Neste espetacular CD, as maravilhosas pianistas francesas nos trazem um repertório todo dedicado ao seu conterrâneo Maurice Ravel. Conterrâneo tanto pelo fato óbvio de serem franceses mas também devido ao fato de serem descendentes de bascos, mas isso é conversa para outra postagem que está sendo devidamente preparada. O nome aqui é o de Ravel.
A relação das irmãs com este compositor vem ainda da infância, quando foram alunas de uma grande amiga do próprio.
Esse CD não é recente, 2007 para ser mais exato, e foi gravado e lançado pelo selo KML, criado pelas próprias irmãs. Temos aqui momentos absolutamente brilhantes, como a “Rhapsodie Espagnola” , ‘Ma Mère L´Oye”, a ‘Pavane Pour une Infante Défunte” e claro, como não poderia deixar de faltar, o ‘Bolero’ em uma versão para dois pianos com percussão basca. Coisa linda demais.
01. Rhapsodie espagnole, for orchestra (or 2 pianos) Prelude A La Nuit
02. Rhapsodie espagnole, for orchestra (or 2 pianos) Malaguena
03. Rhapsodie espagnole, for orchestra (or 2 pianos) Habanera
04. Rhapsodie espagnole, for orchestra (or 2 pianos) Feria
05. Ma mere l’oye, for piano, 4 hands (or orchestra) Pavane De La Belle Au Bois
06. Ma mere l’oye, for piano, 4 hands (or orchestra) Petit Poucet
07. Ma mere l’oye, for piano, 4 hands (or orchestra) Laideronnette Imperatrice D
08. Ma mere l’oye, for piano, 4 hands (or orchestra) Les Entretiens De La Belle
09. Ma mere l’oye, for piano, 4 hands (or orchestra) Le Jardin Feerique
10. Menuet antique, for piano (or orchestra)
11. Pavane pour une infante defunte, for piano (or orchestra)
12. Prelude, for piano
13. Bolero, ballet for orchestra
Nas eternas discussões sobre música que mantínhamos nos encontros ao redor das bancas dos desejados LPs e CDs nas lojas de discos, falávamos de quase tudo. – Leon Fleisher e Szell são imbatíveis neste repertório! – Eu ouvia de um sério senhor de ascendência nipônica, enquanto segurava minha possível compra dos Concertos para Piano de Brahms, com Rudolf Serkin e o mesmo George Szell. Dúvidas abundavam, pois o investimento seria substancial.
Um dos temas que vez por outra entrava em pauta era o que o mesmo senhor chamava de ‘música canalha’. Eu sei, soa pior do que deveria, mas o pessoal era assim, radical. A cada um era permitido gostar de uma peça do gênero. Scheherazade era a queridinha dele. Vaias e apupos se elevavam quando Jardins de Um Mosteiro era mencionado.
Mas o repertório de ‘Música Ligeira’ ou de apelo popular, típico de orquestras como a Boston Pops, reserva grandes surpresas e geralmente traz ótimas lembranças.
Pois minha música de apelo popular preferida é ‘Quadros de Uma Exposição’ e esta é a minha gravação preferida. Sim, este álbum é um dos meus ‘Discos Mais Queridos’!
Carlo Maria Giulini foi um excelente regente, apesar de um repertório relativamente reduzido. Ele começou estudando violino e chegou a ocupar a fileira de violas da Orchestra dell’Accademia Nazionale di Santa Cecilia. Tocou sob a batuta de grandes regentes, como Bruno Walter, Wilhelm Furtwängler, Victor de Sabata, Otto Klemperer. Esta experiência na orquestra certamente o ajudou a tornar-se um ótimo regente. Ele disse em entrevistas que detestava a abordagem ditatorial e exigente do então diretor musical da orquestra, preferindo a maneira gentil de reger de Bruno Walter. Segundo ele, Walter fazia cada músico sentir-se importante.
Entre as suas gravações mais famosas se encontram peças como ‘La mer’, de Debussy, as Sinfonias Nos. 3 e 5 de Beethoven, algumas das sinfonias de Mahler, as três últimas sinfonias de Bruckner. Óperas também eram importantes em seu repertório e as gravações de Don Giovanni, As Bodas de Fígaro, de Mozart, e Rigoletto e Falstaff de Verdi, vêm facilmente à memória. O Requiem de Verdi é também uma das gemas de sua discografia.
As peças que estão reunidas neste álbum foram lançadas originalmente em diferentes LPs. O denominador comum aqui é a orquestração de Maurice Ravel. A orquestração feita por Ravel do original Os Quadros de Uma Exposição, para piano, de Modest Mussorgsky, era tocada com frequência por Giulini. Realmente, esta peça pode ser usada para convencer pessoas que não têm o hábito de ouvir música ‘erudita’ a se aventurar nestas veredas. O movimento de abertura, Promenade, é uma daquelas músicas que gruda na nossa memória musical e como é repetida ao longo do passeio para vermos os quadros, acaba ficando de vez na nossa mente.
Para completar o programa, a suíte ‘Ma Mère l’Oye’, que nos leva para o mundo dos Contos de Fadas e a magia de Ravel permite nossa imaginação alçar grandes voos. E ainda há espaço para a Rapsódia Espanhola, que nos transporta diretamente para uma Espanha mítica, com seus jardins, perfumes e sons.
As duas orquestras – Chicago Symphony e Los Angeles Philharmonic foram dirigidas por Giulini e essas gravações mostram o quanto foi frutífera essa relação.
Modest Mussorgsky (1839 – 1881)
Quadros de Uma Exposição (Orquestração de Maurice Ravel)
Promenade
Gnomus
Promenade
Il vecchio castello
Promenade
Tuileries
Bydlo
Promenade
Ballet des Petits Poussins dans leurs Coques
Samuel Goldenberg und Schmuyle
Limoges: Le Marché & Catacombae: Sepulchrum Romanum
Cum mortuis in lingua mortua
La Cabane de Baba-Yaga sur des Pattes de Poule & La Grande Porte de Kiev
Por certo vocês já perceberam minha predileção pelo piano. Os compositores que se destacam por compor para este instrumento são sempre meus preferidos, especialmente aqueles que escreviam para piano antes que este fosse inventado e também por aqueles que desconstruíam seus primeiros protótipos com o exclusivo intuito de torná-los aquilo para o qual deveriam existir…
Quando encontro um disco que reúne repertório destes compositores interpretado por algum artista promissor, que traz uma certa ousadia ou um novo olhar para estas obras, não deixo de ouvir vezes e vezes. E foi isto o que aconteceu com este disco da postagem.
Dia destes postei um disco da Anne Queffélec interpretando a obra que abre este disco – Miroirs. Temos aqui uma outra espetacular interpretação, agora com a jovem e talentosíssima pianista italiana – Beatrice Rana. A moça é filha de pianistas profissionais e confessa que ficou chocada ao saber, ainda mais jovem, que as outras pessoas raramente têm pianos em suas casas.
Ravel e Stravinsky eram muito diferentes, mas tinham grande respeito um pelo outro. O ‘língua de trapo’ do Igor chamou Maurice de ‘o relojeiro suíço’ da música – é claro, caricaturando a obsessão de Ravel com a perfeição de suas peças. Mas também disse que Maurice fora o único que entendera sua música logo após o furor que foi a estreia de sua Sagração da Primavera. Além de Miroirs, o disco tem duas obras de Stravinsky. Alguns trechos do Oiseau de Feu transcritas para piano por Guido Agosti, um pianista que foi aluno de Ferruccio Busoni, entre outros, e três movimentos de Petrouchka, do próprio Stravinsky. Há uma gravação destes movimentos feita por Maurizio Pollini que é extraordinária, mas hoje o dia é da bela Beatrice.
Para completar o pacote, La Valse, de Maurice Ravel. Você verá que uma orquestra não cabe em um piano, mas quase. Além disso, não é hora de ficar procurando defeitos, agarre o par mais próximo e aproveite este disco espetacular!
Ah, a bela Beatrice é capa da Gramophone, recebeu loas de todas as partes e teve um disco com as Variações Goldberg postado aqui pelo próprio PQP Bach. Então, ande, baixe logo o álbum, escute muitas vezes e venha logo aqui dizer que gostou. Pode clicar no ‘LEAVE A COMMENT’, bem em baixo do nome do compositor, no alto da nossa página, para dizer, mesmo com poucas e mal traçadas linhas, que gostou!
Direto do Tunel do Tempo, este disco é bem típico dos anos 70, um compositor, duas obras (uma para cada lado do LP), uma intérprete especialista neste tipo de música. Com pouco mais de 50 minutos de música, demandava uma virada de disco entre uma peça e a outra. Isto incluía levantar-se do sofá ou da poltrona, levantar o braço da vitrola, virar o disco e, com muito cuidado, colocar o braço novamente sobre o disco em movimento.
Este ritual todo, em alguns casos, incluía uma esfregadela da flanela no LP, para garantir o bom desempenho de todo o (agora aparentemente) tosco mecanismo. Também fazia com que mergulhássemos por uns minutinhos em algum silêncio, muito adequados para uma pequena reflexão sobre o que acabávamos de ter ouvido.
Os CDs, e agora as novas mídias, permitem que ouçamos ininterruptamente horas (se aguentarmos, é claro) de música. Isso é uma boa deixa para a reflexão de cada um… Como você ouve música hoje? Como você ouvia música (digamos) há um terço, um quarto de seu tempo de vida já passada?
Mas vamos a música, pois afinal de contas, isso é o que interessa. Temos duas lindas suítes escritas por Maurice Ravel, para piano solo. Ou seja, dois conjuntos de peças com um fio condutor ligando-as. Isso não impede que uma ou outra destas peças apareça em algum outro contexto, desatacada da suíte.
Miroirs é a mais antiga das duas. Foi escrita entre 1904 e 1905 e estreada em 1906 pelo pianista e muito amigo de Ravel, Ricardo Viñes.
Cada movimento desta suíte foi dedicado a algum amigo de Ravel que fazia parte do grupo de artistas autointitulado ‘Les Apaches’, entre eles o próprio Ricardo Viñes, ao qual foi dedicado a linda peça ‘Oiseaux tristes’.
