Arvo Pärt (1935): In Principio

Arvo Pärt (1935): In Principio

  • Repost de 22 de Novembro de 2015

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

Ele estava no princípio com Deus.

Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.

Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.

Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.

Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.

Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;

Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

João 1:1-14

Não só os cristãos que ficam encantados com essas palavras, Stephen King em A Coisa, e agora eu, escrevendo sobre esse ótimo álbum com essa obra que se inspira nestas palavras sagradas, faço referência à esse evangelho e não teria outra forma de começar a não ser por esse belíssimo texto. Não sei exatamente o que me inspira nele, há algo de poético, de épico e de fantástico que me faz ter uma enorme reverência por estes versos, entre outros da Bíblia Sagrada, mesmo não sendo mais cristão.

Arvo Pärt aqui está um pouco diferente daquele compositor calmo que transparece em Für Alina. Vemos aqui um pouco daquela força arrasadora do primeiro movimento de Tabula Rasa, embora em outra forma dessa vez, na forma de um poderoso coro e uma orquestra, no caso da obra In Principio. Também sentimos essa força na belíssima e hipnotizante Mein Weg, obra que transparece em sua tonalidade um pouco de influência da música oriental… mas isso é uma outra história, e como bem sabem, deve ser contada em outro momento…

Arvo Pärt (1935): In Principio

01 In principio – I. In principio erat Verbum
02 In principio – II. Fuit homo missus a Deo
03 In principio – III. Erat lux vera
04 In principio – IV. Quotquot autem acceperunt sum
05 In principio – V. Et Verbum caro factum est

06 La Sindone

07 Cecilia, vergine romana

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Estonian National Symphony Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente

08 Da pacem Domine

Estonian Philharmonic Chamber Choir
Tallinn Chamber Choir
Tõnu Kaljuste, regente

09 Mein Weg

10 Fur Lennart in memoriam

Tallinn Chamber Orchestra
Tõnu Kaljuste, regente

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Vai maluco, passa esse celular que aqui é curintia hexa campeão.
Vai maluco, arranja uma grana ai que aqui é curintia hexa campeão.

Luke

Kenneth Benshoof (1933): Traveling Music – Astor Piazzolla (1921-1992): Five Tango Sensations – Kronos Quartet: 25 anos [2/10]

Kenneth Benshoof (1933): Traveling Music – Astor Piazzolla (1921-1992): Five Tango Sensations – Kronos Quartet: 25 anos [2/10]

front

  • Repost de 7 de Janeiro de 2016

Esse é o primeiro post que faço aqui no blog com um compositor que já morreu [há algum tempo]: Astor Piazzolla. Nem por isso sua música deixa de ser contemporânea. Sua música traz as raízes argentinas e latino-americanas para os tempos modernos, fazendo isso quase sempre de forma empolgante, já que usa bastante os ritmos do tango.

Os membros do Kronos Quartet não são latino-americanos, talvez por isso as Five Tango Sensations não tenham conseguido me convencer a sentir as sensações que descrevem. É apreciável, mas não sinto nenhuma empolgação que eu acho que deveria ter sentido ao ouvir uma música de um latino-americano, como eu geralmente sinto, por exemplo, aqui, ou aqui. Achei que isso não aconteceria, já que é Piazzolla quem está tocando o bandoneon. Como nunca tinha ouvido essa obra anteriormente, posso estar errado e essas músicas serem assim mesmo, mais comedidas do que extravagantes. Talvez a culpa seja das minhas expectativas.

Four, for tango é bom, o quarteto trabalha muito bem com as cordas e mostra sua técnica já tão louvada, mas, como disse anteriormente, tem pouco de um espírito latino-americano. Mas tudo bem.

São duas estreias aqui, a primeira é minha, postando algo de um compositor que já viajou para o reino de Hades, e a segunda é a de Ken Benshoof aqui no blog. Compositor estadunidense, ele não tem nem uma página na Wikipedia, então pode-se dizer que é um compositor bem underground. Suas músicas são sombrias e introspectivas, bem diferente do John Adams que postei semana passada, por exemplo.

Semana que vem trarei o terceiro e o quarto álbum da coleção, Morton Feldman e Philip Glass, respectivamente. Dois minimalistas estadunidenses.

25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 2/10]

Kenneth Benshoof (1933):

Traveling Music
01 Gentle, easy
02 Moderate
03 Driving

04 Song of Twenty Shadows

Astor Piazzolla (1921-1992):

Five Tango Sensations*
05 Asleep
06 Loving
07 Anxiety
08 Despertar
09 Fear

10 Four, for Tango

Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello
Astor Piazzolla, bandoneón*

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A partir de 1999, essa foi a segunda formação do Kronos Quartet. Com Jennifer Culp.
A partir de 1999, essa foi a segunda formação do Kronos Quartet. Com Jennifer Culp no violoncelo.

Luke

John Adams (1947): John’s Book of Alleged Dances – Arvo Pärt (1935): Missa Syllabica – Kronos Quartet: 25 anos [1/10]

John Adams (1947): John’s Book of Alleged Dances – Arvo Pärt (1935): Missa Syllabica – Kronos Quartet: 25 anos [1/10]

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  • Repost de 31 de Dezembro de 2015

Eu não sei se eu já deixei isso explícito, ou se vocês já perceberam, mas de todas as fases da música erudita, a música contemporânea é a que mais me fascina. E é aquela a qual vou me dedicar a polinizar neste blog, principalmente.

Claro – vocês como ouvintes devem saber – a música contemporânea pode ser dita como a mais difícil de ser ouvida. Mas, mesmo sendo difícil de ser ouvida, quando conseguimos ela é deliciosamente apaixonante, mais até do que o romantismo é capaz. Apaixonante não em um sentido romântico, mas num sentido envolvente e libertador. Por exemplo, quando eu só ouvia música popular, mesmo variando estilos (rock, reggae, pop, MPB, etc.) eu sentia uma limitação que não conseguia resolver. Quando descobri que música clássica não era tão difícil de apreciar mesmo com a duração enorme de algumas de suas obras ou pela complexidade a que eu não estava acostumado, fiquei tremendamente apaixonado. E ainda estou. Mas claro, assim como nem só do popular vive um homem, nem só de barroco, clássico e romântico se pode viver também. Assim fui conhecendo alguns compositores contemporâneos que num primeiro contato eu “vomitei”. Mas ao conhecer as obras certas e dando mais algumas chances eu aprendi a gostar daquele prato tão diferente ao meu paladar. Claro que ainda estou preso nas estruturas tradicionais; os compositores contemporâneos que mais gosto ainda usam melodia, harmonia e outras características de forma não tão radical como por exemplo, os serialistas integrais, que eu odeio. Mudanças radicais não costumam funcionar bem. Como bem disse Tancredi em Il Gattopardo: “as coisas devem mudar para que continuem as mesmas”.

É difícil definir o que é contemporâneo. Alguns dão o início lá em Stravinsky como primeiro compositor a se libertar inteiramente da sombra de Beethoven, colocando Arnold Schönberg e Claude Debussy como compositores de transição dessa sombra que cobre todo o século XIX. Enquanto outros só pensam em música contemporânea na música minimalista que surge nos anos 80 e outros movimentos que vêm depois do serialismo integral e das experiências pós-modernas dos anos 70 e 80. É difícil fazer essa definição, e não vou me arriscar aqui.

O Kronos Quartet, grupo formado há mais de vinte e cinco quarenta anos, são especialistas em música contemporânea. Claro que eles se embrenharam no repertório clássico também, mas o foco deles desde o início foi tocar a música produzida nos dias de hoje. E considero esse trabalho, que eles fazem tão bem, muito importante para a perpetuação e desenvolvimento da música como arte no mundo atual. Eu, como bom amante da música contemporânea que sou, não poderia deixar de postar essa coleção e honrar a esse grupo.

Neste álbum, o primeiro dessa coleção do aniversário de 25 anos completado em 1998 – (iihhh, já tem um tempinho ein tio?) – temos a melhor interpretação da Missa Syllabica de Arvo Pärt que já ouvi, juntamente com a pior de Psalom. E temos deliciosas obras recheadas de jams e ritmos dançantes do compositor estadunidense John Adams em John’s Book of Alleged Dances.

Semana que vem teremos Ken Benshoof (quem é esse cara?) e Astor Piazzolla no segundo volume da coleção.

Como hoje é véspera de ano novo, sugiro uma resolução para vocês: ouvir mais música erudita contemporânea em 2016.

25 Years of the Kronos Quartet [BOX SET 1/10]

John Adams (1947):

John’s Book of Alleged Dances:

01 Judah to Ocean
02 Toot Nipple
03 Dogjam
04 Pavane: She’s So Fine
05 Rag the Bone
06 Habanera
07 Stubble Crotchet
08 Hammer & Chisel
09 Alligator Escalator
10 Standchen: The Little Serenade
11 Judah to Ocean (Reprise)

Arvo Pärt (1935):

12 Fratres

13 Psalom

14 Summa

Missa Syllabica*:

15 Kyrie
16 Gloria
17 Credo
18 Sanctus
19 Agnus Dei
20 Ite, Missa Est

Kronos Quartet:
David Harrington, violin
John Sherba, violin
Hank Dutt, viola
Joan Jeanrenaud, cello

Ellen Hargis, soprano*
Suzanne Elder, alto*
Neal Rogers, tenor*
Paul Hillier, baritone*

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Os "fofuxos" em 1998.
Os “fofuxos” do Kronos Quartet (David Harrington, John Sherba, Joan Jeanrenaud e Hank Dutt), em 1998.

