largo 3:44
24. Concerto in D minor, RV 540: III Allegro 3:00
Um bom CD, sem chegar ao altíssimo nível do Pisendel que postei anteontem. É o tal negócio: há orquestras e solistas que nos deixam de tal modo mesmerizados que só ouvindo muitas vezes para saber se a música é boa mesmo ou se o solista, por suas artes diabólicas, convenceu-nos disso. Bylsma e a Tafelmusik estão maravilhosos neste CD da Harmonia Mundi alemã; assim sendo, reconheço minhas dificuldades para julgar as obras postadas de Boccherini, para mim um compositor menor, simpático, daqueles para os quais cabe nossa indulgência.
A Sinfonia La Casa del Diavolo possui um tema do Orfeu e Eurídice de Gluck, não? O daquela célebre Dança das Fúrias que há antes dos balés do segundo ato, estou certo?
Então, música agradável, muito bem interpretada.
Luigi Boccherini (1743-1805): Concertos para Violoncelo – Sinfonias (Bylsma / Lamon)
Concerto Pour Violoncelle En Sol Majeur G 480
01 – Allegro
02 – Adagio
03 – Allegro
Sinfonia En Si Majeur G 497
04 – Allegro Spiritoso
05 – Andantino Con Moto
06 – Allegro Vivace Assai
Concerto Pour Violoncelle En Re Majeur G 483
07 – Allegro Maestoso
08 – Andante Lentarello
09 – Allegro E Con Moto
Sinfonia la Casa Del Diavolo En Re Mineur G 506
10 – Andante Sostenuto
11 – Andantino Con Moto
12 – Andante Sonstenuto
Anner Bylsma
Tafelmusik Baroque Orchestra
Jean Lamon
Segundo li, fazia algum tempo que Béla Fleck namorava os caras do Marcus Roberts Trio e vice-versa. Mas, sacumé, a agenda dos dois estava sempre lotada e só recentemente deu para compatibilizar. O resultado foi um excelente trabalho em comum. O estilo ficou mais MRT do que BF. É normal, ao tocar com vários músicos diferentes, Fleck parece mais costumado ao mimetismo, mas jamais pensem num disco pior que o habitual. O CD é absolutamente fantástico! Há ótimos temas, notável tratamento para eles e momentos onde que Béla Fleck parece ter nascido para o Marcus Roberts Trio! Vale a pena ouvir.
Bela Fleck & The Marcus Roberts Trio – Across the Imaginary Divide (2012)
01. Some Roads Lead Home [0:06:16.78]
02. I’m Gonna Tell You This Story One More Time [0:05:41.97]
03. Across the Imaginary Divide [0:04:42.78]
04. Let Me Show You What To Do [0:04:54.94]
05. Petunia [0:05:01.22]
06. Topaika [0:04:33.52]
07. One Blue Truth [0:04:26.72]
08. Let’s Go [0:05:57.98]
09. Kalimba [0:06:22.33]
10. The Sunshine and the Moonlight [0:05:36.96]
11. That Old Thing [0:05:07.81]
12. That Ragtime Feeling [0:04:08.42]
Béla Fleck, banjo
Marcus Roberts Trio:
Marcus Roberts, Piano
Jason Marsalis, Drums
Rodney Jordan, Bass
Este é mais um arquivo que nos foi repassado pelo querido amigo pequepiano WMR.
Este disco tem sonoridade muito colorida, é agradabilíssimo e cada pequena peça tem caráter e formação orquestral próprias. Costanzo Festa foi um compositor italiano da Renascença. Ainda que mais conhecido por seus madrigais, também escreveu música sacra e instrumental. Foi o primeiro polifonista italiano de fama continental. O Huelgas Ensemble é um esplêndido grupo belga de música antiga criado por Paul Van Nevel em 1971. O desempenho do grupo e sua extensa discografia estão focados na polifonia do renascimento. O nome do conjunto refere-se a um manuscrito de música polifônica, o Codex Las Huelgas. Van Nevel é conhecido por seu estilo de realizar muitas peças vocais, com ele mesmo e seus cantores em um grande círculo, girando. Porém, aqui, a coisa é muito mais instrumental.
