BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Bagatelas e Danças para piano, volume 1 – Jandó

O selo honconguês Naxos busca sempre expandir seu já vasto catálogo sem repetir repertório, normalmente gravando séries integrais com artistas e conjuntos menos célebres e lançando-as no mercado envoltas em projetos gráficos espartanos, sem firulas, e por preços camaradas. Naquelas priscas eras em que só se construía um acervo discográfico com a aquisição de mídias físicas, a Naxos era uma das melhores amigas dos melômanos que, como eu, tinham muita ambição e pouca bufunfa. Muito embora esta abordagem low cost e bastantona do repertório sempre tenha tido seus detratores, nunca me decepcionei com os discos da Naxos, talvez mesmo por saber o que esperar deles. Mais que isso, não foram raras as vezes que me surpreendi com as escolhas arrojadas de repertório e com a qualidade do que ouvi. Foi através da Naxos, por exemplo, que conheci artistas notáveis como a pianista turca İdil Biret, intérprete maravilhosa do repertório romântico, e a violoncelista alemã Maria Kliegel, que oferece interpretações muito marcantes para um repertório vasto, e muitas vezes desconhecido para mim. Enquanto lhes prometo que Biret e Kliegel participarão desta série, a fim de que nossos leitores-ouvintes possam tirar suas próprias conclusões sobre elas, peço licença para voltar os holofotes para o herói desconhecido da Naxos: o pianista húngaro Jenő Jandó, que contribuirá com os três próximos volumes desta nossa beethoveniana.

Ecce homo

Falaremos mais sobre Jandó nas postagens seguintes. Permitam-nos por ora apontar algo sobre as curtas peças desse álbum. Nenhuma delas foi publicada durante a vida do compositor, talvez porque ele próprio não lhes atribuísse qualquer importância – “bagatelas”, afinal, muito embora o termo “bagatelas” tenha sido a elas atribuído por editores, e não pelo próprio Beethoven, que assim intitulou três coleções de peças (Opp. 33, 119 e 126) que publicaria ao longo da vida. Poucas delas chegam a dizer ao que vieram, por consistirem de alguns poucos gestos, talvez a captura de alguma ideia que pareceu interessante, mas não o bastante para ser desenvolvida sobre uma partitura. E, ah, sim: a primeira delas é a celebrérrima Pour Elise, vítima primaz das mãos inábeis de estudantes, quiçá batida demais para não ser ouvida sem ranço, mas que se revela mais misteriosa que mimosa sob as falanges de um bom profissional. Apesar de sua fama extraordinária, este bombom musical não parece ser muito do gosto de Jandó e dos produtores, que não lhe destinaram sequer uma faixa própria no álbum, espremendo-a numa faixa com outras três peças. E, já que estamos no tópico “Peças Surradas pelos Diletantes”, cabe um outro aviso: o segundo entre os minuetos do WoO 10 será aterrorizantemente familiar a tanto aos tocadores de piano que persistiram até o estudo de terças quanto àqueles cujos pais ouviam Ray Conniff noite e dia – no meu caso, marco “sim” para ambas.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

BAGATELAS E DANÇAS PARA PIANO, VOLUME 1

1 – Bagatela em Lá menor, WoO 59, “Für Elise” (1810) – Bagatela em Si bemol maior, WoO 60 (1818) – Allegretto quasi andante em Sol menor, WoO 61a (1825) – Allegretto em Si menor, WoO 61 (1821)

2 – Sete Ländler, WoO 11 (1799)

3 – Seis Ländler, WoO 15 (1795)

4 – Doze Danças Alemãs, WoO 8 (1795)

5 – Minueto em Dó maior, WoO 218

6 – Seis Minuetos, WoO 10 (1795)

7 – Bagatela em Dó maior, Hess 56 (esboço para as Bagatelas, Op. 126)

8 – Presto em Dó menor, WoO 52 (1795) – Bagatela em Dó maior, WoO 56 (1803)

9 – Duas Bagatelas para piano, WoO 216a e 216b

10 – Allegretto em Dó menor para piano, WoO 53 (1796-1797)

Jenő Jandó, piano

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Enquanto pensamos numa maneira de homenagear Jandó, resolvemos deixá-lo prateado

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

1 comment / Add your comment below

  1. Olá, Vassily!
    O Jenő Jandó foi protagonista, em ‘close collaboration’ com o intrépido Miles Kendig, da série de Concertos para Piano de Mozart, que foram por mim psicopostadas diretamente das mais diferentes localizações ao redor do globo. Você sabe como é dura a vida de agente secreto. Se bem que o glamour daquela capa de chuva…
    Abração!
    René Denon

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