Luke

Takashi Yoshimatsu (1953): Concerto para saxofone e orquestra “Cyberbird”, Sinfonia Nº 3 – Nobuya Sugawa

Takashi Yoshimatsu (1953): Concerto para saxofone e orquestra “Cyberbird”, Sinfonia Nº 3 – Nobuya Sugawa

  • – Repost de 11 de Dezembro de 2015 –

Olá pqpequianos, me perdoem pela minha ausência das últimas semanas, estava finalizando uma épica batalha com a academia. Agora já estou de férias, então vocês me verão novamente com frequência regular.

O álbum que trago hoje contêm duas obras de Takashi Yoshimatsu, o concerto para saxofone e a terceira sinfonia. O destaque fica para o concerto.

No primeiro movimento deste concerto ouvimos uma espécie de introdução ao tema, com algumas atonalidades na orquestra alternando com um ritmo bem jazziaco no piano e percussão acompanhando o saxofone, mas a marcante característica romântica do compositor no piano quando tocado solo entre as idas e vindas do tema. No segundo movimento não existe espaço para dúvidas, é o romantismo de Yoshimatsu fundido com um cool jazz suave… e olhem, é arrebatador, nenhuma alma romântica vai se segurar diante disso, preparem vossos corações caso alguém seja cardíaco. O terceiro movimento segue a tradição, allegro, retornamos ao tema do primeiro movimento.

Não acho que as sinfonias sejam o forte dele, mas essa terceira sinfonia consegue convencer; os sopros no início que lembram um pouco algo de indígena (ou estou louco?), a percussão que toma tons de jazz no segundo movimento, o trabalho com as cordas no terceiro movimento, são algumas das características que agradam.

O concerto para saxofone com certeza vale a pena, já a sinfonia fica a julgamento de vocês.

Takashi Yoshimatsu (1953): Saxophone concerto, Symphony No. 3

01 Saxophone concerto – I. Bird in collors; allegro
02 Saxophone concerto – II. Bird in grief; andante
03 Saxophone concerto – III. Bird in the wind; presto

Nobuya Sugawa, saxophone
BBC Philharmonic
Sachio Fujioka, regente

04 Symphony No 3 – I. Allegro; adagio grave – allegro molto
05 Symphony No 3 – II. Scherzo; allegro scherzando
06 Symphony No 3 – III. Adagio; adagio
07 Symphony No 3 – IV. Finale; andante sustenuto – allegro molto

BBC Philharmonic
Sachio Fujioka, regente

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Esse cara já recebeu várias homenagens e concertos em sua homenagem. O "cyberbird" é um desses.
Esse cara já recebeu várias honras e concertos em sua homenagem. O “cyberbird” é um desses.

Luke

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

  • Repost de 18 de Outubro de 2015 – Um ano desde que comecei a postar no PQP Bach!

Olá caros leitores do PQP Bach, faço minha estreia aqui nesse blog com o compositor contemporâneo de música erudita que mais gosto: Arvo Pärt. Possuo muitos cds com obras deste compositor que, como dito pelo nosso mestre P.Q.P, não recebeu ainda a devida atenção neste blog. Venho para preencher esta lacuna e para preencher outras que acredito que os senhores considerarão muito oportunas. Junto com o download está o livrete do CD, para que os senhores possam saber mais detalhadamente de outras informações que lhes forem de interesse.

Vou falar um pouco das minhas impressões pessoais sobre esse álbum. O que me levou a comprá-lo foi a obra My Heart in the Highlands, e não, não foi em A Grande Beleza onde eu a ouvi pela primeira vez, mas sim em um documentário sobre o estilo de composição atual de Arvo Pärt. Digo atual pois o compositor já teve três fases onde as obras são notavelmente distintas em seus respectivos estilos. A discussão sobre essas fases é uma outra história que deve ser contada em um outro momento. Neste álbum, com exceção de Solfeggio (que é da primeira fase, a de vanguarda), todas as outras obras são da terceira fase, a minimalista, chamada pelo compositor de tintinnabuli (que é a fase atual).

Voltando a “My Heart in the Highlands”, bem, a primeira vez que eu ouvi essa obra não foi apenas a melodia profundamente melancólica que me tocou, mas também os belos versos que por alguns minutos me arrebataram de tal forma que eu me senti “como um lobo solitário que vive nas montanhas geladas, mas que quando vai à cidade se torna um mero humano de coração apertado, coração apertado de saudades das montanhas geladas e dos cervos, que correm desesperados diante da calma taciturna do lobo que os caça”. Foi uma história mais ou menos assim que por breves momentos inundou minha mente, senti saudades de coisas que jamais vivi (coisa que sinto toda vez que experimento uma boa obra “impressionista”, seja música, cinema ou artes plásticas) e um dia irei passa-la de minha mente para o papel, mas até lá ainda me regojizarei com ela em minha mente.

Mas a grande surpresa do álbum com certeza foi o Stabat Mater de Pärt. A única vez que esse texto havia me tocado tão profundamente em forma de música havia sido com a versão de Antonio Vivaldi. Eu já ouvi a de Pergolesi, a de Dvorák, e de outros, mas só as de Vivaldi e de Pärt tocam meu coração tão profundamente, talvez seja a grande ausência de sinais de alegria ou euforia, mas puramente a presença de dor e melancólica melodia.

Outro destaque do álbum é The Deer’s Cry, por algum motivo essa obra me faz me sentir profundamente cristão (coisa que já fui). Adoro ouvi-la aos domingos. O coro e os solistas cantam sublimemente, como se estivessem inundados de fé, e a história por trás da composição do texto da obra torna tudo mais saboroso; segundo o livrete, o texto cujo nome original é Lorica foi composto por São Patrício em 433. Sabendo de uma emboscada para matar ele e seus seguidores, São Patrício guiou seus homens pela floresta enquanto cantavam essa música. Eles então foram transformados em cervos que foram guiados por 20 gamos. Graças a esse milagre São Patrício e seus homens foram salvos. Apesar do fato de que cantar numa floresta enquanto foge é uma péssima ideia para despistar perseguidores, a história é bonita.

Certa vez ao entrevistar Arvo Pärt, a cantora Björk (que se diz uma fã da música de Pärt) descreveu a música do compositor como uma música que dá espaço ao ouvinte, e eu concordo plenamente, só acrescento que esse espaço é para que você sinta profundamente os sentimentos que lhe inundam ao ouvir essas obras. Seja “My Heart in the Highlands”, seja o “Stabat Mater” ou “The Deer’s Cry”. Não é a toa que o ideal por trás desse estilo de composição de Pärt seja “o amor por cada nota“, é justamente um estilo que busca fazer o ouvinte “meditar” profundamente sobre aquilo que ele ouve e sente em sua mente. Podemos amar tudo aquilo que compreendemos, mas aquilo que não compreendemos nós tememos, e por não compreendermos e temermos podemos chegar a odiar. Por isso a música do compositor é simples eu suponho, para que você possa compreendê-la e então amá-la.

Arvo Pärt (1935): Creator Spiritus

1. Veni creator (3:19)
2. The Deer’s Cry (4:38)
3. Psalom (5:05)
4. Most Holy Mother of God (4:34)
5. Solfeggio (4:46)
6. My heart’s in the highlands (8:40)
7. Peace upon you, Jerusalem (5:23)
8. Ein Wallfahrtslied (9:10)
9. Morning Star (3:17)
10. Stabat Mater (26:03)

Ars Nova Copenhagen
Paul Hillier
Theatre of Voices
Christopher Bowers-Broadbent, orgão
NYYD Quartet

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Estreia de Luke D. Chevalier no PQP
Estreia de Luke D. Chevalier no PQP

Luke D. Chevalier

Anna Clyne (1980): Blue Moth

Anna Clyne (1980): Blue Moth

– Repost de 13 de Novembro de 2015 –

Hoje, amados leitores, trago uma abordagem erudita da música eletroacústica. O legal é que ao contrário da abordagem popular, você não vai simplesmente ouvir aqueles puts puts que minha mãe, respeitosamente falando, gosta tanto de desdenhar, e que é tão clichê na música eletroacústica popular de hoje. Em alguns casos, ouviremos as boas e velhas cordas, sopros e a percussão junto das mágicas modernas que a tecnologia nos proporciona. Embora mais “modernices” do que os sons de costume, mas não tenham medo.

Pelo menos esse é o caso da abordagem de Anna Clyne, compositora britânica muito jovem (apenas 35 anos), mas que graças ao fato de ser uma compositora residente da Baltimore Symphony Orchestra, e pelo fato de a diretora musical dessa orquestra (Marin Alsop) ser também a diretora musical e regente titular da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), tive a oportunidade de ver um ótimo concerto para violino (chamado The Seamstress, A Costureira) com elementos de eletroacústica (ma non troppo), e procurei saber mais da compositora.

