.: Interlúdio :. Daft Punk & Outros – Tron Legacy Reconfigured

– Repost de 10 de Novembro de 2015 –

Vamos lá, a bastante conhecida “música eletrônica” de hoje teve origem lá nos idos dos anos 60, com Karlheinz Stockhausen e seus “amigos” que na época tinham como principal obsessão a vanguarda, ou seja, a inovação e encabeçamento de uma revolução na música. Na época, a coisa não vigorou muito na música erudita, mas na música popular ela encontrou um espaço mais receptivo e além de nos dar a guitarra e o baixo elétricos, ainda nos trouxe outros brinquedinhos que reunidos criariam obras que, em minha opinião, são marcos na historia da música, como Whole Lotta Love do Led Zeppelin.

Além dos instrumentos elétricos acústicos houve também uma apropriação das técnicas de produção de música puramente eletrônica, ou seja, música feita inteiramente no computador. Pelo fato de os computadores não serem tão acessíveis nos anos 70 e 80, que foi a época dessa apropriação por parte da música popular da eletroacústica, ela só seria devidamente explorada a partir dos anos 90, e só floresceria na primeira década do século XXI.

Hoje, 10 de novembro de 2015, a bastante conhecida “música eletrônica”, possui diversos gêneros e ramificações na música popular: House, Techno, Acid, Disco, Dub, Trance, etc. Gêneros e ramificações que se fragmentam e se entrelaçam mas que não passam de herdeiros da música eletroacústica dos anos 60. Não digo isso tentando diminuir nenhum gênero, apenas estou traçando uma árvore para facilitar a compreensão.

Esse álbum que posto hoje é um remix (estilo de improvisação e edição por parte de um DJ sobre uma ou mais músicas) daquele álbum que postei com a trilha sonora de Tron: Legacy. Foram diversos artistas que remixaram as músicas, e o gênero, acredito eu já denunciado pela cor da tipografia da capa, se aproxima mais do Acid. Não sei se os senhores apreciarão (eu aprecio bastante), mas já serve para abrir a discussão sobre a música eletroacústica, discussão essa que pretendo continuar com uma abordagem erudita, sendo essa que posto hoje uma abordagem popular.

Aproveitem. (ou não)

Daft Punk & vários artistas: Tron Legacy Reconfigured

01 Derezzed (The Glitch Mob remix) (4:22)
02 Fall (M83 vs. Big Black Delta remix) (3:55)
03 The Grid (The Crystal Method remix) (4:28)
04 Adagio for TRON (Teddybears remix) (5:34)
05 The Son of Flynn (Ki:Theory remix) (4:51)
06 C.L.U. (Paul Oakenfold remix) (4:35)
07 The Son of Flynn (Moby remix) (6:32)
08 End of Line (Boys Noize remix) (5:40)
09 Rinzler (Kaskade remix) (6:52)
10 Encom, Part II (Com Truise remix) (4:52)
11 End of Line (Photek remix) (5:19)
12 Arena (The Japanese Popstars remix) (6:08)
13 Derezzed (Avicii remix) (5:04)
14 Solar Sailer (Pretty Lights remix) (4:33)
15 TRON Legacy (End Titles)(Sander Kleinenberg Remix) (3:18)

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE

Devemos agradecer à ele (e ao contexto social de sua época) pelos "puts puts" de hoje que minha mãe não gosta.
Devemos agradecer à ele (e ao contexto social de sua época) pelos “puts puts” de hoje que minha mãe tanto reclama.

Luke

7 comments / Add your comment below

  1. Tem ainda uma dimensão muito pouco conhecida na história dessa vertente musical, meu caro – eu diria INTENCIONALMENTE muito pouco conhecida: eu não sei quando começou, mas em 1978 já estava bastante adiantada a pesquisa em PSICOACÚSTICA: isto é, sobre os efeitos psíquicos da exposição mais ou menos prolongada a determinados tipos de sons.

    Também não sei onde mais se realizava esse tipo de pesquisa, mas de um lugar eu sei com segurança: um laboratório na Bélgica bancado pela Philips – a qual por sua vez pertence basicamente à família real holandesa, que é parceira da família real inglesa e da aristocracia destronada alemã na intenção de fazer do mundo algo entre um Brave New World huxleyano e um 1984 orwelliano – isto é: uma sociedade de controle.