Costanzo Festa (ca. 1485–1490 – 1545): La Spagna — 32 Contrapunti
1 Contrapunto 46 à 4, Cantus Firmus Au Ténor
2 Contrapunto 41 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
3 Contrapunto 105 à 5, Cantus Firmus à la Quatrième Voix
4 Contrapunto 101 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
5 Contrapunto 88 à 4, Cantus Firmus à Troisième Voix
6 Contrapunto 76 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
7 Contrapunto 124 à 8, Cantus Firmus à la Sixième Voix
8 Contrapunto 81 à 4, Cantus Firmus à la Deuxième Voix
9 Contrapunto 60 à 4, Cantus Firmus à la Première Voix
10 Contrapunto 77 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
11 Contrapunto 122 à 7, Cantus Firmus à la Cinquième Voix
12 Contrapunto 25 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
13 Contrapunto 118 à 5, Cantus Firmus à la Quatrième Voix
14 Contrapunto 47 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
15 Contrapunto 35 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
16 Contrapunto 40 à 4, Cantus Firmus à la Quatrième Voix
17 Contrapunto 8 à 3, Cantus Firmus à la Quatrième Voix
18 Contrapunto 14 à 3, Cantus Firmus à la Troisième Voix
19 Contrapunto 108 à 5, Cantus Firmus à la Troisième Voix
20 Contrapunto 9 à 3, Cantus Firmus à la Troisième Voix
21 Contrapunto 85 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
22 Contrapunto 37 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
23 Contrapunto 70 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
24 Contrapunto 125 à 11, Cantus Firmus à la Neuvième Voix
25 Contrapunto 71 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
26 Contrapunto 117 à 5, Cantus Firmus à la Quatrième Voix
27 Contrapunto 28 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
28 Contrapunto 104 à 5, Cantus Firmus à la Quatrième Voix
29 Contrapunto 58 à 4, Cantus Firmus à la Première Voix
30 Contrapunto 121 à 6, Cantus Firmus à la Quatrième Voix
31 Contrapunto 123 à 8, Cantus Firmus à la Sixième Voix
32 Contrapunto 34 à 4, Cantus Firmus à la Troisième Voix
CD lindamente interpretado, mas de Cantatas menores do mestre. É claro que vale a pena ouvir. Afinal, quem cansa de Bach? E quem cansa de ouvir a competência e o conhecimento do barroco quem tem Sigiswald Kuijken? Eu fiquei bem feliz com o CD nos ouvidos. Os cantores são sempre sensacionais. Só que não há árias nem corais memoráveis aqui. Ao menos é minha opinião.
J. S. Bach (1685-1750): Cantatas BWV 177, 93 e 135
“Ich ruf zu dir, Herr Jesu Christ” – Cantata BWV 177 (22:03)
1 Chor: Ich ruf zu dir, Herr Jesu Christ 6:30
2 Aria: Ich bitt noch mehr, o Herre Gott 4:29
3 Aria: Verleih, dass ich aus Herzensgrund 5:05
4 Aria: Lass mich kein Lust noch Frucht von dir 4:40
5 Chorale: Ich lieg im Streit und widerstreb 1:19
“Wer nun den lieben Gott lässt walten” – Cantata BWV 93 (19:42)
6 Chor: Wer nur den lieben Gott lässt walten 6:00
7 Chorale: Was helfen uns die schweren Sorgen 1:57
8 Aria: Man halte nur ein wenig stille 3:01
9 Duett: Er kennt die rechten Freudenstunden 2:46
10 Chorale: Denk nicht in deiner Drangsalhitze 2:30
11 Aria: Ich will auf den Herren schaun 2:28
12 Chorale: Sing, bet und geh auf Gottes Wegen 1:00
“Ach Herr, mich armen Sünder” – Cantata BWV 135 (14:57)
13 Chor: Ach Herr, mich armen Sünder 5:24
14 Recitativo: Ach heile mich 1:10
15 Aria: Tröste mir, Jesu, mein Gemüte 3:17
16 Recitativo: Ich bin von Seufzen müde 1:07
17 Aria: Weicht, all ihr Übeltäter 2:53
18 Chorale: Ehr sei ins Himmels Throne 1:06
Alto Vocals – Petra Noskaiová
Baritone Vocals – Jan van der Crabben
Soprano Vocals – Siri Thornhill
Tenor Vocals – Christoph Genz
Orchestra – La Petite Bande
Conductor – Sigiswald Kuijken
Um bonito disco da Harmonia Mundi, com Melnikov tocando um piano da época de Brahms. São obras bem iniciais — de opus 1 a 4 — que demonstram que Brahms não nasceu pronto, mas quase. A Sonata Op. 1 me parece ser bem melhor do que a de Nº 2, meio histérica. Esta Sonata para Piano Nº 1 em Dó Maior, Op. 1, foi escrita em Hamburgo em 1853 e publicada mais tarde naquele ano. Ele tinha composto outras coisas antes, mas escolheu este trabalho para ser seu primeiro trabalho publicado porque sabia que era de boa qualidade. A peça foi enviada junto com sua segunda sonata — sim, a que eu acho histérica — para a Breitkopf & Härtel com uma carta de recomendação de Robert Schumann. Sua abertura assemelha-se ao início da Sonata “Hammerklavier” de Beethoven. O segundo movimento é um tema e variações inspiradas na canção Verstohlen geht der Mond auf. Brahms foi reescrevê-la para coro feminino em 1859 (WoO 33). O terceiro movimento é um scherzo e um trio. O quarto é um rondo cujo tema é claramente alterado a cada recorrência.