A outra suíte, ‘Le tombeau de Couperin’, foi composta entre 1914 e 1917, período terrível, durante a Primeira Grande Guerra. Nesta, Ravel perdeu vários amigos e cada movimento da suíte é dedicado a algum deles. A ‘Toccata’, o último movimento da suíte, por exemplo, foi dedicado a Joseph Marliave, que foi musicólogo e marido de Marguerite Long.
A suíte é inspirada nas suítes barrocas de danças do século XVII. A palavra ‘tombeau’ no título era usado naquela época para indicar uma homenagem, um memorial a quem for nomeado. No caso, Couperin pode ser considerado uma homenagem aos músicos franceses daquela época, por que além do grande François Couperin, havia muitos músicos nesta família.
Eu gosto particularmente da Forlane, movimento que já foi postado aqui na interpretação de Rubinstein, no seu álbum sobre música francesa.
A intérprete deste típico LP é a pianista Anne Queffélec, que graduou-se com láurea no Conservatório de Paris e especializou-se em Viena com a trinca Paul Badura-Skoda, Jörg Demus e Alfred Brendel. Teve sua carreira definitivamente deslanchada depois de ganhar as competições para piano de Munique (1968) e Leeds (1969). É ativa desde então e tem discos gravados recentemente sendo lançados.
Veja o que ela disse da suíte Miroirs, em uma entrevista dada a propósito de uma apresentação sua em Londres, em 2018: ‘A segunda metade de meu recital é dedicada a Reflets dans l’eau, de Debussy, e Miroirs, de Ravel, pois eu amo estas peças maravilhosas’. Ao programar Reflets e Miroirs juntas sinto estar conectando a esta ideia de ‘reflexos’, mesmo que a própria música na suíte de Ravel, nos títulos individuais das cinco peças, não nos dê a chave para o nome global Miroirs. Isto permanece um mistério. Temos que ser como Alice no País das Maravilhas e concordar em seguir Ravel e passar através dos espelhos a nossa volta’.
Eu sempre penso nisto quando imagino os grandes artistas em seus momentos, digamos assim, mais mundanos. É claro, a pergunta aplica-se a outras gentes e é possível que os hábitos domésticos, os interesses além daqueles estritamente profissionais, revelem mais sobre as pessoas do que aquilo que é público, aquilo que todos sabem sobre elas.
Pois fico imaginando como teria sido Arthur Rubinstein chegando em casa após um cansativo dia de gravações com uma enorme orquestra, um regente cheio de ideias diferentes das suas sobre o concerto que estão gravando. O produtor Max Wilcox atarefado com as faixas selecionadas para audição, o orçamento já em vias de estourar.
Então, chegar em casa, passar dos sapatos para os chinelos, um golinho de xerez, talvez, um lanchinho leve, por certo. Nada interessante na TV. Pronto, agora a noite já caiu de vez e a porta que dá para a sacada está aberta e deixa entrar uma brisa que além de balançar as cortinas esvoaçantes, traz um aroma das flores que só recendem à noite, assim como um restinho de luar. Pois não é que o clima se mostra então propício à música. O piano ali pertinho, sobre o velho tapete vermelho, sorri convidativamente com suas amareladas e amigas teclas. Música então, pensa nosso hipotético Arthur. O que tocaria para si próprio ou pequena e íntima companhia? Chopin? Nãh… muito pedido por todos. Beethoven, Schubert, Mozart? Não de novo, muito germânicos para a noite quase latina. E como era boa a convivência com os amigos franceses, colegas pianistas e queridos compositores. Jantares nas casas de uns, passeios nos arredores de Paris com adoráveis piqueniques. Assim, nosso pianista resolve tocar umas peças francesas, cheias de charme, de alegria e de muita elegância.
As Valses nobles et sentimentales do Maurice são mais conhecidas na versão para orquestra e merecidamente. Mas na falta da orquestra, Arthur vai de piano mesmo, que ele é capaz de recriar com seu instrumento a riqueza da partitura de Ravel. Mas as valsas foram originalmente escritas para piano e inspiradas pelas Valses sentimentales e as Valses nobles de Schubert. No entanto, diferentes das peças de Schubert, as de Ravel formam uma coleção de oito valsas que se emendam umas nas outras, fluindo num todo, passando por seções tempestuosas, langorosas, até a peça final onde as anteriores são recapituladas. A coleção teve sua estreia em um concerto da Sociedade Musical Independente, interpretadas por Louis Aubert, amigo de Ravel dos dias do conservatório. O concerto foi arranjado de forma que as pessoas não sabiam os nomes dos compositores das peças e eram estimuladas a adivinharem os autores. As tentativas muito divertiram Ravel. Entre elas surgiram nomes como Kodály, Satie, Chopin ou mesmo Mozart.
Poulenc ainda muito jovem e servindo durante a guerra, arranjou tempo para compor essas Mouvements perpétuels e conseguiu as enviar para Ricardo Viñes estreá-las em um concerto de fevereiro de 1919. Estes concertos misturavam diferentes artes, com poesia e exposições de pinturas além de música. Essas peças foram um sucesso imediato e mesmo muitos anos depois, sempre as ouvindo, quando perguntado como ele se sentia sobre elas, Poulenc respondeu que “ainda podia tolerá-las”.
O Intermezzo foi uma das poucas peças que Poulenc compôs em 1934 e a dedicou a uma querida amiga, a Condessa Marie-Blanche de Polignac, uma música amadora muito aplicada. Rubinstein também era amigo da Condessa e ganhou de Poulenc uma cópia do Intermezzo, com a inscrição “Para Arthur, um retrato de nossa querida Marie-Blanche”.
Ravel recuperava-se das agruras da guerra na casa de campo de Madame Fernand Dreyfus quando encontrou inspiração para compor uma suíte para piano, Le Tombeau de Couperin. Fazia assim simultaneamente um tributo à música francesa antiga e a vários amigos que perdera na guerra. Desta suíte ouvimos aqui a Forlane, lindíssima. A outra peça de Ravel no disco, La Vallée des cloches pertence a outra suíte, Miroirs.
Mais duas lindas peças seguem, um famoso noturno de Gabriel Fauré e outro intermezzo de Poulenc, este composto em 1943.
O disco termina com uma peça “pitoresca”, Scherzo-Valse, de Chabrier, o mais barulhento e histriônico dos compositores (quase amador) francês. Certamente a peça prenuncia sua famosa España. E assim também termina a nossa noite imaginada e transformada em um belíssimo disco, mais um da dupla Rubinstein – Wilcox, o artista e o artístico produtor.
Ravel colocou uma citação de Henri de Regnier no auto das Valses nobles et sentimentales: “… le plaisir delicieux et toujours nouveau d’une occupation inutile…” (… o prazer delicioso e sempre novo de uma ocupação inútil…)
Os discos e a música sempre me levam a lugares inusitados, diferentes e especiais. Esta postagem levou-me à Ilha da Reunião, antiga Ilha de Bourbon, no Oceano Índico, a leste de Madagascar.
O disco reúne três compositores e basicamente música para flauta e piano. E que intérpretes temos aqui. Emmanuel Pahud é o principal flautista da Filarmônica de Berlim e Stephen Kovacevich é um dos melhores pianistas de sua geração. Eles tocam peças de Debussy e a lindíssima sonata para flauta e piano de Prokofiev, postada aqui um dia destes. O programa começa com Debussy, abrindo com uma peça para flauta solo, Syrinx, de pouco mais de três minutos. Em seguida uma transcrição para flauta e piano da música das Chansons de Bilitis, feita por Karl Lenski. Para fechar a parte dedicada a Debussy, uma peça para piano solo, La plus que lente, interpretada magistralmente por Kovacevich, balanceando assim a distribuição dos trabalhos.
A Sonata de Prokofiev fecha o disco e estas duas partes do programa ladeiam um ciclo de canções composto por Maurice Ravel. Pois é neste núcleo do disco que temos a nossa viagem. Para esta parte do programa, juntam-se aos dois solistas a mezzo-soprano Katarina Kernéus e o violoncelista Truls Mørk. O ciclo é intitulado Chanssons madécasses (Canções de Madagascar) e é formado por três canções. E aí o programa fica bem interessante.
O ciclo foi encomendado a Ravel por uma patrocinadora das artes, a americana Elizabeth Sprague Coolidge (Liz Coolidge), a quem é dedicado. Promotora especialmente de música de câmera, ela comissionou obras de vários compositores contemporâneos, e deixou a escolha do texto com Ravel. Ela pediu que, se possível, flauta e violoncelo fossem acrescentados ao acompanhamento de piano. Ravel estava lendo um livro de Evariste-Désiré de Parny e escolheu três de seus poemas para o ciclo. Esses poemas de Parny são os primeiros poemas franceses escritos em prosa. (Para a integral desses poemas, clique aqui). O autor, que nasceu na tal Ilha de Bourbon, afirma que os poemas são traduções para o francês de canções líricas que coletou em suas viagens por Madagascar. Mas tudo é muito poético. De fato as viagens assim como as canções são fruto da imaginação e da inventividade do Parny. Figura fascinante, Evariste-Désiré de Parny merece maior investigação. Ravel produziu um ciclo de canções que se diferencia de qualquer uma de suas obras de câmera ou vocal, tanto pelo conteúdo provocante do texto quanto pela natureza emocional e dramática da música. Uma análise detalhada do ciclo pode ser encontrada aqui. Os poemas em prosa de Parny têm um apelo exótico e erótico, além de trazerem um interessante sentimento anti-colonialista. Tudo arranjado pelo compositor francês a pedido da mecenas americana. Ah, a cultura…
As peças resultantes das Chanssons de Bilitis, adaptadas para flauta e piano por Karl Lenski, também tem um que de sensualidade que torna o disco muito, muito bonito. E ainda mais, para fechar o pacote, a interpretação de um dos maiores flautistas da atualidade da belíssima sonata de Prokofiev. Portanto, não demore, baixe logo o disco….