Esse álbum foi uma das coisas que encontrei nessa empreitada, e fiquei bastante surpreso. Primeiro pelo fato de uma compositora do meio erudito com tal abordagem estar tendo o mínimo de atenção no cenário atual. Outros compositores jovens de nosso tempo só fazem sucesso recorrendo ao velho sistema tonal e as coisinhas bonitinhas de sempre. Isso quando não estão obcecados com a tentativa de inovar a custo de qualquer coisa. Segundo pelo fato de ela conseguir harmonizar tão bem algumas técnicas (como aquela que John Cage adorava fazer de criar “música” a partir da sintonia aleatória de vários rádios diferentes) com uma harmonia e melodias notáveis. Em uma das músicas ela faz isso, mas com apenas uma rádio trocando a sintonização algumas vezes, e fica incrivelmente bom, não sei se foi algo aleatório mesmo ou se foi algo planejado, mas achei adequado. Não tem nada de extremamente “modernoso” (ou pós-moderno) aqui, então é perfeitamente possível apreciar sem dificuldades.

A música eletroacústica não é o centro da música de Clyne, mas é uma ferramenta que ela parece usar periodicamente. Este álbum é, de certa forma, uma exceção, já que a música eletroacústica é o elemento mais utilizado. A primeira faixa, Fits + starts, apesar do estranhamento inicial que pode ocorrer, gruda na cabeça. O destaque do álbum, em minha humilde opinião, está em Roulette: cordas, atonalidade e vísceras com uma melodia perfeita que sabe a hora de descer, subir e dançar com os outros elementos da música.

Pessoalmente gostaria de ouvir mais abordagens na música erudita que trouxessem elementos da eletroacústica pra valer (como esse álbum), ou nem que fossem abordagens tímidas como a do concerto para violino de Anna Clyne que eu citei acima. No mundo contemporâneo temos acesso a uma gama incrível de dados, informações e claro, a uma variedade, inimaginável em outros tempos, a outros tipos de música, então porque nos restringirmos? É gostoso ouvir o bom e velho Mozart, mas um Messiaen de vez em quando não mata ninguém. Talvez não seja fácil abandonar os velhos gostos, mas relaxem, não abandonem nada, só tentem dar uma chance para novas experiências…

Anna Clyne (1980): Blue Moth

01 Fits + Starts

Anna Clyne & Benjamin Capps

02 Rapture

Anna Clyne & Eileen Mack

03 1987

Anna Clyne, Paul Taub, Laura Deluca, Mikhail Shmidt & David Sabee

04 Choke

Anna Clyne & Argeo Ascani

05 Roulette

Anna Clyne, Cornelius Dufallo, Mary Rowell, Ralph Farris, Dorothy Lawson, Caleb Burhans & Martha Cluver

06 Steelworks

Anna Clyne, Jennifer Gunn, John Bruce Yeh & Cynthia Yeh

07 Beauty

Anna Clyne & Colleen Clyne

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Miga, adorei o look.
Miga, adorei o look.

Luke

.: Interlúdio :. Daft Punk & Outros – Tron Legacy Reconfigured

.: Interlúdio :. Daft Punk & Outros – Tron Legacy Reconfigured

– Repost de 10 de Novembro de 2015 –

Vamos lá, a bastante conhecida “música eletrônica” de hoje teve origem lá nos idos dos anos 60, com Karlheinz Stockhausen e seus “amigos” que na época tinham como principal obsessão a vanguarda, ou seja, a inovação e encabeçamento de uma revolução na música. Na época, a coisa não vigorou muito na música erudita, mas na música popular ela encontrou um espaço mais receptivo e além de nos dar a guitarra e o baixo elétricos, ainda nos trouxe outros brinquedinhos que reunidos criariam obras que, em minha opinião, são marcos na historia da música, como Whole Lotta Love do Led Zeppelin.

Além dos instrumentos elétricos acústicos houve também uma apropriação das técnicas de produção de música puramente eletrônica, ou seja, música feita inteiramente no computador. Pelo fato de os computadores não serem tão acessíveis nos anos 70 e 80, que foi a época dessa apropriação por parte da música popular da eletroacústica, ela só seria devidamente explorada a partir dos anos 90, e só floresceria na primeira década do século XXI.

Hoje, 10 de novembro de 2015, a bastante conhecida “música eletrônica”, possui diversos gêneros e ramificações na música popular: House, Techno, Acid, Disco, Dub, Trance, etc. Gêneros e ramificações que se fragmentam e se entrelaçam mas que não passam de herdeiros da música eletroacústica dos anos 60. Não digo isso tentando diminuir nenhum gênero, apenas estou traçando uma árvore para facilitar a compreensão.

Esse álbum que posto hoje é um remix (estilo de improvisação e edição por parte de um DJ sobre uma ou mais músicas) daquele álbum que postei com a trilha sonora de Tron: Legacy. Foram diversos artistas que remixaram as músicas, e o gênero, acredito eu já denunciado pela cor da tipografia da capa, se aproxima mais do Acid. Não sei se os senhores apreciarão (eu aprecio bastante), mas já serve para abrir a discussão sobre a música eletroacústica, discussão essa que pretendo continuar com uma abordagem erudita, sendo essa que posto hoje uma abordagem popular.

Aproveitem. (ou não)

Daft Punk & vários artistas: Tron Legacy Reconfigured

01 Derezzed (The Glitch Mob remix) (4:22)
02 Fall (M83 vs. Big Black Delta remix) (3:55)
03 The Grid (The Crystal Method remix) (4:28)
04 Adagio for TRON (Teddybears remix) (5:34)
05 The Son of Flynn (Ki:Theory remix) (4:51)
06 C.L.U. (Paul Oakenfold remix) (4:35)
07 The Son of Flynn (Moby remix) (6:32)
08 End of Line (Boys Noize remix) (5:40)
09 Rinzler (Kaskade remix) (6:52)
10 Encom, Part II (Com Truise remix) (4:52)
11 End of Line (Photek remix) (5:19)
12 Arena (The Japanese Popstars remix) (6:08)
13 Derezzed (Avicii remix) (5:04)
14 Solar Sailer (Pretty Lights remix) (4:33)
15 TRON Legacy (End Titles)(Sander Kleinenberg Remix) (3:18)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Devemos agradecer à ele (e ao contexto social de sua época) pelos "puts puts" de hoje que minha mãe não gosta.
Devemos agradecer à ele (e ao contexto social de sua época) pelos “puts puts” de hoje que minha mãe tanto reclama.

Luke

Takashi Yoshimatsu (1953): Piano Concerto Op. 67 “Memo Flora” etc.

Takashi Yoshimatsu (1953): Piano Concerto Op. 67 “Memo Flora” etc.

– Repost de 28 de Outubro de 2015 –

Acredito ter encontrado uma nova distribuidora campeã de capas horríveis, a Chandos, pelo menos posso dizer isso sobre os cds que eles publicaram desse compositor japonês muito pouco conhecido: Takashi Yoshimatsu.

Conheci esse compositor aqui no blog mesmo, com um concerto de saxofone que achei ótimo. Fui atrás e consegui outras obras do cara, e uma das que mais me marcou está justamente nesse CD, é esse concerto para piano e orquestra com o título de Memo Flora. Não se encontra muito sobre esse compositor por ai; a maioria das coisas que se pode saber dele está nos livretos que vêm com os CD’s, mas já percebi algumas coisas: ele é neorromântico, ele adora pássaros, possui claras influências de um ethos japonês em sua música e ainda faz referências ao jazz e ao rock em algumas obras.

A coisa dos pássaros me lembrou é claro Olivier Messiaen, que também tinha obsessão por esses descendentes dos dinossauros. Claro que a semelhança fica só no símbolo mesmo, como eu disse, a música de Yoshimatsu possui uma característica neorromântica que a torna deliciosamente apreciável para aqueles que adoram belas melodias e aquela evocação de sentimentos que é característica tão presente no romantismo, bem diferente da música de Messiaen que é profundamente religiosa e atonal. A música de Yoshimatsu também beira o atonalismo vez ou outra (até porque o compositor, em seus primeiros anos, era um serialista), mas com uma abordagem totalmente diferente, eu diria que é virtuosística.

Mas o que definitivamente me cativou em sua música, e que me fez ir atrás dela, foi sua essência japonesa, principalmente nesse CD. Amo a cultura japonesa, sua arte consegue ir do profundo, melancólico e leve para o agitado, festeiro e brutal. Prefiro o os primeiros aspectos, embora saiba apreciar ambos os tipos nos devidos momentos. Yoshimatsu traz esses primeiros aspectos em algumas de suas obras e somando isso ao seu romantismo acaba criando obras cativantes. Em White Landscapes, por exemplo, consigo me imaginar vislumbrando uma montanha enorme coberta de neve, talvez como o Monte Fuji, enquanto estou sentado num Engawa (espécie de varanda) numa casa tipicamente japonesa; ao meu lado fumega um chá quente, que resiste contra o frio. No terceiro movimento da obra, começa a nevar. Pelo menos é assim que imagino, apesar da indicação do terceiro movimento: “Disappearance of Snow” (desaparecimento da neve).

Ouçam e deixem a imaginação os levar, quanto mais de si vocês derem à música, mais ela lhes dará em retorno. A música de Takashi Yoshimatsu não é difícil de se acompanhar, mas é o tipo de música que é muito mais agradável quanto se está imerso nela.