Johannes Brahms (1833-1897): Sonatas para Piano Nº 1 e 2 / Scherzo Op. 4
Piano Sonata In F-Sharp Minor, Op. 2
1 I. Allegro Non Troppo, Ma Energico 6:39
2 II. Andante Con Espressione 5:54
3 III. Scherzo. Allegro – Trio 4:01
4 IV. Finale. Introduzione – Allegro Non Troppo E Rubato 13:01
5 Scherzo In E Flat Minor, Op. 4 9:53
Piano Sonata In C Major, Op. 1
6 I. Allegro 11:58
7 II. Andante (nach Einem Altdeutschen Minnelied) 5:10
8 III. Scherzo. Allegro Molto E Con Fuoco 5:38
9 IV. Finale. Allegro Con Fuoco 7:05
O Concerto Nº 3 para Piano e Orquestra de Bartók é o maior desmentido de que a música moderna seja fria. Composto quando Bartók já estava condenado pela leucemia, a obra deveria servir de presente de aniversário, além de aumentar o repertório e os ganhos de sua mulher, a pianista Ditta Pásztory. Na época, em 1945, nos EUA, ambos eram pobres exilados. Mais simples que o Primeiro e Segundo Concertos, o Terceiro compensa pela altíssima temperatura emocional e por mostrar que o húngaro e socialista Bartók ainda carregava em si alguma alegria e esperança no mundo. Esta é uma das obras que mais amo e um dos motivos pelo qual sempre brinco que meus três compositores preferidos têm seus nomes começando pela letra “B”. São eles Bach, Beethoven, Brahms e Bartók. Mas os Concertos 1 e 2 também são indubitáveis obras primas! Um baita CD!
Béla Bartók (1881-1945): Concertos para Piano Nº 1, 2 e 3
O disco perfeito. Ou quase, não fora a presença de Webern… Mesmo assim, é um dos que levaria para a ilha deserta. Os três movimentos de Petruschka e a Sonata de Prokofiev foram gravados em 1971 e a notável Sonata de Boulez e as Variações de Webern são de 1976. Eram dois discos, viraram um CD. Um grande CD que é reeditado e reeditado pela DG, que o publicou nas Legendary Recordings da gravadora.
Meu Deus – e notem que sou ateu! – o que Pollini faz na Petruschka e nas Sonatas de Prokofiev e Boulez só pode ser explicado pelo diabo. Já na obrinha de Webern, o diabo tem mais é que explicar a existência destas variações… Porém, meu caro Pollini, eu te perdôo tudo neste mundo e tu podes até tocar toda a obrinha de menos de duas horas de Webern que eu não me importo.
Bom, vocês sabem que Pollini é meu pianista preferido. Não sou muito original nisto. Abaixo, duas notícias sobre ele.
Retirada daqui: Maurizio Pollini nasceu em 1942 em Milão e estudou piano com Carlo Lonati e Carlo Vidusso. Depois de vencer o Concurso Internacional Chopin de Varsóvia em 1960, percorreu uma destacada carreira internacional, apresentando-se nas mais importantes salas de concerto e festivais, colaborando com as mais prestigiadas orquestras e com maestros de renome, como Karl Böhm, Sergiu Celibidache, Herbert von Karajan, Claudio Abbado, Pierre Boulez, Riccardo Chailly, Zubin Mehta, Wolfgang Sawallisch, e Riccardo Muti, entre muitos outros.
Em 1987, após a interpretação dos concertos para piano de Beethoven, em Nova Iorque, Maurizio Pollini foi galardoado pela Orquestra Filarmónica de Viena com o prestigiado Ehrenring. Em 1996 recebeu o prémio Ernst-von-Siemens, em Munique, e em 1999 o prémio A Life for Music – Arthur Rubinstein, em Veneza. No ano 2000, foi distinguido com o prémio Arturo Benedetti Michelangeli, em Milão.
Em 1995, Maurizio Pollini abriu o festival que a cidade de Tóquio dedicou a Pierre Boulez. No mesmo ano e em 1999, organizou e interpretou os seus próprios ciclos de concertos e recitais no Festival de Salzburgo, seguindo-se o Carnegie Hall de Nova Iorque (em 1999-2000 e 2000-2001), a Cité de la Musique, em Paris, e Tóquio (ambos em 2002) e o Parco della Musica, em Roma (Março de 2003). Reflectindo o vasto leque das sua preferências musicais, a programação escolhida para estes eventos incluiu música orquestral e de câmara, abarcando compositores desde Gesualdo e Monteverdi até aos contemporâneos. No Verão de 2004, foi o «Artist Étoile» do Festival Internacional de Lucerna, dando um recital e concertos com orquestra sob a direcção de Claudio Abbado e Pierre Boulez.
O repertório de Maurizio Pollini estende-se de Johann Sebastian Bach até aos compositores contemporâneos (incluindo estreias de obras de Nono, Manzoni e Sciarrino) tendo, como componente central, o ciclo integral das sonatas de Beethoven, que o pianista apresentou em Berlim, Munique, Milão, Nova Iorque, Londres, Viena e Paris.
Maurizio Pollini gravou numerosos discos dedicados ao repertório clássico, romântico e contemporâneo. Neste último domínio, possui uma extensa discografia dedicada à obra pianística de Schönberg, Berg, Webern, Nono, Manzoni, Boulez e Stockhausen, que foi largamente aclamada pela crítica e que constitui um testemunho eloquente da grande paixão que o intérprete nutre pela música do século XX.
A recente gravação dos Nocturnos de Chopin foi também recebida com grande entusiasmo pelo público e pelos críticos: em 2007 ganhou um Grammy na categoria de «Melhor Interpretação solista». Em 2006 recebeu os prémios Echo (Alemanha), «Choc» da revista Le Monde de la Musique, e Diapason d’Or de l’Année (França).
