BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – “Meeresstille und glückliche Fahrt”, Op. 112 – Sinfonia no. 5 em Dó menor, Op. 67 – Gustav Mahler (1860-1911): Sinfonia no. 10 em Fá sustenido maior – Boulez

A cantata “Mar Calmo e Viagem Próspera” está entre as mais concisas e menos conhecidas obras-primas de Beethoven. Dedicada a Goethe, que Ludwig idolatrava, baseou-se em dois breves poemas do mestre de Weimar – porque, sim, “Mar Calmo” não é sinônimo de “Viagem Próspera”, pelo menos para quem depende de velas para propelir suas embarcações. “Mar Calmo” descreve, assim, e com música quase estática, o medo mortal do marinheiro (não me arriscarei a traduções de Goethe, então googleiem aí):


Tiefe Stille herrscht im Wasser,
Ohne Regung ruht das Meer,
Und bekümmert sieht der Schiffer
Glatte Fläche rings umher.
Keine Luft von keiner Seite!
Todesstille fürchterlich!
In der ungeheuern Weite
Reget keine Welle sich”

O contraste com a “Viagem Próspera” não poderia ser mais vivo: uma erupção quase maníaca de euforia com os ventos que encerram a calmaria:

Die Nebel zerreißen,
Der Himmel ist helle,
Und Äolus löset
Das ängstliche Band.
Es säuseln die Winde,
Es rührt sich der Schiffer.
Geschwinde! Geschwinde!
Es teilt sich die Welle,
Es naht sich die Ferne,
Schon seh’ ich das Land!”

As semelhanças da “Viagem Próspera” com o finale da Nona Sinfonia são notáveis, quanto mais por compartilharem a mesma tonalidade (Ré maior) e serem imbuídas do mesmo frenético elã. Beethoven tinha essa breve cantata em muito alta consideração, pois de outra maneira não se arriscaria a dedicá-la a Goethe, que era notoriamente blasé no que tangia às tentativas de colocar seus poemas em música, e a quem escreveu:


… por causa de seus caráteres constrastantes, esses dois poemas me pareceram muito adequados para a expressão desse contraste em música. Ser-me-ia um deleite saber que uni minha harmonia com a sua de maneira apropriada”


Goethe, claro, nunca lhe respondeu.

ooOoo

Admito que esta não seja minha versão favorita da cantata – a favorita, na verdade, está aqui. Eu a trouxe porque ela me serve de pretexto para alcançar-lhes a famosa leitura que Pierre Boulez fez da indefectível Quinta de Beethoven. Fama não significa necessariamente aclamação, e a reputação de lentidão do primeiro movimento é, como ouvirão, justamente merecida. Boulez, sempre o enfant terrible, aborda ruminativa e pontilhisticamente o célebre Allegro con brio, mas comporta-se razoavelmente nos movimentos seguintes. O contraste da Quinta com o Mar Calmo e a Viagem Feliz que a seguem é, para dizer o mínimo, muito peculiar. E, como heterodoxia pouca é bobagem, resolveram que seria necessário preencher com música os vinte e tantos minutos que faltavam ao velho LP ocupar todo um CD, e alguém achou que seria uma boa ideia justapor o Adagio da incompleta sinfonia no. 10 de Mahler.

Pelo jeito, chá de fita era o que não faltava aos produtores da Columbia. E devia estar bem bom.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sinfonia no. 5 em Dó menor, Op. 67
Composta entre 1804-8
Publicada em 1809
Dedicada ao príncipe Lobkowitz e ao conde Andreas Razumovsky

1 – Allegro con brio
2 – Andante con moto
3 – Scherzo. Allegro
4 – Allegro

New Philharmonia Orchestra
Pierre Boulez, regência


“Meeresstille und Glückliche Fahrt”, cantata para solistas, coro e orquestra, Op. 112
Composta entre em 1814–5
Publicada em 1822
Dedicada a Johann Wolfgang von Goethe

5 – Meeresstille. Sostenuto – Glückliche Fahrt. Allegro vivace

John Alldis Choir
New Philharmonia Orchestra
Pierre Boulez, regência


Gustav MAHLER (1850-1911)

Sinfonia no. 10 em Fá sustenido maior (1910)
6 – Andante – Adagio

London Symphony Orchestra
Pierre Boulez, regência

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Falando em chá de fita…
BTHVN250, por René Denon

Vassily

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 5 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 5 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Comecei a frequentar os concertos de música erudita com a idade de 4 ou 5 anos. Meu pai me levava. Ele disse que, por uns 5 anos, eu sistematicamente dormia após dez minutos. Ele queria saber quando eu pararia com aquilo, ainda mais porque eu dizia que gostava de ir… Certamente gostava era da companhia dele, claro. Mas houve um dia em que eu passei a não mais dormir. Foi quando assisti uma 7ª Sinfonia de Beethoven regida por Pablo Kómlos. Aquilo era enlouquecedor. Uma sucessão de agitadas danças com aquele Alegretto no meio. (Bem, o Allegretto também é uma dança… É uma pavana, é Beethoven que começa a olhar para trás. A tradição desacelerou esse movimento, dando um aspecto demasiado fúnebre. A pavana é uma dança calma, contida). Ouvi hoje a 7ª e, pela enésima vez… Toda aquela primeira impressão permanece viva. Eu sou o mesmo, de certa forma. De certa forma bem distorcida. O mais louco dessa sinfonia louca é o Finale — um rock pauleira da época e uma das formas-sonata mais estapafúrdias da história da música.

Mas, gente, eu também gosto DEMAIS da subestimada oitava. Eita, sinfonia boa!

Antonini e orquestra dão um show especial aqui. Trata-se de um dos melhores registros que ouvi destas duas obras-primas!

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 5 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

CD5
01. Symphony No. 7 in A major, Op. 92: I. Poco sostenuto – Vivace
02. Symphony No. 7 in A major, Op. 92: II. Allegretto
03. Symphony No. 7 in A major, Op. 92: III. Scherzo – Presto
04. Symphony No. 7 in A major, Op. 92: IV. Allegro con brio

05. Symphony No. 8 in F major, Op. 93: I. Allegro vivace e con brio
06. Symphony No. 8 in F major, Op. 93: II. Allegretto scherzando
07. Symphony No. 8 in F major, Op. 93: III. Tempo di minuetto
08. Symphony No. 8 in F major, Op. 93: IV. Allegro vivace

Kammerorchester Basel
Giovanni Antonini

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PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Dó menor, Op. 111 [Beethoven – The Late Piano Sonatas – Hungerford]

A promessa furada de enviar “sem demora” as três sonatas encomendadas por Schlesinger começou a deixar de ser potoca quando Beethoven, já atrasadíssimo, começou a última delas, a Op. 111, antes mesmo de terminar a Op. 110. Depois de muito ruminar sobre o finale de sua antecessora, a rapidez com que escreveu sua derradeira sonata para piano foi impressionante – ela ficou pronta em poucas semanas e, a despeito de várias correções e reformulações que a transformaram no costumeiro caldo de garranchos, foi enviada logo em seguida ao editor Schlesinger. E quem a ouve – ou, como é meu caso, a reouve pela “incontavelésima” vez – fica com a impressão de que esta obra-prima só poderia mesmo ter sido escrita assim, num jorro contínuo de inspiração.

A atrapalhação de que se poupou na composição, Beethoven despendeu-a na dedicatória. Além de encerrar o ciclo de sonatas prometido para Schlesinger em Viena, a Op. 111 foi oferecida à firma de Muzio Clementi em Londres. Para ambos editores, Ludwig enviou o manuscrito com dedicatória a seu aluno, amigo e patrono, o arquiduque Rudolph da Áustria. Enquanto a obra estava no prelo, e talvez para compensar a babada de querer dedicar a sonata anterior a Antonie Brentano e acabar por ver a partitura publicada sem qualquer dedicatória, mudou de ideia e resolveu homenagear Brentano. Clementi mudou a dedicatária; Schlesinger, não. Assim, a sonata surgiu em Londres dedicada a sua talvez-mais-que-amiga, e em Viena, a seu amigo imperial.

A concentrada obra tem apenas dois movimentos, o que levou seus editores a perguntarem se algum outro não fora esquecido. Talvez Beethoven tenha planejado um terceiro, pois há anotações de um Presto seguindo-se à Arietta no primeiro manuscrito do Allegro de abertura. O fato é que nenhuma imaginação conseguiria conceber algo capaz de se seguir à pungente morte das notas finais da Arietta, na qual um longo tema é variado cinco vezes, com várias mudanças no já invulgar compasso de 9/16 que abre o movimento, passando por um notável, sincopado episódio que já foi chamado de proto-jazz, e isso setenta anos antes de qualquer coisa nesse sentido ser criada na Louisiana. Muito já se escreveu sobre a impossibilidade de apor um poslúdio à Op. 111, e de maneira especialmente famosa por Thomas Mann em seu Doutor Fausto, de modo que meu mal-amanhado texto não lhes fará perder mais tempo sobre o assunto.

Meu assunto será outro: o intérprete, talvez a maior descoberta que fiz na tremenda vasculhada que dei na discografia beethoveniana à cata de gravações que pudessem honrar o jubileu que comemoraremos em alguns dias mais.

Bruce Hungerford (1922-1977) era, também, um homem afeito a descobertas. Apesar de ter brilhado cedo ao teclado, suas raízes no improvável lugarejo de Korumburra, e a formação musical na remota Austrália fizeram-no ser visto com pouco caso por muita gente. Assim, e percebendo que talvez seu futuro não passasse pelos teclados, dedicou-se à paleontologia e à egiptologia, que lhe fizeram viajar muito mais do que qualquer coisa que tenha feito com um piano. Seu pedigree musical, no entanto, era dos melhores: estudou com Carl Friedberg, aluno de Clara Schumann e professor, para minha surpresa, da espetacular Nina Simone. Também estudou, inda que brevemente, com Ignaz Friedman, o que o colocou em linha pedagógica direta (através de Theodor Leschetizky e Carl Czerny) com Beethoven. Os rumos de sua carreira mudaram quando o produtor Maynard Solomon, também autor duma influente biografia de Ludwig convidou-o para gravar a obra completa do renano para o selo Vanguard. Hungerford aceitou e mudou-se para os Estados Unidos. Gravou rapidamente vinte e duas das trinta e duas sonatas, e só não completou a série pois, enquanto voltava de uma viagem com a família, um desastre automobilístico os matou.

O desaparecimento precoce e inesperado, somada a seu caráter introvertido e pouco afeito a vaidades, manteve Hungerford praticamente desconhecido a públicos maiores. A julgar pelo torso de integral que nos deixou, imagino que, se tivesse completado o projeto com a Vanguard, sua reputação seria hoje muito diferente. Admito que nada sabia dele até que seu nome me surgiu enquanto buscava um intérprete que pudesse encerrar com a devida autoridade a monumental série das trinta e duas sonatas para piano. Quando eu o ouvi, a impressão foi imediata e profunda. Seu estilo é, se o tivéssemos que descrever numa só palavra, austero, mas a atenção ao detalhe e particularmente, a precisão rítmica tornam suas leituras de Beethoven espetaculares. As duas últimas sonatas, em especial (que o compositor, nunca muito empático com seus intérpretes, descreveu como “não muito difíceis”) são repletas de desafios técnicos e interpretativos que Hungerford tira de letra com sensacional musicalidade. Quem espera um Beethoven colorido e romântico talvez se decepcione com as aparentes frieza e secura dessas versões. Asseguro-lhes, entretanto, que quem ouvir Hungerford não se decepcionará. Arrisco, mesmo, afirmar-lhes que ele é o melhor intérprete de Beethoven que quase ninguém conhece – e digo “quase” porque vocês, leitores-ouvintes, agora terão o privilégio de conhecê-lo.