    Sei desse laboratório porque um de seus técnicos/músicos esteve presente como professor e apresentando composições no histórico e memorável Curso Latino-Americano de Música Contemporânea em São João del Rey, MG, em 1978: um belga cujo nome ainda não consegui recuperar – que era a própria imagem do cientista maluco dos filmes mais delirantes, Não tive aulas diretamente com ele, apenas estive presente em uma apresentação sua.

    Por outro lado, tive aulas diretamente com um compositor holandês chamado Konrad Boehmer (ainda vou digitalizar e postar aqui o vinil que tenho com obras dele) que era da esquerda mais radical da época – maoísta – e nas suas aulas falava mal do belga e dos projetos de controle social embutidos na pesquisa do laboratório da Philips.

    Agora vou te afirmar uma coisa que pode valer minha internação, junto com o prêmio anual “Teoria da Conspiração”: desde então passei a ouvir tudo o que é material sonoro de ampla veiculação levando em conta o que aprendi naquele curso sobre isso – e tenho certeza de que praticamente tudo que, desde então, como eu disse, é objeto de ampla veiculação, é informado por esse tipo de pesquisa e tem objetivos intencionais de manipulação social. Inclusive com diferentes tipos de materiais sonoros para as diversas classes sociais (bem à la Admirável Mundo Novo), inclusive o “funk” destinado a tocar hoje nas favelas (que tem bem pouco a ver com o que se chamava funk 20 ou 30 anos atrás).

    Eu não me isolo: não me furto a interagir em alguma medida com nada do material sonoro que circula por aí, inclusive o putz-putz, que na sua batida regularidade recorre a MUITO material sonoro antropológico (inclusive as batidas dos tambores do culto de orixás) e está muito longe da desestruturação total dos parâmetros conhecidos proposta inicialmente por Stockhausen – embora você tenha razão que deve muito a ele, sim.

    Então, como eu dizia: intearjo. Mas sempre com um pé atrás – do mesmo modo que fico com 3 dos meus 4 pés atrás quando assisto (rarissimamente) um Jornal Nacional: observando atentamente: “que efeito será que estão querendo provocar em mim?”

    Não dá pra dizer que vivamos tempos monótonos…

    1. Interessante. Dessa “teoria conspiratória” ainda não tinha ouvido falar, de uma coisa eu sei, quem se beneficia com uma sociedade alienada de sua realidade de exploração e alienada do poder por meio da representatividade é o capitalismo, então não haveria porque não investir mais para que as coisas continuassem assim. Os meios podem ser diversos, tanto os que você descreve quanto outros já bem conhecidos como a indústria cultural, a apropriação cultural e aculturamento; a expoliação e etnocídio de sociedades “isoladas” para se tornarem consumidores dentro do mundo globalizado.
      A desestruturação total dos serialistas integrais e dos primeiros compositores “eletroacústicos” como formas de inovação eu vejo como uma compreensão puramente sociológica de um momento, momento esse onde a individualidade se torna princípio fundamental do mundo moderno ocidental, mas isso numa sociedade extremamente cheia de regras como nunca antes, e é ai, nesse regramento que podemos entender como que outros interesses (talvez de grupos pertencentes à uma classe dominante), tentavam usar essa desestruturação como passo inicial para uma estruturação que beneficiassem seus interesses.
      Prefiro entender isso como resultado de lutas de interesses e uso de “força” para legitimação de uma dominação, ou da luta de classes mesmo, e não muito como planos de indivíduos específicos, embora a última coisa possa ser resultado das primeiras.

  2. Salve Ranulfus! Há quanto tempo!
    Interessante… diria assustadora essa relação da Psicoacústica com a música eletrônica. Esse tipo de relação não permearia outras formas musicais surgidas no século XX? Eu olharia até para o século XIX, quem estaria ileso desse tipo de “segundas intenções”?
    Haveria um paralelo com a indústria cultural de Adorno?
    Essa mesma tentativa de controle não teria… sim! ela o fez! também está implícita no cinema, principalmente o americano, que há muito tempo percebeu que fazer filmes para adolescentes é um grande negócio!

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