Claude Debussy (1862-1918)
1. Syrinx (La flûte de Pan)
Billitis (Ed. Karl Lenski)
2. Pour invoquer Pan, dieu du vent d’été
3. Pour un tombeau sans nom
4. Pour que la nuit soit propice
5. Pour la danseuse aux crotales
6. Pur l’égyptienne
7. Pour remercier la pluie au matin
8. La plus que lente
Maurice Ravel (1875-1937)
Chansons madécasses
9. Nahandove
10. Aoua!
11. Is est doux de se coucher
Sergei Prokofiev (1891-1953)
Sonata para flauta e piano em ré maior, Op. 94
12. Moderato
13. Scherzo (allegretto scherzando)
14. Andante
15. Allegro con brio
Emmanuel Pahud, flauta (1-7, 9-15) Stephen Kovacevich, piano (2-15)
Katarina Karnéus, mezzo-soprano (9-11) Truls Mørk, violoncelo (9-11)
Gravado em 1999, Lyndhurst Hall, Air Studios, Londres Produção: Stephen Hohns
Lembram daquela série interminável de discos da Philips — lançados nos anos 70 e 80 — que eram seleções malucas de clássicos e que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Händel podia vir antes de um trecho de Rhapsody in Blue, o qual era seguido pela Abertura 1812 e pela chamada Ária na Corda Sol (mentira, corda sol coisa nenhuma) de Bach, por exemplo. Salada semelhante é servida por Khatia Buniatishvili neste CD. Mas o importante é faturar enquanto a beleza não abandona a pianista. Ela tem alguns anos de sucesso ainda. Como habitualmente, neste disco ela é muita emoção e languidez — principalmente a última –, acompanhada de um talento que não precisaria ter registros gravados. Temos tanta gente melhor! Depois deste disco altamente suspeito, ela sucumbe aqui. Só a aparência não basta. Afinal, ouvimos o CD. Vocês sabem que eu amo as belas musicistas, mas tudo tem limite.
1 Johann Sebastian Bach: Was mir behagt, ist nur die muntre Jagd, BWV 208: IX. Schafe können sicher weiden (Arr. for Piano)
2 Pyotr Ilyich Tchaikovsky: The Seasons, Op. 37b: X. October (Autumn Song)
3 Felix Mendelssohn-Bartholdy: Lied ohne Worte in F-Sharp Minor, Op. 67/2
4 Claude Debussy: Suite Bergamasque, L. 75: III. Clair de lune
5 Giya Kancheli: Tune from the Film by Lana Gogoberidze: When Almonds Blossomed
6 György Ligeti: Musica ricercata No. 7 in B-Flat Major
7 Johannes Brahms: Intermezzo in B-Flat Minor, Op. 117/2
8 Franz Liszt: Wiegenlied, S. 198
9 Antonín Dvorák: Slavonic Dance for Four Hands in E Minor, Op. 72/2: Dumka (Allegretto grazioso)
10 Maurice Ravel: Pavane pour une infante défunte in G Major, M. 19
11 Frédéric Chopin: Etude in C-Sharp Minor, Op. 25/7
12 Alexander Scriabin: Etude in C-Sharp Minor, Op. 2/1
13 Domenico Scarlatti: Sonata in E Major, K. 380
14 Edvard Grieg: Lyric Piece in E Minor, Op. 57/6: Homesickness
15 Traditional: Vagiorko mai / Don’t You Love Me?
16 Wilhelm Kempff: Suite in B-Flat Major, HWV 434: IV. Menuet
17 Arvo Pärt: Für Alina in B Minor
Um belo e surpreendente disco de música cigana com todo aquele ambiente exótico e sem grandes pasteurizações ou tentativas de tornar a coisa mais “elegante” (sim, entre aspas). Então, amigos puristas, por favor, fujam, evitem ouvir este Gypsic da violinista romena-francesa Sarah Nemtanu.
O restante de vocês, no entanto, deve ouvir e, talvez, ficar intrigado. O álbum não é um conjunto convencional de peças orientais e orientadas para o cigano como são tocadas há meio século. Experimente ouvir com atenção, concentrando-se especialmente nas faixas 2, 3 e 8 para que saber bem no que está se metendo. O álbum de Nemtanu também tenta adicionar elementos de transição modernos à forma tradicional do concerto cigano-clássico. Mais tradicional é a sua versão da Sonata para Violino No. 3 em Lá menor, op. 25, “On Popular Romanian Themes”, de Georges Enescu, interpretado por Nemtanu e pelo pianista Romain Descharmes de uma maneira direta que não exagera os elementos ciganos. A Tzigane de Ravel já é meio suja e ESPETACULAR. Então a diversão se acentua… O Sarasate tem uma parte adicionada. O tecladista francês nascido no Canadá, Chilly Gonzales, adiciona elementos de eletrônica às Czárdás de Vittorio Monti… Mais inacreditável ainda é o movimento Blues da Sonata de Ravel para violino e piano de 1927. Esta peça recebe de Gonzales o que Nemtanu chama de “etno-percussão” — a melodia é reformulada como um pedaço do pop etíope. É um risco, pois parece não combinar o resto da música do álbum, só com a versão das Czárdás. Talvez seja uma tentativa de criar um ponto de encontro entre a França e a Romênia. Nemtanu choca com conceitos de como a música clássica e os eletrônicos de sabor internacional podem ser juntados e seus esforços valem a pena serem ouvidos. Enfim, um disco excelente e diferente.
Maurice Ravel, Pablo Sarasate, Georges Enescu, Vittorio Monti, Georges Boulanger: Gypsic
1 Vittorio Monti – Czardas
2 Maurice Ravel – Tzigane
3 Maurice Ravel – Berceuse
4 George Enescu – Sonate premier mouvement
5 George Enescu – Sonate deuxième mouvement
6 George Enescu – Sonate troisième mouvement
7 Pablo de Sarasate – Airs Bohémiens
8 Maurice Ravel – Blues
9 Georges Boulanger – Avant de mourir
Sarah Nemtanu – Violin
Chilli Gonzales – Piano, organ farfisa, Drum, Percussion
Romain Desmarches – Piano
Iurie Morar – Cimbalom
Três palavras mágicas que aquietam qualquer plateia quando entoadas. A elas segue um cortejo de seres mágicos, extraordinários – a Gata Borralheira, a Fada Madrinha, o Pequeno Polegar…
Os ávidos ouvintes até sabem os enredos, os desfechos dos casos, mas ainda assim esperam por eles. Neste ambiente nasce e fortalece o amor pela literatura e pelas outras artes.
Este petit álbum reúne música com alguns temas e inspirações comuns e o universo das histórias infantis é um deles. Temos aqui obras de seis compositores franceses que as compuseram entre 1890 e 1918. São peças para piano a quatro mãos ou duetos para piano. Na virada do século XIX para o século XX esta forma musical era muito popular, pois permitia que as pessoas ouvissem boa música, mas que elas mesmas precisavam tocar. Este álbum dá uma perspectiva da música francesa para piano desta época.
Começamos com a suíte Ma mere l’Oye, que Maurice Ravel compôs para Mimi e Jean Godebski, filhos de Ida e Cipa Godebski, grandes amigos de Ravel. Para saber quanto eles eram amigos, leia aqui.
O próprio Ravel escreveu: Era minha intenção despertar a poesia da infância nestas peças e isto naturalmente levou-me a simplificar meu estilo e diluir minha maneira de escrever.
A suíte começa com uma bela e simplíssima pavane, para uma princesa adormecida. Segue uma peça que ilustra a história do Pequeno Polegar, vagando pela floresta.
Na próxima peça, Laideronnette – Impératrice des Pagodes, encontramos um aspecto que foi caro aos compositores franceses deste período: o interesse pela música e temas orientais. Esta é uma brilhante e bem humorada elegia à Feiosanete, a Imperatiz do Pagode! Um doce para quem descobrir a história que está aqui representada…
Nesta suíte de Ravel, a peça que eu mais gosto é a de A Bela e a Fera! A Fera entra em cena grunhindo (seu tema) no registro baixo e depois do beijo, um fulgurante glissando, reaparece em um registro mais alto, como o da Bela. Lindo!
Para arrematar a obra, um sensacional passeio pelo Jardim Encantado!
A obra de Debussy apresentada aqui chama-se Six épigraphes antiques e foi uma de suas últimas, datando de 1914. As épigraphes antiques são adaptadas da música incidental que ele escreveu para uma apresentação das Chansons de Bilitis, encenada como um recitativo em 7 de fevereiro de 1901. Apenas a metade do material foi aproveitado e o resultado é uma peça altamente atmosférica, lembrando sua origem. Os títulos, que você poderá ler por completo logo a seguir, por si são poesia pura. Pour que la nuit soit propice, pour remercier la pluie au matin.
Debussy, foi amigo de Satie, mas não deixou de criticá-lo, dizendo que este deveria dar mais atenção à forma em suas composições. Pois não é que o amigo entendeu o recado e imediatamente compôs está maravilha aqui: Trois morceaux em forme de poire. Três peças em forma de pera! Erik Satie foi um músico e compositor rebelde e iconoclasta, assim como o foi em sua vida pessoal. Mesmo assim, exerceu grande influência nos outros compositores de sua geração. Seu estilo tão pessoal é baseado na simplicidade, favorecendo a sutis nuances e absoluta modéstia. No extravagante título desta peça – Trois morceaux em forme de poire, tanto responde ao comentário do amigo, quanto leva em conta o fato de poire ter duplo sentido no francês coloquial, de pera mesmo, mas também de simplório, tolo. Bem Satie!
Ele trabalhava como pianista de café em Montmartre, um caldeirão cultural na época, e a peça é baseada em música de cabaré composta entre 1890 e 1903. O famoso café Le Chat Noir, de Rudolf Salis, certamente estava entre eles. Não deixe de ouvir aqui a simples e maravilhosa valsa, Je te veux.
A próxima peça, Le soldat de plomb, O soldadinho de chumbo, nos traz de volta ao mundo das historinhas infantis. Déodat de Séverac passou a maior parte de sua vida na província francesa de Languedoc. Sua música tem um forte traço de regionalismo. Esta peça conta bem a história e é leve e bem humorada. Ganha um Kit-Kat quem descobrir a citação da música francesa mais famosa. Composta em 1904-1905, teve sua estreia por Ricardo Viñes e Blanche Selva, em um concerto só com música de Séverac, em 25 de março de 1905, na Scola Cantorum.