Sua primeira gravação pela Deutsche Grammophon: “Três Movimentos de Petrushka” de Stravinsky e a Sonata nº 7 de Prokofiev, feita em 1971, é o início de uma notável discografia.
Pollini é artista de grande refinamento, de alto rigor técnico e extremamente intelectual. A música contemporânea tem sido parte do repertório de Pollini desde que este pianista começou a sua carreira de concertista internacional.
Arnold Schoenberg teve seu centenário de nascimento comemorado em 1974.No mesmo ano, em Londres, Pollini tocou a integral das obras para piano deste compositor. Berg, Webern, Pierre Boulez e até mesmo Stockhausen tem lugar no repertório deste pianista.
Em 1987, toca os cinco Concertos de Beethoven com a Orquestra Filarmônica de Viena, sob a regência de Claudio Abbado. Pollini apresenta o ciclo completo das 32 sonatas de Beethoven em 1993-94 em Berlim, Munique, Nova Iorque, Milão, Paris, Londres e Viena.
Em 2001, sua gravação das Variações Diabelli de Beethoven , ganha o prêmio ” Diapason d’or”.
Igor Stravinsky (1882-1971) – Petruschka
1. Three movements ‘Petruschka’ – Danse russe. Allegro giusto 2:34
2. Three movements ‘Petruschka’ – Chez Pétrouchka 4:17
3. Three movements ‘Petruschka’ – La semaine grasse. Con Moto – Allegretto – Tempo giusto – Agitato 8:29
Sergei Prokofiev (1891-1953) – Sonata Nro. 7
4. Piano Sonata No.7 in B flat, Op.83 – 1. Allegro inquieto – Andantino – Allegro inquieto – Andantino – Allegro inquieto 7:37
5. Piano Sonata No.7 in B flat, Op.83 – 2. Andante caloroso – Poco più animato – Più largamente – un poco agitato – Tempo I 6:12
6. Piano Sonata No.7 in B flat, Op.83 – 3. Precipitato 3:17
Anton Webern (1883-1945) – Variações
7. Piano Variations, Op.27 – 1. Sehr mässig 1:59
8. Piano Variations, Op.27 – 2. Sehr schnell 0:40
9. Piano Variations, Op.27 – 3. Ruhig, fliessend 3:29
Pierre Boulez (1925) – Segunda Sonata
10. Piano Sonata No.2 – 1. Extrèmement rapide 6:09
11. Piano Sonata No.2 – 2. Lent 11:04
12. Piano Sonata No.2 – 3. Modéré, presque vif 2:14
13. Piano Sonata No.2 – 4. Vif 10:12
Um bom disco começa por um repertório de primeira linha, que combine e que seja bem interpretado. É o caso, à exceção de Paganini. Achei a performance da Partita de Bach bastante envolvente. Utilizando 100% dos recursos de seu excepcional violino, ela parece ter adotado de forma inteligente o que os violinistas historicamente informados vêm mostrando. Além disso, ela não tem nada da tendência moderna de uniformizar o som de um instrumento. Ela gosta do fato de que o violino tem quatro cordas, cada uma das quais soando diferente e essa percepção lhe dá vida e cor. O Bartók é muito impressionante também. Mullova mantém-se atenta ao metrônomo do compositor e, para nossa sorte, deixa tempo nenhum para a retórica. Bartók estimou a duração da Sonata a 23min. Mullova a toca em um minuto a menos, mas nunca parece apressada, há uma abundância de cantabile lindamente expressivos e o final é vividamente atlético. As variações vulgares de Paganini são um grande choque depois do Bartók. Ela toca com grande desenvoltura e afeição óbvia pela pequena canção Paisiello, que Paganini ocasionalmente permite emergir. Ali, há a sugestão de uma sobrancelha divertidamente erguida.
J. S. Bach / B. Bartók / N. Paganini: Peças para Violino Solo
Partita No. 1 In B Minor, BWV 1002
Composed By – Johann Sebastian Bach
1 Allemanda 5:48
2 Double 2:48
3 Corrente 3:16
4 Double (Presto) 3:35
5 Sarabande 3:25
6 Double 2:20
7 Tempo Di Borea 3:48
8 Double 3:42
Sonata For Solo Violin = Sonate Für Solovioline · Pour Violon Seul
Composed By – Béla Bartók
9 Tempo Di Ciaccona 8:57
10 Fuga 4:21
11 Melodia 5:53
12 Presto 5:27
Introduction And Variations · Introduktion Und Variationen On · Über · Sur «Nel Cor Più Non Mi Sento»
Composed By – Niccolò Paganini
13 Capriccio1:12
14 Tema (Andante) 1:33
15 Variation 1 (Brillante) 1:34
16 Variation 2 1:44
17 Variation 3 (Più Lento) 1:31
18 Variation 4 (Allegro) 0:58
19 Variation 5 0:59
20 Variation 6 (Appassionato) 1:26
21 Variation 7 (Vivace) 1:37
Este álbum atinge o alto padrão alcançado até hoje somente por poucas de gravações dos trios de Bill Evans e Keith Jarrett. Motian e Haden são conhecidos, é claro. O surpreendente é o que Gonzalo acrescenta em beleza ao trio. Sei lá quantas vezes ouvi este CD. São três mestres tocando com paixão, comandando inteiramente seus instrumentos, criando uma mistura perfeita de sons. O cubano Gonzalo Rubalcaba parece tornar tudo eufônico e seus companheiros Haden e Motian só colaboram com sua perfeita noção de grupo. O que eles fazem em Bay City, La Pasionaria e Silence não tem explicação através da lógica.