Takashi Yoshimatsu (1953): Piano Concerto, “Memo Flora” / And Birds Are Still … / While An Angel Falls Into A Doze

01 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: I. Flower: Andante tranquillo – Allegro
02 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: II. Petals: Andante
03 Piano Concerto, Op. 67, “Memo Flora”: III. Bloom: Allegro*

04 And Birds Are Still , Op. 72

05 While an Angel Falls into a Doze , Op. 73*

06 Dream Colored Mobile II, Op. 58a**

07 White Landscapes, Op. 47a: No. 1. Divination by Snow: Adagio
08 White Landscapes, Op. 47a: No. 2. Stillness in Snow: Moderato
09 White Landscapes, Op. 47a: No. 3. Disappearance of Snow: Largo***

*Kyoko Tabe, piano

**Joe Houghton, oboé
Kate Wilson, harpa

***John Barrow, flauta
Kate Wilson, harpa
Jonathan Price, violoncelo

Manchester Camerata
Richard Howarth, spalla
Sachio Fujioka, regente

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Takashi Yoshimatsu por volta dos 30 anos.
Takashi Yoshimatsu por volta dos 40 anos (eu acho).

Luke D. Chevalier

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphonies No. 0 “Nagasaki” & 9 — The Ten Symphonies

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphonies No. 0 “Nagasaki” & 9 — The Ten Symphonies

coverO fim, meus caros, nada mais é do que um retorno ao início.

Não sejam tão afoitos, com isso não quis sugerir que a nona sinfonia de Schnittke é semelhante ou igual à de número zero, na verdade elas são completamente diferentes.

A sinfonia “Nagasaki”, numerada vulgarmente como No. 0, nos surpreende por nada ter do Schnittke com quem estamos habitualmente acostumados. Parece ser uma espécie de neoclássico que bebe um pouco de Shostakovich. Não é possível dizer ao certo as intenções do jovem Schnittke ao compor essa obra. Tendo ela sido completada nos anos 50, a referência histórica de seu nome é clara. Apesar disso, as forças históricas e sociais que iriam dilacerar os paradigmas acadêmicos de composição do jovem compositor e leva-lo a compor obras como a sua Primeira Sinfonia ainda estavam longe.

Sua Nona Sinfonia aparentemente começou a ser escrita dois anos antes da morte de Schnittke, e não se sabe ao certo se foi completada ou não, já que Schnittke não a publicou. Dela sobraram esboços que foram reunidos e “decifrados” a pedido de Irina Schnittke, mulher do compositor. Quem teve a árdua tarefa de decifrar os manuscritos dos garranchos de Schnittke foi o jovem compositor Alexander Raskatov, que também de embalo fez uma obra em homenagem ao compositor.

A Nona Sinfonia é divida em três movimentos, sendo um lento, um moderado e um rápido. Ela têm um sentimento muito tênue e belo, que nos passa uma sensação de algo etéreo. Como diz William C. White:

Dennis Russell Davies comments that this is “a testament by someone who knows he’s dying,” I have a different view: I think this is music of someone who is already dead — as Schnittke had been, having been pronounced clinically dead on several occasions during his strokes.  Much of the music sounds like the exploratory wanderings of a ghost during his first encounter with a new, otherworldly universe.”

Ou seja, Schnittke se perde, acaba por atingir um estado como o de uma assombração ambulante numa velha mansão.

É assim que termina a saga sinfônica desse grande compositor, mas não sejamos tristes. Schnittke deu exemplo fantástico de sua criatividade em outras obras, principalmente naquelas de cunho “sacro”, pois parecia tentar ali se encontrar como qualquer indivíduo socialmente anômico precisa se ancorar em algum “paradigma cultural”. Mais pra frente eu trarei esses belos exemplos de sua maestria.

Schnittke: The Ten Symphonies

CD 6

Alfred Schnittke (1934-1998):

Symphony No. 0 “Nagasaki”
01 I. Allegro ma non tropo
02 II. Allegro vivace
03 III. Andante
04 IV. Allegro

Cape Philharmonic Orchestra
Owain Arwel Hughes, conductor

Symphony No. 9 (Copyist, Researcher) [Reconstruction of the Original Manuscript] – Alexander Raskatov
05 I. [Andante]
06 II. Moderato
07 III. Presto

Cape Philharmonic Orchestra
Owain Arwel Hughes, conductor

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Os Sofrimentos do jovem Schnittke. [Gray, Reginald; Alfred Schnittke (1934-1998); Royal College of Music; http://www.artuk.org/artworks/alfred-schnittke-19341998-215843]
Os Sofrimentos do jovem Schnittke.
[Gray, Reginald; Alfred Schnittke (1934-1998); Royal College of Music;]
Luke

.:Interlúdio:. DAFT PUNK: Tron Legacy Soundtrack

.:Interlúdio:. DAFT PUNK: Tron Legacy Soundtrack

– Repost de 2 de Novembro de 2015 –

Nos últimos dias, além de estar tentando recuperar os atrasos na academia estive aproveitando a 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que estava saturada de coisas boas. E é justamente sobre o cinema que é feita a postagem de hoje.

Não sei quanto a vocês, mas pra mim uma boa trilha sonora pode fazer que o filme valha muito mais a pena do que se fosse uma mera história contada sem nenhuma música. Quando eu estava nos meus 15 anos, pra mim a principal função da música era servir de trilha sonora para minha vida. Hoje eu já não penso assim, mas penso que no mundo do cinema a música deve exercer uma função semelhante, mas não tão subalterna, a música deve de preferência fazer o espectador sentir o mundo que ele observa no filme, e nos fazer sentir a alegria, a tristeza ou a saudade daquilo que vemos na tela.

Apesar de haver tido uma diminuição do interesse público pelas salas de ópera e de concerto no último século, existe um grande interesse público pelo cinema, e é ai que muitos compositores conseguem ganhar a vida, substituindo assim a antiga função que tinham nos séculos passados de musicar as histórias contadas nos teatros. Ou melhor, transformando, já que a função é análoga. E mais ou menos o contrário também acontece. Muitas orquestras profissionais das últimas décadas se estagnaram em um repertório dos períodos barroco, clássico e romântico e mal absorveram as transformações da música no século XX, que não só eram esteticamente menos populares como também possuíam arranjos para sua execução muitas vezes pouco convencionais. Agora no século XXI esse conservadorismo continua, embora com menos força, tanto é que não só os compositores de música erudita estão trabalhando muito com trilhas sonoras, como também algumas orquestras profissionais renomadas estão começando a abrir mais espaço para a apresentação em suas salas de concerto para obras que originalmente foram compostas para o cinema.

Esse álbum que posto aqui foi composto por Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo, os caras por trás dos capacetes da dupla Daft Punk, para o filme Tron: O Legado, na sua tradução no Brasil. Este filme é uma sequência para o filme de 1982 com o mesmo título. Thomas Bangalter já havia composto para um filme, Guy-Manuel não, mas essa é a primeira vez que a dupla compõe como Daft Punk para um filme. O filme por si só acredito não ser o tipo de filme que os leitores deste blog mais apreciem, mas a trilha sonora consegue criar um ambiente para o filme que, a meu ver, o torna espetacular. E independentemente de ver o filme, ou não, acredito que para aqueles que curtem o mínimo de música eletroacústica (ou não têm medo de experimentá-la), vale a pena ouvir um pouco dessa “mescla de temas de música orquestral clássica com eletrônica minimalista”, como diz Joseph Kosinski sobre a ideia por trás da produção dessa trilha sonora.

O interessante é que eles não compuseram a música como estamos acostumados de nossos compositores favoritos da música erudita, ou seja, com um piano e um score, mas com um sintetizador e um PC. Eu conheço só mais um compositor que faz isso e obtém um resultado tão bom (ou até melhor) quanto o dessa dupla, mas essa história meus caros, é uma outra história e deve ser contada em um outro momento.

Daft Punk: Tron Legacy Soundtrack

1. Overture
2. The Grid
3. The Son of Flynn
4. Recognizer
5. Armory
6. Arena
7. Rinzler
8. The Game Has Changed
9. Outlands
10. Adagio for TRON
11. Nocturne
12. End of Line
13. Derezzed
14. Fall
15. Solar Sailer
16. Rectifier
17. Disc Wars
18. C.L.U.
19. Arrival
20. Flynn Lives
21. TRON Legacy (End Titles)
22. Finale

Bônus:

Encom Part I
Encom Part II
Round One
Castor
Reflections
Father and Son
Outlands Part II
Sea of Simulation
Sunrise Prelude

Joseph Trapanese, arranjos e orquestração
London Orchestra
Gavin Greenaway, regente

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Na wikipedia diz que Guy-Manuel (a direita da primeira foto) possui descendência portuguesa, e que seu verdadeiro nome seria Guillaume Emmanuel Paul de Homem-Christo, ou seja, mais difícil e estranho do que já é a adaptação.
Na wikipedia diz que Guy-Manuel (a direita da primeira foto) possui descendência portuguesa, e que seu verdadeiro nome seria Guillaume Emmanuel Paul de Homem-Christo, ou seja, mais difícil e estranho do que já é a adaptação.