A obra Le parapluie chinois, de Florent Schmitt, é a última peça de um conjunto de sete, intitulado Une semaine du petit elfe Ferme-l’Oeil. Nesta peça charmosa e brilhante temos história infantil e o apelo da música do oriente. A peça é deliciosa e uma das que mais me fez lembrar do disco. Para saber mais sobre esse ótimo compositor, veja aqui.
Para fechar o disco temos uma sonata em três (breves) movimentos de Poulenc, que estudou com Viñes (amigo, associado, colega e intérprete de todos os compositores deste álbum). A sonata é uma composição bem do início da carreira e foi escrita antes que Poulenc recebesse maior treinamento. Mesmo assim, a peça tem os traços que marcariam a sua obra.
As intérpretes deste especialmente despretensioso disco, editado pelo selo americano Price-Less, Marylène Dosse e Annie Petit, estudaram no Conservatório de Paris, ganharam prêmios, mas se conheceram em Viena, em Master-Classes de Paul Badura-Skoda, Alfred Brendel e Jörg Demus. Passaram a tocar em duo quando mudaram-se para os Estados Unidos da América, onde tornaram-se professoras. As peças de Ravel, Debussy e Satie foram gravadas em 1985, na Igreja Libanesa, em Paris, onde por muitos anos foram gravados muitos e muitos discos, de artistas tais como Jean-Pierre Rampal e Maurice André. As outras peças foram gravadas em Nova Iorque, em 1988.
Maurice Ravel (1875-1937)
Ma mère l’Oye
Pavane de la Belle au bois dormant
Petit Poucet
Laideronnette – Impératrice des Pagodes
Les entretiens de la Belle et de la Bête
Le jardin féerique
Claude Debussy (1862-1918)
Six épigraphes antiques
Pour invoquer Pan
Pour um tombeau sans nom
Pour que la nuit soit propice
Pour la danseuse aux crotales
Pour l’egyptienne
Pour remercier la pluie au matin
Erik Satie (1866-1925)
Trois morceaux em forme de poire
“Avec une manière de commencement, une prolongation du même, un En Plus suivi d’une Redite”
Meu interesse em instrumentos musicais já me levou a tocar alguns deles em graus de sucesso que variam do sofrível ao ridículo. Minha experiência com todos, em especial os metais e as cordas, levou-me a admirar sobremaneira a dedicação dos instrumentistas para ajustarem suas bocas e dedos àqueles teimosos aparatos, extraindo deles não só sons agradáveis e condizentes com a intenção de um compositor, mas, o que é ainda mais impressionante, sem sucumbirem no processo.
Se acho uma façanha ser um virtuose de um instrumento que se toca tocando, que se pode dizer de um instrumento que se toca sem que se o toque?
Para mim, amigos, magia negra. Para o resto do mundo, é o assombroso teremim.
ooOoo
Inventado pelo físico russo Léon Theremin (Lev Termen, para os íntimos), este pioneiro entre os instrumentos eletrônicos é controlado pela posição das mãos do intérprete em relação a duas antenas: uma que regula a frequência, outra para o volume. O peculiar timbre resultante, já descrito como o de um “violoncelo perdido em neblina espessa, chorando por não saber como voltar para casa”, soa de melancólico a decididamente fantasmagórico. Não é à toa, portanto, que o teremim seja figurinha fácil de trilhas sonoras de filmes que abordam o incomum, o bizarro, e o inacreditável.
Parece difícil, e é mesmo. Por isso, talvez, passada a curiosidade inicial, o incrível instrumento de Theremin tenha ficado meio esquecido, e certamente limado de todos os círculos de música “séria”, até a entrada em cena de uma certa Clara Rockmore.
Nascida Klara Reisenberg em Vilnius (Lituânia), foi uma criança-prodígio no violino e chegou a estudar com Leopold Auer (sim, o professor de Heifetz; sim, o sujeito que esnobou o Concerto de Tchaikovsky) no Conservatório de São Petersburgo. Problemas de saúde fizeram-na abandonar o violino e a Música como um todo até encontrar, já nos Estados Unidos, o inventor Theremin. Trabalharam juntos no aperfeiçoamento do instrumento como meio de expressão artística. Foram tão próximos que Léon, que não era bobo, nem nada, lhe propôs casamento. Klara deu-lhe o fora, casou-se com um certo Rockmore, passou a chamar-se Clara e, emprestando ao teremim sua extraordinária musicalidade, transformou-se em sua primeira virtuose.
O vídeo acima, apesar do som precário, dá a vocês uma melhor ideia do que lhes tento dizer (além, claro,de ser deliciosamente funéreo!). O timbre, como já falamos, talvez seja um gosto adquirido, mas é assombrosa a expressividade que Rockmore obtém sem nada tocar além do éter. Se vocês perceberem, ao contrário da maior parte dos instrumentos, dos quais os silêncios são obtidos tão só pela suspensão da emissão do som, as pausas no teremim também têm que ser produzidas, através da ação a mão do volume (no caso de Rockmore, a esquerda).
Espero que, vencendo a natural estranheza, vocês possam apreciar a complicada arte desta virtuose incomum.
THE ART OF THE THEREMIN – CLARA ROCKMORE
Sergey VasilyevichRACHMANINOV (1873-1943)
01 – Canções, Op. 34 – no. 14: Vocalise
02 – Romances, Op. 4 – no. 4: “Ne poj, krasavitsa” [NOTA DO AUTOR: conhecida como “Canção de Grusia”, não se refere a qualquer pessoa, mas sim à região caucasiana da Geórgia, que tem este nome em russo]
Charles-Camille SAINT-SAËNS (1835-1921)
03 – O Carnaval dos Animais – no. 13: O Cisne
Manuel de FALLA y Matheu (1876-1946)
04 – El Amor Brujo – Pantomima
Yosif YuliyevichAKHRON (1886-1943)
05 – Melodia hebreia, Op. 33
Henryk WIENIAWSKI (1835-1880)
06 – Concerto para violino no. 2 em Ré menor, Op. 22 – Romance
Antes de conhecer a música, conheci a história. Era uma vez um tempo em que os livros eram mais acessíveis do que as gravações. Foi então que eu li a história de uma pessoa que achou um disco, sem capa, com o selo ilegível. Após um mínimo de limpeza, coloca o disco na vitrola e ouve uma frase tocada por um instrumento de cordas, num registro bem baixo. A frase é prolongada e pontuada pelo pizzicato de quatro notas ascendentes. A frase é então repetida por um terceiro instrumento de cordas e aí tudo mergulha numa sequência maravilhosa, um andantino, doucement expressif. Um quarteto de cordas, música como ele nunca houvera experimentado. Como eu desejei essa música.
O contador dessa história é Érico Veríssimo, um dos nomes mais importantes da (nossa e dos outros também) literatura. Aqui está o trecho das memórias de Erico, na íntegra: “Por aquele tempo eu havia descoberto – não me recordo em que velha gaveta, baú ou porão – um disco fonográfico quebrado, do qual restava apenas uma pequena superfície intacta, perto do rótulo azul, cujos dizeres estavam completamente ilegíveis, como se alguém os tivesse obliterado com a ponta dum prego. Por curiosidade coloquei o disco mutilado na minha vitrola, e pouco depois o que saiu de seu alto-falante, em meio de estalidos e crepitações, foi uma frase musical duma esquisita e inesperada beleza, que me enfeitiçou: a viola desenhava a linha melódica dum andante, cuja melodia me ficou gravada na memória. Que era tocada por um quarteto de cordas, não havia a menor dúvida. Também eu estava certo de que não ouvia a voz de Mozart nem a de Beethoven. Brahms, quem sabe? Não. A música me falava francês e não alemão, italiano ou qualquer outra língua. A frase do quarteto me perseguiu obsessivamente durante todo aquele fim de 1930. Parecia descrever musicalmente o meu estado de espírito naquela época de minha vida: doce e preguiçosa melancolia e ao mesmo tempo um hesitante desejo de fuga ou, melhor, de ascensão…
Só quatorze anos mais tarde, quando já liberto da ópera — para ser preciso em 1944, em San Francisco da Califórnia — é que vim a saber que a frase mágica era o andantino doucement expressif do Quarteto de cordas em sol menor, de Claude Debussy”.
A busca pelo Quarteto de Debussy me levou à música de câmera francesa, que é fonte de muito prazer. É música de muita sofisticação e charme e vale profunda investigação. Lembro a postagem que fiz das Sonatas para Violino de Fauré, cujo Quarteto de Cordas, com o Quarteto de Ravel, completa um dos discos desta postagem. Este disco é interpretado pelo Quarteto Ébène e ganhou muitos prêmios na ocasião de seu lançamento. O disco merece todos os prêmios e certamente é uma referência atualíssima para esse rico repertório.
O local de gravação do disco do Quarteto Ébène é estonteante. La Ferme de Villefavard fica na região de Limousin (no Brasil, seria Limãozinho). É uma antiga granja originalmente construída no início do século passado e cuja renovação ficou ao cargo de Albert Yaying Xu, especialista em acústica de renome internacional.
Claude Debussy (1862-1918)
Quarteto de Cordas em sol menor, Op. 10
Animé et très décidé
Assesz vif et bien rythmé
Anadantino, doucement expressif
Très modéré – Très mouvementé
Gabriel Fauré (1845-1924)
Quarteto de Cordas em mi menor, Op. 121
Allegro moderato
Andante
Allegro
Maurice Ravel (1875-1937)
Quarteto de Cordas em fá maior
Allegro moderato – Très doux
Assez vif – Très rythmé
Très lent
Vif et agite
Quatuor Ebène
Pierre Colombet, violino
Gabriel Le Magadure, violino
Mathieu Herzog, viola
Raphaël Merlin, violoncelo
Gravação: Ferme de Villefavard, Limousin, França, 2008
No entanto, decidi também fazer uma homenagem aos antigos LPs e escolher um deles para ser postado ao lado da gravação mais recente. Após muitas horas de (prazerosa) procura, ouvindo várias gravações, este, aquele e aquele outro, fiquei entre duas opções: Quarteto Italiano e Quarteto Budapest. Vejam, nos dias dos LPs, os quartetos de Ravel e Debussy eram assim, irmãos gêmeos, assim como os concertos para piano de Schumann e de Grieg.