Charlie Haden: The Montreal Tapes IV (com Gonzalo Rubalcaba & Paul Motian)
1 Vignette
2 Bay City
3 La Pasionara
4 Silence
5 The Blessing
6 Solar
Charlie Haden, baixo
Gonzalo Rubalcaba, piano
Paul Motian, bateria
É um disco médio, não cheguei a me apaixonar, não. O problema é que o repertório não toca o melhor Monteverdi. Aqui, o foco é a dança. Bem, Monteverdi é certamente o maior compositor italiano de sua geração, um dos grandes operistas de todos os tempos e uma das personalidades mais influentes de toda a história da música do ocidente. Não inventou nada novo, mas sua elevada estatura musical deriva de ter empregado recursos existentes com uma força e eficiência sem paralelos em sua geração. Ele integrou diferentes práticas e estilos em uma obra pessoal rica, variada e muito expressiva, que continua a ter um apelo direto para o mundo contemporâneo ainda que ele não seja exatamente um compositor popular nos dias de hoje.
Claudio Monteverdi (1567-1643): Balli & Balletti
1 Tirsi E Clori, Ballo (Settimo Libro De Madrigali, 1619) 13:53
L’Orfeo
2 Lasciate I Monti, Balleto (Atto I) 1:45
3 Vieni Imeneo, Ballo (Atto I: Coro Di Ninfe E Pastori) 1:03
4 Ecco Pur Ch’a Voi Ritorno, Ballo (Atto II) 5:31
5 Moresca (Atto V) 1:12
6 De La Bellezza, Balletto (Scherzi Musicali, 1607) 9:30
7 Il Ballo Delle Ingrate, Ballo (Madrigali Guerrieri E Amorosi, 1638, Libro VIII: Canti Amorosi) 3:33
8 Volgendo Il Ciel, Ballo (Madrigali Guerrieri E Amorosi, 1638, Libro VIII: Canti Guerrieri) 10:03
Monteverdi Choir
English Baroque Soloists
John Eliot Gardiner
Em 2018, fui a um Concerto aqui em Porto Alegre que tinha o Concerto em Fá para Piano e Orquestra de Gershwin. O resultado é que fiquei irritado por 3 dias. Aquilo — principalmente a atuação da orquestra, anormalmente ruim — me deixou absolutamente puto. Não foi Gershwin, não foi nada. Ou foi um anti-Gershwin. Só hoje posso me considerar recuperado, após ouvir esta Rhapsody in Blue e este Concerto em Fá. Aqui, Riccardo Chailly combinou a elegância clássica com o estilo do jazz e blues de Stefano Bollani. Bollani é um jazzista crasso. Que bom. Neste CD, a Rhapsody é apropriadamente apresentada na versão de banda de jazz (orquestrada por Paul Whiteman), enquanto o Concerto está na orquestração sinfônica original de Gershwin.
Completando um álbum muito bem preenchido (mais de 73 minutos) estão a suíte sinfônica Catfish Row — derivada da ópera de Gershwin, Porgy and Bess — e o trabalho de juventude mais importante de Gershwin, Rialto Ripples, grande sucesso comercial de 1917.
Curiosidade: no começo de sua carreira, Gershwin produziu dúzias de rolos para pianolas e esta era sua principal fonte de renda. Enquanto sua carreira crescia, as gravações em rolos de piano foram gradualmente diminuindo. Entretanto, na década de 20, ele fez algumas gravações incluindo uma versão completa de Rhapsody in Blue. Em 1975, a Columbia Records lançou um álbum com os rolos de piano de Gershwin tocando Rhapsody in Blue, acompanhado pela Columbia Jazz Band tocando o acompanhamento original sob a regência de Tilson Thomas.
Mas não pensem que a dupla Bollani e Chailly ficaram abaixo, muito pelo contrário. Este é um disco sensacional!
Ah, e a gravação de Rialto Ripples, com as brincadeiras entre Bollani e Chailly, certamente advindas do fato de a peça ter sido bis nos concertos, é o máximo!
George Gershwin (1898-1937): Rhapsody in Blue, Concerto in F, Catfish Row, Rialto Ripples
Como A Arte da Fuga não tem instrumentação definida, não é pecado eu dizer que eu acho essa a melhor gravação de A Arte da Fuga. Ainda gosto muito da versão para dois Pianos… Não sei dizer, qual das duas eu gosto mais. Eu sei que esta gravação é do cacete. Os caras são muito bons. Não deixam margem de erro nenhuma. Executam tudo ao pé da letra. Como Bach escreveu. O que mais me impressionou foi que o grupo não tentou puxar para o Jazz. Fizeram tudo Classudo como deve ser.
