Um tríptico para o bandolim (2): Radamés Gnatalli (1906-1988): Concerto para Bandolim, Suíte Antiga – Waldemar Henrique (1905-1995): Canções e Lendas Amazônicas [Acervo PQPBach] [link atualizado 2017]

BAITA DISCÃO !!!

Postado originalmente em 20 de dezembro de 2012.

Bom, hoje é quinta, 20 de dezembro de 2012, véspera do tão propalado Fim do Mundo do Calendário Maia (aliás, eu ainda não entendi: o mundo acaba na madrugada do dia 20 para o 21 ou na madrugada do 21 para o 22?).

De qualquer forma, como já se tornou rotina aqui no P.Q.P.Bach, quinta é dia de música brasileira: postaremos alguma coisa que faça com que vossas almas sublimem, a despeito de qualquer cataclismo que se anuncie!

Aliás, posto em especial este disco hoje porque é um que eu gostaria de estar ouvindo quando tudo estivesse se acabando e eu, alheio a tudo, absorto em sua música, nem percebesse a gravidade do problema que se anunciara na janela…

Por que justo esse? Porque temos dois compositores geniais com músicas igualmente geniais!

Primeiro, é-nos apresentado Radamés Gnatalli, o gaúcho amigo de Tom Jobim (também um dos maiores compositores do século XX) que se tornou essencialmente carioca e que unia como poucos a música erudita ao choro (muitos no exterior chamam-no de Brazilian jazz) de forma tão fluida e fácil  e transitava entre eles como se pulasse entre pedrinhas de um riacho. Simples assim… Em seu inspiradíssimo Concerto para Bandolim e Cordas, parece que erudito e choro sempre estiveram juntos! Já a Suíte Antiga é um pouco mais tradicional, mas mostra um compositor muito versátil.

O Lado B do disco brinda-nos com Waldemar Henrique. O paraense é daqueles raros casos que conseguem fazer de coisas extremamente simples obras de grande força. Suas Canções e Lendas Amazônicas trazem elementos do cancioneiro do Norte do Brasil para dentro do canto lírico e recuperam muito do folclore, das crenças e das tradições das terras da Grande Floresta.

Ambos têm em comum a enorme capacidade de resumir elementos do popular e regional na música erudita, mas de tal forma que a simbiose seja tão grande que fique extremamente difícil de classificar suas composições como “eruditas” ou “MPB”.

Quer um conselho? Ouça esse álbum todo e esqueça que o mundo se acaba amanhã. Ouça! Deleite-se!

Ah, Esse concerto foi transmitido, na época, pela TV Cultura. Um joia!

Radamés Gnatalli e Waldemar Henrique
80 Anos de Música Brasileira

Radamés Gnattali (Porto Alegre, RS, 1906 – Rio de Janeiro, RJ, 1988)
01. Concerto para Bandolim e Cordas, I. Alegro Moderato
02. Concerto para Bandolim e Cordas, II. Lento Expressivo
03. Concerto para Bandolim e Cordas, III. Com Espírito
04. Suíte Antiga para Cordas, I. Abertura
05. Suíte Antiga para Cordas, II. Gavota
06. Suíte Antiga para Cordas, III. Ária
07. Suíte Antiga para Cordas, IV. Minueto
08. Suíte Antiga para Cordas, V. Giga
Waldemar Henrique (Belém, PA, 1905-1995)
09. Trem de Alagoas
10. Canções Amazônicas – Senhora Dona Sancha
11. Lendas Amazônicas, IV. Matinta Perêra (olha o Tom Jobim bebendo um verso das “Águas de Março” aqui…)
12. Coco Peneruê
13. Lendas Amazônicas, III. Tamba-Tajá
14. Lendas Amazônicas, V. Uirapuru
15. Lendas Amazônicas, II. Cobra Grande
16. Lendas Amazônicas, I. Foi o Boto, Sinhá

Joel Nascimento, bandolim (faixas 01 a 08)
Ruth Staerke, soprano (faixas 09 a 16)
Orquestra de Câmara de Blumenau
Norton Morozowicz, regente
Concerto gravado no Teatro São Pedro, Porto Alegre , 1986

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POR FAVOR… TEÇA ALGUM COMENTÁRIO. Não me deixe só…

Bisnaga

15 comments / Add your comment below

  1. Este trabalhado por ora postado só vem realçar a minha despedida deste velho mundo que se encerra amanhã. Brincadeiras à parte, obrigado por postar esta pérola. Radamés é o máximo!!!!

  2. Ah, quer saber? Se o mundo vai acabar, vamos cruzar os braços e esperar. Vai ver o cara que escreveu aquele calendário se esqueceu de terminar… rsrsrsrs (sempre digo isso). Mas, cá entre nós, tem gente que diz que o sol vai mandar ondas de calor tão fortes que vai acabar com todos os meios de comunicação. Se isso for verdade, não vai mais ter internet, muito menos P.Q.P Bach, e daí estamos fritos (nos dois sentidos)! Então, baixem e ouçam! 😉

  3. Como diria o bom nordestino, rapaz, você é bom mesmo de garimpagem : poderia ser gerente de serra-pelada : você é tom-maior. Obrigado…

  4. Esse até hoje é um dos meus discos nacionais preferidos (apesar de, geralmente achar a Suite para Cordas um pouco maçante). Gnatalli aparece aqui com um maravilhoso concerto, e Waldemar muito bem interpretado, com arranjos do próprio Gnatalli (original para piano), que dentre os inúmeros arranjadores de Waldemar se saiu melhor que toda a concorrência.

    Viva Gnatalli, viva Waldemar, e viva aos intérpretes desse discaço.

    Vou ouví-lo quando tudo chegar ao fim!

  5. Bisnaga,
    Um imenso prazer ouvir o discão. Fiquei arrepiada ouvindo o Uirapuru. A gente cantava na escola (acho que na aula de Canto Orfeônico). Obrigada!

  6. Maravilha! Ouvi essas canções amazônicas de Waldemar Henrique em Belém do Pará em um programa da Rádio Cultura! Nunca mais esqueci! Que bom que as encontrei novamente aqui! Muitíssimo obrigado!

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