A interpretação do Quarteto Italiano é justamente famosa e o disco impressiona pela espetacular beleza sonora. No entanto, a capa do LP original, mais o grão de rusticidade que percebo na versão do Budapest Quartet, me fizeram pender para ele. Creio que o contraste com a gravação do QE será mais impactante. Ganha um doce quem descobrir na foto da capa do CD quais são os irmãos Schneider.
Vá, baixe os discos, ouça música e mergulhe nessa transversal de cultura. Leia os livros do Veríssimo, pai. Tudo bem, leia o filho que também é muito bom.
Uma alusão à música espanhola nos traz à memória uma variedade de ritmos e estilos que vão do violão clássico, passando pelo flamenco, zarzuela e outros. Esses ritmos e estilos inspiraram compositores de Espanha e de outros países também.
Como não pensar no Capricho Espanhol, de Rimsky-Korsakov, na ópera Carmen, de Bizet ou no balé El amor brujo, de Manuel de Falla?
A música tem esse poder de evocar lembranças em todos os nossos sentidos: sons, cores, temperatura e sabores – tudo junto e misturado.
O disco desta postagem nos transporta para um mundo de paixões e misticismo. Você identificará em cada faixa algum aspecto da cultura espanhola e ficará surpreso ao perceber que nem todas as peças foram compostas por espanhóis.
O disco merece ser ouvido muitas vezes. Primeiro por sua simples beleza e sensualidade. Depois você perceberá a altíssima qualidade técnica do pianista Stephen Hough, um dos melhores em atividade.
A maneira como o disco foi concebido, desfilando compositores espanhóis, fraceses e de outras nacionalidades, mas também guardando alguma ordem cronológica mostra o cuidado da produção.
A sonata do padre Antonio Soler nos lança imediatamente no clima de ritmos empolgantes, de clara evocação espanhola. Soler aprendeu muita coisa com o Domenico Scarlatti!
A sequência também apresenta peças mais poéticas, onde ritmos mais dolentes revelam o caráter apaixonado da cultura espanhola.
Os compositores franceses agregam muita sofisticação e refinamento ao disco.
As últimas faixas exibem o aspecto virtuosístico do pianista que compôs a última delas. É a técnica colocada ao serviço da música (e do nosso prazer), não o contrário.
O selo Hyperion é mais uma garantia de qualidade na produção sonora, nas notas do livreto e na escolha da (magnífica) capa. Veja o que disse a Classic CD sobre o álbum: “This is a terrific disc. A master pianist reminds us that the piano can delight, surprise and enchant!”
Stephen Hough’s Spanish Album
Antonio Soler (1729-1783) – Sonata em fá sustenido maior
Enrique Granados (1867-1916) – Valses poéticos
Isaac Albéniz (1860-1909) – Evocación, do livro I, de Iberia
Isaac Albéniz – Triana, do livro II, de Iberia
Frederico Mompou (1893-1987) – Pájaro triste, de Impressiones íntimas
Frederico Mompou – La barca, de Impressiones íntimas
Frederico Mompou – Secreto, de Impressiones íntimas
Frederico Mompou – Gitano, de Impressiones íntimas
Federico Longas (1893-1968) – Aragón
Claude Debussy (1862-1918) – La soirée dans Grenade, de Estampes
Claude Debussy – La sérenade interrompue, dos Préludes, livro I
Claude Debussy – La Puerta del Vino, dos Préludes, livro II
Maurice Ravel (1875-1937) – Pièce em forme de Habanera, arranjo de Maurice Dumesnil (1886-1974)
Isaac Albéniz – Tango, arranjo de Leopold Godowsky (1870-1938)
Franz Xaver Scharwenka (1850-1924) – Spanisches Ständchen, Op. 63, 1
Walter Niemann (1876-1953) – Evening in Seville, Op. 55, 2
O Brasil recebeu, no pós-guerra, diversos músicos que vieram da Europa para atuar na Orquestra Sinfônica Brasileira (criada por iniciativa de José Siqueira em 1940) e que se tornaram destaques em seus respectivos instrumentos: o francês Noel Devos no fagote, o tcheco Bohumil Med na trompa, a também francesa Odette Ernest Dias na flauta, para ficar só nesses.
Neste post, rendo tributo ao violista húngaro que adotou o nome de Perez Dworecki (1920-2011, não descobri o nome de batismo dele) postando seu CD mais recente (de uns cinco anos atrás). Ao longo do ano apresentarei discos dos demais músicos.
Esta coletânea abrange do barroco europeu ao nacional contemporâneo (diferente de outras que Dworecki lançou, focadas totalmente no repertório made in Brazil) e recebeu o nome a partir de uma peça composta especialmente pelo paulista Achille Picchi. Deixo as apreciações adicionais por vossa conta.
Boa audição porque já tô pensando no próximo CD, também de viola (mas viola caipira).
***
Gaiato: Perez Dworecki
Vivaldi
1. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Largo
2. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Allegro
3. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Largo
4. Sonata Para Viola E Piano (Original Para Violoncelo): Allegro
Veracini
5. Largo
Vieuxtemps
6. Elegie
Grieg
7. Sonata (Andante Molto Tranqüilo): Op. 36 (Original Para Violoncelo)
Ravel
8. Berceuse (Sobre O Nome de Gabriel Fauré)
Achron
9. Melodia Hebraica
Kreisler
10. Liebesleid
Breno Blauth
11. Sonata (Para Viola E Piano): Dramático
12. Sonata (Para Viola E Piano): Evocativo
13. Sonata (Para Viola E Piano): Agitado
Uns gostam de sinfonias, outros de ópera, outros ainda gostam de quartetos de cordas. Como dizem essas camisetas que compramos para presentear os cunhados, eu gosto de todas! Mas, tenho um particular gosto por concertos para piano. Vá lá, concertos para cravo também, que tudo começou com o Johann Sebastian Bach. Melhor ainda se interpretados ao piano.
Depois de Mozart (mais de vinte), Beethoven (cinco e meio) e Brahms (dois), o número de concertos por compositor foi caindo. É verdade que a exigência em qualidade e, principalmente, originalidade, aumentou muito. A comparação com as obras precedentes já estabelecidas é apenas um dos muitos desafios que um compositor precisa enfrentar se quiser compor um novo concerto.
Outro grande desafio é iniciar a obra ganhando a atenção e a aceitação do público. Como prender a atenção de todos nos primeiros dez, vinte segundos nos quais a peça é lançada ao ar da sala de concerto ou do auditório?
Prokofiev, no seu genial Concerto para Piano No. 3, inicia com uma lindíssima e sedutora melodia no primeiro clarinete. Golpe de mestre! Mas o compositor da postagem é Ravel. Ele lança seu concerto em sol maior com um estalo de chicote! Eu sempre imaginava o maestro olhando para o carroceiro Alfio, emprestado da ópera Cavalleria Rusticana de Mascagni, pronto para estalar seu poderoso chicote. Bem menos interessante que isso, o chicote usado nas orquestras consiste de duas tabuinhas que o percussionista bate uma na outra, fazendo estalar o chicote. E aí segue o solista mandando ver no teclado, glissandos para cima e para baixo.
Isto é só o começo. Como o concerto foi composto em Paris, entre 1929 e 1931, jazz estava nos ares da cidade. Até o Pixinguinha andou por lá, como nos ensinou o Pleyel. A influência do jazz torna o concerto muito moderno, mas também muito bonito.
O movimento lento inicia com o maestro e toda a orquestra só escutando o solista por uns bons minutos, num dos trechos mais bonitos composto para piano. Só bem depois é que a flauta e outros instrumentos de sopro se juntam ao solista. É de arrepiar!
O último movimento é para fechar os trabalhos com brilho e alegria, assim como Mozart fez em seus concertos, mas aqui com uma dose jazzística de modernidade.
Na sequência do disco, o Concerto para Mão Esquerda, composto na mesma época que o Concerto em sol maior, mas são assim como Esaú e Jacó esses dois irmãos. Em outra postagem falarei mais desse outro concerto, prometo.
Para apresentar essas maravilhas do século XX, a postagem traz Jean-Philippe Collard, ótimo pianista. Suas gravações de Rachmaninov dessa mesma época são excelentes. A Orquestra Nacional Francesa é regida nesta gravação por Lorin Maazel e o disco ganhou o Prêmio da Gramophone de 1980, na categoria de Concerto.
Para completar o CD algumas peças para piano solo, fechando com um arranjo para dois pianos de La valse, faixa na qual Michel Beroff se junta ao Collard.
Há outras (lendárias) gravações do concerto em sol maior, como a do Arturo Benedetti Michelangeli e a da Martha Argerich, em especial a que faz dobradinha com o Concerto No. 3 de Prokofiev. Mas hoje, o Collard é o cara da postagem.
Se o Divertimento de Stravinsky não é lá essas coisas, as Sonatas de Ravel e Prokofiev são das melhores coisas escritas para violino e piano no século XX.
O baixinho Ravel escreveu sua Sonata Nº 2 para Violino e Piano entre 1923 a 1927. Ele foi inspirado pela música norte-americana — leia-se jazz e blues. Acontece que a clássica banda de blues de W.C. Handy exibiu o estilo do blues de St. Louis em Paris. Ravel ouviu e foi enfeitiçado. Meu deus, ouçam a maravilha que é o movimento Blues desta Sonata. Elementos de jazz também podem ser encontrados no Concerto para a Mão Esquerda e outros trabalhos.