Luke

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphonies Nos. 6 & 8 — The Ten Symphonies

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphonies Nos. 6 & 8 — The Ten Symphonies

coverNão há nada de muito especial nestas sinfonias. O poliestilismo de Schnittke começa a morrer. Sim, isso mesmo.

Não lembro se foi Tom Service ou Alex Ross quem disse que o estilo de Schnittke, preso num beco sem saída, acaba por se perder em algo opaco e sem vida nos seus últimos suspiros. O que encontra como última salvação é uma mistura de minimalismo com música sacra (seria um protótipo de “santo minimalismo” como ao que chega Arvo Pärt?).

A sexta sinfonia aqui parece bastante monótona. São usados recursos muito comuns da música de Schnittke e que já não impressionam. A oitava é semelhante; passa boa parte num marasmo que nos serve muito bem para a meditação, e vez ou outra parece beirar a tonalidade tipicamente romântica, mas nunca adentrando ela de fato. É bastante minimalista, mas sem o elemento sacro.

É bom ouvir esse disco com muita atenção, o grave é explorado bastante e muitos trechos são quase inaudíveis, o que numa audição distraída pode ficar despercebido.

Schnittke: The Ten Symphonies

CD 5

Alfred Schnittke (1934-1998):

Symphony No. 6
01 I. Allegro moderato
02 II. Presto
03 III. Adagio
04 IV. Allegro Vivace

BBC National Orchestra of Wales
Tadaaki Otaka, conductor

Symphony No. 8
05 I. Moderato
06 II. Allegro moderato
07 III. Lento
08 IV. Allegro moderato
09 V. Lento

Norrköping Symphony Orchestra
Lü Jia, conductor

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Pegou pesado, Luke.
Pegou pesado, Luke.

Luke

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphony Nos. 4 & 5 (Concerto Grosso No. 4) — The Ten Symphonies

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphony Nos. 4 & 5 (Concerto Grosso No. 4) — The Ten Symphonies

coverUma dica: Não levem as inserções de Schnittke no romantismo durante suas sinfonias de forma irônica, nem suas citações, explosões e aleatoriedades. Tudo é isso é feito de forma séria e convicta, e torna tudo mais gostoso.

Vocês ouvirão hoje o quarto álbum dessa série, que possui a quarta e a quinta sinfonias. A quinta sinfonia é ao mesmo tempo o Concerto Grosso de número 4.

Segundo a wikipedia, a definição de concerto grosso é:

Concerto grosso (italiano para ‘concerto grande’; plural : “concerti grossi“) é uma forma musical em que um grupo de solistas (“concertino”) — geralmente dois violinos e um violoncelo — dialoga com o resto da orquestra (“ripieno”), por vezes fundindo-se com este resultando no “tutti”.

Agora para entender o que Schnittke entende por um concerto grosso, imaginem que os solistas (que aqui são variados, não só violinos ou violoncelos) são na verdade “estilos solistas”. Vou tentar esclarecer: imagine que todo o concerto seja executado no poliestilismo caótico de Schnittke, e que na entrada dos solos, eles não continuam esse caos mas apresentam ou solam um único estilo, por exemplo, um solo romântico que faz citação. Um exemplo claro vocês ouvirão no final do segundo movimento da obra.

Se quiserem ouvir outro concerto grosso de Schnittke, recomendo também o terceiro.

Schnittke: The Ten Symphonies

CD 4

Alfred Schnittke (1934-1998):

Symphony No. 4
01 I. Andante Poco Pesante
02 II. Cadenza
03 III. Moderato
04 IV. Molto Pesante. Moderato.
05 V. Vivo
06 VI. Moderato. Andante Poco Pesante.
07 VII. Coro

Academy Chamber Choir Of Uppsala
Stefan Parkman, chorus master
Mikael Bellini, countertenor
Stefan Parkman, tenor
Stockholm Sinfonietta
Okko Kamu, conductor
Lucia Negro, piano

Symphony No. 5 / Concerto Grosso No. 4
08. I. Allegro
09. II. Allegretto
10. III. Lento. Allegro
11 IV. Lento

Gothenburg Symphony Orchestra
Neeme Järvi, conductor

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Schnittke: "É assim que se faz galerinha." Alunos pensando: Mas que m**** é essa?
Schnittke: “É assim que se faz galerinha.” Alunos pensando: “Mas que m**** é essa?”

Luke

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphony Nos. 3 & 7 — The Ten Symphonies

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphony Nos. 3 & 7 — The Ten Symphonies

coverOuvimos um poderoso grave constante que é como o nada, ao mesmo tempo em que é tudo. Aos poucos ouvimos crescer uma massa disforme de sons que parece nascer desse grave absoluto; dessa massa podemos identificar estilos, timbres, cores e sabores diferentes. Num crescendo envolvente protagonizado por um metal, é como se desprendesse a primeira das “forças elementais” dessa obra. Outras duas “forças” se desprendem, e assim começa a sinfonia.

A terceira sinfonia é quase uma gênese, ou um “Big Bang”. É certamente o exemplo mais completo do poliestilismo de Schnittke que ouvi até agora. Não há absolutamente nenhuma citação direta à obra outros compositores, mesmo assim podemos perceber a mescla de estilos, desde o barroco (ou mesmo antes, pois notei alguma coisa de medieval em algum momento que não me lembro) até o serialismo. A obra é inteiramente instrumental.

Já a sétima sinfonia sinfonia começa com o lirismo de um belo solo de viola que ao fim dá espaço para o tão característico aspecto sombrio da música de Schnittke. No terceiro e último movimento dessa sinfonia, um tema que tem algo de clássico e de barroco vai surgindo e ao mesmo tempo desmorona o otimismo do tema em um leve mas certeiro pessimismo, o que é exatamente o que devemos sempre esperar de Schnittke.

Schnittke: The Ten Symphonies

CD 3

Alfred Schnittke (1934-1998):

Symphony No. 3
01 I. Einleitung
02 II. Sonatensatz. Allegro
03 III. Scherzo. Allegretto
04 IV. Finale. Adagio

Royal Stockholm Philharmonic Orchestra
Eri Klas, conductor

Symphony No. 7
05 I. Andante
06 II. Largo
07 III. Allegro

BBC National Orchestra of Wales
Tadaaki Otaka, conductor

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Rolezinho de leve.
Rolezinho de leve.

Luke

Dmitry Shostakovich (1906-1975) — Alfred Schnittke (1934-1998): Piano Trios — Kempf Trio

Dmitry Shostakovich (1906-1975) — Alfred Schnittke (1934-1998): Piano Trios — Kempf Trio

frontNeste álbum fica bem fácil identificar a influência de Shotakovich sobre a obra de Schnittke. Primeiro, estamos falando de dois russos. Segundo, de dois russos do século XX. Terceiro, de dois russos do século XX que aderem à uma “escola” mais progressista na música. Schnittke, claro, mais que Shostakovich, mas ambos igualmente modernos aos nossos ouvidos, deliciosamente modernos.

Recomendo também ouvir a orquestração desse trio de Schnittke… ou, se você só ouviu a orquestração, ouça agora em um arranjo para trio de piano, violino e cello.

Li opiniões contraditórias sobre as interpretações do Kempf Trio. Pessoalmente adorei a interpretação do Piano Trio No. 2 de Shosta, talvez até mais que uma que o PQP postou não faz tanto tempo.

Dmitry Shostakovich (1906-1975):

Piano Trio No. 2 in E minor Op.67
01 I. Andante – Moderato – Poco più mosso
02 II. Allegro non tropo
03 III. Largo
04 IV. Allegretto

05 Piano Trio No.1 in C minor Op. 8

Alfred Schnittke (1934-1998):

Piano trio (1992)´[Arrangement from his String Trio]
06 I. Moderato
07 II. Adagio

Kempf Trio:
Freddy Kempf, piano
Pierre Bensaid, violin
Alexander Chaushian, cello

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shosta-quintet

Luke

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphony No. 2 “St. Florian” — The Ten Symphonies

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphony No. 2 “St. Florian” — The Ten Symphonies

coverO mundo hoje é um turbilhão sem fim de pluralidades, especialmente na música. A quantidade de estilos, gêneros, subgêneros, escolas e tendências é desafio para qualquer artista, seja na música popular ou erudita.

Pensando de um ponto de vista que olha a história em suas transformações, nada mais previsível do que num tempo onde não existe nada como paradigma de um campo artístico, que surja alguém que tente abraçar todas essas correntes ao mesmo tempo. Pois bem, esse alguém surgiu e, mesmo não sendo o único, com certeza foi o mais bem sucedido, criando um estilo que, assimilando-se ao ideal mahleriano do fazer sinfônico, “quer ser um mundo, quer conter tudo”.

Aqui, diferentemente da primeira sinfonia, não há nada daquela vulgaridade da técnica de colagem, ou seja, mesclas diretas de temas de obras de outros compositores. Podemos sentir um ar romântico e clássico ali, outro barroco ali, mas nada que fosse já conhecido. Ou seja, o próprio compositor cria aspectos nestes diferentes estilos e insere em sua obra. É o nascimento de algo belo, vindo de algo tão tragicômico como foi a primeira sinfonia.