Essa gravação me lembrou a época que eu estava começando a tocar clarineta, pois tinha um exercício muito parecido com o Contrapunctus 12. Ainda assim o som do Saxofone tocando Bach me cativa. Sinto-me outra pessoa ouvindo isso. É isso aí. Uma boa audição.
J. S. Bach – A Arte da Fuga – BWV 1080 – New Century Saxophone Quartet
1. Contrapunctus 1
2. Contrapunctus 2
3. Contrapunctus 3
4. Contrapunctus 4
5. Contrapunctus 5
6. Contrapunctus 13. Canon all Duodecima in Contrapunto alla Quinta
7. Contrapunctus 14. Canon all Decima. Contrapunto alla Terza
8. Contrapunctus 7
9. Contrapunctus 8
10. Contrapunctus 10
11. Contrapunctus 6
12. Contrapunctus 9
13. Contrapunctus 11
14. Contrapunctus 15. Canon per Augmentationem in Contrario Motu
15. Contrapunctus 12. Canon alla Ottava
16. Contrapunctus 16. Rectus
17. Contrapunctus 16. Inversus
18. Contrapunctus 19. Unfinished
19. Choral. Wenn wir in höchsten Nöthen sein
Performer: Michael Stephenson, soprano saxophone
Christopher Hemingway, alto saxophone
Stephen Pollock, tenor saxophone
Brad Hubbard, baritone saxophone
Este é mais um arquivo que nos foi repassado pelo querido amigo pequepiano WMR.
IM-PER-DÍ-VEL para quem gosta de música antiga e barroca.
Gostei muito deste disco onde fica clara a postura absolutamente experimental da obra de Merulo, um mestre indiscutível. Ouvi os três CDs com grande prazer. O caráter das peças é sempre diverso, não é mais do mesmo. É uma maluquice minha, mas gosto dos barulhos de carpintaria, isto é, dos mecanismos do órgão. Aqui se ouve tudo, a música e o arfar do instrumento. É inacreditável pensar que tudo isto foi feito durante a Renascença.
Claudio Merulo (1553-1604): Toccatas Completas para Órgão
Berlioz é um compositor bem chatinho. Mesmo que aqui tenhamos sua maior obra, vou lhes contar… Há brevíssimos momentos interessantes no 2º, 4º e 5º movimentos. Brevíssimos. É como um afogado cuja cabeça por voltas sai para fora d`água sob seus manotaços, mas que vai irremediavelmente afogar-se na vulgaridade do compositor. Já os excertos de Sonhos de uma Noite de Verão, de Mendelssohn, são de outro departamento. Mas foi este o repertório capenga do último concerto de Abbado com a Filarmônica de Berlim. Importante: Abbado foi titular da orquestra e este não é seu concerto de despedida como titular (o repertório desta despedida era bem mais decente: Rei Lear, de Shostakovitch, Schicksalslied, de Brahms e os Rückert-Lieder, de Gustav Mahler). Esta gravação foi apenas a última vez que ele atuou como convidado à frente da orquestra. Um álbum duplo caça-níqueis. O CD é merecidamente mal avaliado nos sites especializados.
Disc 1
Felix Mendelssohn — Sonho de Uma Noite de Verão, Op. 61 (Excertos)
1 No. 1 Allegro di molto – Poco ritenuto 12:04
2 No. 1 Scherzo: Allegro vivace 4:47
3 No. 3 Song with Chorus: »You Spotted Snakes with Double Tongue« – Allegro ma non troppo (Solo Sopranos I and II, Female Choir) 4:14
4 No. 5 Intermezzo: Allegro appassionato – Allegro molto comodo 3:58
5 No. 7 Notturno: Andante tranquillo 5:45
6 No. 9 Wedding March: Allegro vivace 4:55
7 No. 13 Finale: »Through the House Give Glimmering Light« – Allegro di molto 4:27
Disc 2
Hector Berlioz — Sinfonia Fantástica, Op. 14
1 I. Rêveries – Passions: Largo – Allegro agitato e appassionato assai – Religiosamente 15:51
2 II. Un bal: Valse. Allegro non troppo 6:44
3 III. Scène aux champs: Adagio 16:06
4 IV. Marche au supplice: Allegretto non troppo 6:46
5 V. Songe d’une nuit du Sabbat – Dies Irae – Ronde du Sabbat – Dies Irae et Ronde du Sabbat ensemble: Larghetto – Allegro 10:18
Deborah York, soprano
Stella Doufexis, mezzo-soprano
Damen des Chores des Bayerischen Rundfunks
Berliner Philharmoniker
Claudio Abbado
Este disco não é uma obra-prima como Strange Weather, mas é muito bom. Broken English é um disco competentíssimo de pop-rock, sendo o sétimo álbum de estúdio da cantora inglesa Marianne Faithfull. Foi lançado em 2 de novembro de 1979 pela Island Records. O LP marcou o grande retorno de Faithfull após anos de uso de drogas, como moradora de rua e anoréxica. Muitas vezes é considerado sua “obra-prima”. Explicando melhor, Broken English foi o primeiro grande lançamento de Faithfull desde seu álbum Love in a Mist (1967). Depois de terminar seu relacionamento com Mick Jagger em 1970 e perder a custódia do filho, a carreira de Faithfull entrou em parafuso. Ela era dependente de heroína e vivia nas ruas de Londres. Uma laringite severa, associada às drogas, alterou permanentemente a voz de Faithfull, deixando-a rachada e mais grave. Avisamos: é um bom álbum elétrico e datado, cheio de teclados e das manias que se tornariam lei logo depois nos anos 80. Curiosidade: depois de todo o álbum gravado, o produtor Mark Miller sugeriu que os arranjos deveriam ser “mais modernos e eletrônicos” e trouxe Steve Winwood nos teclados. Então, musicalmente, Broken English é um new wave de rock com elementos de punk, blues e reggae. Vale a pena ouvir.