A notável Sonata Nº 2 para Violino e Piano, Op. 94a, de Prokofiev, foi baseada em sua irmã gêmea para Flauta e Piano (1942) e arranjada para violino em 1943, quando Prokofiev vivia em Perm, nos Montes Urais, um abrigo remoto para artistas soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial. Prokofiev transformou o trabalho em uma sonata de violino por sugestão de seu célebre amigo, o violinista David Oistrakh. Minha mulher, que é uma violinista russa, toca maravilhosamente bem esta obra-prima.
Igor Stravinsky (1882-1971): Divertimento | Maurice Ravel (1875-1937): Sonata Nº 2 para Violino e Piano | Sergei Prokofiev (1891-1953): Sonata para Violino e Piano
Esta caixa foi uma de minhas principais aquisições no último ano. Traz dois excepcionais músicos franceses, Samson François e Andre Cluytens, um pianista e outro maestro, tocando exclusivamente Ravel.
O pianista francês Samson François foi um dos grandes nomes de seu instrumento na França. Suas gravações são altamente conceituadas e admiradas até hoje, mesmo passados quase cinquenta anos de sua morte, em 1970. Filho de diplomata francês , nasceu em Frankfurt e já desde os dois anos de idade já demostrava interesse pelo piano. Foi aluno de Alfred Cortot e Nadia Boulanger.
Nesta série de CDs que vou lhes trazer, o repertório é exclusivamente dedicado a Maurice Ravel. Na parte orquestral, ele está muito bem acompanhado por outro gigante francês dos palcos, Andre Cluytens. Falaremos mais sobre este maestro mais a frente.
Neste dois primeiros CDs temos a magnífica “Pavane pour une infante défunte”, talvez a mais bela obra composta por Ravel, de uma delicadeza e sensibilidade únicas as “Valses nobles et sentimentales”, “Gaspard de la nuit”. François era muito meticuloso e detalhista em suas interpretações, perfeccionista, eu diria, alguns podem achar que falta um pouco de coração e emoção em algumas obras exatamente devido a esta busca pela perfeição. Mas sabemos que nada é perfeito, por mais próximo que possa atingir deste nível.
CD 1
01. Ravel Pavane pour une infante défunte, M. 19
02. Ravel Jeux d’eau, M. 30
03. Ravel Menuet antique, M. 704.
04. Ravel Miroirs, M. 43 I. Noctuelles (Très léger)
05. Ravel Miroirs, M. 43 II. Oiseaux tristes (Très lent)
06. Ravel Miroirs, M. 43 III. Une barque sur l’océan (D’un rythme souple)
07. Ravel Miroirs, M. 43 IV. Alborada del gracioso (Assez vif)
08. Ravel Miroirs, M. 43 V. La Vallée des cloches (Très lent)
09. Ravel Sonatine, M. 40 I. Modéré
10. Ravel Sonatine, M. 40 II. Mouvement de menuet
11. Ravel Sonatine, M. 40 III. Animé
12. Ravel Ma Mère l’Oye, M. 60 I. Pavane de la Belle au bois dormant (For Piano 4-Hands)
13. Ravel Ma Mère l’Oye, M. 60 II. Petit Poucet (For Piano 4-Hands)
14. Ravel Ma Mère l’Oye, M. 60 III. Laideronnette, Impératrice des pagodes (For Piano 4-Hands)
15. Ravel Ma Mère l’Oye, M. 60 IV. Les Entretiens de la Belle et de la Bête (For Piano 4-Hands)
16. Ravel Ma Mère l’Oye, M. 60 V. Le Jardin féérique (For Piano 4-Hands)
17. Ravel Menuet sur le nom de Haydn, M. 58
CD 2
18. Ravel Gaspard de la nuit, M. 55 I. Ondine
19. Ravel Gaspard de la nuit, M. 55 II. Le gibet
20. Ravel Gaspard de la nuit, M. 55 III. Scarbo
21. Ravel Valses nobles et sentimentales, M. 61 I. Moderé et très franc
22. Ravel Valses nobles et sentimentales, M. 61 II. Assez lent et avec une expression intense
23. Ravel Valses nobles et sentimentales, M. 61 III. Moderé
24. Ravel Valses nobles et sentimentales, M. 61 IV. Assez animé
25. Ravel Valses nobles et sentimentales, M. 61 V. Presque lent, dans un sentiment intime
26. Ravel Valses nobles et sentimentales, M. 61 VI. Vif
27. Ravel Valses nobles et sentimentales, M. 61 VII. Moins vif
28. Ravel Valses nobles et sentimentales, M. 61 VIII. Épilogue (Lent)
29. Ravel Prélude, M. 65
30. Ravel À la manière de Chabrier, M. 632
31. Ravel À la manière de Borodine, M. 631
32. Ravel Le Tombeau de Couperin, M. 68 I. Prélude
33. Ravel Le Tombeau de Couperin, M. 68 II. Fugue
34. Ravel Le Tombeau de Couperin, M. 68 III. Forlane
35. Ravel Le Tombeau de Couperin, M. 68 IV. Rigaudon
36. Ravel Le Tombeau de Couperin, M. 68 V. Menuet
37. Ravel Le Tombeau de Couperin, M. 68 VI. Toccata
Ravel e com um de seus principais intérpretes, Charles Munch. Já fazia tempo que eu queria renovar o link do “Daphnis et Chloé”, mas sempre acontecia alguma coisa que impedia. Vamos ver se agora sai. Charles Munch gravou “Daphnis et Chloé” de Ravel com a Boston Symphony e até hoje ninguém conseguiu superá-lo. É para se ouvir de joelhos, e agradecer aos céus eternamente por nos ter proporcionado momento tão especial na Terra. Imperdível é pouco. Uma das maiores gravações da história da indústria fonográfica, com certeza.
Até conhecê-la, eu me satisfazia com a gravação que o Abbado fez nos anos 70 com a Sinfônica de Londres, ou a gravação do Dutoit com a Orquestra de Montreal. Ambas são excelentes. Mas a delicadeza com que Munch explora as sutilezas da obra é o grande diferencial.
Comparem a primeira faixa, “Invocation to the Nymphs” desta versão com a versão mais light do Dutoit. Munch não joga leve não, mas por incrível que possa parecer, em momento algum sua mão é pesada. A suavidade das passagens que precisam ser suaves, as nuances das cordas, o empenho dos sopros, não há como não se transportar no tempo e se imaginar nos campos gregos, vendo os faunos e as ninfas descansando ao sol, na beira de rios, o soprar de uma leve brisa… insuperável, em minha opinião.
Sobre Daphnis e Chloé, a Wikipedia diz:
“Daphnis et Chloé é um balé, em um ato, com música de Maurice Ravel e baseado em um romance pastoral do século II. Em 1909 foi encomendado a Ravel por Sergei Diaguilev para os seus “Ballets Russes”. Com coreografia de Mikhail Fokine, levou três anos para ser criado. É definida por Ravel como uma “Sinfonia Coreográfica”. É uma obra da corrente musical impressionista.
Índice
A criação
Durante a primeira temporada dos Ballets Russes em Paris, no ano de 1909, o seu diretor, Sergei Diaguilev, tomou conhecimento de algumas músicas de Maurice Ravel. Impressionado com o seu talento, encomendou a partitura de um balé, “Daphnis et Chloé”, baseado em um romance pastoral do poeta grego Longus, que viveu no século II. Recomendou a Ravel que trabalhasse junto a Mikhail Fokine que seria o responsável pela coreografia do bailado. Ravel com seu estilo de trabalho meticuloso e bem cuidado, levou três anos para concluir a obra. Durante este tempo, algumas desavenças entre ele e Fokine aconteceram, principalmente no que dizia respeito ao cenário. Porém, conseguiram entrar em um acordo e os ensaios iniciaram. Nos ensaios também aconteceram alguns problemas, já que a partitura foi considerada difícil de ser dançada pelo corpo de baile.
A estreia
A estréia se deu em Paris, no Théâtre du Châtelet, no dia 8 de junho de 1912, com Nijinsky e Karsavina nos papéis principais (Daphnis e Chloé, respectivamente). O Regente foi Pierre Monteux. O cenografia e os costumes ficaram a cargo de Léon Baskt. A corografia era de Mikhail Fokine.
A sinopse do balé
A primeira cena é passada em um bosque sagrado, dedicado ao deus Pan. Vê-se a figura de Pan e as suas ninfas alojadas em suas cavernas. Daphinis e Chloé, juntos com donzelas e pastores, entram em cena para fazer a oferta das oferendas às ninfas. Uma dança geral é iniciada e os rapazes e as moças ficam separados. Daphnis é cercado pelas moças, enquanto Chloé é cercada pelos rapazes. Um deles, o jovem Dorcon, tenta beijar Chloé. Irado, Daphnis tenta expulsá-lo, mas é contido. Uma disputa então é proposta: quem dentre os dois melhor dançar fará jus a um beijo de Chloé. O primeiro a dançar é Dorcon. Sua dança é grotesca e primitiva. Em seguida, é a vez de Daphnis. Com movimentos e gestos graciosos, ele é o preferido da multidão. Ele é declarado vencedor e recebe o seu prêmio: um beijo da sua amada. Chloé sai de cena, deixando Daphnis em êxtase. Uma jovem de nome Lyceion então se aproveita para atrair Daphnis com sua dança. De repente, sons de combate são ouvidos. Um bando de piratas entra em cena, perseguindo as donzelas. Chloé é raptada e Daphnis sem poder fazer alguma coisa cai, sem sentidos. As ninfas de Pan surgem e tentam reanimá-lo, sem sucesso. Então, recorrem ao deus Pan. Surge outro cenário, retratando o esconderijo dos piratas. Chloé é levada a presença do chefe dos piratas, Bryaxis. Ela é forçada a dançar para ele. Sem ter como fugir, ela se prepara para iniciar a dança, quando o cenário se enche de luzes misteriosas. Sátiros surgem de todas as partes e cercam os piratas. Surge, então, a figura assustadora do deus Pan, fazendo com que os piratas fujam de pavor. Retorna-se ao primeiro cenário. Daphnis e Chloé estão juntos novamente. Em comemoração ao momento vivido, eles encenam uma mímica em que são evocados Pan e Syrinx. Em seguida, todos juntos executam uma grande dança em comemoração às núpcias, encerrando a peça.