Ludwig van BEETHOVEN
(1770-1827)

Sonata para piano em Fá sustenido maior, Op. 78
Composta em 1809
Publicada em 1810
Dedicada a Therese von Brunsvik

01 – Adagio cantabile
02 – Allegro vivace

Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
Composta em 1820
Publicada em 1821
Dedicada a Maximiliane Brentano

3 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
4 – Prestissimo
5 – Andante molto cantabile ed espressivo – Variazione I: Molto espressivo – Variazione II: Leggermente – Variazione III: Allegro vivace – Variazione IV: Un poco meno andante – Variazione V: Allegro ma non troppo – Variazione VI: Tempo I del tema

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
Composta em 1821
Publicada em 1822

6 – Moderato cantabile – Molto espressivo
7 – Allegro molto
8 – Adagio, ma non troppo – Arioso
9 – Fuga: Allegro ma non troppo – L’istesso tempo di arioso – L’istesso tempo della Fuga poi a poi di nuovo vivente

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria (edição vienense) e a Antonie Brentano (edição londrina)

10 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
11 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

Bruce Hungerford, piano

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Cheers, mate

BTHVN250, por René Denon

Vassily

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 4 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 4 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

Este CD traz dois ícones sinfônicos da humanidade. A afirmativa 5ª Sinfonia e a tranquila Pastoral, a 6ª de Beethoven. A Sinfonia Nº 5, Op. 67, dita Sinfonia do Destino, foi escrita entre 1804 e 1808, é uma das composições mais populares e conhecidas em todo repertório da Música Erudita Europeia, além de ser uma das sinfonias mais executadas nos tempos atuais. Trata-se da primeira sinfonia do autor composta em tonalidade menor, o que só voltaria a acontecer em 1824 com a Sinfonia Nº 9, Op. 125. A Sinfonia Nº 5 é um monumento intocável. Os quatro movimentos são exemplos de alternância: o primeiro movimento tem grande tensão começada pelas cordas e elevada a um dramatismo extremo; o segundo movimento é solene, possuindo uma marcha fúnebre que se eleva pela sua emoção e beleza; o terceiro andamento é silencioso, mas também explosivo e o quarto expressa triunfo e magnificência. A Sinfonia Nº 6, Op. 68, é também chamada Sinfonia Pastoral. Ela é uma obra precursora da música programática. Esta sinfonia foi completada em 1808 e teve a sua primeira apresentação no “Theater an der Wien” em 22 de dezembro de 1808. Dividida em cinco andamentos, tem por propósito descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um “quadro sonoro”, mas como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 4 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

CD4
01. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67: I. Allegro con brio
02. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67: II. Andante con moto
03. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67: III. Allegro
04. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67: IV. Allegro

05. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: I. Allegro non troppo
06. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: II. Szene am Bach: Andante molto moto
07. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: III. Lustiges Zusammensein: Allegro
08. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: IV. Donner, Sturm: Allegro
09. Symphony No. 6 in F Major, Op. 68 “Pastorale”: V. Hirtengesang: Allegretto

Kammerorchester Basel
Giovanni Antonini

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PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110 [Beethoven – The Late Piano Sonatas – Solomon]

Beethoven foi um gênio da Música e mestre não menos consumado da arte de enrolar. Uma de suas obras-primas nessa menos votada arte foi a maneira com que levou a composição das três últimas sonatas para piano. Como vimos ontem, ele recebeu a encomenda dessas sonatas em 1820, enquanto se dedicava à Missa Solemnis. Pois bem: depois de entregar a primeira sonata, já com atraso, avisou ao encomendante que as outras duas se seguiriam “sem demora”, só para – claro – deixá-las de lado e mergulhar novamente no árduo trabalho de composição da Missa, no qual também se atrasara. Só um ano depois de completar a Op. 109, enfim, ele iniciou a Op. 110, concluindo-a no Natal de 1821.

A Sonata em Lá bemol maior, Op. 110, é notável por ser, assim como a Oitava Sinfonia, uma das poucas obras importantes de Beethoven a ser publicada sem dedicatário. O compositor mandou o manuscrito sem qualquer dedicatória, prometendo que ela seria informada posteriormente. O editor, decerto tiririca com o imenso atraso da entrega, publicou-a assim mesmo, e como tal ficou. Ao que tudo indica, a sonata seria dedicada a Antonie Brentano, a mais provável destinatária da famosa correspondência à “Amada Imortal”, e que receberia, mais tarde, a dedicatória das monumentais Variações Diabelli.

Assim como na Op. 109, a maior parte do “peso” da Op. 110 está no final. Os dois primeiros movimentos são concisos e contrastantes. O movimento de abertura, que tem a indicação “com amabilidade”, é belamente contido, seguindo-se um turbulento movimento em menor, fazendo as vezes de scherzo. O finale é tão complexo, e foi tantas vezes reformulado, que Beethoven, num gesto sem precedentes, passou a limpo o original, em vez de enviar ao editor a habitual floresta de garranchos. Não obstante, por motivos que só ele próprio deveria compreender – e porque Beethoven, como já devem ter percebido, era um tipo raro -, ele acabou por reter a cópia “limpa” e mandou a partitura original, cravejada de rasuras. Pois este movimento de gênese tão trabalhosa inicia com um recitativo, que depois ganha ares de uma lamúria cantável, e desemboca numa extraordinária fuga que, quando parece encaminhar-se para a coda, volta à lamúria, que recebe a incomum indicação “exausto, lamentando”. Depois, a fuga retorna, sob a indicação “aos poucos revivendo novamente”, com a inversão do tema, até chegar a um assertivo clímax e a conclusão verdadeira.

O intérprete que lhes apresento é, também, extraordinário. O londrino Solomon Cutner (1902-1988) iniciou a carreira como criança-prodígio, interrompeu-a por toda adolescência para dedicar-se aos estudos com uma aluna de Clara Schumann, e retomou-a somente como adulto jovem, adotando o monônimo Solomon.

Ecce puer

Solomon foi uma estrela fulgurante que embarcou em extensas turnês mundiais – uma proeza considerável, se levarmos em conta o tempo que se levava, por exemplo, para chegar à Austrália e à Indonésia nos anos 30 – e que teve amplo reconhecimento por suas interpretações a um só tempo austeras e altamente expressivas de um vasto repertório, principalmente pelas sonatas de Beethoven.

A carreira de Solomon foi lamentavelmente destruída por um devastador derrame que, aos meros 54 anos, o fez perder o controle da mão direita. Na ocasião, ele se dedicava à gravação da integral das sonatas de Beethoven, das quais já gravara dezoito. Este torso de integral, no entanto, é um dos clássicos imorredouros da discografia beethoveniana. Quem ouve a legendária “Hammerklavier” de Solomon – com um constrito movimento lento que impressiona tanto quanto os malabarismos medonhamente difíceis dos demais movimentos -, ou a consumada maestria com que ele interpreta a Op. 110, só consegue juntar-se ao coro de lamúrias pelo fim precoce de sua carreira e pela interrupção de seus projetos com as obras do renano. Serve-nos de consolo, no entanto, que as gravações de Solomon, todas em mono, foram feitas com a EMI, que dispunha de excelentes produtores e de equipamento no estado da arte. Eu chamaria o som desses registros quase setentões de miraculosamente bom, se chamá-lo de milagre não fosse um desrespeito ao maravilhoso trabalho dos engenheiros de som. Com a possível exceção da Op. 111, que me parece estar num degrau abaixo do elevadíssimo patamar das demais, o que se ouve com Solomon é Beethoven para a eternidade. Recomendo que o escutem com parcimônia, e bem aos poucos, para que descubram com fascínio o controle magistral do artista sobre o teclado, sobre os andamentos e sobre os expressivos silêncios entremeados ao seu distinto som. E não deixem de voltar a ele, pois Solomon – parafraseando aquilo que os portenhos dizem sobre o canto de Gardel – cada dia toca melhor.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
Composta em 1816
Publicada em 1817
Dedicada à baronesa Dorothea Ertmann

1 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
2 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia
3 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto
4 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

7 – Allegro
8 – Scherzo: Assai vivace
9 – Adagio sostenuto
10 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

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Sonata para piano em Mi menor, Op. 90
Composta em 1814
Publicada em 1815
Dedicada ao príncipe Moritz von Lichnowsky

1 – Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
2 – Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
Composta em 1820
Publicada em 1821
Dedicada a Maximiliane Brentano

3 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
4 – Prestissimo
5 – Andante molto cantabile ed espressivo – Variazione I: Molto espressivo – Variazione II: Leggermente – Variazione III: Allegro vivace – Variazione IV: Un poco meno andante – Variazione V: Allegro ma non troppo – Variazione VI: Tempo I del tema

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
Composta em 1821
Publicada em 1822

6 – Moderato cantabile – Molto espressivo
7 – Allegro molto
8 – Adagio, ma non troppo – Arioso – Fuga: Allegro ma non troppo – L’istesso tempo di arioso – L’istesso tempo della Fuga poi a poi di nuovo vivente

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

9 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
10 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

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Solomon, piano

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 3 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 3 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

A Sinfonia Nº 4 de Beethoven é muito boa, mas, na minha opinião, é o patinho feio da série. Se fosse escrita por um compositor menor, seria sua obra-prima, claro, só que com Ludwig a exigência é maior. Beethoven dedicou a obra ao conde Von Oppersdorff, o qual, alguns anos antes, fora à casa do príncipe Karl Lichnowsky, tendo lá ouvido a Sinfonia Nº 2. Oppersdorff gostou tanto da peça que ofereceu a Beethoven uma grande quantia em dinheiro, para que compusesse uma sinfonia para ele. A obra foi estreada em março de 1807 na casa do príncipe Franz Joseph von Lobkowitz, sob regência do próprio compositor. Sua segunda apresentação deu-se a 15 de novembro do mesmo ano no Burgtheater, em Viena. A partitura possui uma dedicatória “ao nobre conde silesiano Franz von Oppersdorff”. Robert Schumann referiu-se à sinfonia como “uma esbelta donzela grega entre os gigantes nórdicos”. OK.

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 3 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

CD3
01. Symphony No. 4 In B-flat Major, Op. 60: I. Adagio – Allegro vivace
02. Symphony No. 4 In B-flat Major, Op. 60: II. Adagio
03. Symphony No. 4 In B-flat Major, Op. 60: III. Allegro molto vivace
04. Symphony No. 4 In B-flat Major, Op. 60: IV. Allegro ma non troppo

Kammerorchester Basel
Giovanni Antonini

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BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Mi maior, Op. 109 [Beethoven – The Last Piano Sonatas – Gould]

As três últimas sonatas para piano de Beethoven, pináculos da literatura para o instrumento, foram inspiradas pela mesma costumeira musa de outras tantas obras suas: a Pindaíba.

Em 1820, Beethoven encontrava-se absorto havia já um ano na composição de sua imensa Missa Solemnis, que pretendia apresentar em homenagem a seu aluno e amigo, o arquiduque Rudolph da Áustria, por ocasião de sua entrada solene como arcebispo de Olmütz. Em abril daquele ano, no entanto, Rudolph já vestira seus paramentos arquiepiscopais, de modo que Beethoven viu-se relativamente livre (e outra vez queimado nos prazos) para correr atrás de bufunfa. Já tinha sob sua tutela o sobrinho Karl, cuja educação muito pesava em seu bolso, de modo que aceitou com alívio a encomenda de três sonatas para piano feitas pelo editor Schlesinger, com um generoso, e decididamente incomum, desconto de 25% sobre a pedida inicial.

Ao aceitar a tarefa, Beethoven já tinha pronto o primeiro movimento do que viria a ser a sonata Op. 109, escrito para um método de piano de seu amigo Friedrich Starke. Ao atinar-se de que esse material viria a calhar para uma sonata, ofereceu-lhe cinco de suas novas bagatelas, e completou a primeira das três sonatas prometidas a Schlesinger, compondo mais dois movimentos. Depois dos atrasos de praxe, a obra foi à prensa somente no ano seguinte, com uma dedicatória a Maximiliane Brentano, filha de seu amigo Franz e de Antonie, que é muito provavelmente a “Amada Imortal” da famosa carta de destinatária anônima.

A singeleza do movimento de abertura, cujo primeiro tema dura alguns segundos e que dá a impressão de começarmos a ouvir uma obra que já estava em execução, deriva certamente de sua finalidade didática original, e que contrasta com o turbulento movimento seguinte, em menor, que o sucede sem interrupção. O finale consiste de um tema (“muito cantável e com profundo sentimento”, na indicação em alemão) com seis variações, crescentemente mais engenhosas, que desembocam na repetição do tema cantável.

A riqueza do contraponto dessas últimas sonatas certamente atraiu o jovem Glenn Gould, que as incluíra no repertório desde seus primeiros recitais. Assim, quando a Columbia lhe deu carta branca para escolher as obras do disco seguinte ao tonitruante arrasa-quarteirão que foi a estreia com as Variações Goldberg, (1955), sua opção pelas três derradeiras sonatas de Beethoven foi-lhe absolutamente natural. Antes mesmo do disco chegar às lojas, o reproche dos críticos à petulância do pianista de vinte e três anos já era forte. Gould, segundo eles, começava por onde deveria terminar, arriscando-se imaturamente num repertório que os pianistas amiúde relegam para mais grisalhas eras. Após o lançamento, claro, o reproche virou um coro ardente de ódio, inaugurando a tensa relação da crítica com o pianista – tensa, claro, por parte dos críticos pois Gould não lhes poderia dar menor importância. Em suas notas para o disco, tascou que “a riqueza de escritos críticos sobre as últimas sonatas e quartetos [de Beethoven] revela uma maior preponderância de absurdos, sem sequer mencionar contradições, do que qualquer literatura comparável.”