Marianne Faithfull: Broken English
1. “Broken English” (Marianne Faithfull Barry Reynolds Joe Mavety Steve York Terry Stannard) 3:45
2. “Witches’ Song” (Faithfull Barry Reynolds Joe Mavety Steve York Terry Stannard) 4:43
3. “Brain Drain” (Ben Brierley) 4:13
4. “Guilt” (Barry Reynolds) 5:05
5. “The Ballad of Lucy Jordan” (Shel Silverstein) 4:09
6. “What’s the Hurry” (Joe Mavety) 3:05
7. “Working Class Hero” (John Lennon) 4:40
8. “Why’d Ya Do It” (Heathcote Williams Barry Reynolds Joe Mavety Steve York Terry Stannard Faithfull) 6:45
Total length: 36:25
Marianne Faithfull – vocals
Barry Reynolds – guitar
Joe Mavety – guitar
Steve York – bass
Terry Stannard – drums
Dyan Birch – background vocals
Frankie Collins – background vocals
Jim Cuomo – saxophone
Isabella Dulaney – background vocals
Guy Humphries – guitar
Morris Pert – percussion
Darryl Way – violin
Steve Winwood – keyboards
Para alguém da minha geração, é muito difícil afastar-se da lendária gravação de Karl Leister com o Quarteto Amadeus do Op. 115 de Brahms. Ainda mais que Erico Verissimo a ouvia quando teve seu primeiro enfarto. (Erico acabou escrevendo sua autobiografia em dois volumes; ela se chamava… Solo de Clarineta, em honra a Brahms). Mas o Amadeus acabou e Leister é um respeitável senhor de 81 anos. Porém, esta gravação vinda da Polônia demonstra que há vida pós-Leister + Amadeus. Assim como Leister era o primeiro clarinetista da Filarmônica de Berlim, Arkadiusz Adamski é seu análogo na Orquestra da Rádio da Polônia. OK, não é tão grande, mas é muito boa.
Mas o que importa é o alto nível da interpretação de Adamski e do Quarteto Apollon Musagete. O mesmo vale para o Trio para Clarinete, Piano e Violoncelo, Op. 114, obra de grande beleza, mas que não chega aos pés do Quinteto.
Essas obras – mais as duas Sonatas para Clarinete e Piano, também belíssimas — foram escritas para o clarinetista Richard Mühlfeld. Mühlfeld devia ser um monstro, porque arrancou do velho Brahms quatro obras-primas. A história conta que Brahms viu o clarinetista tocar um concerto de Weber e — achando-o genial — resolveu escrever música de verdade para ele. Os dois se tornaram grandes amigos, o que era anormal, pois Brahms era esquivo e mal-humorado. Brahms gostava tanto de Mühlfeld que, incrivelmente, deu-lhe um conjunto de finas colheres de chá de prata com um monograma ao músico. Ora, vejam só.
Johannes Brahms (1833-1897): Obras para Clarinete
Trio para Clarinete, Piano e Violoncelo, Op. 114
1. I Allegro
2. II Adagio
3. III Andantino grazioso – Trio
4. IV Allegro
Quinteto para Clarinete e Quarteto de Cordas, Op. 115
5. I Allegro
6. II Adagio – Piu lento
7. III Andantino – Presto non assai ma con sentimento
8. IV Con moto
Arkadiusz Adamski, clarinete
Magdalena Wojciechowska, piano
Marcin Zdunik, violoncelo
Apollon Musagete Quartett
Muito antes de aparecerem os olhos azuis de Sinatra, Brahms já fazia poses sexy com os mesmos olhos. Clara Schumann chamava-o de anjo loiro, se não me engano.
Un Día Cualquiera não é um álbum comum. Até porque é jazz cubano e Cuba é o lugar para onde eu deveria já ter ido. Talvez para sempre. Harold Lopez-Nussa nasceu em Havana em 1983 e ainda mora lá. É um pianista poderoso e diz: “Toda vez que eu volto para Cuba, sinto algo especial — é não somente apenas uma conexão com minha família e amigos, mas com o lugar em si. É de onde vem minha música, sobre o que ela fala.” Para Un Día Cualquiera, Lopéz-Nussa manteve seu trio principal, com seu irmão mais novo, Ruy Adrián López-Nussa, na bateria e percussão, e o baixista Gaston Joya, um grupo que o pianista reuniu pela primeira vez há uma década em Cuba. A música de Harold López-Nussa reflete toda a gama e riqueza da música cubana, com sua combinação distinta de elementos clássicos, folclóricos, africanos e populares, bem como sua adoção da improvisação e interação do jazz. É coisa muito boa, gente! A ilha é muito musical. Vai pra Cuba, PQP!