A obra
A peça possui um só ato, dividido em três partes. Cada parte é relativa a um cenário. O tempo de duração da encenação é de uma hora. Uma grande orquestra é requerida, com um coro, que canta sem texto. Para a execução sem bailado, Ravel criou uma suíte orquestral dividida em duas partes, sendo a segunda a mais popular e sempre executada nas salas de concertos ao redor do mundo.”
Eu já falei que esta gravação é espetacular?
Maurice Ravel (1875-1937) – Daphnis Et Chloe (complete)
01 – Invocation To The Nymphs
02 – Entrance Of Daphnis And Chloe
03 – Dance Of The Young Girls Around Daphnis
04 – Dorcon’s Advance To Chloe
05 – Daphnis Reasserts His Love For Chloe
06 – Dorcon’s Grotesque Dance
07 – The Gracious Dance Of Daphnis
08 – The Triumph Of Daphnis And The Ecstatic Union With Chloe
09 – Entrance Of The Tempress Lyceion And Dance Of Veils
10 – The Invasion Of The Pirates
11 – Invocation To Pan By The Nymphs And The Prayer Of Daphnis
12 – Interlude
13 – The Orgiastic Dance Of The Pirates
14 – Bryaxis Orders Chloe To Be Brought Forward And To Dance
15 – Chloe’s Dance Of Supplication
16 – Creatures Of Pan Appear And Frighten The Pirates
17 – Sunrise, Daphins Prostrate At The Grotto Of The Nymphs
18 – Daphnis And Chloe Are Reunited
19 – Lammon Tells How Pan Saved Chloe
20 – Pan (Daphnis) Fashions A Flute From Some Reeds
21 – Abandoning Their Roles
22 – Girls Dressed As Bacchantes Enter With Tambourines
23 – Young Men Invade The Scene
Acho que esses três CDs trazem algumas das obras que alguns dos senhores estão aguardando ansiosamente .
Começando por “Daphnis Et Chloé”, na premiada versão de Charles Dutoit lá no início dos anos 70, e considerada uma da melhores versões dessa obra, passando pela “Pavane pour une infante défunte”, uma das mais belas obras de Ravel, obviamente o “Bolero” está presente, assim como o “Concerto para Piano”, com a jovem Martha Argerich e seu fiel colaborador Claudio Abbado, ah, os anos 70 … enfim, são três CDs absolutamente “IM-PER-DÍ-VEIS !!!
Estamos entrando na reta final desta caixa. Sei que os senhores estão gostando pelo número de downloads. Mas dá trabalho postar tanto CD assim, viu? Esse material está guardado me um HD externo que de vez em quando resolve não querer trabalhar, então de vez em quando a coisa é meio tensa..
Mas vamos ao que viemos.
CD 9
01 – Daphnis et Chloé – 1ère Partie – I. Introduction et Danse religieuse
02 – Daphnis et Chloé – 1ère Partie – II. Danse générale
03 – Daphnis et Chloé – 1ère Partie – III. Danse grotesque de Dorcon
04 – Daphnis et Chloé – 1ère Partie – IV. Danse légère et gracieuse de Daphnis
05 – Daphnis et Chloé – 1ère Partie – V. Danse de Lycéion
06 – Daphnis et Chloé – 1ère Partie – VI. Danse lente et mystérieuse
07 – Daphnis et Chloé – 2ème Partie – I. Introduction
08 – Daphnis et Chloé – 2ème Partie – II. Danse guerrière
09 – Daphnis et Chloé – 2ème Partie – III. Danse suppliante de Chloé
10 – Daphnis et Chloé – 3ème Partie – I. Lever du jour
11 – Daphnis et Chloé – 3ème Partie – II. Daphne et Chloé miment l’aventure de Pan
12 – Daphnis et Chloé – 3ème Partie – III. Danse générale
13 – Pavane pour une infante défunte
14 – La Valse
Orchestre Symphonique de Montréal
Charles Dutoit
CD 10
01. Ravel Piano Concerto In G 1. Allegramente
02. Ravel Piano Concerto In G 2. Adagio Assai
03. Ravel Piano Concerto In G 3.Presto
Martha Argerich – Piano
04. Ravel Piano Concerto For The Left Hand In D
Michel Beroff
05. Ravel Menuet Antique – For Orchestra Maestoso
06. Ravel Le Tombeau De Couperin – Orchestral Version 1. Prélude
07. Ravel Le Tombeau De Couperin – Orchestral Version 2. Forlane
08. Ravel Le Tombeau De Couperin – Orchestral Version 3. Menuet
09. Ravel Le Tombeau De Couperin – Orchestral Version 4. Rigaudon
10. Ravel Valses Nobles Et Sentimentales 1. Modéré – Très Franc
11. Ravel Valses Nobles Et Sentimentales 2. Assez Lent – Avec Une Expression
12. Ravel Valses Nobles Et Sentimentales 3. Modéré
13. Ravel Valses Nobles Et Sentimentales 4. Assez Animé
14. Ravel Valses Nobles Et Sentimentales 5. Presque Lent – Dans Un Sentiment
15. Ravel Valses Nobles Et Sentimentales 6. Assez Vif
16. Ravel Valses Nobles Et Sentimentales 7. Moins Vif
17. Ravel Valses Nobles Et Sentimentales 8. Epilogue (Lent)
London Symphony Orchestra
Claudio Abbado
CD 11
01. Fanfare pour ‘L’Eventail de Jeanne’ (1927)
02. Bolero (1928)
03. Alborada del gracioso (1905, orch. 1918)
04. Ma Mere L’Oye, Complete ballet – Prélude
05. Ma Mere L’Oye, Complete ballet – Danse du rouet et Scène
06. Ma Mere L’Oye, Complete ballet – Pavane de la Belle aus bois dormant
07. Ma Mere L’Oye, Complete ballet – Les Entretiens de La Belle et de la Bête
08. Ma Mere L’Oye, Complete ballet – Petit Poucet
09. Ma Mere L’Oye, Complete ballet – Laideronnete, impératrice des pagodes – Aphotéose: Le Jardin féerique
10. Une barque sur l’ocean
11. Rapsodie espagnole (1908) – Prelude a la nuit, Malaguena, Habanera, Feria
Menahen Pressler (1923) tem uma carreira gloriosa, marcada pelos 53 anos como líder do esplêndido Beaux Arts Trio (1955 – 2008), certamente o melhor trio de todos os tempos. Pois agora, aos 94 anos, Pressler vem com sua extrema classe lançar seu sexto disco solo. Aliás, todos os seus discos solo foram elogiadíssimos — e gravados após os 90 anos do pianista. Curta com todo o cuidado o mestre. Não precisa mexer no volume, deixe Pressler agir. Aos 94 anos, ele está no auge, desfilando enorme sensibilidade num repertório nada simples. Se você tiver alguma dúvida, ouça as peças mais famosas do CD. Clair de Lune reaparece belíssima com uma dinâmica única. Já a Pavana para uma Infanta Morta, transformada em peça kitsch por alguns abusadores de melodias — principalmente jazzmen –, resplandece renascida, novinha, digna e linda nas mãos deste mágico. Acho que é obrigatório ouvir — e provavelmente curvar-se a — Pressler. Uma aula de estilo e sutileza.
Debussy / Fauré / Ravel: Várias Peças com Menahem Pressler
Debussy
1 Arabesque No.1 (From Deux Arabesques, L. 66) 5:27
2 Rêverie, L. 68 5:24
3 Clair De Lune (From Suite Bergamasque, L. 75) 6:14
4 The Little Shepherd (From Childrens’s Corner, L. 113) 3:15
5 La Plus Que Lente, L. 121 5:53
Préludes Book I, L. 117
6 Danseuses De Delphes 3:49
7 Voiles 5:01
8 La Fille Aux Cheveux De Lin 3:11
9 La Cathédrale Engloutie 7:33
10 Minstrels 2:33
Fauré
11 Barcarolle No. 6 In E Flat Major, Op. 70 5:30
Ravel
12 Pavane Pour Une Infante Défunte, M. 19 7:45
13 Oiseaux Tristes (From Miroirs, M. 43) 5:13
Nosso leitor Breno agradeceu nos comentários a possibilidade de conhecer outras obras de Ravel que não sejam o famigerado Bolero, o Daphné et Chloe ou a Rapsódia Espanhola. Pois ele capturou o espírito da coisa. Esse é o objetivo desta coleção, e desta postagem: mostrar que Ravel compôs muito mais que as obras mais gravadas e conhecidas.
E para dar continudade a esta “descoberta” trago mais três cds desta belíssima coleção da DECCA, dedicadas a voz. São várias peças, uma mais curiosa, interessante e bela que outra. Começa com poemas de Mallarmé, na voz de Felicity Palmer, passando por alguns outros poetas menos conhecidos, e até mesmo Cecilia Bartoli aparece por aqui. São pequenas peças, algumas muito delicadas. Vale cada minuto gasto em sua audição.