Como todas realizações gouldianas de Beethoven, estes registros das três últimas sonatas estão repletos de idiossincrasias. Os andamentos são frenéticos, a dinâmica fica por conta do intérprete, e tudo soa muito diferente do que estamos acostumados. Admito que detestei essas interpretações na primeira vez que as ouvi, há mais de trinta anos, e que elas me foram um gosto adquirido. Ainda hoje acho duro de engolir o que Gould faz com algumas variações do final da Op. 109, cujo Andante é um quase-Presto, e a rapidez com que despacha o Allegro con brio ed appassionato da Op. 111 provocará desespero em quem já o conhece por outras mãos. Por outro lado, a legendária clareza com que ele despachava as mais complicadas texturas contrapontísticas faz-se notar, mesmo nos trechos em que resolve aloprar com os andamentos. A Sonata Op. 110, por exemplo, abarrotada de contraponto, é magnificamente realizada, com muita precisão, sobriedade e e uma expressividade nada sentimental. A despeito de toda merecida reputação iconoclástica do intérprete, acho que essas gravações cheias de surpresas têm imenso valor, nem que seja para nos abrirem janelas e refrescarem nossos ares – pois talvez o Gould garoto, em vez de irritar seus contemporâneos, quisesse tão só falar a nós outros, pandêmicos ouvintes do futuro.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
Composta em 1820
Publicada em 1821
Dedicada a Maximiliane Brentano

1 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
2 – Prestissimo
3 – Gesangvoll, mit innigster Empfindung – Andante molto cantabile ed espressivo – Variazione I: Molto espressivo – Variazione II: Leggermente – Variazione III: Allegro vivace – Variazione IV: Un poco meno andante – Variazione V: Allegro ma non troppo – Variazione VI: Tempo I del tema

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
Composta em 1821
Publicada em 1822

4 – Moderato cantabile – Molto espressivo
5 – Allegro molto
6 – Adagio, ma non troppo – Arioso – Fuga: Allegro ma non troppo – L’istesso tempo di arioso – L’istesso tempo della Fuga poi a poi di nuovo vivente

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustra

7 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
8 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

Glenn Gould, piano

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Estátua de Glenn Gould em frente à sede da Canadian Broadcasting Corporation, em Toronto, Canadá (foto do autor)

 

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 2 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 2 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

É tradicionalmente aceito dividir a vida artística de Beethoven em três fases. A primeira começa com a mudança para Viena, em 1792. Uma fase quase mozartiana. Nove anos depois, em 1801, Beethoven afirmou não estar satisfeito com o que compusera até então, decidindo tomar um “novo caminho”. Tudo parecia levá-lo ao épico e, dois anos depois, em 1803, surge um grande fruto desse “caminho”: a Sinfonia Nº 3, Eroica. Ela abre um verdadeiro ciclo épico. A Sinfonia era para ser dedicada a Napoleão Bonaparte, pois Beethoven admirava Napoleão e os ideais da Revolução Francesa. Porém, quando o corso autoproclamou-se Imperador da França em maio de 1804, Beethoven retirou a dedicatória de forma bastante característica… Foi até a mesa onde estava a sinfonia já pronta, pegou a primeira página e riscou o nome de Napoleão com tanta força que ficou um buraco no papel. É que ele apagara a referência ao novo Imperador com uma faca… E que música havia naquelas folhas! O ciclo épico iniciado pela Eroica seguiu com obras verdadeiramente espantosas e originais, que cantavam a força da humanidade, a paixão pela liberdade e a vitória do espírito humano.

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 2 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

01. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55, “Eroica”: I. Allegro con brio
02. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55, “Eroica”: II. Marcia funebre. Adagio assai
03. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55, “Eroica”: III. Scherzo. Allegro vivace
04. Symphony No. 3 in E-Flat Major, Op. 55, “Eroica”: IV. Finale. Allegro molto

Kammerorchester Basel
Giovanni Antonini

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PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier” – Richter

Como a ___________ [insira aqui sua hipérbole] “Hammerklavier” dispensa apresentações, foco aqui num de seus grandes intérpretes.

Falo “um dos grandes” porque, claro, jamais haverá uma realização completamente satisfatória de qualquer obra musical, quanto menos dessa mais transcendental de todas as sonatas daquele século. Suas dificuldades eram tão grandes que Beethoven, que já não tinha mais ouvidos para tocar em público, além de sérias dúvidas quanto à qualidade dos músicos britânicos (George Thomson que o diga), concordou com que seu editor inglês lançasse somente os três primeiros movimentos, deixando o complicadíssimo finale numa publicação em separado – mesmo expediente que, como veremos, adotaria para com sua Grande Fuga para quarteto de cordas. Nessa curiosa versão, o imenso Adagio sostenuto – que, sozinho, era mais longo que a maioria das sonatas para piano da época – era o movimento central, e a “Hammerklavier” era encerrada pelo lépido e brevíssimo Scherzo.

Viena viu a sonata sair inteira da prensa, com os movimentos na ordem que hoje conhecemos – a mesma em que foram compostos. A reação foi estupefata e unânime em considerá-la difícil de compreender e impossível de tocar, e não há registro de que seu dedicatário – o arquiduque Rudolph, excelente pianista – a tenha tocado, pelo menos em público. Sua estreia aconteceria somente em 1836, dezoito anos depois de sua composição, por um Franz Liszt que, mesmo já histericamente idolatrado em toda Europa, colheu tão só olhares de incompreensão.

Quase todo pianista que se preza tenta escalar este K2 pianístico, e alguns são insensatos a ponto de legar gravações para que a posteridade lhes dê pedradas. O primeiro foi Artur Schnabel, já distante de seu apogeu, mas bastante fiel às prescrições de Beethoven e atento aos andamentos insanamente rápidos, dos quais até um pianista genial como Glenn Gould (que só tocou a “Hammerklavier” comedidamente na rádio e a considerava “horrendamente difícil”) sabia fugir. Outras gravações notáveis apareceram, muitas em verdade, e os nomes de Gilels, Yudina e Sokolov, que já escutamos na série, e os de Pollini, Perahia e Brendel, que os colegas já lhes trouxeram antes, estão entre os píncaros indiscutíveis da discografia.


Brendel terminando a “Hammerklavier” = um dos meus momentos favoritos na vida

A mim, no entanto, restava a curiosidade de saber o que o mais demoníaco dos pianistas da segunda metade do século XX teria a dizer sobre esta sonata.


Ecce homo

Sim, Sviatoslav Richter era meu intérprete dos sonhos para a “Hammerklavier”. Além da técnica formidável e do tremendo elã que trazia para todas as obras que tocava, sempre apreciei nele o espírito desbravador, aventureiro mesmo, com que mergulhava nas partituras e delas trazia novidades que só ele era capaz de encontrar. Por isso, fiquei meio jururu quando lançaram a caixa de Beethoven por Richter e a mastodonta não estava lá. Foi só recentemente que tive a imensa surpresa de descobrir não só um, mas três registros diferentes da Op. 106, todos realizados ao vivo e ao longo de pouco mais de duas semanas de 1975 – que foi, aparentemente, o período em que a “Hammerklavier” permaneceu no imenso repertório de Richter, pois ele nunca mais voltaria a tocá-la.

Assim, ofereço aos leitores-ouvintes as três leituras que Richter fez do colosso do renano, todas elas como encerramento de recitais de programas idênticos, iniciados pela sonata Op. 2 no. 3 e tendo, como interlúdio, três das bagatelas do Op. 126.

O primeiro foi realizado em Praga, cidade que Richter amava, de cujo Festival de Primavera era arroz de festa, e onde fez dezenas de gravações ao vivo para o selo Supraphon. A segunda foi feita em Aldeburgh, no festival fundado por seu amigo Benjamin Britten, e do qual o legendário pianista soviético foi a maior estrela naquele 1975. Por fim, um recital no Royal Festival Hall em Londres, notável pelo bis: ao terminar o medonhamente difícil finale da Op. 106, depois do qual quase todos pianistas saem correndo ao camarim para se hidratarem e chorarem, Richter decidiu tocá-lo de novo, porque não ficara satisfeito com sua execução anterior. Cada uma das leituras é excepcional, e vale a pena compará-las para fruir de tudo que esse genial pianista tinha a dizer sobre a “Hammerklavier”. Ainda que eu tenha reparos à sua abordagem do maravilhoso Adagio sostenuto, que de alguma maneira não soa como o cerne da obra, o que Richter faz na fuga sublima toda a crítica que eu lhe pudesse fazer. A escolha é difícil, mas a versão de Londres é minha preferida. Ouçam-nas e me digam qual vocês preferem.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Das Três Sonatas para piano, Op. 2
Compostas entre 1793-1795
Publicadas em 1796
Dedicadas a Joseph Haydn

No. 3 em Dó maior

1 – Allegro con brio
2 – Adagio
3 – Scherzo: Allegro
4 – Allegro assai

Das Seis bagatelas para piano, Op. 126
Compostas em 1824
Publicadas em 1825

5 – No. 1: Andante con moto, cantabile e compiacevole
6 – No. 4: Presto
7 – No. 6: Presto – Andante amabile e con moto

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

8 – Allegro
9 – Scherzo: Assai vivace
10 – Adagio sostenuto
11 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

Sviatoslav Richter, piano

Recital em 2/6/1975 no Rudolfinum de Praga, Tchecoslováquia
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Recital em 11/6/1975, na igreja de Blythburgh, Reino Unido, durante o Festival de Aldeburgh
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Recital em 18/6/1975, no Royal Festival Hall em Londres, Reino Unido
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Faixa-bônus: o movimento final da Hammerklavier,
executado como bis no recital de Londres, em 18/6/1975
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#BTHVN250, por René Denon

Vassily

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 1 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

#BTHVN250 – Beethoven: The 9 Symphonies — CD 1 de 6 (Kammerorchester Basel & Antonini)

IM-PER-DÍ-VEL !!!

O bom destes 250 anos de Beethoven é que estamos ouvindo toda a obra dele quase diariamente e descobrindo que não ficamos nada, mas nada mesmo, enfarados. Este registro das 9 Sinfonias que ora iniciamos é ao vivo. Alguns de vocês sabem que PQP Bach ama os registros ao vivo. Não que ao morto e em bom estado seja ruim, mas ao vivo é melhor. O pontapé inicial de Giovanni Antonini ao abordar as Sinfonias é extraordinário. Creio que, das gravações mais recentes, dificilmente outra orquestra chegará próximo de Antonini e desta outra joia aqui.  A Sinfonia n.° 1, Op. 21, é a primeira das nove sinfonias de Ludwig van Beethoven. Foi composta em Viena entre os anos 1799 e 1800. A segunda foi escrita Foi escrita entre os anos de 1801 e 1802. São menos famosas que a 3ª e aquelas que vão da 5ª à 9ª, mas não pensem que são música de segunda linha. São autênticos Beethoven, rapaz, e Antonini só faz valorizar a coisa!

Em 2005, Giovanni Antonini e a Kammerorchester Basel deram início ao projeto de gravação desta série, que logo foi saudada como “uma das gravações de Beethoven mais emocionantes de nossos dias” (Gramophone). Por ocasião do ano de Beethoven em 2020, as “gravações sensacionais” (NDR) estão agora sendo lançadas pela primeira vez em uma caixa de 6 CDs. O som brilhante, mas extremamente afiado de Beethoven, deve-se aos costumes da prática da performance histórica, na qual o maestro e especialista em barroco Giovanni Antonini desempenhou um papel fundamental na modelagem. Tocar em instrumentos históricos também faz parte da marca musical da Orquestra de Câmara da Basiléia.

E vamos em frente que atrás vem gente!

Beethoven: The 9 Symphonies — CD 1 de 6 (Kammerorchester Basel & Giovanni Antonini)

CD1
01. Symphony No. 1 in C major, Op. 21: I. Adagio molto – Allegro con brio
02. Symphony No. 1 in C major, Op. 21: II. Andante cantabile con moto
03. Symphony No. 1 in C major, Op. 21: III. Menuetto. Allegro molto e vivace
04. Symphony No. 1 in C major, Op. 21: IV. Adagio – Allegro molto e vivace

05. Symphony No. 2 in D major, Op. 36: I. Adagio molto – Allegro con brio
06. Symphony No. 2 in D major, Op. 36: II. Larghetto
07. Symphony No. 2 in D major, Op. 36: III. Scherzo. Allegro
08. Symphony No. 2 in D major, Op. 36: IV. Allegro molto

Kammerorchester Basel
Giovanni Antonini

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PQP

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier” [Sonatas para piano, Opp. 90, 101, 106 & 111 – Yudina]

Pedimos vênia hoje ao grande homenageado do ano e à sua mastodôntica Grande Sonata para o Piano de Martelos – que voltará, com muita gala, amanhã – para focarmos numa sua maiúscula intérprete.

Maria Yudina (1899-1970) é legendária e, tão logo começamos a  ouvi-la, entende-se o porquê. O virtuosismo e a expressividade são evidentes, tanto quanto as inúmeras licenças poéticas que ela toma e que, longe de parecerem idiossincrasias, soam muito coerentes. Nosso patrão PQP sempre fala que há músicos que, em suas interpretações, demonstram não só imensa cultura musical, mas também revelam sua vasta cultura geral. Yudina é dessas intérpretes, e o que se chamou nela de “rigor intelectual” é, embora correto, apenas uma pequena entre as tantas janelas que ela nos oferece com suas leituras.