Mas o foco aqui não poliestilismo, que encontrará melhores exemplos em obras futuras. O foco acredito estar na fascinação que Schnittke tem pela música sacra, e esta sinfonia é um dos melhores exemplos desta fascinação. Escrita em 1979, foi feita em homenagem de Anton Bruckner, que foi enterrado abaixo do órgão do Monastério de St. Florian próximo a Lins. Segundo a Wikipedia, numa visita ao monastério, Schnittke teria ouvido uma “missa invisível” e teria se fascinado por isso, surgindo daí a ideia de sua segunda sinfonia, cujo título alternativo é “Missa Invisível”.

O conteúdo sacro da “missa” que é executada na sinfonia é constantemente subvertida pelo tom tenso e pessimista da orquestra. O resultado disso é uma tensão que ora desemboca em explosões de dissonâncias, ora em uma calmaria “cristã”. Isso é engraçado pois é o oposto da primeira sinfonia, que desembocava no caos e vulgaridade em momentos de tensão. O caos ainda está presente, mas de forma muito mais sutil, talvez pelo próprio conteúdo cristão da obra.

Schnittke: The Ten Symphonies

CD 2

Alfred Schnittke (1934-1998):

Symphony No. 2 “St. Florian”
01 I. Rezitando (Kyrie)
02 II. Maestoso (Gloria)
03 III. Moderato (Credo)
04 IV. Peasante (Crucifixus)
05 [IV.] Coda: Agitato (Et resurrexit) – Maestoso
06 Introduction to V. Andante (Sanctus)
07 V. Andante
08 VI. Andante (Agnus Dei)

Royal Stockholm Philharmonic Orchestra
Leif Segerstam, conductor
Mikaeli Chamber Choir
Anders Eby, chorus conductor
Malena Ernman, alto (3)
Torkel Borelius, bass (3,5)
Mikael Bellini, countertenor (3,5)
Göran Eliasson, tenor (3,5)

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É importante ir bem vestido para a missa.
É importante ir bem vestido para a missa.

Luke

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphony No. 1 — The Ten Symphonies

Alfred Schnittke (1934-1998): Symphony No. 1 — The Ten Symphonies

coverMO-NU-MEN-TAL! . É o mínimo que se pode dizer sobre esta sinfonia. Schnittke quando a compôs estava em progressão geométrica em direção ao seu auge. Ainda não havia atingido a perfeição de seu poliestilismo, mas já tinha mais do que o necessário para chocar.

Barroco, romântico, clássico. E até algumas tendências modernas contemporâneas como aleatoriedade na música e minimalismo. Todas esses estilos são encontrados nessa sinfonia, só para citar alguns. Alex Ross, em um texto maravilhoso sobre Schnittke, chama o compositor de “conhecedor do caos”. É a melhor alcunha possível para um louco que cria uma sinfonia de tamanha magnitude.

Primeiro pela sua duração “mahleriana”, como diz Tom Service. Segundo pelo teatro embutido em sua execução: na partitura é indicado um momento para que os músicos deixem e voltem ao palco, talvez fazendo uma crítica ao ritual tradicional das salas de orquestra? Terceiro pela fusão imensa de referências diretas e indiretas, além da mescla de diferentes estilos como jazz, dodecafonismo e música aleatória.

Mais do que ouvir essa música, ela é preciso ser pensada. Existem dezenas de outras obras de Schnittke cujo material musical é muito mais agradável. Se você espera escutar isso como se escuta uma sonata de Beethoven, caia fora. Aqui devemos pensar! O que ele quer dizer com esses metais pesadíssimos? E essas palmas no meio da sinfonia? E esse tema? Etc. Puxem o filósofo de dentro de vocês.

Uma coisa que me vem à mente ao ouvir essa sinfonia é pensar como que a partir de tantas referências (Beethoven, Haydn, Tchaikovsky, Strauss, Chopin, Bach, etc.) Schnittke mistura toda a tradição clássica da música até então e, ao fazer isso, anuncia o pós-modernismo. É como se o compositor se visse sem saída, e então, para criar uma, junta todas as saídas que haviam tomado até então. Mas pensar a história da música daquele momento como sem uma nova saída, é nada mais que consequência da ideologia pós-moderna de fim da história, ou seja, como se a história do homem não tivesse mais para onde ir além de repetir mais do mesmo.

Schnittke não foi o único que padeceu desse mal. Se olharmos para as primeiras composições de Arvo Pärt, perceberemos a mesma incerteza. Mas independentemente do niilismo do homem moderno acerca de se a história acabou ou não, as sociedades continuam e continuarão a mudar enquanto existir a espécie humana. Não é a toa que Schnittke se reencontra no final da vida numa certa “espiritualidade” musical, embora conservando elementos de seu poliestilismo. Arvo Pärt faz a mesma coisa. Todo homem nas artes, na política ou na ciência que se encontrar na mesma encruzilhada, não poderá resistir ao movimento contínuo da história. Mostrarei isso à vocês em todo o movimento… digamos, dialético (em transformação) das sinfonias de Schnittke.

Schnittke: The Ten Symphonies

CD 1

Alfred Schnittke (1934-1998):

Symphony No. 1
01 1. Senza Tempo. Moderato
02 2. Allegretto
03 3. Lento
04 4. Lento. Allegro
05 5. Applause

Royal Stockholm Philharmonic Orchestra
Leif Segerstam, conductor
Åke Lännerholm, trombone
Carl-Axel Dominique, piano (jazz improvisation)
Ben Kallenberg, violin (jazz improvisation)

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Schnittke, perdido em pensamentos.
Schnittke, perdido em pensamentos.

Luke

Madrigal ARS VIVA (1971): 1ªs gravações de Gilberto Mendes (1922-2016) e Willy Corrêa de Oliveira (1936) + Idade Média e Renascença

Gilberto Mendes 13/10/1922 a 01/01/2016Publicado originalmente em 11.07.2010. Revalidado in memoriam Gilberto Mendes.

Santos se diferencia das outras cidades importantes do estado de São Paulo por ser mais antiga e durante uns três séculos mais importante que a capital. A distância entre as duas é de apenas 75 Km, mas talvez o desnível abrupto de 700 metros tenha ajudado a preservar na cidade-porto uma identidade cultural própria, até um sotaque e caráter de povo diferente. Em alguns momentos isso se refletiu não só no futebol mas também numa vida musical digna de nota –

capa-peq… sobretudo nas décadas de 1960 e 70, com os compositores Gilberto Mendes (Santos, 1922), Willy Corrêa de Oliveira (Recife, 1936), e em parte também Almeida Prado (Santos, 1943) fazendo da cidade uma referência mundial com os Festivais de Música Nova.

Esses festivais ainda acontecem, mas infelizmente, é preciso dizer, não com a mesma vitalidade e impacto de antes. Como outras cidades do mesmo porte, Santos parece ter a sina de ser berço de gente que vai brilhar em outros lugares. De todo aquele movimento, só Gilberto Mendes permanece lá [escrito em 2010], ao que parece ainda insuperado em irreverência e espírito jovem – aos 88 anos!

Outro dos protagonistas que deve ter feito muita falta ao movimento foi o regente Klaus-Dieter Wolff – este por sua morte prematura. Klaus nasceu em 1926 em Frankfurt mas viveu no Brasil desde os 10 anos. Em 1951 fundou o Conjunto Coral de Câmara de São Paulo; em 1961 o Madrigal Ars Viva de Santos. Em 1968 colaborou com Roberto Schnorrenberg – três anos mais jovem e que em 1964 fundara o Collegium Musicum de São Paulo – na primeira realização brasileira das Vésperas de Monteverdi. Em 1971 gravou este disco, pioneiro em muitos sentidos – mas já em 1974 veio a falecer, com meros 48 anos. (Clique AQUI para mais informações sobre a formação e atuação dos dois).

Tanto Klaus quanto Roberto trabalhavam com o ideal declarado de ampliar o repertório conhecido no Brasil, e ao que parece foi esse ideal que presidiu a escolha das peças deste disco, que contém alguns verdadeiros standards do repertório medieval (como Alle psallite cum luya) e renascentista (como Mille regretz de vous abandonner – “mil mágoas por vos deixar” -, canção que inspirou muitíssimos instrumentistas e outros compositores ao longo dos séculos seguintes), ou então exemplos de compositores de primeira grandeza desses 4 séculos (Machault, Josquin des Près, Lassus, Jannequin).

Nem sempre acho felizes as opções do regente Wolff: ainda é compreensível que Alle psallite apareça tão lenta, pois se trata de um canto de cortejo, de procissão, mas um Rodrigo Martínez assim tão duro e quadrado? (Em breve posto o de Roberto de Regina, e vocês terão oportunidade de ver quase que o exagero oposto).

Mas nas peças mais introvertidas Klaus me parece conseguir uma combinação belíssima de concentração, intensidade e delicadeza (Ave Maria, Todos duermen corazón, Pámpano verde, Mille regretz, etc). É pena que os meus meios técnicos atuais não dêem conta de eliminar 100% do ruído que aparece nas frases finais de Mille regretz, um dos momentos mais delicados do disco.

As três peças ‘de vanguarda’ são de 1962, 66 e 69, todas inspiradas em poemas concretos (de Décio Pignatari e de José Lino Grünewald). Beba Coca-Cola é hoje uma peça consagrada, com muitas gravações no Brasil e no exterior – mas esta foi a primeira.