Harold Lopez-Nussa: Un Día Cualquiera
1 Cimarrón 03:51
2 Danza de los Ñañigos 04:29
3 Una Tarde Cualquiera En Paris (to Bebo Valdes) 04:48
4 Preludio (to Jose Juan) 03:28
5 Elegua 05:06
6 Hialeah 03:32
7 Ma petite dans la Boulangerie 03:56
8 Y la Negra Bailaba 04:01
9 Conga Total/El Cumbanchero 03:39
10 Contigo en la Distancia 05:47
11 Mi Son Cerra’o 04:47
Bass – Gastón Joya
Drums, Percussion – Ruy Adrian Lopez-Nussa
Piano – Harold Lopez-Nussa
Apesar da presença de Gustav Leonhardt, este CD é inferior (pouca coisa) ao de Rousset, postado ontem. Na verdade, o problema não é Leonhardt nem a Orchestra Of The Age Of Enlightenment, é que o repertório escolhido por Rousset era muito matador. Este é mais um CD excelente, daqueles que o pessoal que ama os barrocos vai ter que ouvir. Rameau foi um monstro, Leonhardt idem.
Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Suite Les Paladins, comédie lyrique
1 Ouverture très vite 3:42
2 Menuet lent 1:41
3 Air gay 1:55
4 Entrée des Pèlerins 4:02
5 Loure 3:10
6 Pantomime 2:28
7 Air de furie 2:08
8 Sarabande 3:12
9 Menuet en rondeau 1 & 2 5:40
10 Entrée très gaye des Troubadours 2:42
11 Air très gay 1:47
12 Gavotte 0:30
13 Menuet 0:56
14 Contredanse (en rondeau) 1:12
15 Entrée des Chinois 2:33
16 Loure 3:32
17 Gigue vive 3:23
18 Air vif 1:42
19 Premiere gavotte gaye – deuxieme gavotte 2:39
20 Air très gay 4:22
21 Entrée des Paladines et ensuite Paladins 3:12
22 Air pour les Pagodes 3:07
23 Gavotte 1 & 2 2:13
24 Contredanse en rondeau 1:58
Orchestra Of The Age Of Enlightenment
Gustav Leonhardt
Estupendo repertório do transbordante Rameau. Nestas Aberturas o francês mostra toda sua imensa criatividade, alegria, estranheza e melodismo. Nada é rotineiro na música do francês e o regente Rousset captou notavelmente o espírito do compositor, realizando uma gravação antológica. Eu passei três dias ouvindo sem parar e garanto: faz um bem danado! O luminoso Rameau foi um grande gênio.
Jean-Philippe Rameau (1683-1764): Aberturas
1 Les Fêtes de Polymnie
2 Les Indes galantes
3 Zaïs
4 Castor et Pollux
5 Naïs
6 Platée
7 Les Talens lyriques (Les Fêtes d’Hébé)
8 Zoroastre
9 Dardanus
10 Les Paladins
11 Hippolyte et Aricie
12 Le Temple de la Gloire
13 Pigmalion
14 Les Surprises de L’Amour – Prologue (Le Retour d’Astrée)
15 Les Fêtes de l’Hymen de l’Amour, ou Les Dieux d’Égypte
16 Les Surprises de l’Amour – Acte I (L’Enlèvement d’Adonis)
17 Acante et Céphise, ou La Sympathie
De todas as sinfonias de todos os compositores, talvez seja esta a que eu mais goste. De todos os regentes vivos, certamente o que eu que mais gosto é Bernard Haitink.
Então, para mim, este álbum é matador em todos os sentidos. Eu simplesmente amo a Sinfonia Nº 1 de Brahms. Ele a estreou tarde, quando já tinha 43 anos. Brahms era uma pessoa dura e pouco sociável e era respeitado como o herdeiro de Beethoven. É muito provável que o receio de uma comparação direta tivesse determinado a demora na estreia de sua primeira sinfonia até porque ele já tinha publicado várias obras sinfônicas de peso, mas nada de uma 1ª. Após a estreia, o maestro von Bülow a apelidou de “a 10ª”, recebendo uma merecida resposta de Brahms, que rebateu dizendo que apenas os estúpidos a chamariam assim. E tinha toda a razão: a 1ª é obra pessoalíssima e de completa unidade. Nada do que ali está poderia estar em outro lugar. Talvez o primeiro movimento ainda possa ser chamado de beethoveniano, mas o resto não, de modo nenhum. É tudo puro Brahms.
Symphony No. 1 In C Minor, Op. 68 (1876)
1 Un Poco Sostenuto – Allegro 12:38
2 Andante Sostenuto 8:35
3 Un Poco Allegretto E Grazioso 4:40
4 Adagio – Allegro Non Troppo Ma Con Brio 17:07