Nascida numa família judia, e mais tarde convertida ao cristianismo, Yudina estudou no Conservatório da então Petrogrado (hoje São Petersburgo) na mesma classe que Dmitri Shostakovich. Graduou-se em piano e também em teologia na Universidade local, e lecionou no Conservatório até ser de lá expulsa pelas críticas ao governo soviético. Desempregada, faminta e sem teto, sobreviveu de “bicos” até ingressar no Conservatório de Tbilisi, na república soviética da Geórgia, de onde seguiu para o Conservatório da capital da União Soviética. Em Moscou, lecionou no Instituto Gnessin, de onde foi demitida, outra vez, por conta de suas críticas abertas ao regime e suas convicções religiosas. Autorizada a manter sua carreira de recitalista, desde que seus recitais não fossem gravados ou divulgados, ela acabou banida por oferecer ao público, como bis, um poema do desgraçado Boris Pasternak (cujo “Doutor Zhivago” foi lido pela primeira vez no apartamento de Yudina), e não uma peça musical. Após o final do “gancho”, que durou cinco anos, ela retomou a carreira e gozou duma certa celebridade, gravando febrilmente, nem sempre com os melhores pianos (o que é evidente em algumas gravações), como se adivinhasse que levaria mais um punhado de anos até morrer em Moscou.

Muito já se escreveu que Maria foi maior que Gilels e Richter, e que só não teve a importância artística e pedagógica dos dois por conta de suas ferozes críticas ao regime soviético e por ser mulher. Não consigo lhes dizer que ela foi maior, mas certamente foi a mais original, e ardentemente independente. Não temia se alinhar aos perseguidos e oprimidos – além do supracitado Pasternak, foi amiga de Osip Mandelstam e protetora no banido Aleksandr Solzhenitsyn -, nem tocar repertório ocidental contemporâneo, dedicando recitais inteiros à música “degenerada” de Hindemith, Krenek e Bartók. Não temia sequer Stalin, que lhe enviou uma vultosa quantia como recompensa por uma gravação de Mozart, e que acabou doada para a suprimida Igreja Ortodoxa Russa, junto com a seguinte resposta ao “caucasiano do Kremlin“:


Eu rezarei por você dia e noite e pedirei ao Senhor que perdoe seus grandes pecados antes do povo e do país. ‘

Quem tem a coragem de dizer isso ao Továrich Koba certamente não temeria tocar a leviatânica “Hammerklavier” do jeito que ela toca. Ouçam com seus próprios ouvidos, porque… só ouvindo vocês vão acreditar.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

1 – Allegro
2 – Scherzo: Assai vivace
3 – Adagio sostenuto
4 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

Sonata para piano em Mi menor, Op. 90
Composta em 1814
Publicada em 1815
Dedicada ao príncipe Moritz von Lichnowsky

5 – Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
6 – Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

 

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
Composta em 1816
Publicada em 1817
Dedicada à baronesa Dorothea Ertmann

7 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
8 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia
9 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto
10 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

 

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustra

11 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
12 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

Maria Yudina, piano

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Documentário russo, com legendas em inglês, sobre Yudina. Para quem é, como
eu, fascinado pela grande artista, vale cada segundinho.

#BTHVN250, por René Denon

Vassily

BTHVN250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas para violoncelo e piano, Op. 102 [Beethoven – Complete Works for Cello and Piano – Meneses – Pressler]

As cinco sonatas para violoncelo e piano de Beethoven repartem-se bem ao longo de sua trajetória criativa. As duas primeiras, compostas e publicadas simultaneamente, são fruto do contato do jovem virtuoso do piano com os irmãos Duport, violoncelistas da corte do rei da Prússia. Já a sonata Op. 69, a melhor de todas as obras do gênero, é um emblema de seu estilo intermediário. Muito diferentes são as duas últimas, também compostas simultaneamente e publicadas como par, sob o Op. 102. Diferem, também, demais entre si, cada qual com um gesto característico do chamado “estilo tardio” de Beethoven. A primeira, ultraconcentrada e enigmática, tem apenas dois movimentos, embora a gravação a reparta em quatro faixas, e leva a tonalidade para passear num esquema tonal totalmente heterodoxo, para então oferecer um breve retorno de um tema do primeiro movimento antes da coda e do assertivo final na tônica. A segunda, numa forma mais tradicional de três movimentos (rápido-lento-rápido), termina com um dos atraentes fugatos que Beethoven passou a criar em sua busca de incorporar à sua linguagem seus estudos e admiração por Händel e por Sebastian Bach. Recomendo muito parear a audição da primeira com a sonata para piano, Op. 101 – sua antecessora imediata no catálogo de obras do compositor -, e a da segunda com a Op. 110, também concluída por um movimento fugal, e depois me digam se não é mesmo possível pensar que algumas dessas obras carregam as sementes das outras.

Admito que, quando publiquei a excelente gravação de Pieter Wispelwey e Dejan Lazić, há alguns meses, eu já considerara vencido o afã das sonatas para violoncelo nessa nossa travessia da obra beethoveniana. No entanto, foi só publicar uma gravação do incansável Menahem Pressler que me lembrei das versões do decano dos pianistas com o recifense Antonio Meneses, seu parceiro no Beaux Arts Trio e último violoncelista da história do mítico conjunto, gravadas após sua excursão pelo mundo a tocarem essas sonatas. O entrosamento dos dois experientes cameristas me parece ímpar, e ao revisitar os discos, que ficaram esquecios na pilha de CDs que mantenho em minha Dogville natal, eles me deixaram um retrogosto que me diz que esta é minha gravação favorita desse repertório.

Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Duas Sonatas para violoncelo e piano, Op. 5

No. 1 em Fá maior
1 – Adagio sostenuto – Allegro
2 – Adagio – Allegro vivace

No. 2 em Sol menor
3 – Adagio sostenuto ed espressivo
4 – Allegro molto più tosto presto
5 – Rondo: Allegro

Doze Variações em Sol maior sobre “See the conqu’ring hero comes”, do Oratório “Judas Maccabaeus” de Händel, para violoncelo e piano, WoO 45
6 – Thema – Variationen I-XII

Doze Variações em Fá maior sobre “Ein Mädchen oder Weibchen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart, para violoncelo e piano, Op. 66
7 – Thema – Variationen I-XII

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Sonata em Lá maior para violoncelo e piano, Op. 69

1 – Allegro ma non tanto
2 – Scherzo. Allegro molto
3 – Adagio cantabile – attacca:
4 – Allegro vivace

Duas sonatas para violoncelo e piano, Op. 102

No. 1 em Dó maior

5 – Andante
6 – Allegro vivace
7 – Adagio – Tempo d’andante
8 – Allegro vivace

No. 2 em Ré maior

9 – Allegro con brio
10 – Adagio con molto sentimento d’affetto – attacca:
11 – Allegro – Allegro fugato

Sete variações em Mi bemol maior sobre a ária “Bei Männern, welche Liebe fühlen”, de “Die Zauberflöte” de Mozart, para violoncelo e piano, WoO 46

12 – Thema: Andante – Variationen I-VII

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Antonio Meneses, violoncelo
Menahem Pressler, piano

Quando Hope gravar com Pressler, bastará limar o Meneses
BTHVN250, por René Denon

Vassily

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sinfonias – CDs 5 e 6 de 6 (Haitink/LSO) #BTHVN250

Muita tinta já foi usada para descrever as rápidas mudanças na forma “Sinfonia para orquestra”, cristalizada por Haydn e enriquecida por Mozart e Beethoven poucos anos depois.

Menos lembrada é a semelhança do mestre de Bonn com a música de C.P.E. Bach (1714-1788). Não na forma (as sinfonias deste último, curtas e em 3 movimentos, podem ser conferidas aqui, aqui e aqui) mas no temperamento e retórica. Não me peçam para explicar, é apenas uma impressão. Como disse seu irmão P.Q.P. Bach: “Segundo filho de papai e Maria Barbara, Carl é considerado o fundador do estilo clássico na música erudita”, com uma “maneira única de combinar uma marca muito digna de seriedade e uma concentração e originalidade muitas vezes perturbadora pelas surpresas nos momentos dramáticos, tudo isso sem perder o foco na simetria e na organização formal.”

Sobre o interesse de Beethoven por C.P.E. Bach mais ou menos no período em que compôs o Concerto Tríplice e a 7ª Sinfonia:

beginning in 1809 Beethoven expressed renewed interest in Bach’s works and asked Breitkopf for more scores, saying “I have only a few samples of Emanuel Bach’s compositions for the clavier; and yet some of them should certainly be in the possession of every true artist, not only for the sake of real enjoyment but also for the purpose of study.” Over a year later he was still asking, with a broader request (“I should like to have all the works of Carl Philip Emanuel Bach, all of which, of course, have been published by you”), and two years later he asked again with some asperity (“I fancy you could make me a present of C.P.Emanuel Bach’s works, for surely they are rotting with you”)
Fonte: Elaine R. Sisman. After the Heroic Style: Fantasia and the Characteristic Sonatas of 1809

Como já falei na postagem anterior, as percussões brilham especialmente nessas gravações ao vivo realizadas no Barbican Centre em Londres. Em um breve mergulho no túnel do tempo, conferi que de fato as gravações Jochum, Szell, Karajan etc. dão um destaque muito maior para as cordas, com o naipe de percussões lá no fundo, meio tímido. A surpresa entre os jurássicos foi Klemperer com a Orquestra Philarmonia, também em Londres, em 1957-1959. Por exemplo no segundo movimento da 9ª Sinfonia, Klemperer usa um andamento muito diferente do de Haitink, mais calmo, descritivo, mas curiosamente o balanço entre percussões e cordas é muito semelhante ao que se usa hoje em dia. Voltar aos grandes mestres como Beethoven e Klemperer sempre nos traz algumas surpresas, mesmo em obras tão famosas como a Nona Sinfonia. No futuro (se houver futuro), creio que Haitink/LSO estará entre essas gravações de referência.

Ludwig van Beethoven:
CD5
1-4. Symphony No. 7 in A major, Op. 92 (1811-12)
5-7. Triple Concerto for Piano, Violin, and Cello in C major, Op. 56* (1803-04, rev.1808)

London Symphony Orchestra
Bernard Haitink
*Tim Hugh (cello), Gordan Nikolitch (violin), Lars Vogt (piano)
Recorded live, 2005

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BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (CD5 – mp3 320kbps)

CD6
1-4. Symphony No. 9 in D minor, Op. 125 ‘Choral’ (1822-24)

John Mac Master (tenor), Karen Cargill (mezzo-soprano), Twyla Robinson (soprano), Gerald Finley (bass)
London Symphony Orchestra, London Symphony Chorus
Bernard Haitink
Recorded live, 2006

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BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (CD6 – mp3 320kbps)

Encarte dos 6 CDs – Covers/Booklet

Haitink em sua turnê de despedida (2019) – Foto por Priska Ketterer/Festival de Lucerne/Instagram

In Sixty Years of Listening: One of the Very Best
I have been listening to Beethoven performances, both recorded and live, for the past 60 years. I’ve heard and have on disc many, many performances. When I want to hear a recording for the past 5 years I don’t reach for Toscanini, Karajan, Klemperer, Walter, Szell, Furtwangler, or Bernstein -to name a few of those I have on the shelf – I reach for this box.
It’s nonsense to dislike this set because the tempos are fast. Beethoven’s tempos are fast! It’s nonsense to dislike this set because it’s aggressive: Beethoven’s music, albeit not all of it, is aggressive! How anyone can give these performances a low rating is beyond my comprehension.
And, in case you’re wondering, I have not been an uncritical fan of Haitink, but now that I do think of it he has made great recordings of Debussy, Mahler, Strauss and others.
I certainly am not saying that the other conductors named above don’t have excellent performances of this most universally appealing music. But, in sum, I believe it would be a very big missed opportunity to go through the rest of life without being able to hear this set.
Oh yes, did I mention: the sound is wonderful. (Amazon Review)

This recording has impressed every one of the CD Review team – there is a feeling of immediacy and drama tempered with vision and maturity as though Haitink’s long career has been leading towards this time where he can combine impetuosity and youthful enthusiasm with the wisdom of age and experience (BBC Radio 3 CD Review)

#BTHVN250, por René Denon

Pleyel

BTHVN 250 – A Obra Completa de Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonata para piano em Lá maior, Op. 101 [The Last Six Piano Sonatas – Peter Serkin]

Com os primeiros compassos da maravilhosa sonata Op. 101, Beethoven anuncia sua última e visionária fase criativa, marcada por obras expansivas, duma sofisticação sem precedentes, e que transcendiam quaisquer dos já rotos limites que o compositor redefinira para as formas musicais, associadas a um inovador uso do contraponto e, especificamente, das formas fugais.

A sonata foi iniciada em meados de 1815 e concluída no final do ano seguinte. Dentro da tendência iniciada com a sonata Op. 90, Beethoven deixou instruções em alemão aos intérpretes: “um tanto animado e com o sentimento mais íntimo”; “animado, marchando”; “lento e cheio de saudade”; “rápido, mas não muito, e com determinação”. Com um olho no mercado externo, também indicou os andamentos em italiano, mas lançou mão somente de sua língua materna no frontispício, prescrevendo a sonata para o “Hammer-Klavier” (“piano de martelos”). Muito se conjeturou se esse título – que, como sabemos, colou indelevelmente na imensa sonata seguinte, a Op. 106 – era uma contraindicação a que se executasse a obra no cravo. Não parece ser o caso, não só porque o fortepiano já suplantara seu antecessor nos lares e salas de concerto da época, como também “Hammerklavier” era o termo mais usado, juntamente como “Hammerflügel”, para designar os fortepianos em alemão. Por fim, havia já um bom tempo que as sonatas de Beethoven não mais cabiam nas acanhadas extensões dos teclados dos cravos, e ele próprio vivia a resmungar as limitações dos próprios fortepianos que conhecia.