Na contracapa e no encarte há ricos textos informativos de Gilberto Mendes, e também os textos de todas as peças (muitas vezes naquelas esdrúxulas misturas lingüísticas características do renascimento) – e então acho que já posso entregar a bola a vocês!

Madrigal Ars Viva (Santos, SP)
Regência: Klaus-Dieter Wolff
(1926-1974)
Gravação: 1971 (independente)

A01  Alle psalite cum luya – anônimo séc.13
A02 Nel mezzo a sei paone – madrigal de Johannes/Giovanni de Florentia, séc.14
A03 Lasse! Comment oublieray / Se j’aim mon loyal ami / Pour quoy me bat mes maris
– motete (3 textos simultâneos) de Guillaume de Machault, séc.14
A04  Alma Redemptoris Mater – Johannes Ockeghem, séc.15
A05  Ave Maria – ‘carol’ anônimo, séc.15
A06 Nowell sing we – ‘carol’ anônimo, séc.15
A07  Todos duermen, corazón – Baena, séc.15-16
A08 Rodrigo Martínez – anônimo, séc.15-16
A09 Pámpano verde – Francisco de Torre, séc.15-16
A10 Mille regretz de vous abandonner – Josquin des Prez/Près, séc.15

B01 Bonjour, mon coeur – Roland de Lassus (1532-1594)
B02 Les cris de Paris – Clement Jannequin, séc.16
B03 Um movimento vivo (1962) – Willy Corrêa de Oliveira (*1936)
B04 Beba Coca-Cola (1966) – Gilberto Mendes (*1922)
B05 Vai e Vem (1969) – Gilberto Mendes

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Ranulfus

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa – Gidon Kremer, Keith Jarrett, Alfred Schnittke

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa – Gidon Kremer, Keith Jarrett, Alfred Schnittke

coverReconheço que ao fazer uma postagem como esta estou adentrando em terras desconhecidas, e um tanto quanto temerosas. Não conheço a obra de Arvo Pärt, nem tenho alguma familiaridade com sua vida. Estou aqui apenas como o fornecedor do CD, que adquiri há alguns anos atrás, não me perguntem onde nem quando. O que me chamou a atenção foi a reunião de dois de meus ídolos, Gidon Kremer e Keith Jarrett para a interpretação de “Frates”, uma peça um tanto quanto minimalista, eu arriscaria dizer. Mas não quero me mover muito no meio desta areia movediça, por isso deixo maiores detalhes para o novo integrante da família PQPBach, Luke D. Chevalier.


Comentários de Luke D. Chevalier

Nos bastidores desse blog, existe uma discussão que não quer cessar: Pärt se pronuncia Piart ou Pért? Cada um apresenta seus argumentos para fundamentar suas “hipóteses”, digamos assim, mas nada que dê um fim à discussão. Essa discussão se soma às outras grandes questões deste blog que os senhores podem perceber nas postagens e nos comentários que vocês leitores fazem: Vivaldi pegava ou não pegava as menininhas do orfanato? E Brahms, comia ou não comia Clara Schumann? São questões que cada um toma seu lado. Eu, como bom sociólogo que sou, cito Max Weber e fingo exercer uma “neutralidade”.

Mas vamos ao álbum prezados leitores. Provavelmente essas são as melhores interpretações para essas obras que qualquer um poderia querer. Gidon Kremer assume o violino e faz muito bonito como lhe é de costume (a obra Tabula Rasa, pivô deste álbum, foi de certa forma uma recomendação do violinista para Pärt). O interessante do álbum é Alfred Schnittke tocando o piano preparado em Tabula Rasa; um compositor inovador tocando a música de outro compositor inovador de seu tempo. Pena que Schnittke já se foi, Pärt, para nossa alegria, ainda está ai. E falando de idas e vindas, o belíssimo Cantus… é justamente em homenagem à outro compositor que já se foi, Benjamin Britten. Pärt diz que se entristece com o fato de Britten ter morrido logo quando ele tinha percebido a beleza de sua música, e que assim não poderia mais se encontrar com ele. Sentimento parecido sofri eu ao ler este ano o livro “Ostra Feliz Não Faz Pérola” de Rubem Alves. Enquanto lia achava que o autor ainda estava vivo, mas quando descobri que ele havia falecido no ano anterior, 2014, fiquei muito triste, pois havia gostado tanto do livro que estava pensando em ir visitá-lo em Campinas.

Enfim, já deu pra ver que tem muita coisa boa aqui. A única coisa ruim nesse álbum é a capa, mas como vocês perceberão ao longo das minhas próximas postagens com obras de Pärt, a ECM nunca foi criativa com elas, quando não são feias, são sem graça. Mas confesso que eu até gosto da simplicidade de algumas delas (não é o caso da capa deste álbum).

Arvo Pärt (1935): Tabula Rasa

01.Fratres

Gidon Kremer – Violino
Keith Jarrett – Piano

02.Cantus in Memory of Benjamin Britten

Staatsorchester Sttutgart
Dennis Russel Davis – Regente

03.Fratres

Os 12 violoncelistas da Berlin Philharmonic Orchestra

04.Tabula Rasa

Gidon Kremer, Violino
Tatjana Gridenko, Violino
Alfred Schnittke, Piano preparado

Lithuanian Chamber Orchestra
Saulus Sondeckis – Regente

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O defeito do scanner até que caiu bem nessa foto.
O defeito do scanner até que caiu bem nessa foto.

Primož Ramovš – Pieta

Depois de séculos sem postar, volto com alguma coisa da vanguarda eslovena. Tendo em conta meu conhecimento parco, tenho apenas dois nomes para apresentar neste e nos próximos posts: Primož Ramovš (1921-1999) e Lojze Lebič (1934-). Curiosamente, do primeiro, meio que o pai da vanguarda eslovena, o que mais conheço são peças neoclássicas, do início de carreira. Estava caçando música do compositor (não era, e talvez ainda não seja, fácil de achar), e um esloveno que conheci pela internet me fez o enorme favor de copiar dois cds da biblioteca. Os dois tristemente não indicavam um compositor assim, assim interessante, e acabei abandonando a busca. Muitos anos depois, achei por um preço fantástico dois cds de obras mais avançadas no site da rádio e tv eslovena. O comichão para conhecê-lo já tinha meio que passado, mas por preço de banana achei que compensava dar mais uma checada. E, sim, lá estava um músico bem mais impactante. Pelos idos da década de 50, Ramovš começa a desenvolver uma linguagem mais pessoal, tendo sido o Festival de Outono de Varsóvia, no qual esteve presente em 1960, catalisador de um novo estilo não apenas para ele, mas para boa parte da Europa Oriental.

Apesar de o encarte do cd falar sobre a experimentação limítrofe de sua música, não é essa a sensação que tenho ao ouvir suas peças (mas, claro, elas também estão longe de serem quadradas). Em todas me parece que há uma preocupação forte com uma plasticidade abstrata, como quem tenta decantar o som numa forma pura, que se encerra em si mesma. Embora seja uma música frequentemente bela (no sentido mais plástico do termo), sem arestas, como uma complexa forma geométrica polida e repolida, não me parece uma música que busca expressar coisa alguma, às vezes nem mesmo criar uma ambiência, mas apenas ser, exalando encanto de sua pureza intrínseca. A obra como um todo é muito coesa (descontado po período clássico) e guarda uma cara de Ramovš em tudo, ainda que, contraditoriamente, isso se dê através de muita dinâmica e contraste. Assim, toda a experimentação me parece rodar em torno de um mastro que limita muito seu escopo, mas que, de fato, não atrapalha em nada nossa fruição.

Músicas funebres (1955) apresenta ainda um compositor em transição, trafegando às vezes por uma sonoridade mais acadêmica, às vezes um som mais arrojado. O encarte diz ser uma das obras mais importantes de Ramovš, mas não é das que mais me apetecem. Ainda vejo um compositor um pouco preso, sem a maleabilidade de obras posteriores no tratamento do som.

A Sinfonia 68 foi inspirada pelos acontecimentos do ano-chave de 1968. Sua concepção, novamente, não busca qualquer descrição de época. De novo, Ramovš está em busca de uma música profundamente abstrata, mas que reflita a efervercência daqueles dias.

Finalmente, este álbum vale sobretudo pela sinfonia do fim da vida, Pieta, de 1995, que dá nome ao cd. Curiosamente, o texto do encarte fala sobre um engajamento de Ramovš com a soturno situação eslovena no mundo pós-comunista, buscando justificá-lo por questões sociológicas, filosóficas e históricas. Talvez o compositor tenha dado declarações que expliquem esses comentários, mas Pieta me soa um profundo epítome da beleza plástica, trazendo mais à mente o acabamento de Michelangelo que a dramática imagem da mãe que segura seu filho morto.

Bon appétit!

