Cécile Ousset, piano – Liszt: Sonata em si menor e “Études d’exécution transcendante d’après Paganini” / Ravel: “Concerto em Sol”, “Concerto para mão Esquerda” e obras para piano solo.

Cécile Ousset, pianista francesa, nascida em Tarbes, França, 1936.

Cécile Ousset é destas pianistas com imensa verve e domínio técnico. De forma generosa e incansável, ao longo da carreira, entregou-se ao lapidar da interpretação – às novas percepções e possibilidades… E o fez com cuidados de ourivesaria, tanto no repertório solo, quanto nas massas sonoras e grandiloquência dos concertos com orquestra…

Neste sentido, as bases da “escola russa”, realizada com Marcel Ciampi, em Paris, final dos anos 40, lhe proporcionaram vigor e aguçado controle técnico. De resto, personalidade artística e sensibilidade se agregaram à paixão e originalidade…

No “concurso Queen Elizabeth”, 1956, vencido por Vladimir Ashkenazy, a pianista francesa, então com 20 anos, obteve 4° lugar, quem sabe, posição desconfortável para quem almejasse carreira internacional. Mas, se pensarmos que Lazar Berman e Tamas Vasary ficaram em 5ª e 6ª colocação, temos ideia do nível daquela competição e dimensão da jovem musicista…

Prodígio musical, Cécile Ousset ingressou no “Conservatório de Paris” aos 10 anos e estudou com o pianista Marcel Ciampi, que havia orientado Hephzibah e Yaltah Menuhin… A pianista recordou a pedagogia de Ciampi: “baseada na ‘escola russa’, não na francesa. E o método, modelado em Anton Rubinstein, com ênfase em dedos fortes e ombros livres, para garantir precisão e ‘peso de braço’… Quando Ciampi percebeu meus dedos curvados, no clássico estilo francês, ficou horrorizado”. E mudou tudo…

Arthur Rubinstein, pianista polonês (1887-1982)

A estreia profissional ocorreu na “salle Gaveau”, Paris, organizada por Arthur Rubinstein, ninguém menos, impressionado com a musicalidade e potencial da pianista. Membro do júri, no concurso “Marguerite Long – Jacques Thibaud”, de 1953, o polonês ficou descontente com o 4° lugar obtido por Cécile Ousset, então, com 17 anos… E a opinião de Rubinstein, neste caso, foi premiação maior que qualquer classificação…

Finalmente, Cécile Ousset obteria 2° lugar no concurso “Busoni”, 1959, sem vencedor em 1° lugar… E ainda perseguida pelo número quatro, outra 4ª colocação, no concurso “van Cliburn”, 1962, mas sempre entre primeiros colocados… Tais competições eram e continuam sendo vitrines a projetar solistas e dar início à carreiras internacionais…

A projeção artística de Ousset foi gradual. A partir dos anos 80, após substituir Martha Argerich no “Festival de Edimburgo”, Escócia, os convites aumentaram consideravelmente… E suas gravações ofereciam conjunto soberbo, onde destacavam-se autores românticos e repertório francês…

Cécile Ousset, notável pianista, especialmente, no repertório romântico e francês.

Entre público e crítica, em geral, há diversidade de opiniões e muita controvérsia… Mas, Cécile Ousset convida e conduz o ouvinte, seduzindo-o através do fraseado, ritmo e sonoridades – com toque intenso, busca densidade e encantamento. Os registros de “Alborada del Gracioso” ou “Une barque sur l’océan”, de Ravel, são preciosos… E sua discografia oferece fidelidade estilística, beleza e prazer. “The Musical Times” referiu-se como “pianista estimulante, pelas sonoridades robustas e virtuosismo incontestável”, mas que ia além, “ao buscar cor e clareza”…

Se pensarmos que sensorialidade e emotividade controlam o toque… E que leitura e técnica, passo a passo, descortinam efeitos sonoros e expressivos que resultam na concepção poética e musical… Então, imagine-se os desafios e possibilidades estéticas contidas em grandes obras musicais…

“Entre os mais notáveis pianistas da atualidade” – “Financial Times”.