A Op. 101, aliás, é antes de mais nada uma celebração da capacidade dos instrumentos da época. O novíssimo Mi grave é explicitamente prescrito (“contra E“) no final do último movimento, e o inovador uso do pedal de suavização, que permitia a execução de cada nota em uma, duas ou três cordas, surge no movimento “cheio de saudade”, em que o pedal vai sendo liberado aos poucos, permitindo o acréscimo gradual de cordas e alterando substancialmente o timbre.

Quando conheci o primeiro movimento, na tônica de Lá maior, pensei estar ouvindo Schumann, até que o desenvolvimento – uma sonata-forma a um só tempo enxuta e rica – me gritasse claramente que aquilo era Beethoven tardio. No movimento seguinte, o scherzo é substituído por uma marcha em Fá maior, uma tonalidade distante, com um delicado cânone fazendo as vezes de trio. O movimento mais importante é o extenso finale, que começa como um adagio em Lá menor (aquele “cheio de saudade”), com a liberação gradual supracitada do pedal de suavização, passando por uma breve recapitulação do movimento inicial (um expediente muitas vezes usado por Beethoven nos finales de suas obras maduras), até irromper num enérgico, complexo fugato que cresce inexoravelmente até um clímax em fortissimo.

Assim como as sinfonias e os últimos quartetos de cordas, as derradeiras sonatas para piano de Beethoven são por demais transcendentais para que eu delas tenha uma interpretação favorita. Por isso, eu também hei de publicar algumas séries entre minhas prediletas. Trago-lhes hoje o excelente Peter Serkin, algo injustamente conhecido tão só como o filho do mestre Rudolf Serkin, mas um tremendo pianista por seus próprios méritos. Sua gravação das seis últimas sonatas num fortepiano Graf, contemporâneo ao compositor, nasceu clássica. Ao contrário duma boa parte dos registros dessas sonatas em instrumentos de época, que causam uma invencível estranheza e sensação de que os velhos instrumentos não são suficientes para dar conta da música (sensação que, como sabemos, também era a do próprio compositor), Serkin usa o Graf de modo muito efetivo, lançando mão de sua riqueza tímbrica, particularmente nos contrastes entre as notas agudas – muito menos pungentes que nos instrumentos modernos – e um tanto anasaladas notas graves. A mim, que tão pouco conheço sobre fortepianos e sua técnica de construção, o Graf soa muito mais moderno que seus concorrentes contemporâneos. O resultado é impressionante, e sobremaneira porque Serkin conseguiu, mesmo com o instrumento antigo, realizar uma das minhas gravações favoritas da grande Hammerklavier (Op. 106) – notável, entre outras coisas, por respeitar estritamente as indicações metronômicas quase suicidas do compositor.


Ludwig van BEETHOVEN (1770-1827)

Sonata para piano em Lá maior, Op. 101
Composta em 1816
Publicada em 1817
Dedicada à baronesa Dorothea Ertmann

1 – Etwas lebhaft, und mit der innigsten Empfindung. Allegretto, ma non troppo
2 – Lebhaft, marschmäßig. Vivace alla marcia
3 – Langsam und sehnsuchtsvoll. Adagio, ma non troppo, con affetto
4 – Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit. Allegro

Dois Rondós para piano, Op. 51
Compostos entre 1795-1798
Publicados em 1802 (no. 2) e 1810 (no. 1)

5 – No. 1 em Dó maior
6 – No. 2 em Sol maior

Grande Sonata para piano em Si bemol maior, Op. 106, “Hammerklavier”
Composta entre 1817-18
Publicada em 1819
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustria

7 – Allegro
8 – Scherzo: Assai vivace
9 – Adagio sostenuto
10 – Introduzione: Largo – Allegro – Fuga: Allegro risoluto

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Sonata para piano em Mi menor, Op. 90
Composta em 1814
Publicada em 1815
Dedicada ao príncipe Moritz von Lichnowsky

1 – Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
2 – Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Sonata para piano em Mi maior, Op. 109
Composta em 1820
Publicada em 1821
Dedicada a Maximiliane Brentano

3 – Vivace ma non troppo – Adagio espressivo
4 – Prestissimo
5 – Andante molto cantabile ed espressivo – Variazione I: Molto espressivo – Variazione II: Leggermente – Variazione III: Allegro vivace – Variazione IV: Un poco meno andante – Variazione V: Allegro ma non troppo – Variazione VI: Tempo I del tema

Sonata para piano em Lá bemol maior, Op. 110
Composta em 1821
Publicada em 1822

6 – Moderato cantabile – Molto espressivo
7 – Allegro molto
8 – Adagio, ma non troppo – Arioso – Fuga: Allegro ma non troppo – L’istesso tempo di arioso – L’istesso tempo della Fuga poi a poi di nuovo vivente

Sonata para piano em Dó menor, Op. 111
Composta em 1821-22
Publicada em 1823
Dedicada ao arquiduque Rudolph da Áustra

9 – Maestoso – Allegro con brio ed appassionato
10 – Arietta – Adagio molto semplice e cantabile

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Peter Serkin, fortepiano

Mr. Serkin and Herr Graf
#BTHVN250, por René Denon

Vassily

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sinfonias – CDs 3 e 4 de 6 (Haitink/LSO) #BTHVN250

A Quinta Sinfonia e a Pastoral de Haitink/LSO são excelentes, é claro. Mas hoje prestei mais atenção nas ovelhas negras da série, as duas primeiras sinfonias, inseridas na primeira fase de sua vida como compositor. A bem da verdade, há uma fase zero, da adolescência até os 24 anos, pois ele só publicou sua primeira obra “oficial”, opus 1, em 1795, quando já morava em Viena. Na primeira fase das obras com opus, ainda seguia modelos típicos de Haydn e Mozart, mas já com algumas características próprias, como as frases assertivas, acabando no tempo forte – comparem com Mozart e suas melodias frequentemente acabando no tempo fraco.

Muitas vezes consideradas agradáveis, tranquilas, mas pouco originais, essas sinfonias assumiram outro aspecto em gravações mais recentes. Entre as integrais mais associadas ao movimento de práticas ditas historicamente informadas (HIP em inglês), Harnoncourt/Chamber Orchestra of Europe é minha referência absoluta. O som da orquestra de Harnoncourt, assim como o da de Londres com Haitink, tem percussões potentes, muito diferentes daquele tímpano discreto das gravações antológicas de meados do século passado. Comparando por exemplo os momentos mais agitados do Allegro molto e vivace (muito alegre e vivo) da 1ª sinfonia e o Allegro com brio (alegre com brilho) da 2ª sinfonia, me parece que os técnicos que gravaram Haitink/LSO fizeram um trabalho que deu ainda mais destaque à percussão do que os técnicos de Harnoncourt. Nestas gravações ao vivo, os percussionistas em alguns momentos roubam a cena com pancadas quase tão violentas quanto as dos bateristas de bandas de rock como Rush ou Led Zeppelin.

Nas sinfonias mais célebres, como a 5ª e a 6ª, as percussões também soam poderosamente e Haitink usa andamentos bastante rápidos em comparação com a velha guarda. No segundo movimento da Pastoral – “cena à beira do riacho”, a música flui, balança como a água, muito diferente das gravações de Karajan (que faz uma Pastoral rápida, mas com uma fluência bem diferente) e as águas bem mais lentas de Jochum, de Celibidache e de Furtwangler. Ao mesmo tempo, há algo indefinível no Beethoven do velho Haitink que remonta à concepção desses maestros de tradição romântica.

Ludwig van Beethoven:
CD3
1-4. Symphony No. 5 in C minor, Op. 67 (1807-08)
5-8. Symphony No. 1 in C major, Op. 21 (1799-1800)

London Symphony Orchestra
Bernard Haitink
Recorded live, 2006

BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (CD3 – FLAC)
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (CD3 – MP3 320kbps)

CD4
1-4. Symphony No. 6 in F major, Op. 68 ‘Pastoral’ (1807-08)
5-8. Symphony No. 2 in D major, Op. 36 (1799-1802)

London Symphony Orchestra
Bernard Haitink
Recorded live, 2005

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Beethoven aos 32 anos, antes da Sinfonia Heroica, da surdez e tudo mais

Pleyel

Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sinfonias – CDs 1 e 2 de 6 (Haitink/LSO) #BTHVN250

Bernard Haitink, nascido em Amsterdam, é um dos maestros mais célebres da nossa época. Ele esteve à frente da Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam de 1961 – com apenas 32 anos de idade – até 1988, e gravou com essa e outras orquestras ciclos completos das sinfonias de Beethoven, Brahms, Schumann, Tchaikovsky, Bruckner, Mahler, Shostakovich e Vaughan Williams. Também sou fanático pela gravação que ele fez dos Concertos de Brahms com Claudio Arrau (1970). Em 2019, com 65 anos de carreira e 90 de idade, ele aposentou a batuta e foi gozar seu merecido descanso.

Haitink já tinha gravado as nove sinfonias nos anos 1970 (London Philharmonic – LPO) e nos anos 80 (Concertgebouw Amsterdam). Nos anos 2000, Haitink voltou a estas sinfonias, agora com outra orquestra londrina, a Sinfônica – LSO. Nessa sua última integral, o maestro mostra ter aprendido muito com as interpretações historicamente informadas: os andamentos são um pouco diferentes, o balanço entre os naipes da orquestra também, com notável destaque para as percussões em alguns momentos. Na Marcha Fúnebre da 3ª Sinfonia, por exemplo, Haitink usa praticamente o mesmo andamento de Harnoncourt/COE e Abbado/BPO, unindo o caráter sério com um movimento constante, sem muitas pausas dramáticas (afinal é uma marcha). Com 14 minutos, a marcha anda mais depressa que as de Monteux, Toscanini, Karajan, Jochum, Böhm, Thielemann e muito mais do que o lento passo das marchas de Celibidache e Furtwangler, que caminham monumentais como uma manada de elefantes.

Nesses dois primeiros CDs, a ordem não é cronológica: todas as obras aqui pertencem à segunda fase de Beethoven. A segunda fase começa “oficialmente” com a 3ª Sinfonia, “Heroica” (1804), e é o Beethoven mais grandioso, que já se mostrava um pouco antes em obras como a Sonata Patética em dó menor (1799) e o Concerto Para Piano em dó menor (1803). Esta fase, associada à época das revoluções e guerras napoleônicas, vai mais ou menos até a 8ª sinfonia, opus 93 (1812) ou talvez até o Trio Arquiduque, opus 97.

Ludwig van Beethoven:
CD1
1-4. Symphony No. 3 in E flat major, Op. 55 ‘Eroica’ (1803)
5. Leonore Overture No. 2, Op. 72a (1805)

London Symphony Orchestra
Bernard Haitink
Recorded live, 2005
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (CD1 – FLAC)
BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (CD1 – MP3 320kbps)

CD2
1-4. Symphony No. 4 in B flat major, Op. 60 (1806)
5-8. Symphony No. 8 in F major, Op. 93 (1812)

London Symphony Orchestra
Bernard Haitink
Recorded live, 2006
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BAIXE AQUI – DOWNLOAD HERE (CD2 – MP3 320kbps)

Haitink e Arrau ensaiando em Amsterdam, 1964

Pleyel

#BTHVN250 Beethoven (1770 – 1827) ∾ Concertos para Piano Nos. 1 & 2 – Olivier Cavé – Kammerakademie Potsdam & Patrick Hahn ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770 – 1827) ∾ Concertos para Piano Nos. 1 & 2 – Olivier Cavé – Kammerakademie Potsdam & Patrick Hahn ֍

BTHVN

Concertos para Piano Nos. 1 & 2

Olivier Cavé

Kammerakademie Potsdam

Patrick Hahn

 

Dia destes postei estes dois concertos para piano de Beethoven – suas primeiras tentativas a chegar na lista de opus, pois que houve esboços anteriores. Digo isso para enfatizar que ele teve que percorrer um bom trecho antes fazer suas enormes conquistas.

Patrick Hahn

Naquela postagem a motivação era a cadência escrita por Glenn Gould para o primeiro movimento do Primeiro Concerto. Para esta postagem a motivação é bem outra. O que me chamou a atenção neste disco é a perspectiva contemporânea da interpretação, na qual a orquestra toca com instrumentos modernos, mas é de tamanho reduzido e as experiências das interpretações que consideram as práticas da época se fazem ouvir. Olivier Cavé além de ter uma excelente técnica, tem uma forte identificação com este tipo de repertório, música do período clássico, como ficou bem evidente de seus discos até agora, sendo que alguns deles podem ser encontrados aqui no blog, com Concertos para Piano de Mozart, assim como Sonatas de Haydn e do próprio Beethoven. Para completar o pacote, um jovem e promissor regente que impele sua orquestra com sua energia e uma produção primorosa do selo Alpha.