Musiques funèbres (1955), para orquestra
01 I. Adagio
02 II. Allegro risoluto
03 III. Largo
04 IV. Adagio
05 V. Moderato-Allegro-Moderato-Maestoso
06 VI. Adagio

07 Sinfonia no.6 “Pieta” (1995)

Sinfonia 68 (Sinfonia no.4) (1968)
08 I
09 II

Orquestra Sinfônica da Rádio e Televisão Eslovena
Marko Munih, regente

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Alexandre Tharaud interpreta Mauricio Kagel (1931-2008)

Como prometido, aí está o cd do Alexandre Tharaud interpretando obras do compositor e cineasta argentino Mauricio Kagel (radicado na Alemanha desde que tinha vinte e poucos anos). Não que eu seja um connaisseur do compositor, mas já dei uma boa garimpada na discografia dele, e nada me agrada tanto quanto este álbum. Toda possível jovialidade e e todo bom humor que se esperam de Kagel estão aqui e, creiam, não é só encenação (o que, tristemente, me parece acontecer com alguma frequência), mas resultam em uma música atraente e instigante. O período das obras aqui apresentadas pega bem uma época de transição, saindo da fase serial do início de carreira (que pega os anos 1950 e início da década de 1960) para uma fase abertamente pós-moderna (seja lá o que isso signifique), que se sedimentou no chamado teatro musical, no qual o compositor volta a lançar mão da tonalidade, numa obra de sonoridade mais adocicada, mas colorida com elementos aleatórios, recursos eletrônicos e uma encenação cômica, num resultado que nem de longe parece indicar um retrocesso da vanguarda, bem ao contrário.

Além de postar o cd aqui, coloquei um vídeo do Youtube com seu filme mais famoso, Ludwig van (1969), para quem quiser dar uma olhadela, muito embora eu não me anime muito com ele. A obra apresentada no cd com o mesmo nome, em compensação, é bem mais interessante.

E sobre o cd em si, por preguiça, traduzo (grosseiramente) um texto da BBC Music Magazine:

Que compositor vivo nomearia uma peça segundo o termo médico para unha encravada (Unguis incarnatus est), lembrando-nos maliciosamente que a expressão ‘incarnatus est’ também ocorre na missa em latim; e então, na mesma peça, cita fragmentos distorcidos de Nuages gris de Liszt enquanto pede ao pianista para fazer  um calculado e indiscreto barulho com seu metafórico ‘Unguis incarnatus’, explicitamente com o pedal? Somente um: Mauricio Kagel, o bufão na corte solene da vanguarda. Seria inadequado chamar de perspicazes essas divertidas subversões da Grande Tradição Ocidental, elas são demasiadamente sinistras e violentas para isso. Alexandre Tharaud se lança nessa brincadeira com gosto, e ele também traz uma incrível variedade de toques para a própria música. Nem toda a música é escura: há momentos de beleza tranquila e iluminada em Rrrrrrr… (baseado em mecanismos musicais iniciados pela letra R, caso isso  interesse). E nos fragmentos semi-lembrados de Beethoven em Ludwig van parece até que o compositor baixou, o que é bem captado pelo excelente conjunto, que inclui o maravilhoso barítono francês François Le Roux. E a gravação é fabulosamente detalhada sem ser clínica. O CD é uma introdução atraente, senão de arrepiar, para um compositor extremamente influente.

Ivan Hewett


Mauricio Kagel (1931-2008)


Mauricio Kagel – Alexandre Tharaud

1. Pieces for Organ (from ‘Rrrrrrr…’): Ragtime – Waltz
2. Pieces for Organ (from ‘Rrrrrrr…’): Rondeña (piano à quatre mains)
3. Pieces for Organ (from ‘Rrrrrrr…’): Rosalie
4. Pieces for Organ (from ‘Rrrrrrr…’): Rossignols enrhumés (piano préparé)
5. Pieces for Organ (from ‘Rrrrrrr…’): Râga
6. Ludwig van, film score: I
7. Ludwig van, film score: II
8. Ludwig van, film score: III
9. Ludwig van, film score: IV
10. Ludwig van, film score: V
11. Ludwig van, film score: VI
12. Ludwig van, film score: VII
13. Ludwig van, film score: VIII
14. Ludwig van, film score: IX
15. Der Eid des Hippokrates (‘Hippocrates’ oath’), for piano, 3 hands
16. Unguis Incarnatus Est, for piano & any bass sustaining instrument
17. Mm51, for piano

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14th International New Music Week 2004 – Bucareste

Aí vai mais um cd de música romena. Embora seja sempre agradável ouvir um Niculescu, a peça gravada aqui, Sequentia (1994) para flauta, clarinete, violino, violoncelo e percussão, não é do que mais me surpreende nele. É de sua última fase, abertamente sacra, com peças em geral um pouco mais escuras e muito densas. Prefiro o momento anterior, doce sem deixar de ser denso, expressivo sem deixar de ser arrojado (ao contrário de compositores como Rautavaara, que realmente deram para trás para encontrarem comunicação). Ainda assim, como já dizia, a peça é interessante, guarda um sabor meio jocoso, apesar da sacralidade óbvia. Outras peças do período, como as sinfonias 4 e 5 também são muito fortes, com momentos de beleza soberba. O que me incomoda, talvez, é a sensação de reinserção na ambientação mais típica da música de vanguarda, ainda que com estilo. Sinto muita semelhança com o Lutoslawski de Mi-Parti e Livre para Orquestra (duas das minhas prediletas deles, por sinal) pelo ar grandioso, um tanto difuso, belo mas um tanto quanto assustador (sem falar na heterofonia). O Niculescu outsider me instigava mais.

O quer realmente pega aqui é a introspectiva rouaUruauor, para as 9 da manhã, de Octavian Nemescu (1940). O compositor usa durante quase toda a peça uma base eletrônica relativamente estática e vai ornamentando sem uma preocupação coesiva. Os lampejos sonoros que vão se sucedendo, pouco preocupados com conexões e desenvolvimento, são eivados de uma força religiosa, um transe, ainda que no final das contas a música não trate disso. A peça em questão faz parte de um ciclo que o compositor compôs para as 24 horas do dia.

Ainda que eu tenha enfatizado as peças do Nemescu (por ser a mais fantástica do cd, na minha opinião) e a do Niculescu (dada minha adoração pela música dele), as outras duas peças chamam igualmente a atenção. Para cello e fita magnética, a peça Shadow III, de Doina Rotaru, tem um início deslumbrante, e a fusão entre o cello e a fita magnética resulta em uma sonoridade muito cativante. Finalmente, o Concerto para sax de Sorin Lerescu é de uma doçura ímpar, às vezes até me recordando o Niculescu dos anos 80 (o que, aliás, não me parece fortuito, já que várias de suas peças me passam essa sensação). Vou ver se posto logo suas sinfonias (aproveitando que já tenho o link pronto) para ter opiniões sobre a semelhança, por exemplo, entre o clima das sinfonias 2 e 3 do Niculescu com as do Lerescu.

Mais informações sobre a Semana de 2004, clique aqui.

Boa audição!

14ª Semana Internacional de Música Nova de Bucareste (2004)

01 Stefan Niculescu – Sequentia (1994), para flauta, clarinete, violino, violoncelo e percussão
02 Doina Rotaru – Shadow III, para cello e fita magnética
03 Octavian Nemescu – rouaUruauor, para as 9 da manhã
04-05 Sorin Lerescu – Concerto para sax e orquestra

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Gerardo Dirié (1958) – Waiting for the Sound

Aqui está um compositor que me parece muito acessível, apesar da linguagem contemporânea, para estrear minha seção de autores latino-americanos. Dirié nasceu em Córdoba, na Argentina, e tem circulado pelo mundo desde então. Estudou e trabalhou na Universidade de Indiana e, mesmo vivendo atualmente na Austrália, parece manter vínculos com o Centro de Música Latina daquela instituição. Embora lance mão de recursos eletroacústicos e de técnicas típicas de música contemporânea, sua música é sempre muito delicada, muito envolvente e melodiosa. Talvez essa suavidade acabe por ser até um entrave para que sua música galgue a um patamar ainda mais significativo, mas, em seus melhores momentos, é uma delícia (e sempre que fica mais áspera, perco um pouco o interesse). Destaco neste cd as duas primeiras peças, Villancico al Nacimiento e Ti xiuhtototl, e o último movimento de La Espera, um daqueles momentos de delicadeza suprema.

Boa audição!

PS: um detalhe que sempre me intrigou é o fato de meus compositores argentinos prediletos (que julgo os mais significativos), Ginastera, Kagel e Dirié (sem falar de alguns raros mas interessantes momentos do Golijov) terem passado boa parte de suas vidas no exterior, abandonando a Argentina em geral para nunca mais voltar a morar. Se pensamos bem, é o contrário do que ocorreu no Brasil, onde mesmo um Villa-Lobos só passou pequenas temporadas no exterior, sempre tendo seu país como referência.

Gerardo Dirié (1958)

Waiting for the Sound

1. Villancico al Nacimiento (2000), acousmatic
2. Ti xiuhtototl (1997), for soprano, female chorus, harp, and electronics
3. Cinco canciones debajo del ladrillo (1988), for alto recorder, clarinet, violin, and 2 percussionists
4. Nocturno de la luna en tu frente (1996), for violin and harp
5. Swamp music (1994), for chorus and instrumental ensemble
6. Tu casa o este océano (1990), electronic

La Espera (1998), for chamber vocal and instrumental ensemble
07 I. Sinfonía
08 II. Recitativo del tiempo
09 IV. Canto nocturno
10 VII. The Rain in Woodstock
11 VIII. A Shroud for Laertes
12 IX. Bajo la luna
13 XI. Movimiento final

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