Assim, o pianismo de Ousset é um mundo sonoro a descobrir e encantar-se. E não por acaso, trabalhou com regentes do porte de Simon Rattle – a quem profetizou “brilhante carreira”, em 1985; além de Ghünther Herbig, Rudolf Barshai e Neville Marriner… E com Kurt Masur e a “Gewandhausorchester”, de Leipzig, obteve “Gran prix du Disque” da “Académie Charles Cros”, de Paris, com “2° concerto para Piano”, de Brahms…

Clareza e originalidade emergem de obras amplamente conhecidas, com renovado interesse, como “La campanella”, de Liszt; ou “Impromptu” op. 31 n°2, de Fauré. Mas, sobretudo, em obras de fôlego e alto romantismo, como na “Sonata em si menor”, de Liszt; “2ª Ballada” e sonata “Marcha fúnebre”, de Chopin; ou nas desafiantes “Variações sobre tema de Paganini”, de Brahms, revela-se intérprete soberana…

Capítulo especial ocupa a música francesa, em gravações integrais de Debussy e Ravel… Na imensa riqueza harmônica e variedades de cores e nuances, de “Ce qu’a vu le vent d’ouest”, “Poisson d’or” e “Feux d’Artifice”, de Debussy; ou de “Jeux d’eau”, “Le tombeau de Couperin” e “Valses nobles et sentimentales”, de Ravel…

Também realizou notáveis performances em concertos para piano, marcadas pelo diálogo intenso com os conjuntos orquestrais e pelas sonoridades exuberantes do piano, expertises da “escola russa”, em Tchaikowsky, Grieg, Rachmaninov, Poulenc e Prokofiev; além de peculiar leitura das “33 Variações sobre valsa de Diabelli”, de Beethoven… 

Yaltah Menuhin, pianista e poetisa, irmã caçula de Yehudi e Hephzibah Menuhin (1962).

Vocacionada para docência, a partir de 1984, ofereceu “Master Classes” anuais, na vila medieval de Puycelsi, França. E ministrou cursos nos USA, Canadá, Europa, Austrália e extremo Oriente, além de integrar júri em grandes competições, como “van Cliburn”, “Rubinstein”, “Leeds” e “Queen Elisabeth”…

Pela contribuição artística, tornou-se patrona honorária do “Yaltah Menuhin Memorial Fund”, sediado na Holanda, em apoio à jovens músicos… Por fim, problemas de saúde levaram Cécile Ousset encerrar apresentações públicas, em 2006. Atualmente, conta 87 anos, com relevantes discografia e trajetória musical…

Download no PQP Bach

Cécile Ousset deixou belíssimo legado e ganhou abrangente edição da “Warner Classics” – Box com 16 CDs, excetuando-se o “2° concerto para Piano”, de Brahms, com Kurt Masur, que não integra a coleção…

Capa da “Warner Classics”, Box 16 CDs, com acervo completo de Cécile Ousset.

Para download no PQP Bach, seguem três CDs:

  • CD 07, com obras de Franz Liszt – “Sonata em si menor” e “6 Études d’exécucion transcendante d’après Paganini”, piano solo

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

  • CD 13, com obras de Maurice Ravel – “Valses nobles et sentimentales”, “Jeux d’eau”, “Menuet sur le nom de Haydn”, “Sonatine”, “Pavane pour une infante Défunte”, “Mirroirs”, piano solo…
  • CD 16, com obras de Maurice Ravel – “Concerto em Sol” e “Concerto para mão Esquerda”, para piano e orquestra, com “Birminghan Symphony Orchestra”, direção de Simon Rattle; e suíte “Le tombeau de Couperin”, piano solo…

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Sugerimos também:

1. Áudio youtube “EMI classics” – Claude Debussy, “Images, Book 2” – I. “Cloches à travers les feuilles”; II. “Et la lune descend sur le temple qui fut”; III. “Poissons d’or”, com Cécile Ousset…

2. Áudio youtube “EMI classics” – Francis Poulenc, “Concerto para Piano”, Cécile Ousset com a “Bournemouth Symphony Orchestra”, direção Rudolf Barshai… 

Movimentos: I. “Allegretto” – II. “Andante con moto” – III. “Rondeau à la Française”

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

“Nesta edição, nossa gratidão e homenagem às mulheres!”

“Dia Internacional da Mulher, 08/03/2023”

Alex DeLarge

Deixe um comentário