Veja o que um site holandês disso do disco, via Google Translator: Olivier Cavé nos oferece aqui pela primeira vez sua interpretação dos dois primeiros concertos de Beethoven, escritos entre 25 e 30 anos. Nos concertos de Mozart que gravou em 2016, houve uma verdadeira alquimia e este novo projeto caracteriza-se pela mesma vitalidade juvenil em duas obras de um Beethoven ainda impregnado da influência de Mozart. Sua energia ganha um impulso extra com a colaboração com Kammerakademie Potsdam, uma orquestra com muita experiência no repertório de Beethoven, e com o jovem maestro Patrick Hahn, um dos membros mais promissores da nova geração, que celebrará seu 25º aniversário em 2020.

Tá esperando o que? Anda, baixe logo e depois nos conte…

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 1 em dó maior, Op. 15

  1. Allegro com brio
  2. Largo
  3. Rondo (Allegro)

Concerto para Piano No. 2 em si bemol maior, Op. 19

  1. Allegro con brio
  2. Adagio
  3. Rondo (Allegro molto)

Olivier Cavé, piano

Kammerakademie Potsdam

Patrick Hahn

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FLAC | 221 MB

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MP3 | 320 KBPS | 143 MB

Olivier em recente visita a Florianópolis (pré-pandemia, claro…)

Você sabia? At the time [that the First Piano Concerto was written], Beethoven regularly gave piano lessons to various young women of noble descent. Amongst his various pupils was the young princess Odeschali, born Barbara de Keglevics. The precise nature of their relationship sparked numerous rumours, given that the composer dedicated no less than fours works to the princess, including the Concerto no.1 for piano. Though there was no indication of a romantic attachment, the two were neighbours and Beethoven would allegedly often come to give his lessons in a dressing gown and slippers! (Michel Lecompte, La Musique Symphonique de Beethoven).

Pois é, numerosos rumores! Esse Ludovico…

Aproveite!

René Denon

Não deixe de visitar estas postagens aqui:

Wolfang Amadeus Mozart (1756-1791) – Piano Concertos – Olivier Cavé, Divertissement, Rinaldo Alessandrini

Haydn (1732-1809) & Beethoven (1770-1827): Sonatas para Piano – Olivier Cavé #BTHVN250

 

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · (Algumas) Sonatas · ∾ · Einar Steen-Nøkleberg ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · (Algumas) Sonatas · ∾ · Einar Steen-Nøkleberg ֍

 

BTHVN

Sonatas para Piano

Einar Steen-Nøkleberg

 

 

Esta postagem traz dois discos – dois álbuns – com sonatas para piano de Beethoven interpretadas por um dos mais famosos pianistas noruegueses – Einar Steen-Nøkleberg.

Apesar da única capa, realmente são dois álbuns. No primeiro três das mais famosas sonatas para piano de Beethoven, três sonatas com apelidos. Este disco é de 1990. O outro não poderia ser mais contrastante, tanto em repertório quanto na interpretação, e é 13 anos mais novo, de 2003.

Nosso correspondente de arte, Caspar David Friedrich, enviou este luar sobre o mar na Noruega…

No disco com as Sonatas ‘Pathétique’, ‘Mondschein’ e ‘Appassionata’ o som é de acordar os vizinhos, a interpretação não economiza no virtuosismo. Disco para tirar o fôlego! Faz pensar na teoria de que Beethoven foi o último compositor clássico e o primeiro músico romântico!

No disco com as três últimas sonatas, a interpretação é mais contida, mas não é menos intensa por isso. Parece mais adequada a um pianista 13 anos mais velho, interpretando um compositor que já amadurecera não só na experiência profissional, mas principalmente com as agruras da vida.

Eu tenho uma grande admiração pelas três últimas sonatas para piano de Beethoven. Acho que ele atingiu um alto nível de criação artística nestas peças, assim como foi no caso dos últimos quartetos.

Eu sei que o artista da postagem é o pianista, mas esse tema do romantismo e Beethoven mexeu comigo e fui buscar no baú de minhas notas um resumo deixado sobre o tema pelo inesquecível Leonard Bernstein. Fala aí, Lenny!

‘Os compositores românticos não realizaram uma convenção em Chicago onde decidiram se tornar românticos: novamente, é um reflexo das mudanças que acontecem na história, a maneira como as pessoas vivem, pensam, sentem e agem. E tudo começou, por estranho que pareça, com o maior classicista de todos, Beethoven. Veja, ele era duas coisas ao mesmo tempo: ele foi o último homem do período clássico, e o primeiro homem do período romântico, tudo de uma vez. Acho que você poderia dizer que ele foi um classicista que foi longe demais; ele estava tão cheio de sentimento e emoção que não conseguia se manter acorrentado a todas aquelas regras e regulamentos do século 18; e então ele quebrou suas correntes e começou um novo tipo de música. E esse foi o fim da música clássica.

Beethoven é o início da música romântica. Não se esqueça que ele ainda sai do século 18, embora tenha vivido por cerca de 25 anos no século 19; mas suas regras, embora ele as quebre, ainda são regras clássicas. Ele ainda estava tentando aperfeiçoar essas regras; e no melhor de sua música ele chegou tão perto da perfeição quanto qualquer ser humano desde o início do mundo’.

Veremos como se sai então nessa diversa empreitada nosso pianista que veio da Noruega!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

CD1

Sonata para Piano No. 8 em dó menor “Pathétique”, Op. 13

  1. Grave-Allegro molto e con brio
  2. Adagio cantabile
  3. Rondo: Allegro

Sonata para Piano No. 14 em dó sustenido menor “Mondschein”, Op. 27/2

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto agitato

Sonata para Piano No. 23 em fá menor “Appassionata”, Op. 57

  1. Allegro assai
  2. Andante con moto
  3. Allegro ma non troppo

CD2

Sonata para Piano No. 30 em mi maior, Op. 109

  1. Vivace, ma non troppo
  2. Prestissimo
  3. Andante molto cantabile ed espressivo

Sonata para Piano No. 31 em lá maior, Op. 110

  1. Moderato cantabile molto espressivo
  2. Allegro molto
  3. Adagio, ma non troppo- Fuga: Allegro, ma non troppo

Sonata para Piano No. 32 em dó menor, Op. 111

  1. Maestoso-Allegro con brio ed appassionato
  2. Arietta: Adagio molto semplice e cantabile

Einar Steen-Nøkleberg, piano

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FLAC | 473 MB

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MP3 | 320 KBPS | 301 MB

Einar Steen-Nøkleberg

Et liv med Beethoven (Uma vida com Beethoven)

Aproveite!

René Denon

Eu não deixaria de visitar esta postagem aqui:

Beethoven (1770-1827): (Algumas) Sonatas para Piano – Stephen Kovacevich, piano #BTHVN250

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827): Quartetos Op. 18 · ∾ · Quatuor Sine Nomine ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827): Quartetos Op. 18 · ∾ · Quatuor Sine Nomine ֍

 

BTHVN

Quartetos de Cordas Op. 18

Quatuor Sine Nomine

 

 

Beethoven mudou-se para Viena em 1792 para estudar com Haydn e passou lá o resto de sua vida. Seus primeiros anos na capital austríaca foram de muitos estudos e muito trabalho, na busca de sua afirmação como compositor. Ele era reconhecido como exímio pianista e improvisador, mas os grandes compositores estabelecidos eram Haydn e Mozart, que morrera em 1791. Estes eram os padrões que Beethoven buscava alcançar.

Se olharmos a lista de suas 21 primeiras publicações ‘oficiais’, compostas entre (essencialmente) 1793 e 1800, podemos ver como ele se esforçou para a um só tempo conquistar sua própria voz, impregnando suas obras com seu imenso talento e criatividade, mas como ele também mantinha um olhar atento na ‘concorrência’.

Nestas 21 primeiras publicações temos principalmente sonatas e música de câmera. Os trios com piano, trios de cordas e o trio com clarinete estão nos Op. 1, 3, 8, 9 e 11. As sonatas para violoncelo e piano ou violino e piano nos Op. 5, 12 e 17. As maravilhosas sonatas para piano nos Op. 2, 7, 10 e 13, com mais as duas sonatazinhas do Op. 14 e a sonata para piano a 4 mãos do Op. 6. Entre estas uma das primeiras obras a ganhar um apelido, a Sonata Patética, Op. 13.

De olho no quinteto para piano e sopros de Mozart, Beethoven produziu o seu Op. 16, que com o quinteto do Op. 4 e o Septeto, Op. 20, formam assim a sua preparação para a primeira obra orquestral que viria com a Primeira Sinfonia, no opus 21. Isso mais os dois primeiros concertos para piano, publicado como Op. 15 e Op. 19.

Para fechar este primeiro ciclo, a menos de obras corais, faltava um gênero importante – o quarteto de cordas, cuja excelência havia sido alcançada pelas criações de Haydn, geralmente publicadas em grupos de seis ou dois grupos seguidos de três, e os maravilhosos seis quartetos produzidos por Mozart e dedicados a Haydn.

Assim, podemos imaginar a importância dada por Beethoven às peças que formam o número que falta na nossa lista – Opus 18.

Instrumentos dados a Beethoven pelo Príncipe Lichnowsky

Estes quartetos ocuparam Beethoven entre 1798 e 1800 e foram encomendados pelo príncipe Joseph Franz Maximilian Lobkowitz. As peças saíram maravilhosas e cumprem seu papel de estabelecer o Ludovico como mestre do quarteto clássico. As inovações viriam nas obras posteriores, mas estes são representantes absolutos do modelo estabelecido por Haydn e Mozart.

Eu gosto particularmente do Quarteto em lá maior, No. 5, e do Quarteto em si bemol maior, No. 6, com seu último lindíssimo movimento, La Malinconia. No início deste movimento, Beethoven deixou um importante recado: Questo pezzo si deve trattare colla più gran delicatezza.

Para a postagem escolhi a gravação feita por um quarteto suíço, o Quarteto Sine Nomine. Ao evitar escolher o nome de um específico compositor ou aludir a um especial momento da história da música, eles reafirmam seu desejo de estarem abertos a qualquer compositor e as suas músicas e com a intensão de apresentá-las com objetividade. Isto não quer dizer que suas interpretações sejam desprovidas de expressividade ou de intensidade.

Você poderá dizer por si mesmo, se baixar e ouvir estas belezuras de quartetos postados aqui.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Quartetos de Cordas, Op. 18

Quarteto de Cordas em fá maior, Op. 18 No. 1

  1. Allegro con brio
  2. Adagio affettuoso ed appassionato
  3. Scherzo
  4. Allegro

Quarteto de Cordas em sol maior, Op. 18 No. 2

  1. Allegro
  2. Adagio cantabile
  3. Scherzo
  4. Allegro molto, quasi presto

Quarteto de Cordas em ré maior, Op. 18 No. 3

  1. Allegro
  2. Andante con moto
  3. Allegro
  4. Presto

Quarteto de Cordas em dó menor, Op. 18 No. 4

  1. Allegro ma non tanto
  2. Andante scherzoso quasi allegretto
  3. Menuetto. Allegro
  4. Allegretto

Quarteto de Cordas em lá maior, Op. 18 No. 5

  1. Allegro
  2. Menuetto
  3. Andante cantabile
  4. Allegro

Quarteto de Cordas em si bemol maior, Op. 18 No. 6

  1. Allegro con brio
  2. Adagio ma non troppo
  3. Scherzo. Allegro
  4. La Malinconia. Adagio – Allegretto quasi allegro

Quatuor Sine Nomine

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FLAC | 722 MB

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MP3 | 320 KBPS | 353 MB

These are performances that allow Beethoven’s music to speak for itself, and are all the better for it. Speeds on the whole are temperate, with none of the racing allegros and galloping finales favoured by many.

Aproveite!

René Denon

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Música para Piano · ∾ · Pavel Kolesnikov ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Música para Piano · ∾ · Pavel Kolesnikov ֍

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Sonatas ‘Ao Luar’ e Op. 14, 2

Bagatelas Op. 33

Variações WoO 80

Pavel Kolesnikov

 

Nesta postagem vamos homenagear o aniversariante LvB e apresentar para vocês um jovem e sensacional pianista russo que vai assim estrear no nosso blog. Pavel Kolesnikov já está por aí há um certo tempo. Ele ganhou a atenção do mundo musical em 2012 ao tornar-se Prize Laureate do Honens International Piano Competition, que acontece em Calgary, no Canada. Desde então, Pavel Kolesnikov tem seguido uma ótima carreira musical, com muitas turnês pelo mundo, tocando inclusive com a Orquestra Sinfônica Brasileira.

Tem gravado uma sequência de ótimos discos para o selo Hyperion, com uma Goldberg saindo fresquinha do forno por estes dias – com muitos elogios dos críticos.

Por tanto, nosso leitor seguidor não perderá por esperar, mas começamos com este disco que traz um repertório assim … surtido.

Para aquecer os dedos, quatro peças sem número de opus seguidas pela romântica Sonata ‘Ao Luar’, que inicia com aquele movimento lento e termina no melhor estilo virtuose. Temos também o conjunto de Bagatelas do Opus 33, mais uma sonatazinha e, para arrematar ao estilo beethoveniano, as Variações em dó menor. Um ótimo recital para ser ouvido ao cair da tarde, vendo as cortinas da sala esvoaçarem. Mas, se você gosta de seu Beethoven logo pela manhã, sem problemas!