CD 6
1-3 Trois Poèmes de Stéphane Mallarmé
4-6 Chansons madécasses
7-11 07. Histoires natruelles
Felicity Palmer – Soprano
John Constable – Piano
The Nash Essemble
Simon Rattle
CD 7
01. Ballade de la reine morte d’aimer
02. Ronsard à son ame
03. Un grand sommeil noir
04. Chanson du rouet
05. Noel des Jouets
06. Deux Épigrammes de Clément Marot 1
07. Deux Épigrammes de Clément Marot 2
08. Sainte
09. Don Quichotte à Dulcinée 1
10. Don Quichotte à Dulcinée 2
11. Don Quichotte à Dulcinée 3
12. Manteau de fleurs
13. Si morne
14. Reves
15. Les grand vents venus d’outremer
16. Sur l’herbe
Inva Mula – Soprano 1
David Abramovitz – Piano 1-5, 12-14
Laurent Naouri – Baritone 2,3
Claire Brua – Mezzo Soprano 4,5 14
Dalton Baldwin – Piano 6-11, 15-16
Gérard Souzay – Baritone 8-11, 15-16
Válérie Millot – Soprano 12, 13
CD 8
01. 01. Shéhérazade – ouverture féerie
Orchestre Symphonique du Montréal
02. Shéhérazade – Trois Poèmes de Klingsor – I. Asie
03. Shéhérazade – Trois Poèmes de Klingsor – II. La Flûte enchantée
04. Shéhérazade – Trois Poèmes de Klingsor – III. L’Indiférent
Régine Créspin – Soprano
L´Orchestre de la Suisse Romande
Ernest Ansermet – Conductor
05. Deux Mélodie hébraïques – I. Kaddisch
06. Deux Mélodie hébraïques – II. L’Énigme éternelle
07. Trois Poèmes de Stéphane Mallarmé – I. Soupir
08. Trois Poèmes de Stéphane Mallarmé – II. Placet futile
09. Trois Poèmes de Stéphane Mallarmé – III. Surgi de la croupe et du bond
Suzanne Danco – Soprano
L´Orchestre de la Suisse Romande
Ernest Ansermet – Conductor
10. Trois Chansons – I. Nicolette
11. Trois Chansons – II. Trois Beaux oiseaux du Paradis
12. Trois Chansons – III. Ronde
Monteverdi Choir
Nicola Jenkin, Susan Gritton – Soprano
Nicolas Robertson – Tenor
Julian Clarkson – Baritone
John Elliot Gardiner
13. Tzigane
Joshua Bell – Violin
Royal Philharmonic Orchestra
Andrew Litton – Conductor
Estes dois cds com a produção de música de câmara de Ravel são belíssimos, não apenas pela qualidade da música, mas principalmente pelos músicos e opções escolhidas.
Começando pela famosa “Tzigane”, onde a violinista Chantal Juillet, desconhecida por mim até agora, dá um show, acompanhada por Pascal Rogé, que toca uma espécie de piano chamado Lutheal. Detalhe: a Tzigane foi originalmente composta por Ravel para o violino ser acompanhado exatamente por um Luthéal Piano. Maiores detalhes sobre esse instrumento os senhores podem encontrar na Wikipedia. A participação da violinista Chantal Juillet é um detalhe a parte. Sua técnica é impecável, que nos mostra uma instrumentista madura, segura de sua capacidade e virtuosismo.
A “Sonata Posthume pour Violin et Piano” também é lindíssima, Novamente a parceria Juillet / Rogé funciona perfeitamente, assim como na pouquíssimo gravada “Sonate pour Violin et Violoncello”, onde Chantal junta-se ao violoncelista Truls Mork, um dos grandes nomes do instrumento de sua geração.
O segundo CD também é belíssimo, mas ali a coisa engrossa mesmo, com a presença do Melos Quartet e do Beaux Ars Trio. Gente grande tocando música de gente grande.
CD 4
01 – Tzigane
02 – Pièce en forme de habanera
03 – Sonate posthume pour violin et piano [1897]
04 – Berceuse sur le nom de Gabriel Fauré
05 – Sonate pour violon et violoncelle – I. Allegro
06 – Sonate pour violon et violoncelle – II. Très vif
07 – Sonate pour violon et violoncelle – III. Lent
08 – Sonate pour violon et violoncelle – IV. Vif, avec entrain
09 – Kaddish (transcr. Lucien Garban)
10 – Sonate pour violin et piano – I. Allegretto [1927]
11 – Sonate pour violin et piano – II. Blues; Moderato
12 – Sonate pour violin et piano – III. Perpetuum mobile; Allegro
Chantal Juillet – Violin
Pascal Rogé – Piano, Piano Luthéal
Truls Mork – Cello
01. Ravel String Quartet In F Major (1903) 1. Allegro Moderato. Très Doux
02. Ravel String Quartet In F Major (1903) 2. Assez Vif. Très Rythmé
03. Ravel String Quartet In F Major (1903) 3. Très Lent
04. Ravel String Quartet In F Major (1903) 4. Vif Et Agité
Melos Quartet
05. Ravel Introduction And Allegro
Osian Ellis – Harp
Melos Quartet
06. Ravel Piano Trio In A Minor 1. Modéré
07. Ravel Piano Trio In A Minor 2. Pantoum (Assez Vif)
08. Ravel Piano Trio In A Minor 3. Passacaille (Très Large)
09. Ravel Piano Trio In A Minor 4. Final (Animé)
Novos Links !!! RECOMPACTEI O CD 3 E SUBI NOVAMENTE PARA O MEGA. ESPERO QUE AGORA ESTEJA OK !
Já ensaiei postar essa coleção há um tempo atrás, mas desisti. Vamos ver se agora vai.
A proposta da gravadora DECCA é interessante, e traz todas as gravações realizadas por esse selo das obras do genial compositor francês. Entre os intérpretes, figurinhas carimbadas desse repertório, como os maestros Charles Dutoit e Ernest Ansermet, e pianistas do nível de Martha Argerich, Jean-Ives Thibaudet e Pascal Rogé.
Começamos então com uma postagem tripla, trazendo os três cds com as obras para piano. Destaques? Thibaudet arrasando na “Pavane pour une infante defunte” e na “Sonatine”, e claro, Martha Argerich inspiradíssima nas “Valses nobles et sentimentales”.
CD 1
01 – Serenade grotesque
02 – Menuet antique
03 – Pavane pour une infante defunte
04 – Jeux d’eau
05 – Sonatine – I. Modere
06 – Sonatine – II. Mouvement de menuet
07 – Sonatine – III. Anime
08 – Menuet sur le nom de Haydn
09 – Prelude
10 – A la maniere de Borodine
11 – A la maniere de Chabrier
12 – Le Tombeau de Couperin- I. Prelude
13 – Le Tombeau de Couperin- II. Fugue
14 – Le Tombeau de Couperin- III. Forlane
15 – Le Tombeau de Couperin- IV. Rigaudon
16 – Le Tombeau de Couperin- V. Menuet
17 – Le Tombeau de Couperin- VI. Toccata
01 – Ma Mère L’oye – For Piano Duet _ 1. Pavane De La Belle Au Bois Dormant
02 – Ma Mère L’oye – For Piano Duet _ 2. Petit Poucet
03 – Ma Mère L’oye – For Piano Duet _ 3. Laideronnette, Impératrice Des Pa
04 – Ma Mère L’oye – For Piano Duet _ 4. Les Entretiens De La Belle Et De
05 – Ma Mère L’oye – For Piano Duet _ 5. Le Jardin Féerique
Pascal & Denise-Françoise Rogé – Pianos
06 – Frontispice For Two Pianos
Alfons & Aloys Kontarsky – Piano
09 – Rapsodie Espagnole – Arr. 2 Pianos By Ravel _ 1. Prélude À La Nuit
10 – Rapsodie Espagnole – Arr. 2 Pianos By Ravel _ 2. Malagueña
11 – Rapsodie Espagnole – Arr. 2 Pianos By Ravel _ 3. Habanera
12 – Rapsodie Espagnole – Arr. 2 Pianos By Ravel _ 4. Feria
13 – La Valse
Vladimir & Vovka Ashkenazy
14 – Debussy – Nocturnes – Transcription For Piano Duet By Maurice Ravel
15 – Debussy – Nocturnes – Transcription For Piano Duet By Maurice Ravel
16 – Debussy – Nocturnes – Transcription For Piano Duet By Maurice Ravel
Este primor de gravação é uma das melhores que já ouvi desta obra magnífica que é “Daphnes et Chloé”, de Maurice Ravel. O maestro suiço Charles Dutoit está impecável com sua Sinfônica de Montreal, uma parceria que durou algumas décadas e produziu inúmeras gravações altamente elogiadas.
Charles Munch realizou outra gravação matadora desta obra prima do compositor francês, lá nos anos 50, com a Sinfônica de Boston. Já a postei, não sei se o link ainda está ativo. Se estiver, não perca a oportunidade de baixar. Munch foi um dos maiores especialistas em Ravel do século XX.
Mas o Charles aqui é outro, o Dutoit. Além de “Daphnes et Chloé” temos outras duas pérolas de Ravel, “La Valse” e a sublime “Pavane pour une infante défunte”, uma das mais belas obras já compostas pelo ser humano. De arrepiar de emoção a intensidade que Dutoit extrai da Orquestra.
Espero que apreciem.
01. Introduction et Danse religieuse
02. Danse generale
03. Danse grotesque de Dorcon
04. Danse legere et gracieuse de Daphnis
05. Danse de Lyceion
06. Danse lente et mysterieuse
07. Introduction
08. Danse guerriere
09. Danse suppliante de Chloe
10. Lever du jour
11. Daphne et Chloe miment l’aventure de Pan et de Syrinx
12. Danse generale
13. Pavane pour une infante defunte
14. La Valse
Choeur et Orchestre Symphonique de Montréal
Charles Dutoit – Conductor
Este é mais um disco de Aimard do que de Boulez. O regente está burocrático, o pianista está demais. Raramente se ouve uma versão do concerto para piano (duas mãos) tão bem tocada, principalmente no Adagio Assai, típico movimento que parece simples, mas onde é fácil cair no precipício da vulgaridade. Pierre-Laurent Aimard é aquele tipo de músico que só grava quando tem a compreensão completa da peça. Ele busca a intimidade e apenas vai para o estúdio quando a obra está completamente analisada em cada detalhe dentro de sua concepção. Vi-o uma vez no Cadogan Hall em Londres. O cara é extraordinário.
Maurice Ravel (1875-1937): The Piano Concertos / Miroirs
1 Piano Concerto For The Left Hand In D – Lento – Andante – Allegro – Tempo 1 18:51
2 Piano Concerto In G – 1. Allegramente 8:30
3 Piano Concerto In G – 2. Adagio Assai 9:28
4 Piano Concerto In G – 3. Presto 4:24
5 Miroirs, M.43 – 1. Noctuelles 4:53
6 Miroirs – 2. Oiseaux Tristes 4:09
7 Miroirs – 3. Une Barque Sur L’océan 7:38
8 Miroirs – 4. Alborada Del Gracioso 6:31
9 Miroirs – 5. La Vallée Des Cloches 6:08
Pierre-Laurent Aimard
The Cleveland Orchestra
Pierre Boulez