Vale a pena conferir. Espero poder trazer mais discos do moço para você em breve. Quem sabe, as Goldberg, que tal?

 

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Quatro Peças para Piano

  1. Andante in C major
  2. Bagatelle in C minor, WoO52
  3. Bagatelle in C major, WoO56
  4. Allegretto in C minor,WoO 53

Sonata para Piano No. 14 em dó sustenido menor, Op. 27 No. 2 ‘Ao Luar’

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegretto
  3. Presto agitato

Bagatelles (7), Op. 33

  1. 1 in E flat major. Andante grazioso, quasi allegretto
  2. 2 in C major. Scherzo. Allegro – Trio
  3. 3 in F major. Allegretto
  4. 4 in A major. Andante
  5. 5 in C major. Allegro ma non troppo
  6. 6 in D major. Allegretto quasi andante
  7. 7 in A flat major. Presto

Sonata para Piano No. 10 em sol maior, Op. 14 No. 2

  1. Allegro
  2. Andante
  3. Scherzo: Allegro assai

Variações para Piano sobre um Tema Original em dó menor, WoO 80

  1. Variações

Pavel Kolesnikov, piano

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FLAC | 191 MB

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MP3 | 320 KBPS | 179 MB

Pavel em recente visita aos frios estados sulinos brasileiros, onde é forte a presença do PQP Bach

Veja o que disse a prestigiosa BBC Music Magazine sobre as interpretações do Pavel: Unexpected tempos, but the atmosphere is unmistakable. Kolesnikov finds nocturnal quietude in the Moonlight Sonata, and his lucid, thoughtful approach pays off elsewhere too.

E também a Gramophone: […] The G major Sonata, Op. 14 No. 2, also suits Kolesnikov well…And he gives a sparkling account of the playful and perky finale.

Sparkling, I would say!

Aproveite!

René Denon

PS: Aqui está a página do Pavel no site da Hyperion.

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Hammerklavier · ∾ · Steven Osborne ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Hammerklavier · ∾ · Steven Osborne ֍

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Sonatas para Piano Nos. 27 – 29

Hammerklavier

Steven Osborne

 

Uma boa festa de aniversário tem seus diferentes momentos, tais como a chegada dos primeiros convidados, os últimos retoques na decoração, os animadores atuando. Com sorte, um número de mágica. Se a festa é para um adulto, boa parte da diversão vem das conversas, papos entre pessoas que há muito não se veem, até alguns distantes desafetos, essas coisas. Com o decorrer da festa, certos protocolos se fazem necessários, fotos com parentes ou amigos mais íntimos e o momento mais aguardado, de cantar parabéns, apagar as velinhas e cortar o bolo. Daí em diante é debandada geral, a festa está terminando.

Balões não podem faltar…

Mais ou menos é este o sentimento aqui nestas postagens – de que o momento de cantar parabéns está próximo e assim nosso projeto #BTHVN250 inicia suas últimas voltas em órbita e se prepara para reentrar na atmosfera.

Mas ainda há oportunidades de rememorar grandes momentos do aniversariante. No caso do Ludovico, eu preciso ainda mencionar algumas obras que são muito significativas. É claro, toda a sua obra está sendo meticulosamente postada num trabalho cuidadoso especialmente do Vassily, mas eu gostaria de lhes falar daquelas que me são especialmente caras. Pois agora vos falo da Hammerklavier. Não foi uma amizade – uma relação – assim fácil, desde o início. Nosso caso realmente ficou sério depois da gravação feita por Emil Gilels para a Deustche Grammophon. Com certeza esta gravação está por aí postada por algum de meus colegas de blog, pois que esta turma está ativa há um bom tempo e eles não dão mole em serviço.

Eu já fiz uma postagem de uma gravação que considero também maximal (isto é, uma gravação que atingiu, na minha concepção, um nível artístico insuperável, mas que não pode ser comparada com outra gravação maximal, como a de Gilels, pois que estas coisas não são comparáveis como se estivéssemos em um torneio ou em um concurso) feita por Murray Perahia também para a Deutsche Grammophon.

Steven e sua cara de roqueiro…

Mas, hoje, no contexto do #BTHVN250, apresento-vos a gravação feita pelo Steven Osborne, para a Hyperion.  Magistral! Muscular, física, intensa! Eu fiquei de queixo caído. Claro, cada um tem a sua gravação preferida, uma interpretação que chegue tão próximo quanto possível de sua imagem de gravação ideal da tal obra. Pois nestes dias estranhíssimos deste ano de 2020, para mim, Osborne, que tem sobrenome de roqueiro, é o cara da Hammerklavier. E para arredondar o disco, as duas outras sonatas que a antecederam, que formam assim um estranho, mas interessante triunvirato. Uma sonatinha com dois movimentos (Opus 90), uma sonata com quatro movimentos, os dois últimos ligados um ao outro (Opus 101) e a grande sonata Hammerklavier! Mas, no disco, elas são dispostas ao contrário da ordem cronológica.

Espero que você tenha a oportunidade de ouvir este disco lindo, gravado com os altíssimos padrões técnicos da Hyperion, com a produção sempre excelente de Andrew Keener. Achei que a capa foi feita pela equipe que estava de plantão quando o time oficial saiu de férias. Mas, tão pequena queixa não chega a macular o disco.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Piano No. 29 in si bemol maior, Op. 106 ‘Hammerklavier’

  1. Allegro
  2. Scherzo: Assai vivace – Presto
  3. Adagio sostenuto, appassionato e con molto sentimento
  4. Largo – Allegro – Allegro risoluto

Sonata para Piano No. 28 in lá maior, Op. 101

  1. Allegretto ma non troppo (Etwas lebhaft und mit der innigsten Empfindung)
  2. Vivace alla marcia (Lebhaft, Marschmäßig)
  3. Adagio, ma non troppo, con affetto (Langsam und sehnsuchtsvoll) + IIIb. Allegro (Geschwind, doch nicht zu sehr, und mit Entschlossenheit)

Sonata para Piano No. 27 in mi menor, Op. 90

  1. Mit Lebhaftigkeit und durchaus mit Empfindung und Ausdruck
  2. Nicht zu geschwind und sehr singbar vorgetragen

Steven Osborne, piano

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MP3 | 320 KBPS | 177 MB

Veja o que disse a mídia sobre o disco:

[this] is about the big picture, objectivity and a powerful kinaesthesia that could propel rockets into space…the result is a virtuoso apotheosis as brilliant as molten iron from a blast furnace Grammophone – 2016

The Scottish pianist plays with an authority built on intelligent, very human musicianship: his accounts of these three late-period Beethoven sonatas are hugely personal but are never about him. The Guardian – 2016

Aproveite!

René Denon

Steven contando para o pessoal do PQP Bach de Santa Catarina quantas vezes ele precisa explicar que é o Osborne, não o Osbourne…

Eu não deixaria de visitar estas postagens:

Postagem restaurada – Ludwig van Beethoven (1770-1827) – Sonatas Opp. 81a, 90, 101, 106, 109, 110 – Emil Gilels #BTHVN250

Beethoven (1770-1828): Hammerklavier & Moonlight – M. Perahia – DG

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Bagatelas · ∾ · Christoph Scheffelt ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Bagatelas · ∾ · Christoph Scheffelt ֍

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Bagatelas

Kleinigkeiten

Bagatelles

Christoph Scheffelt

 

Um pianista que nasceu no Chile e aperfeiçoou a sua arte na Alemanha, tornando-se um grande intérprete de Beethoven! Esta frase nos faz pensar imediatamente em um nome – Claudio Arrau! Bem, um nome e um sobrenome. Mas o disco da postagem foi gravado há poucos dias e seu lançamento oficial é hoje (30/10/2020, dia no qual escrevo estas mal traçadas). Assim, não pode ser Claudio, mas o jovem pianista Christoph Scheffelt preenche as características descritas na frase e já ganhou o prêmio “Claudio Arrau”, o renomado Rahn Music Prize. E ganhou também mais outras coisas.

Neste disco recentíssimo ele coloca todo o seu talento e sua preparação para nos brindar com sua interpretação das três coleções de pequenas joias do grande Ludovico, as Bagatelas op. 33, op. 119 e op. 126. A famosa ‘Pour Elise’ foi colocada também na cesta…

A crítica de The Observer, Fiona Maddocks, nos conta que as 11 pequenas peças que formam o Opus 119 foram compostas enquanto Beethoven trabalhava nas gigantescas peças corais e sinfônicas – a Missa Solemnis e a Nona Sinfonia. Talvez ele fosse do tipo que polia pedrinhas enquanto descansava de carregar pedronas. O seu editor em Leipzig reclamou que essas pecinhas, umas bagatelas, nem pareceriam que eram de Beethoven. Vejam que obtuso. Beethoven sabia do valor artístico delas e as enviou para seu antigo aluno Ferdinad Ries, que estava em Londres, onde elas foram então publicadas. Com estas peças, que foram compostas ao longo de toda a sua vida, Beethoven podia explorar uma grande variedade de sentimentos, expressões musicais, fazendo inovações. Mostrar todas estas cores e sons, a ideia de um caleidoscópio nos vem à mente, exige bastante do intérprete. Na minha opinião, Christoph Scheffelt conseguiu realizá-las com graça e eloquência e tudo isso sem resvalar na pieguice. Basta ver sua interpretação da surrada ‘Pour Elise’.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Bagatelles (7), Op. 33

  1. 1 in E flat major. Andante grazioso, quasi allegretto
  2. 2 in C major. Scherzo. Allegro – Trio
  3. 3 in F major. Allegretto
  4. 4 in A major. Andante
  5. 5 in C major. Allegro ma non troppo
  6. 6 in D major. Allegretto quasi andante
  7. 7 in A flat major. Presto

Bagatelles (11), Op. 119

  1. 1 in G minor. Allegretto
  2. 2 in C major. Andante con moto
  3. 3 in D major. À l’Allemande
  4. 4 in A major. Andante cantabile
  5. 5 in C minor. Risoluto
  6. 6 in G major. Andante – Allegretto
  7. 7 in C major. Allegro ma non troppo
  8. 8 in C major. Moderato cantabile
  9. 9 in A minor. Vivace moderato
  10. 10 in A major. Allegramente
  11. 11 in B flat major. Andante ma non troppo

Für Elise (Bagatelle in A minor, WoO59)

  1. Bagatela

Bagatelles (6), Op. 126

  1. 1 in G major. Andante con moto
  2. 2 in G minor. Allegro
  3. 3 in E flat major. Andante
  4. 4 in B minor. Presto
  5. 5 in G major. Quasi allegretto
  6. 6 in E flat major. Presto – Andante amabile e con moto – Tempo I

Christoph Scheffelt, piano

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MP3 | 320 KBPS | 133 MB

Nesta página aqui você poderá ver um vídeo mostrando como foi feita a gravação do disco.

Para nosso momento ‘The Book is on the Table’: A genius is also interesting in his little things. And what seems small on the outside, it does not necessarily have to be. Thus the Bagatelles are among the remarkable piano works of Ludwig van Beethoven.

Bagatelas, como não amá-las?

Aproveite!

René Denon

Aqui está uma opção de bagatelas com tempero russo:

Ludwig van Beethoven (1770-1827): Variações, Bagatelas, Peças para Piano

#BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827): Symphony nº 9 in D Minor, op. 125 – Toscanini

#BTHVN250 – Ludwig van Beethoven (1770-1827): Symphony nº 9 in D Minor, op. 125 – Toscanini

Com esta postagem, inicio uma série que farei com gravações históricas, que incluirá Furtwangler, Toscanini, Fricsay, entre outros.

E vou começar simplesmente por esta que é considerada a maior das gravações já realizadas da Sinfonia nº 9 de Beethoven. Na verdade, esta e a de Furtwangler, apesar de terem sido realizadas ainda na década de 50, são consideradas imbatíveis até hoje, mesmo com os avanços das técnicas de gravação. Talvez seja este seja um dos grandes trunfos desta gravação. Realizada ao vivo no Carnagie Hall, em 1952, temos um Toscanini já no alto de seus 85 anos. Até então, o maestro nunca se sentira seguro com suas performances da obra, tanto que só autorizou esta que aqui temos para ser lançada. Conhecemos sua fama de rigor com que dirigia as orquestras. E ao que tudo indica, esse rigor ele aplicava a si mesmo também. Enfim, trata-se de uma 9ª Sinfonia absolutamente perfeita em todos os seus detalhes. Ninguém, absolutamente ninguém que a ouve, tem opinião diferente.

A NBC Symphony Orchestra foi montada pelo próprio Toscanini, que a regeu por 17 anos, até 1954. Ou seja, era a sua cara.

Abaixo, deixo o comentário de um cliente da amazon, sobre esta gravação.

“Arturo Toscanini (1867-1957) spent much of his conducting career trying to give a “definitive” performance of Beethoven’s ninth symphony. He conducted the symphony numerous times; it wasn’t until 1952 that he was sufficiently satisfied with a recording of this major work to authorize a commercial release.

Toscanini had hated to record during the days of 78-rpm discs. Each 12-inch record side played a little under five minutes, so it was necessary for the conductor and musicians to stop periodically while the master was changed. Only in the United Kingdom, where Toscanini made recordings with the BBC Symphony Orchestra, did a record producer (Fred Gaisberg) come up with a system using two recording machines, so that Toscanini and the musicians did not have to stop.

Toscanini was very happy when RCA Victor began using magnetic sound film to record his sessions with the NBC Symphony. Then, in 1948, RCA switched to magnetic tape. With both processes, continuous performance were possible and true high fidelity was realized. Toscanini told his friends that he was often very happy with the long-playing records that RCA began issuing in 1950. By 1952, RCA was using a single full range microphone, suspended above Toscanini’s head, to achieve its “New Orthophonic” process. Occasionally, an additional microphone was used to pick up soloists. The results in this recording were exceptional and very realistic.

Toscanini always felt there were problems with performances with Beethoven’s ninth symphony. Something always seem to go wrong, either with the soloists, the chorus, the orchestra, or the conductor himself. It’s likely other conductors and musicians recognized the challenges of this very difficult music. Just as Beethoven had done with his “Missa Solemnis,” the composer challenged the musicians with his very profound and very intricate music. Both works stretch the singers to their vocal limits; having sung “Missa Solemnis” and the ninth symphony, this writer can attest to the considerable challenges of the music.

The commercial recording that Toscanini made with the NBC Symphony Orchestra in Carnegie Hall in 1952 was the culmination of years of trying to understand Beethoven’s intensely complicated musical score. That Toscanini succeeded in producing a legendary recording is a real tribute to his greatness. It’s particularly amazing that he made this recording the year he turned 85 years of age.

Joining Toscanini and the NBC Symphony in this recording were a group of outstanding vocal soloists, particularly American tenor Jan Peerce, whom Toscanini considered among his all-time favorite singers. Peerce first sang with Toscanini in a 1939 broadcast performance of this symphony. The Robert Shaw Chorale, which had first performed with Toscanini in a 1945 broadcast performance of the ninth, were on hand, again providing some of the best choral singing possible. Shaw would go on to become a symphony conductor himself (with the Atlanta Symphony) and some said that he was much influenced by his mentor.

It is well known that the four movements attempt to present various musical philosophies of life. Beethoven basically rejects the first three proposals, even reviewing them in the opening moments of the fourth symphony, and then has the bass soloist sing, “O friends, not these sounds.” Beethoven uses Schiller’s “Ode to Joy” and the recurring main theme has become one of his most famous melodies, later used as the tune for the hymn “Joyful, Joyful, We Adore Thee.” The composer clearly had already recognized that one must accept fate and not be discouraged; it was such determination that enabled to live and continue composing despite increasing deafness.

This performance set the standard for all recordings of the Beethoven ninth symphony. Few conductors, singers, and musicians have succeeded as well as Toscanini did in this memorable performance. “

Portanto, eis um grande momento da história da música no século XX.

Ludwig van Beethoven – Symphony nº 9 in D Menor, op. 125

1. Symphony No. 9, Op. 125 ‘Choral’ In D Minor: Allegro Ma Non Troppo, Un Poco Maestoso
2. Symphony No. 9, Op. 125 ‘Choral’ In D Minor: Molto Vivace
3. Symphony No. 9, Op. 125 ‘Choral’ In D Minor: Adagio Molto E Cantabile; Andante Moderato
4. Symphony No. 9, Op. 125 ‘Choral’ In D Minor: Presto; Allegro Assai

Eileen Farrell – Soprano
Nan Merriman – Contralto
Norman Scott – Bass
Jan Peerce – Tenor

NBC Symphony Orchestra
Robert Shaw Chorale
Arturo Toscanini

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Arturo Toscanini

FDP Bach

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · EVOLUTION · ∾ · Adolfo Gutiérrez Arenas & Christopher Park ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · EVOLUTION · ∾ · Adolfo Gutiérrez Arenas & Christopher Park ֍

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Sonatas para Violoncelo

Adolfo Gutiérrez Arenas

Christopher Park

 

A capa deste álbum tem uma foto do violoncelista em pleno movimento – efeito conseguido pela longa exposição – tem uma escolha de tipos para o título e demais informações, em caixa alta, com algumas falhas, como se fosse resultado de um carimbo e coroando tudo o título: EVOLUTION.

Adolfo Gutiérrez Arenas

O que temos aqui são as sonatas compostas por Beethoven para violoncelo e piano. As variações que costumam ser adicionadas como contrapeso ficaram de fora desta vez, mas isto também é parte de um plano geral.

Plano este que é muito bem explicado pelos articulados artistas no excelente libreto que pode ser acessado na sua versão digital aqui.

Os músicos explicam que costumam apresentar as cinco sonatas em sequência em seus concertos – para que se possa apreciar a evolução do estilo de Beethoven.

Christopher Park

Para eles, as Sonatas do Opus 5 são as exclamações de alguém que entendeu que está destinado a ser ouvido, que a Sonata do Opus 69 reflete a conquista de uma nova voz, poderosa e certa de si mesma, e as duas últimas Sonatas, do Opus 102, mostram a necessária transição para uma reclusão interior.

Pois é, os músicos – o violoncelista Adolfo Gutiérrez Arenas e o pianista Christopher Park têm opiniões bem definidas e as explicam de forma clara no libreto.

Dizem que as interpretações politicamente corretas que arredondam as arestas da música de Beethoven, tornando-as peças polidas e bonitas, roubam-lhes alguma essência. Para eles, e eu concordo ao ler junto, é fundamental na interpretação da música de Beethoven o contraste entre uma incrivelmente brilhante, audaciosa e sofisticada arte e os mais puros e primitivos sentimentos trazidos por seu estilo de compor, levando a uma montanha russa de emoções que em uma mesma frase leva do doce ao amargo, do exultante ao desesperado, do vulgar ao elevado, mas sempre com honestidade.

Essa intensidade e mesmo brutalidade nas mudanças de emoções estão presentes em toda a sua música, desde os dias do classicismo do Opus 5 a uma metafísica musical, presente no Opus 102. Uma evolução artística e espiritual incrível e sem paralelos.

Depois disso, vale a pena conferir!

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Sonata para Violoncelo No. 1 em fá maior, Op. 5 No. 1

  1. Adagio sostenuto
  2. Allegro
  3. Rondo. Allegro vivace

Sonata para Violoncelo No. 2 em sol menor, Op. 5 No. 2

  1. Adagio sostenuto ed espressivo
  2. Allegro molto più tosto presto
  3. Rondo. Allegro

Sonata para Violoncelo No. 3 em lá maior, Op. 69

  1. Allegro, ma non tanto
  2. Scherzo. Allegro molto
  3. Adagio cantabile
  4. Allegro vivace

Sonata para Violoncelo No. 4 em dó maior, Op. 102 No. 1

  1. Andante
  2. Allegro vivace
  3. Adagio + IIb. Allegro vivace

Sonata para Violoncelo No. 5 em ré maior, Op. 102 No. 2

  1. Allegro con brio
  2. Adagio con molto sentimento d’affetto
  3. Allegro

Adolfo Gutiérrerz Arenas, violoncelo

Christopher Park, piano

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FLAC | 420 MB

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MP3 | 320 KBPS | 204 MB

Spanish cellist Adolfo Gutierrez Arenas and German-Korean pianist Christopher Park deliver refreshingly vigorous, even irreverent performances of the complete Beethoven Cello Sonatas, works that offer the listener a unique overview of the composer’s evolving style.

I couldn’t agree more!

Aproveite!

René Denon

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Concertos para Piano Nos. 3 e 5 ‘Emperor’ · ∾ · Rudolf Firkušný ֍

#BTHVN250 Beethoven (1770-1827) · ∾ · Concertos para Piano Nos. 3 e 5  ‘Emperor’ · ∾ · Rudolf Firkušný ֍

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Concertos para Piano Nos. 3 e 5

Rudolf Firkušný

 

 

Há muitos exemplos que corroboram a tese de que os músicos são longevos e os pianistas, em particular, comprovam bem esta teoria. Além de envelhecer graciosamente, eles permanecem ativos por toda a vida e talvez este seja parte do segredo.

Foi este o caso de Rudolf Firkušný, pianista nascido na República Tcheca, em 1912, mas que nos fins da década de 1930 se estabeleceu nos Estados Unidos da América.

Sua linhagem musical é requintada. Estudou com Leoš Janáček, Josef Suk e piano com Vilém Kurz. Estudou também com Alfred Cortot e Arthur Schnabel. Não é por nada que Vladimir Horowitz elogiou uma de suas interpretações dos Klavierstücke de Schubert – beautiful!

Firkušný foi um pianista brilhante – interpretava os clássicos Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann, Chopin e Brahms com excelência, mas criou uma tradição na interpretação das obras de compositores tchecos, como Smetana, Dvořák, Janáček e Martinů, que compôs especificamente para ele.

Walter Susskind

Rudolf também foi músico camerístico, contribuindo com grandes nomes de sua época, como Pierre Fournier, Janos Starker, Nathan Milstein e com o Julliard String Quartet. Dia destes trarei um torso do projeto que ele começou com o Panocha Quartet, que infelizmentou restou inacabado e testemunha como ele poderia interagir com músicos muito mais jovens com resultados maravilhosos.

William Steinberg

A escolha da gravação da postagem busca contribuir para o projeto #BTHVN250 com ótimas interpretações destes dois seminais concertos do aniversariante Ludovico e também homenagear este importante intérprete. Isto sem contar que o disco é ótimo, som excelente, dois concertões para piano acompanhados por big bands!!

Aqui está um link para uma entrevista em inglês com o Firkušný.

Tomei a liberdade de traduzir o pequeno trecho do libreto (na verdade um folder, uma vez que a edição do meu CD é do tipo ‘budget’), escrito por David Foil.

Em que momento Ludwig van Beethoven tornou-se um fenômeno único que conhecemos simplesmente por “Beethoven”? Um bom palpite seria em algum ponto da noite de 5 de abril de 1803, quando ele estreou seu Terceiro Concerto para Piano como parte de um megaconcerto com músicas de sua autoria (chamado Akademie) no Theater an der Wien. O interminável programa incluía a Primeira e a Segunda Sinfonias, mais a estreia do Oratório Cristo no Monte das Oliveiras. O público certamente ficou feliz de modo geral – pois as outras obras eram de estilo muito familiar – mas as pessoas e os críticos ficaram intrigados, mesmo ofendidos pelo novo concerto para piano. A graça e o equilíbrio dos dois primeiros concertos foram-se dando lugar a uma voz sinfônica ousada, muscular. Ao abandonar a inevitabilidade do estilo clássico, o compositor de 33 anos estava em busca de mais, mais, mais, batendo forte especialmente com o papel audacioso do solista, como o protagonista em um drama puramente musical. Se este enorme salto artístico resultou em uma ainda mais idiossincrática obra no sublime Quarto Concerto para Piano – as audiências da época realmente não gostaram dele – tudo foi perdoado com o Quinto, uma obra de nobreza e força sem paralelos, chamada de Imperador. Escrito enquanto a Europa sofria pela ansia de Napoleão por mais domínios territoriais, o Imperador foi lançado como uma espécie de majestoso contra-ataque. É mais do que isto, é claro, mas a força e a formidável grandeza da expressão de Beethoven aqui merece ser coroada. Há concertos para piano mais longos, com som ainda mais alto, mas nenhum maior.

Ludwig van Beethoven (1770 – 1827)

Concerto para Piano No. 3 em dó menor, Op. 37

  1. Allegro con brio
  2. Largo
  3. Rondo (Allegro – Presto)

Concerto para Piano No. 5 em mi bemol maior, Op. 73

  1. Allegro
  2. Adagio un poco mosso & III. Rondo (Allegro)

Rudolf Firkušný, piano

Philarmonia Orchestra & Walter Susskind (Terceiro Concerto)

Pittsburgh Symphony Orchestra & William Steinberg (Emperor)

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FLAC | 350 MB

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MP3 | 320 KBPS | 164 MB

— Gramophone [5/1966, reviewing an LP release of the 3rd Concerto]:  Firkusny always strikes me as an admirable pianist and I don’t remember ever having failed to get pleasure from his playing and his artistry, certainly not here in this finely musical account of the Beethoven. He doesn’t storm the work (he is not that sort of pianist) but his interpretation is elegant, in the best sense of that word, and eloquent. This is a wholly musical performance. Firkusny plays Beethoven’s cadenza, by the way. Susskind contributes a good accompaniment and the mono sound, if not specially brilliant, is still very agreeable.

Apesar da crítica falar em gravação mono, o CD afirma que a gravação é estéreo. Naqueles dias havia uma transição na tecnologia e gravações mono e estéreo eram feitas simultaneamente.

Note que as iniciais dos nomes dos regentes são iguais – WS – e que os números de opus dos concertos são números reversos: 37 e 73! Depois dessa série de indícios cósmicos, pode apostar – o disco é ótimo!

Aproveite!

René Denon

Este também é jurássico:

Beethoven (1770-1827): Concerto para Piano No. 5, Op. 73 – Emperor – Christoph Eschenbach – Boston SO – Seiji Ozawa